Letras de Paulo Coelho * * Letras originais do compositor A Trajetória Musical de Paulo Coelho Abaixo a Cueca Adeus, Amigo (Zé Rodrix - Paulo Coelho) Gravação original: Zé Rodrix (1979) (Zé Rodrix - Dom Beto - Paulo Coelho) Gravação original: Zé Rodrix (1978) Homens chegou o momento da luta Venham unidos por toda a nação Vamos queimar essa coisa humilhante Que é símbolo da nossa escravidão Adeus, amigo Não se preocupe comigo Eu vou seguir vivendo Apesar de tudo, amigo Minha mulher vai contigo Mas o que houve não foi Culpa de ninguém Abaixo a cueca! Chegou nossa hora Liberdade pro corpo masculino! Já chega de mamãe mandou Já chega de mulher falou O homem é que tem que ser dono Do seu destino Eu lembro bem do domingo Quando eu te disse Que tinha achado meu grande amor E ao me abraçar comovido Meu grande amigo, você falou: - Uma mulher como esta Foi tudo o que eu sempre quis E eu invejo você Porque agora vai ser tão feliz Quero aparecer nu em revista E quero por elas ser sustentado E também quero ouvir palavrões nas esquinas E quero é mesmo ser um homem-liberado! Quero que ela me bote de porre E tente depois me mandar pro motel E que ela cubra meu corpo com muitos presentes Pra eu cumprir direito o meu papel Por isso, amigo Não vou até a estação Não quero ver partir Quem era apenas ilusão Também preciso E sei que vou encontrar Outra mulher e um ombro amigo pra chorar Agora Chega Água Viva (Fábio Jr. - Paulo Coelho) Gravação original: Fábio Jr. (1976) (Raul Seixas - Paulo Coelho) Gravação original: Raul Seixas (1974) Agora chega de ouvir tanta mentira E de pedir para que eu minta também Ninguém se engana pra sempre O que é mal não faz bem Chegou a hora de olhar pra dentro Reconhecer aquilo que não tá certo Estender a mão pros teus sonhos Sem medo de chegar perto Antes que seja tarde Deixa a vida lhe ensinar Quem fugir muito tempo Não tem onde chegar Eu conheço bem a fonte que desce daquele monte Ainda que seja de noite Nessa fonte tá escondido o segredo dessa vida Ainda que seja de noite “Êta” fonte mais estranha Que desce pela montanha Ainda que seja de noite Sei que não podia ser mais bela Que os céus e a terra, bebem dela Ainda que seja de noite Sei que são caudalosas as correntes Que regam os céus, infernos, e regam gentes Ainda que seja de noite Aqui se está chamando as criaturas Que desta água se fartam mesmo às escuras Ainda que seja de noite Ainda que seja de noite Eu conheço bem a fonte que desce daquele monte Ainda que seja de noite Porque ainda é de noite! No dia claro dessa noite! Porque ainda é de noite No dia claro desta noite! 203 A CANÇÃO DO MAGO A Trajetória Musical de Paulo Coelho Al Capone O Amor É Assim Mesmo Arrombou a Festa Arrombou a Festa II (Raul Seixas - Paulo Coelho) Gravação original: Raul Seixas (1973) (Eduardo França - Paulo Coelho) Gravação original: Eduardo França (1978) (Rita Lee - Paulo Coelho) Gravação original: Rita Lee e Tutti Frutti (1977) (Rita Lee - Paulo Coelho) Gravação original: Rita Lee (1979) Hei, Al Capone, vê se te emenda Já sabem do teu furo, nego No imposto de renda Hei, Al Capone, vê se te orienta Assim desta maneira, nego Chicago não agüenta Vai Fecha a porta devagar E esquece que eu jurei te amar Ao te encontrar um dia Só Te chamei pra conversar Mas você nem quis ouvir falar Daquilo que eu sentia Ai, ai, meu Deus, o que foi que aconteceu Com a música popular brasileira? Todos falam sério, todos eles levam a sério Mas esse sério me parece brincadeira Ai, ai meu Deus, o que foi que aconteceu Com a música popular brasileira? Quando a gente fala mal A turma toda cai de pau Dizendo que esse papo é besteira Hei, Julio Cesar, vê se não vai ao senado Já sabem do teu plano para controlar o Estado Hei, Lampião, dá no pé, desapareça Pois eles vão à feira exibir tua cabeça Tem certeza que eu devo ir embora Pense bem que eu posso não voltar Aprender a não chorar E com o tempo a esquecer Que te amei Hei, Jimi Hendrix, abandona o palco agora Faça como fez Sinatra Compre um carro e vá embora Ei, Jesus Cristo, o melhor que você faz É deixar o Pai de lado e foge pra morrer em paz Vem, vem, vem, vem e esquece o que eu falei Pois o amor é assim mesmo, eu sei E mesmo sem dar certo Vem que é melhor sofrer de amor Que é melhor meu bem chorar de amor Mas com você por perto Eu sou astrólogo. Eu sou astrólogo Vocês precisam acreditar em mim Eu sou astrólogo Eu sou astrólogo E conheço a História do princípio ao fim! Arigatô-Arakiri Ave Maria da Rua (Paulo Coelho - Sergio Dias) Gravação original: Sergio Dias (1980) (Raul Seixas - Paulo Coelho) Gravação original: Raul Seixas (1976) Ela acorda às cinco e meia pra tomar condução Que nunca andou na contramão Sonha entre os passageiros que está no avião Que sem parar vai pro Japão Mas ela está mesmo aqui E então o único jeito dela poder dizer Sayonara Vai ser cometendo harakiri Poluindo as águas da Guanabara Arigatô-arakiri Ela chega ao trabalho e atende um freguês E sonha que ele fala inglês Se apaixonou por ela e convidou-a Pra ir a Londres neste fim de mês Mas ela está mesmo aqui E então o único jeito dela poder dizer I love you Vai ser escutar o big-ben Toda vez que toca o apito do trem Hello my friend thank you Dentro da noite vem a esperança De que Tijuca possa ser Paris Mas ela está aqui no seu quarto de aluguel Pregada em frente ao espelho nua no pôster la Tour Eiffel Cherchez la femme mon amour No lixo dos quintais, na mesa do café No amor dos carnavais, na mão, no pé Oh, tu estás, tu estás No tapa e no perdão, no ódio e na oração 204 Teu nome é Iemanjá, e é Virgem Maria É Glória e é Cecília na noite fria Oh, minha mãe, minha filha Tu és qualquer mulher, mulher em qualquer dia Bastou o teu olhar pra me calar a voz De onde está você rogai por nós Oh, minha mãe, minha mãe Me ensina a segurar a barra de te amar Benito lá de Paula com o amigo Charlie Brown Revive em nosso tempo o velho e chato Simonal Martinho vem da Vila lá do fundo do quintal Tornando diferente aquela coisa sempre igual Um tal de Raul Seixas vem de disco voador E Gil vai refazendo seu xodó com muito amor Dez anos e Roberto não mudou de profissão Na festa de arromba ainda está com seu carrão Parei pra pesquisar Na onda discothéque da América do Sul Lenilda é miss Lene, Zuleide é Lady Zu Pra defender o samba contrataram Alcione É boa de pistom mas bota a boca no trombone No meio disso tudo a Fafá vem dar um jeito Além de muita voz, ela também tem muito peito E a música parece brincadeira de garoto Pois quando ligo o rádio ouço até Cauby Peixoto! Cantando: - Conceição Ai, ai, meu Deus, o que foi que aconteceu Com a música popular brasileira? Todos falam sério, todos eles levam a sério Mas esse sério me parece brincadeira Ai, ai meu Deus, o que foi que aconteceu Com a música popular brasileira? Quando a gente fala mal A turma toda cai de pau Dizendo que esse papo é besteira O Odair José é o terror das empregadas Distribuindo beijos, arranjando namoradas Até o Chico Anísio já bateu pra tu batê Pois faturar em música é mais fácil que em tevê Celly Campello quase foi parar na rua Pois esperavam dela mais que um banho de lua E o mano Caetano tá pra lá do Teerã De olho no sucesso da boutique da irmã O Sidney Magal rebola mais que o Matogrosso Cigano de araque, fabricado até o pescoço E o Chico na piscina grita logo pro garçom Afasta esse cálice e me traz Moet Chandon Com tanto brasileiro por aí metido a bamba Sucesso no estrangeiro ainda é Carmem Miranda E a Rita Lee parece que não vai sair mais dessa Pois pra fazer sucesso arrombou de novo a festa! Ziri, ziriguidum Skindô, skindô lelê Sai da frente que eu quero é comer A música popular brasileira Lady Laura A música popular... Parabéns pra você Parabéns para a música popular... A música popular Ah, eu te amo, ah, eu te amo meu amor Ai, Sandra Madalena ah, ah, ah O meu sangue ferve pela Música popular... Bilú, bilú, fafá, faró, faró, tetéia Severina e o fio da véia A música popular brasileira Sou a garota papo firme que o Roberto falou Da música popular O tico-tico nu, o tico-tico cu O tico-tico pá rá rá rá Música popular Olha que coisa mais linda, mais cheia de... Música popular Mamãe eu quero, mamãe eu quero Mamãe eu quero a música popular brasileira Pega, mata e come! Oh, fricote, eu fiz xixi Fricote eu fiz xixi Na música popular brasileira Corre que lá vem os hômi! Não estou cantando só, cantamos todos nós Mas cada um nasceu com a sua voz Oh, pra dizer, pra falar De forma diferente o que todo mundo sente Segure a minha mão quando ela fraquejar E não deixe a solidão me assustar Oh, minha mãe, nossa mãe E mata minha fome nas letras do teu nome Oh, minha mãe, nossa mãe E mata a minha fome na glória do teu nome 205 A CANÇÃO DO MAGO A Trajetória Musical de Paulo Coelho Bicho de Sete Cabeças Brasileiro no meu Calor Caminhos Caminho de Santiago (Fábio Jr. - Paulo Coelho) Gravação original: Fábio Jr. (1976) (Paulo Coelho - Pelin - Livi) Gravação original: Sidney Magal (1979) (Raul Seixas - Paulo Coelho) Gravação original: Raul Seixas (1975) (Paulo Coelho - Hyldon) Gravação original: Hyldon (1989) Se você tivesse pintado antes na minha vida Se você tivesse me dado aquilo que eu mereço Se você tivesse pago pelo amor qualquer preço A gente até que podia estar juntos agora Mas você teve medo e fez do corpo um segredo Um bicho de sete cabeças todas cheias de grilos Um bicho de sete cabeças todas cheias de grilos E quero mostrar a você Que podemos seguir pelo mesmo caminho E não te ofereço riquezas Mas te dou certeza de um grande destino E quero com unhas e dentes Viver o presente a nossa maneira E quero uma grande aventura Uma nova loucura, um amor sem fronteiras Você me pergunta aonde eu quero chegar Se há tantos caminhos da vida E pouca esperança no ar E até a gaivota que voa já tem seu caminho no ar O caminho do fogo é a água O caminho do barco é o porto O do sangue é o chicote O caminho do reto é o torto O caminho do bruxo é a nuvem O da nuvem é o espaço O da luz é o túnel, o caminho da fera é o laço O caminho da mão é o punhal O do santo é o deserto O do carro é o sinal, o do errado é o certo O caminho do verde é o cinzento O do amor é o destino O do cesto é o cento O caminho do velho é o menino O da água é a sede O caminho do frio é o inverno O do peixe é a rede, o do pio é o inferno O caminho do risco é o sucesso O do acaso é a sorte O da dor é o amigo O caminho da vida é a morte Que caminho lindo vai pra Santiago Venha meu amor vem caminhar comigo Vamos descobrir quem foram os templários E fazer amor pelos campos de trigo Vem sentir o vento da liberdade Bebendo água nas cidades Comendo frutos ao luar Ser mais um highlander Não ter fronteiras Que a vida não é brincadeira A gente tem que arriscar Que caminho lindo vai pra Santiago Quem souber andar que ande todo dia Quem souber contar Que conte a Via Láctea E quem não rezar diga uma poesia Viajar no tempo Voltar na história Varrer o velho da memória Deixando o mundo novo entrar Esquecer o amor que não deu certo Dormir de noite a céu aberto Com o universo a vigiar Que caminho lindo vai pra Santiago Quem por ele anda nunca está sozinho Não precisa nem chegar a Santiago Pois os seus tesouros estão no seu caminho Se você tivesse entendido Que nossos corpos se entendem Mas se você tivesse deixado Eu repousar a teu lado Você deve curtir cada instante Que lhe pintar na cuca Porém você teve medo E fez do corpo um segredo Esquentou a cabeça Fez com que o amor se pareça Um bicho de sete cabeças todas cheias de grilos Um bicho de sete cabeças todas cheias de grilos Você fez... Um bicho de sete cabeças todas cheias de grilos Um bicho de sete cabeças todas cheias de grilos Sou boêmio, sou sonhador Brasileiro no meu calor E um amante sempre disposto A beijar teu rosto, e a fazer amor E quero ensinar-te a jogar A perder a ganhar sem arrependimentos E pois o que importa querida É viver esta vida e gozar os momentos E quero uma grande paixão Uma nova emoção, um prazer diferente E quero brindar esse amor Que não rima com dor e me deixa contente Bruxa Amarela Cachorro Urubu Caminhos II (Raul Seixas - Paulo Coelho) Gravação