INDÚSTRIA, TECNOLOGIA E
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
O primeiro bloco busca apresentar a Geografia da Indústria a partir de alguns
conceitos e do processo de desenvolvimento do fenômeno industrial, nas diversas
escalas, da mundial à local. As diferentes fases da industrialização que acentuaram as
disparidades regionais, a indústria como setor importante na economia, mesmo em
tempos de aceleração do capitalismo financeiro, serão temáticas também discutidas.
GEOGRAFIA DA INDÚSTRIA: CONCEITOS, ESTRUTURA,ORGANIZAÇÃO E
LOCALIZAÇÃO DAS INDÚSTRIAS
Nesse primeiro tema você estará em contato com informações introdutórias acercada
Geografia da Indústria a partir de alguns conceitos e fatores explicativos sobre o
desenvolvimento do processo de industrialização, bem como suas repercussões sócioespaciais e a classificação e localização do fenômeno industrial.
Introdução à Geografia da Indústria
A disciplina de Geografia da Indústria está muito associada a diversas outras
disciplinas, como Geografia Econômica, Geografia Política e Geografia da
População,devido o fenômeno industrial ter reestruturado não somente a economia
mundial, mas também toda uma configuração espacial. A maneira que essa disciplina se
organiza tem como objetivo tornar o conteúdo melhor assimilado e compreendido no que
tange às especificidades do fenômeno industrial e das repercussões sociais e espaciais
nas mais diversas escalas; todavia, sem perder a noção do todo. A indústria pode ser
conceituada como o conjunto de atividades produtivas que se caracteriza pela
transformação de matérias primas de modo manual ou com auxílio de máquinas e
ferramentas para a fabricação de mercadorias. A indústria moderna surgiu com a
Revolução Industrial (séculos XVIII-XIX) como resultado de um longo processo que iniciou
com o artesanato medieval; passando pela produção manufatureira (primeiro momento da
organização fabril) e posteriormente, pela inserção de novas tecnologias.A indústria
contemporânea caracteriza-se pela produção em massa nas fábricas, pela intensa
mecanização e automação do processo produtivo e a denominada racionalização do
trabalho (produtividade ao máximo). A atividade industrial pode se materializar em
diferentes espaços, desde uma empresa de pequeno porte, até uma fábrica de qualquer
tamanho inserida num parque industrial, que trabalhe com atividade de transformação,
que usem maquinários, que tenham como objetivo criar um terceiro produto, pode ser
considerada indústria. Interessante salientar que a indústria não está somente na cidade,
ultimamente a indústria também está no campo, através das denominadas agroindústrias.
A humanidade, historicamente, necessita transformar os elementos da natureza para
poder utilizá-los e a indústria é o setor da economia que congrega esse processo de
transformação dos recursos em matéria-prima e em vários tipos de bens. A atividade
industrial continua sendo o motor da economia apesar de todo o desenvolvimento dos
outros setores.
A Industrialização e suas Repercussões
O processo de industrialização foi responsável por grandes transformações no espaço
da cidade. Se essas transformações caracterizavam-se por suas atividades comerciais, a
atividade industrial inseria-se com grande velocidade e intensidade que gerava mudanças
significativas na organização e estruturação das cidades, sendo o fator que mais acelerou
o processo de urbanização. Pode-se afirmar que um fator está intrinsecamente associado
ao outro. A mecanização da agricultura e a elevação da produtividade agrícola
provocaram o êxodo rural e novos hábitos de consumo, produziram também uma nova
relação sociedade/natureza e criou novas profissões no mercado de trabalho.
A produção industrial cria novos produtos e acaba atingindo também, os hábitos, os
padrões culturais e de consumo, criando sucessivamente, novas necessidades de
consumo. Isso viria mudar radicalmente a organização social, onde consumir não é
apenas uma atividade necessária de sobrevivência, mas sim também de status social,
muito se discute acerca de estarmos vivendo na denominada sociedade do consumo
(assunto que aindaserá abordado mais detalhadamente).
A produção industrial está altamente associada à multiplicação de diversos ramos de
serviços que caracterizam a denominada cidade moderna e diretamente associada ao
desenvolvimento tecnológico dos meios de transporte e comunicação, que, nas mais
diversas escalas interligam as regiões, por isso as repercussões do fenômeno industrial
são tão amplas que não atingem somente o lugar onde se localizam, pois estão presentes
em todos os processos produtivos e nos produtos consumidos pela população nas mais
diversas escalas.
