Formação continuada: a educação municipal de Bauru/SP
Prof.ª Dra. Vera Mariza Regino Casério
Secretaria Municipal da Educação, Bauru/SP
e-mail: [email protected]
Prof.ª Esp. Fernanda Carneiro Bechara Fantin
Secretaria Municipal da Educação, Bauru/SP
e-mail: [email protected]
Prof. Me. Wagner Antonio Junior
Secretaria Municipal da Educação, Bauru/SP
e-mail: [email protected]
Comunicação Oral
Relato de Experiência
A formação de professores nos diversos níveis e modalidades de ensino tem
sido, nas últimas décadas, questão central de estudos e pesquisas, especialmente
diante das diversas mudanças na política educacional do país.
As propostas de formação, muitas vezes, aparecem pautadas em diferentes
concepções, tais como o treinamento dos professores, que predominou durante a
década de 1970, priorizando as técnicas e o estudo dirigido, massificando os
conteúdos a serem transmitidos, ou na década de 1980, que buscava atender às
reformas educacionais decorrentes do momento histórico vivido pelo país e, mais
recentemente, na década de 1990, com a questão da formação para o espaço
escolar, pautando um novo conceito de formação em serviço.
Atualmente, segundo Pimenta (1999), vivencia-se um momento de reflexão
sobre a experiência em sala de aula, tendo sido esta ressaltada como principal lócus
de formação do professor.
1
Há de se questionar, também, qual é o espaço de formação do professor,
porém, estas posições não convergem para um consenso. Para alguns, a ênfase da
formação do professor está nele próprio e em sua trajetória profissional. A
decorrência dessa posição desdobra-se em duas práticas bastante díspares: a que
apresenta um programa formativo a partir do memorial do professor e a que coloca à
disposição do professor uma multiplicidade de cursos e eventos formativos para que
ele escolha as atividades que lhe convém. Contudo, ainda persistem programas de
treinamento em uma gama muito diversificada de iniciativas, tais como as que
procuram formar os professores segundo as prerrogativas de uma proposta
pedagógica específica.
Para Imbernón (2010), formação não é treinamento. Este conceito levou a
uma padronização de formação, nomeada por este mesmo autor, por standard, na
qual especialista ou especialistas são chamados a ministrar cursos, palestras,
seminários, entre outras atividades, nas quais estabelecem o conteúdo e o
desenvolvimento das ações a serem realizadas.
Neste tipo de formação standard, os objetivos e os resultados esperados
para os participantes são claros e previsíveis. Porém, desconhecem a realidade na
qual os professores vivem e a eles próprios, pois partem do pressuposto de que,
mudando-se os professores, mudariam a educação e as suas práticas e que os
problemas da educação são genéricos. Tal pressuposto não considera a maneira
pessoal de ver, sentir e reagir do indivíduo e seu contexto.
Sabe-se atualmente que a formação continuada de professores, ao
considerar as idiossincrasias, a realidade local e a razão da educação das gerações
futuras, na qual é necessário analisar a complexidade dessas situações, vai requerer
dar voz aos protagonistas da ação e, para tanto, deverão ser agentes de sua própria
formação, sendo eles próprios sujeitos e autores na realização dos projetos de
mudança (TOZETTO, 2010).
A formação dos professores, nesta visão, parte da análise de situações
problemáticas reais, do fazer docente e objetiva melhorar a práxis. Segundo
Imbernón (2010, p.56), é preciso lembrar que “a formação, enquanto processo de
mudança, sempre gerará resistências, mas estas terão caráter mais radical, se a
formação for vivida como uma imposição arbitrária, aleatória, não verossímil e pouco
útil”.
2
O município de Bauru, localizado no interior do estado de São Paulo,
destaca-se por ser um polo educacional. Possui mais de 10 instituições de ensino
superior, sendo que a maioria possui cursos de formação de professores. A cidade
oferece, ainda, Educação Básica nas esferas privada, estadual e municipal.
No âmbito municipal, Bauru presta atendimento à Educação Infantil, Ensino
Fundamental, Educação de Jovens e Adultos e Educação Especial, sendo seu
quadro
composto
por
aproximadamente
2000
funcionários,
sendo
1179
professores1. Vale ressaltar que são atendidas também instituições parceiras, por
meio de oferecimento de vagas nas atividades de formação e orientações
pedagógicas in loco.
Dentre inúmeras atividades formativas e de acompanhamento dos
professores, executadas pela Secretaria Municipal da Educação (SME), optou-se
por socializar o suporte pedagógico oferecido aos profissionais da educação, por
meio do Departamento de Planejamento, Projetos e Pesquisas Educacionais
(DPPPE). Este setor é composto por três divisões que são, a saber: Coordenação
de Áreas, Projetos e Pesquisas Educacionais e Formação Continuada.
