Estamos a prever uma acomodação na ordem dos dois milhões e quatrocentos mil habitantes no plano director O país 19 de Outubro de 2012 E há quem diga que estes planos acabam por dirigir as áreas mais nobres para a promoção imobiliária privada, de luxo Isso não. A grande maioria do território do Cazenga, Sambizanga e Rangel está destinada à habitação social. Repare que nestes locais, hoje, devem estar a albergar cerca de três milhões de habitantes a prever uma acomodação na ordem dos dois milhões e quatro centos mil habitantes no Plano Director. Porque o processo de expansão e o processo de realojamento da população e de desenvolvimento daquele território não deve restringir -se a ele mesmo. Devemos entender que em determinado momento as áreas adjacentes, e que garantirão o crescimento e desenvolvimento da Cacuaco, Kilamba Kiaxi e Viana, deverão também absorver parte dessa população. Nós definimos para o Cazenga, Sambizanga e Rangel um território em que também temos uma área verde significativa, aliás, é a área verde que marca a estratégia e até a vivência que sé pretende dar ao território, porque nós entender uma transformação de modos a que este ponto crítico se tornasse numa mais - valia para o território e o ponto crítico que nós definimos foi a macro drenagem que é o grande problema que aquele território tem, que é a drenagem, e entendemos que o melhor seria implantar uma vasta área verde, principalmente nas áreas das lagoas, de S. Pedra e tudo o mais, que pudesse acomodar as águas das lagoas nos períodos mais críticos e garantir que aquilo tudo se constituísse num espaço verde de lazer, com equipamentos desportivos, sociais, lúdicos, culturais e institucionais e serviços, espaços comerciais, para garantir que a vivência do espaço pudesse também alavancar e garantir a sustentabilidade económica do território. Portanto, por lado a incidência sobre as lagoas e, por outro lado, a incidência do espaço verde sobre as linhas de água. Essas linhas de água que atravessam os territórios do Sambizanga, Rangel e Cazenga, uma vez contornadas pelo espaço verde que se vai ramificando e penetrando pelo território dos municípios garante a oxigenação do espaço, a humanização do território e a distribuição de equipamentos sociais, desportivos e económicos que podem conferir à população uma outra qualidade de vida. Então tem solução técnica para o problema das lagoas que garantem qualidade de vida? E sustentam economicamente o território... E o outro grande problema que é o da comunicação, como é que as pessoas se movem? Esta malha verde acomoda também uma rede de vias de comunicação principalmente pedonais, ciclo vias, etc, que permite que a população pode circular pelo território sem ser vítima da insolação que é uma das características da cidade de Luanda. Os próprios edifícios e avenidas estão preparados para que haja a todo o momento áreas de sombreamento que garantam a possibilidade de os munícipes circularem pela cidade sem que estejam sujeitos a insolação directa. O plano prevê também, mas de forma hierárquica inferior, urna rede viária. A ideia é que a malha e o espaço verde se sobreponham a todas as infra-estruturas. A seguir vêm as infraestruturas viárias e as demais. Nós entendemos por bem aproveitar aquelas são um modelo de cidade com pequenos satélites, mas uma cidade integrada e que cresce no sentido do desenvolvimento dos seus eixos principais. E isso não vai criar mais pressão automóvel sobre o território, como temos o afunilamento quase eterno da Boa Vista, por exemplo? Não, porque o que se expande, crescimento linear da cidade no sentido dos eixos, principalmente a parte baixa, que é o centro, se ele cresce para o Sambizanga, se expande o centro, cada vez mais se vai desafogar o núcleo. Quando se definir a cidade não como satélites mas com o crescimento homogéneo em função dos eixos, garantese que em cada urna das áreas do território você encontra os serviços de que precisa, sem ter que ir ao centro da cidade. Os serviços que hoje existem apenas no centro da cidade amanhã você vão encontrar no Cazenga, por exemplo. A diferença poderá estar na arquitectura, eventualmente, apenas. E o actual centro poderá ter mais valor histórico, cultural e turístico e não tanto na prestação de serviços. E