Clipping Nacional
de
Educação
Quarta-feira, 27 de Novembro de 2013
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27/11/13
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O PAÍS
Programa Aprendiz Legal forma
mais de 1300 jovens em São Paulo
Parceria entre Fundação Roberto
Marinho o CIEE capacita para o
mercado de trabalho
Cerca de 150 mil jovens entre
14 e 24 anos já passaram pelo
programa Aprendiz Legal, parceria
entre a Fundação Roberto Marinho
e o Centro de Integração Escola
Empresa (CIIE). O programa de
capacitação de estudantes tem dois
anos de duração e alia teoria e
prática para inserir os jovens no
mercado de trabalho. Ontem, em
São Paulo, foi realizada a formatura
de 1.335 aprendizes. Com a entrega
dos diplomas, o programa chega a
2.700 formandos no 2^ semestre,
incluindo as turmas de São Paulo,
Maranhão e Brasília.
— O Brasil tem poucos
aprendizes. É possível, pelo menos
em São Paulo, dobrar esse número
— declarou Luiz Antonio de
Medeiros, superintendente regional
do Ministério do Trabalho.
Os jovens ingressam no mercado
de trabalho, recebem treinamento
nas empresas e frequentam curso
teórico, oferecido no CIEE, com
metodologia desenvolvida pela
Fundação Roberto Marinho.
Participam de atividades
extracurriculares e recebem
uniforme, material didático e lanche.
Na Região Metropolitana de SP,
Caixa Econômica Federal, BDF
Nívea, Bradesco, Citibank e Itaú
Unibanco participam.
— As empresas precisam de mão
de obra qualificada. O Aprendiz
Legal se propõe a isso: formar capital
humano de qualidade — afirmou
Marcelo Bentes, coordenador
institucional da Fundação Roberto
Marinho.
27/11/13
00
O PAÍS
Minas, Rio e SP dominam ranking do Enem
Analistas destacam que
desempenho depende de outros
fatores além da escola, como a
bagagem do aluno
Aplicação da Universidade Federal
de Viçosa (Coluni), também de
Minas, que aparece na quarta
colocação, e o Colégio de
Aplicação da Universidade Federal
de Pernambuco, na nona.
-Rio e Brasília- Uma escola
particular de Minas Gerais, o
Colégio Bernoulli, de Belo
Horizonte, obteve a maior nota
média do país nas quatro provas
objetivas do Exame Nacional do
Ensino Médio (Enem) de 2012. Das
dez escolas com melhor
desempenho em todo o Brasil, cinco
são mineiras, incluindo a segunda
colocada, o Colégio Elite Vale do
Aço, de Ipatinga. O tradicional
Colégio de São Bento, no Rio,
melhorou de posição entre 2011 e
2012, passando da décima para a
terceira posição. Considerando as
20 melhores, há seis escolas de
Minas, cinco do Rio, cinco de São
Paulo, e uma de Piauí, Goiás, Bahia
e Pernambuco.
O Enem é uma exame voluntário
feito por estudantes da rede pública
e privada, bem como por jovens e
adultos que já concluíram o ensino
médio em anos anteriores. Os
resultados por escola, no entanto,
consideram somente o desempenho
de alunos matriculados no 35 ano do
ensino médio, os chamados
concluintes.
A tabela com os resultados por
escola do Enem de 2012 foi
divulgada ontem pelo Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais (Inep). Essa tabela
permite comparar notas e elaborar
rankings.
Das 20 escolas com melhor
desempenho nas provas objetivas,
18 são particulares e duas públicas,
ambas federais: o Colégio de
Para garantir que as notas sejam
representativas do desempenho de
cada escola, o Inep só divulga resultados de colégios onde
pelo menos metade dos con-cluintes
fizeram as provas, sendo que o
mínimo de participantes da unidade,
em números absolutos, não pode ser
inferior a dez. Assim, o Inep divulgou
ontem as médias de 11.239 escolas
públicas e privadas, o que corresponde a 43% do total de 25,7 mil
estabelecimentos de ensino médio
brasileiros. Ou seja, outras 14,5 mil
escolas ficaram de fora do ranking
por não atender às exigências de
participação mírfi-ma do alunado,
segundo o Inep.
A diretora-executiva da ONG
Todos pela Educação, Priscila Cruz,
diz que o resultado por escola é um
indicador que deve ser visto com
cautela. Ela destaca que o ranking
classifica escolas com diversos graus
de participação no exame, já que há
estabelecimentos onde 100% dos
concluintes fizeram as provas e i
outros em que o índice é de 50%.
No topo, em geral, a participação é
de 100% dos alunos.
Mas o principal problema,
segundo ela, não é esse:
— Existe correlação enorme
entre o nível socioeconômico das
famílias dos alunos e o desempenho
nas avaliações. O ranking, na
verdade, é um ranking de renda, de
nível socioeconômico. E o que faz
uma escola ser melhor ou pior do
que outra é o quanto ela adiciona de
aprendizagem, o que os especialistas
chamam de efei-to-escola. Como no
Enem você não sabe o efeito-escola,
pode ser levado a acreditar que a
escola em primeiro é melhor do que
a que está em 39a.
Análise dos 10% de colégios
com notas mais altas do país, tanto
nas provas objetivas quanto na
redação, mostra predomínio das
particulares, 93% desse grupo. No
extremo oposto, dos ; 10% de
escolas com notas mais baixas, 98%
são estaduais. A última no ranking
das provas objetivas é a Escola
Estadual Dom Pedro Massa, colégio
indígena em São Gabriel da
Cachoeira (AM).
Continua
Continuação
Um modelo de exame melhor do
que os antigos vestibulares, mas que,
mesmo assim, tem falhas ao medir o
sistema educacional é a avaliação que
a educadora Andrea Ramal faz do
Enem: — Não poderia ser só uma
prova. O ideal é que fosse um modelo
como o americano, medindo o
desempenho do aluno ao longo dos
anos escolares, e não só em provas,
mas também em outras atividades,
como apresentações.
Um ponto positivo do exame,
afirma Andrea, é mostrar problemas
graves das redes estaduais, onde há
o maior número de alunos no ensino
médio:
— Este ano, por exemplo, a
queda das estaduais em Português
pode apontar que escolas têm
priorizado menos a formação de
hábitos de leitura e escrita. Mas a
nota do Enem não é só da escola;
mostra também a bagagem dos
alunos. Além disso, as melhores
escolas privadas, por serem
melhores, acabam se dando ao luxo
de escolherem os melhores alunos;
não aceitam reprovados, como o São
Bento, ou fazem seleções para a
entrada. Já no caso das estaduais,
ficam atreladas ao secretário de
Educação de plantão e ao perfil dele,
se é mais educador ou mais gestor,
por exemplo.
27/11/13
Especialista em avaliação e
membro do Conselho Nacional de
Educação, Francisco Soares aponta
o que ele considera outra falha do
modelo do exame:
— Você não pode somar notas
de Português e Matemática e tirar
uma nota geral daí; o Inep não faz
isso na Prova Brasil, ele primeiro
padroniza essas notas, para terem
pesos semelhantes. Além disso, o
Enem considera notas brutas,
quando o melhor é considerar notas
relativas: por exemplo, a nota de um
aluno ao entrar e ao sair. O que tem
ser mostrado é: considerando quem
você tem, até onde você chegou.
Quando o objetivo, no entanto,
é fazer não uma comparação geral
entre todas as escolas, mas entre
instituições de perfil similar, o Enem
pode ser uma boa ferramenta, diz o
ex-presidente do Inep Reynaldo
Fernandes, professor de Economia
da USP:
— O importante é que sejam
comparados resultados de elementos
semelhantes, e não, por exemplo,
escolas privadas de elite com
colégios estaduais. Mas, entre
escolas estaduais, se uma delas vê
que seu resultado está muito pior do
que outras de mesmo perfil, vai ter
elementos para pensar onde precisa
melhorar.
Continua
Continuação
27/11/13
27/11/13
00
MEC NÃO FAZ RANQUEAMENTO
DE COLÉGIOS
Como o MEC não divulga resultados de
escolas em formato de ranking (são os jornais que
elaboram essa lista a partir de uma tabela bruta
divulgada pelo ministério), a posição das escolas
pode variar, a depender do critério utilizado. Até
2011, ao divulgar esta tabela bruta, o MEC incluía
para cada escola uma média geral que levava em
conta tanto as provas objetivas quanto a redação.
Esse critério era o mesmo utilizado na hora do
GLOBO organizar o ranking com os colégios de
melhor desempenho no Brasil e no Rio. A partirde
2012, o MEC passou a excluir a nota da redação
do cálculo da média geral, eo ranqueamento do
GLOBO adotou o mesmo critério.
O argumento do MEC é de que a redação é a
única prova que varia entre 0 e 1000 pontos. Como
as notas das provas objetivas são calculadas com
base na Teoria de Resposta ao Item (TRI), as
escalas de pontuação são variáveis, de acordo com
os desempenhos dos candidatos nas quatro áreas
de conhecimento.
As universidades que utilizam o Enem têm
liberdade para dar pesos diferentes a cada prova
na seleção de alunos. A UFRJ, por exemplo, dá
peso 3 (numa escala até 10) às notas de redação.
0 mais comum, no entanto, é a universidade fazer a
média aritmética por cinco das quatro áreas e da
redação.
O PAÍS
27/11/13
00
O PAÍS
Na melhor do país, professor
e material são destaques
Colégios de Minas já haviam
conquistado boas notas em 2012
superar rigoroso processo de
seleção com provas e avaliação de
currículo escolar.
Ezequiel Fagundes
Em Minas Gerais estão o melhor
colégio particular e a melhor escola
pública do país, conforme listagem
de notas do Enem. Localizado no
bairro de Lourdes, na Zona Sul da
capital, o Colégio Bernoulli alcançou
o topo. Seus 234 alunos do 39 ano
conquistaram 722,15 pontos.
Ligado à Universidade Federal de
Viçosa, o Colégio de Aplicação,
conhecido como Coluni, está no 4^
lugar no ranking geral e na Ia
colocação entre públicas com a
pontuação de 706,22.
O atual primeiro colocado foi o
terceiro no ano passado e pelo
sétimo ano consecutivo aparece
entre as dez melhores posições do
Enem. Para estudar no Bemoulli, o
aluno precisa desembolsar R$ 1.300
de mensalidade. O valor inclui
material didático e direito a
monitoria, simulados de avaliações
e aulas extras específicas por área.
Também em curva ascendente no
ranking do
Enem, o colégio da cidade de
Viçosa já havia sido o primeiro entre
os públicos e oitavo geral no último
levantamento. Para conseguir uma
vaga em uma das duas, é necessário
No colégio particular, os alunos
estudam com apostilas produzidas
por editora própria, a partir de ideias
da equipe de professores da
instituição. Em Viçosa, 30
professores efetivos e seis
substitutos trabalham em dedicação
exclusiva para ensinar de 160
alunos. Os livros são dados pelo
governo federal. O salário dos
professores das duas redes é
discrepante. Enquanto o Coluni paga
de R$ 2 mil a R$ 6 mil mensais, nível
de professor do magistério superior,
o Bemoulli paga, em média, R$ 15
mil.
Para Renata Pena Rodrigues,
coordenadora de Língua Portuguesa
do Coluni, a participação dos alunos
é primordial para o sucesso:
— Nosso perfil é de aluno
dedicado, comprometido e
empenhado. O Enem é
consequência do nosso trabalho.
