Clipping Nacional de Educação Quarta-feira, 27 de Novembro de 2013 Capitare Assessoria de Imprensa SHN, Quadra 2 Bloco F Edifício Executive Tower - Brasília Telefones: (61) 3547-3060 (61) 3522-6090 www.capitare.com.br 27/11/13 00 O PAÍS Programa Aprendiz Legal forma mais de 1300 jovens em São Paulo Parceria entre Fundação Roberto Marinho o CIEE capacita para o mercado de trabalho Cerca de 150 mil jovens entre 14 e 24 anos já passaram pelo programa Aprendiz Legal, parceria entre a Fundação Roberto Marinho e o Centro de Integração Escola Empresa (CIIE). O programa de capacitação de estudantes tem dois anos de duração e alia teoria e prática para inserir os jovens no mercado de trabalho. Ontem, em São Paulo, foi realizada a formatura de 1.335 aprendizes. Com a entrega dos diplomas, o programa chega a 2.700 formandos no 2^ semestre, incluindo as turmas de São Paulo, Maranhão e Brasília. — O Brasil tem poucos aprendizes. É possível, pelo menos em São Paulo, dobrar esse número — declarou Luiz Antonio de Medeiros, superintendente regional do Ministério do Trabalho. Os jovens ingressam no mercado de trabalho, recebem treinamento nas empresas e frequentam curso teórico, oferecido no CIEE, com metodologia desenvolvida pela Fundação Roberto Marinho. Participam de atividades extracurriculares e recebem uniforme, material didático e lanche. Na Região Metropolitana de SP, Caixa Econômica Federal, BDF Nívea, Bradesco, Citibank e Itaú Unibanco participam. — As empresas precisam de mão de obra qualificada. O Aprendiz Legal se propõe a isso: formar capital humano de qualidade — afirmou Marcelo Bentes, coordenador institucional da Fundação Roberto Marinho. 27/11/13 00 O PAÍS Minas, Rio e SP dominam ranking do Enem Analistas destacam que desempenho depende de outros fatores além da escola, como a bagagem do aluno Aplicação da Universidade Federal de Viçosa (Coluni), também de Minas, que aparece na quarta colocação, e o Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Pernambuco, na nona. -Rio e Brasília- Uma escola particular de Minas Gerais, o Colégio Bernoulli, de Belo Horizonte, obteve a maior nota média do país nas quatro provas objetivas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2012. Das dez escolas com melhor desempenho em todo o Brasil, cinco são mineiras, incluindo a segunda colocada, o Colégio Elite Vale do Aço, de Ipatinga. O tradicional Colégio de São Bento, no Rio, melhorou de posição entre 2011 e 2012, passando da décima para a terceira posição. Considerando as 20 melhores, há seis escolas de Minas, cinco do Rio, cinco de São Paulo, e uma de Piauí, Goiás, Bahia e Pernambuco. O Enem é uma exame voluntário feito por estudantes da rede pública e privada, bem como por jovens e adultos que já concluíram o ensino médio em anos anteriores. Os resultados por escola, no entanto, consideram somente o desempenho de alunos matriculados no 35 ano do ensino médio, os chamados concluintes. A tabela com os resultados por escola do Enem de 2012 foi divulgada ontem pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). Essa tabela permite comparar notas e elaborar rankings. Das 20 escolas com melhor desempenho nas provas objetivas, 18 são particulares e duas públicas, ambas federais: o Colégio de Para garantir que as notas sejam representativas do desempenho de cada escola, o Inep só divulga resultados de colégios onde pelo menos metade dos con-cluintes fizeram as provas, sendo que o mínimo de participantes da unidade, em números absolutos, não pode ser inferior a dez. Assim, o Inep divulgou ontem as médias de 11.239 escolas públicas e privadas, o que corresponde a 43% do total de 25,7 mil estabelecimentos de ensino médio brasileiros. Ou seja, outras 14,5 mil escolas ficaram de fora do ranking por não atender às exigências de participação mírfi-ma do alunado, segundo o Inep. A diretora-executiva da ONG Todos pela Educação, Priscila Cruz, diz que o resultado por escola é um indicador que deve ser visto com cautela. Ela destaca que o ranking classifica escolas com diversos graus de participação no exame, já que há estabelecimentos onde 100% dos concluintes fizeram as provas e i outros em que o índice é de 50%. No topo, em geral, a participação é de 100% dos alunos. Mas o principal problema, segundo ela, não é esse: — Existe correlação enorme entre o nível socioeconômico das famílias dos alunos e o desempenho nas avaliações. O ranking, na verdade, é um ranking de renda, de nível socioeconômico. E o que faz uma escola ser melhor ou pior do que outra é o quanto ela adiciona de aprendizagem, o que os especialistas chamam de efei-to-escola. Como no Enem você não sabe o efeito-escola, pode ser levado a acreditar que a escola em primeiro é melhor do que a que está em 39a. Análise dos 10% de colégios com notas mais altas do país, tanto nas provas objetivas quanto na redação, mostra predomínio das particulares, 93% desse grupo. No extremo oposto, dos ; 10% de escolas com notas mais baixas, 98% são estaduais. A última no ranking das provas objetivas é a Escola Estadual Dom Pedro Massa, colégio indígena em São Gabriel da Cachoeira (AM). Continua Continuação Um modelo de exame melhor do que os antigos vestibulares, mas que, mesmo assim, tem falhas ao medir o sistema educacional é a avaliação que a educadora Andrea Ramal faz do Enem: — Não poderia ser só uma prova. O ideal é que fosse um modelo como o americano, medindo o desempenho do aluno ao longo dos anos escolares, e não só em provas, mas também em outras atividades, como apresentações. Um ponto positivo do exame, afirma Andrea, é mostrar problemas graves das redes estaduais, onde há o maior número de alunos no ensino médio: — Este ano, por exemplo, a queda das estaduais em Português pode apontar que escolas têm priorizado menos a formação de hábitos de leitura e escrita. Mas a nota do Enem não é só da escola; mostra também a bagagem dos alunos. Além disso, as melhores escolas privadas, por serem melhores, acabam se dando ao luxo de escolherem os melhores alunos; não aceitam reprovados, como o São Bento, ou fazem seleções para a entrada. Já no caso das estaduais, ficam atreladas ao secretário de Educação de plantão e ao perfil dele, se é mais educador ou mais gestor, por exemplo. 27/11/13 Especialista em avaliação e membro do Conselho Nacional de Educação, Francisco Soares aponta o que ele considera outra falha do modelo do exame: — Você não pode somar notas de Português e Matemática e tirar uma nota geral daí; o Inep não faz isso na Prova Brasil, ele primeiro padroniza essas notas, para terem pesos semelhantes. Além disso, o Enem considera notas brutas, quando o melhor é considerar notas relativas: por exemplo, a nota de um aluno ao entrar e ao sair. O que tem ser mostrado é: considerando quem você tem, até onde você chegou. Quando o objetivo, no entanto, é fazer não uma comparação geral entre todas as escolas, mas entre instituições de perfil similar, o Enem pode ser uma boa ferramenta, diz o ex-presidente do Inep Reynaldo Fernandes, professor de Economia da USP: — O importante é que sejam comparados resultados de elementos semelhantes, e não, por exemplo, escolas privadas de elite com colégios estaduais. Mas, entre escolas estaduais, se uma delas vê que seu resultado está muito pior do que outras de mesmo perfil, vai ter elementos para pensar onde precisa melhorar. Continua Continuação 27/11/13 27/11/13 00 MEC NÃO FAZ RANQUEAMENTO DE COLÉGIOS Como o MEC não divulga resultados de escolas em formato de ranking (são os jornais que elaboram essa lista a partir de uma tabela bruta divulgada pelo ministério), a posição das escolas pode variar, a depender do critério utilizado. Até 2011, ao divulgar esta tabela bruta, o MEC incluía para cada escola uma média geral que levava em conta tanto as provas objetivas quanto a redação. Esse critério era o mesmo utilizado na hora do GLOBO organizar o ranking com os colégios de melhor desempenho no Brasil e no Rio. A partirde 2012, o MEC passou a excluir a nota da redação do cálculo da média geral, eo ranqueamento do GLOBO adotou o mesmo critério. O argumento do MEC é de que a redação é a única prova que varia entre 0 e 1000 pontos. Como as notas das provas objetivas são calculadas com base na Teoria de Resposta ao Item (TRI), as escalas de pontuação são variáveis, de acordo com os desempenhos dos candidatos nas quatro áreas de conhecimento. As universidades que utilizam o Enem têm liberdade para dar pesos diferentes a cada prova na seleção de alunos. A UFRJ, por exemplo, dá peso 3 (numa escala até 10) às notas de redação. 0 mais comum, no entanto, é a universidade fazer a média aritmética por cinco das quatro áreas e da redação. O PAÍS 27/11/13 00 O PAÍS Na melhor do país, professor e material são destaques Colégios de Minas já haviam conquistado boas notas em 2012 superar rigoroso processo de seleção com provas e avaliação de currículo escolar. Ezequiel Fagundes Em Minas Gerais estão o melhor colégio particular e a melhor escola pública do país, conforme listagem de notas do Enem. Localizado no bairro de Lourdes, na Zona Sul da capital, o Colégio Bernoulli alcançou o topo. Seus 234 alunos do 39 ano conquistaram 722,15 pontos. Ligado à Universidade Federal de Viçosa, o Colégio de Aplicação, conhecido como Coluni, está no 4^ lugar no ranking geral e na Ia colocação entre públicas com a pontuação de 706,22. O atual primeiro colocado foi o terceiro no ano passado e pelo sétimo ano consecutivo aparece entre as dez melhores posições do Enem. Para estudar no Bemoulli, o aluno precisa desembolsar R$ 1.300 de mensalidade. O valor inclui material didático e direito a monitoria, simulados de avaliações e aulas extras específicas por área. Também em curva ascendente no ranking do Enem, o colégio da cidade de Viçosa já havia sido o primeiro entre os públicos e oitavo geral no último levantamento. Para conseguir uma vaga em uma das duas, é necessário No colégio particular, os alunos estudam com apostilas produzidas por editora própria, a partir de ideias da equipe de professores da instituição. Em Viçosa, 30 professores efetivos e seis substitutos trabalham em dedicação exclusiva para ensinar de 160 alunos. Os livros são dados pelo governo federal. O salário dos professores das duas redes é discrepante. Enquanto o Coluni paga de R$ 2 mil a R$ 6 mil mensais, nível de professor do magistério superior, o Bemoulli paga, em média, R$ 15 mil. Para Renata Pena Rodrigues, coordenadora de Língua Portuguesa do Coluni, a participação dos alunos é primordial para o sucesso: — Nosso perfil é de aluno dedicado, comprometido e empenhado. O Enem é consequência do nosso trabalho. Diretor e um dos sócios o Colégio Bernoulli, Rommel Fernandes Domingos tem a mesma opinião: — São jovens muito interessados. Ser dedicado aqui é normal. 