Relatório de Avaliação Ambiental - RAA Novembro / 2005 vv $*È1&,$1$&,21$/'(É*8$²$1$ *29(512'2(67$'2'25,2*5$1'('21257( 6(&5(7$5,$'((67$'2'265(&85626+Ì'5,&266(5+,' 352-(72352É*8$6(0,É5,'2 $(Q%5 Programa Estadual de Desenvolvimento Sustentável e Convivência com o Semi-Árido Potiguar Relatório de Avaliação do Programa RAA Versão Final Novembro de 2005 Sumário ENVIRONMENTAL ASSESSMENT ................................................................................................................ V SUMÁRIO EXECUTIVO ...............................................................................................................................XIV 1. APRESENTAÇÃO............................................................................................................................................ 1 2. CONCEPÇÃO GERAL DO PROJETO ......................................................................................................... 2 2.1. CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO ATUAL ...................................................................................................... 5 2.1.1. O Estado do Rio Grande do Norte ........................................................................................................ 5 2.1.1.1. Rios Perenes e Intermitentes .............................................................................................................. 5 2.1.1.2. Vegetação e Uso do Solo.................................................................................................................... 7 2.1.1.3. Patrimônio Cultural ......................................................................................................................... 12 2.1.1.4. Incidência de Esquistossomose ........................................................................................................ 16 2.1.2. Região do Seridó Potiguar .................................................................................................................. 17 2.1.3. Características das Áreas de Intervenção........................................................................................... 21 2.1.3.1. Infra-estrutura .................................................................................................................................. 21 2.1.3.2. Corpos d’água.................................................................................................................................. 23 2.2. CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO ATUAL DO SETOR DE RECURSOS HÍDRICOS ........................................... 28 2.2.1. Os Recursos Hídricos do Estado do Rio Grande do Norte ................................................................. 28 2.3. CONCEPÇÃO GERAL DAS INTERVENÇÕES .................................................................................................... 30 2.3.1. Componentes do Programa................................................................................................................. 30 2.3.3. Princípios das ações do Programa na Região do Seridó.................................................................... 36 3. MARCO LEGAL E INSTITUCIONAL ....................................................................................................... 38 3.1. SECRETARIA DE ESTADO DOS RECURSOS HÍDRICOS - SERHID................................................................... 38 3.1.1. Atribuições Legais e Competências..................................................................................................... 38 3.1.2. Estrutura Organizacional.................................................................................................................... 38 3.2. INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E MEIO AMBIENTE DO RIO GRANDE DO NORTE - IDEMA39 3.2.1. Atribuições Legais e Competências..................................................................................................... 39 3.2.2. Estrutura Organizacional.................................................................................................................... 39 3.2.2.1. Receitas, Despesas, Patrimônio e Meios.......................................................................................... 39 3.3. CAPACIDADE INSTITUCIONAL DOS ÓRGÃOS ................................................................................................ 40 3.4. ARRANJO INSTITUCIONAL DO PROGRAMA ................................................................................................... 41 4. AVALIAÇÃO AMBIENTAL......................................................................................................................... 42 4.1. AVALIAÇÃO DOS OBJETIVOS E METAS DO PROGRAMA ................................................................................ 42 4.2. AS POLÍTICAS DE SALVAGUARDA DO BIRD E AS AÇÕES DO PROGRAMA .................................................... 44 4.3. AVALIAÇÃO GLOBAL DAS INTERFERÊNCIAS DO PROGRAMA ....................................................................... 49 4.4. AVALIAÇÃO AMBIENTAL DOS PRINCIPAIS SUB - COMPONENTES DO PROGRAMA – OBRAS E ATIVIDADES .. 50 4.4.1. Conservação e Reabilitação de Barragens de Usos Múltiplos ........................................................... 51 4.4.1.1. Cronograma de Execução ................................................................................................................ 52 4.4.1.2. Avaliação Ambiental ........................................................................................................................ 56 4.4.2. Recuperação e Modernização de Perímetros Irrigados...................................................................... 66 4.4.2.1. Caracterização atual dos perímetros irrigados de Itans e Cruzeta ................................................. 66 4.4.2.2. Avaliação Ambiental ........................................................................................................................ 78 4.4.3. Novas Estruturas - Sistema Adutor Monsenhor Expedito ................................................................... 79 4.4.3.1. Sistema Existente.............................................................................................................................. 79 4.4.4. Ampliação do Sistema ......................................................................................................................... 87 4.4.4.1. Considerações Finais ....................................................................................................................... 93 4.4.5. Programa Água de Beber.................................................................................................................... 94 4.4.5.1. Obras hidroambientais..................................................................................................................... 94 4.4.5.2. Projeto Recuperação e de Ampliação da Rede de Dessalinizadores ............................................... 97 4.4.6. Sistemas de abastecimento de Água em Pequenas Comunidades..................................................... 102 4.5. FORTALECIMENTO INSTITUCIONAL DA SERHID E DO IDEMA ................................................................. 106 4.5.1. SERHID – Fortalecimento da Gestão dos Recursos Hídricos .......................................................... 106 i 4.5.2. IDEMA - Fortalecimento da Gestão Ambiental ............................................................................... 107 4.6. SÍNTESE DA AVALIAÇÃO AMBIENTAL DAS INTERVENÇÕES E MEDIDAS DE MITIGAÇÃO ............................ 108 4.7. CRITÉRIOS E PROCEDIMENTOS PARA AVALIAÇÃO AMBIENTAL DOS PROJETOS DE 2º A 4ºANO .................. 112 4.8. SITUAÇÃO LEGAL E PROCEDIMENTOS DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL ................................................... 112 4.8.1. A outorga de direito de uso ............................................................................................................... 114 4.8.2. O licenciamento Ambiental das Intervenções do Programa ............................................................. 116 4.9. AVALIAÇÃO AMBIENTAL GLOBAL DO PROGRAMA .................................................................................... 118 5. PLANO DE GESTÃO AMBIENTAL - SÍNTESE ..................................................................................... 119 5.1. SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL DO PROGRAMA..................................................................................... 120 5.2. PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL ..................................................................................................... 120 5.3. PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL - PEA ......................................................................................... 120 5.4. PROGRAMA DE MEDIDAS MITIGADORAS E COMPENSATÓRIAS .................................................................. 121 5.5. PLANO AMBIENTAL DE REGULARIZAÇÃO DA INFRA-ESTRUTURA HÍDRICA ............................................... 121 5.6. PROGRAMA DE MONITORAMENTO ............................................................................................................. 122 5.7. MANUAL AMBIENTAL DA CONSTRUÇÃO ................................................................................................... 122 5.7.1. GERENCIAMENTO AMBIENTAL - UGP .................................................................................................... 123 5.7.2. SUPERVISÃO AMBIENTAL DE OBRAS ...................................................................................................... 123 5.7.3. EQUIPE AMBIENTAL DAS CONSTRUTORAS .............................................................................................. 123 5.7.4. REQUERIMENTOS AMBIENTAIS PARA CONTRATAÇÃO DE EMPRESAS ...................................................... 123 5.7.5. PLANEJAMENTO AMBIENTAL DE OBRAS ................................................................................................. 124 5.7.6. IMPLANTAÇÃO E GERENCIAMENTO DAS OBRAS ..................................................................................... 124 5.7.7. ATIVIDADES CONSTRUTIVAS .................................................................................................................. 124 5.7.8. PLANO DE CONTROLE E RECUPERAÇÃO ÁREAS DE EMPRÉSTIMO E BOTA-FORAS E RECUPERAÇÃO DAS ÁREAS DOS CANTEIROS DAS OBRAS................................................................................................................. 125 5.7.9. MANUAL AMBIENTAL DE CONSTRUÇÃO DE SISTEMAS ADUTORES – PROÁGUA SEMI-ÁRIDO.......... 126 6. CONSULTAS PÚBLICAS ........................................................................................................................... 126 6.1. REUNIÃO PÚBLICA SISTEMA ADUTOR MONSENHOR EXPEDITO EM 05 DE SETEMBRO DE 2005 .................. 126 6.2. REUNIÃO COM REPRESENTANTES DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO – 19 DE OUTUBRO DE 2005 ........ 128 6.3. REUNIÃO PÚBLICA EXPOSIÇÃO DO RAA EM 03 DE NOVEMBRO DE 2005 ................................................... 128 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................................ 129 ii Lista de Tabelas Tabela 1 – Políticas Operacionais do Banco Mundial – Incidência no Programa.......................................................... Tabela 2.1 – Aspectos Gerais e Objetivos Específicos do Programa.............................................................................. Tabela 2.2 – Componentes do Programa de Desenvolvimento Sustentável e Convivência com o Semi-árido Potiguar.. Tabela 2.3 – Aspectos socioeconômicos do Rio Grande do Norte................................................................................. Tabela 2.4 – Potenciais fontes seguras de Água........................................................................................................... Tabela 2.5 – Distribuição das classes de uso do solo.................................................................................................... Tabela 2.6 – Localização dos sítios arqueológicos no Rio Grande do Norte.................................................................. Tabela 2.7 – Rio Grande do Norte e Seridó – Estimativa do Rendimento Familiar Per Capitã...................................... Tabela 2.8 – Rio Grande do Norte e Seridó: População com Insuficiência de Renda (%).............................................. Tabela 2.9 – Rio Grande do Norte e Seridó: Esperança de Vida e Mortalidade Infantil................................................ Tabela 2.10 – Situação dos Domicílios Quanto ao Abastecimento e Esgotamento – 1991............................................. Tabela 2.11 – Bacia Apodi/Mossoró - Açudes com capacidade de acumulação > 10 hm3............................................. Tabela 2.12 – Açudes com capacidade de acumulação superior a 10 hm3..................................................................... Tabela 2.13 – Açudes com capacidade de acumulação superior a 10 hm3..................................................................... Tabela 2.14 – Componentes, Sub-componentes e Ações Programáticas....................................................................... Tabela 2.15 – Intervenções Previstas para a Região do Seridó...................................................................................... Tabela 4.1 – Respostas do Programa aos Principais Problemas Identificados............................................................... Tabela 4.2 – Políticas Operacionais do BIRD e ações do Programa.............................................................................. Tabela 4.3 – Políticas Operacionais do BIRD e ações do Programa.............................................................................. Tabela 4.4 – Diagnóstico da Situação Física dos Açudes Analisados........................................................................... Tabela 4.5 – Empreendimentos analisados – Barragens Pequenas (menos de 15 metros)............................................. Tabela 4.6 – Empreendimentos analisados – Barragens Grandes (mais de 15 metros de altura)................................... Tabela 4.7 – Síntese de Avaliações – Açudes.............................................................................................................. Tabela 4.8 – Defensivos químicos utilizados no Perímetro Irrigado de Itans............................................................... Tabela 4.9 - Usos mensal e anual das águas do Açude Itans........................................................................................ Tabela 4.10 – Defensivos químicos utilizados no Perímetro Irrigado de Itans.............................................................. Tabela 4.11 – Usos mensal e anual das águas do Açude Cruzeta.................................................................................. Tabela 4.12 – Anexo I da Resolução n° 284 do CONAMA.......................................................................................... Tabela 4.13 – Condicionantes da Licença de Operação 172/99.................................................................................... Tabela 4.14 – Vazões de Projeto Para os Municípios a Serem Ampliados.................................................................... Tabela 4.15 – Instalação dos dessalinizadores ao longo do tempo................................................................................ Tabela 4.16 – Síntese das Avaliações dos Sistemas de Abastecimento de Água da Região do Seridó............................ Tabela 4.17 – Principais sub-componentes do Programa e reforço institucional da SERHID........................................ Tabela 4.18 – Metas e prazos do Programa de Fortalecimento Institucional do IDEMA............................................... Tabela 4.19 - Medidas para Ampliação do Sistema Monsenhor Expedito.................................................................... Tabela 4.20 – Principais Aspectos Ambientais e Medidas Mitigadoras Propostas para Modernização dos Perímetros Irrigados...................................................................................................................................................................... Tabela 4.21 – Critérios de Avaliação Ambiental para empreendimentos de 2º a 4º anos............................................... Tabela 4.22 – Outorgas previstas na legislação estadual.............................................................................................. Tabela 4.23 – Situação de outorga relacionada aos Componentes do Programa............................................................ Tabela 4.24 – Regularização de infra-estrutura hídrica na SERHID............................................................................. Tabela 4.25 – Intervenções do Programa e Diretrizes para o Licenciamento Ambiental............................................... Tabela 5.1 – Custos estimados para o PGA.................................................................................................................. iii xvi 03 04 05 06 11 15 20 20 20 21 23 24 25 34 37 46 47 50 58 59 59 61 76 76 78 78 79 88 89 99 106 108 108 110 113 114 116 117 117 118 121 Lista de Figuras Figura 1 - Bacias Hidrográficas do RN.............................................................................................................. xv Figura 2 - Região do Seridó/Área Prioritária do Programa................................................................................. xv Figura 2.1 - Mapa de localização do RN – enfoque região do Seridó.................................................................. 08 Figura 2.2 - Mapa de Bacias Hidrográficas........................................................................................................ 09 Figura 2.3 - Rios perenes e intermitentes........................................................................................................... 10 Figura 2.4 - Mapa de solo.................................................................................................................................. 13 Figura 2.5 - Mapa de uso do solo....................................................................................................................... 14 Figura 2.6 - Incidência de esquistossomose em municípios do estado................................................................. 16 Figura 2.7 - Núcleos de Desertificação no Nordeste........................................................................................... 18 Figura 2.8 - Mapa de Clima.............................................................................................................................. 29 Figura 2.9 - Comportamento dos reservatórios Armando R Gonçalvez e Santa Cruz.......................................... 28 Figura 2.10 - Rede de Precedência..................................................................................................................... 38 Figura 3.1 - Organograma da Secretaria de Recursos Hídricos, em 1999........................................................... 40 Figura 3.2 - Estrutura Organizacional do IDEMA............................................................................................. 41 Figura 3.3 - Estrutura Proposta para Implementação do Programa..................................................................... 43 Figura 4.1 - Carta Temática Básica................................................................................................................... 54 Figura 4.2 - Mapa das Intervenções do Programa.............................................................................................. 55 Figura 4.2A - Mapa das Intervenções do Programa – papel vegetal................................................................... 56 Figura 4.3 - Evolução Volumétrica do Açude Itans............................................................................................ 75 Mapas de APPs................................................................................................................................................. 68 Figura 4.4 - Evolução Volumétrica do Açude Cruzeta....................................................................................... 77 Figura 4.5 - Desenho esquemático da Adutora Monsenhor Expedito.................................................................. 81 Figura 4.6 - Evolução dos níveis da Lagoa do Bonfim – 1998 a 2005................................................................ 82 Figura 4.7 - Índice de Perdas na Distribuição – CAERN.................................................................................... 86 Figura 4.8 - Alternativa escolhida para o aumento da produção......................................................................... 91 Figura 4.9 - Desenho Esquemático de uma Barragem Subterrânea com Poço Amazonas.................................... 96 Lista de Gráficos Gráfico 2.1 - Número de casos positivos e tratados – Jan/1996 – Jun/2005........................................................... 17 Gráfico 2.2 - Estimativa do IDH para o Seridó e suas Zonas Homogêneas – 1970 – 1991..................................... 20 iv Rio Grande Norte Integrated Water Resources Management Program ENVIRONMENTAL ASSESSMENT Introduction The Brazil Rio Grande do Norte State Program for Sustainable Water Resources Development will support strategic approaches to the management of the State’s water resources in order to (i) establish mechanisms that will result in the more efficient use and conservation of available water resources and (ii) create the political, legal, institutional, technical and operational conditions for the appropriate management of the water resources in an integrated manner, thus fomenting the social, economic and environmentally sustainable development of the Potiguar semi-arid region in the Rio Grande do Norte State. The Program will include non-structural and structural actions. Non-structural actions are related to institutional and legal issues and to the modernization of water resources management tools and capacity building within government agencies. Structural actions will finance works and activities to improve and rehabilitate existing water supply systems, and the construction of new supply systems in small communities. A higher concentration new supply systems will be constructed in the Seridó, which, given its levels of poverty, is a priority region for the Program. Environmental issues associated with the rehabilitation of existing water infrastructure and the construction of new small water supply systems in poor communities are expected to be of low magnitude. Impacts will be localized and therefore easily managed through the application of sound siting criteria and construction procedures. Therefore, the first phase of the Program has been categorized as B for environmental purposes according to the World Bank’s OP 4.01 Environmental Assessment. This document summarizes the findings of (i) the environmental assessment carried out by the Borrower; and (ii) the reports on dam safety by a panel of experts which inspected all dams to be rehabilitated under the project. Environmental and Social Conditions Poverty The state of Rio Grande do Norte has 166 municipalities and a population of 2,852,800 inhabitants, 73% of which live in urban areas. The state is ranked 21st among Brazilian states with respect to the HDI1 and is in 4th place among Brazil’s northeastern states. In terms of education, 30% of the population over 15 years of age is illiterate. In the public health sector, the worst indicators are: infant mortality, limited access to basic sanitation, and poor nutritional condition of children under 5 years of age. These indicators are related to poor sanitary conditions, in particular, lack of access to potable water. The State economy is undergoing a re-structuring process, in which the traditional agriculture model has been giving way to agro-industrial activities (irrigation projects), modernization of the textile industry, growth of the tourism and oil industries and the service sector. Water Resources The State’s two major water basins, the Piranhas-Açu and the Apodi-Mossoró, are in the semi-arid area and occupy 60% of the State territory. The crystalline terrains are impermeable, which result in the rapid transformation of rain into flowing water, and sets conditions for the rivers’ intermittency. The only way to accumulate water is by using the extensive network of dams built in the region. Figure 1 shows the watersheds in the State. The State’s water infrastructure is formed by a set of 45 major permanent reservoirs, with a capacity of over 5 million cubic meters, and by a water distribution system connecting all basins which extends Human Development Index v for approximately 1,200 km over 7 major water transmission pipelines. Some portions of the intermittent rivers are turned into permanent-flow rivers by these dams, the most important of which are: Armando Ribeiro Gonçalves, Umari, Santa Cruz, Passagem das Traíras, Boqueirão de Parelhas and Itans. Figure 1 – Watersheds in Rio Grande Figure 2 - Seridó Region – Priority Area of the Program The largest portion of the State is located in the northeastern sertão (hinterland), an area vulnerable to cyclic droughts, with the frequent occurrence high salinity waters, thus complicating water availability issues. The priority region for the Program’s action is the Seridó-Potiguar. In most critical areas, the demand for potable water in both urban and rural areas is being met, although precariously. Major deficits in the availability of treated water and sanitary facilities are exacerbated by pollution and waste. Potential contamination of underground water sources either by agricultural chemicals in the rural areas or by urban wastewater effluents can jeopardize important water resources in the State. Priority Area of Intervention –Seridó Region The total population of the Seridó is 294,000 inhabitants, which represents some 11% of the State’s population, and has been decreasing in recent decades. The Seridó Region, shown in figure 2, is in the inlands of the Semi-Arid Northeast, in an area of extremely low soil fertility. It suffers from scarce and unequal distribution of rains, which is characteristic in the Brazilian northeast, with the occurrence of total or partial droughts that can last from one to many years. The Seridó was deemed the region most affected by the desertification process. The area hosts the “Seridó Desertification Nucleus”, one of four in the country being assessed by the Ministry of Environment and by national and international research institutes. The main consequences of the environmental alterations in the Seridó region include degradation of soils, elimination of native vegetation cover, silting of water reservoirs, depletion of the water table, biodiversity loss, reduction of development options, and impoverishment and migration of rural men. Water resources are characterized by their relative scarcity. The demand of the Seridó region is being very precariously met. The supply and demand balance reinforces the need to increase the water supply and improve its distribution, management and conservation. Only 0.2% of the rains that fall in the Seridó region filter into the soil, 3.8% accumulate in dams, 5% return to the sea from the rivers and 91% evaporate. Description of Proposed Program vi The main goal of the four-year Program is to support the State in achieving integrated water resources management in a participatory way, by respecting equity and sustainability from the technical, social, environmental and financial perspectives, and having the watershed as its management unit. The project will include: Conservation and rehabilitation of dams: consisting of studies, civil works and equipment for the maintenance and rehabilitation of 40 strategic dams within the State, as well as promotion of improvement activities to manage the multiple use reservoirs. Recovery and modernization of irrigation schemes: adaption of the Itans and Cruzeta irrigation schemes to the best conservation techniques and irrigation practices, thereby reducing water resources demand and increasing productivity within an institutional arrangement that enables self sustainability of these systems. Expansion of the Monsenhor Expedito Pipeline System: expansion of the pipeline’s productive capacity and construction of three new complementary pipelines, thus expanding the services to seven municipalities that have no adequate source of supply. Hydro-environmental Works: construction of 80 small underground reservoirs to accumulate water in alluvial beds for underground water storage and microbasin preservation. Desalinization Network: establishment of desalinator systems in small communities where the underground water sources have high levels of salinity, thus increasing the water supply meant for economic and social development. Small communities supply system: recuperation works and establishment of surface and underground water collection and distribution systems, borehole perforation, establishment of desalinators in 77 small communities of the Seridó region. The Program and IBRD Policies The following table shows the World Bank’s main Operational Policies that directly or indirectly affect the sub-components assessed in this Environmental Assessment Report. World Bank’s Operational Policies Triggered Interventions Anticipated Conservation and rehabilitation of dams Recovery and modernization of irrigation schemes Expansion of the Monsenhor Expedito Pipeline System Hydro-environmental Works Desalinization Network Small communities supply system State Review of the Water Resources Plan– PERH 4.01 9 9 9 4.04 9 9 9 4.09 9 9 4.12 4.10 4.37 9 9 9 9 9 In order to meet the triggered safeguards, the following reports were prepared: OP 4.01 – Environmental Assessment. An Environmental Assessment Report (EAR) was prepared per the Bank’s environmental policies applicable to Category “B” projects. The Report evaluates the interventions related to production increase and expansion and to the treated water supply networks; establishment of desalinization units in small communities and improvement of the existing ones; establishment of water supply simplified systems; and other investments such as the recovery of multiple use reservoirs in the region. Mitigating actions to address the adverse impacts were included in an EMP – Environmental Management Plan, containing associated costs, responsibilities for its implementation and time schedules. These actions are detailed in the EAR and will become an integral part of the Program’s implementation. OP 4.04 - Natural Habitats -Actions related to improvements in existing dams and irrigation schemes could potentially affect conditions of preservation areas (e.g. the reservoir buffer zones). In addition, vii interventions aimed at the expansion of the Monsenhor Expedito Pipeline will take place in the Bonfim/Guaraíra Environmental Protection Area (EPA). The project will include compensatory measures to support the Program in the regulation and effective establishment of the EPA. The EPA is a sustainable use conservation unit that ensures the proposed activity. OP 4.09 – Pest Management, The Bank’s OP requirements will be fully complied with in the following interventions: (i) dam rehabilitation and conservation – regarding the eventual need to control pests in areas with vegetation cover surrounding the reservoirs; and (ii) recovery and modernization of the irrigation systems at the time of definition of the support mechanisms for the development of agricultural activities. Integrated Pest Management Plans will be prepared for irrigated areas involved in the project. OP 4.12 – Involuntary Resettlement. Although involuntary resettlement of families was not identified, a Resettlement Framework has been included as part of the EAR. The framework is the one developed for PROAGUA with the support and approval of the Bank, and already endorsed and in use in the State. It contains guidelines to be observed in the remote case that removal of families is needed at a later stage for the undertaking of the Program’s interventions. OP 4.10 Indigenous Peoples, no interventions were identified for the 1st year of works with existing quilombolas, traditional populations of the State, and no occurrence is expected for the 2nd through to the 4th years. OP 11.03 – Cultural Property, no relevant interventions were identified in the activities and works for the first year of the Program. However, the works of the 2nd through the 4th years will be undertaken in municipalities hosting archeological sites. For this purpose, the assessment of these works will be undertaken during the design of the projects in compliance with current Brazilian legislation, and will include a consultation with the IPHAN – National Institute for the Artistic and Archaeological Heritage. The Environmental Manual for Construction includes guidelines to follow should an object of cultural heritage be accidentally discovered during project implementation. OP 4.37 Safety of Dams – this policy is applicable to Component 3 – Water Infrastructure, subcomponent 3.1 – Conservation and Rehabilitation Program for the State Water Infrastructure. The proposed program aims to rehabilitate 40 strategic dams in operation throughout the State. Twentytwo of these are large size dams and eighteen are of medium or small size. Eight dams were selected for the safety assessment, three of which were 15 meters or higher – thus considered of large size; and five were considered of medium and small sizes and had 15 meters or less – these will undergo project interventions during the first year of the Program. A panel of experts on dam safety was created for the large size dams. Safety reports were assessed and approved by the World Bank on the Rodeador, Passagem das Traíras and Itans dams. For the smaller dams, the inspection was undertaken by SERHID experts, who used a methodology recommended by the Ministry of Integration (MI) and completed the Formal Inspection Sheet for earth dams. Recommendations from these inspections have been included in project designs. Summary of Safeguard Instruments OP OP 4.01 – Environmental Assessment Response by the Program EAR / EMP Preparation viii OP 4.04 Natural Habitats OP 4.09 – Pests Management OP 4.12 – Involuntary Resettlement OP 4.20 Indigenous Peoples OP 4.37 Safety of Dams OPN 11.03 – Cultural Property Public Consultations Program to Support the Consolidation of the Bonfim-Guaraira EPA. Loss Control Plan for the Monsenhor Expedito Pipeline System Integrated Pest Management Plan within the Irrigation Schemes Modernization Pilot Projects Although not triggered, the project will adopt a Resettlement Framework approved by the Bank for the PROAGUA Not triggered Dams Panel of Experts – dams over 15 meters high Safety inspection – small and medium size dams Bank-approved Dam Inspection Guidelines prepared for PROAGUA Procedures to “chance findings” in the Environmental Manual for Construction. Environmental Assessment of Components Rehabilitation of Existing Dams An environmental assessment of the selected dams and reservoirs was carried out taking into account the following aspects: (i) overall conditions of operation and maintenance; (ii) land use and occupation in the Permanent Protection Area – PPA; (iii) conditions of the vegetation in the surrounding area of the reservoir; (iv) water use; and (v) environmental licensing and water grants status; (vi) water quality. The assessments showed generalized deficiencies in the environmental management of the dams involved. They all had a high to medium degree of eutrophication, whose causes were only partially identified and require further studies. Untreated domestic sewage from urban areas, leather factories and slaughterhouses as well as agricultural run-off, contribute to eutrophication. Recent research undertaken in the Seridó region by the Instituto de Pesquisas Agrícolas do Rio Grande do Norte (Rio Grande do Norte Agricultural Research Institute) point to the possible existence of high levels of phosphorous in regional rocks and soils. Hence, an in-depth study on the nutrient contributions to the dams assessed is required to help understand the determinant conditions of their eutrophication process. Expansion of Water Structures - Monsenhor Expedito Pipeline System The assessment carried out took into consideration the current situation of the existing system (area and population assisted, physical-operational system, and operational conditions of the system) and the expansion proposal involving the legal and technical aspects (environmental licensing and compliance with Brazilian laws and regulation). The most sensitive technical issue is related to the impact of increased water pumping from the aquifer and its effects on the lagoon system, particularly in the Lagoa do Bonfim, because of the interdependency between the surface and groundwater systems. Studies carried out at the time of inception of the current pipeline system confirm that the intended expansion will not jeopardize the environmental conditions of the lagoon system. The environmental licensing of the current system (preceded by the EIA/RIMA) underwent an intense public discussion on preserving the Lagoa do Bonfim’s environmental conditions and of the guarantees to be offered by the system’s operator (CAERN/SERHID). As a result, a TAC – Terms of Adjustment in Conduct (as defined by Brazilian legislation) – was signed with the Public Prosecution Department and established the minimum level for the Lake at 39 meters, below which intake may not occur. The assessment concluded that the operation of the systems has met the environmental conditions established in that agreement. Water demand is further exacerbated by inefficiencies in the system. According to operational information from 2004, the physical losses in the Monsenhor Expedito System are estimated to be of ix 46.1%. (the regional average is about 55%).Under the Program, these losses are expected to be reduced to 25% through a Loss Control Plan. The expansion of the water intake will take place in the Bonfim/Guaraíra Protected Area. The project will contribute to the management of this Conservation Unit, in particular the urgent need to establish criteria and parameters for the control of use and soil occupation of the several existing human activities in the areas near the Lagoon. The expansion of the distribution system will involve the construction of new water pipes. This construction will take place along the right-of-ways of the existing road network. Environmental issues relating to this activity are expected to be minor and will be managed by an Environmental Manual for the Construction of Water Pipes which was prepared under the Bank-funded PROAGUA project. Water Supply Systems in Small Communities The Establishment of Water Supply Systems in Small Communities is meant to meet the needs of rural populations – usually not considered as users of the conventional systems – by supplying quality water (in physical-chemical and bacteriological terms), having as its basic principle the decentralized and participatory management by the communities affected. This Program involves: (i) hydro-environmental works, (ii) maintenance and expansion of the desalination network program, and; (iii) establishment of water supply systems in small communities. These are occasional interventions represented by the construction of underground reservoirs and the employment of human resources from the municipalities and micro-basins benefited. The promotion of rational and efficient use of the soils and waters and the use of hydro-environmental techniques is sought, particularly in the rural communities of the semi-arid region. The focus of the environmental assessment was on the priority criteria review for the selection of construction sites and on the implementation strategy for the hydro-environmental works proposed. Restoration and expansion of Desalination Network SERHID currently operates a network of 110 desalinators. These systems are included in an efficient maintenance program that distinguishes the condition of this equipment from others in the State. Regarding the wastewater from these small plants, the Program recommends its use in evaporation tanks, aquiculture, and even in household cleaning and clothes washing. The proposal for the expansion, recovery and maintenance of the State network is relevant and socially justifiable, given the possibility to supply potable water to the benefited communities. Regarding recovery actions for existing systems, it is recommended that the systems be resized for storage and final waste disposal in order to avoid the inappropriate disposal in the region’s water bodies. SERHID will require more staff and the expansion of its structure in order to manage the new desalinators. One of the activities foreseen is training in preventative and corrective maintenance to capacitate operators to do minor repairs in the systems. Water Supply Systems in Small Communities – Seridó Region The assessments carried out in the small rural communities confirm the positive social impact of the system, given the major need for the works foreseen in the Program as these will result in an increase of the water supply, better health and life conditions of the population, and an opportunity for the development of system management. However, the success of these initiatives is highly dependent on the implementation of a management model for the operation and maintenance of these systems based on community participation. ADESE, with the support of ANA (the National Water Agency) has outlined the engineering projects and proposed a management model for the operation and maintenance of the simplified systems. The x management model proposed will be reviewed during the Program’s implementation and may be improved to achieve the operational sustainability of the systems over the years. Modernization of Irrigation Schemes The objective of this activity is to upgrade the irrigation schemes of Itans and Cruzeta to the best conservation techniques and practices, thus reducing the demand for water resources and increasing productivity within an institutional arrangement that enables the self-sustainability of the systems based on water resources management mechanisms appropriate for the State. The main conclusions of the assessment were: (i) the technologies are inadequate – the use of furrow irrigation increases water consumption – which proves the need for modernization of procedures and techniques in order to obtain greater efficiency gains; (ii) soil salinization due to inappropriate irrigation management; (iii) loss of water in the hydric structures, hence the need for recovery and maintenance; (iv) use of pesticides without agronomic prescription, reflecting the need to conform to control regulations and integrated pest management; (v) deficiency in technical assistance and safety, and; (vi) inexistence of efficient water allocation and environmental licensing systems. Strategic Studies: Review of the State’s Water Resources Plan The review, updating and approval of the State’s Water Resources Plan foreseen in the Program shall consider the undertaking of a SEA – Strategic Environmental Assessment - to be defined in the Terms of Reference included in the Environmental assessment report. Overall Assessment of the Program The environmental assessment undertaken proved the consistency of the proposed interventions and activities with Brazilian environmental legislation, in particular those related to environmental themes and water resources management, as well as the overall conformity of these interventions with IBRD’s Safeguards Policies. After implementation of the non-structural actions, expected positive impacts that will reflect in different levels include: (i) (ii) (iii) (iv) of institutional nature: improvements in the control and administration systems held by the State in terms of the water resources issues, thus reflecting in environmental protection issues such as the reinforcement of monitoring actions, uses control, and losses reductions, among others foreseen; of legal nature: a review of the existing legal instruments for water resources management will result in improvements to issues related to the environment, since integration actions should be anticipated, including legal issues related to water use control and legal actions for the protection of water sources used for public supply; of technical nature: the implementation of a Strategic Environmental Assessment aimed at the revision of the State Water Resources Plan will result in significant environmental gains to be incorporated into the works and activities resulting from the Plan; and of social nature: resulting in a more representative participation of organized civil society in the water resources management process, by the establishment of Basins Committees and Water Users’ Associations. Most proposed works are of small size and hence generate localized negative impacts that are temporary, easily reversible and common to the execution of water and sanitation works. These impacts would be properly mitigated with the adoption of measures recommended by the Environmental Management Plan. As an overall conclusion, it is worth noting that positive impacts of major significance and magnitude will occur in extremely needy regions and communities and they will become permanent. These interventions and the important non-structural actions of the Program shall generate the conditions to xi foment complementary actions aimed at the regional sustainable development that will equally result in significant benefits to the population affected by the project. The Environmental Management Plan of the Program The Program’s EMP involves the following activities to be implemented: Environmental Management System: the objectives are to organize and coordinate actions of a socioenvironmental nature of the Program’s components; supervise the implementation of programs of institutional nature (social communication, environmental education and monitoring); identify and evaluate the relevant levels of environmental impacts, and establish improvement targets and guide the operations to achieve these goals. Social Communication Program: The objective is to provide strategic support for implementation of the Program’s actions and includes the preparation of a Communication and Disclosure Plan, whose theme will be “the water resource in all its forms of use”. Estimated costs: R$100,000. Environmental Education Program – EEP: aims to contribute to a participatory management policy of the State water resources, based on educational actions meant for water users and Program’s intervenient agents. This will be an additional specific measure to sensitize, create awareness and train technicians and workers involved in these interventions for the adoption of environmentally friendly procedures related to the works, occupational health and safety and neighboring community relations. Estimated costs: R$250,000. EPA Bofim-Guaraíra Regulation Support Program: aims to support the establishment of the environmental zoning and EPA management plan through the allocation of resources from a Technical Cooperation Agreement signed between SERHID and IDEMA for the elaboration of the works. For that purpose, Terms of Reference can be outlined by IDEMA and contracted by the Program. It is recommended that a Technical Evaluation Commission be established involving representatives from the state agencies to coordinate the works and technical evaluation of proposals. The estimated cost for this activity is R$240,000. Monsenhor Expedito System Loss Control Plan: aims to promote actions for the reduction of current losses from 46% to 25%. An estimated amount of R$100,000 has been allocated for its elaboration. Environmental Program for Water Infrastructure Regularization: involves the actions and measures required for the environmental regularization of the water infrastructure in the state, starting with the expansion of interventions undertaken in the scope of the Program. Estimated costs: R$450,000. Monitoring Program: meant to monitor changes in the quality and quantity of waters from the water courses and reservoirs, it is required in view of the potential of interventions to trigger qualitative alterations in the natural conditions of water bodies. Estimated costs for the Water Quality Monitoring: R$77,000; and for the Salinization and Eutrophication Control Program: R$350,000. Total estimated costs: R$427,000. Environmental Construction Manual: a guide of the appropriate environmental practices, including guidelines, procedures and technical specifications to be adopted in all stages of the implementation of water infrastructure. These procedures shall be observed by the contractors hired for the works and engineering services execution and involve: (i) Environmental Supervision of the Works and Environmental Requirements to Contract Companies; (ii) Environmental Planning of the Works; (iii) Establishment and Management of the Works; (iv) Plan to Control and Recover disposal sites and Recovery of Areas used for the Construction Yard. The EMP is estimated to cost R$1,567,000 to be allocated during the four years of duration of the 1st stage of the Program. Other actions proposed will have their costs allocated in the corresponding components and sub-components. Public Consultation xii During the preparation stage of the Project, consultations, contacts and meetings (“scoping” process) were held with representatives of State government entities. A technical meeting took place on September 05, 2005, to discuss the production system expansion of the Monsenhor Expedito Pipeline since it involved environmentally sensitive issues. A final public consultation was held on November 3, 2005. All consultations had the appropriate support documentation thus contributing to a significant decision making process. The main aspects discussed with the entities’ representatives during the public consultations relate to uncertainties and considerations over the expansion of the Monsenhor Pipeline System with regard to the following aspects: (i) loss indexes in the pipeline system and actions aimed at the minimization of this issue; (ii) population to be assisted by the new system; and (iii) environmental assessments aimed at the protection of the Lagoa do Bonfim region and of the Bonfim-Guaraíra Environmental Protection Area. The Program foresees the following actions and measures to address the above–mentioned issues, among others: (i) environmental assessments to support the management framework of the EPA by the IDEMA; (ii) environmental education actions aimed at creating awareness about the importance of protecting the water resources of the State, in particular the Lagoa do Bonfim region; and (iii) investments in the loss control and elaboration of a Loss Control Plan for the System. The creation of a website for the community to follow the progress of the Program was requested during the EAR presentation consultation, including the opening of a discussion forum with the public about the main themes addressed. xiii PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E CONVIVÊNCIA COM O SEMI-ÁRIDO POTIGUAR SUMÁRIO EXECUTIVO 1. Introdução O Programa Estadual de Desenvolvimento Sustentável e Convivência com o Semi-Árido Potiguar apoiará abordagens estratégicas na gestão dos recursos hídricos estaduais, de maneira a: (i) estabelecer mecanismos que resultarão em um uso mais eficiente dos recursos hídricos disponíveis e na sua conservação; e (ii) criar condições políticas, legais, institucionais, técnicas e operacionais para a gestão apropriada e integrada dos recursos hídricos, visando promover o desenvolvimento social, econômico e ambientalmente sustentável da região do Semi-árido Potiguar. O Programa incluirá ações de caráter não - estruturais e estruturais. As ações não-estruturais são relacionadas a questões institucionais e legais e de modernização dos instrumentos de gestão de recursos hídricos, visando melhor capacitar as agências governamentais. As ações estruturais financiarão trabalhos e atividades relacionadas à implantação de obras e atividades de melhoria e recuperação de sistemas de abastecimento de água; e de implantação de novos sistemas de abastecimento em pequenas comunidades. Esses sistemas deverão ter uma concentração acentuada na Região do Seridó, considerada como uma área prioritária de atuação do Programa em função de sua pobreza. Os impactos ambientais associados à reabilitação da infra-estrutura existente e à construção de novos pequenos sistemas de abastecimento em comunidades pobres serão de baixa magnitude. Os impactos serão localizados e, portando, facilmente gerenciáveis a partir da aplicação de eficientes critérios de localização e procedimentos construtivos. Assim, a primeira fase do Programa foi classificada como Categoria B para fins ambientais, de acordo com a Política Operacional relativa a Avaliação Ambiental do Banco Mundial – BIRD – OP 4.01. O sumário executivo apresenta: (i) a avaliação ambiental realizada pelo Mutuário; (ii) o relatório de inspeção de segurança de um painel de especialistas para as barragens a serem reabilitadas no âmbito do Programa. Condições sociais e ambientais existentes Pobreza O Estado do Rio Grande do Norte possui 166 municípios com uma população de 2.852.800 habitantes, sendo que 73% vivem em áreas urbanas. O estado situa-se na 21ª posição entre os estados do Brasil no que se refere ao IDH2 e ocupa a 4ª posição entre os estados nordestinos. Em termos de educação, por exemplo, 30% da população com mais de 15 anos de idade permanece analfabeta. Na área da saúde pública os piores indicadores são: a mortalidade infantil, o limitado acesso ao saneamento básico, e ainda o estado nutricional precário das crianças com menos de 5 anos. São indicadores que guardam relação com as condições sanitárias, notadamente no aspecto do acesso a água em quantidade e qualidade adequadas. A economia do estado vem sofrendo um processo de reestruturação, na qual o modelo agropecuário tradicional vem cedendo espaço às atividades agro-industriais (projetos de irrigação), à modernização do parque têxtil, à expansão da indústria do turismo, da indústria petrolífera das atividades de serviços. Recursos Hídricos No domínio semi-árido encontram-se as duas maiores bacias do estado: Piranhas-Açu e ApodiMossoró ocupando 60% do território. Os terrenos cristalinos são impermeáveis e fazem com que as Índice de Desenvolvimento Humano xiv chuvas transformem-se rapidamente em deflúvios, condicionando a intermitência dos rios. A única forma de se acumular água é na extensa rede de açudes construída na região. Na figura 1 é apresentada a divisão de bacias hidrográficas do estado. A infra-estrutura hídrica é formada por um conjunto de 45 grandes reservatórios de perenização, com capacidade de acumulação acima de 5 milhões de m3, e por um sistema de transposição de águas entre bacias, com cerca de 1.200 km de extensão composto por 7 grandes adutoras. Alguns trechos de rios são perenizados por grandes açudes, sendo que os mais importantes são: Armando Ribeiro Gonçalves; Umari; Santa Cruz; Passagem das Traíras, Boqueirão de Parelhas e Itans. Figura 1 – Bacias Hidrográficas do RN Figura 2 – Região do Seridó/Área Prioritária do Programa A maior parte do estado encontra-se localizada no sertão nordestino, área vulnerável às secas cíclicas; com freqüente ocorrência de águas com elevada concentração de sais, o que vem ampliar os problemas de disponibilidade hídrica. A região prioritária de ação do Programa é denominada de Seridó Potiguar. Nas áreas mais críticas a demanda de água para consumo humano está sendo atendida de forma precária, tanto em relação à demanda rural como à demanda urbana. O grande déficit na disponibilidade de água tratada e instalações sanitárias é agravado pela poluição e por resíduos. Existe um grande potencial de contaminação das águas subterrâneas seja por insumos agrícolas nas áreas rurais, seja por efluentes diversos nas áreas urbanas, o que pode comprometer importantes reservas hídricas estaduais. Área Prioritária de Intervenção – Região do Seridó A população total do Seridó, de 294 mil habitantes, representa cerca de 11% da população do estado, e vem apresentando índices de redução ao longo das ultimas décadas. A Região do Seridó, apresentada na figura 2, localiza-se no interior do Nordeste Semi-Árido, em áreas de solo de baixíssima fertilidade. Apresenta um dos mais característicos regimes de escassez e desigual distribuição de chuvas observadas no nordeste brasileiro, com ocorrência de secas totais ou parciais, de duração anual ou plurianual. A Região do Seridó foi diagnosticada como a mais atingida pelo processo de desertificação. Nesta região encontra-se o Núcleo de Desertificação do Seridó, um dos quatro do país que estão sendo estudados pelo Ministério do Meio Ambiente e Instituições de pesquisa – nacionais e internacionais. As principais conseqüências das alterações ambientais observadas no Seridó referem-se à degradação do solo, à eliminação da cobertura vegetal nativa, ao assoreamento dos reservatórios de água, ao empobrecimento dos lençóis freáticos, à perda da diversidade biológica, à redução de opções de desenvolvimento, ao empobrecimento e à migração do homem do campo. Os recursos hídricos se caracterizam por uma ampla escassez relativa. A demanda da região do Seridó está sendo atendida de forma extremamente precária. O balanço entre oferta e demanda reforça a necessidade de aumentar a oferta de água e melhorar a sua distribuição, gestão e conservação. Do total das chuvas que caem no Seridó, apenas 0,2% se infiltram no solo, 3,8% se acumulam nos açudes, 5% retornam para o mar, a partir dos rios, e 91% são evaporados. xv Descrição do Projeto Proposto A principal meta do Programa, que será desenvolvido ao longo de 4 anos, é apoiar o estado para que tenha como resultado o gerenciamento integrado dos recursos hídricos, de forma participativa, com respeito ao princípio de eqüidade e sustentável do ponto de vista técnico, social, ambiental e financeiro, tendo como unidade de gestão a bacia hidrográfica. O Projeto incluirá: Conservação e reabilitação de barragens, consistindo de: estudos, obras e instalação de equipamentos para a manutenção e reabilitação de 40 barragens estratégicas do estado, além de atividades de melhoria da gestão dos reservatórios de usos múltiplo. Recuperação e Modernização de Perímetros Irrigados: adequação dos perímetros de Itans e Cruzeta às melhores técnicas e práticas conservacionistas de irrigação, diminuindo a demanda por recursos hídricos e aumentando a produtividade, dentro de um arranjo institucional que permita a autosustentação desses sistemas. Expansão do Sistema Adutor Monsenhor Expedito: ampliação da capacidade produtiva da Adutora e a construção de 3 novos ramais adutores, ampliando esse atendimento para 7 municípios que não possuem outra fonte adequada de abastecimento. Obras Hidroambientais: construção de 80 pequenos depósitos subterrâneos de acumulação de água em leitos aluviais para armazenamento de água do lençol freático e preservação de micro-bacias. Instalação de Dessalinizadores: instalação de sistemas de dessalinização em pequenas comunidades onde a fonte de suprimento são águas subterrâneas salinas ou salobras, ampliando a oferta de água para o desenvolvimento econômico e social. Sistemas de Abastecimento em Pequenas Comunidades: obras de recuperação e instalação de sistemas de captação e distribuição de água superficial e subterrânea, perfuração de poços tubulares, implantação de dessalinizadores em 77 pequenas comunidades da região do Seridó. O Programa e as Políticas do BIRD Na tabela 1 são apresentadas as principais Políticas Operacionais do Banco Mundial que incidem, direta ou indiretamente, nos sub-componentes analisados neste RAA. Tabela 1 – Políticas Operacionais do Banco Mundial – Incidência no Programa Intervenções Previstas Conservação de barragens Recuperação e modernização de perímetros irrigados Ampliação Sistema Adutor Monsenhor Obras hidroambientais Rede dessanilizadores Sistema abastecimento pequenas comunidades Revisão do Plano Estadual de Rec. Hídricos – PERH 4.01 9 9 9 9 9 9 9 4.04 9 9 9 4.09 4.10 4.12 9 4.37 9 De forma a verifcar a aplicação das salvaguardas, os seguintes relatórios foram preparados: OP 4.01 - Política de Avaliação Ambiental. Foi elaborado um Relatório de Avaliação Ambiental em atendimento às políticas ambientais do Banco, aplicáveis aos projetos de Categoria “B”. O Projeto contempla as intervenções relacionadas com ampliação de produção e expansão e redes de abastecimento de água tratada; implantação de dessalinizadores em pequenas comunidades e melhorias naqueles em operação; implantação de sistemas simplificados de abastecimento de água; entre outros investimentos como a recuperação de reservatórios de atendimento a usos múltiplos na região. As medidas mitigadoras dos impactos negativos foram incluídas em um PGA - Plano de Gestão Ambiental, contendo os custos associados, as responsabilidades pela sua implementação e os xvi cronogramas. Essas medidas estão apresentadas com detalhes no RAA e passarão a fazer parte integrante da implantação do Programa. OP 4.04 de Proteção a Ambientes Naturais, ações