XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
LEVANTAMENTO DO FLUXO CADEIA
PRODUTIVA DO BABAÇU NA NA MATA
DOS COCAIS PI/MA
Francisco Eric Guimaraes Lima (UFPI)
[email protected]
Francisco de Tarso Ribeiro Caselli (UFPI)
[email protected]
Mateus Soares da Silva (UFPI)
[email protected]
A região dos cocais compreendida principalmente nos estados do
Maranhão, Tocantins e Piauí, nesta região o a uma grande
importância de todas as espécies de babaçu nos aspectos ecológicos,
sociais, econômicos, ambientais, entre outro. Este estudo busca
conhecer melhor o fluxo da cadeia produtiva do babaçu considerando
o conjunto de todos os entes envolvidos no processo de beneficiamento
do Babaçu. Foi realizada pesquisa bibliográfica e documental,
aplicação de entrevistas, questionário semi estruturados as
associações e pequenos produtores, atravessadores e empresas
beneficiadoras do babaçu para identificar as principais as transações
da cadeia do babaçu de modo a conhecendo melhor o fluxo dos
produtos e das informações durante todas as etapas da cadeia
produtiva se utilizando de análise dos discursos apoiando em palavras
chaves, características do discurso. Foi percebida a falta de
infraestrutura para uma troca de informações o feedback e mesmo o
fluxo de material são bastante prejudicados por não existir a mínima
interação entre os diversos atores que atuam na cadeia, de tal modo
não pode prever demanda, projetar planos confiáveis de produção de
médio e longo prazo estabelecendo políticas corporativas que
agreguem valor para todos os processos logísticos envolvidos.
Palavras-chave: Cadeia Produtiva,Estratégia, Babaçu
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1. Introdução
Em uma cadeia produtiva estruturada o fluxo de informação e produto deve ocorrer da
maneira em que todos os elementos da cadeia agreguem valor ao produto a ser produzido e ao
processo produtivo, entretanto para se otimizar algo é necessário, controlar e para controlar é
necessário conhecer.
Para se promover o conhecimento e fomentar a cadeia produtiva é necessário
promover o desenvolvimento local sendo necessário distinguir um conjunto de objetivos ao
qual se almeja chegar e para atingi-los se faz imprescindível um montante de meios que vai
gerir o processo de utilizar o conhecimento tecnológico, cientifico e o empírico para uma
melhora na condição econômica de toda comunidades e a partir daí respeitando os direitos
fundamentais dos cidadãos e as legislações vigentes causar o desenvolvimento local.
A região dos cocais segundo Carrazza, Silvia e Ávila (2012) está localizada na região
compreendida entre a Caatinga, Cerrado e a Amazônia, com uma área de cerca de 196 mil
quilômetros quadrado compreendida principalmente nos estados do Maranhão, Tocantins e
Piauí, nesta região o a uma grande importância de todas as espécies de babaçu nos aspectos
ecológicos, sociais, econômicos, ambientais, entre outro.
Diversos autores Carrazza, Silvia e Ávila (2012) e Teixeira, (2003) afirmam que todo
o coco é útil seja como matriz energética – carvão ou biocombustível, como fonte alimentícia
para humanos ou animais, seja como matéria prima para artesanato, ou mesmo no
beneficiamento para produção de briquetes. Sendo assim se faz necessário conhecer bem todo
o leque de opções para beneficiamento do babaçu.
Todo o potencial do babaçu não é conhecido e muito menos explorado para que se
possa otimizar a utilização deste recurso natural é necessário fazer com que ele chegue da
melhor maneira aos pontos de pesquisa e utilização, de modo a integrar todos os membros,
todas as informações e todos os subprocessos envolvido na mobilização do coco desde sua
queda da palmeira até a beneficiadora é preciso gerir todo esse processo. Neste sentido
Sacomano Neto e Pires (2012) sugerem que para conhecer, controlar e gerir um fluxo grande
se faz necessário criar uma cadeia de valor e entender como funciona e como pode ser
mensurada e otimizada toda essa movimentação.