27/11/13 00 O PAÍS Mercadante diz que situação de pobreza influencia notas baixas Para ministro, ranking mascara questões socioeconômicas O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, disse ontem, em São Paulo, que a política de rankings mascara algumas questões fundamentais, entre elas a condição soci-oeconômica dos estudantes no país. No ranking que considera as médias mais altas da redação do Enem, apenas uma das dez escolas é pública. Existe uma relação entre desempenho e renda. Quanto maior o índice de pobreza, em geral, as notas tendem a ser mais baixas. As escolas que estão nas periferias das grandes ; cidades, nas regiões mais pobres do Brasil, não têm o mesmo desempenho que as outras. Os alunos não têm a mesma formação ao longo da vida. Não têm as mesmas opções que as escolas de elite. Isso sempre é um recorte. Por isso a gente questiona um pouco essa política de rankings — disse ele, para quem o desafio da educação brasileira pública é ser uma educação com a mesma qualidade para todos O ministro afirmou que, em í geral, a Região Sul tem excelentes indicadores de educação. Santa Catarina e Paraná, por exemplo, são os estados que têm os melhores índices de alfabetização do país. Por outro lado, em Alagoas, 35% das crianças com até 8 anos não estão alfabetizadas. No Pará, 32%, e no Maranhão, 34%. — Há um desequilíbrio muito grande no sistema educacional entre as regiões — afirmou o ministro. 27/11/13 00 O PAÍS Continua Continuação 27/11/13 27/11/13 00 O PAÍS Tradição é marca entre campeãs do estado Continua Continuação 27/11/13 27/11/13 00 O PAÍS 27/11/13 00 O PAÍS Rio tem quarta média mais alta entre as redes estaduais do país Entre as particulares apenas, escolas do estado ocupam a sétima colocação Leonardo Vieira e Alessandra Duarte [email protected] A rede estadual de ensino do Rio de Janeiro teve o quarto melhor desempenho dentre as 27 do país no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2012. De acordo com dados cruzados pelo GLOBO, as escolas fluminenses tiveram média geral de 488,3 pontos, desconsiderando a redação, logo abaixo de São Paulo, que aparece em primeiro (501,3 pontos), e das unidades do Rio Grande do Sul (495,8) e de Minas Gerais (491,4). Já a rede privada do Estado do Rio ficou em sétimo lugar na comparação com os outros estados. Entre as particulares, as de Minas Gerais são as que apresentam melhores médias. Mas nem tudo é motivo para comemoração. Apesar de figurar entre as primeiras em 2012, a rede estadual do Rio teve piora de rendimento em comparação com o ano anterior, quando ficou no segundo lugar geral com 494,4 pontos, perdendo apenas para o Distrito Federal (495,3). As duas unidades federativas também foram as que mais caíram de 2011 para 2012. Enquanto a pontuação do Rio ficou 1,2% menor, as escolas de Brasília tiveram declínio de 1,6%. Na análise desses dados, no entanto, é preciso considerar que o Enem é um exame voluntário. O número de alunos que decidem participar da prova, portanto, pode impactar o resultado final de uma rede, e sabe-se que a taxa de participação é menor em escolas com baixo desempenho. O retrato mais fiel da qualidade do ensino no estado é dado por outra avaliação do MEC: o Ideb, cuja amostra, no caso do ensino médio, é elaborada para representar o total da rede. Analisando o fato de o Rio ter sido a terceira unidade da Federação que mais piorou no país de 2011 para 2012, a educadora Andrea Ramal afirma que variações de um ano para outro são normais: — Não significam uma tendência. A rede estadual do Rio, por exemplo, no ano anterior, tinha sido a que mais melhorou. Para apontar uma tendência, precisaríamos de notas de mais anos. 27/11/13 00 O PAÍS 27/11/13 00 O PAÍS Enem: limitações e modo de usar nálise Exame não capta características tão ou mais importantes para o sucesso no futuro Antônio Gois A divulgação de médias por escola no Enem gera todo ano um frenesi em pais, preocupados com cada oscilação nos rankings elaborados pelos jornais. O Enem, como qualquer outra avaliação educacional, tem várias limitações a serem consideradas. A primeira é que o nível socioeconômico das famílias é o fator que mais influencia (ao redor de 60%, de acordo com alguns estudos) o resultado da escola. E isso é tão sólido na teoria da avaliação educacional quanto é a lei da gravidade para a física. Um exemplo: se os alunos do São Bento, colégio líder do ranking do Enem, fossem transferidos desde pequenos para qualquer escola estadual em uma das áreas mais pobres da cidade, em pouco tempo essa escola daria um salto de qualidade absurdo, ainda que mantivesse a mesma equipe e estrutura. Ela melhoria no ranking simplesmente porque passaria a atender filhos de pais de mais alta renda e escolaridade. Outra séria limitação do Enem é que ele não avalia características que são tão ou mais importantes para o sucesso na vida adulta quanto o desempenho em testes de matemática ou português. Em estudo divulgado neste mês, o prêmio Nobel de Economia James Heckman, da Universidade de Chicago, ao fazer uma revisão da literatura acadêmica sobre o tema, comprova que características como a persistência, capacidade de superar obstáculos, trabalhar em equipe e ter controle emocional explicam mais o sucesso do que testes como o Enem. Pesquisas que acompanharam alunos ao longo da vida mostraram que pessoas com essas habilidades tinham maior renda, menor desemprego è menores taxas de criminalidade e gravidez na adolescência. Há ainda fatores que avaliação nenhuma é capaz de medir com precisão. Trabalhar valores como ética e solidariedade certamente é para alguns pais tão ou mais importantes quanto a nota de seus filhos em matemática. O que dizer, por exemplo, de uma escola que recusa alunos com deficiência porque sabe que eles poderão diminuir a média? Que lição estará passando aos alunos? Apesar de todas as limitações, o Enem não deixa de ser uma ferramenta importante para pais avaliarem escolas, especialmente se comparadas com outras de mesmo perfil. É um dos poucos critérios objetivos que existe. Só não deve, como muitas vezes acontece, ser o único. 27/11/13 00 RIO Matriculam-se meninas Continua Continuação 27/11/13 27/11/13 A2 OPINIÃO Enem, 1001 utilidades Hélio Schwartsman SÃO PAULO - Em 2009, o MEC reformulou o Enem, introduzindo uma nova metodologia para elaborá-lo --a TRI-- e passou a utilizá-lo como um vestibular nacional para as universidades federais. Foram mudanças importantes. A TRI, acrônimo para Teoria da Resposta ao Item, trouxe um pouco de ciência para as avaliações. Seus modelos matemáticos permitem comparar alunos submetidos a provas diferentes e o desempenho de um mesmo estudante ao longo do tempo. A unificação do processo seletivo, com o advento do Sisu, um leilão eletrônico para alocar vagas segundo o desempenho de cada candidato, permite um aproveitamento muito melhor da rede de instituições federais. Temo, porém, que o MEC tenha ido com muita sede ao pote e tenha empurrado para o Enem mais funções do que o exame é capaz de suportar. Além do mencionado, a prova vem sendo usada para certificar a conclusão do ensino médio (a antiga madureza), para alocar bolsas do ProUni, para avaliar escolas públicas e privadas e até para decidir quem vai passar uma temporada no exterior no Ciência sem Fronteiras. É difícil pôr no mesmo teste aquilo que é necessário para desempatar dois candidatos ultrapreparados que disputam uma vaga no curso de medicina, por exemplo, e os conhecimentos básicos que se exigem do sujeito que só quer o diploma do ensino médio. O resultado são provas ultralongas que prejudicam os estudantes pelo cansaço a que os submetem. Pior ainda quando o mesmo exame é usado também para avaliar instituições. Aí as incompatibilidades não são apenas de nível como de filosofia. Uma coisa é medir as competências do aluno e outra muito diferente aferir a qualidade da escola, objetivo que fica ainda mais difícil quando se considera que só fazem o teste os alunos que o desejam. Ao contrário da palha de aço, devemos desconfiar de uma prova que proclame ter 1001 utilidades. [email protected] 27/11/13 00 COTIDIANO Rede pública perde participação entre as escolas top do Enem Só 6,6% dos colégios entre os 10% melhores em 2012 são públicos; no ano anterior eles eram 7,9% do total Entre as 50 escolas do país com melhor desempenho, 46 são privadas, segundo dados do ministério DE SÃO PAULO DE BRASÍLIA A presença de escolas públicas entre as melhores do Brasil no exame do Enem caiu --e já era pequeno. Dados do Ministério da Educação mostram que em 2012 só 6,6% dos colégios entre os 10% melhores eram públicos. Em números absolutos, são 74 instituições, entre as 1.124 da elite do país --lista liderada pelo colégio Bernoulli, particular de Minas. No ano anterior, eram 7,9% públicas entre as melhores. A participação cai desde 2009, quando a prova foi ampliada e passou a selecionar calouros para universidades federais. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirma que as escolas privadas e públicas atendem a públicos diferentes. A rede paga conta com estudantes com melhores condições socieconômicas. Por outro lado, a rede pública abrange mais de 80% dos alunos do ensino médio. Para calcular as médias das escolas, a Folha considerou as quatro provas objetivas do Enem -linguagem, matemática, ciências humanas e da natureza. Para Fernando Abrucio, especialista em educação da FGV, as particulares estão "pegando as manhas" do Enem e preparando melhor os alunos. "Daqui a alguns anos, quando houver mais escolas públicas em período integral, pode haver mudança." Além da melhor escola de ensino médio privada, Minas também teve a melhor escola pública do país no exame de 2012. Trata-se do colégio de aplicação da Universidade Federal de Viçosa (MG). Entre as 50 escolas com melhor desempenho, só 4 são públicas, todas federais. A escola estadual "convencional" com melhor desempenho foi a Dom Aquino Corrêa, em Mato Grosso do Sul, na 1.774ª posição --na comparação são excluídos colégios como técnicos e militares. A melhor instituição pública paulista é a ETE São Paulo (escola técnica), na 53ª posição do país. O Estado tem 37 das 100 mais bem colocadas. A lista nacional considera 11.239 colégios, em que ao menos 50% dos alunos do 3º ano do ensino médio fizeram a prova. (FÁBIO TAKAHASHI, ANDRÉ MONTEIRO, SABINE RIGHETTI E FLÁVIA FOREQUE) 27/11/13 00 COTIDIANO Foco Topo do ranking está em MG, que também tem a melhor escola pública Bernoulli, em Belo Horizonte, e Colégio de Aplicação da federal de Viçosa se destacaram PAULO PEIXOTO DE BELO HORIZONTE JULIANA COISSI DE SÃO PAULO De família pobre, o engenheiro Rommel Fernandes Domingos, 39, começou a trabalhar aos sete anos de idade, mas gostava mesmo era de estudar. Foi apontador do jogo do bicho, conseguiu se formar no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e largou a engenharia para abrir a escola que queria ter frequentado na infância. Junto com o irmão Rodrigo e um amigo de faculdade, é dono do Bernoulli, a primeira escola particular do Brasil no ranking do Enem, na zona sul de Belo Horizonte. O negócio começou em 2000, com um pré-vestibular. O colégio surgiu três anos depois, e desde 2006 está entre os dez melhores do país. Em 2012, foi terceiro colocado. Para Rommel, o diferencial é um ensino que privilegia o raciocínio e o estudo intensivo. "A proposta é trabalhar com uma linguagem jovem, direta, objetiva, sempre valorizando o raciocínio e não a decoreba'", diz. Para entrar na escola, é preciso enfrentar um vestibulinho e ter os boletins dos dois anos anteriores avaliados. No ensino médio, o material didático é próprio e está incluído na mensalidade de cerca de R$ 1.300. As aulas no período da manhã se estendem, duas vezes por semana, até a tarde. Mas, na prática, segundo Rommel, os alunos acabam ficando todo o dia na escola. No terceiro ano, há aulas aos sábados --em alguns, também simulados do Enem. "O trabalho aqui é duro", afirma. APLICAÇÃO A melhor escola pública do país, no ranking do Enem, também é mineira. Para entrar no Coluni, o Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa, a relação é de 12 candidatos por vaga --mais concorrido do que o curso de odontologia na USP. O site do colégio lembra o da Fuvest: há termos como "manual do candidato", "edital" e "obras literárias" para a prova, que é feita em dois dias. No ensino médio, há 480 alunos. As aulas ocorrem apenas de manhã, mas, na prática, o tempo de estudo é quase integral, diz a professora Renata Rena Rodrigues. Pelo menos 15 dos 36 professores têm doutorado, e outros são mestres ou doutorandos. Os docentes são contratados por concurso da universidade e, como lá, seguem regime de dedicação exclusiva. Como nos vestibulares mais concorridos do país, a seleção do Coluni atrai candidatos de outras cidades mineiras e até da Bahia. Cerca de 40% dos estudantes vieram de colégios particulares. Há alunos que recebem bolsa de iniciação científica do CNPq. E o índice de aprovação em vestibulares é de 90%. "Para nós, o Enem não é meta, é só consequência", diz Renata. 27/11/13 00 COTIDIANO Depois de 155 anos, colégio São Bento vai aceitar garotas Escola é a única do Rio apenas para meninos DO RIO Única escola do Rio a aceitar apenas meninos, o tradicional Colégio de São Bento anunciou ontem que a partir de 2015 abrirá matrículas também para meninas. A exclusividade masculina vem desde sua fundação por monges beneditinos, há 155 anos. A novidade foi anunciada ontem pela supervisora pedagógica da escola, Maria Eliza Penna Firme Pedrosa. Terceiro colocado no ranking do Enem e primeiro entre as escolas do Rio, o São Bento quer permitir o acesso de meninas ao 1º ano do ensino fundamental e ao 1º do ensino médio, nos quais costuma haver provas para entrar. As meninas disputarão as vagas existentes com os meninos --não serão criadas novas vagas para elas. A expectativa da direção da escola é que as novas turmas sejam formadas metade por meninas, metade por meninos. Outra novidade anunciada ontem foi a construção de uma nova unidade na Barra da Tijuca, na zona oeste. Conhecido pela qualidade do ensino, o São Bento também tem fama pela disciplina imposta. Até pouco tempo, cabelos mais compridos eram vetados. Piercings e tatuagens não são bem-vistos. A única unidade da escola é no centro, ao lado de um mosteiro beneditino do século 16. Os alunos estudam em horário integral. 27/11/13 00 COTIDIANO Com vagas apenas para 2017, Vértice lidera nas 5 matérias Entre colégios paulistanos, escola na zona sul foi a melhor em todas as áreas Com mensalidade de mais de R$ 3.000, escola tem salas com poucos alunos e formou só 65 no ano passado DE SÃO PAULO DE BRASÍLIA O colégio Vértice, melhor de São Paulo no Enem, conforme antecipado pela Folha, tem poucos alunos por sala, mensalidade em torno de cinco salários mínimos (mais de R$ 3.000) e vagas só em 2017 -e apenas no ensino infantil. Na cidade, a escola também lidera as cinco áreas do conhecimento avaliadas pelo exame --redação, linguagem, matemática, ciências humanas e da natureza. Apesar do resultado, o Vértice afirma não ter um preparo específico para a prova. "Nosso trabalho que resulta no bom desempenho no Enem e nos principais vestibulares começa no ensino infantil", diz o diretor Adilson Garcia. Essa etapa de ensino é praticamente a única chance de entrada na escola. Para crianças e jovens mais velhos, só em casos específicos --por exemplo, se houver desistência de algum matriculado. As salas de aula começam com 15 alunos e dois professores formados. No ensino médio, o número de estudantes não passa de 30 por turma. O tamanho pequeno se estende para o colégio como um todo. Em 2012, foram apenas 65 formandos no ensino médio --o Bandeirantes (4º na cidade), por exemplo, tinha 519. No país, o Bernoulli (MG) liderou em linguagem e matemática; o Elite do Aço (MG), em ciências humanas e naturais; o São Bento (RJ), em redação. De acordo com o cientista político especialista em educação Fernando Abrucio, da FGV, as escolas privadas mineiras estão cada vez melhores no Enem porque preparam seus alunos para as universidades federais presentes naquele Estado. Para entrar nas federais de Viçosa e de Minas Gerais, por exemplo, é preciso ter uma boa nota no Enem. Especificamente em redação, quem teve bom desempenho foi o centenário Liceu de Artes e Ofícios: nesse item, ficou em 3º em São Paulo --no geral da cidade, está em 14º. Para o professor de redação, Antônio Davis, a repetição ajuda o aluno --são duas aulas semanais da disciplina. (SABINE RIGHETTI, FÁBIO TAKAHASHI, DHIEGO MAIA E FLÁVIA FOREQUE) 27/11/13 00 COTIDIANO Escolas de elite ficam de fora e questionam MEC DE SÃO BRASÍLIA PAULO DE A Folha conversou ontem com duas escolas de elite de São Paulo que ficaram fora da lista de notas no Enem divulgada pelo Inep-MEC. O Objetivo Integrado, melhor escola do Brasil no Enem de 2011, e o Santa Maria, que apareceu em 16º no mesmo ano, não tiveram suas notas divulgadas. Ambas disseram ter sido "pegas de surpresa"."Às sete da manhã já tinha gente me ligando para saber o que havia acontecido", afirma o diretor do colégio Santa Maria, Silvio Freire. De acordo com ele, a escola enviou ontem um ofício ao MEC que mostra que 104 de 120 alunos fizeram o exame. Ou seja, 86% do total de alunos do 3º ano do ensino médio da escola. Segundo os critérios do ministério, só tem nota divulgada o colégio que atende a duas condições: ter, na prova, ao menos dez alunos e 50% dos seus formandos. Freire viaja hoje a Brasília para conversar pessoalmente no MEC e entender o que pode ter acontecido. José Augusto Nasr, diretor do Objetivo, disse que já havia conversado com o MEC e que o problema era inconsistência dos dados. "Nós dissemos que havia um número de inscritos no Enem, mas no sistema do MEC havia outro. Então o sistema bloqueou a escola", disse o diretor do colégio. A pasta informou que as escolas têm até o dia 4 de dezembro para pedir reexame das informações. A partir daí, será feita uma avaliação dos casos questionados. (SR, FT E FF) 27/11/13 COTIDIANO 00 Foco Alunos de estadual top elogiam estrutura e rigor DO "AGORA" Professores e direção exigentes e boa estrutura física são apontados pelos alunos da Escola Estadual Maestro Fabiano Lozano como diferenciais que levaram a unidade a se destacar no Enem. A escola situada na Vila Mariana (zona sul) é a melhor escola pública "convencional" da capital, com nota média de 530,40 no exame. Com isso, a unidade só ficou atrás de escolas públicas "não convencionais" --de ensino técnico e ligadas a universidades. No grupo de 512 escolas da cidade, ficou na 419ª colocação. Alice Paixão, 17, do 3º ano, elogia o rigor dos professores. "Isso estimulou os alunos a estudarem mais." "Temos um prédio bem conservado, com quadras poliesportivas, laboratório de química e biblioteca. É um ambiente estimulante para o aprendizado", diz Natalia Machado, 17, do 3º ano. Ana Victória Melo, 17, elogia as aulas interativas, com filmes e documentários. "Os professores mostraram películas sobre o nazismo, por exemplo, e isso me ajudou na prova do Enem deste ano." A direção da escola afirma que a participação da comunidade, presente nos eventos realizados com os alunos, é de extrema importância para os projetos pedagógicos. Quando o foco é a melhor escola pública de todo o Estado de São Paulo, em primeiro lugar aparece a Escola Estadual Coronel Marcos Ribeiro, de Fartura (360 km de São Paulo). Ali, de acordo com o MEC, os alunos tiveram média de 544,86 pontos. O vice-diretor da escola, Luciano Soares Gabriel, 30, atribui a boa qualificação ao corpo docente. "Cerca de 90% dos professores são moradores de Fartura e [funcionários] efetivos do Estado. Eles têm a escola como a segunda a casa", afirmou. Segundo ele, a escola oferece aulas de recuperação intensiva e professores auxiliares nas salas. "Os alunos são separados por desempenho. Em turmas sem desempenho bom, o professor extra auxilia nas dificuldades. Nas salas boas, ajudam na fixação do conteúdo." A pior escola pública da capital fica no Capão Redondo (zona sul). Os alunos da Escola Estadual Martinho da Silva, tiveram média de 446,06 pontos no Enem. Segundo pais, invasores pulam o muro da quadra para usar drogas "a qualquer hora do dia ou da noite", atrapalhando os alunos. 