2 INTRODUÇÃO A temática envolvendo o cuidado e a preservação do meio ambiente tem recebido atenção especial nas últimas décadas. Mais do que estar presente em mesas de discussão em nível mundial, é uma questão que deve se fazer presente no cotidiano de todos os seres humanos. Diante disso, observada a necessidade de conscientizar as gerações atuais sobre a necessidade de se garantir a sustentabilidade para as gerações futuras, uma vez que o futuro da humanidade depende da relação estabelecida entre a natureza e o uso dos recursos naturais disponíveis pelo ser humano, a discussão sobre a questão ambiental passou a fazer parte do currículo escolar, evidenciando um novo aspecto no campo da educação: a educação ambiental. A educação ambiental constitui um processo ao mesmo tempo informativo e formativo dos indivíduos, tendo por objetivo a melhoria de sua qualidade de vida e a de todos os membros da comunidade a que pertencem. A legislação federal que institui a Política Nacional de Educação Ambiental define como educação ―os processos por meio ambiente dos quais o individuo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade‖. A educação ambiental representa um passo preliminar importância para a implantação da Política Ambiental da organização, que se materializará por seu Sistema de Gestão Ambiental. (VALLE, 2002, p.35). Mais do que aulas sobre preservação do meio ambiente, o tema educação ambiental engloba a tomada de consciência sobre a urgência em lidar com o meio ambiente somando com um conjunto de valores que podem ser transmitidos tanto em sala de aula – na educação formal – como no seio da própria família ou em qualquer outro segmento da sociedade – educação informal. Embora exista essa discussão sobre a educação ambiental no ensino informal – aquele que se aprende fora da estrutura física da escola, buscamos focar nossa atenção 3 exatamente na educação formal, na educação ambiental como componente do currículo das escolas. A educação ambiental, discutida e analisada no presente trabalho, que escolas não corresponder a uma única disciplina específica e sim aplicada em todas as disciplinas de acordo o conteúdo da matéria. Tratar a questão ambiental, nesse sentido, com consciência e com vistas à sustentabilidade, visando construir um modo de ver e agir no mundo com o intuito de melhora. O foco do presente artigo reside justamente em analisar esse novo aspecto da educação; a temática meio ambiente enquanto componente curricular. Justificamos a realização do mesmo pela relevância que incorporar a questão ambiental no campo da educação significa na formação da consciência ambiental. REFERENCIAL TEÓRICO A questão ambiental e a educação ambiental De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), que norteiam o sistema educacional brasileiro, a questão ambiental vem sendo considerada como cada vez mais urgente e importante para a sociedade, pois o futuro da humanidade depende da relação estabelecida entre a natureza e o uso pelo homem dos recursos naturais disponíveis. Essa consciência já chegou à escola e muitas iniciativas têm sido desenvolvidas em torno desta questão, por educadores de todo o País. Por estas razões, vê-se a importância de se incluir a temática do Meio Ambiente como tema transversal dos currículos escolares, permeando toda prática educacional (BRASIL, 2003). Assim, ao aproximar a questão ambiental do currículo da escola, sob o prisma da educação ambiental, o que se coloca são aspectos vinculados aos princípios da dignidade do ser humano, da participação, da co-responsabilidade, da solidariedade e da eqüidade.( PINTO, 2009) A questão ambiental não é algo recente na história da humanidade. Desde os primórdios o ser humano foi estabelecendo uma relação de poder e controle sobre a natureza. O desenvolvimento tecnológico acentuou essa relação. Assim, à medida que a sociedade/humanidade aumenta sua capacidade de intervir na natureza com vistas à satisfação de suas necessidades e desejos crescentes, surgem tensões e conflitos 4 relativos ao uso do espaço e dos recursos disponíveis em função da tecnologia, também disponível.