Este estudo é importante por buscar conhecer melhor o fluxo da cadeia produtiva do
babaçu podendo dar suporte de informações as organizações que detém o conhecimento
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tecnológico e científico e desejam utilizar o potencial do babaçu promovendo o
desenvolvimento conjunto de todos os entes envolvidos no processo de beneficiamento do
Babaçu.
2. Referencial teórico
2.1 Sistema agroindustrial
A partir dos trabalhos de Davis e Goldberg (1957) e Goldberg (1968) é possível explicar a
escola americana de estudos do sistema agroindustrial como a primeira a utilizar o termo
agribusiness, discute-se uma especialização e profissionalização de modelo rural, questionase a dependência entre os setores, são feitas menções sobre a utilização de contratos.
Versando sobre o conceito que traz a importância da integração tanto no social como no
institucional, inicia-se uma preocupação com a capacidade de coordenação de um sistema
tanto na parte social quanto na institucional. Sobre o método utilizado é as pesquisas tinham
como foco a sequencia nas quais o produto era beneficiado, as diligencias tinham enfoque no
processo de um único produto e era definida em um local geográfico (ROSSI; NEVES;
CASTRO, 2011).
Corroborando os arautos de Goldberg (1968) os SAG´s possuem diversas influencia
como da produção, do processo e da distribuição gerando um canal que vai da matéria-prima
até o consumidor final, sofrendo o efeito de todas as normas que interferem a coordenação das
fases seguinte do fluxo para elaboração do produto, tais como os acordos comerciais e as
autarquias publicas. Em resumo os sistemas agroindustriais é a resultante do fluxo de
operações e informações dos diversos atores (FERREIRA, 2011).
Em contra partida para escola Americana os autores Rossi, Neves e Castro (2011)
atribuem a escola de economia francesa o conceito de (Filiére).que contempla todo o processo
de fazer do Commodity um produto acabado, concebe a definição de cadeias partindo dos
liames entre setores, focaliza na distribuição e governança considerando que transformações
podem ocorrer em suas fronteiras com o tempo.
Para Morvan (1985) apud Machado (2002, p.45) o Filière é definido “Uma sequência
de operações que conduzem a produção de bens, cuja a articulação é amplamente influenciada
pelas possibilidades tecnológicas e definida pelas estratégias dos agentes”. Nestes moldes
percebe-se que todos os entes que participam da produção são importantes e a estratégia do
conjunto é mais importante do que as necessidades individuais.
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O autor supracitado complementa afirmando que as relações entre os agentes são
interdependente e complementam-se e tudo isso respeitando as forças da hierarquia. A que se
possa concluir que as duas concepções a norte-americana (coordenação) e a francesa
(tecnologia) possuem pontos semelhantes (MACHADO, 2002).
Os pontos em comum entre as duas escolas para é que ambas tem o foco no processo
produtivo e priorizam o caráter descritivo, utilizam o caráter analítico da teoria sistêmica, os
dois
possui
ênfase
questões
tecnológicas,
ambos
apoiam
a
integração
vertical
(ZYLBERSZTAJN,2000 apud ROSSI; NEVES; CASTRO, 2011).
2.2 Sistemas agroflorestais
A cultivação do babaçu em sistemas agroflorestais é utilizada em larga escala hoje em
dia e este tipo de consórcio é bastante viável, pois quando se cultivam juntas duas culturas
anuais babaçu com arroz, milho, feijão, mandioca ou mesmo com pastagem para animais,
aproveitando melhor o solo (CARRAZZA; SILVIA; ÁVILA, 2012). Os autores acima
acreditam que o babaçu como complemento da renda para as famílias é uma boa maneira de
explorar o potencial do babaçu na Região dos Cocais.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa (2014) define sistemas
agroflorestais como sistemas de utilização do solo onde espécies lenhosas perenes como
árvores, arbustos, palmeiras, etc são utilizadas no mesmo sistema de manejo de culturas
agrícolas e/ou produção animal, em alguma forma de arranjo combinando a produção e
conservação da natureza.