relacionadas às melhorias em barramentos e nos perímetros irrigados, podem potencialmente afetar as condições em áreas de preservação (caso das faixas de proteção envoltórias dos reservatórios, por exemplo). Adicionalmente, intervenções voltadas à ampliação da Adutora Monsenhor Expedito, ocorrerão na Área de Proteção Ambiental -APA Bonfim/Guaraíra. O Projeto incluirá medidas compensatórias representadas pelo apoio à regulamentação e efetiva implantação da APA. A APA é uma unidade de conservação de uso sustentável que permite a atividade proposta. OP 4.09 – Controle de Pragas e Parasitas, a mesma deve ser inteiramente respeitada com relação as seguintes intervenções: (i) recuperação e conservação de barramentos – no tocante a eventual necessidade de controle de pragas em áreas com cobertura vegetal existente no entorno dos reservatórios; e (ii) recuperação e modernização de sistemas de irrigação (perímetros) quando da definição dos mecanismos de apoio ao desenvolvimento de atividades agrícolas. Planos integrados de manejo de pragas serão preparados para áreas irrigadas sob intervenção do Projeto. OP 4.10 – Populações Indígenas e Tradicionais, não foram identificadas interferências para as obras de 1º ano com quilombolas, populações tradicionais existentes no estado, não sendo esperado, a princípio, ocorrência também para as obras de 2° a 4° ano. OP 4.12 – Reassentamento Involuntário, embora não tenha sido identificada a necessidade de reassentamento involuntário, um Marco de Reassentamento foi incluído como parte do RAA. O marco foi desenvolvido pelo PROÁGUA com o apoio e a aprovação do Banco Mundial, e já está aprovado e em uso pelo estado. Ele contém as normas a serem observadas no caso remoto de necessidade de remoção de famílias em um estágio avançado de execução das intervenções do Programa. OPN 11.03 – Proteção a Propriedade Cultural, não foram detectadas interferências, com relação às atividades e obras de 1º ano do Programa. As obras de 2° a 4° ano serão realizadas em municípios onde se encontram sítios arqueológicos. Nesse sentido, por ocasião do detalhamento dos projetos, será efetuada essa avaliação para as demais obras, incluindo consulta ao IPHAN – Instituto do Patrimônio Artístico e Arqueológico Nacional, nos termos da legislação vigente no Brasil. O Manual Ambiental de Construção apresenta procedimentos para “salvamento ao acaso”. OP 4.37 – Segurança de Barragens, aplicável ao Componente 3 – Infra-estrutura Hídrica, subcomponente 3.1 – Programa de Conservação e Reabilitação da Infra-estrutura Hídrica Estadual. No programa proposto pretende-se atingir, para fins de recuperação, o conjunto de 40 barragens estratégicas em operação no estado. Destas barragens 22 são de grande porte e 18 são de médio ou pequeno porte. Como amostragem para avaliação da situação de segurança da OP foram selecionados 8 açudes, sendo 3 com altura superior a 15 metros – considerados de grande porte; e 5 deles com altura menor de 15 metros. – considerados de médio e pequeno porte, e que terão intervenção durante o 1º ano de Programa. Para os açudes de grande porte foi constituída uma comissão de segurança, aprovada pelo Banco Mundial, que avaliou os açudes de Rodeador, Passagem das Traíras e Itans. Para os açudes de menor porte a inspeção foi realizada por especialistas da própria SERHID, que utilizaram a metodologia recomendada pelo Ministério da Integração – MI com o preenchimento da Ficha de Inspeção Formal para Barragens de Terra. As recomendações dessas inspeções foram incluídas nos projetos. Sumário de Instrumentos de Salvaguardas xvii OP OP 4.01 - Política de Avaliação Ambiental OP 4.04 de Proteção a Ambientes Naturais OP 4.09 – Controle de Pragas e Parasitas OP 4.10 Populações Indígenas e Tradicionais OP 4.12 – Reassentamento Involuntário OP 4.37 Segurança de Barragens OPN 11.03 – Proteção a Propriedade Cultural Resposta do Programa Elaboração do RAA/PGA Realização de Consultas Públicas Programa de Apoio à Consolidação da APA Bonfim Guaraíra. Plano de Controle de Perdas do Sistema Adutor Monsenhor Expedito. Criação de um Plano de Manejo de Pragas nos Projetos Piloto de Modernização de Perímetros Irrigados Não aplicável Embora a não aplicável, o Projeto adotará o Marco de Reassentamento aprovado pelo Banco para o PROÁGUA. Painel de Barragens para barramentos acima de 15 metros Inspeção de segurança - barramentos de pequeno e médio porte. Normas de inspeção de barragens preparadas pelo PROÁGUA e aprovadas pelo Banco. Procedimentos para “salvamento ao acaso” no Manual Ambiental de Construção. Avaliação Ambiental dos Componentes A) Barragens Procedeu-se a uma avaliação da situação ambiental das barragens e reservatórios selecionados considerando os seguintes aspectos: (i) condições gerais de operação e manutenção; (ii) uso e ocupação do solo na Área de Preservação Permanente – APP; (iii) situação da vegetação no entorno do reservatório; (iv) usos da água; (v) situação de licenciamento ambiental e outorga; (vi) qualidade de água. Verificou-se nas análises empreendidas situações generalizadas de deficiências no gerenciamento ambiental dos açudes envolvidos. Todos eles encontram-se em situação de maior ou menor grau de eutrofização, cujos fatores geradores foram apenas parcialmente identificados, merecendo estudos mais aprofundados. Despejos de esgotos domésticos e de atividades de curtumes, matadouros e outros constituem fontes de poluição em alguns casos. Recentes pesquisas realizadas na região do Seridó pelo Instituto de Pesquisas Agrícolas do Rio Grande do Norte apontam para a possibilidade de existência de elevados níveis de fósforo nas rochas e solos regionais. Dessa forma o aprofundamento do estudo das contribuições de nutrientes para os açudes estudados é necessário para a compreensão das condições determinantes do processo de eutrofização dos mesmos. B) Novas Estruturas - Sistema Adutor Monsenhor Expedito A avaliação realizada considerou a situação atual do sistema em operação (área e população atendida, sistema físico-operacional e condições operacionais do sistema) e a proposta de ampliação, envolvendo os aspectos técnicos e legais (processo de licenciamento ambiental e conformidade com as normas e leis brasileiras). A questão técnica mais sensível diz respeito ao impacto relativo às condições de captação de água do aqüífero subterrâneo e seus efeitos no sistema lagunar, notadamente na Lagoa do Bonfim, uma vez que há uma interdependência entre os sistemas superficial e profundo. Os estudos desenvolvidos, quando da concepção do atual sistema adutor, asseguram que a ampliação pretendida não deverá comprometer as condições ambientais do sistema lagunar. A aprovação ambiental do atual sistema (precedida de EIA/RIMA) resultou em uma discussão pública intensa acerca da manutenção das condições ambientais da Lagoa do Bonfim e das garantias a serem oferecidas pelo operador do sistema (CAERN/SERHID). Como resultado desse processo de discussão foi assinado o TAC - Termo de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público estabelecendo a xviii cota 39 como o nível mínimo para a Lagoa do Bonfim, abaixo do qual a captação não deve ocorrer. A avaliação concluiu que a operação do sistema atingiu as condições estabelecidas no TAC. A demanda de água é fortemente aumentada pelas ineficiências no sistema. De acordo com informações operacionais do ano de 2004 as perdas físicas no Sistema Monsenhor Expedito são estimadas em 46,1% (a média regional é de cerca de 55 %). Pelo Programa espera-se a redução das perdas reais do sistema para um nível ótimo de 25% por meio de um Plano de Controle de Perdas. A expansão da produção de água ocorrerá na APA Bonfim/Guaraíra. O Projeto contribuirá para o gerenciamento da Unidade de Conservação, notadamente em relação à necessidade premente de se estabelecer critérios e parâmetros para o controle do uso e ocupação do solo das diversas atividades antrópicas existentes nas áreas lindeiras ao reservatório. A expansão do sistema de distribuição envolverá a construção de novas redes de água. Essa implantação ocorrerá ao longo das rodovias existentes. Os impactos ambientais relacionados a essa atividade serão de menor escala e gerenciados a partir do Manual Ambiental para Construção de Sistemas Adutores, o qual foi preparado pelo PROÁGUA SEMI-ÁRIDO. C) Implantação de Sistemas de Abastecimento de Água em Pequenas Comunidades A Implantação de Sistemas de Abastecimento de Água em Pequenas Comunidades tem como objetivo o atendimento a populações rurais – que em geral não são contempladas com sistemas convencionais a partir da oferta de água de boa qualidade físico-química e bacteriológica possuindo como princípio básico à gestão descentralizada e participativa das comunidades a serem atendidas. Esse Programa abrange: (i) obras hidroambientais, (ii) programa de manutenção e ampliação da rede de dessalinizadores e; (iii) implantação de sistemas de abastecimento de água em pequenas comunidades. Essas obras são representadas por intervenções pontuais por meio da construção de barragens subterrâneas, com a participação de recursos humanos existentes nas comunidades inseridas nos municípios e micro-bacias beneficiadas. A partir dessas obras de pequeno porte busca-se promover o aproveitamento racional e eficiente dos solos e águas e a capacitação de técnicas hidroambientais, principalmente das comunidades rurais da região semi-árida. A avaliação ambiental foi direcionada para a análise dos critérios de priorização na escolha dos locais de construção e para a estratégia de implantação das obras hidroambientais propostas. Projeto de Recuperação e de Ampliação da Rede de Dessalinizadores A SERHID opera atualmente uma rede de 110 dessalinizadores. Nessa rede os sistemas de abastecimento são acompanhados de um eficiente programa de manutenção o que diferencia a situação desses equipamentos dos demais existentes no estado. No tocante a produção de rejeitos desses pequenos projetos, a proposta do Programa é o seu aproveitamento como, no uso em tanques de evaporação, aqüicultura, e ainda a sua utilização para limpeza geral e lavagem de roupas. A proposta de ampliação, recuperação e manutenção da rede do estado é pertinente e socialmente justificável, tendo em vista a possibilidade de oferta de água potável às comunidades beneficiadas. Para as ações de recuperação dos sistemas já implantados, recomenda-se o seu redimensionamento para armazenamento e disposição final dos rejeitos, de forma a evitar o lançamento inadequado nos corpos hídricos da região. A SERHID necessitará de ampliação de pessoal e de estrutura para gerenciar os novos dessalinizadores. Uma das atividades previstas trata da realização de cursos na área de manutenção preventiva e corretiva visando capacitar os operadores na execução de pequenos reparos nos sistemas; Sistemas de abastecimento de Água em Pequenas Comunidades – Região do Seridó xix Os estudos realizados junto às pequenas comunidades rurais confirmam o impacto social positivo de implantação dos sistemas, diante da grande necessidade da implantação das obras previstas pelo Programa, uma vez que as mesmas irão proporcionar aumento da oferta hídrica, melhores condições de saúde e de vida da população e a oportunidade de evolução no gerenciamento dos sistemas. Entretanto, o sucesso dessas iniciativas dependerá fortemente da implementação de um modelo de gestão na operação e manutenção dos sistemas fundamentado na liderança comunitária. A ADESE, com o apoio da Agência Nacional de Águas -ANA, elaborou os projetos de engenharia e propôs um modelo de gestão para a operação e manutenção dos sistemas simplificados a serem implementados. Durante a implementação do Programa o modelo de gestão proposto será avaliado e poderá ser aperfeiçoado visando o alcance da sustentabilidade operacional dos sistemas ao longo do tempo. Modernização de perímetros irrigados Este projeto objetiva a adequação dos perímetros irrigados de Itans e Cruzeta às melhores técnicas e práticas conservacionistas de irrigação, diminuindo a demanda por recursos hídricos e aumentando a produtividade, dentro de um arranjo institucional que permita a auto-sustentação desses sistemas segundo os mecanismos de gestão dos recursos hídricos idealizados para o estado. As principais conclusões da avaliação foram: (i) as tecnologias utilizadas são inadequadas – irrigação por sulco com alto consumo de água - o que evidencia a necessidade de modernização dos procedimentos e técnicas visando maiores ganhos de eficiência; (ii) salinização do solo pelo manejo inadequado da irrigação; (iii) perda de água nas estruturas hidráulicas, o que demonstra a necessidade de recuperação e manutenção; (iv) uso de defensivos sem receituário agronômico, explicitando a necessidade de adequação às normas de controle e manejo integrado de pragas; (v) deficiência na assistência técnica e segurança, e; (vi) inexistência de outorga e licenciamento ambiental corretivo. Estudos Estratégicos - Revisão do Plano Estadual de Recursos Hídricos A revisão, atualização e aprovação do Plano Estadual de Recursos Hídricos, previstos no âmbito do Programa, incluirá a elaboração de uma AAE - Avaliação Ambiental Estratégica sendo definido em Termos de Referência constantes no anexo 8 do RAA, que é parte integrante do PGA. Avaliação Global do Programa A avaliação ambiental implementada demonstrou a compatibilidade das intervenções e atividades propostas com a legislação ambiental brasileira, notadamente a relacionada aos temas ambientais e de gestão de recursos hídricos; bem como, de forma geral, a conformidade dessas intervenções com as Políticas de Salvaguardas do BIRD. Os efeitos positivos esperados com a implementação das ações não estruturais do Programa e que se refletirão em níveis diferentes abrangem os seguintes aspectos: (v) (vi) (vii) (viii) de ordem institucional: com melhorias nos sistemas de controle e administração por parte do estado nas questões de recursos hídricos refletindo-se nas questões de proteção ambiental, como no reforço às ações de monitoramento, de controle de usos, de redução de perdas, entre outras previstas; de ordem legal: a revisão dos dispositivos legais de gestão dos recursos hídricos irá propiciar avanços nas questões associadas ao tema ambiental, uma vez que medidas de integração deverão ser previstas, como as questões legais voltadas a fiscalização dos usos da água, medidas legais de proteção de mananciais de abastecimento público; de ordem técnica: pela implementação de uma Avaliação Ambiental Estratégica voltada a revisão do Plano Estadual de Recursos Hídricos, que resultará em ganhos ambientais significativos a serem incorporados nas obras e atividades decorrentes do Plano; e de ordem social: resultando em fortalecimento da participação da sociedade civil organizada no processo de gestão de recursos hídricos, por meio da instalação de Comitês de Bacias Hidrográficas e da formação de Associações de Usuários de Água. xx A maior parte das obras propostas são de pequena dimensão e, portanto, geram impactos negativos localizados, os quais são temporários, facilmente reversíveis e comuns à implantação de obras de água e esgoto. Esses impactos serão propriamente mitigados com a adoção de medidas recomendadas pelo Plano de Gestão Ambiental. Como conclusão geral, ressalta-se a ocorrência de impactos positivos de grande significância e magnitude que serão permanentes e incidirão em regiões e comunidades consideradas extremamente carentes. Essas intervenções somadas às importantes medidas de ordem não - estrutural do Programa deverão gerar condições para que se promovam ações complementares voltadas a um desenvolvimento regional sustentável, e que, igualmente resultarão em benefícios significativos à população atingida pelo projeto. Plano de Gestão Ambiental do Programa O PGA do Programa envolve os seguintes aspectos a serem implementados: Sistema de Gestão Ambiental do Programa: tem como objetivos: organizar e coordenar as ações de caráter socioambiental dos componentes do Programa; supervisionar a implementação dos programas de caráter institucional (comunicação social, educação ambiental e de monitoramento); identificar e avaliar níveis de impacto ambiental relevantes e, estabelecer metas de melhoria e dirigir as operações no sentido de atingir essas metas. Programa de Comunicação Social: objetiva apoiar estrategicamente a implementação das ações do Programa e contempla a formulação do Plano de Comunicação e Divulgação, que terá o tema “recurso hídrico em todas as suas formas de uso” como a premissa principal de sua formulação. Custos previstos: R$ 100 mil. Programa de Educação Ambiental – PEA: visa contribuir para uma política de gestão participativa dos recursos hídricos no estado, a partir de ações educativas dirigidas aos usuários de água e agentes intervenientes no Programa, constituindo-se numa medida específica adicional destinada a sensibilizar, conscientizar e capacitar os técnicos e trabalhadores envolvidos nessas intervenções, para que adotem procedimentos ambientalmente adequados relacionados às obras, à saúde e segurança do trabalho e ao relacionamento com as comunidades vizinhas. Custos previstos: R$ 250 mil. Programa de Apoio à Regulamentação da APA Bonfim-Guaraíra – visa apoiar a implantação do zoneamento ambiental e plano de manejo da APA por meio de alocação de recursos a partir de um Convênio de Cooperação Técnica entre SERHID-IDEMA para elaboração dos trabalhos. Neste sentido, os Termos de Referencia poderão ser definidos pelo IDEMA e contratados pelo Programa. É aconselhável a montagem de uma Comissão de Avaliação Técnica entre os órgãos estaduais, que se encarregaria da coordenação dos trabalhos e da avaliação técnica das propostas. Estima-se o custo de R$ 240 mil para essa atividade. Plano de Controle de Perdas do Sistema Monsenhor Expedito promovendo ações com vistas à redução das perdas atuais de cerca de 46% para um índice de 25%. Foi alocado um valor de R$ 100 mil. . Programa Ambiental de Regularização da Infra-estrutura Hídrica: compreende as ações e medidas necessárias à regularização ambiental da infra-estrutura hídrica no estado, iniciando pela ampliação das intervenções realizadas no âmbito do Programa. O Programa inclui um Plano de Gestão de Reservatórios. Custos previstos: R$ 450 mil. Programa de Monitoramento: destinado ao acompanhamento da evolução do comportamento qualiquantitativo das águas dos cursos d’água e dos reservatórios, torna-se necessário em face da potencialidade das intervenções de desencadearem alterações qualitativas nas condições naturais dos corpos d’água. Os custos previstos para o Monitoramento da Qualidade da Água são de R$ 77 mil, e, para o Programa de Controle da Salinização e eutrofização são de R$ 350 mil. Os custos totais previstos são de R$ 427 mil. Manual Ambiental da Construção: elaborado um guia de práticas ambientais adequadas, contendo diretrizes, procedimentos e especificações técnicas a serem adotados em todas as etapas de implantação da infra-estrutura hídrica. Esses procedimentos deverão ser obedecidos pelas empresas xxi contratadas para a execução das obras e serviços de engenharia e evolvem: (i) Supervisão Ambiental de Obras e Requerimentos Ambientais para Contratação de Empresas; (ii) Planejamento Ambiental de Obras; (iii) Implantação e Gerenciamento das Obras; (iv) Plano de Controle e Recuperação das Áreas de Empréstimo e Bota-foras e Recuperação das Áreas dos Canteiros das Obras. O PGA está orçado em R$ 1.567.mil (um milhão quinhentos e sessenta e sete mil reais) a serem alocados durante os 4 anos de duração da fase 1 do Programa. Outras ações propostas terão seus custos alocados nos componentes e sub-componentes correspondentes. Consultas Públicas Durante a fase de preparação do Projeto foram realizadas consultas, contatos e reuniões (processo de “scoping”) com entidades do governo do estado. Nessa fase foi realizado um encontro técnico em 05/09/05 sobre a ampliação do sistema de produção da Adutora de Monsenhor Expedito por envolver sensíveis questões ambientais. Uma consulta pública final foi realizada no dia 03/11/05. Todas as consultas foram sustentadas por documentação apropriada contribuindo para um significante processo de tomada de decisão. Os principais aspectos discutidos com os representantes das entidades nessas consultas públicas referem-se a dúvidas e considerações sobre a expansão do Sistema Adutor Monsenhor e dizem respeito aos seguintes aspectos: (i) índices de perdas do sistema adutor e ações visando a minimização desse problema; (ii) população a ser atendida pelo novo sistema; (iii) estudos ambientais associados visando a proteção da região da Lagoa do Bonfim e da Área de Proteção Ambiental Bonfim – Guaraíra. Para os pontos abordados o Programa prevê, entre outras, as seguintes ações e medidas: (i) estudos ambientais visando apoiar a regulamentação da APA pelo IDEMA; (ii) ações de educação ambiental visando a conscientização da importância em proteger os recursos hídricos no estado, com destaque para a região da Lagoa do Bonfim; (iii) investimentos em controle de perdas e elaboração de um Plano de Controle de Perdas para o Sistema. Na consulta realizada para apresentação global do RAA foi solicitada a criação de um “site” para o acompanhamento da evolução do Programa pela comunidade, com a abertura de um fórum de discussão com a sociedade dos principais temas abordados. xxii 1. APRESENTAÇÃO O presente Relatório de Avaliação Ambiental - RAA do “Programa de Desenvolvimento Sustentável e Convivência com o Semi-Árido Potiguar” - em fase de preparação pelo Governo do Rio Grande do Norte por meio da Secretaria de Estado dos Recursos Hídricos/SERHID - foi elaborado visando o atendimento à determinação do Banco Mundial - entidade financiadora do referido Programa. O RAA busca uma análise que integre a dimensão ambiental no processo de tomada de decisão, deixando de considerar apenas empreendimentos isolados, mas o efeito geral do Programa, a integração das ações, e, em especial, as políticas de salvaguardas do Banco e as políticas do governo federal, estadual e municipal. No âmbito do Programa, as ações propostas se caracterizam por obras de infra-estrutura hídrica – aumento de produção e de atendimento em sistema adutor já implantado anteriormente pelo estado, implantação de sistemas simplificados de abastecimento de água em comunidades rurais, reabilitação da infra-estrutura hídrica estadual – açudes - e a modernização de perímetros irrigados. O Estado do Rio Grande do Norte, que apresenta 82% de seu território inserido no Polígono das Secas - o que caracteriza uma escassez histórica dos recursos hídricos – busca, com o Programa, atuar seletivamente na ampliação da infra-estrutura hídrica existente, e o fortalecimento do sistema gestor de recursos hídricos, por entender que o gerenciamento adequado desses recursos, a participação dos usuários e a operação e manutenção adequada da infra-estrutura existente é um caminho a ser trilhado com segurança para a convivência com os eventos de seca. Neste sentido este RAA foi estruturado de maneira a corretamente informar a toda a comunidade interessada no acompanhamento do “Programa de Desenvolvimento Sustentável e Convivência com o Semi-árido Potiguar” a concepção geral do Programa, as ações previstas e os impactos positivos e negativos a serem gerados pelos empreendimentos, além das conseqüentes medidas de mitigação previstas. O Capítulo 2, na seqüência, apresenta a Caracterização Geral do Programa, envolvendo uma caracterização sintética do Estado do Rio Grande do Norte, com destaque para a região prioritária de ação do Programa – o Seridó Potiguar – e das áreas a serem afetadas pelos empreendimentos previstos. Na seqüência do mesmo capítulo estão caracterizadas a situação atual dos recursos hídricos no estado e, com destaque, os objetivos e as características principais das intervenções previstas pelo Programa e que são objeto da avaliação ambiental conduzida. O Capítulo 3 trata da definição do Marco Institucional e Legal no qual se insere o Programa, apresentando a caracterização sintética dos aspectos institucionais e legais relacionados às questões ambientais, envolvendo a SERHID – órgão executor do Programa – e o Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente – IDEMA, órgão responsável pela implementação das políticas públicas ambientais no estado. Nesse mesmo capítulo é apresentada uma avaliação sucinta das capacidades institucional e técnica das entidades públicas analisadas. Importante ressaltar que essa avaliação tem por objetivo direcionar as ações previstas pelo Programa e constantes do seu sub-componente voltado ao fortalecimento institucional e técnico. Na seqüência, o Capítulo 4 apresenta a avaliação ambiental dos objetivos e das metas do Programa e posteriormente, dos principais componentes do Programa previstos para serem implantados no seu primeiro ano. Destacam-se nesse sentido: a ampliação do Sistema Adutor Monsenhor Expedito (objeto de discussão pública conduzida no âmbito da elaboração deste RAA - ver Anexo I); obras de conservação e de reabilitação de barramentos de usos múltiplos; ações de recuperação de perímetros irrigados e de extensão de redes de distribuição de água para pequenas comunidades, entre outras. Ainda foram avaliados ambientalmente dois sub-componentes do Programa voltados a realização de Estudos Estratégicos (revisão do Plano Estadual de Recursos Hídricos) e o Fortalecimento Institucional da SERHID e do IDEMA, conforme mencionado no Capítulo 3. 1 Ainda nesse capítulo foram definidas as Medidas Mitigadoras para os impactos identificados como negativos e que irão compor o Plano de Gerenciamento Ambiental do Programa. O estabelecimento dos critérios para a avaliação ambiental das demais intervenções previstas – para os anos 2 a 4 - são apresentados ao final deste Capítulo 4, bem como uma avaliação global do Programa e a situação legal e procedimentos para licenciamento ambiental. O Capítulo 05 apresenta uma síntese do Plano de Gestão Ambiental do Programa, com a definição do Sistema de Gestão Ambiental a ser adotado e dos Programas Ambientais a serem implementados, destacando-se aqueles voltados à Comunicação Social, ao Controle Ambiental das Obras, à implementação de ações de Educação Ambiental, entre outros. A versão completa do PGA é apresentada no Anexo I ao presente RAA. O Capítulo 06 apresenta uma síntese das consultas públicas realizadas no âmbito da elaboração do RAA, referentes à avaliação das obras e atividades previstas para a ampliação do Sistema Adutor Monsenhor Expedito e à avaliação global do Programa. O registro das consultas públicas se encontra no Anexo I deste RAA. Como documentos constantes do Anexo I deste RAA destacam-se, além do Plano de Gestão Ambiental do Programa, a Política de Reassentamento, desenvolvida a pedido do Banco Mundial, documentos relativos ao licenciamento ambiental das obras e atividades previstas e o detalhamento da avaliação ambiental conduzida para alguns dos componentes. O Anexo II apresenta as vistorias de inspeções técnicas de segurança (em atendimento à Política Operacional específica do Banco Mundial), conduzidas por especialistas em segurança de barragens e por técnicos da própria SERHID. 2. CONCEPÇÃO GERAL DO PROJETO O Programa de Desenvolvimento Sustentável e Convivência com o Semi-Árido Potiguar pretende buscar uma inserção estratégica no gerenciamento dos recursos hídricos do estado do Rio Grande do Norte, com o intuito de estabelecer mecanismos que propiciem melhor aproveitamento e conservação das disponibilidades hídricas do estado. As principais diretrizes que regem a estruturação do Programa são: ênfase no estabelecimento de mecanismos de gestão (aspectos legais, institucionais, de planejamento e da base de informações) e de financiamento auto-sustentado, apoiado em estudos e projetos consistentes sob o ponto de vista técnico; incentivo à práticas racionais e à exploração conservacionista dos recursos naturais, notadamente mediante redução de perdas e desperdícios e de incentivo à reutilização da água; foco em problemas associados de combate à pobreza e ausência de disponibilidades hídricas; preocupações detidas com a operação e manutenção dos sistemas existentes, de modo a evitar a perda de patrimônio público e o desempenho inadequado da infra-estrutura já instalada; ampliação seletiva da infra-estrutura hídrica, de modo a otimizar os recursos disponíveis e evitar dispersões, conferindo prioridade à obras para o atendimento de demandas mais urgentes e para a viabilização dos benefícios esperados pelo Programa; e, atenção com os encargos relativos ao gerenciamento da implementação do Programa, para o qual deve-se contar com o apoio de consultores especializados e estruturar um conjunto de indicadores de acompanhamento da execução que explicitem avanços nas obras físicas, nas metas de qualidade ambiental e nos objetivos de natureza institucional, além de contemplar aspectos relevantes de comunicação social, nesta e em fases de extensão futura do Programa. Tendo em vista o contexto e as referências dispostas e considerando a inexorabilidade do fenômeno das secas, o Programa em questão deverá buscar formas de convivência com seus episódios críticos, da forma mais harmoniosa possível, tratando de alterar, não o fenômeno propriamente dito, mas a 2 forma de enfrentá-lo, por meio da criação de dispositivos e ferramentas adequadas para tanto. Assim, o objetivo geral do Programa consiste em: Criar condições políticas, legais, institucionais, técnicas e operacionais para a gestão apropriada dos recursos hídricos, de forma integral e integradora, visando promover o desenvolvimento social, econômico e ambientalmente sustentável do Semi-árido Potiguar. Com tal objetivo, o Programa deverá constituir-se como um marco referencial para a gestão apropriada dos recursos hídricos inseridos no território do estado, a ser promovida por meio dos componentes, sub-componentes e projetos inseridos no escopo das intervenções. A estruturação do Programa foi definida visando o desenvolvimento de ações que abordassem a questão dos recursos hídricos de uma maneira estruturada a partir dos diversos aspectos intervenientes com o tema, cada qual com seus objetivos e metas específicas a serem buscadas. A tabela 2.1 apresenta de forma sintética, a relação entre ações programáticas propostas e as diretrizes gerais que nortearam a definição do Programa. Percebe-se, portanto, que dentro desses princípios e objetivos, o Programa foi estruturado a partir da definição de ações seletivas de caráter não-estruturais e estruturais organizadas na forma de 4 componentes e seus sub-componentes, conforme apresentado na tabela 2.2. As ações estruturais, representadas principalmente pela implantação de obras e atividades de melhorias e de recuperação de sistemas existentes ou de ampliação de sistema adutor em operação, que são objeto da avaliação ambiental conduzida neste RAA, irão se reproduzir em todo o território do estado, com uma concentração acentuada de ações na região do Seridó, considerada como uma área prioritária de atuação do poder público em função de suas características ambientais, e socioeconômicas, como será demonstrado nos itens a seguir. Tabela 2.1- Aspectos Gerais e Objetivos Específicos do Programa Aspectos Objetivos Específicos Legais e institucionais Adequação do arcabouço legal vigente; fortalecimento institucional do Sistema Gestor SERHID – IGARN; avanços na implementação do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos Planejamento e gestão dos recursos Hídricos Revisão do Plano Estadual de Recursos Hídricos e elaboração de planos de bacias; estudos especializados e planos específicos destinados ao uso múltiplo e a setores usuários de recursos hídricos. Base de informações Consolidação de dados e informações, instalação da rede hidrometeorológica, desenvolvimento de sistemas de informações e de apoio à decisão em recursos hídricos. Instrumentos operacionais Regularização da sistemática de outorga de direitos de uso da água, estudos sobre fontes de receitas voltadas aos recursos hídricos; desenvolvimento de modelos de gestão e operação da infra-estrutura hídrica existente e de sistemas de abastecimento de água. Relativos à praticas conservacionistas e ambientais Planos de recuperação de micro-bacias hidrográficas; regulamentação e incentivos para o reuso de águas residuárias, construção de barragens assoreadoras, ações voltadas à redução de perdas de água na infra-estrutura (adutoras) e em sistemas públicos de distribuição. De natureza social Implantação e operação de sistemas de abastecimento de água em pequenas comunidades. Relativos à otimização dos ativos existentes Conservação e reabilitação de estruturas existentes; programas de controle de perdas e planos de gestão; modernização de perímetros de irrigação. De natureza estrutural Ampliação da infra-estrutura hídrica existente mediante elevação da capacidade de adução de água e reabilitação de açudes. Tabela 2.2 – Componentes do Programa de Desenvolvimento Sustentável e Convivência com o Semi-árido Potiguar Componente 1 – Gerenciamento dos Recursos Hídricos 3 Sub-componente 1.1 – Aspectos Legais e Institucionais 1.1.1 – Estudos de Estratégia e Planejamento Institucional do Sistema Gestor SERHID - IGARN e de Atualização e Adequação do Arcabouço Legal para a Gestão dos Recursos Hídricos do RN 1.1.2 – Institucionalização da Política para o Reuso da Água 1.1.3 – Definição de Estratégias e Proposta de Política para Irrigação 1.1.4 – Programas de Capacitação e Treinamento 1.1.5 – Apoio à Instalação de Comitês de Bacia e à Formação de Associações de Usuários da Água (AUAs) 1.1.6 – Implementação do Plano Diretor de Informática (PDI) 1.1.7 – Programa de Uso Racional e Economia de Água 1.1.8 – Reforço Institucional Sub-componente 1.2 – Instrumentos de Planejamento 1.2.1 – Projeto de Revisão e Atualização do Plano Estadual de Recursos Hídricos 1.2.2 – Estudos de Usos Múltiplos – Gestão de Reservatórios 1.2.3 – Estudos sobre Incentivos para Ganhos de Eficiência em Projetos de Irrigação 1.2.4 – Estudos Hidrogeológicos e Hidrodinâmicos sobre Aqüíferos e Novos Mananciais de Abastecimento 1.2.5 – Plano Emergencial para Situações de Calamidade Pública em Recursos Hídricos 1.2.6 – Elaboração de Atlas de Recursos Hídricos e Ambientais do Rio Grande do Norte 1.2.7 – Elaboração de Planos de Bacias Sub-componente 1.3 – Instrumentos de Informação 1.3.1 – Implantação da Rede de Monitoramento Quali-Quantitativo dos Recursos Hídricos e Sistemática de Monitoramento e Operação da Infra-estrutura Hídrica Estadual 1.3.2 – Sistema Integrado de Informações sobre Recursos Hídricos Sub-componente 1.4 – Instrumentos de Operação 1.4.1 – Fortalecimento da Outorga e da Fiscalização dos Direitos de Uso da Água 1.4.2 – Identificação e Estudos sobre Fontes de Receitas voltadas à Gestão dos Recursos Hídricos 1.4.3 – Desenvolvimento de Modelos para a Gestão da Operação de Sistemas Adutores 1.4.4 – Desenvolvimento de Modelos para a Gestão de Sistemas Simplificados de Abastecimento de Água em Pequenas Comunidades Sub-componente 1.5 – Estudos e Projetos Especiais 1.5.1 – Estudos e Projetos de Resíduos Sólidos 1.5.2 – Implementação do Sistema de Avaliação e Monitoramento de Programas do RN 1.5.3 – Atendimento de Demandas Componente 2 – Proteção, Conservação e Melhoria do Aproveitamento dos Recursos Naturais 2.1 – Planos e Projetos-Piloto para Recuperação de Micro-bacias Hidrográficas 2.2 – Combate às Perdas de Água na Infra-estrutura Hídrica Estadual 2.3 – Combate às Perdas de Água nos Sistemas Públicos de Abastecimento 2.4 – Programa de Investimentos em Reuso de Águas Residuais 2.5 – Pequenas Obras de Retenção de Sedimentos Componente 3 – Infra-estrutura Hídrica Sub-componente 3.1 – Obras de Conservação e Reabilitação de Estruturas Existentes 3.1.1 – Programa de Conservação e Reabilitação da Infra-estrutura Hídrica Estadual Sub-componente 3.2 – Novas Estruturas Hídricas 3.2.1 – Construção de Obras de Ampliação da Capacidade de Sistemas Adutores Existentes Sub-componente 3.3 – Programa “Água de Beber” 3.3.1 – Construção de Obras Hidroambientais 3.3.2 – Programa de Manutenção e Ampliação da Rede de Dessalinizadores 3.3.3 – Implantação de Sistemas de Abastecimento de Água em Pequenas Comunidades Sub-componente 3.4 – Projeto Piloto de Modernização de Perímetro Irrigado 3.4.1 – Recuperação e Modernização de Perímetros Irrigados Componente 4 – Gerenciamento do Programa 4.1 – Unidade de Gerenciamento do Programa 4.2 – Sistemática de Monitoramento e Avaliação do Programa 4.3 – Apoio à Preparação da Segunda Etapa do Programa 4.4 – Plano de Divulgação e Comunicação Social do Programa Na figura 2.1 é apresentada a localização do Rio Grande do Norte e da Região do Seridó, onde ocorrerá uma concentração das intervenções, como será evidenciado ao longo do documento. 4 2.1. Caracterização da Situação Atual 2.1.1. O Estado do Rio Grande do Norte De acordo com os dados preliminares do Censo 2000, do IBGE, o Rio Grande do Norte possui 166 municípios e está dividido em 8 zonas homogêneas com características semelhantes, tanto na sua constituição, quanto na sua dinâmica. Na tabela 2.3 é apresentada uma breve caracterização do estado que totalizam uma população de 2.771.638 habitantes, com 73,3% das pessoas vivendo na área urbana. Atualmente, o estado possui uma população total de 2.852.800 habitantes, o que representou um crescimento de 2,7% em relação ao ano de 2000. O Rio Grande do Norte situa-se na 21ª posição entre os estados brasileiros no que se refere ao IDH, com valor igual a 0,574, e ocupa a 4ª posição entre os estados nordestinos. Na tabela 2.3 são apresentados os indicadores socioeconômicos do Rio Grande do Norte, no período de 1970 a 2003. A área de educação apresenta relevante importância na busca de melhor Índice de Desenvolvimento Econômico. Embora tenha evoluído positivamente nos últimos anos (Taxa de Alfabetização - tabela 2.3), observa-se que quase 30% da população com mais de 15 anos de idade permanece como analfabeta, perfazendo um total de 240.000 pessoas. A saúde representa outra área de fundamental importância na busca de um melhor IDH e os indicadores que melhor refletem as condições de saúde da população são: a mortalidade infantil, o acesso ao saneamento básico, a mortalidade materna, o estado nutricional das crianças com menos de 5 anos e a renda. A tendência declinante do índice de mortalidade infantil (vide tabela 2.3), que atualmente se situa abaixo da média nacional de 43,3 óbitos por mil nascidos vivos, vem acontecendo devido à utilização maciça de tecnologia de medicina preventiva e não pela universalização do acesso ao saneamento básico. A mortalidade materna também apresenta índices elevados, da ordem de 232,8 óbitos por 100.000 nascidos vivos, muito acima dos valores observados nos países desenvolvidos, que são, em geral, inferiores a 10 óbitos por 100.000 nascidos vivos. Tabela 2.3. - Aspectos socioeconômicos do Rio Grande do Norte Indicadores 1970 PIB (us$ milhões) 1.023 População (mil) 1.550 PIB per capita (US$) 660 Taxa de alfabetização (% da pop. 15 anos ou mais) 45,50 Mortalidade infantil(em mil nascidos vivos) 176,50 Abastecimento d’água (% de domicílios) Esgoto (% de domicílios) 2,10 Índice de indigência (% de famílias) Expectativa de vida (anos) 38,63 Fonte: Censo IBGE 2000 e Indicadores Sociais IBGE – 2003. 1980 2.736 1.898 1.441 56,30 145,20 25,90 3,20 45,39 1990 5.608 2.415 2.373 63,70 88,00 48,00 7,10 46,00 54,60 1995 6.859 2.634 2.608 70,00 80,00 51,40 12,00 43,00 58,60 2001 9.834 2.776 3.490 76,3 43,2 88,5 15,5 66,4 2002 11.633 4.039 41,90 26,89 67,30 2003 2.888 76,60 85,30 14,00 - Nos anos 80 a economia brasileira cresceu 1,6%, a do nordeste, 3,3% e a do estado, 7,4%. A economia do estado vem sofrendo um processo de reestruturação, no qual o modelo agropecuário tradicional vem cedendo espaço às atividades agro-industriais, à modernização do parque têxtil, à expansão do turismo e à diversificação das atividades de serviços. Historicamente o estado tem sua economia marcada pela presença do setor agrícola, apresentando alguma dependência da produção de peixes, crustáceos e moluscos. Recentemente a indústria do turismo tem se tornado significativa. Contudo, a maior parte do estado encontra-se localizada no sertão, com uma imensa escassez de água vulnerabilidade às secas cíclicas. Além disto, é freqüente a ocorrência de águas com elevada concentração de sais, o que amplia os problemas de disponibilidade hídrica. 2.1.1.1. Rios Perenes e Intermitentes 5 O Estado do Rio Grande do Norte está dividido em 14 bacias hidrográficas e duas faixas de escoamento difusas, agrupadas em três grandes bacias: Bacia Apodi/Mossoró, Bacia Piranhas/Açu e Bacias Litorâneas, formada pelas bacias hidrográficas do Boqueirão, Punaú, Maxaranguape, CearáMirim, Doce, Potengi, Pirangi, Trairí, Jacu, Catu, Curimataú, Guaju, e pelas duas faixas de escoamento difusas Norte e Leste de Escoamento Difuso, como mostrado na figura 2.2. A prevalência de rios intermitentes levou à construção, ao longo do tempo, de uma grande rede de açudagem. Existe uma grande diferença entre a disponibilidade de água e a capacidade de açudagem – ou de armazenamento de água – de todos os barramentos construídos. As potenciais fontes seguras de água estão apresentadas na tabela 2.4. Tabela 2.4 - Potenciais fontes seguras de água. BACIA Piranhas/Açu Apodi/Mossoró Ceará-Mirim, Maxaranguape e Punaú Potengi Jacu e Trairi Curimataú AÇUDE Engº Armando Ribeiro Gonçalves Boqueirão de Parelhas Itans Mendubim Sabugi Pau dos Ferros Lucrecia Brejo Rodeador Marcelino Vieira Santo Antônio das Caraúbas Bonito II Apanha Peixe Engº José Batista do Rego Pereira Campo Grande Japi II Trairi Inharé 25 açudes CAPACIDADE (m³) 2,4×109 85,0×106 81,7×106 76,3×106 65,3×106 54,8×106 27,3×106 17,0×106 17,0×106 11,2×106 11,1×106 10,9×106 10,0×106 136×106 34,0×106 20,6×106 35,2×106 17,6×106 > 100.000 Os principais reservatórios são o Armando Ribeiro Gonçalves, o Santa Cruz e o Umari. O reservatório Armando Ribeiro Gonçalves permite atender as demandas previstas até o ano 2020, dispondo ainda de uma reserva regularizável de aproximadamente 8,5 m³/s. O volume útil do reservatório de Santa Cruz atende as demandas até o ano 2020. O reservatório de Umari dispõe ainda de uma reserva regularizável de aproximadamente 800 L/s. A construção de pequenos e médios açudes constitui-se numa atividade tradicional e muito difundida, principalmente na região do domínio cristalino do estado. Entretanto, estes pequenos e médios açudes, mesmo possuindo uma grande importância social, por permitir a pulverização das reservas hídricas, possuem um reduzido poder de regularização. De acordo com as simulações, realizadas pela SERHID, da operação integrada dos principais sistemas hídricos e dos reservatórios de perenização existentes, de capacidade superior a 10x106 m3, afora as estruturas já previstas de perenização, não há requerimentos extraordinários de volumes de perenização para o estado. As bacias que apresentam maior volume alocado são as bacias de Apodi/Mossoró e Ceará-Mirim. Existem disponibilidades hídricas ainda desconhecidas e inexploradas. Tal é o caso das lagoas da região dos Vales Úmidos que merecem um estudo mais aprofundado e que têm grande potencial de reserva emergencial. As bacias litorâneas formam as chamadas bacias dos Vales Úmidos. Trata-se de uma faixa costeira situada a leste do estado, que se estende desde a bacia do Boqueirão até a fronteira com a Paraíba, exibindo uma largura média da ordem de 30 km. As principais características da região, que justificam a designação que lhe foi atribuída, são: 6 a região apresenta alta pluviosidade, que varia de 1.200 mm a 1.500 mm anuais, considerada a mais alta do Estado; ocorrência de formações sedimentares do Grupo Barreiras, dunas e aluviões, com alta capacidade de infiltração e armazenamento de águas subterrâneas; rios perenes, mantidos por um fluxo subterrâneo de base; grande número de lagoas, que se constituem em afloramentos do lençol freático regional. Estas características asseguram o grande potencial hídrico desta região onde predominam a estrutura de cristalino e solo pouco espesso e rochoso. Mais da metade do estado é drenado pelas duas grandes bacias, dos rios Apodi/Mossoró e Piranhas/Açu, que juntas correspondem a cerca de 58% da área superficial estadual. Alguns trechos de rios são perenizados por grandes açudes, sendo que os mais importantes são: rio Açu – perenizado pelo Açude Armando Ribeiro Gonçalves; rio do Carmo – perenizado pelo Açude Umari; rio Apodi-Mossoró – perenizado pelo Açude Santa Cruz; rio Seridó - perenizado por Passagem das Traíras, Boqueirão de Parelhas e Itans. Na figura 2.3 são apresentados os rios perenes do estado, situados na faixa litorânea, e o rio Piranhas, perenizado na Paraíba pelo açude Coremas e no RN pelo açude Armando Ribeiro Gonçalves. O restante da malha hidrográfica é intermitente ou possui trechos perenizados por açudes nos períodos de chuvas, quando existe um volume excedente de escoamento pelos vertedouros. 2.1.1.2. Vegetação e Uso do Solo É evidente que os recursos florestais nativos do Rio Grande do Norte têm se reduzido no decorrer do tempo. Vários estudos identificaram áreas críticas em processo de desertificação nos municípios de Equador, Parelhas, Carnaúba dos Dantas, São José do Seridó e Caicó. No que se refere aos recursos florestais, historicamente, a floresta natural do estado, especialmente a Caatinga, tem provido grande parte da energia necessária às atividades produtivas e à subsistência da população local. Ainda hoje, o volume de biomassa florestal consumida pelos setores doméstico e industrial é significativo, representando ainda uma fonte de renda (lenha e carvão) para o agricultor, principalmente no período de seca. Dentro do domínio da Caatinga, ocupando pequenas áreas, ressaltam-se remanescentes de vegetação serrana - os Brejos de Altitudes, de várzeas - Matas Ciliares, e os Carnaubais. Ainda como parte importante do ecossistema terrestre e ocupando 20% do território estadual, destacam-se na região litorânea, nas planícies e vales costeiros (clima quente e sub-úmido), remanescentes de Mata Atlântica (Floresta Ombrófila e Floresta Estacional Semi-decidual) e seus ecossistemas associados - Manguezal, Formação Vegetal Tabuleiro Litorâneo e Mata Ciliar. 7 GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE Data: Outubro/2005 Preparação do Programa Estadual de Desenvolvimento Sustentável e Convivência com o Semi-Árido Potiguar RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL - RAA SECRETARIA DE ESTADO DE RECURSOS HÍDRICOS - SERHID A região de domínio da Mata Atlântica localiza-se na Zona Homogênea do Litoral Oriental, desde o município de Maxaranguape até Baía Formosa - divisa com a Paraíba, e abrange 16 municípios. Em 1988 identificou-se para esta área um total de 101.856 ha de cobertura vegetal nativa, correspondendo a 27,5% desse espaço costeiro. Atualmente, esta cobertura vegetal representa uma porcentagem menor dessa área costeira e abriga espécies em processo de extinção, tais como: o pau-brasil, a sucupira; a maçaranduba, o macaco guariba, entre outras. Destacam-se como remanescentes densos de Mata Atlântica, razoavelmente preservados em porte e beleza cênica, as significativas áreas localizadas em Natal - Parque Estadual Dunas do Natal (1.172 ha), e no município de Baía Formosa - Mata da Estrela (2.496 ha), as quais integram a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica Brasileira. Os Manguezais ocorrem em toda zona costeira do estado, em oito setores estuarinos. No Litoral Setentrional, o Parque salineiro ocupou grandes áreas de manguezais, em uso conflitante com o ecossistema de preservação. Ressalta-se, ainda, nesta região costeira, a presença de dunas de alturas bastante elevadas que, quando não fixadas por vegetação, migram em direção ao interior, ocasionando intensa atividade eólica; as falésias; as enseadas e baías separadas por pontões rochosos; estuários e os arrecifes. A ocupação acelerada e desordenada dessa região vem gerando um impacto muito forte, em razão da destruição da cobertura vegetal nativa das dunas e dos tabuleiros, principalmente pelo processo de urbanização; de loteamentos; da monocultura da cana-de-açúcar e do coco-da-baía; da exploração vegetal; da mineração indiscriminada de areia para a construção civil e diatomita que, além de comprometerem os mananciais de águas superficiais, põem em risco de extinção a flora/fauna litorânea norte-rio-grandense. Na tabela 2.5 é apresentada a concentração dos usos do solo de acordo com as tipologias vegetais identificadas.A degradação dos solos no estado tem como causas principais: manejo inadequado, destruição da cobertura vegetal e matéria orgânica, deposição de poluentes, exploração desordenada das atividades minerais, longos períodos de estiagem cíclica, monocultura, uso de tecnologias agropecuárias inadequadas, destinação final dos resíduos sólidos - lixo e líquidos (doméstico, hospitalar e industrial), principalmente. Tabela 2.5 - Distribuição das classes de uso do solo Classe de Uso do Solo Área Total (km2) 3.338,8 15.781,7 21.035,5 133,9 40,2 63,1 74,2 1.583,0 529,1 184,6 621,0 425,7 6.863,1 231,5 2.401,5 553.306,8 (%) Caatinga arbórea 6,3 Caatinga herbáceo-arbustiva 29,6 Caatinga antropizada 39,5 Restinga arbórea 0,2 Mata 0,1 Mata antropizada 0,1 Vegetação de tabuleiro 0,1 Vegetação antrópica de tabuleiro 3,0 Campo cerrado 1,0 Manguezais 0,3 Salinas-áreas salinizadas 1,2 Dunas/areais 0,8 Agricultura 12,9 Áreas urbanas (*) 0,4 Lagoas/Açudes (**) 4,5 Total 100.0 Obs: (*) – Compreende áreas com densidades variadas de ocupação humana. Pequenas cidades sem estruturação urbana, não são passíveis identificação na escala utilizada (figura 2.4) (**) – esta classe representa corpos d’água de origem natural ou construídos artificialmente, geralmente tendo caráter intermitente. Foram mapeados apenas os açudes passíveis de serem identificados na escala 1:250.000. (figura2.4) Dentre os vários tipos presentes no estado, pode-se destacar: i) Luvissolos (Bruno não Cálcicos) – ocupam a parte centro sul e caracterizam-se por serem pouco profundos, de relevo suavemente 11 ondulado, moderadamente ácidos a praticamente neutros. São ricos em nutrientes, no entanto o seu uso é restrito em virtude de estarem localizados, em sua maioria, no sertão, onde as chuvas, assim como o relevo e a profundidade efetiva são fatores restritivos; ii) Latossolo Vermelho Amarelo – estende-se por quase todo o litoral e caracteriza-se por apresentar solos profundos, bem drenados, porosos, friáveis, com baixos teores de matéria orgânica e predominantemente ácidos; iii) Neossolos (Areias Quartzosas, Regossolos, Solos Aluviais, Solos Litólicos) – ocupam também quase todo o litoral e a margem dos principais rios. Não hidromórficos, arenosos, desde ácidos até alcalinos e excessivamente drenados, tanto na forma muito profunda, quanto na forma rasa e pouco profunda, os Litólicos, com fertilidade que vai de baixa, nas Areias Quartzosas, a alta, nos Litólicos; iv) Planossolos (Soloncharks–Sálico, Solonetz–Solodizado) - estão presentes em pequenas áreas do estado, são de rasos a pouco profundos, com limitação de moderada a forte para uso agrícola, em conseqüência das más condições de drenagem e dos teores de sódio trocável, que variam de médio a alto; v) Argissolos (Podzólico Vermelho-Amarelo) – ocupam, principalmente, a região do Alto Oeste. Caracterizam-se por serem de medianamente profundos a profundos, fortemente a moderadamente drenados, com baixos teores de matéria orgânica, possuindo grande potencial agropecuário; vi) Cambissolo Eutrófico – característico de áreas de relevo plano a fortemente ondulado, sob a vegetação de caatinga hipo e hiperxerófila, são rasos a profundos, bem drenados, desenvolvidos a partir de diversas rochas, como calcário, granito e migmatito; vii) Solos de Mangue – presentes nas desembocaduras dos rios, como o Potengi e o Curimatáu, caracterizam-se pela salinidade e grande quantidade de matéria orgânica e viii) Chernossolos (Rendzinas) – localizados na chapada do Apodi, são solos alcalinos rasos moderados a imperfeitamente drenados e derivam de calcários. Os mapas de uso do solo (Figura 2.4) e de solos (Figura 2.5) estão apresentados a seguir. 2.1.1.3. Patrimônio Cultural No que concerne ao patrimônio cultural e arqueológico existente no Rio Grande do Norte, foi realizada pesquisa na Sub-regional 3 (RN) do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, complementada pelo trabalho do Professor Helder Alexandre Medeiros de Macedo, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN. Para Gabriela Martin3, “as datas mais antigas que assinalam a presença humana no Rio Grande do Norte foram registradas na região do Seridó”, especificamente nos Sítios Mirador, em Parelhas (9.410 anos) e Pedra do Alexandre, em Carnaúba dos Dantas (9.400 anos), portadores, também, de pinturas rupestres. Os enterramentos humanos do Sítio do Alexandre merecem um destaque especial tanto pela quantidade de esqueletos exumados até 1996 (cerca de vinte e oito), como pela presença de um pequeno mobiliário fúnebre e material lítico associado aos restos ósseos. Registrem-se, ainda, outras datações de 8, 6, 5, 4 e 2 mil anos antes do presente, provenientes do mesmo sítio, além da importância que os rituais funerários têm, hoje, para dar aos arqueólogos elementos para reconstituírem o modo de vida das sociedades primitivas4. Os registros rupestres – pinturas e gravuras – são, também, um forte indicativo da presença humana no Rio Grande do Norte pré-histórico, especialmente no que toca à evolução das manifestações artísticas. As pinturas e gravuras estão agrupadas em tradições e, no Nordeste brasileiro – e também no território potiguar – existem, pelo menos, três grandes tradições: Nordeste, Agreste e Itaquatiara. 3 4 (MARTIN, 1997) (MARTIN, 1999. 1995-1996). 12 A presença dos três principais horizontes culturais de Arte Rupestre do Nordeste no Rio Grande do Norte reforça a hipótese de que o seu território foi povoado por diversas levas de povos pré-históricos, em diferentes épocas. Esse povoamento, feito por meio de diferentes grupos humanos, deu origem às tribos indígenas que os cronistas holandeses e portugueses conheceram no Período Colonial. O extermínio dos indígenas do Sertão, durante a Guerra dos Bárbaros (séculos XVII-XVIII) representou o fim da evolução cultural pela qual vinham passando os grupos humanos do território potiguar. Dos 162 sítios arqueológicos do estado do Rio Grande do Norte, 36 encontram-se em municípios onde se darão intervenções do Programa. Na tabela 2.6, abaixo, são listados os sítios identificados pela UFRN e pelo IPHAN, em todo o estado. Considerando a concentração das ações do Programa no Seridó, vale ressaltar que todos os sítios identificados pela UFRN fazem parte da região do Seridó. Tabela 2.6 – Localização dos sítios arqueológicos no Rio Grande do Norte. Município Caicó Carnaúba dos dantas Caraúbas Jucurutu Marcelino Vieira Nísia Floresta Parelhas Patu Santana do Matos São João do Sabugi Sítio Arqueológico Gruta da Caridade Xique-Xique I Xique-Xique II Cacimba dos três poderes Serrotes de Areias Pedra do Alexandre II Pedra da Mesa Pedra de Macambira Grota Funda Fuma do Pinhão Branco Furna da Cupim Furna da Jararaca Fundões VI Casa Santa Cachoeira do Letreiro Cachoeira das Canoas Cachoeira da Cruz Abrigo dos Morcegos Olho D’água do Milho Pedra Pintada RN-AP-5 Acauã RN-SE- 26 Boa Vista João Brandinho RN-MA-02 Saquinho André Camurupim Jegue Lagoa de Arituba Machado Polido Malembar Pontal da Bara da Tabatinga Sítio do Bugódromo Torre Celular Mirador de Parelhas Pedra do Chinelo Pedra do Vem-Vem Toca do Olho D’água das Gatas Sítio Volta RN-PI-1 RN-PI-2 Gruta do Letreiro Tipo de Bem Encontrado Cavernas com gravuras ruprestes Pinturas rupestres Pinturas rupestres Gravuras rupestres Pinturas rupestres Pinturas – grafismo puro Gravuras da tradição dos Itaquatiaras Gravuras da tradição dos Itaquatiaras Gravuras da tradição dos Itaquatiaras Pinturas rupestres Pinturas repestres Pinturas rupestres Gravuras da tradição dos Itaquatiaras Pinturas rupestres Gravuras da tradição dos Itaquatiaras Gravuras da tradição dos Itaquatiaras Gravuras da tradição dos Itaquatiaras Pinturas rupestres Não especificado Não especificado Não especificado Não especificado Não especificado Não especificado Não especificado Não especificado Não especificado Não especificado Não especificado Não especificado Não especificado Não especificado Não especificado Não especificado Não especificado Não especificado Pinturas Não especificado Não especificado Não especificado Não especificado Não especificado Não especificado Não especificado Fonte da Informação UFRN UFRN UFRN UFRN UFRN UFRN UFRN UFRN UFRN UFRN UFRN UFRN UFRN UFRN UFRN UFRN UFRN UFRN IPHAN IPHAN IPHAN IPHAN IPHAN IPHAN IPHAN IPHAN IPHAN IPHAN IPHAN IPHAN IPHAN IPHAN IPHAN IPHAN IPHAN UFRN IPHAN IPHAN IPHAN IPHAN IPHAN 15 Serra do São Bento Serra Negra do Norte Tenente Ananías Timbaúba dos Batistas Pedra Lavrada Vaca Brava Cachos RN-BO-14 Abemal Poço do Açude São Brás Pintado Não especificado Não especificado Gravuras da Tradição dos Itaquiras Não especificado Gravuras rupestres Não especificado Não especificado Gravuras da Tradição dos Itaquatiaras IPHAN IPHAN UFRN IPHAN UFRN IPHAN IPHAN UFRN 2.1.1.4. Incidência de Esquistossomose De acordo com informações obtidas no Ministério da Saúde, por meio do Programa de Controle da Esquistossomose – PCE5, a incidência tem ocorrido em 19 dos 167 municípios do estado, conforme figura 2.6. Cabe salientar que em 2003, a prevalência de casos no estado ficou em torno de 3,3%. A taxa média de internação de 1999 a 2003 foi de 0,32/10 mil hab. Os dados de mortalidade indicam taxa média de 0,12/100 mil habitantes, no período de 1998 a 2002, com um número médio de óbitos de 3,4.6 Municípios com incidência de esquistossomose CEARA R.GRANDE DO NORTE PARAIBA Figura 2.6 – Incidência de esquistossomose em municípios do estado. No gráfico 2.1 pode-se observar o número de casos positivos nos municípios com incidência da doença e também é apresentado o número de casos que receberam tratamento após a identificação de positividade nos exames realizados. Gráfico 2.1 – Número de casos positivos e tratados – Jan/1996 – Jun/2005 5 site da Secretaria de Vigilância em Saúde, 2005 – www.saude.gov.br/svs 6 (MS/SVS, 2005) 16 Touros Senador Georgino Avelino São Jos é de Mipibu São Gonçalo do Amarante Rio do Fogo Tratados Pureza Pos itivos Pedro Velho Parnamirim Municípios Nís ia Flores ta Natal Maxaranguape Macaíba Goianinha Extremoz Ceará-Mirim Canguaretama Brejinho Baía Formos a Arês 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 Nº casos com incidencia / Nº casos tratados 2.1.2. Região do Seridó Potiguar 2.1.2.1. Área Prioritária de Intervenção – Região do Seridó A Região do Seridó do Rio Grande do Norte faz parte da Região Natural do Seridó, que ocorre, além deste, nos estados do Ceará e da Paraíba, e é geograficamente composta pelas Regiões ou Zonas Homogêneas de Serras Centrais, Caicó e Currais Novos, nas quais se inserem 28 municípios, como mostrado na figura 2.1. Das particularidades da região, destacam-se as assinaladas a seguir7: o Seridó tem aspectos físico-climáticos bastante específicos. Dispõe de uma rede fluvial constituída por rios não-perenes. Excetuados os anos de seca, eles apresentam dois ciclos perfeitamente caracterizados: um, com escoamento, durante o período chuvoso e outro, sem escoamento ou seco, na época de estiagem, tão logo cessam as chuvas; a geologia é constituída, predominantemente, pelo cristalino, circunstância que aliada ao poder erosivo das chuvas torrenciais dá origem a solos rasos que impedem o acúmulo de água no seu perfil e a conseqüente descarga de base. O clima da região é classificado como muito quente e semi-árido, com a estação chuvosa se atrasando para o outono; seus solos pertencem, dominantemente, à categoria dos Bruno Não-Cálcicos, caracterizados pela escassa profundidade e elevada suscetibilidade à erosão. Apresentam aptidão agrícola limitada por conta da ação conjunta de fatores como relevo, vegetação e regime hídrico. Apresentam acentuada deficiência de água, alta pedregosidade na superfície e pouca profundidade efetiva. Por isso, é difícil encontrar faixas amplas e contínuas de terras cultiváveis. A Região do Seridó foi diagnosticada como a mais atingida pelo processo de desertificação, com destaque para os municípios de Equador, Parelhas, Carnaúba dos Dantas, Caicó, São José do Seridó e Currais Novos. Esses municípios integram o Núcleo de Desertificação do Seridó, um dos quatro Núcleos que estão sendo estudados no Nordeste pelo Ministério do Meio Ambiente e várias instituições de pesquisa, como mostrado na figura 2.7. O Núcleo de Desertificação do Seridó abrange uma área de 2.341 km² (18,06% da superfície da região), onde vivem 244.000 habitantes (84,21% da população seridoense). A área em processo de desertificação apresenta-se, assim, com uma altíssima densidade demográfica (104,23 hab/km²). Esses números indicam que a capacidade de suporte das áreas em processo de desertificação no Seridó, por 7 Consultoras Tecnosolo & CEP, para a Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte-Fiern, 1999. 17 conta da migração para as cidades (da Região do Seridó ou de outras áreas do Rio Grande do Norte), tende a decrescer. Na ausência de novos processos tecnológicos, econômica e ambientalmente sustentáveis, também é possível admitir estar havendo uma tendência à redução da sustentabilidade da economia nessas áreas. As principais conseqüências ou efeitos das alterações ambientais observadas no Seridó referem-se, assim, à destruição do solo (por meio de processos erosivos), à eliminação da cobertura vegetal nativa, ao assoreamento dos reservatórios de água, ao empobrecimento dos lençóis freáticos, à perda da diversidade biológica, à redução de opções de desenvolvimento, ao empobrecimento e à migração do homem do campo. 