Diretor e um dos sócios o Colégio
Bernoulli, Rommel Fernandes
Domingos tem a mesma opinião:
— São jovens muito
interessados. Ser dedicado aqui é
normal.
27/11/13
00
O PAÍS
Mercadante diz que situação de
pobreza influencia notas baixas
Para ministro, ranking mascara
questões socioeconômicas
O ministro da Educação, Aloizio
Mercadante, disse ontem, em São
Paulo, que a política de rankings
mascara algumas questões
fundamentais, entre elas a condição
soci-oeconômica dos estudantes no
país. No ranking que considera as
médias mais altas da redação do
Enem, apenas uma das dez escolas
é pública.
Existe uma relação entre
desempenho e renda. Quanto maior
o índice de pobreza, em geral, as
notas tendem a ser mais baixas. As
escolas que estão nas periferias das
grandes ; cidades, nas regiões mais
pobres do Brasil, não têm o mesmo
desempenho que as outras. Os
alunos não têm a mesma formação
ao longo da vida. Não têm as
mesmas opções que as escolas de
elite. Isso sempre é um recorte. Por
isso a gente questiona um pouco
essa política de rankings — disse ele,
para quem o desafio da educação
brasileira pública é ser uma educação
com a mesma qualidade para todos
O ministro afirmou que, em í geral,
a Região Sul tem excelentes
indicadores de educação. Santa
Catarina e Paraná, por exemplo, são
os estados que têm os melhores
índices de alfabetização do país. Por
outro lado, em Alagoas, 35% das
crianças com até 8 anos não estão
alfabetizadas. No Pará, 32%, e no
Maranhão, 34%.
— Há um desequilíbrio muito
grande no sistema educacional entre
as regiões — afirmou o ministro.
27/11/13
00
O PAÍS
Continua
Continuação
27/11/13
27/11/13
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O PAÍS
Tradição é marca
entre campeãs do estado
Continua
Continuação
27/11/13
27/11/13
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O PAÍS
27/11/13
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O PAÍS
Rio tem quarta média mais alta
entre as redes estaduais do país
Entre as particulares apenas,
escolas do estado ocupam a sétima
colocação
Leonardo Vieira e Alessandra
Duarte [email protected]
A rede estadual de ensino do Rio
de Janeiro teve o quarto melhor
desempenho dentre as 27 do país
no Exame Nacional do Ensino
Médio (Enem) 2012. De acordo
com dados cruzados pelo GLOBO,
as escolas fluminenses tiveram média
geral de 488,3 pontos,
desconsiderando a redação, logo
abaixo de São Paulo, que aparece
em primeiro (501,3 pontos), e das
unidades do Rio Grande do Sul
(495,8) e de Minas Gerais (491,4).
Já a rede privada do Estado do Rio
ficou em sétimo lugar na comparação
com os outros estados. Entre as
particulares, as de Minas Gerais são
as que apresentam melhores médias.
Mas nem tudo é motivo para
comemoração. Apesar de figurar
entre as primeiras em 2012, a rede
estadual do Rio teve piora de
rendimento em comparação com o
ano anterior, quando ficou no
segundo lugar geral com 494,4
pontos, perdendo apenas para o
Distrito Federal (495,3). As duas
unidades federativas também foram
as que mais caíram de 2011 para
2012. Enquanto a pontuação do Rio
ficou 1,2% menor, as escolas de
Brasília tiveram declínio de 1,6%.
Na análise desses dados, no
entanto, é preciso considerar que o
Enem é um exame voluntário. O
número de alunos que decidem
participar da prova, portanto, pode
impactar o resultado final de uma
rede, e sabe-se que a taxa de
participação é menor em escolas
com baixo desempenho. O retrato
mais fiel da qualidade do ensino no
estado é dado por outra avaliação
do MEC: o Ideb, cuja amostra, no
caso do ensino médio, é elaborada
para representar o total da rede.
Analisando o fato de o Rio ter
sido a terceira unidade da Federação
que mais piorou no país de 2011 para
2012, a educadora Andrea Ramal
afirma que variações de um ano para
outro são normais:
— Não significam uma tendência.
A rede estadual do Rio, por
exemplo, no ano anterior, tinha sido
a que mais melhorou. Para apontar
uma tendência, precisaríamos de
notas de mais anos.
27/11/13
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O PAÍS
27/11/13
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O PAÍS
Enem: limitações e modo de usar
nálise
Exame não capta características
tão ou mais importantes para o
sucesso no futuro
Antônio Gois
A divulgação de médias por
escola no Enem gera todo ano um
frenesi em pais, preocupados com
cada oscilação nos rankings
elaborados pelos jornais. O Enem,
como qualquer outra avaliação
educacional, tem várias limitações a
serem consideradas.
A primeira é que o nível socioeconômico das famílias é o fator
que mais influencia (ao redor de
60%, de acordo com alguns
estudos) o resultado da escola. E isso
é tão sólido na teoria da avaliação
educacional quanto é a lei da
gravidade para a física. Um exemplo:
se os alunos do São Bento, colégio
líder do ranking do Enem, fossem
transferidos desde pequenos para
qualquer escola estadual em uma das
áreas mais pobres da cidade, em
pouco tempo essa escola daria um
salto de qualidade absurdo, ainda
que mantivesse a mesma equipe e
estrutura. Ela melhoria no ranking
simplesmente porque passaria a
atender filhos de pais de mais alta
renda e escolaridade.
Outra séria limitação do Enem é
que ele não avalia características que
são tão ou mais importantes para o
sucesso na vida adulta quanto o
desempenho em testes de
matemática ou português.
Em estudo divulgado neste mês,
o prêmio Nobel de Economia James
Heckman, da Universidade de
Chicago, ao fazer uma revisão da
literatura acadêmica sobre o tema,
comprova que características como
a persistência, capacidade de
superar obstáculos, trabalhar em
equipe e ter controle emocional
explicam mais o sucesso do que
testes como o Enem. Pesquisas que
acompanharam alunos ao longo da
vida mostraram que pessoas com
essas habilidades tinham maior
renda, menor desemprego è
menores taxas de criminalidade e
gravidez na adolescência.
Há ainda fatores que avaliação
nenhuma é capaz de medir com
precisão. Trabalhar valores como
ética e solidariedade certamente é
para alguns pais tão ou mais
importantes quanto a nota de seus
filhos em matemática. O que dizer,
por exemplo, de uma escola que
recusa alunos com deficiência
porque sabe que eles poderão
diminuir a média? Que lição estará
passando aos alunos?
Apesar de todas as limitações, o
Enem não deixa de ser uma
ferramenta importante para pais
avaliarem escolas, especialmente se
comparadas com outras de mesmo
perfil. É um dos poucos critérios
objetivos que existe. Só não deve,
como muitas vezes acontece, ser o
único.
27/11/13
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RIO
Matriculam-se meninas
Continua
Continuação
27/11/13
27/11/13
A2
OPINIÃO
Enem, 1001 utilidades
Hélio Schwartsman
SÃO PAULO - Em 2009, o
MEC reformulou o Enem,
introduzindo uma nova metodologia
para elaborá-lo --a TRI-- e passou
a utilizá-lo como um vestibular
nacional para as universidades
federais.
Foram mudanças importantes. A
TRI, acrônimo para Teoria da
Resposta ao Item, trouxe um pouco
de ciência para as avaliações. Seus
modelos matemáticos permitem
comparar alunos submetidos a
provas diferentes e o desempenho
de um mesmo estudante ao longo do
tempo. A unificação do processo
seletivo, com o advento do Sisu, um
leilão eletrônico para alocar vagas
segundo o desempenho de cada
candidato,
permite
um
aproveitamento muito melhor da
rede de instituições federais.
Temo, porém, que o MEC tenha
ido com muita sede ao pote e tenha
empurrado para o Enem mais
funções do que o exame é capaz de
suportar. Além do mencionado, a
prova vem sendo usada para
certificar a conclusão do ensino
médio (a antiga madureza), para
alocar bolsas do ProUni, para avaliar
escolas públicas e privadas e até para
decidir quem vai passar uma
temporada no exterior no Ciência
sem Fronteiras.
É difícil pôr no mesmo teste aquilo
que é necessário para desempatar
dois candidatos ultrapreparados que
disputam uma vaga no curso de
medicina, por exemplo, e os
conhecimentos básicos que se exigem
do sujeito que só quer o diploma do
ensino médio. O resultado são
provas ultralongas que prejudicam os
estudantes pelo cansaço a que os
submetem.
Pior ainda quando o mesmo
exame é usado também para avaliar
instituições. Aí as incompatibilidades
não são apenas de nível como de
filosofia. Uma coisa é medir as
competências do aluno e outra muito
diferente aferir a qualidade da escola,
objetivo que fica ainda mais difícil
quando se considera que só fazem o
teste os alunos que o desejam.
Ao contrário da palha de aço,
devemos desconfiar de uma prova
que proclame ter 1001 utilidades.
[email protected]
27/11/13
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COTIDIANO
Rede pública perde participação
entre as escolas top do Enem
Só 6,6% dos colégios entre os
10% melhores em 2012 são
públicos; no ano anterior eles eram
7,9% do total
Entre as 50 escolas do país com
melhor desempenho, 46 são
privadas, segundo dados do
ministério
DE SÃO PAULO DE
BRASÍLIA
A presença de escolas públicas
entre as melhores do Brasil no
exame do Enem caiu --e já era
pequeno.
Dados do Ministério da
Educação mostram que em 2012 só
6,6% dos colégios entre os 10%
melhores eram públicos. Em números
absolutos, são 74 instituições, entre
as 1.124 da elite do país --lista
liderada pelo colégio Bernoulli,
particular de Minas.
No ano anterior, eram 7,9%
públicas entre as melhores. A
participação cai desde 2009,
quando a prova foi ampliada e
passou a selecionar calouros para
universidades federais.
O ministro da Educação, Aloizio
Mercadante, afirma que as escolas
privadas e públicas atendem a
públicos diferentes. A rede paga
conta com estudantes com melhores
condições socieconômicas. Por
outro lado, a rede pública abrange
mais de 80% dos alunos do ensino
médio.
Para calcular as médias das
escolas, a Folha considerou as
quatro provas objetivas do Enem -linguagem, matemática, ciências
humanas e da natureza.
Para Fernando Abrucio,
especialista em educação da FGV,
as particulares estão "pegando as
manhas" do Enem e preparando
melhor os alunos. "Daqui a alguns
anos, quando houver mais escolas
públicas em período integral, pode
haver mudança."
Além da melhor escola de ensino
médio privada, Minas também teve
a melhor escola pública do país no
exame de 2012. Trata-se do colégio
de aplicação da Universidade
Federal de Viçosa (MG).
Entre as 50 escolas com melhor
desempenho, só 4 são públicas,
todas federais.
A escola estadual "convencional"
com melhor desempenho foi a Dom
Aquino Corrêa, em Mato Grosso do
Sul, na 1.774ª posição --na
comparação são excluídos colégios
como técnicos e militares.
A melhor instituição pública
paulista é a ETE São Paulo (escola
técnica), na 53ª posição do país. O
Estado tem 37 das 100 mais bem
colocadas.