Por isso, não é exagero afirmar que a industrialização foi responsável por
profundas transformações espaciais em extensas áreas do planeta.
A indústria deve ser entendida como atividade integrante da cultura do
homem e que esta última é tão antiga quanto o surgimento do homo sapiens.
O modo de vida atual é, direta ou indiretamente, fruto das transformações
trazidas pela tecnologia industrial.
A Revolução Industrial
As origens da Revolução Industrial podem ser encontradas nos séculos XVI e XVII,
com a política de incentivo ao comércio, política essa utilizada pelos países absolutistas.
Assim, a acumulação de capitais nas mãos dos comerciantes burgueses e a abertura
dos mercados (devido a expansão marítima) incitaram o crescimento da produção - maior
produtividade e preços mais baixos.
Gradativamente, passou-se do artesanato disperso para a produção em oficinas e
destas para a produção mecanizada nas fábricas. A mecanização da produção criou o
proletariado rural e urbano, composto de homens, mulheres e crianças, submetidos a um
trabalho diário exaustivo, no campo ou nas fábricas. Importante lembrar que com a
Revolução Industrial, consolidou-se o sistema capitalista, baseado no capital e no trabalho
assalariado.
O desenvolvimento da Revolução Industrial está dividido em três grandes fases:
Revolução Industrial: novas relações de trabalho
• A primeira fase da Revolução Industrial
(1760-1860)
Essa fase acontece na Inglaterra, o pioneirismo se deve a
vários fatores, como o acúmulo de capitais e grandes reservas de
carvão. O país com seu poderio naval abre mercados na África,
Índia e nas Américas para exportar produtos industrializados e
importar matérias-primas.
• A segunda fase da Revolução
(de 1860 a 1900)
Ocorre a difusão dos princípios de industrialização na França, Alemanha, Itália,
Bélgica, Holanda, Estados Unidos e Japão. Do mesmo modo cresce a concorrência e a
indústria de bens de produção. Nessa fase as principais mudanças no processo produtivo
são a utilização de novas formas de energia (elétrica e derivada de petróleo), o
aparecimento de novos produtos químicos e a substituição do ferro pelo aço.
• A terceira fase da Revolução Industrial
(de 1900 até os dias atuais)
Caracteriza-se pelo surgimento de grandes complexos industriais e empresas
multinacionais
e pela automação da produção. Desenvolvem-se a indústria química e a eletrônica.
Os avanços da robótica e da engenharia genética também são incorporados ao processo
produtivo, que depende cada vez menos de mão-de-obra e mais de alta tecnologia. Nos
países de economia mais desenvolvida surge o desemprego estrutural, o mercado se
globaliza apoiado na expansão dos meios de comunicação e de transporte, o que Santos
(2002) denomina de período técnico-científico-informacional.
Classificação das Indústrias
As indústrias podem ser classificadas com bases em vários critérios, sendo que o mais
utilizado é o que leva em consideração o tipo e destino do bem produzido:
Indústrias de base: são aquelas que trabalham com matéria-prima bruta, transformandoa em matéria-prima para outros tipos de indústria, tem-se como exemplo a indústria
siderúrgica e a indústria petroquímica. A siderurgia dedica-se à fabricação e ao
tratamento do aço, importante destacar que a metalurgia é o conjunto de técnicas que o
homem adquiriu com o decorrer do tempo que lhe permitiu extrair e manipular metais e
gerar ligas metálicas. Já a indústria petroquímica é a fonte da maior parte dos artigos de
consumo disponíveis no mundo moderno: como o plástico, em todas as suas variações,
os tecidos e fibras sintéticas, como a microfibra, são produzidos com matérias-primas
petroquímicas. A químicafina, base para medicamentos e insumos agrícolas, também
vem da petroquímica, por substituir matérias-primas de origem animal (couro, lã, marfim).
A indústria petroquímica possibilita maior acesso a bens de consumo ao baixar o valor
dos produtos, antes constituídos por vidro, madeira, algodão, celulose e metais.
A indústria petroquímica brasileira tem suas origens no Governo Militar, quando foram
construídos no país o Pólo Petroquímico de SãoPaulo em 1972, posteriormente o Pólo
de Industrial de Camaçari (BA) em 1978 e logo em seguida, já na década de 80, foi
construído o Pólo Petroquímico do Sul (Triunfo - RS) em 1982.
