DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA REVISÃO E REDAÇÃO SESSÃO: 019.2.53.O DATA: 27/02/08 TURNO: Vespertino TIPO DA SESSÃO: Ordinária - CD LOCAL: Plenário Principal - CD INÍCIO: 14h TÉRMINO: 20h10min DISCURSOS RETIRADOS PELO ORADOR PARA REVISÃO Hora Fase Orador Incluído discurso do Deputado Paes Landim proferido na Sessão Ordinária da Câmara dos Deputados nº 001, realizada em 7 de fevereiro de 2007. CÂMARA DOS DEPUTADOS Ata da 019ª Sessão, em 27 de fevereiro de 2008 Presidência dos Srs. ................................................................... ................................................................... ................................................................... ................................................................... ................................................................... ................................................................... ................................................................... ................................................................... ................................................................... ................................................................... ................................................................... ÀS 14 HORAS COMPARECEM À CASA OS SRS.: Arlindo Chinaglia Narcio Rodrigues Inocêncio Oliveira Osmar Serraglio Ciro Nogueira Waldemir Moka José Carlos Machado Manato Arnon Bezerra Alexandre Silveira Deley CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 I - ABERTURA DA SESSÃO O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - A lista de presença registra na Casa o comparecimento de 350 Senhoras Deputadas e Senhores Deputados. Está aberta a sessão. Sob a proteção de Deus e em nome do povo brasileiro iniciamos nossos trabalhos. O Sr. Secretário procederá à leitura da ata da sessão anterior. II - LEITURA DA ATA O SR. MANATO, servindo como 2° Secretário, procede à leitura da ata da sessão antecedente, a qual é, sem observações, aprovada. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Passa-se à leitura do expediente. O SR. MANATO, servindo como 1° Secretário, procede à leitura do seguinte III - EXPEDIENTE 3 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Finda a leitura do expediente, passa-se ao IV - PEQUENO EXPEDIENTE Concedo a palavra ao Sr. Deputado Flávio Bezerra. 4 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. FLÁVIO BEZERRA (Bloco/PMDB-CE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, marisqueiras e pescadores, o Brasil possui 13,7% de toda a água doce disponível no planeta, mais de 5 milhões de hectares com águas represadas, uma das maiores produções de grãos do mundo e ótimas condições climáticas, que possibilitam a criação de quase a totalidade das espécies tropicais durante todo o ano. No entanto, diante de todo esse potencial de que nosso País dispõe para a aqüicultura, carecemos ainda de políticas públicas e de maiores investimentos no setor para o aproveitamento desses recursos. No que se refere à carcinicultura, entre 2003 e 2005, houve crescimento da produção de camarão cultivado nos principais países produtores, como China, Tailândia, Vietnã, Equador, México e outros, mas no Brasil, ao contrário, houve diminuição da produção em cerca de 30%. Um dos entraves para a produção de camarão com valor agregado é a mão-de-obra, que representa mais de 50% dos custos de produção de uma unidade de beneficiamento do Brasil, resultando em perda de competitividade brasileira diante de outros países. Apesar de termos 2,56 milhões de hectares de áreas estuarinas e 600 mil hectares de áreas propícias para a carcinicultura, o volume das exportações de camarão congelado em 2003 foi de 58.445 toneladas, caindo para 15.521 toneladas no ano de 2007. Isso demonstra a necessidade de se fomentar atividades produtivas por meio de incentivos e políticas públicas visando aumentar a competitividade econômica deste setor. 5 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Destaco que a Associação Brasileira de Criadores de Camarão, que tem como presidente o Sr. Itamar Rocha, vem adotando importantes medidas para manter a sustentabilidade econômica do camarão cultivado. Diante disso, quero também solicitar o apoio do Governo e da sociedade organizada, visando ao planejamento, ao fortalecimento e à fiscalização das ações necessárias para que o setor da carcinicultura possa crescer com competitividade, gerando renda e emprego em nosso País. Era o que tinha a dizer. Muito obrigado. 6 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. CARLOS SANTANA (PT-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a Zona Oeste do Rio de Janeiro viveu ontem um dia de muita alegria e esperança. O Presidente Lula visitou as obras da futura Companhia Siderúrgica do Atlântico, em Santa Cruz, inaugurou a fábrica Michelin, de pneus para mineração e terraplanagem, em Campo Grande, e, por fim, inaugurou uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) 24 horas em Campo Grande. Em discurso que realizou, o Presidente falou da importância que aquela região tem hoje para o crescimento econômico. O complexo siderúrgico deverá ser inaugurado em março de 2009 e terá capacidade anual de produção de 5 milhões de toneladas de placas de aço. A construção da siderúrgica deverá gerar 18 mil empregos. A construção da siderúrgica e a inauguração da fábrica de pneus é um grande investimento para a Zona Oeste. Com a geração desses milhares de empregos, poderemos minimizar um pouco os problemas que atravessamos com as investidas dos bandidos na população, que passa grande parte do seu tempo ociosa, sem ter uma atividade a desempenhar. Outra grande ação do Presidente Lula foi a inauguração da Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) 24 horas em Campo Grande. A UPA é um serviço que funciona em horário integral, inclusive nos fins de semana. Essas unidades estão equipadas tanto para atender pequenas e médias emergências como pacientes graves, até que sejam removidos para um hospital. Aproveitando a presença do Presidente Lula e do Governador Sérgio Cabral, um grupo de moradores da Vila Kennedy entregou um documento ao Governador reivindicando a construção de uma UPA no local. A Vila Kennedy conta com apenas 7 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 um posto de saúde, que é totalmente despreparado e insuficiente para atender as centenas de casos que ocorrem diariamente. Quero agradecer ao Presidente Lula e ao Governador Sérgio Cabral, tendo este se comprometido publicamente a construir na Vila Kennedy uma das 20 unidades da UPA que ainda faltam ser instaladas no Rio de Janeiro. Acompanho de perto todo o sofrimento daquela gente, sei das dificuldades que as mais de 100 mil pessoas que lá residem passam todos os dias para ter um atendimento de qualidade na área de saúde. Vamos, juntamente com a população, cobrar insistentemente a instalação da forma mais rápida possível de uma UPA 24 horas na Vila Kennedy. Era o que eu tinha a dizer. 8 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. MAURO BENEVIDES (Bloco/PMDB-CE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, dentre os tradicionais estabelecimentos comerciais do Ceará, a Casa Pio completou este mês 80 anos de ininterrupta atuação no ramo de calçados, merecendo o reconhecimento da população, diante da manifestação efusiva de entidades representativas do setor empresarial, notadamente a Câmara de Dirigentes Lojistas de Fortaleza, bem assim da respectiva Federação. Fundada por Pio Rodrigues, um dos mais honrados empreendedores durante apreciável lapso de tempo, através dela se originou um dos mais conceituados complexos do setor produtivo do Nordeste, o Grupo C. Rolim, hoje comandado por Edyr Rolim, herdeira do talento e do descortino de seu genitor e cujo saudoso esposo, Clóvis Rolim, foi por sua vez dinâmico e competente líder do comércio alencarino, embora originário de Cajazeiras, na vizinha Paraíba. Ressalte-se que o Grupo C. Rolim alcança, presentemente, várias cidades do Polígono das Secas, nunca se distanciando das inarredáveis diretrizes de comportamento ético, que tiveram no inspirador da Casa Pio parâmetro inflexível de seriedade, marca indelével de conduta dos componentes do conglomerado, particularmente Pio Rodrigues Neto, Ricardo Rolim, Clóvis Jr. e Eduardo Rolim. Saliente-se, por oportuno, que lojistas de minha Unidade Federada, instituíram um expressivo galardão, destinado a contemplar homens públicos ilustres e dedicados comerciantes, um troféu conferido a cada dia 16 de julho, em solenidades memoráveis, que obtêm sempre extraordinária repercussão nos círculos sociais de nossa terra. 9 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Recordo, com muita emoção, que, em 1986, após desempenhar o primeiro mandato senatorial e exercer a Presidência do Banco do Nordeste, fui agraciado com a sensibilizadora láurea, que passou a inserir-se no meu modesto currículo, que reuni ao ensejo de meio século de atividades na vida política do País. Presentemente, o Grupo C. Rolim continua a expandir as respectivas atividades, incessantemente, sob a visão clarividente e dinâmica de matriarca Edyr, que herdou o talento do velho Pio, complementado com o arrojo de Clóvis Rolim, prematuramente desaparecido, mas deixando, igualmente, um legado de austeridade aos 4 filhos, condutores de sua obra empresarial. Toda a mídia cearense realçou os 80 anos da Casa Pio, apontando o acontecimento como de enorme ressonância, valendo como prova de abnegação de um homem lúcido e obstinado, que transmitiu aos seus descendentes lições de dignidade, até hoje observadas, integralmente, pelos que o sucederam na árdua missão de contribuir para o desenvolvimento do Ceará e do Nordeste. Daí o registro que entendi de fazer, na tribuna da Casa, a fim de projetar um evento, vinculado tão de perto ao crescimento econômico de importante faixa territorial do País. 10 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. LUIZ COUTO (PT-PB. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, na segunda-feira passada, em cerimônia no Palácio do Planalto, o Presidente Lula lançou oficialmente o Programa Territórios da Cidadania. De acordo com o Presidente, este é mais um passo importante para erradicar a pobreza no País, proporcionando a inclusão e o desenvolvimento regional. “A execução baseada em parcerias proposta pelo programa é um grande passo para se acabar com a pobreza e as desigualdades sociais no Brasil”, declarou o Presidente Lula no ato de lançamento do programa que vem renovando as esperanças de milhares de brasileiros. O programa alcançará cerca de 60 territórios em todo o País com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e de baixo dinamismo econômico, que passarão a receber os principais programas do Governo Federal de forma integrada. Trata-se de um conjunto bem articulado de 135 ações de 15 Ministérios para o desenvolvimento regional e garantia de direitos sociais, beneficiando, assim, mais de 2 milhões de famílias de agricultores familiares, assentados da reforma agrária, quilombolas, indígenas, pescadores e comunidades tradicionais. Vale a pena ressaltar que o investimento total do programa para 2008 é na ordem de R$11,3 bilhões. De acordo com o Ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, a importância e o pioneirismo do programa podem ser comprovados pela escala e pelo volume dos recursos comprometidos. Os Territórios da Cidadania nascem como um programa pioneiro, em nível internacional, de planejamento participativo do desenvolvimento territorial voltado à inclusão social, pelo trabalho dos que se encontram à beira das estradas do progresso. Dessa maneira, acreditamos que os Territórios da Cidadania estão vocacionados a 11 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 impulsionar um novo ciclo de desenvolvimento rural, tendo os agricultores familiares como atores principais. O programa reúne 3 características básicas que garantirão o sucesso das ações governamentais: a coordenação de esforços, o foco nos territórios mais pobres e a participação das comunidades. Presentes ao lançamento do programa, Ministros e Governadores de Estado, além da representação dos movimentos dos trabalhadores. De acordo com essas lideranças, o Governo Lula resgata uma enorme dívida social com o homem do campo. O decreto de criação do programa nacional é assinado pelo Presidente Lula e pelos Ministros de Estado da Casa Civil; do Desenvolvimento Agrário; da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; da Educação; da Cultura; de Minas e Energia; do Planejamento, Orçamento e Gestão; da Ciência e Tecnologia; do Meio Ambiente; da Integração Nacional; da Secretaria Geral da Presidência da República; da Secretaria das Relações Institucionais; da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial; da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca; e da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres. O que se ressalta é o aspecto do controle social e da transparência dos recursos envolvidos no programa. Todo o programa pode ser acompanhado por qualquer cidadão de qualquer lugar do País. Será possível acompanhar cada projeto, cada território, os recursos destinados, quem é responsável pela execução, se está atrasado ou não. Como disse o Ministro Cassel, do MDA, é um programa transparente e democrático, que conta com a adesão de Estados e municípios, mas fundamentalmente das comunidades. 12 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Na terça-feira, 26 representantes dos 27 Territórios da Cidadania continuaram reunidos, em assembléia aqui em Brasília, para dar seguimento aos trabalhos. Serão apresentadas as 135 ações previstas no novo programa e detalhados os investimentos para cada uma delas. Assim, nos solidarizamos com toda a equipe do Governo Lula, que tem pensado uma política de desenvolvimento territorial de grande alcance econômico e social. No Estado da Paraíba, serão beneficiados inicialmente 52 municípios. O Território da Cidadania da Zona da Mata Sul (PB), com 1.877,90 quilômetros quadrados, onde o IDH médio é 0,74, é formado pelos Municípios de Alhandra, Bayeux, Caaporã, Caldas Brandão, Conde, Itabaiana, João Pessoa, Juripiranga, Pedras de Fogo, Pilar, Pitimbu, São José dos Ramos e São Miguel de Taipu. Com 837.320 habitantes, dos quais 56.578 (6,76%) vivem na área rural, a Zona da Mata Sul paraibana tem 6.449 agricultores familiares, 2.709 famílias assentadas, 2.873 pescadores e 4 comunidades quilombolas. O Território da Cidadania da Zona da Mata Norte, com 3.647,30 quilômetros quadrados, é formado pelos Municípios de Baía da Traição, Cabedelo, Capim, Cruz do Espírito Santo, Cuité de Mamanguape, Curral de Cima, Itapororoca, Jacaraú, Lucena, Mamanguape, Marcação, Mari, Mataraca, Pedro Régis, Riachão do Poço, Rio Tinto, Santa Rita, Sapé e Sobrado. Com 389.636 habitantes, dos quais 100.946 (25,91%) vivem na área rural, o IDH médio do território é 0,62. A Zona da Mata Norte paraibana tem 8.258 agricultores familiares, 2.356 famílias assentadas, 3,759 pescadores e 3 terras indígenas. O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), por exemplo, desenvolverá ações socioeducativas e de convivência para crianças e adolescentes em situação de trabalho; Benefício de Prestação Continuada (BPC) às 13 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 pessoas com deficiência e às pessoas idosas; Programa de Atenção Integral à Família; Programa Bolsa-Família — Benefício; Programa Bolsa-Família — Índice de Gestão Descentralizada; acesso à água para a produção de alimentos (segunda água); aquisição de alimentos provenientes da agricultura familiar; Programa Cisternas; além do Centro de Referência Especializado de Assistência Social. Nesse último, serão oferecidos serviços de enfrentamento à violência, ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes; de proteção social especial a indivíduos e famílias; e de proteção social aos adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas. É importante registrar, ainda, entre as ações que terão financiamento do programa, a implantação de Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) e Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS), o Bolsa-Família e a construção de cisternas. Todas essas ações serão executadas no âmbito do MDS. Por tudo isso, apoiamos integralmente a política dos Territórios da Cidadania. Aportamos recursos no Orçamento Geral da União de 2008, num total de 1,4 milhões de reais de emenda individual para o MDA, a fim de apoiar e incentivar projetos de infra-estrutura e serviços em territórios rurais do semi-árido paraibano, dinamizando cada vez mais o conjunto das ações anunciadas pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, em conjunto com diversos Ministérios do Governo Lula. Fico triste, Sr. Presidente, que a Oposição queira entrar com ação no Supremo Tribunal Federal para tentar derrubar um projeto como esse. Parece que a Oposição é contra a população brasileira e quer que ela permaneça na pobreza e na miséria. 14 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Então, quero parabenizar o Governo e dizer que o Programa Territórios da Cidadania vem resgatar uma dívida com aqueles que hoje vivem com o pior Índice de Desenvolvimento Humano no País. Nesse sentido, reafirmamos o apoio e a solidariedade ao Presidente Lula pelo lançamento desse programa. Era o que tinha a dizer. 15 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. BARBOSA NETO (Bloco/PDT-PR. Pronuncia o seguinte discurso.) Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, no dia 19 de abril de 2007, protocolei nesta Casa o Projeto de Lei nº 783/07, que pede redução de juros para o parcelamento dos débitos com o Programa de Financiamento Estudantil — FIES. Na última semana foi veiculada notícia de que, no dia 29 de fevereiro, o Ministério da Educação irá emitir uma portaria estabelecendo novas regras para o Programa Universidade para Todos — PROUNI e para o FIES. Essas novas regras, além de englobar idéias contidas no Projeto de Lei nº 783/07, permitirão que o FIES chegue a 100 mil vagas, além de oferecer um maior parcelamento dos débitos e a combinação dos 2 programas do Governo Federal para financiar os estudos de milhares de brasileiros. Esta é uma grande conquista para a educação brasileira, pois aumentará o número de vagas e a formação em nível superior dos brasileiros que em condições normais não teriam como cursar uma faculdade. Como homem público e na minha recente trajetória nesta Câmara Federal, procuro ter a educação como prioridade nas minhas ações. Acredito, assim como o PDT, que a educação é o único caminho para a revolução social que há tanto tempo desejamos fazer no Brasil. Tendo isso em mente, procuro apresentar e defender projetos que melhorem o sistema educacional brasileiro e permitam que aqueles cidadãos interessados possam ter acesso aos estudos. Nesse sentido, fui autor da primeira lei sobe a Escola em Tempo Integral no Brasil, quando ainda era membro da Assembléia Legislativa do Paraná. E agora, como Deputado Federal, realizei diversos pronunciamentos e projetos em prol da educação, como o PL nº 783/07. 16 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Apesar de ainda estar tramitando nesta Casa, foi com muita alegria que verifiquei a notícia de que as idéias contidas no referido projeto serão incorporadas às novas regras para o FIES e para o PROUNI. Através de um maior prazo para o parcelamento e da combinação com o PROUNI — que concede bolsa de até 50% — , os valores dos débitos serão menores e ficarão mais fáceis de serem quitados pelo cidadão. Com isso, além do maior estímulo para a procura desses programas, o Governo Federal conseguirá diminuir a inadimplência e obter resultados cada vez mais positivos para a educação superior no País. Isto é muito satisfatório, especialmente porque a procura por esses programas é de cidadãos que realmente estão interessados em ter uma formação mais completa para ingressar no mercado de trabalho, assim como para o restante da sua vida. A formação em um curso de nível superior é uma vitória para qualquer um, e é ainda maior para aquele cidadão humilde que, após tantas adversidades, conseguiu vencer mais essa etapa da sua vida. E é esse o papel do Governo Federal e de todos nós, Parlamentares eleitos para defender os interesses desses cidadãos: dar ferramentas para que todos aqueles que desejam alcançar seus sonhos, de forma justa e honesta, sejam capazes de fazê-lo. E essas novas regras são o exemplo genuíno disso. É uma grande conquista nesta Casa de leis quando vemos um projeto de nossa autoria, ou mesmo idéias constantemente defendidas, gerando efeitos benéficos para toda a sociedade. Isto é uma realização para o Parlamentar e para o cidadão que procura trabalhar em prol do seu País. Sei que estamos apenas no começo dessa longa e árdua caminhada, porém são resultados como esses que nos deixam esperançosos e confiantes de estarmos trilhando o caminho certo para livrar o Brasil do estigma do subdesenvolvimento. Muito obrigado, Sr. Presidente. 17 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. CARLOS SOUZA (PP-AM. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero desta tribuna associar-me, com o meu mais profundo pesar, às famílias das vítimas do acidente fluvial ocorrido na noite da quarta-feira próxima passada, onde foram ceifadas as vidas dos seus entes queridos em mais uma tragédia. Refiro-me à colisão, nas proximidades da comunidade Novo Remanso, Município de Itacoatiara, entre o barco Almirante Monteiro, que transportava 110 passageiros, e a balsa transportadora de combustível, Carlos Eduardo, que, segundo informações, criminosamente, encontrava-se atravessada no meio do Rio Amazonas. O fatídico acidente que provocou a morte de 16 passageiros, entra eles várias crianças, deixou diversas pessoas feridas. Não foi o primeiro, tampouco será o último a acontecer. Nobres colegas, todas as referências à região amazônica são superlativas. Maior floresta tropical, maior banco genético, maior reserva de água doce do planeta. São mais 20 mil quilômetros de vias fluviais, por onde navegam 150 mil embarcações, excluindo canoas e outros barcos menores. Somente o trecho entre Tabatinga, às margens do Solimões, perto da Colômbia, e a foz do Rio Amazonas tem a mesma extensão do Mediterrâneo entre o Líbano e o Estreito de Gibraltar. Mas, apesar do gigantismo, a rede de transporte hidroviário na Amazônia não é regulamentada. Linhas, tarifas e horários são impostos pelos donos dos barcos. A única obrigação é cumprir as normas de segurança, assim mesmo quando a fiscalização os alcança. Desta tribuna, já lamentei acidentes outros envolvendo diversas embarcações, entre elas a Motor Princesa Laura, acidente ocorrido em setembro de 18 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 2004, que provocou a morte de 13 pessoas. Outro acidente ocorreu com o barco Almirante Sergimar, em outubro de 2005, vitimando fatalmente 16 passageiros. Os fatores que dão causa a tais tragédias são os mais diversos. Estão aí inclusos: a desobediência às normas legais — embarcações em péssimo estado de conservação, com idade média de 15 anos de uso — superlotação, transporte de carga junto com pessoas, inexistência de sinalização ou balizamento que possa orientar os comandantes das embarcações e precária fiscalização das condições de navegabilidade das embarcações etc. Segundo dados da Diretoria de Portos e Costas — DPC, acontecem, em média, cerca de 100 acidentes anualmente, com uma média de vítimas fatais da ordem de 50 por ano. Contudo, o estudo da DPC chama a atenção para o fato de que a maior parte dos acidentes leva ao naufrágio em pouquíssimos minutos, isto devido à falta de compartimentagem e aos problemas ligados à utilização de cascos em madeira. Entre as soluções possíveis para diminuir o impacto dos acidentes o citado estudo aponta a adição de material como poliuretano junto às proas dos cascos de madeira para minimizar efeitos de colisões frontais (com troncos, principalmente); obrigatoriedade de compartimentagem mesmo em embarcações de madeira; revisão dos limites de número de passageiros e de quantidade de carga transportada por cada embarcação; efetiva separação entre cargas e passageiros; instalação de alarme de início de alagamento de tanques etc. Portanto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, urge que o Governo Federal, através do Ministério dos Transportes/ANTAQ e o Ministério da Defesa, discipline essa atividade econômica tão importante para o Amazonas, para a Região 19 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Norte e para o Brasil, formalizando tudo a partir de concessão pública que estabeleça critérios, normas, regras, compromissos e obrigações, estabelecendo tarifas e linhas de navegação com origem, destino, dias e horários das viagens previamente definidos. Isso permitirá que a ANTAQ possa, a contento, regulamentar e exercer o controle do setor e, em parceria com as Capitanias dos Portos (Oriental e Ocidental), realize uma melhor fiscalização, possibilitando a redução do número de acidentes que freqüentemente vitimam os usuários do sistema. Dessa forma, como o fiz em ocasiões anteriores, reitero ao Ministro Alfredo Nascimento — representante amazonense no Poder Executivo e profundo conhecedor dos problemas da nossa região amazônica — pedido para que dedique especial atenção ao assunto, entabulando soluções que possam contribuir para a diminuição dos acidentes envolvendo embarcações nos nossos rios. Era o que tinha a dizer. 20 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. ADÃO PRETTO (PT-RS. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho a esta tribuna prestar minha homenagem ao companheiro, Comandante e sempre Presidente de Cuba, Fidel Castro. Hoje à tarde faremos uma visita ao embaixador de Cuba no Brasil para levar nossa homenagem e solidariedade ao povo cubano. Muitos acham que agora o socialismo cubano acabou. Pelo contrário, simplesmente trocaram de Governo, mas a consciência cubana permanece socialista. E muitos partidos aqui comemoraram essa renúncia, por conta da saúde do Fidel Castro. E esses mesmos partidos têm seus militantes estudando medicina gratuita em Cuba. Os Estados Unidos comemoraram, achando que a revolução acabou, mas Cuba jamais será quintal do americanos, pois a revolução foi construída com o povo cubano desde a derrota do ditador Fulgêncio Batista, em 1959. A partir daí, Cuba estabeleceu o regime socialista. Lá não existe analfabetismo e a educação superior é acessível a todos. A saúde é uma das melhores do mundo. Cuba está passando por uma mudança em seu comando, mas o povo não muda a consciência revolucionária. Portanto, não importa quem seja o presidente, o socialismo está consolidado. Os médicos e dentistas cubanos trabalham em missões humanitárias em países da América Latina e da África, demonstrando a imensa solidariedade daquele povo para com os outros que sofrem as mazelas do regime capitalista onde a exclusão social estende seus tentáculos. 21 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O povo cubano é tão solidário com os outros países, que até jovens filiados a partidos brasileiros de direita, que são contra o regime socialista de Cuba, são enviados até lá para estudar medicina. A experiência vitoriosa da revolução cubana e seu legado histórico deixado para a humanidade têm, na presença de Fidel Castro, Che Guevara, Camilo Cienfuegos e tantos outros lutadores do povo, a luta por um mundo melhor, com uma sociedade com igualdade de direito para todos. Os Estados Unidos nunca admitiram que Cuba fosse livre, com seu povo soberano. Tentaram, através das armas, destruir a revolução popular. Depois veio o embargo econômico que dura até hoje, o qual proibiu os países de terem relações comerciais com Cuba. Apesar de tudo isso, Cuba resiste bravamente. Sua economia cresceu junto com os programas sociais e com seu povo. Sr. Presidente, Srs. e Srs. Deputados, Cuba está preparada e tem apoio popular para seguir adiante, resistindo e crescendo em qualidade de vida de seu povo e como exemplo para os outros países. Tenho certeza de que o Presidente Raul Castro seguirá firme e fiel o legado deixado por Fidel Castro. Viva Cuba! Viva o Socialismo! 22 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. DÉCIO LIMA (PT-SC. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, com o envolvimento de 15 Ministérios, o Presidente Lula lançou o Programa Territórios da Cidadania, que se diferencia dos outros programas sociais por não se limitar a enfrentar problemas específicos com ações dirigidas, e sim combinar diferentes ações para reduzir as desigualdades sociais, promovendo desenvolvimento harmonioso e sustentável. Foram escolhidos 60 territórios, por apresentarem o menor Índice de Desenvolvimento Humano — IDH e baixo dinamismo econômico, beneficiando cerca de mil municípios brasileiros, com 135 ações de desenvolvimento regional e de garantia de direitos sociais. Isso tudo, nobres colegas, visando à melhoria da qualidade de vida de milhões de brasileiros e superando de vez a pobreza no meio rural com planejamento que alia visão territorial e eficiência nos investimentos públicos. É um programa de profundas dimensões, caros colegas. Serão desenvolvidas ações combinando os financiamentos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar — PRONAF com a ampliação da assistência técnica; a construção de estradas com a ampliação do Programa Luz para Todos; a recuperação da infra-estrutura dos assentamentos com a ampliação do Bolsa Família; a implantação de Centros de Referência da Assistência Social — CRAS com a ampliação do Programa Saúde da Família, Farmácia Popular e Brasil Sorridente; e a construção de escolas com obras de saneamento básico e construção de cisternas. Isso é, Sr. Presidente, nada mais, nada menos do que um esforço concentrado do Governo Federal para superar de vez a pobreza no meio rural. Para 23 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 que o campo, Srs. e Sras. Parlamentares, consiga crescer junto com o restante do Brasil. No meu Estado de Santa Catarina, o Programa vai destinar mais de 108 milhões de reais para investimentos já definidos e orçados pelo Governo Federal, que serão aplicados em ações de apoio a atividades produtivas, de cidadania e desenvolvimento social e infra-estrutura, favorecendo agricultores familiares e pescadores. O meio oeste contestado (Chapecozinho) de Santa Catarina é um dos 60 territórios que serão atendidos em todo o País nessa etapa do programa e conta com 29 municípios. É indescritível a minha felicidade em ver que o povo de Santa Catarina, o meu povo, terá oportunidade de melhorar, de crescer, de se estabelecer como cidadão. Parabenizo o Presidente Lula por mais uma vez fazer do seu Governo um governo que pensa na população, um governo que fala a língua dessa gente que antes não era ouvida, um governo que enxerga as necessidades dos mais carentes, que não vira as costas para a população e que tem como missão combater a pobreza rural, por meio de estratégias de infra-estrutura, atividades produtivas e cidadania. Lamentavelmente, tomamos conhecimento de mais uma maldade da Oposição. Através do DEM, que é ex-PFL, ex-Arena, ex-UDN, deu-se entrada em medidas no Supremo Tribunal Federal para impedir a realização desse Programa, o que representa uma desfaçatez, pois na verdade revela a face fascista da oposição política ao Governo Lula, que, sob a pálida alegação de estarmos em ano eleitoral, 24 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 quer na verdade manter, como sempre mantiveram quando estavam no poder, os bolsões de miséria e pobreza nos rincões do nosso País. A Oposição tem feito mal ao povo brasileiro, continua com a mesma face de quando governava, ou seja, é excludente e insensível à vida humana, debocha do povo brasileiro para manter o princípio que sempre a conduziu, qual seja o da sujeição do povo sob os tacões ao preço duro da fome e da miséria. Porém, Srs. Deputados e Sras. Deputadas, eles não haverão de impedir a chegada da primavera a esses 24 milhões de brasileiros que clamam há décadas para que possam ter uma oportunidade neste País maravilhoso e que tanto amamos. Era o que tinha a dizer. Muito obrigado. 25 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 A SRA. JANETE ROCHA PIETÁ (PT-SP.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, registro a aprovação da Medida Provisória nº 398, de 2007, que cria a Empresa Brasil de Comunicação — EBC, que irá gerir a TV pública, marco na comunicação deste País. A Constituição Federal, que neste ano comemora 20 anos, prevê em seu art. 223, a regulamentação do sistema público de comunicação, que no Brasil está atrelado a não mais de 6 famílias, que detêm o monopólio da informação. A criação da TV pública representa um avanço da democracia no Brasil. Ressaltamos ainda a atuação do companheiro, Deputado Walter Pinheiro, Relator da matéria. Quero convidar todos os Srs. Parlamentares, principalmente a nobre Deputada Perpétua Almeida, minha companheira que está presente neste plenário, para a transformação da sessão plenária desta Casa, no dia 4 de março, às 9h, em Comissão Geral para tratar de temas importantes para as mulheres. A Comissão terá como debate principal o tema A Mulher nos Espaços de Poder e a Lei Maria da Penha no Combate à Violência. Em toda a história desta Casa nenhuma mulher teve assento à Mesa dos trabalhos deste plenário. É importante, Sras. e Srs. Deputados, tratar da questão da igualdade. Aproveito o ensejo para saudar o Presidente da Casa, Deputado Arlindo Chinaglia, pelo reconhecimento da importância da Comissão Geral. Obrigada. 