(SILVEIRA e BAZZO, 2010) Nos últimos séculos, foi imposto um modelo de civilização que trouxe em seu bojo a industrialização, com todo um modelo de produção e organização do trabalho. Esse processo incluiu a mecanização da agricultura, elevando e intensificando o uso de agrotóxicos, por exemplo, bem como acentuou o processo de urbanização, com um processo intenso de concentração populacional nas cidades. Em função disso, as conseqüências desses processos atingem diretamente a natureza e a própria sociedade como um todo. Diante disso, surge o princípio da responsabilidade ambiental. Tal conceito é empregado com referência aos danos ou possibilidades de danos ambientais decorrentes da atividade produtiva sempre que seja possível estabelecermos um nexo casual entre a atividade em questão e o malefício. O texto Responsabilidade Ambiental (2007) explicita que: Os danos ambientais são definidos como os danos diretos ou indiretos causados ao meio aquático, assim como a contaminação direta ou indireta dos solos que implique um risco importante para a saúde humana. Desde que o ser humano implantou os modernos meios de produção em grande escala, não foi capaz de encontrar um ponto de equilíbrio satisfatório entre sociedade e natureza, em que a primeira não colocasse em risco a segunda. A visão que possuímos acerca da natureza traz em sua definição uma imagem em que o ser humano é o centro do universo (antropocentrista), onde o ser humano se apresenta num ponto de dominação, se impondo a tudo e a todos. ―Contudo, o modo de produção capitalista, fundamentado na exploração do trabalhador e da natureza, não se apresenta como o modelo de desenvolvimento que busque a sustentabilidade ambiental‖ (BARREIRA FILHO e ET tal 2004, p. 89). Com o desenvolvimento da tecnologia produtiva associada à ciência e suas diversas formas de intervenção na natureza, a própria natureza se deparou com um poder, jamais visto em nenhum outro momento da humanidade: o poder de destruir o Planeta. A tecnologia empregada evoluiu rapidamente, com conseqüências muitas vezes indesejáveis, que se agravam rapidamente. A exploração dos recursos naturais começou 5 a se desenvolver de forma intensa, o que significa que recursos que não são renováveis, como o petróleo, por exemplo, já ameaçam se tornar escassos. A idéia predominante de que os recursos naturais seriam inesgotáveis começou, assim, a perder força. Com o constante esgotamento dos recursos naturais, o progresso dos países desenvolvidos se viu ameaçado, perdendo o ritmo continuamente. É nesse contexto que o desenvolvimento sustentável começa a surgir como uma tentativa de refrear os impactos causados pela ação do ser humano sobre o Meio Ambiente. E, nesse mesmo contexto, a temática educação ambiental ganha força. A questão ambiental passa a ser discutida no âmbito da escola, onde os cidadãos do futuro estão em formação. Dessa forma, no âmbito da educação ambiental, é importante que haja um constante e profundo diálogo entre as ciências naturais e as ciências sociais, para que possa ser produzida uma ciência verdadeiramente ecológica e sustentável, que focalize o relacionamento entre o mundo social e o mundo biofísico (LITTLE, 2010). Degradação Ambiental Um dos aspectos a ser trabalhado nesse sentido de educação ambiental é a questão da degradação ambiental. É sabido que toda alteração do ambiente que proporciona perda da estabilidade e qualidade do ecossistema atingido pode ser considerada como degradação ambiental. Para Araújo e Et al (2007, p. 19), a degradação ambiental ―envolve a redução dos potenciais recursos renováveis por uma combinação de processos agindo sobre a terra‖. Assim, quando o ser humano passou a transformar as suas técnicas de apropriação do espaço geográfico por meio de novas tecnologias, conseguiu, paralelamente, aumentar significativamente a degradação ambiental sem que os ecossistemas conseguissem tempo suficiente para se recomporem. Um dos elementos mais potencializadores da degradação ambiental na atualidade é a poluição, termo de conceito amplo, que define as alterações de ecossistemas aquáticos, terrestres, atmosféricos, por meio da inserção de objetos das mais variadas formas e conteúdos, que proporcionam o