27/11/13 00 COTIDIANO Bullying Francisco Daudt Na escola, os 'amiguinhos' se estranham pelo jeito diferente; e assim começam os apelidos e as agressões Ver uma criança crescer é como assistir a história da espécie em câmera rápida. Depois de um tempo, ela se põe de pé, começa a falar e agir como o troglodita que um dia fomos (fomos?): não tem os polimentos da civilização, não é hipócrita, demonstra seus sentimentos sem máscaras, tem raiva, bate, morde, chora, é possessiva, ciumenta, come com as mãos e estranha quem não é da sua tribo (a família). Até hoje, entre tribos de caçadores-coletores da Papua Nova Guiné, se dois estranhos se encontram numa trilha, começam a desfiar seus parentes um para o outro, na tentativa de encontrarem algum em comum. Se não encontram, partem para uma luta de morte: o estranho é o inimigo. Mas está chegando o momento histórico em que o troglodita se aproxima da Cidade-Estado, criada há 10.000 anos no crescente fértil da mesopotâmia, onde a espécie, por ter domesticado plantas e animais (inventando a agricultura e a pecuária), não precisa caçar nem coletar, não precisa ser nômade, pode se estabelecer num só lugar onde estranhos convivam, e até cooperem, em vez de lutar. Este lugar, para a nossa criança, é a escola. O choque cultural é inevitável. Lembro que uma paciente propagandeava as vantagens da escola para sua filha, onde ela iria encontrar "amiguinhos" para brincar. "E então?" perguntou à filha, que voltava de seu primeiro dia escolar. "Mãe, os amiguinhos' mordem! Os amiguinhos' batem!" E os "amiguinhos" se estranham, pela aparência diferente. É assim que começa o bullying. Apelidos, agressões, lei do mais forte, alunos que atacam professores em bando, professores que molestam alunos, que incentivam maus tratos (quando o nome muda para "assédio moral", base para processo na Justiça, algo a ser resolvido fora da escola). Sabemos disso, mas, por que isso vem se tornando mais problemático? Tenho uma hipótese histórica. Quando a Cidade-Estado foi inventada, a principal mudança civilizatória na vida do troglodita foi que, para conviver com estranhos, teve que abrir mão de fazer justiça por si mesmo, e a violência se tornou monopólio do Estado. Ele estabelecia leis a serem cumpridas, e punições para seus transgressores, sob o comando da Autoridade máxima, (o Tirano, um título, não um xingamento). Não existe, portanto, civilização sem lei, sem direitos e deveres, sem punição para os transgressores, sobretudo, não existe civilização sem "Autoridade". Sabemos intuitivamente disso, quando dizemos que pais bananas produzem filhos trogloditas. A democracia, ao tomar horror do tirano, muitas vezes confunde autoridade com autoritarismo, e assim, deixa de exercê-la. Resulta em um pudor e uma leniência com a aplicação da lei, que tolera a existência de "black blocs", invasores de propriedade alheia, depredadores de bens públicos e particulares... e bullying. A escola precisa ensinar civilização. Precisa de ter autoridade clara, leis claras, punições correspondentes executadas. É uma oportunidade de ensinar que a democracia não pode ser banana, caso contrário se perderá, e a tirania retornará. www.franciscodaudt.com.br 27/11/13 00 METRÓPOLE Rede privada piorou mais que pública e puxou nota do Enem 2012 para baixo Os resultados por escola no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2012 mostram que a rede privada piorou mais que a pública em comparação com 2011, puxando a média das notas para baixo sobretudo em São Paulo, Entre escolas particulares paulistas, 47% daquelas que tiveram os resultados dos dois últimos anos divulgados registraram queda na média geral. Entre as públicas, esse porcentual foi de 34%. O mesmo ocorre em todo País: 45% das privadas caíram entre 2011 e 2012, enquanto a queda nas públicas chegou a 40%. As médias são calculadas com base nas notas das quatro áreas da prova (Linguagens, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Matemática). Com o método matemático adotado, é possível comparar o desempenho teoricamente, os exames sempre têm o mesmo grau de dificuldade. Das 11.239 escolas que aparecem na lista do Enem de 2012, 6.833 tiveram dados em 2011. Entre essas, a média geral das notas caiu 3%, de 537 "para 521 pontos. O recorte foi realizado pelo Estadão Dados. Entre as instituições que tiveram os dados nos dois anos, houve queda em todas as redes na área de Linguagens (Português e Língua Estrangeira). A rede privada, entretanto, teve a maior queda nessa área, de 6,1%. A rede particular foi a única que teve queda na média na área de Ciências da Natureza. A diretora do Todos Pela Educação, Priscila Cruz, vê informações importantes, mas diz que é preciso ter cautela. "Os resultados não podem ser ignorados, mas é importante saber que é apenas um retrato", observa. "No ranking, parece que a rede particular é muito melhor que a pública, o que nem sempre é verdade." Na mé-; dia geral das quatro áreas, a re-; de privada tem nota 20% maior que a pública (mais informações na pág. 20). Recursos. Entre as 20 escolas que ocupam o topo do ranking, apenas 4 são do Estado de São Paulo - no ano passado, eram 6. Para ter as médias divulgadas, as unidades precisam ter ao menos dez alunos no Enem e 50% de seus concluintes. O critério deixou escolas tradicionais de fora e algumas unidades já anunciaram que vão recorrer. E o caso do Objetivo Integrado, de São Paulo, que no ano anterior ficou em 1.° no ranking. Segundo a escola, cinco alunos que não seriam da escola teriam sido registrados no Enem e outros dois ainda estariam fora da base. A escola afirma que os resultados de seus 40 alunos que fizeram a prova a colocam em primeiro lugar no País. O Objetivo Integrado de Mo-gi das Cruzes também vai ingressar com recurso, bem como o Santa Maria, da capital paulista. "Esses números são importantes para avaliar e planejar aulas", diz Silvio Freire, diretor de ensino médio do Santa Maria. O Instituto Dom Barreto, de Teresina, no Piauí, estava no 5.º lugar em 2011 e não apareceu agora. "A divulgação é importante não pelo ranking, mas porque as notas nos permitem melhorar", diz a diretora, Maria Stela Rangel. Em Minas, Estado que lidera o ranking, unidades de colégios tradicionais, como o Santo Agostinho, Santo Antônio, Colégio Loyola, Santa Doroteia e Collegium também ficaram de fora do ranking e prometem entrar com recurso. O Inep informa que os recursos são previstos até 4 de dezembro. Médias. Considerando todas as escolas, incluindo as que aparecem só em 2012 e estavam foram no ano anterior, apenas quatro unidades da federação têm mais da metade das escolas com notas acima da média nacional: São Paulo, Bahia, Rio e Distrito Federal. No Estado do Acre, o pior colocado, só 15,1% das unidades tiveram desempenho acima da média. Na cidade de São Paulo, as 512 escolas do ranking têm uma diferença de 60% de nota média. As escolas das regiões central e oeste concentram as melhores notas - a zona leste fica em último. / Continua 27/11/13 Continuação Barbara Ferreira Santos, Laura Maia, Marina Azevedo, José Roberto de Toledo, Paulo Saldana e Victor Vieira rede particular é boa, quando a gente sabe que o setor público e o setor particular atendem pessoas com perfis e condições diferentes" Diferenças Sílvia Collelo "Com o ranking, parece que só a Professora de Educação da USP 27/11/13 00 METRÓPOLE Mensalidades das 10 melhores da capital variam até 186% A diferença no custo da mensalidade do 3.° ano do ensino médio entre os dez colégios particulares da cidade de São Paulo que mais se destacaram no ranking do Enem 2012 chega a 186% para o próximo ano letivo, segundo levantamento feito pelo Estado. Não será possível estudar, em 2014, em uma escola top no Enem pagando menos de R$ 1.345? que será o preço cobrado no Colégio Agostiniano Mendel, o 9.0 colocado. A escola mais cara é a primeira colocada no ranking: o Colégio Vértice - Unidade II, em Campo Belo, na zona sul, com mensalidade de R$ 3.854. O segundo mais caro é o Colégio Santo Américo, no Morumbi, também zona sul, cuja mensalidade em 2014 será de R$ 3.382. Em seguida vem o Colégio Palmares, de Pinheiros, na zona oeste - o 7.0 colocado no ranking com mensalidade de R$ 3178. Depois, o Colégio Mobile, de Moema, na zona sul, por R$ 2.750 - o segundo no ranking. O preço médio da mensalidade das instituições considerando as dez primeiras escolas é de R$ 2.663. Embora haja grande oscilação no preço, o perfil dessas escolas de São Paulo é semelhante. Entre as cinco primeiras, todas têm ou aulas em período integral ou atividades complementares à tarde. Vértice e o Bandeirantes têm aulas preparatórias para os principais vestibulares, simulados e acompanhamento vocacional. No Vértice, foram feitos cerca de 20 simulados no ano passado do ensino médio voltados para aos principais vestibulares. Segundo o diretor do colégio, Adilson Garcia, a boa colocação se deve a um trabalho de base. "É o resultado de muita dedicação dos alunos e professores ao longo de muitos anos", disse. Entrar em uma dessas escolas, contudo, não é fácil. As cinco primeiras chegam a fazer provas e até entrevistas. E muitas das escolas nem sequer abrem matrícula no 3.0 ano, como Vértice, Mobile e Bandeirantes. Desempenho. Quem passa nesses colégios, contudo, consegue não só boas colocações no Enem como vagas nas principais faculdades. É o caso de Mateus Cavarzan Lopes, de 19 anos, que fez o 3.º ano do ensino médio do ano passado no Vértice. Apenas com as aulas na escola, em período integral, e sem cursinho, ele conseguiu passar em Medicina na Universidade de São Paulo (USP). "A preparação no colégio não é só para o Enem, mas para todos os vestibulares. Vai além do conteúdo", afirma. E o foco na formação interdisciplinar é comum em todas as escolas. No Colégio Santa Cruz, a escola promove debates, trabalhos de ação social e curso de ética e cidadania. "A formação é muito densa desde o início do ensino fundamental. O Enem é um referencial muito importante, mas não é o único indicador de qualidade", explica o diretor-geral, Fábio Aidar. O coordenador do Colégio Santo Américo, quinto colocado no ranking, afirma que para se destacar no Enem tem de ensinar o aluno a se preparar para as provas - física e psicologicamente. "O aluno não pode ter uma aprendizagem livre, então é preciso priorizar tanto conteúdo quanto desenvolvimento", disse Miguel de Toledo Arruda. Para o Bandeirantes, o diferencial é o foco na formação dos professores. "Somos uma escola que é reconhecida. Porque o Continua 27/11/13 Continuação Bandeirantes investe mais no professor. Desde um salario bom, consideração pelo profissional, o investimento no continuo preparo dos professores. Por exemplo, "Nós mandamos os professores para congressos nacionais e internacionais, cursos de pósgraduação. Incentivamos o estudo do professor. Isto nos diferencia de outros colégios", afirma Mauro Salles Aguiar, diretor-presidente do colégio. Diferenças "Valeu todo o investimento que eu fiz no colégio. Com certeza o colégio me ajudou para passar em Medicina na USP e no 17.0 lugar no mesmo curso na Unifesp. Tudo o que aprendi e que mé fez passar nesses vestibulares vem do Vértice. Lá nós somos uma família e o diferencial é a relação que tínhamos com os professores." Mateus Cavarzan Lopes Ex-aluno do vértice e estudante de medicina na USP 27/11/13 00 METRÓPOLE Em SP, privadas têm nota 17% mais alta que estaduais Os dados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2012 divulgados ontem reafirmam discrepâncias históricas entre escolas públicas e privadas. Na média, a nota nas disciplinas objetivas (Matemática, Linguagens, Ciências da Natureza e Ciências Humanas) das particulares paulistas é 17,1% mais alta do que o desempenho da rede estadual, se descontadas as notas das escolas técnicas. Enquanto a média das privadas é de 571,17 pontos, as públicas paulistas, sem as técnicas, têm 487,9. No País, a diferença entre públicas e particulares sobe para 20,3%. No Estado de São Paulo, pelo menos 165 escolas técnicas aparecem na lista e sobem a média da rede estadual para 501,27 pontos. No ranking das públicas estaduais, com 889 instituições, a primeira da rede convencional está apenas na ii3.a colocação: a Escola Estadual Coronel Marcos Ribeiro, no município de Fartura, a cerca de 360 km da capital. Já no ranking de todo o Estado - com escolas das redes municipais, estadual e federal, além das privadas - a escola cai para a 1.233.