A lista nacional considera 11.239
colégios, em que ao menos 50% dos
alunos do 3º ano do ensino médio
fizeram a prova. (FÁBIO
TAKAHASHI,
ANDRÉ
MONTEIRO, SABINE RIGHETTI
E FLÁVIA FOREQUE)
27/11/13
00
COTIDIANO
Foco
Topo do ranking está em MG, que
também tem a melhor escola pública
Bernoulli, em Belo Horizonte, e
Colégio de Aplicação da federal de
Viçosa se destacaram
PAULO PEIXOTO DE BELO
HORIZONTE JULIANA COISSI
DE SÃO PAULO
De família pobre, o engenheiro
Rommel Fernandes Domingos, 39,
começou a trabalhar aos sete anos
de idade, mas gostava mesmo era
de estudar. Foi apontador do jogo
do bicho, conseguiu se formar no
ITA (Instituto Tecnológico de
Aeronáutica) e largou a engenharia
para abrir a escola que queria ter
frequentado na infância.
Junto com o irmão Rodrigo e um
amigo de faculdade, é dono do
Bernoulli, a primeira escola particular
do Brasil no ranking do Enem, na
zona sul de Belo Horizonte.
O negócio começou em 2000,
com um pré-vestibular. O colégio
surgiu três anos depois, e desde
2006 está entre os dez melhores do
país. Em 2012, foi terceiro colocado.
Para Rommel, o diferencial é um
ensino que privilegia o raciocínio e o
estudo intensivo. "A proposta é
trabalhar com uma linguagem jovem,
direta, objetiva, sempre valorizando
o raciocínio e não a decoreba'", diz.
Para entrar na escola, é preciso
enfrentar um vestibulinho e ter os
boletins dos dois anos anteriores
avaliados.
No ensino médio, o material
didático é próprio e está incluído na
mensalidade de cerca de R$ 1.300.
As aulas no período da manhã se
estendem, duas vezes por semana,
até a tarde. Mas, na prática, segundo
Rommel, os alunos acabam ficando
todo o dia na escola. No terceiro ano,
há aulas aos sábados --em alguns,
também simulados do Enem. "O
trabalho aqui é duro", afirma.
APLICAÇÃO
A melhor escola pública do país,
no ranking do Enem, também é
mineira. Para entrar no Coluni, o
Colégio de Aplicação da
Universidade Federal de Viçosa, a
relação é de 12 candidatos por vaga
--mais concorrido do que o curso de
odontologia na USP.
O site do colégio lembra o da
Fuvest: há termos como "manual do
candidato", "edital" e "obras
literárias" para a prova, que é feita
em dois dias.
No ensino médio, há 480 alunos.
As aulas ocorrem apenas de manhã,
mas, na prática, o tempo de estudo
é quase integral, diz a professora
Renata Rena Rodrigues.
Pelo menos 15 dos 36
professores têm doutorado, e outros
são mestres ou doutorandos. Os
docentes são contratados por
concurso da universidade e, como lá,
seguem regime de dedicação
exclusiva.
Como nos vestibulares mais
concorridos do país, a seleção do
Coluni atrai candidatos de outras
cidades mineiras e até da Bahia.
Cerca de 40% dos estudantes
vieram de colégios particulares.
Há alunos que recebem bolsa de
iniciação científica do CNPq. E o
índice de aprovação em vestibulares
é de 90%. "Para nós, o Enem não é
meta, é só consequência", diz
Renata.
27/11/13
00
COTIDIANO
Depois de 155 anos, colégio
São Bento vai aceitar garotas
Escola é a única do Rio apenas
para meninos
DO RIO
Única escola do Rio a aceitar
apenas meninos, o tradicional
Colégio de São Bento anunciou
ontem que a partir de 2015 abrirá
matrículas também para meninas.
A exclusividade masculina vem
desde sua fundação por monges
beneditinos, há 155 anos. A
novidade foi anunciada ontem pela
supervisora pedagógica da escola,
Maria Eliza Penna Firme Pedrosa.
Terceiro colocado no ranking do
Enem e primeiro entre as escolas do
Rio, o São Bento quer permitir o
acesso de meninas ao 1º ano do
ensino fundamental e ao 1º do ensino
médio, nos quais costuma haver
provas para entrar.
As meninas disputarão as vagas
existentes com os meninos --não
serão criadas novas vagas para elas.
A expectativa da direção da escola
é que as novas turmas sejam
formadas metade por meninas,
metade por meninos.
Outra novidade anunciada ontem
foi a construção de uma nova unidade
na Barra da Tijuca, na zona oeste.
Conhecido pela qualidade do
ensino, o São Bento também tem
fama pela disciplina imposta. Até
pouco tempo, cabelos mais
compridos eram vetados. Piercings
e tatuagens não são bem-vistos.
A única unidade da escola é no
centro, ao lado de um mosteiro
beneditino do século 16. Os alunos
estudam em horário integral.
27/11/13
00
COTIDIANO
Com vagas apenas para 2017,
Vértice lidera nas 5 matérias
Entre colégios paulistanos, escola
na zona sul foi a melhor em todas as
áreas
Com mensalidade de mais de R$
3.000, escola tem salas com poucos
alunos e formou só 65 no ano
passado
DE SÃO PAULO DE
BRASÍLIA
O colégio Vértice, melhor de São
Paulo no Enem, conforme
antecipado pela Folha, tem poucos
alunos por sala, mensalidade em
torno de cinco salários mínimos (mais
de R$ 3.000) e vagas só em 2017 -e apenas no ensino infantil.
Na cidade, a escola também
lidera as cinco áreas do
conhecimento avaliadas pelo exame
--redação, linguagem, matemática,
ciências humanas e da natureza.
Apesar do resultado, o Vértice
afirma não ter um preparo específico
para a prova. "Nosso trabalho que
resulta no bom desempenho no Enem
e nos principais vestibulares começa
no ensino infantil", diz o diretor
Adilson Garcia.
Essa etapa de ensino é
praticamente a única chance de
entrada na escola. Para crianças e
jovens mais velhos, só em casos
específicos --por exemplo, se houver
desistência de algum matriculado.
As salas de aula começam com
15 alunos e dois professores
formados. No ensino médio, o
número de estudantes não passa de
30 por turma.
O tamanho pequeno se estende
para o colégio como um todo. Em
2012, foram apenas 65 formandos
no ensino médio --o Bandeirantes
(4º na cidade), por exemplo, tinha
519.
No país, o Bernoulli (MG) liderou
em linguagem e matemática; o Elite
do Aço (MG), em ciências humanas
e naturais; o São Bento (RJ), em
redação.
De acordo com o cientista político
especialista em educação Fernando
Abrucio, da FGV, as escolas
privadas mineiras estão cada vez
melhores no Enem porque preparam
seus alunos para as universidades
federais presentes naquele Estado.
Para entrar nas federais de Viçosa
e de Minas Gerais, por exemplo, é
preciso ter uma boa nota no Enem.
Especificamente em redação,
quem teve bom desempenho foi o
centenário Liceu de Artes e Ofícios:
nesse item, ficou em 3º em São Paulo
--no geral da cidade, está em 14º.
Para o professor de redação,
Antônio Davis, a repetição ajuda o
aluno --são duas aulas semanais da
disciplina. (SABINE RIGHETTI,
FÁBIO TAKAHASHI, DHIEGO
MAIA E FLÁVIA FOREQUE)
27/11/13
00
COTIDIANO
Escolas de elite ficam de
fora e questionam MEC
DE SÃO
BRASÍLIA
PAULO
DE
A Folha conversou ontem com
duas escolas de elite de São Paulo
que ficaram fora da lista de notas no
Enem divulgada pelo Inep-MEC.
O Objetivo Integrado, melhor
escola do Brasil no Enem de 2011,
e o Santa Maria, que apareceu em
16º no mesmo ano, não tiveram suas
notas divulgadas.
Ambas disseram ter sido "pegas
de surpresa"."Às sete da manhã já
tinha gente me ligando para saber o
que havia acontecido", afirma o
diretor do colégio Santa Maria,
Silvio Freire.
De acordo com ele, a escola
enviou ontem um ofício ao MEC que
mostra que 104 de 120 alunos
fizeram o exame. Ou seja, 86% do
total de alunos do 3º ano do ensino
médio da escola.
Segundo os critérios do
ministério, só tem nota divulgada o
colégio que atende a duas condições:
ter, na prova, ao menos dez alunos e
50% dos seus formandos.
Freire viaja hoje a Brasília para
conversar pessoalmente no MEC e
entender o que pode ter acontecido.
José Augusto Nasr, diretor do
Objetivo, disse que já havia
conversado com o MEC e que o
problema era inconsistência dos
dados.
"Nós dissemos que havia um
número de inscritos no Enem, mas
no sistema do MEC havia outro.
Então o sistema bloqueou a escola",
disse o diretor do colégio.
A pasta informou que as escolas
têm até o dia 4 de dezembro para
pedir reexame das informações. A
partir daí, será feita uma avaliação
dos casos questionados. (SR, FT E
FF)
27/11/13
COTIDIANO
00
Foco
Alunos de estadual top
elogiam estrutura e rigor
DO "AGORA"
Professores e direção exigentes
e boa estrutura física são apontados
pelos alunos da Escola Estadual
Maestro Fabiano Lozano como
diferenciais que levaram a unidade a
se destacar no Enem.
A escola situada na Vila Mariana
(zona sul) é a melhor escola pública
"convencional" da capital, com nota
média de 530,40 no exame.
Com isso, a unidade só ficou atrás
de escolas públicas "não
convencionais" --de ensino técnico
e ligadas a universidades. No grupo
de 512 escolas da cidade, ficou na
419ª colocação.
Alice Paixão, 17, do 3º ano,
elogia o rigor dos professores. "Isso
estimulou os alunos a estudarem
mais."
"Temos um prédio bem
conservado, com quadras
poliesportivas, laboratório de
química e biblioteca. É um ambiente
estimulante para o aprendizado", diz
Natalia Machado, 17, do 3º ano.
Ana Victória Melo, 17, elogia as
aulas interativas, com filmes e
documentários. "Os professores
mostraram películas sobre o
nazismo, por exemplo, e isso me
ajudou na prova do Enem deste ano."
A direção da escola afirma que a
participação da comunidade,
presente nos eventos realizados com
os alunos, é de extrema importância
para os projetos pedagógicos.
Quando o foco é a melhor escola
pública de todo o Estado de São
Paulo, em primeiro lugar aparece a
Escola Estadual Coronel Marcos
Ribeiro, de Fartura (360 km de São
Paulo). Ali, de acordo com o MEC,
os alunos tiveram média de 544,86
pontos.
O vice-diretor da escola, Luciano
Soares Gabriel, 30, atribui a boa
qualificação ao corpo docente.
"Cerca de 90% dos professores são
moradores de Fartura e
[funcionários] efetivos do Estado.
Eles têm a escola como a segunda a
casa", afirmou.
Segundo ele, a escola oferece
aulas de recuperação intensiva e
professores auxiliares nas salas. "Os
alunos são separados por
desempenho. Em turmas sem
desempenho bom, o professor extra
auxilia nas dificuldades. Nas salas
boas, ajudam na fixação do
conteúdo."
A pior escola pública da capital
fica no Capão Redondo (zona sul).
Os alunos da Escola Estadual
Martinho da Silva, tiveram média de
446,06 pontos no Enem.
Segundo pais, invasores pulam o
muro da quadra para usar drogas "a
qualquer hora do dia ou da noite",
atrapalhando os alunos.
27/11/13
00
COTIDIANO
Bullying
Francisco Daudt
Na escola, os 'amiguinhos' se
estranham pelo jeito diferente; e
assim começam os apelidos e as
agressões
Ver uma criança crescer é como
assistir a história da espécie em
câmera rápida. Depois de um
tempo, ela se põe de pé, começa a
falar e agir como o troglodita que um
dia fomos (fomos?): não tem os
polimentos da civilização, não é
hipócrita, demonstra seus
sentimentos sem máscaras, tem
raiva, bate, morde, chora, é
possessiva, ciumenta, come com as
mãos e estranha quem não é da sua
tribo (a família).