Para Amador (2014) Sistema agroflorestal (SAF) é algo que recebeu uma
nomenclatura nova, contudo é praticado a muito tempo por comunidades antigas em todo o
mundo salienta ainda que principalmente na região tropical devido aos intempéries comuns
entre os trópicos. A autora também afirma que devido ser próximo aos ecossistemas naturais
em estrutura e diversidade os SAFs podem ser uma solução para áreas e ecossistemas
degradados, ela corrobora que o conceito sistema agroflorestal obedeça a dinâmica de
preservação da diversidade dos ecossistemas naturais.
Ao que diz respeito extração de Produtos Florestais Não Madeireiros (PFNM), de tal
modo que as estruturas e o modo de funcionar das florestas perpetuem, requer um plano de
manejo das florestas naturais, os SAFs são solução para que os produtos fornecidos pelas
florestas possam ser coletados e ainda possa se desenvolver projetos agrícolas assim diz
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“Podem ser coletados da floresta, produzidos como plantas semidomesticadas em plantios ou
em esquemas agroflorestais, ou produzidos em graus variados de domestificação.” (BALZON
et. al., 2004, p.2).
2.3 Cadeia produtiva
A cadeia produtiva é definida por Farina e Zilbersztajn (1992) apud Machado (2002)
como sendo um Subsistema do SAG, que prioriza as interações entre a agropecuária, indústria
de beneficiamento e a logística em torno de produto. Entende-se por cadeia produtiva o
conjunto de operações sequenciadas e verticalmente organizadas dês da produção até a
entrega ao consumidor final, neste conjunto de operações os contratos formais e informais
fornecem estímulos para controle e maior rapidez de informações ao longo do sistema
(MACHADO,2002)
Outro conceito para cadeia produtiva é o de Casto (2000) apud Rossi, Neves e Castro
(2011):entende se por cadeia produtiva um grupo de membros que interagem, incluindo os
arranjos de produção, fornecedores de insumos e serviços, processos industriais e
transformação, distribuidores e comercialização, até mesmo os consumidores finais.
De acordo com Gomes, Rücker e Negrelle (2004) os principais membros de uma
cadeia produtiva são a unidade produtiva, a agroindústria, indústria e os mercados
consumidores internos e externos. Todas as cadeias interagem em um ambiente institucional
representado
pelas
leis,
normas,
instituições
normativas
e
um
ambiente
organizacional/empresarial composto por instituições do governo e instituições credoras nas
autarquias municipais, estaduais e federais (GOMES; RÜCKER; NEGRELLE, 2004).
Dentro desta lógica Furlanetto e Cândido (2006) afirma que a empresa rural é apenas
mais um membro importante que está inserido em uma rede de sistemas tais como financeiro,
comercial, tecnologia, infraestrutura e todo um aparato institucional público e privado que é
chamado de cadeia produtiva. Complementando o que fora dito os atores envolvidos neste
emaranhado de sistemas operam em uma lógica sequencia deste modo as instituições e
organizações passaram a aprimorar cada vez mais a estrutura da cadeia produtiva para que
ambas respondesse as evoluções da demanda (FURLANETTO; CÂNDIDO, 2006).
Balzon, Da Silva e Dos Santos (2004) versam que é importante conhecer a cadeia
produtiva para visualizar concorrência, sinergias e entidades/empresas com objetivos
complementares. Com o aumento de produtos nos mercados o consumidor é que norteiam a
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cadeia e identificar as características, os padrões de preferências dos clientes torna toda a
cadeia produtiva mais competitiva e dinâmica no tempo (BRUM; MÜLLER, 2008).
Pode-se inferir que a cadeia produtiva é a integração de diversos elos necessário para
que o super processo do produto chegar ao consumidor final seja realizado, este conjunto de
processos é constituído de clientes e fornecedores e para que a sequência seja obedecida a
contento é necessário um feedback para o fornecedor imediato e assim com a troca de
informação as implementações de melhoria ocorrem no processo crítico da cadeia.
2.4 Cadeia produtiva do babaçu
Segundo Araujo Junior, Dmitruk e Moura (2014) as atividades relacionadas ao babaçu, ditas
obsoletas e subdesenvolvidas, estão sendo atiradas para segundo plano, devido o surgimento
de um grande contingente de projetos agroindustriais, industriais e de mineração. Com isso os
aspectos relevantes ao agroextrativismo do Babaçu são deixados de lado.