26 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PEDRO FERNANDES (PTB-MA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Presidente Lula anuncia que está enviando para esta Casa a reforma tributária. Precisamos recepcionar este projeto, mas não considerá-lo pronto e acabado. Temos massa crítica nesta Casa para fazer um bom projeto de reforma tributária. É preciso dar condições aos agentes econômicos para melhorar sua produtividade. Precisamos discutir um novo pacto federativo, dando aos entes federativos melhor distribuição do bolo, assim como precisamos resolver o problema das desigualdades regionais. Se estabelecermos aqui uma melhor distribuição para os entes federativos, com certeza acabaremos com essa enorme pressão sobre o Orçamento federal. Precisamos tirar o pires da mão dos Prefeitos, dos Governadores e dar aquilo a que eles têm direito para realizar sua política. Só damos o ônus. Precisamos dar o bônus às Prefeituras e aos Governo Estaduais. Repito, temos massa crítica para fazer uma boa reforma tributária. 27 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. MANATO (Bloco/PDT-ES. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, nesta segunda-feira, no Município de Nova Venécia, foi inaugurado um CEFET, fruto de uma luta de toda a bancada do Estado do Espírito Santo no Parlamento. Sabemos que o Governo Federal está investindo no ensino técnico. Nossa bancada, com grande sensibilidade, sabendo que a região noroeste do Estado do Espírito Santo precisava de cursos técnicos e tendo em vista a exploração de granito na região, lutou muito por um CEFET. Parabenizo o Prefeito de Nova Venécia, a bancada parlamentar do Estado do Espírito Santo e o Governo Lula, que liberou a instalação dos CEFETs no Estado. Muito obrigado. 28 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. EUDES XAVIER (PT-CE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, registro a alegria de receber o Presidente Lula amanhã, na cidade de Quixadá, região do sertão central, Ceará, para o lançamento do Programa Territórios da Cidadania. Às 16h, S.Exa. entregará à Sra. Prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, as primeiras licitações referentes à obra do PAC do Saneamento na cidade. Muito obrigado. 29 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Gostaria de chamar a atenção do Plenário para o fato de haver mais de 25 oradores inscritos e pouquíssimo tempo disponível. Portanto, solicito aos Srs. Parlamentares que dêem como lidos seus pronunciamentos. 30 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Concedo a palavra ao ilustre Deputado Simão Sessim. O SR. SIMÃO SESSIM (PP-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, confesso que estou muito preocupado com a questão da dengue no Estado do Rio de Janeiro. Os dados oficiais divulgados recentemente já são para lá de alarmantes. Ou os governos tomam medidas rápidas e rigorosas em defesa da população fluminense ou, sinceramente, não sei aonde vamos parar. O próprio Superintendente de Vigilância Sanitária do Estado, Dr. Victor Berbara, tem dito publicamente, desde que o número de casos triplicou no Rio, que “a situação é preocupante”. Anteontem, por exemplo — torço até para que este número já não esteja defasado —, o perigosíssimo mosquito Aedes aegypti fez a sua 14ª vítima fatal deste ano de 2008, no Estado do Rio de Janeiro: acabou com a vida de um menino de apenas 6 anos de idade, morador de um bairro da Zona Oeste da capital fluminense. Aliás, Sr. Presidente, dos 12 mortos desde janeiro na capital fluminense, 9 foram crianças e adolescentes entre 2 e 15 anos, sendo que 7 tiveram a dengue hemorrágica, o tipo mais grave dessa doença que leva a população ao desespero. Só para termos uma pequena idéia da situação, em Nova Iguaçu, uma grande cidade da Baixada Fluminense, a dengue já havia aumentado a incidência em 1.367%, em janeiro deste ano, se comparadas as notificações registradas no município no mesmo período de 2007. Ou seja, foram 910 casos novos contra 62 do 31 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 ano passado. O quadro também é preocupante em 2 outras cidades da Baixada Fluminense: Duque de Caxias e São João de Meriti. O próprio Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, disse numa de suas visitas recentes ao Rio de Janeiro — se não me falha a memória, na sexta-feira passada —, entre outras coisas, que “os casos de dengue no Rio de Janeiro e na Região Norte do País estão na contramão dos dados nacionais. Até porque o número de casos da doença caiu em todo o Brasil, menos nos Estados do Rio de Janeiro e na Região Norte”. Na avaliação do Ministro Temporão, a questão de desordem urbana também estaria dificultando as ações do Governo no combate à doença, principalmente pela falta de infra-estrutura das regiões atingidas. Daí a importância do Programa de Aceleração do Crescimento, que começa a chegar a várias cidades do Estado. Tomara que este seja um dos fatores e que o Governo Federal ajude a mudar esse quadro, levando benefícios e tranqüilidade ao povo, que já não agüenta mais tanto sofrimento. Sr. Presidente, os problemas que favorecem a contaminação do mosquito Aedes aegypti são provocados, entre outras coisas, pelas deficiências na rede de água encanada e na coleta de lixo. Quanto mais comuns os cortes no abastecimento de água, por exemplo, mais a população é obrigada a ter reservas em latas e baldes, dentro, fora ou no entorno de suas casas. Se o entulho não é recolhido, o mosquito põe ovos na água que se acumula em objetos de plástico ou de vidro deixados ao relento. Mas, pelo sim, pelo não, eu não posso deixar de felicitar o Governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, que, da mesma forma preocupado com os rumos da 32 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 doença da dengue, acaba de tomar medidas bastante interessantes. Em uma delas, coloca um batalhão de 500 integrantes do Corpo de Bombeiros no combate ao mosquito, atacando o foco da doença em residências, depósitos públicos, escolas, hospitais e áreas particulares. A outra medida é mais dura e visa às pessoas que insistirem em obstruir o trabalho dos agentes de saúde no combate ao mosquito Aedes aegypti. O Governador enviou, na sexta-feira passada, projeto de lei que dispõe sobre a ação fiscalizatória do Estado. Isto é, prevê que proprietários, locatários ou responsáveis por imóveis serão obrigados a permitir o acesso das autoridades sanitárias competentes para a realização de inspeção, verificação, orientação, informação, aplicação de inseticida ou qualquer outra medida específica de combate à dengue. Diante disso, a recusa injustificada ao ingresso da autoridade sujeitará o infrator a multa entre R$200 e R$2 mil, no caso de imóveis residenciais, e de R$2 mil a R$20 mil, para os comerciais, variando de acordo com o grau de relevância das situações potencialmente causadoras de proliferação do mosquito. Parabéns ao Governador Cabral pela feliz iniciativa. Torço também para que o Governo Federal se envolva nesta luta, que é de toda a sociedade, e nos ajude a salvar vidas, proporcionando saúde, paz, tranqüilidade e felicidade ao povo fluminense. Muito obrigado. 33 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. CARLOS ALBERTO CANUTO (Bloco/PMDB-AL. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quarta-feira passada, 20 de fevereiro de 2008, participei da cerimônia de posse da nova diretoria do Conselho Federal de contabilidade, ocorrida em sua sede em Brasília. Com muito orgulho, vimos a nossa conterrânea Maria Clara Cavalcante Bulgarim assumir, pela segunda vez, por aclamação, a presidência daquele Conselho. Isso reflete a competência, a responsabilidade e o respeito que esta alagoana de fibra adquiriu perante seus colegas de profissão e a classe de modo geral. Não tenho dúvida de que isso mostra, cada vez mais, a participação e a influência da mulher nos órgãos federais. Parabenizo seus pais, Sr. Clarisso e D. Irene Bulgarim, pela maneira com que educaram e orientaram esta profissional que é destaque no cenário nacional; às mulheres, por mostrarem que a cada dia que passa têm ocupado posições relevantes na sociedade brasileira; a todos contabilistas, que por mais 2 anos terão seu Conselho conduzido de forma singular, sempre buscando a valorização da classe, e participando de maneira ativa do desenvolvimento do Brasil. Muito obrigado. 34 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. WILLIAM WOO (PSDB-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, para criar o “estado de sociedade” os homens abriram mão de interesses individuais e se submeterem à autoridade do coletivo, simbolizada pela lei. Para isso, delegaram para alguns o direito de falar em nome de todos e, desse modo, anunciar sua vontade. A soberania popular expressada, especialmente, pelos Parlamentares é a essência da democracia. Vítima do duplo sacrifício representado pelo pagamento do imposto e pela falta de assistência médica adequada às suas necessidades, o povo entendeu que a CPMF era uma contribuição desnecessária. Na qualidade de legítimos representantes do povo, os Congressistas repercutiram o clamor da sociedade, e a Câmara dos Deputados, primeiramente, e o Senado, depois, extinguiram a CPMF, impondo ao Governo derrota inesperada. Aparentemente perfeita por alcançar a todos os contribuintes e criada com a finalidade de gerar subsídios para melhorar a prestação dos serviços públicos de saúde, essa contribuição sofreu desvio de finalidade e passou a integrar a receita geral da União. Muito do pouco do arrecadado durante sua vigência foi aplicado na saúde. Lutei contra a CPMF e votei contra sua prorrogação e continuarei lutando contra a imposição de novos impostos ou aumento de alíquotas dos já existentes. Estou convencido de que o povo brasileiro não suporta mais pagar tantos tributos e receber serviço público de tão baixa qualidade. Os 40 bilhões da CPMF, que deixarão de integrar o Orçamento da União em 2008, retornarão ao bolso do contribuinte. Em forma de consumo ou de investimento, os 40 bilhões da CPMF que deixarão de integrar o Orçamento da 35 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 União em 2008 retornarão ao mercado. Não há por que se lastimar, uma vez que a rejeição desses ganhos na economia gerará receita tributária. A vontade dos contribuintes, expressada pelo Poder Legislativo, deveria ter dado ao Governo o necessário choque da realidade, para contenção de despesas e eliminação de gastos supérfluos. Não foi o que se viu. As novas regras contidas no chamado “pacote de ano-novo” não trouxeram nenhuma medida reveladora da vontade do Governo de assumir postura de austeridade na gestão da coisa pública. Demonstram tão-somente a volúpia arrecadadora, que coloca o Brasil entre os países com maior relação percentual entre carga tributária e PIB. Talvez por isso tenha o Governo pouco se importado com o fato de as medidas sobrecarregarem os contribuintes, além de aumentarem o custo e o preço final de insumos e produtos, com conseqüente queda da atividade econômica. No capítulo XVI de sua mais famosa obra, O Príncipe, Maquiavel ensina que o governante não pode priorizar gastos supérfluos, em detrimento do corte de despesas, cobrar altos tributos ou confiscar bens, sob pena de perder a estima de seus governados, por ter-lhes causado o empobrecimento. O Governo parece ter-se esquecido dessa lição! Infelizmente, o Governo entendeu a rejeição da CPMF como ato de rebeldia dos legisladores e não se apercebeu de que o voto contrário a sua pretensão traduzia a repulsa do povo por contribuição inócua. A edição do pacote econômico foi grave demonstração de menosprezo pelas instituições democráticas. O exercício da democracia exige a integração e a 36 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 interdependência dos três Poderes republicanos, mas acima de tudo impõe o respeito da vontade do povo. O povo brasileiro disse “não” à CPMF, e essa vontade precisa ser respeitada. Desdenhar o resultado do voto no Congresso é um ultraje à soberania popular que precisa ser repelido. O Poder Legislativo, atento a isso, lutará para que a harmonia e o equilíbrio das instituições democráticas sejam restaurados e resistirá para fazer prevalecer o repúdio do povo à exorbitante carga tributária que lhe é imposta. A CPMF está morta e não será de forma transversa que voltará a existir! 37 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. RENATO MOLLING (PP-RS. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho a esta tribuna para registrar o aniversário de 53 anos de emancipação de 3 importantes cidades gaúchas: Sapiranga, Rolante e Nova Petrópolis. É com muita satisfação que parabenizo a comunidade dessas 3 cidades pela sua luta e dedicação na construção da história e do sucesso dos municípios. Para que fique registrado nos Anais desta Casa, começo discorrendo sobre Sapiranga, cidade onde fui Prefeito por 2 mandatos, entre 1997 e 2004. Conhecida como a Cidade das Rosas e do Vôo Livre, Sapiranga se emancipou politicamente de São Leopoldo em 28 de fevereiro de 1955 e, desde então, através do esforço de sua gente, vem-se desenvolvendo e se destacando não só no cenário gaúcho como também nacional. A principal atividade econômica da cidade é a indústria, com ênfase para o setor calçadista, sendo uma das maiores exportadoras de calçados do Brasil. Ainda se destacam os setores de metalurgia e comércio. Com uma população de 75 mil habitantes, Sapiranga vem-se destacando nos últimos anos pelo seu sistema de ensino. Na educação, a parceria com o Instituto Ayrton Senna e a preocupação do município em sempre dar aos alunos educação de qualidade transformou essa cidade em destaque no cenário nacional, recebendo vários prêmios como referência em educação. Isso graças a uma visão de que os quase 12 mil alunos da rede municipal, os 750 professores e a estrutura física dos prédios onde funcionam as 12 escolas de educação infantil e as 20 escolas de ensino fundamental precisam ser valorizados e constantemente atualizados. 38 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Em maio de 2006, Sapiranga recebeu das mãos do então Governador Germano Rigotto o título de Cidade Alfabetizada, atingindo o percentual estabelecido pela ONU de mais de 98% de sua comunidade alfabetizada. Tudo isso graças ao esforço conjunto desenvolvido pela então administração municipal e o Grupo Sinos, através do Programa ABC Alfabetizando. Sapiranga conta com 9 postos de saúde totalmente equipados com o que há de mais moderno em termos de equipamentos para atender a sua população. Possui um hospital que atende também aos municípios de Araricá, Nova Hartz e região com extrema qualidade. A cidade ainda dispõe de um plantão municipal 24 horas, responsável pelo atendimento das urgências e emergências que ocorrem em Sapiranga e nas cidades vizinhas. O município dispõe de uma Unidade de Saúde Especializada e de um laboratório de análises clínicas municipais que fazem com que os pacientes tenham alta resolutividade de seus problemas médicos dentro da própria cidade. Sapiranga ainda dispõe de um centro de fisioterapia municipal, sendo o único município da região metropolitana a dispor desse serviço para sua comunidade, através da Prefeitura. Sapiranga ainda tem um projeto aprovado para tratamento de esgoto, o que irá torná-la uma das poucas cidades gaúchas a realizar o correto tratamento do esgoto cloacal, auxiliando na despoluição do Rio dos Sinos. O convênio firmado em 2004 com a FUNASA é de mais de 8 milhões de reais. O projeto é considerado o primeiro passo para que Sapiranga torne-se uma cidade com esgotamento sanitário totalmente tratado. 39 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Na área social, apesar da crise do setor coureiro-calçadista, sempre foram desenvolvidos programas e projetos para que não houvesse crianças de rua e tampouco andarilhos na cidade. Em 2006 a administração municipal foi qualificada pela Confederação Nacional de Municípios como a 5ª melhor administração do Rio Grande do Sul e a 10ª do País em atendimento aos índices de responsabilidade fiscal e social. Rolante, Sr. Presidente, iniciou sua história no ano de 1888, quando formouse o povoamento da sua sede no município de Santo Antônio da Patrulha. De acordo com alguns historiadores, os tropeiros que levavam gado do Rio Grande do Sul para São Paulo se reuniam em Viamão para seguir a Estrada Geral de Cristóvão Pereira de Abreu, na direção do território paulista. Esse roteiro, então, atravessava o território do atual Município de Rolante. Por volta de 1734 e 1735, quando de sua abertura, a Estrada Geral de Cristóvão Pereira de Abreu apresentava precárias condições de trânsito, embora fosse utilizada pelos viajantes que se dirigiam para o norte. Segundo informações, Ilha Nova, na área do atual campo de futebol do Avante, em Rolante, era um dos locais de pouso dos tropeiros. José Maciel Júnior, historiador, descendente da região, fala do nome Rolante: “O nome Rolante dá-se pelo fato de o arroio, que serve de divisa atualmente entre esse município e o de Santo Antônio da Patrulha ser impetuoso e violento no período de suas cheias, levando tudo de roldão.” A referência mais remota sobre a colonização de Rolante, consta da Revista do Arquivo Público do Rio Grande do Sul, nºs 06 a 12, que diz que a doação oficial 40 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 de terras a açorianos, em Rolante data de 1761, quando o então Governador Ignácio de Madureira concedeu terras a José Ferreira de Carvalho. Segundo informações orais, em 1882 teve inicio a chegada dos primeiros imigrantes alemães, vindos das colônias velhas e que se dirigiam para Alto Rolante, hoje Distrito de Rolante. O historiador Ademir Rost diz que em 1908 Giácomo Lodi, Carlos Franzoni e Miguel de Carli, donos de uma empresa colonizadora, adquiriram terras ao nordeste de Rolante, em local a 800 metros de altitude. Loteou as terras com o nome de Nova Trípoli. Segundo tradição oral, por volta de 1910, uma leva desses proprietários, na época da primavera, veio acompanhada de um sacerdote católico para Nova Trípoli. Ali os proprietários construíram suas casas e uma sociedade italiana, que chegou a ter bandeira e hino próprios. Essas terras de Nova Trípoli, já não pertencem a Rolante, ficaram com Riozinho. Sobre a sua formação étnica, com o interesse de Portugal em povoar o Rio Grande do Sul, primeiramente chegaram em Rolante os luso-brasileiros. A colonização do município teve o seu início em 1882 com a vinda das primeiras famílias de etnia germânica, os teuto-brasileiros. Os primeiros imigrantes alemães chegaram em Rolante no ano de 1924. Os primeiros imigrantes ítalo-brasileiros chegaram a partir de 1890. O território original de Rolante fazia parte integrante do município de Santo Antônio da Patrulha. Durante 71 anos, Rolante ficou pertencendo ao 1º Distrito de Santo Antônio da Patrulha. Em 28 de fevereiro de 1955, após inúmeras tentativas frustradas, Rolante emancipou-se de Santo Antônio da Patrulha. 41 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Atualmente, o município possui aproximadamente 21 mil habitantes. Sua área é de 296,99 quilômetros quadrados, sendo 78,2% de área urbana e 21,98% de área rural. Rolante limita-se ao norte com São Francisco de Paula, ao sul com Santo Antônio da Patrulha, ao leste com Riozinho e a oeste com Taquara. O núcleo urbano de Rolante está a 38 metros acima do nível do mar. Os pontos culminantes são o Pico do Canta Galo, com 855 metros, e o topo do Morro Grande, com altitude de 841 metros. A atividade econômica do município desenvolve-se principalmente através dos setores calçadista e moveleiro, além de trabalhadores na agroindústria. Para finalizar, Exmo. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, discorro sobre a cidade considerada o Jardim da Serra Gaúcha: Nova Petrópolis. Localizada na Serra gaúcha, Nova Petrópolis começou a ser colonizada em 1858 por imigrantes alemães oriundos da Pomerânia, Saxônia, Boêmia e do Hunsrück, dos quais descendem a maioria dos seus habitantes. Hoje sua população é de aproximadamente 18 mil moradores. Nova Petrópolis é também o berço do Cooperativismo de Crédito da América Latina. Em 28 de dezembro de 1902 foi fundada pelo Padre Suíço Theodor Amstad. O modelo cooperativo que deu origem ao Sistema Sicredi, que hoje propagou-se pelo País inteiro. No Parque Aldeia do Imigrante encontram-se entre outras atrações o Museu da Cooperativa, que existe até hoje, a Sicredi pioneira. O município produz laticínios, móveis, calçados e malhas, tendo no FESTIMALHA, que acontece em maio, junho e julho, um dos principais eventos da Serra Gaúcha. 42 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Nova Petrópolis está localizada na região nordeste do Estado do Rio Grande do Sul, nos altos da Serra Gaúcha. Faz parte do Projeto Rota Romântica e está na região das hortênsias. Em meio ao verde exuberante da Serra Gaúcha, Nova Petrópolis se destaca pela sua paisagem maravilhosa, casarios antigos, praças e jardins floridos por onde você poderá percorrer os caminhos da delícia e chegar ao nosso endereço. Atrações turísticas do município: Torre de Informações Turísticas; Parque Aldeia do Imigrante — Aldeia Histórica, museus, foto à moda antiga, lagos, lojas; Praça das Flores; Labirinto Verde; Morro da Árvore — Linha Imperial, a 6 quilômetros do centro; Praça Theodor Amstad — Linha Imperial, a 8 quilômetros do centro; Cascata Johann Grings — Linha Imperial, a 8 quilômetros do centro; Pinheiro Milenar — Linha Imperial, a 9 quilômetros do centro; Morro Malakow — Linha Brasil, a 21 quilômetros do centro; Pedras do Silêncio — Linha Brasil, a 23 quilômetros do centro; Panelão — Linha Araripe, a 23 quilômetros do centro; Ninho das Águias — Vôo Livre, a 8 quilômetros do centro. Eventos do Município: Feira de Verão e Verão Verde, com programações esportivas em janeiro e fevereiro; Magia da Páscoa, que se inicia uma semana antes da Páscoa; FESTIMALHA, feira de malhas que acontece no mês de maio; Folclore Alemão, realizado no mês de julho; Salão do Paisagismo, organizado no mês de setembro; Caminhos de Natal, com a participação de corais e conjuntos instrumentais, evento realizado no mês de dezembro. Eram essas as minhas considerações. Muito obrigado. 43 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. EDINHO BEZ (Bloco/PMDB-SC. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, 3 municípios decretaram estado de emergência devido à estiagem no Oeste de Santa Catarina: Seara, Ipumirim e Chapecó. Em Chapecó, maior município da região, cerca de 50 propriedades são abastecidas com caminhões-pipa. Isso representa 130 mil a 160 mil litros por dia. A agricultura também vai de mal a pior. E, segundo a EPAGRI de Chapecó, não há previsão de chuva forte nos próximos dias. Em lpumirim, 15 famílias da zona rural são abastecidas com caminhões-pipa. Há perdas, também, nas lavouras de milho e soja, além de queda na produção de leite, devido às pastagens secas. Mas a situação mais crítica é em Seara. O Rio Caçador, que abastece a cidade, está com apenas 10% da vazão, deixando 300 famílias sem abastecimento. A CASAN criou um rodízio de 12 horas com água numa região e 12 horas em outra. Também há racionamento em Maravilha e São Miguel do Oeste. Esperamos que essa situação se estabilize o mais rápido possível, e a defesa civil deve estar de prontidão para qualquer ação emergencial. Era o que tinha a dizer. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Conte com nossa solidariedade, Deputado. 44 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Concedo a palavra à Sra. Deputada Perpétua Almeida. A SRA. PERPÉTUA ALMEIDA (Bloco/PCdoB-AC. Sem revisão da oradora.) Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, participamos hoje de reunião conjunta das Comissões da Amazônia, de Desenvolvimento Urbano e de Meio Ambiente. E, juntamente com Parlamentares suecos, discutimos o desenvolvimento sustentável dos nossos países. Foram apontadas as políticas e os projetos que o Brasil tem promovido para garantir o desenvolvimento sustentável e ainda o enfrentamento relacionado às mudanças climáticas no que diz respeito à produção de energia na agropecuária e nas indústrias. Foi um debate interessante, ocasião em pudemos aprender e mostrar o esforço que o Brasil vem fazendo nesse sentido. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero dizer também que o Governo brasileiro encaminhou ao Congresso Nacional as Convenções 151 e 158 da Organização Internacional do Trabalho, as quais ampliam, sem dúvida alguma, os direitos e a proteção dos trabalhadores brasileiros, e devem ser ratificadas com a maior urgência. A Convenção nº 151 da OIT, voltada para a proteção dos servidores públicos, prevê a liberdade sindical em matéria de trabalho; proíbe a ingerência das autoridades públicas no funcionamento dos sindicatos; garante aos representantes sindicais tempo para cumprir suas atividades representativas durante o horário de trabalho mediante acordo e cria mecanismos de mediação, arbitragem, conciliação. 45 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 A Convenção nº 151 da OIT garante e consolida no Brasil a liberdade sindical no serviço público. É mais um instrumento em defesa do servidor, concedendo-lhe maior liberdade para lutar pelos seus direitos. No mesmo rumo, o Governo envia, também, a Convenção nº 158 da OIT, porém, esta possui abrangência muito maior, pois atinge servidores públicos e privados. É a mais polêmica, e, na nossa opinião, fomentou diversas declarações precipitadas. Determina no seu art. 4º que nenhum trabalhador deve ser despedido sem justa causa, entendendo-se como tal a ligada à sua capacidade ou ao seu comportamento ou, então, a fundada nas necessidades da empresa, do estabelecimento ou do serviço. As referidas necessidades para demissão justificada serão de natureza econômica, tecnológica, estrutural ou similar. A polêmica encontra-se exatamente, no que diz respeito à definição dessas necessidades. Porém, não vemos polêmica, é como esta definido. A empresa, justificando a necessidade econômica, tecnológica ou estrutural, poderá demitir, segundo a Convenção 158. No entanto, hoje, ela demite, e não precisa justificar nada. Simplesmente diz, você esta demitido e paga os 40% do FGTS. Por isso, o Brasil é um dos países com maior rotatividade de mão–de-obra do mundo. Nos últimos anos contratamos mais de 22 milhões de trabalhadores, porém foram demitidos algo em torno de 20 milhões no mesmo período, segundo dados do Ministério do Trabalho. Temos que evitar essa liberdade tão intensa das empresas com a exigência de justificativas para demitir um trabalhador. 46 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Em geral, o patrão demite um trabalhador com 5 anos de serviço, paga a multa rescisória, que não fica tão alta, e contrata um trabalhador mais jovem por um salário menor. Quando este vai atingindo mais ou menos 5 anos de serviços prestados, é demitido. E assim sucessivamente para evitar a estabilidade do trabalhador em razão da alta multa rescisória. Essa jogada pode ser minimizada com a ratificação da Convenção 158 da OIT. Muitos entendem que se esta aprovada for aprovada, acaba-se com a multa por demissão sem justa causa de 40% do FGTS prevista na Constituição. Esta multa somente será extinta ou alterada, ou transformada a partir da aprovação de um projeto de lei complementar, que regulamente os casos de demissão sem justa causa e suas regras. Uma convenção, que tem força de lei ordinária, não altera a multa. Vale a Constituição. A verdade é que os empresários buscam jogar uma nuvem de fumaça no debate. Artigo do jornal Valor destaca posição desse segmento: ''Essas normas são um retrocesso e prejudicam o ambiente de negócios”, chiou Armando Monteiro Neto, presidente da Confederação Nacional das Indústrias (CNI). Para ele, o presidente Lula, que teve '’bom senso na macroeconomia', sofreu uma 'recaída' e voltou as suas origens sindicais, propondo medidas que elevam os custos do trabalho e prejudicam a competitividade das empresas capitalistas”. Proteger o trabalhador da demissão imotivada é equilibrar as relações de trabalho e tirar a palavra final do patrão. Este pode demitir, mas terá que justificar e 47 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 pagar a multa de 40%. A situação ficará mais equilibrada e a rotatividade que precariza os salários e as relações no mercado ficarão mais justas. Temos que lutar pela aprovação das Convenções 151 e 158 que constituem avanços significativos e protegem o trabalhador brasileiro. Muito obrigada. 48 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. SÉRGIO BARRADAS CARNEIRO (PT-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero destacar hoje que mais de 1 bilhão de reais serão investidos na Capital baiana, Salvador, e em diversas cidades do interior do Estado pela EMBASA — Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A., da Secretaria do Desenvolvimento Urbano do Estado, até 2010. São 55 obras para todo o Estado já em processo de licitação, visando à melhoria dos serviços de abastecimento de água e ampliação do esgotamento sanitário, dentro do Programa Água para Todos. Em parceria com o Governo Federal, está sendo feito na Bahia um investimento inédito em saneamento. Para a Capital, constam a implantação de mais 3 bacias de esgotamento e o aumento de ligações domiciliares no sistema de esgotos de Salvador, para ampliar a cobertura de atendimento com serviços de coleta e despoluir os rios da cidade. Também serão contempladas ilhas da Baía de Todos os Santos (Bom Jesus dos Passos, Frades e Maré), com redes de coleta e destinação adequada de esgotos domésticos e ampliação do esgotamento de Municípios na zona de influência do Rio Paraguaçu e da Baía. Cidades como Itaparica, Vera Cruz, Maragogipe, Candeias, Muritiba, Santo Amaro, São Francisco do Conde, São Félix, Cachoeira, Cruz das Almas e minha querida Feira de Santana também serão contempladas, além de Municípios do interior do Estado, como Guanambi, Paulo Afonso, Vitória da Conquista, Itaberaba, Santo Antônio de Jesus, Teixeira de Freitas, Tucano, Barra do Choça, Itamaraju, Jequié e Porto Seguro, que receberão obras de ampliação de sistemas de esgotamento sanitário. 49 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 As novas obras, quando executadas, garantirão maior qualidade de vida à população baiana, em mais uma iniciativa conjunta dos Governos Estadual e Federal. Era o que tinha a registrar. Muito obrigado. 50 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. CHICO LOPES (Bloco/PCdoB-CE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, parabenizo o Prefeito Humberto Menezes, do Município de Araripe, localizado ao sul do Estado do Ceará. Naquele município, juntamente com o Deputado Estadual Lula Morais, fizemos uma avaliação das áreas de saúde e educação e constatamos que atingimos as metas propostas nas eleições passadas, embora ainda tenhamos problemas com o abastecimento d’água. O Governo do Estado, por intermédio da CAGECE, companhia responsável por esse tipo de atividade, deverá sanar esses problemas. Deixo aqui um abraço ao povo do Cariri. Sabemos que vamos atingir todas as metas que foram prometidas nas eleições anteriores. Muito obrigado. 51 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. ARNALDO MADEIRA (PSDB-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, tivemos hoje a primeira reunião da Comissão Especial da PEC nº 511/2006, oriunda do Senado Federal, que trata do instituto da medida provisória. Procurei me manifestar sobre o tema tendo em vista sua relevância na organização do Estado Brasileiro e a polêmica hoje presente na sociedade pelo exagero no uso de medidas provisórias pelo Executivo. Com a promulgação da Constituição Federal, em 5 de outubro de 1988, criou-se uma nova espécie normativa em nosso sistema (art. 59, V), em substituição ao decreto-lei. Estabeleceu-se, então, a possibilidade de o Presidente da República adotar, em caso de relevância e urgência, medidas provisórias com força de lei (art. 62 da Constituição). Ficou previsto, também, que essas medidas devem ser submetidas de imediato à apreciação do Congresso Nacional e que a não-conversão em lei, no prazo de 30 dias, acarreta a perda da eficácia, desde a edição (art. 62, parágrafo único da Constituição). A Emenda Constitucional nº 32, de 2001, diminuiu a exagerada discricionariedade na edição de medida provisória, prevendo limitações materiais e a impossibilidade de reedições. Além das restrições materiais, o legislador também impôs limites temporais (60 dias, prorrogáveis uma vez por igual período). Pois bem. Essas disposições, que parecem tão clarividentes ao mais leigo dos leitores, não estão sendo interpretadas dessa forma pelos Poderes Executivo e Legislativo e, em certas ocasiões, pelo Poder Judiciário, o que tem provocado severos prejuízos às instituições do País. A Câmara dos Deputados, em clima de festa, com a presença do Presidente Arlindo Chinaglia, instalou, em 13 de fevereiro de 2008, Comissão Especial 52 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 destinada a proferir parecer à Proposta de Emenda à Constituição nº 511, de 2006, do Senado Federal, que altera o art. 62 da Constituição Federal para disciplinar a edição de medidas provisórias. Preside a Comissão o Deputado Cândido Vaccarezza (PT/SP) e relata a matéria o Deputado Leonardo Picciani (PMDB/RJ). A essa proposta estão apensadas outras 29 iniciativas originárias na Câmara dos Deputados, com vista a disciplinar a matéria, com foco nos seguintes pontos principais: a) eliminar a espécie normativa em nosso sistema; b) ter eficácia somente após a aprovação da admissibilidade; c) fixar número de edição com tramitação simultânea; d) retirar o trancamento da pauta das Casas do Congresso Nacional; e) ter tramitação alternada nas Casas; f) e ampliar lista de vedação material. Além de ampliar a lista de vedações materiais, o que fazer? Em nossa opinião, avançaremos se as instituições brasileiras adotarem efetivamente a teoria da tripartição dos poderes, na qual o Legislativo cria as normas que disciplinam o convívio social, o Executivo as cumpre, através da administração, e o Judiciário fiscaliza e resolve os conflitos gerados em virtude da violação das normas. Ou seja, o Legislativo precisa fazer a sua parte. Na situação atual, começar a impugnar MPs editadas sem os pressupostos constitucionais. Simples, não? Mas muito difícil politicamente. A medida provisória é exceção constitucional ao princípio da separação dos poderes e, por isso, exige-se a sua submissão ao crivo do Congresso Nacional, somente tendo perfeição se aprovada no prazo de 60 dias, prorrogável uma vez por 53 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 igual período, precedido de juízo prévio sobre o atendimento de seus pressupostos constitucionais (relevância e urgência). Além de que, caso haja lesão ou ameaça a direito (art. 5º, inciso XXXV) provocada por medida provisória, esta não foge da apreciação judiciária. 