desequilíbrio ambiental. Assim, a solução para os problemas ambientais, como a degradação, tem sido considerada cada vez mais urgente para garantir o futuro da humanidade e depende da 6 relação que se estabelece entre sociedade/natureza, tanto na dimensão coletiva quanto na individual. Essa consciência já chegou à escola e muitas iniciativas têm sido tomadas em torno dessa questão, por educadores de todo o país. Por essas razões, vê-se a importância de incluir Meio Ambiente nos currículos escolares como tema transversal, permeando toda prática educacional. É fundamental, na sua abordagem, considerar os aspectos físicos e biológicos e, principalmente, o modo de interação do ser humano com a natureza, por meio de suas relações sociais, do trabalho, da ciência, da arte e da tecnologia (BRASIL 2003, p. 169). A educação como elemento na formação da consciência ambiental Para que o desenvolvimento sustentável e o cuidado com o Meio Ambiente se concretizem, é imprescindível que haja uma mudança de mentalidade. Os grupos humanos devem ser levados a adotar novos pontos de vista e novas posturas diante da má utilização dos recursos naturais e, por conseguinte, do próprio Meio Ambiente, a fim de que se revertam os dilemas atuais. Diante disso, a educação ambiental se consolida como meio indispensável para se conseguir criar e aplicar formas cada vez mais sustentáveis de interação sociedadenatureza e soluções para os problemas ambientais. Evidentemente, a educação sozinha não é suficiente para mudar os rumos do planeta, mas certamente é condição necessária para tanto (BRASIL, 2003). A busca pela consciência ambiental encontra na educação uma ferramenta importante. Fica evidente a importância de se educar os futuros cidadãos brasileiros para que, como empreendedores, venham a agir de modo responsável e com sensibilidade, conservando o ambiente saudável no presente e para o futuro; como participantes do governo ou da sociedade civil, saibam cumprir suas obrigações, exigir e respeitar os direitos próprios e os de toda a comunidade, tanto local como internacional; e, como pessoas, encontrem acolhida para ampliar a qualidade de suas relações intra e interpessoais com o ambiente tanto físico quanto social. (BRASIL, 2003). 7 No campo da educação, a relação entre o ensino formal (curricular) com a vida do aluno (seu meio, sua comunidade) não é algo recente. A educação ambiental, portanto, vem crescendo nas últimas décadas, a partir dos anos 60. Ela vinha crescendo especialmente desde a década de 60 no Brasil. Exemplo disso são atividades como os ―estudos do meio‖. Porém, a partir da década de 70, com o crescimento dos movimentos ambientalistas, passou-se a adotar explicitamente a expressão ―Educação Ambiental‖ para qualificar iniciativas de universidades, escolas, instituições governamentais e não-governamentais pelas quais se busca conscientizar setores da sociedade para as questões ambientais. Um importante passo foi dado com a Constituição de 1988, quando a Educação Ambiental se tornou exigência constitucional a ser garantida pelos governos federal, estaduais e municipais (BRASIL, 2003). Assim, com a promulgação da Constituição Federal de 1988, a Educação Ambiental passa a ser dever do Estado. Reza o texto constitucional que ―todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações‖ (BRASIL, 1988). Para que esse direito seja assegurado e efetivado, é dever do Estado ―promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente‖ (BRASIL, 1988). Assim, ao trabalhar a questão ambiental dentro da educação ambiental, o objetivo que se coloca é formar cidadãos críticos e conscientes que possam atuar de forma responsável tanto na realidade social como na realidade ambiental, de modo comprometido com elementos como a vida e o bem-estar individual, bem como coletivo. Para atingir esse objetivo, apenas informações e conceitos não são suficientes. A educação ambiental deve englobar atitudes, formação de valores, ensino e aprendizagem de habilidades e também procedimentos (BRASIL, PCN, p. 25, 2003). Nesse sentido, a educação ambiental demanda pequenos desafios, uma vez que ―comportamentos ambientalmente corretos serão aprendidos na prática do dia-a-dia na escola: gestos de solidariedade, hábitos de higiene pessoal e dos diversos ambientes, participação em pequenas negociações podem ser exemplos disso‖ (BRASIL, 2003). 