XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. LEVANTAMENTO DO FLUXO CADEIA PRODUTIVA DO BABAÇU NA NA MATA DOS COCAIS PI/MA Francisco Eric Guimaraes Lima (UFPI) [email protected] Francisco de Tarso Ribeiro Caselli (UFPI) [email protected] Mateus Soares da Silva (UFPI) [email protected] A região dos cocais compreendida principalmente nos estados do Maranhão, Tocantins e Piauí, nesta região o a uma grande importância de todas as espécies de babaçu nos aspectos ecológicos, sociais, econômicos, ambientais, entre outro. Este estudo busca conhecer melhor o fluxo da cadeia produtiva do babaçu considerando o conjunto de todos os entes envolvidos no processo de beneficiamento do Babaçu. Foi realizada pesquisa bibliográfica e documental, aplicação de entrevistas, questionário semi estruturados as associações e pequenos produtores, atravessadores e empresas beneficiadoras do babaçu para identificar as principais as transações da cadeia do babaçu de modo a conhecendo melhor o fluxo dos produtos e das informações durante todas as etapas da cadeia produtiva se utilizando de análise dos discursos apoiando em palavras chaves, características do discurso. Foi percebida a falta de infraestrutura para uma troca de informações o feedback e mesmo o fluxo de material são bastante prejudicados por não existir a mínima interação entre os diversos atores que atuam na cadeia, de tal modo não pode prever demanda, projetar planos confiáveis de produção de médio e longo prazo estabelecendo políticas corporativas que agreguem valor para todos os processos logísticos envolvidos. Palavras-chave: Cadeia Produtiva,Estratégia, Babaçu XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. 1. Introdução Em uma cadeia produtiva estruturada o fluxo de informação e produto deve ocorrer da maneira em que todos os elementos da cadeia agreguem valor ao produto a ser produzido e ao processo produtivo, entretanto para se otimizar algo é necessário, controlar e para controlar é necessário conhecer. Para se promover o conhecimento e fomentar a cadeia produtiva é necessário promover o desenvolvimento local sendo necessário distinguir um conjunto de objetivos ao qual se almeja chegar e para atingi-los se faz imprescindível um montante de meios que vai gerir o processo de utilizar o conhecimento tecnológico, cientifico e o empírico para uma melhora na condição econômica de toda comunidades e a partir daí respeitando os direitos fundamentais dos cidadãos e as legislações vigentes causar o desenvolvimento local. A região dos cocais segundo Carrazza, Silvia e Ávila (2012) está localizada na região compreendida entre a Caatinga, Cerrado e a Amazônia, com uma área de cerca de 196 mil quilômetros quadrado compreendida principalmente nos estados do Maranhão, Tocantins e Piauí, nesta região o a uma grande importância de todas as espécies de babaçu nos aspectos ecológicos, sociais, econômicos, ambientais, entre outro. Diversos autores Carrazza, Silvia e Ávila (2012) e Teixeira, (2003) afirmam que todo o coco é útil seja como matriz energética – carvão ou biocombustível, como fonte alimentícia para humanos ou animais, seja como matéria prima para artesanato, ou mesmo no beneficiamento para produção de briquetes. Sendo assim se faz necessário conhecer bem todo o leque de opções para beneficiamento do babaçu. Todo o potencial do babaçu não é conhecido e muito menos explorado para que se possa otimizar a utilização deste recurso natural é necessário fazer com que ele chegue da melhor maneira aos pontos de pesquisa e utilização, de modo a integrar todos os membros, todas as informações e todos os subprocessos envolvido na mobilização do coco desde sua queda da palmeira até a beneficiadora é preciso gerir todo esse processo. Neste sentido Sacomano Neto e Pires (2012) sugerem que para conhecer, controlar e gerir um fluxo grande se faz necessário criar uma cadeia de valor e entender como funciona e como pode ser mensurada e otimizada toda essa movimentação. Este estudo é importante por buscar conhecer melhor o fluxo da cadeia produtiva do babaçu podendo dar suporte de informações as organizações que detém o conhecimento 2 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. tecnológico e científico e desejam utilizar o potencial do babaçu promovendo o desenvolvimento conjunto de todos os entes envolvidos no processo de beneficiamento do Babaçu. 