Até hoje, entre tribos de
caçadores-coletores da Papua Nova
Guiné, se dois estranhos se
encontram numa trilha, começam a
desfiar seus parentes um para o
outro, na tentativa de encontrarem
algum em comum. Se não
encontram, partem para uma luta de
morte: o estranho é o inimigo.
Mas está chegando o momento
histórico em que o troglodita se
aproxima da Cidade-Estado, criada
há 10.000 anos no crescente fértil
da mesopotâmia, onde a espécie,
por ter domesticado plantas e
animais (inventando a agricultura e a
pecuária), não precisa caçar nem
coletar, não precisa ser nômade,
pode se estabelecer num só lugar
onde estranhos convivam, e até
cooperem, em vez de lutar. Este
lugar, para a nossa criança, é a
escola.
O choque cultural é inevitável.
Lembro que uma paciente
propagandeava as vantagens da
escola para sua filha, onde ela iria
encontrar "amiguinhos" para brincar.
"E então?" perguntou à filha, que
voltava de seu primeiro dia escolar.
"Mãe, os amiguinhos' mordem! Os
amiguinhos' batem!"
E os "amiguinhos" se estranham,
pela aparência diferente. É assim que
começa o bullying. Apelidos,
agressões, lei do mais forte, alunos
que atacam professores em bando,
professores que molestam alunos,
que incentivam maus tratos (quando
o nome muda para "assédio moral",
base para processo na Justiça, algo
a ser resolvido fora da escola).
Sabemos disso, mas, por que isso
vem se tornando mais problemático?
Tenho uma hipótese histórica.
Quando a Cidade-Estado foi
inventada, a principal mudança
civilizatória na vida do troglodita foi
que, para conviver com estranhos,
teve que abrir mão de fazer justiça
por si mesmo, e a violência se tornou
monopólio do Estado.
Ele estabelecia leis a serem
cumpridas, e punições para seus
transgressores, sob o comando da
Autoridade máxima, (o Tirano, um
título, não um xingamento). Não
existe, portanto, civilização sem lei,
sem direitos e deveres, sem punição
para os transgressores, sobretudo,
não existe civilização sem
"Autoridade".
Sabemos intuitivamente disso,
quando dizemos que pais bananas
produzem filhos trogloditas. A
democracia, ao tomar horror do
tirano, muitas vezes confunde
autoridade com autoritarismo, e
assim, deixa de exercê-la. Resulta
em um pudor e uma leniência com a
aplicação da lei, que tolera a
existência de "black blocs", invasores
de
propriedade
alheia,
depredadores de bens públicos e
particulares... e bullying.
A escola precisa ensinar
civilização. Precisa de ter autoridade
clara, leis claras, punições
correspondentes executadas. É uma
oportunidade de ensinar que a
democracia não pode ser banana,
caso contrário se perderá, e a tirania
retornará.
www.franciscodaudt.com.br
27/11/13
00
METRÓPOLE
Rede privada piorou mais que pública
e puxou nota do Enem 2012 para baixo
Os resultados por escola no
Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem) de 2012 mostram que a rede
privada piorou mais que a pública
em comparação com 2011, puxando
a média das notas para baixo sobretudo em São Paulo, Entre
escolas particulares paulistas, 47%
daquelas que tiveram os resultados
dos dois últimos anos divulgados
registraram queda na média geral.
Entre as públicas, esse porcentual foi
de 34%. O mesmo ocorre em todo
País: 45% das privadas caíram entre
2011 e 2012, enquanto a queda nas
públicas chegou a 40%.
As médias são calculadas com
base nas notas das quatro áreas da
prova (Linguagens, Ciências da
Natureza, Ciências Humanas e
Matemática). Com o método
matemático adotado, é possível
comparar o desempenho teoricamente, os exames sempre têm
o mesmo grau de dificuldade. Das
11.239 escolas que aparecem na
lista do Enem de 2012, 6.833
tiveram dados em 2011. Entre essas,
a média geral das notas caiu 3%, de
537 "para 521 pontos. O recorte foi
realizado pelo Estadão Dados.
Entre as instituições que tiveram
os dados nos dois anos, houve
queda em todas as redes na área de
Linguagens (Português e Língua
Estrangeira). A rede privada,
entretanto, teve a maior queda nessa
área, de 6,1%. A rede particular foi
a única que teve queda na média na
área de Ciências da Natureza.
A diretora do Todos Pela
Educação, Priscila Cruz, vê
informações importantes, mas diz
que é preciso ter cautela. "Os
resultados não podem ser ignorados,
mas é importante saber que é apenas
um retrato", observa. "No ranking,
parece que a rede particular é muito
melhor que a pública, o que nem
sempre é verdade." Na mé-; dia geral
das quatro áreas, a re-; de privada
tem nota 20% maior que a pública
(mais informações na pág. 20).
Recursos. Entre as 20 escolas que
ocupam o topo do ranking, apenas
4 são do Estado de São Paulo - no
ano passado, eram 6. Para ter as
médias divulgadas, as unidades
precisam ter ao menos dez alunos no
Enem e 50% de seus concluintes. O
critério deixou escolas tradicionais de
fora e algumas unidades já
anunciaram que vão recorrer.
E o caso do Objetivo Integrado,
de São Paulo, que no ano anterior
ficou em 1.° no ranking.
Segundo a escola, cinco alunos
que não seriam da escola teriam sido
registrados no Enem e outros dois
ainda estariam fora da base. A escola
afirma que os resultados de seus 40
alunos que fizeram a prova a colocam
em primeiro lugar no País.
O Objetivo Integrado de Mo-gi
das Cruzes também vai ingressar
com recurso, bem como o Santa
Maria, da capital paulista. "Esses
números são importantes para avaliar
e planejar aulas", diz Silvio Freire,
diretor de ensino médio do Santa
Maria.
O Instituto Dom Barreto, de
Teresina, no Piauí, estava no 5.º lugar
em 2011 e não apareceu agora. "A
divulgação é importante não pelo
ranking, mas porque as notas nos
permitem melhorar", diz a diretora,
Maria Stela Rangel. Em Minas,
Estado que lidera o ranking, unidades
de colégios tradicionais, como o
Santo Agostinho, Santo Antônio,
Colégio Loyola, Santa Doroteia e
Collegium também ficaram de fora
do ranking e prometem entrar com
recurso. O Inep informa que os
recursos são previstos até 4 de
dezembro.
Médias. Considerando todas as
escolas, incluindo as que aparecem
só em 2012 e estavam foram no ano
anterior, apenas quatro unidades da
federação têm mais da metade das
escolas com notas acima da média
nacional: São Paulo, Bahia, Rio e
Distrito Federal. No Estado do Acre,
o pior colocado, só 15,1% das
unidades tiveram desempenho acima
da média.
Na cidade de São Paulo, as 512
escolas do ranking têm uma
diferença de 60% de nota média. As
escolas das regiões central e oeste
concentram as melhores notas - a
zona leste fica em último. /
Continua
27/11/13
Continuação
Barbara Ferreira Santos, Laura
Maia, Marina Azevedo, José
Roberto de Toledo, Paulo Saldana e
Victor Vieira
rede particular é boa, quando a
gente sabe que o setor público e o
setor particular atendem pessoas
com perfis e condições diferentes"
Diferenças
Sílvia Collelo
"Com o ranking, parece que só a
Professora de Educação da USP
27/11/13
00
METRÓPOLE
Mensalidades das 10 melhores
da capital variam até 186%
A diferença no custo da
mensalidade do 3.° ano do ensino
médio entre os dez colégios
particulares da cidade de São Paulo
que mais se destacaram no ranking
do Enem 2012 chega a 186% para
o próximo ano letivo, segundo
levantamento feito pelo Estado.
Não será possível estudar, em
2014, em uma escola top no Enem
pagando menos de R$ 1.345? que
será o preço cobrado no Colégio
Agostiniano Mendel, o 9.0
colocado.
A escola mais cara é a primeira
colocada no ranking: o Colégio
Vértice - Unidade II, em Campo
Belo, na zona sul, com mensalidade
de R$ 3.854. O segundo mais caro
é o Colégio Santo Américo, no
Morumbi, também zona sul, cuja
mensalidade em 2014 será de R$
3.382.
Em seguida vem o Colégio
Palmares, de Pinheiros, na zona
oeste - o 7.0 colocado no ranking com mensalidade de R$ 3178.
Depois, o Colégio Mobile, de
Moema, na zona sul, por R$ 2.750
- o segundo no ranking.
O preço médio da mensalidade
das instituições considerando as dez
primeiras escolas é de R$ 2.663.
Embora haja grande oscilação no
preço, o perfil dessas escolas de São
Paulo é semelhante. Entre as cinco
primeiras, todas têm ou aulas em
período integral ou atividades
complementares à tarde. Vértice e o
Bandeirantes têm aulas preparatórias
para os principais vestibulares,
simulados e acompanhamento
vocacional.
No Vértice, foram feitos cerca de
20 simulados no ano passado do
ensino médio voltados para aos
principais vestibulares.
Segundo o diretor do colégio,
Adilson Garcia, a boa colocação se
deve a um trabalho de base. "É o
resultado de muita dedicação dos
alunos e professores ao longo de
muitos anos", disse.
Entrar em uma dessas escolas,
contudo, não é fácil. As cinco
primeiras chegam a fazer provas e
até entrevistas. E muitas das escolas
nem sequer abrem matrícula no 3.0
ano, como Vértice, Mobile e
Bandeirantes.
Desempenho. Quem passa
nesses colégios, contudo, consegue
não só boas colocações no Enem
como vagas nas principais
faculdades. É o caso de Mateus
Cavarzan Lopes, de 19 anos, que fez
o 3.º ano do ensino médio do ano
passado no Vértice. Apenas com as
aulas na escola, em período integral,
e sem cursinho, ele conseguiu passar
em Medicina na Universidade de
São Paulo (USP). "A preparação no
colégio não é só para o Enem, mas
para todos os vestibulares. Vai além
do conteúdo", afirma.
E o foco na formação
interdisciplinar é comum em todas as
escolas. No Colégio Santa Cruz, a
escola promove debates, trabalhos
de ação social e curso de ética e
cidadania. "A formação é muito
densa desde o início do ensino
fundamental. O Enem é um
referencial muito importante, mas não
é o único indicador de qualidade",
explica o diretor-geral, Fábio Aidar.
O coordenador do Colégio Santo
Américo, quinto colocado no
ranking, afirma que para se destacar
no Enem tem de ensinar o aluno a se
preparar para as provas - física e
psicologicamente. "O aluno não
pode ter uma aprendizagem livre,
então é preciso priorizar tanto
conteúdo quanto desenvolvimento",
disse Miguel de Toledo Arruda.
Para o Bandeirantes, o diferencial
é o foco na formação dos
professores. "Somos uma escola que
é reconhecida. Porque o
Continua
27/11/13
Continuação
Bandeirantes investe mais no
professor. Desde um salario bom,
consideração pelo profissional, o
investimento no continuo preparo
dos professores. Por exemplo, "Nós
mandamos os professores para
congressos
nacionais
e
internacionais, cursos de pósgraduação. Incentivamos o estudo
do professor. Isto nos diferencia de
outros colégios", afirma Mauro
Salles Aguiar, diretor-presidente do
colégio.