8 Desafios da Educação Ambiental Em 1977, na Conferência Intergovernamental de Educação Ambiental de Tbilisi (na CEI, Geórgia), definiram-se os objetivos da Educação Ambiental e o ensino formal foi indicado como um dos eixos fundamentais para se conseguir atingi-los. Nessa conferência definiu-se a Educação Ambiental como uma dimensão dada ao conteúdo e à prática da educação, orientada para a resolução dos problemas concretos do meio ambiente através de enfoques interdisciplinares e de uma participação ativa e responsável de cada indivíduo e da coletividade. De acordo com Dias (1992), a Conferência Intergovernamental de Educação Ambiental de Tbilisi, em 1977, definiu alguns princípios ou desafios para a Educação Ambiental, dentre os quais destacamos: Considerar o meio ambiente em sua totalidade: em seus aspectos natural e construído, tecnológicos e sociais (econômico, político, histórico, cultural, técnico, moral e estético); Constituir um processo permanente, desde o início da educação infantil e contínuo durante todas as fases do ensino formal; Aplicar um enfoque interdisciplinar, aproveitando o conteúdo específico de cada área, de modo que se consiga uma perspectiva global da questão ambiental; Examinar as principais questões ambientais do ponto de vista local, regional, nacional e internacional; Concentrar-se nas questões ambientais atuais e naquelas que podem surgir, levando em conta uma perspectiva histórica; Insistir no valor e na necessidade da cooperação local, nacional e internacional para prevenir os problemas ambientais; Considerar de maneira explícita os problemas ambientais nos planos de desenvolvimento e crescimento; 9 Promover a participação dos alunos na organização de suas experiências de aprendizagem, dando-lhes a oportunidade de tomar decisões e aceitar suas conseqüências; Estabelecer, para os alunos de todas as idades, uma relação entre a sensibilização ao meio ambiente, a aquisição de conhecimentos, a atitude para resolver os problemas e a clarificação de valores, procurando, principalmente, sensibilizar os mais jovens para os problemas ambientais existentes na sua própria comunidade. Ajudar os alunos a descobrirem os sintomas e as causas reais dos problemas ambientais; Ressaltar a complexidade dos problemas ambientais e, em conseqüência, a necessidade de desenvolver o sentido crítico e as atitudes necessárias para resolvê-los; Utilizar diversos ambientes com a finalidade educativa e uma ampla gama de métodos para transmitir e adquirir conhecimento sobre o meio ambiente, ressaltando principalmente as atividades práticas e as experiências pessoais. (DIAS, 1992 Nesse sentido, o desafio que se apresenta à educação ambiental é fomentar uma visão global, ampla e geral, que não envolva apenas os elementos naturais do meio ambiente, mas, principalmente, os elementos construídos e todos os aspectos sociais envolvidos com a questão ambiental. Torna-se importante sensibilizar os alunos envolvidos para que se sintam não apenas parte do meio ambiente, mas também responsáveis por ele. Assim, o que mais mobiliza tanto as crianças quanto os adultos a respeitar e conservar o meio ambiente é o conhecimento das características, das qualidades da natureza; é perceber o quanto ela é interessante, rica e pródiga, podendo ser ao mesmo tempo muito forte e muito frágil; e saber-se parte dela, como os demais seres habitantes da Terra, dependendo todos — inclusive sua descendência — da manutenção de condições que permitam a continuidade desse fenômeno que é a vida, em toda a sua grandiosidade (BRASIL, 2003, p. 52). Ainda, outro desafio que se apresenta ao desenvolver a temática ambiental é a clareza sobre as prioridades a serem eleitas. Torna-se relevante, nesse aspecto, observar conceitos que os envolvidos conheçam, observar a realidade local e aspectos próximos ao cotidiano. 