2. Referencial teórico 2.1 Sistema agroindustrial A partir dos trabalhos de Davis e Goldberg (1957) e Goldberg (1968) é possível explicar a escola americana de estudos do sistema agroindustrial como a primeira a utilizar o termo agribusiness, discute-se uma especialização e profissionalização de modelo rural, questionase a dependência entre os setores, são feitas menções sobre a utilização de contratos. Versando sobre o conceito que traz a importância da integração tanto no social como no institucional, inicia-se uma preocupação com a capacidade de coordenação de um sistema tanto na parte social quanto na institucional. Sobre o método utilizado é as pesquisas tinham como foco a sequencia nas quais o produto era beneficiado, as diligencias tinham enfoque no processo de um único produto e era definida em um local geográfico (ROSSI; NEVES; CASTRO, 2011). Corroborando os arautos de Goldberg (1968) os SAG´s possuem diversas influencia como da produção, do processo e da distribuição gerando um canal que vai da matéria-prima até o consumidor final, sofrendo o efeito de todas as normas que interferem a coordenação das fases seguinte do fluxo para elaboração do produto, tais como os acordos comerciais e as autarquias publicas. Em resumo os sistemas agroindustriais é a resultante do fluxo de operações e informações dos diversos atores (FERREIRA, 2011). Em contra partida para escola Americana os autores Rossi, Neves e Castro (2011) atribuem a escola de economia francesa o conceito de (Filiére).que contempla todo o processo de fazer do Commodity um produto acabado, concebe a definição de cadeias partindo dos liames entre setores, focaliza na distribuição e governança considerando que transformações podem ocorrer em suas fronteiras com o tempo. Para Morvan (1985) apud Machado (2002, p.45) o Filière é definido “Uma sequência de operações que conduzem a produção de bens, cuja a articulação é amplamente influenciada pelas possibilidades tecnológicas e definida pelas estratégias dos agentes”. Nestes moldes percebe-se que todos os entes que participam da produção são importantes e a estratégia do conjunto é mais importante do que as necessidades individuais. 3 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. O autor supracitado complementa afirmando que as relações entre os agentes são interdependente e complementam-se e tudo isso respeitando as forças da hierarquia. A que se possa concluir que as duas concepções a norte-americana (coordenação) e a francesa (tecnologia) possuem pontos semelhantes (MACHADO, 2002). Os pontos em comum entre as duas escolas para é que ambas tem o foco no processo produtivo e priorizam o caráter descritivo, utilizam o caráter analítico da teoria sistêmica, os dois possui ênfase questões tecnológicas, ambos apoiam a integração vertical (ZYLBERSZTAJN,2000 apud ROSSI; NEVES; CASTRO, 2011). 2.2 Sistemas agroflorestais A cultivação do babaçu em sistemas agroflorestais é utilizada em larga escala hoje em dia e este tipo de consórcio é bastante viável, pois quando se cultivam juntas duas culturas anuais babaçu com arroz, milho, feijão, mandioca ou mesmo com pastagem para animais, aproveitando melhor o solo (CARRAZZA; SILVIA; ÁVILA, 2012). Os autores acima acreditam que o babaçu como complemento da renda para as famílias é uma boa maneira de explorar o potencial do babaçu na Região dos Cocais. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa (2014) define sistemas agroflorestais como sistemas de utilização do solo onde espécies lenhosas perenes como árvores, arbustos, palmeiras, etc são utilizadas no mesmo sistema de manejo de culturas agrícolas e/ou produção animal, em alguma forma de arranjo combinando a produção e conservação da natureza. Para Amador (2014) Sistema agroflorestal (SAF) é algo que recebeu uma nomenclatura nova, contudo é praticado a muito tempo por comunidades antigas em todo o mundo salienta ainda que principalmente na região tropical devido aos intempéries comuns entre os trópicos. A autora também afirma que devido ser próximo aos ecossistemas naturais em estrutura e diversidade os SAFs podem ser uma solução para áreas e ecossistemas degradados, ela corrobora que o conceito sistema agroflorestal obedeça a dinâmica de preservação da diversidade dos ecossistemas naturais. Ao que diz respeito extração de Produtos Florestais Não Madeireiros (PFNM), de tal modo que as estruturas e o modo de funcionar das florestas perpetuem, requer um plano de manejo das florestas naturais, os SAFs são solução para que os produtos fornecidos pelas florestas possam ser coletados e ainda possa se desenvolver projetos agrícolas assim diz 4 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. “Podem ser coletados da floresta, produzidos como plantas semidomesticadas em plantios ou em esquemas agroflorestais, ou produzidos em graus variados de domestificação.” (BALZON et. al., 2004, p.2). 2.3 Cadeia produtiva A cadeia produtiva é definida por Farina e Zilbersztajn (1992) apud Machado (2002) como sendo um Subsistema do SAG, que prioriza as interações entre a agropecuária, indústria de beneficiamento e a logística em torno de produto. Entende-se por cadeia produtiva o conjunto de operações sequenciadas e verticalmente organizadas dês da produção até a entrega ao consumidor final, neste conjunto de operações os contratos formais e informais fornecem estímulos para controle e maior rapidez de informações ao longo do sistema (MACHADO,2002) Outro conceito para cadeia produtiva é o de Casto (2000) apud Rossi, Neves e Castro (2011):entende se por cadeia produtiva um grupo de membros que interagem, incluindo os arranjos de produção, fornecedores de insumos e serviços, processos industriais e transformação, distribuidores e comercialização, até mesmo os consumidores finais. De acordo com Gomes, Rücker e Negrelle (2004) os principais membros de uma cadeia produtiva são a unidade produtiva, a agroindústria, indústria e os mercados consumidores internos e externos. Todas as cadeias interagem em um ambiente institucional representado pelas leis, normas, instituições normativas e um ambiente organizacional/empresarial composto por instituições do governo e instituições credoras nas autarquias municipais, estaduais e federais (GOMES; RÜCKER; NEGRELLE, 2004). Dentro desta lógica Furlanetto e Cândido (2006) afirma que a empresa rural é apenas mais um membro importante que está inserido em uma rede de sistemas tais como financeiro, comercial, tecnologia, infraestrutura e todo um aparato institucional público e privado que é chamado de cadeia produtiva. Complementando o que fora dito os atores envolvidos neste emaranhado de sistemas operam em uma lógica sequencia deste modo as instituições e organizações passaram a aprimorar cada vez mais a estrutura da cadeia produtiva para que ambas respondesse as evoluções da demanda (FURLANETTO; CÂNDIDO, 2006). Balzon, Da Silva e Dos Santos (2004) versam que é importante conhecer a cadeia produtiva para visualizar concorrência, sinergias e entidades/empresas com objetivos complementares. Com o aumento de produtos nos mercados o consumidor é que norteiam a 5 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. cadeia e identificar as características, os padrões de preferências dos clientes torna toda a cadeia produtiva mais competitiva e dinâmica no tempo (BRUM; MÜLLER, 2008). Pode-se inferir que a cadeia produtiva é a integração de diversos elos necessário para que o super processo do produto chegar ao consumidor final seja realizado, este conjunto de processos é constituído de clientes e fornecedores e para que a sequência seja obedecida a contento é necessário um feedback para o fornecedor imediato e assim com a troca de informação as implementações de melhoria ocorrem no processo crítico da cadeia. 