original: Rita Lee & Tutti Frutti (1976) (Raul Seixas - Paulo Coelho) Gravação original: Raul Seixas (1973) (Raul Seixas - Paulo Coelho - Eládio Gilbraz) Gravação original: Raul Seixas (1975) Acabei de dar um check-up na situação O que me levou a reler Alice no País das Maravilhas Já andei de motocicleta e fiz esporte E numa corrida eu me encontrei com a morte Baby, essa estrada é comprida, ela não tem saída É hora de acordar pra ver o galo cantar Pro mundo inteiro escutar Assim como Todas as portas são diferentes Aparentemente Todos os caminhos são diferentes Mas vão dar todos no mesmo lugar Acabei de tomar minha cerveja Minha comida ainda está quente sobre a mesa Duas horas da manhã eu abro a minha janela E vejo a bruxa cruzando a grande lua amarela E vou dormir quase em paz! E a chuva promete não deixar vestígio! E a chuva promete não deixar vestígio! Aprendi a ler no rosto O que as pessoas não querem me dizer Aprendi a ler na alma O que as pessoas não podem me esconder Duas horas da manhã eu abro a minha janela E vejo a bruxa cruzando a grande lua amarela E vou dormir quase em paz! Baby a estória é a mesma, aprendi na quaresma Depois do carnaval, a carne é algo mortal Com multa de avançar sinal Todo jornal que eu leio Me diz que a gente já era Que já não é mais primavera Oh baby, oh baby A gente ainda nem começou Baby o que houve na trança vai mudar nossa dança Sempre a mesma batalha por um cigarro de palha Navio de cruzar deserto Baby isso só vai dar certo se você ficar perto Eu sou índio Sioux, eu sou cachorro urubu Em guerra com o Zé U Aí o peregrino encontrou Um velho na beira da estrada E perguntou se não era muito perigoso Seguir em frente Bem, meu filho, disse o velho O barco está mais seguro no porto Mas não foi para isso Que foram feitos os barcos Sim O caminho do fogo é a água Assim como O caminho do barco é o porto O caminho do sangue é o chicote Assim como O caminho de reto é o torto O caminho do risco é o sucesso Assim como O caminho do acaso é a sorte O caminho da dor é o amigo O caminho da vida é a morte E a chuva promete não deixar vestígio! 206 207 A CANÇÃO DO MAGO A Trajetória Musical de Paulo Coelho Canto para Minha Morte Cantiga de Ninar Cartão Postal Caroço de Manga (Raul Seixas - Paulo Coelho) Gravação original: Raul Seixas (1976) (Raul Seixas - Paulo Coelho) Gravação original: Raul seixas (1976) (Rita Lee - Paulo Coelho) Gravação original: Rita Lee e Tutti Frutti (1975) (Raul Seixas - Paulo Coelho) Gravação original: Raul Seixas (1973) Eu sei que determinada rua que eu já passei Não tornará a ouvir o som dos meus passos Tem uma revista que eu guardo há muitos anos E que nunca mais eu vou abrir Cada vez que eu me despeço de uma pessoa Pode ser que essa pessoa esteja me vendo pela última vez A morte, surda, caminha ao meu lado E eu não sei em que esquina ela vai me beijar Com que rosto ela virá? Será que ela vai deixar eu acabar o que eu tenho que fazer? Ou será que ela vai me pegar no meio do copo de uísque Na música que eu deixei para compor amanhã? Será que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro? Virá antes de eu encontrar a mulher A mulher que me foi destinada, E que está em algum lugar me esperando Embora eu ainda não a conheça? Nada tão belo como uma criança dormindo Nem tão profundo como dormir sem sonhar Nem tão antigo como o sonho dos teus olhos Nem tão distante como a hora de acordar Pra que sofrer com despedida? Se quem parte não leva Nem o sol, nem as trevas E quem fica não se esquece tudo o que sonhou Eu sei, tudo é tão simples que cabe num cartão postal E se a história é de amor não acaba tão mal O adeus traz a esperança escondida Pra que sofrer com despedida? Se só vai quem chegou E quem vai partir Você sofre, se lamenta, depois vai dormir Sempre que eu te dou a mão Você segura no meu pé Eu faço tudo por você Tudo o que você quiser Quero uma colher de chá No grande jogo do xadrez Não quero ver você chorar Vou te encontrar vestida de cetim Pois em qualquer lugar esperas só por mim E no teu beijo provar o gosto estranho Que eu quero e não desejo, mas tenho que encontrar Vem, mas demore a chegar Eu te detesto e amo morte, morte, morte Que talvez seja o segredo desta vida Qual será a forma da minha morte Uma das tantas coisas que eu não escolhi na vida? Existem tantas... um acidente de carro O coração que se recusa a bater no próximo minuto A anestesia mal aplicada A vida mal vivida, a ferida mal curada A dor já envelhecida O câncer já espalhado e ainda escondido Ou até, quem sabe Um escorregão idiota, num dia de sol A cabeça no meio-fio Oh morte, tu que estão forte Que matas o gato, o rato e o homem Vista-se com a tua mais bela roupa quando vieres me buscar Que meu corpo seja cremado E que minhas cinzas alimentem a erva E que a erva alimente outro homem como eu Porque eu continuarei neste homem, nos meus filhos Na palavra rude que eu disse para alguém que não gostava E até no uísque que eu não terminei de beber aquela noite Dorme enquanto teu pai faz músicas Que é a forma dele rezar Todos os sonhos na realidade São verdades, se eu puder cantar Você chora quando tem fome Mas vem logo uma mamadeira Amanhã se você chorar Vai chorar tua vida inteira Fiz meu rumo por essa terra Entre o fogo que o amor consome Eu lutei mas perdi a guerra Eu só posso te dar meu nome Tô aqui pro que vier, eu danço o que você tocar É só dar corda no boneco Tango, Rock ou chá-chá-chá Não tenho nada a perder Aquilo que pintar eu tô porque eu gosto de você Sabe, alguém quando parte É porque outro alguém vai chegar Num raio de lua, na esquina, no vento e no mar O adeus traz a esperança escondida Sabe, alguém quando parte É porque outro alguém vai chegar Num raio de lua, na esquina, no vento ou no mar O adeus traz a esperança escondida Pra que querer ensinar a vida? Pra que sofrer? Essa vida inteira é uma brincadeira É só ficar quieto e não dar bandeira Você chupou a manga até o fim E só deixou o caroço para mim E melhor que isso só o carnaval Pegue essa motocicleta e vá mostrar quem é você Bota o seu blusão de couro, agora é que eu quero ver Na arrancada pro futuro sem nunca pedir arrego Nos olhos cegos do morcego Carga Pesada Coisa Proibida Coisas de Agora (Paulo Coelho - Zé Rodrix) Gravação original: Zé Rodrix e Sérgio Reis (1979) (Augusto Cesar - Paulo Coelho) Gravação original: The Fevers (1981) (Fábio Jr. - Paulo Coelho) Gravação original: Fábio Júnior (1976) Seis pneus cheios e um coração vazio Vou do Sul pra Manaus, do Norte pro Rio Carga pesada dentro do caminhão E um grande peso dentro do coração Eu que dirijo, mas Deus é quem me guia Pelo mormaço ou dentro da noite fria Já estive cada palmo desse meu chão Mas o que eu mais conheço é a solidão Toda essa história de dizer Que eu estou por fora não cola Tenha paciência pois amor não Se aprende na escola Sei fazer carinho Me comporto direitinho Na hora, me pega, me pega Coisas de agora é a gente entender a da gente Coisas de agora é a menina sair pela rua Sem dar muita bola A quem fica ou a quem passa na frente Coisas de agora é alguém nunca deixar E a gente fazer assim mesmo Coisas de agora é a forma de dar Tudo aquilo que esperam da gente Deixar que a corrente carregue o futuro Sem pensar que na frente Pode ser mais escuro É que a carga pesada também vai no meu peito Uma eu deixo na estrada, a outra não tem jeito Uma carga pesada eu entrego contente Outra fica escondida a zombar da gente Eta, malvada sina de carreteiro Onde tudo na vida é passageiro Tanta mulher encontro nesse sertão Mas durmo sempre junto do caminhão Dizer adeus pra mim já virou rotina Lendo nos pára-choques o que a vida ensina Vou pelo mundo afora sem ter um bem Mas eu não troco essa vida com ninguém 208 Quando estou por dentro Sou capaz de te levar à loucura E neste momento qualquer coisa proibida É frescura Toda timidez que eu demonstro Some toda na hora Me pega, me pega Sei alguns truques incríveis Que você vai deslumbrar Nestes minutos terríveis Que os antigos chamavam pecar Coisas de agora é a gente entender o que sente Coisas de agora é o estudo, a garota, o dentista A frustração de um carro parado na pista Pedindo ao invés de mecânico um bom analista Coisa de agora é o som, a nostalgia Noite ao invés do dia Coisas de agora é a pipa subir E lá em cima não ter onde ir O amor que não chega e o tempo que passa A loucura escondida é a ventura da vida Te quero menina Te pego te levo comigo Você vai sentir ao meu lado Que eu sou um perigo 209 A CANÇÃO DO MAGO A Trajetória Musical de Paulo Coelho Como Vovó Já Dizia Conserve seu Medo Esse Tal de Roque Enrow Esse Tal de Repi Enroll (Raul Seixas - Paulo Coelho) Gravação original: Raul Seixas (1974) (Raul Seixas - Paulo Coelho) Gravação original: Raul Seixas (1978) (Rita Lee - Paulo Coelho) Gravação original: Rita Lee e Tutti Frutti (1975) (Rita Lee - Paulo Coelho) Gravação original: Roupa Nova (1990) (Como vovó já dizia) Quem não tem colírio usa óculos escuros (Mas não é bem verdade) Quem não tem colírio usa óculos escuros (Hum!!!) Conserve seu medo Mantenha ele aceso Se você não teme Se você não ama Vai acabar cedo (Quem não tem colírio usa óculos escuros) Esteja atento Ao rumo da História Mantenha em segredo Mas mantenha viva Sua paranóia Ela nem vem mais pra casa, doutor Ela odeia meus vestidos, Minha filha é um caso sério, doutor Ela agora está vivendo Com esse tal de Roque Enrow Roque Enrow, Roque En... Ela não vem mais pra casa doutor, Doutor Ela odeia meus vestidos Minha filha é um caso sério, Doutor Ela agora está vivendo esse tal de repi enroll Repi enroll Repi enroll Ela não fala comigo, doutor Quando ele está por perto É um menino tão sabido, doutor Ele quer modificar o mundo Esse tal de Roque Enrow Roque Enrow Se never says a word to me, Doctor Clyde Strucking the stuff making a fuss He’s a clever guy, Doctor Clyde Got his line knows he’s fine, he’s repi enroll Repi enroll Repi en Roquem é ele? Quem é ele? Esse tal de Roque Enrow? Uma mosca, um mistério, Uma moda que passou E ele, quem é ele? Isso ninguém nunca falou! Ele, quem é ele? Esse tal de repi enroll Uma mosca, um mistério Uma moda que passou Ele, quem é ele? Isso ninguém nunca falou Ela não quer ser tratada, Doutor E não pensa no futuro E minha filha está solteira, Doutor Ela agora está lá na sala com esse tal de Repi enroll Repi enroll Minha avó já me dizia pr’eu sair sem me molhar Mas a chuva é minha amiga e eu não vou me resfriar A serpente está na terra e o programa está no ar A formiga só trabalha porque não sabe cantar Quem não tem colírio usa óculos escuros Quem não tem filé como pão e osso duro Quem não tem visão bate a cara contra o muro (Quem não tem colírio usa óculos escuros) É tanta coisa no menu que eu nem sei o que comer José Newton já dizia: “Se subiu tem que descer” Só com a praia bem deserta é que o sol pode nascer A banana é vitamina que engorda e faz crescer Quem não tem colírio usa óculos escuros Quem não tem filé como pão e osso duro Quem não tem visão bate a cara contra o muro Conserve seu medo Mas sempre ficando Sem medo de nada Porque desta vida De qualquer maneira Não se leva nada E ande pra frente Olhando pro lado Se entregue a quem ama Na rua ou na cama Mas tenha cuidado! Em Paz com as Coisas da Vida Era dos Super Heróis (Roberto Menescal - Paulo Coelho) Gravação original: Mariama (1979) (Sergio Lopes - Paulo Coelho) Gravação original: Lee Jackson (1979) Sei que é impossível evitar Certa vontade de chorar Não sei também que é bem melhor Só viver sorrindo Essa é a era. É a era que já era Era dos super heróis Não, eu não vou mais me aborrecer E quem só gosta de sofrer Perto de mim não vai mais ser Bem-vindo não Quero me abrir pra vida Eu quero viver de novo Eu quero ser como sempre quis, sim E se você quer ser feliz ao meu lado Não traga os problemas do passado Pois o passado não pode mudar E o futuro é tão fácil Só sei que quero estar Em paz com as coisas da vida Me dar sem medo e sem receio E vai ser esse meu jeito de amar Batman e Robin estão aposentados Tarzan e Jane estão divorciados E o Capitão América trocou o escudo por um violão Lanterna