ª posição, de 2.418 unidades. A melhor entre as públicas paulistas é a Escola Técnica Estadual de São Paulo. Para o diretor da Escola Estadual Coronel Marcos Ribeiro, Luciano Soares Gabriel, a diferença entre o trabalho nas instituições públicas e nas particulares está nas demandas dos estudantes. "Na rede privada, o principal é passar o conteúdo. Já nas públicas, temos de dar grande apoio aos alunos, do ponto de vista psicológico e social", afirma ele, que também leciona na rede privada. Quanto ao bom resultado da Escola Coronel Marcos Ribeiro em relação às outras estaduais, ele acredita que um dos maiores trunfos é a atenção diferenciada de acordo com o perfil do aluno. "Eles são separados pelo desempenho, para que possamos dar o foco necessário para cada tipo de sala", explica. Segundo ele, outro diferencial importante é a organização do colégio, que cobra disciplina. A Secretaria da Educação do Estado informa que "todas as escolas estaduais trabalham com o compromisso de universalização ao acesso e à formação integral dos alunos, sem qualquer seleção prévia dos estudantes, o que impossibilita a comparação com o sistema de ensino particular". Avaliação injusta. De acordo com a professora da Faculdade de Educação da USP, Paula Louzano, a nota do colégio não indica a qualidade do ensino. "É injusto comparar escolas inseridas em contextos socioeconômicos desiguais", alerta. Para ela, o Ministério da Educação não deveria divulgar a nota por escola. Também da Faculdade de Educação da USP, o professor Romualdo Portela concorda que a comparação é inadequada. "É natural que técnicas e federais tenham nota mais alta, por exemplo, porque fazem vestibulares que já selecionam os melhores estudantes", avalia. As escolas federais mais uma vez de destacaram no ranking nacional. Além do 4.º lugar do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa (UFV), o Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) ficou entre os dez melhores, na 9.ª posição. Para ingressar na escola, que promove um processo seletivo no 6.° ano do ensino fundamental, é preciso fazer uma prova em que a concorrência é de 26,6 candidatos por vaga. Já o Colégio Politécnico da Universidade Federal de Santa Maria, mo Rio Grande do Sul, 3ª melhor escola pública do País e 23.º colocado no ranking geral, 20,37 alunos disputaram cada uma das 35 vagas da instituição no último ano. / Marina Azevedo, Paulo Saldana e Vitor Vieira Continua Continuação 27/11/13 27/11/13 00 METRÓPOLE 27/11/13 00 METRÓPOLE 27/11/13 00 METRÓPOLE 27/11/13 00 METRÓPOLE Mineiros são o destaque entre os dez primeiros Marcelo Portela Belo Horizonte Pela primeira vez, uma escola de Minas lidera o ranking, superando as paulistas. Trata-se do Colégio Bernouli - Unidade Lourdes. Além disso, instituições do Estado ocupam cinco dos dez primeiros lugares nas quatro áreas de conhecimento objetivo da avaliação. No entanto, na lista dos 50 melhores, São Paulo ainda tem 20 locais, seguido do Rio, com 12 e Minas com 9. Ao todo, colégios do Sudeste ocupam 43 posições - com média mínima de 665,19. Segundo Rommel Fernandes, diretor do Colégio Bernoulli de Belo Horizonte, a boa colocação é resultado de "muito trabalho". A instituição obteve média de 722,15 pontos, apor meio de uma associação entre alunos esforçados, professores altamente qualificados e material didático de qualidade". "A equipe também consegue falar a linguagem dos alunos, mais descontraída. E priorizamos o raciocínio, em vez de decoreba. O Enem é um exame moderno e leva em consideração essa capacidade de raciocínio." Pelo sétimo ano consecutivo, a escola ocupa lugar de destaque no ranking mineiro. Para comemorar, promoverá um churrasco para os estudantes que fizeram as provas em 2012. Apesar de questionar a ausência de algumas instituições tradicionais de Belo Horizonte na lista, o diretor do Colégio Magnum Agostiniano (oitavo na lista, com média de 694,67 pontos) , também festejou o resultado do colégio que, de acordo com ele, dá prioridade ao desenvolvimento de "habilidades e competências", como previsto no Enem. "Damos ênfase também no conteúdo", salientou. E aproveitou para elogiar o exame por incentivar a "resolução de problemas com foco social". Pré-vestibular. Já André Ricardo de Castro, coordenador pedagógico do Colégio Elite Vale do Aço, em Ipatinga, a 150 quilômetros de Belo Horizonte, a boa classificação da escola dá "tranquilidade", pois permite saber que "o caminho pedagógico está certíssimo". Pelo segundo ano consecutivo a instituição ocupa o 2.º lugar no ranking teve média de 720,88 em 2012. O colégio originou-se de um prévestibular e, segundo Castro, o bom desempenho se deve à mistura de professores experientes com docentes mais jovens. O processo incluiu ainda provas simuladas até aos sábados. "Em uma escola boa, que , fornece bom preparo, o aluno se dá bem em qualquer prova ou avaliação que for aplicada", disse. / Colaborou Florence do Couto Santos, especial para o Estado. Mariana Torres, 17 anos, que estuda no Bernoulli desde o 1Q ano do ensino médio "Toda quarta tem prova de 2 matérias" Eu fui a única da minha sala na outra escola que ingressei no Bernoulli. Vim para cá e adorei. E meus colegas que não passaram estão bem piores do que eu. O Bernoulli prepara muito mais a gente. Toda quarta-feira tem prova de duas matérias. E tem 4 ou 5 provas de cada uma das matérias, porque cada professor dá uma parte da matéria e faz a uma prova diferente. Esse ano foi muito mais pesado, com provas e Enem. Continua Continuação 27/11/13 27/11/13 00 METRÓPOLE Continua Continuação 27/11/13 27/11/13 00 METRÓPOLE Piores, no Norte, não alcançam 400 pontos Lisandra Paraguassu / Brasília As escolas estaduais Dom Pedro Massa, em São Gabriel da Cachoeira (AM), Retiro Grande, em Cachoeira do Arari (PA), e Coronel José Plácido de Castro, em Porto Acre (AC), têm algo em comum foram as únicas que obtiveram médias no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2012 inferiores a 400 pontos. As três tiveram os piores resultados no exame e são um retrato das maiores dificuldades enfrentadas pelo ensino médio. Na sua maioria, as piores escolas estão nas Regiões Norte e Nordeste - 75 das 100 piores notas - e em municípios do interior. Amais de 800 km de Manaus, São Gabriel da Cachoeira fica encravada na Floresta Amazônica. Das três escolas do município cujos alunos fizeram o Enem, a Dom Pedro Massa foi a que teve o pior resultado. Nenhum dos 10 estudantes avaliados conseguiu nota superior a 500 pontos em nenhuma das quatro áreas nem na redação. A situação não é diferente nas outras duas escolas na lanterna. Responsáveis por abrigar mais da metade dos alunos que fizeram o Enem, as redes estaduais de ensino têm também a maioria das escolas com resultados ruins. As 711 piores notas são estaduais. Apenas na 712.º posição aparece a pior escola municipal - o Colégio Municipal Agripina de L. Pedreira fica em São Gonçalo dos Campos (BA) e teve média de 443,54 pontos. A instituição privada na pior classificação está em 732.0 lugar. É a Escola Técnica de Comércio de Alagoas, de Maceió. Os resultados deste ano não podem ser classificados como bons - em 1.028 escolas, a média dos estudantes é inferior a 450 pontos, o que significa que não têm ainda as competências e habilidades mínimas esperadas para alguém que termina o ensino médio. Ainda assim, no Enem de 2011, 14 escolas tiveram resultados inferiores a 400 pontos, em vez das três deste ano. A pior delas, o Centro de Ensino Aquiles Lisboa, em São Domingos do Azeitão (MA), tinha média de 383,7 pontos. Neste ano, subiu nove posições e sua média alcançou 406,4. Os resultados mostram a distância que ainda separa as redes de ensino médio no País. Apesar de apenas uma escola estadual estar entre as cem melhores - o Colégio Técnico de Campinas, ligado à Unicamp -, os 215,5 melhores alunos das escolas públicas têm médias superiores às das privadas. "A dificuldade do ranking é que são escolas muito diferentes. Uma na periferia, com dificuldades de estrutura, quando se compara com uma em um bairro de luxo, está sempre em desvantagem", afirmou o ministro da Educação, Aloizio Mercadante. "A média mascara a estrutura das escolas e dos próprios estudantes." 