Ministério do Meio Ambiente Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas RELATÓRIO FINAL OFICINA SOBRE ÁREA DE INFLUÊNCIA DE CAVIDADES NATURAIS SUBTERRÂNEAS Brasília/DF, outubro de 2013 Plano de Ação Nacional para a Conservação do Patrimônio Espeleológico nas Áreas Cársticas da Bacia do Rio São Francisco – PAN Cavernas do São Francisco Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – Instituto Chico Mendes Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas – CECAV Coordenador: Jocy Brandão Cruz Responsável pelo Setor Técnico: André Afonso Ribeiro Coordenação do PAN: Maristela Felix de Lima, Coordenadora Lindalva Ferreira Cavalcanti, Coordenadora-Adjunta Coordenador do Objetivo Específico 3 do PAN Titular: Daniela G. Rodrigues Silva, Vale S.A. Suplente: André Afonso Ribeiro, CECAV Articulador da Ação 3.1 do PAN Jocy Brandão Cruz, CECAV Colaboradores da Ação 3.1 do PAN Participantes da Oficina Equipe técnica André Afonso Ribeiro Cristiano Fernandes Ferreira Diego de Medeiros Bento José Carlos Ribeiro Reino Equipe de facilitação da Oficina: Jocy Brandão Cruz, André Afonso Ribeiro, Cristiano Fernandes Ferreira, Diego de Medeiros Bento e José Carlos Ribeiro Reino Relatoria da Oficina : André Afonso Ribeiro, Cristiano Fernandes Ferreira, Diego de Medeiros Bento e José Carlos Ribeiro Reino Elaboração do Relatório : José Carlos Ribeiro Reino, André Afonso Ribeiro Revisão: Issamar Meguerditchian, Lindalva Ferreira Cavalcanti, Maristela Felix de Lima 2 Conteúdo CONTEXTUALIZAÇÃO ..........................................................................................................................4 OBJETIVOS ..........................................................................................................................................5 PROGRAMAÇÃO .................................................................................................................................5 RESULTADOS E PRODUTOS .................................................................................................................6 ENCAMINHAMENTOS .........................................................................................................................6 PARTICIPANTES DA OFICINA................................................................................................................7 3 CONTEXTUALIZAÇÃO Considerando os encaminhamentos do Plano de Ação Nacional para a Conservação do Patrimônio Espeleológico nas Áreas Cársticas da Bacia do Rio São Francisco - PAN Cavernas do São Francisco, o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas - CECAV/Instituto Chico Mendes promoveu de 15 a 18/04/2013, oficina de trabalho visando implementar a Ação 3.1 do PAN: “Elaborar proposta de Termo de Referência com diretrizes para a definição dos limites da área de proteção de cavernas, por meio de eventos participativos”. O conceito de área de influência sobre o Patrimônio Espeleológico e a obrigatoriedade de estudos para sua delimitação no rito do licenciamento ambiental foram introduzidos na legislação pela Resolução CONAMA nº 347/2004. Desde então, não há entre os órgãos responsáveis pelo licenciamento ambiental entendimento técnico necessário para subsidiar os termos de referência dos estudos que devem ser solicitados aos empreendedores para definição dessas áreas. A Resolução CONAMA nº 347/2004 dispõe que: Art. 2º [...] IV - área de influência sobre o patrimônio espeleológico: área que compreende os elementos bióticos e abióticos, superficiais e subterrâneos, necessários à manutenção do equilíbrio ecológico e da integridade física do ambiente cavernícola; [...] Art. 4º [...] § 2º A área de influência sobre o patrimônio espeleológico será definida pelo órgão ambiental competente que poderá, para tanto, exigir estudos específicos, às expensas do empreendedor. § 3º Até que se efetive o previsto no parágrafo anterior, a área de influência das cavidades naturais subterrâneas será a projeção horizontal da caverna acrescida de um entorno de duzentos e cinquenta metros, em forma de poligonal convexa. [...] Os estudos ambientais capazes de identificar, da melhor maneira