Verde gastou sua pilha Transando a Mulher Maravilha E o grande Thor deixou cair o martelo em cima do dedão Homem de Ferro está enferrujado Homem Aranha está todo enroscado E a inflação americana o Cyborg desvalorizou Homem Fluído já se evaporou Homem Borracha já se apagou E o Capitão Submarino na banheira quase se afogou Ela não quer ser tratada, doutor E não pensa no futuro E minha filha está solteira, doutor Ela agora está lá na sala Com esse tal de Roque Enrow Roque Enrow, Roque En... Tell me what’s wrong with her, Doctor Clyde I don’t know what to do She changed her life stays out all nite Doctor Clyde, it ain’t rite She’s about the repi enroll Repi enroll Eu procuro estar por dentro, doutor Dessa nova geração Mas minha filha não me leva a sério, doutor Ela fica cheia de mistério Com esse tal de Roque Enrow Roque Enrow Crazy, she is crazy (Ele, quem é ele?) Crazy for the repi enroll (Esse tal de repi enroll) A new fashion, a reaction (Uma mosca, um mistério) Or a bomb that’s up to explode (Uma moda que passou) Crazy, she is crazy (Ele, quem é ele?) That’s the only thing that I know (Isso ninguém nunca falou) Roquem é ele? Quem é ele? Esse tal de Roque Enrow? Um planeta, um deserto, Uma bomba que estourou Ele, quem é ele? Isso ninguém nunca falou! Ela dança o dia inteiro, doutor E só estuda pra passar E já fuma com essa idade, doutor Desconfio que não há mais cura Pra esse tal de Roque Enrow Roque Enrow, Roque Enrow Roque Enrow Ela dança o dia inteiro, Doutor E só estuda pra passar E já fuma com essa idade, Doutor Desconfio que não há mais cura pra esse tal de Repi enroll Repi enroll Dependurado como Tarzan A gente vai pro dia de amanhã Fazendo mágica que nem Mandraque Pra não ficar pirado, passar um dia sem se aborrecer Nem é possível com superpoder Pois o perigo de ser agredido tá por todo lado 210 211 A CANÇÃO DO MAGO A Trajetória Musical de Paulo Coelho Este Dia Feliz Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás Eu Preciso Tanto Eu Também Vou Reclamar (Pelin - Livi - Paulo Coelho) Gravação original: Sidney Magal (1979) (Raul Seixas - Paulo Coelho) Gravação original: Raul Seixas (1976) (Zé Rodrix - Paulo Coelho) Gravação original: Zé Rodrix (1979) (Raul Seixas - Paulo Coelho) Gravação original: Raul Seixas (1976) Que dia tão feliz é hoje pra você Marcaste encontro com amor Em casa todo mundo também percebeu Pelo teu jeito de dizer Que agora o mundo é teu O teu relógio não te cansas de olhar E pensas que o tempo parou Vestidos sobre a cama, blusas pelo chão Que com amor e indecisão Você experimentou Um dia, numa rua da cidade Eu vi um velhinho sentado na calçada Com uma cuia de esmola e uma viola na mão O povo parou pra ouvir Ele agradeceu as moedas E cantou essa música que contava uma estória Que era mais ou menos assim Meu carro parado Cercado de carros parados E já não há nada que eu possa fazer Eu olho o relógio Já passa da hora marcada E eu preciso tanto encontrar com você Mas é que se agora pra fazer sucesso Pra vender disco de protesto Todo mundo tem que reclamar Eu vou tirar meu pé da estrada E vou entrar também nessa jogada E vamos ver agora quem é que vai agüentar Porque eu fui o primeiro E já passou tanto janeiro Mas se todos gostam eu vou voltar Tô trancado aqui no quarto De pijama porque tem visita estranha na sala Aí, eu pego e passo a vista no jornal Um piloto rouba um mig Gelo em Marte, diz a viking Mas no entanto não há galinha em meu quintal Compro móveis estofados Me aposento com saúde pela assistência social Dois problemas se misturam A verdade do Universo, a prestação que vai vencer Entro com a garrafa de bebida enrustida Porque minha mulher não pode ver Ligo o rádio e ouço um chato Que me grita nos ouvidos Pare o mundo que eu quero descer Olho os livros na minha estante Que nada dizem de importante Servem só pra quem não sabe ler E a empregada me bate à porta Me explicando que tá toda torta E já que não sabe o que vai dar pra mim comer Falam em nuvens passageiras Mandam ver qualquer besteira E eu não tenho nada pra escolher Apesar dessa voz chata e renitente Eu não tô aqui pra me queixar E nem sou apenas o cantor Eu já passei por Elvis Presley Imitei Mister Bob Dylan Eu já cansei de ver o sol se pôr Agora eu sou apenas um latino-americano Que não tem cheiro nem sabor E as perguntas continuam Sempre as mesmas, quem eu sou Da onde eu venho, aonde eu vou dar E todo mundo explica tudo Como a luz acende como um avião pode voar Ao meu lado um dicionário cheio de palavras Que eu sei que nunca vou usar Mas agora eu também resolvi Dar uma queixadinha Porque eu sou um rapaz latino-americano Que também sabe se lamentar E sendo nuvem passageira Não me leva nem à beira disso tudo Que eu quero chegar E fim de papo Um brilho nos teus olhos Pode-se notar Estão alegre por amor Em frente ao espelho tentas ensaiar A forma certa de sorrir quando ele te encontrar Quando ele te encontrar E te pegar a mão Depressa vai bater Teu jovem coração Quando ele te encontrar Pode não parecer Mas ele fez o mesmo que você Eu Esperei Tanto Tempo (Eduardo França - Paulo Coelho) Gravação original: Eduardo França (1977) Eu esperei tanto tempo Pra te dizer que te amava Que quando eu te disse isso Senti que não mais importava Eu esperei tanto tempo Pra ter certeza da hora Que quando eu tive coragem Você já tinha ido embora E por ter medo do inferno Eu te neguei o paraíso E por ter medo do teu pranto Eu não te dei meu sorriso Eu esperei tanto tempo Para te dar o que eu sou Eu esperei tanto tempo E o tempo certo passou Eu nasci há dez mil anos atrás E não tem nada nesse mundo Que eu não saiba demais Eu vi Cristo ser crucificado O amor nascer e ser assassinado Eu vi as bruxas pegando fogo Pra pagarem seus pecados, eu vi Eu vi Moisés cruzar o Mar Vermelho Vi Maomé cair na terra de joelhos Eu vi Pedro negar Cristo por três vezes Diante do espelho, eu vi Eu vi as velas se acenderem para o Papa Vi Babilônia ser riscada no mapa Vi Conde Drácula sugando o sangue novo E se escondendo atrás da capa, eu vi Eu vi a arca de Noé cruzar os mares Vi Salomão cantar seus salmos pelos ares Vi Zumbi fugir com os negros pra floresta Pro Quilombo dos Palmares, eu vi Eu vi o sangue que corria da montanha Quando Hitler chamou toda Alemanha Vi o soldado que sonhava com a amada Numa cama de campanha, eu li Eu li os símbolos sagrados de umbanda Eu fui criança pra poder dançar ciranda Quando todos praguejavam contra o frio Eu fiz a cama na varanda Eu tava junto com os macacos na caverna Eu bebi vinho com as mulheres na taberna E quando a pedra despencou da ribanceira Eu também quebrei a perna, eu também Eu fui testemunha do amor de Rapunzel Eu vi a estrela de Davi brilhar no céu E pr’aquele que provar que eu estou mentindo Eu tiro o meu chapéu Agora resta tristeza O amor jogado no chão A mala em cima da mesa A noite, a rua, a escuridão O sinal fechado Eu vejo você me esperando Pensando que tudo chegou ao fim E eu desesperado No extremo de um rio de aço Que mantém seu corpo tão longe de mim E eu sinto esse corpo em meu rosto Teu cheiro, perfume e suor Teus dedos buscando caminhos E a minha vontade ficando maior Já passa da hora Talvez você tenha ido embora Talvez nunca mais eu consiga lhe ver Meus olhos molhados, Não sei se é fumaça ou saudade E eu preciso tanto encontrar com você Faça de Mim um Objeto (Zé Rodrix - Paulo Coelho) Gravação original: Zé Rodrix (1980) Faça de mim um objeto Pro seu prazer pessoal Que é tão bom ser usado, agarrado Mordido e tratado como um animal Pode rasgar minha roupa, Quebrar o meu fecho’éclair Que o melhor nessas horas É não saber quem é o homem E quem é a mulher Segure a minha mão e me abrace com calor Sussurra no meu ouvido coisinhas de amor Mas diga alguns nomes feios só pra me escandalizar Que eu sou o seu almoço e o seu jantar Me aperte como se eu fosse uma loucura qualquer E me deixe do jeito que fica um caroço de manga E depois Quando eu estiver arrasado com tudo que você fez Não respeite meu ar de cansaço Comece de novo Faça tudo outra vez 212 213 A CANÇÃO DO MAGO A Trajetória Musical de Paulo Coelho Gita Fique um Pouco Mais O Homem Hora Extra (Raul Seixas - Paulo Coelho) Gravação original: Raul Seixas (1974) (Rosana - Paulo Coelho) Gravação original: Rosana (1978) (Raul Seixas - Paulo Coelho) Gravação original: Raul Seixas (1976) (Zé Rodrix - Paulo Coelho) Gravação original: Zé Rodrix (1978) Eu que já andei Pelos quatro cantos do mundo procurando Foi justamente num sonho Que ele me falou Você não deve ir Espere até o sol nascer Pra eu poder te mostrar Que eu não quis te deixar E que o tempo não matou meu amor Meu amor Fique um pouquinho mais Pra eu te mostrar o que ficou No momento em que eu ia partir Eu resolvi voltar Meu querido amigo Eu vou lhe contar toda a minha vida Eu trabalho tanto e não tem remédio Eu tô sem saída A minha mulher já não quer Nem mais me dizer bom dia E a vida que levo tá me botando numa fria Meu filho mais moço Eu nem vi crescer, já virou rapaz E tenho a impressão De que ele não me conhece mais Ao me ver dormindo Ele chama a mãe e sempre reclama: – Tem um homem estranho na sua cama Às vezes você me pergunta Por que é que eu sou tão calado Não falo de amor quase nada Nem fico sorrindo ao teu lado Você pensa em mim toda hora Me come, me cospe, me deixa Talvez você não entenda Mas hoje eu vou lhe mostrar Eu sou a luz das estrelas Eu sou a cor do luar Eu sou as coisas da vida Eu sou o medo de amar Eu sou o medo do fraco A força da imaginação O blefe do jogador Eu sou, eu fui, eu vou Gita Eu sou o seu sacrifício A placa de contramão O sangue no olhar do vampiro E as juras de maldição Eu sou a vela que acende Eu sou a luz que se apaga Eu sou a beira do abismo Eu sou o tudo e o nada Por que você me pergunta Perguntas não vão lhe mostrar Que eu sou feito da terra Do fogo, da água e do ar Você me tem todo dia Mas não sabe se é bom ou ruim Mas saiba que eu estou em você Mas você não está em mim Das telhas eu sou o telhado A pesca do pescador A letra A tem meu nome Dos sonhos eu sou o amor Eu sou a dona de casa Nos pegue-pagues do mundo Eu sou a mão do carrasco Sou raso, largo, profundo Eu sou a mosca da sopa E o dente do tubarão Eu sou os olhos do cego E a cegueira da visão Mas eu sou o amargo da língua A mãe, o pai e o avô O filho que ainda não veio, O início, o fim, e o meio Solidão, noite fria E uma cama vazia Uma história de amor sem final Fique meu amor um pouco mais E talvez você não vá Veja tudo o que eu tenho pra te dar É aqui o teu lugar Há Dez Minutos Atrás (Mena - Paulo Coelho) Gravação original: César Sampaio (1978) Se um dia você voltar Vai sentir que o tempo parou Que eu não deixei de te amar E no fundo nada mudou Vai ver no mesmo lugar O jornal que eu não pude ler E um verso que eu quis mostrar Pra você As mesmas roupas no chão O relógio na mesma hora O teu copo sem terminar O teu disco a tocar na vitrola Se um dia você voltar Vai sentir que nada mudou Que está no mesmo lugar O cinzeiro e o cigarro que você deixou E quando você voltar Vai saber que eu te amo mais Do que quando você partiu Dez minutos atrás (Vou voltar) Sei que não chegou a hora De se ir embora é melhor ficar (Vou ficar) Sei que tem gente cantando Tem gente esperando a hora de chegar (Vou chegar) Chego com as águas turvas Eu fiz tantas curvas pra poder cantar Esse meu canto que não presta Que tanta gente então detesta Mas isso é tudo que me resta nessa festa nessa festa (Vou ferver) Como que um vulcão em chamas Como a tua cama que me faz tremer (Vou tremer) Como um chão de terremotos Como amor remoto que eu não sei viver (Vou viver) Vou poder contar meus filhos Caminhar nos trilhos isto é pra valer Pois se uma estrela há de brilhar Outra então tem que se apagar Quero estar vivo para ver O sol nascer, o sol nascer, o sol nascer (Vou subir) Pelo elevador dos fundos Que carrega mundos sem sequer sentir (Vou sentir) Que a minha dor no peito Que eu escondi direito agora vai surgir (Vou surgir) Numa tempestade doida Pra varrer as ruas em que eu vou seguir Em que eu vou seguir A Hora do Trem Passar (Raul Seixas - Paulo Coelho) Gravação