• Indústrias de bens de capital ou intermediárias: produzem equipamentos
necessários para o funcionamento de outras indústrias, como as de máquinas;
• Indústrias de bens de consumo: são aquelas que produzem produtos voltados
ao grande mercado consumidor (população em geral). Como, por exemplo, a indústria
têxtil,
que tem como objetivo a transformação de fibras em fios, e de fios em tecidos para
abastecer as confecções (vestuário em geral). EX: Fábricas de lãs, tecidos, etc. A
indústria alimentícia também faz parte desse tipo de indústria, que preparam ingredientes
ou alimentos para serem comercializados e consumidos. Os bens variam tanto de
alimentos frescos como carnes (abatedouros) e vegetais, conservas, temperos para
outros alimentos a aqueles prontos para o consumo (pizzas, lasanhas, tortas).
Subdividem-se em:
• Bens duráveis: as que produzem bens para consumo a longo prazo, como
automóveis;
• Bens não duráveis: as que produzem bens para consumo em geral imediato,
como as de alimentos.
Todavia, outros critérios podem ser levados em consideração, como:
Maneira de produzir:
• Indústrias extrativas;
• Indústrias de processamento ou beneficiamento;
• Indústrias de construção;
• Indústrias de transformação ou manufatureira.
Quantidade de matérias-primas e energias utilizadas:
• Indústrias leves;
• Indústrias pesadas.
Tecnologia empregada:
• Indústrias tradicionais;
• Indústrias dinâmicas.
Setores da Indústria:
• Setor primário: compõe atividades econômicas que produzem matérias-primas,
geralmente na transformação de recursos naturais em produtos primários para
transformá-lo em produtos industrializados. O setor é composto de seis atividades
econômicas: agricultura;pecuária; extrativismo vegetal; caça; pesca e mineração.
• Setor secundário: transforma produtos naturais produzidos pelo setor primário
em produtos de consumo ou então, em maquinário. Nesse setor, a matéria-prima é
transformada em um produto manufaturado;
• Setor terciário: constitui a comercialização de produtos em geral, e o oferecimento de
serviços comerciais, pessoais ou comunitários, a terceiros. É o setor que mais cresce,
quase que desordenadamente. É a principal fonte de rendados países desenvolvidos.
Atualmente, o setor terciário encontra-se extremamente diversificado devido à intensa
industrialização que vem ocorrendo, praticamente no mundo inteiro, nos últimos dois
séculos.
Fatores Locacionais e Teorias de Localização
Uma série de fatores pode favorecer o desenvolvimento industrial de uma região, tais
como:
• Capital;
• Energia;
• Mão-de-obra;
• Matéria-prima;
• Mercado consumidor;
• Meios de transportes.
A análise da disponibilidade e estrutura de cada um desses fatores é que orienta a
instalação das indústrias em determinados lugares e outros não. Atualmente, além dos
fatores já citados acima, o incentivos fiscais oferecidos por alguns governos também
são grandes atrativos para a instalação de indústrias em regiões economicamente frágeis.
Teorias de Localização Industrial
Dentre as bases teóricas comumente utilizadas na Geografia e na Economia para
determinar fatores locacionais, destacam-se as seguintes teorias de localização industrial:
• Teoria Clássica da Localização Industrial, de Alfred Weber (1909);
• Teoria das Localidades Centrais, de Walter Cristaller (1930);
• Teoria do Equilíbrio Espacial Geral, de August Lösch (1940);
• Teoria de Pólos de Desenvolvimento e Crescimento, de François Perroux (1955).
A Teoria Clássica da Localização Industrial de Alfred Weber
Esta teoria define fatores locacionais imprescindíveis para a localização
de indústrias. Para Weber é primordial saber onde se situa um determinado
empreendimento, dando ênfase à relação entre os custos de transporte, fontes
de matérias-primas, a distância aos insumos e ao mercado. O autor divide
esses fatores em específicos e gerais, os específicos dizem respeito a economias
de custos que podem ser alcançadas por um número pequeno de indústrias, já os
gerais podem ser alcançados por qualquer indústria e podem ser subdivididos em
regionais (que influenciam a escolha de uma região) e aglomerativos ou desaglomerativos
(provocam concentração ou dispersão em uma região). Weber destaca entre os fatores
locacionais: o transporte (regional), a mão-de-obra (regional) e as ofertas de serviços
(como energia elétrica e água, por exemplo).