2.4 Cadeia produtiva do babaçu Segundo Araujo Junior, Dmitruk e Moura (2014) as atividades relacionadas ao babaçu, ditas obsoletas e subdesenvolvidas, estão sendo atiradas para segundo plano, devido o surgimento de um grande contingente de projetos agroindustriais, industriais e de mineração. Com isso os aspectos relevantes ao agroextrativismo do Babaçu são deixados de lado. A utilização do babaçu acontece desde o Brasil colônia, porem sua fase de moeda de troca inicia-se após a primeira guerra, atendendo a interesses internacionais o babaçu passa a ser exportado (AMARAL FILHO, 1990 apud ARAUJO JUNIOR; DMITRUK; MOURA, 2014) Os latifundiários tiravam proveito da força produtiva os catadores de coco aplicando políticas de compartilhamento de terra como a renda fundiria, o arrendamento, o foro e meeiro do resultado da atividade de coleta, a produção coletada muitas vezes era exportada in natura (AYRES JUNIOR, 2007; REIS, 2008 apud ARAUJO JUNIOR; DMITRUK; MOURA, 2014). Para Da Silvia et. al.(2012, p. 9) “Os resultados permitem dizer que o fator que mais influencia a densidade do Babaçu é o tipo de manejo aplicado pelo agricultor.” Como o agricultor também é um elo da cadeia se o fluxo de informação chegar a ele e a política do grupo para atender a necessidade coletiva em detrimento aos contratos locais a cadeia do babaçu pode se organizar de uma maneira melhor. As informações necessárias para o cultivo da terra preservando ou até mesmo proliferando as palmeiras serão disseminadas e a cadeia progredirá. Em um esquema mais simplificado a figura 01 expõe o fluxo de comercialização local das amêndoas antes de ser enviado para indústria. 6 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. Figura 1 - Fluxo de Comercialização do Babaçu Quebradeira de coco: coleta e semi-processamento Pequenos intermediários: atravessador e feirantes Intermediário médio e grande: comerciantes Indústria: indústrias locais e nacionais Fonte: Adaptado de Mesquita (1999) Diversos autores (ARAUJO JUNIOR; DMITRUK; MOURA, 2014; CARRAZZA; SILVIA; ÁVILA, 2012; HERMANN, 200 e TEIXEIRA, 2003) explicam que esta quantidade de intermediários se dá devido ao fato de que as estradas e o acesso as comunidades que realizam a coleta e a quebra são péssimos e muitas vezes o primeiro intermediário troca a amêndoa por gêneros alimentícios, o médio intermediário que normalmente é o comerciante do município recebe também por um valor baixíssimo e passa para indústria local que beneficia e agrega mais valor e repassa. 3. Metodologia A pesquisa se concentrou em analisar o fluxo da cadeia produtiva do coco babaçu na Mata dos Cocais situada entre os estados do Maranhão e Piauí na visão de seus componentes se caracterizando como um estudo de caso. Segundo Prodanov e Freitas (2013) o estudo de caso tem por objetivo aplicar conhecimentos na solução de um dado problema ou compreende-lo melhor mesmo com um campo de pesquisa pequeno. Objeto de estudo foi a população local (quebradeiras), associações das quebradeiras de coco, atravessadores que transportam as amêndoas e empresas que utilizam os derivados do babaçu. Foi inicialmente realizada pesquisa bibliográfica e documental do que já foi publicado sobre o tema em periódico, livros etc., sobre o assunto por outros pesquisadores. A coleta de dados se 7 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. deu por meio de entrevistas, questionário semiestruturados no que diz respeito a toda cadeia de produção do Babaçu elaborados baseados nas revisões de literatura e pesquisa documental e em visitas as associações e pequenos produtores que utilizam maquinas para beneficiar o babaçu, atravessadores e empresas beneficiadoras do babaçu. Os dados coletados foram agrupados e classificados para identificar as principais as transações da cadeia do babaçu de modo a conhecendo melhor o fluxo dos produtos e das informações durante todas as etapas da cadeia produtiva. Por se tratar de uma pesquisa qualitativa os estudos de Vergara (2005) auxiliaram na análise dos discursos apoiando em palavras chaves, características dos discursos. 