2.1.2.2. Caracterização Ambiental do Seridó As chuvas no Seridó ocorrem de janeiro a maio, com alturas que variam de 127 mm a 916 mm anuais, como aconteceu no período de 1930 a 1955, apresentando valor médio de 497 mm, anuais, em Cruzeta. A temperatura média das máximas é de 33ºC e a das mínimas de 22ºC. A Região Natural do Seridó está localizada em pleno interior do Nordeste Semi-Árido, em área de solos de relativa fertilidade, inserindo-se, assim, no quadro dos Ecossistemas da Região das Caatingas e Florestas Deciduais do Nordeste. Figura 2.7 - Núcleos de Desertificação no Nordeste Fonte: Veja - Edição1613 Ano 32 No. 35 01/09/99 Estas áreas têm sido exploradas como fontes variadas de matérias-primas para a população do semiárido, suprindo necessidades alimentares, de vestimenta, de medicamento, de energia e de habitação. Têm atendido, além disso, às demandas da indústria tradicional, de fibras e oleaginosa, sob o comando do velho capital mercantil, que dominou a economia do Nordeste como um todo e do semi-árido em particular, por mais de um século. Explorada em moldes extrativistas, as áreas de caatinga chegam hoje à quase exaustão. O Seridó é uma das regiões naturais do semi-árido mais premidas pela estreiteza da base de recursos naturais, especialmente dos renováveis. Dentre esses, os recursos hídricos são os que se caracterizam por uma ampla escassez relativa. Os estudos efetuados pela SERHID indicam que a capacidade de açudagem do Seridó era de 439.962.000 m3, em 1995, quando da elaboração do PERH. A demanda da região do Seridó está sendo atendida de forma extremamente precária, tanto em relação à demanda rural difusa como à demanda urbana municipal. Os açudes privados e comunitários se 18 encontravam, em sua grande maioria, em agosto de 1999, ou totalmente vazios ou com escassa margem de água armazenada. Até mesmo os maiores açudes públicos apresentavam, naquela data, volume de água disponível inferior a 30% da capacidade máxima de armazenamento, como mostram os percentuais a seguir especificados, referentes à relação entre as águas armazenadas e a capacidade nominal total de armazenamento dos maiores açudes do Seridó: Marechal Dutra: 29,2%; Itans:15,5%; Dourado:12,0%; Cruzeta:11,3%; Sabugi: 9,6%; Passagem das Traíras:7,2%; Boqueirão de Parelhas: 3,7%; Zangarelhas: 2,5%; Caldeirão:1,4%. 2.1.2.3. Aspectos Socioeconômicos da Região do Seridó A população total do Seridó, no ano 2000, foi estimada em aproximadamente 294 mil pessoas, o que representa cerca de 11% da população do Rio Grande do Norte. No que se refere à dinâmica demográfica, a população da região vem registrando um processo de desaceleração, atribuído em grande parte à redução do número de filhos. No caso específico do Seridó, o que se verificou entre 1970 e 1980 foi uma expansão da população de 0,86%, ao ano, ocorrendo na década seguinte (19801991) expansão um pouco maior, de 1,11%, para registrar entre 1991 e 1996 um declínio significativo, com uma taxa anual de crescimento demográfico de apenas 0,33%. Relativamente ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), as estimativas feitas para o Seridó mostram que no último ano para o qual se têm informações, o IDH correspondeu a 78% daquele registrado para o estado com um todo. Além disso, embora tenha partido, no ano de 1970, do mesmo nível de desenvolvimento humano do Rio Grande do Norte, a região vem perdendo posição relativa, com seu IDH crescendo menos que o do estado, nos anos de 1980 e 1991. Outros indicadores médios para o Seridó sugerem perda de posição relativa da região no confronto com o estado, o que mostra as dificuldades da região para acompanhar o desenvolvimento social médio do Rio Grande do Norte. No gráfico 2.2 são ilustrados a evolução do IDH do Seridó e de suas Zonas Homogêneas, quando comparados aos valores correspondentes do estado. Dados calculados pelo PNUD, IPEA, IBGE e Fundação João Pinheiro, para os municípios do Seridó, revelam que sua grande maioria registra níveis que os qualifica como de baixo grau de desenvolvimento humano (< 0,50); 14 deles não alcançam o referido patamar, e cerca de 6 apenas ultrapassam a marca de 0,50, registrando entre 0,50 e 0,52, para 1991, último ano para o qual se dispõe de estimativa municipal para o IDH. A evolução da renda da Região do Seridó pode ser bem ilustrada com a utilização dos valores reais do rendimento familiar per capita, dos residentes no Seridó, comparativamente aos do estado, em média, medido em salários mínimos de setembro de 1991 e apresentados na tabela 2.7. Indicadores apresentados no “Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil”, elaborado pelo PNUD, IPEA, IBGE e FJP, claramente demonstraram a incidência da pobreza no Seridó e nas suas Zonas Homogêneas. Em 1980, o melhor dos anos utilizados, cerca de 71,7% do total da população da região pode ser considerada como pobre, uma vez que, nesta proporção, recebia igual ou menos que meio salário mínimo per capita. Note-se, de acordo com a tabela 2.8, que em 1970, tal proporção havia alcançado 93,9%, em plena seca ocorrida no referido ano, tendo passado para 72,5% em 1991. Gráfico 2.2 19 R.G. do Norte : Estim a tiva do IDH pa ra S e ridó e sua Zona s Hom ogê ne a s - 1970-91 0.700 0.600 0.500 0.400 1970 0.300 1980 0.200 1991 Serras Centrais ZH das Caicó ZH de Novos ZH de Currais Seridó 0.000 Estado 0.100 Tabela 2.7 – Rio Grande do Norte e Seridó – Estimativa do Rendimento Familiar Per Capita. 1980 1991 (Em Salários Mínimos de Set /91) ESTADO 0,26 0,68 0,72 Seridó 0,19 0,51 0,51 (em %) ESTADO 100,0 100,0 100,0 Seridó 73,1 75,0 70,8 Fonte dos dados básicos: PNUD-IPEA-IBGE-FJP (1997) - Relatório de desenvolvimento humano do Brasil, 1997 Estado e Seridó 1970 Ocorreram avanços, alguns significativos, no entanto, os indicadores locais mostram que permanecem defasagens consideráveis, relativamente aos indicadores sociais do País e das regiões mais industrializadas. Além disso, tais defasagens tornam-se mais relevantes quando se sabe que o País, no contexto internacional, apresenta os níveis mais baixos no tocante aos indicadores de saúde, de educação e de saneamento básico, mesmo quando a comparação do Brasil é feita com países de nível de renda similar. Na tabela 2.9 é fornecida uma boa visão da Esperança de Vida e da Mortalidade Infantil no estado, Região do Seridó e Zonas Homogêneas ao longo do período 1970 - 1991. Tabela 2.8– Rio Grande do Norte e Seridó: População com Insuficiência de Renda (%) Estado e Seridó 1970 1980 1991 ESTADO 89,98 65,97 66,87 Seridó 93,94 71,69 72,54 Fonte dos dados básicos: PNUD-IPEA-IBGE-FJP (1997) - Relatório de desenvolvimento humano do Brasil, 1997 Tabela 2.9– Rio Grande do Norte e Seridó: Esperança de Vida e Mortalidade Infantil Estado, Seridó e Zonas Homogêneas e Municípios ESTADO Seridó Esperança de Vida (Anos) 1970 1980 1991 44.36 51.03 60.58 46.73 52.46 61.62 Mortalidade Infantil (Mortes por 1.000 nascidos Vivos) 1970 1980 1991 235.63 169.26 90.51 216.12 86.43 Fonte dos dados básicos: PNUD-IPEA-IBGE-FJP (1997) – Rel. de desenv. humano do Brasil, 1997 No que se refere ao saneamento básico, na tabela 2.10 é apresentada a situação dos domicílios urbanos no que se refere ao abastecimento d’água e esgotamento sanitário em 1991, no estado e na Região do Seridó. Tabela 2.10 – Situação dos Domicílios Quanto ao Abastecimento e Esgotamento – 1991 20 Estado, Seridó e Zonas % de Domicílios com Adequado Abastecimento % de Instalações de Esgotos Homogêneas de Água Adequadas ESTADO 65.1 47.6 Seridó 64.0 58.2 Fonte dos dados básicos: PNUD-IPEA-IBGE-FJP (1997) - Relatório de desenvolvimento humano do Brasil, 1997 Dentre os problemas mais relevantes relacionados às condições de saneamento básico e de habitação, destacam-se os apresentados a seguir: déficit na cobertura do sistema de saneamento básico; deficiências na qualidade do sistema de abastecimento de água e esgotamento sanitário; déficit habitacional e deficiências nas condições dos domicílios; precariedade na vigilância sanitária e na disponibilidade de sanitários e banheiros públicos. 2.1.3. Características das Áreas de Intervenção Este item apresenta uma caracterização sintética: (i) da situação de infra-estrutura de saneamento dos municípios e de uma amostra de comunidades rurais que serão contemplados com sistemas simplificados de abastecimento de água; (ii) da situação dos corpos d’água das áreas de intervenção: açudes para os quais foram feitos pela SERHID projetos de pequenas obras de recuperação e dos mananciais da Adutora Monsenhor Expedito – a lagoa do Bonfim e o aqüífero Dunas – Barreiras. Não se trata de grandes obras, mas principalmente do atendimento seletivo de demandas pelo abastecimento de sedes municipais de pequeno porte e de comunidades – como é o caso da ampliação do Sistema Monsenhor Expedito, do abastecimento de água para pequenas comunidades na região do Seridó e da recuperação e ampliação da rede de dessalinizadores em todo o estado. Soma-se a isso atividades que permitirão modernização de perímetros irrigados, recuperação de açudes e projetos piloto de reuso de águas residuárias e a recuperação de micro-bacias hidrográficas. Em relação à qualidade de água foram avaliados dados de monitoramento: (i) de uma amostra de 7 açudes que serão objeto de intervenção, sendo que desses, ocorreram visita de campo para análise ambiental apresentada no capítulo 4, nos seguintes: Rodeador, Passagem das Traíras, Belduegra, Novo Angicos, Brejo, Santana de Pau de Ferros, e Cruzeta; (ii) da lagoa do Bonfim. 2.1.3.1. Infra-estrutura O programa terá atuação na implantação de sistemas de abastecimento de água em pequenas comunidades nos seguintes componentes e sub-componentes: Componente 3 – Infra-estrutura Hídrica Sub-componente 3.2 – Novas Estruturas Hídricas 3.2.1 – Construção de Obras de Ampliação da Capacidade de Sistemas Adutores Existentes – que trata da ampliação do Sistema Monsenhor Expedito Sub-componente 3.3 – Programa “Água de Beber” 3.3.2 – Programa de Manutenção e Ampliação da Rede de Dessalinizadores e Painéis Solares 3.3.3 – Implantação de Sistemas de Abastecimento de Água em Pequenas Comunidades – na região do Seridó. Dos itens apresentados apenas dois já avançaram na caracterização das comunidades a serem atendidas com sistemas de abastecimento de água em relação à atual situação de abastecimento e de esgotamento sanitário: são eles os itens 3.2.1 e item 3.3.3. Eles estão aí colocados como uma amostra representativa do universo de atuação do Programa. A - Ampliação do Sistema Monsenhor Expedito Os municípios a serem atendidos são: Campo Redondo, Japi, Serra de São Bento, Monte das Gameleiras, São Bento do Trairi, Coronel Ezequiel e Jaçanã, além de 158 comunidades localizadas ao 21 longo do Sistema. Em relação a saneamento, nas comunidades que farão parte da expansão do Sistema Monsenhor Expedito, de forma geral a situação é a seguinte: Abastecimento de água só não há sistemas de abastecimento de água implantados nas cidades de Japi e Monte Gameleira. Nas existentes os sistemas são compostos de poços tubulares, reservatórios e rede de distribuição; de modo geral o atendimento não é satisfatório, tendo em vista que a água fornecida é salobra. Deste modo a população é obrigada a comprar água de carro pipa, proveniente da adutora Monsenhor Expedito ou a buscar água em açudes ou barreiros próximos que apresentam problemas de qualidade; Em alguns desses locais há residências equipadas com sistemas de coleta de água da chuva dos telhados, que são armazenadas em cisternas individuais ou coletivas. Esgotamento sanitário em Japi aproximadamente 25% da área urbana é servida com rede de esgotos, que é lançado in natura em curso d’água intermitente; em Campo Redondo aproximadamente 25% da área urbana é atendida por sistema implantado pela CAERN. O esgoto é lançado em uma ETE, que não é operada corretamente, o que resulta em grande parte dos esgotos sendo lançado em um córrego; em São Bento do Trairi aproximadamente 89% das residências é atendida por sistema implantado pela CAERN. O esgoto é lançado em uma ETE, sendo o tratamento realizado por meio de sistema de lagoas em série – anaeróbia, facultativa e maturação; no restante das comunidades existem fossas rudimentares ou os esgotos são lançados no solo. O detalhamento da situação de cada sistema é apresentada na tabela 1 do Anexo 2. B - Implantação de Sistemas de Abastecimento de Água em Pequenas Comunidades – na região do Seridó. Na região do Seridó serão atendidos 22 municípios e 77 comunidades. De forma geral não há sistema de coleta de lixo e não há dados sistematizados sobre doenças de veiculação hídrica. Foi detectada a ocorrência de doenças de pele em crianças, provenientes do excesso de sal na água de poços. As populações referentes a cada município e comunidades, bem como a situação de saneamento e doenças de veiculação hídrica são apresentados nas tabelas 2, 3 e 4 do Anexo 2. Nas comunidades da Região do Seridó, de forma geral a situação é a seguinte: Abastecimento de água as fontes de abastecimento de água predominantes são poços tubulares, amazonas, cacimbas, barreiros, pequenos açudes ou rios próximos; em muitos casos os habitantes pegam água em latas d’água ou em carroças e no lombo de animais. A água nem sempre é de boa qualidade, sendo que vários açudes recebem esgotos ou servem para a dessedentação de animais; na seca são abastecidas por carro pipa, que jogam água em duas cisternas, uma para água de beber e outra para usos geral (lavagem de roupa e de utensílios); em muitas ocasiões de seca falta água para dessedentação de animais; em alguns casos há sistemas de abastecimento instalados, com reservatórios e sistemas de distribuição. Há distribuição direta nas casas ou em chafarizes. Como não há medição, o consumo alto leva ao desperdício e à falta d’água em períodos críticos; em algumas comunidades há dessalinizadores que funcionam, em outras, estão parados por falta de manutenção. Em algumas comunidades, que contam com dessalinizadores, não há cobrança pela água; muitas vezes os sistemas de poços são desativados por falta de energia elétrica. Esgotamento sanitário 22 não há sistemas de esgotamento sanitário instalados nas comunidades. As soluções utilizadas são fossas individuais. 2.1.3.2. Corpos d’água A – Barramentos Apresenta-se, a seguir, para alguns dos açudes objeto de investimentos do Programa no primeiro ano Rodeador, Passagem das Traíras, Brejo, Santana de Pau dos Ferros, Belduegra e Novo Angicos - uma descrição sucinta de suas características hidrológicas e das bacias onde estão localizados. Os dados foram resumidos das informações constantes nos estudos do Plano Estadual de Recursos Hídricos. 1- Bacia Apodi/Mossoró A bacia Apodi/Mossoró ocupa uma área de 14.276 km2, o que corresponde a cerca de 26,8% da superfície estadual. É formada por cerca de 49 municípios. A população da bacia está estimada em cerca de 559.280 habitantes (IBGE, 1996), da qual, cerca de 70,9% encontra-se na zona urbana. Na maior parte da bacia, a pluviometria média de longo período está na faixa de 700 mm anuais. Na região mais alta da bacia, a pluviometria, nas proximidades da Serra dos Martins, atinge valores anuais da ordem de 1.100 mm. Quanto aos solos, há predominância de associações de Podzólico Vermelho Amarelo Eutrófico (28%), Cambissolo Eutrófico (19%) e Bruno Não Cálcico (11,8%), que correspondem a quase 60% da área da bacia. A disponibilidade hídrica superficial da região é caracterizada por uma vazão específica que varia da ordem de 3,23 L/s/km2 (em Pau dos Ferros) a 1,86 L/s/km2 (em Mossoró). O nível de açudagem da bacia é alto, estando cadastrados pelo PERH um total de 618 açudes, que totalizam um volume de acumulação de 469.714 m3 de água, o que corresponde a cerca de 27,4% do total de açudes e 10,7% do volume total de acumulação do Estado. Os principais açudes da região, com capacidade acima de 10 milhões de m3, com sua localização, volumes e vazões regularizadas, estão apresentados na Tabela 2.11. A análise dos dados de disponibilidade de água subterrânea permitem chegar a valores atuais de explotação por poços da ordem de 68,33 hm3/ano (55%). Os 45% ainda restantes correspondem a uma disponibilidade de 55,07 hm3/ano possíveis de utilização. O rendimento médio dos poços varia de 1 a 2 m3/h no cristalino, para 10 a 100 m3/h no aqüífero Açu, e de 10 a 30 m3/h nos aluviões. Tabela 2.11 - Bacia Apodi/Mossoró - Açudes com capacidade de acumulação > 10 hm3 Volume Descarga Regularizável (L/s) Níveis de Garantia (m x 10 ) 100% 95% 90% 85% Apanha-Peixe Caraúbas 10.000 26 32 38 43 Bonito II São Miguel 10.865 26 34 36 40 Do Brejo (*) Olho d’Água do Borges 17.000 29 34 39 42 Lucrécia Lucrécia 27.270 31 41 45 48 Marcelino Vieira Marcelino Vieira 11.200 48 65 74 77 Pau dos Ferros Pau dos Ferros 54.846 513 630 679 734 Rodeador (*) Umarizal 17.000 115 152 165 175 Santo Antônio das Caraúbas 11.110 11 16 20 21 Referência: PERH/RN – (*) Açude objeto de intervenção no primeiro ano do Programa Açudes Município 3 3 2- Bacia Piranhas/Açu A bacia Piranhas/Açu nasce em território paraibano e ocupa uma área de 44.600 km2, dos quais 17.498,5 km2 pertencem ao RN, e corresponde a 32,8% da superfície estadual. A população está estimada em 419.710 habitantes (IBGE, 1996). A pluviometria média está na faixa de 500 a 600 mm 23 anuais. Quanto aos solos, há predominância de associações de Bruno Não Cálcico (35,1%) e Solos Litólicos Eutróficos (29%) que correspondem a mais de 64% da área da bacia. A disponibilidade hídrica superficial é caracterizada por uma vazão específica que varia de 1,75 L/s/km2 a 3,74 L/s/km2. O nível de açudagem da bacia é extremamente alto, sendo cadastrados pelo PERH um total de 1.112 açudes, que totalizam um volume de acumulação de 3.503.853.300 m3, o que corresponde a 49,3% do total de açudes e 79,6% do volume total no estado. Os principais açudes da região, com capacidade acima de 10 milhões de metros cúbicos, com sua localização, volumes e vazões regularizadas estão indicados na tabela 2.12. Os dados de disponibilidades de água subterrânea indicam níveis atuais de explotação por poços da ordem de 48,88 hm3/ano (35,2%). Os 64,8% restantes correspondem a uma disponibilidade de 89,80 hm3/ano possíveis de utilização. O rendimento médio dos poços variam de cerca de 1 a 2 m3/h no cristalino, para 10 a 100 m3/h no aqüífero Açu, até 20 a 200 m3/h nos aluviões. Tabela 2.12- Açudes com capacidade de acumulação superior a 10 hm3 Açude Volume Descarga Regularizável (L/s) Níveis de Garantia (m x 10 ) 100% 95% 90% 85% Boqueirão de Angicos Afonso Bezerra 19.754 0 0 0 0 Boqueirão de Parelhas Parelhas 85.013 38 53 59 63 Caldeirão de Parelhas Parelhas 10.196 2,1 2,6 2,9 3,0 Cruzeta (*) Cruzeta 35.000 81 94 104 114 Dourado Currais Novos 10.322 0 0 0 0 Armando R. Gonçalves Açu 2.400.000 20.500 25.380 28.055 29.860 Itans Caicó 81.750 138 198 222 229 Marechal Dutra Acari 40.000 95 122 127 142 Mendubim Açu 76.349 154 225 28 263 Passagem das Traíra (*) Jdim do Seridó 48.858 327 398 449 494 Pataxós Ipanguaçu 24.500 0 0 0 0 Rio da Pedra Sant. do Matos 12.432 4,9 6,0 6,4 7,1 Sabugi S. J. do Sabugi 65.335 190 249 280 306 Referência: PERH/RN - (*) Açude objeto de intervenção no primeiro ano do Programa Município 3 3 Nesta bacia encontra-se o maior volume acumulado do estado, a Barragem Armando Ribeiro Gonçalves, que acumula 2,4 bilhões de m3 de água, o correspondente a aproximadamente 82% do total da bacia e 68% do total acumulado do estado. 3 - Bacias Litorâneas As bacias litorâneas são constituídas por 12 bacias hidrográficas e ocupam uma área 15.146,5 km2, correspondendo a cerca de 28,4% da superfície estadual. A população total da bacia está estimada em cerca de 1.194.196 habitantes (IBGE, 1996). A pluviometria média é de 850 mm anuais, havendo crescimento do interior para o litoral, passando de 1.100 mm, na foz, para valores da ordem de 600 mm/ano nas cabeceiras. Quanto aos solos, há predominância de associações de Areias Quartzosas Distróficas, Podzólico Verm-Amarelo Eutrófico e Solos Litólicos Eutróficos. A disponibilidade hídrica superficial é caracterizada por uma vazão específica que varia de 0,83 L/s/km2 a 15,84 L/s/km2 (na foz). Quanto ao nível de açudagem, a bacia apresenta poucos açudes de importância. Os principais, com capacidade acima de 10 milhões de m3, com localização, volumes e vazões regularizadas estão na tabela 2.13. Tabela 2.13 - Açudes com capacidade de acumulação superior a 10 hm3 Açude Engº José Bat. do Rego Volume Prioridade no Programa Município 3 Poço Branco 3 3 (m x 10 ) 136.000 Descarga Regularizável (L/s) Níveis de Garantia 100% 95% 90% 85% 525 584 618 666 24 Campo Grande 3 S. Paulo do Potengi 31.100 116 168 Trairi 2 Tangará 35.200 29 34 Inharé 3 Santa Cruz 17.600 0 0 Japi II 3 São José Campestre 20.600 0 0 Referência: PERH/RN – os açudes visitados como amostra para elaboração do RAA estão em negrito 181 39 0 0 194 42 0 0 Nessa região destaca-se o conjunto das lagoas: do Bonfim (em Nísia Floresta), de Extremoz (em Extremoz), do Jiqui (em Parnamirim), do Boqueirão (em Touros), de Alcaçuz e do Pium. Estas apresentam grande potencial para abastecimento público e desenvolvimento da irrigação da região. À exceção da Lagoa do Bonfim, as demais ainda são pouco estudadas, bem como suas capacidades desconhecidas. Os dados de disponibilidades de água subterrânea indicam níveis atuais de explotação muito baixos com relação às potencialidades existentes, restando ainda cerca de 1.127,44 hm3/ano passíveis de utilização. O rendimento médio dos poços varia de cerca de 2 a 100 m3/h no aqüífero Barreiras, e 5 a 30 m3/h no aqüífero Açu. B - Qualidade das Águas das Barragens Resultados de análises de vários açudes da região de estudo foram disponibilizados para a obtenção de uma caracterização geral da qualidade dessas águas. Ressalta-se que não há informações integradas dos fatores bióticos e abióticos, o que seria ideal para se obter o comportamento dinâmico de cada ecossistema. Assim, as considerações expressas aqui refletem tão somente o momento de cada amostragem. As planilhas com os resultados das análises encontram-se no Anexo 3 deste RAA. Abaixo, seguem os comentários a respeito de cada corpo d’água separadamente, evidenciando, em cada um deles, ocasionais problemas de qualidade. 1 - Açude Rodeador Resultados de maio, setembro e dezembro de 2003 e de maio de 2005. Destes, destacam-se: a) teores de condutividade elétrica de 387,69 µS/cm e 422,41µS/cm respectivamente em setembro e dezembro de 2003. Como a condutividade elétrica mede a capacidade da água em conduzir corrente elétrica, o seu valor é diretamente proporcional à presença de substâncias dissolvidas na massa líquida, e pode ser indicativo de águas poluídas, uma vez que os teores de cloretos são baixos. Essas águas devidamente tratadas poderão ser utilizadas para abastecimento doméstico. 2 - Açude Passagem das Traíras Resultados de julho de 2001, março e outubro de 2002, julho e setembro de 2003 e maio e outubro de 2004. Destes, destacam-se: a) baixos teores de OD em março de 2002 (4,8 mg/L) e, principalmente em setembro de 2003 (3,3 mg/L), quando também ocorreu um valor bastante alto de DBO (9,39 mg/L). Esta amostra também identificou o valor recorde de condutividade elétrica (821,68 µS/cm), além de altos valores de resíduos não filtráveis (404,08 mg/L) e totais (450,08 mg/L). Todos esses resultados em 2003 parecem indicar uma circulação vertical da massa d’água devido à desestratificação térmica. Os resultados também indicam a presença de matéria orgânica em excesso e b) o único valor disponível de fósforo total para este reservatório é de maio de 2004 (0,067 mg/L). Muito embora seja um resultado isolado, ele é mais que o dobro permitido para ambientes lênticos de classe 2, indicando possível processo de eutrofização. 3 - Açude Belduegra Resultados de junho, julho e novembro de 2003, agosto de 2004 e abril de 2005. Dentre esses, destacam-se: a) alta condutividade elétrica em todas as amostragens, principalmente as de novembro de 2003. Como a condutividade elétrica mede a capacidade da água em conduzir corrente elétrica, o seu valor é diretamente proporcional à presença de substâncias dissolvidas na massa líquida, e pode ser indicativo de águas poluídas, b) em agosto de 2004, o Ponto de monitoramento 001 apresentou um valor de OD abaixo do limite para águas de classe 2, c) nesse mesmo mês, o Ponto de monitoramento 002 mostrou valores anômalos de resíduos não filtráveis (1000 mg/L), sulfato (250 mg/L), cloreto (250 mg/L) e dureza total (500 mg/L). Esses resultados não aparecem em nenhuma das outras 25 amostras, indicando possível influência externa que merece ser estudada e d) o único valor de fósforo expresso para esse ambiente é bastante alto (0,094), e pode ser indicativo de eutrofização. 4 - Açude Boqueirão de Parelhas Resultados de maio e outubro de 2004. Dentre esses, destacam-se: a) um expressivo resultado de fósforo (0,056 mgP/L) e b) altos valores de condutividade específica (509,2 µS/cm em maio e 602 µS/cm em outubro). Todos esses resultados preocupam, principalmente no que concerne ao abastecimento doméstico. Este ambiente também merece um estudo mais aprofundado. 5 - Açude Cruzeta Resultados de junho, julho e outubro de 2004 e maio de 2005. Os resultados mais preocupantes são o de fósforo (0,124 mgP/L) e o de ferro em junho e outubro de 2004 no ponto de monitoramento 002 (respectivamente 0,91 e 2,32 mg/L). O alto valor de fósforo indica um ambiente provavelmente eutrofizado. Levando-se em conta a presença de oxigênio dissolvido nas amostras, provavelmente o ferro estará associado a moléculas orgânicas, capazes de fazer com que ele permaneça em solução sem ser oxidado e, portanto, precipitado. A origem desses altos teores de ferro deve ser diagnosticada. 6 - Açude Santana de Pau dos Ferros Resultados de maio e setembro de 2004. Neste ambiente os teores de OD são sempre relativamente baixos (< 6,0 mg/L), o de DBO em maio foi bastante alto (8,13 mg/L) e o único resultado de fósforo apresentado também foi alto (0,031 mgP/L). Todos esses resultados sugerem um ambiente com forte presença de matéria orgânica e indícios de eutrofização. 7 - Açude Novo Angicos Existe apenas uma amostragem (abril/2005) e esta apresenta um resultado de fósforo (0,04 mgP/L) acima do permitido para ambientes lênticos de classe 2, indicando processo de eutrofização. 8 - Açude Brejo Deste ambiente existe apenas uma análise de coliformes termotolerantes, realizada em maio de 2005 (340 UFC/100 ml). C – Aqüífero na área dos Poços Canjoão – Sistema Monsenhor Expedito O sistema adutor Monsenhor Expedito atende hoje a 23 sedes municipais e a um total de 48 comunidades, 37 chafarizes e 3 pontos para abastecimento de carro pipa. A partir da necessidade de expansão do atendimento foi estudado um reforço do Sistema8, configurando-se a necessidade de captação de águas subterrâneas. Das alternativas estudas foi escolhida a implantação de uma bateria de poços na área denominada Canjoão que insere-se no aqüífero Dunas – Barreiras. O sistema aqüífero Dunas – Barreiras, na área de estudo, é constituído, em sua porção mais superficial, por uma cobertura eólica de areias finas, homogêneas, com espessura variável de 0,5 m a 50 m. O escoamento subterrâneo da área se realiza a partir do grande divisor de águas subterrâneas que atravessa de oeste para leste a parte central da área onde se concentram as lagoas, detentoras das cargas potenciométricas mais elevadas. As principais direções de fluxo, com gradientes da ordem de 4 a 6 m/km, chegando até 15 m/km, são: para norte-nordeste desaguando no riacho Pium e no oceano; para leste, diretamente ao oceano; para sul, no rumo do rio Trairi e para sudeste, desaguando nos riachos Boa Cica, Timbó e Canjoão. Além da evapotranspiração, os principais exutórios do sistema aqüífero são os rios e riachos, todos simulados como drenos. Para avaliação da potencialidade do sistema aqüífero, foi desenvolvido um modelo MODFLOW de uma camada, para simular o sistema aqüífero livre correspondente ao pacote Dunas-Barreiras que repousa sobre arenitos calcíferos de idade cretácea, supostos impermeáveis. Os 8 O detalhamento do sistema atual e do sistema proposto encontra-se no capítulo 4 26 dados para abastecer o modelo foram produzidos por meio de testes de bombeamento nas áreas alternativas avaliadas. Na área dos poços Canjoão, que ao final dos estudos se mostrou a alternativa mais adequada para a ampliação do sistema produtivo, o teste foi realizado no período de 18 a 21 de dezembro de 2001 e teve duração de 72 horas. Os rebaixamentos foram medidos no poço bombeado e em 5 (cinco) poços de observação, sendo 4 (quatro) totalmente penetrantes até o topo do arenito calcífero, e um parcialmente penetrante. O aqüífero do tipo livre situa-se no intervalo que varia de 66 m a 82 m, apresentando espessura saturada variável de 45 m a 60 m. A profundidade média do nível estático é de 21 m e o rebaixamento médio disponível para poços produtores é de 18 metros. D - Qualidade das Águas da Lagoa do Bonfim Os resultados das análises de água da lagoa do Bonfim foram disponibilizados para a obtenção de uma caracterização geral da qualidade dessas águas. Ressalta-se que não há informações integradas dos fatores bióticos e abióticos, o que seria ideal para se obter o comportamento dinâmico de cada ecossistema. Assim, as considerações expressas aqui refletem tão somente o momento de cada amostragem. As planilhas com os resultados das análises encontram-se no Anexo 3 deste RAA. Dos resultados de fevereiro e março de 2001, julho de 2002, fevereiro e maio de 2003 e abril e junho de 2004 em três pontos distintos, destacam-se: a) as águas da lagoa apresentam tendência à acidez, mostrando a maioria dos valores de pH abaixo de 6,5, b) dos três resultados de fósforo apresentados, dois estão acima do valor permitido pela Res. CONAMA 357/05 e um deles (fev/03 no ponto da captação) está extremamente alto (0,419 mgP/L), indicando um ambiente provavelmente eutrofizado, c) outros resultados que merecem destaque são os de colimetria. Os resultados de 2001 a 2003 sempre indicaram a presença de matéria orgânica de origem fecal, entretanto, no ano de 2004 os valores estiveram sempre baixos e d) este ambiente também apresenta valores relativamente elevados de condutividade, sempre em torno de 200 µS/cm. E – Sistemas de Abastecimento de Água das Comunidades Rurais - Dessalinizadores O item 3.3.2 referente aos componentes do Programa trata da recuperação e instalação de dessalinizadores espalhados pelo estado e faz parte do Programa Água Doce, do Governo Federal. Esse Programa foi criado com o objetivo de aumentar a oferta, democratizar o acesso à água de boa qualidade, em especial para a população de baixa renda residente em localidades difusas do SemiÁrido brasileiro. A estratégia é a recuperação e implantação de equipamentos de dessalinização, utilizando águas subterrâneas salobras e salinas de poços tubulares e, onde as condições o permitirem, associá-los à implantação de sistemas produtivos locais sustentáveis para aproveitamento do concentrado resultante do processo. A necessidade de instalação de dessalinizadores vem do fato de que a grande maioria dos poços, que poderia ser utilizada para abastecimento público, possui água salobra ou salgada. Na escassa disponibilidade de recursos hídricos superficiais, a atenção das autoridades responsáveis pela gestão das águas no estado volta-se à exploração dos aqüíferos subterrâneos que, infelizmente, não apresentam vantagens substanciais, considerando-se que 60% da área do estado é coberta pela região de rochas cristalinas. As águas desses mananciais normalmente apresentam um alto índice de cloreto de sódio, carbonatos e bicarbonatos, devido à composição das rochas pelas quais elas percolam. Com isso, apenas o setor oeste do estado possui teor de sais inferior a 500 mg/L, sendo que na região do agreste a salinidade ultrapassa 1.000 mg/L. Mesmo com alto teor de STD, essas águas são utilizadas na dessedentação de bovinos e eqüinos, fato que tem causado alto índice de doenças e mortes. As comunidades abastecidas pela água potável obtida pelo processo de dessalinização recorrem a este processo em última instância, apenas quando outras possibilidades já foram esgotadas. Não há, no atual estágio da Preparação, informações sobre qualidade de água dos poços onde estão instalados dessalinizadores a serem recuperados, e ainda não foram identificadas nominalmente as novas comunidades a serem contempladas pelo Programa. 27 2.2. Caracterização da Situação Atual do Setor de Recursos Hídricos 2.2.1. Os Recursos Hídricos do Estado do Rio Grande do Norte O Estado do Rio Grande do Norte está localizado na região mais oriental do Brasil. Limita-se ao norte e a leste com o Oceano Atlântico, ao Sul com o Estado da Paraíba e a Oeste com o Estado do Ceará. Possui uma área 53.307 km2, que corresponde a 0,62% do território nacional. No ano 2000 o Estado apresentava uma população de 2.771.638 habitantes (Censo 2000), com 73,3% das pessoas vivendo na área urbana. Atualmente, possui uma população total de 2.852.800 habitantes, o que representou um crescimento de 2,7% em relação ao ano de 2000. O Rio Grande do Norte, devido ao seu posicionamento geográfico e condições climáticas, apresenta cerca de 82% de seu território inserido no Polígono das Secas, como mostrado na figura 2.8. A escassez e irregularidade da pluviometria, responsável pela instabilidade anual e interanual das chuvas, e a ocorrência de altas taxas de evaporação, provocam a perda de grande parte da água superficial, causando, como resultado, a intermitência de quase toda a rede hidrográfica e constituindo um severo problema para a captação e o armazenamento deste recurso. Ao lado do Ceará, da Paraíba e de Pernambuco, o Rio Grande do Norte é caracterizado como um dos estados de maior carência hídrica no Nordeste. A infra-estrutura hídrica estadual é formada principalmente pelos reservatórios de perenização em operação e pelas adutoras responsáveis pela transferência de águas entre bacias (figura 2.9). Figura 2.9 – Comportamento dos reservatórios Armando R Gonçalvez e Santa Cruz Res. Santa Cruz Res. Armando Ribeiro Gonçalves R e tir a d a 20% R e t ira d a 22% P e rd a 17% S a n g ria 61% P erd a 14% S a n g r ia 66% Os recursos hídricos subterrâneos do Estado estão contidos em 6 (seis) aqüíferos principais. O maior deles é o Cristalino (aqüífero fissural), que ocupa uma área de 51.809 km², equivalente a cerca de 60% da superfície total. Sua vazão média é da ordem de 1.500L/h e a salinidade média é cerca de 2000mg/L. O aqüífero Assú abrange um pacote máximo de 400 metros, constituído por arenitos, que aflora, na bacia, ao longo de uma faixa com largura variando entre 5 e 20 km. Além da faixa de afloramento, o aqüífero ocorre em todo o restante da bacia capeado pelo calcário Jandaíra, atingindo uma área total de cerca de 22.000 km2 na parte emersa. Com relação a qualidade físico-química, as águas são potáveis e de baixa concentração iônica. Há neste aqüífero poços tubulares com vazões da ordem de 250m3/h. Figura 2.8 – Mapa de Clima 28 O aqüífero Jandaíra é constituído de calcários com espessura que entre 50 e 250 m. Ocorre numa superfície de 17.756 km2 dos quais, 15.598 km2 pertencem ao estado. As águas do Jandaíra apresentam dureza superior a 200 mg/L(CaCO3) e às vezes sólidos totais dissolvidos entre 1 a 5 g/L. O aqüífero Barreiras ocorre ao longo de todo o litoral do estado cuja largura oscila entre 10 e 40 km, recobrindo calcários arenitos e o cristalino. As águas deste aqüífero são normalmente de boa qualidade, ocorrendo em alguns bairros de Natal águas com elevada concentração de nitrato. Os poços tubulares construídos neste aqüífero exibem vazões entre 5 a 200 m3/h. Com relação aos depósitos aluviais, é possível distinguir duas origens: (a) as aluviões que ocorrem nos terrenos cristalinos; e, (b) aqueles que são gerados nas áreas sedimentares. Os primeiros exibem geralmente pequenas espessuras, oscilando entre 3 e 6 metros. Com relação as vazões médias encontram-se entre 2 a 5 m3/h. Normalmente suas águas são salobras. As aluviões das regiões sedimentares apresentam maiores espessuras, chegando até a 30 metros. As vazões variam normalmente entre 10 a 100 m3/h. Em termos de salinidade, as águas encontram-se normalmente entre 200 a 1000 mg/L de resíduo seco. No que tange aos sedimentos dunares, são insignificantes, fornecendo muito pouca água. As águas são de qualidade sanitária razoável, porém, muito vulneráveis à poluição de origem antrópica. A infra-estrutura hídrica estadual é formada, principalmente, pelos reservatórios de perenização em operação e pelas adutoras responsáveis pela transferência de águas entre bacias. O Governo do Estado implementou, com sucesso, um ambicioso programa de construção de adutoras, tendo como meta principal, o suprimento de água potável para populações com problemas crônicos de abastecimento. Em conseqüência, as principais áreas carentes da implantação de tais sistemas já se encontram atendidas ou em processo de atendimento, por meio da implantação de sistemas adutores. As principais adutoras são: na bacia do Apodi/Mossoró, o Sistema Adutor Mossoró e o Sistema Adutor Médio Oeste; na bacia Piranhas/Açu, o Sistema Adutor Sertão Central Cabugi, o Sistema Adutor Jardim do Seridó, o Sistema Adutor Serra de Santana e o Sistema Adutor Piranhas Caicó; e nas bacias litorâneas o Sistema Adutor Agreste/Trairi/Potengi. 2.2.2. Principais Problemas Os problemas hídricos e ambientais do Estado são diversos. Além da fragilidade dos seus solos, a generalizada escassez de água (em quantidade e qualidade) é o fator mais crítico ao seu desenvolvimento. Entre esses problemas, podemos destacar: nas áreas mais críticas a demanda está sendo atendida de forma extremamente precária, tanto em relação à demanda rural difusa como à demanda urbana municipal. As regiões dentro do Estado onde as deficiências hídricas fazem suas maiores vítimas são as regiões do Seridó, a região do litoral norte e a região à montante do Açude Santa Cruz; a estrutura hídrica existente carece de um programa de manutenção e operação adequado; existe um grande potencial de contaminação das águas subterrâneas por adubos e agrotóxicos utilizados na agricultura. As unidades mais vulneráveis ocorrem nos aluviões, no aqüífero Barreiras e no aqüífero Jandaíra; a cidade de Natal é abastecida por águas subterrâneas que estão sujeitas à degradação por riscos de contaminação por conta de um sistema de saneamento deficiente e uma ocupação irregular e desordenada do terreno; existe um grande déficit na disponibilidade de água tratada e instalações sanitárias, além de uma cobertura insuficiente, de má qualidade e com grandes desperdícios; são praticamente inexistentes os instrumentos legais adequados ao disciplinamento do uso dos recursos naturais (agrícolas e minerais); é muito grande a carência de informações quanto ao comportamento hidrogeológico dos principais mananciais subterrâneos do estado; é flagrante a falta de um melhor entendimento e a inexistência de um planejamento e operação integrada, quanto às demandas de usos dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos; 29 os aspectos ambientais e de recursos hídricos dos “Estuários” e das “Lagoas Litorâneas”, apresentam extrema importância e sensibilidade e devem ser estudados com mais detalhes. Adicionalmente, antecipa-se a ocorrência dos seguintes problemas hídricos, no caso em que nenhuma ação estrutural ou não estrutural venha a ser implementada no estado: deterioração da infra-estrutura hídrica, incluindo reservatórios de perenização e adutoras responsáveis pela transferência de águas entre bacias. Uma boa parte da estrutura hídrica carece de um programa de manutenção, recuperação e reabilitação; aumento das perdas e desperdícios devido a operação não integrada e otimizada dos sistemas; deterioração progressiva dos recursos hídricos superficiais devido à falta de dados climatológicos, fluviométricos, sedimentométricos e de qualidade da água, bem como de um consistente sistema de informações que possibilite um planejamento adequado para as bacias; aumento da vulnerabilidade dos reservatórios subterrâneos. Existe uma grande necessidade de complementar os estudos existentes sobre o comportamento hidrogeológico dos principais mananciais subterrâneos do Estado, bem como de definir estratégias de proteção aos aqüíferos; aumento dos problemas hídricos e ambientais causados pelo assoreamento, erosão, desertificação, desmatamento, contaminação dos corpos hídricos superficiais e subterrâneos; aumento das deficiências hídricas nas regiões mais carentes que incluem o Seridó, a região do litoral norte e a região à montante do Açude Santa Cruz. Aumento do déficit de água tratada e instalações sanitárias, qualidade do abastecimento, cobertura e desperdícios; exploração exagerada e desordenada do solo pela falta de instrumentos legais adequados para o disciplinamento do uso dos recursos naturais agrícolas e minerais; deterioração progressiva dos estuários e das Lagoas Litorâneas, consideradas áreas de extrema sensibilidade e vulnerabilidade ambiental; aumento da ineficiência, dos subsídios governamentais e da falta de competitividade dos perímetros irrigados devido à ausência de abordagem dos aspectos críticos não estruturais; deterioração da infra-estrutura dos perímetros irrigados devido à falta de operação e manutenção, bem como da necessidade de ampliação, modernização, reabilitação e readequação da infra-estrutura de irrigação existente. 2.3. Concepção Geral das Intervenções 2.3.1. Componentes do Programa As intervenções propostas, dirigidas à otimização dos recursos hídricos escassos, estão entrosadas de forma a permitir a sua implementação harmônica, racional e ordenada, assim garantindo a sua sustentabilidade. As ações prevêem, inicialmente, no que se refere ao setor dos seus recursos hídricos, a organização do estado, da SERHID e de outras organizações estaduais que, de alguma forma, interferem ou participam deste setor. São os Componentes de Gerenciamento dos Recursos Hídricos. Demonstrando preocupação com os desgastados recursos naturais do Rio Grande do Norte, o segundo grande componente do Programa, chama-se de “Proteção e Conservação dos Recursos Naturais”. O terceiro grande componente do Programa, que diz respeito às obras programadas, é denominado de “InfraEstrutura Hídrica”. Finalmente foram propostos os componentes que dizem respeito à própria implementação do Programa: “Gerenciamento do Programa”. Na tabela 2.14 é apresentada, para ação programática, informações sintéticas que permitam melhor compreensão da atuação do Programa. 30 2.3.2. Metas Gerais do Programa O Programa tem como meta principal apoiar o estado para que tenha como resultado o gerenciamento multisetorial integrado dos recursos hídricos consolidado, de forma participativa, com respeito ao princípio de eqüidade e sustentável do ponto de vista técnico, social, ambiental e financeiro, tendo como unidade de gestão a bacia hidrográfica. Para a consecução do objetivo geral, em decorrência das diretrizes expostas anteriormente, destacam-se os seguintes objetivos específicos: ¾ de natureza legal e institucional, voltados à gestão dos recursos hídricos: adequação do arcabouço legal vigente; fortalecimento institucional do Sistema Gestor SERHID – IGARN; avanços na implementação do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos. ¾ de planejamento, com vistas à gestão dos recursos hídricos: revisão do Plano Estadual de Recursos Hídricos e elaboração de planos de bacia; estudos especializados e planos específicos destinados ao uso múltiplo e a setores usuários de recursos hídricos. ¾ da base de informações, concernentes à gestão dos recursos hídricos: consolidação de dados e informações e desenvolvimento de sistemas de apoio à decisão em recursos hídricos. ¾ dos instrumentos operacionais, relacionados à gestão dos recursos hídricos: regularização da sistemática de outorga de direitos de uso da água; estudos sobre custos e fontes de receitas voltadas aos recursos hídricos; desenvolvimento e uso de modelos operacionais de sistemas de abastecimento de água; mecanismos de cobrança de água, incentivos e subsídios paro o uso racional da água. ¾ na perspectiva conservacionista e ambiental: tecnologias e projetos para recuperação e uso racional das disponibilidades hídricas; ações voltadas à redução de perdas de água em sistemas públicos; regulamentação e incentivos para o reuso das águas. ¾ de natureza social: implantação de sistemas de abastecimento de água em pequenas comunidades. ¾ para otimização dos ativos existentes: conservação e reabilitação de estruturas existentes; modernização de perímetros de irrigação, com o objetivo de diminuir o consumo de água e o aumento da eficiência. ¾ de natureza estrutural: ampliação da infra-estrutura hídrica existente mediante elevação da capacidade de adução de água. 31 Componente Toda população Estado. tecnicos da SERHID /IGARN e órgãos vinculados e toda a população do Estado. • Diagnóstico das áreas potenciais; • Implantação de projetos de irrigação; • Rel. do modelo de gestão; • Rel. contendo as tecnologias capazes de reduzir o consumo de água; • Rel. de analise da viabilidade sócio-técnicoeconômica e ambiental das áreas potenciais para implantação de projetos de irrigação. Deverá ser entregue os Módulos dos Cursos e Eventos de Treinamento, o material didático elaborado. Rel. final dos cursos e eventos realizados, juntamente com as avaliações individuais e parecer do instrutor sobre a situação final do treinamento. • Realização de levantamento de campo; • Realização de estudos e discussões técnicas que norteiam a indicação de áreas potenciais e localização de obras hidráulicas; • Elaboração e implantação de projetos de irrigação; • Proposição de um modelo de gestão para a irrigação; • Proposição de tecnologias capazes de reduzir o consumo de água; • Analisar a viabilidade sócio-técnico-econômica e ambiental das áreas potenciais. • Elaboração dos módulos dos eventos de treinamento Visa capacitar e treinar os (cursos, seminários e jornadas) e de apostila contendo todo colaboradores da SERHID e material didático; • Realização de eventos de T & D voltados entidades vinculadas, buscando a à SERHID e ao IGARN; • Realização de eventos de T & D complementação e atualização dos voltados a todos os Órgãos participantes do Programa de conhecimentos técnicos e Capacitação Profissional; • Elaboração de relatório final dos administrativos. cursos e eventos realizados. Visa definir estratégias e propor 1.1.3 - Definição de uma política de irrigação para o Rio estratégias e proposta de Grande do Norte, objetivando um política de irrigação para o melhor aproveitamento das águas RN do Estado. Toda população Estado Usuários em geral, população pertencente ao município. Cadastro Usuários e Obras Hidráulicas; Levantamento Batimétrico; Mapeamento do Uso e Ocupação do Solo; Estudos de Qualidade de Água; Estudo de Demandas Atuais e Futuras; Estudos de Balanço Hídrico; Definição das Regras de Operação; Planejamento dos Usos Múltimos. • avaliar as disponibilidades hídricas e demandas alocadas a cada uma das estruturas hídricas; • avaliar possibilidades de aumento do potencial de acumulação, com comparações de custos e viabilidade econômica das obras de ampliação; • propor restrições de uso; • estimr e propor alternativas de utilização das águas; • incentivar culturas de maior valor agregado e o fomento de culturas que favoreça a exportação e o conseqüente desenvolvimento regional; Desenvolver estudos que analisem as principais formas de conflitos de 1.2.2 - Estudos de Usos uso que atuam nos principais Múltiplos - Gestão de açudes, avaliando formas de se atuar para reduzir os problemas Reservatórios entre os principais usuários e minimizar os danos ambientais. 38 municípios dos principais açudes do Estado estão envolvidos neste componente Diretamente: Ténicos da SERHID e IGARN. Indiretamente: Toda a população do Estado. A definir • Rel. das principais atividades a desenvolver; • Rel. de atualização dos diagnósticos, dos estudos de base, dos estudos de planejamento, da programação de ações e programa de divulgação e publicização do Plano; • Seminários de divulgação e de apresentação do Plano; • Plano Estadual de Rec. Hídricos do Estado. A definir O componente será executado no 2º ano de Programa num prazo total de 08 (oito) meses. O componente será executado num prazo de 18 (dezoito) meses, tendo início a partir do nono mês de Programa. SERHID SERHID SERHID SERHID Será executado do 1º ao 4º ano. Comunidade O prazo será de escolar, fazendeiros e 03 (três) anos e usuarios em 08 (oito) meses, tendo início a geral partir do 5º mês. • atualização do diagnóstico e estudos de base apresentados na 1ª versão do plano; • atualização dos estudos de planejamento, considerando o Plano original; • estudos de atualização, avaliação de resultados das ações, complementação e projeção de resultados socioeconômicos e de recuperação de custos para as novas intervenções; • proposição de atividades voltadas à divulgação e legitimação do conteúdo do Plano Estadual de Rec. Hídricos.Avaliação Ambiental Estratégica do PERH. Visa o fortalecimento institucional das entidades envolvidas no Programa para o cumprimento de suas atividades rotineiras. • Plano de Trabalho detalhado; • Material Didático elaborado; • Rel. das atividades desenvolvidas; • Rel. mensais de 62 municípios andamento dos trabalhos; • Rel. Final beneficiados. contendo o processo de desenvolvimento do Programa. Propor estudos para a revisão e atualização do Plano Estadual de Rec. Hídricos. Complementar o 1.2.1 Revisão e componente Programa de Ações Atualização do Plano da 1ª versão do Plano e identificar p/ a articulação Estadual de Recursos demandas institucional das diversas entidades Hídricos envolvidas no processo de gestão das águas. Elaboração do AAE do PERH 1.1.8 - Reforço Institucional • Promoção cursos de formação de agentes multiplicadores em gestão de rec. hídricos; • Proposição de oficinas com Promover ações educativas que pais de alunos; • Realização de visitas técnicas e de 1.1.7 - Programa de Uso possibilitem aos usuários de água, avaliações; • Promoção de ações de mobilização; • Racional e Economia de as informações necessárias para o Proposição de oficinas de treinamento e capacitação para Água uso racional dos rec. hídricos. usuários de água - irrigantes, vazanteiros, carcinicultores, pescadores, salineiros e representantes da sociedade civil; SERHID SERHID SERHID SERHID Ténicos SERHID IGARN • Base informacional do Sistema Complementação, modernização e expansão da base SERHID – IGARN implementado informacional do Sistema SERHID/IGARN, tendo como • Instalação da intranet; • Aquisição de justificativas, além das deficiências e lacunas identificadas, o hardware e software; • Programa de próprio advento do IGARN, com demandas adicionais. capacitação e treinamento. O projeto envolve a automação de 1.1.6 - Implantação do processos e procedimentos Plano Diretor de técnicos e administrativos da Informática (PDI) SERHID - IGARN. Será executado do 1º ao 4º ano. O prazo total será de 03 (três) anos e 02 (dois) meses, a partir do 5º mês do 1º ano. Será executado do 1º ao 4º ano.O prazo será a de 03 (três) anos do e 08 (oito) meses, tendo início a partir do 5º mês de Programa. O componente será executado a no 3º ano de do Programa num prazo total de 06 (seis) meses. SERHID SERHID / IGARN Será executado da num prazo de 12 e (doze) meses, tendo início a partir do 5º mês. Toda população Estado. • Diagnóstico das associações de usuários de água; • • Rel. das atividades de fomento à Reuniões entre usuários e técnicos da SERHID e de criação de comitês de bacias incentivo à criação de comitê de bacia; • Elaboração de um hidrográficas e de associações de cronograma de atividades; • Promoção de eventos voltados usuários de água; • Rel. das reuniões aos usuários de água; • Incentivo à criação de novas /seminários / oficinas de capacitação; • associações de usuários de água e de Comitês de B. Rel. das atividades de apoio aos Hidrográficas; • Suporte técnico e institucional às Programas de Gestão de Rec. Hídricos associações já implantadas; • Apoio financeiro à criação de e apresentação de rel. final. programa de comunicação /mobilização. Incentivar à criação e instalação de 1.1.5 - Instalação de associações de usuários de água e Comitês de Bacia e fortalecer aquelas existentes, bem Formação de Associações como incentivar a criação e instalação dos comitês de bacias de Usuários da Água hidrográficas. O componente será executado no 1º ano do Programa num prazo total de 08 (oito) meses. Prazo e Operador / cronograma de implementação administrador O componente será executado a no 3º ano de do Programa num prazo total de 12 (doze) meses. Diretamente: Ténicos da SERHID e IGARN. Indiretamente: Toda a população do Estado. Rel. com o levantamento de informações; Formulação das políticas de reuso; Diplomas legais elaborados; Rel. da análise das alternativas de investimento; Definição e detalhamento das alternativas selecionadas. População Beneficiada • Estudos p/ concepção de uma estratégia estadual voltada Definir diretrizes para a instituição ao reuso da água; • Elaboração de projeto de lei estadual, de uma política de reuso dos consubstanciando a política estadual de reuso da água; • 1.1.2 - Institucionalização recursos hídricos no Estado do Rio Estudos referentes: a reutilização de águas de despejos da Política para o Reuso Grande do Norte, de forma a se industriais tratados; de esgotos domésticos; de descartes de da Água inserir no conjunto de instrumentos processos de dessalinização; • Difusão de tecnologia de captação, reservação e aproveitamento de águas das de gestão dos recursos hídricos. chuvas; • Elaboração de decretos, resoluções e portarias. Área de Atuação Bacia Região Município hidrog. hidrog. (s) Rel. P. de Trabalho e dos Insumos; Rel. da Estratégia Institucional e do Planej. Operacional; Rel. da Avaliação do Arcabouço Legal e das Propostas de Minutas de Instrumentos Legais; Rel. da Modelagem Organizacional e da Gestão de Pessoas e de Performance; Rel. de Suporte à Implantação e Treinamentos. Visa atualizar e adequar o arcabouço legal que rege a gestão dos rec. hídricos do Estado. Em adição, definir a estratégia institucional e a proposição do correspondente planejamento organizacional do Sistema SERHID – IGARN. Estado • Levantamento dos problemas de gestão de disponibilidades e demandas hídricas; • Identificação de insumos com a organização institucional vigente; • Avaliação da legislação estadual de rec. hídricos; • Identificação de lacunas e ajustes na regulamentação da organização institucional vigente; • Identificação de inconsistências face aos setores do meio ambiente e do saneamento básico; • Proposição de minutas de revisão ou de novos diplomas legais. 1.1.1 - Estudos de estratégia Institucional e Planejamento Institucional do Sistema Gestor SERHID-IGARN e de Atualização e adequação do arcabouço legal para gestão dos rec. Hidricos do RN Municípios envolvidos Atividades ou produtos esperados Características das ações/intervenções Objetivo Ação Programada 1.1 - Aspectos 1.1.4 - Programas de Capacitação e Legais e Institucionais Treinamento SubComponente Tabela 2.14 - Programa de Desenvolvimento Sustentável e Convivência com o Semi-Árido Potiguar SERHID SERHID SERHID SERHID SERHID SERHID SERHID SERHID SERHID SERHID IGARN A definir IGARN IGARN CAERN, outros a definir ao longo do Programa IGARN, EMATER IGARN e CAERN IGARN Executor Co-executor SubComponente Toda população Estado Toda população Estado Mapas elaborados/atualizados com Rede Pluviométrica e Fluviométrica; Estações Sedimentométricas, de qualidade da água e Climatológicas; Mapas dos principais elementos climáticos, com a probabilidade de incidência de secas e de potencial erosivo e de Uso do solo. Fase A– Diagnóstico e prognóstico, Municípios Fase B– Compatibilização e articulação, pertencentes à Fase C– Plano diretor de recursos bacia do rio Apodi-Mossoró hídricos. • Plano de Trabalho e Planejamento; • Base de dados elaborada e Simulação dos sistemas com o desenvolvimento do módulo oferta e demanda; • Desenvolvimento do módulo de modelos; • Projeto e desenvolvimento de interfaces de gerenciamento de dados. • Rel. de Cadastro de Usos/Usuários das Águas e da análise sobre a situação dos rec. hídricos nas regiãos e/ou bacias; • Rel. da Proposta do Plano de Comunicação Social; • Rel. do “Manual de Outorga” e do “Manual de Procedimentos de Fiscalização de Direitos de Uso da Água”. • elaboração de um banco de dados georreferenciado; • atualização das informações de monitoramento e do mapa de uso do solo contidas no Plano Estadual de Rec. Hidricos; • elaboração do mapa de potencial erosivo; • elaboração de mapas contendo os principais elementos climáticos e as probabilidades de incidência de secas. • diagnóstico das disponibilidades e demandas hídricas e da dinâmica social e prognóstico das demandas hídricas; • otimização e condução da mobilização social para o diagnóstico; • alternativas de compatibilização das disponibilidades e das demandas hídricas; • articulação e compatibilização dos interesses internos e externos à região hidrográfica; mobilização social; • definição de metas e estratégias. • Elaboração de diagnóstico das estações meteorológicas e de monitoramento; • Elaboração de prognóstico para instalação de novas estações; • Atualização do banco de dados do sistema; • Elaboração de plano de manutenção dos equipamentos e instrumentos; • Elaboração de plano de treinamento. • realizar a coleta de dados e elaborar Plano de Trabalho; • Implementar a Base de Dados para adicionar novos módulos ao sistema e módulos do SSD; • Desenvolver os Módulos Adicionais; • Desenvolver a Base de Módelos do SSD; • Desenvolver o Módulo de Diálogo; • Elaborar Programas Especiais de Treinamento e Cursos de Atualização. Consolidar e disponibilizar p/ a sociedade um acervo de 1.2.6 - Atlas de Recursos informações sobre os rec. hídricos Hídricos e Ambientais do e ambientais, de modo a facilitar a compreensão e instruir os próprios Rio Grande do Norte processos de gestão e fiscalização de tais recursos. Visa a orientar o corpo técnico do Sist. Gestor SERHID/IGARN na condução de estudos de elaboração de Plano Diretor de Rec. Hídricos de Bacia Hidrográfica, por meio de um processo de planejamento. Aquisição e instalação da Rede Hidrometereológica de Monitoramento Quali-Quantitativo, defininindo a sistemática de operação e manutenção da Rede a ser implementada. 1.2.7 - Elaboração de Planos de Bacias 1.3.1 - Implantação da Rede de Monitoramento Quali-Quantitativo dos Rec. Hídricos e Sistemática de Monitoramento e de Operação da InfraEstrutura Hídrica. 1.3 Instrumentos de Informação Proceder ao up-grade do Sist. de Informações da SERHID, 1.3.2 - Sistema Integrado incorporando o formato de um SIG, de Informações sobre permitindo a operação de modelos de simulação e de sist. de apoio à Recursos Hídricos decisão no gerenciamento das disponibilidades hídricas. • Consolidação do Cadastro de Usos e Usuários das Águas; Implementar a sistemática de • Elaboração de um plano de divulgação e incentivo à outorga de direito de uso de rec. regularização das outorgas e do licenciamento de obras de 1.4.1 - Fortalecimento da hídricos. Em adição, a SERHID e o infra-estrutura hídrica; • Revisão e aperfeiçoamento da Outorga e da Fiscalização IGARN devem empreender a uma sistemática de outorga e da emissão de licenças para a dos Direitos de Uso da atitude pró-ativa quanto ao construção de obras de infra-estrutura hídrica; • Definição da Água cadastramento de usuários e à sistemática de procedimentos de fiscalização de direitos de regularização de outorgas. uso da água. • Estações meteorológicas e de monitoramento montadas; • Emissão de boletins diários e relatórios mensais; • Emissão de relatórios com os dados hidrometeorológicos coletados; • Rel. de andamento sobre a operação, manutenção da rede. Toda população Estado. 1 – Plano de ação emergencial para enchentes; 2 – Plano de ação emergencial em caso de ruptura de barragens; 3 – Plano de emergência por despejos acidentais; 4 – Plano de ação emergencial para estiagens prolongadas e 5 – Ruptura de adutoras e canais de abastecimento. • elaboração de planos de ação envolvendo procedimentos legais e organizacionais; • elaboração de diagnóstico das regiões suscetíveis; • definição de responsabilidades entre os órgãos de governo, em ações voltadas à minimização de desastres e assistência e reconstrução de áreas atingidas; • elaboração de plano estratégico que possibilite a articulação da Defesa Civil com os diversos órgãos estaduais e municipais envolvidos. Dotar o Sistema Gestor SERHID/IGARN, o IDEMA, a Defesa Civil Estadual e demais 1.2.5 - Plano Emergencial órgãos estaduais e municipais de para Situações de instrumentos legais de atuação Calamidade Pública imediata e de um planejamento prévio para o enfrentamento de situações de calamidade pública. 