54 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. LUIZ BASSUMA (PT-BA.) - Sr. Presidente, no dia 5 de março, o Supremo Tribunal Federal fará, talvez, um dos julgamentos mais importantes de sua história. Decidirá a Suprema Corte sobre pesquisa com células-tronco prevista na Lei de Biossegurança, que, no entender dos que defendem a vida desde a concepção, fere o art. 5º da Constituição Federal. Ao julgar essa matéria histórica e fundamental, a Suprema Corte acabará criando uma jurisprudência no Brasil sobre a origem da vida. Não se trata, portanto, de uma decisão qualquer, pois foram ouvidos dezenas de cientistas. A propósito, ressalto o lançamento, em novembro do ano passado, da última pesquisa na área. Os cientistas James Thompson e Shynia Yamanaka, candidatos ao Prêmio Nobel, descobriram a possibilidade de curar doenças com o uso de células adultas. Assim sendo, não mais será preciso utilizar as chamadas células embrionárias. Muito obrigado. 55 55 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. DARCÍSIO PERONDI (Bloco/PMDB-RS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a questão sobre a célula-tronco embrionária foi votada há 3 anos. Após ouvirmos a sociedade, votamos a Lei de Biossegurança. Tenho certeza de que, na próxima quinta-feira, o Supremo Tribunal Federal vai confirmar o que querem a sociedade e este Parlamento. A célula-tronco embrionária nada tem a ver com o útero da mãe nem com aborto, porque é fruto dos embriões descartados e jogados no lixo. Nada passa pelo ventre da mãe. Isso ficou muito claro. Esta Casa terá de se manifestar até quinta-feira para que o Supremo Tribunal Federal renegue essa ADIN. Os cientistas precisam trabalhar, pois milhares de crianças e adultos portadores de doenças genéticas há 15, 20 anos esperam ser curados mediante a aprovação dessa lei. 56 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. NELSON PELLEGRINO (PT-BA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero lamentar mais um acidente ocorrido numa fábrica de fogos clandestina no Município de Santo Antônio de Jesus. Em 1998, foram 42 vítimas, na sua maioria mulheres e crianças. Agora, novo acidente com 2 vítimas, uma delas está com 80% do corpo queimado. Isso está a exigir uma providência mais enérgica dos Governos Federal, Estadual e Municipal para conter a fabricação clandestina de fogos no Município de Santo Antônio de Jesus, o que tem tirado a vida e a integridade física de centenas de pessoas daquela região. Por último, quero parabenizar o Presidente Lula pelo lançamento do Programa Territórios da Cidadania, que se propõe a ser mais uma ação de combate à miséria e à pobreza em nosso País. A Bahia foi contemplada com esse programa, e lá estaremos, juntamente com o Presidente Lula, no momento de seu lançamento. 57 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. ÁTILA LINS (Bloco/PMDB-AM. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, no último final de semana, participei de solenidades nos Municípios de Atalaia do Norte, Benjamin Constant e Tabatinga. Em Atalaia do Norte, participei da inauguração de uma escola com 4 salas de aula, juntamente com o Prefeito Rosário Conte Galate Neto. Também foi concluída a construção da orla, o que embelezou a frente da cidade. Assisti, ainda, à sexta edição dos Jogos Três Fronteiras. Em Benjamin Constant, na Comunidade Prosperidade II, foi inaugurada mais uma escola pelo Prefeito José Maria Freitas da Silva Júnior. Em Tabatinga, o Prefeito Joel Lima, o Vice-Prefeito Carlos Donizetti Gomes e toda a sua equipe inauguraram uma praça de alimentação, que, com certeza, permitirá lazer e entretenimento aos tabatinguenses. O povo ficou realmente contente com todas essas obras. 58 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Antes de conceder a palavra ao próximo orador, o nobre Deputado Roberto Britto, reitero aos oradores de que este é o momento de dar como lido os respectivos pronunciamentos, e faltam apenas 3 minutos deste período. 59 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Concedo a palavra ao Sr. Deputado Roberto Britto. O SR. ROBERTO BRITTO (PP-BA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, no dia 16 de fevereiro próximo passado, no Município de Jequié, Estado da Bahia, foi inaugurado o Centro de Atividades do SESC, instituição grande prestadora de serviços ao comércio. O Centro de Atividades inaugurado possui, além de equipamentos necessários para tratamento médico, auditório com 200 lugares, galeria de arte, salas de educação infantil e de educação complementar (habilidades de estudo e alfabetização de jovens e adultos), salas de curso de valorização social e desenvolvimento artístico, parque aquático, quadra poliesportiva coberta, consultório odontológico com 2 equipes, consultório médico, biblioteca, enfim todas as condições necessárias para uma boa prestação de serviços aos comerciários. Parabéns ao SESC por mais essa iniciativa em Jequié. 60 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. AFONSO HAMM (PP-RS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, assomo à tribuna para trazer importante informação ao setor pecuário brasileiro. A União Européia, nesta quarta-feira, voltou a permitir as importações de carne de 106 fazendas brasileiras. A informação foi da porta-voz européia de Saúde e Proteção ao Consumidor da Comissão, Nina Papadoulaki. Na última sexta-feira, 22 de fevereiro, as autoridades brasileiras enviaram à Comissão Européia, órgão executivo da União Européia, uma lista provisória de 106 fazendas, com os correspondentes relatórios das auditorias que garantem que elas cumprem todos os requisitos para exportar carne para o Bloco. Com a nova lista aprovada, o Brasil poderá voltar imediatamente a exportar para a União Européia carne in natura produzida nessas fazendas. O embargo à carne brasileira começou desde o dia 1º de fevereiro. A suspensão das vendas desse produto à União Européia tem gerado, diariamente, um prejuízo de 5 milhões de dólares. Nobres colegas, mesmo com esse anúncio, o roteiro da missão européia que está no Brasil desde o início desta semana permanece. Neste 27 de fevereiro, os 2 veterinários europeus que estão no Brasil começam a inspecionar os sistemas de controle sanitário de uma amostra de 30 estabelecimentos escolhidos entre os listados nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás e Mato Grosso. Um novo grupo de técnicos e veterinários da UE chega no início da próxima semana para seguir as avaliações nas propriedades rurais até o dia 14 de março. 61 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 A nossa expectativa é que essa visita traga resultados positivos para o Brasil e que sejam incluídas mais fazendas aptas a exportarem carne para aquela comunidade. Ao finalizar, queremos destacar o empenho político da Comissão de Agricultura, o empenho técnico do Ministério, bem como o trabalho realizado pelos pecuaristas não só do meu Estado, Rio Grande do Sul, mas de todo o País. Sr. Presidente, peço a V.Exa. a divulgação deste pronunciamento nos meios de comunicação da Casa. Era o que tinha dizer. 62 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. CARLITO MERSS (PT-SC. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, solicito a transcrição nos Anais desta Casa e a divulgação nos órgãos de comunicação de artigo de Elaine Tavares, intitulado Promessa de Mudança!, jornalista que integra o Observatório Latino Americano da UFSC, instituição que faz importantes reflexões sobre a realidade social e econômica da América Latina. Elaine analisa com grande propriedade o significado da política de cotas na Universidade, política de discriminação positiva que visa reverter a exclusão racial do ensino superior no País. O texto aborda com serenidade este polêmico instrumento que, não raras vezes, vem provocando acalorados debates e suscitado a intransigência e o preconceito. Entendo que é importante mesmo, neste momento de ampliação e reestruturação do ensino superior público, debatermos com tranqüilidade esse tema de tamanho impacto social e vital para a definição da universidade que queremos. Parabéns à jornalista Elaine Tavares! Espero que suas considerações ganhem numerosas mentes. Obrigado. ARTIGO A QUE SE REFERE O ORADOR Promessa de mudança! Elaine Tavares Ele pareceria um rei, tamanha a beleza. A bermuda despojada, uma camisa em tom pastel e um boné surrado que gritava, em vermelho sangue, uma palavra muito pouco ouvida na universidade: favela. Ele era um, em meio a uma centena de jovens negros que lotavam o auditório da reitoria da UFSC para um dia histórico. O 63 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 dia em que negros e negras, muitos deles empobrecidos, entraram na universidade, não para uma visita ou para servirem de objetos de estudo, mas para ser aluno, fazer um curso superior. É que, pela primeira vez, a UFSC destinou cotas para negros no seu vestibular de ingresso. Na comissão de professores que atendia, um por um, os calouros, era visível a alegria e o orgulho de ver uma luta de anos, finalmente sendo concretizada na prática. Havia sorrisos, apertos firmes de mão e até abraços. Pelo auditório, passeavam outras cores, cabelos cheios de tranças ou dreads, colares étnicos, risos. Eram negros, centenas, e não aquela meia dúzia, em geral africanos, que a comunidade universitária está acostumada a ver pelo campus. Eu penso que não deveria haver cotas para negros, nem para índios, nem para estudantes da escola pública. Mas, enfim, desde que a universidade surgiu existe uma reserva de cotas. É a cota dos que fazem cursinho pago. Dos que podem ter bons colégios particulares. Então, isso sempre existiu. E, já que existiam cotas para os ricos, é muito justo que exista também para os negros, para os índios e para os que estudam em escola pública. No regime excludente da universidade pública, estas cotas instituídas agora são muito justas sim. E podem gritar os racistas, os neonazistas, e todos os outros "istas" que existem por aí, enrustidos ou não. É claro que a luta deve ser por escola para todos. Todo e qualquer ser humano que viva aqui nestas terras devia ter direito a uma universidade pública e de qualidade. Porque gratuita ela não é. Todos nós pagamos para que poucos possam ter uma formação. E até hoje, os empobrecidos, os negros e os índios (estes na sua maioria também empobrecidos) não tinham essa chance. Não conseguiam passar a barreira da cota dos cursinhos. Quem pode ter duzentos, trezentos reais, para pagar por mês um curso preparatório? As cotas são um paliativo. Sim, são. Mas elas podem ser fermento de mudança, elas podem escancarar a chaga escondida do racismo. Ontem, na UFSC, eu vi. Aqueles garotos e garotas negros, sempre marcados pelo preconceito, pela exclusão, unicamente por conta da cor, agora estão dentro da universidade. Não que isso seja muita coisa. Não que seja bom para eles. É bom para a universidade, isto sim! Esta universidade racista, conservadora, por vezes reacionária, precisava 64 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 se abrir ao outro, ao que sempre esteve fora por conta da sua condição econômica. Esta universidade precisa conviver com a gurizada que vem das escolas públicas, com as gentes das comunidades de periferia, com garotos como aquele do boné que grita: favela! E tudo o que eu queria ver era esses garotas e garotas negros trazerem para dentro dos muros do campus sua música, sua cultura, suas raízes, seu riso, sua crítica, sua raiva, sua doçura, sua esperança, seu jeito de viver. E tudo o que eu quero é que eles não fiquem como a maioria dos universitários: apáticos, egoístas, ambiciosos, pensando só no mercado. Eu quero que eles possam revolver conceitos, inventar o novo. Eu fiquei olhando para eles, mergulhada em emoção e sonhando. Ainda são poucos, muito poucos, mas podem fazer um grande estrago. Sempre digo que a universidade, tal como é, precisa morrer. Há que nascer uma universidade diferente, capaz de pensar a vida real, capaz de caminhar nas estradas secundárias, capaz de construir uma nova sociedade. Não sei por que, mas creio que pode começar agora. Quando as gentes da periferia, os que estão excluídos da vida digna, os índios massacrados, entrarem e seguirem sendo eles mesmos, ajudando a inventar um tempo novo. Assim, ontem, num átimo, me voltou a esperança. 65 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. ARNALDO JARDIM (PPS-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, segunda-feira, dia 25 de fevereiro, participei da posse da nova diretoria da Sociedade Rural Brasileira. Dada a qualidade do pronunciamento feito pelo novo Presidente, o prezado amigo e líder Dr. Cesário Ramalho da Silva, procedo à sua leitura, para transcrição nos Anais da Casa: “É com alegria que agradeço a presença dos senhores e senhoras. Nesta noite, mais uma vez, a nossa Rural recebe velhos e novos amigos, antigos, atuais e futuros colaboradores. Sou o vigésimo sexto presidente desta casa, e quero agradecer a confiança do Conselho que me elegeu, do qual fazem parte nossos exPresidentes. A Rural é uma maratonista na defesa do agronegócio brasileiro. Largamos há 89 anos e continuamos com o mesmo fôlego do arranque inicial. O agronegócio precisa criar, manter e fortalecer vínculos com os seus públicos estratégicos: consumidores, setor financeiro, governos, academia, para destacar alguns, que compõem o estrato da chamada opinião pública. É a troca saudável de interesses mútuos que gera sintonia e dá impulso à prosperidade. Dialogar sistematicamente com esses públicos é trabalhar para que a realidade do agronegócio seja melhor compreendida, o que será favorável à imagem do 66 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 setor. Como uma célula da sociedade, o agro precisa funcionar como um organismo aberto, que interage, para que sobreviva, evolua, cresça, se eternize. O futuro de qualquer negócio é relacionamento. A suspensão das exportações de carne bovina para União Européia é um imbróglio de protecionismo. Mas seria menos embaraçoso se o relacionamento interno da cadeia produtiva das carnes, do setor com o Governo, do setor e do Governo brasileiro com compradores, consumidores europeus e autoridades internacionais fosse melhor conduzido. Para todos os setores, é preciso melhorar as negociações internacionais. Precisamos dos adidos agrícolas. Hoje, o maior desafio do agronegócio é crescer de forma sustentável, do ponto de vista econômico, social e ambiental, oferecendo renda ao seu principal agente, o produtor rural. Nós, agricultores, dependemos do meio ambiente. As mudanças climáticas em curso afetam concretamente a agricultura. Pesquisadores do IAC, da Embrapa e de outras instituições estão debruçados nessa matéria, revendo o zoneamento agrícola e buscando formas sustentáveis de utilização da floresta. Deixo claro que o 67 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 desmatamento ilegal na Amazônia não é praxe e, acima de tudo, não atende aos interesses do agronegócio. Hoje, não basta mais produzir com qualidade a baixo custo e vender pelo melhor preço. A sociedade incorporou ao seu cotidiano outros valores como referenciais para suas escolhas. Ganham peso nos negócios a inovação, a comunicação, a responsabilidade social e com o ambiente, a segurança, a empatia, valores considerados intangíveis. O agronegócio cresceu, gerou empregos, superávits comerciais — que contribuíram para que o País suportasse crises internacionais —, abriu mercados para o Brasil, promoveu desenvolvimento no interior e colocou alimento mais barato na mesa do consumidor. A atividade rural se modernizou, adotou novas técnicas, modelos de gestão, mas a renda do produtor andou para trás. Descapitalizado pelos resultados negativos dos últimos anos, principalmente por fenômenos conjunturais desfavoráveis de clima e câmbio, o produtor sofre ainda com o endividamento — em muitos casos por correções monetárias absurdas —, com a má distribuição de renda na cadeia produtiva e com os gargalos estruturais, o chamado Custo Brasil. Carga tributária asfixiante, juros 68 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 altos, seguro rural incipiente, deficiências na defesa sanitária, infra-estrutura logística precária, legislação trabalhista conflitante com as particularidades do trabalho rural, equívocos, complexidade e burocracia na legislação e na condução da política ambiental também se configuram como vilões para a renda do produtor. A safra atual e a anterior apenas têm forças para recompor perdas passadas. O produtor não “precifica”, é “precificado”. As principais commodities têm seus valores definidos nas bolsas internacionais, suscetíveis às mais diversas variáveis globais de clima, oferta, demanda, vaivém das negociações nos mercados, entre outras questões. O produtor vive um paradoxo. Ao mesmo tempo em que é o personagem mais importante da cadeia produtiva é o elo mais fraco, espremido entre o poder financeiro de grandes grupos fornecedores de insumos, conglomerados agroindustriais e gigantes varejistas. Lembro ainda que vivemos com a ameaças ao direito de propriedade e com a intranqüilidade gerada pela insistência do Governo Federal em um modelo agrário falido, que afasta investimentos e coloca as pessoas sob o guarda-chuva do assistencialismo e não no caminho da emancipação. 69 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Afirmo também que é preciso acabar com a dicotomia de dividir a agricultura em duas. Enxergar a produção familiar como rival da empresarial é um erro. São atividades complementares, que, juntas, formam o agronegócio. Sejamos claros: O agronegócio deu mais ao País do que o Estado foi capaz de assimilar e retribuir e a sociedade de compreender. Desta forma, é para aumentar a percepção dos benefícios da transferência de renda do agro para a sociedade que a Rural foca seu trabalho. E para essa missão continuará a contar patrimônio: seus com o seu precioso associados, que contribuem espontaneamente. O apoio de caráter voluntário de seus sócios dá legitimidade aos posicionamentos da Rural. Obtivemos extraordinários ganhos de produtividade na agricultura e pecuária graças às pesquisas científicas, que resultaram no domínio da tecnologia de produção nos trópicos. Os países desenvolvidos têm condições tecnológicas de reverter as vantagens comparativas que temos na produção rural. O Brasil tem que investir mais e mais em pesquisa. Os Estados Unidos estão gastando US$2 bilhões em tecnologia e pesquisa para o etanol. Nós investimos menos de 10% desse valor. Para não perdermos a posição privilegiada conquistada no 70 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 comércio internacional, precisamos ousar. O Brasil precisa de um projeto de futuro: Investir muito mais em ciências agrárias, em biotecnologia. Tudo indica expansão do consumo de alimentos e fibras, tanto em nível doméstico, quanto mundial, bem como forte demanda pela agroenergia. Nos próximos anos, o Brasil vai ampliar sua participação no mercado mundial. Mais 47 milhões de toneladas de produtos agrícolas. Mais 23,5 bilhões de dólares de receita. O agronegócio brasileiro continuará crescendo. Crescerá muito mais. Com a união de todos, superaremos velhos e novos problemas. Muito obrigado!” A Diretoria empossada está assim composta: Presidente - Cesário Ramalho da Silva. Vice-Presidentes - Gustavo Diniz Junqueira, Joaquim Álvaro Pereira Leite e Roberto Penteado de Camargo Ticoulat. Diretoria Executiva - Alexandre Domingues Bellizia, Clóvis Ferreira de Morais Jr., Eduardo Soares de Camargo, Gino de Biasi Neto, Rubens de Vilhena Resstel. Diretores de Departamento: Departamento de Café - Luiz Marcos Suplicy Haferrs, Marcelo Weyland Barbosa Vieira, Henrique de Souza Dias, Linneu Carlos da Costa Lima. Departamento de Pecuária de Corte - José Páscoa Teles de Menezes, José Otavio Junqueira Franco. 71 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Departamento de Pecuária de Leite - Jorge Rubez. Departamento de Cotonicultura - Carlos Alberto Menegati. Departamento de Avicultura - Erico Antônio Pozzer. Departamento de Pecuária das Raças Zebuínas - Carlos Viacava, José Amauri Dimarzio. Departamento de Fruticultura - Marcos Schrank Araújo. Departamento de Silvicultura - Silvio Andrade Coutinho, Rubens Garlipp, Guilherme Archer Castilho. Departamento de Relações Corporativas - Antonio de Paiva Neto. Departamento de Cana-de-açúcar e Álcool - Maurilio Biaggi Filho, José de Sampaio Góes, Manoel Carlos Azevedo Ortolan, Marcelo Weyland Barbosa Vieira, Eduardo Pereira de Carvalho. Departamento de Citricultura - José Olímpio Malta, Roberto Cano de Arruda, Joaquim Álvaro Pereira Leite, Flávio de Carvalho Pinto Viegas. Departamento de Eqüinocultura - Flávio Fioravanti Junior, Luiz Marcos Suplicy Hafers, Flávio Diniz Junqueira. Departamento de Economia Rural e Relações Internacionais - Pedro de Camargo Neto. Departamento de Crédito Rural - Renato Diniz Junqueira, Oswaldo Tonani de Carvalho. Departamento de Insumos Agrícolas - Eduardo Daher, Cristiano Walter Simon. Departamento de Mecanização Rural - Franciso Matturro, Daniel de Souza Dias. 72 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Departamento de Suinocultura - Roberto Cano de Arruda. Departamento de Cooperativismo - Evaristo Câmara Machado Neto, Américo Utumi. Departamento de Heveicultura - Clovis Ferreira de Morais Jr., Carlos Alberto Brito Soares. Departamento de Meio Ambiente e Conservação do Solo - José de Sampaio Góes, Rubens Garlipp, Jose Álvaro Pereira Leite, Marcelo Weyland Barbosa Vieira. Departamento de Serviço Social Rural e Feminino - Maria Isaltina de Almeida Prado Desejo a todos sucesso neste trabalho em prol da agropecuária e do Brasil! 73 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. WALDIR MARANHÃO (PP-MA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Líderes de partido, nobres Deputadas e Deputados, talvez o fato mais importante deste ano tenha sido anunciado pelo jornal Gramma, de Cuba. O ditador Fidel Castro, há 49 anos no poder no pequeno pedaço do Caribe, está se aposentando. A socióloga Maria Lúcia Victor Barbosa, autora do América Latina — Em Busca do Paraíso Perdido, lembra num artigo publicado nesta semana no site ucho.info que Fidel e seus guerrilheiros provocaram entusiasmo e simpatia. A população cubana apoiou, através de suas organizações. O líder prometia trazer para o país progresso e justiça ao derrotar o ditador Fulgêncio Batista. Também a América Latina sucumbiu ao carisma daquele salvador da pátria que prometia restituir a Cuba as liberdades que a ditadura de Batista confiscara ao povo. Entretanto, como é comum acontecer nas revoluções, Fidel Castro traiu os anseios dos cubanos e se tornou um dos mais sanguinários ditadores latino-americanos. Antes paladino da liberdade subtraída por Batista, no poder reprimiu com mão de ferro os que não concordavam com ele, recorda a socióloga Maria Lúcia. Conforme dados citados por Reinado Azevedo em artigo na Veja, “Fidel mandou matar em julgamentos sumários 9.479 pessoas. Estima-se que os mortos do regime cheguem a 17.000”. E conforme a profecia de Cataneo, 2 milhões de cubanos fugiram para os Estados Unidos. Não foram poucos os que morreram tentando a travessia para a liberdade. 74 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Entretanto, apesar da “abertura econômica”, o povo cubano vive numa pobreza franciscana e afastado dos “negócios entre amigos” processados pelo Governo. Contrastando com a miséria de sua gente, Fidel Castro foi classificado pele revista Forbes como o sétimo homem mais rico do mundo. Quanto aos nativos, é proibido freqüentar os melhores lugares da Ilha, todos reservados aos estrangeiros a poder do turismo e dos seus efeitos colaterais, a prostituição. É difícil imaginar o que pode acontecer com esse pequeno país idolatrado pela esquerda brasileira. Símbolo da resistência do comunismo mundial, é o último a cair aos frangalhos. É vítima de uma doutrina que não tem mais espaço diante de uma frenética globalização mundial, que ultrapassa interesses comerciais e monetários. Afeta também costumes, relacionamentos interpessoais e a maneira como vemos as coisas. Com a saída do ex-estudante de Direito, abre-se a porta, outra vez, para que o país caribenho volte a ser a atenção de todo o continente. É bem provável que a transição de poder não acabe pela força das armas, mas pelos interesses dos negócios. Torçamos para que esse simpático país encontre seu caminho, seu desenvolvimento econômico e sua democracia. O Brasil tem seu papel nessa transição entre Fidel e seu irmão, que promete ser mais liberal. Se formos mais pragmáticos, o Brasil pode capitalizar politicamente nessa transição, fazendo valer sua força em toda a região. A nossa diplomacia já deu inúmeros exemplos de competência e, certamente, será mais uma vez capaz de contribuir nesse novo processo cubano. Muito obrigado. 75 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. ROGÉRIO MARINHO (Bloco/PSB-RN. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, sirvo-me neste momento da tribuna da Casa para ressaltar e louvar o gesto deste Congresso, por intermédio de suas Lideranças maiores, o Senador Garibaldi Filho e o Presidente da Câmara, Deputado Arlindo Chinaglia, que em boa hora se insurgem contra esta prática que consegue engessar nosso Parlamento: o excesso de medidas provisórias. Estou no Parlamento há pouco mais de 1 ano e vejo de maneira reiterada que a pauta desta Casa tem sido determinada pelo Executivo. A Comissão instalada pelo Congresso com o objetivo de resolver o problema das medidas provisórias tem que ser louvada e apoiada por esta Casa. Há mais de 2 anos e meio, os vetos presidenciais apostos aos diferentes projetos que tramitam no Legislativo não têm sido apreciados nesta Casa. Quero louvar também o gesto do Senador Garibaldi Alves Filho, que em boa hora coloca para o escrutínio deste Parlamento os vetos que foram apostados pelo Sr. Presidente da República. Ontem mesmo encaminhei um documento ao Presidente do Congresso, Senador Garibaldi Alves Filho, sobre a necessidade e a tempestividade de colocarmos em discussão o veto que foi aposto, ainda em 2001, ao Plano Nacional de Educação. Muito se tem falado, até de maneira reiterada, e se prega nesta Casa, como João Batista pregou no deserto, que a educação é a espinha dorsal deste País. Na verdade, existe um consenso retórico, porque todos bradam a mesma coisa, todos dizem e todos repetem a mesma litania, mas entre o discurso e a prática há uma distância. 76 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Acredito que pode ser apreciado pelo Plenário desta Casa o veto do Presidente da República ao Plano Nacional de Educação no que se refere especificamente à necessidade de se destinar 7% do nosso Produto Interno Bruto — PIB para investirmos na educação do País. No final do ano passado, a Desvinculação de Receitas da União — DRU chegou a ser apresentada como moeda de negociação junto ao Senado Federal, bandeira essa levantada naquela Casa pelo Senador Cristovam Buarque e pelos eminentes Senadores da bancada do Partido Democrático Trabalhista. E essa negociação só não chegou a bom termo porque a CPMF foi derrubada. Demonstrou-se de maneira inequívoca que a Desvinculação de Receitas da União, no que tange à educação, não mais é necessária, tanto é assim que os principais condutores da política econômica deste País, o Sr. Ministro da Fazenda e os demais Ministros da área econômica, se dispuseram a fazer essa negociação e liberar esse recurso contingenciado. Ainda hoje, vemos nos jornais o anúncio de que a arrecadação do Governo Federal, no mês de janeiro, apesar da retirada da CPMF, foi recorde, ou seja, 20% maior do que a do mês de janeiro do ano passado, o que demonstra a vitalidade da política econômica do País e a necessidade de discutirmos uma política responsável e eficiente na questão educacional. Por isso, registro a necessidade de levarmos à análise do conjunto de Parlamentares desta Casa o veto presidencial no que tange aos 7% de investimento do PIB brasileiro na educação em nosso País. Muito obrigado, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares. 77 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. ANSELMO DE JESUS (PT-RO. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o IBGE divulgou recentemente os resultados preliminares do censo agropecuário 2006/2007. Os dados disponibilizados ainda são muito gerais a respeito da dinâmica do campo brasileiro, insuficientes, portanto, para compor um retrato nítido sobre a realidade do nosso meio rural. Porém, os primeiros dados já indicam que, ao contrário do que muitos supõem, na última década o mundo rural passou por profundas transformações. O primeiro dado a ser examinado é o número de estabelecimentos, aumentado em 13,6%, com o acrescimento de 10 mil 441 novos imóveis rurais, apesar de leve redução da área total em 1,3%. O estudo demonstrou que, nos últimos 10 anos, a área ocupada com pastagens no País cresceu 73,3%. A mesma tendência foi observada no uso do solo com lavouras, porém com menor intensidade, registrando aumento de 18,8%. Por outro lado, confirmando os dados divulgados anualmente, as áreas com florestas nativas reduziram 37,5% na média geral do País. Esses dados, Sr. Presidente, embora ainda agregados, o que torna impossível saber a variação por região ou por porte dos imóveis, indicam a necessidade de revisão na nossa política agrícola, especialmente no que diz respeito à relação dessa agricultura com o meio ambiente. O Brasil precisa continuar liderando a produção de alimentos do mundo, sem, contudo, comprometer os estoques de recursos naturais. O efetivo bovino do País, Sras. e Srs. Deputados, mais que dobrou em uma década, com um crescimento de 4,7 milhões de cabeças. No mesmo sentido, o efetivo ovino se expandiu em 41,5%, e o de aves, em 0,4%. A surpresa ficou por 78 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 conta do rebanho suíno, que diminuiu em mais de 20%. Uma primeira lição que pode ser tirada desses dados relativos à evolução da pecuária brasileira é que a criação de gado bovino, possivelmente na Amazônia, tem ofuscado a criação de pequenos animais. No caso de Rondônia, de acordo com o censo agropecuário do IBGE, as áreas ocupadas com lavoura somam pouco mais de 500 mil hectares, ao passo que a pecuária já ocupa 5 milhões de hectares. Em contrapartida, as áreas ocupadas com matas e florestas nativas nos imóveis pesquisados não ultrapassam os 3,2 milhões de hectares. Esse retrato, Sr. Presidente, acende uma luz vermelha para todos nós e indica o fracasso total da política ambiental no Estado. Não chega a ser uma surpresa, apenas confirma a triste realidade nua e crua, em que os agricultores não conseguem obter nível de renda satisfatório sem avançar, ano após ano, sobre a floresta nativa. O recente embargo da União Européia à carne brasileira já indica que, num futuro próximo, o europeu se recusará a consumir carnes e outros produtos brasileiros obtidos à custa da depredação da floresta amazônica e da conseqüente diminuição da capacidade desses ecossistemas de seguir gerando serviços ambientais em benefício de toda a humanidade. Nesse sentido, Sras. e Srs. Deputados, tramita nesta Casa o Projeto de Lei nº 792, de 2007, de minha autoria, que cria a Política Nacional de Serviços Ambientais, com o objetivo de incentivar os agricultores, especialmente da Amazônia, a conservar suas florestas nativas e a plantar novas matas, recebendo um valor por esse serviço, como já ocorre em muitos países. 79 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Sr. Presidente, faço aqui um apelo a V.Exa. e aos Presidentes de Comissões para que acelerem a tramitação desse projeto, a fim de que ainda neste ano ele seja aprovado. Se isso acontecer, será um grande avanço na direção do verdadeiro desenvolvimento sustentável, que tanto buscamos. Também quero parabenizar o Presidente Lula, o Ministro Guilherme Cassel e o Secretário Humberto Oliveira pelo Programa Territórios da Cidadania, que inclusive atingiu minha cidade, Ji-Paraná, com grande programa de combate à pobreza no campo. Para finalizar, Sr. Presidente, os primeiros dados do censo agropecuário divulgados pelo IBGE confirmam a importância do campo brasileiro na geração de ocupação. Só em Rondônia, o setor responde por 280 mil ocupações permanentes, gerando renda para mais de meio milhão de pessoas, chegando, em alguns municípios, a mais da metade da população. Era o que tinha Sr. Presidente. 