Diferenças
"Valeu todo o investimento que
eu fiz no colégio. Com certeza o
colégio me ajudou para passar em
Medicina na USP e no 17.0 lugar
no mesmo curso na Unifesp. Tudo
o que aprendi e que mé fez passar
nesses vestibulares vem do Vértice.
Lá nós somos uma família e o
diferencial é a relação que
tínhamos com os professores."
Mateus Cavarzan Lopes
Ex-aluno do vértice e estudante
de medicina na USP
27/11/13
00
METRÓPOLE
Em SP, privadas têm nota
17% mais alta que estaduais
Os dados do Exame Nacional do
Ensino Médio (Enem) 2012
divulgados ontem reafirmam
discrepâncias históricas entre escolas
públicas e privadas. Na média, a
nota nas disciplinas objetivas
(Matemática, Linguagens, Ciências
da Natureza e Ciências Humanas)
das particulares paulistas é 17,1%
mais alta do que o desempenho da
rede estadual, se descontadas as
notas das escolas técnicas.
Enquanto a média das privadas
é de 571,17 pontos, as públicas
paulistas, sem as técnicas, têm
487,9. No País, a diferença entre
públicas e particulares sobe para
20,3%.
No Estado de São Paulo, pelo
menos 165 escolas técnicas
aparecem na lista e sobem a média
da rede estadual para 501,27
pontos. No ranking das públicas
estaduais, com 889 instituições, a
primeira da rede convencional está
apenas na ii3.a colocação: a Escola
Estadual Coronel Marcos Ribeiro,
no município de Fartura, a cerca de
360 km da capital. Já no ranking de
todo o Estado - com escolas das
redes municipais, estadual e federal,
além das privadas - a escola cai para
a 1.233.ª posição, de 2.418
unidades. A melhor entre as públicas
paulistas é a Escola Técnica Estadual
de São Paulo.
Para o diretor da Escola Estadual
Coronel Marcos Ribeiro, Luciano
Soares Gabriel, a diferença entre o
trabalho nas instituições públicas e
nas particulares está nas demandas
dos estudantes. "Na rede privada, o
principal é passar o conteúdo. Já nas
públicas, temos de dar grande apoio
aos alunos, do ponto de vista
psicológico e social", afirma ele, que
também leciona na rede privada.
Quanto ao bom resultado da
Escola Coronel Marcos Ribeiro em
relação às outras estaduais, ele
acredita que um dos maiores trunfos
é a atenção diferenciada de acordo
com o perfil do aluno. "Eles são
separados pelo desempenho, para
que possamos dar o foco necessário
para cada tipo de sala", explica.
Segundo ele, outro diferencial
importante é a organização do
colégio, que cobra disciplina. A
Secretaria da Educação do Estado
informa que "todas as escolas
estaduais trabalham com o
compromisso de universalização ao
acesso e à formação integral dos
alunos, sem qualquer seleção prévia
dos estudantes, o que impossibilita a
comparação com o sistema de
ensino particular".
Avaliação injusta. De acordo com
a professora da Faculdade de
Educação da USP, Paula Louzano,
a nota do colégio não indica a
qualidade do ensino. "É injusto
comparar escolas inseridas em
contextos socioeconômicos
desiguais", alerta.
Para ela, o Ministério da
Educação não deveria divulgar a nota
por escola. Também da Faculdade
de Educação da USP, o professor
Romualdo Portela concorda que a
comparação é inadequada. "É
natural que técnicas e federais
tenham nota mais alta, por exemplo,
porque fazem vestibulares que já
selecionam os melhores estudantes",
avalia.
As escolas federais mais uma vez
de destacaram no ranking nacional.
Além do 4.º lugar do Colégio de
Aplicação da Universidade Federal
de Viçosa (UFV), o Colégio de
Aplicação da Universidade Federal
de Pernambuco (UFPE) ficou entre
os dez melhores, na 9.ª posição.
Para ingressar na escola, que
promove um processo seletivo no 6.°
ano do ensino fundamental, é preciso
fazer uma prova em que a
concorrência é de 26,6 candidatos
por vaga.
Já o Colégio Politécnico da
Universidade Federal de Santa
Maria, mo Rio Grande do Sul, 3ª
melhor escola pública do País e 23.º
colocado no ranking geral, 20,37
alunos disputaram cada uma das 35
vagas da instituição no último ano. /
Marina Azevedo, Paulo Saldana e
Vitor Vieira
Continua
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METRÓPOLE
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METRÓPOLE
Mineiros são o destaque entre os dez primeiros
Marcelo Portela
Belo Horizonte
Pela primeira vez, uma escola de
Minas lidera o ranking, superando
as paulistas. Trata-se do Colégio
Bernouli - Unidade Lourdes. Além
disso, instituições do Estado ocupam
cinco dos dez primeiros lugares nas
quatro áreas de conhecimento
objetivo da avaliação. No entanto,
na lista dos 50 melhores, São Paulo
ainda tem 20 locais, seguido do Rio,
com 12 e Minas com 9. Ao todo,
colégios do Sudeste ocupam 43
posições - com média mínima de
665,19.
Segundo Rommel Fernandes,
diretor do Colégio Bernoulli de Belo
Horizonte, a boa colocação é
resultado de "muito trabalho". A
instituição obteve média de 722,15
pontos, apor meio de uma
associação entre alunos esforçados,
professores altamente qualificados e
material didático de qualidade". "A
equipe também consegue falar a
linguagem dos alunos, mais
descontraída. E priorizamos o
raciocínio, em vez de decoreba. O
Enem é um exame moderno e leva
em consideração essa capacidade
de raciocínio."
Pelo sétimo ano consecutivo, a
escola ocupa lugar de destaque no
ranking mineiro. Para comemorar,
promoverá um churrasco para os
estudantes que fizeram as provas em
2012.
Apesar de questionar a ausência
de algumas instituições tradicionais
de Belo Horizonte na lista, o diretor
do Colégio Magnum Agostiniano
(oitavo na lista, com média de
694,67 pontos) , também festejou o
resultado do colégio que, de acordo
com ele, dá prioridade ao
desenvolvimento de "habilidades e
competências", como previsto no
Enem. "Damos ênfase também no
conteúdo", salientou. E aproveitou
para elogiar o exame por incentivar
a "resolução de problemas com foco
social".
Pré-vestibular. Já André Ricardo
de Castro, coordenador pedagógico
do Colégio Elite Vale do Aço, em
Ipatinga, a 150 quilômetros de Belo
Horizonte, a boa classificação da
escola dá "tranquilidade", pois
permite saber que "o caminho
pedagógico está certíssimo". Pelo
segundo ano consecutivo a instituição
ocupa o 2.º lugar no ranking teve
média de 720,88 em 2012.
O colégio originou-se de um prévestibular e, segundo Castro, o bom
desempenho se deve à mistura de
professores experientes com
docentes mais jovens. O processo
incluiu ainda provas simuladas até aos
sábados. "Em uma escola boa, que ,
fornece bom preparo, o aluno se dá
bem em qualquer prova ou avaliação
que for aplicada", disse. / Colaborou
Florence do Couto Santos, especial
para o Estado.
Mariana Torres, 17 anos, que
estuda no Bernoulli desde o 1Q ano
do ensino médio
"Toda quarta tem prova de 2
matérias"
Eu fui a única da minha sala na
outra escola que ingressei no
Bernoulli. Vim para cá e adorei. E
meus colegas que não passaram
estão bem piores do que eu. O
Bernoulli prepara muito mais a gente.
Toda quarta-feira tem prova de duas
matérias. E tem 4 ou 5 provas de
cada uma das matérias, porque cada
professor dá uma parte da matéria e
faz a uma prova diferente. Esse ano
foi muito mais pesado, com provas
e Enem.
Continua
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METRÓPOLE
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Piores, no Norte, não alcançam 400 pontos
Lisandra Paraguassu / Brasília
As escolas estaduais Dom Pedro
Massa, em São Gabriel da
Cachoeira (AM), Retiro Grande, em
Cachoeira do Arari (PA), e Coronel
José Plácido de Castro, em Porto
Acre (AC), têm algo em comum
foram as únicas que obtiveram
médias no Exame Nacional do
Ensino Médio (Enem) de 2012
inferiores a 400 pontos. As três
tiveram os piores resultados no
exame e são um retrato das maiores
dificuldades enfrentadas pelo ensino
médio. Na sua maioria, as piores
escolas estão nas Regiões Norte e
Nordeste - 75 das 100 piores notas
- e em municípios do interior.
Amais de 800 km de Manaus,
São Gabriel da Cachoeira fica
encravada na Floresta Amazônica.
Das três escolas do município cujos
alunos fizeram o Enem, a Dom Pedro
Massa foi a que teve o pior
resultado. Nenhum dos 10
estudantes avaliados conseguiu nota
superior a 500 pontos em nenhuma
das quatro áreas nem na redação. A
situação não é diferente nas outras
duas escolas na lanterna.
Responsáveis por abrigar mais da
metade dos alunos que fizeram o
Enem, as redes estaduais de ensino
têm também a maioria das escolas
com resultados ruins. As 711 piores
notas são estaduais. Apenas na 712.º
posição aparece a pior escola
municipal - o Colégio Municipal
Agripina de L. Pedreira fica em São
Gonçalo dos Campos (BA) e teve
média de 443,54 pontos. A instituição
privada na pior classificação está em
732.0 lugar. É a Escola Técnica de
Comércio de Alagoas, de Maceió.
Os resultados deste ano não
podem ser classificados como bons
- em 1.028 escolas, a média dos
estudantes é inferior a 450 pontos, o
que significa que não têm ainda as
competências e habilidades mínimas
esperadas para alguém que termina
o ensino médio. Ainda assim, no
Enem de 2011, 14 escolas tiveram
resultados inferiores a 400 pontos,
em vez das três deste ano. A pior
delas, o Centro de Ensino Aquiles
Lisboa, em São Domingos do
Azeitão (MA), tinha média de 383,7
pontos. Neste ano, subiu nove
posições e sua média alcançou
406,4.
Os resultados mostram a distância
que ainda separa as redes de ensino
médio no País. Apesar de apenas
uma escola estadual estar entre as
cem melhores - o Colégio Técnico
de Campinas, ligado à Unicamp -,
os 215,5 melhores alunos das
escolas públicas têm médias
superiores às das privadas. "A
dificuldade do ranking é que são
escolas muito diferentes. Uma na
periferia,
com dificuldades de estrutura,
quando se compara com uma em um
bairro de luxo, está sempre em
desvantagem", afirmou o ministro da
Educação, Aloizio Mercadante. "A
média mascara a estrutura das
escolas e dos próprios estudantes."
27/11/13
00
METRÓPOLE
Análise: Ocimar Alavarse
Exame mostra que é preciso
democratizar o ensino médio
A publicidade dos resultados do
Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem) de 2012 pelo MEC, mais
uma vez, enseja debates sobre a
pertinência e relevância de tal
prática. Quanto à pertinência, o
primeiro questionamento é sobre a
elaboração de rankings, porque não
seria esta a principal atribuição de
um exame. Contudo, a consolidação
do Enem como vestibular nacional,
ainda que um processo inconcluso,
inexoravelmente faz realçar sua
natureza classificatória para
hierarquizar candidatos e,
consequentemente, suas escolas.