98 municipios integrantes da bacia hidrográfica do Rio ApodiMossoró e Piranhas-Açu. Todos os municípios do Estado estão envolvidos neste componente Toda população Estado. Cadastramento de pontos d'água, poços e análise dos resultados; Estudos hidrogeológicos; diagnóstico; mapeamento geológico; avaliação da recarga natural e das reservas do aqüífero; atualização e interpretação do cadastro dos usuários, fontes de contaminação e caracterização geológica. • Elaboração de diagnóstico da área em estudo; • Realização de cadastramento de pontos d'água, de poços; • atualização e interpretação do cadastro dos usuários, corpos d’água, poços tubulares, fontes de contaminação; • caracterização geológica, hidrogeológica e da vulnerabilidade natural dos aqüíferos; • Estudos hidrogeológicos; • avaliação da recarga natural e das reservas do aqüífero. SERHID Será executado do 1º ao 4º ano. O prazo será de a 03 (três) anos e do 07 (sete) meses, tendo início a partir do 5º mês de Programa. SERHID SERHID O componente será executado em 03 (três) anos, iniciando a partir do 2º ano de Programa. SERHID SERHID SERHID SERHID SERHID Será executado no 1º e 2º ano, a num prazo total do de 18 (dezoito) meses, tendo início no quinto mês. Usuários e comunidade pertencentes à bacia do Rio Apodi-Mossoró e Piranhas-Açu. Será executado no 2º e 3º ano de Programa num prazo total de 12 (doze) meses, tendo início no 5º mês O componente será executado a no 3º ano de do Programa num prazo total de 08 (oito) meses. O componente será executado a no 2º ano de do Programa num prazo total de 08 (oito) meses. Usuários e comunidade pertencentes à bacia do Rio Apodi-Mossoró. Toda população Estado O componente será executado no 3º ano de Programa num prazo total de 06 (seis) meses. Operador / Prazo e cronograma de implementação administrador O componente será executado a no 2º e 3º ano de do Programa num prazo total de 24 (vinte e quatro) meses. Toda e populaçã do estado, e em especial os municípios da região do Seridó. Dimensionar as disponibilidades e conhecer as dinâmicas dos aqüíferos do Estado. Em adição, pretende-se identificar novos mananciais, seja para fins de abastecimento local, seja para adicionar vazões em sistemas adutores. População Beneficiada • Diagnóstico e prognóstico; • Rel. sobre processos em uso; • Rel. sobre a satisfação de consumidores, clientes ou usuários dos produtos; • Rel. do modelo de gestão da água e dos equipamentos infra-estruturais do projeto de irrigação; • Rel. do sistema de gestão agronegocial; • Rel. do suporte à implantação e implementação da proposta; • Apresentação das minutas de convênios e contratos. Área de Atuação Bacia Região Município hidrog. hidrog. (s) • diagnóstico e perfil dos empreendedores de projetos de irrigação; • prognóstico da situação desejada; • avaliação de riscos e propostas de gestão de riscos para ganhos em eficiência, bem como sobre os produtos obtidos nas condições atuais e propostas de melhoria da qualidade de produtos e de sub-produtos; • elaboração de minutas com propostas de convênios e/ou de contratos com entidades ou organizações; • capacitação e treinamento; • elaboração de modelo de gestão da água e dos equipamentos infra-estruturais do projeto de irrigação, bem como do sistema de gestão agronegocial; Estado Visa a formulação de estudo que analise formas, meios e procedimentos para o alcance de ganhos de eficiência em Projetos 1.2.3 - Estudos sobre de Irrigação público e privado, na Incentivos para Ganhos Região do Seridó. Os estudos de Eficiência em Projetos incluem o diagnóstico e o perfil dos de Irrigação empreendedores de projetos de irrigação, de modo a orientar a definição dos incentivos mais adequados a serem utilizados. Municípios envolvidos Atividades ou produtos esperados Objetivo Características das ações/intervenções Ação Programada 1.2 Instrumentos de Planejamento 1.2.4 - Estudos 1Hidrogeológicos sobre Gerenciamento Aqüíferos e para dos Recursos Identificação de Novos hídricos Mananciais de Abastecimento Componente IGARN SERHID SERHID SERHID SERHID SERHID SERHID SERHID SERHID IGARN IGARN IGARN IGARN IGARN, IDEMA e Defesa Civil do Estado IGARN e CAERN Secretaria de Estado da Agricultura e do órgão de extensão rural (EMATER) Executor Co-executor 2 - Proteção, Conservação e Melhoria do Aproveitamento dos Recursos Naturais Componente - Objetivo Desenvolver um modelo operacional e definir responsabilidades junto à comunidade para que tais sistemas sejam continuamente operados e mantidos, com o menor número de interrupções, a custos compatíveis. 1.4.4 - Desenvolvimento de Modelos para a Gestão de Sistemas Simplificados de Abastecimento de Água em Pequenas Comunidades • Identificação de experiências no RN e nos demais estados que compõem o Semi-árido brasileiro; • Cadastramento e tipificação das comunidades e dos sistemas; • Inventário dos principais problemas operacionais e a sua recorrência temporal; • Descrição das demandas operacionais e dos requisitos exigidos; • Recomendações p/ que a operação e manutenção local sejam sustentadas, incluindo a estimativa dos custos; • Proposição de capacitação e treinamento. • Identificação de fontes potenciais de receitas; • Desenvolv. de simulações de arrecadação e estudos dos impactos decorrentes da implantação da cobrança; • Estimativa da demanda por investimentos; • Definição de critérios p/ a cobrança pelo uso dos rec.hídricos; • Elaboração do detalhamento da sistemática e dos procedimentos e especificações técnicas e adm. relativas à cobrança; • Proposição de diretrizes p/ a aplicação dos valores arrecadados com a cobrança. • Elaboração de diagnóstico da Prestação dos Serviços; • Especificação dos pontos de controle e da setorização da rede de adutoras; • Estabelecimento de rotinas; • Proposição de estudos Tarifários e Geração de Caixa; • Elaboração de Plano de Administração, Operação e Manutenção; • Elaboração do contrato de Gestão. Características das ações/intervenções incorporar aos municípios um processo permanente e gradual de intervenções no campo do 2.4 Programa de esgotamento sanitário, a partir de Investimentos no Reuso um esforço próprio no sentido de conceber possíveis soluções p/ de Águas Residuais cada localidade e estimular sua implementação, a partir de experiências-piloto. Reduzir os índices de perdas 2.3 - Combate às Perdas físicas nos sistemas, reduzindo os de Água nos Sistemas de custos relacionados e o desperdício Abastecimento Público de água nas áreas urbanas, priorizando as ações mais efetivas. • Rel. do diagnóstico do Sistema; • Rel. do Programa de redução de perdas de faturamento; • Banco de dados; • Realização de campanha de hidrometração; • Rel. do Programa de automação de sistemas. • caracterização e monitoramento da qualidade dos efluentes; • avaliação dos riscos sanitários (solo, culturas, água – operadores, agricultores, animais); • avaliação sistemática da evolução das características do solo; • avaliação das técnicas utilizadas e das práticas de manejo; • avaliação dos rendimentos agronômicos; • avaliação dos impactos e melhorias paisagísticos e climáticos; • avaliação da satisfação e grau de conhecimento da pop. sobre o assunto. • Pesquisa, detecção e reparo de vazamentos em redes urbanas, inclusive campanhas de campo; • Elaboração de Programa de redução de perdas de faturamento; • Realização de recadastramento de usuários; • Realização de campanha de hidrometração; • Elaboração de Programa de automação de sistemas. • elaboração dos TDRs p/ projetos executivos mais complexos; • orientação do projeto, especificação e instalação das estruturas físicas de irrigação; • acompanhamento e orientação das obras e instalações; • interpretação da qualidade dos efluentes e suas potencialidades para reúso; • detalhamento do sist. de monitoramento; • seleção de culturas adequadas às condições locais; • orientação de manejo e treinamento das equipes envolvidas; • audiências e discussões de sensibilização e motivação sobre a prática de reúso; • acompanhamento e avaliação permanente das experiênciaspiloto, orientação para possíveis redefinições de objetivos específicos e intermediação. Município de Caicó, de Serra Negra do Norte e de Florânia • Diagnóstico técnico operacional das adutoras; • • Rel. do diagnóstico técnico operacional Campanhas de detecção de ligações clandestinas; • das adutoras; • Rel. com o Programa de 42 sedes Elaboração de um programa de controle de perdas; • controle de perdas; • Rel. de Plano de municipais e 97 Realização de manutenção das obras; • Treinamento de manutenção das obras; • Programa de localidades treinamento e capacitação. equipe técnica; • Realização de visitas de campo. B. do Rio Cobra: 03 comunidades . B. Rio Una: 04 Comunidades Desenvolver e implementar um programa de controle de perdas 2.2 - Combate às Perdas nos sistemas adutores, visando de Água na Infra-estrutura reduzir as perdas físicas e Hídrica Estadual aumentar a capacidade volumétrica de adução. • Rel. do Plano de Gestão da Bacia, de Recuperação da Mata Ciliar e de monitoramento e fiscalização ambiental, do mapeamento da área; • Rel. do diagnóstico ambiental da área; • Programa de capacitação. • Rel. de definição e da análise de sistemáticas de monitoramento; • Rel. de diagnóstico e definição da estrutura da área de estudos sócioeconômicos; • Rel. de cadastramento das linhas de base; • Equipe técnica capacitada. • levantamento dos principais problemas na bacia; • aumento da cobertura vegetal e recuperação da mata ciliar; • aumento da infiltração de água no perfil do solo; • controle direto do escoamento superficial (run-off); • monitoramento e fiscalização ambiental, e educação ambiental. • Análise de sistemáticas de monitoramento; • Definição de ferramenta de monitoramento de ações e controle dos gastos e sua implementação integrando-a com o Sistema Integrado de Adm. Financeira do Estado; • Elaboração de diagnóstico e definição da estrutura da área de estudos sócioeconômicos; • Definição e cadastramento das linhas de base; • Proposição de capacitação da equipe de monitoramento e avaliação. Visa a recuperação de áreas degradadas localizadas nas 2.1 - Planos e Projetos cabeceiras de rios e córregos, por Piloto de Recuperação de meio da adoção de práticas Micro-bacias Hidrográficas hidroambientais e de conservação dos solos. As demandas serão definidas 1.5.3 - Atendimento de quando do desenvolvimento do Programa de acordo com o Manual Demandas por Estudos Operativo. Visa definir e implantar uma ferramenta de monitoramento e avaliação das ações do Governo, definindo indicadores finalísticos para permitir acompanhar as áreas de monitoramento da pobreza, acompanhamento do Programa e controle de gastos. População Toda população Estado Será executado no 1º e 2º ano, num prazo de 18 (dezoito) meses. Será executado no 2º e 3º ano, num prazo de 17 (dezessete) meses, tendo início no 2º ano. Será executado no 3º e 4º ano, num prazo de 18 meses. Será executado no 3º e 4º ano, num prazo de 20 (vinte) meses, tendo início no 5º mês do 3º ano Será executado a do 1º ao 4º ano. do O prazo será de 03 (três) anos e 8 (oito) meses. Caicó: 57.002 hab Serra Negra do Norte: 7.543 hab. Florânia: 8.978 hab. Toda população Estado 491.966 habitantes 18.802 hab. Toda população Estado SERHID CAERN /SERHID SERHID, CAERN, Prefeitura e particulares CAERN CAERN SERHID SERHID SEPLAN O componente será executado no 4º ano de SERHID/Prefeit Programa num uras Municipais prazo total de 10 (dez) meses. O componente será executado no 1º e 2º ano de a Programa num do prazo total de 11 (onze) meses, tendo início no 5º mês. População da área de implantação do aterro O componente será executado no 1º e 2º ano de Programa num prazo total de 12 (doze) meses, tendo início no 5º mês Será executado no 1º e 2º ano, num prazo total de 20 (vinte) meses, tendo início no 5º mês SERHID/ Comitês de Bacia Operador / Prazo e cronograma de implementação administrador O componente será executado no 1º ano de a Programa num do prazo total de 08 (oito) meses, tendo início no quinto mês. Beneficiada 289.767 habitantes Área de Atuação Bacia Região Município hidrog. hidrog. (s) • Rel. das regras estabelecidas para implantação do Programa; • Rel. de mobilização social; • Rel. das alternativas p/ o modelo de gestão; • Rel. das especificações econômico- 28 Municípios financeira, organizacionais, funcionais, jurídico legal do novo modelo de Gestão, assim como estratégia p/ a sua implantação. Estado 106.000 hab. das adutoras de Serra do Santana e Alto Oeste Municípios envolvidos Rel. I - Diagnóstico; Rel. II – Plano de Administração, Operação e Manutenção – Preliminar; 35 Municípios Rel. III – Plano de Administração, Operação e Manutenção - Final; Planos invest. p/ os comitês instituídos; critérios de cobrança; diretrizes de aplicação dos rec. arrecadados; documentação legal que dê suporte ao sist. de cobrança; Manual de Operacionalização da Cobrança; estudos econômicos e simulação dos impactos nos diversos setores e regiões. Atividades ou produtos esperados Elaborar estudos para implantação de aterro sanitário e Consórcio do litoral Sul, do Seridó, da Remediação do Lixão da cidade de Mossoró e Implantação alternativas de implantação de Região Serrana e de Assu implantados 1.5.1 - Estudos e Projetos do Consócio e Aterro Sanitário do Litoral Sul, do Seridó Remediação do lixão de Mossoró 36 Municípios distinação final por meio de de Resíduos Sólidos (entorno de Caicó), da Região Serrana (Pau dos Ferros) e do implementado; consórcios. Desenvolver Assu. tecnologias para a geração e aproveitamento dos gases. Visa desenvolver de modelos de gerenciamento operacional dos sist. adutores, de modo a automatizar as rotinas e procedimentos, a manutenção e reparos periódicos. 1.4.3 - Desenvolvimento de Modelos para a Operação de Sistemas Adutores Visam a identificar fontes potenciais 1.4.2 - Identificação e de receitas voltadas à Gestão dos Estudos sobre Fontes de Rec. Hídricos, com ênfase sobre a Receitas voltadas à cobrança pelo uso da água, como Gestão dos Recursos também a mensurar as demandas Hídricos por investimentos no setor. Ação Programada 1.5 - Estudos e 1.5.2 - Implantação do Projetos Sistema de Avaliação e Especiais Monitoramento de Programas do Estado do Rio Grande do Norte 1.4 Instrumentos de Operação SubComponente CAERN CAERN CAERN SERHID SEPLAN IDEMA SERHID CAERN SERHID SERHID SERHID Secretaria da Agricultura, IDEMA e CAERN IDEMA IGARN e a CAERN SERHID IGARN Executor Co-executor 4Gerenciamento do Programa 3 - InfraEstrutura Hídrica Componente - Acompanhamento dos resultados do Programa, a partir de um quadro de indicadores de monitoramento que contemple aspectos físicos e sociais, operacionais, institucionais e financeiros, cujas metas anuais sejam consignadas como resultados a serem atingidos. Definição da metodologia e do escopo dos trabalhos a serem desenvolvidos visando a elaboração. Estabelecimento de estratégias p/ a implementação do Programa, utilizando técnicas de comunicação 4.4 - Plano de Divulgação que envolva a comunidade p/ o e Comunicação Social do entendimento e aceitação do Programa Programa, além de subsidiar a mobilização social no trabalho de Educação Ambiental. 4.3 - Apoio à Preparação da Segunda Etapa do Programa 4.2 - Sistemática de Monitoramento e Avaliação do Programa 4.1 Unidade Gerenciamento Programa Acompanhamento da execução do Programa por meio do Executor e dos Co-executores, por meio de um de arranjo institucional que permitao do envolvimento de órgãos públicos e da sociedade, além do gerenciamento das atividades rotineiras pelo período de implementação do Programa. 3.4 - Projeto Visa recuperar e modernizar as Piloto de 3.4.1 - Recuperação e tecnologias de perímetros irrigados, de propiciando a ampliação e/ou a Modernização Modernização substituição de cultivos, priorizando de Perímetro Perímetros Irrigados a região do Seridó. Irrigado Dar continuidade às ações que vêm sendo empreendidas, pelo 3.3.3 - Sistemas de Governo, voltadas à ampliação da Abastecimento em oferta de água para abastecimento Pequenas Comunidades da população em pequenas comunidades rurais. - 3.3.2 Visa dar continuidade ao Programa 3.2.2 - Ampliação da de adutoras, ampliando ou Capacidade de Sistemas construindo novas infra-estruturas, em regiões que apresentem Adutores prioridade. B. Apodi/Mossoró: 49 Municípios B. Piranhas/Açu: 38 Municípios Rel. do diagnóstico da situação das obras; Rel.com os resultados da avaliação e medidas de recuparação das estruturas físicas; Banco de dados do sistema de informações; Rel.fotográfico das obras avaliadas. Municípios das regiões do Seridó e do Alto Oeste Potiguar. População Será executado nos quatro anos de Programa. O componente será executado do 1º ao 4º ano de Programa. Será executado do 1º ao 4º ano. O prazo será de 3 (três) anos e 8 (oito) meses, tendo início a partir do 5º mês Será executado do 1º ao 4º ano.O prazo será de 3 (três) anos e 8 (oito) meses. A Estratégia de Comunicação e Divulgação, Educação Ambiental e Mobilização Comunitária proposta deverá alertar sobre o uso dos recursos hídricos da região buscando, dessa forma, o incremento da consciência pública e a promoção da capacitação, que objetiva a adequação das atitudes do público alvo. (i) Campanha Publicitária de Sensibilização e Implantação: Mídia impressa e Mídia Eletrônica; (ii) Campanha Publicitária de Implantação e Consolidação: Mídia Impressa e Mídia Eletrônica. Será executado nos quatro anos de Programa. a Será executado do no 4º ano de Programa. SERHID SERHID SERHID SERHID Associações Irrigantes SERHID/ ADESE SERHID EMATER e SETHAS CAERN SERHID EMATER SERHID SERHID SERHID SERHID SEPLAN, SAPE, IGARN, CAERN, EMATER-RN, IDEMA, EMPARN e AUAs; Comitês de B. Hidrog. Sec. de Estado da SERHID e o Agricultura IGARN / EMATER SERHID SERHID SERHID EMATER Será executado do 2º ao 4º ano.O prazo será de 03 (três) anos. CAERN SERHID SERHID SERHID EMATER Executor Co-executor Será executado do 1º ao 4º ano. SERHID/CAER O prazo será de N 3 (três) anos e 3 (três) meses. Será executado do 1º ao 4º ano.O prazo será de 03 (três) anos e 02 (dois) meses. O componente será executado do 1º ao 4º ano de Programa. Operador / Prazo e cronograma de implementação administrador Toda população Estado. 20.562 hab. 20.190 hab. População rural e usuários das regiões do Seridó e do Alto Oeste Potiguar. 23.399 hab. Apodi/Mossoró: 559.280 hab Piranhas/Açu: 419.710 hab. Litorâneas: 1.194.196 hab. População rural e usuários das regiões do Seridó e do Alto Oeste Potiguar Beneficiada Carta-Consulta à COFIEX, rel. de Elaboração de Carta-Consulta à COFIEX e posterior identificação, avaliação, orçamento e acompanhamento da preparação da 2ª fase junto ao Banco estudos provenentes das discussões Mundial. entre SERHID e B. Mundial. Área de Atuação Bacia Região Município hidrog. hidrog. (s) Será executado 2.852.800 hab. nos quatro anos de Programa. Todos os municípios do Estado, em especial os que estão envolvidos diretamente no Programa. 23 familias Estado Manutenção de banco de dados atualizado da evolução da execução do Implantação de um Sistema de informações Gerenciais, Programa, além de elaboração de custumizado para as características específicas do pesquisa de Marco Zero para permitir o Programa, que possam permitir a emissõa de relatórios físicoacompahamento de endicadores financeiros de desempelho e de monitoramento dos dedesempenho. Produtos: relatórios indicadores escolhidos. periódicos de andamento e de avaliação do Programa. de do Recuperação de estruturas e obras hidráulicas, reconvertendo sistemas de irrigação "gastadores de água", em sistemas "poupadores", mais eficientes. • Estudos de reabilitação dos sist. de abastecimento; • Rel. de tecnologias 77 apropriadas para abast. em pequenas comunidades; • Rel. dos custos de comunidades implantação parcial de sistemas; • Programa de mobilização social. • Rel. dos custos de recuperação e manutenção dos equip.; • Plano de implantação e implementação de sist. de dessalinização; • Rel. de tecnologias p/ aproveitamento de rejeitos; • Programa de treinamento. • Rel. contendo diagnóstico das áreas prioritárias; • Rel. de análise econômica das obras hidráulicas; • Implantação das barragens subterrâneas. Implantação e implementação de adutoras e de ramais. Relatório do 07 Municípios diagnóstico do sistema de adução de Monsenhor Expedito. Municípios das regiões do Seridó e do Alto Oeste Potiguar. Municípios envolvidos • Rel. de critérios de priorização na escolha dos locais de construção; • Plano estratégico de implantação; • Rel. de análise econômica; • Implantação de 580 barramentos assoreadores. Atividades ou produtos esperados (i) Conselho Gestor, constituído por responsáveis de órgãos e instituições integrantes do Programa:SERHID, SEPLAN, SAPE, IGARN, CAERN, EMATER-RN, IDEMA-RN, EMPARN e Associações de Usuários da Água (AUAs); Atas de Reuniões e relatórios Comitês de Bacia Hidrográfica e (ii) UGP, responsável, no acompanhamento da execução âmbito da SERHID, pelas atividades do Conselho Gestor e Programa. pela execução dos Componentes que estão sob responsabilidade da própria Secretaria, em articulação com as áreas com competências específicas. • Reabilitação e implantação de sist. de abastecimento; • Proposição para instalação de dessalinizadores e painéis fotovoltaicos; • Implantação de cisternas de placas; • Implantação parcial de sistemas (extensão de redes, reforço de reservação e adução); • Elaboração e execução de projetos e obras dos sist.; • Mobilização social, treinamento e capacitação. elaboração de diagnósticos sobre as condições da infraestrutura e da operacionalidade dos perímetros irrigados de Itans e Cruzeta; - revisão das oportunidades de plantio p/ diferentes alternativas de cultivo; - estudo de alternativas de técnicas de irrigação, para fins de investimento na modernização dos referidos perímetros. • Elaboração de diagnóstico de situação dos sistemas; • Implantação e implementação de sistemas de dessalinização; • Proposição de recuperação e manutenção de equipamentos; • Proposição de aproveitamento de rejeitos; • Realização de treinamento e capacitação. 3.2 - Novas Estruturas Hídricas Implantar um programa de obras hidráulicas simples nas micro2.5 Programa de bacias da região do semi-árido, pequenas obras de visando a diminuição dos impactos retenção de sedimentos ambientais por meio de técnicas de construção de barramentos assoreadores. Visa promover intervenções de recuperação de estruturas 3.1 - Obras de 3.1.1 - Programa de hidráulicas e de fornecer um Conservação e Conservação e diagnóstico da situação das obras Reabilitação de Reabilitação da Infrade infra-estrutura, visando a sua Estruturas estrutura Hídrica Estadual recuperação e operação com maior Existentes grau de segurança. 3.3 Programa "Água Beber" Características das ações/intervenções Visa ampliar a oferta de água nas comunidades onde a escassez de - Ampliação da rec. hídricos representa uma Rede de Dessalinizadores barreira ao desenv. econômico e de social. Objetivo Visa, por meio da construção de pequenas obras hidráulicas, 3.3.1 - Construção de assegurar condições para a Obras Hidroambientais preservação das micro-bacias da região semi-árida do Estado. Ação Programada • Levantamento/seleção de locais com atuação de outros programas do estado; • Estabelecimento de critérios de priorização na escolha dos locais; • Elaboração de estratégias de implantação; • Elaboração de análise econômica; • Treinamento; • Construção de 580 barramentos assoreadores, prioritariamente nas regiões do Seridó e do Alto Oeste Potiguar. Atualização dos diagnósticos da situação da infra-estrutura hídrica do Estado; realização de avaliação e medidas de recuperação ou substituição de estruturas físicas das obras hídricas; atualização das fichas dos novos açudes construídos; avaliação do grau de comprometimento da estabilidade das obras em função dos problemas identificados Executar o reforço no sistema de produção da Adutora Monsenhor Expedito, bem como a construção de ramais p/ atender as bacias próximas. Elaboração de estudos com vistas a mensurar o impacto ambiental na Lagoa e no impacto ambiental no aqüífero e comprovar viabilidade econômica de ampliação. • Levantamento das áreas prioritárias para construção das barragens; • Elaboração de diagnóstico das áreas de interesse; • Treinamento de equipe de trabalhadores; • Realização de análise econômica; • Construção de 80 barragens subterrâneas. SubComponente ¾ quanto ao gerenciamento da execução do Programa: conferir o apoio de consultores especializados ao planejamento e controle da implementação do programa, inclusive no que tange à definição dos indicadores adequados aos objetivos de execução física e financeira, de consecução das metas ambientais e dos objetivos de cunho institucional; antecipar-se às demandas decorrentes da preparação da segunda etapa do programa; e, empreender às ações de comunicação social que venham a facilitar o atingimento dos objetivos pretendidos. Visando o alcance dos objetivos propostos e de metas previstas foi elaborada uma Rede de Precedência (figura 2.10), onde se observa o encadeamento lógico das ações previstas. 2.3.3. Princípios das ações do Programa na Região do Seridó Na tabela 2.15 são mostradas apenas as intervenções que dizem respeito ao Seridó, de forma direta. Em geral, são sub-componentes dos componentes “Proteção e Conservação dos Recursos Naturais” e “Infra-Estrutura Hídrica”, visto que as intervenções do componente de “Gerenciamento dos Recursos Hídricos” dizem respeito ao estado como um todo e as intervenções do Componente “Gerenciamento do Programa” são necessárias à implantação do Programa completo. Tabela 2.15 – Intervenções Previstas para a Região do Seridó Componente 1 – Gerenciamento dos Recursos Hídricos Sub-componente 1.2 – Instrumentos de Planejamento 1.2.2 – Estudos de Usos Múltiplos – Gestão de Reservatórios Sub-componente 1.4 – Instrumentos de Operação 1.4.4 – Desenvolvimento de Modelos para a Gestão de Sistemas Simplificados de Abastecimento de Água em Pequenas Comunidades Sub-componente 1.5 – Estudos e Projetos Especiais Componente 2 – Proteção, Conservação e Melhoria do Aproveitamento dos Recursos Naturais 2.1 – Planos e Projetos-Piloto para Recuperação de Micro-bacias Hidrográficas 2.4 – Programa de Investimentos em Reuso de Águas Residuais 2.5 – Programa de Barragens Assoreadoras Componente 3 – Infra-estrutura Hídrica Sub-componente 3.1 – Obras de Conservação e Reabilitação de Estruturas Existentes 3.1.1 – Programa de Conservação e Reabilitação da Infra-estrutura Hídrica Estadual Sub-componente 3.2 – Novas Estruturas Hídricas Sub-componente 3.3 – Programa “Água de Beber” 3.3.1 – Construção de Obras Hidroambientais 3.3.2 – Programa de Manutenção e Ampliação da Rede de Dessalinizadores 3.3.3 – Implantação de Sistemas de Abastecimento de Água em Pequenas Comunidades Sub-componente 3.4 – Projeto Piloto de Modernização de Perímetro Irrigado 3.4.1 – Recuperação e Modernização de Perímetros Irrigados 36 Figura 2.10 - Programa de Desenvolvimento Sustentável e Convivência com o Semi-árido Potiguar - Rede de Precedência Componentes e Subcomponentes ANO I 1 2 3 4 5 6 7 ANO II 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 ANO III 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 ANO IV 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 Componente 1 - Gerenciamento dos Recursos Hídricos Sub-componente 1.1 - Aspectos Legais e Institucionais 1.1.1 - Estudos de Estratégia Institucional e Planejamneto institucional do Sistema Gestor SERHID-IGARN e de Atualização e Adequação do Arcabouço Legal para Gestão dos Recursos Hídricos do Rio Grande do Norte. 1.1.2 – Definição de Estratégias e Proposta de Política para o Reuso da Água 1.1.3 – Definição de Estratégias e Proposta de Política para Irrigação 1.1.4 – Programas de Capacitação, Treinamento e Reforço Institucional do Sistema Gestor SERHID - IGARN 1.1.5 – Apoio à Instalação de Comitês de Bacia e à Formação de Associações de Usuários da Água (AUAs) 1.1.6 – Implementação do Plano Diretor de Informática (PDI) 1.1.7 - Programa de Uso Racional e Economia de Água Sub-componente 1.2 - Instrumentos de Planejamento 1.2.1 – Projeto de Revisão e Atualização do Plano Estadual de Recursos Hídricos 1.2.2 – Estudos de Usos Múltiplos da Infra-estrutura Hídrica Estadual 1.2.3 – Estudos sobre Incentivos para Ganhos de Eficiência em Projetos de Irrigação 1.2.4 – Estudos Hidrogeológicos e Hidrodinâmicos sobre Aqüíferos e Novos Mananciais de Abastecimento 1.2.5 – Plano Emergencial para Situações de Calamidade Pública em Recursos Hídricos 1.2.6 – Elaboração de Atlas de Recursos Hídricos e Ambientais do Rio Grande do Norte 1.2.7 – Elaboração de Planos de Bacias Sub-componente 1.3 - Instrumentos de Informação 1.3.1 – Implantação da Rede de Monitoramento QualiQuantitativo dos Recursos Hídricos e Sistemática de Monitoramento e Operação da Infra-estrutura Hídrica Estadual 1.3.2 – Sistema Integrado de Informações sobre Recursos Hídricos Sub-componente 1.4 - Instrumentos de Operação 1.4.1 – Fortalecimento da Outorga e de Fiscalização de Direitos de Uso da Água 1.4.2 – Estudos sobre Fontes de Receitas e Custos do Sistema de Gestão dos Recursos Hídricos 1.4.3 – Desenvolvimento de Modelos para a Gestão da Operação de Sistemas Adutores 1.4.4 – Desenvolvimento de Modelos para a Gestão de Sistemas Simplificados de Abastecimento de Água em Pequenas Comunidades Sub-componente 1.5 - Estudos Especiais 1.5.1 – Estudos e Projetos de Resíduos Sólidos 1.5.2 – Implementação do Sistema de Monitoramento e Avaliação de Programas de Governo 1.5.3 – Elaboração de Estudos por Demandas Componente 2 -Proteção, Conservação e Melhoria do Aproveitamento dos Recursos Naturais 2.1 – Planos e Projetos-Piloto para Recuperação de Micro-bacias Hidrográficas 2.2 – Combate às Perdas de Água na Infra-estrutura Hídrica Estadual 2.3 – Combate às Perdas de Água nos Sistemas Públicos de Abastecimento 2.4 – Programa de Investimentos em Reuso de Águas Residuais. 2.5 – Programa de pequenas obras de retenção de sedimentos Componente 3 -Infra-estrutura Hídrica Sub-componente 3.1 - Obras de Conservação e Reabilitação de estruturas Existentes 3.1.1 – Programa de Conservação e Reabilitação da Infraestrutura Hídrica Estadual Sub-componente 3.2 - Novas Estruturas Hídricas 3.2.1 – Construção de Obras de Ampliação da Capacidade de Sistemas Adutores Existentes Sub-componente 3.3 - Programa de Abastecimento de de Pequenas Comunidades 3.3.1 – Construção de Obras Hidroambientais 3.3.2 – Programa de Manutenção e Ampliação da Rede de Dessalinizadores e Painéis Solares 3.3.3 – Implantação de Sistemas de Abastecimento de Água em Pequenas Comunidades Sub-componente 3.4 - Projeto Piloto de Modernização de Perímetros Irrigados 3.4.1 – Recuperação e Modernização de Perímetros Irrigados Componente 4 -Gerenciamento do Programa 4.1 – Unidade de Gerenciamento do Programa 4.2 – Sistemática de Monitoramento e Avaliação do Programa 4.3 – Apoio à Preparação da Segunda Etapa do Programa 4.4 – Plano de Divulgação e Comunicação Social do Programa 0 0 0 0 8 9 10 11 12 3. MARCO LEGAL E INSTITUCIONAL 3.1. Secretaria de Estado dos Recursos Hídricos - SERHID 3.1.1. Atribuições Legais e Competências As competências da SERHID determinadas pela Lei Complementar 163/99 e reproduzidas pelo Decreto nº 14.323/99 são as que se seguem: formular, implantar e avaliar as políticas e os programas estaduais de recursos hídricos; coordenar as políticas de recursos hídricos do estado; promover e executar ações para exploração e preservação dos recursos hídricos no estado; representar o Estado no Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e gerir os recursos hídricos que se incluem entre os bens do estado; elaborar estudos, planejar pesquisas e programas, gerenciar projetos, executar obras relativas à oferta de água e realizar a gestão dos recursos hídricos do estado; e, articular-se com órgãos e entidades nacionais e internacionais de sua área de atuação. As competências da SERHID no SIGERH, de acordo com a Lei nº 6.908/96, complementadas pelo Regulamento da Secretaria de Recursos Hídricos estabelecido pelo Decreto nº 13.285/97, são, entre outras, as seguintes: formular políticas e diretrizes para o gerenciamento dos recursos hídricos do estado; coordenar, supervisionar, planejar e executar as atividades concernentes aos recursos hídricos; promover estudos de engenharia e econômicos dos recursos hídricos do estado; implantar e manter banco de dados sobre os recursos hídricos do estado; controlar, proteger e recuperar os recursos hídricos nas bacias hidrográficas do estado; elaborar e manter atualizado o Plano Estadual de Recursos Hídricos; analisar as solicitações e expedir as outorgas do direito de uso dos recursos hídricos, efetuando a sua fiscalização; exercer poder de polícia relativo aos usos dos rec. hídricos e aplicar as sanções aos infratores; implantar, operar e manter redes de estações de dados hidrológicos e pluviométricos; elaborar estudos visando a fixação de critérios e normas quanto à permissão e uso racional dos recursos hídricos; estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso dos recursos hídricos, fixar os valores a serem cobrados e as respectivas multas por inadimplência; efetuar a cobrança pelo uso da água e aplicar as multas por inadimplência; estabelecer e implementar as regras de operação da infra-estrutura hídrica existente. 3.1.2. Estrutura Organizacional A atual estrutura da SERHID, estabelecida pelo Regulamento da Secretaria de Recursos Hídricos (Decreto nº 13.285/97), além do Decreto nº 14.323/99 e Portarias nº 005/99 e nº 006/99, é a seguinte: A Secretaria conta atualmente com 138 funcionários. O quadro de lotação de cargos comissionados totaliza 13 pessoas, além de 5 técnicos para o Grupo Gestor do PROÁGUA e 3 titulares e 3 suplentes para a Comissão de Licitação e de Seleção de Consultores do PROÁGUA. 38 Figura 3.1 - Organograma da Secretaria de Recursos Hídricos, em 1999 SECRETÁ RIO ASSESSO RIA JURÍDICA G ABINETE DO SECRETÁRIO ASSESSO RIA DE IMPRENSA ASSESSO RIA TÉCNICA SEC RETÁR IO AD JU N TO USAG COORDENADO RIA DE INFRAEST RUT URA SUBCOO RDENADORIA DE O BRAS SUBCOO RDENADO RIA DE ESTUDOS E PROJETOS U SFP COO RDENADORIA DE GEST ÃO DE RECURSO S HÍDRICOS SUBCOO RDENADORIA DE PLANEJAM ENTO SUBCOO RDENADO RIA DE OPERAÇÃO 3.2. Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte IDEMA 3.2.1. Atribuições Legais e Competências A Lei Complementar nº 163/99 estabelece as seguintes competências para o IDEMA: produzir e difundir informações técnicas e estatísticas pertinentes ao conhecimento da realidade estadual; realizar estudos e pesquisas necessários à atividade do planejamento público estadual; conduzir o licenciamento ambiental no estado com base na legislação ambiental vigente; formular, coordenar, executar e supervisionar a política estadual de preservação, conservação, aproveitamento, uso racional e recuperação dos recursos ambientais; fiscalizar o cumprimento das normas de proteção, controle, utilização e recuperação dos recursos ambientais, aplicando as penalidades disciplinares e/ou compensatórias às infrações; exercer outras atividades correlatas. 3.2.2. Estrutura Organizacional A estrutura organizacional do IDEMA estabelecida pelo Regulamento Interno aprovado pelo Decreto nº 14.338/99, conforme figura 3.2, é a que segue abaixo. O IDEMA possui 451 funcionários, sendo 269 ativos e 182 inativos. Dos ativos 134 está cedida a outros organismos públicos e 135 estão locados no Instituto. Além destes, há 81 funcionários de outros organismos públicos estaduais à disposição do Instituto e 70 estagiários, totalizando 286 pessoas. 3.2.2.1. Receitas, Despesas, Patrimônio e Meios Os Artigos 28 a 31 do Regulamento do IDEMA tratam da receita do Instituto composta por três fontes: repasses do Tesouro do Estado, transferência de convênio e remuneração basicamente por licenciamentos ambientais. 39 Figura 3.2. Estrutura Organizacional do IDEMA C O N SELHO D E A D M IN IS T R A Ç Ã O D IR E T O R IA G ERAL S E C R E T A R IA E X E C U T IV A D IR E T O R IA T É C N IC A E A D M IN I S T R A T IV A U N ID A D E IN S T R U M E N T A L D E F IN A N Ç A S E C O N T A B IL ID A D E U N ID A D E IN S T R U M E N T A L D E A D M IN IS T R A Ç Ã O G ERAL G R U P O A U X IL IA R DE RECURSO S HUM ANO S C O O R D E N A D O R IA D E M E IO A M B IE N T E S U B C O O R D E N A D O R IA D E PLAN EJAM EN TO E E D U C A Ç Ã O A M B IE N T A L S U B C O O R D E N A D O R IA D E L IC E N C IA M E N T O E C O N T R O L E A M B IE N T A L G R U P O A U X IL IA R D E A D M IN IS T R A Ç Ã O G ERAL C O O R D E N A D O R IA D E E S T U D O S S Ó C IO E C O N Ô M IC O S S U B C O O R D E N A D O R IA D E G E R E N C IA M E N T O C O S T E IR O 3.3. Capacidade Institucional dos Órgãos Ambos os órgãos, SERHID e IDEMA apresentam problemas e limitações de ordem institucional e legal que necessitam ser equacionados visando um aperfeiçoamento na atuação dessas entidades face as suas respectivas competências legais. No âmbito de elaboração do Programa foram conduzidas avaliações dos aspectos institucionais dos referidos órgãos que apontaram para problemas comuns a instituições públicas dessa natureza, como: limitações no quadro funcional tanto sobre o ponto de vista da sua composição (efetivação de funcionários, criação de quadros próprios, etc), quanto nos aspectos relacionados ao numero limitado de servidores para responder pelas atribuições legais; limitações de recursos materiais e financeiros para responder ao cumprimento pleno das suas funções técnicas e administrativas; baixa (ou reduzida) capacidade de atendimento as demandas legais e as expectativas da sociedade civil em função das limitações citadas anteriormente; e, ausência de coordenação institucional entre os diversos entes públicos visando minimizar a sobreposição de funções e atividades e otimizar os esforços nas respectivas áreas (meio ambiente e gestão de recursos hídricos). O arcabouço legal de ambos os setores encontra-se estruturalmente adequado, merecendo, em alguns aspectos, detalhamentos pontuais visando explicitar conceitos e critérios, como no caso de licenciamento ambiental de atividades pré-existentes à legislação vigente (licenciamento corretivo ou de regularização). No Capítulo 4 são apresentadas as propostas de fortalecimento institucional desses órgãos e relacionadas com as questões ambientais e suas interfaces com a gestão de recursos hídricos. Com relação à questão dos recursos hídricos e as competências e atuações da SERHID, o Programa prevê a implementação de um estudo denominado de “Estratégia Institucional e do Planejamento 40 Organizacional do Sistema Gestor SERHID – IGARN e da Atualização e Adequação do Arcabouço Legal para a Gestão dos Recursos Hídricos do Rio Grande do Norte”. Com relação ao IDEMA, o Instituto está procedendo a contratação de consultoria técnica especializada visando fortalecimento institucional objetivando “aperfeiçoar, mediante adequado suporte técnicocientífico, as ações desenvolvidas na proteção, controle, acompanhamento, divulgação e recuperação da qualidade ambiental do estado, de modo a compatibilizar o seu desenvolvimento socioeconômico com a preservação dos recursos naturais”9. 3.4. Arranjo Institucional do Programa A SERHID para fazer frente à implementação das ações previstas pelo Programa está se estruturando de maneira sustentável, visando garantir a correta implementação das atividades previstas e a consecução das metas estabelecidas. Nesse sentido, está prevista a seguinte estrutura para a implementação do Programa, conforme mostrado na figura 3.3. As principais características e atribuições das áreas principais que comporão a UGP estão apresentadas e comentadas a seguir. 1. Conselho Gestor: Considerando a multiplicidade das funções e atividades do Programa, e, também, as várias áreas envolvidas no mesmo, propõe-se a formação de um Conselho Gestor, com funções deliberativas, de macro planejamento e articulação do Programa como um todo. Esse Conselho será a instância máxima de decisão do Programa. O Conselho Gestor do Programa deverá desempenhar tarefas de articulação intra-programa, ou seja, estabelecer as inter-faces entre os co-executores, e externa ao programa com os demais Conselhos Estaduais diretamente relacionados com a temática do Programa, como por exemplo, Conselho de Conselho de Recursos Hídricos e Conselho de Meio Ambiente. Em linhas gerais, o Conselho Gestor desempenhará os seguintes papéis na implantação do Projeto: (i) servirá como um fórum para integrar o Programa com a estratégia de desenvolvimento do Estado; (ii) apreciará e aprovará o POA (Plano Operativo Anual) cujas propostas serão submetidas pela Coordenação Geral da UGP; (iii) fará o acompanhamento do desempenho global da implantação do Programa no Estado e recomendará medidas que permitam o seu aperfeiçoamento. 2. UGP – Unidade de Gerenciamento do Programa Responsável pela coordenação executiva e a administração geral do Programa e vinculada a SERHID. A UGP será composta por uma Coordenação Geral, uma Assessoria Técnica (incluindo a Assessoria Ambiental, de Comunicação e Jurídica) e 04 (quatro) gerentes de áreas: Gerente de Gestão, Gerente de Conservação e Proteção, Gerente de Infra-estrutura e Gerente Administrativa Financeira e Contábil, conforme a figura 3.3. Com relação ao arranjo institucional previsto para o Programa podem ser destacados, como positivos os seguintes aspectos: a estruturação participativa com grau adequado de representatividade das diversas entidades públicas intervenientes, direta ou indiretamente, conferindo assim uma maior legitimidade às ações a serem implementadas; a participação assegurada de representantes da sociedade civil diretamente vinculados ao tema principal do Programa, assegurando a disseminação das informações e a consolidação de um canal de contribuição importante para o Programa e que está em conformidade com as diretrizes do Banco Mundial (disponibilização de informações, participação comunitária, etc); e ainda, a correta distribuição de atribuições técnicas (na forma de Gerências) de acordo com os temas de cada componente do Programa contribuindo para uma maior eficiência na condução das atividades previstas. 9 Obtido do documento: Termo de Referência para o Desenvolvimento do Programa de “Fortalecimento Institucional do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte – IDEMA” 41 Figura 3.3 – Estrutura Proposta para Implementação do Programa Conselho Gestor do Programa Câmara Gestora CPL Coordenação Geral UGP Apoio ao Gerenciamento Assessoria Técnica Gerência de Gestão Órgãos co-executores dos projetos do Componente 1 Gerência de Conservação e Proteção Órgãos co-executores dos projetos do Componente 2 Gerência de InfraEstrutura Gerência Administrativa Financeira Órgãos co-executores dos projetos do Componente 3 Como recomendação destaca-se a necessidade de concentrar as ações ambientais definidas no Plano de Gerenciamento Ambiental (Capítulo 5, Anexo 1) dentro da Assessoria Técnica – por meio da Assessoria Ambiental – que se encarregaria de coordenar as diversas medidas previstas no PGA tanto para execução de obras como na necessidade de articulação (interna e externa) na execução de atividades como educação ambiental e comunicação social. 4. AVALIAÇÃO AMBIENTAL 4.1. Avaliação dos Objetivos e Metas do Programa Tendo como referência a problemática estadual em relação ao gerenciamento dos recursos hídricos e questões ambientais relacionadas, descrita e analisada ao longo desse relatório, constata-se que há um grande e complexo campo de atuação no Estado do Rio Grande do Norte, em situações críticas nas relações entre desenvolvimento regional, gestão dos recursos hídricos e do meio ambiente e as questões sociais, onde predominam características abrangentes e acentuadas de pobreza das populações que habitam o semi-árido potiguar. Para problemas dessa ordem há dificuldades institucionais e financeiras bastante desafiadoras, na medida em que as ações requeridas exigem forte cooperação entre organizações públicas diversas, e dessas com a sociedade civil, como também, em muitos casos, com agentes privados. Nessa perspectiva, o esquema que segue procura sistematizar as articulações entre o desenvolvimento regional e a gestão do meio ambiente, com interesse especial para os recursos hídricos, em cujo contexto devem ser situados os quadros sociais críticos de pobreza que se quer enfrentar. 42 Esquema Geral de Análise da Integração entre Desenvolvimento Regional, Meio Ambiente e Recursos Hídricos e Questões Sociais Tensão da Sustentabilidade Desenvolvimento Regional Meio Ambiente Água como essencial aos ecossistemas Recursos hídricos como insumo Espaço de Variáveis Supervenientes à Gestão dos Recursos Hídricos Saneamento Indústria Energia Irrigação Navegação Lazer Outros Espaço de Variáveis Próprias a Setores Usuários Intervenientes à Gestão dos Recursos Hídricos Do esquema depreende-se que as questões ambientais são suscitadas quando se pensa nas relações de apropriação dos recursos naturais (água tornada recurso hídrico), empreendidas por determinada sociedade sobre o seu respectivo espaço geográfico. Essas relações de apropriação, relacionadas a esforços para a promoção do desenvolvimento regional, geram impactos sobre o território (tensão da sustentabilidade), conformando variáveis supervenientes à gestão dos recursos hídricos, na medida em que os problemas de disponibilidade quantitativa e qualitativa das águas estarão referidos à demandas da produção e do consumo regional e/ou a aspectos de conservação/preservação do meio ambiente. Por outro lado, essas relações de apropriação são operadas por diferentes setores (saneamento, indústria, irrigação, geração de energia, etc.), caracterizando outras variáveis, dessa vez, intervenientes na gestão dos recursos hídricos, algumas das quais associadas à prestação de serviços à população. Para o Programa em questão, o interesse maior recai nas interfaces com o setor do saneamento básico (mais ainda sobre o abastecimento de água potável), cujas demandas por investimento apresentam sobreposições importantes com muitos dos componentes e projetos pretendidos. Para além dos aspectos regulatórios envolvidos (eficiência da prestação de serviços de saneamento quanto a utilização das disponibilidades hídricas), a atuação do setor usuário saneamento ganha relevância no estabelecimento de políticas compensatórias voltadas aos extratos mais pobres da população, na dimensão direta das preocupações do Programa com as questões sociais (desenvolvimento humano e saúde pública), notadamente dos que habitam o semi-árido potiguar. Em adição, considerando-se a perspectiva de usos múltiplos dos recursos hídricos (até em razão de sua escassez no semi-árido), as intervenções do Programa não podem se esquivar do equacionamento de demandas derivadas da irrigação, seja para grandes empreendimentos que propiciam a geração de empregos e renda, seja para fins de cultivos para a subsistência de pequenas comunidades e da população rural dispersa. 43 Contudo, os desafios de implementar o Programa mediante uma perspectiva integrada não são triviais e requerem uma base institucional e legal consistente e inovadora, em termos da forma como atuam os poderes públicos. Em termos concretos, a abordagem integrada proposta revela a sua procedência quando se observa que a construção do Sistema de Adutoras do Rio Grande do Norte tem resultado em movimentos que reordenam a localização de populações rurais dispersas e o adensamento de pequenas comunidades ao longo das linhas de adução de água potabilizada, agregando continuamente novos ramais ao traçado originalmente previsto. Fica assim demonstrado, de modo inequívoco, que a água é um fator importante para o (re)ordenamento das populações sobre o território estadual, fato que está sendo considerado na implementação dos projetos previstos pelo Programa de Desenvolvimento Sustentável e Convivência com o Semi-árido Potiguar. Na tabela 4.1 é apresentada, de forma sintética, a resposta do Programa aos desafios que se impõe ao gerenciamento de recursos hídricos escassos, de forma a atender, ao longo dos próximos anos e com maior eficiência, às demandas da sociedade pela gestão eficiente e sustentável dos recursos naturais do território, em prol do seu desenvolvimento social. As políticas de proteção ambiental utilizadas no âmbito do Programa, em atendimento à legislação federal, estadual e às salvaguardas do Banco Mundial, além das práticas conservacionistas previstas em componentes e sub-componentes, bem como a intensificação das relações inter-institucionais com diferentes órgãos da esfera estadual, são um passo importante para a busca da sinergia entre ações de gerenciamento dos recursos e outras políticas setoriais de governo. 4.2. As Políticas de Salvaguarda do BIRD e as Ações do Programa O presente item aborda a incidência das Políticas de Salvaguarda do Banco Mundial face as intervenções previstas pelo programa. As Políticas de Salvaguarda consideradas foram: OP 4.01 (Avaliação Ambiental) OP 4.04 (Ambientes Naturais) OP 4.09 (Controle de Pragas e Parasitas) OP 4.12 (Reassentamento Involuntário) OD 4.20 (População Indígena e Tradicional) OP 4.37 (Segurança de Barragens) OPN 11.03 (Propriedade Cultural) 44 Tabela 4.1 - Respostas do Programa aos Principais Problemas Identificados Componente 3 - Infra-Estrutura Hídrica Componente 2 - Proteção, Conservação e Melhoria do Aproveitamento dos Recursos Hídricos Fragilidade das instituições responsáveis pela gestão dos recursos hídricos. • • • • • • • • • Necessidade de adequações e complementações no arcabouço legal da gestão dos recursos hídricos. Deficiência de instrumentos legais adequados disciplinamento do uso dos recursos naturais. • • • • ao • • • • Necessidade de um consistente sistema de informações que possibilite um planejamento adequado para as bacias. • • • • • • • • • • • Necessidade de melhor aproveitamento do potencial dos açudes do estado para usos múltiplos e de abordagem integrada para a gestão, incluindo a definição de regras operativas, com enfoque nas questões ambientais no que se refere ao uso das APPs, qualidade de água, uso do solo, recuperação e envolvimento da sociedade organizada. • • • Capacidade de armazenamento de açudes e barragens de maior porte não são atingidas, mesmo nos anos de chuvas regulares, tendo em vista a construção de novos reservatórios a montante, sem qualquer tipo de planejamento integrado, exaurindo, por conseguinte, o potencial hídrico da bacia. • Falta de melhor entendimento e a inexistência de planejamento e operação integrada no que se refere às demandas de usos dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos. • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Implantação de Sistemas de Abastecimento de Água em Pequenas Comunidades Recuperação e Modernização de Perímetros Irrigados Construção de Obras Hidroambientais Programa de Manutenção e Ampliação da Rede de Dessalinizadores Programa de pequenas obras de retenção de sedimentos • • • • • • • • • • • • • • • Carência de informações quanto ao comportamento hidrogeológico dos principais mananciais subterrâneos do Estado, a saber: aqüífero Açu, região de Mossoró, aqüífero Jandaíra, região de Baraúnas e aqüíferos aluviais no domínio das rochas cristalinas. • • Deterioração da infra-estrutura hídrica, incluindo reservatórios de perenização e adutoras responsáveis pela transferência de águas entre bacias. Grande parte da estrutura hídrica carece de programa de manutenção, recuperação e reabilitação. Aumento das perdas e desperdícios de água devido a uma operação não integrada e otimizada dos sistemas existentes. • • • • • Necessidade de expansão no atendimento de sistemas adutores existentes, de diminuição das perdas da água e da gestão ambiental desses sistemas. • • • • • O atendimento às demandas hídricas nas áreas mais críticas está sendo efetuada de forma extremamente precária, tanto em relação à demanda rural difusa como à demanda urbana municipal. Dentre as regiões do estado onde as deficiências hídricas fazem suas maiores vítimas destaca-se a região do Seridó. Sistemas de pequeno porte necessitam de sustentabilidade na operação e manutenação. Programa de Conservação e Reabilitação da Infra-Estrutura Hídrica Estadual Construção de Obras de Ampliação da Capacidade de Sistemas Adutores Existentes Programa de Investimos em Reuso de Águas Residuárias Combate às Perdas na Infra-Estrutura Estadual Combate às Perdas de Água nos Sistemas Públicos de Água Planos e Projetos Piloto para Recuperação de Micro-bacias Hidrográficas Atendimento às Demandas • Contaminação localizada de disponibilidades hídricas resultante de disposição inadequada de resíduos sólidos, notadamente em núcleos urbanos de médio a grande porte. Ineficiência e falta de competitividade dos perímetros irrigados devido à ausência de abordagem dos aspectos críticos não estruturais que incluem: regularização fundiária, administração dos perímetros, organização dos irrigantes, assistência técnica e extensão rural, alternativas de produção, tecnologias de irrigação, manejo e programação da irrigação, práticas conservacionistas, crédito, comercialização, armazenamento e capacitação, entre outros. Implementação do Sistema de Avaliação e Monitoramento de Programas do RN • • • Intensificação dos problemas hídricos e ambientais causados pelo assoreamento, erosão, desertificação, desmatamento, contaminação urbana, agrícola e industrial dos corpos hídricos superficiais e subterrâneos. Grande potencial de contaminação das águas subterrâneas por fertilizantes e agrotóxicos utilizados na agricultura. As unidades mais vulneráveis ocorrem nos aluviões, no aqüífero Barreiras e no aqüífero Jandaíra. Estudos e Projetos de Resíduos Sólidos Desenvolvimento de Modelos para a Gestão de Sistemas Simplificados de Abastecimento de Água em Pequenas Comunidades Desenvolvimento de Modelos para a Gestão da Operação dos Sistemas Adutores Identificação e Estudos sobre Fonte de Receitas voltadas para a Gestão dos Recursos Hídricos Sistema Integrado de Informações sobre Recursos Hídricos • • • • • • • Fortalecimento da Outorga e da Fiscalização dos Direitos de Uso da Água Implantação de Rede de Monitoramento Quali-Quantitativo dos RH e Sistemática de Monitoramento e Operação s Infra-Estrutura Hídrica Estadual • • • • Elaboração de Planos de Bacias • Necessidade da organização, armazenamento e disseminação das informações geradas e necessárias à gestão dos recursos hídricos. Aumento dos conflitos interestaduais e internos, resultantes de problemas gerados pela ausência de exigências mínimas no que se refere à quantidade e qualidade da água, bem como a definição de um regime de utilização dos rios para captação de água e rejeição de efluentes. Estudos sobre os Incetivos para Ganhos de Eficência em Projetos de Irrigação Estudos Hidrogeológicos e Hidrodinâmicos sobre Aquíferos e Novos Manaciais de Abastecimento Plano Emergencial para Situações de Calamidade Pública em Recursos Hídricos Eslaboração do Atlas de Recursos Hídricos e Ambientais do Rio Grande do Norte Projeto de Revisão e Atualização do Plano Estadual de Recursos Hídricos Estudo de Usos Múltiplos - Gestão de Reservatórios Reforço Institucional Programa de Usos Racional e Economia de Água Implementação do Plano Diretor de Informática (PDI) Programa de Capacitação e Treinamento Apoio à Instalação de Comitês de Bacia e à Formação de Associações de Usuários de Água (AUAs) Institucionalização da Política para o Reuso da Água Problemas Diagnósticados Definição da Proposta de Política para Irrigação Estudos de Estratégia e Planejamento Institucional do Sistema Gestor SERHID-IGARN e de Atualização e Adequação do Arcabouço Legal para a Gestão dos Recursos Hídricos do RN Componente 1 - Gerenciamento dos Recursos Hídricos • • • • • • Na tabela 4.2 são apresentadas as principais Políticas Operacionais do Banco Mundial que incidem, direta ou indiretamente; nos sub-componentes analisados neste RAA. Pelo exposto na tabela 4.2 observa-se que a OP 4.01 - Política de Avaliação Ambiental é e única a incidir sobre todos os componentes principais do Programa e foi atendida, conforme avaliação apresentada neste RAA. Destaca-se nesse aspecto a recomendação de implementar a Avaliação Ambiental Estratégica para os estudos a serem elaborados no âmbito do Programa, ou seja; a revisão do Plano Estadual de Recursos Hídricos (que conta com Termo de Referência para a AAE), cujas diretrizes estão apresentadas no item 4.4. Tabela 4.2 Políticas Operacionais do BIRD e ações do Programa Sub-componentes 4.01 4.04 Políticas do BIRD OP 4.09 4.10 4.12 4.37 9 9 11.03 Intervenções Obras 3.1.1 – Programa de Conservação e Reabilitação da Infraestrutura Estadual 9 3.2.1 – Obras de Ampliação da Capacidade de Sistemas Adutores 9 3.3.1 – Construção de Obras Hidroambientais 9 3.3.2 – Programa de Manutenção e Ampliação da Rede de Dessanilizadores 9 3.3.3 – Implantação de Sistemas de Abastecimento de Água em Pequenas Comunidades 9 3.4.1 – Recuperação e Modernização de Perímetros Irrigados 9 9 9 9 Estudos Estratégicos 1.2.1 – Projeto de Revisão e Atualização do PERH 9 A Política de Salvaguarda OP 4.04 de Proteção a Ambientes Naturais é diretamente incidente nas ações relacionadas às melhorias em barramentos e nos perímetros irrigados existentes, uma vez que essas obras irão incidir em Áreas de Preservação Permanente. Com relação às intervenções voltadas à ampliação da Adutora Monsenhor Expedito, essas obras e atividades irão se dar em ambiente protegido APA (Área de Proteção Ambiental) Estadual Bonfim/Guaraíra exigindo, uma avaliação ambiental especifica por parte do órgão licenciador estadual (IDEMA), quando foi solicitado um Estudo de Viabilidade Ambiental do Empreendimento, e a definição (como previsto neste RAA) de medida compensatória representada pelo apoio do Programa à regulamentação da APA. Com relação a OP 4.09 – Controle de Pragas e Parasitas, a mesma deve ser inteiramente respeitada com relação à atividade de recuperação e modernização de sistemas de irrigação (perímetros) quando da definição dos mecanismos de apoio ao incremento / desenvolvimento de atividades agrícolas. Nos trabalhos de avaliação das condições atuais desses perímetros observou-se a não adoção de técnicas apropriadas para o tratamento desta questão, configurando-se uma situação de não-conformidade com as diretrizes do BIRD, o que exigirá medida de correção conforme previsto no item 4.4 a seguir. OP 4.10 Populações Indígenas e Tradicionais, não foram identificadas interferências para as obras de 1º com quilombolas, populações tradicionais existentes no estado, não sendo esperado, a princípio, ocorrência também para as obras de 2° a 4° ano. No entanto, durante a elaboração dos projetos no 1º ano, caso se constate essa interferência, será elaborado o Plano de Desenvolvimento, de acordo com a OP 4.20. OP 4.12 Reassentamento Involuntário - os princípios da OP 4.12 deverão ser observados caso seja verificada a necessidade de remoção de famílias em decorrência da implantação das intervenções previstas. Quando da avaliação das demais obras do Programa (anos 2 a 4) a incidência dessa OP será 46 criteriosamente analisada. Neste sentido o RAA apresenta no Anexo 4 uma Política de Reassentamento, em observância à OP 4.12 Reassentamento Involuntário contendo diretrizes que serão observadas caso se verifique posteriormente a necessidade de remoção de famílias para a execução das intervenções do Programa. Finalmente a incidência das diretrizes da OPN 11.03 – Proteção a Propriedade Cultural, não foi detectada, com o nível de informações obtidas junto aos órgãos estaduais e federais competentes, relação direta com as atividades e obras de primeiro ano do Programa. Recomendando-se, no entanto, que seja efetuada essa avaliação para as demais obras, incluindo consulta ao IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, nos termos da legislação vigente no Brasil para as ações dos demais anos do Programa. O Manual Ambiental de Construção apresenta procedimentos para “salvamento ao acaso”. Segurança de Barragens – OP 4.37 A Política de Salvaguarda OP 4.37 Segurança de Barragens foi integralmente aplicada ao componente correspondente do Programa. Houve a constituição de Painel de Segurança de Barragem - PSB que, após vistoria em 3 açudes objeto das intervenções do primeiro ano do Programa, emitiu o Relatório Técnico – constante do Anexo II deste RAA. As principais conclusões e recomendações do Painel de Segurança para os açudes de grande porte foram: (i) Açude Rodeador: A inspeção de campo mostrou que o maciço de terra encontra-se em situação bastante crítica, sendo que o talude de montante encontra-se extremamente erodida, a tomada d´água não apresenta estrutura de controle e não há dispositivo de controle de vazão, não sendo observada a existência de dispositivos de monitoramento. Das recomendações do Painel destaca-se: (i) necessidade de restabelecer condições de segurança do maciço de jusante e da elaboração de um Plano de Reparo antes da próxima estação de chuvas; (ii) restabelecimento das condições de drenagem da crista; (iii) implantação de sistema de monitoramento que acompanhe a vida útil da barragem; (iv) estabelecimento imediato de atividades de inspeção, manutenção e segurança, melhoria do sistema de tomada e controle, dentre outros; (ii) Açude Passagem das Traíras: O aspecto geral do barramento é precário, evidenciando deficiências construtivas de uma obra relativamente recente (10 anos), na qual foram utilizadas técnicas já conhecidas, sendo observas fissuras no concreto em vários pontos analisados. A tomada d´água em descarga de fundo não possui controle por montante. Não foi observada rotina operacional e nem a existência de aparelhos e procedimentos de monitoração. Das recomendações do Painel destaca-se: (i) dados de controle e os aspectos demonstrados na vista induzem a questionar a Qualidade e Durabilidade da Barragem; (ii) O Painel recomenda ao proprietário, a convocação dos responsáveis pela Construção, Supervisão, Fiscalização para que demonstrem a satisfatoriedade da obras por meio de estudos complementares, análise de infiltrações observadas para verificar as condições de segurança/necessidade de tratamento da fundação da ombreira direita; (iii) restabelecimento de condições de inspeção e manutenção da galeria; implantação de sistema de monitoramento e ações que acompanhem a vida da barragem devido à precariedade observada; necessidade de monitoramento da qualidade de água, elaboração de Plano de Reparos, dentre outras. (iii) Açude Itans: As condições de talude de montante foram considerados satisfatórios, evidenciando-se a necessidade de desobstrução, reparo se manutenção nas canaletas de drenagem. A estrutura da tomada d´água apresenta aspecto satisfatório, sem maiores anormalidades. Das recomendações do Painel destaca-se: (i) necessidade de efetuar reparos e estabelecer uma rotina de manutenção nas canaletas de drenagem e de limpeza 47 dos taludes de montante e jusante; (ii) devido à intensificação do uso da pista na Crista da Barragem, necessidade urgente da regularização da condição de uso como estrada e via de acesso da comunidade; (iii) implantação de Referência de nível e e transporte de cota para recuperação das leituras de régua, recuperação e manutenção das réguas de controle; (iv) investigação da surgência no talude de jusante na área do sifão; dentre outras. As recomendações do Painel de Segurança para uma amostra dos açudes objeto de intervenção do Programa demonstram a necessidade de um estudo mais detalhado das condições atuais dos barramentos as serem contemplados como obras de recuperação, incluindo a elaboração de estudos, projetos e planos que admitam a melhor definição dos problemas identificados, dos custos envolvidos na solução dos problemas e no estabelecimento de novos mecanismos institucionais que permitam um melhor acompanhamento, fiscalização e controle a curto, médio e longo prazo. Os açudes com altura menor de 15 metros receberam a visita de inspeção de técnicos da SERHID, que preencheram a Ficha de Inspeção Formal de Barrragem de Terra do Ministério da Integração Nacional. As recomendações dos técnicos, que devem ser consideradas na etapa de execução de obras são apresentadas abaixo: (i) (ii) (iii) (iv) (v) Açude Brejo: Refazer estudo hidrológico e conferir largura do sangradouro Retirar obstrução do canal de aproximação do sangradouro Recuperação do coroamento no encontro com a ponte Elaboração de curva cota área volume (cav) Açude Cruzeta Recuperação do medidor de vazão Manutenção dos comandos de tomada d’água. Limpeza dos taludes de montante e jusante e áreas adjacentes Recuperação das réguas de medição do volume Açude Novo Angicos: Recuperação do enrocamento do talude da montante Recuperação do coroamento e nivelamento com o muro de proteção Verificar e corrigir rachaduras no coroamento Preenchimento de erosões junto a soleira com pedra jogada Desmatamento e limpeza de maciço Elaboração de curva cote área volume (cav) Açude Santana de Pau de Ferros: Recuperação do talude de montante Combate aos formigueiros Limpeza de todo o talude e áreas adjacentes Reparo na estrutura de fixação da taleira Colocação de réguas liminmétricas Elaboração da curva cote área volume Açude Belduegra Recuperação do enrroncamento do talude de montante. Recuperação do coroamento e recolocação de revestimento. Recuperação do sistema de drenagem. Recuperação do talude de jusante. Construção da soleira do sangradouro com passagem molhada. Manutenção da estrutura de saída e dos dispositivos de controle. Recuperação das réguas liminmétricas. Combate às formigas. Na tabela 4.3 é apresentada a situação de atendimento pelo Programa às diretrizes preconizadas nas Políticas do BIRD. 48 Tabela 4.3- Políticas Operacionais do BIRD e ações do Programa Políticas do BIRD OP 4.01 (Avaliação Ambiental) OP 4.04 (Ambientes Naturais) OP 4.09 (Controle de Pragas e Parasitas) OP 4.12 (Reassentamento Involuntário) OD 4.20 (População Indígena e Tradicional) OP 4.37 (Segurança de Barragens) OPN 11.03 (Propriedade Cultural) Observações Ver avaliações item 4.4 Implementar medida compensatória APA Bonfim/Guaraíra Implementar medidas de gerenciamento e assistência técnica para os agricultores para atender as diretrizes da OP quanto ao uso de defensivos. Avaliar esses aspectos nas intervenções futuras do Programa Implementar medidas indicadas pelo Painel de Segurança para atendimento às diretrizes da OP Implantação de avaliação Patrimônio Arqueológico nas intervenções de 2 a 4 anos 4.3. Avaliação Global das Interferências do Programa Nesse item é realizada uma análise das possíveis interferências dos empreendimentos previstos no Programa junto aos aspectos caracterizados nos itens anteriores, quais sejam: áreas com processo de desertificação, sítios arqueológicos, presença de quilombolas, municípios com casos de esquistossomose, unidades de conservação, fragilidade de biodiversidade e aglomerados urbanos. É importante enfatizar que não foi possível georreferenciar todos os empreendimentos propostos em função da falta de informações relativas à localização precisa de obras e serviços propostos. É o caso dos dessalinizadores a serem instalados, das barragens assoreadoras e das obras hidroambientais. Ressalta-se que os dois mapas utilizados como ferramenta para essa análise são temáticos e não apresentam precisão cartográfica, devido à dificuldade da obtenção de dados georreferenciados sobre os aspectos abordados. Por exemplo, no que se refere às unidades de conservação, nem todas possuem seus decretos com poligonais. As informações sobre os sítios arqueológicos, obtidas a partir do PERH, do IPHAN e da UFRN, geralmente não possuíam coordenadas de localização, sendo, na maioria das vezes, citados apenas os municípios onde eles se localizam. O mesmo ocorre com as populações de quilombolas e a ocorrência de esquistossomose, que apresentam identificação por município. A figura 4.1 define espacialmente as seguintes informações: tipologias de cobertura vegetal do estado unidades de conservação10 municípios onde é registrada, pelo estado, a presença de populações tradicionais - quilombolas municípios onde é registrada a ocorrência de esquistossomose patrimônio arqueológico áreas com processo de desertificação aglomerados urbanos Utilizando-se dessa carta temática como base de fundo, foi a ela superposta outra carta temática (figura 4.2), contendo a localização dos empreendimentos propostos. A partir daí foram cruzadas as informações e realizadas as análises de possíveis interferências. Necessário dizer que os dois mapas aqui utilizados estão em bases diferentes devido à falta de uma única base atualizada contendo todas as informações. Esta imprecisão refere-se a todos os aspectos tratados. A avaliação da ocorrência ou não de interferências importantes servirá para que sejam propostas medidas de ajuste de conduta, mitigação de impactos ou compensações no Plano de Gestão Ambiental – PGA. 10 Para a localização das Unidades de Conservação foi consultado o Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte - IDEMA, que não possuía por ocasião da consulta o mapeamento completo das Unidades de Conservação do Estado. O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – IBAMA também foi consultado. Foram então localizadas no mapa as Unidades das quais foram obtidas as localizações georreferenciadas. 