Questões UnB (História) (UnB‐2°/2008) Que rostos mais coalhados, nossos rostos adolescentes em volta daquela mesa: o pai à cabeceira, o relógio de parede às suas costas, cada palavra sua ponderada pelo pêndulo, e nada naqueles tempos nos distraindo tanto como os sinos graves marcando as horas: ―O tempo é o maior tesouro de que um homem pode dispor; embora inconsumível, o tempo é o nosso melhor alimento; sem medida que o conheça, o tempo é contudo nosso bem de maior grandeza: não tem começo, não tem fim; é um pomo exótico que não pode ser repartido, podendo entretanto prover igualmente a todo mundo; onipresente, o tempo está em tudo; existe tempo, por exemplo, nesta mesa antiga: existiu primeiro uma terra propícia, existiu depois uma árvore secular feita de anos sossegados, e existiu finalmente uma prancha nodosa e dura trabalhada pelas mãos de um artesão dia após dia; existe tempo nas cadeiras onde nos sentamos, nos outros móveis da família, nas paredes da nossa casa, na água que bebemos, na terra que fecunda, na semente que germina, nos frutos que colhemos, no pão em cima da mesa.‖ A partir do texto acima, julgue os itens seguintes, que tratam de aspectos conceituais da História. 5) Como se pretende que a História seja uma ciência, o que a leva a fazer uso de uma metodologia, a concepção de tempo não pode ser diferente daquela que é utilizada pelas demais ciências, como a Física, por exemplo. 6) Quando escritores afirmam, como Jorge Luís Borges, que ―o tempo é a substância da qual somos feitos‖ ou, como Carlos Drummond de Andrade, que ―o tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes‖, eles estão negando o que Emanuel Araújo chamou de ―categoria fundamental da cons tuição do sentido da experiência. 7) No momento em que o pensador Walter Benjamin diz que ―a História é objeto de uma construção cujo lugar não é o tempo homogêneo e vazio, mas um tempo saturado de agoras, ele está se opondo ao que o texto chama de ―concepções naturalistas e monolíticas do tempo histórico. 8) O texto permite concluir que o objeto da História é o estudo do passado, um tempo definido e já vivido, que não pode ser modificado e, muito menos, ser alvo de reinterpretação. (UnB‐2°/2008) Colonização, mais do que um conceito, é uma categoria histórica, porque diz respeito a diferentes sociedades e momentos ao longo do tempo. Trata‐se de um fenômeno de expansão humana pelo planeta, desenvolvendo a ocupação e o povoamento de novas regiões. Em determinadas épocas históricas, a colonização foi realizada sobre espaços vazios, como é o caso das migrações pré‐históricas que trouxeram a espécie humana ao continente americano. Mas, desde que a humanidade se espalhou pelo mundo, diminuindo significativamente os vazios geográficos, o tipo de colonização mais comum tem sido mesmo aquele executado sobre áreas já habitadas. O processo colonizador movido pela Europa Moderna na América foi realizado em um conjunto específico de relações de dependência e de controle político e econômico que as metrópoles impuseram a suas colônias, conjunto esse denominado sistema colonial. Raduan Nassar. Lavoura arcaica. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 53‐4. Considerando esse fragmento de texto, extraído da obra Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar, julgue os próximos itens. 1) Não há História fora do tempo, da mesma forma que ela não existe sem a ação humana. 2) Na História, o tempo breve está vinculado ao fato, ao acontecimento, ao passo que a longa duração, isto é, o tempo que corre lentamente, diz respeito às estruturas que sustentam e modelam os sistemas ou formas de organização de vida das sociedades. 3) Há situações em que os fatos tendem a se acelerar, dando a impressão de que o tempo histórico passa mais rapidamente que em outras situações. É o que se pode afirmar, por exemplo, a respeito dos fatos ocorridos no Brasil no período colonial, em comparação com a lenta modernização econômica e a expansão urbana experimentadas pelo país a partir dos anos 50 do século XX. 4) O dinamismo do tempo, no sistema feudal europeu, marcado pelas incessantes inovações que transformaram uma agricultura de subsistência em fornecedora de produtos para o mercado, contrapõe‐
se à morosidade das mudanças ocorridas na Idade Moderna e nas primeiras décadas do século XIX. (UnB‐1°/2002) Ao apresentar a obra A Coleção Tempos, da Editora UnB, o historiador Emanuel Araújo assim escreveu. Como categoria fundamental da constituição do sentido da experiência, o tempo ocupa lugar capital no pensamento histórico de todas as orientações. E não apenas entre os historiadores. Filósofos e teóricos dos mais diversos campos do saber, da Antropologia aos estudos literários, nas últimas décadas vêm contribuindo decisivamente para a crítica das concepções naturalistas e monolíticas do tempo histórico. K. V. Silva e M. H. Silva. Dicionário de conceitos históricos. São Paulo: Contexto, 2005, p. 67‐8 (com adaptações). Com relação à temática e a aspectos semânticos e gramaticais do texto acima bem como a informações a respeito da literatura brasileira, julgue os itens de 9 a 15. 9) A ausência de unidade política, que a fragmentação representada pela polis tão bem explicita, impediu que a Grécia, na Antiguidade Clássica, colonizasse áreas situadas fora de seu território. 10) De forma sistêmica e crescente, Roma ultrapassou a condição de simples cidade‐estado, avançou sobre a península italiana e, após a vitória sobre Cartago (Guerras Púnicas), conquistou a bacia do Mediterrâneo, transformando‐se em império de grandes dimensões. Emanuel Araújo. A coleção tempos. In: Ciro F. Cardoso. Sete olhares sobre a antiguidade. Brasília: Editora UnB, 1994, p. 9 (com adaptações). Curso Exatas 1
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19) A escravidão nos Estados Unidos da América (EUA) teve uma característica própria, que a singularizava em relação às demais regiões do continente americano: por meio de uma intensiva produção voltada para o mercado externo, os escravos da região centro‐norte desse país possibilitaram um excedente econômico que se mostrou decisivo para a edificação do parque industrial sulista. (UnB‐1°/2002) Da Antiguidade Clássica – greco‐romana – derivam as bases da chamada Civilização Ocidental. Pensadores e artistas de ambas as civilizações, também tributários da cultura oriental, produziram uma obra monumental, cujos pressupostos filosóficos e estéticos atravessaram os séculos. Relativamente a valores, ideias, crenças e práticas que notabilizaram esse período histórico, julgue os itens abaixo. 20) A partir da mitologia, os gregos explicaram o surgimento do mundo e do homem, acreditando que a razão e a lógica deveriam subordinar‐se às determinações dos deuses, os únicos verdadeiramente sábios. 21) A civilização romana não elaborou uma produção filosófica igualável à grega; todavia, em decorrência da conquista de um vasto império, desenvolveu um código jurídico que contribuiu para consolidar as bases da sua dominação em toda a área do Mediterrâneo. 22) O trabalho compulsório foi dominante em ambas as civilizações; a diferença entre elas residia no fato de ser facultada ao escravo grego a liberdade, desde que se dispusesse ao recrutamento militar e a pagar o tributo per capita cobrado ao cidadão. 23) Em Roma, à época republicana, os embates sociais e políticos ocasionaram uma relativa redefinição na estrutura do poder, na medida em que a legislação permitiu aos segmentos sociais plebeus uma certa ascensão e a possibilidade de exercerem determinadas magistraturas. 11) Independentemente do estágio em que se encontrava, seja em pleno apogeu, seja em processo de declínio, o sistema feudal, por seu caráter fechado e avesso ao dinamismo do comércio, eximiu‐se de levar a Europa a promover tentativas de expansão. 12) O sistema colonial a que o texto alude integra o quadro de transformação vivido pela Europa na Idade Moderna, quando se verifica a tendência de as velhas estruturas feudais serem substituídas por novos procedimentos e práticas que prepararam o terreno para o advento da economia capitalista. 13) Tanto no caso de Espanha e Portugal e suas colônias na América quanto no do neocolonialismo decorrente da expansão imperialista iniciada no século XIX, as relações de dominação metropolitana e de dependência das colônias, referidas no texto, foram idênticas. 14) Ao transferir‐se para o Brasil, há duzentos anos, o Estado português obrigou‐se a enrijecer o sistema colonial como forma de manter unido o território de sua mais importante colônia e preservar suas boas relações com a Inglaterra. 15) Em razão do papel das cidades na economia exportadora durante o período colonial, uma das heranças da colonização que perduram até hoje, no Brasil, é o predomínio da população urbana em relação à rural. (UnB‐1°/2002) A escravidão remonta aos primórdios da sociedade humana. Da Antiguidade Oriental aos Tempos Modernos, tem‐se registros da utilização do trabalho compulsório nas mais diversas situações, como em edificações do Estado (a domesticação do rio Nilo e as construções faraônicas no Egito), entre os gregos e no Império Romano, culminando com a exploração do trabalho indígena e, sobretudo, africano em terras americanas, como foi o caso expressivo do Brasil. A propósito, uma série de reportagens do Jornal do Brasil, publicada em dezembro de 2001, traçando uma radiografia da questão fundiária no Pará, aponta a existência de várias fazendas na região que fazem uso do trabalho escravo. Acerca da dimensão histórica do escravismo, julgue os itens abaixo. 16) Dois fatores fizeram a força da Roma imperial: a permanência do Senado como organismo regedor da política externa e, especialmente, a transformação do camponês, do plebeu urbano e do cristão em mão de obra escrava. 17) A eliminação do trabalho escravo na Idade Média deveu‐se, acima de tudo, à persistente atuação dos catequizadores que, difundindo os princípios cristãos, ameaçavam com a excomunhão aqueles que tivessem em seus domínios trabalhadores não livres. 18) A exemplo dos escravos gregos (hilotas), os escravos africanos nos domínios coloniais americanos, como o Brasil, eram propriedade do Estado, que os repassava aos particulares, cobrando‐lhes o dízimo devido como imposto. Curso Exatas 2
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28) A partir do século XIII, as cidades da Europa ocidental passaram a contar com uma cadeia de abastecimento, configurada como uma rede de interações entre produção local/regional e comércio de longa distância. 29) No século XVI, grandes potências comerciais, como Veneza e Gênova, dada a combinação alcançada entre capital e transporte, monopolizavam o tráfego marítimo no Mediterrâneo oriental. (UnB‐2°/2006) JORNAL DE ROMA Peter Morter. In: Andrew Langley e Philip de Souza. Jornal de Roma 800 a.C‐400 d.C. Belo Horizonte: Ed. Dimensão Ltda. e Walker Brooks, s/d, p. 12. (UnB‐1°/2010) No mapa acima, estão representadas as longas distâncias percorridas pelos homens na Antiguidade, quando viajar era uma atividade extremamente perigosa, tal como se depreende do texto a seguir. Viajando por terra ou mar, arriscando suas vidas, os mercadores ficavam longe de suas famílias durante meses ou até mesmo anos. Piratas emboscados e naufrágios eram apenas alguns dos perigos que esses bravos tinham de enfrentar em nome de todos. Por que os mercadores continuavam a participar daquelas jornadas arriscadas? Bom, não era apenas pelo dinheiro. O alimento vendido por eles ajudava as pessoas a matarem a fome. Eram tantos vivendo nas cidades, que não era possível cultivar a quantidade suficiente de alimento para todos. Sem a colheita dos grãos do Egito ou sem os carregamentos de vinho da região que hoje corresponde à França e o azeite de oliva da região correspondente à Espanha, o que essas sociedades fariam? Figura I Idem, ibidem (com adaptações). Tendo como referência o mapa e o texto acima bem como os múltiplos aspectos por eles suscitados, julgue os itens de 24 a 29. 24) Na Antiguidade, as rotas comerciais de longa distância uniam o Oriente ao Ocidente, como a famosa rota da seda, caminho monopolizado pelos tecelões chineses. 25) A localização da Somália, na região conhecida como Chifre da África, e as guerras civis ali vivenciadas criaram condições para o surgimento, nessa região, de ações de pirataria, que se desenvolveram com o emprego de tecnologia avançada. 26) Na Antiguidade, Roma era denominada a cidade eterna e, para manter o seu status de cabeça (capital) do império, era fundamental que demonstrasse autossuficiência quanto a abastecimento e eliminasse qualquer laço de dependência com outras cidades. 27) Infere‐se do questionamento feito ao final do texto que, naquele contexto, o desequilíbrio social causado pelo esvaziamento no campo e pelo acúmulo de pessoas na cidade era resultado do comodismo dos romanos, que priorizavam a importação de bens. Curso Exatas Figura II Figura III 3