80 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. TARCÍSIO ZIMMERMANN (PT-RS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, caros telespectadores e servidores desta Casa, a semana passada foi pródiga em manchetes extraordinárias em nosso País. Iniciou-se com matéria do Jornal NH, da cidade de Novo Hamburgo, que dedica muita atenção ao setor coureiro-calçadista, o qual estampou manchete de que o mês de janeiro de 2008 foi o melhor mês nas exportações de calçados nos últimos 20 anos. Essa manchete é particularmente significativa. No ano passado, ocupei esta tribuna inúmeras vezes para reivindicar medidas do Governo Federal em apoio ao setor coureiro-calçadista, que enfrentava situação de grave dificuldade, especialmente em relação à perda de mercados internacionais. Pois bem. O mês de janeiro foi recorde em exportação nos últimos 20 anos. Em seguida, uma segunda manchete dizia que o mês de janeiro de 2008 foi recorde na geração de empregos: 35% mais empregos foram gerados em 2008 do que em 2007, dado extraordinário para um país que precisa muito aumentar as oportunidades de emprego para seu povo. Na quinta-feira, a manchete que nos surpreendeu e animou este País para uma nova perspectiva foi a de que o Presidente Lula pode usar, com toda convicção, as palavras que costumeiramente tem proferido: “Nunca antes na história deste País”. De fato, pela primeira vez, desde sua independência, nosso País passa da condição de devedor para a de credor internacional! Essas são manchetes de um novo tempo, que demonstram a força da aliança que governa o Brasil e a força das propostas do Governo do Presidente Lula para 81 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 mudar a realidade nacional. Elas foram antecedidas de muitas outras de grande significado, como a criação de universidades públicas, de escolas técnicas federais, de programas como o PROUNI e o Bolsa-Família, a ampliação dos programas para a pequena agricultura — e ainda hoje o Deputado Anselmo saudava este novo programa, os Territórios da Cidadania, lançado esta semana pelo Presidente da República e pelo Ministro Guilherme Cassel, exatamente dirigido para as regiões com populações mais pobres. Temos, portanto, assistido a uma seqüência de fatos extremamente positivos e de extraordinária importância que mudam as perspectivas do nosso País, que nos permitem dizer, com maior probabilidade, que o Brasil pode passar da condição de nação subdesenvolvida para a de país próspero, no qual o povo tem efetivamente os direitos plenos da cidadania que todos buscamos. Em torno dessas manchetes, compreendemos melhor as oposições. Há pouco, em conversa com um Deputado da Oposição, S.Exa. que me dizia que só lhes resta falar; só lhes resta tentar impor obstáculos a essa trajetória positiva que o País vem desenvolvendo. De fato, resta-lhes apenas tentar produzir pequenos fatos e recorrer a pequenas manchetes — digo pequenas manchetes porque não tratam do desenvolvimento do País, da melhoria da distribuição de renda, da geração de emprego —, como as que dizem respeito a esse verdadeiro festival de hipocrisia e cinismo que temos visto em torno dos cartões corporativos. Não que não haja erros no Governo Federal, mas seria mais importante que o PSDB olhasse para o Governo do Estado de São Paulo e o Democratas para o do Município de São Paulo antes de criticarem o Governo Federal. 82 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Quero dizer da minha expectativa de que o Brasil continue trilhando este caminho e possa, de fato, cada vez mais, se aproximar daquilo que é a grande esperança do povo: ser um País justo e de todos os brasileiros. 83 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. ALFREDO KAEFER (PSDB-PR. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a imprensa toda noticiou que a dívida externa brasileira acabou. Não noticiou, porém, a verdadeira história. Estamos sendo engabelados pela versão oficial, e poucos se deram conta da realidade. Para conseguir a reserva de quase 190 bilhões de dólares, aumentamos substancialmente a dívida interna. Para cada dólar que entra no País, o Governo emite os reais equivalentes, pois não temos movimentação em dólares, equívoco histórico por nós cometido. Na prática, nossa dívida externa já está equacionada desde 2006. O festejado sucesso da quitação da dívida externa, tecnicamente inquestionável, um feito importante, não pode nos deixar felizes. A dívida deve sempre ser olhada como um todo. Dívida é dívida. Tanto faz ser externa ou interna. É uma pena, aliás, que a interna seja maior do que a externa. No mundo afora os juros estão bem mais baixos — e põe mais baixo nisso — do que no mercado financeiro interno. Se tivéssemos estoque de dívida interna no exterior, teríamos pagado muitíssimo menos juros e ainda estaríamos tendo enorme deságio pela valorização do real nos últimos cinco anos. Na verdade, Sr. Presidente, temos uma dívida interna extraordinariamente alta. Em dezembro de 2003, ela representava 41,66% do PIB. Em dezembro de 2007, passou para 51,87% do PIB. Ou seja, em 2003, nossa dívida era de 881 bilhões de reais; agora, no final de 2007, é de 1 trilhão e 335 bilhões de reais. Recentemente, o Governo vangloriou-se, alardeando em manchetes que a dívida interna tinha caído 1,71%. De acordo com o Tesouro Nacional, o resgate líquido da dívida no mês de janeiro, isto é, as emissões de papéis menos as 84 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 liquidações, foi de 34,3 bilhões de reais. Esse dinheiro foi oriundo do resultado primário do Orçamento, fruto do remanejamento da Desvinculação de Recursos da União, a DRU, que o Congresso Nacional autoriza o Presidente da Republica a movimentar. Foi assim em 2007, quando nossa dívida interna consumiu 160 bilhões de reais. Desse total, pagamos em efetivo — dinheiro, grana, recursos públicos — 101 bilhões de reais e rolamos, aumentamos o “papagaio”, 60 bilhões — só em janeiro pagamos 34 bilhões. É sabido e notório o exagerado crescimento dos gastos públicos no País, decorrente dos gastos de custeio, do inchaço da máquina pública, da criação de Ministérios e cargos em comissão para abrigar beneficiários do Governo. Os desperdícios são enormes na gestão da máquina pública. E ano a ano têm feito o orçamento do Governo aumentar, sem que sejam destinados recursos para investimentos voltados à qualidade de vida da população. O Governo não dá suporte sequer às atividades essenciais do Estado e às indispensáveis ao bem-estar da população, como saúde, educação, segurança e justiça. Além disso, o Governo impõe à sociedade uma carga tributária ano a ano mais elevada, que já beira 40% do PIB. E a maior parte vai para gastos do Governo Federal. Fora a carga tributária direta, temos ainda os juros mais altos do mundo. O somatório de impostos e juros pagos pela sociedade ultrapassa a 50% de tudo o que se ganha, de tudo o que se produz. E, nessa esteira, o Governo paga também as mais altas taxas de juros para rodar a dívida pública mobiliária, que, como disse, hoje monta a 1 trilhão e 335 bilhões de reais, 41% do Produto Interno Bruto. O Tesouro Nacional despendeu no ano passado 160 bilhões de reais — 6% do PIB — para sua rolagem. É dinheiro dos 85 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 impostos, dos cerca de 940 bilhões que a sociedade recolhe todo ano aos cofres públicos. Desse total, só o Governo central arrecadou 602 bilhões, 24% do PIB. Para exemplificar, lembro que com 120 bilhões de reais se resolveria o problema habitacional do País. Já imaginaram V.Exas., Srs. Deputados, se em pouco tempo o País resolvesse o abrigo de 12 milhões de famílias brasileiros? Para isso, bastaria aplicar num único ano três quartos do que gastamos com juros. Poderíamos ainda relacionar as inúmeras demandas da Nação que cabem nessa régua dos gastos com juros que o oneram o Tesouro Nacional. Basta comparar os gastos com juros com os investimentos — muito menores — feitos em áreas como educação, saúde e segurança. Isso sem falar da infra-estrutura, em que os valores são ridículos se comparados com os destinados ao pagamento de juros. Ludibriar a população com a idéia de que a dívida externa foi paga só serve aos incautos. A realidade, porém, é que o Brasil paga um verdadeiro absurdo de juros para a rolagem da dívida interna. E ainda há outro agravante em relação à dívida interna federal: o prazo médio de vencimento é de 40,25 meses. Pensem, então, essa fantástica dívida num prazo tão curto. A própria previsão do Governo é de que a dívida aumente ainda mais, variando entre R$1,40 trilhão e R$1,540 trilhão. Isso é inadmissível para um país que se vangloria de ter em caixa dinheiro suficiente para quitar a dívida externa. Hoje, na verdade, o Governo vem tampando o sol com a peneira. É preciso encontrar saídas para o maior problema econômico-financeiro da Nação. Não podemos continuar gastando os recursos livres — cash, grana, dinheiro vivo —, 20% do nosso orçamento anual. Gastar 6% do PIB é inadmissível. Arrancar isto do contribuinte é um abuso. 86 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Temos de promover um grande programa de desestatização e de desmobilização de ativos do Estado. Fala-se muito em preservar as jóias da coroa — Banco do Brasil, Caixa, PETROBRAS, Correios, portos e aeroportos. Na verdade, todo ano estamos queimando uma PETROBRAS inteira com o pagamento de juros. Não em patrimônio, mas, reitero, em dinheiro vivo. Temos de trocar os altos juros internos, as maiores taxas do planeta, por capitais externos baixos, disponíveis no mundo inteiro, justamente o contrário do que o Governo tem feito. Temos também de criar mecanismos para que cada dólar que entre no País não pressione o aumento da dívida interna. O Brasil é dos poucos países que não permite a livre movimentação de moeda estrangeira em seu mercado interno. Enfim, é dever dos Deputados, desta Casa, do Congresso Nacional discutir, propor soluções e exigir do Executivo que resolva, no nosso entender, o maior problema econômico do País. Ao implantar a CPMI dos cartões corporativos, necessária pelos escandalosos e irresponsáveis gastos de custeio, estamos caçando uma formiguinha, quando um mastodonte, chamado juros e dívida pública, nos massacra. Obrigado. 87 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. GERALDO THADEU (PPS-MG. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, assomo a esta tribuna com o intuito de falar da minha cidade, o Município de Poços de Caldas, e de agradecer o apoio que tenho recebido do Governo Federal e do Governo Estadual. Atualmente posso dizer que Poços de Caldas vive um momento muito especial, com obras importantes em andamento e em fase de conclusão, que estão contribuindo para o desenvolvimento econômico e social. Conversava há pouco com o colega de São Paulo, do PPS, Deputado Arnaldo Jardim, que conhece muito bem Poços de Caldas, e dizia-lhe das obras que temos lá e que cito a seguir: Trincheira Tancredo Neves — solução importante para desafogar o trânsito na área central, parceria entre Governo Estadual e Prefeitura; Construção de 2 escolas estaduais — Parque das Nações/Jardim Filadélfia/Governo do Estado; Construção de Creches — Parque Esperança/Vila Cruz/Country Club/Jardim São Paulo/Bairro Santo André, com mais de mil vagas; Construção do HEMOCENTRO/Obra do Governo do Estado que atenderá não só Poços de Caldas, como toda a região. Duplicação da Avenida Alcoa,, que liga a região sul da cidade, com cerca de 30 mil habitantes, ao centro/obra da Prefeitura, com a ajuda do Governo do Estado. Obra de 22 milhões; Ajuda substancial do Governo do Estado para recuperar a Santa Casa, que estava quebrada, devia 14 milhões de reais 88 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Saneamento das finanças da Santa Casa (14 milhões) Departamento Municipal de Eletricidade/Prefeitura; SAMU — Atendimento de emergência/Programa do Governo Federal; Restaurante Popular — Governo Federal. O restaurante popular vem complementar a renda do trabalhador e oferece uma refeição de custo baixíssimo e de alta qualidade. Universidade Federal (Campus Avançado da UNIFAL — Universidade Federal de Alfenas). Parceria: Prefeitura Municipal/UNIFAL — Governo Federal/Ensino de alta qualidade e de graça; CEFET — Centro Educacional Técnico Profissionalizante Federal Parceria: Prefeitura Municipal/CEFET de MG/Governo Federal, com ensino gratuito de melhor qualidade no País, principalmente na área técnico profissionalizante, e também a grande conquista da Universidade Federal para a nossa cidade. Tratamento de 100% do esgoto — Financiamento da CEF/Governo Federal; Construção do aterro sanitário — Financiamento da CEF/Governo Federal, 100% do esgoto tratado em Poços de Caldas; Reforma do Mercado Municipal — Governo Federal, Programa Municipal da Juventude, passando de 4 mil para 10 mil alunos atendidos. Nós tivemos um avanço extraordinário na educação. Poços de Caldas recebeu o Campus Avançado da Universidade Federal de Alfenas, em parceria com o Governo Federal, a UNIFAL e a Prefeitura. Assim, só tenho de agradecer ao Presidente Lula a ajuda que tem dado a nossa cidade. Agradeço também ao Governador Aécio Neves, que nunca nos faltou. 89 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Sr. Presidente, Deputado Narcio Rodrigues, V.Exa. sabe muito bem como é importante nossa cidade de Poços de Caldas, localizada no sul de Minas e o maior colégio eleitoral do Estado. A cidade é a oitava economia de Minas Gerais e tem recebido, em contrapartida, toda a ajuda do Governo Federal e do Governo Estadual, fruto de uma união política com o Governo do Estado, onde temos o Deputado Carlos Mosconi, hoje Deputado Estadual, grande liderança que militou nesta Casa por 4 mandatos e foi um extraordinário Parlamentar, e o ex-Deputado Sebastião Navarro, que é um Prefeito de grande capacidade, eleito pela segunda vez, e trabalha juntamente com o atuante Vice-Prefeito Paulinho Couro Minas. Essa união só engrandece as nossas conquistas, pois já que sabemos que somente a receita do Município não é suficiente para tantas realizações, como as realizadas com o indiscutível apoio do Governo Federal e do Governo Estadual. Poços de Caldas recebeu, da Confederação Nacional dos Municípios, o quarto lugar no País em responsabilidade fiscal e social e o primeiro em Minas Gerais. Por isso, parabenizo também o Prefeito Sebastião Navarro. Poços de Caldas está de parabéns, porque é bem administrada, tem a ajuda do Governo Federal, do Governo Estadual e de grandes lideranças que trabalham em seu benefício, por uma qualidade de vida melhor. Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - A modéstia de V.Exa. lhe impediu de dizer que em todas essas conquistas estão a marca do seu trabalho a favor não só de Poços de Caldas, no sul de Minas Gerais, mas de todo o Estado. 90 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Portanto, quero deixar aqui o reconhecimento de toda a Câmara dos Deputados ao brilhante trabalho prestado pelo ilustre Deputado Geraldo Thadeu, que honra o povo mineiro aqui no Parlamento da República. Muito obrigado. 91 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Concedo a palavra ao Sr. Deputado Uldurico Pinto. O SR. ULDURICO PINTO (Bloco/PMN-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a teórica política alemã Hannah Arendt, a propósito do julgamento de nazistas que exterminaram milhões de judeus, referiu-se à “banalização do mal” como uma das características marcantes da sociedade moderna. São tantos os mortos, tamanha a violência, tão irracional a fúria do homem contra o homem que o sofrimento passa a ser tolerado, as pessoas começam a responder aos que as agridem não com indignação e firmeza, mas com passividade e indiferença. Contra essa aceitação apática é que devem reagir os homens públicos, como defensores da dignidade e da justiça a que todo ser humano tem direito. Não tem sido outra a minha luta desde que aqui cheguei, em 1987, para o desempenho do primeiro mandato que recebi do povo baiano, sob o compromisso de trabalhar por um Brasil melhor, mais justo e mais decente para todos os brasileiros. Na primeira vez em que assomei a esta tribuna, denunciei o cruel espancamento de 3 rapazes no Município de Nova Viçosa, um deles Elias Lopes de Lima, morto aos 16 anos, por não resistir à brutalidade da tortura. Provada a inocência desse jovem e decorridos 20 anos da tragédia, até hoje não se puniram os culpados. Em fevereiro de 2007, voltei a clamar contra um novo crime: o estranho desaparecimento, depois de preso e jogado no interior de uma viatura da polícia, do jovem Rafael de Jesus, 16 anos, morador da comunidade quilombola de Helvécia, no Município baiano de Teixeira de Freitas. 92 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Um ano se passou e, como no outro caso, não se esclareceu o mistério, não prenderam os responsáveis, ninguém pagou pelo crime. A conclusão a que se chega é que, se o Brasil melhorou no campo da economia e da distribuição de renda, em quase nada mudou no que se refere à dignidade humana, às garantias individuais, à segurança pública e ao direito à cidadania que se deve a cada brasileiro. Ontem, como hoje — e não por acaso —, o perfil médio dos que sofrem a violência continua o mesmo: jovem, negro e pobre. Como se houvesse brasileiros de primeira e de segunda classe, como se não fôssemos todos cidadãos, merecedores do respeito a que faz jus qualquer ser humano. Parece que nos esquecemos do que diz Geraldo Vandré, na emocionante letra de Disparada: “Porque gado a gente marca/ tange, ferra, engorda e mata/ mas com gente é diferente...” Em 1987, foi Elias Lopes de Lima, o rapaz de Nova Viçosa; há um ano, foi Rafael de Jesus, o menino de Teixeira de Freitas. Quantos mais, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, serão presos, torturados ou mortos pela banalização do mal, pela corrosão social, pelo enfraquecimento moral, pelo comprometimento institucional que afrontam a sociedade brasileira? Mais do que um assunto de governo, mais do que uma questão de Estado, o problema é um desafio que concerne a cada um de nós. Como representantes do povo na Câmara dos Deputados, cumpre-nos propor, discutir e votar leis que de fato contribuam para o desenvolvimento, para a inclusão social e para a cidadania plena que ainda hoje negam a milhões de brasileiros, postos à margem das conquistas e dos avanços que são, infelizmente, privilégios de uma elite socioeconômica. Sem que esses homens e mulheres se 93 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 livrem das cadeias que os prendem à pobreza e à miséria, todo o nosso trabalho será em vão. Juntos e solidários, lutemos para que entre em vigor o art. 7º desse verdadeiro canto de amor à liberdade que são Os Estatutos do Homem, escritos em 1964 pelo grande poeta Thiago de Mello: “Por decreto irrevogável fica estabelecido/ o reinado permanente da justiça e da claridade/ e a alegria será uma bandeira generosa/ para sempre desfraldada na alma do povo”. Teixeira quer saber onde está o menino Rafael de Jesus, o extremo sul quer, o Brasil exige. Muito obrigado, Sr. Presidente. 94 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. MANOEL SALVIANO (PSDB-CE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ocupo esta tribuna para falar sobre uma região do sul do Estado do Ceará composta de 52 municípios que têm um potencial grandioso na cultura e na economia do nosso Estado. A região do Cariri cearense, por sua localização estratégica na convergência dos fluxos que se processam entre o território cearense e os Estados vizinhos, constitui um importante pólo comercial, cultural e religioso. O Vale do Cariri, que deve seu nome aos índios da nação kariri, primeiros habitantes do local, forma um verdadeiro oásis de terras férteis, clima ameno e águas relativamente abundantes. Dados geográficos apontam que a região apresenta temperatura média anual entre 24 e 29 graus centígrados, com precipitação pluviométrica de quase 1.200 milímetros ao ano. Tão importantes quanto os recursos hídricos são os demais recursos naturais da região. As riquezas minerais são significativas, destacando-se as reservas de gipsita, calcário, argila, caulim, granito e outras pedras ornamentais para a construção civil, além de fontes de águas minerais, ricas em sais. Igualmente expressivos são os recursos de biodiversidade, tanto relacionados à flora como à fauna. A beleza imponente do vale e suas riquezas naturais logo atraíram os primeiros colonizadores que fixaram moradia no local, desenvolvendo atividades ligadas à agricultura de subsistência, à pecuária bovina e ao comércio. Com o passar dos anos, muitos investimentos foram realizados. Várias obras foram construídas para melhor aproveitamento das águas que descem da encosta da Serra do Araripe. As lavouras de cana-de-açúcar, trazidas de Pernambuco, 95 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 motivaram a instalação de muitos engenhos, onde se produzia açúcar, rapadura e aguardente. Mais tarde, floresceu também a cultura algodoeira, falida hoje pela praga do bicudo. Nos anos 60, projetos desenvolvimentistas financiados pelo Poder Público foram levados a cabo, porém com resultados pouco significativos. Hoje, desponta como atividade promissora o turismo ecológico e religioso. No entanto, a história nos mostra que todos esses esforços não foram suficientes para impulsionar o desenvolvimento da região do Cariri. Muitas causas podem ser apontadas para o insucesso, entre as quais destacam-se o baixo nível dos recursos tecnológicos empregados, a pouca qualificação da mão-de-obra local, a desinformação da classe empresarial e a falta de articulação entre os investimentos. Ao longo dos anos, a região do Cariri cearense, a despeito de seu potencial, permaneceu com poucos investimentos, muito aquém do desenvolvimento que pode vir a alcançar. Com projeto de lei de minha autoria, pretendo mudar esse cenário. Proponho a criação do Pólo de Desenvolvimento da Região do Cariri, visando a coordenar e otimizar as ações administrativas da União e do Estado do Ceará, nos termos do que dispõem o inciso IX do art. 21 e o art. 43 da Constituição Federal. Esperamos poder articular melhor os investimentos e, dessa forma, dar-lhes maior eficácia. Pretende-se, com o Pólo, favorecer a implementação de programas de desenvolvimento sustentável para redução das desigualdades regionais, com ênfase em ações de implantação de infra-estrutura, qualificação de recursos humanos e geração de emprego e renda, utilizando-se, entre outros instrumentos, incentivos relativos a tributos, taxas, tarifas e preços públicos, bem como incentivos financeiros 96 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 e creditícios. Para a gestão das ações relacionadas ao Pólo de Desenvolvimento da Região do Cariri, estamos prevendo a instituição de um conselho administrativo, com a participação da sociedade civil. À vista da importância da matéria para o desenvolvimento econômico e social da Região do Cariri e a conseqüente melhoria da qualidade de vida da população local, esperamos contar com o apoio de todos para a breve aprovação do Projeto de Lei Complementar nº 178, já aprovado nas Comissões de Constituição, Justiça e Cidadania, de Desenvolvimento Urbano e de Finanças e Tributação. Sr. Presidente, gostaria que V.Exa. autorizasse a publicação deste meu pronunciamento, que é muito importante para a vida da região sul do Estado do Ceará. Muito obrigado. 97 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. GONZAGA PATRIOTA (Bloco/PSB-PE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a partir das 19h desta quarta-feira, no Centro de Convenções, no Complexo de Salgadinho, em Olinda, Pernambuco vai sediar o I Seminário Internacional sobre Segurança com Cidadania nos Estádios de Futebol. O evento se estenderá até a sexta-feira e contará com palestras de especialistas no assunto vindos do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Inglaterra, Espanha e Argentina, além do próprio Estado de Pernambuco. O seminário está sendo organizado pelo Tribunal de Justiça do Estado, mais especificamente pela Coordenação do Juizado do Torcedor, com o patrocínio da CHESF. “Queremos abrir mais um espaço para discutir o assunto com pessoas de todo o Brasil. O evento foi muito bem aceito e as mil inscrições já foram feitas. Estamos com todas as vagas preenchidas”, afirmou o Coordenador do Juizado do Torcedor, Ailton Alfredo. Uma das palestras mais esperadas é o do Procurador da Coroa Inglesa Nick Hawkins, que vai contar a experiência da Polícia da Inglaterra no combate aos hooligans. A participação de Nick Hawkins está marcada para a sexta-feira à tarde. No seminário será anunciada a criação do Fórum Internacional Permanente sobre Segurança com Cidadania nos Estádios de Futebol. Será um espaço para debater o assunto durante várias oportunidades. Pretende-se que periodicamente seja realizado um seminário semelhante ao desta semana em diferentes Capitais por todo o mundo. Feito esse registro, Sr. Presidente, passo a abordar outro assunto. 98 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Tendo resolvido aderir às tendências mundiais de responsabilidade socioambiental e sustentabilidade, a Companhia Energética de Pernambuco — CELPE lançará um projeto inédito, que prevê a troca de lixo doméstico reciclável por descontos na conta de energia elétrica. O objetivo da proposta é criar um destino alternativo para o lixo e, ao mesmo tempo, oferecer à população de baixa renda a oportunidade de redução de despesas com consumo de energia. Além de consumidores individuais de baixa renda, condomínios, escolas, instituições filantrópicas também são alvos da campanha. Para participar do projeto e receber a bonificação, clientes pessoa física devem proceder ao cadastramento um posto de troca do ECOCELPE, mediante a apresentação, pelo titular, da conta de energia elétrica. Na ocasião, o cliente será instruído sobre de como separar os resíduos de lixo reciclável e receberá as orientações de como conseguir a bonificação na conta de luz. O lançamento do projeto ocorrerá em solenidade nesta terça-feira, às 15h, no primeiro Ponto Fixo de Coleta do ECOCELPE, na Avenida João de Barros, 749, Boa Vista. Era o que tinha a dizer. 99 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (PR-PE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a primeira iniciativa prática do novo Superintendente da recém-recriada SUDENE, Sr. Paulo Sérgio de Noronha Fontana, é a participação, no dia 28, no Fórum Pernambuco da Gente, evento que tem o patrocínio do Diário de Pernambuco. Paulo Fontana passará a ter um contato direto com a realidade do sertão, pois esse segundo Fórum se realiza em Afogados da Ingazeira, no Sertão do Pajeú, que, sendo uma das regiões do Estado com mais atividades na área de agricultura, ovinocaprinocultura e serviços, engloba também os Municípios de Brejinho, Calumbi, Carnaíba, Flores, Iguaracy, Ingazeira, Itapetim, Quixaba, Santa Cruz da Baixa Verde, Santa Terezinha, São José do Egito, Tabira, Triunfo, Solidão, Serra Talhada e Tuparetama. É bom que isso ocorra no momento de renovação da SUDENE, que deve trilhar caminhos práticos, buscando um novo planejamento regional que contemple ações interativas, articuladas com os Ministérios das áreas econômica e social. A nova ou novíssima SUDENE não quer reeditar a antiga política dos Governadores, mas não deve abrir mão do planejamento regional e, dentro dele, dos planejamentos setoriais, e voltar-se basicamente para a articulação com as Prefeituras Municipais, o que foi feito, no passado, de forma precária e intermitente. O Fórum do Pajeú abre novo debate sobre essa região de Pernambuco e poderá oferecer subsídios ao Governo do Estado para as atividades das Secretarias empenhadas, segundo orientação do Governador Eduardo Campos de interiorizar a ação governamental. Nesse encontro, empresários, técnicos e políticos contribuirão para identificar novas oportunidades de investimento nos setores da economia da região, para 100 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 apontar pontos de estrangulamento no equipamento de infra-estrutura — estradas, comunicações, abastecimento d’água, esgotamento sanitário — que estejam a reclamar providências, quer da parte da União, quer da parte dos Governos Estadual e municipais e também para analisar o equipamento coletivo da área educacional. O primeiro Fórum Pernambuco da Gente foi realizado em outubro passado, em Garanhuns, com grande sucesso, tendo tratado dos problemas do Agreste Meridional. Na impossibilidade, por motivo superior, de comparecer ao evento, quero congratular-me com a direção do Diário de Pernambuco, do Recife, na pessoa do seu Diretor-Presidente e Superintendente, jornalista Joezil dos Anjos Barros, desejando todo êxito à iniciativa, na expectativa de que outras se sucederão no interesse do desenvolvimento de Pernambuco, com o apoio do novo Superintendente da SUDENE, Sr. Paulo Sérgio Noronha Fontana. Muito obrigado. 101 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 A SRA. VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB-AM. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho a esta tribuna exaltar precioso trabalho de formação que vem sido desenvolvido nesta Casa pelo Centro de Formação, Treinamento e Aperfeiçoamento — CEFOR. Srs. Parlamentares, o Programa de Pós-Graduação da Câmara dos Deputados foi instituído pela Portaria nº 69, em 30 de junho de 2005, para organizar, apoiar e coordenar as atividades de pós-graduação desenvolvidas pelo CEFOR e tem por objetivo formar profissionais altamente qualificados para aprofundar e complementar conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias ao domínio de funções definidas na sua atuação profissional. O programa permite a promoção de intercâmbios com instituições acadêmicas, culturais, empresariais e com a sociedade em geral, visando a uma maior interação com a comunidade, resguardado o projeto institucional da Câmara dos Deputados. Em sua organização, são observados os princípios da qualidade nas atividades de ensino e na formação continuada dos servidores da Casa e demais interessados nas áreas de conhecimento relacionadas ao Poder Legislativo. No fim das contas, quem sai beneficiado somos nós, Parlamentares, que teremos uma assessoria cada vez mais qualificada, e a própria sociedade, uma vez que a pós-graduação do CEFOR tem produzido trabalhos acadêmicos interessantíssimos e de extrema relevância, os quais muito poderão contribuir com a produção intelectual do País. Desejo ainda consignar, Sr. Presidente, que, reunido em São Paulo no fim de semana passado, o Comitê Central do Partido Comunista do Brasil analisou a atual quadra política internacional e a situação do País, decidindo enfrentar o paradoxo de 102 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 estarmos vivendo sob um Governo com grande apoio popular, mas que, ao mesmo tempo, se encontra na defensiva política. Importantes conquistas econômicas e políticas ocorridas neste período, desde a vitória de Lula inaugurando o primeiro mandato -— como a neutralização da ALCA, a luta pela consolidação do processo de integração latino-americana, o esforço por acelerar o crescimento econômico com o PAC e agora a conquista de uma situação credora pelo Brasil — ficam eclipsadas por uma propaganda de tipo udenista por parte das forças conservadoras e da chamada grande mídia hegemônica. Para inverter essa situação de defensiva política, os comunistas participam ativamente com um conjunto de partidos democráticos e progressistas do movimento por reformas democráticas estruturais — as reformas tributária, política, educacional, agrária e urbana e da democratização da mídia — lançado no Congresso Nacional, no dia 20 de fevereiro último. O objetivo é unificar cada vez mais a esquerda e organizar a contra-ofensiva, combatendo a direita e a mídia revanchista e opositora do Governo democrático e popular de Luiz Inácio Lula da Silva. Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente. Muito obrigada. 103 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. LINCOLN PORTELA (PR-MG. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, demais senhoras e senhores presentes, os que estão acessando a Internet e aqueles que sintonizam a Rádio Câmara e a TV Câmara em todo o Brasil, especialmente a população de Minas Gerais, a quem tenho o orgulho de representar, todos sabemos que nossas rodovias são as mais violentas do mundo, apesar de termos implantado o Código de Trânsito Brasileiro — CTB há mais de 10 anos. Continuamos padecendo do mesmo mal que aflige outras áreas da nossa vida social: apesar dos avanços daquela legislação, ela permanece como uma “lei que não pegou”. Falta fiscalização das autoridades policiais, políticas de educação para o trânsito, estradas mais bem conservadas e, sobretudo, maiores conscientização por parte dos motoristas quanto à necessidade de dirigir com prudência e segurança. Como a questão permanece em aberto, são necessárias medidas a curtíssimo prazo para estancar, literalmente, a sangria que ainda prevalece em nosso trânsito. A mais urgente dessas ações é uma reformulação do CTB. A maior parte das alterações sugeridas por especialistas torna mais rígidas as penalidades para infrações cometidas no trânsito. Uma das mudanças apontadas seria o aumento da pena de homicídio culposo na direção de veículo, que passaria de detenção de 2 a 4 anos para detenção de 2 a 6 anos. Outra proposta também torna o Código de Trânsito mais rigoroso para os casos de homicídio, embriaguez e participação em rachas. Por outro lado, não posso deixar de dar o meu apoio à recente medida provisória que proíbe a comercialização de bebidas alcoólicas em rodovias federais. Só acho que ela deve ser mais bem discutida e aprofundada aqui no Congresso 104 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Nacional. Nenhum cidadão de bem pode ser favorável à venda de álcool à beira das rodovias. Ser favorável equivale a dar porte de arma de forma indiscriminada a qualquer pessoa. Precisamos, contudo, aperfeiçoar essa oportuna medida. Entre outras ações, é preciso que se dê à Polícia Rodoviária Federal melhores condições de trabalho e efetivo suficiente para exercer essa nova atribuição. Deve-se também articular as ações de todos os órgãos envolvidos na operacionalização dessa medida. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, demais senhoras e senhores, ninguém discute que esses remendos legais em nossa legislação de trânsito sejam altamente pertinentes, mas para que nosso trânsito deixe de ser a guerrilha urbana em que se transformou é necessário que ações mais consistentes e estruturais sejam tomadas. Para isso, a exemplo do que ocorre em ruas, estradas e avenidas de trânsito civilizado em outras regiões do globo, essa política deve estar ancorada no tripé educação-legislação-fiscalização. Sem isso, tudo o mais será medida paliativa. Muito obrigado. 