49 Do cruzamento dos aspectos citados com os empreendimentos do Programa, foram observadas as possíveis interferências listadas abaixo. Estas intervenções podem estar nas áreas limítrofes aos locais plotados no mapa base, não necessariamente causando impacto locais. Esses cruzamentos servem de alerta para a SERHID. Por ocasião da execução das intervenções do Programa cuidados especiais e providências necessárias à minimização de possíveis impactos potenciais deverão ser tomados em locais onde constatou-se a possibilidade de interferências. Como citado anteriormente, no que se refere à presença de quilombolas não foram identificadas interferências para as obras de 1º ano com quilombolas, populações tradicionais existentes no estado, não sendo esperado, a princípio, ocorrência também para as obras de 2° a 4° ano. No entanto, durante a elaboração dos projetos no 1º ano, caso se constate essa interferência, será elaborado o Plano de Desenvolvimento, de acordo com a OP 4.20. Área com processo de desertificação - Recuperação dos açudes Caldeirão de Parelhas , Passagem das Traíras e Boqueirão de Parelhas, Zangarelhas e Dourado - Recuperação da Bacia do Cobra - Seis pequenas comunidades com intervenção de abastecimento de água - Recuperação de quatro dessalinizadores Sítios arqueológicos - Recuperação dos açudes Caldeirão de Parelhas, Santo Antônio das Caraúbas, Jesus Maria José, Apanha Peixe e Rio da Pedra, Itans, Boqueirão de Parelhas, Alecrim e Tourão, Marcelino Vieira, Armando R. Gonçalves e Sabugi - Expansão da Adutora M. Expedito nos municípios de Nísia Floresta e Serra de São Bento - Recuperação de um dessalinizador Municípios com presença de quilombolas - Expansão da Adutora M. Expedito no município de Campo Redondo - Uma pequena comunidade com intervenção de abastecimento de água Unidades de Conservação - Recuperação dos açudes Pataxó, Mendubim e Armando R. Gonçalves - Recuperação de dois dessalinizadores - Uma comunidade com intervenção de abastecimento de água Vegetação - Mata Ciliar - Recuperação de um dessalinizador - Floresta de transição - Recuperação de dez dessalinizadores - Recuperação da bacia de Unas Aglomerados Urbanos - Expansão da Adutora M. Expedito nos municípios de Campo Redondo, Cel. Ezequiel, Jaçanã, São Bento do Trairi, Japi, Serra de São Bento e São José do Campestre. - Projeto Piloto de Reúso de Águas Residuais nos municípios de Serra Negra do Norte, Florânia - Recuperação e Modernização do Perímetro Irrigado de Cruzeta 4.4. Avaliação Ambiental dos Principais Sub - Componentes do Programa – Obras e Atividades Este item da avaliação ambiental trata com maior ênfase dos sub-componentes do Programa que resultarão na implementação de obras e atividades consideradas estratégicas para a consecução dos objetivos pretendidos. 50 A metodologia de trabalho envolveu a análise de estudos e/ou projetos existentes, bem como reuniões de planejamento com consultores do Banco Mundial, com técnicos do estado, além de visitas de campo. O material produzido nas visitas de campo e das análises efetuadas foi sintetizado e encontrase no corpo do RAA. Informações adicionais encontram-se no Anexo I11 do documento. 4.4.1. Conservação e Reabilitação de Barragens de Usos Múltiplos A situação da infra-estrutura dos principais açudes do estado, com capacidade superior a 5 milhões de m3, foi analisada com base no “Relatório de Visitas Técnicas”, contratado pela SERHID em 1995, elaborado a partir das visitas de inspeção técnica realizadas em todos os 42 maiores açudes, e no “Diagnóstico da Situação da Infra-estrutura Hídrica do Estado do Rio Grande do Norte”, de 2001, atualizando o diagnóstico anteriormente realizado em 1995. Foi objeto do estudo o diagnóstico para a recuperação de cada uma das obras identificadas no estudo. Esses açudes são utilizados principalmente para abastecimento humano e desenvolvimento regional, com a fixação do homem no meio rural, proporcionando irrigação de culturas e dessedentação animal. Trata-se de um projeto de grande importância uma vez que tem a finalidade, além de fornecer um diagnóstico atualizado da situação das obras de infra-estrutura hídrica do Estado, realizar ações para a sua recuperação, possibilitando a operação destes sistemas com maior grau de segurança e eficiência. O projeto também prevê a indicação de outros tipos de intervenções julgadas importantes quando da realização da vistoria. Os objetivos do Programa são: recuperar as estruturas físicas da obras hídricas estaduais, principalmente as barragens em operação pelo Estado, de forma a repor sua capacidade de operação em condições originais de projeto; elaboração um diagnóstico atualizado da situação da infra-estrutura hídrica do Estado do Rio Grande do Norte, com vistas à avaliação e recuperação das obras de oferta hídrica do Estado, com a finalidade de melhorar o gerenciamento e o controle destas obras, e atualizar as fichas dos novos açudes construídos; complementação do banco de dados do Sistema de Informações sobre recursos hídricos da SERHID; diagnosticar a atual situação da infra-estrutura física, dos equipamentos de operação e monitoramento (réguas) e estruturas de medição de vazão (comportas, válvulas, vertedouros), e segurança das principais obras de oferta hídrica do Estado; avaliar o grau de comprometimento da estabilidade das obras em função dos problemas identificados; dispor de um conjunto de medidas de para recuperação e manutenção da infra-estrutura física, com a avaliação dos respectivos custos necessários à sua implementação. As barragens pertencentes ao DNOCS serão objeto de tratamento diferenciado tendo em vista que este órgão detém a responsabilidade sobre a operação e manutenção das mesmas. Assim, a SERHID deverá estreitar os relacionamentos com este órgão, com vistas a firmar um convênio visando, entre outras coisas, o repasse para responsabilidade do estado de algumas barragens que a SERHID tenha interesse em gerenciar. As barragens de propriedade das prefeituras, como é o caso da barragem de Jesus Maria José na bacia do Apodi, terão tratamento semelhante. É importante salientar que a análise da tabela 4.4 mostra que a natureza dos serviços propostos no estudo de 2001 é basicamente de manutenção. Como a proposta de atuação do componente do Programa é mais ampla, a revisão dos projetos deverá abordar a problemática de forma mais integrada, propondo soluções compatíveis para questões como: (i) segurança; (ii) uso de faixa de 100 metros no entorno dos açudes; (iii) questões ambientais ligadas 11 O Anexo I contém os Anexos de 1 a 9 citados ao longo do relatório. 51 ao uso do solo no entorno; (iv) qualidade da água; (v) licenciamento para operação; (vi) outorga de direito de uso; (vii) educação ambiental e (viii) plano de manutenção e operação. 4.4.1.1. Cronograma de Execução Antes de se iniciar os trabalhos, está prevista a contratação de uma consultoria que será responsável pela atualização do diagnóstico da situação de todas as barragens do estado, com a atualização/elaboração do projeto executivo daquelas que necessitem. Esses trabalhos deverão estar concluídos em um prazo de 5 meses. De posse dos projetos executivos de cada barragem e o respectivo orçamento atualizados, o estado deverá iniciar a recuperação das 40 barragens selecionadas nesta primeira etapa de 4 anos, de acordo com os critérios de priorização já definidos. Para a contratação dos serviços de recuperação, as barragens serão agrupadas em lotes pequenos de 4 barragens. Como critério de agrupamento das barragens, serão levados em conta a magnitude e a complexidade dos serviços, e o tamanho e comprimento das barragens. Está prevista a recuperação das 7 barragens com prioridade 1 nos primeiros 12 meses. As 15 barragens que compõem o grupo de prioridade 2 serão recuperadas no segundo ano. 52 Figura 4.2A – Mapa das Intervenções do Programa – papel vegetal 55 Na tabela 4.4 são apresentadas as principais características dos açudes que serão objeto de intervenção no primeiro ano do Programa. É importante enfatizar que, em atendimento às salvaguardas do Banco, um Painel de Barragens será acionado para todas as barragens de grande porte (acima de 15 metros), objeto de intervenção, e que as recomendações do referido Painel deverão ser acatadas e incorporadas ao Programa. A inspeção de segurança por técnicos especializados também será realizada para os barramentos de médio a pequeno porte, com o preenchimento da Ficha de Inspeção Formal para Barragens de Terra do MI. As recomendações provenientes das visitas técnicas deverão ser também acatadas pelo Programa. 4.4.1.2. Avaliação Ambiental A avaliação ambiental para esse sub-componente do Programa incorporou, conforme determinação do BIRD, a avaliação de segurança de barragens, conduzida por um Painel de Especialistas conforme determina a Política OP 4.37 Segurança de Barragens, apresentada anteriormente. A avaliação ambiental foi conduzida objetivando atender aos seguintes aspectos: identificar as condições ambientais presentes nas áreas que margeiam os reservatórios que terão investimentos do Programa, nas APP – Áreas de Preservação Permanente, notadamente na identificação e avaliação de possíveis ocupações humanas – urbanização, agricultura intensiva etc; identificar as condições de qualidade da água nesses reservatórios; avaliar o atendimento as Políticas Operacionais do BIRD no tocante às condições ambientais e sociais existentes nos ambientes a serem afetados pelas intervenções; avaliar os impactos ambientais associados à execução das obras e atividades desse subcomponente do Programa. Ainda como meta da presente avaliação destaca-se a identificação de medidas de segurança e de caráter ambiental / social que devam ser adotadas pelo programa. Definir medidas mitigadoras, de controle e eventualmente compensatórias a serem aplicadas quando da execução das atividades previstas. Essas medidas estão consubstanciadas no PGA apresentado em Anexo 1 a este RAA. As intervenções previstas nesse sub-componente são representadas por obras pontuais de recuperação de barragens (reforços em estruturas, correções de sistemas de drenagem, entre outras) como descrito anteriormente. Conforme orientação do presente estudo, foram analisadas as obras de primeiro ano do Programa, devendo avaliação similar ser conduzida para as demais obras a serem implementadas nos anos 2 a 4, conforme item 4.6 deste Capítulo. Com relação às obras previstas para o primeiro ano foram selecionados 7 reservatórios como uma amostra dos açudes objeto de intervenção do Programa, conforme tabelas 4.5 e 4.6. 56 Apodi Piranhas Piranhas Apodi Piranhas Piranhas Apodi 2 3 4 5 6 7 Bacia 1 Ord. Cruzeta Jardim Do Serido Rafael Fernandes Passagem Das Trairas Santana De Pau Dos Ferros Olho D'água Angicos Parau Umarizal Município Cruzeta Do Brejo Novo Angicos Belduegra Rodeador Nome Principais Intervenções Implantação do meio-fio; Implantação de pedra-de-mão talude jusante; Implantação de dispositivo de drenagem; Aplicar veneno de formiga; Atualizar curva CAV. Acompanhamento na evolução das fissuras no coroamento; Recuperação dos degraus no talude de jusante; Aplicação de veneno para remoção do formigueiro; Levantamento da curva CAV. 57 Implantação do meio-fio; Implantação de pedra-de-mão no talude a jusante; Implantação de dispositivo de drenagem superficial; Aplicar veneno de formiga; Atualizar curva CAV, 7.000.000 Proteção de enrocamento ao talude de montante; Levantamento topográfico da seção máxima; Restauração do pé de jusante do creager. 49.858.100 35.000.000 Manutenção de coroamento de recuperação dos taludes de montante e jusante e tomada d’água. Implantação de pedra-de-mão no talude jusante; Implantação de enrocamento de pedra 17.000.000 arrumada no talude montante; Aplicação de veneno de formiga; Levantamento de curva CAV; Recuperação da tomada d’água. 5.300.000 Recuperação do meio-fio e restauração do revestimento do coroamento; Implantação de pedrade-mão; Capinagem e recomposição do enrocamento do talude montante; Desobstrução dos 9.580.900 dispositivos de drenagem; Aplicação de veneno de formiga; Levantamento de curva CAV; Implantação de passagem molhada; Limpeza e recuperação de registro de jusante; Manutenção dos equipamentos hidromecânicos; Implantar caixa medidora de vazão. Implantação do meio-fio e capinagem do coroamento; Implantação de pedra-de-mão talude 21.700.000 jusante; Capinagem e recomposição do talude montante; Implantar drenagem; Aplicar veneno de formiga; Atualizar curva CAV. (m³) Capacidade Tabela 4.4 – Diagnóstico da Situação Física dos Açudes Analisados Tabela 4.5 Empreendimentos analisados – Barragens Pequenas (menos de 15 metros) Num BACIA NOME MUNICÍPIO PARAU CAPACIDADE ALTURA 1 PIRANHAS BELDUEGRA 2 APODI SANTANA DE PAU DORAFAEL FERNANDES 9.580.900 11,50 7.000.000 12,00 3 APODI DO BREJO OLHO D’ÁGUA 17.000.000 13,40 4 PIRANHAS CRUZETA CRUZETA 35.000.000 14,50 5 PIRANHAS NOVO ANGICOS ANGICOS 5.300.000 11,75 Tabela 4.6 Empreendimentos analisados – Barragens Grandes (mais de 15 metros de altura) Num BACIA NOME RODEADOR MUNICÍPIO 1 APODI UMARIZAL 2 PIRANHAS PASSAGEM DAS TRASÃO JOSÉ DO SERIDÓ CAPACIDADE ALTURA 21.700.000 15,00 48.858.100 20,00 Os critérios para seleção desses barramentos foram: diversidade de localização – abrangendo o maior numero de bacias hidrográficas possível; tipologia da construção – barragens de concreto/ de terra; tipologia de usos – água para abastecimento publico/ para irrigação, etc. As avaliações sobre as condições ambientais dos referidos açudes serão apresentadas na seqüência, estando em Anexo 5 do relatório as Fichas de Inspeção de Meio Ambiente para cada reservatório visitado. A avaliação de segurança foi realizada em todos os barramentos sendo que para os 3 considerados de grande porte, conforme determina o BIRD, houve a contratação de um Painel de Barragens, composto por especialistas que conduziram os trabalhos. O resultado dessa avaliação está apresentado ao final deste item (tabela 4.7). Para as demais barragens a avaliação de segurança foi conduzida por técnicos da SERHID. As Fichas de Inspeção Formal para Barragens de Terra, modelo utilizado pelo Ministério da Integração Nacional encontram-se apresentadas no Anexo 5 deste RAA. A - Metodologia Na etapa de planejamento dos estudos ambientais dos projetos de conservação e reabilitação de barragens de usos múltiplos foi realizado, inicialmente, o levantamento dos dados disponíveis sobre cada barramento com destaque para: dados dos projetos executivos; situação do licenciamento ambiental; bases cartográficas. Nos trabalhos de campo foram visitados todos os açudes e percorridas a extensões de suas margens, de forma a permitir a compreensão do uso e ocupação das APPs. Para tanto realizaram-se inspeções em uma pequena lancha de alumínio movida a motor, sendo registradas as imagens por meio de câmera digital, em pontos identificados por meio de GPS de navegação. A equipe envolvida foi constituída de um engenheiro ambiental, um técnico em topografia, um piloto de lancha e um guia para cada local, com conhecimento dos respectivos açudes. Buscou-se desenvolver percursos paralelos às margens a uma distância de cerca de 30 metros. Entretanto a ocorrência de áreas de pouca profundidade impediu a regularidade dessa trajetória, que findou por ser definida pelas condições batimétricas peculiares a cada açude. A complexidade geométrica no processo de identificação de edificações nas áreas de APP deve ser compreendida, para fins de avaliação dos resultados obtidos. A confirmação definitiva da localização das edificações a uma distância de 100 da linha d’água referente à cota máxima-maximorum depende de certos fatores como a identificação precisa dessa cota e a materialização da linha em campo, para possibilitar a identificação das edificações. Foram obtidas as fichas cadastastrais das barragens onde se indicavam as lâminas máximas de sangria. Essa lâmina, adicionada à cota da soleira define a cota máxima-maximorum para cada barragem. 58 Entretanto, devido ao fato de nos projetos as cotas de soleira constituírem planos de referência relativos a referenciais altimétricos arbitrados e de que o GPS de navegação utilizado não ser adequado para definição de altimetria optou-se por estimar visualmente a projeção dessa linha nas margens para efeito de identificação de benfeitorias em áreas de APP. Partindo-se do princípio de que as cotas máxima-maximorum situam-se obrigatoriamente entre as cotas dos sangradouros e as dos coroamentos dos maciços. Tal processo não permite exatidão nas verificações, sendo válido apenas como indicação preliminar das situações existentes, sendo que a definição exata poderá ser alcançada mediante campanhas de cadastro topográfico. Foram conduzidas duas campanhas, a saber: primeira na última quinzena de agosto e a segunda na primeira quinzena de setembro, ambas envolvendo os sete barramentos. Os resultados da primeira campanha de campo encontram-se registrados nas Fichas de Inspeção, enquanto que os da segunda campanha estão expressos por meio de mapas de caracterização das APPs, apresentados posteriormente. Para verificação de aspectos de qualidade de água foram realizadas observações in loco, assim como análises de resultados de testes laboratoriais desenvolvidos rotineiramente pela SERHID. Em relação à presença de cianobactérias foram consultados os dados disponíveis na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Na tabela 4.7 é apresentada a síntese das avaliações. B - Qualidade da água Das considerações efetuadas no Capítulo 2.1.2, a partir das análises de qualidade da água das barragens visitadas, tem-se a seguinte avaliação. A presença excessiva de matéria orgânica é uma constante nos corpos d’água considerados. A quase totalidade das análises mostra teores de fósforo acima ou bem acima do permitido para ambientes lênticos de Classe 2, segundo a Resolução CONAMA 357 de 17 de março de 2005. Somam-se a isso, as informações obtidas da CAERN sobre análises de cianobactérias tóxicas. Das análises efetuadas pela UFRN em parceria com a CAERN, 90% indica a presença desses organismos. As florações de cianobactérias em reservatórios de águas utilizadas para consumo humano são freqüentes hoje em dia e normalmente são atribuídas à crescente eutrofização destas águas. Em anos recentes o aparecimento de linhagens de cianobactérias produtoras de toxinas (hepato e neurotoxinas) tem preocupado bastante os responsáveis pelo monitoramento da qualidade das águas, uma vez que essas toxinas representam risco para a saúde pública. A detecção precoce da presença de linhagens tóxicas nesses reservatórios é essencial para que ações corretivas de controle das florações tenham sucesso. Uma vez que já existam florações, é praticamente impossível que um tratamento assegure 100% de eficácia e o risco das populações desenvolverem tumores ao longo do tempo é alto. A melhor forma de lidar com esse problema é a prevenção. Uma boa gestão do uso do solo e da água nas bacias de contribuição desses reservatórios e a implantação de redes coletoras e tratamento de esgotos é fundamental para diminuir o aporte de carga poluidora aos açudes. Além disso, devem-se adotar regras de operação de reservatórios, buscando nas ocasiões adequadas a liberação de águas com concentração de sais e nutrientes. Considerando o monitoramento quali-quantitativo dos recursos hídricos propostos no Sub-componente 1.3, deve ser enfatizada a importância de somar a este monitoramento proposto, análises periódicas fitoplanctônicas e de potencial toxicológico das cianobactérias para os mananciais de abastecimento. C - Eutrofização Todos os açudes visitados apresentam estado de eutrofização. As prováveis fontes dos nutrientes relacionam-se a contribuições de esgotos urbanos, a pequenas atividades industriais, matadouros públicos e ao uso de fertilizantes químicos nas práticas agrícolas. 59 SERHID SERHID SERHID SERHID DER Sec. Agric. Sec. Agric. DNOCS Belduegra Novo Angicos Santana de Pau dos Ferros SERHID/ DNOCS DNOCS Passagem das Traíras Do Brejo SERHID Governo RN Cruzeta SERHID Governo RN Rodeador AÇUDE • • • • • • • 7,0 5,3 9,6 17,0 - 500 510 102 35,0 1.400 410 260 96 379 120 844 249 48,9 7.700 1.005 21,7 Caracterização Física e Institucional Tabela 4.7 - Síntese de Avaliações - Açudes Construtor Proprietário Operador e Mantenedor Barragem de Terra Barragem de Concreto Volume de Reservação (milhões de m3) Área da Bacia Hidrográfica (km2) Área da Bacia Hidráulica (ha) Possui Licença Ambiental Possui Sistema de Outorga • • • • • • • • • • • Uso para Abastecimento Humano Uso para Recreação de Contato Direto Uso para Projetos de Irrigação Usos • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Edificações em Área de APP Edificações em Área de Segurança Psicultura Pesca Artesanal Cultura de Vazantes de Baixa Intensidade Cultura de Vazantes de Média Intensidade Cultura de Vazantes de Alta Intensidade Vegetação Qualidade da Água • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Permitido Acesso de Animais Razoavelmente Preservada Medianamente Degradada Fortemente Degradada Água Salobra Água Levemente Eutrofizada Água Moderadamente Eutrofizada Água Intensamente Eutrofizada Ausência de Dados sobre Cianobactérias Dados Indicam Presença de Cianobactérias Dados Indicam Ausência de Cianobactérias 60 • • • • • Identificação de Doenças de Veiculação Hídrica • • Identificação de Lançamentos de Esgoto A situação agrava-se em função da escassez de chuvas que impossibilita a renovação freqüente das águas dos açudes. Verifica-se a necessidade, entre outras medidas, da implementação de planos de gestão capazes de dotar o estado de capacidade de controle ambiental desses açudes. D - Licenciamento Nenhuma das barragens visitadas conta com licença ambiental. Em ofício nq 311/2005, de 14 de abril de 2005, o IDEMA dispensa licenciamento ambiental das obras a serem executadas pelo Programa. Entretanto a regularização da situação de licenciamento permitirá ao estado um meio de gestão desses empreendimentos, o que se mostra extremamente necessário, conforme se pode verificar por meio dos resultados desta avaliação ambiental. É, portanto recomendável o início de processos de licenciamento corretivo (obtenção de Licença de Regularização de Operação) referentemente a todas as barragens incluídas no Programa. E - Outorga Não existe atualmente a prática da outorga para uso das águas dos açudes analisados. A regularização desse aspecto é necessária e será encaminhada a partir do cadastro de usuários, que será desenvolvido no âmbito do Programa. F - Uso e Ocupação das Áreas de APP Agricultura de Vazantes A análise dos dados obtidos em campo permite inferir que, de maneira geral, a prática da agricultura de subsistência é uma realidade nos açudes visitados.Verificou-se a predominância da cultura de forrageiras como o sorgo e o capim elefante, sobretudo deste último. Verificou-se, em menor escala, a existência de culturas de tomate, batata, milho, feijão e outros. Entretanto o desenvolvimento dessas culturas é fortemente limitado pela disponibilidade de solos. À medida que os níveis dos açudes baixam e expõe solos aluvionares férteis, essas culturas tendem a se intensificar. Dessa forma, os levantamentos realizados dos usos das APPs devem ser encarados de forma indicativa e não absoluta, já que refletem a realidade de um momento, vinculada ao nível d’água vigente no presente estudo. De maneira geral infere-se que a prática de agricultura, com usos de fertilizantes e pesticidas é uma realidade cuja intensidade oscila periodicamente, representando um vetor de tendência de contaminação e eutrofização dos corpos d’água. Habitações em Áreas de Preservação Permanente - APP Verificou a existência de habitações nas áreas de proteção ambiental em todos os açudes visitados, conforme pode ser observado nos mapas de caracterização das APP. Situação Fundiária nas APP Foram realizadas consultas junto a instituições relacionadas com os açudes sobre a situação fundiária dos mesmos. A SERHID e a Secretaria e Agricultura não dispõe de dados a respeito, havendo sido indicado encaminhamento por parte da SERHID de uma consulta junto à Procuradoria Geral do Estado para o esclarecimento da questão. Recomenda-se a efetivação da referida consulta, de forma a possibilitar o esclarecimento da questão. Vegetação e Solos A fragilidade dos solos regionais a processos de erosão, associada à pratica histórica de desmatamento da caatinga são fatores que colaboram para a atual situação da maioria dos açudes visitados, caracterizados por trechos de solos expostos. Jazidas e Áreas de Empréstimo 61 Durante as inspeções não se observou, de maneira geral, a existência de importantes impactos decorrentes de utilização de jazidas e áreas de empréstimo. Entretanto essa não identificação pode ser decorrente das grandes extensões envolvendo os açudes, de forma que eventuais ocorrências podem não haver sido avistadas. Operação e Manutenção dos Açudes No Estado do Rio Grande do Norte são monitorados 46 açudes com capacidade de armazenamento superior a 5 milhões de metros cúbicos, sendo que destes, 27 açudes são monitorados e operados pela Secretaria de Recursos Hídricos e 19, por serem açudes federais, são operados pelo DNOCS. A operação de monitoramento é classificada pela SERHID em duas modalidades: Operação de Rotina Compreende ações sistemáticas de visitas aos reservatórios e reuniões com membros de associação de usuários d’água. Esta modalidade é desenvolvida seguindo determinados procedimentos. No final da estação chuvosa, a SERHID faz o planejamento das demandas em cada reservatório, que são amplamente discutidas com os usuários da água do reservatório. Mensalmente são feitas anotações do volume de água existente em cada reservatório. Pelo fato do Estado não ter uma rede de monitoramento telemétrica instalada, essas anotações são feitas por meio de visita de campo de técnicos do quadro da SERHID. Com base nos volumes de água existentes, é feita uma simulação de esgotamento nos reservatórios, para verificar o seu comportamento. Com os resultados da simulação, verifica-se se o comportamento observado está de acordo com o planejamento realizado no final da estação das chuvas. Caso o comportamento do reservatório esteja fora do padrão de planejamento são realizadas novas reuniões com os usuários, a fim de definirem novas estratégias a serem adotadas. Operação Especial Estão enquadradas nesta modalidade as situações de emergência em função de denúncias. Quando ocorre uma situação desta categoria, a SERHID tem o seguinte procedimento: (i) Deslocamento de pessoal ao local, para a realização de medições do nível de água do reservatório e certificação da denúncia; (ii) A partir dos dados sobre o nível de água do reservatório, faz se uma simulação de esgotamento para caracterizar a disponibilidade do mesmo em atender à demanda; (iii) Quando a denúncia é procedente, são tomadas as devidas providências. A SERHID não dispõe de estrutura para proceder a manutenção dos 27 reservatórios que são de sua responsabilidade. Não há um quadro de fiscal que tenha atuação na vigilância dos reservatórios, exceção das barragens Santa Cruz do Apodí e Umarí, localizadas na Bacia Hidrográfica do Rio Apodí – Mossoró. Açudes com Uso para Abastecimento Humano Em todos os açudes analisados observou-se deficiências de gerenciamento com o comprometimento da qualidade das águas. Nos açudes em cujos usos inclui-se o abastecimento humano esse comprometimento assume maior gravidade. São os casos de Rodeador, de Passagem das Traíras e de Cruzeta. G - Rodeador Principais Aspectos Ambientais O Açude de Rodeador, dentre os sete visitados é o que apresenta as melhores condições de qualidade de água. Entretanto os ensaios de laboratórios apontam para níveis, mesmo que baixos, de eutrofização. Suas águas são captadas pela CAERN para o abastecimento das cidades de Rafael Godero e Umarizal, cujas populações são de 1.647 hab e 8.844 hab., respectivamente. A totalidade da população urbana de 62 Rafael Godero é atendida pelo abastecimento d’água da CAERN, sendo que de 30% a 40% dessa população bebe água mineral. No caso de Umarizal 100% da população é atendida pela CAERN e a sua quase totalidade bebe a água proveniente do Açude Rodeador. De acordo com a Secretária de Saúde dos dois municípios não existe incidência anormal de doenças de veiculação hídrica, exceto em períodos chuvosos. Foi identificada a existência de habitações na APP. Existe a prática da piscicultura e da pesca artesanal. A agricultura de vazante identificada durante a inspeção denotou baixa intensidade, o que decorre seguramente da pequena disponibilidade momentânea de solos agricultáveis. Os animais têm livre acesso às águas. Verificou-se existência de vegetação razoavelmente preservada, com predomínio de caatinga arbórea, variando entre densa e esparsa. A população se utiliza das águas para recreação de contato primário. Não foram identificadas doenças de veiculação hídrica H - Passagem das Traíras Principais Aspectos Ambientais O Açude Passagem das Traíras apresenta as condições mais acentuadas de eutrofização dentre os açudes com uso de abastecimento humano analisados. A inspeção de campo, assim como as análises laboratoriais, apontaram para o estado de eutrofização das águas, incluindo a presença e cianobactérias. O açude recebe contribuição de esgotos, conforme se pode observar na respectiva ficha de inspeção. Suas águas são captadas pela CAERN para o abastecimento da cidade de São José do Seridó e Jardim do Seridó, além de uma área da cidade de Caicó (área norte) envolvendo cerca de 10.000 hab. Na comunidade de São José do Seridó foi identificada a ocorrência de um episódio de contaminação da população por Escherichia coli. Segundo a Secretaria de Saúde essa contaminação foi decorrente do consumo de água captada às margens do açude por meio de um poço amazonas operado pela CAERN. Foi identificada a existência de habitações na APP. Existe a prática da pesca artesanal. A agricultura de vazante identificada durante a inspeção denotou baixa intensidade, o que decorre seguramente da pequena disponibilidade momentânea de solos agricultáveis. Os animais têm livre acesso às águas. Verificou-se existência de vegetação medianamente degradada com predominância de caatinga arbórea esparsa. A população utiliza as águas para recreação de contato primário. I - Cruzeta Principais Aspectos Ambientais A inspeção de campo e os dados de laboratório apontam para o estado de eutrofização das águas que recebem contribuições de esgotos, conforme registros da ficha de inspeção de campo. Suas águas são captadas pela CAERN para o abastecimento da cidade de Cruzeta. Nessa cidade cerca de 40% da população bebe água proveniente do açude, enquanto 60% bebe águas minerais ou purificadas. Foi identificada a ocorrência de surtos de diarréia nos períodos de inverno. Foi identificada a existência de habitações na APP. Existe a prática da pesca artesanal. A agricultura de vazante identificada durante a inspeção denotou baixa intensidade, o que decorre seguramente da pequena disponibilidade momentânea de solos agricultáveis. Os animais têm livre acesso às águas. Verificou-se existência de vegetação fortemente degradada com predominância de caatinga herbácea. A população utiliza as águas para recreação de contato primário. Comentários Tendo em conta a carência de recursos hídricos nas regiões onde se localizam os açudes analisados e a sua importância para a garantia da oferta de água para abastecimento humano impõe-se a necessidade de incremento da capacidade de gerenciamento dos mesmos por parte do estado e dos atores envolvidos. Nota-se a incongruência entre o extremo valor das águas desses açudes para as suas regiões e a carência de mecanismos voltados à garantia de sua qualidade. Observaram-se de forma geral a permissão ao acesso de animais, a prática da pesca por meio de métodos que promovem a 63 elevação da turbidez, a utilização de pesticidas e fertilizantes nas vazantes e o despejo de esgotos urbanos, de matadouros, curtumes, etc. A má qualidade das águas já impõe conseqüências à saúde humana como no caso da contaminação verificada no episódio ocorrido em São José do Seridó. Açudes sem Uso para Abastecimento Humano. J - Brejo Principais Aspectos Ambientais A inspeção de campo e a análise de dados laboratoriais apontam para estado moderadamente eutrofizado das águas. Observou-se a existência de agricultura de vazantes de média intensidade em toda a extensão de suas margens. Vegetação natural existente predominante é a caatinga de porte herbáceo.Verificaram-se alguns locais onde os solos estão expostos. A população em suas margens abastece-se de água proveniente de cacimbas e poços. Foram verificados habitações dotadas de fossas sépticas e vasos sanitários (modelo da Fundação Nacional de Saúde). A pecuária é de pequeno porte, com animais soltos. Não existe balneário instalado, mas a população tem o costume da prática do banho nos finais de semana nas proximidades do sangradouro. A pesca é insipiente e há demanda por parte dos pecadores no sentido do seu desenvolvimento. K - Novo Angicos A inspeção de campo e a análise de dados laboratoriais apontam para estado moderadamente eutrofizado das águas. Observou-se a existência de agricultura de vazantes de média intensidade em grande parte de suas margens. Vegetação natural existente predominante é a caatinga de porte herbáceo.Verificaram-se solos expostos em toda a extensão de suas margens, com a presença de solos litólicos. A população em suas margens abastece-se de água fornecida pela CAERN. Foram verificadas habitações dotadas de fossas sépticas. Os esgotos da área urbana na margem esquerda são lançados a menos de 500 m do açude. A pecuária é de pequeno porte, com animais soltos. Existe balneário instalado e existe pesca artesanal. L - Santana de Pau dos Ferros A inspeção de campo e a análise de dados laboratoriais apontam para estado moderadamente eutrofizado das águas. Observou-se a existência de agricultura de vazantes de média intensidade em toda a extensão de suas margens. A vegetação natural predominante é a caatinga de porte herbáceo. A população em suas margens abastece-se de água proveniente de cacimbas e poços. Foram verificadas habitações dotadas de fossas sépticas. A pecuária é de pequeno porte, com animais soltos. Não existe balneário instalado. Existe pesca artesanal com a prática de bater na água para conduzir os peixes. Nessa barragem identificou-se uma edificação situada na área do sangradouro, demandando providências urgentes de remoção. M - Belduegra A inspeção de campo e a análise de dados laboratoriais apontam para estado intensamente eutrofizado das águas. Observou-se a existência de agricultura de vazantes de baixa intensidade numa pequena porção de suas margens. A vegetação natural existente encontra-se medianamente degradada, predominando a caatinga de porte arbóreo, esparsa. A população em suas margens abastece-se de água proveniente de cacimbas e poços. Foram verificadas habitações dotadas de fossas negras. A pecuária é de pequeno porte, com animais soltos. Existe balneário instalado. Existe pesca artesanal com a prática de bater na água para conduzir os peixes. Comentários Os açudes em cujos usos não inclui-se o abastecimento humano apresentam condições semelhantes aos anteriormente analisados, em termos de deficiência de gerenciamento e de baixa qualidade das águas. 64 N – Conclusões Finais Verificaram-se nas análises empreendidas situações generalizadas de deficiências no gerenciamento ambiental dos açudes envolvidos. Todos eles encontram-se em situação de maior ou menor grau de eutrofização, cujos fatores geradores foram apenas parcialmente identificados, merecendo estudos mais aprofundados. Despejos de esgotos domésticos e de atividades de curtumes, matadouros e outros constituem fontes de poluição em alguns casos. Para todos a prática de agricultura de vazantes constitui em maior ou menor grau fonte de aporte de nutrientes pela utilização de fertilizantes químicos. A EMATER regional de Caicó informa que nas vazantes ocorre uso de uréia ou NPK a uma taxa de 100 kg por metro linear de plantio, além do uso de pesticidas para determinadas culturas. Por outro lado, pesquisas recentes realizadas na região do Seridó pela Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte apontam para a possibilidade de existência de elevados níveis de fósforo nas rochas e solos regionais. Dessa forma o aprofundamento do estudo das contribuições de nutrientes para os açudes estudados é necessário para a compreensão das condições determinantes do processo de eutrofização dos mesmos. De forma geral existe inadequação entre a qualidade das águas e respectivos usos, sobretudo nos casos de uso para abastecimento humano, de Rodeador, de Cruzeta e, principalmente, de Passagem das Traíras. Mas em todos os casos analisados acrescenta-se a inadequação entre a qualidade das águas e o uso para recreação de contato primário, efetivamente praticada nos mesmos. As dificuldades para a obtenção de informações oficiais quanto à situação fundiária nas áreas de APP demonstra outra fragilidade que deverá ser enfrentada pelo Programa. Recomendações para Gestão Ambiental dos Açudes Estudados Recomenda-se o fortalecimento do Componente 1.2.2 – Estudo de Usos Múltiplos / Gestão de Reservatórios, o qual deverá prever, em relação aos reservatórios: plano de gestão; normas operacionais apoiadas em estudos hidrológicos e identificação de disponibilidades e demandas; normas de vigilância; monitoramento quali-quantitativo, incluindo estudos voltados à identificação de tendências de salinização e eutrofização; regularização de Licenciamento junto aos órgãos competentes; plano de uso das APP negociado com o IDEMA e com os usuários por meio de organismos de representação; instrumentos técnicos de suporte à decisão dos usuários; regularização dos processos de outorga; processo de esclarecimento junto à Procuradoria Geral do Estado quanto à situação fundiária dos açudes analisados; campanha de educação ambiental junto aos usuários dos açudes. Recomendações para os próximos estudos ambientais a serem realizados nos demais açudes do Programa Uma vez iniciados os processos de regularização dos licenciamentos dos reservatórios incluídos no programa, os órgãos competentes estabelecerão as diretrizes que orientarão os estudos a serem elaborados para os mesmos. Podem-se antecipar no momento, com base na experiência do presente trabalho as seguintes recomendações: serão levantados dados sobre os reservatórios segundo o estabelecido nas fichas de campo constantes do presente relatório; em relação aos açudes já estudados, objetos do presente relatório, será realizada uma análise dos resultados obtidos quanto à caracterização dos usos das APP, de forma a permitir a avaliação dos resultados obtidos por meio da metodologia aplicada para o presente levantamento. Para tanto recomenda-se a escolha de um açude analisado que 65 servirá de amostra para a análise. Para o açude escolhido será realizada a caracterização do uso da APP com base em: i) aquisição e interpretação de imagem de satélite em escala de 1:5000 e ii) Cadastro das propriedades e atividades desenvolvidas. Com base nos resultados obtidos será estabelecida a metodologia para os próximos levantamentos; as informações obtidas deverão ser sistematizadas conforme a seqüência apresentada no presente relatório. O IDEMA estabelece algumas instruções técnicas para apresentação de projetos de barragens e açudes para a regularização do licenciamento ambiental, que passa constantemente por revisões periódicas, sendo a última realizada em 27 de outubro de 2005. Dentre as instruções técnicas estabelecidas por esse órgão podemos mencionar as seguintes: realizar um diagnóstico para todos os açudes que fazem parte do Programa; apresentar um projeto do empreendimento acompanhado do memorial descritivo de funcionamento, de modo a permitir uma fácil compreensão do desenvolvimento da atividade e dos possíveis efeitos no entorno; apresentar um plano de uso múltiplo das águas do açude e a qualidade das águas da represa, no mínimo em dois pontos, para os parâmetros: coliformes termotolerantes, cor verdadeira, turbidez, DBO5, DQO, OD, clorofila-a, densidade de cianobactérias, fósforo total, pH, temperatura, óleos e graxas, sólidos totais dissolvidos, cloreto total, nitrito, nitrato, nitrogênio amoniacal total, sulfato total; apresentar os objetivos ambientais e sociais do projeto, o período de alcance, a área e a população beneficiada com o projeto, indicando os benefícios em relação à situação atual e futura; e, dependendo do tipo, do porte, da localização e do potencial de impacto ambiental do empreendimento, poderá ser solicitado algum tipo de estudo ambiental em complementação aos documentos apresentados, devendo este ser desenvolvido de acordo com Termo de Referência específico para cada caso, fornecido após vistoria da área. São apresentados, a seguir, os mapas de Caracterização dos Usos das APP nos açudes estudados. 4.4.2. Recuperação e Modernização de Perímetros Irrigados 4.4.2.1. Caracterização atual dos perímetros irrigados de Itans e Cruzeta A - Perímetro Irrigado de Itans O perímetro irrigado de Itans foi implanto pelo Departamento Nacional de Obras Contra as SecasDNOCS em 1977, e está localizado em Caicó, bacia do Piranhas-Açu, imediatamente a jusante do açude Itans. O açude Itans com capacidade para armazenar 81.700.000 m³ de água, é a principal fonte para irrigação e apresenta a evolução volumétrica conforme figura 4.3. 66 9331000 9330000 9329000 9328000 633000 52 48 42 44 633000 634000 634000 44 46 42 52 635000 50 49 47 635000 48 59 58 56 57 54 55 59 636000 636000 57 0 125 500 750 m Açude Maciço OUTROS SÍMBOLOS Posição de Foto PONTOS GPS Açude Sede Municipal Município Umarizal 637000 Data : Out. 2005 Escala : 1:10.000 No. Mapa : Açude Rodeador Caracterização da Área de Preservação Permanente - APP Preparação do Programa Estadual de Desenvolvimento Sustentável e Convivência com o Semi-Árido Potiguar RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL - RAA SECRETARIA DO ESTADO DE RECURSOS HÍDRICOS - SERHID GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE 250 Culturas Caatinga Erbácea Caatinga Arbórea Esparsa Caatinga Arbórea Densa Edificação Solo Exposto CARACTERÍSTICAS DA APP 56 Rio Grande do Norte 637000 638000 638000 9331000 9330000 9329000 9328000 9341000 9340000 9339000 78 77 74 639000 639000 640000 640000 81 80 82 78 641000 83 84 641000 77 76 85 86 84 74 83 642000 642000 0 125 500 Sede Municipal 750 m Açude Maciço OUTROS SÍMBOLOS Posição de Foto PONTOS GPS Açude Município Olho d´Água do Borges Data : 643000 Out. 2005 1:10.000 Escala : No. Mapa : Açude Brejo Intervenções do Programa Caracterização da Área de Preservação Permanente - APP Preparação do Programa Estadual de Desenvolvimento Sustentável e Convivência com o Semi-Árido Potiguar RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL - RAA SECRETARIA DO ESTADO DE RECURSOS HÍDRICOS - SERHID GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE 250 Culturas Caatinga Erbácea Edificação Solo Exposto CARACTERÍSTICAS DA APP 81 Rio Grande do Norte 643000 9341000 9340000 9339000 9313000 9312000 9311000 63 62 61 579000 65 579000 580000 580000 71 581000 581000 69 66 67 65 70 69 64 582000 62 582000 67 71 61 0 583000 125 250 Culturas 500 584000 Açude 750 m Açude Maciço OUTROS SÍMBOLOS Posição de Foto PONTOS GPS Sede Municipal Município Rafael Fernandes Out. 2005 Data : 1:10.000 Escala : 584000 No. Mapa : Açude Santana de Pau dos Ferros Intervenções do Programa Caracterização da Área de Preservação Permanente - APP Preparação do Programa Estadual de Desenvolvimento Sustentável e Convivência com o Semi-Árido Potiguar RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL - RAA SECRETARIA DO ESTADO DE RECURSOS HÍDRICOS - SERHID GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE Caatinga Erbácea Caatinga Arbórea Esparsa Edificação CARACTERÍSTICAS DA APP 72 Rio Grande do Norte 583000 9313000 9312000 9311000 9363000 9362000 9361000 9360000 709000 92 91 709000 93 710000 96 710000 711000 711000 95 99 96 98 92 99 Out. 2005 Data : 712000 1:10.000 1:10.000 Escala : No. Mapa : Açude Belduegra Intervenções do Programa Caracterização da Área de Preservação Permanente - APP Preparação do Programa Estadual de Desenvolvimento Sustentável e Convivência com o Semi-Árido Potiguar RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL - RAA SECRETARIA DO ESTADO DE RECURSOS HÍDRICOS - SERHID GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE 93 712000 91 0 101 100 90 89 Rio Grande do Norte 713000 125 250 Culturas 500 Caatinga Arbórea Esparsa Edificação Solo Exposto CARACTERÍSTICAS DA APP 100 713000 Açude 750 m Açude Maciço 714000 OUTROS SÍMBOLOS Posição de Foto PONTOS GPS Sede Municipal Município de Paraú 714000 9363000 9362000 9361000 9360000 9295000 9294000 9293000 9292000 9291000 741000 147 145 144 142 741000 742000 742000 148 743000 743000 143 146 156 155 744000 144 145 147 744000 154 153 165 148 151 164 152 160 158 150 163 745000 745000 154 746000 152 746000 747000 0 300 600 Açude OUTROS SÍMBOLOS Posição de Foto Limite de Trecho PONTOS GPS Sede Municipal 900 m Açude Maciço 748000 Município Cruzeta Data : 747000 OUT. 2005 1:14.000 Escala : No. Mapa : 748000 Açude Cruzeta Intervenções do Programa Caracterização da Área de Preservação Permanente - APP Preparação do Programa Estadual de Desenvolvimento Sustentável e Convivência com o Semi-Árido Potiguar RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL - RAA SECRETARIA DO ESTADO DE RECURSOS HÍDRICOS - SERHID GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE 150 Culturas Caatinga Erbácea Edificação Solo Exposto Erosão CARACTERÍSTICAS DA APP 153 Rio Grande do Norte 9295000 9294000 9293000 9292000 9291000 9282000 9281000 9280000 9279000 9278000 9277000 9276000 137 105 141 104 105 107 728000 140 106 728000 108 139 139 109 138 729000 121 110 111 112 113 729000 122 114 119 137 115 730000 136 116 730000 118 117 731000 136 135 731000 123 134 112 732000 133 732000 132 124 125 733000 126 131 733000 130 129 128 Açude Sede Municipal Município São José do Seridó 735000 Data : 734000 1:21.000 1:21.000 Escala : No. Mapa : 735000 Açude Passagem das Traíras Intervenções Programa Caracterização da Área dedo Preservação Permanente - APP Preparação do Programa Estadual de Desenvolvimento Sustentável e Convivência com o Semi-Árido Potiguar RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL - RAA SECRETARIA DO ESTADO DE RECURSOS HÍDRICOS - SERHID GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE Rio Grande do Norte 127 115 734000 0 250 736000 500 Culturas 1.000 Caatinga Arbórea Esparsa Edificação Solo Exposto CARACTERÍSTICAS DA APP 129 118 736000 737000 1.500 m Açude Maciço OUTROS SÍMBOLOS Posição de Foto PONTOS GPS 737000 738000 738000 9282000 9281000 9280000 9279000 9278000 9277000 9276000 766000 9374000 9373000 9372000 766000 9371000 5 4 1 1 2 18 4 767000 767000 5 16 9 8 7 Fábrica 7 14 8 9 12 10 11 768000 768000 16 12 769000 769000 0 125 500 750 m Açude Maciço OUTROS SÍMBOLOS Posição de Foto PONTOS GPS Sede Municipal Açude Município Angicos 770000 1:9.000 Escala : No. Mapa : Açude Novo Angicos Intervenções do Programa Caracterização da Área de Preservação Permanente Out. 2005 Data : Preparação do Programa Estadual de Desenvolvimento Sustentável e Convivência com o Semi-Árido Potiguar RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL - RAA SECRETARIA DO ESTADO DE RECURSOS HÍDRICOS - SERHID GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE 250 Culturas Caatinga Erbácea Caatinga Arbórea Esparsa Caatinga Arbórea Densa Edificação Solo Exposto CARACTERÍSTICAS DA APP 18 770000 Rio Grande do Norte 9374000 9373000 9372000 9371000 Figura 4.3 – Evolução Volumétrica do Açude Itans Fonte: Secretaria dos Recursos Hídricos do Rio Grande do Norte – www.serhid.rn.gov.br Observa-se a significativa variação dos volumes retidos no reservatório, notadamente no período entre 1997 e final de 2002, quando o estado foi submetido a uma estiagem extremamente severa, agravando as condições de uso dos recursos hídricos. Atualmente o reservatório apresenta-se nas condições similares ao ano de 1997 (anterior ao período de seca). A.1 - Situação fundiária Para implantação do perímetro foram desapropriados 213 ha, sendo destinados: (i) 89 ha para o desenvolvimento da agricultura irrigada, (ii) 84 ha para agricultura de sequeiro e (iii) os restantes 40 ha ocupados com infra-estrutura de canais de distribuição de água e unidade de apoio. A área foi dividida em 11 lotes familiares com área média de 8 ha. Foram entregues 7 lotes aos irrigantes por meio de concessão de uso e 4 por meio de compra e venda. O perímetro não possui nenhuma pendência judicial, porém, ainda não dispõe de escritura unificada, embora todos os lotes possuam memorial descritivo. Atualmente vivem no perímetro cerca de 25 famílias, número superior ao de lotes em função do crescimento de famílias (filhos que se casam a passam a morar na propriedade). A.2 - Infra-estrutura de Uso Comum A infra-estrutura de irrigação é formada por canais principais e parcelares com seção trapezoidal em concreto simples. São dois canais principais: o CP 1 com vazão de 0,31 m3/s e extensão de 5,6 km e CP 2 com vazão de 0,28 m3/s e extensão de 3,8 km. Os canais parcelares somam 8,8 km de extensão e vazão máxima de 0,02 m3/s. A interligação para o CP 2 é feita por meio de uma tubulação de ferro galvanizado de 8,5 metros de extensão e diâmetro de 600 mm. O controle da água é feito por 25 comportas simples de ferro com furos que indicam, por meio de tabulação, a vazão necessária a cada lote. A rede de drenagem é formada por dreno principal com 4,1 km de extensão e drenos secundários com 5,9 km de extensão. A rede viária é formada por vias em terra (extensão de 7,5 km) e todo o perímetro é cercado com arame farpado. A.3 - Avaliação de tecnologias adotadas A infra-estrutura do perímetro foi concebida para o desenvolvimento de plantios irrigados por gravidade e atualmente os colonos adotam a irrigação por sulco na quase totalidade da área disponível a essa prática. Alguns colonos utilizam a irrigação por aspersão para o plantio de pastagens destinadas à criação de bovinos nas áreas de sequeiro. Não há assistência técnica pelo DNOCS e nem pelo Instituto de Assistência Técnica e Extensão – EMATER-RN. 74 A distribuição da água não segue qualquer manejo de irrigação, como: tipo de solo, clima local e culturas implantadas no campo. Toda a operação é realizada pela Associação dos Colonos Irrigantes e Agropecuaristas do Perímetro Irrigado Itans (ACIAPI) e funcionários do DNOCS. A distribuição da água do açude Itans para os dois canais principais que abrange a totalidade da área disponível para irrigação do perímetro ocorre semanalmente na segunda, terça, quinta e sexta-feira. Anualmente são disponibilizados para o perímetro, 2.216.160 m³. Em setembro de 2005, quando da vistoria realizada para elaboração deste RAA, apenas 28,40 ha estavam ocupados com culturas no campo. A rede de drenagem do perímetro não funciona. Todo o excesso de água escoa pelo canal de drenagem, atualmente obstruído e ocupado por vegetação gramínea. Raramente os irrigantes realizam a análise de solos de suas glebas e não há um plano de adubação orgânica e química para potencializar seus usos. O perímetro apresenta uma área salinizada de 22 ha devido a aplicação em excesso de fertilizantes químicos, caracterizados pela Uréia e a formulação NPK 10-10-10. A.4 - Uso de defensivos químicos O uso de defensivos no combate às pragas e doenças é prática comum no perímetro irrigado. Como não há uma assistência técnica, os produtores adquirem as substâncias no comércio local sem a apresentação do receituário agronômico devidamente assinado por técnico qualificado. Na tabela 4.8 são apresentados os defensivos freqüentemente utilizados nas lavouras. Os produtos ficam armazenados nos galpões de utilidade para as atividades gerais do lote, juntamente com equipamentos, depósitos de água de beber, panelas, alimentos e roupas. Não há local específico para o armazenamento das embalagens. Os irrigantes aplicam os defensivos normalmente por meio de pulverizador, desprovidos dos equipamentos de proteção individual exigidos. Tabela 4.8 – Defensivos químicos utilizados no Perímetro Irrigado de Itans Marca Comercial Actara 250 Agrophos 400 Grupo Químico Dose Cloronicotine Organofosforado 0,2 l/ha 0,75 – 1,25 l/ha Modo de Ação Sistêmico Sistêmico-contato Sistêmico-contatoTamaron BR Organofosforado 0,5 l /ha ingestão Fonte: Associação dos Irrigantes Agropecuaristas do Perímetro Irrigado de Itans Classe Pragas III I Mosca-branca Insetos sugadores Pulgão, cigarrinha e manhoso do feijão II A.5 - Usos da água do Açude Itans A disponibilidade hídrica do açude Itans para o perímetro irrigado depende dos usos atuais e de demandas futuras. Observa-se pela tabela 4.9 que o uso da água pelo perímetro irrigado equivale a quase a metade da água consumida no abastecimento público de Caicó. Essa proporção se eleva significativamente se somarmos os volumes consumidos pela estação de piscicultura situada nas proximidades do perímetro. Ressalta-se, ainda, que a atual área plantada e respectivo sistema de irrigação por sulco está consumindo 78.034 m³/ha/mês, justificando a adoção de sistemas de irrigação localizada adaptáveis aos cultivos propostos nos termos de referência do Programa. Tabela 4. 