Artigo Por Sérgio Toledo Sobral e Patrício Munhoz Rojas* Anexo 1 – A Lei de Faraday aplicada a uma espira condutora aberta 1) O conteúdo essencial da lei de Faraday-Maxwell é que o campo elétrico tem uma “componente conservativa” (representada pelo gradiente do potencial elétrico escalar “Ф”) e outra “componente não conservativa” (representada pela derivada parcial com respeito ao tempo do potencial magnético vetor “A”). E FEM d dt A t E dl d dt A dl ; d A dS dt B dS S S 2) Isto implica que a integral de linha do campo elétrico, numa trajetória entre um ponto inicial “i” e um ponto final “f”, a qual é denominada de “tensão nessa trajetória” ou “Vif(traj)”, tem também duas componentes: Uma primeira componente independente da trajetória, que depende unicamente do ponto inicial e do ponto final, que é igual a (Ф(i) - Ф(f)) e que é denominada “diferença de potencial entre os pontos terminais” ou d.d.p.; e Uma segunda componente que depende da trajetória, através do valor do potencial magnético existente sobre a trajetória, ou seja, f Vif ( traj ) i traj E dl i f A dl t i traj f 3) Por razões históricas e talvez práticas, o conceito do item 2 é colocado de maneira diferente. A d.d.p. é dividida em duas componentes ficando: i f Vif ( traj ) A dl Vif ( traj ) U if ( traj ) t i traj f A primeira componente “Vif (traj)” é chamada, como já vimos, de “tensão ao longo da trajetória” e a segunda componente “Uif (traj)” é chamada de “tensão induzida ao longo da trajetória”. No caso particular de uma trajetória consistente de material condutor, a tensão “Vif(traj)” que, utilizando a lei de Ohm, é igual a RI, usualmente é chamada de “parte resistiva da d.d.p.” e a tensão induzida “Uif(traj)” usualmente é chamada de “parte indutiva da d.d.p.”; 4) Como a utilização mais importante e mais básica destes conceitos é em teoria de circuitos (que são trajetórias fechadas), a integral de linha do campo elétrico em uma trajetória fechada é importante, e ela é denominada de “Força Eletromotriz – FEM”. Como a d.d.p. numa trajetória fechada é zero (já que o ponto inicial é igual ao ponto final), consequentemente, a FEM é igual à soma das tensões induzidas na trajetória fechada, com sinal trocado; 5) Utilizando as definições acima no caso de uma espira feita com fio condutor, com um “gap”, submetida à indução eletromagnética, teremos o seguinte: A - Se desprezarmos a corrente capacitiva no “gap” (o que é totalmente razoável para frequências baixas), não existirá corrente no fio condutor e, pela lei de Ohm, o campo elétrico no condutor será nulo, o que implica que nenhuma tensão se desenvolverá ao longo da parte condutora da espira (Vif(cond)=0) e toda a FEM se localizará no "gap"; B - A tensão no “gap” (que neste caso é numericamente igual à FEM), se não houver tensão induzida no “gap” (ou se a desprezarmos), será igual à d.d.p. entre os terminais do “gap”; C - Como a d.d.p. entre dois pontos é independente da trajetória, a “d.d.p. ao longo do fio condutor da espira” é igual à “d.d.p. no “gap”; D - Como a tensão ao longo do condutor é zero, a d.d.p. entre os terminais do fio condutor da espira ou “d.d.p. ao longo do condutor da espira” é igual à tensão induzida ao longo do condutor. >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> Anexo 2 – Tensão induzida ao longo de um trecho condutor – Cálculo das indutâncias mútuas A tensão induzida ao longo de um trecho condutor é dada por (ver Anexo 1) f A d dl t A dl dt i traj i traj f U if ( traj ) Portanto, para calcular esta tensão induzida é necessário saber calcular o potencial magnético produzido por uma fonte. No caso geral, para fontes lineares, esta relação é dada por [1]. A r , t 0 4 l r r` I r `, t c dr ` r r` Para frequências baixas, esta relação pode ser simplificada, dando