10 É necessário levar em conta o contexto social, econômico, cultural e ambiental no qual se insere a escola. A realidade de uma escola em região metropolitana, por exemplo, implica exigências diferentes daquelas de uma escola da zona rural. Da mesma forma, escolas inseridas em ambientes mais saudáveis, sob o ponto de vista ambiental, ou em ambientes muito poluídos deverão eleger objetivos e conteúdos que permitam abordar esses diferentes aspectos. Também os elementos da cultura local, sua história e seus costumes irão determinar diferenças no trabalho com o tema Meio Ambiente na educação ambiental (BRASIL, 2003, p. 53). A superação desses desafios permite atingir os objetivos propostos pela Educação Ambiental, quer sejam, tornar o aluno apto a: Conhecer e compreender, de modo integrado e sistêmico, as noções básicas relacionadas ao meio ambiente; Adotar posturas na escola, em casa e em sua comunidade que os levem a interações construtivas, justas e ambientalmente sustentáveis; Observar e analisar fatos e situações do ponto de vista ambiental, de modo crítico, reconhecendo a necessidade e as oportunidades de atuar de modo reativo e propositivo para garantir um meio ambiente saudável e a boa qualidade de vida; Perceber, em diversos fenômenos naturais, encadeamentos e relações de causa-efeito que condicionam a vida no espaço (geográfico) e no tempo (histórico), utilizando essa percepção para posicionar-se criticamente diante das condições ambientais de seu meio; Compreender a necessidade e dominar alguns procedimentos de conservação e manejo dos recursos naturais com os quais interagem, aplicando-os no dia-a-dia; Perceber, apreciar e valorizar a diversidade natural e sociocultural, adotando posturas de respeito aos diferentes aspectos e formas do patrimônio natural, étnico e cultural; Identificar-se como parte integrante da natureza, percebendo os processos pessoais como elementos fundamentais para uma atuação criativa, responsável e respeitosa em relação ao meio ambiente (BRASIL, 2003, p. 39). 11 Assim a educação ambiental nesse primeiro aspecto da educação formal, pode levar a mudanças significativas tanto no comportamento pessoal, bem como atitudes, chegando a atingir valores de cidadania, com relevantes conseqüências sociais. Educação Ambiental no contexto da Universidade Diante do exposto até aqui, fica evidente que a educação ambiental contribui de forma significativa para o exercício da cidadania. Além disso, promove a discussão e efetivação do conceito de desenvolvimento sustentável. Nesse sentido, a educação ambiental tem um papel significativo na construção de conhecimentos básicos que permitem compreender a realidade em que estamos inseridos. Além desses aspectos, se coloca como ferramenta importante diante dos novos paradigmas que se apresentam no que tange questões ambientais. No entanto, a educação ambiental não se restringe ao âmbito das escolas. É iniciada nesse lócus específico, mas deve ser expandida também para a Universidade. A Conferência de Tbilisi, em seu Informe Final, define o papel da Universidade, na incorporação da dimensão ambiental na sociedade. De acordo com Nunes: Na Seção ―Estratégias de Desenvolvimento da Educação Ambiental em nível Nacional‖, a Recomendação n.º 13 considera: que as universidades – em sua qualidade de centros de investigação, de ensino e de formação de pessoal qualificado no país devem dar cada vez maior capacidade a investigação sobre educação ambiental e a formação de expertos em educação formal e não-formal, e - que a educação ambiental nas escolas superiores e universidades diferirá cada vez mais da educação tradicional e que se transmitirá aos estudantes os conhecimentos básicos essenciais para que sua futura atividade profissional redunde em benefício ao meio ambiente. Ainda segundo a autora, a Conferência propõe dois objetivos fundamentais para a educação ambiental em nível de Universidade. O primeiro é ―examinar o potencial atual das universidades para desenvolver a investigação, sobretudo fundamental, no que corresponda à educação ambiental‖. O segundo, por sua vez, implica em estimular a necessidade de que os estudantes apliquem um tratamento interdisciplinar ao problema fundamental da correlação existente entre o meio ambiente e o ser humano, qualquer 12 que seja a disciplina