4. Resultados No processo de beneficiamento do a atuação das associações e de algumas empresas é de longa data. A média de atuação das comunidades e cooperativas, a exemplo do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu – MIQCB e da Cooperativa Interestadual das Mulheres Quebradeiras de Coco Babaçu – CIMQCB, existem a mais de 10 anos, no entanto em algumas comunidades como as dos municípios de Madeiro, Jatobá e Parnarama ainda são recentes na aplicação de medidas cooperativista aplicada pelo MIQCB e CIMQCB. Quanto a escolaridade, os membros entrevistados das associações em sua maioria afirmam que o interesse nos estudos é muito pouco, conforme se observa no relato a seguir de uma das entrevistadas: “O Interesse é muito pouco devido a idade, ao cansaço, além disso, a grande maioria quer apenas aprender a assinar”. Outra parcela dos questionados afirmaram que os mais novos possuem certo interesse em estudar para ajudar os pais, por isso, buscam sua formação em cursos técnicos agrícolas. Na beneficiadora, o proprietário afirma que o interesse dos mais jovens é notável, porém os de mais idade demonstram desinteresse total. Já para o atravessador não é muito interessante que haja uma qualificação dos coletores, uma vez que sua falta de qualificação pode ser a principal responsável pela existência da mão de obra barata. No que se refere as questões relacionadas à infraestrutura, transportes públicos e intermunicipais, verificou-se que esses elementos não atendem a necessidade nem das associações e nem da beneficiadora, por isso precisa ser otimizadas e em alguns casos até mesmo implantada. 8 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. As comunidades não possuem um mercado físico para comercializar os produto algumas não possuem unidades básicas de saúde, bibliotecas e muito menos saneamento básico, dessa forma, esta falta de infraestrutura faz com que o desenvolvimento das atividades relacionadas a logística para o babaçu fique comprometida. Para as associadas, o babaçu é encontrado na mata, nos assentamentos, nas fazendas e no período da entre safra que algumas compram este produto. Para se chegar até o babaçu, as quebradeiras utilizam animais de carga, bicicletas, carroças ou mesmo se vai a pé. Feita a localização do babaçu, o mesmo é coletado manualmente com ajuda de depósitos, alguns feitos com talos de coco, os Jacas utilizados para auxiliar a carregar em animais, e o Côfo, depósito feito da palha do coco utilizado para carregar na mão ou mesmo na cabeça. No processo de armazenamento o coco é despejado no local em que será quebrado, normalmente em uma sombra na mata, nas casas das quebradeiras „no chão‟ ou mesmo no espaço reservado nas associações. O atravessador transporta o coco para beneficiamento em caminhões, normalmente ele não estoca, apenas leva de um local para o outro. Quando estoca armazena-o em galpões cobertos. O beneficiador compra o coco do atravessador e armazena em grandes galpões. A parte de produção do babaçu para as associações se resume a azeite (amêndoa), massa do coco (Mesocarpo), carvão e artesanato (endocarpo e epicarpo). O atravessador vende o coco completo ou sem a amêndoa como biomassa para servir como alimento para caldeiras. Atualmente, a beneficiadora vende parte do mesocarpo e da amêndoa como complemento para ração e pretende vender o epicarpo e o mesocarpo para briquetagem ou para produção de adubo por meio da compostagem. Nas associações, os produtos mencionados acima são vendidos em feiras livres nas proximidades em que as maiores dificuldades encontradas na venda desses produtos produzidos a partir do babaçu consiste em agregar valor ao produto e, assim conseguir um preço mais elevado. Dessa forma, pode-se afirmar que o atravessador vende no peso ou mesmo na carrada de caminhões e a beneficiadora vende o insumo para ração no peso e o material para compostagem em sacos. Para obtenção dos produtos a partir do babaçu, as associações dispõem de equipamentos como estufas, moinhos, descascadores, fornos e tanques para extração do mesocarpo. A beneficiadora utiliza uma máquina que separa parcialmente as partes do coco. 9 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. Ao se analisar como acontece a coleta de informações e a produção, verificou-se que as comunidades utilizam atas e cadernos de anotação. Por outro lado o atravessador ao tentar fidelizar os clientes e faz uso de políticas de desconto, enquanto