A Divisão de Coordenação de Áreas é responsável pela orientação
pedagógica, apoio das ações dos professores em sua prática docente e
acompanhamento da efetiva implantação da Proposta Curricular e do Currículo
Comum2, respectivamente da Educação Infantil e do Ensino Fundamental. É
composto por professores especialistas, denominados coordenadores de área, cada
qual atuante em uma das seguintes frentes: Língua Portuguesa, História, Geografia,
Matemática, Ciências Naturais, Arte, Educação Física, Língua Estrangeira Moderna
(Inglês), Alfabetização, Educação Infantil, Educação Especial. A proposta enseja
desmistificar o traço da supervisão e do controle e investe no diálogo e na troca de
conhecimentos e reflexões para que o foco não seja apenas o profissional docente,
mas também a sua práxis. As ações se caracterizam por atendimentos individuais e
coletivos, predominantemente em horário de Atividade de Trabalho Pedagógico
(ATP)3, quando solicitadas pela escola ou quando demandas pedagógicas
específicas são identificadas pelos coordenadores das áreas. Dois pontos positivos
1
Dados ref. março de 2015. Fonte: Secretaria Municipal da Educação de Bauru.
Diretrizes didático-pedagógicas do Sistema Municipal de Ensino.
3
Momento coletivo de formação dos professores e gestores da unidade escolar, instituído pela Lei
Municipal nº 5.999, de 30 de novembro de 2010.
2
3
parecem estar sendo sedimentados pela iniciativa: o fortalecimento de relações
profissionais de partilha, acolhimento e reflexão e o empoderamento profissional dos
envolvidos.
A Divisão de Projetos e Pesquisas Educacionais responde pela análise,
aprovação e acompanhamento de projetos e programas a serem desenvolvidos nas
unidades escolares municipais, como projetos de pesquisa, projetos de extensão,
parcerias entre escolas e universidades e encaminhamento de estagiários dos
cursos de licenciatura. Esta iniciativa objetiva ampliar a base de conhecimento
docente e o escopo de seus saberes vinculando-os à realidade, às identidades e ao
contexto local. Nesse sentido, os projetos passam por uma dinâmica que garante a
objetividade, a pertinência e as condições essenciais para uma transposição didática
que garanta os resultados esperados.
A Divisão de Formação Continuada é responsável pelo planejamento e
execução das ações formativas oferecidos aos profissionais da educação municipal,
dentre as quais destacam-se a Formação Continuada e a Semana da Educação
Municipal de Bauru (SEMB)4. As atividades de formação continuada são oferecidas
semestralmente e contemplam cerca de 100 ações anuais, dentre elas palestras,
cursos, grupo de estudos, oficinas e workshops.
Também é responsável pela gestão do Núcleo de Aperfeiçoamento dos
Profissionais da Educação Municipal (NAPEM), um espaço de formação idealizado e
desenvolvido para atender aos profissionais da educação do município, composto
por salas de aula, auditório, polo de informática, oficina pedagógica permanente e
biblioteca com acervo de mais de oito mil obras de amplo interesse, totalizando 732
metros quadrados.
Outro destaque na formação continuada é o uso do espaço virtual. São
oferecidos cursos na modalidade de ensino a distância (EaD), com conteúdos
desenvolvidos pela SME e acompanhamento tutoriado. Além dos cursos em EaD,
também ocorrem outras formas de interação virtual, como videoconferências e redes
sociais.
Espera-se que a estrutura atual do DPPPE, com sua dinâmica de atuação,
subsidie e ofereça apoio pedagógico aos educadores do Sistema Municipal de
4
Evento anual, articulado em torno de uma temática que norteia as diversas atividades e agrega o
Congresso Municipal de Educação de Bauru, o Fórum Infanto-juvenil e o Fórum dos Conselhos
Escolares.
4
Ensino proporcionando atualização, aprofundamento e ampliação de saberes e
conhecimentos referentes ao universo da aprendizagem escolar.
Espera-se ainda que a equipe formadora ofereça embasamento teórico
aliado à prática pedagógica, objetivando a melhoria da qualificação profissional dos
envolvidos no processo educacional e consequente melhoria na qualidade do ensino
municipal.
PALAVRAS-CHAVE: Educação Básica; Formação continuada; Sistema municipal
de ensino.
REFERÊNCIAS
IMBERNÓN, F. Formação continuada de professores. Lisboa: Porto Alegre:
Artmed, 2010.
PIMENTA, S. G. (Org.). Saberes pedagógicos e atividade docente. São Paulo:
Cortes, 1999.
TOZETTO, S. S. Trabalho docente: saberes e práticas. Curitiba: CRV, 2010.
5
Download

Formação continuada: a educação municipal de Bauru/SP