Isso destacaria como objetivo
central da escola de ensino médio a
preparação para a disputa em torno
de alguns cursos na educação
superior, posição sustentada muitas
vezes em nome do mérito. O impacto
dessa posição estaria na organização
do currículo em torno das matrizes
do Enem e na disseminação da
disputa entre os alunos em
detrimento de outras alternativas.
No que tange à relevância,
apesar dos aperfeiçoamentos na
difusão de informações pedagógicas,
os dados, por um lado, confirmam o
abismo que existe entre as escolas
públicas da imensa maioria dos
alunos - 87% das matrículas - e as
privadas. Por outro lado,
paradoxalmente, esta é uma verdade
na média, pois, quando estudamos a
distribuição das notas das escolas,
mais da metade das escolas privadas
tem um desempenho médio abaixo
de 560 pontos, o que corresponde
ao desempenho de até 98% das
escolas públicas. Ou seja, no afã de
propalar a superioridade de um tipo
de escola, esconde-se que isso é só
meia verdade.
O que nos leva a ponderar que,
se o Enem não democratiza o acesso
à educação superior, este exame
revela a necessidade de se
democratizar o ensino médio,
compreendendo esta tarefa com a da
elevação dos patamares de
aprendizagem de nossa juventude,
em várias dimensões.
É
PROFESSOR
DA
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
DA USP
27/11/13
00
METRÓPOLE
Entrevista: Rodrigo Travitzki, doutor em Educação pela USP
"O ranking é um indicador muito pobre"
O ranking com os resultados
do Enem faz um bom retrato das
escolas?
Sou a favor de indicadores de
qualidade, mas não sou a favor do
ranking. Ele é uma forma de
indicador bem pobre. Você
posiciona as escolas como se fossem
times de futebol: primeiro, segundo,
terceiro, e tem sempre um vencedor
e um perdedor. Mas, para a
educação, isso é muito perigoso.
Por que perigoso?
A diferença entre a primeira
escola e a décima no ranking não é
uma diferença estatisticamente
relevante. Ou seja, ela não é uma
diferença de fato. A ideia dos
indicadores em si, e não do ranking,
é a parte boa, que eu acho que era
um pouco a intenção do Inep no
início. A ideia é que escolas não
podem ser uma caixa-preta e
precisam mostrar o que elas fazem.
Elas estão fazendo um serviço
público. Mesmo as escolas privadas
fazem um serviço público, um serviço
para todos. Então, é claro que as
pessoas precisam saber o que está
acontecendo dentro das escolas.
Como fazer isso então?
É preciso ter avaliações externas
e internas. Hoje damos muita
importância às avaliações externas e
o que precisamos é dar para a escola
a oportunidade para que ela se avalie
seguindo seus próprios critérios. E a
comunidade deve participar disso.
Muitas vezes, uma boa escola é
aquela que atende bem à sua
comunidade. No ranking, o que mais
influencia a posição de uma escola é
a escolaridade dos pais e a renda da
família. O capital cultural e o capital
econômico chegam a explicar 87%
da nota.
Como você escolheria uma
escola hoje?
Eu conversaria com as pessoas e
visitaria a escola. Olharia os
números? Olharia, claro, porque a
gente gosta de números. Mas não
daria atenção para eles. Eu
conversaria com pessoas que têm
filhos nessas escolas, daria uma
olhada no recreio, veria como são
as aulas.
27/11/13
00
METRÓPOLE
Alunos de 6 faculdades deixam de fazer Enade
Bárbara Ferreira Santos
Paulo Saldana
Victor Vieira
Alunos de ao menos seis
faculdades que fizeram o Exame
Nacional de Desempenho de
Estudantes (Enade) no domingo
passado não conseguiram fazer a
prova, aplicada pela Fundação
Gesgranrio, na unidade Consolação
da Universidade Mackenzie, no
centro de São Paulo.
Entre as instituições afetadas
estão a Faculdade Santa Marcelina,
as Faculdades Metropolitanas
Unidas (FMU), a Universidade
Paulista (Unip), a Universidade
Cidade de São Paulo (Unicid), a
Universidade Cruzeiro do Sul
(Unicsul), a Faculdade São Camilo
e a Universidade Mackenzie.
O exame avalia o desempenho
de estudantes do último ano de 17
cursos, entre eles Medicina,
Enfermagem, Medicina Veterinária,
Nutrição, Odontologia e Farmácia.
Aprova é obrigatória para quem
cursa o último ano da graduação.
Quem não a faz, não pode colar grau
e se formar.
Segundo as instituições, os
alunos que foram ao local tiveram
salas trocadas, atrasando a prova em
mais de uma hora. Os estudantes
também dizem que os fiscais deram
a orientação para só preencher a
primeira parte do exame. Alunos
teriam sido impedidos até de levar o
caderno de questões.
A estudante de Farmácia Ivy
Martins, de 27 anos, que estuda no
Mackenzie, não conseguiu
informação sobre onde os alunos
cujos nomes começavam com a letra
"I" fariam a prova. "Uma das listas
tinha nomes de A a "H" e a outra ia
do T até o fim do alfabeto. Além
dessa desorganização, só fui liberada
às 16h", reclama. Segundo ela, os
organizadores improvisaram até
atestados de presença aos alunos
prejudicados para indicar que
compareceram.
Reivindicação. Segundo o
Sindicato
das
Entidades
Mantenedoras de Estabelecimentos
de Ensino Superior no Estado de São
Paulo, já foi feito um pedido coletivo
de esclarecimento ao Ministério da
Educação (MEC). "O que não
aceitaremos é que alunos ou
instituições sejam prejudicados, já
que o Enade é utilizado para calcular
o Conceito Preliminar de Curso e
obrigatório para colar grau", diz
Rodrigo Capelato, diretor executivo.
Ele explicou que o sindicato vai
aguardar o parecer do MEC para
tomar outras providências.
A FMU e a Faculdade Santa
Marcelina informaram que também
vão acionar o Inep por causa dos
problemas ocorridos. "O mais certo
seria anular o exame para todos. Se
for apenas para o nosso curso,
ficamos sem conceito, o que será
uma injustiça", explica o diretor da
área de Saúde da FMU, Marcus
Vinícius Gava, que estava no local
no último domingo, quando a. prova
foi aplicada.
O Mackenzie afirmou, por meio
da assessoria, que só é responsável
pela estrutura e segurança do prédio
e não pela aplicação. O local foi
alugado para a aplicação do Enade.
O Instituto Nacional de Estudos
e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (Inep) afirmou que nenhum
est udante será prejudicado, pois os
nomes foram registrados para atestar
o comparecimento do aluno no local
de prova. Disse também que as
instituições não serão penalizadas
quanto ao cálculo do conceito
Enade, uma vez que essa análise só
considera as provas que são
corrigidas. A assessoria de imprensa
da Cesgranrio não foi localizada.
27/11/13
00
METRÓPOLE
Programa pode reduzir verba para pesquisa
Projeto de lei prevê que Ciência
sem Fronteiras fique com uma parte
do fundo que financia programas
científicos
Herton Escobar
ENVIADO ESPECIAL / RIO
Ciência
O programa Ciência sem
Fronteiras (CsF),principal bandeira
do governo Dilma Rousseff no
campo da educação superior, está
se tornando uma preocupação
financeira para a comunidade
científica nacional. Segundo o
Projeto de Lei Orçamentária Anual
(PLOA) 2014, apresentado pelo
governo federal ao Congresso em
agosto, o programa deverá
abocanhar no ano que vem uma fatia
de quase R$ 1 bilhão do Fundo
Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (FNDCT),
principal bolo de dinheiro federal que
alimenta editais e programas de
pesquisa do setor.
O valor representa cerca de um
terço do dinheiro total do fundo, que
deverá encolher cerca de R$ 38,6
milhões em 2014, segundo o PLOA,
fechando o ano em R$ 3,38 bilhões.
O Ciência sem Fronteiras deverá
ficar com R$ 985 milhões disso, além
de R$ 417 milhões que já estão
reservados para o programa no
orçamento direto do Conselho
Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq),
órgão do Ministério da Ciência,
Tecnologia e Inovação (MCTI) que
gerencia o CsF em parceria com a
Capes, do Ministério da Educação
(MEC). No total, o programa deverá
receber R$ 1,4 bilhão em recursos
da área científica em 2014.
Consequentemente, o bolo de
dinheiro federal disponível para
investimentos em pesquisa será
significativamente reduzido, segundo
pesquisadores ouvidos pelo Estado
no Fórum ; Mundial de Ciência, que
ocorre esta semana no Rio.
"Precisamos de recursos para
pesquisa", disse o matemático Jacob
Palis, presidente da Academia
Brasileira de Ciências (ABC). "De
alguma forma esse valor (destinado
ao Ciência sem Fronteiras) terá de
ser compensado. Caso contrário, o
impacto na pesquisa vai ser grande",
afirmou Palis. "O impacto é trágico",
resumiu a presidente da Sociedade
Brasileira para o Progresso da
Ciência (SBPC),Helena Nader.
O CNPq é a maior agência de i
fomento à ciência 110 País, e muitos
dos seus programas de financiamento
dependem diretamente do FNDCT.
O orçamento direto do órgão deverá
crescer ligeiramente (cerca de 10
milhões) em 2014, chegando a R$
1,73 bilhão, segundo o PLOA, mas
a maior parte desse valor (cerca de
R$ 1 bilhão) é obrigatoriamente
destinada ao pagamento de bolsas
(sem contar os R$ 417 milhões
reservados para bolsas do CsF).
Programas- É a primeira vez que
recursos do fundo são usados para
bancar o Ciência sem Fronteiras.
Entre os programas do CNPq que
deverão sofrer reduções estão os
Institutos Nacionais de Ciência e
Tecnologia (INCTs), o Programa de
Capacitação de Recursos Humanos
para o Desenvolvimento Tecnológico
(RHAE-Pesquisador na Empresa), e
o Edital Universal, que financia cerca
de 3,5 mil projetos de pesquisa por
ano, além de outros editais e
parcerias do CNPq com os Estados
de uma forma geral.
CORREIO BRAZILIENSE
27/11/13
BRASIL
00
O ranking da discórdia
de que os dados estão equivocados.
“Achamos que houve um erro de
cruzamento entre as informações de
presença no Enem e o que consta
no Educacenso”, ressalta. Ontem, a
escola cobrou uma explicação do
Inep, mas é necessário seguir o
protocolo comum de pedir a revisão
dos dados.
Educadores de colégios do Recife discutiram os resultados do Enem
Representantes de colégios que
ficaram de fora da lista das melhores
escolas do país reclamam da
metodologia adotada pelo governo
para divulgar os dados do Enem.
Brasília, Recife, Belo Horizonte e
São Paulo estão entre as capitais
com mais reclamações
» GRASIELLE CASTRO
» MANOELA ALCÂNTARA
No dia em que muitas escolas
comemoraram as boas colocações
nas listas das melhores do país,
outras que costumavam compor o
topo do ranking do Exame Nacional
do Ensino Médio (Enem)
reclamaram por não terem sido nem
citadas e prometem questionar o
Ministério da Educação. Assim como
no ano passado, o Instituto Nacional
de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (Inep)
só divulgou as informações dos
colégios que tiveram mais de 50%
do alunos matriculados no 3º ano
entre os que participaram da prova.