que a beneficiadora estabelece parcerias com fornecedores e clientes para controlar melhor a produção e, assim, atender as necessidades de todos no momento certo, de maneira geral as informações dentro do processo são pouco repassadas e utilizadas por elos a montante ou a jusante na cadeia. Os principais problemas encontrados pelos entrevistados resumem-se a falta do babaçu. Pois a sua falta para toda a cadeia produtiva, além disso, as comunidades se queixam do baixo valor pago pelos produtos e das péssimas condições de infraestruturas que interferem significativamente na comercialização dos produtos provindos do babaçu. Deve-se destacar, também, que o pouco conhecimento que alguns dos trabalhadores detêm é um dos fatores que atrapalham a eficácia dessas atividades. A figura 2 expõe um comparativo entre diversos pontos na concepção das quebradeiras, do atravessador e da beneficiadora. Figura 2 – Percepção de problemas pelas Quebradeiras, Atravessador e Beneficiadora na Cadeia Produtiva do Coco Babaçu 10 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. Fonte: Elaborado pelo autor. A partir das informações contidas no quadro acima pode-se observar alguns pontos importantes para o estudo da cadeia produtiva do babaçu, por exemplo, no quesito tempo a beneficiadora foi reestruturada a quase um ano, pois a mesma estava desativada e recentemente retomou suas atividades. As associações que constituem a base da cadeia estão há mais tempo no mercado e o atravessador também está na área a um tempo considerado. Nas visitas feitas em loco, verificou-se a existência de desencontro entre as informações, o que prova que a cadeia existe, porém o fluxo de informação que é essencial mostrou-se ineficaz ou mesmo inexistente. As associações, por exemplo, levantaram as seguintes dificuldades; o coco está acabando; a quem se deve recorrer no tocante a derrubada 11 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. de palmeiras que se constitui um crime; a melhor forma de produzir; o preço ideal de comercialização; a conscientização das pessoas para preservar e utilizar de forma inteligente as floresta de babaçu que para as quebradeiras é sinônimo de vida. 5. Conclusão Visando conhecer melhor a cadeia produtiva do babaçu este trabalho teve por objetivo analisar como os elos da cadeia visualizam os processos no qual estão inseridos, identificando e mapeando as etapas do processamento do coco e a partir deste mapeamento analisar os pontos críticos. Inicialmente a pesquisa consistiu na análise de estudos sobre a cadeia produtiva do babaçu de maneira geral, para que fosse possível a identificação dos pontos da cadeia produtiva do babaçu na região em estudo, se fez necessário a visita diversas vezes aos pontos de coleta, associações, atravessadores e beneficiadores, utilizando-se de entrevista e questionários para levantar informações e identificar estas etapas na visão de cada elo da cadeia De posse dos resultados da pesquisa de campo e com ajuda da bibliografia utilizada foi possível identificar os pontos críticos do processo que para cada membro é diferente como exposto na figura 2. No que se refere a logística do babaçu foi percebida a falta de infraestrutura para uma troca de informações o feedback e mesmo o fluxo de material são bastante prejudicados por não existir a mínima interação entre os diversos atores que atuam na cadeia, de tal modo não pode prever demanda, projetar planos confiáveis de produção de médio e longo prazo estabelecendo políticas corporativas que agreguem valor para todos os processos logísticos envolvidos. Estes estudos esbarraram na dificuldade de transformar dados desencontrados, contraditórios e não documentados em informações de cunho científico. Este trabalho também servirá de suportes outros trabalhos que pretendem estudar a cadeia produtiva do babaçu na região dos cocais sugerindo aprofundar mais nos modelos de gestão adotados dentro da cadeia e no gerenciamento da informação da mesma. REFERÊNCIAS AMADOR, Denise B. Restauração de ecossistemas com sistemas agroflorestais. KAGEYAMA, PY et al. 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