origem ao conceito de indutância [7], como: I r `, t dr ` Ar , t 0 dr ` 0 I t 4 l r r ` 4 l r r ` d Aext dl dt i traj f U ifext( traj ) 0 4 f i traj dl l dI dr ` dI ext M ext r r ` dt dt No caso especial de um condutor retilíneo de comprimento 2L, colocado ao longo do eixo z e percorrido por uma corrente I, temos: A r , z , t aˆ z 0 I t L dz ` 4 L r 2 z z ` 2 0 I t z L r 2 z L A r , z, t ln z L r2 z L 2 4 2 aˆ z Vemos que o potencial magnético tem a mesma direção que a corrente que o produz. Portanto, no caso de correntes que circulam, os efeitos na tensão induzida da corrente de ida e da corrente de retorno se subtraem. A tensão induzida ao longo de outro condutor retilíneo, colocado paralelo a este condutor com corrente a uma distância d, situado entre os pontos z=a e z=b, será [4,7]: z L d 2 z L2 b ext dz dI M dI U ab 0 ln 12 2 4 a dt 2 dt z L d z L lc lb dI 0 lc Lc lb Lb ln La Ld Lb Lc la ld dt 4 la La ld Ld a L la ; d 2 la 2 La ; a L lb ; d 2 lb 2 Lb ; b L lc ; d 2 lc 2 Lc ; b L ld ; d 2 ld 2 Ld ; Onde No caso especial, aplicável aos ensaios, em que a = -L e b= L, temos [7]: la 0; La d ; lc 2 L; M 12 Lc lb 2 L; d 2 4 L2 ; Lb d 2 4 L2 ; ld 0; Ld d ; 0 L 2 L d ln 1 1 d 2L 2 2 d d 1 2L 2L Esta expressão, que aparece na versão 2013 da referência [7], corrige a expressão que aparecia com um sinal errado na versão 1997 da referência [7]. >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> Anexo 3 – Tensão induzida ao longo de um trecho condutor – Caso de condutores de comprimento muito maior que a separação entre eles A tensão induzida ao longo de um trecho condutor, por fontes externas, é dada por (ver Anexo 1) d Aext dl dt i traj f U ifext( traj ) No caso de um condutor retilíneo cujo comprimento tende ao infinito (L>>z,r), o potencial magnético é dado por (Ver Anexo 2): 0 I t z L r 2 z L ln z L r2 z L 2 4 2 A r , z, t I 0 ln 4 L z r2 L z 2 L z aˆ z r2 L z 2 r2 A r, t 0 I t 2 L 0 I ln aˆ . aˆ z A B 2 r 2 r aˆ z Vemos que, neste caso, tanto o potencial magnético como a densidade de fluxo magnético dependem unicamente da distância radial e, portanto, as linhas de campo magnético são circunferências com centro no condutor com corrente. O potencial magnético tem a mesma direção que a corrente que o produz, já a densidade de fluxo magnético é perpendicular a essa direção. A tensão induzida ao longo de outro condutor retilíneo, colocado paralelo a este condutor com corrente a uma distância d, situado entre os pontos z=a e z=b, será: dI ext 0 b a 2 L dI ext ln . dt 2 d dt Deve-se notar que a expressão resultante para a tensão induzida ao longo do condutor (ab) é idêntica à que se obteria no caso analisado no Anexo 2, com a restrição d/2L <<1, ao invés da restrição L>>z adotada neste anexo. ext U ab M12 No caso de uma linha de transmissão bifilar, os efeitos na tensão induzida ao longo do condutor 3, da corrente de ida (no condutor 1) e da corrente de retorno (no condutor 2) se subtraem: A r, t ext U ab 3 0 I 2 2L 2L 0 I r23 ln ln ln aˆ z aˆ z r r 2 23 r13 13 r dI 0 dI b a ln 23 ext M13 M 23 ext 2 dt r13 dt M M 13 M 23 0 b a r23 ln 2 r13 . Como a densidade de fluxo magnético, produzida por cada condutor com corrente, neste caso, é inversamente proporcional à distância radial; é então possível interpretar a indutância mútua obtida, em termos de enlaces de fluxo: B 0 I I aˆ 1 0 aˆ 2 B1 B2 ; 2 r1 2 r2 1 I S B1 dS1 I 0 b a 2 M r1 ref r1 ` 0 2 r S aˆ 1 dS1 1 r1 ref dr1 b a 0 ln r1 2 r1 ` 0 b a r23 ln 2 r13 ; 0 b a r ref ln 2 r13 ext U ab 3 M 13 r ref ln M 13 M 23 ; r23 dI 2 dI ext M 23 ext 1 . dt I ext dt No caso de não existir corrente no condutor 3, a d.d.p. entre os terminais “a” e “b” do condutor 3 é igual à tensão induzida ao longo do condutor (Ver Anexo 1): ext a b U ab 3 1 2 dI ext I ext dt Esta