105 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 A SRA. FÁTIMA PELAES (Bloco/PMDB-AP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, minha presença nesta tribuna se deve ao trágico acidente ocorrido recentemente nas águas do Rio Amazonas, próximo à Foz do Paraná da Eva e da comunidade de Novo Remanso, a cerca de 270 quilômetros da cidade de Manaus. Na última quarta-feira á noite, a embarcação Almirante Monteiro, que transportava cerca de 110 passageiros do Município de Alenquer, no Pará, com destino a Manaus, naufragou após se chocar com uma balsa não identificada, que navegava no sentido oposto e que supostamente estaria transportando combustível. A balsa deixou o local do acidente sem prestar socorro às vitimas, que foram socorridas por uma equipe da Polícia Civil que estava nas proximidades e pela comunidade local. Até agora foram resgatados 92 passageiros com vida e encontrados 16 corpos, entre os quais 8 crianças. Ocorre, no entanto, que só se sabe o número de passageiros presentes no momento que a embarcação deixou o porto de Alenquer. Não há como saber exatamente o número de passageiros no momento do acidente. O que se tem certeza, nobres colegas, é que esses acidentes têm se transformado em rotina na vida dos habitantes da região amazônica e de outras comunidades que têm no transporte fluvial sua principal ou, às vezes, única forma de locomoção. Falo hoje de um infeliz acidente que teve repercussão nacional, mas não posso esquecer de quantos acidentes como esse ocorrem com freqüência e nunca são divulgados. Também fui vítima de situação semelhante em 2002, quando o barco em que eu estava, com minha família, se chocou com uma balsa em Vitória do 106 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Jarí, no Amapá. Diversos Parlamentares estavam presentes, uma vez que estávamos a caminho de um evento político. Sete pessoas morreram nesse acidente. Lembro ainda dos gritos, do desespero e da ajuda que nunca chegava. Para compreender a gravidade da situação, é necessário entender que os rios são para nós, habitantes da região amazônica, o que as estradas representam para o restante dos cidadãos brasileiros. São, na verdade, o instrumento de exercício do nosso direito de ir e vir, que deve ser utilizado com segurança, principalmente quando não há alternativa, como é o caso maior parte das comunidades que povoam a região amazônica. Não se pode permitir, Srs. Deputados que essa situação evolua para o caos há muito vivenciado no transporte terrestre e recentemente também no transporte aéreo. As autoridades devem se mobilizar no sentido de implantar ações efetivas para evitar esse tipo de acidente. A fiscalização dos portos e de embarcações, a sinalização das vias fluviais e, ainda, a punição dos responsáveis que, no mínimo, nessa situação específica, deixaram de prestar socorro às vitimas que afundavam nas águas escuras do Rio Amazonas, são indispensáveis. Sei muito bem que a Marinha e o Corpo de Bombeiros têm feito seu papel no patrulhamento dos rios e na fiscalização dos transportes. Entretanto, há que se aprimorar os métodos e instrumentos para a eficácia dessa fiscalização e o socorro de possíveis vítimas. É necessário maior controle das embarcações, segurança nos portos e educação da população usuária do transporte fluvial para a conduta correta em caso de acidente. Gostaria de lembrar, Sras e Srs. Deputados, que educação e informação por si sós muito já contribuiriam para a prevenção de acidentes. A divulgação obrigatória 107 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 de dados como a capacidade das embarcações, número de passageiros a bordo; necessidade de equipamentos de segurança, coletes e botes salva-vidas e simples instruções sobre outros riscos, a exemplo do escalpelamento de mulheres, repito, muito ajudariam a evitar essas lamentáveis ocorrências. Na sessão de ontem, alguns colegas referiram-se à proposta que o Ministro Nelson Jobim levará a países da América Latina, de construção de um submarino nuclear, com modernos instrumentos de defesa para nossas águas profundas. Concordo que a defesa da soberania nacional é de suma importância, mas nossa principal riqueza ainda é a gente brasileira, e acredito que zelar pela segurança dessa população deve ser considerado pela Marinha como prioridade absoluta. Deixo aqui a minha expectativa, triste pela tragédia que ocorreu, de que esse terrível acidente sirva pelo menos para o que costumam servir acontecimentos assim, ou seja, o comprometimento das autoridades competentes em implantar normas e fiscalização adequadas com o objetivo de garantir a segurança dos usuários de transporte fluvial. Muito obrigado. 108 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. NELSON MARQUEZELLI (PTB-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ocupo a tribuna no dia de hoje para homenagear o Dr. Antônio Carlos Lopes, Professor Titular da Universidade Federal do Estado de São Paulo, pós-graduado em cardiologia pela Escola Paulista de Medicina, Fellow do American College of Physicians, Diretor Científico da Academia de Medicina de São Paulo, Presidente Fundador da Sociedade Brasileira de Clínica Médica e eleito O Médico do ano de 2004 pelo Capítulo Brasileiro da Associação Médica de Israel. O Dr. Antônio Carlos, cujo nome já se inclui entre os mais renomados médicos do País, tem conjugado com sucesso a prática médica de elevada especialização com a intensa atividade acadêmica. Seus trabalhos vêm merecendo a admiração e reconhecimento de todos os profissionais da área que com ele convivem. Ao longo de sua vida, dedicou parte de suas atividades na área médica à luta pela eqüidade social, pela valorização da relação médico-paciente e pela própria humanização da medicina. Ao deixar ele o cargo de Secretário-Executivo da Comissão Nacional de Residência Médica, da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação, forma-se uma lacuna imensa naquela Comissão. Com larga experiência, o Dr. Antônio Carlos deu um novo rumo à Residência Médica do País, pois procurou, acima de tudo, sensibilizar os novos profissionais com relação aos problemas das comunidades, procedimento que não se aprende nos livros de texto. O exercício da profissão em beneficio dos mais humildes eleva o espírito e exalta a grandeza humana. E foi exatamente isso o que o Dr. Antônio Carlos perseguiu e incrementou na Secretaria de Educação do MEC. 109 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, vejo com grande pesar a saída do Dr. e Prof. Antônio Carlos da Chefia do Departamento de Residência Médica e Projetos Especiais na Saúde. Pude acompanhar seu trabalho durante os 3 primeiros anos em que, na função de Secretário-Executivo, desenvolveu avanços a Residência Médica de todo o País, por meio de sua luta contra as desigualdades regionais e pela busca da excelência do aprendizado médico em serviço. Além disso, ele democratizou a Comissão Nacional de Residência Médica, respeitando o direito de todos que se julgaram prejudicados. Sua liderança acadêmica, universitária e associativa garante hoje o compromisso da Residência Médica com os objetivos da comunidade brasileira médica e não médica. Ao saudar o amigo e notável profissional pela contribuição marcante que prestou à Medicina em nosso País, não poderia deixar de lamentar seu afastamento do cargo, na certeza de que não menos nobre será sua atividade onde ela se fizer presente. Homens da sua estirpe se fazem grandes onde houver trabalho honrado. Parabéns! 110 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. MARCELO GUIMARÃES FILHO (Bloco/PMDB-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em lapidar reportagem, publicada na semana passada, a revista Veja traçou um paralelo entre os sistemas educacionais da Finlândia e do Brasil, destacando os principais pontos divergentes. Com base em testes aplicados pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico em alunos de 57 países, a Finlândia logrou galgar o topo do ranking na qualidade de ensino, ao passo que o Brasil ocupou a 55ª posição, ficando na frente apenas da Tunísia e da Indonésia. Com efeito, em comparação com o Brasil, a Finlândia mantém os alunos muito mais tempo na escola, além de investir maciçamente na formação dos professores, com gasto da ordem de 6,1% do PIB, contra os 3,9% verificados no Brasil. Percebendo salários médios, se apresentam quase 3 vezes superiores aos pagos no nosso País, equivalentes a 31.785 dólares anuais contra 12.005 percebidos pelos professores brasileiros. Diferentemente da realidade brasileira, no entanto, o mestrado é pré-requisito para um professor ser contratado na Finlândia, inclusive para o ensino fundamental. Conforme bem acentuado na reportagem em questão “dar ênfase à qualidade dos professores foi um dos primeiros passos da reforma educacional que o país implementou a partir dos anos 70”. E é nesse quesito que a Finlândia mais tem a ensinar ao Brasil, pois há 40 anos mais da metade da população daquele país vivia na zona rural, circunstância que obrigava os finlandeses a emigrarem em massa para países vizinhos, tais como a Suécia, em busca de melhores condições de vida. 111 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Nesse contexto, a Finlândia vivenciou uma experiência bem parecida com a realidade brasileira, mormente diante da má qualidade das escolas públicas, obrigando os pais a transferir seus filhos para as instituições privadas de ensino. A reforma educacional, todavia, colocou a qualificação profissional dos professores a cargo das universidades. Estabeleceu uma carga horária de 5 anos para sua formação, o que tornou a profissão disputadíssima entre os estudantes do ensino médio. Apenas 10% dos candidatos submetidos ao crivo do ingresso na carreira eram aprovados. A descentralização do sistema de ensino, por outro lado, foi uma das medidas acertadas da reforma ocorrida na década de 80, tornando o professor o principal responsável pelo desempenho de seus alunos, avaliando-os, identificando os problemas individuais e apresentando as soluções e analise dos resultados. Cabia ao Ministério da Educação apenas estabelecer as linhas gerais do conteúdo a ser lecionado. Para tanto, Sr. Presidente, conforme enfatizado pela Vice-Reitora da Universidade de Helsinque, que atua na formação de professores há 30 anos, os profissionais do ensino “recebem um treinamento prático e específico para saber lidar com tanta independência”. Após 30 anos, a reforma educacional finlandesa acabou por se consolidar, revertendo, ao longo do processo, a antiga procura pelo ensino privado e passando a ser o ensino público alvo da preferência, cujas escolas, hoje, representam 99% das instituições de ensino. Aos alunos são oferecidos: material escolar, refeições e transporte gratuito. Do total de estudantes, 20% ainda são submetidos a algum tipo de reforço escolar, com vistas a não deixar para trás os alunos com dificuldades de 112 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 aprendizagem, que têm que acompanhar o desenvolvimento de sua turma. Isso desperta em cada um deles a motivação e o prazer de permanecer na escola, e evita a tão comum evasão, quando desagradável o ambiente escolar. Finalmente, Sr. Presidente, foi a educação de qualidade a maior responsável pela virada na economia finlandesa, cuja mão-de-obra qualificada permitiu que a eletrônica substituísse a madeira e o papel como principais produtos de exportação, elevando o país ao terceiro colocado em termos de investimento em pesquisa e desenvolvimento, resultado este que se constitui, mercê do sucesso no sistema educacional, o grande orgulho daquela nação. Portanto, rendendo minhas homenagens ao excelente trabalho realizado pela revista Veja, do qual me vali exclusivamente no presente pronunciamento, permitome lançar desta tribuna o desafio a todos os profissionais, órgãos e entidades responsáveis pelo ensino no Brasil, nas suas esferas municipais, estaduais e federal, a se espelharem no sucesso vivenciado pelo paradigma referenciado, na certeza de que os resultados também aqui restarão igualmente exitosos, guindando o País, finalmente, ao tão esperado futuro promissor, sabedor de que a solução da quase totalidade de seus problemas passa necessariamente por uma educação de qualidade da população brasileira. Muito obrigado. 113 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. CARLOS BEZERRA (Bloco/PMDB-MT. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, tomamos conhecimento, recentemente, da iniciativa da Associação de Produtores de Soja do Mato Grosso — APROSOJA de explorar as jazidas de fosfato no Estado. O objetivo é tentar fazer frente ao encarecimento do adubo, que hoje se tornou um dos maiores entraves à expansão agrícola em todo o País. Não obstante o alto custo do projeto, e mesmo a dificuldade de implantá-lo, a APROSOJA demonstra firme disposição de trabalhar pelo desenvolvimento da produção, entrando no ramo da mineração para conseguir acompanhar o ritmo do mercado internacional. A demanda crescente por grãos obriga ao incremento progressivo da produtividade, mas, por outro lado, força o aumento de preço dos insumos. Daí a importância de se tentar deter a alta do preço dos fertilizantes, para, pelo menos, se voltar aos patamares de uma década atrás. Até 2002, segundo a APROSOJA, 15,6 sacas de soja compravam uma tonelada de fertilizante, em termos da média nacional. Hoje, já são necessárias mais de 20 sacas. Por outro lado, há uma década, bastavam 10 sacas de fertilizante por hectare. Hoje o consumo chegou a 17 sacas. Só em 2007, o preço dos fertilizantes sofreu um aumento de cerca de 30%. Ao lado do nitrogênio e do potássio, o fosfato é a principal matéria-prima da produção de fertilizantes. E a soja é a cultura que mais consome fosfato no Brasil, exigindo 34% do total da produção nacional. Podemos afirmar, assim, Sr. Presidente, que a APROSOJA busca resolver o problema na origem, passando a produzir seu próprio adubo e assim garantindo, a médio prazo, o aumento da produtividade e da competitividade da soja mato-grossense. 114 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O projeto consumirá, inicialmente, 1 milhão de reais, com as sondagens em uma área de ocorrência de fosfato localizada no norte no Estado. Analisado por pesquisadores da Universidade de Campinas — UNICAMP e autorizado pelo Departamento Nacional de Produção Mineral, o projeto inclui 600 mil hectares, dos quais, em um primeiro momento, serão alcançados apenas 50 mil hectares, cuja perfuração será iniciada tão logo seja publicado o alvará de pesquisa mineral. A etapa inicial deverá apresentar resultados em até 3 anos, apurando-se o volume e o teor do fosfato encontrado e, na seqüência, a viabilidade econômica da respectiva exploração. Assim, poderá ser obtido o direito de extração do mineral na região. Todo esse esforço, Sr. Presidente, que hoje se encontra em seus passos iniciais, resultará em um investimento colossal, que ultrapassará a casa da centena de milhões de dólares, necessários à instalação de uma estrutura adequada à exploração do fosfato — daí a necessidade, já anunciada pela APROSOJA, do estabelecimento de parcerias no setor. Espera-se, porém, que o Brasil consiga incrementar a produção de fosfato, que sendo hoje menor que a demanda, obriga o País a importar. Sr. Presidente, não podemos deixar de cumprimentar nossos agricultores, que souberam tomar atitudes compatíveis com a gravidade do problema que estão enfrentando com a alta de preços de seu principal insumo. Ousando, criando, arriscando, provam que a agricultura brasileira, em especial a mato-grossense, tem como enfrentar a adversidade das circunstâncias e assim participar, competitivamente, do mercado internacional. 115 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Esperamos que a APROSOJA receba amplo apoio governamental, bem como consiga atrair investimentos do setor privado para alavancar novamente a produção nas terras de Mato Grosso. Muito obrigado. 116 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. VANDER LOUBET (PT-MS. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, no próximo dia 18 de março, a seccional da OAB em Mato Grosso do Sul promoverá palestra tendo como tema central a questão das dívidas dos produtores rurais, com a presença do advogado Carlos Alberto Pereira, especialista no assunto. O tema é atualíssimo e implica responsabilidades e protagonismos de todas as partes interessadas. Quero crer que o maior desafio — a saída que se acredita ideal — será a definição de uma nova política agrícola para o País, que possa englobar as medidas corretas e inovadoras, tomadas neste e em outros Governos, mas que sobretudo sejam capazes de corrigir os defeitos e apagar os erros e equívocos acumulados por décadas e décadas. A palestra vai priorizar a agenda de debates do ruralismo nacional, como as estratégias de Defesa em Ação de Execução e Revisão Judicial, Legislação Rural e Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, além do recálculo de contratos de crédito rural. Tão louvável e tão oportuno quanto a iniciativa da OAB de Mato Grosso do Sul é o conjunto de intervenções de entidades e lideranças envolvidas direta e indiretamente com o sistema produtivo do Estado. E neste aspecto convém destacar o ambiente de incerteza e preocupação em que estão os produtores rurais, diante da decisão do Ministério da Agricultura de ajustar o período de plantio do milho safrinha às regras da Política de Zoneamento Agrícola. A Frente Parlamentar do Agronegócio na Assembléia Legislativa, por meio de um de seus interlocutores, o ilustre Deputado Reinaldo Azambuja, que é também presidente regional do PSDB, solicitou ao Ministério da Agricultura a alteração da 117 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Portaria nº 254, com urgência, alegando que sem essa providência uma grande quantidade de produtores pode ficar sem crédito para esta safra, cujo plantio por sinal está começando. Tenho certeza de que o Ministério, com base em levantamentos técnicos e científicos, achou conveniente, e melhor para disciplinar o plantio, editar a portaria. Porém, é preciso ponderar sobre algumas exigências que os produtores consideram passíveis de revisão. A política desenvolvimento de zoneamento econômico, social agrícola e é fundamental ambiental no para campo. o nosso Contudo, há peculiaridades que o Ministério não pode ignorar e que são elencadas nas reivindicações da Frente Parlamentar do Agronegócio, como, por exemplo, a prolongada estiagem que atrasou o plantio da safra de verão e “matou” o tempo disponível que os produtores tinham para atender os prazos. Além disso, há particularidades nos sistemas de produção de região para região, e o Ministério já acatou reivindicações idênticas encaminhadas por produtores paranaenses. Enfim, é fundamental que impere o bom senso. O produtor rural não pode ficar sem financiamento, especialmente nesta cultura, o milho, que hoje é um dos destaques de produtividade e produção nas lavouras sul-mato-grossenses, com impacto nacional. Muito obrigado. 118 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. ANTONIO CARLOS MENDES THAME (PSDB-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, há mais de 3 décadas, a pediatra Clara Takaki Brandão criou um composto alimentar barato e acessível, feito de farelos de arroz e trigo, folha de mandioca e sementes de abóbora e gergelim, que revolucionou a nutrição infantil. Batizada de Multimistura, ela vem recuperando crianças esqueléticas, brasileiros com silhueta de etíopes. Foi esta fórmula que, nas últimas 3 décadas, revolucionou o trabalho da Pastoral da Criança, reduzindo as taxas de mortalidade infantil no País e ajudando o Brasil a cumprir as Metas do Milênio. Houve redução de 13% nos óbitos de crianças, entre os anos de 1999 e 2004, período em que a Multimistura se propagou por todo o País. Surpreendentemente, no entanto, o que pode ser saída para combater desnutrição infantil no País ainda não sensibilizou o Governo Lula. Tanto é que no ano passado a pediatra pediu ao Vice-Presidente José Alencar que não deixasse o Governo tirar a Multimistura da merenda das crianças. Mais do que isso, pediu que o composto fosse adotado oficialmente pelo Governo. Clara Brandão já tinha feito o mesmo pedido ao Ministro da Saúde, José Gomes Temporão. O Ministro não atendeu ao pedido e optou por compostos de multinacionais, muito mais caros. Desde 1973, quando chegou à fórmula do composto, Clara já levou sua Multimistura para quase todos os municípios brasileiros, com a ajuda da Pastoral da Criança. Os compostos da Multimistura têm até 20 vezes mais ferro e vitaminas C e B1 em relação à comida que se distribui nas merendas escolares de municípios que optaram por comprar produtos industrializados. Sem contar a economia: fica até 121% mais caro dar o lanche de marca. 119 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Quando ela começou a distribuir a Multimistura em Santarém, no Pará, 70% das crianças estavam subnutridas e os agricultores da região usavam o farelo de arroz como adubo para as plantas e como comida para engordar porco. Em 1984, o UNICEF constatou aumento de 220% no padrão de crescimento dos subnutridos. Dessa época, Clara guarda o diário de Joice, uma garotinha de 2 anos e 3 meses que não sorria, não andava, não falava. Com a Multimistura, 1 mês depois Joice começou a sorrir e a bater palmas. Hoje, a Multimistura é adotada por 15 países. No Brasil, só se transformou em política pública em Tocantins. A Multimistura enfrenta adversários poderosos. Ela começou a ser excluída da merenda escolar para abrir espaço para o Mucilon, da Nestlé, e a farinha láctea, cujo mercado é dividido entre a Nestlé e a Procter & Gamble. A coordenadora nacional da Pastoral da Criança, Zilda Arns, reconhece que a Multimistura foi importantíssima para diminuir os índices de desnutrição infantil. Por tudo isso, apresentamos requerimento de informações, cobrando do Ministro da Educação explicações sobre as razões por que, embora tenha dado provas da importância da Multimistura no combate à desnutrição infantil, seu uso já não faz parte dos programas alimentares do Governo. Muito obrigado. 120 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PAULO ROCHA (PT-PA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, quero informar ao povo do Pará que o nosso Estado foi incluído no Projeto do Governo Lula, que leva a inclusão digital às cidades mais carentes. O sinal verde foi dado pelo Ministério das Comunicações, atendendo a uma reivindicação de minha autoria. A notícia veio por meio de correspondência oficial do Ministério informando que 15 cidades do Pará foram contempladas com centros de inclusão digital, os chamados Telecentros. Os Municípios de Abaetetuba, Alenquer, Cachoeira do Arari, Curuá, Igarapé Miri, Juruti, Limoeiro do Ajuru, Mocajuba, Oeiras do Pará, Portel, Prainha, Santa Cruz do Arari, Santarém, São João da Ponta, São Sebastião da Boa Vista e Terra foram contemplados. Destaco a relevância dos centros de inclusão digital para os pequenos municípios, principalmente para a população que não dispõe de computadores e acesso à Internet em suas residências. Hoje é fundamental que todo cidadão tenha acesso à informática e à rede mundial de computadores, seja para estudos, seja mesmo para manter-se em dia com suas obrigações cadastrais, como regularização de documentos e outros serviços que podem ser feitos pela Internet. A contrapartida das Prefeituras consiste em disponibilizar espaço físico adequado e de fácil acesso à população, que poderá, gratuitamente, utilizar os equipamentos para pesquisas, consultas, cadastros, entre outros serviços de informática. O meu gabinete fará contato com cada município para auxiliar no encaminhamento da documentação necessária para agilizar a implantação. 121 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Os centros fazem parte de uma ação do Governo Federal que busca promover a inclusão social por meio da inclusão digital, facilitando o acesso ao mundo virtual, em espaços públicos e sem custos. Também devem funcionar como locais de integração comunitária. A tecnologia deve estar à disposição dos cidadãos e ajudar na sua formação política e cultural. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, outro assunto que faço questão de tratar desta tribuna diz respeito ao relatório de auditoria do Tribunal de Contas da União — TCU. O relatório demonstra que o Programa Bolsa Família não foi utilizado com fins eleitoreiros em 2006, hipótese freqüentemente levantada, à época, por alguns órgãos da imprensa e representantes da Oposição. O TCU auditou o processo de concessão de benefícios — executado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, com vistas ao cumprimento da meta de atendimento de 11 milhões de famílias em 2006, definida à época do lançamento do programa em 2003. A auditoria aponta que a seleção de beneficiários atende a uma ordem de procedimentos universais predefinidos, nos quais não se constatou viés político-partidário. O Tribunal demonstra ainda que as metas anuais de cobertura do programa foram alcançadas em todos os exercícios: 2004, 2005 e 2006. Houve concessão atípica de benefícios nos meses de maio e junho de 2006, reconhece o relatório, primeiro, causada pelo atraso dos municípios na complementação dos dados cadastrais das famílias migradas dos programas remanescentes; segundo, por problemas operacionais no sistema eletrônico operado pela Caixa Econômica Federal e, terceiro, pela decisão do MDS de não conceder benefício no período eleitoral, que se iniciou em julho daquele ano. 122 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O relatório informa que não foi constatado favorecimento a partido político específico, nem descumprimento de norma legal que pudesse caracterizar utilização do programa com finalidades eleitoreiras pelo Governo Federal. O percentual de cobertura do programa nos municípios administrados pelos 4 maiores partidos políticos — PSDB, PFL, PMDB e PT — não apresentou diferenças significativas, aponta o relatório. O processo de concessão de benefícios auditado pelo TCU é completamente informatizado, com liberação de benefícios de forma impessoal, com base em critérios claros e sem indicação individual de pessoas. Era o que tinha a dizer. Obrigado. 123 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 A SRA. REBECCA GARCIA (PP-AM. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, vivemos um bom momento econômico que esta semana se traduziu em números reais. A economia brasileira gerou em janeiro 142.921 novos empregos com carteira assinada — dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados — CAGED. Esse resultado é recorde para meses de janeiro e confirma a manutenção da trajetória de crescimento expressivo do mercado de trabalho formal. O número de empregos com carteira assinada gerados em janeiro representa um crescimento de 35,51% ante o mesmo mês de 2007, quando foram criadas 105.468 vagas. De acordo com os dados que foram divulgados pelo Ministro do Trabalho, Carlos Lupi, no período de 12 meses até janeiro foram criados 1.654.845 postos de trabalho, uma expansão de 6,03% em relação ao período anterior. Entre 2003, início do Governo Lula, e 2008 foram gerados 6.411.689 postos de trabalho. Sr. Presidente, é necessário que coloquemos na agenda política de 2008 a reforma tributária que o País carece. Para tanto, precisamos de uma articulação eficiente que, além de conquistar o apoio dos Governadores, consiga transformá-lo em votos efetivos no Congresso Nacional. Esta é a segunda tentativa do atual Governo de propor mudanças no sistema tributário nacional. Não podemos mais postergar a resolução dos entraves financeiros aos nossos empresários. Mais do que renovar a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira — CPMF e a Desvinculação de Recursos da União — DRU, feitos positivos angariados no ano de 2003, queremos agora uma atuação efetiva dos maiores interessados na nova legislação: empresários e Governadores, que têm convivido com um complicado, custoso e ineficiente sistema. 124 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Precisamos transpassar a discussão e nos remetermos ao campo das decisões. Para tanto, esta reforma não pode esbarrar em questões regionais. Estados produtores não devem ser os culpados pela perda de receita, com a cobrança saindo da origem para o destino, e Estados de regiões pobres não podem mais utilizar-se da conhecida guerra fiscal como o principal instrumento para atração de investimentos. Perdem os Estados, perde a Federação, perde o País. Entretanto, não podemos aceitar a idéia de que o Governo deva ter dispositivos que visem compensar o Executivo da perda de R$40 bilhões resultante do fim da cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira. O fato não se justifica, uma vez que o repasse destes recursos não estava alocado na área onde inicialmente tinha aprovação técnica e popular: a saúde. E esta, já penalizada pela falta de investimentos públicos, teve sua gestão penalizada pela ausência de políticas públicas positivas e aquém das demandas atuais. Sr. Presidente, uma idéia congruente e de ampla validação parlamentar é a instituição de um prazo de transição de 8 anos no Imposto sobre o Valor Acrescentado — IVA estadual, que vai unificar o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços — ICMS e migrar a cobrança da origem para o destino, com o objetivo de eliminar a guerra fiscal. Para tanto, aguardamos um parecer favorável do Executivo na forma de compreensão da atual situação financeira de Estados e municípios. Cada qual com gestão diferenciada, condição de investimentos e aporte de recursos alocados pelo atual Governo. Sr. Presidente, solicito que este discurso seja divulgado pelo programa A Voz do Brasil e pelos demais órgãos de comunicação da Casa. Muito obrigada. 125 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. SANDRO MABEL (PR-GO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a Receita Federal anunciou nesta semana as novas regras para a declaração do Imposto de Renda da Pessoa Física deste ano, em uma tentativa de reduzir a sonegação, que todos sabemos é alta. As medidas visam coibir principalmente a duplicidade de dependentes, forma comum utilizada por muitos contribuintes no sentido de burlar a fiscalização. Registro aqui as ações eficientes no sistema de arrecadação brasileira. A carga tributária cresce anualmente e, ampliando o cerco aos sonegadores, a Receita Federal bate recordes no quesito arrecadação. Somente neste ano, o Fisco espera receber 24,5 milhões de declarações, contra as 23,27 milhões entregues em 2007. Todo contribuinte espera que o Estado simplifique a sua vida tributária. A modernização nos processos de arrecadação da Receita Federal é digna de elogios. A eficiência em arrecadar é comparável a países desenvolvidos. Todavia, na questão de assegurar os direitos do contribuinte, continuamos nos patamares de países subdesenvolvidos. Sr. Presidente Sras. e Srs. Deputados, os contribuintes brasileiros percorrem um verdadeiro calvário quando sua declaração de Imposto de Renda cai na malha fina, podendo esperar até 5 anos para receber sua restituição. Mesmo aqueles que estão em dia com suas obrigações tributárias esperam até um ano para receber o que é seu de direito. Tenho um projeto de lei que fixa o prazo máximo de 180 dias para que a Receita restitua o Imposto de Renda aos contribuintes. Outro projeto cria o Código de Defesa dos Direitos do Contribuinte. Com sua aprovação, o cidadão terá mais um aliado na garantia dos seus direitos básicos. O contribuinte precisa analisar e entender o sistema tributário de que participa, precisa conhecer seus 126 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 direitos e tê-los com o respaldo da lei. Este é o objetivo do Código, garantir maior transparência nas relações Fisco/contribuinte. A Frente Parlamentar Mista dos Direitos do Contribuinte, a qual presido, é um importante instrumento no Congresso Nacional, onde a sociedade de forma geral pode manifestar suas aspirações em torno do assunto. A Frente Parlamentar parabeniza a Receita Federal pelas suas ações, blindando o contribuinte honesto e punindo os sonegadores. Esperamos, porém, que tais medidas permitam a redução da alta carga tributária brasileira. Muito obrigado. 127 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. SANDES JÚNIOR (PP-GO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a imprensa traz hoje uma informação que muito me preocupa: a primeira revisão sobre os direitos humanos no Brasil, feita pelo novo órgão especializado das Nações Unidas, aponta uma grande e persistente incidência de casos de racismo, tortura, violência policial e discriminação contra a mulher. O Brasil está no primeiro grupo de países que passarão pela Revisão Periódica Universal, mecanismo criado em 2006, junto com o Conselho de Direitos Humanos da ONU. Segundo matéria publicada pela Folha Online, a revisão, que no caso do Brasil ocorrerá no dia 14 de abril, será baseada em 3 relatórios, um com informações enviadas por organizações não-governamentais; outro com uma compilação de informações recolhidas pela ONU nos últimos anos; e um terceiro preparado pelo Governo. O prazo para a apresentação dos documentos era a última segunda-feira, mas até ontem o do Governo era o único ainda não disponível no site das Nações Unidas. Na versão preliminar que apresentou em audiência pública no Senado Federal, no último dia 12, o Governo foi criticado pelas ONGs por ter exaltado as ações do Governo sem responder às recomendações feitas pela ONU. O Brasil só menciona uma das 117 recomendações feitas pelos 9 relatores especiais da ONU que visitaram o País desde 2000. O relatório a ONU, Sr. Presidente, lembra as cobranças feitas em 2005 ao Brasil em relação a abusos como expulsões de populações indígenas de suas terras, execuções extrajudiciais, tortura, superpopulação carcerária e condições 128 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 desumanas das cadeias, entre outros. No entanto, diz o documento, "a resposta tem sido adiada desde 2006". Segundo a Folha, embora o relatório reconheça "esforços feitos para reformar o Judiciário e aumentar sua eficiência", a ONU diz que continua preocupada com a interferência da corrupção na Justiça brasileira. Com base em inspeção mais recente, do ano passado, a ONU observa que a violência atinge sobretudo a camada mais humilde da população. "Em 2007, o Relator Especial sobre Execuções Extrajudiciais, Sumárias e Arbitrárias observou que o homicídio era a principal causa de mortes entre pessoas com idade entre 15 e 44, com 45 mil a 50 mil homicídios cometidos todo ano", diz o documento. "As vítimas são, em sua maioria, jovens do sexo masculino, negros e pobres", complementa o documento. O relatório com observações de 22 ONGs alerta para altos índices de discriminação racial e sexual e enfatiza o problema da violência. Também chama a atenção para a distância entre a legislação e sua prática. A Anistia Internacional afirma que, com a Constituição de 1988, o Brasil adotou "as leis mais progressistas para a proteção dos direitos humanos da América Latina. No entanto, persiste um enorme fosso entre o espírito dessas leis e sua implementação", afirma a ONU, citada pela Folha Online. Era o que eu tinha a dizer. 