Fatores que refletem o desenvolvimento urbano e social de uma determinada região
também devem ser levados em consideração. Deve-se atentar para o aumento do valor
agregado industrial, a elevação do nível de emprego e redistribuição da população
(diminuindo, dessa forma, as diferenças entre regiões), na utilização dos recursos locais,
na criação de uma estrutura industrial diversificada e com capacidade de crescimento
autosustentado e, por fim, visar o aumento da competitividade e da quantidade de
exportações da empresa e da região, impulsionando ainda mais o desenvolvimento local.
A Teoria das Localidades Centrais
de Walter Cristaller
Trata especificamente do nível de hierarquização das cidades, que varia em função
do tipo de serviço oferecido e do grau de importância econômica das mesmas. Desse
modo, pode-se tornar extremamente vantajosa e lucrativa a instalação da empresa em
determinado lugar. A teoria foi desenvolvida por Cristaller e mais especificada por Lösch.
Baseia-se numa extensão simples da análise de áreas de mercado, essas que variam de
uma indústria para a outra, dependendo de economias de escala e demanda per capita.
Desse modo, cada indústria tem um padrão de localização diferente. A teoria das
localidades centrais mostra como esses padrões de localização de diferentes indústrias
surgem para formar um sistema regional de cidades.
A Teoria do Equilíbrio Espacial Geral de August Lösch
Acerca de referências sobre a localização industrial pode-se incluir August Lösch,
um nome de destaque na literatura sobre o tema. A teoria de Lösch apresenta grande
importância por considerar a hierarquia das cidades, as barreiras alfandegárias, os efeitos
dos preços e sua variação em função da localização das fontes de matérias-primas e das
áreas de mercado. A sua principal preocupação era desenvolver um modelo de equilíbrio
geral do espaço que servisse tanto para a análise de projetos empresariais como
públicos. Seu primeiro instrumento de análise para problemas de localização industrial foi
desenvolvido na Itália, no começo da década de 70, com o objetivo de enquadrar, num
mesmo cenário, as necessidades dos investidores, que procuravam a localização ideal
para seus empreendimentos e dos administradores públicos, que visavam obter um
melhor aproveitamento do território administrativo e desenvolver uma política industrial
que refletisse o que as regiões pudessem oferecer.
A Teoria de Pólos de Crescimento e Pólos de Desenvolvimento de François Perroux
Através de sua teoria Perroux procurou distinguir as várias noções de espaços e suas
implicações. Segundo suas idéias, as atividades econômicas não são localizáveis com
precisão, por isso o espaço não podia ter um sentido meramente físico, também não
poderia ser definido como um território delimitado pelos acidentes geográficos ou pelo
livre arbítrio do homem, ao contrário, considerava as divisões vulgares e sem valor
analítico para a economia. Perroux defendia a idéia que os espaços são conjuntos
abstratos, constituídos de relações econômicas realizadas por agentes econômicos,
conceitua o espaço econômico em duas perspectivas: inicialmente, examinando e
descrevendo o relacionamento e a distribuição das atividades econômicas no espaço
geográfico, atividades que podem ser localizadas através de suas coordenadas ou
mapeamento; posteriormente, analisando o espaço econômico que corresponde as
relações conceituais mais amplas – por exemplo, uma empresa, uma indústria, ou um
grupo delas, pode localizar sua produção em uma determinada área, porém seu mercado
de insumos, ou de produto, pode estar localizada dentro ou fora do mesmo espaço
geográfico.
O autor parte do pressuposto que o crescimento não surge em todos os lugares ao
mesmo tempo, manifestando-se com intensidades variáveis, em pontos ou pólos de
crescimento(pontos ou áreas que exercem influência sobre uma região).
Revisando...
Os fatores locacionais devem ser entendidos como as vantagens que um determinado
local pode oferecer para a instalação de uma indústria, dentre esses destacam-se:
• Matéria prima abundante e barata;
• Mão de obra abundante e barata;
• Energia abundante e barata;
• Mercados consumidores;
• Infra-estrutura;
• Vias de transporte e comunicações;
• Incentivos fiscais;
• Legislações fiscais, tributárias e ambientais amenas.