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Figura IV Figura V 33) A figura IV retrata a capacidade criadora e a riqueza cultural da civilização incaica. A América que os europeus encontraram, em fins do século XV, extraiu de seus conhecimentos acumulados e de sua cultura milenar a força para resistir aos invasores, razão pela qual espanhóis e portugueses levaram tempo para procederem à colonização do Novo Mundo. 34) A urbanização, como fenômeno sistemático e consistente, é fruto da Revolução Industrial. No decorrer do século XIX e, sobretudo, do século XX, ela se expandiu e, acompanhando o processo de globalização econômica, também se universalizou. A figura V evidencia que projetos urbanísticos e concepções arquitetônicas de cidades também se transformam com o passar do tempo. (UnB‐1°/2007) O poema de Hesíodo Os Trabalhos e os Dias inicia‐se com duas narrativas míticas. O poeta conta a história de Prometeu e Pandora e, logo em seguida, apresenta a narrativa do mito das raças. Ambos os mitos mencionam um tempo antigo em que os homens viviam ao abrigo dos sofrimentos, das doenças e da morte; cada um presta contas, à sua maneira, dos males que se tornaram, em seguida, inseparáveis da condição humana. Em relação ao mito de Prometeu, Hesíodo limita‐se a deixar falar sua narrativa: pela vontade de Zeus, que, a fim de vingar o roubo do fogo, escondeu ao homem a sua vida, isto é, o seu alimento, os seres humanos são destinados ao trabalho, a partir de então; devem aceitar essa dura lei divina e não poupar esforço nem fadiga. A riqueza produzida pelas sociedades, no transcurso da história, deve ser compreendida em suas múltiplas manifestações, as quais não se restringem aos aspectos puramente econômicos. Vinculadas à denominada civilização ocidental, as figuras acima refletem algumas situações em que a capacidade humana de pensar, de sentir, de agir e de se expressar, ao longo do tempo e nas mais distintas regiões do planeta, reveste‐se de invulgar dimensão. Considerando os diversos contextos históricos representados nessas figuras, julgue os itens a seguir. 30) A figura I remete à Antiguidade clássica e traduz, na arquitetura, a monumentalidade da cultura helênica, na qual a racionalidade se submete à religião e o individualismo não consegue fazer sombra ao espírito coletivista dominante na sociedade. 31) Na figura II, a presença marcante do castelo, símbolo do poder de uma aristocracia fundiária e guerreira, aponta para uma das características essenciais do feudalismo europeu. Em torno dele, desenvolvia‐se uma economia basicamente agrária sustentada pela mão de obra servil, com predomínio ideológico da Igreja Católica. 32) Na figura III está representada uma das marcas a riqueza artística da Renascença, amplo movimento cultural que, inspirado nos modelos de vida e na religiosidade medievais, contribuiu para o surgimento, no início dos tempos modernos, de um novo homem comedido em suas aspirações de conhecimento e de descobertas, mas convicto de sua força na construção da história. Curso Exatas Jean‐Pierre Vernant. Mito e pensamento entre os gregos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990, p. 27 (com adaptações). Tendo o texto acima como referência inicial, julgue os itens seguintes, relativos a aspectos linguísticos, históricos e geográficos. 35) Na Antiguidade Clássica, a prevalência do trabalho escravo reflete a existência de uma economia de base mercantil. Na Grécia, a escravidão foi abolida graças, sobretudo, à vigorosa oposição que os filósofos moveram contra esse tipo de trabalho. 36) A crise do escravismo insere‐se no processo mais amplo de decadência do Império Romano e de ruralização da economia europeia, cenário propício ao surgimento da nova realidade histórica, que seria o feudalismo. 37) No sistema feudal, o mundo do trabalho dividiu‐se igualmente entre servos e escravos, o que demonstra a equivalência de papéis entre a agricultura de subsistência e o comércio no conjunto da economia da Europa medieval. 38) A importância do trabalho escravo na Idade Moderna decorre da elevada taxa de lucratividade gerada pela exploração dessa mão de obra, ainda que não possibilitasse ganhos expressivos aos que se dedicavam à sua comercialização, isto é, ao tráfico. 39) A inexistência de escravidão entre os povos da América pré‐colombiana explica‐se pelo modelo coletivista de organização social adotado, com pequenas variações, por maias, astecas e incas. 4
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40) A consolidação do capitalismo como sistema econômico dominante, processo impulsionado pela Revolução Industrial, tornou anacrônico o trabalho escravo, entre outras razões, por sua dificuldade de gerar o mercado consumidor necessário à referida consolidação. 41) No contexto histórico do mundo contemporâneo, o fim da escravidão tornou‐se imperativo ético e exigência moral, mas ainda persistem situações em que o trabalho compulsório, não devidamente remunerado, mantém‐se de pé. (UnB‐1°/2006) A arte é uma constante na história da humanidade. Todas as culturas possuem arte, mas sua diversidade torna difícil sua definição. Outra noção bastante complexa é a de artista. Enquanto para alguns o artista é todo aquele que faz arte, para outros, artista é apenas aquele que elabora uma obra de arte com consciência estética. Nessa segunda perspectiva, o artista existiria apenas na Grécia clássica e no Ocidente a partir do Renascimento. Em outras culturas e períodos, como no medievo europeu, por exemplo, o artista era um artesão, e a obra de arte tinha status semelhante ao de qualquer objeto produzido pelo trabalho manual humano. Nesse sentido, e mais ainda naquelas sociedades em que a arte tinha um fim religioso ou mágico, a maioria das obras era anônima, pois pouco importava seu autor. Só no Renascimento, em que se retomou uma noção grega clássica, o artista tornou‐se um indivíduo que se definia como artista, e não como artesão: era o artista‐gênio, uma celebridade valorizada justamente por produzir arte. 45) Expressão de um contexto histórico de significativas transformações, no qual desponta o individualismo, a cultura renascentista exprime – nas artes, na literatura, na filosofia e na ciência – o sentimento marcante dos Tempos Modernos, qual seja, a valorização do ser humano a partir do reconhecimento de sua racionalidade e de suas inesgotáveis potencialidades. 46) A sociedade contemporânea, marcadamente industrial e urbana, possibilita o surgimento de uma arte livre, desvinculada dos mecanismos de mercado, que, à exceção do universo cultural, praticamente comandam os setores da vida social, incluindo‐se os referentes aos esportes e à religião. (UnB‐1°/2008) Mudam‐se os tempos, mudam‐se as vontades Mudam‐se os tempos, mudam‐se as vontades, muda‐se o ser, muda‐se a confiança: todo o mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades. Continuamente vemos novidades, diferentes em tudo da esp‘rança; do mal ficam as mágoas na lembrança, e do bem, se algum houve, as saudades. O tempo cobre o chão de verde manto, que já coberto foi de neve fria, e em mil converte em choro o doce canto. E, afora este mudar‐se cada dia, outra mudança faz de mor espanto1; que não se muda já como soía2. 1
mor – maior soía – costumava 2
Luís Vaz de Camões. Antologia escolar portuguesa. Rio de Janeiro: Fename, 1970, p. 319. Kalina Vanderlei Silva e Maciel Henrique Silva. Dicionário de conceitos históricos. São Paulo: Contexto, 2005, p. 27‐8 (com adaptações). Considerando o texto poético acima, julgue os itens a seguir, relativos a aspectos linguísticos e literários, históricos e geográficos. 47) A conquista da Europa Ocidental pelos árabes, no século VIII, correspondeu à mudança nos padrões culturais vigentes na região, a começar pelo persistente declínio do cristianismo e pela consequente expansão do islamismo. 48) Na história europeia, um exemplo significativo de mudança de ―tempos‖ e de ―vontades‖ verificou‐se nos séculos XV e XVI, contexto de transformações e de conquistas de que a Renascença, as Grandes Navegações e a Reforma religiosa seriam símbolos marcantes. 49) Mesmo com o fim do Império Romano, na Europa, as instituições políticas e as práticas econômicas que caracterizavam Roma em seu apogeu prevaleceram na Alta Idade Média. 50) Na hoje denominada América Latina, nas primeiras décadas do século XIX, ocorreram mudanças no cenário político com o surto de independência de parte expressiva das antigas colônias ibéricas, inclusive do Brasil. Tendo o texto como referência inicial e considerando as variadas formas pelas quais o tema por ele abordado se evidencia ao longo da História, julgue os itens seguintes. 42) Nada pragmática, a cultura romana ultrapassou os limites cronológicos da Antiguidade. Graças à atualidade dos temas e dos enfoques abordados por seus principais autores de peças de teatro, como Ésquilo, Sófocles e Aristófanes, essas obras ainda hoje são encenadas em grande estilo. 43) Grécia e Roma convergiam sob diversos aspectos. Expansionistas, ambas chegaram a comandar grandes impérios sem abrir mão da originalidade cultural, razão pela qual devotavam relativo desprezo pelas manifestações culturais dos povos conquistados. 44) A Europa medieval, cuja sociedade era extremamente ruralizada, vivendo nos estreitos limites dos feudos e cerceada pelo rígido controle religioso e intelectual imposto pela Igreja Católica, conseguiu produzir uma ―arte com consciência estética‖, como sugere o texto, exibindo padrões que seriam consagrados pela Renascença. Curso Exatas 5
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(UnB‐2°/2009) ― O Sétimo Selo‖ (1956), de Ingmar Bergman, trata da volta ao castelo de origem de um cavaleiro e de seu escudeiro que haviam participado do movimento das Cruzadas. O cavaleiro é abordado pela morte (personificada em um homem todo vestido de preto) e, antes que ele seja por ela levado, eles disputam uma partida de xadrez. Como o cavaleiro vence, são‐lhe permitidos mais alguns dias de vida até uma nova disputa. (...) De Mario Monicelli, ―O Incrível Exército de Brancaleone‖ é, em tom de sátira, narrativa da crise do feudalismo europeu, em que, com o aumento do número de servos desocupados e nobres sem terra, os valores cavalheirescos se tornam, nessas circunstâncias, anacrônicos e cômicos. (...) De Jean Jacques Annaud, ―O Nome da Rosa‖, embasado no livro de Umberto Eco, ao focalizar a vida dentro de um mosteiro, revela correntes de pensamento da Igreja medieval e práticas da Inquisição, cenário em que um monge franciscano representa o intelectual renascentista, humanista e racional. Relativamente à Igreja Católica medieval e do início da Idade Moderna, julgue os itens seguintes. 56) Durante a Alta Idade Média, não houve espaço para a presença da doutrina cristã no Ocidente europeu em face da difusão hegemônica dos dogmas pagãos germânicos e romanos. 57) A Reforma Gregoriana revitalizou os dogmas cristãos e incrementou a vida nos mosteiros, nos quais os monges introduziram o costume de produzir a própria sobrevivência, embora tenha acirrado as contendas entre a Igreja e o Estado. 58) Já no século XVI, após o Concílio de Trento, a Igreja Católica deixou transparecer a fragilidade de suas estruturas ao reconhecer os postulados reformistas de Martinho Lutero e Calvino e ao resignar‐se à condição de uma instituição a mais no complexo administrativo do Estado moderno. 59) A Igreja Católica, por meio de glosas e provérbios, estendeu a doutrina cristã aos povos iletrados e, para subsidiar a educação da nobreza fundiária, serviu‐se das transcrições literárias grega e oriental, realizadas nos mosteiros e conventos. (UnB‐2°/2007) A partir dos contatos estabelecidos pelos homens da esquadra de Cabral com a terra e a gente brasílicas, em abril de 1500, divulgaram‐se, em Portugal e, subsequentemente, em outros Estados europeus, notícias sobre o achamento, na região ocidental do Atlântico Sul, de uma terra firme habitada por gentes desconhecidas, daí resultando, na feliz expressão do historiador Capistrano de Abreu, o descobrimento sociológico do Brasil. O surto de expansão quatrocentista e quinhentista lusitano contribuiu decisivamente para o estabelecimento de ligações marítimas e comerciais entre todos os continentes, bem como para o surgimento de profundas mutações de ordem cultural, designadamente nos campos da geografia, botânica e zoologia, avultando, entre os mais relevantes, a modificação da concepção europeia do mundo. José Jobson Arruda. Nova história moderna e contemporânea. Bauru: EDUSC; São Paulo: Bandeirantes Gráfica, 2004, p. 20 (com adaptações). Tendo esses fragmentos de texto como referência, julgue os itens a seguir. 51) A filosofia, na Idade Média, foi desenvolvida em escritos em que, a despeito de terem sido produzidos por pensadores cristãos, entre os quais se incluíam diversos padres da Igreja Católica, havia a separação entre os âmbitos filosófico e religioso. 52) Humanismo e racionalismo, marcas do movimento renascentista, que inaugurou a modernidade europeia, constituíam os pilares sobre os quais se assentava a Igreja Católica medieval, provável razão de sua ascendência espiritual e temporal naquele contexto histórico. 53) Presença central no filme de Bergmam citado no primeiro fragmento de texto, as Cruzadas podem ser definidas como movimento de expansão da Europa feudal em crise e, como tal, desprovidas de motivação religiosa e de sentido social. 54) Na referência ao filme de Monicelli, o texto sugere que o processo de esgotamento do feudalismo foi relativamente rápido e atingiu, sobremaneira, a massa camponesa servil, mas poupou, ao máximo, a nobreza senhorial, com seus valores e suas práticas. 55) O período final da Idade Média, aludido no segundo fragmento de texto, foi marcado por fomes, pestes e religiosidade extremada. (UnB‐1°/2002) Entre os séculos VIII e XIV, momento histórico em que a Europa ocidental era aos poucos convertida à nova religião, o catolicismo, os conhecimentos que eram transmitidos oralmente foram, gradativamente, redigidos por clérigos. Para tanto, serviram‐se também das lendas, modificando‐as para fins didáticos, ou seja, por meio delas eram transmitidos valores cristãos à população. Curso Exatas Jorge Couto. A gênese do Brasil. In: Carlos Guilherme Mota (org.). Viagem incompleta: a experiência brasileira – Formação: histórias. São Paulo: Senac, 2000, p. 47 (com adaptações). Considerando o texto acima, julgue os itens que se seguem. 60) A expansão europeia dos séculos XV e XVI compõe um cenário de importante transformação histórica, marcado, entre outros aspectos, pelo esgotamento do sistema feudal e pelo renascimento das cidades e do comércio em escala crescente. 61) Na Europa medieval, em grande parte assinalada pelo predomínio do feudalismo, o comércio deixara de existir em face da ruralização da economia, bem como haviam desaparecido vestígios de vida urbana, nesse longo período de mil anos. 62) Ao longo da Idade Média europeia, a importância da igreja católica não se prendia apenas ao aspecto espiritual. A partir dele, contando com uma estrutura hierarquizada e presente nas mais diversas regiões, a igreja católica também exerceu inegável poder temporal. 6
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63) O período histórico focalizado no texto é também o do surgimento dos Estados nacionais, processo vivido pioneiramente por Portugal, fato que ajudou esse país ibérico a se lançar à aventura da exploração de um Atlântico pouco ou quase nada conhecido. 64) O ‘achamento‘ da terra que viria a ser o Brasil explica‐