expressão, deduzida a partir da Lei de Faraday-Maxwell, é a que serve de base para a referência [6], e inclui o sinal menos que deu origem a controvérsia. >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> Anexo 4 – Cálculo do acréscimo de d.d.p. nos induzidos causados pela malha densa Método das imagens A malha densa existente no laboratório do Lactec sugere a utilização do método das imagens, que é estritamente válido para um plano contínuo feito com condutor de condutividade infinita, e onde, ao invés de representar as correntes realmente circulantes na malha, se considera que o efeito magnético total é causado pelo circuito indutor e por correntes simuladas que são constituídas pela imagem refletida do circuito indutor no plano da malha densa, com a corrente circulando na imagem com o sentido contrário da corrente que circula no circuito indutor, como mostrado na Figura 12. A distância de 0,32 m mostrada na Figura 12 corresponde a 0,30 m entre o condutor (2) e a superfície do piso do laboratório (como mostrado na Figura 9) acrescido de (0,02) m entre a superfície do piso e a malha densa, embutida no concreto. I=150 A I MALHA DENSA DE COBRE 1,00 m 1 7 6 4 5 2’ I 0 0,32 m 0,32 m 2 I 1’ 7” 1,00 m 2’ 2”’ I 1”’ 4m Figura 12 - O condutor e o retorno se refletem no plano da malha de terra densa. Neste caso, é possível calcular o acréscimo de d.d.p. produzido pela corrente, utilizando a mesma fórmula mostrada no Anexo 3, já utilizada para calcular a d.d.p. que existiria se não houvesse malha. Pode-se dizer que o acréscimo de tensão induzida aplicada ao longo de um condutor aberto é proporcional ao logaritmo natural da razão entre a distância da imagem do condutor (1) até o induzido (distancia D1), e a distância do condutor (2) até o induzido (D2). Ver Figura 13. As figuras 13, 14, 15, 16 e 17 ilustram o cálculo do acréscimo de tensão induzida ao longo dos induzidos (2’-0), (5-0), (4-0), (6-0) e (7-0). Os valores assim calculados constam da quinta coluna da Tabela 4 deste artigo. 150 A 1 D2 1m D 0 2’ 0,32 m malha 0,32 m imagens k=(150).(4).(2..60).(2.10-7) = 0,0452 V’i0=- k.ln(D1 / D2) = 2 V’2’0=- k.ln((1,64+D) / (0,64+D) = Para o induzido (2’-0) tem-se D=0,012 m 2’ V’2’0 =- k.ln((1,652) / (0,652) = 1m V’2’0 = - 0,042V 1’ D1 Figura 13 – Cálculo do acréscimo de tensão induzida causada pela malha de terra ao longo do induzido (2’-0). 150 A 1 1m D D2 0 5 0,32 m malha 0,32 m imagens k=(150).(4).(2..60).(2.10-7) = 0,0452 2 V’i0 =- k.ln(D1 / D2) = V’50=- k.ln((1,64+D) / (0,64+D) = 2’ Para o induzido (5-0) tem-se D=0,25 m 1m V’50 =- k.ln((1,890) / (0,890) = V’50 =- 0,034V 1’ D1 Figura 14 – Cálculo do acréscimo de tensão induzida causada pela malha de terra ao longo do induzido (5-0). 150 A 4 1 0 D2 1m k=(150).(4).(2..60).(2.10-7) = 0,0452 D 0,32 m malha 0,32 m imagens V’i0 =- k.ln(D1 / D2) = 2 V’40=- k.ln((1,64+D) / (0,64+D) = Para o induzido (4-0) tem-se D=0,5 m 2’ V’40=- k.ln((2,140) / (1,140) = 1m V’40=- 0,028V 1’ D1 Figura 15 – Cálculo do acréscimo de tensão induzida causada pela malha de terra ao longo do induzido (4-0). 150 A 6 1 0 D2 1m k=(150).(4).(2..60).(2.10-7) = 0,0452 D 0,32 m malha 0,32 m imagens V’i0 =- k.ln(D1 / D2) = 2 V’60=- k.ln((1,64+D) / (0,64+D) = Para o induzido (6-0) tem-se D=0,75 m 2’ V’60 =- k.ln((2,390) / (1,390) = 1m V’60 =- 0,024V 1’ D1 Figura 16 – Cálculo do acréscimo de tensão induzida causada pela malha de terra ao longo do induzido (6-0). 150 A 1 0 D2 7 1m k=(150).(4).(2..60).(2.10-7) = 0,0452 D 0,32 m malha 0,32 m imagens V’i0 =- k.ln(D1 / D2) = 2 V’70 =- k.ln((1,64+D) / (0,64+D) = Para o induzido (7-0) tem-se D=0,980 m 2’ V’70 =- k.ln((2,620) / (1,620) = 1m V’70 =- 0,022V 1’ D1 Figura 17 – Cálculo do acréscimo de tensão induzida causada pela malha de terra ao longo do induzido (7-0)