A utilização do babaçu acontece desde o Brasil colônia, porem sua fase de moeda de troca
inicia-se após a primeira guerra, atendendo a interesses internacionais o babaçu passa a ser
exportado (AMARAL FILHO, 1990 apud ARAUJO JUNIOR; DMITRUK; MOURA, 2014)
Os latifundiários tiravam proveito da força produtiva os catadores de coco aplicando políticas
de compartilhamento de terra como a renda fundiria, o arrendamento, o foro e meeiro do
resultado da atividade de coleta, a produção coletada muitas vezes era exportada in natura
(AYRES JUNIOR, 2007; REIS, 2008 apud ARAUJO JUNIOR; DMITRUK; MOURA,
2014).
Para Da Silvia et. al.(2012, p. 9) “Os resultados permitem dizer que o fator que mais
influencia a densidade do Babaçu é o tipo de manejo aplicado pelo agricultor.” Como o
agricultor também é um elo da cadeia se o fluxo de informação chegar a ele e a política do
grupo para atender a necessidade coletiva em detrimento aos contratos locais a cadeia do
babaçu pode se organizar de uma maneira melhor.
As informações necessárias para o cultivo da terra preservando ou até mesmo proliferando as
palmeiras serão disseminadas e a cadeia progredirá. Em um esquema mais simplificado a
figura 01 expõe o fluxo de comercialização local das amêndoas antes de ser enviado para
indústria.
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Figura 1 - Fluxo de Comercialização do Babaçu
Quebradeira de coco: coleta e
semi-processamento
Pequenos intermediários:
atravessador e feirantes
Intermediário médio e grande:
comerciantes
Indústria: indústrias locais e
nacionais
Fonte: Adaptado de Mesquita (1999)
Diversos autores (ARAUJO JUNIOR; DMITRUK; MOURA, 2014; CARRAZZA;
SILVIA; ÁVILA, 2012; HERMANN, 200 e TEIXEIRA, 2003) explicam que esta quantidade
de intermediários se dá devido ao fato de que as estradas e o acesso as comunidades que
realizam a coleta e a quebra são péssimos e muitas vezes o primeiro intermediário troca a
amêndoa por gêneros alimentícios, o médio intermediário que normalmente é o comerciante
do município recebe também por um valor baixíssimo e passa para indústria local que
beneficia e agrega mais valor e repassa.
3. Metodologia
A pesquisa se concentrou em analisar o fluxo da cadeia produtiva do coco babaçu na
Mata dos Cocais situada entre os estados do Maranhão e Piauí na visão de seus componentes
se caracterizando como um estudo de caso. Segundo Prodanov e Freitas (2013) o estudo de
caso tem por objetivo aplicar conhecimentos na solução de um dado problema ou
compreende-lo melhor mesmo com um campo de pesquisa pequeno. Objeto de estudo foi a
população local (quebradeiras), associações das quebradeiras de coco, atravessadores que
transportam as amêndoas e empresas que utilizam os derivados do babaçu.
Foi inicialmente realizada pesquisa bibliográfica e documental do que já foi publicado sobre o
tema em periódico, livros etc., sobre o assunto por outros pesquisadores. A coleta de dados se
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deu por meio de entrevistas, questionário semiestruturados no que diz respeito a toda cadeia
de produção do Babaçu elaborados baseados nas revisões de literatura e pesquisa documental
e em visitas as associações e pequenos produtores que utilizam maquinas para beneficiar o
babaçu, atravessadores e empresas beneficiadoras do babaçu.
Os dados coletados foram agrupados e classificados para identificar as principais as
transações da cadeia do babaçu de modo a conhecendo melhor o fluxo dos produtos e das
informações durante todas as etapas da cadeia produtiva. Por se tratar de uma pesquisa
qualitativa os estudos de Vergara (2005) auxiliaram na análise dos discursos apoiando em
palavras chaves, características dos discursos.