original: Raul Seixas (1973) Você tão calada e eu com medo de falar Já não sei se é hora de partir ou de chegar Onde eu passo agora não consigo te encontrar Ou você já esteve aqui ou nunca vai estar Tudo já passou, o trem passou, o barco vai Isso é tão estranho que eu nem sei como explicar Diga, meu amor, pois eu preciso escolher Apagar as luzes, ficar perto de você Ou aproveitar a solidão do amanhecer Pra ver tudo aquilo que eu tenho que saber 214 215 Pega, dobra, aperta, vira e sacode pra valer Leva, traz, carrega, abaixe e não deixa endurecer Pois a hora extra em vez de pagar meu aluguel Vai me empurrando sempre pra dentro do pinel Pega, dobra, aperta, vira e sacode pra valer Leva, traz, carrega, abaixa e não deixa endurecer Pois a hora extra em vez de aumentar meu capital Cava a minha cova e o meu funeral Comecei fazendo uma hora extra no fim do dia Seis meses mais tarde eram duas horas de agonia No final de um ano eu me esforçava fazendo três Hoje o orçamento me funde a cuca e eu faço seis Faço hora extra pra ter a grana da hora à toa E se eu tenho grana suficiente eu tô numa boa Só que não dá certo E além de saber que eu vou me perder Não me sobra tempo pra viver De manhã cedinho É que tá na hora de eu ir pra casa Eu tô arrasado, o sinal não abre E o trem atrasa Logo na esquina eu dou de cara com o meu coroa Que pergunta rindo se a minha farra estava boa Chega no domingo O meu filho chora e quer ir à praia A mulher se enfeita pondo o biquíni E ajeitando a saia Mas quando ela chega fazendo dengo E querendo amor Eu tô tão cansado que eu nunca dô A CANÇÃO DO MAGO A Trajetória Musical de Paulo Coelho Hotel das Estrelas Judas A Maçã Magia de Amor (Zé Rodrix - Paulo Coelho) Gravação original: Zé Rodrix (1979) (Raul Seixas - Paulo Coelho) Gravação original: Raul Seixas (1978) (Raul Seixas - Marcelo Motta - Paulo Coelho) Gravação original: Raul Seixas (1975) (Raul Seixas - Paulo Coelho) Gravação original: Raul Seixas (1978) Vem amor, vem fazer amor Hoje à noite eu vou me deitar Com você lá no hotel das estrelas É só tomar cuidado pro guarda não ver Não tem teto, só tem luar E a grama pode espetar Mas não custa nada o hotel das estrelas E até o banho é grátis, se acaso chover Você mesma pode escolher O lugar onde quer se deitar Se é na areia, ou na grama Ou na pedra com vista pro mar, meu amor Paulo Coelho: Ei, quem é você? Ei, quem é você? Vamos, responda! Raul: Eu sou... eu sou Judas Se esse amor Ficar entre nós dois Vai ser tão pobre amor Vai se gastar Se eu te amo e tu me amas Um amor a dois profana O amor de todos os mortais Porque quem gosta de maçã Irá gostar de todas Porque todas são iguais Se eu te amo e tu me amas E outro vem quando tu chamas Como poderei te condenar Infinita é tua beleza Como podes ficar presa Que nem santa num altar Quando eu te escolhi para morar junto de mim Quis ser tua alma, ter seu corpo, tudo enfim Mas compreendi que além de dois existem mais Amor só dura em liberdade O ciúme é só vaidade Sofro, mas eu vou te libertar Que é que eu quero se eu te privo Do que eu mais venero Que é a beleza de deitar Me fascina tua morte mal morrida E a tua luta pra ficar em tal estado O teu beijo, tão fatal, nunca me assusta Pois existe um fim pro sangue derramado Nossa roupa pode estragar E o teu medo te atrapalhar Mas só dá pra ir no hotel das estrelas Flagra é o pior que pode nos acontecer Hoje é caro fazer amor A inflação já chegou ao motel E acabou estragando Um bocado de lua-de-mel, meu amor Vem amor, vem amor Parte de um plano secreto, amigo fiel de Jesus Eu fui escolhido por ele para pregá-lo na cruz Cristo morreu como um homem Um mártir da salvação Deixando para mim seu amigo o sinal da traição Mas é que lá em cima, lá na beira da piscina Olhando os simples mortais Das alturas fazem escrituras E não me perguntam se é pouco ou demais Se eu não tivesse traído Morreria cercado de luz E o mundo hoje então não teria A marca sagrada da cruz E para provar que me amava Pediu outro gesto de amor Pediu que o traísse com um beijo Que minha boca então marcou Me fascinam os teus olhos quando brilham Pouco antes de escolher quem te seduz E me fascinam os teus medos absurdos A estaca, o alho, o fogo, o sol, a cruz Me fascina a tua força, muito embora Não consiga resistir à frágil aurora E tua capa de uma escuridão sem mácula Me fascinam os teus dentes assustadores E teus séculos de lendas e de horrores E a nobreza do teu nome, Conde Drácula Já São Quinze pras Sete Loteria de Babilônia Medo da Chuva A Menina Feia (Fábio Jr. - Paulo Coelho) Gravação original: Fábio Jr. (1976) (Raul Seixas - Paulo Coelho) Gravação original: Raul Seixas (1974) (Raul Seixas - Paulo Coelho) Gravação original: Raul Seixas (1974) (Mena - Paulo Coelho) Gravação original: João José (1978) Já são quinze pras sete Você tem que ir embora Jantar em casa com seus pais De um amor escondido Na saída da escola Veio a vontade de ter mais Num lugar da cidade Onde o mundo se fez Vale a nossa vontade Nosso amor, nossas leis Já são quinze pras sete Me deixe aqui Já são quinze pras sete Vai e grita ao mundo que você está certo Você aprendeu tudo enquanto estava mudo Agora é necessário gritar e cantar rock E demonstrar o teorema da vida E os macetes do xadrez, do xadrez Você tem as respostas das perguntas Resolveu as equações que não sabia E já não tem mais nada o que fazer a não ser Verdades e verdades mais verdades e verdades Para me dizer, a declarar Tudo o que tinha que ser chorado já foi chorado Você já cumpriu os doze trabalhos Reescreveu livros dos séculos passados Assinou duplicatas, inventou baralhos Passeou de dia e dormiu de noite Consertou vitrolas para ouvir música Sabe trechos da Bíblia de cor Sabe receitas mágicas de amor Conhece em Marte um amigo antigo lavrador Que te ensinou a ter do bom e do melhor, do melhor Mas o que você não sabe por inteiro É como ganhar dinheiro Mas isso é fácil e você não vai parar Você não tem perguntas pra fazer Porque só tem verdades pra dizer, a declarar É pena que você pense Que eu sou seu escravo Dizendo que eu sou seu marido E não posso partir Como as pedras imóveis na praia Eu fico ao teu lado sem saber Dos amores que a vida me trouxe E eu não pude viver Lá vem a menina feia De braços dados com o pai Ninguém na festa repara Ninguém lhe diz “como vai” Lá vem a menina feia E senta num canto calada Com ar tão triste e distante De quem nunca foi amada Eu perdi o meu medo, o meu medo O meu medo da chuva Pois a chuva voltando pra terra traz coisas do ar Aprendi o segredo, segredo, o segredo da vida Vendo as pedras que choram sozinhas No mesmo lugar E quando uma amiga pergunta Se ela dormiu com alguém Ela sorri e garante que faz amor muito bem Mas no fim da festa ela volta pra sua casa sozinha Sonhando ser Cinderela que uma noite foi rainha 216 Eu não posso entender Tanta gente aceitando a mentira De que os sonhos desfazem aquilo que o padre falou Porque quando eu jurei meu amor Eu traí a mim mesmo Hoje eu sei Que ninguém nesse mundo é feliz Tendo amado uma vez Uma vez 217 Ela nem desconfia que eu a amo E que eu só queria lhe dar a mão Mas a menina feia não sabe ver Que a beleza está em seu coração Recorta fotos de artistas e cola em sua parede Pra que a beleza alheia possa matar sua sede Olha pro pai com ternura e se lembra em sua dor Que este é o único homem que sempre lhe dá amor A CANÇÃO DO MAGO A Trajetória Musical de Paulo Coelho A Menina do Subúrbio Mercado do Amor Meu Amigo Pedro Meu Amor, Michelle (Eduardo França - Paulo Coelho) Gravação original: Eduardo França (1977) (Zé Rodrix - Paulo Coelho) Gravação original: Zé Rodrix (1979) (Raul Seixas - Paulo Coelho) Gravação original: Raul Seixas (1976) (Augusto César - Miguel - Paulo Coelho) Gravação original: The Fevers (1978) Trabalhou o dia inteiro sem ter tempo pra sonhar Mas a menina do subúrbio espera ainda encontrar O seu príncipe encantado na linda zona azul E coloca toda noite o seu vestido azul Toma o ônibus sozinha, cruza o túnel a sonhar Que o homem dos seus sonhos vai achar Passa a noite pela noite, aceita um convite bacana Pra mais um fim de semana Eu investi nesse amor como na bolsa de valores E comprei muitas ações só do seu coração Não diga que não participei com carinho Do sobe e desce do seu corpo na esperança Daquela bonificação Muitas vezes Pedro você fala Sempre a se queixar da solidão Quem te fez com ferro fez com fogo Pedro É pena que você não sabe não Eu investi só pra ter um tratamento preferencial Mas descobri que você era ordinária e ao portador Por isso mesmo é que eu hoje Diversifico meu negócio Tenho um bocado de sócio Invisto em muitas paixões Algumas deram filhotes Outras estão em franca baixa E eu me divirto trocando suas posições Vai pro seu trabalho todo dia Sem saber se é bom ou se é ruim Quando quer chorar vai ao banheiro Pedro, as coisas não são bem assim Eu me lembro da tarde vazia Quando eu te encontrei Os teus olhos tranqüilos sonhavam Com um grande amor, e eu te amei Em você descobri neste dia Tudo que eu quis E eu te dei o amor que podia Te fazer feliz Falado: Atenção senhores operadores de financeiras Para a cotação da bolsa de valores: O mercado Do amor fechou em baixa, como sempre. Pedro onde cê vai eu também vou Pedro onde cê vai eu também vou Mas tudo acaba onde começou Porém ela não se esquece do preço a pagar E seu corpo oferece para o sonho alimentar E na segunda-feira voltar pra dentro do balcão Esperando que algum dia aceitem seu coração Lê notícias sociais e sonha com nome nos jornais E num convite para ser atriz Estuda os gestos no espelho E pede aos santos de joelhos para que case e seja feliz Só ouve música estrangeira na frente da janela Não entende uma palavra, mas pensa que é pra ela Finge que é muito importante para as meninas da rua E não vê que no subúrbio, a vida continua Menina do Subúrbio (Moacir - Miguel - Paulo Coelho) Gravação original: Fernando Mendes (1977) Trabalhou o dia inteiro sem tempo para sonhar A menina do subúrbio espera encontrar O seu príncipe encantado e entregar seu coração E faria qualquer coisa pela sua ilusão Quando alguém se oferece para em casa a levar Ela diz que tem seu carro pra não se preocupar Pois não quer que ninguém saiba Que ela mora muito além Finge que não quer carona e vai pegar o trem Lê as colunas sociais Sonha com seu nome nos jornais Espera um convite para ser atriz E pede a Deus para ser feliz Ouve a música estrangeira sentada na janela Não entende uma palavra mas pensa que é para ela Finge que é importante pras meninas lá da rua E não vê que no subúrbio A vida continua Eu investi nesse amor como na bolsa de valores E comprei muitas ações só do seu coração Não diga que não Participei com carinho Do sobe e desce Do seu corpo na esperança Daquela bonificação Cecília Macdowel (9.8) Regina do Pilar (7.1) Maria das Mercedes (3) Petúnia Resedá (4 ao par) Marisa Figueiredo (essa continua descendo) Odete Passarinho (essa está fora do mercado) Silvinha Para-Quedas (12) Rosemary Coutinho (2.3) Eu investi só pra ter... Marcinha Paula Moura (11.8 ao par) Anita Garibaldi (6.0) Lelete Zig-Zig (4.3) Maria Ana Trindade (100.2) Fabinha Arranca Toco (98.1) Lolita Boca Mole (3) Chiquinha Sá Ferreira (78.1) Meirinha Vitibole. Quem? Cecília Macdowel (9.3) Regina do Pilar (4.7) Maria das Mercedes (010 ao par) Petúnia Resedá (48) Marisa Figueiredo (desceu 7 pontos) Odete Passarinho (continua fora do mercado) Silvinha Para-Quedas (43.8) 218 E os passeios na praia de tarde Não deixavam a gente ver Que um dia na estrada da vida Eu iria te perder As histórias de amor que eu cantava E a promessa de casar As conversas da esquina, a calçada E a coragem de sonhar E nosso sonho embalado naquela canção La ra, ra, ra Toda vez que eu sinto o paraíso Ou me queimo torto no inferno Eu penso em você meu pobre amigo Que só usa sempre o mesmo terno Tente me ensinar das tuas coisas Que a vida é séria e a guerra é dura Mas se não puder cale essa boca Pedro E deixa eu viver minha loucura Eu me lembro da tarde cinzenta Que você partiu A calçada molhada de chuva E a canção de amor que sumiu E das tardes sozinho