se pelo interesse português em concorrer com a Espanha na exploração do Novo Mundo, estando, pois, desvinculado do processo de conquista do litoral atlântico africano e da busca de contatos comerciais com a Ásia. 65) Ao mencionar a ―modificação da concepção europeia do mundo, no final do 2º parágrafo, o texto se reporta diretamente aos efeitos dos grandes descobrimentos. Essa modificação também pode ser entendida como decorrente da revolução cultural representada pelo espírito renascentista no início da Idade Moderna. (UnB‐1°/2002) Na Europa ocidental da Baixa Idade Média, a consequência do desenvolvimento demográfico e econômico desde o século XII foi, principalmente, a retomada do processo de urbanização. A cidade é o canteiro onde se desenvolve, pela divisão do trabalho, o artesanato numeroso e múltiplo, do qual nasce, nos três setores em vias de industrialização‖ construção, tecelagem e curtume, um pré‐proletariado manipulável, sem defesa contra a subordinação do justo salário‖ ao justo preço‖ que é apenas o preço de mercado determinado pela oferta e pela procura e contra a dominação dos empregadores. A partir das ideias do texto acima, julgue os itens que se seguem. 66) Após o desmembramento do Império Carolíngio, estabeleceram‐se as relações feudais que, em decorrência de sua dinâmica e organicidade sociopolítica, impuseram limites à expansão das forças econômicas. 67) O renascimento das cidades e do comércio, na medida em que teve o seu sustento nas difusas práticas do feudalismo, dificultou a edificação das monarquias nacionais que se desdobraram, a seguir, no absolutismo. 68) O justo salário‖ e o justo preço‖ foram instruções elaboradas e difundidas pela doutrina católica; de certa maneira, tais conceitos constrangiam o desenvolvimento enunciado no texto acima. 69) As trocas monetárias estiveram intimamente relacionadas aos novos segmentos sociais que emergiam no interior das estruturas feudais e que foram se firmando como empregadores‖ no Ocidente europeu. Curso Exatas Victor Meirelles. A primeira missa no Brasil. (UnB‐1°/2006) A chegada das naus portuguesas pela primeira vez ao Brasil foi acompanhada por um documento excepcional. O escrivão da frota, Pero Vaz de Caminha, mandava ao rei de Portugal um relato narrando, passo a passo, do dia 21 de abril a primeiro de maio de 1500, a aproximação e abordagem das novas terras. O caráter documental, por si só, conferiria a esta Carta do achamento do Brasil um alto valor. Mas ela adquire um caráter mítico de ato fundador do país a partir de duas qualidades que Caminha possuía largamente: legítimo e elevado talento literário vinculado à capacidade aguda de observação. O cerne do texto concentra‐se na cerimônia mais significante: a missa, que congregou navegadores e índios. Assim, sob a égide católica, associam‐se, numa cena de elevação espiritual, as duas culturas. Criava‐se ali o ato de batismo da nação brasileira. Momento prenhe de significados, que o projeto de construção de um passado histórico para o Brasil, ocorrido no século XIX, saberia explorar. Será a pintura a encarregada de fixar e de imprimir nas mentes esse instante inaugural por meio do pincel de Victor Meirelles, então jovem e promissor talento. Em Paris, em 1859, ele decide pintar A primeira missa no Brasil. Jorge Coli. A pintura e o olhar sobre si: Victor Meirelles e a invenção de uma história visual no século XIX brasileiro. In: Marcos Cezar de Freitas (org.). Historiografia brasileira em perspectiva. São Paulo: Contexto, 2003, p. 378‐80 (com adaptações). Tendo o texto acima como referência inicial e considerando a temática por ele abordada e o sentido da tela de Victor Meirelles, além de momentos marcantes da História do Brasil, julgue os itens que se seguem. 70) A chegada das naus portuguesas ao Brasil é acontecimento que se inscreve no contexto das grandes transformações políticas, econômicas, sociais e culturais que, na Europa, assinalam os Tempos Modernos. Um conjunto de fatores, particularmente de ordem interna, explica o pioneirismo português no expansionismo comercial e marítimo, que descortina para o nascente capitalismo europeu novas e promissoras áreas de exploração. 7
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(UnB‐1°/2007) A medievalista francesa Colette Beaune acaba de lançar o livro Joana d’Arc, uma Biografia. Ela empenhou‐se para descobrir quem foi a mártir da Guerra dos 100 anos, queimada viva aos 19 anos, em 1431. Para a autora, mitos e estereótipos da época ajudam a revelar a personagem trágica que nasceu em uma família modesta e analfabeta. Ridicularizada por figurões como Shakespeare e Voltaire, Joana tornou‐se, por ironia da História, padroeira da França. A historiadora afirma que Joana d‘Arc teve sua imagem utilizada contra os ingleses, que haviam contribuído para sua morte, e, depois, contra os alemães no século XIX. O final do século XVIII não foi favorável à memória da donzela. Ela só ressurge em meados do século XIX. Já, então, duas Joanas se contrapunham, uma monarquista e piedosa – a dos historiadores católicos e da escola privada, a outra popular e republicana, a dos manuais da escola leiga. No século XX, sua memória entra em crise. Joana é utilizada pelo governo de Vichy e, em seguida, pela Frente Nacional (a extrema direita de Le Pen), o que faz que a esquerda a abandone. Felizmente, as feministas vêm em socorro da heroína, que volta a pôr em questão o estatuto das mulheres de seu tempo. 71) A exploração colonial do continente americano subordinou‐se aos princípios mercantilistas que conduziam o capitalismo europeu em sua etapa de formação, qual seja a de base comercial. Apesar disso, houve espaço para que as colônias também desenvolvessem uma dinâmica econômica interna própria. 72) Presentes no texto, expressões como ato fundador, ato de batismo‖ e instante inaugural, simbolicamente representadas por um texto literário (a carta de Caminha) e por uma tela (pintura de Victor Meirelles), convergem para o propósito de se construir a identidade nacional brasileira após a Independência, ao longo do século XIX. 73) Além de concretizar a ruptura política e econômica, a Independência do Brasil rompeu com os padrões europeus presentes na cultura brasileira. A ênfase na temática indianista, tão cara ao romantismo caboclo do século XIX, alijou as concepções estéticas que norteavam a arte acadêmica até então produzida no Brasil. 74) No período de exploração colonial, o sistema produtivo implantado no Brasil gerou espaços geográficos organizados em economias regionais desarticuladas. 75) Devido à necessidade de povoamento da colônia brasileira, a Coroa incentivava a organização do território por meio da ocupação de espaços para a produção agrícola, como a atividade açucareira, que promovia uma estrutura social voltada para a expansão de diversos e pequenos núcleos urbanos. (UnB‐1°/2002) A definição dos Estados Nacionais modernos ocorreu na sequência de inúmeras articulações sociais, econômicas, políticas e ideológicas que, ao final do século XVIII, conferiram ao Ocidente europeu novo perfil e novos conteúdos civilizacionais. Com relação a essas mudanças, julgue os itens a seguir. 76) Dos escombros do sistema feudal, emergiu o segmento social que dependia de uma organização jurídico‐
política capaz de desobstruir as interdições impostas pelos domínios senhoriais e de afixar o padrão monetário válido para todo o reino. 77) Desde o século XV, a monarquia, que se apresenta centralizada, tendo à frente o rei ungido pela benção papal, foi suficiente para sobreviver politicamente sem o concurso da nobreza fundiária, pois bastava‐lhe o suporte oferecido pelas populações urbanas. 78) A justificação ideológica dos Estados absolutistas foi construída por fontes laicas, como Jean Bodin e Bossuet, já que os letrados e jurisconsultos eclesiásticos laboravam teses a favor da supremacia do poder espiritual. 79) No conjunto das mudanças, o movimento iluminista foi adquirindo densidade e definindo os seus objetivos: apoio às aspirações políticas dos camponeses e releitura da doutrina cristã para efetivar o pacto com a sociedade urbana mercantil. Curso Exatas Gazeta Mercantil. Caderno Fim de Semana, 6‐8/10/2006, p. 3 (com adaptações). Considerando o tema abordado no texto e as possíveis relações com outros contextos históricos, julgue os itens seguintes. 80) Entre as situações citadas no texto, relativas à valorização da imagem de Joana d‘Arc na França do século XX, destaca‐se a que se refere ao movimento de resistência liderado por De Gaulle durante a Segunda Guerra Mundial. 81) A Guerra dos 100 anos, cenário em que Joana d‘Arc se notabiliza, é considerada um dos grandes marcos da crise do feudalismo, pois contribuiu para o fortalecimento da autoridade real e consequente afirmação do Estado nacional sobre a nobreza. 82) O texto sugere que personagens históricas, como Joana d‘Arc, podem ser percebidas de forma distinta ao longo do tempo, sendo sua imagem apropriada aos diversos interesses e pontos de vista de cada época. 83) É possível identificar alguma semelhança entre o caso focalizado no texto e a figura de Tiradentes na história do Brasil. Esquecida pelo governo imperial, a imagem do inconfidente de Vila Rica foi recuperada pela República, à maneira de um mito representativo de liberdade e do amor à pátria. 84) Infere‐se do texto que renascentistas e iluministas se aproximavam no respeito e na profunda admiração ao papel histórico que Joana d‘Arc representou na Europa do século XV. 85) O século XIX, época em que praticamente desaparece o interesse por Joana d‘Arc na França, é, paradoxalmente, período de afirmação do nacionalismo, de que seriam exemplos marcantes os processos de unificação da Alemanha e da Itália. 86) Subentende‐se do texto que, apesar de sua importância e de seus efeitos nas relações internacionais europeias subsequentes, a Guerra Franco‐Prussiana de 1870 não levou os franceses a apelarem ao mito patriótico que envolve Joana d‘Arc. 8
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(UnB‐1°/2007) Este mundo da injustiça globalizada, texto apresentado por José Saramago na cerimônia de encerramento do Fórum Social Mundial, em 2002, conta um fato notável da vida camponesa passado em uma aldeia dos arredores de Florença há mais de quatrocentos anos. Aconteceu que o ganancioso senhor de um lugar (algum conde ou marquês sem escrúpulos) andava, desde há tempos, a mudar de sítio os marcos das estremas das suas terras, metendo‐os para dentro da pequena parcela do camponês, mais e mais reduzida a cada avançada. O lesado tinha começado por protestar e reclamar, depois implorou compaixão, e finalmente resolveu queixar‐se às autoridades e acolher‐se à proteção da justiça. Tudo sem resultado, a espoliação continuou. Então, desesperado, decidiu anunciar (urbi et orbi – uma aldeia tem o exato tamanho do mundo para quem sempre nela viveu) a morte da Justiça. Talvez pensasse que o seu gesto de exaltada indignação lograria comover e pôr a tocar todos os sinos do universo, sem diferença de raças, credos e costumes, que todos eles, sem exceção, o acompanhariam no dobre a finados pela morte da Justiça, e não se calariam até que ela fosse ressuscitada. Um clamor tal, voando de casa em casa, de aldeia em aldeia, de cidade em cidade, saltando por cima das fronteiras, lançando pontes sonoras sobre os rios e os mares, por força haveria de acordar o mundo adormecido... Não sei o que sucedeu depois, não sei se o braço popular foi ajudar o camponês a repor as estremas nos seus sítios, ou se os vizinhos, uma vez que a Justiça havia sido declarada defunta, regressaram resignados, de cabeça baixa e alma sucumbida, à triste vida de todos os dias. É bem certo que a História nunca nos conta tudo... (UnB‐1°/2009) O tempo, como o Mundo, tem dois hemisférios: um superior e visível, que é o passado, outro inferior e invisível, que é o futuro. No meio de um e outro hemisfério ficam os horizontes do tempo, que são esses instantes do presente que vamos vivendo, em que o passado se termina e o futuro começa. Desde este ponto, toma seu princípio a nossa História, a qual nos irá descobrindo as novas regiões e os novos habitadores desse segundo hemisfério do tempo, que são os antípodas do passado. Oh! que cousas grandes e raras haverá que ver nesse novo descobrimento! Antonio Vieira. História do futuro. José Carlos Brandi Aleixo (org.). Brasília: UnB, 2005, p. 121. Considerando o fragmento de texto acima, de Antonio Vieira, julgue os itens a seguir. 92) A descoberta da América, com a posterior colonização das novas terras por portugueses e espanhóis, integrou um contexto de transformação histórica que aprofundou a crise do feudalismo e descortinou, para a Europa, novos horizontes de exploração. 93) A História realiza‐se em determinado espaço e é contingenciada pela passagem do tempo, razão pela qual o estudo do passado assegura o domínio do conhecimento acerca da direção a ser trilhada pelas sociedades, ou seja, ela permite a previsibilidade do futuro. 94) Conforme a analogia entre tempo e espaço apresentada no texto, o tempo presente pode ser adequadamente denominado como uma espécie de linha do Equador do tempo. 95) No texto, padre Vieira intenta uma analogia entre a descoberta do tempo futuro pela ―História‖ e a do Novo Mundo pelos europeus. (UnB‐2°/2007) O sistema colonial montado pelo capitalismo comercial entrou em crise quando o capital industrial se tornou preponderante e o Estado absolutista foi posto em xeque pelas novas aspirações da burguesia, ansiosa por controlar o poder através de formas representativas de governo. A partir de então, o sistema de monopólios e privilégios que regulava as relações entre metrópole e colônia começa a ser condenado. Reformula‐se a teoria econômica, passa‐se do mercantilismo para o livre‐
cambismo, surge uma nova noção de colônia e uma nova política colonial se esboça. Entram em luta o capitalismo orientado no sentido de possibilidades fiscais e coloniais e os monopólios de Estado e o capitalismo orientado no sentido das possibilidades automáticas do mercado, no valor substantivo das realizações mercantis. O extraordinário aumento proporcionado pela máquina à produção seria pouco compatível com a persistência dos mercados fechados e das áreas enclausuradas pelos monopólios e privilégios. Internet: <www.dominiopublico.gov.br> (com adaptações). Tendo o texto como referência inicial, julgue os itens seguintes. 87) Ao fazer uso de palavras como conde‖ e marquês, o texto remete a títulos de nobreza que, na Europa medieval, se vinculavam à propriedade da terra e à hierarquia existente no conjunto da nobreza senhorial. 88) A despeito de contextos históricos diferentes, a situação vivida pelo camponês retratado no texto apresenta alguma similaridade com alguém que, no Brasil, da colônia às primeiras décadas do século XX, vivesse da terra sem dela ser proprietário. 89) Dos homens bons da colônia aos coronéis do período republicano, a refletir o poder de vida e de morte das elites oligárquicas, a história brasileira foi essencialmente marcada pelo patrimonialismo. 90) No Brasil, a incorporação do desenvolvimento tecnológico às atividades rurais permitiu a sua modernização, que foi acompanhada da eliminação da violação dos direitos do homem do campo, em especial, da escravidão por dívida. 91) Depreende‐se do texto que é justa a sociedade sem diferença de raças e costumes, em que os cidadãos, para defendê‐la, são capazes de se unirem para mudar o mundo. Curso Exatas Emília Viotti da Costa. Introdução ao estudo da emancipação política do Brasil. In: Carlos Guilherme Mota (org.). Brasil em perspectiva. São Paulo/Rio de Janeiro: Difel, 1980, p. 68‐9 (com adaptações). 9