9 - Usos mensal e anual das águas do Açude Itans Descrição do uso Perímetro Irrigado de Itans Abastecimento de Caicó Estação de Piscicultura Total Fonte: CAERN-Escritório Regional de Caicó e DNOCS Vol. mensal em m³ 184.680 460.800 165.000 810.000 Vol. anual em m³ 2.216.160 5.529.600 1.980.000 9.725.760 75 B - Perímetro Irrigado de Cruzeta Foi implantado pelo DNOCS em 1976, no município de Cruzeta, na bacia Piranhas-Açu. O açude de Cruzeta com capacidade para armazenar 35.000.000 m³ de água, é a principal fonte para as atividades de irrigação e apresenta a evolução volumétrica conforme figura 4.4. Figura 4.4 – Evolução Volumétrica do Açude Cruzeta Igualmente ao Açude Itans, observa-se a variação significativa dos volumes armazenados quando do período da estiagem severa na região. B. 1 - Situação fundiária A área do perímetro cadastrada pelo o DNOCS é de 507 ha, mas a área informada para fins do projeto de irrigação é 498 ha12. Desta foram selecionados 269 ha destinados a agricultura de sequeiro e 192 ha para agricultura irrigada. Os 37 ha restantes são ocupados pela infra-estrutura de uso comum, ou seja, canais, estradas e drenos. Atualmente a área disponível para a irrigação é de 110,4 ha, dividida e 23 lotes familiares com área média de 4,8 ha. Foram entregues 20 lotes aos irrigantes por meio de contrato de promessa de compra e venda e 3 com concessão de uso. De todos os lotes apenas 5 faltam ser escriturados. Atualmente vivem no perímetro cerca de 41 famílias, numero superior ao de lotes em função do crescimento de famílias (filhos que se casam a passam a morar na propriedade). B. 2 - Infra-estrutura de Uso Comum A estrutura para agricultura irrigada é composta por 9 km de canal principal, 3 km de canal secundário e 14 km de terciário. A rede de drenagem principal tem 9 km e a secundária 6 km. B. 3 - Avaliação de tecnologias adotadas A infra-estrutura do perímetro de Cruzeta foi concebida para o desenvolvimento de plantios irrigados por gravidade e atualmente os colonos adotam a irrigação por sulco na quase totalidade da área disponível para essa prática. Alguns colonos utilizam a irrigação por aspersão para o plantio de pastagens destinadas à criação de bovinos nas áreas de sequeiro. Não há assistência técnica pelo DNOCS e EMATER-RN. A distribuição da água não segue práticas de manejo de irrigação, como tipo de solo, clima local e culturas implantadas no campo. Toda a operação é realizada pela Associação dos Irrigantes do Perímetro Irrigado e Cruzeta - APICRUZ. A distribuição da água a partir do açude Cruzeta ocorre por meio de um canal principal que abrange a totalidade da área disponível para irrigação do perímetro. A água escoa semanalmente, durante quatro dias, com uma vazão de 0,4m³/s por um período de seis 12 Inclui área de 80 ha pertencente a EMBRAPA, que desenvolve pesquisas em parceria com a Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio Grande do Norte (EMPARN). 76 horas/dia. Dessa forma, anualmente são disponibilizados para o perímetro um volume de 1.866.240 m³. A rede de drenagem do perímetro necessita recuperação e manutenção. O principal dreno é o leito do rio São José que foi barrado para a construção do açude, encontrando-se obstruído. Freqüentemente os irrigantes realizam a análise de solos de suas glebas, mas não há um plano de adubação orgânica e química para potencializar seus usos, assim como, orientar uma adequada rotação de cultura. O perímetro apresenta área salinizada de 3,3 ha devido à aplicação em excesso de fertilizantes químicos (ex: sulfato de amônia e a formulação NPK 6-24-12). B. 4 - Uso de defensivos químicos O uso de defensivos no combate às pragas e doenças é prática comum no perímetro irrigado. Como não há assistência técnica, a não ser aos produtores que cultivam tomate num contrato de parceria com a empresa Palmeiron, os produtores adquirem as substâncias no comercio local sem a apresentação do receituário agronômico devidamente assinado por técnico qualificado. Na tabela 4.10 são apresentados os defensivos freqüentemente utilizados nas lavouras. Os produtos ficam armazenados nos galpões do lote, juntamente com equipamentos, depósitos de água de beber, panelas, alimentos e roupas. Da mesma forma, não há local específico para o armazenamento das embalagens. Os irrigantes aplicam os defensivos normalmente por meio de pulverizadores desprovidos dos equipamentos de proteção individual exigidos para tal serviço. Tabela 4. 10 – Defensivos químicos utilizados no Perímetro Irrigado de Itans Marca Comercial Actara 250 Agrophos 400 Grupo Químico Dose Cloronicotine Organofosforado 0,2 l/ha 0,75 – 1,25 l/ha Modo de Ação sistêmico Sistêmico-contato Sistêmico-contatoTamaron BR Organofosforado 0,5 l /ha ingestão Vertimec Abamectina 0,3 – 0,6l/ha Conta to – ingestão Calypso Cloronicotinil 0,2 l/ha Sistêmico Fonte: Associação dos Irrigantes Agropecuaristas do Perímetro Irrigado de Itans Classe Pragas III I Mosca-branca Insetos sugadores Pulgão, cigarrinha e manhoso do feijão Insetos sugadores Insetos sugadores II III III B. 5 - Usos da água do Açude de Cruzeta A disponibilidade hídrica do açude de Cruzeta para o perímetro irrigado depende dos usos atuais e das demandas futuras, como demonstrado na tabela 4.11. Tabela 4. 11 - Usos mensal e anual das águas do Açude Cruzeta Descrição do uso Perímetro Irrigado de Cruzeta Abastecimento da cidade de Cruzeta/RN Total Fonte: CAERN-Escritório Regional de Caicó e DNOCS Vol. mensal em m³ 155.520 46.440 201.960 Vol. anual em m³ 1.866.240 557.280 2.423.520 Considerando que toda área irrigada atualmente utiliza a irrigação por sulco, verifica-se uma grande perda de água nos canais principais de distribuição, em decorrência de fissuras em sua estrutura física, associada a uma falta de manejo nos cultivos, falta de nivelamento dos sulcos de irrigação e excesso de água nas áreas parcelares de plantio. O volume de água utilizado pelo perímetro é significativamente superior ao consumido pela cidade de Cruzeta. Dessa forma, num planejamento de multiuso do açude e com uma disponibilidade capaz de manter a atividade do perímetro, recomenda-se substituir o atual sistema de irrigação por procedimentos de uso eficiente de água, como sistemas localizados, permitindo diversificar as espécies cultivadas e agregar valor aos produtos. C. Licenciamento Ambiental 77 Os perímetros foram implantados na década de 70 e não foram licenciados. Considerando que os empreendimentos já estão em operação, há necessidade de requerer Licença de Regularização de Operação para permitir a continuidade da operação após análise da documentação requerida, mediante o cumprimento das condicionantes. Essa regularização se dará no âmbito do Programa, conforme proposto no PGA apresentado no Capítulo 5. De acordo com a Resolução CONAMA n° 284/01, que dispõe sobre o Licenciamento de empreendimentos de irrigação, os perímetros irrigados de Itans e Cruzeta, por apresentarem áreas irrigadas pelo método superficial tipo sulco e superfície total inferior a 500 hectares, são classificados como de categoria B, cujo licenciamento exigirá, em complementação ao solicitado pelo IDEMA, a documentação descrita na tabela 4.12. Tabela 4. 12 – Anexo I da Resolução n° 284 do CONAMA TIPO DE LICENÇA TIPO DE LICENÇA LICENÇA PRÉVIA-LP 1 – Requerimento da LP; 2 - Cópia da publicação do pedido da LP; 3 -Cópia do pedido de outorga de uso da água; 4 - Certidão de anuência da Prefeitura Municipal ou do Governo do Distrito Federal; e 5 - Estudos Ambientais pertinentes. LICENÇA DE INSTALAÇÃO-LI 1 – Requerimento da LI; 2 - Cópia da publicação do pedido da LI; 3 -Cópia da publicação da concessão da LP; 4 - Cópia do documento da Outorga de uso da água ou outro documento que a substitua; 5 - Autorização de desmatamento ou de supressão de ecossistemas naturais expedida pelo órgão competente, quando for o caso; 6 - Projetos Ambientais e de Engenharia; e 7 - Plano de Controle Ambiental contendo, no mínimo: I - Programa de controle e proteção de solo e água; e II - Programa de monitoramento de solo e água. LICENÇA DE OPERAÇÃO-LO 1 - Requerimento da LO; 2 - Cópia da publicação do pedido de LO; e 3- Cópia da publicação da concessão da LI. Os dispostos na referida Resolução serão aplicados considerando as categorias e as fases de planejamento, execução ou operação em se encontram os empreendimentos. Segundo o artigo 12, para os empreendimentos em operação na data de sua expedição, caso dos perímetros de Itans e Cruzeta, os responsáveis deverão regularizar a situação, em consonância com o órgão ambiental. Para isso será exigida a apresentação dos estudos ambientais pertinentes, contendo: I – descrição geral do empreendimento; II – avaliação dos impactos ambientais provocados; III – medidas mitigadoras e de proteção ambiental adotadas ou em vias de adoção; e, IV – instrumentos gerenciais existentes ou previstos para assegurar a implementação das medidas preconizadas. 4.4.2.2. Avaliação Ambiental Atualmente nenhum dos perímetros irrigados atende a Política Operacional de controle de pragas e parasitas, OP 4.09, do BIRD. Como não há exigência, quando da compra de pesticidas, da apresentação do receituário agronômico, os irrigantes adquirem esses produtos químicos em casas comerciais dos municípios, sem autorização para este tipo de venda. Com isso, na maioria das vezes, os produtores adquirem produtos de custo menor, desconsiderando modo de aplicação, seletividade de insetos e parasitas e principalmente a carência da substância química. Portanto, atualmente não há nenhum critério técnico de seleção e uso destes pesticidas, quanto aos riscos à saúde humana, eficiência no combate às espécies alvos e seus efeitos nas populações da fauna local. Foi diagnosticado ainda, que nas áreas próximas aos perímetros, é comum o uso do produto cyperpour, de uso veterinário, indicado para o controle da mosca do chifre, sendo amplamente aplicado nas culturas de feijão e milho para o combate de lagartas e insetos mastigadores. É importante observar que a proposta do Programa de modernização dos perímetros, a partir de ações listadas no item a seguir, constitui-se em oportunidade de adequá-los eliminando-se os aspectos negativos. Assim, na ocasião do detalhamento da proposta visando sua implementação, as 78 recomendações constantes do item 4.6 deverão fazer parte do escopo dos trabalhos, de forma a mitigar impactos potenciais e diminuir ou eliminar as não conformidades identificadas. A recuperação e modernização dos perímetros visam à adequá-los às melhores técnicas e práticas conservacionistas de recursos hídricos, compatíveis à região, permitindo a auto-sustentação. É uma ação que enseja impactos positivos significativos, conforme comentado a seguir. Dessa forma, esperase com a implantação de sistemas de irrigação poupadores de água, além da redução do desperdício de água e otimização da disponibilidade hídrica, o desenvolvimento de ações que permitam adequação de formas de cultivos às práticas que evitem danos à natureza, como acidificação e salinização progressiva dos solos. Também serão esperados ainda, como conseqüência da recuperação dos drenos e desobstrução da drenagem natural, a redução dos riscos de contaminação de mananciais. A aplicação do manejo integrado de pragas, considerando os níveis de danos das pragas e parasitas, permitirá economia dos custos de produção, melhoria na produtividade e qualidade dos produtos agrícolas. Sob o ponto de vista social, a melhor operação desses perímetros resultará em incrementos na produtividade agrícola local com reflexos na renda das famílias. É imprescindível, para o sucesso das intervenções, que sejam implementadas ações de orientação técnica aos irrigantes visando à implementação de culturas rentáveis, dentro de padrões ambientalmente aceitáveis. As fotos de inspeção de campo são apresentadas no Anexo 10. 4.4.3. Novas Estruturas - Sistema Adutor Monsenhor Expedito Neste item é apresentada a avaliação ambiental do sub-componente 3.2, prevista a ser implementada no primeiro ano do Programa. A avaliação abordará o sistema atual e a proposta de ampliação. Sob o ponto de vista do atendimento as Políticas Operacionais do BIRD, o projeto em pauta encontra-se em situação de conformidade, quer pela ausência de conflitos de ordem social ou ambiental, quer pela existência de mecanismos de avaliação de impactos que foram aplicados no processo de decisão sobre a alternativa de expansão do Sistema Adutor. 4.4.3.1. Sistema Existente A - Caracterização do Sistema O projeto básico do sistema adutor foi elaborado pela SERHID em 97. De acordo com o projeto foram previstas as obras para beneficiar 20 cidades e 28 comunidades, totalizando uma população, para final de plano, 2016, de 222.336 habitantes. O sistema projetado consiste em captação superficial na lagoa do Bonfim, associada a sete poços tubulares profundos instalados no aqüífero Dunas-Barreiras. Hoje o sistema projetado já se encontra totalmente implantado, entretanto o mesmo foi ampliado e atende mais 3 municípios (totalizando agora 23 cidades) e um total de 48 comunidades, 37 chafarizes e 3 pontos para abastecimento de carro pipa. Os municípios atualmente atendidos e que não pertenciam ao projeto original são: Santa Maria, Serrinha e Lagoa das Pedras. O sistema físico-operacional da adutora é constituído pelas seguintes unidades: 17 estações elevatórias; 38 tanques de amortecimento unidirecionais; 3 chaminés de equilíbrio (stand-pipes); 16 subestações elétricas para alimentação do sistema; 376,73 km de adutoras de recalque, com diâmetros variando entre 100 a 600mm; estações elevatórias independentes para Tangará e São José Campestre; Postos de cloração nas elevatórias I, III e VII. Na figura 4.5 é apresentado, esquematicamente, o Sistema implantado e a proposta de ampliação. Os trechos em verde são os previstos para ampliação. Segundo a Gerência de Grandes Adutoras da CAERN, o Sistema Monsenhor Expedito atendeu no ano de 2004 a uma população total de 169.806 habitantes. Em sua configuração atual, as águas brutas são reunidas em um único ponto, na estação elevatória EB-01, onde recebem desinfecção (cloração), sendo recalcadas por essa e outras 16 estações elevatórias, que compõem o Sistema para distribuição em diversas localidades. Na captação da lagoa do Bonfim encontram-se três bombas submersas, montadas em flutuantes, cuja capacidade individual de recalque é de aproximadamente, 113,89 L/s. Considerando o funcionamento 79 paralelo de duas unidades e uma de reserva, observa-se que a capacidade de recalque de águas da lagoa de 227,78 L/s. O Anexo 2 apresenta um registro fotográfico do sistema e da situação atual das comunidades a serem atendidas para os itens abordados. Figura 4.5- Desenho esquemático da Adutora Monsenhor Expedito Os 7 poços em operação estão instalados no sistema aqüífero Dunas – Barreiras. Este conjunto apresenta uma capacidade de produção de 763,05 m³/h para um período de 24 horas/dia. Assim, o sistema existente apresenta capacidade instalada suficiente para produzir 404,41 L/s. O Sistema Monsenhor Expedito foi concebido originalmente para atender a uma demanda de 500 L/s, porém, sem qualquer recomendação para níveis de alerta ou de parada do sistema, de forma que a proteção do manancial fosse visada e que houvesse uma definição do volume real de reserva disponível na lagoa. Entretanto, durante as discussões realizadas no âmbito do processo de licenciamento ambiental das obras13 houve grande polêmica acerca da transposição de água da lagoa para o abastecimento humano no Sertão. Organizações não governamentais alegavam que a adução pretendida traria grandes impactos à lagoa, podendo até secá-la. Após grande discussão técnica que envolveu a SERHID, o Ministério Público e da UFRN, foi assinado um Termo de Ajuste de Conduta – TAC, que fixou em 39,00m a cota mínima a ser mantida na lagoa, durante toda a operação do novo Sistema. Os estudos de balanço hídrico da lagoa demonstraram que o atual sistema de captação tem condições de retirar com garantia a vazão de 100 L/s da lagoa e 150 L/s por meio da atual bateria de poços. No entanto, não se recomenda aumento de retirada desse sistema atual de captação, quer diretamente da lagoa, quer a partir dos atuais poços, uma vez que a região é de recarga e suscetível a fortes rebaixamentos sem a devida reposição temporal de água pela chuva. B - Condições Operacionais do Sistema Atualmente, a CAERN opera e mantém os sistemas de abastecimento de 22 sedes dos 23 municípios atendidos pela Adutora. Somente no município de Santa Cruz esses serviços estão a cargo de um operador local Sistema Autônomo de Água e Esgoto – SAAE, que compra água tratada da CAERN. 13 A aprovação do Sistema Adutor foi precedida de apresentação de Estudo de Impacto Ambiental, nos termos da legislação vigente, incluindo a realização de Audiência Pública. 80 Com relação às comunidades rurais ou pequenas localidades, observa-se que, em sua maioria, a CAERN também está operando e mantendo os sistemas. Em relação ao sistema produtivo, o monitoramento dos níveis da Lagoa do Bonfim mostra que apenas no ano 2000, anteriormente à entrada em operação da bateria de poços, chegou-se a níveis bastante próximos à cota limite, 39m, conforme mostrado na figura 4.6, a seguir. Esse é o limite estabelecido no TAC. Figura 4.6 - Evolução dos níveis da Lagoa do Bonfim – 1998 a 2005 E vo lução d o N íve l d a L a g o a d o B o nfim N ive l M áxim o : 42,9 54 m 4 3,0 4 2,5 4 2,0 Cota Absoluta (m) 4 1,5 4 1,0 4 0,5 4 0,0 3 9,5 3 9,0 3 8,5 12/8/2005 12/5/2005 12/2/2005 12/8/2004 12/11/2004 12/5/2004 12/2/2004 12/8/2003 12/11/2003 12/5/2003 12/2/2003 12/8/2002 12/11/2002 12/5/2002 12/2/2002 12/8/2001 12/11/2001 12/5/2001 12/2/2001 12/8/2000 12/11/2000 12/5/2000 12/2/2000 12/8/1999 12/11/1999 12/5/1999 12/2/1999 12/11/1998 12/8/1998 3 8,0 P erío do Fonte: dados de monitoramento fornecidos pela SERHID Em 2004 foi captado na lagoa e nos poços tubulares um total de 8.295.559,52 m3 de água, o que proporcionou uma vazão média de 266,7 L/s. Pelos dados disponíveis pode-se inferir que o Sistema está operando com vazões superiores à sua capacidade mínima, estabelecida nos estudos hidrológicos/hidrogeológicos, fato que o torna vulnerável a possibilidades de ocorrência de racionamento de água. Considerando a população abastecida em 2004, 169.806 habitantes, foi estimado o volume consumido nos municípios. Estimou-se um total de 1,511 milhões de m3, dos quais 1,067 milhões pertencem ao município de Santa Cruz. O volume consumido corresponde a apenas 53,9% do produzido. Essa situação indica que para 100 m3 produzidos, 46,1 m3 não são consumidos. Ou seja, o Sistema tem operado com índices elevados de perdas físicas, acima dos padrões mínimos aceitáveis. Observa-se a necessidade de promover ações para reduzir as perdas. Partindo-se de uma situação ideal (perdas de 25% no sistema) teríamos a necessidade de uma vazão média de 197,24 L/s para abastecer a população atendida. Embora esta vazão seja inferior à capacidade do sistema produtivo atual que é de 250 L/s, ela corresponde a 85,8% da capacidade máxima de exploração do mesmo. Este índice já é elevado e, considerando-se o crescimento normal da população, a capacidade do sistema produtivo no horizonte final do plano já pode estar comprometida. Ao se considerar ainda a inclusão de mais 7 municípios, por meio da ampliação da adutora, com uma população, em 2026, estimada em 269.886 habitantes, verifica-se maior necessidade para a ampliação do sistema produtivo atual. C. Avaliação Ambiental do Empreendimento em Operação O objetivo é avaliar a situação atual e propor diretrizes e medidas que venham a colaborar para a potencialização dos benefícios do sistema, bem como para atenuar aspectos negativos. C.1 - Alterações no Regime Hidrológico/Hidrogeológico 81 O Sistema implantado tem uma capacidade de adução de 404 L/s. Atualmente, tendo em vista todos os estudos subseqüentes elaborados pela SERHID, tem-se clareza sobre as restrições que deverão ser impostas no sistema que abastece a Adutora, tendo em vista os aspectos ambientais: manutenção das funções ecológicas e sociais da lagoa; os jurídicos: o pleno atendimento ao TAC assinado junto ao Ministério Público; além de assegurar condições adequadas de usos múltiplos das águas, garantindo o atendimento às diversas demandas. Nos estudos já realizados e nos dados fornecidos pela SERHID, fica claro que nos últimos anos vêmse bombeando vazões superiores àquelas fornecidas como limite para o Sistema. O limite estabelecido é de 250 L/s. Os dados indicam que nos últimos 4 anos foram bombeadas vazões médias da ordem de 259 L/s. É importante ressaltar que, apesar dos valores bombeados terem sido superiores àqueles recomendados, a cota mínima estabelecida no TAC para a Lagoa do Bonfim - 39m, não foi alcançada, estando o reservatório em todo período de operação do sistema, acima deste valor, o que é demonstrado nos dados do monitoramento. Mesmo em condições de estiagem severa o Sistema não poderá comprometer as condições estabelecidas para a lagoa, exigindo a adoção de medidas mais radicais como racionamento de água. C.2 - Proteção Ambiental dos Mananciais O sistema produtivo que abastece a Adutora é responsável também pelo fornecimento de água para outros usos tais como abastecimento humano, agricultura irrigada e lazer. Tendo em vista a importância destes mananciais é fundamental avaliar as condições ambientais. Destaca-se que não há ações destinadas especificamente à proteção dos mananciais. Lagoa do Bonfim: É a maior das lagoas do Complexo Lagunar do Bonfim, seu entorno é bastante ocupado, principalmente por chácaras e sítios, que desenvolvem a agricultura, em geral irrigada, casas e clubes. Nestas áreas grande parte da vegetação nativa foi substituída por cultivos. Não se observam grandes áreas com solo exposto, sujeito à erosão e carreamento de sólidos. É importante a fiscalização do órgão ambiental competente no sentido de garantir o respeito às APP (atualmente ocupada) e a averbação das Áreas de Reserva Legal nas propriedades, de modo a preservar ou recuperar áreas de vegetação nativa. Na reunião pública ocorrida em 05 de setembro de 2005, para a discussão do projeto de ampliação do sistema atual, um dos pontos mais comentados por representantes da sociedade civil (entidades ambientalistas) e pelo Ministério Público Estadual, foi a necessidade de fortalecimento da fiscalização nas áreas limítrofes ao reservatório, notadamente na questão relacionada a disposição de resíduos sólidos (ver Anexo 6 deste RAA). Sistema Aqüífero Dunas-Barreiras: No caso desse sistema recomenda-se a proteção das zonas de recarga, com manutenção da vegetação nativa e uso controlado de defensivos agrícolas, em áreas com agricultura. C.3 - Fontes Poluidoras Uma vez que não existe sistema de coleta e tratamento de esgotos na região do entorno do Complexo Lacustre do Bonfim, os efluentes são, em geral, depositados em fossas. É fundamental orientar os proprietários e moradores no sentido de implantar fossas sépticas e de evitar o lançamento de efluentes diretamente na lagoa. Durante vistoria de campo foi verificada a presença de lixo a céu aberto nas proximidades da lagoa. A análise de tais depósitos indicou que os mesmos devem ser provenientes de quiosques ou lanchonetes situadas nas proximidades. Aqui valem as considerações apresentadas para o uso de defensivos agrícolas na agricultura. C.4 - Condições Operacionais do Sistema Atualmente em Operação 82 No estudo de Viabilidade Técnica para Ampliação do Sistema Monsenhor Expedito, elaborado para a SERHID (05/2005) foi realizada uma avaliação dos dados operacionais do Sistema, que indicou deficiências e problemas operacionais. Dentre as deficiências verificadas, destacam-se: violações de ventosas e descargas por parte de proprietários rurais, inclusive com ligações clandestinas, utilizando água tratada para irrigação e/ou enchimento de "barreiros" e cochos para o gado; abastecimento de caminhões-pipa de forma indiscriminada junto aos chafarizes a qualquer hora; derivações executadas, não previstas, em desacordo com normas da CAERN; inexistência de critérios para a cobrança da água distribuída nos chafarizes; trechos da adutora, incluindo elevatórias, construídos em propriedades particulares, dificultando o acesso e a fiscalização; deficiência no sistema de automação; violação nas Torres de Amortecimento Unidirecional – TAU’s; inexistência de fiscalização nos trechos das derivações; deficiência na macromedição, especialmente nas chegadas dos reservatórios e derivações. C.5 - Interferência com Unidades de Conservação A área do empreendimento está totalmente inserida na APA Estadual Bonfim/Guaraíra, criada pelo Decreto nq 14.369, de 22/03/99. O objetivo da APA é ordenar o uso, proteger e preservar os ecossistemas dunar, a mata atlântica e manguezal; as lagoas, rios e demais recursos hídricos e as espécies vegetais e animais. O Macrozoneamento e o Plano de Manejo da APA são de responsabilidade do IDEMA, que poderá executar ou contratar os serviços para elaboração destes produtos. O Macrozoneamento ficou previsto para ocorrer em 90 dias, após publicação do decreto supracitado, sendo, logo em seguida, confeccionado o Plano de Manejo. O IDEMA está desenvolvendo o Plano de Gestão para a APA de Bonfim/Guaraíra, que contempla os seguintes produtos: Diagnóstico socioeconômico e ambiental da APA; Estudo de impactos ambientais e de capacidade de suporte da APA; Zoneamento Ecológico-Econômico; Programas de gestão e Estratégias de implementação do Conselho Gestor e Câmaras Técnicas; Sistema de Informações Geográficas – SI; Plano de Divulgação e Marketing e Programa de Formações de Gestores Ambientais. C.6 - Qualidade da água É clara a presença excessiva de matéria orgânica expressa pelos resultados de fósforo, coliformes e condutividade (ver Capitulo 2). A origem desta matéria orgânica tanto pode ser de esgotos domésticos aportados à lagoa quanto o aporte de fertilizantes, ou ambas as coisas. Diante desses valores apresentados e dadas as informações sobre a presença de cianobactérias tóxicas nos corpos d’água do estado, é imprescindível um diagnóstico urgente de cianobactérias / cianotoxinas deste ambiente, considerando a função da lagoa, de abastecimento doméstico. Importante salientar que o único tratamento dado à água da lagoa para distribuição é a cloração e esse procedimento potencializa a toxicidade das águas no caso da presença de cianobactérias tóxicas. A melhor forma de equacionar esse problema é a prevenção. Uma gestão da bacia e da lagoa e a implantação de redes coletoras e tratamento de esgotos são fundamentais para diminuir o aporte de carga poluidora. Considerando o monitoramento quali-quantitativo dos recursos hídricos, proposto pelo Programa no Sub-componente 1.3, deve ser enfatizada a importância de somar a este, análises periódicas fitoplanctônicas e de potencial toxicológico das cianobactérias para a Lagoa do Bonfim. C.7 – Perdas de Água no Sistema 83 Em sistemas públicos de abastecimento de água, toda água que não chega aos consumidores pode ser definida como perdas reais, correspondendo às perdas físicas (vazamentos) e às perdas operacionais (lavagem de filtros, decantadores, etc). As perdas físicas oneram os custos de produção do sistema uma vez que os operadores incorrem em gastos desnecessários com o volume de água correspondente a perdas como energia elétrica e produtos químicos. Além disso, com sua redução, é possível aumentar a oferta de água sem a necessidade da expansão do sistema produtor. As perdas aparentes (não físicas) referem-se a toda água que não é medida ou que não tenha o seu uso definido. Estão relacionadas, entre outros fatores, a ligações clandestinas e/ou irregulares; fraudes nos hidrômetros; erros de micromedição e macromedição; política tarifária; erro cadastral (número de economias erradas, inatividade em ligação ativa, ligação não cadastrada por descuido). De acordo com o PNCDA (2003), a redução das perdas aparentes (não físicas) possibilita o aumento da receita tarifária, melhorando a eficiência dos serviços prestados e o desempenho financeiro do prestador de serviços. Dessa forma contribui indiretamente para a ampliação da oferta efetiva, uma vez que induz à redução de desperdícios por força da aplicação da tarifa aos volumes efetivamente consumidos. Diante dos conceitos acima expostos podemos definir que tanto as perdas reais, quanto às perdas aparentes constituem nas perdas de faturamento, uma vez que impedem a realização plena da receita operacional da empresa. 1- Perdas reais do Sistema Adutor Monsenhor Expedito Para o cálculo do índice de perda física, a CAERN considera o total do volume micromedido mais o estimado em relação ao produzido. O volume micromedido no sistema corresponde a 67,6% do volume consumido (4.665.097 m3/ano), enquanto que o volume estimado é 32,4% do volume consumido. Com relação ao volume faturado (6.107.664 m3/ano) é possível observar que o somatório obtido para os 23 municípios indica uma perda média de faturamento na ordem 29,4%. O fato do volume faturado ser superior ao volume consumido em 30,9% indica que uma parcela significativa da população na área de estudo apresenta consumo legal inferior ao mínimo estabelecido pela CAERN, que é de 10 m3 por economia residencial/mês. De acordo com dados apresentados pelo Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento de 2002 – SNIS 2002, para as empresas de abrangência regional, é prática a adoção de um consumo legal mínimo para aquelas ligações que não possuem micromedição. Essa prática acaba por aumentar os valores da perda de faturamento. Observando os dados do SNIS 2002, das 25 empresas de abrangência regional pesquisadas 17 apresentam os volumes faturados superiores aos volumes consumidos. Segundo a Gerência de Grandes Adutoras da CAERN, o Sistema Adutor Monsenhor Expedito atendeu no ano de 2004 a uma população total de 169.806 habitantes. Considerando dados fornecidos pela CAERN, é possível observar que o per capita de produção foi de 139,64 L/hab/dia, o de consumo correspondeu a 75,27 L/hab/dia e o de faturamento foi de 98,54 L/hab/dia. Considerando dados do ano de 2004 referentes ao sistema, para um volume micromedido de 3.153590 m3, volume estimado de 1.511507 m3 e um volume produzido de 8654.590, a perda real (física) do sistema é de 46,1 %. Pelos números anteriormente apresentados observa-se a necessidade de promover ações no sentido de reduzir significativamente as perdas no sistema. Ao se avaliar a situação de ligações, verifica-se que 81,2% das mesmas são hidrometradas, entretanto o volume micromedido corresponde a apenas 67,6% do volume consumido. Esse fato já se constitui em um grande problema, uma vez que, de acordo com o PNCDA (1999), a ausência de micromedição é um dos principais indutores de perdas não físicas, pois, segundo a experiência internacional e de algumas cidades brasileiras, vários estudos apontam que o consumo em áreas com ligações não medidas fica limitado à capacidade de suprimento do sistema, pois o usuário não tem motivos para 84 economizar água ou evitar desperdícios por meio da substituição de bóias, torneiras defeituosas ou do reparo de vazamentos em tubulações. A análise de dados apresentados nos Estudo de Viabilidade Técnica e Ambiental da Ampliação do Sistema Integrado de Abastecimento de Água Adutora Monsenhor Expedito / RN – Rev – 01 realizado pela SERHID em setembro de 2005, e dos valores operacionais médios para CAERN, extraídos do SNIS 2003, apresentados na figura 4.7, permite concluir que, ao compararmos o Sistema Adutor Monsenhor Expedito à média regional da CAERN, o mesmo apresenta valores de perdas reais (nomeadas pelo SNIS como perdas de distribuição) inferiores ao da Companhia. Figura 4.7 – Índice de Perdas na Distribuição – CAERN 2 – Propostas para Redução das Perdas De acordo com o Estudo de Viabilidade Técnica e Ambiental da Ampliação do Sistema Integrado de Abastecimento de Água Adutora Monsenhor Expedito / RN – Rev – 01 foram identificadas ao longo do sistema adutor as seguintes deficiências operacionais: utilização sistemática de mangueiras junto aos chafarizes, que desvirtua a sua finalidade, pois o consumo per capita se eleva acima dos 30 L/hab.dia inicialmente previstos; violações de ventosas e descargas por parte de proprietários rurais, inclusive com ligações clandestinas, utilizando água tratada para irrigação e/ou enchimento de "barreiros" e cochos para o gado; abastecimento de caminhões-pipa, vários de grande capacidade, de forma indiscriminada junto aos chafarizes a qualquer hora do dia ou da noite; derivações executadas, não previstas, em desacordo com normas da CAERN e sem projetos, inclusive sem os respectivos levantamentos topográficos; inexistência de critérios para a cobrança da água distribuída nos chafarizes; Programa Federal de Combate à Seca – Abastecimento de carros-pipa, sem cobrança; trechos da adutora incluindo elevatórias foram construídos em propriedades particulares, dificultando o acesso, e, por conseguinte, agravando a falta de fiscalização tanto ao longo da adutora quanto nas áreas das elevatórias; falta de energia e oscilações nas tensões; desgaste nos tubos de aço nas passagens de pontes (falta de tratamento interno do tubo); deficiência no sistema de automação; violação nas Torres de Amortecimento Unidirecional – TAUs; inexistência de fiscalização nos diversos trechos das derivações; deficiência na macromedição, especialmente nas chegadas dos reservatórios e derivações; diante disso, pode-se verificar que várias das deficiências acima apontadas contribuem para o incremento dos índices de perdas de água citadas anteriormente. 85 Logo, em função das deficiências observadas, buscou-se identificar dentre todas as ações sugeridas no Programa de Desenvolvimento Sustentável e Convivência com o Semi-Árido Potiguar e especificamente no Projeto de Ampliação da Adutora de Monsenhor Expedito quais teriam influência direta na redução de perdas. Ações propostas implementar ações no sentido de promover a criação de associações de moradores nas comunidades atendidas por Chafarizes, via Adutora Monsenhor Expedito, estabelecendo responsabilidades para operação e manutenção das derivações já existentes ou que venham a ser autorizadas, bem como implementar hidrometração das águas consumidas por essas comunidades e mecanismos de cobrança. Foi considerado que em todas as comunidades atualmente atendidas por chafarizes essas medidas se fazem necessárias, ou seja 37 localidades; implementar um programa de macromedição, com implantação de equipamentos em todos os pontos de derivação na citada adutora, bem como nas chegadas de cada unidade de recalque. Estima-se que serão necessários 17 macromedidores nas elevatórias existentes e mais 30 macromedidores para atender às sedes municipais. Para as localidades tem-se a previsão de medição das vazões por meio de hidrômetros com capacidades suficientes para o atendimento das vazões necessárias; efetuar cadastramento e implantação de micromedição (hidrometração) de todas as ligações atendidas pela adutora, quando autorizadas; implantação da automação no Sistema Adutor Monsenhor; implantação de ações elencadas no Programa de Desenvolvimento Institucional – DI da CAERN ações e medidas no sentido de melhorar o suporte e a reestruturação da área comercial da empresa, correspondendo as seguintes etapas: a. Projeto de cadastro de consumidores; b. Projeto de faturamento e Cobrança; c. Projeto de Micromedição; d. Projeto de Micromedição e Pitometria; e. Projeto Sistema Integrado de Prestação de Serviços e Atendimento ao Público e f. Projeto de Padronização e Automação de Unidades Operacionais. espera-se a redução das perdas reais do sistema, hoje estimadas em 46,1%, para um nível ótimo de 25%, no menor espaço de tempo possível, o que corresponderia a um valor mundialmente aceitável para perdas de água em sistemas de abastecimento de água. É importante enfatizar que alcançar o nível de perdas de 25% seria uma meta extremamente satisfatória, muito aquém da média nacional, hoje estimada, segundo o SNIS, em 40,5%; pode-se sugerir também, a implantação de esforços e medidas no sentido de promover um estudo do controle de pressões na rede, pois a sua simples redução leva a substanciais reduções dos vazamentos existentes, além de reduzir o risco de novas rupturas Essa redução de pressões se viabiliza por meio da setorização e da utilização de equipamentos redutores de pressão, tais como as caixas de quebra pressão e as válvulas redutoras de pressão; podemos afirmar que a implantação das ações acima descritas contribuirão para a redução significativa do índice de perdas reais do sistema. Entretanto, diante da dificuldade de estimar percentuais específicos de redução de cada ação, sugere-se, dentro do escopo do Plano de Gestão Ambiental do Programa de Desenvolvimento Sustentável e Convivência com o SemiÁrido Potiguar, a criação de um Programa de Controle e Combate a Perdas de Água com vistas a estudar em maiores detalhes as ações e medidas necessárias com vistas a atingir um percentual de perdas de 25%. C.8 - Atendimento aos Requisitos Legais 86 O licenciamento ambiental do sistema Adutor tramitou no Processo nq 576/96, sob responsabilidade do IDEMA. A LO foi obtida em outubro de 1999. O status do atendimento às condicionantes desta LO é apresentado na tabela 4.13 Tabela 4.13 - Condicionantes da Licença de Operação 172/99 Condicionante Status O empreendimento deverá ser operado de acordo os projetos e informações apresentados ao Atendimento Parcial (1) IDEMA, devendo qualquer alteração ser comunicada e ter prévia anuência deste Instituto A SERHID deverá implementar um programa de manutenção/monitoramento regular em todo o traçado da adutora para identificar o início de processos erosivos, de vazamentos e Atendimento Parcial (2) de oxidação, de modo a corrigi-los em tempo hábil A SEHID será responsável por qualquer acidente operacional e/ou provocado por falha humana, em conformidade com a Legislação Ambiental vigente, devendo a ocorrência ser Atendida comunicada de imediato a este Instituto A SERHID deverá instalar os equipamentos de bombeamento nos poços tubulares que deverão ser mantidos em perfeitas condições de operação, para que, caso o nível d´água da Atendida Lagoa do Bonfim atinja a cota 39, o sistema adutor passa a ser suprido complementarmente por meio da água captada do lençol subterrâneo Obs: (1) O atendimento foi considerado parcial uma vez que, o sistema hoje em operação já apresenta modificações em relação ao projeto original, (2) Apesar da CAERN realizar a manutenção/monitoramento do sistema, este não tem sido inteiramente eficiente, o que ficou evidenciado no Relatório de Viabilidade Técnica e Ambiental elaborado pela SERHID em 2005. 4.4.4. Ampliação do Sistema A - Caracterização das Localidades a Serem Incluídas no Sistema Os sete municípios previstos para serem atendidos por meio de uma nova ampliação do Sistema são: Campo Redondo, Japi, Serra de São Bento, Monte das Gameleiras, São Bento do Trairi, Coronel Ezequiel e Jaçanã, estando previstas 3 subadutoras derivadas da adutora principal. Esta configuração foi definida nos Estudos de Alternativas para o Abastecimento de Água das referidas cidades, elaborado pela CAERN. Dos municípios propostos para serem atendidos, as cidades de Japi e Monte da Gameleira sequer possuem sistemas de distribuição de água em operação. No período 1991-2000, o IDH-M mostra que os 07 municípios estão entre as regiões consideradas de médio desenvolvimento humano (entre 0,5 e 0,8). B - Cenário de Demandas Para a estimativa da demanda no período de 2005/2026 das áreas atendidas pelo Sistema, foram efetuados estudos considerando a sua configuração atual e demanda futura e a inclusão de 7 municípios e 158 comunidades ao longo de todo o Sistema. Para efeito de avaliação do Sistema, considerou-se um per capita de produção único para todas as cidades e para as novas comunidades a serem inseridas, correspondendo a 120 L/hab/dia. Ressalta-se que, considerando-se o cenário ideal com perdas de 25%, o referido per capita de produção proporciona um per capita de consumo médio de 90 L/hab/dia. Em 2005, a TC/BR realizou uma revisão dos estudos de concepção elaborados pela SERHID, tendo em vista a necessidade de ajustes nas projeções populacionais inicialmente previstas. Esta revisão avaliou a consistência dos estudos de vazão a fim de verificar a necessidade de redimensionamento das estruturas. A tabela 4.14 apresenta uma síntese dos estudos de vazões consideradas nos estudos de concepção anteriores e os considerados nos estudos da TC/BR, ambos para o final de projeto. As análises dos dados de vazão apresentados mostraram resultados próximos, o que levou a concluir que é possível e tecnicamente correto utilizar as definições contidas nos estudos de concepção elaborados. Assim, apesar das pequenas discrepâncias das vazões de projeto verificadas entre os estudos e os estimados neste estudo de Viabilidade, foram adotados, para efeito de análise da ampliação dos novos trechos a serem atendidos pelo Sistema as considerações relativas ao dimensionamento do projeto dos estudos originais. 87 Tabela 4.14 - Vazões de Projeto Para os Municípios a Serem Ampliados Município Japi Serra de São Bento Monte das Gameleiras São Bento do Trairi Coronel Ezequiel Jaçanã Sub Total Campo Redondo Total Vazões (L/s) Estudos de Concepção 9,45 8,16 6,25 5,72 10,10 16,63 56,31 13,84 70,15 Presente Estudo 10,48 8,40 3,88 7,17 10,80 17,84 58,58 13,99 72,57 No que diz respeito às projeções populacionais, as mesmas foram revistas, tendo em vista que as estimativas inicialmente realizadas para o ano 2000 foram muito superiores à população estimada pelo Censo 2000. Nesta nova concepção para as projeções populacionais, a partir do ano de 2006 foram consideradas taxas de crescimento de 1,9% ao ano para todas as sedes municipais, até o período de 2016 e a partir de 2017 até o final de projeção a taxa média de crescimento geométrico adotado foi de 1,4%/ano. Essas taxas de crescimento proporcionaram a obtenção de uma população final de projeto de 180.157 habitantes para a população urbana dos 23 municípios atualmente atendidos. Fazendo a mesma consideração para os demais 7 municípios é possível observar que a população urbana passa de 23.399 habitantes em 2000 para 35.962 habitantes em 2026, enquanto que essas populações para o conjunto total de municípios passam de 133.782 habitantes em 2000 para 216.119 habitantes em 2026. Para todo o período de projeto foi admitido que a taxa geométrica de crescimento dessas localidades será constante e igual a 1,0% ao ano, apesar dos índices de crescimento das populações urbanas serem negativos. Para toda a área de projeto, considerando a ampliação do sistema, estimou-se uma população de 217.488 habitantes, para 2006, e de 269.886 hab., para 2026. Considerando-se um per capita de produção de 120 L/hab.dia, e uma população para final de plano de 269.886 habitantes, estima-se que a vazão máxima diária necessária para a final de Plano é de 449,81 L/s (ano 2026). Ou seja, para se respeitar o limite de bombeamento do sistema produtivo atual, que é de 230L/s (bombeamento de 24h), será necessário ampliar o sistema produtivo para suprir a demanda adicional de 220L/s. C - Sistema Produtivo para Atendimento às Novas Demandas Alternativas para Reforço do Sistema Tendo ficado configurada a necessidade de implantação de sistema produtivo complementar, foram estudadas alternativas de captação superficiais e subterrâneas, sendo que, em todas elas, buscou-se uma nova fonte de suprimento, capaz de fornecer mais 250 L/s ao Sistema, para uma operação máxima diária de 21h, o que proporciona uma vazão adicional de aproximadamente 220 L/s.Todas as alternativas analisadas têm condição de atender a esse critério. As alternativas identificadas e avaliadas foram, portanto: (1) “Poços Boa Cica”; (2) “Poços Canjoão”; (3) “Poços Alcaçus”; (4) “Riacho Boa Cica”; e, finalmente, (5) “Riacho Pium”. Os estudos desenvolvidos permitiram concluir que essas alternativas são capazes de atender à demanda complementar, sendo viáveis técnica e ambientalmente, porém com graus distintos de prioridade. A seguir, apresentam-se as principais características das alternativas estudadas. a) Poços Boa Cica Nesta a captação seria efetuada por poços tubulares profundos a serem implantados na Área Boa Cica, constituídos por 08 poços, com profundidade média estimada de 95 metros. A capacidade média esperada para cada poço é de 31,25 L/s (112,5 m3/h). Para esta alternativa não há previsão de implantação de estação de tratamento, haja vista a qualidade das águas subterrâneas, que permite que sejam tratadas com o sistema existente na EB-1, ou seja, simples desinfecção. 88 b) Poços Canjoão Nesta a captação seria efetuada por meio de poços profundos a serem implantados na Área Canjoão, por uma bateria de 12 poços, com profundidade média estimada de 80 m. A capacidade média esperada para cada poço é de 20,83 L/s (75,0 m3/h). Para esta alternativa não há previsão de implantação de estação de tratamento, porque a qualidade das águas subterrâneas permite que elas sejam tratadas pelo mesmo sistema existente na EB-1, simples desinfecção. c) Poços Alcaçuz Nesta, a captação seria efetuada por meio de poços profundos a serem implantados na Área Alcaçuz, por uma bateria de 08 poços, com profundidade estimada de 95 m. Os poços deverão apresentar capacidade de produção de 250 L/s, operando no máximo 21h/dia, proporcionando produção diária de 220 L/s. Assim, a capacidade média esperada por poço é 31,25L/s (112,5 m3/h). Para a alternativa não há previsão de implantação de ETE, tendo em vista que a qualidade das águas subterrâneas permite que sejam tratadas com o sistema existente na EB-1. d) Riacho Boa Cica Nesta a captação superficial no riacho Boa Cica deveria situar-se a montante da travessia com a rodovia RN 063, em local próximo à confluência deste com o riacho Timbó. É necessária a implantação de uma unidade de tratamento em virtude da variação da qualidade da água ao longo do ano e suscetibilidade à contaminação. e) Riacho Pium Nessa a captação superficial no riacho Pium deve situar-se às margens de pequeno lago formado pelo riacho. É necessária a implantação de ETE convencional, em virtude da variação da qualidade das águas ao longo do ano, decorrente do tipo de ocupação da bacia hidrográfica. Conclusão dos Estudos Os estudos desenvolvidos pela SERHID indicaram como melhor alternativa do ponto de vista ambiental, de implantação, operação e manutenção, a “Poços Canjoão”. Nesse caso, esta alternativa apresenta as seguintes unidades: (i) captação por meio de poços tubulares profundos; (ii) adutora de interligação desses poços; (iii) reservatório de reunião de água; (iv) estação elevatória; e (v) adutora. A adutora terá extensão de 13.550 m, dos quais 10.600 m terão regime de operação por recalque e 2.950 m por gravidade. Há necessidade de instalação de uma linha de transmissão de energia em uma extensão total de 3,5 km, para abastecimento do sistema. Com relação à implantação de rodovias para permitir o acesso a adutora projetada observa-se que não serão necessárias obras, considerando-se que o caminhamento prevê a utilização das margens das vias de acesso existentes. D. Avaliação Ambiental As obras de abastecimento apresentam características próprias, uma vez que encerram, em si mesmas, objetivos positivos, embora possam causar interferências negativas no meio ambiente, principalmente no que se refere à quantidade e à qualidade de água nos mananciais utilizados. Assim sendo, torna-se necessário a avaliação ambiental da intervenção, tanto no que diz respeito à implantação de sistema produtivo complementar, quanto à ampliação do sistema de distribuição, enfocando ainda diretrizes para potencializar os impactos positivos da disponibilização de água para o abastecimento humano em regiões semi-áridas. Para tanto, analisar-se-á os principais aspectos e atividades da proposta em pauta, apontando, sempre que necessário, as medidas potencializadoras ou mitigadoras. Figura 4.8 – Alternativa escolhida para o aumento da produção 89 P1 RIACHO BOACICA P2 P3 P8 P4 P9 P5 P11 P10 P12 P6 P7 EB-01 ADUTORA MONSENHOR EXPEDITO SISTEMA POÇOS CANJOÃO D.1- Implantação das Obras de Adução e Distribuição Nesta fase têm-se: a implantação das estruturas pertencentes ao sistema de distribuição e ao sistema produtivo complementar, incluindo as estruturas de adução das águas até a estação de bombeamento principal do sistema EB01. Dentre os impactos significativos na fase de implantação das obras estão aqueles gerados pela implantação do canteiro de obras, movimentação de veículos e máquinas, limpeza da área, principalmente das futuras elevatórias, pela movimentação de terra, geração de poeira e ruídos. Resultado da influência direta da obra, esses impactos serão temporários, de abrangência local, reversíveis e com condições de mitigação. Atenção especial deverá ser dada às interferências no trânsito nas áreas urbanas e nas rodovias, devido à movimentação de máquinas. A paralisação da obra é outra ação geradora de impacto de magnitude acentuada que pode resultar na instalação de processos erosivos e assoreamentos, além de promover desmotivação da comunidade e descrédito das instituições públicas, prejuízos econômicos, redução de emprego, desvalorização de terras e produção de resíduos. A geração de emprego e a conseqüente geração de renda são os impactos positivos mais significativos nesta etapa do empreendimento, notadamente em se tratando da execução de obras numa região com indicadores socioeconômicos precários (ver Capitulo 2). Entre as medidas potencializadoras a serem implementadas, destaca-se, por ter grande repercussão social, a possibilidade de que as empresas responsáveis pela implantação das obras, sempre que possível, efetuem contratações de mão-de-obra nas cidades onde estão sendo implantadas as mesmas. Uma vez que será necessária a implantação de linha de transmissão para abastecer o novo sistema produtivo, recomenda-se que sejam adotadas todas as providências para o Licenciamento da mesma. Ressalta-se que o caminhamento da linha deverá privilegiar um traçado que seja o menos impactante possível, evitando remanescentes bem preservados de vegetação nativa e buscando acessos já existentes. D.2 - Responsabilidade Ambiental das Construtoras As construtoras responsáveis pela execução das obras serão os atores com maior interface e potencial de interferência com o meio ambiente, na fase de implantação das obras. Assim sendo, é importante que essas empresas assumam formalmente perante a contratante, o compromisso de atender às diretrizes contidas no Manual de Controle Ambiental das Obras - MAC, responsabilizando-se pela 90 recuperação das áreas eventualmente degradadas durante as obras e evitando, assim, a geração de passivos ambientais. No exame do edital de licitação para a execução do ramal que abastecerá a cidade de Japi, constatou-se que não estão explicitados os compromissos ambientais que deverão ser assumidos pela construtora vencedora do certame. Neste caso é necessário que tal compromisso seja formalizado no contrato para execução das obras ou termo aditivo a este. Além das medidas de controle ambiental, o empreendedor deverá promover a supervisão ambiental das obras de modo a garantir que as mesmas estão sendo implantadas adequadamente. D.3 - Licenciamento Ambiental de Áreas de Apoio às Obras Para a execução das obras deve ser observada a necessidade de realizar o licenciamento ambiental das áreas de apoio: canteiros, bota-foras e áreas de empréstimo. Tal licenciamento e a recuperação e desmobilização de tais áreas, deverá ser de responsabilidade das construtoras. Tal responsabilidade deverá estar pactuada nos editais de licitação e contratos das obras. A SERHID deverá exigir das construtoras a apresentação das necessárias licenças ambientais. D.4 - Regularização Fundiária Apesar de tanto a ampliação do sistema de distribuição, quanto a implantação do sistema de adução, terem sido planejados de modo a ocorrer, na maior parte dos casos, ao longo de rodovias e vias de acesso existentes, deve-se dar atenção àqueles casos nos quais será necessário interferir em propriedades particulares. Nestes casos, recomenda-se a desapropriação, pagamento pela terra e regularização fundiária dos terrenos. Caso seja necessário realizar desapropriações, se os custos necessários às mesmas não estiverem previstos no montante de recursos destinados à obra, recomendase quantificá-los e incluí-los no orçamento previsto. D.5 - Alterações no Regime Hidrogeológico Nos poços de bombeamento e monitoramento implantados nesta área, quando da realização dos estudos para avaliação das alternativas, o rebaixamento verificado durante os testes de bombeamento foi pouco expressivo. Este fato é indicativo da capacidade de suporte do sistema aqüífero, ressaltandose, entretanto, que as condições de realização dos testes não são capazes de simular integralmente as condições da futura explotação. Considerando-se, portanto, em conjunto, o resultado dos testes de bombeamento, o comportamento deste mesmo aqüífero atualmente utilizado no abastecimento de parcela substancial da cidade de Natal e o fato dos poços terem sido locados no exutório do aqüífero, pode-se inferir que as vazões demandadas para o sistema produtivo complementar, 250 L/s, situam-se dentro da capacidade de suporte do aqüífero. D.6 - Qualidade da Água – Lagoa do Bonfim Conforme anteriormente mencionado, a captação de água por meio de poços profundos dispensa, em princípio, a implantação de estação de tratamento. No entanto, como as águas captadas passarão por processo de desinfecção simples, a partir da cloração, é fundamental o controle da proliferação de cianobactérias. D.7 - Interferências Ambientais O traçado da adutora que levará a água dos poços até a EB01 foi planejado de modo a utilizar as margens de vias de acesso existentes. Nestas áreas minimizam-se as interferências sobre a vegetação. Na instalação dos poços e estruturas que demandem a limpeza e desmatamento da área deverá ser obtida a autorização de supressão de vegetação junto ao Órgão ambiental competente. Tais cuidados deverão ser adotados para a implantação da linha de transmissão. Não foram detectadas interferências com áreas urbanas (necessidade de remoção de famílias, por ex.) bem como intervenções com áreas com cobertura vegetal significativa. 91 D.8 - Proteção ao Manancial No caso do sistema aqüífero deve se ter atenção principalmente quanto à proteção das zonas de recarga, com manutenção da vegetação nativa e uso controlado de defensivos agrícolas. A área Canjoão, é uma área distante de áreas urbanas, o que significa que, pelo menos em tese, estará menos suscetível à ocupação intensiva e, portanto, mais protegida de fontes poluidoras. D.9 - Operação/Manutencão do Sistema Para o Sistema a ser ampliado, bem como para o já implantado, observa-se a necessidade de implementação de diversas ações operacionais visando melhorar os resultados relacionados à eficiência e eficácia do Sistema. O combate e o controle das perdas físicas são de extrema importância e, para tanto, a CAERN deverá aprimorar suas rotinas operacionais, implementar macromedidores, automatizar a operação das unidades de recalque, etc. Vale ressaltar que no âmbito do Programa existe um Componente relativo à redução de perdas. Com o novo sistema produtivo e com as novas unidades operacionais observa-se a necessidade de ampliar a equipe de manutenção e operação do sistema adutor em pelo menos uma nova equipe de cinco pessoas, para realizar os serviços de operação e manutenção dos poços e da elevatória a ser construída. Outra situação que se observa necessária é a automação da operação das unidades de recalque e como as previstas para serem instaladas nos três ramais de adutoras para atender aos sete novos municípios. Outra situação importante a ser levantada é a necessidade de implantação de sistema de reservação e distribuição de água nas cidades onde os índices de atendimento atuais são baixos ou inexistentes, como são os casos de Japi e Monte das Gameleiras. D.10 - Aumento da Geração de Efluentes nas Novas Áreas Atendidas pelo Sistema A ampliação da oferta hídrica em áreas urbanas, apesar de todos os benefícios à qualidade de vida da população, tem como reflexo negativo o aumento da geração de efluentes. Em regiões carentes de investimentos em sistemas de coleta e tratamento de esgotos, que apresentam uma rede hidrográfica de regime intermitente, estes efeitos são ainda mais críticos, uma vez que não se conta com a natural capacidade de diluição e transporte dos efluentes, dos sistemas hidrográficos perenes. Os efluentes, lançados in natura nos leitos secos dos rios e córregos, acumulam-se nos pontos de lançamento, oferecendo riscos à saúde. Parte dos resíduos infiltra nos aluviões, contaminando os aqüíferos que freqüentemente são utilizados pela população. Verificou-se que a situação de disposição inadequada de efluentes sanitários já é bastante crítica em praticamente todas as sedes municipais que serão abastecidas pela ampliação do Sistema. Nestas localidades foram identificadas iniciativas das prefeituras de implantar sistemas de coleta de esgotos, sem os investimentos no tratamento dos mesmos, de modo que existem vários sistemas de coleta que lançam os efluentes in natura diretamente nos leitos dos cursos d’água. D.11- Uso Inadequado da Água Fornecida pelo Sistema Adutor A fim de garantir a eficiência do dimensionamento do Sistema existente e projetado, bem como garantir que esta água, que deixa de estar disponível a usos diversos em sua bacia hidrográfica de origem, seja utilizada para os fins mais nobres – abastecimento humano – a água tratada, fornecida pela Adutora, deverá ser utilizada exclusivamente para o consumo humano, coibindo-se ao máximo os desperdícios. Para tanto, é fundamental implementar a cobrança pelo uso da água, o que passa pela instalação de sistemas eficientes de macromedição e micromedição na totalidade do sistema e pela fiscalização para o controle de derivações clandestinas. D.12 - Interferência com Unidades de Conservação Tal como mencionado para o sistema atualmente em operação, área do empreendimento está totalmente inserida na APA Bonfim/Guaraíra. A legislação ambiental vigente prevê que os empreendimentos deverão apoiar a criação e/ou fortalecimento de UC, com investimentos num valor 92 não inferior a 0,5% do valor do mesmo. Propõe-se, portanto, que seja destinada uma verba para a apoiar o IDEMA na regulamentação da APA, a título de Compensação Ambiental. D.13 - Licenciamento Ambiental da Ampliação do Sistema Para o caso em questão será necessário observar que a ampliação da captação dependerá de licenciamento ambiental e da outorga de direito de uso, conforme preconiza a legislação. Para a regularização da ampliação será necessário que sejam concedidas a outorga e o licenciamento de obras de oferta hídrica geridos pela SERHID e, o licenciamento ambiental, instruído pelo IDEMA, respeitando-se as competências de cada unidade estadual administrativa. A legislação estadual prevê que a SERHID e o IDEMA devam se articular, quando dos trâmites processuais, em suas respectivas esferas de atuação, de maneira a evitar repetições de exigências, aproveitando, sempre que possível, os elementos e demais documentos fornecidos para uma ou outra licença. A Resolução nq 237, de 16/12/97, estabelece que caberá ao órgão estadual competente, verificando que a atividade ou empreendimento não possui potencial para causar significativa degradação ambiental, definir os estudos ambientais pertinentes ao respectivo processo de licenciamento ambiental. Em consulta realizada, o IDEMA determinou que no caso da ampliação do Sistema será expedida uma Licença de Alteração e que o Estudo de Viabilidade Técnica e Ambiental, apresentado pela SERHID é suficiente para subsidiar a análise técnica e parecer com vistas ao licenciamento. O empreendimento encontra-se, em conformidade com a legislação, sendo que seu processo de licenciamento está em avaliação pelo IDEMA. D.14 - Medidas Preventivas e Compensatórias Tendo em vista a prevenção de impactos negativos decorrentes das obras, a potencialização dos impactos positivos advindos do fornecimento de água de qualidade às populações, bem como o atendimento à legislação ambiental vigente, recomenda-se que sejam elaboradas e implantadas as seguintes ações, no âmbito do projeto de ampliação do Sistema Adutor: Manual Ambiental da Construção - Conforme PGA em Anexo 1 – ver capítulo 5 Utilização do Manual Ambiental de Construção de Sistemas Adutores, do Proágua Semi-árido Programa de Monitoramento da Qualidade da Água Programa de Educação Ambiental Modelagem Matemática do Comportamento do Sistema Aqüífero Elaboração de um Plano de Controle de Perdas do Sistema Adutor Apoio à APA Bonfim/Guaraíra 4.4.4.1. Considerações Finais Considerando os dados disponíveis pode-se afirmar, com relação à situação atual do Sistema Adutor Monsenhor Expedito que: o monitoramento das vazões e volumes bombeados, executado pela SERHID no sistema produtivo em operação, poços + lagoa, tem sido eficiente na manutenção das condições estabelecidas pelas entidades intervenientes (MP/CAERN/SERHID/ONGs); em termos de licenciamento ambiental e atendimento as normas legais não há situação de nãoconformidade e os problemas verificados, em sua maioria de cunho operacional , podem ser equacionados por meio das recomendações deste RAA; não se verificou não conformidade com relação às Políticas Operacionais adotadas pelo BIRD sendo que o projeto atual esta em conformidade com as diretrizes do Banco. Com relação à ampliação do atual sistema pode-se afirmar que: estão atendidas as Diretrizes definidas pelo BIRD no tocante à disponibilização de informações a comunidade afetada pelo empreendimento e à condução e avaliação ambiental e 93 social adequadas de obras a serem financiadas. Não foram identificadas situações de nãoconformidade com relação às Políticas Operacionais praticadas pelo Banco; a vazão de captação atualmente adotada para o sistema está justificada pelos estudos de demanda elaborados, sendo que as projeções realizadas, quando da implantação do sistema adutor, foram ajustadas com base nos dados censitários dos anos subseqüentes; não serão esperados efeitos negativos sobre o regime hídrico local ou regional, de acordo com os estudos elaborados, recomendando-se com ênfase a implementação de um monitoramento eficiente – incluindo a adoção / aprimoramento do modelo matemático adotado nos estudos de concepção do Sistema; Os impactos ambientais positivos são de grande magnitude e significância e superam em muito aqueles que foram considerados como negativos. Deve-se destacar que a oferta de água tratada a populações extremamente carentes, numa região com níveis de desenvolvimento humano (IDH) precários, seguramente irá colaborar para a melhoria das condições de vida das pessoas. É importante salientar que parte das obras de ampliação do Sistema Monsenhor Expedito serão consideradas contrapartida do RN para o Programa. Como não foram ainda avaliadas questões como a inserção de questões ambientais na licitação e as licenças ambientais e condicionantes, será necessária uma avaliação ambiental durante a execução das obras (para aquelas não executadas), e posterior (para aquelas já executadas) para a aceitação dessas obras como contrapartida. 