para preservar o está feito, ou parte do que está feito, a expansão viária pressupõe viadutos e túneis? Estamos na fase de definição de eixos, depois virá o plano de pormenor das infraestruturas. E este vai definir o que será feito em túnel, com a sobreposição de vias, o tipo de nó. A secção para a implementação da linha de transporte do metro... neste momento vamos apenas definir eixos. Uma das críticas que se faz às novas construções, falando em arquitectura, é que não são pensadas de forma ecologicamente, ou ambientalmente económicas. Estas coisas também se prevêem num Plano Director? Eu penso que não é exactamente Plano Director que define os traços arquitectónicos dos edifícios, mas sim o Regulamento Geral das Edificações Urbanas que deve definir as tipologias e a forma como os técnicos devem abordar a arquitectura do meio em que vivem, para enquadrar o ambiente, para enquadrar urna série de situações que são ligadas à circunscrição em que a obra é executada. É diferente fazer um edifício de serviços ou de habitação para um território localizado na Noruega, na Cidade de Oslo, de um edifício para aqui para a cidade de Luanda. É diferente construir um edifício mesmo para a cidade do Lubango que um para a cidade de Luanda. São essas nuances arquitectónicas que é preciso considerar nos regulamentos das construções urbanas para que quando os arquitectos projectarem a instituição que faz a gestão desse dossier possa regular e orientar os técnicos sobre a forma como devem apresentar os seus projectos e como eles devem, ou não e quando devem, ou não, licenciá-los. Na próxima semana, quando for apresentar o Plano Director, quer na Assembleia da república, quer na FIL, em que é que espera surpreender? Eu não sei se irei surpreender, e nem sei se a ideia é surpreender as pessoas. Mas traz novidades? A novidade é o Plano Director como tal, é a proposta base. Mas a nossa ideia não é surpreender, é satisfazer os anseios da população, não temos a intenção de surpreender, temos a intenção de corresponder às expectativas. Temos a intenção de chegar e receber das pessoas palavras de conforto e de incentivo para continuar nesta direcção porque as pessoas se revêem naquilo que nós ... E traz inovações? Não quer dizer. Mas neste tipo de trabalho envolvem-se meios tecnológicos avançados. O satélite terá estado presente, é inevitável, quais foram as grandes dores de cabeça? Tivemos de trabalhar com o Ortofotomapas, com o sistema SIG, Sistema Integrado de Informação Geográfica ... Enfim, o cadastramento da população, o levantamento sociológico da população do território para identificar os espaços de maior significado simbólico para a população, quer do ponto de vista cultural, quer politico ou histórico, em algumas situações era uma rua, as vezes era uma casa, as vezes era um edifício institucional... como o caso do Campo do Areias, o Sete e Meio, enfim, várias ruas que têm algum significado para os munícipes no território e em que pode-se até não manter mas garantir que aquela rua continue com o mesmo nome. Não foi fácil fazer o levantamento e colocar no plano de peças a manter. Teve o concurso de alguma universidade angolana neste trabalho? Convidámos as universidades a darem as suas contribuições quando fizemos as apresentações públicas, algumas deram contribuições. A Faculdade de Ciências colabora connosco na questão das águas salobras do Rangel... temos alguma contribuição das universidades. E esperamos mais contribuições. Qual é a área de trabalho? Tem cerca de cinquenta e quatro quilómetros quadrados. Depois ainda vem a fiscalização, que é outro problema. Nós contratamos a empresa Surbana não apenas para a elaboração do Plano Director, como também para a elaboração do plano de infra-estruturas e depois contratamos o plano de implementação e gestão, porque não é suficiente planear e construir mas é preciso saber como vai fazer a gestão. E o grande forte desta empresa, que faz a gestão de Singapura, é exactamente a gestão. Sabe-se o que é a Singapura e nós quisemos trabalhar com grandes referências a nível mundial, para não cairmos em repercussões menos dignas para a nossa população. Quisemos alguém com credenciais reconhecidas mundialmente e assim salvaguardar os interesses e direitos da nossa população.