27/11/13 00 METRÓPOLE Análise: Ocimar Alavarse Exame mostra que é preciso democratizar o ensino médio A publicidade dos resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2012 pelo MEC, mais uma vez, enseja debates sobre a pertinência e relevância de tal prática. Quanto à pertinência, o primeiro questionamento é sobre a elaboração de rankings, porque não seria esta a principal atribuição de um exame. Contudo, a consolidação do Enem como vestibular nacional, ainda que um processo inconcluso, inexoravelmente faz realçar sua natureza classificatória para hierarquizar candidatos e, consequentemente, suas escolas. Isso destacaria como objetivo central da escola de ensino médio a preparação para a disputa em torno de alguns cursos na educação superior, posição sustentada muitas vezes em nome do mérito. O impacto dessa posição estaria na organização do currículo em torno das matrizes do Enem e na disseminação da disputa entre os alunos em detrimento de outras alternativas. No que tange à relevância, apesar dos aperfeiçoamentos na difusão de informações pedagógicas, os dados, por um lado, confirmam o abismo que existe entre as escolas públicas da imensa maioria dos alunos - 87% das matrículas - e as privadas. Por outro lado, paradoxalmente, esta é uma verdade na média, pois, quando estudamos a distribuição das notas das escolas, mais da metade das escolas privadas tem um desempenho médio abaixo de 560 pontos, o que corresponde ao desempenho de até 98% das escolas públicas. Ou seja, no afã de propalar a superioridade de um tipo de escola, esconde-se que isso é só meia verdade. O que nos leva a ponderar que, se o Enem não democratiza o acesso à educação superior, este exame revela a necessidade de se democratizar o ensino médio, compreendendo esta tarefa com a da elevação dos patamares de aprendizagem de nossa juventude, em várias dimensões. É PROFESSOR DA FACULDADE DE EDUCAÇÃO DA USP 27/11/13 00 METRÓPOLE Entrevista: Rodrigo Travitzki, doutor em Educação pela USP "O ranking é um indicador muito pobre" O ranking com os resultados do Enem faz um bom retrato das escolas? Sou a favor de indicadores de qualidade, mas não sou a favor do ranking. Ele é uma forma de indicador bem pobre. Você posiciona as escolas como se fossem times de futebol: primeiro, segundo, terceiro, e tem sempre um vencedor e um perdedor. Mas, para a educação, isso é muito perigoso. Por que perigoso? A diferença entre a primeira escola e a décima no ranking não é uma diferença estatisticamente relevante. Ou seja, ela não é uma diferença de fato. A ideia dos indicadores em si, e não do ranking, é a parte boa, que eu acho que era um pouco a intenção do Inep no início. A ideia é que escolas não podem ser uma caixa-preta e precisam mostrar o que elas fazem. Elas estão fazendo um serviço público. Mesmo as escolas privadas fazem um serviço público, um serviço para todos. Então, é claro que as pessoas precisam saber o que está acontecendo dentro das escolas. Como fazer isso então? É preciso ter avaliações externas e internas. Hoje damos muita importância às avaliações externas e o que precisamos é dar para a escola a oportunidade para que ela se avalie seguindo seus próprios critérios. E a comunidade deve participar disso. Muitas vezes, uma boa escola é aquela que atende bem à sua comunidade. No ranking, o que mais influencia a posição de uma escola é a escolaridade dos pais e a renda da família. O capital cultural e o capital econômico chegam a explicar 87% da nota. Como você escolheria uma escola hoje? Eu conversaria com as pessoas e visitaria a escola. Olharia os números? Olharia, claro, porque a gente gosta de números. Mas não daria atenção para eles. Eu conversaria com pessoas que têm filhos nessas escolas, daria uma olhada no recreio, veria como são as aulas. 27/11/13 00 METRÓPOLE Alunos de 6 faculdades deixam de fazer Enade Bárbara Ferreira Santos Paulo Saldana Victor Vieira Alunos de ao menos seis faculdades que fizeram o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) no domingo passado não conseguiram fazer a prova, aplicada pela Fundação Gesgranrio, na unidade Consolação da Universidade Mackenzie, no centro de São Paulo. Entre as instituições afetadas estão a Faculdade Santa Marcelina, as Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), a Universidade Paulista (Unip), a Universidade Cidade de São Paulo (Unicid), a Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul), a Faculdade São Camilo e a Universidade Mackenzie. O exame avalia o desempenho de estudantes do último ano de 17 cursos, entre eles Medicina, Enfermagem, Medicina Veterinária, Nutrição, Odontologia e Farmácia. Aprova é obrigatória para quem cursa o último ano da graduação. Quem não a faz, não pode colar grau e se formar. Segundo as instituições, os alunos que foram ao local tiveram salas trocadas, atrasando a prova em mais de uma hora. Os estudantes também dizem que os fiscais deram a orientação para só preencher a primeira parte do exame. Alunos teriam sido impedidos até de levar o caderno de questões. A estudante de Farmácia Ivy Martins, de 27 anos, que estuda no Mackenzie, não conseguiu informação sobre onde os alunos cujos nomes começavam com a letra "I" fariam a prova. "Uma das listas tinha nomes de A a "H" e a outra ia do T até o fim do alfabeto. Além dessa desorganização, só fui liberada às 16h", reclama. Segundo ela, os organizadores improvisaram até atestados de presença aos alunos prejudicados para indicar que compareceram. Reivindicação. Segundo o Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo, já foi feito um pedido coletivo de esclarecimento ao Ministério da Educação (MEC). "O que não aceitaremos é que alunos ou instituições sejam prejudicados, já que o Enade é utilizado para calcular o Conceito Preliminar de Curso e obrigatório para colar grau", diz Rodrigo Capelato, diretor executivo. Ele explicou que o sindicato vai aguardar o parecer do MEC para tomar outras providências. A FMU e a Faculdade Santa Marcelina informaram que também vão acionar o Inep por causa dos problemas ocorridos. "O mais certo seria anular o exame para todos. Se for apenas para o nosso curso, ficamos sem conceito, o que será uma injustiça", explica o diretor da área de Saúde da FMU, Marcus Vinícius Gava, que estava no local no último domingo, quando a. prova foi aplicada. O Mackenzie afirmou, por meio da assessoria, que só é responsável pela estrutura e segurança do prédio e não pela aplicação. O local foi alugado para a aplicação do Enade. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) afirmou que nenhum est udante será prejudicado, pois os nomes foram registrados para atestar o comparecimento do aluno no local de prova. Disse também que as instituições não serão penalizadas quanto ao cálculo do conceito Enade, uma vez que essa análise só considera as provas que são corrigidas. A assessoria de imprensa da Cesgranrio não foi localizada. 27/11/13 00 METRÓPOLE Programa pode reduzir verba para pesquisa Projeto de lei prevê que Ciência sem Fronteiras fique com uma parte do fundo que financia programas científicos Herton Escobar ENVIADO ESPECIAL / RIO Ciência O programa Ciência sem Fronteiras (CsF),principal bandeira do governo Dilma Rousseff no campo da educação superior, está se tornando uma preocupação financeira para a comunidade científica nacional. Segundo o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) 2014, apresentado pelo governo federal ao Congresso em agosto, o programa deverá abocanhar no ano que vem uma fatia de quase R$ 1 bilhão do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), principal bolo de dinheiro federal que alimenta editais e programas de pesquisa do setor. O valor representa cerca de um terço do dinheiro total do fundo, que deverá encolher cerca de R$ 38,6 milhões em 2014, segundo o PLOA, fechando o ano em R$ 3,38 bilhões. O Ciência sem Fronteiras deverá ficar com R$ 985 milhões disso, além de R$ 417 milhões que já estão reservados para o programa no orçamento direto do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), órgão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) que gerencia o CsF em parceria com a Capes, do Ministério da Educação (MEC). No total, o programa deverá receber R$ 1,4 bilhão em recursos da área científica em 2014. Consequentemente, o bolo de dinheiro federal disponível para investimentos em pesquisa será significativamente reduzido, segundo pesquisadores ouvidos pelo Estado no Fórum ; Mundial de Ciência, que ocorre esta semana no Rio. "Precisamos de recursos para pesquisa", disse o matemático Jacob Palis, presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC). "De alguma forma esse valor (destinado ao Ciência sem Fronteiras) terá de ser compensado. Caso contrário, o impacto na pesquisa vai ser grande", afirmou Palis. "O impacto é trágico", resumiu a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC),Helena Nader. O CNPq é a maior agência de i fomento à ciência 110 País, e muitos dos seus programas de financiamento dependem diretamente do FNDCT. O orçamento direto do órgão deverá crescer ligeiramente (cerca de 10 milhões) em 2014, chegando a R$ 1,73 bilhão, segundo o PLOA, mas a maior parte desse valor (cerca de R$ 1 bilhão) é obrigatoriamente destinada ao pagamento de bolsas (sem contar os R$ 417 milhões reservados para bolsas do CsF). Programas- É a primeira vez que recursos do fundo são usados para bancar o Ciência sem Fronteiras. Entre os programas do CNPq que deverão sofrer reduções estão os Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs), o Programa de Capacitação de Recursos Humanos para o Desenvolvimento Tecnológico (RHAE-Pesquisador na Empresa), e o Edital Universal, que financia cerca de 3,5 mil projetos de pesquisa por ano, além de outros editais e parcerias do CNPq com os Estados de uma forma geral. CORREIO BRAZILIENSE 27/11/13 BRASIL 00 O ranking da discórdia de que os dados estão equivocados. “Achamos que houve um erro de cruzamento entre as informações de presença no Enem e o que consta no Educacenso”, ressalta. Ontem, a escola cobrou uma explicação do Inep, mas é necessário seguir o protocolo comum de pedir a revisão dos dados. Educadores de colégios do Recife discutiram os resultados do Enem Representantes de colégios que ficaram de fora da lista das melhores escolas do país reclamam da metodologia adotada pelo governo para divulgar os dados do Enem. Brasília, Recife, Belo Horizonte e São Paulo estão entre as capitais com mais reclamações » GRASIELLE CASTRO » MANOELA ALCÂNTARA No dia em que muitas escolas comemoraram as boas colocações nas listas das melhores do país, outras que costumavam compor o topo do ranking do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) reclamaram por não terem sido nem citadas e prometem questionar o Ministério da Educação. Assim como no ano passado, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) só divulgou as informações dos colégios que tiveram mais de 50% do alunos matriculados no 3º ano entre os que participaram da prova. Essa regra, por exemplo, fez com que o Olimpo, primeiro do ranking no Distrito Federal no ano passado, fosse excluído. A direção da escola é enfática: tem certeza de que pelo menos 90% dos alunos concluíram os dois dias de provas, em outubro do ano passado. O impasse se repete no restante do país. Escolas tradicionais como o Santo Antônio, de Belo Horizonte, não figuram entre as divulgadas. O sócio-proprietário e diretor de ensino do Olimpo, Rodrigo