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Tendo o texto acima como referência inicial, julgue os itens a seguir. 96)
A colonização do Brasil deu‐se nos quadros do Antigo Regime, ou seja, esteve subordinada às estruturas políticas do Absolutismo e às determinações da política econômica mercantilista. 97)
Ao contrário do que ocorria nas áreas americanas colonizadas pela Espanha, o modelo colonial português adotou o princípio da liberdade de comércio para sua colônia brasileira, possivelmente para atender às pressões da Inglaterra, pioneira da Revolução Industrial. 98)
A nova noção de colônia‖envolveu um novo tipo de relacionamento entre as áreas centrais do capitalismo e as regiões ditas periféricas, fenômeno intimamente ligado ao avanço da industrialização ao longo do século XIX e à consolidação de um capitalismo crescentemente imperialista. 99)
Embora não tenha sido uma das áreas enclausuradas pelos monopólios e privilégios, a que o texto se refere, o Brasil foi colonizado com o uso intensivo de mão de obra escrava, o que dificultou sua inserção no capitalismo de base industrial. 100) Entre os fatores determinantes para a I Guerra Mundial (1914‐18), ocupam posição de relevo as disputas entre as grandes potências por mercados fornecedores, consumidores e de investimento de capitais. (UnB‐2°/2008) A ideia de Estado‐Nação equivale a uma noção muito elaborada. Seu entendimento pressupõe o caminhar por uma linha ininterrupta de ideias que, através do espaço e do tempo, ligam as hordas às grandes potências. O Estado‐Nação constitui o resultado das soluções silenciosas e progressivas das questões que surgiram da convivência humana. Querer, em um ensaio, estabelecer o preciso momento e a melhor via em que ocorreram essas soluções é buscar o inalcançável. Entretanto, a forma dessas soluções sempre foi a mesma: o pacto. Seja aquele resultante da imposição do mais poderoso, que, portanto, decorre da racionalização de desvantagens; seja aquele que advém da composição de vontades e que, portanto, resulta da racionalização de vantagens. Internet: <www.reservaer.com.br> (com adaptações). Julgue os seguintes itens, tendo como referência o texto acima. 103) Na argumentação do texto, a palavra pacto‖deve ser entendida como indicadora de soluções nefastas, a serem evitadas pelo Estado‐Nação. 104) Em sua obra Leviatã, Thomas Hobbes, um dos principais expoentes do Iluminismo, sugere que o Estado se origina de pacto social, o que explica a tendência à progressiva democratização. 105) A ideia de nação francesa, fortalecida a partir da Guerra dos Cem Anos, ao final da Idade Média, foi impulsionada pela ação considerada heroica de Joana d‘Arc. (UnB‐1°/2007) Camuflados sob os mais variados disfarces, deuses e heróis gregos conseguiram, embora a duras penas, atravessar toda a Idade Média. Na Renascença, porém, recobertos com sua roupagem de gala, regressaram triunfantes, de corpo inteiro, para não mais se esconder. Salva pelos poetas, artistas, filósofos e pelo Cristianismo, a herança clássica converteu‐se em tesouro cultural: Camões, Fernando Pessoa e Carlos Drummond de Andrade, apenas para citar o triângulo maior da poesia em língua portuguesa, estão aí para prová‐lo. Junito de Souza Brandão. Mitologia grega. Petrópolis: Vozes, 1996, p. 34 (com adaptações). A partir das estruturas do texto, dos conhecimentos acerca do fenômeno literário e de aspectos históricos do mundo ocidental, julgue os itens subsequentes. (UnB‐1°/2008) Considerando o mapa acima, que mostra os principais fluxos migratórios interestaduais, em 2000, com o saldo migratório indicado pela espessura e sentido das flechas, julgue os seguintes itens. 106) Pelo Tratado de Tordesilhas, a América portuguesa ficaria restrita à porção ocidental do atual território brasileiro, razão pela qual foi essa a área de maior densidade demográfica desde o início da colonização. 107) Ocorrida essencialmente no século XVIII, a mineração foi importante para o deslocamento do eixo econômico e político da colônia para o Centro‐Sul. 101) Ainda que considerado inadequado para alguns estudiosos, o termo Renascimento indica a existência de elo entre o movimento de renovação cultural ocorrido em regiões europeias nos séculos XV e XVI e a fonte clássica que lhe serviu de inspiração, ou seja, a cultura greco‐romana. 102) Quanto a aspectos culturais, a Europa medieval foi marcada pela visão teocêntrica de mundo, a refletir poderosa presença da igreja católica no contexto feudal. Antirreligiosa por definição, a Renascença simbolizou a emergência de uma cultura simultaneamente desvinculada do cristianismo e da busca de explicação racional para os fenômenos da vida. Curso Exatas 10
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108) A atividade mineradora estimulou o deslocamento de contingentes populacionais para o interior da colônia. 109) Na Era Vargas, a Marcha para o Oeste constituiu‐se em política pública voltada para a integração de vastas porções do território brasileiro, pouco povoadas, ao esforço de modernização desenvolvimentista do país. 110) Graças às vitórias obtidas em sucessivas guerras, o Acre foi conquistado à Bolívia e incorporado ao Brasil no período final do Segundo Império. (UnB‐2°/2007) Não era apenas para os territórios britânicos que os escravos eram enviados. Do Senegal para a Virgínia, de Serra Leoa para Charleston, do delta do Níger para Cuba, de Angola para o Brasil e em dezenas de rotas seguidas por milhares de embarcações, o Atlântico era um vasto cinturão de transporte para a morte prematura nos campos de uma imensa fileira de plantações que se estendiam de Baltimore ao Rio de Janeiro e além. O estudo da África não é matéria exótica. Ainda que não tenhamos consciência, o obá do Benin está mais próximo de nós do que os antigos reis da França. Considerando a linguagem e as ideias do texto acima e as relações sociais e econômicas do Brasil, julgue os itens subsequentes. 115) A ação dos bandeirantes, entre os séculos XVII e XVIII, coincide com o apogeu econômico da região de São Paulo, ao mesmo tempo em que o fracasso da economia açucareira nordestina já se mostrava irreversível. 116) Movimentos rebeldes, como a Confederação do Equador (1824) e a Revolução Farroupilha (1835‐45), provam que o centralismo adotado pelo Estado brasileiro após a independência, aparentemente privilegiando as elites do Vale do Paraíba, encontrava resistência em diversas províncias. (UnB‐2°/2006) O desejo de dominação e de fortuna encrava‐se, aqui e lá, em praias hostis que deverão povoar seu interior. Nos primeiros tempos, cada porto ou praia de desembarque é uma ilha cercada de hostilidade e mistério. É preciso, pois, relatar rapidamente a epopeia da instalação do homem branco nessas costas africanas e americanas e tentar compreender como a ocupação das terras da América e a utilização dos portos da África fazem do Atlântico o imenso mar interior que os navegadores europeus aprenderão a cruzar cada vez com maior segurança, para voltar a unir o que o caos pré‐cambriano separou, na prática de um tráfico rendoso e sempre mais indispensável ao desenvolvimento do Novo Mundo. O homem branco considerará lucrativo e glorioso instalar‐
se no Brasil, nas vastidões quase desertas, que se mostrarão fáceis de conquistar e prometedoras de riquezas, enquanto a África dos reinos e das tribos negras, território repleto‖ que ninguém ainda pensa em conquistar e colonizar, aparenta ser relativamente pobre em metais nobres e vai‐se deixar dessangrar em sua força de trabalho, sua grande reserva, o homem preto, mercadoria diferente das outras, e tornada, após o eclipse de outras riquezas naturais – ouro, especiarias, marfim –, a fortuna essencial do continente negro. Cabedal a transportar para o Novo Mundo, a trazer para as Américas sangue e fortuna. Estranha aventura que enxerta a África negra na América branca e vermelha. Vozes da África, nº 6. São Paulo: Entre Livros, 2007, p. 33 e 69. Considerando o texto acima, julgue os itens que se seguem. 111) Assalariados, em vez de escravos, compõem a totalidade da mão de obra empregada nas atividades agrícolas do Brasil de hoje. 112) Diferentemente do passado colonial, a estrutura agrária brasileira atual se caracteriza pela inexistência de grandes propriedades de terras. 113) A utilização sistemática da mão de obra escrava nas colônias americanas inscreve‐se na lógica do capitalismo de base mercantil e foi importante para que, na Europa, avançasse o processo de acumulação de capitais, condição essencial para a futura revolução industrial. 114) Ao contrário do que fazia crer boa parte das elites brasileiras do século XIX, cresce, no Brasil de hoje, a consciência de que a formação histórica do país é fortemente marcada pela presença de povos africanos, indígenas e europeus, acrescida de várias outras correntes migratórias. (UnB‐2°/2007) São inúmeros os desafios colocados na trajetória a ser trilhada para que se reduzam as desigualdades regionais no Brasil. Alguns decorrem de nossa própria história. Nosso território, submetido aos diversos ciclos econômicos e diferentes processos de ocupação, guarda marcas culturais, territoriais, sociais e econômicas expressivas. Outros advêm do caráter centralizador, concentrador e setorial que marca as ações públicas brasileiras, mesmo aquelas que deveriam ter uma maior distribuição no território e promover a redução das desigualdades. Kátia de Queirós Mattoso. In: Ser escravo no Brasil. São Paulo: Brasiliense, p. 17 (com adaptações). Relativamente ao texto acima e aos temas a ele associados, julgue os itens que se seguem. 117) A expressão caos pré‐cambriano‖ remete ao período imediatamente anterior à era das grandes navegações europeias. 118) A principal riqueza explorada pelos colonizadores na África foi o homem; abolida a escravidão e declarada a independência das colônias africanas, a ausência de riquezas naturais relegou o continente à pobreza, à fome e às epidemias. Ministério da Integração Social. Construindo um Brasil de todas as regiões. Brasília, set./2006 (com adaptações). Curso Exatas 11
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119) Entre as transformações que marcaram os Tempos Modernos, uma das mais significativas foi o deslocamento do eixo econômico do Mediterrâneo para o Atlântico. Nos séculos XV e XVI, o Atlântico se tornaria o imenso mar interior que os europeus aprenderiam a dominar, impelidos pela promessa de enriquecimento que lhes acenava a exploração de recursos naturais e de seres humanos. 120) Entre as colônias ibero‐americanas, o Brasil foi o maior importador de escravos africanos. Por mais de quatro séculos, o intenso tráfico foi responsável pelo desembarque, em portos brasileiros, de milhares de africanos, atividade que chegou ao fim por decisão de D. Pedro I, pouco depois da independência, por pressão do capitalismo britânico. 121) Lento e gradativo, o processo de abolição do trabalho escravo, no Brasil, somente foi concluído em fins do século XIX. Embora não tenha garantido aos ex‐escravos as condições necessárias à sua inserção na sociedade, a Lei Áurea, de 1888, contribuiu para o adensamento da crise que derrubou o Império e instituiu a República. (UnB‐2°/2006) A situação dos holandeses tinha alguma coisa de especial – que os afastava de outros Estados e nações na Europa barroca. Essa coisa era a precocidade. A Holanda se tornou um império mundial em apenas duas gerações; a mais formidável potência econômica estendeu‐
se pelo globo desde a Tasmânia até o Ártico. Os holandeses, porém, eram circunavegadores claustrofóbicos. No final, toda aquela estupenda riqueza era consumida no espaço restrito de uma fervilhante colmeia de menos de 2 milhões de habitantes. A prodigiosa qualidade de seu sucesso subiu‐lhes à cabeça, mas também lhes deu certo fastio. 124) Impossibilitada de montar poderosa marinha, que lhe proporcionaria condições de vencer a concorrência e dominar o comércio marítimo, a Inglaterra teve de esperar até a segunda metade do século XVIII para, graças à Revolução Industrial, enriquecer e assumir a posição de liderança no capitalismo mundial. 125) Típica expressão de intervencionismo estatal na economia, o sistema colonial respondeu pelo enriquecimento de países europeus que estiveram à frente desse empreendimento. Trata‐se de iniciativa que se inscreveu nos quadros de desenvolvimento do capitalismo comercial, de expansão do mercado interno nacional e de consolidação dos Estados nacionais. (UnB‐2°/2006) Adam Smith publicou, em 1776, a obra Uma Investigação Sobre a Natureza e a Causa da Riqueza das Nações, em que procurou demonstrar que a riqueza das nações resultava do trabalho dos indivíduos, que, seguindo seus interesses particulares, promoviam, no conjunto, a ordem e o progresso da nação. Para ele, ao contrário dos mercantilistas, não havia necessidade de o Estado intervir na economia, pois ela era guiada por uma mão invisível, isto é, pelas leis naturais do mercado. Essas leis eram a livre concorrência e a competição entre os produtores, as quais determinavam o preço das mercadorias e eliminavam os fracos e os ineficientes. Assim, o próprio mercado regulamentava a economia, proporcionando harmonia social, sem a necessidade da intervenção da autoridade pública. Smith ensinava que a produção nacional podia crescer por meio da divisão do trabalho, criando‐se especializações capazes de aumentar a produtividade e fazer baixar o preço das mercadorias. Na opinião de Smith, se o trabalho determinava a prosperidade nacional e o valor das mercadorias, ele não se realizava sem o trabalhador, e este não vivia sem o salário. Como os trabalhadores buscavam ganhar o máximo possível, e os empregadores, pagar o mínimo possível, o salário estava condicionado à procura e à oferta de mão de obra. Os patrões levavam vantagem, mas nunca deveriam pagar menos do que fosse necessário para o trabalhador se manter. ―Nenhuma sociedade pode florescer e ser feliz sendo a maior parte de seus membros pobre e miserável.‖ Simon Shama. O desconforto da riqueza. São Paulo: Companhia das Letras, 1992, p. 19 (com adaptações). Com referência ao texto acima e a aspectos histórico‐