pensando Onde te encontrar E das noites vazias rezando Pra você voltar Lembro, Pedro, aqueles velhos dias Quando os dois pensavam sobre o mundo Hoje eu te chamo de careta, Pedro E você me chama vagabundo E agora que os anos passaram E o amor chegou ao fim Encontrei um presente esquecido Que você deixou pra mim Velho disco arranhado, marcado E hoje sem qualquer valor Mas que afasta a poeira que cobre A história deste amor E no silêncio a canção recomeça a tocar La ra, ra, ra Pedro onde cê vai eu também vou Pedro onde cê vai eu também vou Mas tudo acaba onde começou Todos os caminhos são iguais O que leva à glória ou à perdição Há tantos caminhos, tantas portas Mas somente um tem coração E eu não tenho nada a te dizer Mas não me critique como eu sou Cada um de nós é um universo Pedro Onde você vai eu também vou Pedro onde cê vai eu também vou Pedro onde cê vai eu também vou Mas tudo acaba onde começou É que tudo acaba onde começou 219 A CANÇÃO DO MAGO A Trajetória Musical de Paulo Coelho Meu Filho, Meu Filho Meu Primeiro Amor Na Casca do Ovo Não Dá Mais (Rick Ferreira - Paulo Coelho) Gravação original: Rick Ferreira (1975) (José Augusto - Miguel - Paulo Coelho) Gravação original: José Augusto (1977) (Luiza Maria - Rick Ferreira - Paulo Coelho) Gravação original: Luiza Maria (1975) (Roberto Menescal - Zizi Possi - João Augusto - Paulo Coelho) Gravação original: Zizi Possi (1981) Chegou sem falar E partiu sem dizer Onde quer chegar? E o que vai escolher? Eu sou seu pai Não posso ter medo Nem posso pedir Pra voltar mais cedo Foi numa festa outro dia que eu te encontrei a dançar Namoradinha de infância, sonhos da beira do mar Você me olhou de repente, fingiu que tinha esquecido E com um sorriso sem graça me apresentou ao marido Você só vê a morte na vida Você só vê o velho no novo Você só vê adeus na partida Você ainda está na casa do ovo. Você fechou a porta da rua Fingindo que não era feliz Só para os outros entrarem na tua Você não é a dona do teu nariz Você precisa entender Que o teu charme já era Que se você fecha a porta Eu entro pela janela Te mostro o verso que eu fiz Te ensino o rock de novo E com um beijo bem dado Eu quebro a casca do ovo Sem mais-mais A vida foi deixando a gente bem pra trás Os dias se tornaram sempre muito iguais Agora só nos resta resolver o que fazer Não dá mais, a gente já tentou Vinícius de Moraes E o nosso amor já nem durou até demais Pra quem não tem mais senso de humor Eu já pensei em me mudar Mudar todo meu modo de viver Você não entendeu Foi puxando pro seu lado um direito que era meu Certa vez você propôs que a gente se afastasse um mês Mas nessa mentira eu já embarquei uma vez E não pretendo voltar a errar e recomeçar Veja bem, eu sei que é ruim enquanto a paz não vem Mas não é preciso estar junto pra estar bem Vale a pena a gente resolver Você vai ver, eu já cansei de amenizar Pensando estar vivendo um grande amor Agora terminou Nessas águas meu navio já não pode navegar Vou buscando outros caminhos Outros portos pra ancorar Mesmo que eu nunca me esqueça Do seu jeito de me amar Mas eu pensei No mundo lá fora E quis te dizer Pra não ir embora Meu filho, meu filho A vida é só tua Esquecer os meus sonhos A vida é só tua E o resto da noite dançou pra valer Se teus olhos me olharam fingiram não ver No meu canto eu fiquei entre o riso e a dor Lembrando do primeiro amor Pra te beijar precisava ficar na ponta dos pés Eu tinha então oito anos, mas te menti que eram dez Lembro você orgulhosa da minha calça comprida Vínhamos juntos da escola sem qualquer medo da vida Sábado tinha dinheiro pra te levar ao cinema Onde com medo pegava tua mãozinha pequena Nossos castelos de areia, sonhos perdidos no ar Jogo de bola de meia e um refrigerante no bar Não me Comprometa (Mena - Paulo Coelho) Gravação original: João José (1978) As Minas do Rei Salomão Moleque Maravilhoso (Raul Seixas - Paulo Coelho) Gravação original: Raul Seixas (1973) (Raul Seixas - Paulo Coelho) Gravação original: Raul Seixas (1974) Entra e vem correndo para mim Meu princípio já chegou ao fim O que me resta agora é o seu amor Traga a sua bola de cristal E aquele incenso do Nepal Que você comprou num camelô Eu nunca cometo pequenos erros Enquanto eu posso causar terremotos E das tempestades já não tenho medo Acordo mais cedo E me empresta o seu colar Que um dia eu fui buscar Na tumba de um sábio faraó Veja quanto livro na estante Don Quixote, o cavaleiro andante Luta a vida inteira contra o rei Joga as cartas, leia minha sorte Tanto faz a vida como a morte O pior de tudo eu já passei Do passado eu me esqueci No presente eu me perdi Se chamarem, diga que eu saí Eu nunca me animo de ir ao trabalho Eu sou o coringa de todo baralho Sou carta marcada em jogo roubado A morte ao meu lado Eu sou o moleque maravilhoso Num certo sentido mais perigoso Moleque da rua, moleque do mundo Moleque do espaço Quebrando vidraças do velho Ricardo Nesta vizinhança sou filho bastardo Com o meu bodoque sempre no pescoço Eu exijo meu, eu exijo meu Eu exijo meu osso, eu exijo meu osso Eu sou o moleque maravilhoso 220 Não me comprometa Eu não sei de nada Como é que a patroa virou empregada Não me comprometa Não sei disso não Ligue lá pra casa pergunte ao patrão Hoje em dia as coisas mudam toda hora E só via a empregada dando bola A madame entendeu tarde demais Não me comprometa, meta, meta, meta, meta Norma (Problemas) (Zé Rodrix - Paulo Coelho) Gravação original: Zé Rodrix (1979) Eu sei que você está cansada dos problemas Que o hoje-em-dia sempre traz E nos sufocam mais Pois saiba que eu também me sinto desse jeito Quando a vida vem me obrigar Abaixar a cabeça Me obrigar a engolir O que eu não gosto O que eu não quero Mas tenho que aceitar Apesar disso Quando eu te vejo Tenho certeza, amor Que as coisas vão mudar Não Pare Na Pista (Paulo Coelho - Raul Seixas) Gravação original: Raul Seixas (1975) Não pare na pista É muito cedo pra você se acostumar Amor não desista Se você pára o carro pode te pegar Bi-bi, fon-fon, pé-pé Se você pára o carro pode te pegar Você me xingando de nego pirado E o mundo girando e a gente parado Meu bem me dê a mão que eu vou te levar Sem carro e sem medo de o guarda multar Meu bem me dê a mão que eu vou te levar Sem carro e sem medo pra outro lugar Não pare na pista... É muito cedo prá você se acostumar Amor não desista Se você pára o carro pode te pegar Bi-bi, fon-fon, pé-pé Se você pára o carro pode te pegar Mamãe, papai, irmão Se você pára o carro pode te pegar Vovó, Nené, Lili Se você pára o carro pode te pegar 221 A CANÇÃO DO MAGO A Trajetória Musical de Paulo Coelho Não Sou Eu Não Os Números Nunca Vi Novos Tempos (Raul Seixas - Paulo Coelho) Gravação original: Marcus Pitter (1978) (Raul Seixas - Paulo Coelho) Gravação original: Raul seixas (1976) (Markú Ribas - Paulo Coelho) Gravação original: Markú Ribas (1980) (Fábio Jr. - Paulo Coelho) Gravação original: Fábio Jr. (1976) Você procura um alguém que não peça nada Em troca te dê segurança, carinho e amor Que te defenda você estando certa ou errada E ache que você o ama por muito favor Alguém que te estenda a mão se você escorrega Que ganhe dinheiro e seja um marido fiel Te leva pras compras sorrindo e nada te nega Que torne as coisas amargas em gosto de mel Meus amigos essa noite Eu tive uma alucinação Sonhei com um bando de números Invadindo o meu sertão Vi tanta coincidência Que eu fiz essa canção Nunca vi país democrata para ter tanto rei Tanto rei, tanto rei Rei do rock, rei do samba, rei da bola Enquanto o rei da juventude enrola Cantando coisas para a gente sofrer Ei, você dos velhos tempos Não tente entender O que estamos fazendo por aqui Ei, você dos tempos de outrora Os tempos de agora não se vivem iguais Aos tempos atrás Nós todos somos os primeiros a passar por isso E às vezes fica até difícil ser feliz A gente está fazendo O que você um dia quis Mas não sou eu não Não sou eu não Não sou eu quem você procura, meu bem Um homem que saiba te amar muito tempo do dia Na hora da Ave Maria só reze por ti Que brigue e seja incapaz de qualquer covardia Que abra a porta e não pense jamais em partir Que olhe pra frente E não tenha nenhum medo da morte Que seja tão forte que saiba pintar uma flor Que as mulheres o olhem e invejem seu porte E ele não liga pra nada só quer seu amor Nós os Filhos (Fábio Jr. - Paulo Coelho) Gravação original: Fábio Jr. (1976) Teus filhos não são mais teus filhos São filhos da vida Procure entender Vieram através de ti Porém não te pertencem Nem vão te pertencer São tão livres Como vocês são Quero que você se dane Se é preciso que eu te engane Só pra poder ser feliz Você pode sonhar comigo Mas não dê teus sonhos pra mim sonhar E saiba que eu só me mudo se chegar a hora De ter que mudar Eu te amo Como eu te amo Mas quero que você se dane Se é preciso que eu te engane Só pra poder ser feliz Falar do número 1 Falar do número um Não é preciso muito estudo Só se casa uma vez Foi um Deus que criou tudo Uma vida só se vive Só se usa um sobretudo Agora o 12 É só de pensar no doze Eu então quase desisto São doze meses do ano Doze apóstolos de Cristo Doze horas é meio-dia Haja dito e haja visto Agora o 7 Sete dias da semana Sete notas musicais Sete cores no arco-íris Das regiões divinais E se pinta tanto o sete Eu já não agüento mais Dois E no dois o homem luta Entre coisas diferentes Bem e mal, amor e guerra Preto e branco, bicho e gente Rico e pobre, claro e escuro Noite e dia, corpo e mente Agora o 4 E o quatro é importante Quatro pontos cardeais Quatro estações do ano Quatro pés tem o animal Quatro pernas tem a mesa Quatro dias o carnaval Pra encerrar Eu falei de tanto número Talvez esqueci algum Mas as coisas que eu disse Não são lá muito comum Quem souber que conte outra Ou que fique sem nenhum 222 Nunca vi país de machista Para ter tanto gay Rosalinda, Margareth, a Geny Enquanto isso ela não se conforma Passando fome sem ninguém pra comê-la Você quis mudar Mas nunca tentou Não queira impedir Aquilo que eu sou Salve silicone, sutiã, paetê Salve silicone, sutiã Salve silicone, sutiã, paetê Salve silicone, sutiã Nunca vi país sem história ter tanta novela Novela, novela Que resume a cultura da nação Tarcísio Meira descobriu o Brasil E Cajarana inventou o avião Nunca vi país tão difícil pra falar português Português, português, ora pois Oh, my brother, windsurf, I love you Ninguém se arrisca a vender angu Porque cheesburger agrada mais ao freguês Pecado Original (Os Casais) (Rita Lee - Paulo Coelho) Gravação original: Marciana (1979) Salve os Bee Gees, the rock and roll Dancing’ days Salve os Bee Gees, the rock and roll Dancing’ days Salve os Bee Gees, the rock and roll Se até o Rei e sábio Salomão Se perdeu pela rainha de Sabá Vou deixar de lado a boa educação E mandar você descer se não quiser me dar Até Romeu já se matou por Julieta Dalila quase acaba com Sansão É porque tudo que existe nesse planeta Segue bem aquele exemplo O mau exemplo de Adão Nunca vi país tão decente onde todos reclamam Se xingam, se esganam Filho disso, vá praquilo, é você E a gente aprende a se controlar Senão é nossa mãe que pode sofrer Mas eu e você que levamos a culpa De não ser um casal exemplar Eu e você que sabemos de cor Que o desejo de um carinho foi sempre maior Nunca vi país tão católico pra ter tanta fé Tanta fé, tanta fé Na umbanda, o terreiro, candomblé Iemanjá, meu Deus, Nossa Senhora Vê se me tira essa corrente do pé Salve, salve, Ogun, Maracatu, Zabelê Se o zangão entrega a vida para a abelha Pra passar só uma noite de amor Se Antonio deixou tudo por Cleópatra Viu que ser amante é melhor que imperador Nem a morte não assustou Maria Bonita Que largou tudo e foi morar com um bandido E tem mulher que passa o dia inteiro no spa Pra ficar só meia hora, Aquela meia hora com o marido 223 A CANÇÃO DO MAGO A Trajetória Musical de Paulo Coelho Pela Primeira Vez Perder ou Ganhar Posso Contar Comigo As Profecias (Zé Rodrix - Paulo Coelho) Gravação original: Zé Rodrix (1978) (Paulo Coelho - Rosana) Inédita (Luis Sergio - Lee Marcucci - Paulo Coelho) Gravação original: Rita Lee & Tutti Frutti (1976) (Raul Seixas - Paulo Coelho) Gravação original: Raul Seixas (1978) Entra meu amor e fecha a porta O que ficou lá fora já ficou pra trás Esqueça o nervosismo, se acalma, e fique certa De que a primeira vez não se repete mais Quem não se arrisca na vida Não sente medo Quem nunca amou Nunca soube o que é sofrer Se desesperar Vai sozinho se machucar Vai Assim Sem perder ou ganhar Medo faz parte da vida Não tenha medo Desconhecendo a dor Não pode ser feliz É planta sem raiz Vai Sozinho se machucar Vai Assim Sem perder... ou ganhar Eu garanto que o céu antigamente se mostrava mais azul Por outro lado a América ficava Bem mais norte do que sul Eu admito que o futuro antigamente parecia bem maior Por outro lado o perigo do passado no presente Era menor Hoje posso dizer que estive em frente do perigo Mas tudo fica mais fácil quando existe algum amigo Por isso quero dizer que já passei por maus bocados Comendo em altos banquetes sem ficar empapuçado Também já posso dizer que não é nada estar sozinho Mas também quero ter meu Sancho Para lutar contra os moinhos! Tem dias que a gente se sente Um pouco, talvez, menos gente Um dia daqueles sem graça De chuva cair na vidraça Um dia qualquer sem pensar Sentindo o futuro no ar O ar carregado sutil Um dia de maio ou abril Sem qualquer amigo do lado Sozinho em silêncio calado Com uma pergunta na alma Por que nesta tarde tão calma O tempo parece parado? Posso contar comigo numa solidão Mas ter algum alguém do lado é melhor pro coração Posso contar comigo numa solidão Mas ter algum alguém do lado dentro de uma multidão Porque Porque Criticam O Príncipe Valente (Raul Seixas - Paulo Coelho) Gravação original: Sonia Santos (1974) (Pelin - Livi - Paulo Coelho) Gravação original: Sidney Magal (1979) (Raul Seixas - Paulo Coelho) Gravação original: Luiza Maria (1975) Está em qualquer profecia Dos sábios que viram futuro Dos loucos que escrevem no muro Das teias, do sonho remoto Estouro, explosão, maremoto A chama da guerra acesa A fome sentada na mesa O copo com álcool no bar O anjo surgindo no mar Os selos de fogo, o eclipse Os símbolos do apocalipse A fuga geral dos ciganos Os séculos de Nostradamus E está em qualquer profecia Que o mundo se acaba um dia Por que o sol nasceu de novo E não amanheceu? Por que é que Deus criou o homem E não se arrependeu? Por que é que a crença no futuro É fatal e a serpente simboliza o mal? Por que é que tudo que é bonito Está trancado no museu? Por que é que eu nasci assim E meu irmão assado? Por que beber whisky-soda Pra ficar animado? Por que o tempo deixa tudo prá trás E sempre que você consegue quer mais? Por que na hora do naufrágio Cada um vai pro seu lado? Por que é que eu tenho uma caneta E não sei escrever? Por que é que eu passo a noite inteira Sem nada para ler? Por que é que a agulha da vitrola sumiu E o anúncio do cinema caiu? Por que é que eu faço essas perguntas Sem ninguém pra responder? Sei que eu tenho Uma forma de abraçá-la Uma sede de beijá-la Que me leva à loucura E as pessoas Sempre falam em voz baixa deste amor Com palavras de censura Cansei do amor preto e branco da vida real Entrei pelas cores de um livro medieval As nuvens douradas no espaço A minha armadura de aço A minha espada de ouro Um par de luvas de couro E sete montanhas pra conquistar Sons de trombetas, meu reino, ficou lá pra trás Montando na cauda de um vento Que leva e não traz Vivendo por dentro e por fora Um bom cavaleiro não chora Não tem saudade de nada Só pensa mesmo na estrada E sete montanhas pra conquistar Cantando amor por mim mesmo É que posso te amar Nas velhas lembranças do vento Nas ondas do mar Derrubo as sete montanhas Eu percorro os doze caminhos Me perco no sonho e na selva Pra te conquistar, meu amor Entrando nos contos de fada Pra te procurar, pra te procurar, pra te procurar Olha, não precisa ter vergonha Posso apagar as luzes se você quiser Não tente demonstrar as coisas que não sabe Que eu quero de você o que você é Minha esperança é que no meio disso tudo Você não note a minha própria timidez Talvez hoje mais tarde eu lhe confesse Essa também é minha primeira vez Deixa que teu corpo pouco a pouco Se entenda com meu corpo Que se amem em paz, que apesar do teu medo Este é o nosso segredo E aquela namorada de outro dia Com a mesma alegria, vai virar minha mulher E apesar do seu medo, esse é o nosso segredo E aquela namorada de outro dia Com a mesma alegria, hoje é minha mulher Admito Que este amor é agressivo Muitas vezes delirante Outras vezes impulsivo Quase sempre Quando a chama do desejo Nos devora nos tornamos atrevidos Agora digam-me porque Porque criticam sem saber Sem ver que as coisas do amor São tão normais Agora digam-me porque Porque criticam sem saber Se no segredo dos lençóis Somos iguais 224 Eu garanto que o rio antigamente só corria para o mar E o vampiro só deixava suas marcas numa noite de luar Eu admito que a cantiga de ninar Daquela época era muito melhor Mas a cantiga de acordar de hoje em dia Tem um som muito maior Um gosto azedo na boca A moça que sonha, a louca O homem que quer mas se esquece O mundo do dá ou do desce Está em qualquer profecia Que o mundo se acaba um dia Sem fogo, sem sangue, sem ás O mundo dos nossos ancestrais Acaba sem guerras mortais Sem glórias de mártires feridos Sem estrondo, mas com gemido Os selos de fogo, o eclipse Os símbolos do apocalipse A fuga geral dos ciganos Os séculos de Nostradamus Está em qualquer profecia Que o mundo se acaba um dia 225 A CANÇÃO DO MAGO A Trajetória Musical de Paulo Coelho Quando Você Crescer A Ressaca de Domingo de Manhã O que é que Você Tem Restos de Amor (Raul Seixas - Gay Vaquer - Paulo Coelho) Gravação original: Raul Seixas (1976) (Luiz Maluly - Paulo Coelho) Gravação original: Lee Jackson (1979) (Livi - Paulo Coelho) Gravação original: Sidney Magal (1979) (Eduardo França - Paulo Coelho) Gravação original: Eduardo França (1976) Que é que você quer ser quando você crescer Alguma coisa importante Um cara muito brilhante Quando você crescer Não adianta, perguntas não valem nada É sempre a mesma jogada Um emprego e uma namorada Quando você crescer Que que você vai fazer Se a festa terminar Quem vai te querer depois Que a música parar Pense nisto agora amor O sábado tem fim E se você não mudar Vai acordar sem mim Na minha gaveta encontrei O retrato de alguém que eu amei Um par de entradas para um show Um anel que ficou no lençol E cada vez é mais difícil de vencer Pra quem nasceu pra perder Pra quem não é importante É bem melhor Sonhar do que conseguir Ficar em vez de partir Melhor uma esposa ao invés de uma amante Saturday night fever domingo não existe mais E eu não posso deixar Nosso amor ser passado pra trás O que é que você tem Porque está tão calada Depois de tanto amor Não vai mais me dizer nada O que é que você tem Depois deste momento tão divino Depois de ver um homem por momentos ser menino O que é que você tem Não vê que eu me entreguei de corpo inteiro Eu juro que este amor é verdadeiro É necessário acreditar uma vez mais O que é que você tem Te sinto tão nervosa e preocupada Lá fora está chegando a madrugada Me diga por favor o que é que você tem Uma casinha, um carro à prestação Saber de cor a lição Que no bar não se cospe no chão, nego Quando você crescer Alguns amigos da mesma repartição Durante o fim de semana Se vai mais tarde pra cama Quando você crescer Sei que é gostoso amor Cair em tentação Sei que é gostoso amor Mudar de opinião Mas não vem me procurar Segunda ou terça-feira Se domingo de manhã Achar que fez besteira Pense bem, meu amor Que amanhã já vem E assim você vai Ficar sem ninguém E no subúrbio, com flores na sua janela Você sorri para ela E dando um beijo lhe diz: Felicidade é uma casa pequenina É amar uma menina E não ligar pro que se diz Rock do Diabo Belo casal que paga as contas direito Bem comportado no leito Mesmo que doa no peito sim Quando você crescer Futebol te faz pensar que no jogo Você é muito importante Pois o gol é o seu grande instante Quando você crescer O cafezinho, mostrar o filho pra avó Sentindo o apoio dos pais Achando que não está, só Quando você crescer Quando você crescer Quando você crescer Diabo O diabo usa capote é rock é toque é forte Diabo Foi ele mesmo quem me deu o toque Enquanto Freud explica as coisas O diabo fica dando toque (Raul Seixas - Paulo Coelho) Gravação original: Raul Seixas (1975) Me dê um porco vivo pra eu encher minha pança Três quilos de alcatra com muqueca de esperança Existem dois diabos só que um parou na pista Um deles é do toque, o outro, aquele, é do exorcista Mamãe disse a Zequinha, nunca pule aquele muro Zequinha respondeu: “Mamãe, aqui tá mais escuro” O diabo é o pai do rock O diabo é o pai do rock Então é everybody rock O diabo é o pai do rock Enquanto Freud explica O diabo dá os toque 226 Retalhos e Remendos (Rick Ferreira - Paulo Martinelli - Paulo Coelho) Gravação original: Rick Ferreira (1975) Que foi tudo que sobrou Quando você foi embora Eu preciso jogar fora Restos de amor Um velho isqueiro quebrado Onde tem nosso nome gravado Um curto bilhete dizendo Fui em casa mas volto correndo Thu Thu Thu, jogo tudo fora Pois um outro alguém logo vai chegar Thu Thu Thu, limpo essa gaveta Mas eu continuo a te amar A chave que eu um dia encontrei Devolvida por baixo da porta Um filme ainda não revelado Com as imagens de um sonho acabado Eu vim das nuvens da manhã Vem pro meu lado me acordar Eu não preciso mais sonhar Tire o vestido, veste o sol E quando a noite despertar Veste o retalho do luar Cortes que o vento antigo traz O tempo não vai remendar Ah! Se eu pudesse te mostrar! Eu nunca pensei em fugir Mas no sono eu vou me afastar Ah! Se eu pudesse te levar! Rock’n Roll no Banheiro (Maurício - Paulo Coelho) Gravação original: The Fevers (1979) Numa tarde À vizinha fui pedir algo emprestado Mas ninguém abriu Eu fui entrando Bastante apavorado Com que eu ia encontrar Eu entrei A sala estava escura E eu olhei pela fechadura do banheiro Ela cantava rock’n roll no chuveiro Se o Rádio Não Toca (Raul Seixas - Paulo Coelho) Gravação original: Fábio (1974) Se o rádio não toca A música que você quer ouvir Não procure dançar Ao som daquela antiga valsa Não não não não não É muito simples, é muito simples É só mudar de estação É só girar o botão Com mulher pela frente Não há homem que agüente Eu sou sério E na vida procurei Andar na linha Mas vendo aquela cena Em minha frente Gritei o nome dela e a porta se abriu A vizinha estava já na minha Nessa hora entrou pela cozinha o marido E assustado eu tive que explicar Se o carro não pára Na porta de quem sabe te curtir Não procure entrar Na casa da vizinha Não não não não não É muito simples, é muito simples Eu puxo o freio de mão Mudando de direção Que eu tinha entrado pra dançar o rock’n roll 227 A CANÇÃO DO MAGO A Trajetória Musical de Paulo Coelho Rockixe Salve a Bronca Se É pra Voltar desse Jeito Severina Xoque-Xoque (Raul Seixas - Paulo Coelho) Gravação original: Raul Seixas (1973) (Zé Rodrix - Paulo Coelho) Gravação original: Zé Rodrix (1979) (Zé Rodrix - Paulo Coelho) Gravação original: Zé Rodrix (1979) (Raul Seixas - Paulo Coelho) Inédita Vê se me entende olha o meu sapato novo Minha calça colorida o meu novo way of life Eu tô tão lindo porém bem mais perigoso Aprendi a ficar quieto e começar tudo de novo Quem é essa moça tão brasileira Que se dá a se leva sem se acabar? E que tá com a gente a semana inteira E ninguém consegue abandonar? Na segunda-feira ela me acompanha Mas fica do lado do meu patrão E fica comigo no fim de semana Se o meu time não é o campeão Dessa nação! Quem é ela? Durante todo o tempo em que eu sofri Você nem passou na minha porta Mas agora que Inês já é morta E que eu vou encontrando Outro rumo na vida, você tenta voltar Me casei com uma dona com uma cara de jumento Transformei no meu trabalho este tal de casamento Eu só não contei pra ela que era um cabra fedorento O que eu quero, eu vou conseguir Pois quando eu quero todos querem E quando eu quero todo mundo pede mais E pede bis Eu tinha medo do seu medo do que eu faço Medo de cair no laço que