Essa regra, por exemplo, fez com
que o Olimpo, primeiro do ranking
no Distrito Federal no ano passado,
fosse excluído. A direção da escola
é enfática: tem certeza de que pelo
menos 90% dos alunos concluíram
os dois dias de provas, em outubro
do ano passado. O impasse se
repete no restante do país. Escolas
tradicionais como o Santo Antônio,
de Belo Horizonte, não figuram entre
as divulgadas. O sócio-proprietário
e diretor de ensino do Olimpo,
Rodrigo Bernadelli, afirma ter certeza
Segundo Bernadelli, em três anos
de participação no Enem, nunca
houve percentual menor do que 85%
de estudantes que fizeram a prova.
“Perguntamos em sala de aula, e a
taxa do ano passado ficou em 95%.
Não entendemos o que aconteceu.”
No ano passado, quando a
metodologia mudou, o Colégio
Militar de Brasília, que dominava os
rankings das melhores públicas do
DF, foi excluído pelo sistema.
Em São Paulo, o Colégio
Objetivo Integrado, melhor do país
em 2012, também não apareceu na
lista. A assessoria da instituição
argumenta que pode ter ocorrido um
erro dos estudantes na hora da
inscrição. Segundo o Objetivo, o
Inep informou que existiam 43 alunos
inscritos e o Censo Escolar apontava
que a escola tinha 42. A escola
acredita que alunos de outras
unidades da escola podem ter errado
na hora de responder o cadastro e
colocado a unidade Objetivo
Integrado, que é um “colégio dentro
do colégio”. A instituição afirma que
a média das notas dos alunos é
740,81, o que seria a maior nota do
país.
Continua
27/11/13
Continuação
Amostragem
Em Belo Horizonte, o Santo
Antônio e o Santo Agostinho tinham
posto garantido entre as 30 melhores
do país e também ficaram de fora.
Lá, os diretores das escolas se
reuniram para decidir o que fazer. De
acordo com o diretor-geral do Santo
Antônio, frei Jacir de Freitas Farias,
eles vão apresentar uma
representação no MEC. “É um
prejuízo muito grande para nós e
para os alunos. Ver que não estamos
nem na tabela de dados é uma
decepção muito grande. Já estamos
conversando com outros colégios
lesados vendo a possibilidade de
pedir danos morais”, lamenta. No
Recife, o Sindicato dos
Estabelecimentos de Ensino no
Estado de Pernambuco (Sinepe)
contestou a lista. Eles reclamam do
novo critério que deixou de fora
escolas como Colégio Boa Viagem,
Damas, Exponente, Santa Maria e
Equipe.
Na segunda-feira, o ministro
Aloizio Mercadante explicou que os
critérios atendem a necessidade de
considerar
uma
amostra
minimamente razoável. “Menos de
10 alunos não têm relevância. A
escola pega só os melhores e faz o
Enem e a média dela fica lá em cima,
mas essa não é a realidade”, alegou.
O ministro, entretanto, criticou a
comparação com base nas médias.
“A média mascara coisas essenciais
que são as condições sociais
econômicas, educacionais de cada
escola, de cada estudante”, pontuou.
De acordo com o Inep, as escolas
que se sentiram injustiçadas têm um
prazo de 10 dias para questionar os
dados.
Os critérios
Confira quais são as regras para
entrar no banco de dados do Inep
» Contar com a participação de
50% ou mais alunos no Exame
Nacional do Ensino Médio, em
relação ao total de estudantes
concluintes das respectivas escolas.
» Ter no mínimo 10 estudantes
participantes do Enem do ano
passado, entre os estudantes
declarados ao Censo Escolar 2012.
Composição do ranking
» É calculada a média da nota das
quatro áreas do conhecimento
(linguagem e códigos; matemática,
ciências humanas; ciências da
natureza) avaliadas pela Teoria de
Resposta ao Item (TRI). Por esse
método, a pontuação obedece ao
grau de dificuldade do item. Quem
acerta cinco de 10 questões, não
necessariamente tira nota 5.
» A nota da redação não é incluída
na conta.
» Foram usados os dados das 11
mil instituições e de 683,8 mil alunos,
todos concluintes da educação
básica, divulgados pelo Inep.
CORREIO BRAZILIENSE
27/11/13
BRASIL
00
Colégio Militar volta ao topo
Entre as instituições públicas do
DF, a primeira colocada é ligada ao
Ministério da Defesa e a segunda,
ao Corpo de Bombeiros
» André Shalders
Mantendo o bom desempenho
conquistado em anos anteriores, as
instituições militares de ensino
encabeçam o ranking do Enem de
2012 das unidades públicas do
Distrito Federal. Após um ano fora
da lista, o Colégio Militar de Brasília
(CMB), ligado ao Ministério da
Defesa, ficou em primeiro lugar entre
as escolas públicas, com nota média
de 610 pontos nas provas objetivas
— considerando as particulares,
estaria em 11º (confira o ranking
abaixo). O Colégio Militar Dom
Pedro II, mantido pelo Corpo de
Bombeiros do DF e destinado aos
filhos dos integrantes da corporação,
está em segundo lugar no ranking
das instituições públicas. Em comum,
as duas escolas têm a carga horária
diferenciada, boa infraestrutura física
e o incentivo a projetos
extracurriculares, como clubes de
xadrez, grupos de estudo, entre
outros.
“Até por ser uma instituição
militar, existe um incentivo muito
grande para que os alunos tentem se
superar, chegar na frente”,
comenta Sílvio Félix, 15 anos, aluno
do 1º ano do ensino médio no
Colégio Militar, que resolveu fazer a
prova do Enem para ganhar
experiência. O estudante Alexandre
de Oliveira, também de 15 anos, diz
ter visto alunos do terceiro ano
organizando grupos de estudo nas
semanas que antecederam a prova.
“Eles alugavam as cabines na
biblioteca e se reuniam para estudar
por conta própria”, descreve.
A lista das melhores públicas
segue com escolas que já vinham
apresentando um bom desempenho
nas edições anteriores. O terceiro
lugar ficou com o Centro de Ensino
Médio Integrado à Educação
Profissional (Cemi), do Gama, com
média de 543 pontos. A escola havia
atingido o segundo lugar entre as
públicas no ano passado. Depois de
estudar em outras escolas da rede
pública, a estudante Vitória Neres
Negrini, de 15 anos, sentiu uma
grande diferença depois de ter sido
transferida para o Centro de Ensino
Médio da Asa Norte (Cean), onde
cursa o primeiro ano. “É uma boa
escola. Não falta material para as
aulas, a infraestrutura está bem
preservada e os professores se
esforçam bastante”, conta ela. A
escola ficou em sexto lugar entre as
públicas, com média de 529 pontos.
Para o doutor em educação e
professor do curso de pedagogia da
UnB Remi Castioni, a continuidade
das iniciativas pode ajudar a explicar
o bom resultado. “O Cean, por
exemplo, se beneficia da
proximidade com a Universidade de
Brasília (UnB), que desenvolve
alguns projetos na escola. Em geral,
são escolas com corpo docente mais
qualificado, que está lá há mais
tempo e que conseguem manter
estratégias de mais longo prazo para
motivar os estudantes”, diz ele.
A coordenadora de Ensino
Médio da Secretaria de Educação
do DF, Cristian Ferreira, ressalta que
o ranking não é o foco dos trabalhos.
“Encaramos esses dados como uma
ferramenta de planejamento. Não
estamos preocupados com
comparações, mas em garantir o
aprendizado”, diz.
Continua
Continuação
27/11/13
Continua
Continuação
27/11/13
Continua
Continuação
27/11/13
CORREIO BRAZILIENSE
27/11/13
00
BRASIL
Primeiro lugar é de Minas Gerais
» Gustavo Werneck
» Patricia Giudice
Biblioteca do Colégio Bernoulli,
na capital mineira, o primeiro
colocado geral no Enem: professores
focam o aprendizado na aplicação
de exercícios aos estudantes
Belo Horizonte — Conciliando a
direção de ensino com as aulas de
matemática no Colégio Bernoulli, na
capital mineira, que ficou em
primeiro lugar no ranking nacional do
Enem 2012, o professor Rommel
Fernandes Domingos explica que,
estando na linha de frente, pode
captar as expectativas dos alunos.
Ele lembra que essa parte é de
extrema importância, já que o Enem
e o vestibular ainda realizado em
algumas instituições de ensino são a
etapa final da vida do estudante de
ensino médio. “Os professores
trazem os exercícios para a prática
diária, não ficam só na teoria. E
pode-se estudar em silêncio, pois não
há barulho”, afirmou Alice
Emmanuele Teixeira Peixoto, de 17,
que pretende cursar administração
pública.
Além de ter alunos interessados,
Rommel destaca a capacitação de
professores e o material didático
elaborado pensando em demandas
do Enem, da Fuvest, da Unicamp e
de outros processos seletivos, além
do ambiente de estudo. Os
estudantes Bárbara Sartori,
candidata a uma vaga no curso de
engenharia aeronáutica, João Artur
Souza Chaves e Saulo Barbosa
Chaves, de olho na engenharia
aeroespacial, no Instituto
Tecnológico da Aeronáutica (ITA),
aplaudiram o sucesso da escola que
teve, em 2012, 234 alunos fazendo
o Enem. “O desejo de estudar está
presente em todos os alunos. Quem
entra aqui está disposto a aprender”,
disse João Artur.
O Colégio de Aplicação da
Universidade Federal de Viçosa –
Coluni se destacou pela quinta vez
consecutiva como a melhor escola
pública do país e ficou em 4º lugar
no ranking geral. Segundo a
professora de língua portuguesa
Renata Rena Rodrigues, a escola
recebeu o resultado com satisfação.
“É um conjunto. É o trabalho dos
professores,
que
adotam
metodologias integradas, mas
também mérito dos alunos”, disse.
Por ser uma instituição pública
federal, a escola convive com
dificuldades, como escassez de
recursos financeiros e greves. No ano
passado, foram quatro meses de
paralisação.
No Santa Marcelina, na Região
da Pampulha, em Belo Horizonte, o
resultado foi até melhor que o
esperado. A escola passou do 25º
lugar em 2011 para o 17º em 2012.
Agora, é o sexto melhor colégio de
Minas e terceiro da capital mineira.
A diretora pedagógica, irmã Roseli
Hart, comemorou. “Trabalhamos em
duas linhas paralelamente: a
formação humana, que faz parte da
nossa tradição, e a acadêmica, que
acaba correspondendo”, disse.
CORREIO BRAZILIENSE
27/11/13
00
BRASIL
Destaque em Pernambuco
Recife — O Colégio de
Aplicação da Universidade Federal
de Pernambuco (UFPE) ficou em
primeiro lugar na lista entre as
instituições pernambucanas. A
escola pública federal ainda obteve
destaque no cenário nacional. Ela
aparece em nono lugar entre todas
do Brasil. Considerando apenas as
públicas brasileiras, o Colégio de
Aplicação ocupa a segunda
colocação. As médias foram 636,29
na prova de linguagens e códigos;
770,64 no teste de matemática;
698,57 nas questões de ciências
humanas; 664,17 nas de ciências da
natureza; e 772,40 na de redação.
A instituição é um exemplo do
bom desempenho na rede federal.
No ranking elaborado com os dados
do Enem 2012, as federais tiveram
médias mais altas em todas as áreas
avaliadas. As notas superaram,
inclusive, as das escolas particulares.
A média nas quatro áreas do
conhecimento ficou em 577, com
613 pontos na redação.
Sudeste
A rede federal, entretanto, atende
somente 2% dos estudantes do
ensino médio, que fizeram o exame.
As escolas particulares representam
31,5%. Nas redes estadual e
municipal, que têm o pior
desempenho registrado, está a maior
parte dos estudantes, são 66,48%.