geográficos, julgue os itens que se seguem. 122) Refratários às aventuras marítimas e às guerras de conquista, em razão de sua mentalidade claustrofóbica, os holandeses conseguiram, todavia, acumular extraordinária riqueza depois de persistente atividade comercial, quando tomaram a inédita decisão de não cobrar taxas aduaneiras. Assim, apesar da inexistência de grandes companhias comerciais, eles chegaram a dominar o comércio de açúcar brasileiro na Europa e transformaram seu país, no século XVI, na mais formidável potência econômica‖ do Ocidente. 123) A riqueza da Holanda, mencionada no texto, longe de ser exclusividade de um país, foi decorrência de uma nova realidade econômica a do nascente capitalismo de base mercantil, que se assentava, entre outras condições, na exploração monopolista de colônias, tal como ocorreu em terras americanas. Curso Exatas Internet: <www.hystoria.hpg.ig.com.br> (com adaptações). Com referência ao texto anterior e considerando o tema a que ele se reporta, julgue os seguintes itens. 126) As ideias de Adam Smith apresentadas no texto contrapõem‐se ao mundo econômico de hoje, haja vista a forte intervenção dos estados nacionais, que comandam os fluxos de capitais e de mercadorias, restringindo‐os à esfera dos blocos econômicos regionais aos quais pertencem. 127) Em sua obra clássica, Adam Smith, ao criticar as práticas intervencionistas do Estado na esfera econômico‐social, traduzia as aspirações industrialistas da nova burguesia em ascensão. 12
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132) O Iluminismo, como um movimento amplo na geografia múltipla da expansão das ideias, teve o mérito de aproximar, na obra de Voltaire, os autores liberais ingleses do ideário iluminista francês e europeu ocidental. 133) A defesa do direito‖ e do agir segundo o livre pensar, marcas do pensamento iluminista, são contribuições presentes não apenas na obra de Voltaire, mas também no conjunto de autores do seu tempo. 134) Defensor da ideia de uma obra com orientações práticas, Voltaire dispensou severas críticas aos autores que, produtores de gabinete, desprezavam a contribuição literária ao pensamento filosófico. (UnB‐1°/2008) Na História do Brasil, ocorreram algumas poucas rupturas. A principal delas foi a Independência, não por acaso denominada ―Revolução‖ pelo historiador Caio Prado Júnior. Ao longo do processo de descolonização, desde a insurreição de 1817 até a Proclamação da República, em 1889, plasmaram‐se algumas matrizes de pensamento que definiram as pautas pelas quais se regeriam a vida política, econômico‐administrativa e a organização da sociedade pós‐colonial. Ideias de Brasil adquiriram nova dimensão histórica, cultural, geográfica, social e política com o santista José Bonifácio, estadista da independência, homem da Ilustração e fundador da política externa brasileira. Com ele, mas também com oponentes a seu projeto de nação, como Cipriano Barata e o padre Diogo Antonio Feijó (ex‐deputados em Lisboa), ou o jornalista Evaristo da Veiga, um dos líderes do 7 de abril de 1831, ―nossa iden dade‖ cole va se delineava. 128) Ao defender a livre concorrência, a competição entre os produtores e o funcionamento da economia subordinada às leis naturais do mercado, a denominada ―mão invisível‖, Adam Smith explicita alguns dos princípios fundamentais do liberalismo, contrapondo‐se ao mercantilismo até então praticado. 129) A expressão francesa laissez‐faire, laissez‐passer sintetiza a política econômica adotada pelos países capitalistas na segunda metade do século XVIII. Entretanto, a rigor, apenas a França apresentava as condições exigidas para essa adoção, visto que se encontrava à margem dos conflitos europeus, por ter intensificado sua produção industrial e fortalecido o poder absolutista do Estado. 130) A abertura dos portos do Brasil, em 1808, inscreve‐
se na lógica do liberalismo econômico, especialmente por ter significado rompimento com o princípio do monopólio comercial sobre o qual se assentava o regime colonial português. (UnB‐1°/2002) Voltaire foi um defensor engajado do direito, um crítico da superstição e do fanatismo. Não pode haver, para ele, pior prisão do espírito do que as cadeias das crenças sem fundamento, dos dogmas sufocantes e das culpas sem falta. Em primeira linha escritor filosófico, Voltaire é tributário de Locke, Newton, Shaftesbury e dos deístas ingleses. Conquanto ele não possua a pujança de um Descartes, de um Spinoza ou de um Leibniz, Voltaire dá ao corpus idearum daqueles autores ingleses uma força de penetração, no espaço europeu continental, que eles mesmos não alcançariam. Reconhecendo aos ―filósofos que se recolheram a seus gabinetes de trabalho‖ terem prestado os melhores serviços à humanidade, Voltaire considera‐se antes um ―prático‖, para cujo sucesso valem os meios literários tanto quanto os filosóficos. Afinal, o grande combate de sua vida foi assegurar o direito de se pensar livremente e de agir segundo esse pensar: ou seja, uma finalidade eminentemente prática. Carlos Guilherme Mota. Introdução. In: Carlos Guilherme Mota (org.). Viagem incompleta – a experiência brasileira (1500‐2000). Formação: histórias. São Paulo: SENAC, 2000, p. 22‐3 (com adaptações). Tendo o texto acima como referência inicial, julgue os itens que se seguem. 135) O caráter revolucionário da Independência do Brasil, aludido no texto, sustentou‐se no fato de o Brasil ter rompido com as bases da colonização e na convergência de ideias entre as principais lideranças revolucionárias. 136) A identidade nacional brasileira, aludida no texto, que antecede o surgimento do Estado nacional, foi forjada nos chamados movimentos emancipacionistas, como a Confederação do Equador (PE) e a Revolução Farroupilha (RS). 137) Deduz‐se do texto que o jornalista Evaristo da Veiga foi importante personagem na crise que culminou na abdicação de D. Pedro I. 138) José Bonifácio é caracterizado no texto por meio do emprego de um adjetivo que precede esse nome e de expressões que o sucedem e exercem função sintática de vocativo. 139) As fronteiras brasileiras que estabeleceram a unidade territorial do país, tal como hoje é reconhecida, foram demarcadas ainda no período colonial, anteriormente ao período de transição retratado no texto. Estevão C. de Rezende Martins. Tolerância e novo mundo – Voltaire diante do desconhecido. In: Textos de História, 7 (1‐2), Brasília, 1999, p. 9(com adaptações). Com referência ao texto acima, julgue os itens que se seguem, relativos ao lugar de Voltaire no Iluminismo. 131) Desprezado como um autor menor em seu tempo, apenas recentemente Voltaire passou a ser visto como um grande pensador iluminista, a partir de nova leitura da sua contribuição à discussão da educação como fator de construção da liberdade individual. Curso Exatas 13
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(UnB‐2°/2006) cumprindo seu duro serviço. A cinza de seus cavaleiros neles aprendeu tempo e ritmo, e a subir aos picos do mundo... e a rolar pelos precipícios... Cecília Meireles. Romanceiro da Inconfidência. In: Obra poética. Rio de Janeiro: Aguilar, 1972, p. 544‐6. Julgue os itens a seguir, relativos ao trecho de poema de Cecília Meireles apresentado ao lado e à temática histórica a ele associada. Dos cavalos da Inconfidência 140) No conteúdo e na forma, a Conjuração Mineira não se distinguiu dos demais movimentos emancipacionistas ocorridos no período colonial. O fato de Tiradentes e seus companheiros terem sublevado a capitania de Minas Gerais, com a população pegando em armas contra a autoridade metropolitana, é que faz desse movimento o símbolo da rebeldia nacionalista e patriótica, que possibilitou a independência. 141) A Confederação do Equador, de 1824, atesta que o projeto de Brasil independente, formalizado a partir do 7 de setembro de 1822, não foi consensual entre as elites brasileiras, realidade que se confirma nas crises que marcaram o Primeiro Reinado e que adquiriram dimensão ainda mais explosiva no período regencial. 142) A Revolução Farroupilha (1835‐1845), embora tendo‐se iniciado no conturbado período regencial, apresentou uma singularidade que a fez única e distinta das demais revoluções daquele contexto histórico: sua razão de ser foi a defesa de um território – o Rio Grande do Sul –, que estava prestes a ser invadido pelos castelhanos, denominação genérica dada pelos insurretos a argentinos e uruguaios. (UnB‐2°/2006) Pátria do pensador, terra do cantador. Um dos pressupostos ostensivos ou latentes da literatura latino‐americana foi esta contaminação, geralmente eufórica, entre a terra e a pátria, considerando‐se que a grandeza da segunda seria uma espécie de desdobramento natural da pujança atribuída à primeira. As nossas literaturas se nutriram das ―promessas divinas da esperança‖ — para citar um verso famoso do Romantismo brasileiro. (...) Eles eram muitos cavalos, — rijos, destemidos, velozes — entre Mariana e Serro Frio, Vila Rica e Rio das Mortes. Eles eram muitos cavalos, transportando no seu galope coronéis, magistrados, poetas, furriéis, alferes, sacerdotes. E ouviam segredos e intrigas, e sonetos e liras e odes: testemunhas sem depoimento, diante de equívocos enormes. (...) Eles eram muitos cavalos: e uns viram correntes e algemas, outros, o sangue sobre a forca, outros, o crime e as recompensas. Eles eram muitos cavalos: e alguns foram postos à venda, outros ficaram nos seus pastos, e houve uns que, depois da sentença, levaram o Alferes cortado em braços, pernas e cabeça. E partiram com sua carga na mais dolorosa inocência. Eles eram muitos cavalos. E morreram por esses montes, esses campos, esses abismos, tendo servido a tantos homens. Eles eram muitos cavalos, mas ninguém mais sabe os seus nomes, sua pelagem, sua origem... E iam tão alto, e iam tão longe! E por eles se suspirava, consultando o imenso horizonte! — Morreram seus flancos robustos, que pareciam de ouro e bronze. Eles eram muitos cavalos. E jazem por aí, caídos, misturados às bravas serras, misturados ao quartzo e ao xisto, à frescura aquosa das lapas, ao verdor do trevo florido. E nunca pensaram na morte. E nunca souberam de exílios. Eles eram muitos cavalos, Curso Exatas Antonio Candido. Literatura e subdesenvolvimento. São Paulo: Ática, 2000, p. 141‐2 (com adaptações). Considerando o texto acima, julgue os itens a seguir. 143) Após a independência do Brasil, o projeto vitorioso quanto à forma de governo que seria adotada foi o da monarquia constitucional, centralizada e unitária, defendido especialmente pelas elites políticas do eixo Rio‐São Paulo‐Minas. A consolidação da unidade do Império incluiu, entre outras medidas, o investimento na construção de uma história e de uma literatura nacionais, centradas na exaltação da grandeza da pátria, na pujança da terra, nos grandes feitos e heróis do passado. 14
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144) Ao se tornarem independentes, as antigas colônias espanholas da América adotaram a forma republicana de governo, o que lhes assegurou estabilidade política. A presença do caudilhismo nesses países foi fundamental para a consolidação da democracia e do sentimento de nacionalidade tão bem traduzido na literatura patriótica e ufanista da época. (UnB‐1°/2009) Na Constituinte, a despeito de ser um reformista e monarquista constitucional, foi José Bonifácio quem apresentou o projeto mais importante e radical a respeito da abolição do tráfico e da escravidão, revelando sua grandeza de estadista. Muito se poderia dizer também do projeto sobre os índios e sobre sua compacta correspondência e ação diplomáticas, que o qualificam como o fundador da política exterior brasileira. Homem da Ilustração, leitor de Rousseau, Dante e Milton, avançado para o seu tempo, foi logo posto fora da História, tendo sua imagem quase apagada com o revigoramento da mentalidade atrasada do Segundo Reinado. Os principais problemas que levantou ainda aguardam resposta, como o da reforma agrária, o da construção da sociedade civil e o da educação. 149) Uma cultura livresca e socialmente seletiva dificultava o acesso de grandes massas iletradas à condição cidadã, embrenhando‐se essas por formas culturais novas e híbridas que articulavam o saber popular às raízes afro‐indígenas brasileiras. 150) A literatura e o pensamento social brasileiros estiveram pouco articulados às vogas intelectuais da moda na Europa, em especial no que se refere à introdução de ideias da modernidade e do progresso por meio do embranquecimento da população. 151) A difusão do modelo federalista norte‐americano, especialmente depois do apaziguamento interno do país no período pós‐Guerra de Secessão, foi um dos fenômenos que mais contribuíram para o florescer de um republicanismo forte no seio da elite política brasileira na passagem do século. (UnB‐2°/2008) Considera‐se que o sistema parlamentarista tenha sido implementado no Brasil Imperial em 1847, a partir do decreto de criação do cargo de presidente do Conselho de Ministros (ou gabinete), indicado pessoalmente pelo imperador. Inspirado no sistema parlamentarista inglês, no qual o Poder Executivo é exercido pelo primeiro‐ministro, escolhido e apoiado pelo Parlamento, no parlamentarismo brasileiro instaurado no século XIX, o Poder Legislativo, em vez de nomear o Executivo, subordinava‐se a ele e ao Poder Moderador. Na prática, o imperador poderia acionar o Poder Moderador para manter seus ministros, dissolvendo a Câmara e convocando novas eleições. Como as eleições eram viciadas, por causa da interferência do governo, este sempre saía vitorioso. Adriana Lopez e Carlos Guilherme Mota. História do Brasil: uma interpretação. São Paulo: SENAC, 2008, p. 382 (com adaptações). Considerando o texto acima e o processo histórico brasileiro pós‐Independência, julgue os itens de 145 a 147. 145) Depreende‐se do texto que, relativamente ao delicado tema do fim do tráfico negreiro e da escravidão no Brasil, as posições defendidas por José Bonifácio chocam‐se frontalmente com os interesses da maior potência capitalista da época, a Grã‐