você me preparou Eu tinha medo de ter que dormir mais cedo Numa cama que eu não gosto só porque você mandou Você é forte mais eu sou muito mais lindo O meu cinto cintilante, a minha bota, o meu boné Não tenho pressa, tenho muita paciência É na esquina da falência que eu te pego pelo pé Olha o meu charme, minha túnica, meu terno Eu sou o anjo do inferno que chegou pra lhe buscar Eu vim de longe, vim duma metamorfose Numa nuvem de poeira que pintou pra lhe pegar É a bronca, sempre a velha bronca Essa indústria nacional Meto bronca, levo a mesma bronca E tudo continua igual Meu patrão reclama do meu trabalho Chego em casa e brigo com a mulher Que castiga o filho, que maltrata o gato Que provoca o rato, que dá no pé Mas pra que gastar tanta adrenalina Fazer cara feia e bancar o mau? Se não muda nada, e acima de tudo Nosso povo é mesmo é sentimental Que carnaval! Todo mundo Você é forte faz o que deseja e quer Mas se assusta com o que eu faço isso eu já posso ver E foi com isso justamente que eu vi Maravilhoso, aprendi que eu sou mais forte que você Esses seus truques eu conheço bem Já fizeram efeito tantas vezes É seu medo de ficar sozinha, que lhe obriga a fingir Que você ainda é minha enquanto busca alguém Se é pra voltar desse jeito, muito obrigado Dispenso a honra, preciso não Agora que eu já consegui juntar os meus pedaços Muito obrigado, mas eu não volto não Mas eu não tomava banho nem de tarde nem de dia Tinha medo de chuveiro que nem gato de bacia O que eu gostava mesmo era uma boa porcaria No início do casório a mulher não reclamou Eu mandava, ela fazia, em nome do nosso amor Fingindo que não cheirava, agüentava o meu fedor Nem o porco que eu criava agüentava com o meu cheiro Fez as mala e foi embora, se mandou lá do chiqueiro A gambá pediu as conta foi o golpe derradeiro Quem foi que disse que eu não te esqueci? Quem garante que eu ainda te amo? Já cansei dessa falsa esperança, e você não vai ter Nem a minha vingança, não vai ter nada mais Eu passava o dia lendo meus livrinhos de cordel Toda a noite eu rezava para o meu papai do céu Não usava sabonete, nem escova e nem papel Das outras vezes eu também te esperei Mas você chegou um pouco tarde Sei que a volta faz parte da vida Mas gastei tanto amor Nesse amor sem saída, e você ficou pra trás Até que depois de um ano se passou um ano inteiro A mulher não guentou mais, se mudou pro galinheiro Eu pedi desquite a ela e fiquei com seu dinheiro Pra vocês agora eu provo como é fácil enriquecer É casar com mulher rica e depois deixar feder Ela pega e vai se embora e deixa o ouro com você Sapateado Se Saudade Matasse Se Você Disser que Sim Se Você Quiser (Guto Graça Mello - Paulo Coelho) Gravação original: Ronaldo Resedá (1978) (Fábio Jr. - Paulo Coelho) Gravação original: Fábio Jr. (1976) (Augusto César - Zenith - Paulo Coelho) Gravação original:The Fevers (1977) (Rosana - Paulo Coelho) Gravação original: Rosana (1979) Como todo menino Tem algo pra dar Eu sonhei que podia Ser um superstar Me armei de coragem Vesti meu sapatão E tentei a gravação Se saudade matasse Se um dia eu te encontrasse Por aqui, se os minutos que Faltam não faltassem Se você disser que sim e aceitar o meu amor Eu prometo segurar o sol pra não se pôr Eu farei sorrir as flores na janela eternamente Pintarei de muitas cores o futuro à sua frente Estou aqui E o tempo inteiro eu te daria A paz da noite, a luz do dia Que eu não soube te entregar Eu só me encontro em seu olhar Saudade Se você disser que sim ao amor que eu te entregar Vou pedir canções ao vento e versos ao luar E com eles vou compor a canção da tua vida Que o rádio vai tocar na manhã mais colorida Eu prometi deixar A lembrança em mim Se apagar com a chuva que cair Não te telefonar E lembrar da dor E esquecer a estória de amor com você Eu sapateio Eu toco bem Eu faço média Como, como, como, como ninguém Nosso mundo de artista Ninguém é de ninguém E de nada adianta Se o rapaz cantar bem Hoje eu sei que é gostoso O que tem do outro lado O que eu quero é ser cantado Quando o papo estacionou Eu não soube te entregar Saudade, saudade Se os minutos que faltam não faltassem Estou aqui E o tempo inteiro eu te daria A paz da noite, a luz do dia Que eu não soube te entregar Eu só me encontro em seu olhar Saudade 228 Mas esse teu jeitinho eu não posso entender Fingindo que aceita, mas não quer me responder Se você não entende, eu te explico com prazer! Mas o silêncio Me ouviu dizer Que eu quero é ficar perto de você Eu prometi deixar Outro alguém chegar E dar tudo o que eu guardei pra você Se você disser que sim, nunca mais irá sofrer E no amor vai encontrar o gosto de viver Mas o silêncio Me ouviu dizer Se você quiser eu volto pra você E o presente será feito sem antes nem depois E eu te darei um filho igualzinho a nós dois 229 A CANÇÃO DO MAGO A Trajetória Musical de Paulo Coelho Sei Que Vou Sobreviver Sempre Viva Superstafa Super-Heróis (Pelin - Livi - Paulo Coelho) Gravação original: Sidney Magal (1979) (Eduardo Souto Neto - Ribeiro - Paulo Coelho) Gravação original: Regininha (1979) (Luis Sergio - Lee Marcucci - Paulo Coelho) Gravação original: Rita Lee & Tutti Frutti (1976) (Raul Seixas - Paulo Coelho) Gravação original: Raul Seixas (1974) Foi surpresa pra mim Ao ver que mudou teu modo de ser Ao sentir que teu fogo se apagou Mas depois entendi Que tinhas razão Não se deve forçar não se deve mentir Ao coração fingindo uma paixão Venha logo que estou perto Sempre viva, pra viver contente Sempre pronta, sempre alerta Para tudo que a vida pode dar Sempre pronta pra viver de novo um velho amor Sempre em forma pra andar de disco voador E me entregar Sempre viva, sempre alerta Sempre a vida está certa E assim eu vou levando Simplesmente, sempre em frente Sempre louca pra viver Não tentando descobrir os truques da paixão Pra deixar os seus mistérios no meu coração É bem melhor E eu vou, eu vou em frente Onde a vida quiser me levar Sempre viva, sempre alegre, sempre a te encontrar No meu amor Venha logo que estou perto Sempre viva, pra viver contente Sempre pronta, sempre alerta Para tudo que a vida pode dar Sempre em frente onde a vida quiser me levar Sempre viva, sempre alegre, sempre a te encontrar No meu amor A linha dá sempre ocupado O sinal demora a abrir O carro tá sempre enguiçado Choro na hora de sorrir Ah! Deixa estar que eu me vingo dela Ah! Deixa estar vou tocar pra ela Ah! Deixa estar meus amigos mas o que Se passa é a superstafa Hoje é segunda-feira e decretamos feriado Chamei Dom Paulo Coelho e saímos lado e lado Lá na esquina da Augusta Quando cruza com a Ouvidor Não é que eu vi o Sílvio Santos Não é que eu vi o Sílvio Santos Sorrindo aquele riso franco e puro para um filme de terror Como é que eu posso ler se eu não consigo concentrar minha atenção Se o que me preocupa no banheiro ou no trabalho é a seleção (Vê se tem Kung Fu aí em outra estação) Sociedade Alternativa Somos o que Você Quiser Suzana (Raul Seixas - Paulo Coelho) Gravação original: Raul Seixas (1974) (Zé Rodrix - Paulo Coelho) Inédita (censurada) (Pedro Paulo - Paulo Coelho) Gravação original: Pedro Paulo (1978) Viva, viva Viva a Sociedade Alternativa Roda pra lá, vira pra cá Não perca o charme meu bem Basta a mamãe não saber que o pau vai comer Se você não andar bem Quem muito espera nunca se dá bem Oh! Suzana, oh! Suzana Era o nome de alguém que um dia eu conheci Sei que posso chorar Eu me acostumei com tudo que é teu E vai ser tão difícil te esquecer Mas não quero sofrer E esta noite ao deitar vou dormir sem pensar E acordar sem vontade de você Eu tenho que esquecer Amanhã vou acordar Com vontade de viver A saudade vai chegar Vai bater mas vai voltar Sei que vou sobreviver Se eu quero e você quer Tomar banho de chapéu Ou esperar Papai Noel Ou discutir Carlos Gardel Então vá Faze o que tu queres Pois é tudo da lei, da lei Viva, viva Viva a Sociedade Alternativa Mas se eu quero e você quer Tomar banho de chapéu Ou discutir Carlos Gardel Ou esperar Papai Noel Então vá Faze o que tu queres Pois é tudo da lei, da lei Viva, viva Viva a Sociedade Alternativa Tira daqui, bota dali A confusão é geral Pra quem quiser se realizar sem preconceito total Deixa isto tudo, venha se entregar (Porque nós) Somos o que você quiser Gente, bicho, homem ou mulher Dê o seu recado, nada a gente faz porque quer Nada é escondido, tudo é permitido Gente, bicho, homem ou mulher Venha pra cá, chega pra lá Eu não preciso insistir Pois quem experimentou Eu sei que gostou e vai querer repetir Quem sonha pouco nunca vai dormir 230 Sempre tem que pagar a taxa Na guitarra falta uma corda Custo muito pra dormir Mais qualquer coisinha me acorda Chove só nos fins de semana Quando a gente quer ir à praia A caneta vive falhando Sempre pinga café na saia Já na outra esquina dei três vivas ao rei Faiçal O povo confundiu pensando que era o carnaval Então eu disse a Dom Paulete: Eu conheço aquele ali Não é possível, Dom Raulzito Não é possível, Dom Raulzito Quem que no Brasil não reconhece o grande trunfo do xadrez Saí pela tangente disfarçando uma possível estupidez Corri para um cantinho pra dali sacar o lance de mansinho (Adivinha quem era? Mequinho!) O filme que a gente quer ver Tá com lotação esgotada A água pára de correr Quando estou toda ensaboada Lá em Nova York todo mundo é feliz Vi o Marlon dançando o último tango de Paris Pedi cerveja e convenci ao garçom do botequim A não pagar o tal do casco Ele aceitou pois sou um astro E duma cobertura no Leblon Quelé acena dando aquela Enquanto o povo embaixo grita: “É o Rei Quelé despenca da janela” É quando, a 120, o Fittipaldi passa e quem ele atropela (Meu Deus! Mequinho no chão mais três velas) Numa noite muito escura, chegou sem avisar Uma mulher com olhos da cor do mar Quando perguntei quem era E se tinha sede ou fome Não me explicar de onde veio E só disse seu nome E o brilho dos seus olhos em plena escuridão Fez bater mais forte o meu coração Quando perguntei quem era Disse o nome devagar E um segundo depois começou a chorar Vamos dar viva aos grandes heróis Vamos em frente, bravos cowboys Avante! Avante! Super Heróis Ai-oh, Silver! Shazan Me levou logo pra cama e de manhã partiu Eu perguntei por que e ela então sorriu Hoje eu peço às estrelas Mas já sei que peço em vão Pra que Suzana apareça com meu coração 231 A CANÇÃO DO MAGO A Trajetória Musical de Paulo Coelho Tá Na Hora Tente Outra Vez Tomando Chá Tu és o MDC da Minha Vida (Raul Seixas - Paulo Coelho) Gravação original: Raul Seixas (1978) (Raul Seixas - Paulo Coelho - Marcelo Motta) Gravação original: Raul Seixas (1975) (Zé Rodrix - Paulo Coelho) Gravação original: Zé Rodrix (1978) (Raul Seixas - Paulo Coelho) Gravação original: Raul Seixas (1975) Andei durante dez anos Fazendo planos para falar Com seres vindo do espaço Com a resposta para me dar Porém quando estava pronto para o contato Minha pequena Me disse você vai ver tudo no cinema Veja Não diga que a canção está perdida Tenha em fé em Deus, tenha fé na vida Tente outra vez De médico e de louco Todos nós temos um pouco E isto é que nos salva afinal Remédio da vovó a gente toma a qualquer hora Se não faz bem também não faz mal Por isso em vez de ficar a vida inteira esperando Na porta de qualquer hospital Pra vir depois de meses um sujeito de branco Dizendo que você não está legal Tu és o grande amor da minha vida Pois você é minha querida E por você eu sinto calor Aquele seu chaveiro escrito love Ainda hoje me comove Me causando imensa dor Eu me lembro Do dia em que você entrou num bode Quebrou minha vitrola E minha coleção de Pink Floyd Eu sei que eu não vou ficar aqui sozinho Pois eu sei que existe um careta Um careta em meu caminho E aonde está a vida E aonde está a experiência Já te entregam tudo pronto Sempre em nome da ciência Sempre em troca da vivência E aonde tá a vida E a minha independência Depois de muita espera Quem eu queria quis me encontrar Tomei um banho descente Escovei os dentes pra lhe beijar Guardei lugar no motel pra lua de mel Que eu sempre esperei Porém na hora H eu não levantei Tá na hora do trabalho Tá na hora de ir pra casa Tá na