possível, a área necessária à proteção (área de influência) das cavernas localizadas no espaço de interferência do empreendimento precisam considerar todos os aspectos naturais envolvidos, como a vegetação, solo, atmosfera, biologia subterrânea, geologia, geomorfologia entre outros, necessários à manutenção do equilíbrio ecológico e da integridade física do ambiente cavernícola. Diante disso, os órgãos responsáveis pelo licenciamento ambiental de empreendimentos em área de ocorrência de cavernas têm se visto diante de um dilema: Como definir a área de influência? Quais estudos necessários devem ser solicitados ao empreendedor? Os 250 metros, definidos em caráter provisório, são efetivos, excessivos ou insuficientes? Com a realização da Oficina buscou-se aproximar das respostas a esses questionamentos e, assim, materializar as contribuições dos participantes em um manual com orientações técnicas aos termos de referência, de forma a subsidiar o processo de licenciamento ambiental e estudos específicos. 4 Neste sentido, foram adotados dois tópicos considerados necessários à definição da área de influência de uma cavidade, isto é, os elementos físicos (abióticos) e os elementos bióticos, associados a fatores inerentes às tipologias de empreendimentos e danos potenciais. Foram considerados também os aspectos tanto subterrâneos quanto superficiais, conforme preconiza a definição instituída pela Resolução CONAMA nº 347/2004. A Oficina contou com a presença de pesquisadores e especialistas nas diversas áreas do conhecimento relacionadas ao tema, servidores de órgãos públicos, profissionais de empresas de consultoria ambiental e representantes do setor produtivo, em especial de empresas de mineração. É importante destacar que este foi o primeiro evento técnico, no país, que debateu o assunto, alcançando resultados que poderão ser implementados por órgãos responsáveis pelo licenciamento ambiental de empreendimentos em área de ocorrência de cavernas. OBJETIVO O objetivo da Oficina foi o de construir, de forma participativa, documento técnico com orientações e diretrizes para a elaboração de estudos espeleológicos, com vistas à definição de área de influência sobre o Patrimônio Espeleológico, a ser utilizado por órgãos responsáveis pelo licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades considerados efetiva ou potencialmente poluidores ou degradadores de cavidades naturais subterrâneas, bem como de sua área de influência. PROGRAMAÇÃO Inicialmente, foi realizada uma rodada de apresentações de especialistas em Espeleologia, para contextualização tanto do meio físico quanto do meio biótico, no intuito de trazer os estudos mais recentes sobre o tema, levantando as principais questões que devem ser respondidas, de forma a contribuir na definição de uma área de influência. Área de influência de cavidades: limites de um sistema. Palestrante: Mylène Berbert-Born (Serviço Geológico do Brasil - CPRM); Área de influência de cavidades: hidrogeologia. Palestrante: José Antonio Ferrari (Instituto Geológico – Secretaria do Meio Ambiente do Governo do Estado de São Paulo); Área de influência de cavidades: geologia. Palestrantes: Luís Beethoven Piló e Paulo Pessoa (Instituto do Carste); Área de influência de cavidades: meio biótico. Palestrante: Rodrigo Lopes Ferreira (Departamento de Biologia/Universidade Federal de Lavras); Área de influência de cavidades: meio biótico. Palestrante: Eleonora Trajano (Instituto de Biociências/Universidade de São Paulo). Aspectos práticos envolvidos no estabelecimento de área de influência de cavidades naturais subterrâneas. Palestrantes: Igor Rodrigues Costa & Gustavo Araújo Soares (SUPRAM/SEMAD/MG). Na sequência, os participantes foram divididos em dois grupos de trabalho (meio biótico e meio abiótico) para debater sobre os estudos necessários ao entendimento dos processos naturais de manutenção do equilíbrio ecológico e da integridade física de uma caverna e de suas relações com os impactos advindos de empreendimentos, com foco na delimitação de área de influência sobre o Patrimônio Espeleológico. 