Bretanha. 146) Fica confirmada a adesão de José Bonifácio à Filosofia das Luzes do Século XVIII, como afirma o texto, quando se sabe ter sido ele leitor de Dante Alighieri, autor de A Divina Comédia. 147) No Segundo Reinado, que foi o tempo de Dom Pedro II, foi ressaltado o papel de Patriarca da Independência desempenhado por José Bonifácio, que foi consagrado como herói da nacionalidade. (UnB‐1°/2002) O Brasil assistiu à passagem do século XIX para o século XX por meio dos filtros das mudanças operadas na história mundial e a partir das vicissitudes da sua condição de Estado jovem, ainda não centenário, a ensaiar um projeto nacional. A respeito de alguns desses condicionantes, julgue os itens subsequentes. 148) O Brasil viveu, no final do penúltimo decênio do século XIX, a mudança do regime político, inaugurando o novo século com um sistema político moderno, capaz de incluir as demandas sociais e políticas mais diversas e de compor uma democracia formal e de conteúdo. Curso Exatas Ronaldo Vaifas (direção). Dicionário do Brasil imperial (1822–1889). Rio de Janeiro: Objetiva, 2002, p. 563 (com adaptações). Com relação ao texto e ao tema por ele abordado, julgue os itens subsequentes. 152) A consagrada expressão parlamentarismo às avessas condiz com a experiência brasileira parlamentarista do Segundo Reinado, descrita no texto. 153) Calcada no modelo norte‐americano, a primeira Constituição republicana brasileira instituiu o Executivo presidencialista, cuja tendência histórica foi a de crescente afirmação em face dos demais poderes, processo que atingiu dimensão máxima com o Estado Novo, de Vargas. 154) De curta duração, o sistema parlamentarista no Brasil foi adotado apenas uma vez no regime republicano, justamente para superar‐se a crise advinda da renúncia de Jânio Quadros e de posições contrárias à posse do vice‐presidente João Goulart. 155) Promulgada há vinte anos, a Constituição de 1988 ofereceu aos brasileiros a possibilidade de optar pelo parlamentarismo, por meio de plebiscito, cujo resultado foi amplamente favorável à manutenção do presidencialismo. 15
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160) Ao longo da Primeira República (1889‐1930), o cenário político que prevalece é o do amplo domínio das oligarquias, sustentado, em última análise, pelo coronelismo, por eleições fraudulentas e pelo voto a descoberto. 161) Os anos 20 do século passado assinalaram a emergência de movimentos contestatórios à ordem oligárquica vigente, de que seriam exemplos, entre outros, as revoltas tenentistas e a Coluna Prestes, que desembocam na Revolução de 1930. 162) No mesmo contexto histórico mundial que torna possível o surgimento da Era Vargas no Brasil (1930‐
45), verifica‐se a crise geral do liberalismo com a afirmação dos Estados totalitários, como ocorreu, entre outros países, na União Soviética (stalinismo), na Itália (fascismo) e na Alemanha (nazismo). 163) O new deal, implantado pelo governo Roosevelt nos Estados Unidos da América, provou que o Estado liberal poderia enfrentar uma crise da dimensão da Grande Depressão, sem sofrer qualquer tipo de restrição, o que foi fundamental para a sobrevivência do capitalismo ultraliberal. (UnB‐1°/2009) Viver durante mais de oitenta anos no século XX foi uma lição natural a respeito da mutabilidade do poder político, dos impérios e das instituições. Presenciei o desaparecimento total dos impérios coloniais europeus, inclusive o do maior de todos. Vi grandes potências mundiais relegadas às divisões inferiores, vi o fim de um império que pretendia durar mil anos e o de uma potência revolucionária que esperava durar para sempre. Provavelmente não verei o fim do ―século americano‖, mas creio ser possível apostar que alguns leitores o verão. (UnB‐1°/2010) Os transportes foram fundamentais para a evolução do Estado‐nação, o que explica algumas diferenças da história britânica com relação a seus vizinhos europeus, bem como a percepção de se configurar um caso específico. Isso ajudou a determinar o pronto sucesso da Inglaterra como entidade política, seus padrões de mobilidade social e geográfica e a forte integração econômica, o que ajudou a fazer da Grã‐Bretanha a primeira nação industrial. John Cannon. Transport. In: The Oxford companion to british history. Oxford/New York: Oxford University Press, 1997, p. 931‐2 (com adaptações). Tendo o texto acima como referência, julgue os itens 156 e 157. 156) A Segunda Revolução Industrial está associada ao domínio técnico da metalurgia, principalmente do aço, elemento fundamental para o desenvolvimento da Grã‐Bretanha como potência. 157) Os fatos mencionados no texto reportam‐se, sobretudo, ao século XIX, quando a Inglaterra desenvolveu um sistema de transportes assentado no domínio dos mares. (UnB‐2°/2007) Na República Velha, uma lógica paradoxal diferencia e, ao mesmo tempo, relaciona organicamente esses dois cenários – o da capital federal e o do interior –, à primeira vista, opostos pelo vértice: o cenário do progresso montado na cidade que, após o 15 de novembro, assume foros de capital federal, e o cenário do interior do país, onde a república recém‐implantada, aparentemente muda apenas, no cotidiano, os selos que estampilham as cartas que o correio de quando em vez faz chegar, a bandeira nacional hasteada nas festas, as notas e moedas que pouco circulam e algumas das datas pátrias festejadas com fanfarras e bandeirolas. Aprofundar a relação entre esses dois cenários, sem deixar de perceber as diferenças entre a modorra da vida no interior e a vida vertiginosa do Rio de Janeiro, é premissa fundamental para o entendimento da história do primeiro período republicano no Brasil. Eric Hobsbawm. Tempos interessantes. São Paulo: Companhia das Letras, 2002, p. 450 (com adaptações). Considerando o texto autobiográfico acima, escrito por um dos mais respeitados historiadores da contemporaneidade, julgue os itens seguintes. 164) O desaparecimento dos impérios coloniais europeus, inclusive o britânico, resulta das transformações suscitadas pela Segunda Guerra Mundial, entre as quais se destacaram a perda de poder da Europa e a emergência afro‐asiática. 165) Ao fim da Primeira Guerra Mundial (1914‐1918), algumas das antigas potências europeias desapareceram ou perderam importância, a exemplo do que ocorreu com os impérios austro‐
húngaro e turco. 166) No terceiro período do texto, o autor alude às pretensões de perenidade do III Reich alemão e do Estado soviético que veio substituir a antiga Rússia dos czares. 167) A eleição de Barack Obama confirma a mutabilidade do poder político‖ a que o texto se reporta. Além de negro, em um país historicamente marcado pela segregação racial, Obama chega à Casa Branca sem contar com o aval do sistema político norte‐
americano e sem receber as doações que tradicionalmente financiam os candidatos à presidência daquele país. Margarida de Souza Neves. Os cenários da República. O Brasil na virada do século XIX para o século XX. In: Jorge Ferreira e Lucília de Almeida Neves Delgado. O Brasil republicano (I): o tempo do liberalismo excludente. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003, p. 16 (com adaptações). Considerando o texto acima, julgue os itens a seguir. 158) No 1º período do texto, ao confrontar os cenários da capital e do interior do Brasil, o autor pouco informou sobre o primeiro e se esmerou em detalhes ao tratar do segundo, recurso que permite concluir o quanto este segundo cenário mudou na transição para a República. 159) Uma das preocupações da República, em suas primeiras décadas, foi fazer da cidade do Rio de Janeiro o símbolo da modernidade que se pretendia para o país. A vigorosa intervenção urbana na capital significou a abertura de largas avenidas, a destruição de casas populares consideradas insalubres e a imposição de medidas radicais, como a vacinação obrigatória. Curso Exatas 16
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(UnB‐1°/2007) Antes de constituir uma política, o fascismo é uma mitologia. Impõe mais um estilo do que propõe um programa. Tem o sentido do espetáculo, da multidão, do cenário, dos grandes símbolos. O fascismo e o nacional‐
socialismo defendem o primado do irracional. Mussolini e Hitler reencontram a concepção do mito que abala as multidões e as faz vibrar em um uníssono impulso. Nós criamos o nosso mito‖, exclama Mussolini em 1922, o nosso mito é a nação, a grandeza da nação. 168) O ano de 2009 se inicia com mais uma conflagração no historicamente tenso Oriente Médio, desta feita fazendo da região de Gaza o cenário trágico do confronto entre Israel e o grupo palestino Hamas. 169) Em termos históricos, o século XX pode ser definido como um tempo contraditório de luz e de trevas, em que o avanço da democracia, do conhecimento e da própria cidadania convive com guerras em profusão, práticas de genocídio e regimes totalitários. (UnB‐2°/2009) O mundo conheceu a América através do cinema e, para muitos, a América foi apenas o cinema. Em uma sala escura dedicada à narração de um longo sonho, o cowboy, o mocinho, o cidadão honesto e a moça pobre sempre venciam o índio, o bandido, o desonesto e a moça rica. Hollywood criou essa América, onde o bem derrotava o mal, o amor se realizava e as pessoas de vida pequena sonhavam com a grande vida. E, quando essa máquina de fabricar mitos se voltou contra o Eixo, foram mobilizados milhões de almas simples contra os novos vilões da história. Jean Touchard (direção). História das ideias políticas (v.7). Lisboa: Europa‐América, 1970, p. 113‐5 (com adaptações). Considerando o texto acima, julgue os itens subsequentes. 174) Como regime político e modelo de organização do Estado, o nazifascismo desaparece ao término da Segunda Guerra Mundial. As ideias fascistas, todavia, não morreram e, nos dias de hoje, podem ser identificadas em lideranças, partidos e grupos políticos atuantes em muitos países. 175) O nazifascismo, que obteve grande êxito entre a década de 20 e a Segunda Guerra Mundial, opõe‐se ao tipo de política que o século XX viu triunfar, marcada pela racionalidade e pelo desprezo às atitudes de manipulação da opinião pública. 176) É possível estabelecer um paralelo entre o nazifascismo e o socialismo soviético. Hitler, Mussolini e Trotsky mitificavam a força da nação, ao contrário de Stalin, para quem o importante era universalizar rapidamente o espírito revolucionário socialista. 177) Morto em dezembro de 2006, Augusto Pinochet comandou sangrento golpe de Estado que pôs fim ao governo do socialista Salvador Allende. Ao impor ao Chile um regime autoritário e violento, com características que o aproximam do modelo fascista, Pinochet isolou seu país e foi ostensivamente combatido pelos vizinhos do Cone Sul. 178) Malgrado suas diferenças, há pontos de convergência entre o trabalhismo getulista e o justicialismo peronista, entre os quais se incluem: o apelo direto às massas, seguindo a trilha iniciada pelo nazifascismo, e a construção da imagem quase mítica de pai dos pobres e de defensor dos descamisados. 179) O regime militar instaurado no Brasil em 1964 aproxima‐se nitidamente do nazifascismo por ter mantido fechado o Congresso Nacional, adotado o monopartidarismo e imposto permanente censura à imprensa e às manifestações artístico‐culturais. 180) No auge do prestígio do regime militar, o governo Médici procurou, mediante poderosa estrutura publicitária, identificar pátria e governo, sugerindo não haver lugar no país para os adversários ao fazer uso de slogans como Brasil: ame‐o ou deixe‐o. Nosso Século. v.3, São Paulo: Abril Cultural, 1980, p. 243 (com adaptações). Para o marxismo moderno, em sua filosofia política, todas as ações estão perpassadas por ideologia, não existindo ação ideologicamente neutra. Tendo essa afirmação e o texto apresentado como referências, julgue os itens que se seguem. 170) A copiosa produção cinematográfica hollywoodiana desempenhou importante papel político na divulgação de valores e costumes que caracterizariam o modo de vida americano, contribuindo para a então crescente afirmação do prestígio internacional dos Estados Unidos da América (EUA). 171) Infere‐se do texto que, a despeito da enorme carga emocional suscitada por um conflito como a Segunda Guerra Mundial, a indústria cinematográfica norte‐americana eximiu‐se de fazer juízo de valor em relação aos inimigos, provavelmente para não perder futuros mercados exibidores de seus filmes. 172) A figura do cowboy remete à colonização inglesa da América do Norte, marcada pela conquista integral do território e pela similitude com o processo de colonização da América ibérica. 173) Na perspectiva do fundamento marxista mencionado, toda realização cinematográfica está necessariamente vinculada a determinada ideologia. Nessa ótica, propositadamente ou não, uma obra cinematográfica é sempre, entre outras coisas, uma propaganda, ideia que é corroborada no texto, na menção ao cinema de Hollywood. Curso Exatas 17
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(UnB‐1°/2006) A questão da possível conexão entre música e política começou a sobrelevar‐se nos momentos posteriores à Revolução Russa de 1917, quando muitos artistas, intelectuais, escritores e compositores postularam a ideia da arte como um fator de transformação política e social. Na União Soviética, recuperando‐se o projeto nacionalista no campo musical, iniciado pelos românticos durante o século XIX, procurou‐se estabelecer diretrizes da arte, de modo que esta fosse capaz de refletir os anseios do povo e de preservar a cultura popular. Por outro lado, os regimes totalitários, percebendo a importância da arte como uma arma de propaganda de ideais políticos, criaram órgãos específicos para controlar e censurar as mais diversas atividades artísticas. O Estado totalitário, diante do caráter polissêmico e coletivista da música, considerava que ela poderia transformar a multidão em massa perturbadora da ordem. Nos anos 20 e 30 do século XX, alguns governos procuraram estabelecer projetos oficiais no campo da cultura, em um momento em que se ampliava significativamente a música popular, por meio do rádio e dos discos. Na Alemanha, sob Goebbels, procurou‐se estabelecer uma série de normas a fim de regulamentar um tipo de música como sendo a mais verdadeira, ou seja, a mais rigorosamente germânica. A esse regime interessavam obras de conotações nacional‐