Bernadelli, afirma ter certeza Segundo Bernadelli, em três anos de participação no Enem, nunca houve percentual menor do que 85% de estudantes que fizeram a prova. “Perguntamos em sala de aula, e a taxa do ano passado ficou em 95%. Não entendemos o que aconteceu.” No ano passado, quando a metodologia mudou, o Colégio Militar de Brasília, que dominava os rankings das melhores públicas do DF, foi excluído pelo sistema. Em São Paulo, o Colégio Objetivo Integrado, melhor do país em 2012, também não apareceu na lista. A assessoria da instituição argumenta que pode ter ocorrido um erro dos estudantes na hora da inscrição. Segundo o Objetivo, o Inep informou que existiam 43 alunos inscritos e o Censo Escolar apontava que a escola tinha 42. A escola acredita que alunos de outras unidades da escola podem ter errado na hora de responder o cadastro e colocado a unidade Objetivo Integrado, que é um “colégio dentro do colégio”. A instituição afirma que a média das notas dos alunos é 740,81, o que seria a maior nota do país. Continua 27/11/13 Continuação Amostragem Em Belo Horizonte, o Santo Antônio e o Santo Agostinho tinham posto garantido entre as 30 melhores do país e também ficaram de fora. Lá, os diretores das escolas se reuniram para decidir o que fazer. De acordo com o diretor-geral do Santo Antônio, frei Jacir de Freitas Farias, eles vão apresentar uma representação no MEC. “É um prejuízo muito grande para nós e para os alunos. Ver que não estamos nem na tabela de dados é uma decepção muito grande. Já estamos conversando com outros colégios lesados vendo a possibilidade de pedir danos morais”, lamenta. No Recife, o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de Pernambuco (Sinepe) contestou a lista. Eles reclamam do novo critério que deixou de fora escolas como Colégio Boa Viagem, Damas, Exponente, Santa Maria e Equipe. Na segunda-feira, o ministro Aloizio Mercadante explicou que os critérios atendem a necessidade de considerar uma amostra minimamente razoável. “Menos de 10 alunos não têm relevância. A escola pega só os melhores e faz o Enem e a média dela fica lá em cima, mas essa não é a realidade”, alegou. O ministro, entretanto, criticou a comparação com base nas médias. “A média mascara coisas essenciais que são as condições sociais econômicas, educacionais de cada escola, de cada estudante”, pontuou. De acordo com o Inep, as escolas que se sentiram injustiçadas têm um prazo de 10 dias para questionar os dados. Os critérios Confira quais são as regras para entrar no banco de dados do Inep » Contar com a participação de 50% ou mais alunos no Exame Nacional do Ensino Médio, em relação ao total de estudantes concluintes das respectivas escolas. » Ter no mínimo 10 estudantes participantes do Enem do ano passado, entre os estudantes declarados ao Censo Escolar 2012. Composição do ranking » É calculada a média da nota das quatro áreas do conhecimento (linguagem e códigos; matemática, ciências humanas; ciências da natureza) avaliadas pela Teoria de Resposta ao Item (TRI). Por esse método, a pontuação obedece ao grau de dificuldade do item. Quem acerta cinco de 10 questões, não necessariamente tira nota 5. » A nota da redação não é incluída na conta. » Foram usados os dados das 11 mil instituições e de 683,8 mil alunos, todos concluintes da educação básica, divulgados pelo Inep. CORREIO BRAZILIENSE 27/11/13 BRASIL 00 Colégio Militar volta ao topo Entre as instituições públicas do DF, a primeira colocada é ligada ao Ministério da Defesa e a segunda, ao Corpo de Bombeiros » André Shalders Mantendo o bom desempenho conquistado em anos anteriores, as instituições militares de ensino encabeçam o ranking do Enem de 2012 das unidades públicas do Distrito Federal. Após um ano fora da lista, o Colégio Militar de Brasília (CMB), ligado ao Ministério da Defesa, ficou em primeiro lugar entre as escolas públicas, com nota média de 610 pontos nas provas objetivas — considerando as particulares, estaria em 11º (confira o ranking abaixo). O Colégio Militar Dom Pedro II, mantido pelo Corpo de Bombeiros do DF e destinado aos filhos dos integrantes da corporação, está em segundo lugar no ranking das instituições públicas. Em comum, as duas escolas têm a carga horária diferenciada, boa infraestrutura física e o incentivo a projetos extracurriculares, como clubes de xadrez, grupos de estudo, entre outros. “Até por ser uma instituição militar, existe um incentivo muito grande para que os alunos tentem se superar, chegar na frente”, comenta Sílvio Félix, 15 anos, aluno do 1º ano do ensino médio no Colégio Militar, que resolveu fazer a prova do Enem para ganhar experiência. O estudante Alexandre de Oliveira, também de 15 anos, diz ter visto alunos do terceiro ano organizando grupos de estudo nas semanas que antecederam a prova. “Eles alugavam as cabines na biblioteca e se reuniam para estudar por conta própria”, descreve. A lista das melhores públicas segue com escolas que já vinham apresentando um bom desempenho nas edições anteriores. O terceiro lugar ficou com o Centro de Ensino Médio Integrado à Educação Profissional (Cemi), do Gama, com média de 543 pontos. A escola havia atingido o segundo lugar entre as públicas no ano passado. Depois de estudar em outras escolas da rede pública, a estudante Vitória Neres Negrini, de 15 anos, sentiu uma grande diferença depois de ter sido transferida para o Centro de Ensino Médio da Asa Norte (Cean), onde cursa o primeiro ano. “É uma boa escola. Não falta material para as aulas, a infraestrutura está bem preservada e os professores se esforçam bastante”, conta ela. A escola ficou em sexto lugar entre as públicas, com média de 529 pontos. Para o doutor em educação e professor do curso de pedagogia da UnB Remi Castioni, a continuidade das iniciativas pode ajudar a explicar o bom resultado. “O Cean, por exemplo, se beneficia da proximidade com a Universidade de Brasília (UnB), que desenvolve alguns projetos na escola. Em geral, são escolas com corpo docente mais qualificado, que está lá há mais tempo e que conseguem manter estratégias de mais longo prazo para motivar os estudantes”, diz ele. A coordenadora de Ensino Médio da Secretaria de Educação do DF, Cristian Ferreira, ressalta que o ranking não é o foco dos trabalhos. “Encaramos esses dados como uma ferramenta de planejamento. Não estamos preocupados com comparações, mas em garantir o aprendizado”, diz. Continua Continuação 27/11/13 Continua Continuação 27/11/13 Continua Continuação 27/11/13 CORREIO BRAZILIENSE 27/11/13 00 BRASIL Primeiro lugar é de Minas Gerais » Gustavo Werneck » Patricia Giudice Biblioteca do Colégio Bernoulli, na capital mineira, o primeiro colocado geral no Enem: professores focam o aprendizado na aplicação de exercícios aos estudantes Belo Horizonte — Conciliando a direção de ensino com as aulas de matemática no Colégio Bernoulli, na capital mineira, que ficou em primeiro lugar no ranking nacional do Enem 2012, o professor Rommel Fernandes Domingos explica que, estando na linha de frente, pode captar as expectativas dos alunos. Ele lembra que essa parte é de extrema importância, já que o Enem e o vestibular ainda realizado em algumas instituições de ensino são a etapa final da vida do estudante de ensino médio. “Os professores trazem os exercícios para a prática diária, não ficam só na teoria. E pode-se estudar em silêncio, pois não há barulho”, afirmou Alice Emmanuele Teixeira Peixoto, de 17, que pretende cursar administração pública. Além de ter alunos interessados, Rommel destaca a capacitação de professores e o material didático elaborado pensando em demandas do Enem, da Fuvest, da Unicamp e de outros processos seletivos, além do ambiente de estudo. Os estudantes Bárbara Sartori, candidata a uma vaga no curso de engenharia aeronáutica, João Artur Souza Chaves e Saulo Barbosa Chaves, de olho na engenharia aeroespacial, no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), aplaudiram o sucesso da escola que teve, em 2012, 234 alunos fazendo o Enem. “O desejo de estudar está presente em todos os alunos. Quem entra aqui está disposto a aprender”, disse João Artur. O Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa – Coluni se destacou pela quinta vez consecutiva como a melhor escola pública do país e ficou em 4º lugar no ranking geral. Segundo a professora de língua portuguesa Renata Rena Rodrigues, a escola recebeu o resultado com satisfação. “É um conjunto. É o trabalho dos professores, que adotam metodologias integradas, mas também mérito dos alunos”, disse. Por ser uma instituição pública federal, a escola convive com dificuldades, como escassez de recursos financeiros e greves. No ano passado, foram quatro meses de paralisação. No Santa Marcelina, na Região da Pampulha, em Belo Horizonte, o resultado foi até melhor que o esperado. A escola passou do 25º lugar em 2011 para o 17º em 2012. Agora, é o sexto melhor colégio de Minas e terceiro da capital mineira. A diretora pedagógica, irmã Roseli Hart, comemorou. “Trabalhamos em duas linhas paralelamente: a formação humana, que faz parte da nossa tradição, e a acadêmica, que acaba correspondendo”, disse. CORREIO BRAZILIENSE 27/11/13 00 BRASIL Destaque em Pernambuco Recife — O Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) ficou em primeiro lugar na lista entre as instituições pernambucanas. A escola pública federal ainda obteve destaque no cenário nacional. Ela aparece em nono lugar entre todas do Brasil. Considerando apenas as públicas brasileiras, o Colégio de Aplicação ocupa a segunda colocação. As médias foram 636,29 na prova de linguagens e códigos; 770,64 no teste de matemática; 698,57 nas questões de ciências humanas; 664,17 nas de ciências da natureza; e 772,40 na de redação. A instituição é um exemplo do bom desempenho na rede federal. No ranking elaborado com os dados do Enem 2012, as federais tiveram médias mais altas em todas as áreas avaliadas. As notas superaram, inclusive, as das escolas particulares. A média nas quatro áreas do conhecimento ficou em 577, com 613 pontos na redação. Sudeste A rede federal, entretanto, atende somente 2% dos estudantes do ensino médio, que fizeram o exame. As escolas particulares representam 31,5%. Nas redes estadual e municipal, que têm o pior desempenho registrado, está a maior parte dos estudantes, são 66,48%. Apesar da diferença entre as notas, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, ressalta que a elite da rede pública não destoa dos alunos das privadas. Entre os 100 colégios com melhor desempenho no Enem 