4. Resultados
No processo de beneficiamento do a atuação das associações e de algumas empresas é de
longa data. A média de atuação das comunidades e cooperativas, a exemplo do Movimento
Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu – MIQCB e da Cooperativa Interestadual das
Mulheres Quebradeiras de Coco Babaçu – CIMQCB, existem a mais de 10 anos, no entanto
em algumas comunidades como as dos municípios de Madeiro, Jatobá e Parnarama ainda são
recentes na aplicação de medidas cooperativista aplicada pelo MIQCB e CIMQCB.
Quanto a escolaridade, os membros entrevistados das associações em sua maioria afirmam
que o interesse nos estudos é muito pouco, conforme se observa no relato a seguir de uma das
entrevistadas: “O Interesse é muito pouco devido a idade, ao cansaço, além disso, a grande
maioria quer apenas aprender a assinar”.
Outra parcela dos questionados afirmaram que os mais novos possuem certo interesse em
estudar para ajudar os pais, por isso, buscam sua formação em cursos técnicos agrícolas. Na
beneficiadora, o proprietário afirma que o interesse dos mais jovens é notável, porém os de
mais idade demonstram desinteresse total. Já para o atravessador não é muito interessante que
haja uma qualificação dos coletores, uma vez que sua falta de qualificação pode ser a
principal responsável pela existência da mão de obra barata.
No que se refere as questões relacionadas à infraestrutura, transportes públicos e
intermunicipais, verificou-se que esses elementos não atendem a necessidade nem das
associações e nem da beneficiadora, por isso precisa ser otimizadas e em alguns casos até
mesmo implantada.
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As comunidades não possuem um mercado físico para comercializar os produto algumas não
possuem unidades básicas de saúde, bibliotecas e muito menos saneamento básico, dessa
forma, esta falta de infraestrutura faz com que o desenvolvimento das atividades relacionadas
a logística para o babaçu fique comprometida.
Para as associadas, o babaçu é encontrado na mata, nos assentamentos, nas fazendas e no
período da entre safra que algumas compram este produto. Para se chegar até o babaçu, as
quebradeiras utilizam animais de carga, bicicletas, carroças ou mesmo se vai a pé. Feita a
localização do babaçu, o mesmo é coletado manualmente com ajuda de depósitos, alguns
feitos com talos de coco, os Jacas utilizados para auxiliar a carregar em animais, e o Côfo,
depósito feito da palha do coco utilizado para carregar na mão ou mesmo na cabeça.
No processo de armazenamento o coco é despejado no local em que será quebrado,
normalmente em uma sombra na mata, nas casas das quebradeiras „no chão‟ ou mesmo no
espaço reservado nas associações. O atravessador transporta o coco para beneficiamento em
caminhões, normalmente ele não estoca, apenas leva de um local para o outro. Quando estoca
armazena-o em galpões cobertos. O beneficiador compra o coco do atravessador e armazena
em grandes galpões.
A parte de produção do babaçu para as associações se resume a azeite (amêndoa), massa do
coco (Mesocarpo), carvão e artesanato (endocarpo e epicarpo). O atravessador vende o coco
completo ou sem a amêndoa como biomassa para servir como alimento para caldeiras.
Atualmente, a beneficiadora vende parte do mesocarpo e da amêndoa como complemento
para ração e pretende vender o epicarpo e o mesocarpo para briquetagem ou para produção de
adubo por meio da compostagem.
Nas associações, os produtos mencionados acima são vendidos em feiras livres nas
proximidades em que as maiores dificuldades encontradas na venda desses produtos
produzidos a partir do babaçu consiste em agregar valor ao produto e, assim conseguir um
preço mais elevado. Dessa forma, pode-se afirmar que o atravessador vende no peso ou
mesmo na carrada de caminhões e a beneficiadora vende o insumo para ração no peso e o
material para compostagem em sacos.
Para obtenção dos produtos a partir do babaçu, as associações dispõem de equipamentos
como estufas, moinhos, descascadores, fornos e tanques para extração do mesocarpo. A
beneficiadora utiliza uma máquina que separa parcialmente as partes do coco.