que estudem e não só as ciências exatas e naturais e a tecnologia, como também as ciências sociais e as artes, como conseqüência de que a relação que guardam entre si a natureza, a técnica e a sociedade marca e determina o desenvolvimento de uma sociedade (NUNES). O tripé que alicerça a Universidade corresponde a ensino, pesquisa e extensão. Nas três áreas é possível apontar a educação ambiental de forma direta ou até mesmo indireta. Menezes (2002) ressalta que, no que se refere ao ensino de nível superior, um aspecto torna-se primordial para a efetiva concretização dos objetivos gerais desta dimensão educativa, que se estendem a melhor qualidade de vida a partir de uma nova ética na relação sociedade-natureza e a formação de cidadãos conscientes de seus direitos e suas responsabilidades em uma perspectiva ambiental. A Universidade atual não comporta mais os grupos isolados de pesquisadores, de docentes, de extensionistas, pois a pesquisa não pressupõe horário especial, salário adicional, já que faz parte do cotidiano da vida acadêmica. Além do desenvolvimento de cursos, fomentando a pesquisa, a Universidade também pode/deve fomentar a extensão. A área ambiental é rica de possibilidades nesse sentido: cursos, projetos, palestras, trabalhos, campanhas, enfim, uma gama de atividades que atendam às necessidades de uma determinada comunidade, aproximando a Universidade do meio em que está inserida. Ainda há muito que se fazer nas Universidades em relação à educação ambiental. No entanto, é um processo que vem crescendo e ganhando força no espaço acadêmico, um movimento que, ainda que premente, já provoca reais transformações na sociedade, objetivando a conquista da cidadania, possibilitando ao ser humano controle e domínio sobre si mesmo, sobre suas ações e suas conquistas. METODOLOGIA A metodologia utilizada para a realização do presente trabalho consta de pesquisa bibliográfica sobre a questão ambiental e sua relação com a educação, com ênfase nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), legislação específica, bem como livros e artigos sobre o assunto. Também realizamos pesquisa de campo, através de 13 questionário composto por seis perguntas, respondidas por trinta alunos da rede pública na cidade de Palmas – TO. RESULTADOS Para conhecer a realidade das escolas públicas na cidade de Palmas, realizamos um questionário com trinta alunos em diferentes colégios como: Colégio Estadual Duque de Caxias, Colégio Estadual Frederico Ribeiro, Colégio CEM, Colégio Estadual Santa Rita de Cássia, Colégio Municipal Crispim Pereira Alencar (cf Anexo 1). Todas as perguntas foram direcionadas no sentido de descobrirmos o que os alunos conheciam em relação à questão ambiental, noções de conhecimento geral e quais os hábitos na economia de água, luz e a separação do lixo. Foram entrevistados trinta alunos, sendo quatro com idade inferior a dez anos, oito com idade entre onze e treze anos, doze entre catorze e dezessete anos e seis acima de dezoito anos, conforme gráfico ilustrado no gráfico um. Gráfico 1 – Faixa etária dos entrevistados 12 Menos de 10 anos 10 8 11 a 13 anos 6 14 a 17 anos 4 18 anos ou mais 2 0 O resultado dessa entrevista foi o seguinte: Na primeira questão, sobre o conhecimento em relação aos reais efeitos do aquecimento global, cinco alunos se disseram totalmente desprovidos de conhecimentos, dezoito afirmaram possuir conhecimentos parciais e sete conhecem totalmente, conforme gráfico a seguir: Gráfico 2 – Efeitos do aquecimento global 14 20 15 D esp r o vid o s 10 Par cialment e T o t alment e 5 0 A segunda questão, referente aos hábitos de economia de água em suas residências, cinco alunos afirmaram ser totalmente desprovidos de conhecimentos, quinze afirmaram possuir conhecimentos parciais e dez totalmente conhecedores desses hábitos. Gráfico 3 – Economia de Água 15 10 Desprovidos Parcialmente Totalmente 5 0 A terceira questão envolvia conhecimentos sobre economia de energia em suas residências e quatro alunos afirmaram desconhecer totalmente, nove conhecem apenas parcialmente e dezessete conhecem totalmente. Gráfico 4 – Economia de Energia 20 15 Desprovidos 10 Parcialmente Totalmente 