2012, 84 estão na região Sudeste — 63 deles nos estados de São Paulo (37) e do Rio de Janeiro (26). CORREIO BRAZILIENSE 27/11/13 BRASIL 00 O segredo das particulares As escolas em boa posição no Enem têm em comum o investimento no corpo docente e em projetos pedagógicos específicos » Manoela Alcântara » Grasielle Castro Maria Eduarda: "Exercícios e simulados me ajudam a fixar o conteúdo" Em todo o país as escolas particulares saíram na frente no ranking elaborado a partir da prova do Exame Nacional do Ensino Médio, realizada em 2012. A melhor instituição de ensino do Brasil está em Minas Gerais e é paga. A Bernoulli, localizada em Belo Horizonte, atingiu a marca de 722,15 na média geral, divulgada ontem pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). No Distrito Federal, o primeiro lugar a partir da soma das notas nas provas objetivas ficou com o Galois. O colégio chegou aos 654,86 pontos e subiu duas posições no ranking das privadas na capital, em comparação com o ano passado — em âmbito nacional aparece em 77º lugar. Entre as apostas para figurar nos primeiros lugares estão o investimento no corpo docente; na infraestrutura das instituições de ensino; em projetos pedagógicos próprios, com metas específicas; e no material pedagógico produzido pelos professores que ministram as aulas. No Galois, um trabalho voltado para o Enem dentro de sala de aula fez a diferença. “Enquanto todos os outros colégios trabalhavam para o vestibular tradicional da Universidade de Brasília (UnB), nós já havíamos voltado o enfoque para o exame. A estratégia é diferente”, afirma o coordenador de prévestibular da escola, Paulo Perez. A UnB só adotou o Enem como processo em 2013. O vestibular tradicional do início do ano foi substituído pelo certame. Para suprir as necessidades dos alunos existem professores responsáveis por fazer o atendimento no turno contrário das aulas: uma das táticas responsáveis por dar mais confiança a Matheus Sanches, 19 anos, na prova do ano passado. “Os monitores e os plantões dos professores não nos deixam protelar a dúvida para o dia seguinte. Sempre tinha alguém disponível”, contou o estudante, que aspira uma vaga para medicina. Para estudar no Galois, os estudantes pagam uma mensalidade de R$ 1.990 (valor já reajustado para 2014). O segundo lugar do Enem no DF tem um preço pouco menor. Por R$ 1.683 é possível matricular-se no Pódion. Em dois anos como participante do certame, mantém a vice-liderança. No caso da instituição, localizada na 712 Norte, a carga horária ampliada é um dos diferenciais. São 45 horas semanais, ao contrário das 33 horas adotadas pela maioria das instituições do DF. “Fizemos uma pesquisa em outros locais que tinham sucesso na avaliação pelo país. Percebemos que o resultado só vem com o trabalho”, afirma o diretor do Pódion, Ismael Xavier. Antes de serem matriculados no Pódion, os alunos passam por uma entrevista para saber se aceitam o sistema. Eles estudam de manhã, de segunda a sexta-feira, e duas vezes à tarde. Simulados são aplicados nos fins de semana. O objetivo da escola é ficar entre as 20 primeiras do Brasil. A aposta é que a primeira leva de pessoas formadas exclusivamente por eles tenham melhor desempenho no certame e que a adesão da UnB os estimule. Maria Eduarda Proença, 17 anos, está nesse grupo. “Sempre aprofundamos o conteúdo no contraturno. Os exercícios e os simulados me ajudam a fixar o conteúdo. Acredito que isso me fez ter bom desempenho no Enem”, disse a estudante do 3º ano, que pretende cursar engenharia civil na UnB. Continua 27/11/13 Continuação Redação Com três unidades no top 10 do DF — na 6ª, 8ª e 9ª posição —, o Leonardo da Vinci aposta na formação do corpo docente, com professores com mestrado e especialização, e na prática, com aplicação constante de testes e simulados. Além da boa colocação, a escola se destacou pela redação. No ranking das melhores notas na redação, a escola ficou em terceiro, quinto e sexto lugares. Estreante no ranking das 10 melhores, o Candanguinho aparece na 7ª colocação. A orientadora educacional atribui a ascensão ao tratamento individualizado que o aluno tem. São entre 20 e 25 estudante por turma. O Sigma, com as unidades das asas Norte e Sul em 3º e 4º lugar, respectivamente, lança a tecnologia, o investimento no corpo docente e o projeto pedagógico com metas definidas como responsáveis pela colocação. O que oferecem Confira as principais características das escolas particulares do Distrito Federal que ficaram nas primeiras colocações do Enem » Corpo docente com formação além da graduação. Eles variam entre especialistas, mestres e doutores » Projeto pedagógico voltado para a difusão de valores, o conteúdo é direcionado para a formação cidadã » Trabalho de vanguarda. Iniciação do conteúdo e metodologia para a prova do Enem mesmo antes da adoção da Universidade de Brasília (UnB) ao certame » Investimento em infraestrutura » Aplicação do conteúdo dentro de sala de aula de forma interativa, com o uso de novas tecnologias, como o tablet » Carga horária estendida, em alguns casos » Aplicação de simulados, fixação do conteúdo por meio de exercícios » Orientação e reforço escolar no contraturno » Material pedagógico próprio CORREIO BRAZILIENSE 27/11/13 00 Sem ânimo » Hoje seria uma data importantíssima para a educação no DF. Novos diretores, vice-diretores e representantes do Conselho Escolar das escolas públicas da Secretaria de Educação serão eleitos pelos pais, responsáveis, servidores, professores e orientadores. Infelizmente, das mais de 600 instituições que vão participar do processo eleitoral, 561 vêm com chapa única, o que demonstra a falta de interesse no assunto. ARI CUNHA CORREIO BRAZILIENSE 27/11/13 CIDADES 00 Desrespeito na saída escolar Discussões, fechadas e desconsideração pelas leis são comuns na hora de pegar as crianças no colégio. Especialistas e condutores concordam que o comportamento poderia melhorar com mais educação sobre o assunto dentro de sala de aula MARYNA LACERDA Carro para sobre a faixa de pedestres para a entrada de um aluno: flagrante comum em frente a colégios "Eu acho uma falta de cidadania se comportar de uma forma tão nociva, justamente em um local ao qual se traz o filho para ser educado" Angela Borges, psicóloga A contradição circula pelas vias próximas às escolas do Distrito Federal. Em uma vizinhança supostamente comprometida com a aprendizagem e a cidadania, papel desempenhado por instituições de ensino e pela família, é muito comum flagrar cenas de desrespeito às normas de trânsito. Vão desde a formação de fila dupla à entrada pela contramão e o estacionamento em faixa de pedestres. A situação agrava-se em horários de pico, quando o fluxo de carros aumenta, e a correria do dia a dia consome a paciência de muitas pessoas. Nessas horas, o “jeitinho” toma conta das ruas e expõe pedestres e condutores a situações de desgaste e perigo. A falta de educação é a principal causadora do problema, segundo o comandante do Batalhão Escolar (BPE), tenente-coronel Fábio Sousa Lima. Para ele, como os pais querem deixar os filhos na porta da escola, a qualquer custo, as infrações são cometidas. “Nossas ocorrências não são de episódios de violência nas escolas, mas de pais que brigam e discutem na porta delas. Muitas vezes, nos solicitam para controlar motoristas que se desentendem por fechadas ou falta de vagas em estacionamento”, relata. Cidadania Plano Piloto e Taguatinga são as cidades que concentram a maioria das infrações e desentendimentos do tipo, segundo o comandante do BPE. Isso porque são aquelas com maior número de escolas privadas. “Não percebemos problemas tão graves em locais próximos às escolas públicas, em que os estudantes, em sua maioria, vão e voltam para casa por meio de transporte coletivo”, explica Sousa Lima. A psicóloga Angela Borges, 47 anos, enxerga um absurdo no comportamento de alguns condutores. “Eu acho uma falta de cidadania se comportar de uma forma tão nociva, justamente em um local ao qual se traz o filho para ser educado”, avalia. Para ela, a solução é simples. “Basta que cada um dê passagem, entenda que está em sociedade e que todos aqui têm compromisso. Assim, o fluxo anda”, diz. Na tentativa de romper com um ciclo de descortesia e erros no trânsito, as crianças são o foco de algumas ações do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran DF). Isso porque, além de serem sensibilizadas para questão, ainda incentivam a mudança de comportamento dos pais. “Nós nos importamos em educar a nova geração porque eles também atuam como fiscais mirins. Se o responsável ultrapassa o sinal vermelho, por exemplo, a criança o chama à responsabilidade”, explica o diretor de educação de trânsito do Detran, Marcelo Granja. Alunos e professores O método usado para ensinar a criançada é através de peças teatrais e dinâmicas em que podem interagir com situações muito parecidas com as enfrentadas nas ruas. “Trabalhamos a criança para que elas percebam o risco a que estão expostas e, com isso, os pais também dão retornos positivos”, diz Granja. Continua Continuação 27/11/13 Atores importantes na formação de uma cultura de paz no trânsito, os professores da rede pública de ensino reclamam da suspensão de um curso de reciclagem específico sobre o tema nas regionais. “Há uns 10 anos, nós fazíamos aulas em que trabalhávamos especificamente as leis de trânsito. Agora, só as abordamos de maneira transversal, com outros conteúdos, em sala de aula”, conta o diretor do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF) Cláudio Antunes. Há 21 anos como motorista de transporte escolar, Carlos José da Silva, 49 anos, acredita que as vias têm se tornado um local de disputa com o passar dos anos. “Tem muito mais gente, muito mais carro, e o espaço para circular continua o mesmo”, afirma. Silva reclama que o celular é um vilão. “Os pais ficam mais preocupados em atender o telefone, em avisar que chegaram e usam o aparelho enquanto dirigem. O resultado é a desatenção, as fechadas, as pequenas colisões”, conta. Para ele, a criação de faixas exclusivas de recuo para o transporte escolar já ajudaria em muito o fluxo. “Assim, nós desafogamos as vias principais e garantimos um embarque mais seguro para os alunos”, sugere. JORNAL DE BRASÍLIA 27/11/13 00 BRASIL Continua Continuação 27/11/13 JORNAL DE BRASÍLIA 27/11/13 00 CIDADES JORNAL DE BRASÍLIA 27/11/13 00 CIDADES JORNAL DE BRASÍLIA 27/11/13 00 CIDADES JORNAL DE BRASÍLIA 27/11/13 00 CIDADES METRO - BRASÍLIA 27/11/13 00 EDUCAÇÃO Notas baixas no último boletim.