129 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. IRAN BARBOSA (PT-SE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ocupo esta tribuna para dizer que o meu Estado de Sergipe sediará o 6º Fórum de Governadores do Nordeste, no próximo dia 29 de fevereiro, que contará com a presença do nosso Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da Ministra-Chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, do Ministro da Justiça, Tarso Genro, além dos 9 Governadores dos Estados nordestinos. Na pauta, Sr. Presidente, estão previstas a apresentação de um balanço do primeiro ano do Programa Aceleração do Crescimento, feita pela nossa Ministra Dilma Rousseff, e a exposição do Plano Nacional de Segurança Pública e Cidadania, a ser realizada pelo Ministro Tarso Genro, além de um debate sobre proposta de reforma tributária que o Governo enviará ao Congresso Nacional ainda esta semana. Na programação, o novo Presidente da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste — SUDENE, Paulo Fontana, também apresentará aos Governadores uma síntese de seu plano de trabalho para o órgão e metas para buscar o desenvolvimento sustentável do Nordeste. A partir de uma solicitação do Fundo das Nações Unidas para a Infância — UNICEF, também será incluída uma apresentação do Pacto do Semi-Árido, que contém ações voltadas para a redução dos indicadores negativos relativos às crianças que habitam no semi-árido nordestino. É preciso lembrar que o Fórum de Governadores do Nordeste foi criado para unir os Governadores na discussão dos principais temas de interesse dos nordestinos. 130 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Na primeira edição do Fórum, ocorrida em janeiro de 2007, em Natal, a reunião foi uma grande oportunidade de contato e de intercâmbio entre os Estados, principalmente nas áreas de segurança, educação e planejamento. O ponto alto do 2º encontro dos Governadores do Nordeste, no mês de abril de 2007, em João Pessoa, foi a discussão para o combate à violência, investimentos no turismo e a estiagem que atingia municípios da região. Durante o evento foi assinado um protocolo de intenções entre o Ministério do Turismo e os Estados da Paraíba, Piauí, Bahia e Pernambuco. A reforma tributária, a renegociação da dívida fundada e uma avaliação conjuntural das propostas do Programa de Aceleração do Crescimento — PAC também entraram na pauta de discussão do encontro. Na terceira rodada de discussão, no final de maio, em Fortaleza, os Governadores produziram um documento, baseado nas discussões com o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, que traça diretrizes a serem aprofundadas e que convergem para criação de mecanismos legais e institucionais voltados à redução das desigualdades verificadas no Nordeste. Também foi discutida uma proposta que prevê a elaboração de uma lei complementar responsabilizando outros Poderes com limites de gastos de pessoal, dentre outros, no âmbito da Lei de Responsabilidade Fiscal. No 4º Fórum de Governadores, realizado no mês de outubro em São Luís do Maranhão, os chefes dos Estados aprovaram uma resolução que apresentou sugestões para o Governo Federal criar a possibilidade de gerar um novo espaço fiscal para viabilizar o investimento dos Estados nordestinos. Na lista de debate entraram também a estruturação da SUDENE, a criação de um consórcio de infraestrutura turística entre Sergipe e Alagoas, para explorar as belezas da região do 131 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 São Francisco, além do lançamento da campanha para transformar os Lençóis Maranhenses em maravilha natural no mundo. A reunião teve a participação dos presidentes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social — BNDES e do Banco do Nordeste — BNB. A quinta e última reunião de Governadores do Nordeste em 2007, realizada em novembro, em Salvador, consolidou o fórum como um instrumento importante para articular as lideranças regionais e construir uma agenda de unidade para representar o peso político do Nordeste em suas negociações com a União. O principal objetivo do encontro foi discutir mecanismos de financiamento e outras questões relativas ao Sistema Único de Saúde — SUS. Estamos certos de que esta 6ª edição do Fórum de Governadores do Nordeste servirá para consolidar esse espaço e, mais que isso, para aprofundar parcerias entre os Estados-irmãos do Nordeste que contribuam para resolver inúmeros problemas do povo nordestino. Nós, sergipanos, estamos honrados em sediar o Fórum de Governadores, especialmente porque, desta vez, o evento contará com a presença do Presidente Lula. Muito obrigado. 132 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. EUNÍCIO OLIVEIRA (Bloco/PMDB-CE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, mais alguns dias e o Ministério da Previdência Social anunciará, oficialmente, o índice do reajuste em 2008, dos benefícios dos aposentados e pensionistas do Instituto Nacional de Seguro Social — INSS. O reajuste deveria corresponder ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor — INPC, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Mas como este ainda não é conhecido, será considerado como fator de correção a inflação do ano 2007/2008, até o mês de janeiro último, o que equivaleria a um reajuste de 4,9% para os benefícios com valor superior ao salário mínimo. Com a aplicação desse fator, não haverá uniformidade na correção dos benefícios. O Sindicato Nacional dos Aposentados e Pensionistas, ligado à Força Sindical, representando os 8,1 milhões de aposentados e pensionistas que percebem benefícios superiores ao salário mínimo, questiona a sistemática adotada, defendendo o mesmo índice de correção para todos os benefícios, por considerar a paridade ato de justiça. Ao se opor ao critério estabelecido para a correção dos benefícios com valor superior ao salário mínimo, a entidade sindical argumenta, com números, que os 8,3 milhões de aposentados e pensionistas que fazem jus a um benefício acima do valor do salário mínimo estarão sendo penalizados, arcando com prejuízos elevados nas suas aposentadorias e pensões. Nos últimos 10 anos, argumenta, houve uma acentuada deteriorização nos benefícios. 133 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O Jornal da Tarde, de São Paulo, um dos mais respeitados orgãos da imprensa do País, em ampla matéria publicada em recente edição, mostra que os prejuízos têm sido consideráveis, ano a ano. E acentua: “Está havendo um acelerado processo de pauperização da faixa intermediária de aposentados e pensionistas que urge corrigir.” “A situação agravou-se entre 2003 e 2007; nesses cinco anos, os percentuais foram, respectivamente, 90% e de 43%, com uma diferença de 45,6%”. “Acumulados por longo período, essas distorções provocaram um achatamento do poder de compra nas faixas média e superior dos beneficiários do INSS”. E apresenta como exemplo a dona de casa Vera Cardoso Coimbra, 86 anos, pensionista do INSS. Eis o que ela diz: “Quando meu marido morreu em 1985, eu ganhava oito salários mínimos de pensão. Com o tempo o valor foi caindo e, hoje, ganho cerca de dois salários mínimos (menos de oitocentos reais)”. O Jornal da Tarde acentua: “A situação torna-se ainda mais grave, considerando-se que as pessoas mais idosas têm sempre gastos elevados com aquisição de medicamentos com 134 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 tratamento de saúde. E já não contam com tempo bastante para esperar por melhorias nas condições de vida”. Por sua vez o jornal O Estado de S. Paulo mais conhecido como O Estadão, também um dos maiores e mais importantes orgãos da imprensa brasileira, em editorial intitulado A pauperização dos aposentados, faz uma abordagem, um estudo substancioso da questão, advertindo: “Mantida a regra atual, crescerá inexoravelmente o desequilíbrio entre o valor da aposentadoria no momento da sua concessão e o valor que será pago no futuro. Neste ano está previsto a correção de 7,36% para o salário mínimo, de R$380,00 para R$480,00, e de cerca de 5% para as aposentadorias de maior valor”. Urge, portanto, que se procure, o quanto antes, encontrar um meio de corrigirse tais distorções, promovendo, para tanto, os estudos necessários a uma reforma de profundidade no sistema previdenciário brasileiro, única forma de evitar a continuidade das distorções na metodologia que vem sendo adotada para correção dos benefícios a que fazem jus milhões de brasileiros, que por muitos anos contribuíram com descontos em seus proventos para ter direito a uma aposentadoria digna e justa. Ocorre que o Instituto Nacional do Seguro Social — INSS, ao justificar as distorções argumenta, simplesmente, que o INSS não suportaria o ônus da equiparação dos reajustes dos benefícios de quem ganha um salário mínimo e os 8,3 milhões de aposentados e pensionistas com benefícios superiores ao mínimo, o 135 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 que agravaria o déficit previdenciário atual e o levaria a um patamar insuportável e incontrolável. Há de se considerar, porém, que os milhões de beneficiários do INSS não são culpados pela incapacidade do sistema previdenciário em manter o equilíbrio orçamentário. Não há solução simples para o problema, mas também não é justo deixar de reconhecer a necessidade de se buscar uma solução conciliatória, que atenda, na medida do possível, o clamor dos aposentados e pensionistas, que recebem benefícios acima do salário mínimo e que têm seus benefícios ano a ano deteriorados. Para tanto, imperiosa e necessária se faz uma reforma profunda da Previdência Social, reforma que seja realmente capaz de eliminar os desajustes estruturais do sistema previdenciário brasileiro vigente. Enquanto isso não ocorrer, esperam aposentados e pensionistas que o Sindicato Nacional dos Aposentados e Pensionistas procure, através do diálogo com o Governo, encontrar uma saída, mesmo temporária, para corrigir as distorções atuais, com a correção paritária dos benefícios das 25 milhões de beneficiários do INSS — os 17 milhões que percebem o mínimo e os 8 milhões que ganham mais. A negociação ainda é a melhor via para alcançar o entendimento em situações divergentes. Faço votos que as gestões do Sindicato Nacional dos Aposentados e Pensionistas com o Instituto Nacional do Seguro Social — INSS tenham esse encaminhamento, para que a postulação em favor dos mais de 8 milhões de 136 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 aposentados e pensionistas da Previdência Social, que percebem benefício superior a um salário mínimo, tenha uma solução que lhes faça justiça. Passo a abordar outro assunto, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, trago a esta tribuna um dos assuntos mais importantes para o Brasil, principalmente para o povo do Norte e Nordeste. Trata-se do Programa Saúde da Família, que nasceu no Ceará, mas que tem a idéia exportada para muitos países. A grande novidade é que trago o assunto para esta Casa dizendo que o Governador Cid Gomes, do meu Ceará, cumpre mais uma promessa de campanha: ele anunciou que vai contratar os 9.500 agentes comunitários de saúde, que trabalham em 62 associações de classe. A decisão do Governador do Ceará dá garantia aos agentes de saúde e tranqüilidade aos seus familiares. O PSF, Sr. Presidente, cumpre sua missão em melhorar a vida dos cidadãos e cidadãs, em particular do Ceará, com o Governo repassando apenas 67 reais per capita/ano, enquanto que por qualquer plano a pessoa paga no mínimo 100 reais/mês. O PSF surgiu no Ceará em 1994, idéia revolucionária originária de Cuba na era de Fidel Castro. Mas quais são as finalidades do Programa Saúde da Família? Em primeiro lugar, os agentes privilegiam a prevenção e evitam a hospitalização; depois, organizam o atendimento do sistema público de saúde, impedindo, por exemplo, que um doente vague de hospital em hospital quando o problema pode ser resolvido num posto de saúde; em terceiro lugar, as famílias deveriam ter um acompanhamento constante; e, em quarto lugar, as visitas dos agentes comunitários de saúde devem ser mensais. 137 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Essas características do PSF ajudam a diminuir sensivelmente os gastos públicos com a saúde pública, pois se um paciente hipertenso não for acompanhado ele se dirige para um hospital e se não for bem cuidado ele tem um AVC (Acidente Vascular Cerebral), indo para um hospital terciário e ocupando uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva). O Ceará dispõe de 2.066 equipes de PSF, mas necessita, urgentemente, de 2.416 equipes. É por esse motivo que trago o assunto para a reflexão das autoridades do setor de saúde. Mas tenho uma preocupação: ainda faltam medicamentos e infra-estrutura nos postos de saúde, que precisam ser equipados o mais rápido possível. No Ceará, o Governador Cid Gomes tem feito o possível e o impossível para minimizar o problema, mas ele precisa do apoio federal. Portanto, Sr. Presidente, o PSF foi uma conquista fundamental e se consolidou como um Sistema Estadual de Atenção Básica. No Ceará, o programa está presente nos 184 municípios, cobrindo mais de 55% da população cearense, onde mudamos os indicadores da saúde. O SUS — Sistema Único de Saúde, pela primeira vez, passou a ser um sistema de promoção de saúde e não simplesmente de resposta a sinais e sintomas. Este diagnóstico da problemática, de certo caos encontrado no PSF, na ponta, foi apresentado pela Secretaria de Saúde do Estado, que está reformulando todo o sistema de atesto das equipes com uma maior pactuação entre as células regionais e as Prefeituras à própria Secretaria, que também está preocupada em estabelecer um cronograma de qualificação das equipes do PSF. Mas não adianta termos este esforço individual da Secretaria de Saúde do Estado. É preciso que 138 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 chamemos os Prefeitos, os Secretários Municipais de Saúde e os Conselhos Municipais de Saúde à responsabilidade, com apoio do Governo Federal. Concluo meu pronunciamento lembrando a importância dos PSFs, a importância da qualificação dos profissionais, a importância da fiscalização das secretarias municipais de saúde, a importância da população, de cobrar o bom atendimento, o horário de atendimento, a qualificação e a assiduidade dos profissionais e, acima de tudo, a manutenção da atenção do Governo Federal para com o programa. Muito obrigado. 139 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. MAURÍCIO TRINDADE (PR-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, nem sempre o Programa Bolsa-Família tem sido adequadamente entendido, seja pelos que dele se beneficiam diretamente, seja pelos que recebem o benefício indireto, mas não menor, de viver em uma sociedade dotada de um consistente projeto de bem-estar coletivo. Uns como outros podem facilmente cair no erro de ver no programa a mera entrega de uma determinada quantia de dinheiro às famílias brasileiras mais carentes, sem maiores efeitos estruturais. Claro que, dadas as condições de vida das camadas mais pobres de nossa população, se o programa fosse apenas isso — ao alcançar, como alcançou, mais de 10 milhões de famílias —, já não estaria fazendo pouco. No entanto, o BolsaFamília é muito mais. E isso é o que venho defender desta tribuna. Começarei mostrando que a simples suplementação da renda das famílias pobres tem significado desdobramentos estruturais importantes para a Nação. Sabemos que a história do Brasil, seja nos momentos de expansão econômica, seja nos de estagnação, prima pela tendência perversa para a concentração da renda produzida no País. Essa concentração acontece em detrimento de amplos setores da população trabalhadora brasileira, responsável maior pela própria produção de renda. Nada mais justo, portanto, do que o Estado brasileiro se dedicar à redistribuição de recursos para aqueles que, em função das distorções profundas de nosso sistema econômico, são prejudicados na distribuição espontânea dos frutos do trabalho conjunto dos brasileiros. Trata-se, aqui, de uma questão de pura e simples justiça social. Enquanto as distorções estruturais de nossa economia não 140 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 forem superadas, seu custo não deverá recair, com maior ênfase, justamente sobre as camadas mais pobres. A mera política de suplementação de renda presente no Bolsa-Família possui, ademais, efeito menos óbvio — e que já nos encaminha rumo às soluções estruturais para as perversidades embutidas no modelo econômico brasileiro. Tratase da criação de um mercado consumidor mais adequado à realidade produtiva do País. Aqui, a preocupação não é apenas de justiça social, mas também de eficiência econômica. Desde há muito se sabe que a concentração de renda no topo da pirâmide social brasileira permite a criação artificial de um mercado consumidor semelhante ao dos países mais desenvolvidos. Embora pequeno como proporção da população brasileira, ele é relativamente grande em termos absolutos — ou, pelo menos, é suficientemente grande para proporcionar alta rentabilidade às empresas que para ele direcionam parte de sua produção mundial. Assim, produtos que não são desenvolvidos para a realidade nacional — e que, muitas vezes, sequer podem ser produzidos por nossas empresas, mesmo as grandes — são justamente aqueles que mais facilmente encontram consumidores entre nós. Em contraposição, produtos que poderiam ser desenvolvidos com tecnologia nacional, próprios para a realidade de nossa população, sequer chegam ao mercado, pois seus consumidores potenciais não alcançam o patamar de renda mínimo para comprá-los. Ao não proporcionarmos renda para as camadas menos privilegiadas da população, cerceamos, simultaneamente, a ampliação de nosso mercado consumidor e nossa autonomia produtiva. 141 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Portanto, senhoras e senhores, seja no plano da justiça social, seja no plano do desenvolvimento, a mera complementação da renda da população brasileira mais carente já tem efeitos altamente benéficos para o País. Mas o significado do Programa Bolsa-Família vai mais longe. E isso porque não se trata de um programa isolado; ele se incorpora a um projeto de desenvolvimento social amplo e estruturado. Lembremos de um detalhe um pouco esquecido. O Bolsa-Família se articula com o Projeto Fome Zero, marco inicial do primeiro Governo Lula. Assim, ele faz parte de um projeto global de combate à fome, que congrega outras iniciativas importantes, como o apoio à agricultura familiar e à produção de alimentos para o mercado interno. Já temos aí um importante exemplo de conjugação entre programas de natureza social e programas voltados para a esfera produtiva. De outro lado, o Programa Bolsa-Família tem forte afinidade com o projeto educacional em curso no País, destinado a dotar os filhos da população mais carente da escolaridade necessária à inserção plena e livre no mundo atual. E aí temos uma articulação entre o reforço da cidadania — contido, não subestimemos esse aspecto, na disponibilidade de renda — e a preparação técnica da força de trabalho para um país tecnologicamente desenvolvido. Em resumo, o Programa Bolsa-Família ganha significação mais profunda quando o percebemos como parte do grande projeto, em curso, de construção de um Estado de bem-estar social — projeto em que se articulam a adequação da estrutura produtiva às necessidades do País, o fortalecimento do mercado interno, a preparação da população para o uso da tecnologia contemporânea e a criação de 142 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 uma base material mínima a partir da qual seja mais fácil às camadas mais pobres ascender à plena cidadania. Ao inserir-se em um conjunto tão amplo de fatores, o Programa Bolsa-Família acaba por apresentar ainda outro desdobramento da maior relevância. Ele exige uma mudança estrutural no aparelho de Estado, que nunca se preparou efetivamente para responder às demandas da maioria pobre. Podemos dizer que, para um País periférico, temos tido um Estado relativamente bem preparado para exercer algumas de suas funções mais complexas, mas bastante despreparado para o atendimento da população mais carente. Ora, qualquer um que queira observar, com alguma neutralidade, o projeto de desenvolvimento social e de combate à fome em curso no País percebe claramente que o processo de estruturação do Estado para tornar efetivo tal projeto é uma realidade. O cadastramento dos beneficiários, efetivos e potenciais, a formação de servidores públicos aptos a levar adiante o programa, a articulação entre os vários projetos sociais em andamento, o acompanhamento e a análise dos resultados, tudo isso está sendo feito, e tudo isso está contribuindo para a mudança estrutural do aparelho de Estado, fortalecendo-o para cumprir suas atribuições também no plano social. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, não defendo que todo o mérito do que já foi alcançado seja do atual Governo. Estou consciente de que passos tinham sido dados em governos anteriores e, principalmente, de que o mérito maior é do próprio 143 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 povo brasileiro, que, aproveitando o clima de liberdades públicas reinante, se articulou para exigir e para construir um País mais decente. No entanto, seria extremamente injusto negar a influência decisiva do Governo Lula para que o projeto tenha dado um extraordinário salto de qualidade. São programas de combate à pobreza como o Bolsa-Família que contribuem para a erradicação da extrema pobreza e para a conquista da cidadania pela parcela da população mais vulnerável à fome. Passo a abordar outro assunto, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, no último dia 25 de fevereiro, foi anunciado pelo Governo Federal mais um projeto social de combate e erradicação da pobreza. O Programa Territórios da Cidadania, lançado pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por meio do Ministério do Desenvolvimento Agrário, reúne 135 ações voltadas para o desenvolvimento regional e a garantia de direitos sociais, beneficiando 24 milhões de brasileiros. A iniciativa prevê investimentos de mais de R$11 bilhões para atender 60 territórios, somente este ano, que apresentam os menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do País. Em 2009, deverão ter acesso às ações do programa 120 territórios em todo o País, com predominância de assentamentos da reforma agrária, agricultores familiares, além de comunidades indígenas e quilombolas. As regiões baianas com baixo dinamismo econômico serão contempladas com R$1 bilhão, sendo que a maior parte será destinado para o Território do Sisal, localizado no semi-árido nordeste do Estado. Envolvendo ações de 19 Ministérios que levarão obras e serviços a regiões carentes, o programa é um esforço concentrado do Governo Federal para enfrentar a pobreza nas zonas rurais. 144 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 As ações desenvolvidas pelo Territórios da Cidadania serão combinadas com financiamentos de outros programas sociais, como Bolsa-Família, Agricultura Familiar, Luz para Todos, Saúde da Família e Farmácia Popular visando a melhoria de qualidade de vida da população. Além disso, os Governos Estaduais irão participar de todas as atividades e organização do programa. Nesse sentido, vemos uma preocupação do Governo Federal de tornar as políticas públicas mais eficiente, realizando parcerias entre as 3 esferas governamentais e a sociedade civil, conforme as características econômicas e ambientais de cada território. Apesar de algumas pessoas o considerarem como eleitoreiro, a expectativa é bastante positiva, pois diferentemente de outros programas, o Territórios da Cidadania não se limita a enfrentar problemas específicos. Com investimento em educação e em novas formas de sobrevida no meio rural, que são fundamentais para o desenvolvimento sustentável, a iniciativa terá sucesso a médio e longo prazos. Por isso, não podemos correr o risco de descontinuidade do programa ou deste se tornar meramente assistencialista. A partir do momento que criamos meios para que as populações se organizem participando do processo produtivo, elas irão sobreviver com qualidade de vida. Muito obrigado. 145 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 A SRA. ALINE CORRÊA (PP-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, e todos aqueles que nos ouvem pela TV e Rádio Câmara, gostaria de registrar na tarde de hoje um importante evento ocorrido na semana passada no Município de Limeira, no Estado de São Paulo. Trata-se da posse do Dr. Reinaldo Bastelli, um brilhante empresário da área de comunicação da região, no cargo de Presidente da Associação Comercial e Industrial daquela municipalidade. O acontecimento foi comemorado em grande estilo e contou com a participação de diversas personalidades e da comunidade do Município de Limeira, o que demonstra que nosso amigo Reinaldo Bastelli é, além de um profissional competente, um homem bastante carismático. É importante destacar, Sr. Presidente, que esse conceituado apresentador não chegou no patamar de sucesso por acaso. Muitas horas de trabalho e dedicação foram necessárias para que o companheiro Reinaldo Bastelli chegasse aos 32 anos de bons serviços prestados em prol da população. Parabéns amigo Reinaldo Bastelli! Seu exemplo muito nos orgulha. Gostaria, Sr. Presidente, que este meu pronunciamento fosse divulgado nos órgãos de comunicação desta Casa, inclusive veiculado no programa A Voz do Brasil. Era o que tinha a dizer. Muito obrigado. 146 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. BETO FARO (PT-PA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, no final do ano de 2007, o Presidente Lula editou a Medida Provisória nº 410, que criou novos mecanismos de acesso dos assalariados e assalariadas rurais à Previdência Social, ampliando, ainda, a incidência dos direitos trabalhistas dos assalariados rurais. A MP versa sobre 3 pontos básicos: regras especiais para a contratação de trabalhador rural, por empregador, pessoa física, por prazo de até 2 meses; a Previdência Social do trabalhador rural e o financiamento agrícola. Sem dúvida, essa iniciativa do Governo reveste-se da maior relevância do ponto de vista do reconhecimento e da garantia de direitos sociais aos trabalhadores rurais. Ao alterar o Estatuto do Trabalhador Rural para reconhecer a validade do contrato de curta duração, longe de qualquer ensaio de flexibilização dos direitos trabalhistas como assim interpretaram alguns setores, o Governo ajustou a legislação a uma realidade objetiva da agricultura brasileira sem qualquer prejuízo dos direitos previdenciários e trabalhistas dos trabalhadores rurais. Ora, Sr. Presidente, somente quem tem interesse em manter quase 3.5 milhões de trabalhadores rurais na informalidade pode reivindicar contratos por tempo indeterminado para determinadas atividades sazonais ou temporárias na agricultura. Deve ser registrado que a MP teve a prudência e sensatez de limitar a 2 meses as atividades tidas como de curta duração. Quem conhece agricultura sabe que há casos de colheitas que até por conta de perecibilidade dos produtos muitas vezes devem ser concluídas em até 2 dias; outras, por mais tempo que não poderão exceder os 60 dias conforme a MP. 147 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Mesmo dispensando a anotação do contrato na Carteira de Trabalho e Previdência Social ou em Livro ou Ficha de Registro de Empregados a MP não abriu mão de um nenhum direito trabalhista e prevê claramente que a contratação ali prevista só é válida quando o empregador pessoa física realiza o recolhimento das contribuições previdenciárias e o FGTS do trabalhador. Sem isso, mesmo com o contrato escrito e assinado, valerá a regra do contrato por tempo indeterminado. Apesar de todos os esforços realizados pela fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego, pouco tem se avançado para a mudança desse quadro. Nos últimos 2 anos, a quase totalidade dos assalariados e assalariadas rurais não conseguiu o reconhecimento de seus direitos e o acesso aos benefícios junto ao INSS, exatamente pela dificuldade na comprovação do vínculo trabalhista. Foi justamente para enfrentar essa dura realidade, Sr. Presidente, que, sem afrouxar nos direitos, a Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais na Agricultura — CONTAG negociou com o Governo a edição da MP nº 140, com vistas a estimular novas possibilidades para a formalização da relação trabalhista. Os avanços na área previdenciária vão além. A MP criou um período de transição que irá permitir aos assalariados e assalariadas rurais algumas vantagens no acesso aos seus benefícios, que levam em consideração as dificuldades encontradas por este público no tocante a documentação e comprovação do vínculo trabalhista. Assim, até 2010 será permitida a aposentadoria por idade com base na comprovação do exercício profissional, a contagem triplicada do tempo de serviço de 2010 até 2015 e em dobro de 2015 até 2020. 148 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Essas medidas permitirão que centenas de pedidos de aposentadoria que foram negados pelo INSS nos últimos 2 anos possam ser reavaliados, assegurando aos assalariados e assalariadas o acesso à sua aposentadoria. No tocante ao financiamento agrícola, a medida prorrogou o prazo para contratação de financiamentos visando o pagamento da compra de insumos junto ao setor privado, beneficiando os agricultores familiares e suas cooperativas, bem como a agricultura em geral. Os setores com maiores densidades de ranço ideológico também mostram-se inconformados pelo fato de a MP, indiretamente, ter reconhecido os direitos à aposentadoria para os trabalhadores que ocupam terra. Se até grileiro que eventualmente contribui tem direito à aposentadoria, por que um trabalhador excluído do acesso à terra, que luta com dignidade pela sobrevivência, não teria? O fato, Sr. Presidente, é que a legislação previdenciária fixa a forma de contribuição, no caso rural, independente da relação jurídica com a terra. Não importa se é ocupante, proprietário, parceiro, etc. Importa que contribua na forma da lei. Portanto, por mais esse motivo, louvo a iniciativa da CONTAG homologada pelo Presidente da República. 149 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 A SRA. ÍRIS DE ARAÚJO (Bloco/PMDB-GO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a União Européia voltou a permitir importações de carne de 106 fazendas brasileiras, conforme foi noticiado há pouco. No entanto, a decisão não muda o rumo da missão de veterinários europeus que estão no Brasil desde segunda-feira passada, inspecionando os sistemas de controle sanitário de uma amostra de 30 estabelecimentos. Novas fazendas poderão ser incluídas na lista com base nos resultados dessas inspeções. A Comissão Européia suspendeu no final de janeiro a importação de carne do Brasil ao apontar falhas no sistema de rastreamento de gado. No entanto, é preciso deixar claro, Sr. Presidente, que a retomada das importações é ainda extremamente tímida e não contempla os amplos interesses nacionais. Cento e seis fazendas é um número inexpressivo ante as nossas imensas potencialidades! É evidente que os tais impedimentos sanitários alegados pela União Européia em nada se confirmam. Mais e mais se atesta a qualidade da carne brasileira. O embargo, na verdade, atendeu a interesses de produtores locais inconformados com a alta competitividade de nosso produto. Foi, sim, tentativa protecionista, coisa típica de países que se julgam superiores. A questão política ainda quer prevalecer, mas o Brasil e o mundo não podem aceitar essas ingerências, que ferem a lógica do mercado. Livre comércio não pode se traduzir apenas em retórica. É preciso praticá-lo, de fato e de direito. 150 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Por incrível que pareça, as maiores lições vêm das autoridades de um País que foi símbolo maior da economia estatal, a hoje Rússia. O Chefe do Serviço Veterinário e Fitossanitário, Sergei Dankvert, lembra que a Rússia, sozinha, já importa quase todo o volume da União Européia. Ele diz com todas as letras que a carne brasileira é de qualidade e defendeu transparência nas negociações comerciais. Segundo observa, todos os países têm problemas que precisam ser solucionados e não escondidos. Por fim, a autoridade russa dá uma lição ao afirmar que seu país nunca tratou os problemas comerciais com o Brasil do ponto de vista político. São muito exigentes em termos sanitários, mas jamais impõem barreiras por questões comerciais. Que essa lucidez, que vem de autoridades de um ex-país comunista, possa guiar os rumos das relações comerciais com a Europa, o continente que um dia proclamou a liberdade como seu valor maior. Era o que tinha dizer. Muito obrigada. 