5 Finalmente, os participantes se reuniram em plenária para fechamento do documento técnico com diretrizes e orientações. RESULTADOS E PRODUTOS O documento técnico resultante da Oficina – de caráter orientativo –, uma vez sistematizado e aprovado pelos participantes, será divulgado pelo CECAV e encaminhado aos órgãos responsáveis pelos processos de licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades considerados efetiva ou potencialmente poluidores ou degradadores de cavidades naturais subterrâneas, bem como de sua área de influência. Entre as principais conclusões técnicas do documento, destacam-se: A área de influência não deve ser entendida como um espaço territorial onde os impactos não são permitidos. Os estudos para o licenciamento e a avaliação de impactos ambientais é que deverão analisar a relação entre os impactos do empreendimento e o Patrimônio Espeleológico e, sendo necessário, propor alternativas ou medidas de mitigação; Os estudos espeleológicos para definição de área de influência deverão sempre estar integrados aos demais estudos de impacto ambiental do empreendimento; Para a definição da área de influência, considerando-se o meio biótico, encontram-se como possíveis critérios: - a conectividade do sistema subterrâneo por meio de estudos de distribuição de espécies troglóbias; - o estudo das espécies de morcegos que aportam recursos (guano) à caverna; e - os estudos sobre a contribuição de sistemas radiculares de plantas e de animais acidentais na caverna, quando identificada a necessidade. Para a definição de área de influência, considerando-se o meio abiótico, são necessários estudos que propiciem o entendimento do sistema cárstico, com caracterização das feições cársticas, identificação das zonas de recarga e descarga, identificação da suscetibilidade à erosão nas áreas próximas ao patrimônio espeleológico, entre outros elementos. As apresentações, gentilmente cedidas pelos palestrantes, encontram-se anexadas ao relatório final da Oficina. ENCAMINHAMENTOS Ao final dos debates da Oficina foram aprovados os seguintes encaminhamentos: Sistematizar as propostas dos grupos do meio biótico e meio abiótico, consolidando-as na minuta do documento final e encaminhar aos palestrantes para considerações (responsável: CECAV). Articular junto aos órgãos de licenciamento ambiental visando promover a definição, avaliação e monitoramento (cumulativo) das áreas de influência sobre o Patrimônio Espeleológico e sistemas cársticos identificados (responsável: CECAV); 6 Incluir na ementa do “Curso de Espeleologia e Licenciamento Ambiental” orientações básicas acerca dos resultados da Oficina relacionados à definição de limites de área de influência sobre o Patrimônio Espeleológico (responsável: CECAV). Cadastrar, no CANIE, os polígonos de área de influência sobre o Patrimônio Espeleológico (responsável: órgãos licenciadores e empreendedores); Dar ampla divulgação dos resultados da Oficina, incluindo a publicação em sítio eletrônico (responsável: CECAV); Informar ao IPHAN sobre os resultados da Oficina e propor a formalização de parceria (responsável: CECAV); Promover a definição das áreas de influência sobre o Patrimônio Espeleológico dos empreendimentos já instalados e em operação (responsável: órgãos licenciadores); Promover o debate com especialistas, em busca de orientações e definições técnicas para avaliações de eventos sísmicos em estudos espeleológicos (responsável: CECAV); Orientar, no documento final (ou técnico) da Oficina, que a avaliação sismográfica seja incluída no processo de licenciamento ambiental como instrumento de avaliação de limites ao empreendimento; Promover a divulgação de dados e informações resultantes de estudos e avaliações envolvendo a definição de área de influência sobre o Patrimônio Espeleológico, inclusive por meio de publicações técnico-científicas (responsáveis: todos os participantes da Oficina, ou seja, órgãos ambientais, consultores, empresas, Instituições de Ensino e Pesquisa, Ministério Público); Realizar outros eventos com foco em aspectos dos procedimentos de licenciamento ambiental envolvendo cavidades naturais subterrâneas; e Incentivar o uso de recursos da compensação espeleológica (Decreto