Apesar da diferença entre as notas,
o ministro da Educação, Aloizio
Mercadante, ressalta que a elite da
rede pública não destoa dos alunos
das privadas.
Entre os 100 colégios com melhor
desempenho no Enem 2012, 84
estão na região Sudeste — 63 deles
nos estados de São Paulo (37) e do
Rio de Janeiro (26).
CORREIO BRAZILIENSE
27/11/13
BRASIL
00
O segredo das particulares
As escolas em boa posição no
Enem têm em comum o investimento
no corpo docente e em projetos
pedagógicos específicos
» Manoela Alcântara
» Grasielle Castro
Maria Eduarda: "Exercícios e
simulados me ajudam a fixar o
conteúdo"
Em todo o país as escolas
particulares saíram na frente no
ranking elaborado a partir da prova
do Exame Nacional do Ensino
Médio, realizada em 2012. A melhor
instituição de ensino do Brasil está
em Minas Gerais e é paga. A
Bernoulli, localizada em Belo
Horizonte, atingiu a marca de 722,15
na média geral, divulgada ontem pelo
Instituto Nacional de Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
No Distrito Federal, o primeiro lugar
a partir da soma das notas nas
provas objetivas ficou com o Galois.
O colégio chegou aos 654,86
pontos e subiu duas posições no
ranking das privadas na capital, em
comparação com o ano passado —
em âmbito nacional aparece em 77º
lugar.
Entre as apostas para figurar nos
primeiros lugares estão o
investimento no corpo docente; na
infraestrutura das instituições de
ensino; em projetos pedagógicos
próprios, com metas específicas; e
no material pedagógico produzido
pelos professores que ministram as
aulas. No Galois, um trabalho
voltado para o Enem dentro de sala
de aula fez a diferença. “Enquanto
todos os outros colégios trabalhavam
para o vestibular tradicional da
Universidade de Brasília (UnB), nós
já havíamos voltado o enfoque para
o exame. A estratégia é diferente”,
afirma o coordenador de prévestibular da escola, Paulo Perez. A
UnB só adotou o Enem como
processo em 2013. O vestibular
tradicional do início do ano foi
substituído pelo certame.
Para suprir as necessidades dos
alunos existem professores
responsáveis por fazer o
atendimento no turno contrário das
aulas: uma das táticas responsáveis
por dar mais confiança a Matheus
Sanches, 19 anos, na prova do ano
passado. “Os monitores e os
plantões dos professores não nos
deixam protelar a dúvida para o dia
seguinte. Sempre tinha alguém
disponível”, contou o estudante, que
aspira uma vaga para medicina. Para
estudar no Galois, os estudantes
pagam uma mensalidade de R$
1.990 (valor já reajustado para
2014).
O segundo lugar do Enem no DF
tem um preço pouco menor. Por R$
1.683 é possível matricular-se no
Pódion. Em dois anos como
participante do certame, mantém a
vice-liderança. No caso da
instituição, localizada na 712 Norte,
a carga horária ampliada é um dos
diferenciais. São 45 horas semanais,
ao contrário das 33 horas adotadas
pela maioria das instituições do DF.
“Fizemos uma pesquisa em outros
locais que tinham sucesso na
avaliação pelo país. Percebemos que
o resultado só vem com o trabalho”,
afirma o diretor do Pódion, Ismael
Xavier. Antes de serem matriculados
no Pódion, os alunos passam por
uma entrevista para saber se aceitam
o sistema. Eles estudam de manhã,
de segunda a sexta-feira, e duas
vezes à tarde. Simulados são
aplicados nos fins de semana.
O objetivo da escola é ficar entre
as 20 primeiras do Brasil. A aposta
é que a primeira leva de pessoas
formadas exclusivamente por eles
tenham melhor desempenho no
certame e que a adesão da UnB os
estimule. Maria Eduarda Proença, 17
anos, está nesse grupo. “Sempre
aprofundamos o conteúdo no
contraturno. Os exercícios e os
simulados me ajudam a fixar o
conteúdo. Acredito que isso me fez
ter bom desempenho no Enem”, disse
a estudante do 3º ano, que pretende
cursar engenharia civil na UnB.
Continua
27/11/13
Continuação
Redação
Com três unidades no top 10 do
DF — na 6ª, 8ª e 9ª posição —, o
Leonardo da Vinci aposta na
formação do corpo docente, com
professores com mestrado e
especialização, e na prática, com
aplicação constante de testes e
simulados. Além da boa colocação,
a escola se destacou pela redação.
No ranking das melhores notas na
redação, a escola ficou em terceiro,
quinto e sexto lugares.
Estreante no ranking das 10
melhores, o Candanguinho aparece
na 7ª colocação. A orientadora
educacional atribui a ascensão ao
tratamento individualizado que o
aluno tem. São entre 20 e 25
estudante por turma. O Sigma, com
as unidades das asas Norte e Sul em
3º e 4º lugar, respectivamente, lança
a tecnologia, o investimento no corpo
docente e o projeto pedagógico com
metas definidas como responsáveis
pela colocação.
O que oferecem
Confira
as
principais
características das escolas
particulares do Distrito Federal que
ficaram nas primeiras colocações do
Enem
» Corpo docente com formação
além da graduação.
Eles variam entre especialistas,
mestres e doutores
» Projeto pedagógico voltado
para a difusão de valores, o conteúdo
é direcionado para a formação
cidadã
» Trabalho de vanguarda.
Iniciação do conteúdo e metodologia
para a prova do Enem mesmo antes
da adoção da Universidade de
Brasília (UnB) ao certame
» Investimento em infraestrutura
» Aplicação do conteúdo dentro
de sala de aula de forma interativa,
com o uso de novas tecnologias,
como o tablet
» Carga horária estendida, em
alguns casos
» Aplicação de simulados, fixação
do conteúdo por meio de exercícios
» Orientação e reforço escolar no
contraturno
» Material pedagógico próprio
CORREIO BRAZILIENSE
27/11/13
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Sem ânimo
» Hoje seria uma data
importantíssima para a educação no
DF. Novos diretores, vice-diretores e
representantes do Conselho Escolar
das escolas públicas da Secretaria de
Educação serão eleitos pelos pais,
responsáveis, servidores, professores
e orientadores. Infelizmente, das mais
de 600 instituições que vão participar
do processo eleitoral, 561 vêm com
chapa única, o que demonstra a falta
de interesse no assunto.
ARI CUNHA
CORREIO BRAZILIENSE
27/11/13
CIDADES
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Desrespeito na saída escolar
Discussões, fechadas e
desconsideração pelas leis são
comuns na hora de pegar as crianças
no colégio. Especialistas e
condutores concordam que o
comportamento poderia melhorar
com mais educação sobre o assunto
dentro de sala de aula
MARYNA LACERDA
Carro para sobre a faixa de
pedestres para a entrada de um
aluno: flagrante comum em frente a
colégios
"Eu acho uma falta de cidadania
se comportar de uma forma tão
nociva, justamente em um local ao
qual se traz o filho para ser educado"
Angela Borges, psicóloga
A contradição circula pelas vias
próximas às escolas do Distrito
Federal. Em uma vizinhança
supostamente comprometida com a
aprendizagem e a cidadania, papel
desempenhado por instituições de
ensino e pela família, é muito comum
flagrar cenas de desrespeito às
normas de trânsito. Vão desde a
formação de fila dupla à entrada pela
contramão e o estacionamento em
faixa de pedestres. A situação
agrava-se em horários de pico,
quando o fluxo de carros aumenta, e
a correria do dia a dia consome a
paciência de muitas pessoas.
Nessas horas, o “jeitinho” toma
conta das ruas e expõe pedestres e
condutores a situações de desgaste
e perigo. A falta de educação é a
principal causadora do problema,
segundo o comandante do Batalhão
Escolar (BPE), tenente-coronel
Fábio Sousa Lima. Para ele, como
os pais querem deixar os filhos na
porta da escola, a qualquer custo, as
infrações são cometidas. “Nossas
ocorrências não são de episódios de
violência nas escolas, mas de pais
que brigam e discutem na porta
delas. Muitas vezes, nos solicitam
para controlar motoristas que se
desentendem por fechadas ou falta
de vagas em estacionamento”, relata.
Cidadania
Plano Piloto e Taguatinga são as
cidades que concentram a maioria
das infrações e desentendimentos do
tipo, segundo o comandante do BPE.
Isso porque são aquelas com maior
número de escolas privadas. “Não
percebemos problemas tão graves
em locais próximos às escolas
públicas, em que os estudantes, em
sua maioria, vão e voltam para casa
por meio de transporte coletivo”,
explica Sousa Lima. A psicóloga
Angela Borges, 47 anos, enxerga um
absurdo no comportamento de
alguns condutores. “Eu acho uma
falta de cidadania se comportar de
uma forma tão nociva, justamente em
um local ao qual se traz o filho para
ser educado”, avalia. Para ela, a
solução é simples. “Basta que cada
um dê passagem, entenda que está
em sociedade e que todos aqui têm
compromisso. Assim, o fluxo anda”,
diz.
Na tentativa de romper com um
ciclo de descortesia e erros no
trânsito, as crianças são o foco de
algumas ações do Departamento de
Trânsito do Distrito Federal (Detran
DF). Isso porque, além de serem
sensibilizadas para questão, ainda
incentivam a mudança de
comportamento dos pais. “Nós nos
importamos em educar a nova
geração porque eles também atuam
como fiscais mirins. Se o responsável
ultrapassa o sinal vermelho, por
exemplo, a criança o chama à
responsabilidade”, explica o diretor
de educação de trânsito do Detran,
Marcelo Granja.
Alunos e professores
O método usado para ensinar a
criançada é através de peças teatrais
e dinâmicas em que podem interagir
com situações muito parecidas com
as enfrentadas nas ruas.
“Trabalhamos a criança para que
elas percebam o risco a que estão
expostas e, com isso, os pais também
dão retornos positivos”, diz Granja.
Continua
Continuação
27/11/13
Atores importantes na formação de
uma cultura de paz no trânsito, os
professores da rede pública de
ensino reclamam da suspensão de um
curso de reciclagem específico sobre
o tema nas regionais. “Há uns 10
anos, nós fazíamos aulas em que
trabalhávamos especificamente as
leis de trânsito. Agora, só as
abordamos de maneira transversal,
com outros conteúdos, em sala de
aula”, conta o diretor do Sindicato
dos Professores do Distrito Federal
(Sinpro-DF) Cláudio Antunes.
Há 21 anos como motorista de
transporte escolar, Carlos José da
Silva, 49 anos, acredita que as vias
têm se tornado um local de disputa
com o passar dos anos. “Tem muito
mais gente, muito mais carro, e o
espaço para circular continua o
mesmo”, afirma. Silva reclama que
o celular é um vilão. “Os pais ficam
mais preocupados em atender o
telefone, em avisar que chegaram e
usam o aparelho enquanto dirigem.
O resultado é a desatenção, as
fechadas, as pequenas colisões”,
conta. Para ele, a criação de faixas
exclusivas de recuo para o transporte
escolar já ajudaria em muito o fluxo.
“Assim, nós desafogamos as vias
principais e garantimos um embarque
mais seguro para os alunos”, sugere.
JORNAL DE BRASÍLIA
27/11/13
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BRASIL
Continua
Continuação
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JORNAL DE BRASÍLIA
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CIDADES
JORNAL DE BRASÍLIA
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METRO - BRASÍLIA
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EDUCAÇÃO
Notas baixas no último boletim.
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