CONTINUA
CONTINUAÇÃO
Este tema aborda as constantes mutações que o processo produtivo sofreu ao longo
da história, principalmente, por meio do desenvolvimento tecnológico que possibilitou
transformações significativas no modo-de-produção e nos produtos desenvolvidos,
devido
a transição do capitalismo industrial para o capitalismo financeiro, num período
denominado de tecnico- científico-informacional, em que as mudanças são tão voláteis
quanto o consumo da produção e a conseqüente fragmentação do processo produtivo.
Evolução Tecnológica da Indústria e as Relações de Trabalho
Revolução Industrial e as Mudanças Tecnológicas
A evolução progressiva do homem como ser social mostra que, quanto mais ele
evolui tecnicamente, menos se submete às imposições da natureza, desse modo, se, por
um lado, o homem como animal é parte integrante da natureza e necessita dela para
continuar
sobrevivendo, por outro, como ser social, cada dia mais sofistica os mecanismos de
extrair
da natureza recursos que, ao serem aproveitados, podem alterar de modo profundo os
ambientes naturais.
Ao passar de simples coletor de frutos e caçador para agricultor, criador de rebanhos
e construtor de abrigos e de equipamentos cada vez mais complexos, o ser humano
passou
a alterar o equilíbrio e a funcionalidade dos ambientes naturais, privilegiando a expansão
de um pequeno número de espécies animais e vegetais e eliminando uma grande
quantidade
de outras, que não eram de interesse imediato para satisfazer às suas necessidades.
EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS INDUSTRIAS E DO SETOR
TERCIÁRIO NO CONTEXTO DA ENCONOMIA GLOBAL
A mudança de simples agricultores e criadores de subsistência para
um estágio de agricultores-criadores com finalidades comerciais implementou
uma significativa alteração de comportamento das sociedades humanas na
relação com a natureza. A partir do momento em que os animais criados, os
cereais cultivados e os vegetais coletados no campo ou nas florestas são
explorados para a comercialização, deixam de ser simplesmente alimentos
para se transformarem em mercadorias que levam à riqueza de alguns e à
pobreza de outros.
As necessidades de sobrevivência e a grande criatividade humana têm possibilitado
aos homens aproveitar cada vez mais os recursos disponíveis na natureza. A
intensificação comercial, com o acúmulo de reservas monetárias, fez surgir a ideologia do
capital, ou seja, da concentração de riquezas através do ganho pela troca de mercadorias
e moedas entre diferentes sociedades humanas.
O Desenvolvimento Técnico
A Revolução Industrial ao desenvolver novas tecnologias revolucionou o modo produtivo
e as relações de trabalho. A invenção mais considerável do começo da revolução foi obra
do
operário inglês James Watt. Em 1768 ele criou a primeira máquina a vapor realmente
eficaz
(não criou a máquina a vapor e sim a aprimorou). A idéia básica era colocar o carvão em
brasa pra aquecer a água até que ela produzisse muito vapor, a máquina girava por
causa da expansão e da contração do vapor posto dentro de um cilindro de metal.
As primeiras máquinas a vapor foram construídas na Inglaterra durante o século XVIII
e, graças a essas máquinas a produção de mercadorias aumentou muito, a Inglaterra se
tornou a maior exportadora mundial de tecidos. Os lucros dos burgueses donos de
fábricas cresceram na mesma proporção, por isso, os empresários ingleses começaram a
investir na instalação de indústrias. As fábricas se espalharam rapidamente pela Inglaterra
e provocaram mudanças muito profundas no modo de vida de milhões de pessoas.
Nas primeiras décadas do século XIX, as máquinas a vapor equiparam navios e
locomotivas; países como a Inglaterra, a França, a Alemanha e os EUA instalaram
milhares de quilômetros de ferrovias e desenvolveram espetacularmente as indústrias de
ferro e de máquinas. Assim sendo, a evolução dos meios de transporte está diretamente
associado ao desenvolvimento da industrialização e vice-versa.
Principais Avanços da Maquinofatura
• 1733 – John Kay inventa a lançadeira volante;
• 1740 – Benjamin Huntsman desenvolve o processo de produzir aço tipo “crucible”;
• 1767 – James Hargreaves inventa a spinning jenny, que permitia a um só artesão fiar 80
fios de uma única vez;
• 1768 – James Watt inventa a máquina a vapor;
• 1769 – Richard Arkwright inventa a water frame;
• 1779 – Samuel Crompton inventa a mule, uma combinação da water frame com a
spinning
jenny” com fios finos e resistentes;
• 1785 – Edmond Cartwright inventa o tear mecânico.