4.4.5. Programa Água de Beber O Programa Água de Beber é um Programa da SERHID que atua no nível estadual, e que tem como objetivo abastecimento de água a pequenas comunidades rurais - em geral não abastecidas por sistemas convencionais - a partir da oferta de água de boa qualidade físico-química e bacteriológica possuindo como princípio básico a gestão descentralizada e participativa das comunidades a serem atendidas. As ações que se inserem no âmbito de atuação do citado Programa são: (i) obras hidroambientais, (ii) barragens assoreadoras; (iii) Programa de Manutenção e Ampliação da Rede de Dessalinizadores e; (iv) implantação de sistemas de abastecimento de água em pequenas comunidades. A avaliação desse sub-componente é apresentada nos itens a seguir. 4.4.5.1. Obras hidroambientais A - Descrição das Obras Integrantes do Programa (i) As Obras Hidro-ambientais - Barragens Subterrâneas ou Pequenas Estruturas de Retenção de Umidade no Subsolo, constituem da construção de um septo impermeável transversal no leito aluvial de um rio para evitar que o escoamento subterrâneo drene a água infiltrada no sedimento e, portanto, permitindo o armazenamento nos interstícios do depósito aluvial. Entre os benefícios que oferecem, os mais importantes são: (i) as águas armazenadas no subsolo apresentam perda reduzida por evaporação; (ii) a superfície da calha aluvial úmida pode ser usada para plantio de culturas alimentícias de curto ciclo vegetativo e, ainda, (iii) as águas subterrâneas ficam protegidas contra poluição bacteriana da superfície do solo. A figura 4.9 apresenta o desenho dessa tipologia de barrragem. 94 Figura 4.9: Desenho Esquemático de uma Barragem Subterrânea com Poço Amazonas. Segundo a proposta apresentada pela SERHID, para definir a construção dessas pequenas obras, além de parâmetros relacionados com o aspecto físico do local adequado no leito aluvial, deve-se analisar criteriosamente algumas considerações prévias para uma construção que atinja aspectos técnicos e sociais, que são os seguintes: existência de uma demanda de água para uso humano - o local escolhido deverá beneficiar a uma comunidade, portanto, é importante saber a demanda de água que a obra deverá atender; existência de água subterrânea de boa qualidade - pesquisar se a água existente nas cacimbas no redor do leito de rio possui salinidade, ou se existem crostas de sal no depósito aluvial; características granulométricas do aluvião - Importante que o aluvião escolhido tenha constituição predominante de textura arenosa; pesquisa para a locação das barragens será efetuada, de preferência, no período correspondente ao final de uma estiagem, ou seja, próximo ao inicio de um novo período chuvoso; profundidade do depósito aluvial adequado - Importante buscar que o depósito aluvial tenha no mínimo 1,50 m de espessura para justificar sua implantação; profundidade da “calha viva” em relação a seu depósito aluvial - Importante ter em conta que a “calha viva” do rio não seja muito profunda em relação á espessura de seu depósito aluvial; declividade longitudinal do rio ou do depósito aluvial - É importante, que a inclinação longitudinal do curso de água seja a mais suave possível, a fim de permitir que a água armazenada se estenda a uma maior distancia a montante da barragem. A declividade aceitável, na escolha dos locais, é de no máximo 20 %. B - Área de Atuação do Programa Considerando que toda a região semi-árida encontra-se em terrenos cristalinos e que no estado existem extensas áreas em processo de desertificação, a SERHID decidiu por iniciar as obras hidroambientais 95 prioritariamente nas regiões do Seridó e do Alto Oeste Potiguar. Essas regiões foram consideradas como prioritárias para o desenvolvimento de ações que visam a desaceleração do processo violento de degradação dos recursos naturais, especialmente dos solos agrícolas que vem perdendo a cobertura vegetal, assim como, dos médios e grandes açudes a jusante das bacias que vêm diminuindo suas capacidades de armazenamento. Dentro destas duas regiões serão selecionados locais que tenha preferencialmente atuação de outros programas do estado, de forma a já existir um certo grau de organização nas comunidades a serem beneficiadas. C - Critérios de Priorização na Escolha dos Locais de Construção Para a construção de Barragens Subterrâneas. Será priorizado o local: na proximidade de núcleos rurais que precisam de água para uso humano; onde exista um adequado pacote aluvial, cuja profundidade deve ser no mínimo 2,00 m de espessura e a largura do leito a maior possível; onde a declividade longitudinal e transversal do leito do rio seja no máximo 20 %; onde a água do aluvião seja de boa qualidade, com reduzidos teores de sais; o aluvião selecionado deverá ser de constituição predominantemente de textura arenosa; o depósito aluvial, ao final do período de estiagem, deve encontrar-se seco ou com reduzida espessura saturada de água; a profundidade da “calha viva” dos leitos de rio não deve ser muito profunda em relação a espessura de seu depósito aluvial. São requisitos importantes: que as autoridades locais estejam mobilizadas e que existam comunidades dispostas a participar e se beneficiar com o projeto; que exista disponibilidade de mão de obra não especializada nestas comunidades que possa ser contratada para integrar as equipes de trabalho, diminuindo os custos do programa, ao mesmo tempo em que pulveriza os conhecimentos; que o município esteja totalmente mobilizado na implantação desta atividade em suas comunidades e se responsabilize, junto com a SERHID e a EMATER, pela coordenação e organização adequada para realizar o recrutamento da mão de obra e o acompanhamento do processo construtivo das obras; que exista uma equipe mínima de técnicos para capacitação do pessoal que trabalhará na obra, assim como para acompanhar e fiscalizar os processos construtivos no campo. D - Estratégia de Implantação Esse Programa terá como executor principal a SERHID em parceria direta com a EMATER. Essas entidades, no entanto, buscarão a cooperação com outras instituições relacionadas com o desenvolvimento de ações de preservação e conservação dos recursos naturais. O pessoal técnico envolvido, além da SERHID e EMATER, será da Secretaria de Estado do Trabalho, da Habitação e da Assistência Social - SETHAS, por meio do “Programa do Desenvolvimento Solidário“ e também das Secretarias de Agricultura dos Governos Municipais envolvidos. Esse pessoal técnico institucional deverá atuar em parceria com as comunidades. Além de ser necessária uma boa articulação entre os órgãos do estado e as prefeituras onde serão implantadas as obras, é igualmente importante que exista uma boa articulação com os sindicatos rurais e com as associações de agricultores. Dentro do Cronograma proposto, serão construídas nos 4 anos de Programa 80 obras. E - Avaliação Ambiental E.1 - Critérios de Priorização na Escolha dos Locais de Construção Foram avaliados dois conjuntos de critérios, um estritamente técnico, que tem por objetivo garantir que sejam apresentadas adequadas condições operacionais futuras. Um segundo conjunto, tem por 96 objetivo averiguar a mobilização da comunidade a ser beneficiada e do poder público local, no que diz respeito à participação na implantação e futuramente na manutenção das obras. Ambos os conjuntos de critérios, propostos pela SERHID, se mostram adequados à consecução dos objetivos propostos, sendo que os mesmos deverão ser rigorosamente atendidos, não só pela própria SERHID, bem como pelas demais instituições parceiras. E.2 - Estratégia de Implantação A estratégia de implantação apresentada preconiza o envolvimento de importantes instituições públicas estaduais, poder municipal, sindicatos e associações de produtores rurais e, principalmente, das comunidades. Tal estratégia, baseada na mobilização social, possibilita que a comunidade, envolvida desde o início das discussões e na implantação da obra, tenha maior interesse em utilizá-la corretamente e preservá-la. No que diz respeito à estratégia de implantação, recomenda-se adicionalmente que: o cronograma seja ajustado ao calendário agrícola da região, de modo a não coincidir com o período de preparação, cultivo e coleta da produção. Uma vez que este período é restrito no ano, caso as atividades relativas às obras sejam concomitantes às atividades agrícolas, arriscase a obter baixo envolvimento e mobilização da comunidade; as equipes de suporte técnico estejam lotadas na região, de modo a percorrer com freqüência as obras, para orientação e correção de eventuais problemas, além de poderem ser rapidamente acionadas pela comunidade. F - Considerações Finais Após análise da proposta apresentada pela SERHID é possível tecer as seguintes considerações: a implantação das obras hidroambientais é pertinente, social e ambientalmente, e a proposta, bem como os critérios para escolha das comunidades e a estratégia de implantação, são adequados aos propósitos do Programa; recomenda-se ainda que sejam realizados esforços no sentido de concentrar as atuações do Programa, se possível, em comunidades comuns (por exemplo: implementar o subcomponente dessalinizadores junto com obras hidroambientais). Tomando-se como base a experiência recente de implantação de obras hidroambientais no Ceará, por meio do PRODHAM, apresentam-se as seguintes recomendações adicionais: garantir a participação de profissional da área social nas equipes de campo, em todas as fases, a fim de garantir a mobilização social e fortalecimento institucional das ações; criar mecanismo eficiente de comunicação social junto às comunidades de modo a esclarecer sobre os aspectos mais importantes do programa; privilegiar a instalação de escritórios e equipes locais, de modo a garantir acompanhamento e assistência técnica contínuos; elaboração de manual de procedimentos descrevendo claramente a seqüência de ações que deve ser adotada para a correta e efetiva implementação das intervenções; evitar a contratação de empresas para construção das obras, privilegiando a capacitação e envolvimento da comunidade local. Finalmente cabe destacar o caráter altamente positivo deste sub-componente que, se implementado como previsto, deverá gerar impactos ambientais e, principalmente sociais, positivos e significativos e que poderão ser amplamente potencializados, caso sejam concentradas ações do Programa em uma mesma comunidade ou região. 4.4.5.2. Projeto Recuperação e de Ampliação da Rede de Dessalinizadores De 1997 até o momento, a SERHID instalou 137 dessalinizadores, beneficiando cerca de 63.000 famílias. Desses, 27 foram posteriormente desativados devido a ativação de sistemas convencionais de abastecimento, sendo que hoje há 110 em operação. Os sistemas instalados pela SERHID são acompanhados de um programa de manutenção que tem atendido, em média, 25 ocorrências/ e o 97 índice de funcionamento dos equipamentos é superior a 90%, com custos, da SERHID, além dos custos da comunidade e/ou Prefeitura, de R$ 1,07/família/mês. Além da rede instalada pela SERHID, existem mais 239 dessalinizadores instalados por outras entidades, mantidos em precárias condições e que deverão ser recuperados pelo sub-componente, buscando o mesmo padrão de funcionamento dos dessalinizadores da SERHID. Segundo a SERHID o aproveitamento do concentrado da dessalinização é realizado de várias formas: (a) aproveitamento dos sais para uso animal, a partir da evaporação da água em tanques (b) criação de peixes, (c) irrigação de plantas halófitas (absorvedoras de sais) e (d) aproveitamento do efluente com concentração de sais até 7,0 g/L para dessedentação de animais. A - As metas e etapas do sub-programa Estima-se que o estado possua uma demanda reprimida, além das instalações já realizadas pela SERHID, de 25 novos sistemas dessalinizadores/ano. Entretanto, é importante observar que estas novas instalações somente deverão ser implementadas desde que tenham uma sustentabilidade garantida, o que nem sempre acontece. Qualquer que seja a parceria formada para viabilizar a instalação de um sistema de dessalinização, entre o estado, a prefeitura e a comunidade é imperativo o envolvimento direto das comunidades beneficiadas para evitar que as mesmas fiquem na dependência do poder publico. Outros aspectos importantes são: os custos operacionais (energia elétrica, remuneração do operador, pré-filtros do dessalinizador e anti-incrustantes); os decorrentes da manutenção preventiva (lavagem química dos sistemas) e aqueles relacionados à manutenção corretiva (conserto de bombas, troca de membranas entre outras). As comunidades rurais, onde se encontram 95% dos sistemas instalados devem, obrigatoriamente, assumir os custos operacionais. Entretanto, é ilusão pretender que elas possuam recursos para assumir a manutenção, que pode variar de R$ 380,00 a R$ 2.800,00. Existem muitas prefeituras que não dispõem dos recursos necessários para manter os sistemas em funcionamento. Outro grande problema a ser enfrentado é a recuperação dos sistemas de dessalinização instalados que se encontram abandonados, em sua grande maioria, por falta de manutenção adequada. Considerando o que foi acima exposto, as grandes metas que o Subprograma se propõe alcançar durante esses quatro anos são as seguintes (tabela 4.15): Tabela 4.15 – Instalação dos dessalinizadores ao longo do tempo Tipo de Investimento Instalação de novos sistemas de dessalinização (1) Recuperação de Equipamentos já Instalados (2) Manutenção Preventiva e Corretiva (3) Investimentos previstos ao longo dos 4 anos de Programa 1º Ano: 24 sistemas, ao custo de R$ 643.800,00, 2.780 famílias; 2º Ano: 24 sistemas, ao custo de R$ 643.800,00, 2.380 famílias; 3º Ano: 22 sistemas, ao custo de R$ 590.150,00, 2.040 famílias; 4º Ano: Sem investimentos. 1º Ano: recuperação de 42 sistemas, ao custo de R$253.500 - 3.900 famílias; 2º Ano: recuperação de 37 sistemas, ao custo de R$ 240.500- 4.230 famílias; 3º Ano: recuperação de 31 sistemas, ao custo de R$201.500,00, 3.230 famílias; 4º Ano: recuperação de 17 sistemas, ao custo de R$110.500,00, 1.630 famílias. 1º Ano: manutenção de 42 sistemas recuperados, ao custo de R$77.896,00; 2º Ano: manutenção de 24 novos sistemas, ao custo de R$55711,20 e de 37 sistemas recuperados, ao custo de R$ 162.660,40; 3º Ano: manutenção de 22 novos sistemas, ao custo de R$ 102.406,40, e de 31 sistemas recuperados ao custo de R$ 91.522,80; 4º Ano: manutenção de 17 sistemas recuperados ao custo de R$264.866,00. (1) Ao final do quarto ano do Subprograma a meta é a instalação de 70 (setenta) novos sistemas de dessalinização, ao custo total de R$1.877.750,00, atendendo-se a 7.200 novas famílias (2) Destaca-se que esta recuperação se aplica aos sistemas que não foram instalados pela SERHID. Ao final do quarto ano do Subprograma a meta é a recuperação de 130 (cento e trinta) sistemas de dessalinização já instalados, ao custo total de R$ 806.000,00, beneficiando-se 12.990 famílias. 98 (3) Ao final do quarto ano do Subprograma a meta é a manutenção preventiva e corretiva dos 70 novos sistemas instalados, ao custo total de R$344.625,60, e dos 130 sistemas recuperados, ao custo total de R$737.624,00, perfazendo um custo global de manutenção de R$1.082.249,60. B - Aproveitamento de Rejeitos De acordo com o diagnóstico apresentado pela SERHID, em termos de produção e qualidade do rejeito da dessalinização, as tecnologias que vem sendo aplicadas com sucesso, visando à proteção ao meio ambiente são: tanques de evaporação; sistemas para dessedentação animal; sistemas de aqüicultura. Os Sistemas: Os tanques de evaporação são constituídos por sistema modular determinado pela salinidade do rejeito, com dimensões de 10 m de comprimento por 10 m de largura, por 0,3 m de profundidade, sendo revestidos com argamassa de espessura de 2 a 3 cm. Para que a evaporação se realize, os tanques são alimentados com o rejeito da dessalinização para a obtenção de um sal balanceado para alimentação animal. Os sistemas de dessedentação animal são compostos de um tanque de alvenaria com capacidade que varia de 1.000 a 2.000 L, que servirá de suporte para armazenar o rejeito produzido durante a dessalinização e alimentar os cochos. Esse sistema terá condições de operar para concentrações de sais, do rejeito, de até 7.000 mg/L. Os sistemas de aqüicultura consistem em tanques cavados em conjuntos de 3 unidades, medindo 30 m x 15 m x 1,5 m de profundidade, revestidos com manta plástica. O processo de criação de tilápias se inicia pelo primeiro tanque construído, onde são lançados os alevinos; eles alcançam o peso comercial recomendado dentro de um período de três meses. Os demais tanques são sucessivamente peixados em intervalos regulares de um mês. A experiência tem demonstrado, até o momento, que a aqüicultura é o único subsistema que pode gerar resultados economicamente palpáveis, sendo uma alternativa autosustentável. Proposta para o Programa: Dentro da proposta apresentada, a SERHID só pretende utilizar os rejeitos dos dessalinizadores, além do uso para limpeza geral e dessedentação animal, para piscicultura, no caso específico, criação de tilápias. Entretanto, devido ao precário grau de organização das comunidades, nem todas receberão sistemas para aproveitamento dos rejeitos na aqüicultura. Os investimentos ao longo dos dois primeiros anos do Programa, no que se refere ao aproveitamento dos rejeitos na aqüicultura, podem ser vistos abaixo: 1º Ano: instalação de 4 viveiros e os gastos correspondentes de ração; 2º Ano: instalação de 2 viveiros com os correspondentes gastos de ração; Ao final do Subprograma, a meta nesse setor é a instalação de seis viveiros. C – Treinamento e Capacitação Segundo a SERHID, o programa de capacitação de operadores dos sistemas de dessalinização, realizado em 2004, se traduziu em uma redução em torno de 15% dos custos de manutenção dos sistemas. Um dos componentes prevê cursos de manutenção preventiva e corretiva visando capacitar os operadores a executar pequenos reparos nos sistemas. São propostos 33 cursos ao longo dos seus quatro anos de atuação. D - Avaliação Ambiental A avaliação ambiental do sub-componente foi direcionada para as cinco metas que o programa pretende atingir: (1) Instalação de novos sistemas de dessalinização; (2) Recuperação de equipamentos 99 já instalados; (3) Manutenção preventiva e corretiva; (4) Aproveitamento de rejeitos e (5) Treinamento e capacitação. Para realização da avaliação ambiental, a proposta apresentada pela SERHID, para cada um dos subcomponentes, foi avaliada tendo em vista os aspectos sociais e ambientais das intervenções e considerando as informações coletadas em campo, em duas visitas realizadas a sistemas já implantados, cujos relatórios de inspeção encontram-se no Anexo 7. D.1 - Instalação de Novos Sistemas de Dessalinização Do ponto de vista da estratégia apresentada para avaliação da sustentabilidade da instalação dos sistemas, prevê-se três grandes etapas: (1) o processo se inicia a partir de solicitação por escrito, do interessado, que pode ser a associação de usuários, a comunidade ou a prefeitura; (2) a solicitação provoca uma visita técnica inicial de um agente da SERHID, visando o levantamento de dados referentes à própria comunidade a ser atendida, ao poço existente, à disponibilidade de espaço físico, ao proprietário do poço quando não se tratar de domínio público, ao fornecimento de energia elétrica disponível. Posteriormente, a SERHID procede à limpeza, teste de vazão e coleta de água do poço em recipiente adequado, para a realização da correspondente análise físico-química da água; (3) constatada a sua viabilidade técnica a instalação do sistema, será formalizada por meio de um Convênio de Cooperação Técnica, quando se tratar de prefeituras, Contrato de Cessão, quando se tratar de associações ou comunidades, ou de um Termo de Autorização de Uso e Direito de Passagem, quando o poço for localizado em terreno particular. Tal estratégia mostra-se adequada uma vez que prevê o envolvimento da comunidade a ser beneficiada. Tal envolvimento é fundamental à futura sustentabilidade operacional do sistema, tendo em vista que a operação do mesmo será custeada pela cobrança da água. O desempenho dos sistemas instalados pela SERHID demonstra que a estratégia de mobilização social adotada tem obtido resultados. A avaliação da viabilidade técnica previamente à instalação do sistema também é pertinente e será mantida para escolha dos novos sistemas a serem instalados. Caso a demanda a ser gerada seja significativa, é recomendável que se proceda a uma avaliação prévia, por parte da UGP/SERHID, no sentido de definir critérios de atendimento, estabelecendo, assim, prioridades de áreas/comunidades a serem atendidas, podendo ser considerados parâmetros de análise como: indicadores de saúde pública, existência de ações complementares que venham a potencializar o investimento, entre outras. A avaliação da capacidade de mobilização da comunidade na implantação e posterior operação do sistema, deve ser obviamente considerada nesse eventual processo de decisão sobre priorização dos investimentos, maximizando assim os efeitos positivos do investimento realizado. D.2 - Recuperação de Equipamentos já Instalados Indiscutivelmente, o investimento na recuperação de sistemas já instalados, porém inoperantes, é pertinente, tanto do ponto de vista social, quanto econômico e ambiental. Entretanto, tendo em vista a informação da própria SERHID, de que nos sistemas instalados pelo DNOCS, SETHAS e FUNASA, os rejeitos do processo são depositados diretamente no ambiente, sem uma disposição final adequada, recomenda-se que na implantação dessas atividades seja implementado o seguinte: avaliação dos sistemas a serem recuperados, as estruturas/mecanismos já existentes para armazenamento, aproveitamento e destino final dos resíduos salinos; prever recursos necessários à recuperação/ampliação das estruturas/mecanismos para armazenamento, aproveitamento e disposição final do resíduo salino, bem como instalação das estruturas, caso seja necessário; para definição da solução a ser implementada será ouvida a comunidade a ser beneficiada, tendo em vista que alguns modelos são fortemente dependentes do envolvimento da comunidade; será realizada análise do dimensionamento, tanto das estruturas instaladas, como daquelas a serem implantadas, em função do volume de rejeito a ser produzido, de modo que não haja 100 riscos de extravasamento dos mesmos diretamente para o solo ou para cursos d’água, conforme verificado na Comunidade de Bom Jesus (Anexo 7); finalmente sugere-se que, caso sejam detectadas deficiências estruturais nos dispositivos de armazenamento, aproveitamento e disposição final dos rejeitos, em sistemas atualmente em operação, tal como verificado na Comunidade Bom Jesus (Anexo 7), sejam estes instalados por qualquer uma das instituições atuantes, a solução das mesmas seja dimensionada e considerada no conjunto das ações de Recuperação de Sistemas. D.3 - Manutenção Preventiva e Corretiva É importante destacar que os serviços de manutenção corretiva, tanto dos dessalinizadores, quanto dos poços, têm que ocorrer no menor tempo possível, uma vez que o sistema desativado deteriora-se rapidamente, principalmente em função da salinidade. Segundo a proposta da SERHID, a ser financiada no âmbito do Programa, pretende-se, ao final de 04 anos, ampliar em 200 os sistemas em operação (70 novos sistemas + 130 sistemas recuperados). Ao final dos 04 anos do Programa o número de sistemas instalados pela SERHID passará de 110 para 180 e adicionalmente estará realizando serviços de manutenção em 130 sistemas recuperados. Ou seja, ao final do Programa, serão 310 os sistemas cuja manutenção estará sob responsabilidade da SERHID. Visando garantir os serviços hoje prestados, bem como o atendimento às demandas futuras, recomenda-se à SERHID, planejamento para reforço da equipe técnica, ação esta que será apoiada por meio do Componente de Gerenciamento, do Programa. Ressalta-se que é fundamental a inclusão de cursos na área de manutenção preventiva e corretiva, visando capacitar os operadores a executar pequenos reparos nos sistemas, no âmbito das ações de treinamento e capacitação, lembrando que é estratégico prover, cada um dos sistemas, de estoque mínimo de peças de reposição para reparos mais corriqueiros. D.4 - Aproveitamento de Rejeitos A destinação final dos rejeitos salinos é um tema em geral polêmico, e vem sendo amplamente discutido há alguns anos, sendo que soluções para o seu aproveitamento tem sido objeto de pesquisa de diversas instituições. De modo geral, o mais importante no manejo e disposição final dos rejeitos salinos é evitar que os mesmos sejam depositados, enquanto em solução aquosa, diretamente no solo, e evitar que os mesmos sejam depositados, em qualquer situação, nos leitos de cursos d’água e corpos hídricos da região. Nas propostas que a SERHID pretende implementar recomenda-se: No caso da limpeza geral os resíduos só deverão ser utilizados de forma que não sejam produzidos novos rejeitos, produto da solução salina + resíduos de limpeza (sabões, detergentes, etc), posteriormente lançados no ambiente; No caso do uso do rejeito salino na dessedentação animal, os coxos/tanques de armazenamento deverão ser bem dimensionados de forma que não haja extravasamento; De modo geral, em qualquer modelo que seja adotado, recomenda-se o correto dimensionamento dos reservatórios de armazenamento dos rejeitos, de modo que os mesmos não sejam lançados nos corpos hídricos. D.5 - Treinamento e Capacitação A principal recomendação no que diz respeito aos cursos de capacitação é que os mesmos procurem atender todo universo de comunidades incluindo em seu conteúdo programático a manutenção preventiva e corretiva visando capacitar os operadores a executar pequenos reparos nos sistemas. Esses cursos devem, na medida do possível, incluir temas correlatos a questão tratada (uso e manutenção de dessalinizadores) visando assim contribuir para a conscientização e formação das comunidades atingidas em áreas como saúde pública, proteção ambiental, entre outras. Deve caber a UGP a identificação de oportunidades de ampliação dos citados cursos; em função das características da população atingida e das demais ações do Programa. D.6 - Considerações Finais 101 Da análise da proposta apresentada pela SERHID e da inspeção técnica realizada em dois sistemas, um instalado pela própria SERHID, na Comunidade Bom Jesus, e outro instalado pelo DNOCS, na Comunidade Barra da Espingarda (Anexo 7), pode-se tecer as seguintes considerações: a proposta de ampliação, recuperação e manutenção da rede de dessalinizadores do estado é pertinente e socialmente justificável, tendo em vista a possibilidade de oferta de água potável, de qualidade, às comunidades beneficiadas. Trata-se da geração de um impacto positivo de grande magnitude com reflexos importantes no desenvolvimento econômico e social de populações carentes; no conjunto das ações de recuperação dos sistemas já implantados, recomenda-se considerar a recuperação/redimensionamento dos dispositivos/sistemas para armazenamento e disposição final dos rejeitos, de forma a evitar o lançamento inadequado dos mesmos nos corpos hídricos da região; recomenda-se que esta Secretaria faça um cuidadoso planejamento para alocação da mão-deobra de modo que os serviços não sejam prejudicados; no que diz respeito ao rejeito dos sistemas de dessalinização recomenda-se fortemente que os mesmos sejam armazenados e dispostos de modo a evitar que sejam depositados, enquanto em solução aquosa, diretamente no solo, e, em qualquer situação, nos leitos de cursos d’ água e corpos hídricos da região. 4.4.6. Sistemas de abastecimento de Água em Pequenas Comunidades A avaliação ambiental desse sub-componente tem como objeto 20 pequenas comunidades rurais, localizadas na Região do Seridó, utilizadas como amostragem, abrangendo um total de 13 municípios, as quais serão contempladas com obras de ampliação da oferta de água no primeiro ano de implantação das atividades do Programa. Os estudos foram focados na identificação da situação dos sistemas atualmente existentes nessas comunidades, suas respectivas condições ambientais e operacionais assim como as perspectivas de operação e manutenção das novas instalações resultantes da implantação do Programa. Na tabela 4.16 é apresentada a síntese das avaliações. As populações das comunidades beneficiadas variam entre 143 hab. em Acari, a 780 hab. em Currais Novos, com média de 420 hab. Em 75% das comunidades existem cisternas para captação de água de telhado, abrangendo de 5% a 60% do total de habitações. Em 80% das comunidades existem aqüíferos superficiais utilizados principalmente para as atividades diárias, que vão desde o banho até o consumo e cozimento de alimentos. Destes reservatórios, apenas o açude de Cruzeta é monitorado quanto aos aspectos quali-quantitativos pela SERHID. Normalmente são pequenos açudes, conhecidos como barreiros, com capacidade de armazenar água suficiente por um período de até 6 meses. No mês de setembro, período de realização da visita, tais reservatórios encontravam-se nos níveis mais baixos, com água apresentando sólidos em suspensão (barrenta) e totalmente desprotegidos quanto ao acesso de animais, pois são utilizados também para dessedentação animal. Nas comunidades rurais de São José da Passagem e Palmas, os cemitérios são localizados a uma distância de 200m da bacia hidráulica. Na comunidade de Lajes, o açude nunca alcançou a cota do sangradouro, apresentando água salobra, de cor amarelada e constituindo-se na principal fonte de abastecimento d’água. Não foi verificado lançamento de esgotos nos açudes visitados, porém, é comum a prática de lavagem de roupas, veículos e uso dos reservatórios para o lazer. Nas respectivas de vazantes, quando há umidade suficiente, pratica-se o cultivo de culturas de vazantes com o plantio de feijão, milho, batata e pastagens, havendo, em pequena escala, o uso de fertilizantes químicos aplicados ao solo a lanço ou diluído, caso da uréia. Em 35% das comunidades existem poços tipo Amazonas, em 55% poços subterrâneos e em 80% o bombeamento é feito por meio de motores elétricos, havendo sido observado o emprego de cata-ventos em apenas 15%. 102 Na Região do Seridó há predominância de dois tipos de aqüífero, localizados no cristalino e em aluviões. O primeiro caso envolve as rochas cristalinas, onde o armazenamento de águas subterrâneas somente se torna possível quando a geologia local apresenta fraturas associadas a uma cobertura de solos residuais significativa. Os poços apresentam uma vazão média baixa de 3,05m³/h e uma profundidade de até 60m, com água comumente de alto teor salino com 480 a 1.400mg/l e com restrições para consumo humano e uso agrícola. O segundo tipo de aqüífero apresenta-se bastante disperso, sendo formado por sedimentos depositados nos leitos e margens dos rios e riachos de maior porte. Tais depósitos possuem alta permeabilidade, boas condições de realimentação e uma profundidade média em torno de 7,0 metros. A qualidade da água geralmente é boa. No Anexo 11 são apresentados os pequenos sistemas da região do Seridó. Os sistemas de abastecimento de água são complementados por dessalinizadores instalados pela SERHID, FUNASA e DNOCS em 45% das comunidades visitadas. O estado sempre mantém estes equipamentos em funcionamento e a permanente visita de equipe técnica, o que não ocorre com aqueles das duas instituições federais. A água potável é distribuída sem controle em cotas que variam de 10 litros/pessoa a 40 litros/familiar. Em termos de qualidade de manutenção dos sistemas existentes em 50% das localidades identificaramse condições deficitárias. Na maioria dos casos as prefeituras dividem com as comunidades funções de manutenção. As Prefeituras normalmente participam da operacionalização dos sistemas mediante o pagamento da energia elétrica para captação de água dos poços tubulares e amazonas e dessalinização da água. A manutenção é precária e não há plano de suporte. Quando quebra alguma peça, a quase sempre não dispõe de recursos e fica totalmente dependente da ação de Prefeitos, Vereadores e Líderes comunitários para manutenção do sistema. Os valores arrecadados com o pagamento da taxa mensal são suficientes apenas para pagar o operador. Em 40% dos casos há pagamento pela água e pela manutenção dos sistemas e em 25% foram identificadas associações de usuários de água. Não há controle de distribuição de água e nem medição residencial. Devido às insatisfatórias condições de manutenção verificaram-se situações favoráveis à ocorrência de contaminações da água de beber em 70% dos casos. Os poços, em geral, não apresentam manutenção permanente e proteção de acesso de animais, sendo comum a presença de vazamentos e fezes de bovinos. Nas comunidades rurais de Timbaubinha, Salgado, Bom Jesus, Cachoeira, Juazeiro e Lajes, freqüentemente alguns moradores usam como água de beber, aquelas provenientes de cacimbas localizadas nas margens de açudes e ou leito dos rios temporários. Além de sólidos em suspensão, a água apresenta cor amarelada, larvas de insetos e fezes de animais e durante seu consumo não passa por fervura, apenas filtragem em tecidos. Verificou-se em 75% dos casos a ocorrência de doenças de veiculação hídrica. Nos diagnósticos elaborados pelos agentes comunitários de saúde, ocorrem nos períodos de início das chuvas, meses de fevereiro e março, e final de ano, quando os pequenos açudes estão com pouca água armazenada, incidências de diarréias em crianças e adultos. De maneira geral a água não é tratada e verificou-se que apenas em duas comunidades, São Sebastião e Povoado Cruz, o sistema de abastecimento possui filtro, mas há três anos não são lavados. Embora em todas as comunidades exista o agente comunitário de saúde, distribua o hipoclorito de sódio, há resistências quanto ao seu uso por parte das famílias. Os aspectos observados em referência aos dessalinizadores são tratados em capítulo específico do presente estudo. destacando-se aqui alguns aspectos. 103 Verificou-se haver um compartilhamento de responsabilidades entre as comunidades, prefeituras e estado, por meio da SERHID, para a operação e manutenção dos dessalinizadores. Nas comunidades rurais de Juazeiro e Currais Novos, o rejeito proveniente do dessalinizador é misturado à água de poço tubular salobra, sendo posteriormente redistribuída às comunidades por meio de distribuição domiciliar e por chafariz. Verifica-se ainda, que os tanques de armazenamento de rejeitos existem, mas não são utilizados. As comunidades usam sifão e desviam este resíduo salino para as áreas no entorno, caso observado nas comunidades de Salgado, Currais Novos e Bom Jesus. Ocorre, ainda, transbordamento dos tanques e falta de limpeza periódica, permitindo o acúmulo de lixo e escoamento do rejeito pelo terreno natural, chegando a ponto de ser utilizado por porcos para banhos a uma distância de 40 metros das casas da comunidade de Bom Jesus. Não há serviços de coleta de lixo, com exceção das comunidades dos municípios de Caicó e Ouro Branco. Nos demais locais, o lixo composto de material orgânico e inorgânico é queimado ou enterrado nas áreas altas das propriedades rurais. Nas casas que não dispõe de fossas sépticas, as fezes são jogadas a céu aberto ou enterradas. No caso específico da comunidade de Salgado localizada no município de Campo Grande, há famílias residindo nas margens do açude dos Américo cujas casas são desprovidas de fossas sépticas e os moradores utilizam a água do açude para banho, consumo e cozimento de alimentos. Nenhum dos sistemas de abastecimento de água avaliados apresenta licenciamento ambiental. Os sistemas não possuem outorga de direito de uso. A SERHID deverá avaliar, pelo porte, quais são passíveis de requisição licenciamento ambiental, de obra e de outorga. 104 Comunidade Bom Jesus Salgado S. José da Passagem Barra da Espingarda Palmas Laginhas Timbaubinha Currais Novos Tuiuiú Lajes Cachoeira Juazeiro Caatinga Grande Salgado Vaca Brava São Sebastião Povoado Cruz Totoró Gameleira Ingá de Santa Luzia Município Campo Grande Campo Grande Santana do Matos Caicó Caicó Caicó Jardim de Piranhas Jardim do Seridó Santana do Seridó Ouro Branco Parelhas Parelhas São José do Seridó Cruzeta Acari Currais Novos Currais Novos Currais Novos São Tomé São Tomé População 420,3 619 309 336 780 316 143 318 367 443 340 235 478 654 293 736 516 310 267 363 583 Percentual de Residências com Cisternas 40 5 - - - 25 28 59 25 59 87 52 - 28 30 27 60 - 8 28 Aquífero Superficial Poço Amazonas • • • • • 8000 l/h • • • • 10000 l/h • • • • • 10000 l/h • 10000 l/h • • • • • • • • 15000 l/h • • • • 1500 l/h • 9400 l/h • 8000 l/h • 5500 l/h • 9500 l/h • 5500 l/h • 9500 l/h • 5300 l/h • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Bombeamento por Catavento • • Bombeamento por Motor Elétrico • • 5000 l/h • • • 400 l/h 10000 l/h • Uso de água de cacimbas • • Poço Subterrâneo / Vazão 9000 l/h Condições de Manutenção Satisfatórias do Sistema • • • • Comunidade Paga Pelo Uso da Água Estado Responsável pela Manutenção Prefeitura Responsável pela Manutenção Comunidade Responsável pela Manutenção Comunidade Opera o Sistema Condições de Manutenção Deficitário • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Comunidade Paga por Manutenção • Existe Associação de Usuários de Água • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Água Com Exposição a Possibilidade de Contaminação • • • • • • • Ocorrência de Doenças de Veiculação Hídrica Faz-se Cloração da Água Água Contaminada • Distribuição de Água por Chafariz Distribuição de Água por Ligações Domiciliares • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Água Salobra • • • • • • • • • • • Vazão 500 l/h 500 1200 l/h • 1000 l/h • 2400 l/h • 2000 l/h • 2000 l/h • l/h 1200 l/h • 1000 l/h Condições de Manutenção Satisfatórias do Sistema • • • • Dessalinizadores Prefeitura Responsável pela Manutenção Comunidade Responsável pela Manutenção Condições de Manutenção Satisfatórias do Sistema com Resalvas Comuniade Opera o Sistema • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Estado Responsável pela Manutenção Consumo Humano Comunidade Paga Pelo Uso da Água Poço Comunidade Paga por Manutenção Caracterização do Sistema de Abastecimento Existente Água Com Exposição a Possibilidade de Contaminação • • • Faz-se Cloração da Água • Existe Sistema de Armazenamento do Rejeito Existe Sistema de Reaproveitamento do Rejeito • • • • • • • • • • • • • • • • Rejeito é Contaminando o Solo • 50 95 100 100 100 95 18 84 93 98 95 100 90 88 100 100 95 95 45 23 • • • • • Esgoto % de Domicílios com Fossas Tabela 4.15 - Síntese das Avaliações dos Sistemas de Abastecimento de Água da Região do Seridó Lixo Existe Coleta e destino final de Lixo Água Contaminada Conclusões Os estudos realizados junto às pequenas comunidades rurais confirmam a grande necessidade da implantação das obras previstas pelo Programa, uma vez que as mesmas irão proporcionar aumento da oferta hídrica e a oportunidade de evolução no gerenciamento dos sistemas, hoje visivelmente deficitário. Entretanto o sucesso dessas iniciativas dependerá fortemente da implementação de um modelo de gestão na operação e manutenção dos sistemas fundamentado na liderança comunitária. Nesse sentido o Programa prevê a implantação de modelo de gestão baseado em experiências de sucesso: A CENTRAL de Manutenção (Bahia) e o Projeto SISAR (Ceará). Essa concepção foi desenvolvida pela Associação para o Desenvolvimento do Seridó – ADESE. Recomendações Regularização das outorgas para os sistemas. No caso de sistemas para cujas vazões seja dispensável a outorga, a dispensa deverá ser formalizada por meio da tramitação pertinente; Regularização dos métodos de tratamento dos efluentes dos dessalinizadores por meio da adoção de práticas voltadas à mitigação dos impactos ambientais; Implementação e campanhas de esclarecimento às comunidades envolvidas sobre práticas sanitárias e ambientais focadas prioritariamente na questão da saúde; Atuação na formulação de políticas de saneamento (esgoto e lixo) para as comunidades envolvidas; Garantia de apoio do Governo Estadual ao desenvolvimento, implementação e consolidação dos modelos de gestão dos sistemas. Recomendações para os Próximos Estudos Ambientais a Serem realizados nas Demais Comunidades Incluídas no Programa Para os estudos a serem realizados junto às demais comunidades rurais recomenda-se a realização de inspeções de campo a exemplo das realizadas pelo presente estudo, a sistematização das informações a serem recolhidas na forma da tabela 4.16 Síntese das Avaliações dos Sistemas de Abastecimento de Água da Região do Seridó, anteriormente apresentada, e análise das informações a exemplo do realizado no presente capítulo. 4.4.7. Estudos Estratégicos 4.4.7.1. Revisão do Plano Estadual de Recursos Hídricos No âmbito do Programa está previsto a implementação do sub-componente 1.2, item 1.2.1, que contenpla a revisão do Plano Estadual de Recursos Hídricos. No processo de avaliação do Programa pelo BIRD foi solicitado que se incluísse a elaboração de uma AAE - Avaliação Ambiental Estratégica do referido Plano, considerando a sua revisão. Neste sentido este RAA apresenta em seu Anexo 8 os Termos de Referência para a contratação da AAE. 4.5. Fortalecimento Institucional da SERHID e do IDEMA 4.5.1. SERHID – Fortalecimento da Gestão dos Recursos Hídricos O Programa prevê a implementação de uma série de sub-componentes que estão direcionados ao Gerenciamento dos Recursos Hídricos (Componente 1 – ver Capitulo 2) e que, quando implementados (em seu conjunto ou mesmo isoladamente) resultarão no fortalecimento institucional da SERHID. Entre os diversos sub-componentes deste Componente 1, destacam-se: Tabela 4. 17 - Principais sub-componentes do Programa e reforço institucional da SERHID Sub-componente Principais Ações 106 Aspectos legais e institucionais Instrumentos informação de Estudos de Estratégia Institucional e Planejamento Organizacional do Sistema Gestor SERHIDIGARN e de Atualização e Adequação do Arcabouço Legal para a Gestão de Recursos Hídricos do Rio Grande do Norte Programa de capacitação e treinamento Apoio a instalação de Comitês de Bacias e Associação de Usuários da Água Implementação de Plano Diretor de Informática da SERHID Implantação de rede de monitoramento quali-quantitativo dos recursos hídricos e sistemática de monitoramento e operação de infra-estrutura hídrica Sistema integrado de informações sobre recursos hídricos A implementação dessas medidas assegurará avanços significativos ao longo dos primeiros 4 anos de implementação do Programa, cujos reflexos deverão ser acompanhados / monitorados visando a identificação de eventuais desvios e a adoção de medidas de correção, quando aplicáveis. Para efeito deste RAA, consideram-se as ações propostas pelo Programa como adequadas ao fortalecimento do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado do Rio Grande do Norte não cabendo, portanto, a proposição de medida complementar. Recomenda-se que, nas avaliações ambientais subseqüentes sejam analisados os resultados dos estudos contratados e a implementação das respectivas recomendações para efeito de proposição de medida complementar específica, caso necessário. 4.5.2. IDEMA - Fortalecimento da Gestão Ambiental Quando da elaboração do presente RAA foi identificada uma ação em desenvolvimento, por parte do IDEMA, de abertura de processo licitatório (com recursos próprios14) visando à contratação de consultoria técnica especializada para desenvolver Programa de Fortalecimento Institucional da Instituição15. O estudo em questão tem por objetivo “alcançar, por meio de adequado suporte técnico e científico, o fortalecimento institucional, gerencial e operacional do IDEMA, destarte resultando em crescente melhoria e aperfeiçoamento de suas ações, de modo a compatibilizar o desenvolvimento socioeconômico do Estado com o uso sustentado dos recursos naturais e a preservação do meio ambiente”. O referido estudo em contratação pelo IDEMA, estabelece as metas e atividades principais a serem cumpridas dentro do prazo máximo de 15 meses apresentadas na tabela 4.18: Tabela 4. 18- Metas e prazos do Programa de Fortalecimento Institucional do IDEMA Metas Reestruturação e modernização administrativa e tecnológica do IDEMA Monitoramento ambiental Enquadramento de corpos d’água Macrozoneamento econômico ecológico Atividades Revisão e Atualização de Normas e Procedimentos para as atividades de Licenciamento e Fiscalização Ambiental do IDEMA. Definição de Critérios e Padrões de Qualidade Ambiental. Apoio Técnico especializado ao Procedimento de Licenciamento Ambiental. Implementação e Avaliação do Planejamento Estratégico do IDEMA. Implantação do Programa de Monitoramento Ambiental do RGN. Elaboração de Relatório da Qualidade Ambiental do Estado. Execução do monitoramento da qualidade das águas de 08 reservatórios públicos que abastecem municípios do Seridó e Alto Oeste Potiguar. Enquadramento de corpos d’água das Bacias Hidrográficas Pirangi, Doce e Piranhas-Açu. Implantação do Zoneamento Ecológico Econômico dos Estuários. Considerando a ocorrência de um processo de fortalecimento institucional do IDEMA, com recursos assegurados e cujo escopo, em tese, atende aos principais itens relacionados com a atuação técnica da entidade e que se relacionam com a gestão de recursos hídricos, recomenda-se que, ao longo do primeiro ano do Programa, seja feito o acompanhamento técnico da evolução dos serviços de 14 Valor estimado para o custo dos serviços de R$ 1.786.666,67 (Um milhão, setecentos e oitenta e seis mil, seiscentos e sessenta e seis reais e sessenta e sete centavos) 15 Documento: “Termo de Referência para o Desenvolvimento do Programa de Fortalecimento Institucional do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte – IDEMA”. 107 consultoria, visando identificar eventuais lacunas que possam vir a ser complementadas, por estudos específicos, nos demais anos de implementação do Programa. Em função da evolução dos trabalhos contratados pelo IDEMA, poderá o Programa dispor de contratação de consultoria técnica especializada (especialista em licenciamento ambiental, por exemplo) para complementar algum aspecto não plenamente desenvolvido no âmbito do contrato do IDEMA. Especial atenção deve ser dada as seguintes atividades, que tem ligação direta com a implementação do Programa: (i) revisão e Atualização de Normas e Procedimentos para as atividades de Licenciamento e Fiscalização Ambiental do IDEMA – que deverá envolver a elaboração e padronização das Instruções Normativas para Licenciamento Ambiental das atividades econômicas, entre elas a piscicultura em tanques-rede; (ii) implantação do Programa de Monitoramento Ambiental do RGN – em função das atribuições de gestão da qualidade dos recursos hídricos da SERHID; (iii) execução do monitoramento da qualidade das águas de 08 reservatórios públicos que abastecem municípios do Seridó e Alto Oeste Potiguar – objetivando somar esforços e evitar duplicidade de funções com setor de monitoramento da SERHID. Eventualmente poderá ser uma oportunidade ímpar para a concentração de esforços e recursos em reservatórios considerados como prioritários para o Programa; (iv) enquadramento de corpos d’água das Bacias Pirangi, Doce e Piranhas-Açu; e, (v) implantação do Zoneamento Ecológico Econômico dos Estuários – que envolverá, em parte, área da APA da Lagoa do Bonfim (ver item a seguir). Fortalecimento da Gestão Ambiental Embora o Programa, em curto prazo, não venha a estabelecer ação de fortalecimento institucional do IDEMA, deve ser destacado que a medida de compensação ambiental, associada ao sub-componente Ampliação do Sistema Adutor Monsenhor Expedito, trata de ações a serem implementadas pelo Programa e voltadas ao fortalecimento da gestão ambiental de Unidade de Conservação, no caso a APA Bonfim/Guaraíra. O IDEMA está desenvolvendo um Plano de Gestão para a APA de Bonfim/Guaraíra, que contempla a elaboração dos seguintes produtos: o diagnóstico socioeconômico e ambiental da APA; estudo de impactos ambientais e de capacidade de suporte da APA; Zoneamento ecológico-Econômico; programas de gestão e Estratégias de implementação do Conselho Gestor e Câmaras Técnicas; sistema de Informações Geográficas – SIG; plano de Divulgação e Marketing e Programa de Formações de Gestores Ambientais. Como medida de compensação, recomendamos que após a conclusão do Plano de Gestão para a APA Bonfim/Guaraíra, seja estudado e discutido com o IDEMA como o Programa, a título de compensação, poderá apoiar a efetivação de medidas propostas pelo Plano. 4.6. Síntese da Avaliação Ambiental das Intervenções e Medidas de Mitigação De maneira geral, as intervenções previstas no Programa são de pequeno porte, não sendo potencialmente causadoras de danos ambientais permanentes, de abrangência regional, irreversíveis ou de difícil mitigação. Dentro dos níveis atuais de detalhamento de projetos, o Sistema Adutor Monsenhor Expedito merece atenção especial por ser um empreendimento que está totalmente inserido na APA Bonfim/Guaraíra. Nesse sentido, o Programa aparece como uma janela de oportunidade para o fortalecimento da UC, sendo proposto, a título de Compensação Ambiental, apoio ao IDEMA para a efetiva regulamentação / 108 implantação da APA. Além disso, a situação do sistema existente, detalhada anteriormente ensejou diferentes recomendações que serão expostas a seguir. Para a ampliação do Sistema Adutor Monsenhor Expedito existem riscos potenciais de impactos, sendo eles temporários, de abrangências locais, reversíveis e com condições de mitigação aceitáveis na boa prática da engenharia e com os cuidados propostos à frente e detalhados no PGA, constante no Anexo 1. Os empreendimentos previstos para a conservação e reabilitação dos açudes não são potencialmente causadores de impactos de grande magnitude. Na fase de implementação do Programa, quando os estudos forem detalhados em uma nova abordagem mais abrangente, que leve em consideração diferentes questões ambientais e aspectos de segurança e de operação e manutenção, uma nova análise ambiental será efetivada, de forma a prevenir eventuais problemas. É importante salientar, entretanto, que as recomendações do Painel de Barragens para os Açudes Rodeador, Passagem das Traíras e Itans, bem como aquelas preconizadas pelos técnicos da SERHID para as barragens de menor porte, deverão ser implementadas na fase de obras. No decorrer da execução do Programa, as mesmas inspeções deverão ser efetuadas para cumprimento da Salvaguardas do Banco e em benefício dos moradores locais. A seguir são apresentadas a síntese das avaliações e as respectivas medidas propostas: Monsenhor Expedito: A avaliação ações propostas para a ampliação do Sistema Monsenhor Expedito leva ao seguinte conjunto de impactos positivos previstos: Abastecimento de uma população adicional de 7 municípios e 158 novas comunidades com água tratada, melhorando a qualidade de vida da população; Geração de empregos diretos e indiretos. Como impactos negativos vale ressaltar: Aqueles advindos das obras de engenharia, relativos à instalação dos canteiros, movimentação de veículos, geração de poeira e ruídos; a paralisação das obras etc.; Em uma possível paralização das obras: instalação de processos erosivos, desmobilização da população, descrédito nas instalações públicas, prejuízos econômicos, redução do número de empregos, desvalorização de terras. A tabela 4.19 apresenta as recomendações, medidas preventivas e corretivas previstas para o sistema atual e para a ampliação do Sistema Monsenhor Expedito. Tabela 4.19 - Medidas para Ampliação do Sistema Monsenhor Expedito Item da avaliação Alterações no Regime Hidrológico/Hidrogeológico Sistema Aqüífero DunasBarreiras: Sistema Atual Recomendações/ Medidas Preventivas-Corretiva Recomendação Que o bombeamento no sistema não exceda os limites estabelecidos para o sistema atual e a implantação de sistema produtivo complementar. Continuidade ao monitoramento realizado nos níveis da lagoa e dos poços de modo a auxiliar o planejamento futuro para uso destes sistemas. Recomendação O IDEMA deverá intensificar a fiscalização nas áreas situadas no entorno da lagoa visando coibir ocupação irregular das APPs. O IDEMA deverá buscar o atendimento à Legislação no que diz respeito à averbação das Áreas de Reserva Legal. O IDEMA/IBAMA deverão intensificar a fiscalização com relação a supressão da vegetação notadamente as margens da lagoa. O uso de defensivos agrícolas será controlado, fiscalizando-se, desde a comercialização destes produtos, até a destinação final das embalagens e resíduos de lavagem. Essas ações, embora de responsabilidade de entidade pública não diretamente vinculada ao Programa, devem ser apoiadas no âmbito das ações propostas pelo Programa. 109 Fontes Poluidoras Condições Operacionais do Sistema Atualmente em Operação Interferência com Unidades de Conservação Qualidade da água Considerações Gerais Observação Geral Responsabilidade Ambiental das Construtoras Recomendação Orientação aos moradores, comerciantes e agricultores quanto à implantação de sistemas adequados de destinação de efluentes sanitários, quanto ao acondicionamento e destinação adequada de resíduos sólidos e quanto ao uso adequado de fertilizantes e defensivos agrícolas. O Programa deverá apoiar essas ações quando da implantação dos programas de comunicação social e de educação ambiental, previstos no PGA. Recomendação Definir responsabilidade para operação e manutenção das derivações já existentes ou que venham a ser autorizadas para as comunidades rurais. Implementar um programa de macromedição. Definir critérios para atendimento de novos pleitos para novas derivações. Revisar trechos executados sem projetos, providenciando as devidas correções. Realizar trabalho de conscientização junto às prefeituras municipais e associações sobre a utilização da adutora. Retomar o processo de criação das associações dos usuários. Definir critérios para distribuição e cobrança de água retirada em chafarizes e nas derivações autorizadas. Efetuar cadastramento e hidrometração de todas as ligações atendidas pela adutora, se autorizadas. Eliminar a retirada de água nos chafarizes por carros-pipa. Instalar pontos para abastecimento de carros-pipa nas áreas urbanas. Recomendação Como a regulamentação dos usos no entorno da Lagoa do Bonfim irá contribuir para a proteção deste manancial, recomenda-se apoiar o IDEMA na implementação da APA. Essa medida deverá ser incorporada pelo Programa no âmbito do licenciamento ambiental da ampliação do atual sistema adutor. Recomendação Aumento na freqüência do monitoramento, (Portaria 518/04 da ANVISA). Ação institucional junto à CAERN e IDEMA para mapear as potenciais fontes poluidoras e buscar a adequação, tanto técnica quanto legal, dos problemas. Recomendação Recomenda-se à SERHID/CAERN reforçar a fiscalização e monitoramento das condições operacionais e de manutenção do sistema. Ampliação do Sistema Medida Preventiva/Corretiva Implantação do conjunto de ações previstas no MAC Manual de Ambiental de Construção das Obras, integrante do Plano de Gestão Ambiental – PGA. Medida Preventiva/Corretiva Incluir em todos os editais a obrigatoriedade de atendimento às diretrizes ambientais do Manual Ambiental de Construção MAC. Utilização do Manual Ambiental de Construção de Sistemas Adutores, do Proágua Semi-árido Licenciamento Ambiental de Áreas de Apoio às Obras Regularização Fundiária Alterações no Regime Hidrogeológico Qualidade da Água – Implementar a supervisão ambiental durante a execução das obras. Medida Preventiva/Corretiva Incluir em todos os editais a obrigatoriedade do licenciamento ambiental das áreas de apoio às obras. Exigir a apresentação das licenças cabíveis. Medida Preventiva/Corretiva Regularização fundiária dos terrenos. Medida Potencializadora Negociação das áreas com os proprietários. Caso seja necessária desapropriação, realizar o pagamento das indenizações nos prazos acordados e pelo preço justo. Recomendação Recomenda-se que os dados de monitoramento atualmente disponíveis sejam utilizados para refinar a modelagem matemática do comportamento do aqüífero. Essa modelagem.(realizada quando dos estudos) é fundamental ao planejamento integrado do uso do aqüífero, e deverá ser desenvolvida no âmbito das ações de fortalecimento do sistema de outorga para o uso da água subterrânea, por exemplo, em parceria institucional junto à UFRN e UFPE. Recomenda-se implementar um sistema de outorga integrado para captações em mananciais superficiais e subterrâneos. Medida Preventiva 110 Lagoa do Bonfim Interferências Ambientais Proteção ao Manancial Aumento da Geração de Efluentes nas Novas Áreas Atendidas pelo Sistema Uso Inadequado da Água Fornecida pelo Sistema Adutor Interferência com Unidades de Conservação Monitoramento da qualidade da água - Portaria nº 518/04 da ANVISA. Medida Preventiva/Corretiva Para implantação das estruturas deverá ser desmatada a menor área possível. Após implantação das obras, as áreas deverão ser revegetadas, de modo a evitar o desenvolvimento de processos erosivos (ver MAC medidas de recuperação). Medida Preventiva Idem a mencionada anteriormente. Recomendações Implantação de Programa de Educação Sanitária a ser apoiado pelo Programa. Fortalecimento do sistema de outorga para lançamento de efluentes, tornando a outorga um pré-requisito para o financiamento de sistemas de esgotamento por parte das prefeituras. Orientar as prefeituras a implantar sistemas completos de saneamento, incluindo coleta e tratamento da totalidade dos esgotos coletados. Quando não for possível implantar e manter os sistemas de tratamento dos esgotos, orientar as prefeituras e comunidades no sentido de instalar fossas sépticas, adequadamente dimensionadas e construídas. Recomendações Instituir a cobrança pelo uso da água. Implantar dispositivos de macro e micromedição na totalidade do sistema. Fiscalização efetiva por parte da entidade operadora do sistema – CAERN. Medida Compensatória Implantação de Programa de Apoio à APA a ser implementado com a coordenação do IDEMA. Perímetros Irrigados: Nas atividades previstas para a recuperação e modernização dos açudes Itans e Cruzeta são previstos os seguintes impactos positivos: Redução do desperdício e otimização da disponibilidade hídrica dos açudes Itans e Cruzetas a partir da implantação de sistemas de irrigação poupadores de água; Redução de danos aos solos como acidificação e salinização a partir da adequação das formas de cultivos, manejo adequado e adoção de práticas conservacionistas da vegetação nativa; Redução dos riscos de contaminação de mananciais de abastecimento com a recuperação dos drenos e desobstrução da drenagem natural; Economia dos custos de produção e melhoria da produtividade e qualidade dos produtos com a aplicação do manejo integrado de pragas e parasitas; Melhoria da renda familiar dos irrigantes a partir do aumento da produtividade. Na tabela 4.20 são apresentadas as principais recomendações a serem detalhadas e adotadas por ocasião de detalhamento dos projetos de modernização dos perímetros. Tabela 4.20 - Principais Aspectos Ambientais e Medidas Mitigadoras Propostas para Modernização dos Perímetros Irrigados Aspectos Ambientais 1 – Mata ciliar dos açudes 2 – Salinização das áreas irrigáveis Características Áreas das bacias hidrográficas dos açudes Itans e de Cruzeta apresentam-se desmatadas em decorrência do uso contínuo e não planejado da agricultura, favorecendo o assoreamento. Áreas inutilizadas e diminuição da produtividade Controle Itans Cruzeta Recomposição da vegetação X X Substituir atual método de irrigação, recuperação da drenagem, aplicação de fertilizantes de acordo com a análise de solos, uso de adubação orgânica e utilização X X 111 3 – Rachaduras nos canais de distribuição 4 – Mata ciliar dos rios São José e Barra Nova 5 – Uso excessivo de defensivos químicos 6 - Riscos de surgimento de esquistossomose 7 – Contaminação por produtos químicos Desperdício de água Assoreamentos dos rios barrados pelas paredes dos açudes Itans e Cruzeta Redução da biodiversidade local e aplicação de substâncias químicas não seletivas Proliferação de caramujos nos canais e na água superficial em decorrência dos vazamentos Uso de substâncias químicas nos plantios sem considerar os a carência destes produtos das áreas salinizadas com culturas econômicas adaptadas. Recuperação da infra-estrutura física X X Recuperação das margens conforme Código Florestal X X Introdução do Manejo Integrado de Pragas Aplicação da OP 4.09 X X Controle ambiental do caramujo X Uso de EPI e aplicação do Manejo Integrado de Pragas X X Obras hidroambientais: Na implantação de obras hidroambientais foram identificados os seguintes impactos positivos: Formação de terraços aluviais, com retenção da água por mais tempo no subsolo; Criação de condições favoráveis ao desenvolvimento de espécies arbustivas e herbáceas; Criação de uma calha aluvial úmida servindo ao plantio de culturas de curto ciclo; Água subterrânea mais protegida contra poluição bacteriana. 4.7. Critérios e Procedimentos para Avaliação Ambiental dos Projetos de 2º a 4ºAno Com resultado das metodologias e abordagens utilizadas na elaboração do RAA, na tabela 4.21 são apresentados os principais critérios recomendados para serem utilizados para a avaliação ambiental dos empreendimentos previstos para o 2º ao 4º ano de implementação do Programa. 