populares, embasadas nos textos medievais ou nas canções românticas do século XIX. 183) Um traço comum aos regimes ditatoriais e totalitários, aos quais o texto se reporta, é o controle exercido pelo Estado sobre as manifestações artístico‐culturais. No Estado Novo de Vargas, por exemplo, o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) esmerava‐se em incensar a imagem do ditador paralelamente à ação da censura, que impedia a divulgação de obras que pudessem opor‐se aos donos do poder. 184) Ainda que vivendo situações de crise, as instituições liberais e democráticas norte‐americanas não tiveram a solidez abalada ao longo de sua história. Mesmo no auge da Guerra Fria, quando o confronto ideológico entre o comunismo e o chamado mundo livre mais se evidenciou, as manifestações artísticas e os próprios artistas mantiveram‐se imunes à ação cerceadora dos agentes do Estado. 185) O regime militar brasileiro (1964‐1985) percebeu a ampliação do papel da música popular, por meio do rádio e dos discos, tal como lembrado no texto para uma outra situação. Por isso, fez uso explícito da obra de autores como Geraldo Vandré, Gonzaguinha e Chico Buarque para legitimar‐se junto à população mais jovem e majoritariamente estudantil. 186) Um dos vetores geopolíticos principais durante a Guerra Fria fundamentava‐se na repartição desigual de territórios, definidos pela influência hegemônica Arnaldo Daraya Contier. Arte e Estado: música e poder na Alemanha dos anos 30. In: Revista Brasileira de História. São Paulo: ANPUH/Marco Zero, vol. 8, nº 15, 1987, p. 107‐13 (com adaptações). de cada uma das duas superpotências diretamente envolvidas, que consolidavam a organização global Tendo o texto como referência inicial e considerando as múltiplas implicações, no transcurso da História, do tema que ele focaliza, julgue os próximos itens. 181) Além dos aspectos mencionados no texto, o totalitarismo nazista apostava nas grandes manifestações públicas, particularmente nas de cunho militar, para obter e manter a coesão popular em torno de seu projeto político. Imagens cinematográficas cuidadosamente produzidas eram utilizadas, com frequência, nesse esforço para difundir a grandeza germânica, sob a liderança de Hitler. 182) No Brasil, durante a Era Vargas (1930‐1945), fez‐se intenso uso daquilo que o texto classifica de projetos oficiais no campo da cultura‖, de modo que esta se adequasse ao projeto de modernização autoritária posto em marcha no país. Pelas mais diversas motivações, intelectuais e artistas foram atraídos pelo Estado e tiveram condições de produzir importante obra, do que é exemplo a produção do músico Heitor Villa‐Lobos. Curso Exatas de suas áreas geopolíticas de poder e de contenção da expansão comunista no continente europeu. 187) Com a divisão da Alemanha após a Segunda Guerra Mundial, foram socioeconômicos implantados diferentes nos sistemas territórios formados, o que provocou, nesses territórios, uma desaceleração da reconstrução do parque industrial e do crescimento econômico e elevou a inflação e os conflitos sociais pela recuperação dos salários e pela melhoria das condições de trabalho. 188) Independentemente de seu valor intrínseco como obra de arte, Guernica, ilustrada abaixo, de Pablo Picasso, exprime, simbolicamente, a denúncia da brutalidade fascista, retratando a destruição de uma aldeia da Espanha pela aviação de Hitler, em apoio às forças de Franco na Guerra Civil Espanhola (1936‐
1939), considerada balão de ensaio para a Segunda Guerra Mundial. 18
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(UnB‐1°/2002) Passou‐se por tanta coisa para chegar ao século XXI e, de repente, constata‐se que o percurso apenas nos levou de volta aos anos 30 do século findo, adaptados a novas circunstâncias. Os guerreiros, a criminalidade fardada, os fanáticos da fé patriótica, a perseguição pela simples diferença de raça, o pretexto da necessidade territorial, o acovardamento das nações europeias que podem opor‐se ao avanço do belicismo – tudo traz de volta os anos 30 com sua essência de fogo e bestialidade. Os judeus de ontem são os árabes de hoje. Americanos descobrem, atemorizados com o seu próprio futuro pessoal, que as regras de sua democracia estão substituídas pelo que chamam de ―sistema jurídico alternativo. A Polônia e a Tchecoslováquia de ontem são a Palestina de hoje. (IESB‐2º/2010) A Segunda Guerra Mundial mal terminara quando a humanidade mergulhou no que se pode encarar, razoavelmente, como uma Terceira Guerra Mundial, embora uma guerra muito peculiar. [...] A Guerra Fria entre EUA e URSS, que dominou o cenário internacional na segunda metade do Breve Século XX, foi sem dúvida um desses períodos. Gerações inteiras se criaram à sombra de batalhas nucleares globais que, se acreditava firmemente, podiam estourar a qualquer momento, e devastar a humanidade. Jânio de Freitas. Folha de S. Paulo, 16/12/2001, p. A5 (com adaptações). A partir do texto, julgue os itens que se seguem, relativos aos dramáticos acontecimentos da década de 30, que culminaram na Segunda Guerra Mundial (1939–1945). Eric J. Hobsbawm. A Era dos Extremos: o breve século XX. São Paulo: Companhia das Letras, 2004, p. 224. 194) Quando o autor fala em ―essência de fogo e bestialidade‖ a caracterizar os anos 30, ele nos remete aos regimes totalitários, dos fascismos ao estalinismo, caracterizados, entre outros aspectos, pelo militarismo expansionista, pela aversão à democracia e ao liberalismo, além do uso intensivo dos instrumentos internos de repressão política. 195) Além dos judeus, identificados pela Alemanha hitlerista como o mal a ser tenazmente combatido, outros grupos étnicos e sociais sofreram violenta perseguição por parte dos regimes totalitários que, a exemplo do nazismo, voltaram‐se contra os ciganos e os homossexuais. Com referência ao texto, que trata do período conhecido como Guerra Fria‖, julgue os itens a seguir. 189) No início da década de 1950, nos Estados Unidos, apesar da violenta campanha do senador Josephy Mac‐Carthy contra o comunismo, que ficou conhecida como marcarthismo, o governo norte‐
americano foi contrário ao movimento. 190) Entre as décadas de 1950 e 1960, mais de quarenta países africanos e asiáticos conseguiram a independência como reflexo da crise europeia pós‐
Segunda Guerra Mundial, do apoio das Nações Unidas e dos interesses dos Estados Unidos e da União Soviética. 191) A Guerra Fria‖ não é um fenômeno mundial, pois os países da Ásia não se alinharam às superpotências, criando projetos de desenvolvimento independentes, o que explica o crescimento do Japão, da China e da Coreia na atualidade. 192) O tom apocalíptico desse período é infundado, visto que os governos das superpotências controlaram o crescimento armamentista, restringindo a produção de armas nucleares. 193) O presidente Eurico Gaspar Dutra (1946‐1951) alinhou‐se à União Soviética contra os interesses norte‐americanos, implementando um programa de governo que ficou conhecido como Plano Salte Saúde, Alimentação, Transporte e Energia. Curso Exatas 196) O sistema jurídico alternativo‖ a que se refere o autor é, na verdade, pequeno conjunto de normas baixadas pelo governo norte‐americano, após o dia 11 de setembro de 2001, visando assegurar maior proteção aos seus cidadãos, sem criar constrangimentos a estrangeiros que se encontrem no país. 197) É provável que, ao citar o acovardamento das nações europeias‖, o autor estivesse pensando na política do apaziguamento expressa, por exemplo, no Acordo de Munique, ocasião em que França e Inglaterra aceitaram passivamente o comunicado de Hitler de que anexaria os sudetos da Tchecoslováquia. 19
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(UnB‐2°/2009) Fim da guerra, fim da ditadura estado‐
novista. Não havia, ainda, entre nós, a televisão. Para se divertirem, os brasileiros frequentavam, além dos campos de futebol, os teatros de revista, os programas de auditório da Rádio Nacional, os cinemas. E os que podiam gastar mais, os cassinos. Mas, tanto nos palcos como nos auditórios, nas telas e nos redutos do jogo, desfilava, praticamente, o mesmo plantel de artistas, cantores e comediantes. Nas telas, predominavam as chanchadas, desprezadas, por serem consideradas produtos de ínfima qualidade. Mas, nunca, até aquela data, o cinema brasileiro lograra atrair, com tal ímpeto e regularidade, a atenção e o entusiasmo do grande público. Graças às chanchadas, a indústria brasileira de filmes pôde sobreviver, contra tudo e contra todos, apesar da maciça concorrência estrangeira. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre.‖ Getúlio Vargas. Carta‐testamento, Rio de Janeiro, 23/08/54. Considerando o texto acima como referência, julgue os itens que se seguem. 201) A Revolução à qual Getúlio Vargas se diz ter feito Nosso século. São Paulo: Abril Cultural, 1980, p. 179. chefe e vencido derrubou a estrutura oligárquica que Considerando o texto acima como referência, julgue os itens que se seguem. 198) A participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial como integrante das forças aliadas contra o eixo nazifascista foi habilmente utilizada por Vargas em sua estratégia de financiamento da indústria de base no país, tendo sido também decisiva para a derrubada de um regime essencialmente autoritário como era o do Estado Novo. 199) Nos anos 40 e 50 do século passado, o Brasil era um país em movimento, que se industrializava e, com impressionante rapidez, se urbanizava. Nesse contexto de transformações, a moderna linguagem radiofônica uniu o país, e plateias cada vez mais numerosas ocupavam as salas de cinema para ver filmes não só estrangeiros, mas também nacionais. 200) O período áureo das chanchadas, ao longo dos anos 50 do século passado, corresponde à grande efervescência política de um Brasil que conduzia seu aprendizado democrático convivendo com crises — como a que culminou no suicídio de Vargas — e com as lições de otimismo que marcaram os anos JK. Leia, atentamente, o fragmento abaixo para responder ao que se pede posteriormente. Mais uma vez, a forças e os interesses contra o povo coordenaram‐se e novamente se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam, e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes. Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz‐me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou‐se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Curso Exatas governava o Brasil desde 1894, início da República Aristocrática, também conhecida pelo simbolismo da expressão café com leite. A reforma agrária foi realizada e o Brasil já a partir de 1930 passou a ser politicamente liderado pelas classes urbanas. 202) Quando assumiu o poder, em 1930, Vargas se viu mergulhado num contexto internacional de prosperidade econômica e, portanto, foi capaz de conquistar linhas de crédito para fomentar a indústria brasileira. A construção da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) e da CVRD (Companhia Vale do Rio Doce) são exemplos ilustrativos de tal fato. 203) Ao longo dos 19 anos em que governou o Brasil, Vargas chegou a liderar o país com características ditatoriais. Isso aconteceu entre 1937 e 1945, o período do Estado Novo, contemporâneo à II Guerra Mundial. No conflito, respeitando sua postura fascista, Vargas foi coerente ao alinhar o Brasil às potências do Eixo. 204) Um dos grandes problemas enfrentados por Getúlio em sua volta ao poder, durante o ano de 1950, foi a manutenção de sua postura altamente nacionalista em um período no qual se avolumavam as tensões típicas da Guerra Fria entre comunismo e capitalismo. E o Brasil, desde 1945, início do conflito, havia optado pelo alinhamento em relação aos EUA. 205) O trágico suicídio e, principalmente, a publicação da Carta Testamento, acabaram por reforçar a figura política de Getúlio Vargas entre os eleitores brasileiros a tal ponto de nas duas próximas eleições, em 1955 e 1960, a dobradinha partidária criada por ele (PSD‐PTB) ter sido vitoriosa. 20
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(UnB‐1°/2008) Tudo parecia tão simples. O mar lá, o céu por cima, tempo pra tudo, pressa pra quê. Estava tudo quieto um dia, uns na praia, outros em casa, o fogão frio, a geladeira quieta, uns na cama e outros na rede, uma tia falou que dia quieto. — Foi num dia assim — falou Tio Raul — que Getúlio se matou. Foi num dia assim que caiu a bomba em Hiroshima. Tá quieto pra nós aqui, suspirou, mas quem sabe o que vai pelo mundo. Quieto para nós aqui, repetiu fechando os olhos; mas a gente ficou se olhando, tontos com o mundo de morte e batalhas lá fora; e de repente até o mar parecia estranho. 211) As elites liberais brasileiras, vinculadas, em parte, aos interesses transnacionais, nutriram – e ainda nutrem – desprezo pela forma com que temas como soberania e defesa da autonomia internacional do país eram tratados por Vargas. 212) O Estado débil, dotado de poucos instrumentos de intervenção no curso do processo econômico e social, foi um dos elementos intrínsecos na formulação ideológica de Vargas e em sua prática política, tanto no Estado Novo quanto no seu retorno à presidência da República, na década de 50. (UnB‐2°/2009) No final da década de 50 do século passado, Rio 40 Graus, de Nélson Pereira dos Santos, e O Grande Momento, de Roberto Santos, indicavam o caminho por onde seguiria o novo cinema brasileiro. Câmara na mão, trata‐se de construir‖ eram as palavras de ordem. Mas não só o cineasta construía: críticos cinematográficos, estudantes, empresários e público ajudaram a criar o Cinema Novo dos anos 60. Glauber Rocha, então feroz polemista da imprensa baiana, proclamava: É da independência cultural que nasce o filme brasileiro. O Cinema Novo desenvolvia‐se em torno de uma estética acentuadamente politizada, cujos carros‐chefes eram o anti‐imperialismo, o anticapitalismo, a denúncia do subdesenvolvimento e a defesa da justiça social e do nacionalismo. Domingos Pellegrini. Meninos e meninas. São Paulo: Ática, 1998, p. 96. A partir do texto acima, julgue os seguintes itens. 206) O suicídio de Vargas, aludido no texto, ocorreu em um ambiente de pronunciada crise política, com o presidente instado, mais uma vez, a renunciar. Ao optar pelo gesto extremo, de certo modo, Getúlio adiou o desfecho golpista das forças que se opunham ao trabalhismo e à política que ele representava. 207) Considerado uma exceção no universo político representado pela UDN, Carlos Lacerda tentou retirar o governo Vargas da crise em que se encontrava, por temer que a queda do velho caudilho fomentasse uma incontrolável revolta popular. 208) A bomba lançada em Hiroshima, referida no texto, foi um dos fatos que motivaram o Japão a entrar na Segunda Guerra Mundial contra os Aliados, estendendo o conflito para a grande área do Pacífico. (UnB‐1°/2002) A contribuição histórica de Getúlio Vargas é, com muita frequência, objeto de polêmica nacional. Ícone dos valores e projetos do Brasil na passagem da primeira para a segunda metade do século XX, Vargas deixou marcas indeléveis na vida brasileira. Alguns chegam a dizer que o Brasil moderno é o da ruptura com a Era Vargas. Outros lembram que, sem Getúlio, não haveria um Brasil industrial e moderno, fadado que estava o país a uma existência oligárquica, à moda da República Velha. Julgue os itens a seguir, acerca do contraditório legado histórico de Vargas. 209) Coube a Getúlio Vargas a liderança do processo gradual de substituição do modelo agroexportador para um novo modelo de ordenamento do capitalismo brasileiro, de corte industrial, que levaria o país a ser um dos poucos, ao sul do Equador, a avançar para a condição de país com ampla margem de industrialização ao final do século XX. 210) O personalismo e os vínculos diretos com as massas de trabalhadores criaram uma forma de fazer política que, embora tradicional, continha elementos de renovação na cultura política brasileira – no tratamento da legislação do trabalho e na proteção básica dos direitos do trabalhador. Curso Exatas Nosso Século. São Paulo: Abril Cultural, 1980, v.5, p. 50 (com adaptações). Tendo como referência o texto e a figura apresentada, que ilustra uma cena do filme Rio 40 Graus, de Nélson Pereira dos Santos, julgue os itens que se seguem. 213) No século XX, a passagem dos anos 50 aos 60 foi de acentuada efervescência política e de radicalização ideológica, notadamente nas áreas definidas como Terceiro Mundo, tendo‐se destacado as independências afro‐asiáticas e o impacto causado pela Revolução Cubana. 214) No Brasil, o Cinema Novo insere‐se em um contexto mais amplo de transformação, que também atinge a música popular, com o surgimento da bossa‐nova. Nesse contexto de transformação, impulsionado ou estimulado pelo governo JK, inclui‐se a construção da nova capital, Brasília. 215) A estética acentuadamente politizada‖ do Cinema Novo dos anos 60‖ desenvolve‐se em meio ao colapso do regime liberal que, instaurado com o fim do Estado Novo de Vargas, teve nos governos Jânio e Jango sua derradeira e dramática expressão. 216) A denúncia do subdesenvolvimento, presente na temática do ―Cinema Novo dos anos 60‖, perdeu lugar no contexto socioeconômico brasileiro atual devido às transformações pelas quais o país passou, como a de ter superado os problemas sociais e econômicos que o colocavam ao lado dos países mais pobres do mundo. 21