O Motor a Explosão e o Uso do Petróleo
A máquina a vapor mostra-se limitada quanto ao uso, potência e, principalmente, ao
rendimento. A descoberta do motor a explosão (a energia é liberada pela combustão da
gasolina - ou álcool, diesel, querosene, gás, etc.) e da eletricidade fizeram ampliar a idade
dos maquinários e novas fontes de energias puderam ser utilizadas na produção
industrial, a exemplo do petróleo, que gradativamente foi substituindo o carvão mineral.
Embora fosse conhecido desde a Antiguidade, o petróleo só foi obtido pela primeira vez
através de perfuração de poços em 1859. É hoje um dos responsáveis pela
movimentação de motores de explosão devido às características de seus derivados. O
petróleo, no século XX, passou a alimentar o sistema industrial e alguns modos de
transporte, entretanto, por constituir-se de energia fóssil não renovável (assim como o gás
natural e o carvão mineral), as limitações começaram a surgir.
Conflitos de caráter político, econômico e social marcaram países em que o petróleo
era importante elemento econômico, algumas guerras foram travadas, a exemplo da
Guerra do Golfo (1991).
Fontes de Energia Utilizadas na Indústria
• O carvão mineral
O carvão mineral foi fundamental para a primeira Revolução Industrial, ocorrida na
Grã-Bretanha no século XVIII, representando a fonte de energia básica para o
desenvolvimento de dois setores industriais importantes: o siderúrgico e o têxtil.
De todos os combustíveis fósseis, o carvão é, sem dúvida, o com maior reserva no
mundo. Se o nível de exploração mundial continuar como atualmente, as reservas são
suficientes para durar aproximadamente 250 anos.
É importante ressaltar que o carvão já foi usado como forma de energia durante
anos, o mesmo não só forneceu a energia que abasteceu toda a Revolução Industrial no
século XIX como também impulsionou toda a era da eletricidade no século XX.
Atualmente aproximadamente 40% da eletricidade gerada mundialmente é produzida
através do carvão. Alguns desses países que dependem da energia elétrica gerada pelo
carvão são: Dinamarca, China, Grécia, Alemanha e Estados Unidos. A indústria de ferro e
aço mundial também é fortemente dependente do uso do carvão.
O Capitalismo
A inserção do sistema capitalista na economia mundial por meio do intensivo processo
de industrialização faz com que se definam as relações assalariadas de produção,
trazendo a nítida separação entre os detentores dos meios de produção e do capital e os
que só possuem a força de trabalho. Averiguar como o capitalismo inseriu-se na
economia mundial e quais as mudanças decorrentes desse processo, bem como as
mudanças socais e tecnológicas também ocorridas faz-se necessário nesse contexto. De
sua origem até os dias atuais o capitalismo apresentou-se de diferentes formas: o
investimento em atividades de comércio deu vida ao Capitalismo Comercial, a Revolução
Industrial impôs o Capitalismo Industrial e por fim, o Capitalismo Financeiro se insere
através do comércio de ações e da globalização econômica.
Podemos decompor o capitalismo nas seguintes fases:
•Pré-capitalismo: período caracterizado pela economia mercantil, onde a produção se
destina as trocas e não apenas a uso imediato. Não se generalizou o trabalho
assalariado;trabalhadores independentes que vendiam o produto de seu trabalho, ou seja,
os artesãos eram donos de suas oficias, ferramentas e matéria-prima;
•Capitalismo Comercial: apesar de predominar o produtor independente (artesão),
generaliza-se o trabalho assalariado. A maior parte do lucro concentrava-se na mão dos
comerciantes,intermediários, não nas mãos dos produtores. Lucrava mais quem
comprava e vendia a mercadoria, não quem produzia;
•Capitalismo Industrial: O trabalho assalariado se instala, em prejuízo dos artesãos,
separando claramente os possuidores de meios de produção e o exército de
trabalhadores;
•Capitalismo Financeiro ou Monopolista: contexto atual, onde sistema bancário e
grandes corporações financeiras tornam-se dominantes e passam a controlar as demais
atividades.