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Ao se analisar como acontece a coleta de informações e a produção, verificou-se que as
comunidades utilizam atas e cadernos de anotação. Por outro lado o atravessador ao tentar
fidelizar os clientes e faz uso de políticas de desconto, enquanto que a beneficiadora
estabelece parcerias com fornecedores e clientes para controlar melhor a produção e, assim,
atender as necessidades de todos no momento certo, de maneira geral as informações dentro
do processo são pouco repassadas e utilizadas por elos a montante ou a jusante na cadeia.
Os principais problemas encontrados pelos entrevistados resumem-se a falta do
babaçu. Pois a sua falta para toda a cadeia produtiva, além disso, as comunidades se queixam
do baixo valor pago pelos produtos e das péssimas condições de infraestruturas que interferem
significativamente na comercialização dos produtos provindos do babaçu. Deve-se destacar,
também, que o pouco conhecimento que alguns dos trabalhadores detêm é um dos fatores que
atrapalham a eficácia dessas atividades. A figura 2 expõe um comparativo entre diversos
pontos na concepção das quebradeiras, do atravessador e da beneficiadora.
Figura 2 – Percepção de problemas pelas Quebradeiras, Atravessador e Beneficiadora na Cadeia Produtiva do
Coco Babaçu
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Fonte: Elaborado pelo autor.
A partir das informações contidas no quadro acima pode-se observar alguns pontos
importantes para o estudo da cadeia produtiva do babaçu, por exemplo, no quesito tempo a
beneficiadora foi reestruturada a quase um ano, pois a mesma estava desativada e
recentemente retomou suas atividades. As associações que constituem a base da cadeia estão
há mais tempo no mercado e o atravessador também está na área a um tempo considerado.
Nas visitas feitas em loco, verificou-se a existência de desencontro entre as
informações, o que prova que a cadeia existe, porém o fluxo de informação que é essencial
mostrou-se ineficaz ou mesmo inexistente. As associações, por exemplo, levantaram as
seguintes dificuldades; o coco está acabando; a quem se deve recorrer no tocante a derrubada
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de palmeiras que se constitui um crime; a melhor forma de produzir; o preço ideal de
comercialização; a conscientização das pessoas para preservar e utilizar de forma inteligente
as floresta de babaçu que para as quebradeiras é sinônimo de vida.
5. Conclusão
Visando conhecer melhor a cadeia produtiva do babaçu este trabalho teve por objetivo
analisar como os elos da cadeia visualizam os processos no qual estão inseridos, identificando
e mapeando as etapas do processamento do coco e a partir deste mapeamento analisar os
pontos críticos.
Inicialmente a pesquisa consistiu na análise de estudos sobre a cadeia produtiva do babaçu de
maneira geral, para que fosse possível a identificação dos pontos da cadeia produtiva do
babaçu na região em estudo, se fez necessário a visita diversas vezes aos pontos de coleta,
associações, atravessadores e beneficiadores, utilizando-se de entrevista e questionários para
levantar informações e identificar estas etapas na visão de cada elo da cadeia
De posse dos resultados da pesquisa de campo e com ajuda da bibliografia utilizada foi
possível identificar os pontos críticos do processo que para cada membro é diferente como
exposto na figura 2. No que se refere a logística do babaçu foi percebida a falta de
infraestrutura para uma troca de informações o feedback e mesmo o fluxo de material são
bastante prejudicados por não existir a mínima interação entre os diversos atores que atuam na
cadeia, de tal modo não pode prever demanda, projetar planos confiáveis de produção de
médio e longo prazo estabelecendo políticas corporativas que agreguem valor para todos os
processos logísticos envolvidos.
Estes estudos esbarraram na dificuldade de transformar dados desencontrados,
contraditórios e não documentados em informações de cunho científico. Este trabalho também
servirá de suportes outros trabalhos que pretendem estudar a cadeia produtiva do babaçu na
região dos cocais sugerindo aprofundar mais nos modelos de gestão adotados dentro da cadeia
e no gerenciamento da informação da mesma.
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LEVANTAMENTO DO FLUXO CADEIA PRODUTIVA DO