hora da esposa E enquanto eu vou pra frente Toda a minha vida atrasa Tenho muita paciência Mas a minha independência? Durante a vida inteira Eu trabalhei pra me aposentar Paguei seguro de vida Para morrer sem me aporrinhar Depois de tanto esforço Patrão me deu caneta de ouro Dizendo enfia no bolso e vai se virar Tá na hora da velhice Tá na hora de deitar Tá na hora da cadeira de balanço Do pijama, do remédio pra tomar Oh divina providência E a minha independência? Beba Pois a água viva ainda tá na fonte Você tem dois pés para cruzar a ponte Nada acabou Tente Levante sua mão sedenta e recomece a andar Não pense que a cabeça agüenta se você parar Há uma voz que canta, há uma voz que dança Há uma voz que gira bailando no ar Queira Basta ser sincero e desejar profundo Você será capaz de sacudir o mundo Vai, tente outra vez Tente E não diga que a vitória está perdida Se é de batalhas que se vive a vida Tente outra vez O Toque (Rita Lee - Paulo Coelho) Gravação original: Rita Lee e Tutti Frutti (1975) Abri a janela Um som diferente entrou Meus olhos mudaram, eu sei Ou foi o sol que mudou, baby O som das nuvens A conversa do vento A voz dos astros A história do tempo O som das estrelas A música do luar Contando em segredo, eu sei Contando todo o meu medo, baby O som das flores O murmúrio do céu Me deram um toque Quem tem ouvidos que ouça Você é uma criança do universo E tem tanto o direito de estar aqui Quanto as árvores e as estrelas E mesmo que isto não esteja claro para você Não há dúvidas que o universo Segue o rumo que todos nós escolhemos 232 Tomando chá Você cura a sua dor Quem toma chá Não precisa de doutor Ah! Nada me interessa nesse instante Nem o Flávio Cavalcanti Que ao teu lado eu curtia na TV Nessa sala hoje eu peço arrego Não tenho paz, nem tenho sossego Hoje eu vivo somente a sofrer E até o filme que eu vejo em cartaz Conta nossa história E por isso eu sofro muito mais Eu sei que dia a dia aumenta o meu desejo E não tem Pepsi-Cola que sacie A delícia dos teus beijos Maracujina serve Pra acalmar os nervosos E alho é muito bom pra pressão Um gole toda noite De chá de jurubeba Aumenta a vida do coração Ouvi alguém dizer que chá de quebra-pedra É mesmo tiro e queda pro rim É só ferver a água e abafar a panela E todos os seus males têm um fim Se chá de ameixa preta É muito bom pra soltura Goiaba é muito bom pra prender E chá de limão brabo Com um pouquinho de cravo Sempre faz a febre descer Um chá bem preparado De buchinha paulista Serve pra limpar o pulmão Eu falo a noite inteira E não completo esta lista Porém vovó dizia com razão Ah! Quando eu me declarava você ria E no auge da minha agonia Eu citava Shakespeare Não posso sentir cheiro de lasanha Me lembro logo das casas da banha Onde íamos nos divertir Eh! Hoje O meu Sansui-Garrard e Gradiente Só toca o mesmo embalo quente Pra lembrar do teu calor Então Eu vou ter com a moçada lá do pier Mas pra eles é careta se alguém Se alguém fala de amor Tua Idade (Fábio Jr. - Paulo Coelho) Gravação original: Fábio Jr. (1976) Ah! Na Faculdade de Agronomia Numa aula de energia Bem em frente ao professor Eu tive um chilique desgraçado Eu vi você surgindo ao meu lado No caderno do colega Nestor É por isso É por isso que de agora em diante Pelos 5 mil auto-falantes eu vou mandar berrar o dia inteiro que você é... O meu Máximo... Denominador... Comum Você diz que está fazendo o vestibular Que só gosta mesmo de gente madura Diz que eu sou uma criança Que minha cuca não te alcança Que gente como eu só anda dura Eu vi você Falsificando a caderneta da escola Pra um cinema, esse grupo não cola Isso não tá com nada, não tem nada a ver Descobri Deixa o preconceito de lado Porque se não, não vou ficar mais calado Teus dezessete anos todos vão saber 233 A CANÇÃO DO MAGO A Trajetória Musical de Paulo Coelho Vem o Hômi A Verdade sobre a Nostalgia Vida a Prestação Vou Fazer Você Mulher (Zé Rodrix - Paulo Coelho) Gravação original: Zé Rodrix (1978) (Raul Seixas - Paulo Coelho) Gravação original: Raul Seixas (1975) (Raul Seixas - Paulo Coelho) Gravação: Conjunto Trama (1974) (Paulo Coelho - Michael Sullivan) Gravação original: Michael Sullivan (1979) Um dia meu filho me perguntou Como é que a gente nascia Esta pergunta me encabulou E quase que eu não respondia Tentei na hora, mudar de assunto Mas o meu filho insistia Chamei então o menino no canto E disse que a coisa era assim Tudo quanto é velho eles botam pr‘eu ouvir E tanta coisa nova jogam fora sem curtir Eu não nego que a poesia dos ’50 é bonita Mas todo o sentimento dos ’70 onde é que fica Acorda cedo café na cama Toma seu carro e seu avião E vai pagando durante o dia O preço da civilização Com o dinheiro compra alegria Que se vende a prestação Prestação Você vem meio sem graça Se entregar e o tempo passa Vem me amar, fingir seu foco E eu também aceito o jogo Quer mostrar, sentir prazer E eu sei no teu olhar Que você quer me acabar E eu vou fazer você mulher pra mim Um instante nessa vida Não se afobe e fique calma Que o prazer está na alma Pare de pensar agora Que o desejo não demora Vem o Hômi e a Mulher Todos dois, pelo menos A vontade, e depois Chega a hora, e o Hômi e a Mulher Meu filho parece que acreditou Na história que eu lhe contei Por um momento ele sossegou E eu me despreocupei Mas no dia seguinte ele quis saber Como é que a gente vivia Cheguei baixinho no ouvido dele E lhe disse que a coisa era assim Vem o hômi, todo dia E nas férias, só pensando Trinta anos, a família Mas na hora vem o outro Meu filho parece que acostumou Com seu papai-sabe-tudo E da outra vez que me perguntou Eu quase lhe dei um cascudo Pois desta vez ele quis saber Como é que a gente comia Sentei na beira da cama dele E lhe disse que a coisa era assim Vem o hômi, doze horas E a marmita, quase nada Se pindura, na escada E a barriga continua Eu acho que o filho desconfiou Das coisas que eu lhe contei E fez a pergunta pior de todas Eu quase que desanimei Pois quis saber, pra encerrar o assunto Como é que a gente morria Mas essas histórias de defunto Eu quero bem longe de mim Pois o hômi, sempre está E a mulher, também quer É comida, é trabalho E a vida sempre acaba Vou fazer o que eu gosto Dos ’50 bonita-tá Mas os ’70 onde é que ele está? Por isso a nostalgia eu tô curtindo sem querer Porque está faltando alguma coisa acontecer Mamãe já ouve Beatles, papai já deslumbrou Com o meu cabelo grande Eu fiquei contra o que eu já sou Vou fazer o que eu gosto É mãe com Beatles e o pai “falô” Logo então eu fiquei contra o que já sou... Na curva do futuro muito carro capotou Talvez por causa disso é que a estrada ali parou Porém, atrás da curva perigosa eu sei que existe Alguma coisa nova mais vibrante e menos triste Vou fazer o que eu gosto Atrás da curva do perigo existe Alguma coisa bem mais nova e menos triste Você (Eduardo França - Paulo Coelho) Gravação original: Eduardo França (1977) Agora que os sonhos acabam E um grande amor chegar ao fim Eu quero então te dizer o que você é pra mim Não interessa a linda princesa Que veio em sonhos lhe perturbar Os sonhos morrem nascendo o dia Acorda é hora de ir trabalhar A vida exige dois pés no chão Se vendendo a prestação Prestação Videomania Vou Arriscar (Eduardo França - Paulo Coelho) Gravação original: Eduardo França (1976) (Rosana - Paulo Coelho) Gravação original: Rosana (1979) Minha querida A vida não é novela Mesmo que você assim queira E quando me olha, quer ver nos meus olhos O olhar do Tarcisio Meira No teu olhar Descobri esta canção Com teu amor Enfrentei a solidão Você é a mesa que escrevo Os versos que eu pude contar As lágrimas de alegria e os risos de desesperar Você é o barco sem rumo Aonde embarquei minha vida Você é o naufrágio profundo E o beijo de adeus na partida Você é o pranto que apaga Aquilo que o foco escreveu Você é o fogo que acaba e a estrela brilhante no céu Sei que você sonha em ter um Paul Newman Quer que eu seja o Alain Delon E me provoca a todo momento Pra provar que eu sou o bom Você foi o sonho escondido e eu me proibi de sonhar Você é o sangue perdido Nas lutas que eu não quis lutar Os restos de amor na gaveta O eterno de todo minuto Você é o som que enlouquece E o silêncio absoluto e agora com você partindo Sem que eu mesmo saiba porque Eu vou procurar em mim mesmo Aquilo que eu fui com você Não sou mocinho que vive no oeste Não vou me mostrar pra ninguém Quando te abraço, te cheiro e te sinto É porque eu te quero bem 234 Eu já sei quanta dor Vem nos sonhos de amor Mas se um dia eu sofrer por ti Eu sei que vivi Sei que as coisas sinceras que digo Nem sempre são as mais bonitas Mas vêm do fundo, do fundo da alma E sempre a verdade é que fica O amor dá medo Dá vontade de fugir Mas eu não desisto Quero existir Eu não sei me entregar Mas eu vou arriscar Se amanhã eu sofri por ti Eu sei que vivi Não vou pintar meus cabelos de branco Só porque você acha lindo O charme enorme e o sorriso franco Deste tal de Paulo Gracindo Videomania O amor é isso Dá vontade de gritar Dizem que é um jogo Vamos arriscar Rasga as revistas de fotonovela Deixa de sonhar acordada Pois meu amor não tem trilha sonora Mas é bem melhor do que nada Videomania 235 A CANÇÃO DO MAGO 236 A Trajetória Musical de Paulo Coelho 237 A CANÇÃO DO MAGO A Trajetória Musical de Paulo Coelho Créditos fotográficos Fontes e referências bibliográficas Não foi possível determinar a autoria de todas as fotos utilizadas neste livro, já que muitas foram obtidas de acervos de parentes ou amigos de Paulo Coelho. Caso os fotógrafos responsáveis pelas imagens se manifestem, teremos prazer em conceder os devidos créditos nas próximas edições. ARAÚJO, Paulo César de. Eu Não Sou Cachorro, Não. Rio de Janeiro: Record, 2002. ARIAS, Juan. Confissões de um Peregrino. Rio de Janeiro: Objetiva, 1998. BAHIANA, Ana Maria. Almanaque Anos 70. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006. BAHIANA, Ana Maria. Nada Será como Antes. Rio de Janeiro: Senac Rio, 2006. BARTSCH, Henrique. Rita Lee Mora ao Lado. São Paulo: Panda Books, 2006. COELHO, Paulo. As Valkírias. Rio de Janeiro: Rocco, 1996. COELHO, Paulo. O Diário de um Mago. Rio de Janeiro: Rocco, 1987. COELHO, Paulo. Paulo Coelho por ele mesmo. São Paulo: Martin Claret, 1991. ECHEVERRIA, Regina. Furacão Elis. Rio de Janeiro: Ediouro, 2007. ESSINGER, Silvio. Batidão, uma História do Funk. Rio de Janeiro: Record, 2005. ESSINGER, Silvio. O Baú do Raul: Revirado. Rio de Janeiro: Ediouro, 2005. FAOUR, Rodrigo. História Sexual da MPB. Rio de Janeiro: Record, 2006 McCAIN, Gillian e McNEIL, Legs. Mate-me Por Favor. Porto Alegre: L&PM Pocket MOTTA, Nelson. Noites Tropicais. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000. SEIXAS, Raul. Raul Seixas por ele mesmo. São Paulo: Martin Claret, 2003. SOUZA, Tárik de - O Baú do Raul. Rio de Janeiro: Globo, 1989. WILSON, Colin. O Oculto. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1971. Dicionário da TV Globo, Volume 1: Programas de Dramaturgia & Entretenimento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003. Paul Macleod (pág.12) Acervo Armando Pittigliani (pág.100) Acervo Carlos Raposo (pág.74) Acervo Censura Musical (pág.53) Acervo Daniel Torelli (págs.32, 35, 68, 104, 128 e 155) Acervo Gerson King Combo (pág.184) Acervo Edmundo Leite (pág.180) Acervo Hérica Marmo (págs.97 e 172) Acervo Luiza Maria (pág.108) Acervo Paulo Debétio (págs.114 e 124) Acervo Sylvio Passos (págs.18, 51, 118, 119, 120 e 129) Todas as demais: Acervo Instituto Paulo Coelho Jornais e revistas O Globo, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, O Dia, Correio Braziliense, O Pasquim, Opinião, Veja, Istoé, Época, Bizz, Pop, Planeta, Cruzeiro, Manchete, Amiga, Fatos & Fotos. Sites Censura Musical. www.censuramusical.com Cliquemusic. www.cliquemusic.com.br Dicionário Cravo Albin da Música Brasileira. www.dicionariompb.com.br Fã-clube de Paulo Coelho. http://paulocoelhofaclube.multiply.com Raul Rock Clube. www.raulrockclub.com.br Raul Seixas. www.raulseixas.com.br Rita Lee. www.ritalee.com.br Site Oficial Paulo Coelho. www.paulocoelho.com.br Wikipédia. www.wikipedia.org 238 239