Origem do pré-capitalismo
A emergência do capitalismo relaciona-se à crise do Feudalismo, que deu sinais de
esgotamento, basicamente, do descompasso entre as necessidades crescentes da
nobreza feudal e a estrutura de produção, assentada no trabalho servil. O impacto sobre o
feudalismo foi fulminante, já que o sistema tinha potencialidade mercantil, isto é, a
possibilidade de desenvolvimento do comércio em seus limites. As feiras medievais
ganharam novo dinamismo, foram perdendo o caráter temporário, estabilizaram-se,
transformaram-se em centros permanentes, as cidades mercantis.
Surge, a partir das primeiras fortunas entre os burgueses de Idade Média, um novo
sistema econômico e social baseado na iniciativa particular, na propriedade privada dos
meios de produção, e gosto pelo investimento de capitais com fins lucrativos.
O Capitalismo Industrial
A constante expansão dos negócios mantém em crescimento a procura de produtos
industrializados e, com ela, o progresso das atividades industriais e desenvolvimentos
técnico. Observa-se radical transformação na indústria graças ao rápido incremento da
mecanização alicerçado pelo uso generalizado do ferro, carvão e força de expansão do
vapor. A Inglaterra na metade do século XVIII contava com um poderoso capital a
disposição
e controlavam o amplo mercado representado pelo seu imenso domínio colonial.
Instaurase nessa nação um regime de acentuada liberdade econômica. O sucesso
financeiro das primeiras atividades industriais mecanizadas e as facilidades surgidas pela
fabricação e a operação de máquinas levaram a mecanização de diversos ramos da
indústria, gerando a denominada Revolução Industrial.
O Capitalismo Financeiro ou Monopolista
O desenvolvimento do capitalismo industrial aumenta significativamente o número
de bancos comerciais e surgem os bancos de investimento voltado para o financiamento
da produção. A sociedade anônima além de facilitar a obtenção de capitais e, a ampliação
dos investimentos, possibilita o jogo financeiro puro através do comércio de ações. A
procura de sempre maiores lucros e a da crença na livre concorrência levou a formação
grupos monopolistas, através de trustes que controlam todas as etapas da produção
desde a retirada da matéria-prima da natureza passando pela transformação em
produtos, até a distribuição das mercadorias. Também se criam os cartéis, resultantes de
livre associação de concorrentes, que fazem acordo entre si, estabelecendo preços
comuns, dividindo os mercados, mas sem perda da autonomia particular.
Neoliberalismo
Os neoliberais acreditam que o Estado cresceu muito e que, portanto, deve diminuir
sua participação na economia. As diretrizes básicas que orientam os caminhos das
privatizações e da desregulamentação econômica. Privatizar, naturalmente, significa
vender
as empresas estatais como siderúrgicas, hidrelétricas, companhias de transporte, minas e
companhias telefônicas, e passá-las ao controle de empresas particulares. Além disso, o
neoliberalismo prevê a diminuição de impostos, para que os empresários tenham mais
recursos para investir, a liberação das importações e a abertura ao capital estrangeiro.
Às associações econômicas regionais com diminuição ou eliminação dos protecionismos
e atração de investimentos internacionais, acrescentou-se a limitação dos gastos
Taylorismo
No início do século XX, o engenheiro industrial norte-americano Frederick Winslow
Taylor desenvolveu um sistema para aumentar a produtividade, instituindo uma maior
divisão
de tarefas no interior das fábricas, os trabalhadores deixaram de confeccionar o produto
inteiro e cada operário passou a exercer apenas algumas tarefas específicas.
Taylor acreditava que oferecendo instruções sistemáticas e adequadas aos trabalhadores,
haveria possibilidade de fazê-los produzir mais e com melhor qualidade, que achava
que todo e qualquer trabalho necessita, preliminarmente, de um estudo para que seja
determinada uma metodologia própria visando sempre o seu máximo desenvolvimento,
cujo resultado refletiria em menores custos, salários mais elevados e, principalmente, em
aumentos de níveis de produtividade.
Com o objetivo de que o trabalho fosse executado de acordo com uma seqüência e
um tempo pré-programados, de modo a não haver desperdício operacional, inseriu a
supervisão funcional, estabelecendo que todas as fases de um trabalho deviam ser
acompanhadas de modo a verificar se as operações estão sendo desenvolvidas em
conformidades com as instruções programadas. Finalmente, apontou que estas
instruções programadas devem, sistematicamente, ser transmitidas a todos os
empregados.
