8 MEIO AMBIENTE NA ESCOLA MAIO DE 2013 MAIO DE 2013 MEIO AMBIENTE NA ESCOLA 9 ASSUNTO SÉRIO Medicamentos descartados incorretamente fazem natureza adoecer JOGAR NO LIXO COMUM RESÍDIOS QUÍMICOS PROVOCA A CONTAMINAÇÃO DO SOLO, DAS ÁGUAS E DAS PESSOAS, QUE PODEM TER CONTATO ACIDENTAL COM ESSES FÁRMACOS. VOCÊ TEM LÍQUIDOS, CÁPSULAS E POMADAS VENCIDOS E EM DESUSO? ENTÃO, ENTREGUE-OS A UMA FARMÁCIA O difícil é não ter nenhum medicamento em casa. Mas depois de terem sido usados conforme a prescrição médica, você sabe o que fazer com a embalagem que sobrou ou com o restante que não foi consumido? O descarte de remédios é assunto tão sério quanto a água potável que se ingere no quesito ambiental e sanitário. Jogar fora os fármacos vencidos ou que não serão mais usados no lixo comum ou na rede de esgoto é provocar contaminação do solo e das águas. Descartar de maneira errada é também causar riscos à vida das pessoas. A farmacêutica e professora da Farmácia-Escola - uma parceria da Univates e Secretaria da Saúde de Lajeado - Carla Kauffmann lembra que o lixo é fonte de renda para muitas famílias e, durante a separação dos resíduos, pode haver contaminação dos trabalhadores. “Outro risco é a circulação de crianças, ou mesmo adultos, em aterros, e o consumo acidental ou proposital de remédios descartados incorre- tamente.” Carla alerta que também é comum ver as pessoas jogando resíduos líquidos ou “SEMPRE QUE DESCARTAMOS MEDICAMENTOS DE FORMA INADEQUADA, ESTAMOS CONTAMINANDO DIRETA OU INDIRETAMENTE A ÁGUA E, CONSEQUENTEMENTE, NÓS MESMOS.” semissólidos (pomadas, cremes e gel) no vaso sanitário ou no ralo da pia, o que gera contami- nação dos rios. A farmacêutica acrescenta que não há tratamento específico para retirada de resíduos de medicamentos da água, ou seja, a água que se bebe é tratada com a finalidade de torná-la potável (inodora, insípida, incolor) e isenta de micro-organismos patogênicos, porém, não livre de resíduos químicos. “Sempre que descartamos medicamentos de forma inadequada, estamos contaminando direta ou indiretamente a água e, consequentemente, nós mesmos.” A especialista em saúde e farmacêutica Silvia Czermainski, da Escola de Saúde Pública do Rio Grande do Sul, diz que, se há descarte de excedente, é porque as pessoas têm comprado em excesso. “O medicamento não é objeto de consumo indiscriminado, mas sim, produto sob uso racional, prescrito e correto. Se alguém descarta, é porque não fez uso adequado ou adquiriu sem necessidade - foi vítima da ‘empurroterapia’.” Peixes mais femininos? Existem vários estudos no Brasil e no mundo que dimensionam o problema do descarte incorreto de medicamentos. Algumas pesquisas apontam que a feminização de peixes machos pode estar relacionada à presença de hormônios femininos nos ambientes aquáticos em que vivem. Essa carga hormonal é advinda dos anticoncepcionais, uma vez que a excreção desses fármacos ocorre pela via renal, ou seja, são eliminados por meio da urina. Outra problemática, segundo a farmacêutica Carla Kauffmann, é a resistência bacteriana, a qual pode estar associada ao descarte indevido de antibióticos, por exemplo, no vaso sanitário. Nesse ambiente existem micro-organismos, os quais terão contato com pequenas quantidades de antimicrobiano, o que favorece o desenvolvimento de mecanismos de resistência, os quais se propagam facilmente. O resultado final é o desenvolvimento de superbactérias e a falta de medicamentos para combatê-las. “É por isso que é importante não interromper pela metade o tratamento prescrito pelo médico, com antibióticos. Se você parar antes do fim, você poderá ainda não ter remediado a doença e contribuir para a resistência das bactérias.” Estudos apontam que o descarte incorreto tem provocado a contaminação das águas Seis passos para organizar a farmácia caseira A família deve ter um recipiente (caixa, pote) fechado e opaco, preferencialmente para armazenar seus medicamentos. Siga esses passos para organizar a farmácia caseira: 1 - Verifique o prazo de validade dos medicamentos. 2 - Separe os fármacos vencidos e os coloque em uma sacola. 3 - Separe os medicamentos que você não vai mais utilizar, como, por exemplo, antibióticos, xaropes, e os coloque em outra sacola. Como descartar? Saber onde descartar os medicamentos é proteger a natureza e a saúde das pessoas Diversas farmácias já possuem coletores apropriados para resíduos desse tipo “O MEDICAMENTO NÃO É OBJETO DE CONSUMO INDISCRIMINADO, MAS SIM, PRODUTO SOB USO RACIONAL, PRESCRITO E CORRETO. SE ALGUÉM DESCARTA, É PORQUE NÃO FEZ USO ADEQUADO OU ADQUIRIU SEM NECESSIDADE - FOI VÍTIMA DA ‘EMPURROTERAPIA’.” - Leve todos os medicamentos vencidos e em desuso para descarte, incluindo cápsulas, líquidos, pomadas, cremes, comprimidos. Você poderá entregá-los nas farmácias. Muitas delas já possuem coletores específicos para esse tipo de resíduo. - As caixas de medicamentos podem ser descartadas no lixo reciclável; já as cartelas de medicamentos (blísteres), devem ser deixadas em farmácias. 4 - Organize os produtos de primeiros socorros, como gaze, esparadrapo, algodão, antisséptico, curativos e termômetro no recipiente. 5 - Mantenha apenas medicamentos de uso contínuo e algum outro medicamento de uso esporádico. 6 - Guarde a caixa em local seco, longe da luz, do calor, da umidade, de crianças e animais domésticos. Os locais mais adequados são no quarto ou na sala, em estante ou armário, na parte alta, ou em gaveta chaveada. Política do descarte Desde 2010, a Lei 2.305, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, prevê que fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de um determinado produto que possa causar danos ao meio ambiente ou à saúde humana devem criar um sistema de recolhimento e destinação final independentemente dos sistemas públicos de limpeza urbana. Alguns setores, como o de óleos lubrificantes, já assinaram acordo com o Ministério do Meio Ambiente comprometendo-se com a reciclagem das embalagens ou de produtos. No setor de medicamentos, as negociações ainda estão em andamento. Segundo a farmacêutica Carla, as farmácias devem manter sistema para coleta de remédios vencidos, assim qualquer estabelecimento está apto a receber esse tipo de produto. Na Farmácia-Escola, localizada na Rua Julio de Castilhos, 215, em Lajeado, há uma lixeira confeccionada pelos estagiários para descarte de fármacos fora do prazo de validade, assim como de embalagens (cartelas - blísteres). Em Lajeado, os postos de saúde também aceitam medicamentos vencidos ou em desuso.