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(UnB‐2°/2006) Leia o texto que se segue para responder ao que é pedido. ―A democracia populista brasileira foi construída entre saltos e sobressaltos, ranços e avanços. Em 1954, a crise política culminou no suicídio do presidente Vargas. No ano seguinte, outra crise quase impediu a posse do presidente eleito, Juscelino Kubitschek. Em 1961, o Brasil quase chegou à guerra civil depois da inesperada renúncia do presidente Jânio Quadros. Três anos mais tarde, um golpe militar depôs o presidente João Goulart e o país viveu durante vinte anos em regime autoritário.‖ Carlos Guilherme Motta e Adriana Lopez. História do Brasil: uma interpretação. São Paulo: Ed SENAC, 2008, p. 344. A partir do fragmento acima, cujas informações são relativas à história republicana brasileira entre os anos de 1945 e 1964, julgue os itens abaixo. Meta de faminto JK — Você agora tem automóvel brasileiro, para correr em estradas pavimentadas com asfalto brasileiro, com gasolina brasileira. Que mais quer? Jeca — Um prato de feijão brasileiro, Seu Doutô! 220) O período histórico ao qual o fragmento se refere foi marcado, no plano internacional, pelos rigores típicos da Guerra Fria que rigidamente dividiu o mundo entre dois blocos antagônicos. Já no plano interno, o Brasil conheceu o crescimento de sua indústria e o acelerado processo de urbanização. Renato Lemos (Org.). In: Uma história do Brasil através da caricatura – 1840–2001. Bom Texto Editora e Produtora de Arte e Editora Letras & Expressões, 2001. 221) A crise que quase impediu a posse do presidente Juscelino Kubitschek foi solucionada, à época, a partir da atuação do Gen. Lott que, ao adotar o Considerando as informações linguísticas e visuais da charge acima bem como o contexto histórico a que ela se refere, julgue os itens seguintes. 217) Depreende‐se corretamente da charge que o nacional‐desenvolvimentismo de JK (1956‐1961) prosseguiu e aprofundou a política econômica de Vargas, tanto a do Estado Novo (1937‐1945) como a do último governo (1951‐1954), particularmente no que se refere à ação do Estado em relação aos projetos sociais. 218) O Plano de Metas de JK foi decisivo para o êxito de sua administração e, graças a ele, o país sentiu‐se estimulado a apoiar o programa de reformas de base defendido pelo presidente, entre as quais se destacava a reforma agrária. 219) Admirado por seu dinamismo empreendedor e tendo elevado a autoestima dos brasileiros, fazendo‐
os acreditar na possibilidade de se construir um país novo e moderno, JK não teve dificuldade para eleger seu sucessor, Jânio Quadros, com expressiva diferença de votos sobre os concorrentes. sistema parlamentarista, criou condições políticas Curso Exatas estáveis para JK governar. 222) A renúncia do presidente Jânio Quadros pode ser historicamente interpretada como uma frustrada tentativa de golpe às instituições democráticas brasileiras, pois o ato, carregado de simbolismo, visava persuadir a opinião pública para exigir maior concentração de poderes nas mãos de Jânio. 223) Os momentos de crises políticas apontados no fragmento acima (1954, 1955, 1961 e 1964) revelam a trajetória de decadência de um estilo de política conhecido pelo nome de populismo, criado no Brasil ainda durante a década de 1930, por Getúlio Vargas. 224) O regime militar instalado no Brasil a partir de 1964 foi cabalmente contestado, à época do golpe, pela opinião pública brasileira, pelas classes médias, sindicais e, sobretudo, pela imprensa. Por esse motivo, justifica‐se o uso da força e da perseguição empregados pelos militares para limitar a ação das oposições. 22
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(UnB‐1°/2006) Dos textos de Ferreira Gullar escritos durante a fase mais repressiva da ditadura, se não podemos dizer que eles reflitam as correntes literárias da época (mas essas foram tão pobres...), podemos, entretanto, dizer que eles, a seu modo, refletem a atmosfera brasileira daqueles anos. Lá estão representados o golpe de 64, com seu cortejo de ilusões perdidas, a guerra do Vietnã, a guerrilha boliviana do Che, a sucessão de exílios. E, sobretudo, está ali o clima da vida intelectual de então, em poemas como Agosto 1964, O Prisioneiro, Exílio, Por Você por Mim, Dentro da Noite Veloz e ainda outros que tematizam momentos de esperança ou desencanto, às vezes, de raiva e amargura, mas sempre guardando a perspectiva do futuro. 228) A política de segregação racial surgiu quando os ingleses passaram a ser hostilizados pela população africana, que não permitia o acesso dos colonizadores europeus aos cargos políticos, monopolizados apenas pelos políticos de origem africana, regime conhecido como apartheid. 229) Nelson Mandela, considerado o principal representante da luta contra o regime do apartheid, após passar quase três décadas na prisão, foi eleito presidente em 1994, nas primeiras eleições livres da África do Sul. 230) A luta contra o apartheid foi um ato isolado da África do Sul, visto que o regime não foi condenado internacionalmente como injusto e racista, além de a ONU não se envolver no combate às violentas discriminações raciais existentes no país. 231) Apesar do fim do apartheid, os mapas da África do Sul ainda estão repletos de homenagens aos brancos, saudados como heróis pelas leis que favoreciam uma minoria no país. (UnB‐1°/2009) Na edição de 14 de dezembro de 1968, em primeira página que se celebrizou, o Jornal do Brasil estampava, no espaço tradicionalmente reservado às informações meteorológicas, o seguinte fragmento de texto. Tempo negro. Temperatura sufocante. O ar está irrespirável. O país está sendo varrido por fortes ventos. João Luiz Lafetá. Traduzir‐se – Ensaio sobre a poesia de Ferreira Gullar. In: O nacional e o popular na cultura brasileira. São Paulo: Brasiliense, p. 63 (com adaptações). Com relação ao tema e às estruturas linguísticas do texto acima, julgue os itens que se seguem. 225) Ao mencionar a guerra do Vietnã‖ e a guerrilha boliviana do Che, o texto reporta‐se a experiências marcantes para o imaginário das esquerdas mundiais no contexto dos anos 60 e 70 do século passado que trouxeram, na perspectiva de quem sonhava com transformações revolucionárias, resultados distintos: a vitória dos vietnamitas e a derrota de Guevara nas selvas da Bolívia. 226) A música popular brasileira (MPB) também registrou a sucessão de exílios‖ de que fala o texto, referindo‐
se a perseguidos pelo regime militar pós‐1964. Como exemplo, cita‐se a canção que imortalizou o sociólogo Herbert de Sousa, o Betinho, apresentado na música como irmão do cartunista Henfil; posteriormente, Betinho transformou‐se em personagem nacional na luta da cidadania contra a fome e a miséria. (IESB‐2º/2010) A Copa do Mundo, um dos maiores eventos esportivos do planeta, será realizada em 2010 pela primeira vez no continente africano, depois de 80 anos de sua criação. A partir de 11 de junho, no estádio Soccer City, na cidade de Johanesburgo, terá início o espetáculo proporcionado pelo futebol, reunindo jogadores e torcedores das mais diversas regiões do mundo. No entanto, o cenário que teremos a oportunidade de conhecer, na África do Sul, vivenciou inúmeras crises que chocaram a humanidade, como o domínio institucionalizado do regime de apartheid, que perdurou quase meio século, de 1948 até o início da década de 1990. Tomando o texto como referência e sobre algumas das crises ocorridas na África do Sul, julgue os itens subsequentes. 227) No final do século XIX eclodiu a Guerra dos Böers, marcada por violentos conflitos entre os colonos de origem holandesa e francesa contra o imperialismo do exército britânico, que se apoderou da região. Curso Exatas Máx.: 38º em Brasília. Mín.: 3º nas Laranjeiras. Considerando esse fragmento de texto e o contexto histórico a que ele obliquamente se refere, julgue os itens de 232 a 234, sabendo que, na noite de 13 de dezembro de 1968, foi anunciado o Ato Institucional nº 5 (AI 5). 232) O AI 5 conferia caráter plenamente ditatorial ao regime instaurado quatro anos antes, embora mantivesse algum aparato de normalidade institucional, como a preservação da autonomia do Judiciário e o funcionamento normal do Congresso Nacional. 233) O AI 5 destacou‐se pelo inédito teor de autoritarismo. A rigor, apesar de momentos de retrocesso democrático, o regime republicano brasileiro desconhecera, até então, período ditatorial que pudesse se comparar ao do regime militar. 234) A revogação do AI 5 integra o processo de distensão lenta, gradual e segura‖ iniciado por Geisel e finalizado no governo Figueiredo, quando eleições indiretas asseguraram a vitória do civil oposicionista Tancredo Neves. 23
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(UnB‐2°/2007) A História da Pátria, que se iluminou através dos séculos com o martírio da Inconfidência Mineira; que registra, com orgulho, a força do sentimento de unidade nacional nas insurreições libertárias durante o Império; que fixou, para admiração dos pósteros, a bravura de brasileiros que pegavam em armas na defesa de postulados cívicos contra os vícios da Primeira República, essa História situará na eternidade o espetáculo inesquecível das grandes multidões que, em atos pacíficos de participação e de esperança, vieram para as ruas reivindicar a devolução do voto popular na escolha direta para a Presidência da República. Frustradas nos resultados imediatos dessa campanha memorável, as multidões não desesperaram nem cruzaram os braços. Convocaram‐nos a que viéssemos ao Colégio Eleitoral e fizéssemos dele o instrumento de sua própria perempção, criando, com as armas que não se rendiam, o Governo que restaurasse a plenitude democrática. 61
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Discurso de Tancredo Neves, proferido em 15 de janeiro de 1985, quando de sua eleição para a presidência da República. In: Carlos Figueiredo. 100 discursos históricos brasileiros. Belo Horizonte: Leitura, 2003, p. 452. A partir da estrutura e das ideias do texto acima, fragmento do discurso de Tancredo Neves, julgue os itens a seguir. 235) Para apresentar o conceito de História da Pátria, que é relevante para sua argumentação, Tancredo Neves lançou mão de uma sequência de orações adjetivas. 236) O espetáculo inesquecível das grandes multidões, referido por Tancredo Neves, foi a campanha das Diretas Já! Ao mobilizar amplos setores da sociedade brasileira e ao ver momentaneamente derrotado seu objetivo no Congresso Nacional, essa campanha anunciou o esgotamento irreversível do regime militar. 237) Tancredo Neves foi o último presidente eleito segundo as regras estabelecidas pelos militares. Ele morreu sem tomar posse, e seu mandato foi exercido por José Sarney, a quem coube presidir a volta das eleições presidenciais diretas. GABARITOS DE HISTÓRIA 1 C 2 C 3 E 4 E 5 E 6 E 7 C 8 E 9 E 10
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16
E 17 E 18 E 19
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26
E 27 E 28 C 29
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C 37 E 38 E 39
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11 E 12 C 13 E 14 E 15 E 21 C 22 E 23 C 24 E 25 C 31 C 32 E 33 E 34 C 35 E 41 C 42 E 43 E 44 E 45 C 46
E 47 E 48 C 49
E 50
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51 E 52 E 53 E 54 E 55 C 56
E 57 C 58 E 59
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Curso Exatas 64
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65 C 66 67 C E 73 74 75 76 77 E
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C E 83 84 85 86 87 C
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E E C 93 94 95 96 97 E
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C C E 103 104 105 106 E
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C E 112 113 114 115 E
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C E 121 122 123 124 C
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C E 130 131 132 133 C
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C C 139 140 141 142 E
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C E 148 149 150 151 E
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E E 157 158 159 160 E
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C C 166 167 168 169 C
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C C 175 176 177 178 E
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E C 184 185 186 187 E
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E E 193 194 195 196 E
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C E 202 203 204 205 E
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C E 211 212 213 214 C
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C C 220 221 222 223 C
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C C 229 230 231 232 C
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