Fordismo
Henry Ford, outro engenheiro industrial dos Estados Unidos, aplicou uma nova maneira
de organizar o trabalho na sua fábrica de automóveis, criou a denominada linha de
montagem: em vez dos trabalhadores se deslocarem pela fábrica, cada um realizava uma
única tarefa repetidas vezes: um encaixava o motor, outro parafusava o motor na
carroceria, outro encaixava os bancos, e assim por diante. As mudanças implantadas
permitiram reduzir o esforço humano na montagem, aumentar a produtividade e diminuir
os custos proporcionalmente à elevação do volume produzido e facilidade de
operação e manutenção. O conceito-chave da produção em massa não é a
idéia de linha contínua, mas sim a completa e consistente comunicação de
partes e a simplicidade de montagem. Esta combinação de vantagens competitivas
elevou a Ford à condição de maior indústria automobilística do mundo e virtualmente
sepultou a produção manual. Entretanto, o contraste com o que ocorria no sistema de
produção manual, o trabalhador da linha de montagem tinha apenas uma tarefa, o mesmo
não comandava componentes, não preparava ou reparava equipamentos, nem
inspecionava a qualidade, nem mesmo entendia o que o seu vizinho fazia. Com o
fordismo, o trabalho se tornou repetitivo e monótono e os operários perderam o controle
sobre o ritmo e os resultados de seu trabalho.
O Toyotismo (just-in-time)
É um modo de organização da produção capitalista que se desenvolveu a partir da
globalização do capitalismo na década de 19804, também conhecido como modelo
japonês.O país foi o berço da automação flexível, pois, apresentava um cenário diferente,
possuía um pequeno mercado consumidor, capital e matéria-prima escassos, e grande
disponibilidade de mão-de-obra não-especializada. A solução veio por meio da fabricação
de pequenas quantidades de numerosos modelos de produtos, voltados para o mercado
externo, de modo a gerar divisas tanto para a obtenção de matérias-primas e alimentos,
quanto para importar os equipamentos e bens de capital necessários para a sua
reconstrução pós-guerra e para o desenvolvimento da própria industrialização. Esse
sistema pode ser teoricamente caracterizado por quatro aspectos:
• mecanização flexível;
• processo de multifuncionalização de sua mão-de-obra;
• Implantação de sistemas de controle de qualidade total;
• Sistema just in time (menores estoques e maior diversidade produtos).
A partir de meados da década de 1970, as empresas toyotistas assumiriam a supremacia
produtiva e econômica, principalmente pela sua sistemática produtiva que consistia
em produzir bens pequenos, que consumissem pouca energia e matéria-prima, ao
contrário do padrão norte-americano. Com o choque do petróleo e a consequente queda
no padrão de consumo, os países passaram a demandar uma série de produtos que não
tinham capacidade, e, a princípio, nem interesse em produzir, o que favoreceu o cenário
para as empresas japonesas toyotistas. A razão para esse fato é que devido à crise, o
aumento da produtividade, embora continuasse importante, perdeu espaço para fatores
tais como a qualidade e a diversidade de produtos para melhor atendimento dos
consumidores.
1. Afirma-se que estamos vivendo uma Terceira Revolução Industrial. Manifeste sua
opinião acerca desta questão.
2. Alguns fatores são imprescindíveis para a instalação de uma indústria,
aponte quais são esses fatores e faça uma hierarquização dos mesmos,
começando pelo qual você considera mais importante.
3. O critério mais utilizado para a classificação das indústrias é em relação ao tipo de
produto produzido, porém, quais outros tipos de classificação podem ser empregados?
4. O processo produtivo passou por mudanças significativas desde o século XIX.
Quais as principais características do fordismo e quais as “herdadas” do
taylorismo?
5. O capitalismo pode ser dividido basicamente em três fases; comente
as características mais marcantes de cada uma delas.
6. O setor terciário é o que mais cresce na economia; quais as principais causas
dessa hipertrofia? Quais as consequências disso nos países subdesenvolvidos?
7.
No que se baseia a Teoria das Localidades Centrais de Walter Cristaller?
8.
François Perroux defendia a idéia que os espaços são conjuntos abstratos,
constituídos de relações econômicas realizadas por agentes econômicos e
conceitua o espaço econômico em duas perspectivas, quais são elas? Justifiqueas
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