4.8. Situação Legal e Procedimentos de Licenciamento Ambiental Apresenta-se, a seguir, a situação em termos do enquadramento legal das obras a serem contempladas pelo Programa, considerando dois aspectos relevantes: O sistema de gestão dos recursos hídricos e seus mecanismos de controle, sob a responsabilidade da SERHID entidade responsável pela implementação do Programa e O sistema de licenciamento ambiental do estado, de responsabilidade do IDEMA16. Tabela 4.21 – Critérios de Avaliação Ambiental para empreendimentos de 2º a 4º anos Sub-componentes 3.1.1 – Programa de Conservação e Reabilitação da Infra-estrutura Estadual Critérios Propostos - Análise de dados de qualidade de água existentes ou promoção de campanhas de amostragem para parâmetros mais representativos; - Diponibilização de base cartográfica em escala compatível ou de imagem de satélite em escala 1:5000 para utilização nas visitas de campo; - Verificação do uso e ocupação do solo a montante da barragem para avaliação da existência de fontes poluidoras potenciais; - Avaliação da faixa de 100 metros no entorno – APP e da existência de famílias a serem reassentadas. No caso positivo, verificar a necessidade de aplicação da Política de Reassentamento proposta para o Programa; - Conhecimento das condições de operação, manutenção e vigilância da barragem; - Verificação da situação fundiária; - Verificação da situação de participação de usuários – promoção de AUAs; 16 O Capítulo 3 deste RAA apresenta a avaliação das competências legais e institucionais de ambos os órgãos intervenientes no Programa 112 3.2.1 – Obras de Ampliação da Capacidade de Sistemas Adutores 3.3.1 – Construção de Obras hidroambientais 3.3.2 – Programa de Manutenção e Ampliação da Rede de Dessanilizadores 3.3.3 – Implantação de Sistemas de Abastecimento de Água em Pequenas Comunidades 3.4.1 - Recuperação e modernização de perímetros irrigados - Para barragens acima de 15 metros – inspeção de segurança por um Painel de Barragens; - Para barragens abaixo de 15 metros – inspeção e preenchimento da Ficha de Inspeção Formal para Barragens de Terra do MI; - Preenchimento da Ficha de Inspeção Ambiental utilizada nas visitas de campo do RAA; - Elaboração da Tabela Síntese para Barramentos utilizada para sistematizar as informações de campo do RAA; - Verificação da situação de outorga e de licenciamento ambiental; - Verificação da interferência das obras com vegetação, unidades de conservação, doenças de veiculação hídrica, patrimônio cultural, populações tradicionais, áreas urbanas, etc. - Verificação da fonte hídrica utilizada em relação ao consumo de água pelo perímetro e conflito com outros usos existentes; - Avaliação de projetos existentes em relação ao atendimento das demandas verificadas e parâmetros de projeto utilizados; - Verificação da situação de operação e manutenção do sistema; - Verificação das perdas físicas e de faturamento observadas; - Verificação da qualidade da água disponibilizada à população; - Verificação da situação de proteção ambiental do manancial; - Identificação de potenciais fontes poluidoras do manancial; - Verificação da situação de outorga e licenciamento ambiental dos empreendimentos; - Verificação da situação da situação de esgotamento sanitário nas cidades e comunidades atendidas; - Verificação da interferência das obras com vegetação, unidades de conservação, doenças de veiculação hídrica, patrimônio cultural, populações tradicionais, áreas urbanas, etc. - Garantir a participação de profissional da área social nas equipes de campo, em todas as fases, a fim de garantir a mobilização social e fortalecimento institucional das ações; - Criar mecanismo eficiente de comunicação social junto às comunidades de modo a esclarecer sobre os aspectos mais importantes do programa; - Privilegiar a instalação de escritórios e equipes locais, de modo a garantir acompanhamento e assistência técnica contínuos; - Elaboração de manual de procedimentos descrevendo claramente a seqüência de ações que deve ser adotada para a correta e efetiva implementação das intervenções; - Evitar a contratação de empresas para construção das obras, privilegiando a capacitação e envolvimento da comunidade local; - Verificação da interferência das obras com vegetação, unidades de conservação, doenças de veiculação hídrica, patrimônio cultural, populações tradicionais, áreas urbanas, etc. - Verificação da situação de operação e manutenção dos sistemas – lições aprendidas; - Verificação da proposta para operação e manutenção de novos sistemas a serem instalados – sustentabilidade operacional; - Utilização de Fichas de Inspeção de Campo utilizadas no RAA e da Tabela Síntese das Avaliações dos Sistemas de Abastecimento; - Verificação da situação da situação de esgotamento sanitário nas cidades e comunidades atendidas; - Verificação da interferência das obras com vegetação, unidades de conservação, doenças de veiculação hídrica, patrimônio cultural, populações tradicionais, áreas urbanas, etc. - Verificação da situação fundiária; - Verificação da fonte hídrica utilizada em relação ao consumo de água pelo perímetro e conflito com outros usos existentes; - Verificação da situação da infra-estrutura comum e instalada nos lotes me 113 relação ao estado de conservação das unidades; - Verificação da adequação das tecnologias adotadas e avaliação do consumo de água e das implicações ou impactos em outros usos prioritários; - Identificação dos defensivos agrícolas utilizado para controle de pragas e dos procedimenentos de controle; - Verificação da qualidade da água utilizada; - Situação de outorga e licenciamento ambiental dos empreendimentos; - Verificação da interferência das obras com vegetação, unidades de conservação, doenças de veiculação hídrica, patrimônio cultural, populações tradicionais, áreas urbanas, etc. 4.8.1. A outorga de direito de uso O Decreto Estadual 13.283, de março de 1997, estabelece a regulamentação da Lei Estadual 6.908/9617 nos aspectos referentes à outorga do direito de uso dos recursos hídricos e ao licenciamento de obras hídricas. De acordo com este decreto, são passíveis de outorga: I – Derivações ou captações de parcela de recursos hídricos existentes em um corpo d’água, para consumo final ou para insumo de processo produtivo; II – Lançamento em corpo d’água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos com o fim de sua diluição, transporte ou disposição; III – Qualquer outro tipo de uso que altere o regime a quantidade e a qualidade da água. A mesma lei estabelece que captações de águas subterrâneas cuja vazão de explotação não exceda 1.000 L/h não são passíveis de outorga. O órgão público responsável (SERHID) não poderá conceder a outorga quando a atividade ou obra resultar em: (i) lançamento na água de resíduos sólidos, radioativos, metais pesados e outros resíduos tóxicos perigosos e (ii) lançamento de poluentes nas águas subterrâneas. Na tabela 4.22 são apresentadas as três modalidades de outorga previstas na legislação estadual : Tabela 4.22 - Outorgas previstas na legislação estadual Modalidade da Outorga Autorização de Uso Objetivo / Aplicação Concedida em caráter unilateral, a título precário, privativo, gratuito ou oneroso, a pessoa física ou jurídica, outorgando-lhe o direito de uso de determinadas quantidade e qualidade de águas, sob determinadas condições e com destinação específica. Concessão de Uso Outorgada em caráter contratual, a título permanente, privativo e oneroso, a pessoa física ou jurídica, concedendo-lhe o direito de determinada quantidade e qualidade de água, sob determinadas condições e com destinação específica. O prazo de vigência é de 35 anos, podendo ser renovada. Concessão Especial de Outorgada em caráter contratual, a título permanente, privativo e oneroso, a Associação de Uso Coletivo Usuários de Água, concedendo-lhe o direito de uso de uma parcela de recursos hídricos, sob condições e com destinação específica. O prazo de vigência é de 35 anos, podendo ser renovada. Fonte: Legislação sobre os recursos hídricos do Estado do Rio Grande do Norte, 03/2000 Compete à SERHID, por meio da Coordenadoria de Gestão dos Recursos Hídricos - COGERH, a concessão e fiscalização das outorgas no território do estado. Para orientar internamente os procedimentos técnicos e administrativos inerentes ao processo de concessão de outorgas a SERHID conta com um Manual de Outorga do Direito de Uso da Água, que detalha, entre outros aspectos; os procedimentos para o Licenciamento de Obras de Oferta Hídrica, caso, por exemplo, de algumas das obras previstas pelo Programa. Nesses casos esses empreendimentos são também sujeitos à emissão pela SERHID de uma Licença Prévia para Construção de Obras Hídricas e posteriormente, quando de sua operação devem ser objeto de pedido de outorga (dependendo do uso previsto). As obras a serem licenciadas pela SERHID são divididas nos seguintes grupos: 17 Lei que trata Sistema Estadual de Recursos Hídricos 114 x x Grupo 1 – Barramentos: reservatórios; barragens de derivação ou de nível; travessias de cursos d’água; diques de proteção. Grupo 2 – Adução: adução por canais; adução por tubulações; aduções mistas. x Grupo 3 – Construção de poços: poço tubular; poço amazonas (cacimbão/cacimba). De acordo com consulta feita à SERHID a grande maioria dos empreendimentos objeto das ações do Programa não possuem outorga emitida pelo órgão. É o caso, por exemplo, dos barramentos que serão objeto de ações de recuperação e de melhorias (sub-componente 3.1.1); do projeto de modernização dos perímetros de irrigação na região do Seridó (sub-componente 3.1..2); da ampliação do Sistema Adutor Monsenhor Expedito, (sub-componente 3.2.2); e da instalação e recuperação de sistemas simplificados de abastecimento de água em comunidades rurais (sub-componentes 3.3.2 e 3.3.3). Esse fato ensejará uma ação, por parte da UGP, no sentido de encaminhar, em coordenação com as ações do Programa, os processos de regularização de uso da água com a finalidade de obtenção das devidas Outorgas ou Licenças, quando aplicáveis. Essa recomendação vale para todos os empreendimentos propostos no âmbito do Programa - recuperações e novas obras. É importante salientar que a falta de outorga “corretiva” para usos da água existentes se deve a fatores como: (i) desconhecimento de determinados usos por parte da SERHID; (ii) deficiência do cadastro de usuários da SERHID; (ii) baixa efetividade nas campanhas de regularização de usuários. Neste sentido, o Programa prevê um sub-componente específico (item 1.4.1) denominado: Projeto de Incentivo à Regularização da Outorga e Fiscalização de Direitos de Uso da Água. Esta atividade tem por finalidade implementar projeto de aprimoramento da sistemática de concessão de outorgas e de emissão de licenças prévias para a construção de obras de infra-estrutura hídrica. Entre as ações desse projeto, estão: A consolidação do Cadastro de Usos e Usuários das águas e um plano de divulgação e incentivo à regularização das outorgas e licenciamento; A revisão e aperfeiçoamento da sistemática de outorga e da emissão de licenças; A definição da sistemática de procedimentos de fiscalização de direitos de uso da água. A tabela 4.23 relaciona os empreendimentos que fazem parte do Programa e os respectivos órgãos responsáveis por requerer suas outorgas. Recomenda-se que a SERHID tome providências imediatas no sentido de regularizar a situação de outorga para empreendimentos cujos usuários sejam facilmente identificáveis, e que os outros empreendimentos sejam contemplados pelas atividades previstas no sub-componente 1.4.1. Tabela 4.23 - Situação de outorga relacionada aos Componentes do Programa Empreendimento Órgãos que Devem Requerer Regularização Legal / Outorga 3.1.1 – Programa de Conservação e Reabilitação da Infra-estrutura CAERN (para açudes de abastecimento público) Hídrica Estadual 3.2.2 – Ampliação da Capacidade de Sistemas Adutores CAERN 3.3.1 – Construção de Obras Hidroambientais CAERN 3.3.2 – Programa de Manutenção e Ampliação da Rede de SERHID Dessalinizadores 3.3.3 – Implantação de Sistemas de Abastecimento de Água em SERHID Pequenas Comunidades 3.4.1 – Recuperação e Modernização de Perímetros Irrigados DNOCS A tabela 4.24 apresenta a síntese das orientações emitidas pela SERHID no tocante à regularização dos empreendimentos objeto do Programa perante a legislação que regulamenta o uso dos recursos hídricos no estado do Rio Grande do Norte. Tabela 4.24- Regularização de infra-estrutura hídrica na SERHID Obras dos Sub-componentes do Programa Orientação SERHID 115 3..1.1 Programa de Conservação e Reabilitação da Infra-estrutura Hídrica Estadual 3.2.2 - Ampliação da Capacidade de Sistemas Adutores 3.3.3 - Implantação de Sistemas de Abastecimento de Água em Pequenas Comunidades 3.1 - Construção de Obras Hidroambientais 3.3.2 - Programa de Manutenção e Ampliação da Rede de Dessalinizadores, 3.4.1 – Recuperação e Modernização de Perímetros Irrigados Não é necessária licença para os açudes pré-existentes apenas cadastro junto ao órgão. A SERHID já tem cadastro de todos os açudes. Empreendimentos regulares perante a legislação. Necessidade de obtenção de outorga para as ampliações, inclusive para a Adutora Monsenhor (situação de não conformidade). As novas aduções necessitarão de outorga. As pequenas barragens necessitarão de licença de obra hidráulica que será providenciada pela SERHID. Posteriormente os usuários deverão solicitar a outorga de uso caso necessário. Outorgas são dispensadas para os casos de vazão inferior a 2.000 litros/hora Necessidade de solicitação de outorga 4.8.2. O licenciamento Ambiental das Intervenções do Programa A Lei Complementar nº 272/02 estabelece em sua Seção X os procedimentos para o Licenciamento Ambiental a serem aplicados pelo IDEMA para as atividades econômicas potencialmente poluidoras e/ou consumidoras de recursos naturais definindo as seguintes licenças ambientais aplicáveis dependendo do caso: “ I – Licença Prévia (LP), concedida na fase preliminar do projeto de empreendimento, contendo requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas suas fases de localização, instalação e operação, para observância da viabilidade ambiental daquele nas fases subseqüentes do licenciamento; II – Licença de Instalação (LI), por que se faculta o início da implantação do empreendimento, de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes; III – Licença de Operação (LO), concedida, após as verificações necessárias, para facultar o início da atividade requerida e o funcionamento de seus equipamentos de controle de poluição, de acordo com o previsto nas Licenças Prévia e de Instalação; IV – Licença Simplificada (LS), concedida para a localização, instalação, implantação e operação de empreendimentos que não apresentem significativo potencial poluidor, assim entendidos, aqueles que, na oportunidade do licenciamento: a) possam ser enquadrados na categoria de baixo potencial poluidor, segundo os critérios definidos nesta Lei Complementar e seus Anexos; ou b) representem atividades ou empreendimentos de caráter temporário, que não impliquem instalações permanentes; V – Licença de Regularização de Operação (LRO), concedida aos empreendimentos e atividades que, na data de publicação desta Lei Complementar, estejam em operação e ainda não licenciados, para permitir a continuidade da operação, após análise da documentação requerida pela autoridade ambiental competente, mediante o cumprimento das condicionantes por ela estabelecidas; VI – Licença de Alteração (LA), para alteração, ampliação ou modificação do empreendimento ou atividade regularmente existentes; e VII – Licença de Instalação e Operação (LIO), concedida para empreendimentos cuja instalação e operação ocorram simultaneamente.” Durante a fase de preparação dos estudos a SERHID consultou o IDEMA para obter diretrizes na condução do licenciamento ambiental dos sub-componentes previstos, notadamente daqueles que envolvem a execução de obras (ampliação de sistema adutor, por exemplo). O IDEMA encaminhou a correspondência nº 311/2005 (Anexo 9 deste RAA) indicando, para cada intervenção informada, os procedimentos de licenciamento ambiental a serem conduzidos junto ao órgão. Na tabela 4.25 são apresentadas as diretrizes definidas pelo IDEMA. 116 Tabela 4.25- Intervenções do Programa e Diretrizes para o Licenciamento Ambiental Estrutura do Programa 2.5. Programa de Investimentos no Reuso de Águas Residuais 3.1.1. Conservação e reabilitação da Infra-estrutura Hídrica Informação Técnica do IDEMA Apresentar documentos básicos acompanhados de memorial descritivo e de cálculo, com respectiva ART. Licenciamento Ambiental pode ser dispensado. As jazidas de pedra granítica devem ser licenciadas. Licença de Regularização de Operação (LRO) 3.1.2. Recuperação e Modernização dos Perímetros Irrigados 3.2.2.Ampliação da Capacidade de Sistemas Adutores Devem ser licenciados, pois são atividades de agricultura irrigada e localizados as margens de cursos dágua. Licença de Instalação(LI) devido as intervenções físicas (obras civis) e posterior Licença de Operação(LO). Como se trata de uma ampliação há necessidade de Licenciamento. Deverá apresentar estudo ambiental (Estudo de Viabilidade Ambiental) para mensurar o impacto ambiental na Lagoa do Bonfim e nas lagoas situadas nas adjacências dos poços Canjoão, assim como no aqüífero. Licenciamento Ambiental pode ser dispensado Licença de Alteração (LA) 3.3.1. Construção de Obras Hidroambientais 3.3.2. Ampliação da Rede de Dessalinizadores 3.3.3. Sistemas de Abastecimento em Pequenas Comunidades Licenciamento Ambiental pode ser dispensado Licenciamento Ambiental pode ser dispensado Licenciamento Observação Licença de Operação – Florânia Licença de Instalação – Caicó Licença de Instalação – Serra Negra do Norte A SERHID deverá solicitar a regularização do licenciamento ambiental de todos os reservatórios. Prever a entrega de Relatórios Ambientais para embasar pedido de Licença de Regularização de Operação Estudar com IDEMA aplicação de LRO a A SERHID solicitou Licença de Alteração (LA) com apresentação de Estudo de Viabilidade Ambiental. Processo em analise pelo órgão ambiental. Realizada reunião pública em 05/09 a pedido do Banco Mundial (ver Capítulo 6 deste RAA). Encaminhar as consultas especificas para IDEMA. O IDEMA sugere que seus técnicos em conjunto com a SERHID analisem a operação dessas unidades em funcionamento para avaliar a dispensa ou não do Licenciamento Ambiental. Encaminhar as consultas especificas para IDEMA. Como dito anteriormente, para atingir a regularidade plena das obras de aproveitamento hídrico serão necessárias ações, a serem apoiadas pelo Programa, no sentido de: (i) regularizar as situações que exijam outorga para o uso da água; (ii) da mesma maneira as intervenções previstas pelo Programa envolvendo estruturas existentes (caso da conservação das barragens e dos perímetros irrigados) deverão obrigatoriamente merecer esforços no sentido de regularizar o licenciamento ambiental junto ao IDEMA, por meio da solicitação de Licença de Regularização de Operação – LRO ou Licença de Alteração – LA caso o projeto já contém com algum tipo de licença emitida. Essas ações recomendadas pelo presente RAA são no sentido de sanar problemas verificados de nãoconformidade de empreendimentos existentes com a legislação vigente, permitindo assim o andamento adequado das demais ações de melhoria previstas pelo Programa. 117 4.9. Avaliação Ambiental Global do Programa As avaliações ambientais conduzidas neste Capítulo foram pautadas pela identificação dos impactos ambientais associados e decorrentes das intervenções e atividades previstas pelo Programa e estão direcionadas para o atendimento dos aspectos definidos pelo BIRD no Termo de Referência para a elaboração deste RAA. As avaliações foram direcionadas para a abordagem de todos os sub-componentes cujas implantações venham a gerar alterações ambientais; notadamente impactos considerados como negativos e que mereceram (conforme exposto no item 4.6) a definição de medidas mitigadoras que serão incorporadas ao Programa. Da mesma maneira foram recomendadas medidas de caráter institucional e de articulação com entidades públicas, privadas e com a sociedade civil organizada, que, incorporadas ao Programa, deverão potencializar aqueles impactos considerados como positivos e que estão associados diretamente com a natureza e objetivos do Programa. Considera-se - como conclusão geral - que os benefícios advindos da implementação das ações do Programa superam, em muito, aqueles impactos considerados como negativos e cuja mitigação / compensação estão devidamente equacionadas pelas medidas apresentadas neste RAA. A avaliação conduzida demonstrou a compatibilidade das intervenções e atividades propostas com a legislação ambiental brasileira, notadamente a relacionada aos temas ambientais e de gestão de recursos hídricos; bem como a conformidade dessas intervenções com as Políticas Operacionais (de Salvaguarda) do BIRD. Finalmente cabe destacar, de maneira global, os efeitos positivos esperados com a implementação das ações não estruturais do Programa e que se refletirão em níveis diferentes abrangendo os seguintes aspectos: De ordem institucional: com melhorias nos sistemas de controle e administração por parte do estado nas questões de recursos hídricos refletindo-se nas questões de proteção ambiental, como no reforço às ações de monitoramento, de controle de usos, de redução de perdas, entre outras previstas. De ordem legal: a revisão dos dispositivos legais de gestão dos recursos hídricos propiciará avanços nas questões associadas ao tema ambiental, à proporção que medidas de integração deverão ser previstas, como as questões legais voltadas a fiscalização dos usos da água, a necessidade de medidas legais de proteção de mananciais de abastecimento publico (como por exemplo, pelo controle do uso e da ocupação do solo nessas bacias). De ordem técnica: pela implementação de uma Avaliação Ambiental Estratégica voltada a revisão do Plano Estadual de Recursos Hídricos e aos Estudos de Interligação de Bacias Hidrográficas, que resultará em ganhos ambientais significativos a serem incorporados nas obras e atividades decorrentes tanto do Plano como dos estudos a serem avaliados. De ordem social: resultando em fortalecimento da participação da sociedade civil organizada no processo de gestão de recursos hídricos do estado, por meio da instalação de Comitês de Bacias Hidrográficas e notadamente, da formação de Associações de Usuários de Água. Com relação às ações que envolvem a execução de obras, essas intervenções previstas para o Programa são consideradas, na sua grande maioria, como de pequeno porte, gerando impactos negativos pontuais, comuns à execução de obras de saneamento, facilmente reversíveis e temporários. São impactos que devem ser mitigados pela adoção das medidas preconizadas no Plano de Gestão Ambiental Anexo 1 ao presente RAA. O componente que merece maior destaque, em termos de sua potencialidade para a geração de impactos mais significativos no meio ambiente, é a ampliação do Sistema Adutor Monsenhor Expedito; que ao reforçar a explotação dos recursos hídricos subterrâneos (com base em estudos de disponibilidade hídrica, considerados adequados) irá intensificar efeitos no sistema hídrico local. Esses efeitos foram modelados quando da elaboração dos referidos estudos e com o sistema atual em operação. O real comportamento desse sistema hídrico (quando da fase de operação dos novos poços de captação) é um aspecto central a ser monitorado e modelado sendo essa uma das recomendações mais estratégicas deste RAA. 118 Associada a essa questão da disponibilidade do sistema hídrico da região da captação para o Sistema Adutor Monsenhor Expedito, destaca-se ainda três aspectos relevantes: A qualidade da água captada na Lagoa do Bonfim – que apresenta padrões não conformes com a legislação e merecendo a intensificação do processo e monitoramento ambiental e ainda. A inserção deste empreendimento na APA Bonfim/Guaraíra que exige medida de compensação a ser implementada no âmbito do Programa, para contribuir para a regulamentação da APA. O elevado índice de perdas do sistema, que enseja a adoção de medidas efetivas de curto, médio e longo prazo para o melhor aproveitamento da água captada. Como conclusão geral, pode-se também ser ressaltada a ocorrência de impactos positivos considerados como de grande significância e magnitude que serão permanentes e incidirão em regiões e comunidades consideradas extremamente carentes. Essas intervenções somadas as medidas de ordem não estrutural do Programa deverão, indiretamente, gerar condições para que se promovam ações complementares voltadas a um desenvolvimento regional sustentável, e que, igualmente resultarão em benefícios significativos a população atingida pelo projeto. 5. PLANO DE GESTÃO AMBIENTAL - SÍNTESE O Programa de “Desenvolvimento Sustentável e Convivência com o Semi-Árido Potiguar” compreende um conjunto de intervenções integradas, destinadas à otimização do aproveitamento dos escassos recursos hídricos do Estado. Para garantir esse propósito, o Programa contempla a formulação do Plano de Gestão Ambiental, constituído por um conjunto de medidas: mitigadoras, compensatórias; de cunho institucional, de operação e de monitoramento, com o objetivo de: Assegurar o atendimento dos requerimentos ambientais previstos durante a fase de implantação das obras e de operação das infra-estruturas; e Prevenir, reduzir, eliminar e/ou compensar, em níveis aceitáveis, os impactos ambientais e sociais decorrentes da implementação dos sub-componentes do Programa. Os custos estimados de implantação do PGA estão apresentados na Tabela 5.1, a seguir. Tabela 5.1 - Custos estimados para o PGA Programas 01 25 70 340 Períodos Anos 02 03 25 25 60 60 04 25 60 Total (mil reais) 100 250 340 Entidade Responsável SERHID/UGP SERHID/UGP IDEMA CAERN 1. Comunicação Social 2. Educação Ambiental 3. Medidas Mitigadoras e Compensatórias Programa de Apoio à Consolidação da 240 APA Bonfim Guaraíra Plano de Controle de Perdas Sistema 100 Adutor Monsenhor Expedito 4. Regularização Ambiental da Infra150 100 100 100 450 SERHID/UGP estrutura Plano de Gestão de Reservatórios (*) SERHID/UGP 5. Monitoramento Ambiental 380 30 30 17 427 Monitoramento da Qualidade da Água 30 30 30 17 77 SERHID/UGP Monitoramento e Controle da Salinização 350 350 SERHID/UGP 7. Plano de Controle Ambiental – Manual SERHID/UGP (**) CAERN 8. Avaliação Ambiental Estratégica do SERHID/UGP PERH (***) IDEMA TOTAL 1.567 (*) Os custos estão incluídos no item 1.2.2 – Estudos de Usos Múltiplos / Gestão de Reservatórios (**) Responsabilidade das construtoras (**) Os custos estão incluídos no item 1.2.1 – Projeto de Revisão e Atualização do Plano Estadual de Recursos Hídricos PERH 119 É importante enfatizar que diversas das ações propostas ao longo do PGA terão seus custos envolvidos nos componentes e sub-componentes do Programa. A versão completa do Plano de Gestão Ambiental encontra-se apresentada no Anexo 1 deste RAA e compreende os seguintes itens: 5.1. Sistema de Gestão Ambiental do Programa A implementação do Sistema de Gestão Ambiental tem como principais objetivos: organizar e coordenar as ações de caráter sócio-ambiental dos componentes e sub-componentes do Programa; compatibilizar a natureza específica das ações e atividades dos projetos dos sub-componentes a serem executados; promover a integração entre os coordenadores dos componentes e dos sub-componentes do Programa e a equipe técnica e operacional responsável pela execução das atividades e serviços, de modo que o desenvolvimento dos projetos, serviços e obras sejam compatíveis com os requisitos de proteção e conservação ambiental; supervisionar a implementação dos programas de caráter institucional – comunicação social, educação ambiental, relocação e indenizações, e de monitoramento; e identificar e avaliar níveis de impacto ambiental relevantes, estabelecer metas de melhoria e dirigir as operações no sentido de atingir essas metas, em conformidade com a legislação. Assim, a coordenação executiva e a administração geral do Programa serão exercidas por uma Unidade de Gerenciamento do Programa – UGP, vinculada à SERHID. A estrutura organizacional da UGP está apresentada no Capítulo 3 deste RAA 5.2. Programa de Comunicação Social Para apoiar estrategicamente a implementação desse Programa, o Componente 4 – Gerenciamento do Programa contempla a formulação do Plano de Comunicação e Divulgação, que terá o tema “recurso hídrico em todas as suas forma de uso” como a premissa principal de sua formulação, enfatizando-o como o suporte das ações previstas pelo Programa de Desenvolvimento Sustentável e Convivência com o Semi-árido Potiguar. Considerando-se que na área de atuação do Programa as atividades econômicas em curso tem ocasionado sérios problemas de degradação dos recursos naturais – água e solo, o Plano de Comunicação e Divulgação assume a incumbência de realizar um trabalho de conscientização da população sobre a sua responsabilidade na conservação e a preservação do meio ambiente, destacando seu papel na manutenção e recuperação dos recursos hídricos. Esse Programa de Comunicação Social tem um duplo propósito: o de contribuir para o esclarecimento do público-alvo, sobre os propósitos do Programa e os possíveis impactos ambientais, sociais e econômicos dele decorrentes; e o de garantir a efetiva participação dos Coordenadores e dos agentes diretamente envolvidos no Programa, nas reuniões de apresentações e discussões técnicas junto a segmentos específicos da comunidade, em torno dos projetos e ações e das medidas mitigadoras e/ou compensatórias, intermediando as expectativas da comunidade e reforçando a postura comunitária e institucional quanto à responsabilidade social e ambiental. O Programa de Comunicação Social será implementado, com o aporte de recursos do BIRD, por um período de 04 anos, a partir da fase de planejamento das intervenções e obras previstas tendo em vista otimizar as condições para o desenvolvimento das atividades e serviços necessários. 5.3. Programa de Educação Ambiental - PEA Um dos componentes a serem financiados pelo BIRD é o “Programa de Uso Racional e Economia de Água” (sub-componente 1.7.1), que constitui um Projeto de Educação Ambiental, visando contribuir para uma política de gestão participativa dos recursos hídricos no Estado, por meio de ações educativas dirigidas aos usuários de água. 120 Nesse sentido, o Programa de Uso Racional e Economia de Água articula-se perfeitamente com o Plano de Comunicação e Divulgação do Programa, tendo em vista a concordância dos objetivos de ambos Plano, que são os de incremento da consciência pública; de promoção da capacitação e adequação das atitudes e comportamento do público alvo, requeridas em relação à recuperação e proteção dos recursos naturais, destacando-se particularmente os recursos hídricos. A proposta de formulação e implementação de um Programa de Educação Ambiental, no âmbito do PGA constitui uma medida específica adicional destinada a: contribuir para a sensibilização, mobilização e conscientização dos segmentos da população afetada/beneficiada pelo Programa e, particularmente, capacitar os técnicos e trabalhadores envolvidos nos projetos e intervenções do Programa (público interno), para o enfrentamento dos problemas ambientais decorrentes de implantação dos projetos e obras visando à construção de um futuro sustentável. No que tange aos técnicos e trabalhadores envolvidos diretamente nos estudos, projetos e obras do Programa, o Programa de Educação Ambiental visa especificamente: contribuir para a prevenção e a minimização da ocorrência de impactos ambientais e sociais no decorrer do desenvolvimento das ações e intervenções propostas, mediante a definição de procedimentos operacionais que garantam o respeito aos princípios da proteção e conservação ambiental; e sensibilizar e conscientizar os trabalhadores sobre os procedimentos ambientalmente adequados relacionados às obras, à saúde e segurança do trabalho e ao relacionamento com as comunidades vizinhas. Quanto ao público externo, este Programa tem como objetivos específicos: colaborar para promover a integração dos agentes ambientais locais com as atividades do Programa e contribuir para o conhecimento da população local sobre o ambiente onde vive, de modo a estimular o desenvolvimento de projetos ambientais comunitários que favoreçam a geração de renda ou a ampliação de conhecimentos e atitudes relativos à conservação ambiental. 5.4. Programa de Medidas Mitigadoras e Compensatórias Esse Programa compreende as medidas de mitigação ambiental dos impactos decorrentes das intervenções e as ações de compensação ambiental, estabelecidas pela legislação ambiental. Os objetivos principais das medidas de compensação ambiental são: preservar áreas remanescentes dos ecossistemas regionais de valor ecológico; proteger espécies da fauna e da flora ameaçadas ou em vias de extinção; contribuir para a manutenção da biodiversidade e proporcionar novas áreas para o desenvolvimento de atividades de educação ambiental e pesquisas pela comunidade. Além desses propósitos, o Programa de Medidas Mitigadoras e Compensatórias propõe-se identificar ações complementares de compensação ambiental, visando a melhoria das condições ambientais do(s) município(s), em particular, do entorno das áreas afetadas pelas obras; e estimular a participação da população na preservação dos recursos naturais, interrompendo o atual processo de degradação e apropriação indevida das APP’s - Áreas de Preservação Permanentes e dos recursos hídricos. As medidas mitigadoras definidas pela presente avaliação ambiental estão apresentadas no Capítulo 4 e constam do PGA versão completa constante do Anexo 1 deste RAA. 5.5. Plano Ambiental de Regularização da Infra-estrutura Hídrica O Plano Ambiental de Regularização da Infra-estrutura Hídrica compreende as ações e medidas necessárias para regularização ambiental da infra-estrutura hídrica no Estado, iniciando pelas intervenções realizadas no âmbito do Programa. A concepção e formalização dos conteúdos relativos a práticas ambientais para regularização ambiental da infra-estrutura hídrica no Estado têm por objetivo: fortalecer as condições de atuação da Unidade de Gestão Ambiental no campo do controle ambiental do setor de recursos hídricos e minimizar os efeitos das obras de reabilitação de estruturas hídricas existentes; recuperação e modernização dos perímetros irrigados e, ampliação da capacidade de sistemas adutores sobre o meio ambiente, de forma a evitar a degradação ambiental das áreas em que se localizam. 121 5.6. Programa de Monitoramento As obras e intervenções propostas no Componente 3 – Infra-estrutura Hídrica foram concebidas com o objetivo de reabilitar e conservar estruturas existentes, ampliar a capacidade de sistemas adutores e implantar sistemas simplificados voltados ao atendimento da população de baixa renda. Ainda que sejam aplicadas todas as medidas de controle ambiental no desenvolvimento das obras, as intervenções propostas potencialmente poderão desencadear alterações nas condições naturais dos corpos d’água, tanto em relação à qualidade das águas quanto às vazões disponíveis. Em face dos impactos potenciais decorrentes das obras, torna-se necessária a implementação de um Programa de Monitoramento destinado ao acompanhamento da evolução do comportamento qualiquantitativo das águas dos rios e dos reservatórios, tendo em vista o objetivo do Programa, que é o de promover o desenvolvimento socioeconômico e propiciar formas de convivência com o semi-árido por meio da gestão apropriada das disponibilidades e demandas hídricas. O Programa de Monitoramento abrange os aspectos qualitativos e quantitativos dos recursos hídricos e complementa, no que couber, a ação de monitoramento proposta pelo Programa. Neste sentido, o Programa de Monitoramento da Qualidade das Águas visa: estabelecer um registro da qualidade das águas superficiais ao longo do tempo; verificar a eventual ocorrência de desvios, e se esses desvios são aceitáveis em relação à legislação vigente e às políticas da SERHID; fornecer informações que orientem os usuários sobre a adequação da água no que diz respeito a seus usos; prover a SERHID de informações que tornem possível prever a qualidade d’água; e prover o Sistema Integrado de Informações (Subcomponente 1.3.2 do Programa), com informações que subsidiem novos empreendimentos e usuários, públicos e privados. O Programa de Monitoramento e Controle da Salinidade será direcionado a evitar / minimizar os processos de salinização de açudes; estabelecer regras operativas adequadas que favoreçam uma melhor renovação das águas e diluição dos sais, sempre que o Programa de Monitoramento da Qualidade da Água mostrar uma tendência à salinização; e implementar e medidas conjuntas de operação do dispositivo de liberação de água e de controle e manejo do uso do solo na bacia de drenagem. O Programa de Monitoramento e Controle da Eutrofização destina-se a acompanhar a evolução dos processos de eutrofização de açudes; e a implementação de medidas de controle e manejo do uso do solo nas margens dos açudes e bacia de drenagem. 5.7. Manual Ambiental da Construção As intervenções a serem implementadas pelo Programa, ocasionam uma série de interferências ambientais quando da realização das obras de construção dos sistemas de abastecimento e dos serviços de reabilitação, que na sua maioria podem ser evitadas mediante a adoção de métodos, procedimentos e técnicas de engenharia, adequados. Nesse sentido, foi elaborado o Manual Ambiental de Construção - MAC para ser utilizado como guia de práticas ambientais adequadas contendo diretrizes, procedimentos e especificações técnicas a serem adotados em todas as etapas de implantação da infraestrutura hídrica, os quais deverão ser obedecidos pelas empresas contratadas para a execução das obras e serviços de engenharia. Esse Manual deve ser incorporado aos processos de licitação das obras, para que as empreiteiras tenham prévio conhecimento de suas exigências, devendo seu cumprimento constar como exigência contratual. Os objetivos fundamentais do MAC são os de assegurar que a obra seja implantada e opere em condições de plena segurança; evitar danos ambientais às áreas e comunidades adjacentes às estruturas hídricas; e assegurar a incorporação de procedimentos construtivos com baixo nível de agressividade ambiental e controlar todas as operações que possam, potencialmente, ocasionar impactos ambientais e comprometimento da qualidade de vida da população, na sua área de influência. O MAC é composto pelos seguintes tópicos: 122 5.7.1. Gerenciamento Ambiental - UGP O gerenciamento ambiental da implantação de todos os projetos do Componente 3 - Obras de Conservação e Reabilitação de Estruturas Existentes; Novas Estruturas Hídricas e Programa “Água de Beber” – será realizado pela Gerência de Infra-estrutura, integrante da UGP do Programa. Para a implementação do gerenciamento ambiental das obras dos projetos do Componente 3 – Infraestrutura Hídrica, será designado um profissional com experiência na área de Meio Ambiente, (Assessoria Ambiental) que será responsável pelo acompanhamento das frentes de trabalho; pela proposição de soluções ambientalmente adequadas nos casos de dúvidas ou de problemas imprevistos; pela certificação de que as salvaguardas ambientais e sociais sejam implementadas inclusive no que se refere aos programas compensatórios tais como, reabilitação de áreas degradadas, construção de aterros e outras infra-estruturas; pela garantia de cumprimento de todos os requisitos ambientais previstos na Avaliação Ambiental, na legislação e nas normas, nacionais e internacionais aplicáveis, e no(s) contrato(s) firmados entre o Programa e a(s) Construtoras(s) das obras; e pelo acompanhamento e ouvidoria dos questionamentos da sociedade civil e nos programas ambientais do empreendimento. 5.7.2. Supervisão Ambiental de Obras De acordo com o arranjo institucional de gestão da implantação do Programa, a função de supervisão ambiental das obras será realizada por uma Empresa Supervisora. Entre as atividades da Empresa Supervisora de Obras deverá constar a atividade de Supervisão Ambiental de Obras. Para tanto a Empresa Supervisora deverá disponibilizar um profissional que será responsável pelo acompanhamento do cumprimento dos requisitos ambientais que constam do Manual Ambiental da Construção, integrante do contrato de execução das obras. 5.7.3. Equipe Ambiental das Construtoras A(s) Construtora(s) que forem contratadas para a realização dos serviços e obras terá(ão) que constituir uma equipe de Meio Ambiente, para que sejam cumpridas a legislação e as normas governamentais vigentes ( Leis Federais no 6.938/81 - Política Nacional do Meio Ambiente - e nº 9.605/98 que dispõe sobre as sanções penais e administrativas decorrente dos danos causados) tendo em vista a execução dos serviços e obras de todas as frentes de trabalho ocorra de forma responsável do ponto de vista ambiental. Essa equipe será comandada por um técnico, com experiência comprovada em obras similares e na área de Meio Ambiente – Coordenador Ambiental, que será responsável pela coordenação das atividades de preservação e proteção ambiental; pelo planejamento ambiental das obras; pela representação da empresa em reuniões convocadas pela Gerência Ambiental do Programa; pelo recebimento de notificações e correspondências da Assessoria Ambiental, bem como assinatura de atas e assunção de compromissos visando a recuperação de ações de responsabilidade da empresa da qual é o representante e representar a Construtora na articulação e relacionamento com a supervisão ambiental de obras e com a Gerência de Infra-estrutura da UGP 5.7.4. Requerimentos Ambientais para Contratação de Empresas O edital de licitação das obras deverá estabelecer os requisitos ambientais mínimos a serem atendidos pelas empresas construtoras na fase de licitação das obras, abrangendo as seguintes exigências: qualificação técnica ambiental comprovada na execução de obras de características semelhantes às contratadas; equipe ambiental própria ou subcontratada, acompanhada de declaração de que esta atuará sob total responsabilidade da empresa proponente; e orçamento onde constem os preços unitários e globais propostos para as atividades ligadas às questões ambientais. As construtoras contratadas e os fornecedores de materiais, equipamentos e suprimentos e trabalhadores prestadores de serviços específicos deverão receber uma cópia do MAC cujas especificações ambientais, deverão constituir elementos integrantes do Edital de Licitação. 123 5.7.5. Planejamento Ambiental de Obras O Planejamento Ambiental de Obras constitui procedimento técnico relacionado ao desempenho da(s) construtora(s), que tem como característica relevante a análise prévia do dia-a-dia das obras. 5.7.6. Implantação e Gerenciamento das Obras A implantação e o gerenciamento das obras estarão apoiados em critérios e procedimentos a serem observados e implementados de forma metódica e permanente, durante todo o período de realização dos serviços e duração das obras, em todas as frentes de trabalho. Esses critérios e procedimentos visam assegurar as condições de recuperação dos locais onde forem implantados os canteiros de obras, as áreas das instalações de apoio e alojamentos após a conclusão das obras, de modo a reintegrar essas áreas à paisagem local de forma harmoniosa e sem danos ao ambiente e à comunidade residente nas adjacências. No que se refere às comunidades locais e núcleos urbanos próximos, essas recomendações visam possibilitar um convívio adequado, mediante a adoção e o cumprimento das diretrizes sobre conduta e relacionamento, as quais constituem escopo dos Programas de Comunicação Social e Educação Ambiental. As diretrizes relativas à Implantação e Gerenciamento das Obras referem-se aos seguintes aspectos e estão detalhadas no Anexo 1 deste RAA: Canteiro de Obras: Implantação e Operação Planos de Gerenciamento de Riscos e de Ações de Emergência na Construção Educação Ambiental dos Trabalhadores e Código de Conduta na Obra Saúde e Segurança nas Obras Gerenciamento e Disposição de Resíduos Controle de Ruído Controle de Emissão de Material Particulado Pátio de Equipamentos Interferências com Infra-estrutura de Serviços Controle de trânsito Estradas de Serviço. 5.7.7. Atividades Construtivas As diretrizes indicadas para as atividades construtivas distinguem-se quanto: - Áreas Urbanas Nas áreas urbanas ou em sua periferia, a presença de população obriga que os procedimentos construtivos sejam precedidos por um planejamento detalhado, visando minimizar: os transtornos às pessoas; atenuar as dificuldades de uso das vias públicas e do acesso às propriedades, evitar a remoção da vegetação que compõe a paisagem; maximizar a segurança; minimizar os transtornos nas áreas adjacentes à faixa de obras, e assegurar rapidez e eficiência na construção, restaurando a faixa no menor prazo possível. Ações de comunicação social, tais como distribuição de folhetos de orientação para as populações, realização de divulgação das atividades de construção na área e a presença de agentes de comunicação para contato com os residentes devem ser implementadas, utilizando-se todos os meios disponíveis de comunicação com as comunidades. - Cruzamentos de vias de acesso Os cruzamentos de vias deverão ser executados obedecendo a projetos específicos para cada caso, em conformidade com os conceitos básicos estabelecidos nos documentos do Licenciamento Ambiental. Esses serviços deverão ser executados de forma a permitir a continuidade do fluxo do trânsito; devendo-se providenciar sinalização, inclusive noturna, para a segurança do tráfego, obedecendo as exigências das autoridades responsáveis pela administração da via cruzada; 124 - Travessias de Cursos d’Água As travessias de cursos d’água devem ser executadas obedecendo a projetos específicos para cada caso, em conformidade com o que for estabelecido nos documentos do Licenciamento Ambiental. Durante todas as fases da obra, a empreiteira deverá proteger e minimizar os impactos ambientais adversos aos cursos d água, empenhando-se para reduzir o tempo das obras no local; evitar o desenvolvimento de processos erosivos laterais e entulhamento dos canais; danificar estruturas existentes, e controlar o aporte de substâncias poluentes aos canais de drenagem. - Áreas Rurais As intervenções em áreas rurais deverão ser previamente programadas, juntamente com o seu proprietário, com a finalidade de se fazerem os devidos esclarecimentos sobre a obra e traçar as suas estratégias. Na programação, deverão ser identificadas as estruturas existentes na faixa de domínio, tais como cercas, drenos, acessos etc. Para cada interferência, deverão ser acordadas, entre as partes, as soluções, métodos e prazos para execução da obra. As travessias em áreas agrícolas devem ser evitadas nos períodos de colheita, quando são maiores os transtornos causados pelas obras aos proprietários e, também, o risco de acidentes. - Abertura da Faixa de Obras A abertura da faixa de caminhamento das tubulações envolve trabalhos de limpeza, terraplenagem e construção de dispositivos de controle de erosão e drenagem necessários à constituição da pista de serviço e do local de instalação das tubulações. A tubulação deverá acompanhar o relevo existente, dentro dos limites de curvatura admitidos em projeto, sendo, neste caso, minimizada a execução de cortes e aterros. - Limpeza, Recuperação e Revegetação da Faixa de Obras Os serviços de limpeza e recuperação devem ser executados imediatamente após a conclusão da cobertura da vala e deverão ser definidos em função dos seguintes princípios básicos: devolver, a faixa de obras e aos demais terrenos atravessados e/ou próximos da tubulação, o máximo de seu aspecto e condições originais de drenagem, proteção vegetal e de estabilidade, restaurando os eventuais danos ecológicos e socioeconômicos causados às propriedades e aos bens públicos, assim como aos sistemas hidrográficos e aos mananciais, afetados pela construção da rede coletora. 5.7.8. Plano de Controle e Recuperação Áreas de Empréstimo e Bota-foras e Recuperação das Áreas dos Canteiros das Obras No decorrer da execução das obras basicamente outros três tipos de áreas degradadas poderão resultar dos serviços e atividades: as áreas de empréstimos de materiais naturais (eventualmente necessários para aterros, revestimento de estradas de serviço ou preenchimento de valas); as áreas de bota-foras, e local do canteiro de obras. Nesse sentido, a implementação do Programa de Recomposição da Área das Obras destina-se à correção de impactos eventualmente ocorridos no meio físico e biótico, de modo que as suas novas condições situem-se próximas às condições anteriores à intervenção, procurando-se devolver a esses locais o equilíbrio dos processos ambientais ali atuantes antes ou permitir novos usos. As áreas de empréstimo a serem exploradas para obtenção de material para as obras civis das infraestruturas hídricas constituem jazidas de materiais terrosos, jazidas de areia e jazidas de rocha (pedreira) e devem estar licenciadas no órgão ambiental do estado. Para as áreas de empréstimo são indicadas medidas de controle do processo de exploração, compreendendo: delimitação da área a ser explorada, procedimentos de desmatamento e limpeza, decapagem do estéril e estocagem de material, manuseio de explosivos, escavação e desmonte, transporte de materiais, e drenagem superficial da área; e, medidas de recuperação física e biótica da área explorada. Durante a execução das obras, poderão ser implantados bota-foras de dois tipos: temporários e permanentes. Bota-foras temporários podem ser formados durante as escavações de valas e cortes, 125 cujos materiais são utilizados para o recobrimento das valas e recomposição dos taludes. Nesses casos, esses bota-foras devem estar nos limites da faixa das obras e serem providos de dispositivos de controle de drenagem e contenção de sedimentos, visando evitar o carreamento de material para os talvegues a jusante. Bota-foras permanentes podem ser necessários caso haja a disposição de grandes volumes de material retirado e que não devam ser aproveitados no reaterro e recobrimento das valas, tais como rochas e solos expansivos. Para as áreas de bota-fora, estão detalhados procedimentos de controle da deposição do material estéril e as medidas de recuperação física e biótica das áreas de bota-fora. Ao serem concluídos os serviços e atividades de natureza civil, ocorrerá a desativação dos canteiros de obras, depósitos de materiais e instalações de apoio e de manutenção dos equipamentos e veículos. A implementação do Programa de Recomposição dos canteiros de obras visa: a remoção de todos os vestígios materiais de atividades e serviços realizados; restabelecer o equilíbrio na relação solo-águaplanta nas áreas afetadas pelas obras visando o suporte à recomposição física e biótica dos locais e áreas alterados ou desestabilizados; e a reestruturação da paisagem modificada pelas obras, aproximando-a das condições de qualidade do ambiente anteriores à fase de obras. 5.7.9. Manual Ambiental de Construção de Sistemas Adutores – PROÁGUA SEMI-ÁRIDO Na execução da ampliação de trechos de adutoras do Sistema Adutor Monsenhor Expedito será utilizado o Manual Ambiental de Construção de Sistemas Adutores do Proágua. Para os trechos já construídos, no caso de serem incluídos como Contrapartida do Programa, além das análises técnicas e jurídicas do Banco, será prevista uma inspeção ambiental para avaliar a situação de áreas de empréstimo, bota-fora, caminhamento da adutora etc. Para os trechos a serem construídos, recomenda-se adicionar os termos do manual ambiental de construção e do manual ambiental de adutoras. 6. CONSULTAS PÚBLICAS Como parte integrante do processo de elaboração deste Relatório de Avaliação Ambiental – RAA do “Programa de Desenvolvimento Sustentável e Convivência com o Semi-árido Potiguar” e atendendo a uma diretriz do Banco Mundial, foram realizadas duas reuniões de consulta pública, a saber: (i) Dia 05 de setembro de 2005 – consulta pública para exposição e discussão do projeto de Ampliação do Sistema Adutor Monsenhor Expedito; e (ii) Dia 03 de novembro de 2005 – consulta pública dos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente e de Recursos Hídricos para apresentação e discussão do RAA e incorporação de eventuais contribuições visando sua edição final. Alem desses encontros públicos ocorreu uma reunião com representantes do Ministério Público Estadual para discussão das ações do Programa, notadamente aquelas relacionadas à ampliação do Sistema Adutor Monsenhor Expedito. As atas das citadas reuniões encontram-se no Anexo 6 deste RAA. A seguir apresenta-se uma súmula dos principais aspectos abordados nessas consultas públicas bem como no encontro com os Promotores. 6.1. Reunião Pública Sistema Adutor Monsenhor Expedito em 05 de setembro de 2005 A reunião foi promovida pela Unidade de Preparação do Programa e SERHID e contou com representantes das seguintes instituições: Banco Mundial; Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CONERH), Conselho de Meio Ambiente (CONEMA); Ministério Público, Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Assembléia Legislativa; Organizações não Governamentais entre elas a 126 Associação Amigos da Lagoa do Bonfim, Clube dos Caçadores e Associação Potiguar Amigos da Natureza (ASPOAN). Por parte da UPP foram detalhadamente expostos os seguintes aspectos relacionados ao projeto de expansão do Sistema Adutor Monsenhor Expedito: a) apresentação geral do Programa a ser financiado pelo BIRD; b) histórico dos estudos realizados e de sua implementação; c) a questão da captação na Lagoa do Bonfim - monitoramento e estudos hidrogeológicos; d) as alternativas para o reforço da captação: subterrânea e superficial; e) o Projeto proposto; f) a Avaliação Ambiental das alternativas; conclusões e recomendações dos Estudos ambientais e o Plano de Gestão do Programa. Foram dadas explicações sobre a condução do processo de licenciamento ambiental das obras junto ao IDEMA, sendo a expansão pretendida enquadrada como uma ampliação do Sistema Monsenhor já licenciado ambientalmente com base na apresentação e posterior aprovação de um EIA/RIMA – Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental, nos termos da legislação ambiental vigente. Foi ainda demonstrado o atendimento às condicionantes definidas pela Licença de Operação em vigor. Os principais aspectos ambientais relacionados a alternativa escolhida – implantação de poços profundos na região denominada Canjoão, e a ser financiada pelo Banco Mundial, estão apresentadas no Capítulo 4 deste RAA. Os principais aspectos discutidos com os representantes das entidades nessa reunião pública dúvidas e considerações sobre a expansão do Sistema Adutor Monsenhor dizem respeito aos seguintes aspectos: (i) índices de perdas do sistema adutor e ações visando a minimização desse problema; (ii) população a ser atendida pelo novo sistema; (iii) estudos ambientais associados visando a proteção da região da Lagoa do Bonfim e da Área de Proteção Ambiental Bonfim – Guaraíra; (iv) condução do processo de licenciamento ambiental; (v) razões técnicas para a adoção da cota 39 como limite para a interrupção do sistema de adução da água da lagoa; (vi) ações de fiscalização por parte dos órgãos públicos estaduais visando controlar o uso e ocupação do solo na região da lagoa e coibir atividades poluidoras; (vii) definição de medidas compensatórias aos impactos ambientais negativos. Para os pontos abordados o Programa prevê, entre outras, as seguintes ações e medidas, conforme expostas no Capítulo 4: (iv) estudos sobre gerenciamento de recursos hídricos visando reduzir as perdas dos sistemas adutores, incluindo o Monsenhor Expedito; (v) programa de recuperação ambiental de bacias hidrográficas visando a recuperação de matas ciliares e áreas degradas; (vi) estudo ambiental visando apoiar a regulamentação da APA; (vii) sistema de monitoramento da operação da ampliação do sistema visando comparar com as previsões feitas nos projetos de concepção da alternativa selecionada; (viii) ações de educação ambiental visando a conscientização da importância em proteger os recursos hídricos no estado, com destaque para a região da Lagoa do Bonfim; 127 6.2. Reunião com Representantes do Ministério Público do Estado – 19 de outubro de 2005 A reunião foi promovida pela Unidade de Preparação do Programa e SERHID e contou com a participação de representantes de diferentes órgãos estaduais, do ministério público estadual e do município de Nízia Floresta, do Banco Mundial, da coordenação estadual do DNOCS e da superintendência estadual do IBAMA. Nesta reunião foram esclarecidas as principais questões suscitadas durante a Consulta Pública específica e relativa à proposta de ampliação do Sistema Adutor Monsenhor Expedito realizada no dia 05/09/2005. Os principais aspectos apontados pelos participantes foram: (i) Índices de perdas no sistema Foi esclarecido que o índice atual de perdas físicas do Sistema é da ordem de 46,1%, sendo, portanto, muito elevando. Foi informado que o Programa contempla uma gama de ações de irão contribuir para o objetivo de redução de perdas no sistema Monsenhor Expedito (meta 25%), são elas: (i) ações de combate às perdas em sistemas adutores e de distribuição de água; (ii) modelo de gestão e operação de sistemas adutores e sistemas simplificados de abastecimento em pequenas comunidades; e (iii) implantação de sistema de automação da adutora Monsenhor Expedito. (ii) Demanda de água x dimensionamento da ampliação do sistema Foi explicado que o atual sistema atende 169.806 habitantes; e que com a ampliação da adutora para mais 07 cidades, considerando o horizonte de projeto de 2026, a população atendida passará para 269.886 habitantes, representando um aumento de 60%. Na avaliação técnica do projeto foi feito um ajuste nos per capita de consumo, que passou para 120L/hab/dia, o que para uma perda de 25% (meta) representa um per capita de 90L/hab/dia. Assim, com o aumento populacional e com o ajuste do per capita, o sistema passará a ter uma necessidade de ampliação de 220L/s, justificando plenamente o projeto proposto. (iii) Definição de medidas compensatórias para a região do Complexo Lagunar do Bonfim Ficou acordado que a o Programa irá destinar recursos da ordem de 0,5% do valor das obras de ampliação do Sistema Adutor Monsenhor Expedito, como medida de compensação ambiental, a serem aplicados nas ações propostas do Plano de Gestão da APA Bonfim/Guaraíra, em elaboração pelo IDEMA. 6.3. Reunião Pública exposição do RAA em 03 de novembro de 2005 A reunião foi promovida pela Unidade de Preparação do Programa e SERHID e contou com representantes das seguintes instituições: Banco Mundial; Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CONERH), Conselho de Meio Ambiente (CONEMA). Por parte da UPP foram detalhadamente expostos os seguintes: a) Apresentação geral do Programa a ser financiado pelo BIRD; b) Histórico dos estudos realizados e de sua implementação; A equipe técnica que elaborou o RAA apresentou uma síntese dos trabalhos desenvolvidos com destaque para os seguintes aspectos: a) Exposição da estrutura do RAA, de seus objetivos e das considerações estabelecidas pelo Banco Mundial quando da elaboração do Termo de Referência para a elaboração do Relatório; b) Exposição das salvaguardas ambientais e sociais do Banco e sua interface com o Programa; c) Exposição dos aspectos legais e institucionais avaliados no relatório; d) Avaliação ambiental dos componentes do Programa com destaque para aqueles que envolvem obras no primeiro ano (ver capitulo 4 deste RAA); e) Avaliação dos objetivos e das metas do Programa; 128 f) Avaliação da compatibilidade do Programa com as leis brasileiras; g) Avaliação Global do Programa; h) Medidas Mitigadoras e Compensatórias Propostas e ainda i) Plano de Gestão Ambiental a ser implementado ao longo da execução do Programa. Os principais aspectos discutidos com os representantes das entidades dos Conselhos Estaduais nessa reunião pública dizem respeito à: (i) necessidade de um acompanhamento sistemático da comunidade sobre o andamento do Programa; (ii) possibilidade de criação de veiculo de informação direta (Programa – Comunidade) para servir de canal de comunicação entre a sociedade civil e os órgãos executores do Programa; (iii) possibilidade de criação de sítio na Rede Mundial de Computadores (Internet) para essa finalidade, com a abertura de um fórum de discussão; e ainda, (iv) aspectos técnicos relacionados a implementação de barramentos assoreadores – possibilidade de mudança do nome do sub-componente. Em atendimento à solicitação, o nome do sub-componente foi mudado para Pequenas Obras de Retenção de Sedimentos. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Agência Nacional de Águas - ANA e Agência de Desenvolvimento Sustentável do Seridó - ADESE Modelo de Gestão dos Serviços de Saneamento na área de atuação da Agência de Desenvolvimento Sustentável do Seridó - ADESE. Diagnóstico, Estudos de Alternativas Técnicas e Projeto Básico de Abastecimento de Água, Junho de 2003. Agência de Desenvolvimento Sustentável do Seridó - ADESE – Abastecimento de água em pequenas comunidades rurais dispersas no semi-árido brasileiro – Parte B: Estudo de casa da Região do Seridó Estado do Rio Grande do Norte, fevereiro de 2002. Associação dos Colonos Irrigantes e Agropecuaristas do Perímetro Irrigado de Itans - ACIAPI, Caicó/RN, 2005. Banco Mundial - Impactos e Externalidades Sociais da Irrigação no Semi-Árido Brasileiro 1ª Edição – Brasília, 2004. 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