5 0 A quarta pergunta se refere a conhecimentos concretos sobre a separação de lixo úmido do lixo seco em suas residências. Para esta pergunta, dois alunos responderam 15 desconhecer totalmente, vinte responderam conhecer parcialmente e oito afirmaram conhecer totalmente. Gráfico 5 – Separação entre lixo úmido e seco 20 15 D esp r o vid o s 10 Par cialment e T o t alment e 5 0 A quinta pergunta trata de ações de reciclagem de lixo. Nenhum aluno afirmou desconhecer completamente, vinte e dois alunos disseram conhecer parcialmente e catorze alunos afirmaram conhecer totalmente. Gráfico 6 – Reciclagem de lixo 20 15 D esp r o vid o s 10 Par cialment e T o t alment e 5 0 A sexta e última pergunta se refere a conhecimentos sobre coleta seletiva de lixo, identificar as cores relacionadas e citá-las. Dezessete alunos afirmaram desconhecer totalmente, onze afirmaram conhecer parcialmente e somente dois alunos afirmaram conhecer completamente. Gráfico 7 – Coleta seletiva de lixo 20 15 D esp r o vid o s 10 Par cialment e T o t alment e 5 0 16 Com base nesse questionário, percebemos que a educação ambiental tem muito ainda a acrescentar na formação desses jovens e adolescentes. Apesar de algumas escolas públicas realizarem campanhas de reciclagem de lixo, por exemplo, ou pelo menos trabalharem o tema, grande parte dos alunos conhece apenas parcialmente o assunto. Quando o assunto é coleta seletiva de lixo, a situação fica ainda pior: a grande maioria desconhece totalmente o assunto, apenas uma parcela mínima dos entrevistados conhece totalmente o assunto, sendo capaz de citar as cores específicas para cada tipo de lixo. Assim, fica evidente que a educação ambiental ainda tem um longo caminho a percorrer, especialmente nas escolas públicas da cidade de Palmas. No entanto, é importante considerar que os passos iniciais já foram dados. CONCLUSÃO A educação ambiental se configura como uma importante ferramenta ou estratégia ou, ainda, um processo de formação e de transformação, que permite desenvolver tanto saberes quanto habilidades intelectuais, além de aplicar os conhecimentos específicos sobre o mundo, relacionarem-se consigo mesmo e com os demais e, também, construir seus próprios caminhos de forma a não obstruir os caminhos do Planeta. Com isso concluímos que o nível de educação ambiental dos alunos é baixíssima e que é necessário investir numa mudança de mentalidade, conscientizando todos da necessidade e adotar novos pontos de vista e novas posturas diante dos problemas de preservação do meio ambiente. É evidente a importância de educar as pessoas para que ajam de modo responsável e com sensibilidade de, conservando o ambiente saudável no presente e para o futuro, para que isso aconteça é necessário implantar a disciplina de educação ambiental na grade curricular das escolas para que as gerações atuais tenham base para utilizar e cuidar de forma sustentável os recursos naturais, para que as futuras gerações possam desfrutar e também utilizar de formar sustentável o meio ambiente. 6 - REFERÊNCIAS ARAUJO, Gustavo H. S.; ALMEIDA, Josimar R. de; GUERRA, Antonio J. T. Gestão ambiental de áreas degradadas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007. 17 BARREIRA FILHO, Edenilo B.; SAMPAIO, José Levi. Sustentabilidade ambiental discutindo o lugar. Mercator Revista de Geografia da UFC, ano 3, n.6, p. 89-94, 2004. BRASIL. Constituição Federal de 1988. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em 17 Nov. 2010. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília, 2003. DIAS, G. F. Educação ambiental, princípios e práticas. São Paulo: Gaia, 1992. GUIMARÃES, M. A formação de educadores ambientais. Campinas: Papirus, 2004. LITTLE, Paul. A etnografia dos conflitos socioambientais. Disponível em: http://www.anppas.org.br/encontro_anual/encontro2/GT/GT17/gt17_little.pdf. Acesso em 17 Nov. 2010. MENEZES, Cibélia M. L. A questão ambiental e a universidade: uma proposta metodológica. In: Jus Navigandi Ago 2002. Disponível http://jus.uol.com.br/revista/texto/3496/a-questao-ambiental-e-a-universidade. em: Acesso em 16 Nov. 2010. NUNES, Ellen M. 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