nº 99.556/1990) em projetos de pesquisa sobre o Patrimônio Espeleológico (responsáveis: CECAV e órgãos licenciadores). PARTICIPANTES DA OFICINA NOME INSTITUIÇÃO EQUIPE DE ORGANIZAÇÃO E FACILITAÇÃO André Afonso Ribeiro CECAV/Instituto Chico Mendes Cristiano Fernandes Ferreira CECAV/Instituto Chico Mendes Darcy Santos CECAV/Instituto Chico Mendes Diego Bento CECAV/Instituto Chico Mendes Jocy Brandão Cruz CECAV/Instituto Chico Mendes José Carlos Ribeiro Reino CECAV/Instituto Chico Mendes Mauro Gomes CECAV/Instituto Chico Mendes PALESTRANTES Eleonora Trajano USP Gustavo Araújo Soares SUPRAM/SEMAD/MG 7 NOME INSTITUIÇÃO Igor Rodrigues Costa SUPRAM/SEMAD/MG Luís Beethoven Piló Instituto do Carste Mylène Berbert-Born Serviço Geológico do Brasil - CPRM Paulo Pessoa Instituto do Carste Rodrigo Lopes Ferreira Universidade Federal de Lavras - UFLA PARTICIPANTES Adriana de Jesus Felipe SEMAD/MG Alexandre Antonini VMA-Engenharia de Explosivos e Vibrações Aline da Silva Reis ETHOS S.A Allan Silas Calux Redespeleo Brasil Andréia Cristina B. Almeida FEAM/SEMAD/MG Antônio Fernando Mendes IBAMA/MG Ariana Iochie Moraes Arimura DILIC/IBAMA Aryane Aparecida M. C. Rocha IEF/SEMAD/MG Ataliba Henrique F. Coelho Guano Espeleo Beatriz Pereira Triane Empresa Biodinâmica Ambiente Bruno Machado Kraemer MCN-PUC Minas, UNI-BH Camila Fernanda Leal ROCAS BRASIL Carlos Tapia Calle Vale Carlos Henrique de Sena Faculdade de Ciências Humanas de Curvelo/MG Carla Fernanda Torres IEF/SEMAD/MG Claúdia Laje Michalaros Ministério Público do Estado de Minas Gerais Claudio Augusto Ribeiro de Souza Carste Consultores Associados Daivisson Batista Santos Archaios Logos Consultoria Científica Daniel Correa Golder Associates Brasil Consultoria e Projetos Daniela Silva Vale Daniele Pedrosa de Oliveira Carste Consultores Associados Daniele Tonidandel P. Ribeiro FEAM - Fundação Estadual do Meio Ambiente Eduardo Abajaud Haddad MC Ambiental Eduardo Wagner da Silva IBAMA Edvard Dias Magalhães Espeleo Grupo de Brasília - EGB Elmir Lúcio Borges Filho Spelayon Consultoria Eloi Azalini Máximo FEAM/SEMAD/MG Fabiana Pena Fabri Instituto do Carste Fabrício Gonçalves Muniz Coffey Felipe Alencar de Carvalho TI-Geo Geotecnologias e Consultoria Ambiental Felipe Fonseca do Carmo SBE Fernanda Berulhos V&M Mineração Fernanda Cristina R. de Souza UFMG (mestranda) Flávio Fonseca do Carmo Instituto Prístino de Engenharia e Meio 8 NOME INSTITUIÇÃO Flávio Luiz de Souza Silveira IBAMA/TO Flávio Túlio de M. C. Gomes IBAMA/MG Flora Misaki Rodrigues SUPRAM/SEMAD/MG Frederico Drumond Martins Floresta Nacional de Carajás/Instituto Chico Mendes Gisele Cristina Sessegolo Ecossistema Consultoria Ambiental Guilherme Vendramini Pereira DILIC/IBAMA Heros Lobo UFSCar Isabel Pires M. R. de Oliveira Brandt Meio Ambiente Iuri Viana Brandi Vale Jorge Duarte Rosário Profissional Autônomo Juliana Barbosa Timo Spelayon Consultoria Juliana Mascarenhas Veloso Carste Consultores Associados Lays Cordeiro e Pinheiro Ciclus Soluções Ambientais Leib Carteado Crescêncio INEMA/BA Leonardo Vieira da Silva PUC Minas, Guano Speleo Letícia Teixeira Palla Braga UFMG Lília Senna Horta Proteus Consultoria Ambiental Luana da Silva Biocenose Consultoria Ambiental Luciana H. Kamino Instituto Prístino Luciano Emerich Faria Centro Universitário Newton Paiva Lucio Bede Instituto Terra Brasilis Manuela Corrêa Pereira IEF/SEMAD/MG Marcus Paulo A. de Oliveira BioEspeleo Consultoria Ambienta Maria José Salum IBRAM Mariana Barbosa Timo Spelayon Consultoria Mauro Mendes Vale Melina Hespanhol Bezerra MRS Estudos Ambientais Renata de Andrade Econatural Consultoria em Meio Ambiente Rafael Rodrigues Camargo Brandt Meio Ambiente Regiane Velozo Dias Votorantim Reinaldo Paulino Pimenta Ministério Público do Estado de Minas Gerais René Henrique C. Renault IC Ambiental Robson de A. Zampaulo Vale Rodrigo Dutra Amaral IBRAM Samuel F. da Costa Neto Panorama Ambiental Silvestre de Oliveira faria SEMAD/MG Thami Gomes da Silva BioEspeleo Consultoria Ambiental Thiago Faleiros Santos Geoemp Geologia Empreendimentos Vanessa Veloso Barbosa Espeleogrupo Peter Lund Yuri Okawara Stávale Ecology and Environment do Brasil 9