151 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. DR. PINOTTI (DEM-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ocupo a tribuna para discutir um velho tema, mas ainda sem uma solução satisfatória e justa para nosso País. Refiro-me à proposta de ampliação do tempo de aposentadoria compulsória, hoje fixada em 70 anos, quando, vejam só, já atingimos a marca histórica de expectativa de vida média de 71,1 anos. Penso que estamos diante de um grande desperdício. E desperdício daquilo que mais vale numa sociedade: o conhecimento e a experiência. Evidentemente, para o trabalhador braçal, ou para o esportista, um homem ou uma mulher de 70 anos tem poucas condições de continuar trabalhando competitivamente, mas para as atividades intelectuais e, principalmente, para aquelas voltadas para a Magistratura e para o magistério, imagino que não exista um momento mais frutífero e mais adequado do que a maturidade para o exercício do julgamento e do ensino. Pois bem, nesse exato momento, quando as pessoas adquirem essa maturidade, elas são obrigadas a se aposentar. E o Estado arca com o preço da aposentadoria, com a ausência da contribuição e com o custo de uma nova contratação. Penso que essa questão precisa mudar. Reiteradamente, inclui-me entre os autores e apoiadores da proposta de emenda constitucional que passa a aposentadoria compulsória para 75 anos. Infelizmente, ainda não obtivemos a aprovação dessa PEC. A Proposta de Emenda Constitucional nº 457, de 2005, de autoria do Senador Pedro Simon, já foi aprovada pelo Senado Federal, encontrando-se em condições de ser incluída na ordem do dia desta Casa. 152 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Sei também que o Presidente Arlindo Chinaglia já recebeu inúmeros requerimentos, entre os quais um de minha autoria, solicitando a inclusão na pauta dessa importante matéria. Entretanto, S.Exa. ainda não se manifestou, assim como poucas lideranças incluíram a PEC entre as prioridades legislativas. O momento, creio eu, Sr. Presidente, é extremamente oportuno para a discussão e aprovação dessa matéria. No entanto, sei que uma determinada questão dificulta sua plena tramitação: o fato de que o atual e o futuro Presidente da República, por 5 anos, não poderão indicar nenhum membro do Supremo Tribunal Federal, indicação que são muito valiosas para qualquer supremo mandatário do país. Então, por conta de uma questão exclusivamente política e até partidária, o País desperdiça, todos os anos, milhares de cérebros, de experiências e de conhecimentos que vão se embora com os que são obrigados, pela lei, a se aposentar. Perde a escola, perde o ensino, perde o magistério, perde, principalmente, a universidade e todas as instituições nas quais esses valores e essas qualidades são absolutamente imprescindíveis. Trata-se, também, de um argumento casuístico, muito pontual. Além do que, a manutenção das regras atuais pode representar, num primeiro momento, alívio para os cofres públicos, pelo período mais curto da atividade judicante, entre outras, mas, por outro lado, a partir de 5 anos em diante a renovação continuaria com a mesma velocidade que ocorre hoje. Os Tribunais, Sr. Presidente, só ganhariam com isso. 153 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Vejo, por isso mesmo, com muita preocupação a atuação de juízes jovens, muitas vezes sem a maturidade necessária. Deveria haver um limite de idade para o juiz começar a julgar, uma vez que no julgamento ele tem a “vida ou a morte” das pessoas. O concurso para juiz, embora seja bastante difícil, não mede a maturidade para o julgamento. Por isso, acho mais importante ter um maior número de juízes mais velhos e um menor número de juizes jovens julgando, para o bem da Justiça do nosso País. O prejuízo com a perda dos professores universitários tem a mesma importância. A cada ano, estamos perdendo cabeças fantásticas, por causa da aposentadoria compulsória. Citaria inúmeros da própria Universidade de São Paulo, à qual pertenço, como Fulvio Pileggi — criador do INCOR —, cuja ausência, sem dúvida, foi uma das causas responsáveis pela crise do INCOR; Vicente Amato Neto, uma das grandes cabeças da América Latina em moléstias infecciosas; Adib Jatene; Henrique Walter Pinotti; Silvano Raia, cuja aposentadoria compulsória provocou uma decaída no serviço de transplante de fígado, que foi praticamente privatizado. E poderia continuar citando tantos outros nomes, em diferentes disciplinas universitárias em São Paulo e no Brasil. A aprovação da PEC, Sr. Presidente, representaria um ganho igualmente fantástico para todo magistério, pois a partir dessa idade as pessoas adquirem o máximo de capacidade de transmitir conhecimentos e, mais do que conhecimentos, transmitir atitudes, condutas éticas, que, no fundo, representam a essência da transferência de conhecimento. A tecnologia em si não é nenhum bem ou nenhum mal, o que importa é o uso que se faz dela, e esse uso precisa ser regado de humanismo e de ética que estão, 154 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 via de regra, muito mais presentes em pessoas mais maduras do que nos mais jovens. Outro ledo engano é de que os professores, com jornadas longas e exaustivas, seriam prejudicados com o aumento da aposentaria compulsória. Não, a aposentadoria é compulsória só na expulsão do cidadão e nunca na sua permanência, uma vez que, havendo tempo de serviço — e as pessoas quando chegam aos 70 anos têm de sobra o tempo de serviço de aposentadoria —, ela só não se aposenta se não quiser. Eu me aposentei na UNICAMP aos 52 anos como professor, quando vim fazer meu concurso para a USP, portanto, tinha tempo de serviço para isso. A aposentadoria é compulsória para retirar o cidadão, mas a permanência do cidadão no serviço não é compulsória e, sim, voluntária. Vejamos um paradoxo no Legislativo e no Executivo. Uma pessoa, por exemplo pode presidir o País, exercício um mandato parlamentar depois de 80 ou 90 anos. A lei não impede, mas impede no caso de julgar ou ensinar, se quiser, para o resto de seus dias. Trata-se de um absurdo que precisa ser corrigido Estou convencido, Srs. Parlamentares, que tanto o médico quanto o professor se beneficiariam com a medida e beneficiariam a sociedade. O médico, enquanto profissional na sua atividade liberal, pode continuar exercendo a medicina o tempo que quiser, e o médico empregado público se beneficiaria podendo, se quiser, continuar a trabalhar até os 75 anos. Penso que o prolongamento do trabalho do médico seria útil para a sociedade, pois a experiência se acumula, e essa experiência é útil, pode e deve ser usada. Penso, por todas essas razões, que é possível conciliar capacidade intelectual com a idade. E a experiência demonstra que a capacidade intelectual se 155 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 mantém naquelas pessoas que a usam intensamente. Um dos fatores, comprovado de diminuição de riscos de Alzheimer, é uma atividade intelectual intensa. Salvo casos em que há uma arteriosclerose importante, uma doença de Alzheimer, ou outras doenças impeditivas, o cidadão pode continuar tendo uma atividade intelectual durante o período da velhice. Existe um número grande de exemplos que comprovam isso, tanto que em alguns países não existe idade de aposentadoria compulsória e sim um critério, a partir do qual o cidadão poderá continuar trabalhando enquanto tiver condições para isso. Portanto, razões existem de sobra para a aprovação da PEC da ampliação da aposentadoria compulsória. Falta, nesse momento, decisão política para aprovar matéria tão importante para o futuro de nosso País. Pior que os recursos que são drenados pelos ralos da especulação financeira e da corrupção é o desperdício de talentos, de capacidades, de conhecimento acumulado ao longo de décadas, absolutamente imensuráveis, mas, certamente, indispensáveis em áreas vitais para o desenvolvimento de nosso País. Muito obrigado. 156 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. VALADARES FILHO (Bloco/PSB-SE. Pronuncia o seguinte discurso.) Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, lançou oficialmente, nesta segunda-feira, dia 25, o Programa Territórios da Cidadania em solenidade à qual estive presente. Pretendendo abarcar mil municípios brasileiros e com investimento previsto de 11,3 bilhões de reais em 2008, o Territórios da Cidadania reúne 135 ações de desenvolvimento regional e de garantia de direitos sociais. A escolha das regiões onde será aplicado o programa teve como critério aquelas que apresentassem o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e, ao mesmo tempo, baixo dinamismo econômico. Integrando vários programas já existentes, o Territórios da Cidadania reunirá 135 ações de 19 Ministérios. Difere completamente de outros programas sociais justamente porque abarca uma multiplicidade de ações e não apenas “um-problema-uma-solução”. Ele combina diferentes ações, sempre dentro do foco comum e essencial de tratar de reduzir as desigualdades sociais e promover um tipo de desenvolvimento que poderíamos chamar de integrado. O investimento para uma pequena olaria virá junto com a eletricidade, com a estrada para escoamento da produção. Por isso mesmo, é essencial que um Ministério apareça coordenado com o outro, que uma iniciativa possa ser trabalhada por todos os Ministérios afins em relação a ela. As ações a serem tomadas combinarão, por exemplo, financiamentos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) com a ampliação do Programa Luz para Todos, com a ampliação do Bolsa Família, com a ampliação dos programas Saúde da Família, Farmácia Popular e Brasil Sorridente; 157 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 assim como a construção de escolas estará articulada com obras de saneamento básico e construção de cisternas, e assim por diante. A palavra-chave é integrar. Haverá um esforço coordenado e concentrado do Governo na meta de elevar a qualidade de vida das comunidades mais pobres, de pior IDH, e tendo como alvo o meio rural. Haverá pelo menos um programa em cada Estado da Federação. O Programa Territórios da Cidadania abrange 60 territórios (áreas) onde se localizam municípios com baixo IDH. Aguardamos o presença do Presidente Lula em Aracaju nesta semana, quando o povo de Sergipe poderá, ao vivo, parabenizá-lo por mais esta iniciativa que, embora ainda não ataque o problema de fundo, que é o maciço desemprego nacional, a falta de qualidade do ensino público e a brutal concentração de renda, com certeza levara assistência pública a mais alguns milhões de brasileiros para os quais a urgência é o fator mais decisivo. Era o que tinha a dizer. 158 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. NELSON BORNIER (Bloco/PMDB-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a saúde do povo brasileiro, notadamente das populações de baixa renda continua ameaçada, numa crise sem precedentes que tem suas raízes em dois segmentos distintos: a alta dos preços dos medicamentos e a falta de uma ação governamental capaz de coibir os abusos e frear a ganância das multinacionais fabricantes dos remédios. Mesmo sabendo que economia engessada não funciona, o Governo passa à opinião pública uma imagem que nada tem a ver com a realidade que vivemos. Principalmente se levarmos em consideração que os laboratórios, notadamente aqueles que dependem de matéria-prima importada, não são tão generosos quanto esperam os formuladores da política voltada para a saúde da população brasileira. Os preços dos remédios estão pela hora da morte, mesmo porque não estamos podendo recorrer nem aos chamados genéricos. Qual não é a surpresa ao constatar que alguns medicamentos ditos genéricos chegam às farmácias com os preços muito acima dos chamados de marca. De que adianta, o Governo, por meio do Ministério da Saúde, incentivar a produção de genéricos? E, como resultado, o que se vê é o povo sofrendo no embate das ondas do mar contra o rochedo. Não podemos medir esforços para tentar radiografar o contexto do comércio de produtos farmacêuticos e as causas da dificuldade de acesso das populações de baixa renda à melhoria da saúde como um todo. É preciso que alguém levante a voz e bata continuadamente nessa tecla, para que o Governo desperte diante dessa situação. 159 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O Governo não pode ficar de pés e mãos atadas diante das constantes alegações dos laboratórios, que insistem em dizer que operam com matéria-prima importada, justificando-se pelos altos preços dos genéricos. Mero pretexto, Sr. Presidente. Registro o fato e lavro meu protesto diante de tanto descaso do Governo, Sr. Presidente. Estou certo que a novela dos preços dos medicamentos ainda vai passar por muitos capítulos. Quem viver, verá. Era o que tinha a dizer. 160 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Passa-se ao V - GRANDE EXPEDIENTE 161 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. MAURO BENEVIDES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Tem V.Exa. a palavra. O SR. MAURO BENEVIDES (Bloco/PMDB-CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, no momento em que o nobre Deputado e Ministro Saraiva Felipe se encaminha para a tribuna, peço a V.Exa. que me permita registrar, a exemplo do que fez o Deputado Manoel Salviano, todas as conquistas do Cariri em função da presença do Governador Cid Gomes no Município de Caririaçu. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, por ocasião da instalação do Governo Itinerante no Município de Caririaçu, o Chefe do Executivo cearense, Cid Gomes, anunciou a efetivação dos Agentes de Saúde a partir do dia 1º de maio, respeitando, assim, a proposta de emenda constitucional aprovada no Congresso, no exercício anterior, com aplausos gerais da grande massa de beneficiários. Quis, assim, o Governador atender a justa aspiração daqueles servidores, ainda em situação funcional precária, em que pese a deliberação, adotada unanimemente pelo Parlamento Nacional, quando aqui foi discutida a importante postulação. Os interessados, aliás, regozijam-se por essa acertada decisão, que lhes trará absoluta tranqüilidade para que prossigam em seu árduo afã de orientar a população nos cuidados que devem ser adotados a fim de evitar doenças que proliferam, à falta de simples orientação que lhes preserve a vida e a dos respectivos familiares. Na mesma ocasião, Cid assegurou a construção da Estrada Padre Cícero, ligando a região sul do Estado à nossa Capital, encurtando em 100 quilômetros a rodovia atualmente existente, pretensão há tempos reclamada por parte dos que 162 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 demandam a sede metropolitana da unidade federada que representamos nesta Casa. Por sua vez, o Hospital Regional do Cariri foi reenfatizado com bastante clareza, existindo recursos que a própria bancada federal já comprometeu, levando em conta a relevância do magno empreendimento, vital para aquela região. Ressalte-se que a estratégia do Governo Itinerante vem sendo cumprida, sistematicamente, na presente fase, ensejando que se conheçam necessidades prementes das várias faixas geográficas do vasto território alencarino. Em razão dos trabalhos parlamentares, não me foi possível — embora haja sido o Deputado mais votado em Caririaçu — comparecer ao encontro, daí por que entendi de registrá-lo desta tribuna, absolutamente convicto de que todas as promessas haverão de ser concretizadas no curso da atual gestão, como asseverou, enfaticamente, o dirigente máximo de nossa vida político-administrativa. 163 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. MARCELO TEIXEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Tem V.Exa. a palavra. O SR. MARCELO TEIXEIRA (PR-CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) Sr. Presidente, igualmente, como faz o Deputado Mauro Benevides, encaminho à Mesa matéria de jornal sobre a farmácia mais antiga do Cariri. A Pharmacia Daudet completa 111 anos na região. Peço a V.Exa. que determine a divulgação deste pronunciamento no programa A Voz do Brasil. MATÉRIA A QUE SE REFERE O ORADOR 164 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 (INSERIR DOCUMENTO DETAQ DE PÁGINAS 165 A 165-A) 165 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Concedo a palavra ao ilustre Deputado Saraiva Felipe, do PMDB de Minas Gerais, ex-Ministro da Saúde. O SR. SARAIVA FELIPE (Bloco/PMDB-MG. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Deputado Narcio Rodrigues, Sras. e Srs. Deputados, confrontado com uma ingênua pergunta de uma adolescente sobre o que os Parlamentares faziam no Congresso, o ex-Presidente dos Estados Unidos e um dos fundadores do Partido Democrata, Thomas Jefferson, respondeu rapidamente, com desconcertante sinceridade: "Somos os gansos do Capitólio: vigiamos e fazemos barulho, muito barulho!!" Já se vão mais de 200 anos. E aqui continuamos fazendo barulho, como os gansos de Jefferson, enquanto a pauta de temas nacionais urgentes, relevantes e fundamentais se afunda em contas de tapiocas e salões de beleza e chega ao limite do esgotamento ao se impedir que esta Casa cumpra com o seu papel constitucional e ético de votar os assuntos de interesse de toda a população brasileira. Tenho acompanhado o esforço do Presidente da Câmara dos Deputados para que esta Casa retome sua função institucional e agilize seus procedimentos e mecanismos democráticos, para que não se veja refém de palcos moralistas, de imobilismo frente às avalanches de medidas provisórias do Executivo e de pirotecnias midiáticas. O Sr. Mauro Benevides - V.Exa. me permite um aparte, nobre Ministro e Deputado Saraiva Felipe? O SR. SARAIVA FELIPE - Pois não. O Sr. Mauro Benevides - Deputado Saraiva Felipe, V.Exa. enfoca em seu pronunciamento um tema que tem sido objeto de debates, mas para o qual até hoje 166 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 ainda não se chegou a uma solução adequada, que seria a cessação, não definitiva, mas pelo menos o sobrestamento do envio indiscriminado de medidas provisórias a este Plenário, com o embargo da pauta da Ordem do Dia. Esse barulho a que aludiram os americanos e que V.Exa. também verifica nesta Casa às vezes não ressoa com intensidade junto ao Poder Executivo. Daí a continuidade dessas medidas provisórias, que obstaculizam a continuidade dos nossos trabalhos naquilo que é pertinente às nossas atividades de legisladores do País. Muito obrigado. Cumprimento V.Exa. O SR. SARAIVA FELIPE - Agradeço a intervenção ao nobre Deputado e colega de partido, ex-Presidente do Congresso Nacional, Mauro Benevides. É chover no molhado esse embate estéril sobre a definição do que vêm a ser os critérios de urgência e relevância que pautam a discussão das medidas provisórias nesta Casa, enquanto a pauta da Câmara é travada por quase uma dezena de medidas que relegam a segundo plano instrumentos de governabilidade que dependem de discussão e aprovação por parte dos Congressistas. Levantamento do jornal O Estado de S. Paulo do último fim de semana mostra que, enquanto discutimos a necessidade de nos vermos livres desse engessamento provocado pelas medidas provisórias, outras 52 (repito: 52 medidas provisórias) nunca foram votadas, versando do Código Florestal — reeditada, acreditem, 67 vezes — até artigos da Consolidação das Leis do Trabalho, passando pelas agências reguladoras, planos privados de previdência e outros temas de relevância, não sei se de urgência, da Administração Federal. A essa questão, que a Ordem dos Advogados do Brasil já chamou de "anomalia jurídica" e nós, Parlamentares, de "anomalia política", soma-se outra, a 167 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 que vê em qualquer irregularidade administrativa REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 levantada, de ofício, cotidianamente pelos eficientes organismos de controle da administração pública a possibilidade de palanque para pavimentar as próximas eleições. Temos visto esse filme com constrangedora regularidade. A sociedade brasileira já se cansou de, entra ano, sai ano, acompanhar essa apatia de um Congresso que pára a qualquer sinal de fumaça que venha dos gabinetes da Esplanada dos Ministérios e dos órgãos da administração direta, relegando a segundo plano as atribuições naturais do Parlamento e aumentando o descrédito da instituição. A sociedade quer que as irregularidades sejam apuradas, as denúncias investigadas e os responsáveis punidos, mas sem prejuízo das obrigações cotidianas, corriqueiras e fundamentais daqueles que elegeu. O ex-Presidente José Sarney, Senador pelo meu partido, alertou há dias em entrevista à Folha de S. Paulo para o risco de que as medidas provisórias transfiram para o Executivo a função de legislar, um Frankenstein institucional que enfraquece o Legislativo e avilta o Executivo. É hora de romper essa paralisia, Sr. Presidente. Não podemos afundar nosso compromisso com o País numa lata de lixo de 990 reais. Que se apure a responsabilidade, se apontem os caminhos para a solução e se aprimore a administração pública, mas não nos podemos afastar de questões que continuam esperando por decisão de importância real para os brasileiros. O setor de Saúde continua aguardando a regulamentação da Emenda nº 29, vital para o futuro do Sistema Único de Saúde, agora sob análise no Senado. Em fins de outubro, a Câmara aprovou o Projeto de Lei Complementar nº 1, de 2003, 168 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 uma vitória inegável do SUS, que define claramente que os recursos de saúde sejam aplicados apenas em ações e serviços públicos de acesso universal, igualitário e gratuito; proíbe que os recursos de saúde sejam destinados ao pagamento de servidores inativos, serviços de clientela fechada, programas de alimentação e de saneamento; cria mecanismos de fiscalização e transparência das contas públicas de saúde e dispõe que a infração a essas normas configura ato de improbidade administrativa, sujeito a punição para o gestor. Foi um passo gigantesco para a saúde pública brasileira, mas ainda insuficiente, uma vez que a versão aprovada não vincula a despesa mínima federal a 10% da Receita Corrente Bruta, como constava do substitutivo da Comissão de Seguridade Social e Família, da qual faço parte desde 1995. A saúde é um exemplo claro de como o Estado muitas vezes dá com uma mão e tira com a outra. A CPMF é o último deles. Representaria para o setor, segundo a versão aprovada em outubro, um acréscimo de 24 bilhões de reais entre 2008 e 2011. Comparado à proposta inicial dos 10% da Receita Corrente Bruta, já representaria uma perda de 81 bilhões de reais em 4 anos. Com o fim do imposto, amplia-se o buraco da saúde. Isso exige de nós, Parlamentares, uma nova, ampla e responsável discussão sobre o tema. Quando a extinta CPMF foi aprovada como fonte de financiamento para a saúde pública, ela veio substituir outras formas de recursos, além de outras que se foram perdendo com o tempo, a mais dura delas em 1993, com a retirada arbitrária de recursos do Orçamento da Seguridade Social, originários de recolhimento em folha de pagamento. 169 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Simulações de especialistas em economia em saúde estimam que a aplicação dos 30% do Orçamento da Seguridade Social corresponderia hoje a um valor por volta de duas vezes e meia o orçamento do Ministério da Saúde, isso ainda contabilizados os recursos da CPMF. Esse valor, revertido em dólares anuais per capita, dobraria nossa faixa atual de 150 dólares a 200 dólares. Nunca é demais lembrar que esse gasto atual per capita brasileiro representa metade dos gastos per capita em saúde da Argentina, Uruguai e Costa Rica, e pouco mais de 10% em relação ao Canadá, Austrália, Japão e países da Europa, cuja média é de 1.400 dólares públicos per capita anuais. É senso comum entre especialistas que o Sistema Único de Saúde brasileiro cumpriria todas as suas obrigações constitucionais de eqüidade, universalidade e gratuidade com um financiamento de 600 a 700 dólares, em razão dos custos menores em relação aos países ricos, que destinam recursos públicos equivalentes a 80% dos gastos totais com saúde, contra 45% no Brasil. Concedo um aparte ao nobre Deputado Waldir Maranhão. O Sr. Waldir Maranhão - Nobre Deputado, parabenizo V.Exa. pela reflexão, que se baseia em Thomas Jefferson, aquele que certamente pensou à frente de seu tempo quando caracterizou sua contribuição à humanidade por meio da educação, ao fundar a Universidade de Virgínia. O Parlamento e a sociedade brasileira haverão de compreender a dimensão e a profundidade de sua experiência, evocando uma tradição histórica. Precisamos pautar a reforma universitária como símbolo, com o propósito de olhar as gerações passadas e vislumbrar um futuro diferente para a Nação. 170 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. SARAIVA FELIPE - Agradeço a intervenção ao nobre Deputado Waldir Maranhão. Na verdade, tenho dupla militância. Além de médico, um profissional com larga experiência na área da saúde, não me abstenho da vaidade e do orgulho de também ser professor universitário na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais — UFMG e de poder acompanhar nesta Casa as ações relativas a essa área, que, sem dúvida alguma, de forma quase siamesa, são indeléveis no processo de busca do nosso País de uma situação social com oportunidade mais igualitária. Muito obrigado. Sr. Presidente, continuando, entra também nessa equação a projeção de que a gestão eficiente otimizaria os investimentos em saúde em cerca de 25%, o que seria alcançado com uma mudança na lógica da organização do modelo, compras com base em economia de escala e condições ideais de administração, o que busquei executar no meu período como Ministro da Saúde e que tem sido também o objetivo do Ministro José Gomes Temporão. Por isso, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Congresso Brasileiro não pode mais ficar atado a dispositivos de engessamento em decorrência de trancamento de pauta ou de desvios de prioridades e ações institucionais. A saúde, como disse, é um exemplo de como o Congresso Nacional precisa romper esse círculo vicioso. Temos urgência em criar uma agenda permanente que discuta e defina um fluxo realista de investimentos orçamentários para o setor, às voltas sempre com postergações e faz-de-conta que ora destinam recursos, como ocorreu na década de 90 com a contribuição previdenciária, ora alteram essas formas de financiamento, com sua substituição pela extinta CPMF, ora alteram outra 171 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 vez a regra do jogo, sem levar em conta a magnitude e — estas, sim — a urgência e relevância do próprio futuro do Sistema Único de Saúde brasileiro, reconhecido em todo o mundo como uma das mais ousadas e eficientes políticas públicas já executadas em qualquer país. O SUS, como sabemos todos nós que militamos na Saúde e no Movimento de Reforma Sanitária, é subfinanciado para cumprir o que o povo brasileiro decidiu e seus representantes no Congresso Nacional expressaram na Constituição Federal. Em termos de Produto Interno Bruto, gastamos hoje 3,4% do PIB com saúde, contra 4,3% da Argentina e entre 6% e 8% no Canadá e nos países europeus. O financiamento é a questão principal desse sistema, que atende hoje, como único meio de prover saúde e atendimento médico, 140 milhões de brasileiros. Não podemos mais conviver com orçamentos contingenciados, cortes em programas prioritários de saúde e redução de investimentos em setores vitais como institutos de excelência médica, fundações de pesquisas científicas e plantas de produção de vacinas e outros medicamentos que nos darão autonomia estratégica em relação aos laboratórios internacionais. Saúde, como qualquer política pública, depende de planejamento. Não combina com surpresas e alterações de critérios de destinação de recursos. À Frente Parlamentar de Saúde cumpre um importante papel. É necessário, entretanto, que o Congresso crie uma Comissão Permanente exclusiva para o setor, que defina suas prioridades, estabeleça seu orçamento e suas formas de financiamento e que acompanhe sua execução. Não podemos mais conviver com essas seguidas mudanças de cenários. A saúde é mais que ações de promoção e assistência médica. É uma atividade econômica vital para a riqueza do País. Gera 172 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 empregos, renda, conhecimento, divisas e tecnologia. Gera também, como testemunhamos várias vezes, admiração externa e respeito à capacidade do Brasil de produzir estratégias de eficiência e universalidade, como nossos programas de vacinação em massa e de atendimento a portadores de HIV, que diversos países usam como modelo. Com coragem de assumir esse compromisso com a saúde, há que se buscar, insisto, uma fonte exclusiva de financiamento para o setor, de tal forma que estejamos definitivamente livres dos constantes sobressaltos orçamentários que prejudicam a política de saúde pública brasileira. Ouço o Deputado Celso Maldaner. O Sr. Celso Maldaner - Cumprimento o nobre Deputado Saraiva Felipe, ex-Ministro da Saúde, pelo brilhante e oportuno pronunciamento sobre as medidas provisórias. Somos 6 grupos, portanto, são várias idéias. Inclusive, haverá uma audiência pública sobre esse tema. Parabenizo-o também por tratar do assunto referente à saúde. Arrecadamos 10 bilhões a mais para essa área no ano passado. Portanto, há solução para o setor. Só temos de encontrá-la. Parabéns a V.Exa.! O SR. SARAIVA FELIPE - Agradeço ao nobre Deputado Celso Maldaner a intervenção. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, trago à tribuna uma preocupação de meu Estado, Minas Gerais, da região norte mineira e da cidade de Montes Claros, que me honra representar nesta Casa. Trata-se de reiterar pedido de ajuda, já formulado ao Governo Federal, para implementação das medidas emergenciais necessárias ao enfrentamento do longo período de estiagem que assola o norte de 173 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Minas, o Jequitinhonha e o Vale do Mucuri, regiões que integram a área mineira da SUDENE. Em reunião conduzida pela Sociedade Rural de Montes Claros com entidades públicas e lideranças de classe, realizada no último dia 12, deliberou-se pela formalização de gestões junto ao Governo Federal para que sejam adotadas ações emergenciais vitais para que esse importante setor produtivo da região possa respirar. Trata-se da renegociação de dívidas e da liberação de recursos para pastagens, aquisição de equipamentos e desenvolvimento em infra-estrutura. No tocante às dívidas dos produtores, reivindica-se uma renegociação com prazo de carência de, no mínimo, 2 anos, além da elaboração de novo cronograma de reembolso, conforme a capacidade de pagamento de cada produtor e com juros compatíveis com a realidade regional. É uma questão de Justiça com os ruralistas em razão da estiagem que comprometeu sua produção. Solicita-se, ainda, crédito específico para a recuperação de pastagens, financiamento de estrutura hídrica e aquisição de equipamentos de irrigação destinados à recuperação das pastagens e à formação de reservas estratégicas para a alimentação do rebanho, bem como a liberação de recursos orçamentários previstos para o DNOCS (Departamento Nacional de Obras contra as Secas) e para a CODEVASF (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba). A escassez de água, segundo levantamento do IBGE, já é um problema grave nas regiões Nordeste e Sudeste, onde atinge 1.070 municípios. De acordo com pesquisa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais — INPE, elaborada nos 24 meses anteriores a 2002, essas duas regiões já registram índices pluviométricos 174 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 abaixo das médias históricas. Essa situação vem-se agravando desde então, atingindo o clímax em 2007/2008. Hoje, o índice pluviométrico é um terço do que seria normal entre os meses de setembro e fevereiro. O setor agrícola tem sido uma importante âncora para o desenvolvimento do País e um dos responsáveis pelo crescimento da nossa economia e pela solidez das bases econômicas do Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É importante, portanto, que ele receba do Estado o incentivo que aumenta o retorno produtivo. É nesse sentido que foi encaminhada à ANEEL a solicitação de que seja estendida à agricultura irrigada o benefício da tarifa noturna, assim como para os horários diurnos aos sábados, domingos e feriados. Falávamos no início da necessidade de se romper o imobilismo das instituições políticas e da restauração da eficiência dos poderes da República. Como se vê, Sr. Presidente e Srs. Deputados, há um Brasil real à espera de nossas decisões. Muito obrigado. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Cumprimento o ilustre Deputado Saraiva Felipe, ex-Ministro da Saúde e ex-Secretário de Estado de Saúde, pelo grande pronunciamento apresentado nesta tarde, espelhando enorme conhecimento da administração pública e o trabalho realizado em defesa de Minas Gerais, especialmente do norte do Estado, região que S.Exa. representa com muita honra no Congresso Nacional. 175 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Chegou-nos a informação de que, neste momento, a TV Câmara está transmitindo as atividades da Comissão Mista de Orçamento. Chamo a atenção, portanto, do setor de comunicação da Casa para o fato de que a prioridade é a transmissão da sessão plenária. 176 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Concedo a palavra ao Deputado Nelson Trad, do PMDB de Mato Grosso do Sul. O SR. NELSON TRAD (Bloco/PMDB-MS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, agradeço a V.Exa. a advertência feita à TV Câmara no instante em que ocupo a tribuna, fato que, na realidade, me dá ânimo e inspiração para expor minhas idéias. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Nobre Deputado, V.Exa. está ao vivo na TV Câmara para todo o Brasil. O SR. NELSON TRAD - Sr. Presidente, emocionado, reitero meus agradecimentos. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a reforma política tem estado em segundo plano desde o advento da Constituição de 1988, permanecendo como obra inacabada, a despeito de se considerar um dos pontos capitais para as mudanças estruturais e duradouras de que o País se ressente. Há mais de uma década, arrasta-se a discussão em torno do conjunto de propostas destinadas a dar nova conformação às regras respeitantes ao poder político, embora se deva reconhecer que nesta Legislatura a matéria tem estado presente na agenda decisória da Casa. Abstraída a tentativa de limitar a edição e abreviar o trâmite de medidas provisórias ao final do Governo Fernando Henrique Cardoso, pouco se avançou, no entanto, em direção a uma mudança substancial da organização partidária, da estruturação do poder político e do exercício do múnus representativo, não se podendo conferir às episódicas e tópicas alterações de regras eleitorais o porte de verdadeira reforma política de base. 177 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 As dificuldades e resistências que marcam as negociações explicam os poucos resultados significativos circunscritos, na realidade, a alterações cosméticas e pontuais, mudanças adjetivas ou instrumentais, para aprimorar o processo eleitoral e o sistema representativo e suas relações ou interfaces com os partidos políticos, sem que se credenciem como autêntica reforma institucional do Poder, até porque essas poucas inovações surgem por efeito da atuação das mais altas Cortes de Justiça do País ante a omissão do Legislativo em promovê-las, causando perplexidade à classe política. O tema da reforma política é recorrente em nossa história republicana, mas geralmente se toma a expressão como mera redefinição das regras eleitorais. Invariavelmente as mudanças nem inibiram a corrupção, nem impediram a degradação da imagem e da credibilidade da classe política, assim também a descrença da sociedade nas nossas instituições. A falta de mobilização da sociedade e de conscientização e de comprometimento da opinião pública, ao lado da ameaça que as mudanças do sistema político, eleitoral e partidário podem acarretar às carreiras e às ambições individuais ou de grupos contribuem para que as promessas em torno da reforma política quase sempre se contentem com remendos que deixam intocadas as distorções fundamentais do sistema político. O Sr. Mauro Benevides - V.Exa. me permite um aparte, nobre Deputado Nelson Trad? Até pensei se deveria interrompê-lo em seu pronunciamento ou se deveria continuar assimilando essas lições sapientíssimas, naturalmente a haurir mais ensinamentos, para que pudesse continuar a entender esse processo absenteísta da Casa no que tange à reforma política, fato que V.Exa. realçou logo 178 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 nos 3 primeiras parágrafos da sua oportuna oração. Eu diria a V.Exa., fazendo uma breve retrospectiva, que até o Governo do Presidente Castelo Branco teve uma preocupação com a reforma política. V.Exa. se recorda que ele legou ao País 3 instrumentos fundamentais: a Lei de Inelegibilidade, o Código Eleitoral e o Estatuto dos Partidos Políticos. Daí para cá, a legislação se tornou dispersa e, se na Legislatura passada nós nos empenhamos por essa reforma política, que agora V.Exa. preconiza com sua autoridade e figura exponencial desta Casa, nada conseguimos. Não podemos desperdiçar agora a oportunidade de se fazer efetivamente essa reforma na sistemática eleitoral e partidária brasileira. Portanto, estou solidário com a seqüência da argumentação expendida por V.Exa. e espero modestamente dar a minha colaboração para que essa idéia firme, obstinada, que V.Exa. há sustentado na Casa, possa prosperar com o nosso apoio e a conscientização de todas as bancadas para um dever inerente à representação Parlamentar nesta Casa. Cumprimento V.Exa. pelo magnífico discurso da tarde de hoje. O SR. NELSON TRAD - Agradeço ao nobre Deputado Mauro Benevides, e creia S.Exa. na sinceridade da minha afirmação. Recebo o seu aparte como coroa de flores para perfumar as minhas idéias para o povo brasileiro. Sempre caberá indagar se o contexto brasileiro, marcado por escândalos e negociações espúrias nos ambientes políticos e nos meandros governamentais, presta-se à discussão sobre o papel das instituições e dos atores políticos com vistas à renovação das práticas e sistemas vigentes. Ocorre que a reforma não tem por alvo o sistema de governo republicano, democrático e representativo, nem a organização dos Poderes, que devem ser 179 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 renovados, mas os aspectos mais relevantes sobre a composição e funcionamento das instituições políticas brasileiras, ou seja, a formação do poder político. Questões primordiais ao debate político envolvem temas como o financiamento público de campanha; o fortalecimento da atuação da Justiça Eleitoral; o aperfeiçoamento dos meios legais de combate à corrupção; o saneamento de distorções que viciam o processo eleitoral; a introdução do instituto do recall, para a revogação de mandato pelo próprio eleitorado. Vale também perquirir se o País necessita de uma reforma política, preocupação com indeclinável resposta afirmativa, à qual facilmente se chega diante da perda de legitimidade e de credibilidade de algumas das instituições nacionais, sobretudo as de natureza representativa, frente à opinião pública e à sociedade como um todo. Não se pode atribuir o marasmo, no qual vem patinando a reforma política, simplesmente aos fatos escabrosos e à série de crises que conturbaram o cenário político-partidário e a gestão pública brasileira, marcados por série infinda de escândalos, sob o signo da corrupção institucionalizada e sistêmica, premiada pela impunidade. A falta de vontade política de produzir uma nova organização de poder e novos paradigmas de governabilidade, que façam prevalecer a ética e recuperem a dignidade no exercício dos mandatos, espraiam-se além do Congresso Nacional. A mídia se deu conta de que nem a própria mensagem presidencial para o ano legislativo em curso se ocupou do assunto, fazendo supor que não constitui prioridade nem estratégia ou interesse de Governo. 180 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 O REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Sr. Vital do Rêgo Filho - Deputado Nelson Trad, peço que me permita um aparte, quando oportuno. O SR. NELSON TRAD - Com honra, ilustre Deputado Vital do Rêgo Filho. O Sr. Vital do Rêgo Filho - Deputado Nelson Trad, peço escusas a V.Exa. por estar interrompendo essa peça que V.Exa. traz hoje a esta Casa num pronunciamento marcante que me faz cada vez mais admirá-lo. Assumi meu primeiro mandato nesta Casa com algumas referências de homens públicos, homens que li e que ouvi, e V.Exa., como deve saber muito bem, era uma dessas referências. Extraordinário jurista, homem de conduta marcante neste Poder e, confesso a V.Exa., somente um homem com suas qualidades poderia vitaminar este Congresso Nacional, esta Casa tão deprimida pelos efeitos da reforma política. Somente um homem que passou por tantas intempéries na vida, por tantas agruras, e que sempre soube levantar-se e manter-se firme, vivo, pode ser capaz de ressuscitar, nesta Casa, um tema que tem sido nosso calcanhar de Aquiles: a reforma política. Acho, Deputado Nelson Trad, que todos devemos fazer nosso meaculpa, porque tivemos oportunidade de fazer valer uma necessidade nacional e, por questões políticas e não ideológicas, por questões menores, não conseguimos avançar. V.Exa. ressuscita um tema latente; V.Exa. dá vida a um tema quase moribundo, e somente um homem da estatura moral e política de V.Exa. poderia fazer isto nesta Casa. Meus parabéns pelo pronunciamento. O SR. NELSON TRAD - Muito obrigado, ilustre Deputado Vital do Rêgo Filho. Quero afirmar, ao inserir o seu aparte no meu discurso, que fala a juventude e a renovação patente dos políticos brasileiros. Por isso mesmo, creio que a credibilidade das minhas afirmações, avalizadas pelo presente de V.Exa. nesta 181 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Casa, é suficiente para dizer que, nesta tarde, cumpri meu dever de Deputado Federal. Sr. Presidente, Sras e Srs. Deputados, o Brasil precisa com celeridade corrigir os pontos frágeis ou equivocados do sistema representativo vigente, sanear as mazelas e circunstâncias lamentáveis que cercam o processo eleitoral e o funcionamento das instituições políticas que vêm dando margem a abusos e diferentes práticas de corrupção e desafiam a validade das regras para formação e composição do poder político. Afigura-se impostergável o fortalecimento da instituição legislativa e do sistema representativo, alvo de descrédito contumaz junto à opinião pública pela inoperância dos mecanismos de responsabilização e coerção dos infratores, agravada por sua aparente incapacidade de dar resposta às grandes reivindicações da sociedade, tornando-se mero coadjuvante do protagonismo presidencial. O Congresso brasileiro não pode abdicar do seu poder de ser o condutor da reforma, uma vez que, nos últimos tempos, tem sido a Justiça Eleitoral quem episodicamente suscita uma série de mudanças, tais como a verticalização das eleições, a fixação do número de vagas dos Vereadores, a extinção da cláusula de barreira e quejandos. O Sr. Waldemir Moka - Deputado Nelson Trad, V.Exa. me concede um aparte? O SR. NELSON TRAD - Com prazer, Deputado Waldemir Moka. O Sr. Waldemir Moka - Eu o ouviria ainda mais, mas é neste ponto que quero inserir o meu aparte: na reforma política, tema importante que V.Exa. aborda. 182 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Quero dar um testemunho nesta Casa, embora seja desnecessário. No Mato Grosso do Sul V.Exa. é um político que tem tradição, até porque, antes de ter feito carreira política, ficou conhecido como um dos melhores juristas daquele Estado. E neste momento traz esta questão: a ausência da reforma política. O vazio que se deixou deu oportunidade para o Judiciário legislar. O exemplo maior é a proposta que trata dos Vereadores. Vejam V.Exas. que vamos para mais uma eleição municipal com o equívoco de reduzir o número de Vereadores sem ter reduzido o valor do duodécimo repassado às Câmaras Municipais. Diminuiu-se a representatividade política nos municípios e nem por isso houve economia nesse repasse. A ausência da reforma política, entre outras coisas, está fazendo com que o Legislativo perca a prerrogativa importante não só de condução da reforma política, mas de legislar. Não tenho dúvida de que é por meio da reforma política, da valorização dos partidos, fazendo com que sejam cada vez mais fortes, que o Legislativo vai voltar a ter credibilidade e espaço junto à sociedade. Um abraço, Deputado. O SR. NELSON TRAD - Muito obrigado, nobre Deputado Waldemir Moka, pelas palavras. V.Exa., homem experiente, político respeitado, é o presidente do meu partido no Mato Grosso do Sul. O aparte que me faz nada mais é, na afirmação que faço dos conceitos doutrinários neste discurso, do que o eco da pregação que tem feito em todo o meu Estado, pela verticalidade de seu procedimento e presença na presidência do PMDB no Mato Grosso do Sul, respeitado pelos seus conceitos, presença efetiva e comportamento demonstrado em todos os quadrantes. Por isso mesmo, temos de fazer uma afirmação, de certa forma entristecido, nobre e conceituado Deputado mineiro Narcio Rodrigues, Presidente desta sessão: vivemos o paradoxo de que, se o Congresso não faz as reformas que o País 183 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 reclama, o Judiciário as faz. As decisões da mais alta Corte têm introduzido alterações importantes nas leis eleitorais e nas regras partidárias, que causaram impacto na classe política. Por exemplo: em decisão histórica e coerente com o sistema representativo, estabeleceu que os mandatos pertencem aos partidos e que a infidelidade partidária pode ser motivo de cassação do Parlamentar. Na realidade, a coisa estava tão espetada na consciência de homens e políticos militantes decentes que, numa mágica jurídica, fizeram do mandado de segurança um instrumento de cobrança daqueles infiéis que deixaram seus partidos em busca de proveito pessoal para nova carreira política, atitude que abominamos. A seu turno, as intervenções do TSE têm contribuído, no geral, para dificultar práticas eleitoreiras e usar a máquina da administração públicas para eleger candidatos, a exemplo da ampliação indébita dos programas sociais em anos de eleição. Até mesmo campanhas esclarecedoras da opinião pública acerca de questões da reforma, como voto facultativo, financiamento público de campanhas e fidelidade partidária, entre outras, têm sido patrocinadas pela magistratura. A própria Ordem dos Advogados do Brasil, em âmbito federal, lançou o repto aos Parlamentares: “Acordem com o apelo da sociedade civil brasileira: pensem menos na próxima eleição e mais na próxima geração”. Eis que a prestigiosa entidade de classe propugna como fundamentais para devolver respeitabilidade e representatividade ao processo político, a aprovação da fidelidade partidária, do recall, o fim da reeleição, a revisão de critérios na participação Parlamentar na elaboração do Orçamento da União e o financiamento público das eleições no Brasil. 184 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Apesar disso, alguns Parlamentares ainda pretendem apresentar projeto de lei para eliminar da vida ativa da Ordem dos Advogados do Brasil as provas necessárias para que o bacharel se transforme em advogado. Isso, na realidade, não é o suficiente para demonstrar que algo que se sustenta nos princípios doutrinários do Direito Constitucional possa desvirtuar sua obrigação em busca do aperfeiçoamento das leis que possam facilitar ao eleitorado a escolha, sem necessidade, uma hora ou outra, de assepsias que incomodam o cerne do Poder. Além do comprometimento da imagem, o Congresso vive situação anômala e imprópria do regime presidencial de governo, sem agenda própria, com a obstrução sistemática dos trabalhos advinda do uso autocrático de medidas provisórias em profusão. Ao lado da avalanche de votos, as medidas provisórias paralisam amiúde a pauta deliberativa de ambas as Casas e centralizam a função legislativa a partir do Poder Executivo. As alterações introduzidas no trâmite e apreciação desses atos-leis se revelaram inócuas, ladeadas pela falta de delimitação das matérias passíveis de regulação por medida provisória, sem olvidar que nem sempre atendem aos pressupostos de relevância e urgência. É preciso redesenhar a matriz constitucional desse instrumento, que deveria ser excepcional e muito restrito, mas, ao contrário, tornou-se a principal fonte jurígena do ordenamento federal, a qual, além de esvaziar a agenda própria da representação política, submete o Congresso Nacional a permanente congestionamento resultante da produção de textos legais por ato unilateral do Chefe do Governo, desde as mais comezinhas providências até grandes ações e projetos, que deveriam ensejar ampla discussão prévia da representação política. 185 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Das propostas de reforma política postas em discussão, dentro e fora do Congresso Nacional, ou que deveriam ser alvo de debate, sem dúvida, devem merecer atenção prioritária aquelas que corrigem distorções no sistema de representação popular. Assim, à idéia de unificação das eleições, em todos os níveis, sob o argumento de despertar maior interesse do eleitorado, e tendo em vista o alto custo do processo eleitoral, pode-se contrapor a coincidência das eleições estaduais e municipais, para que se realizem em separado das eleições destinadas a compor a Câmara dos Deputados e o Senado Federal e a prover o cargo de Presidente da República. Semelhante medida buscará evitar a federalização dos pleitos locais e a superposição dos temas nacionais às realidades e demandas próprias de cada Estado e dos seus municípios. A alternância bienal das eleições propicia, demais disso, a renovação dos quadros e celeridade no surgimento de lideranças e vocações políticas, tão necessárias à vida democrática. A realização de eleições para cargos eletivos federais e estaduais em uma mesma data compromete o caráter nacional dos partidos políticos, mina sua unidade e disciplina, propicia alianças espúrias a partir de interesses locais, vicia os resultados do pleito e desmerece a qualidade da representação popular haurida nas urnas para compor as instituições do poder político. Outra aberração do sistema consiste na forma de representação dos Estados e do Distrito Federal na Câmara dos Deputados, que não respeita o princípio constitucional da proporcionalidade nem o do sufrágio universal. Argúi-se que um dos principais fatores de distorção dos sistemas representativos das democracias contemporâneas consiste na não- 186 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 proporcionalidade entre a população — ou o eleitorado — de uma determinada circunscrição eleitoral e seu número de representantes na Câmara dos Deputados. Essa desigualdade entre cidadãos pertencentes a grandes ou pequenos Estados, a territórios densa ou escassamente habitados, contradiz o princípio da representação proporcional, pelo manejo de critérios artificialmente impostos na lei eleitoral. A ruptura da proporcionalidade entre população e representantes implica dar pesos desiguais aos votos dos eleitores de diferentes Estados ou circunscrições eleitorais, vulnerando o princípio democrático da isonomia de votos e entre votantes. Imperioso verberar, igualmente, a presença da modalidade biônica de composição do Senado Federal, por conta das regras atuais para escolha dos suplentes de Senadores, que podem ser indicados pelo próprio titular e não precisam ser do mesmo partido, em suma, prescindem de voto para assumir o mandato, em claro antagonismo com o princípio do sufrágio universal, que impõe o voto direto para escolha dos representantes do povo, em qualquer cargo eletivo. Também aflorou dos debates a questão da exigência de representatividade mínima nas eleições proporcionais, de tal sorte que, para considerar-se eleito Deputado Federal, Deputado Estadual ou Vereador, o candidato deverá obter um percentual expressivo de votos em relação ao quociente partidário. A Lei Eleitoral brasileira, que combina escrutínio uninominal e representação proporcional, desfavorece a formação de uma consciência coletiva e de uma representatividade proporcional. O sistema de escolha uninominal, pelos eleitores, com base na lista apresentada pelos partidos, leva à competição acirrada no interior das agremiações, sem que os dirigentes possam perfilhar critério para ordenar as 187 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 listas, tudo concorrendo em desprestígio da legenda e enfraquecimento do sistema de partidos. Faz-se necessário, nesta linha, rever as atuais regras que disciplinam o sistema partidário, em busca da autenticidade, transparência e gestão democrática das organizações partidárias, para que a generalidade das legendas não se torne refém de oligarquias internas, do poder econômico, ou permaneçam à mercê das barganhas em torno de posições e dos oportunismos de indivíduos ou facções, ávidos pelas benesses dos poderosos. Dessa ordem, é a introdução de medidas que tenham por finalidade coibir as mudanças de partidos, durante um interregno mínimo pré ou pós-eleitoral, exigindose a fidelização da representação política à sua legenda partidária, assim como se há de exigir do partido e de seus quadros o comprometimento com o programa preconizado pela agremiação e apresentado como bandeira ao eleitorado. A troca ilimitada de partidos diminui a representatividade do regime democrático brasileiro, à consideração de que o voto dado a um partido acompanha a migração do eleito para uma outra legenda, o que implica desrespeito à vontade do eleitor e alteração da representação política saída das urnas. De semelhante situação decorre a falta de identidade partidária, que se traduz na desvinculação do eleitor ao candidato e ao partido político e, por conseguinte, ao programa e aos estatutos partidários. A elevada migração partidária provoca o descrédito no Legislativo. Com efeito, o cidadão atribui essa prática ao predomínio de interesses particulares dos Parlamentares ao governismo e ao comportamento espúrio. 188 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Por sua vez, a norma da reeleição para os postos executivos ensejou o abuso do poder econômico e o uso indevido da máquina administrativa, tornando-se por isso incompatível com o regime democrático. Igualmente se afigura imperativo reavivar a questão do financiamento público das campanhas majoritárias (Presidente, Governadores, Prefeitos e Senadores), com o controle dos gastos pela Justiça Eleitoral, embora muitos acreditem que, para coibir a corrupção, seria mais eficaz optar pelo modelo de execução orçamentária impositiva. Importa, porém, que os partidos se mantenham com as contribuições de seus filiados e os recursos do Fundo Partidário, vedadas as doações do poder econômico para financiamento de campanhas eleitorais, para atalhar a prevalência do interesse privado e das negociações espúrias sobre os compromissos com o eleitorado, assim como obstaculizar a compra de votos e o desvirtuamento das eleições. É preciso, por outro lado, evitar a prática espúria e deletéria da apropriação e privatização dos despojos eleitorais, com a partilha do Orçamento e o loteamento dos quadros da administração pública, a cada eleição, e a cada votação controversa no âmbito congressual, a cuja sombra milhares de cargos de livre provimento são preenchidos por critérios escusos e de premiação de cabos eleitorais e militantes. Depois de mais de 10 anos de discussão, apenas foram aprovados projetos que versam sobre a fidelidade partidária, ao passo que outros pontos salientes da reforma política se viram rejeitados, entre os quais as listas de candidatos nas eleições proporcionais (Deputados Federais, Estaduais e Vereadores), o financiamento público para as campanhas proporcionais, entre outros. 189 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Ademais, não é possível relegar o debate em torno da adoção do voto distrital, do desvirtuamento da proporcionalidade parlamentar e do descomprometimento do Parlamentar com seu partido político. Pendem de manifestação desta Casa propostas como o fim das coligações partidárias nas eleições proporcionais, para dar maior nitidez ao perfil dos partidos, clareza ao eleitor para diferenciar a proposta programática e de ação política entre os partidos, e a certeza de que não contribuirá para eleger candidatos indesejados, alvitrando-se a alternativa de formação de federações partidárias, com cláusula de barreira. O fim das coligações deverá reduzir distorções na representatividade, impedindo que Parlamentares sem votação suficiente sejam eleitos em razão do desempenho de outros concorrentes de sua coligação. De fato, se considerarmos o quociente eleitoral, poucos Deputados e Vereadores alcançam número de votos necessários para ser eleitos apenas com os votos nominais obtidos por sua candidatura. A maioria depende dos votos dados à legenda, o que reforça a tese de que a titularidade dos mandatos pertence aos partidos. Acresce que as coligações nas eleições proporcionais induzem ao aumento quantitativo das bancadas sem compromisso ideológico-partidário, favorecendo práticas antiéticas já no exercício do mandato. Nesse sentido, defensável até a extinção do coeficiente eleitoral, para que apenas os candidatos mais votados para as vagas disponíveis sejam eleitos, desde que, no sistema atual, o coeficiente eleitoral é calculado pela coligação, podendo o eleitor votar em candidato de um partido e eleger candidatos de outro partido. 190 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Outros temas centrais da reforma política dizem respeito à adoção do voto distrital misto, que melhor combina as várias formas; eleições proporcionais com lista fechada ou aberta; distribuição do tempo de mídia; a questão do procedimento para votação em aberto nas Casas Legislativas e a questão da suplência nas eleições para o Senado. É necessário, então, que o Congresso Nacional seja o ator dessas decisões, debruçando-se sobre uma pauta que combine proposições internas e outras oriundas da sociedade, para assegurar a externalidade e a participação popular e das organizações da sociedade civil, apartada dos riscos imprevisíveis ou insuspeitos que possam advir da convocação de uma Assembléia Constituinte, inclusive para pavimentar as ambições de continuísmos e reeleições sem limites. Urge reconsiderar o vezo da vassalagem e das barganhas, no que diz respeito à relação entre os Poderes Executivo e Legislativo, e recuperar a capacidade de o Congresso investigar e punir os seus próprios Parlamentares, assim como exercer efetivo poder de fiscalização, controle e responsabilização das autoridades governamentais. As reformas são inadiáveis, para que a democratização dos instrumentos, de meios e procedimentos corresponda à composição democrática das instituições e ao exercício democrático do poder, capaz de assegurar regras claras e éticas ao jogo político em ordem com a estabilidade institucional e a segurança jurídica. Sr. Presidente, nobres colegas, para concluir, concordamos com os que pontificam no sentido de que a reforma que interessa ao País deve transcender o universo de normas jurídicas, das disposições legais e atos normativos. Deve chegar às instituições políticas, ao relacionamento entre os Poderes do Estado, à 191 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 organização federativa e, principalmente, ao saneamento das práticas viciosas e nocivas que acompanham nossa história política republicana. Sr. Presidente, creio que os 25 minutos, espraiados pelo enriquecimento dos apartes que recebi, servem para demonstrar aquilo que penso, no momento em que nós, componentes desta Casa, estamos preocupados com a preservação de um Poder majestoso como o nosso e com a multiplicação de participantes que possam, dentro desta catedral democrática, rezar a oração da fé no sistema, sobretudo no regime democrático brasileiro. Por isso mesmo, Sr. Presidente, utilizando os minutos a mais que me concedeu, quero fazer aqui, como advogado militante que sempre fui, apelo ao Governo Federal para que tenha um pouco de sensibilidade no sentido de patrocinar o fim da greve que ocorre na Advocacia Geral da União. Inúmeros advogados estão acreditando ainda no pacto firmado entre as partes para que possam continuar exercendo seu papel de patronos dos interesses da União, a fim de que possamos, na sociedade, contar com essa distribuição e garantia daqueles que juram trabalhar em benefício da Justiça. Era o que tinha a dizer. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Deputado Nelson Trad, concedemos a V.Exa. 4 minutos a mais, naturalmente pela grandeza do conteúdo do pronunciamento que fez, que todos conhecemos, mas que abriu, nesta tarde, uma página absolutamente memorável de reflexões para esta Casa e para todo o Brasil. Queremos cumprimentar V.Exa. por sua atuação e o povo do Mato Grosso do Sul, que tem aqui um representante que engrandece esta Casa e que, na tarde de 192 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 hoje, nos trouxe reflexões oportunas e necessárias para o aprimoramento da democracia no Brasil. 193 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Com a palavra pela ordem o ilustre Deputado Paulo Teixeira. O SR. PAULO TEIXEIRA (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Deputado Narcio Rodrigues, Sras. e Srs. Deputados, ocupo a tribuna para comentar, de maneira elogiosa, a ação do Governo Federal em reduzir o desmatamento na Amazônia Legal. Ontem, o Governo Federal praticou uma ação muito importante, ao iniciar o combate ao desmatamento ilegal na Amazônia Legal. Começou sua ação em um dos 36 municípios com maior incidência de desmatamento, sinalizando para todos os outros que devem acabar com essa prática ilegal. A ação começou pelo Município de Tailândia, no Pará, onde se detectou que das 90 madeireiras ali presentes, sessenta e nove eram ilegais. Também foram fechadas inúmeras carvoarias ilegais, sinalizando um novo modelo de desenvolvimento para a Amazônia, baseado na exploração sustentável da floresta amazônica, para a atual geração e as futuras. Trezentos homens foram deslocados para a Amazônia — da Polícia Federal, da Força Nacional de Segurança e do IBAMA —, numa ação efetiva para dizer que o Governo Federal não tolera o desmatamento, não tolera exploração na Amazônia Legal. É possível fazer um trabalho de exploração sustentável, extrair a madeira de maneira sustentável, tanto que, das 90 madeireiras no Município de Tailândia, sessenta e nove delas eram ilegais e vinte uma legais. Portanto, é possível ter atividades econômicas na Amazônia; o inaceitável é o desmatamento, é a extinção da Floresta Amazônica. 194 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Alguns podem dizer que em outros países, como os da Europa e nos Estados Unidos, as florestas acabaram. Nosso argumento é de que a Floresta Amazônica é uma riqueza para o Brasil, que a floresta pode ajudar na descoberta de medicamentos e diversas outras possibilidades de descobertas proporcionadas pela biotecnologia, não existente em outros lugares. Portanto, é importante repormos o modelo de desenvolvimento sustentável na Amazônia. O Governo Federal e a Governadora Ana Júlia disseram que não vão apenas exercer métodos repressoras, mas atividades no sentido de construir um modelo de desenvolvimento que permita às pessoas que vivem dessa atividade substitui-la por outra atividade econômica, legal e sustentável. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, sei dos conflitos, dialogo com os Deputados daquela região que conhecem os problemas. No entanto, precisamos nos concentrar agora para pensar medidas de curto, médio e longo prazos no sentido de discutir o desenvolvimento sustentável na Amazônia e, de uma vez por todas, dizer não à exploração predatória existente naquela região. Portanto, parabenizo o Governo Federal e convoco todos a discutir um modelo de exploração sustentável para a Amazônia. 195 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - A Presidência convoca todos os Srs. Parlamentares que se encontram em seus gabinetes ou em outras dependências desta Casa a que venham ao plenário marcar presença, para estabelecemos o quorum necessário à instalação da Ordem do Dia. 196 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Concedo a palavra pela ordem ao Sr. Deputado Carlos Souza. O SR. CARLOS SOUZA (PP-AM. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, retorno à tribuna desta Casa para tratar de 2 assuntos. Primeiro, quero agradecer ao Ministro Hélio Costa. Em atendimento a um pleito deste Parlamentar, o Ministério das Comunicações está fornecendo kits telecentros para alguns municípios do meu Estado, o Amazonas, onde a situação no setor de comunicação é bastante precária. Além de precário, o acesso à internet é caro, porque é feito pelo método de discagem direta. Municípios como Manaus, minha cidade, serão contemplados com esses telecentros. Cada telecentro será composto de 10 computadores, Datashow, impressora, mesas e armários. Também foram contemplados, Deputado Sabino Castelo Branco, os Municípios de Iranduba, Manicoré, Rio Preto da Eva, Tapauá e Urucará. Portanto, meu muito obrigado ao Ministro Hélio Costa, das Comunicações. Sr. Presidente, nosso povo está morrendo de forma gratuita. Recentemente, aconteceu num rio nosso mais um naufrágio. Dezenove pessoas, na maioria crianças inocentes, perderam a vida devido à irresponsabilidade, ao descaso e à falta de compromisso com o nosso transporte fluvial. O Deputado Sabino Castelo Branco sabe que o nosso transporte é precário. Vivemos na Idade da Pedra. A idade média dos motores que fazem a ligação entre as grandes cidades e o interior do Estado é de 15 a 20 anos, e são feitos de madeira. Onde está a linha de crédito por meio do Fundo da Marinha Mercante para renovar a frota desses motores, que deveriam ser construídos de ferro e alumínio 197 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 para dar mais segurança aos transporte dessas pessoas abandonadas lá no Estado do Amazonas? E a regulamentação desse meio de transporte? Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, nem sequer temos o nome dos passageiros que utilizam esses motores para se deslocar. A Polícia e o Corpo de Bombeiros estão encontrando dificuldades para saber o nome das pessoas que estavam naquele tipo de transporte. Há verdadeiro descaso. Vou apresentar requerimento de realização de audiência pública na Comissão da Amazônia e convidar o Sr. Ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, que já foi Prefeito da cidade de Manaus 2 vezes e tantos benefícios tem proporcionado ao Estado do Amazonas, para se fazer presente na reunião. Quero convidar também representantes do Ministério Público, da ANTAQ e dos armadores para discutir a situação e não mais permitirmos que pessoas morram devido ao abandono do Governo Federal. Muito obrigado. 198 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. LELO COIMBRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Tem V.Exa. a palavra. O SR. LELO COIMBRA (Bloco/PMDB-ES. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, senhores e senhoras que acompanham os trabalhos desta Casa pela TV Câmara, quero manifestar, em nome do Estado do Espírito Santo, preocupação com a anunciada reforma tributária. Há muito tempo, existe a expectativa de aprovarmos uma proposta de reforma tributária que vá ao encontro dos anseios da população, com a redução da carga tributária e justa distribuição da arrecadação entre os Estados brasileiros. Ontem, foi apresentado aos Líderes do Governo, hoje será ao CONFAZ, a proposta da reforma tributária, que, em relação ao Espírito Santo, é dramática. Segundo informações do Governo do Espírito Santo, Sr. Presidente, o Estado poderá perder muito dinheiro se a nova proposta de reforma tributaria do Governo Federal for aprovada. Com as mudanças previstas para o ICMS — a cobrança será feita no destino do produto e não mais no Estado de origem —, o Espírito Santo deixaria de receber R$300 milhões por ano somente com a venda diária de 10 milhões de metros cúbicos de gás natural. Em 2010, quando o Estado estará escoando 20 milhõesm3/dia, a perda anual será da ordem de R$600 milhões. O Fundo para o Desenvolvimento da Atividades Portuárias — FUNDAP e os demais incentivos em vigor em todos os Estados, de acordo com a proposta, serão extintos a partir da entrada em vigor da nova legislação. O argumento principal do Governo Federa para a legislação única do ICMS é o fim da guerra fiscal. 199 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 A preocupação do Governo capixaba é com a perda de arrecadação de impostos vindo do gás natural, juntamente com outras que podem chegar a 25% da arrecadação estadual. O Congresso Nacional, em particular esta Casa, precisa, ao receber a reforma, ainda nesta semana, conforme prevê o Governo, tratá-la do ponto de vista do cidadão, do equilíbrio da Federação e respeitando os Estados que fizeram seu dever de casa, que têm buscado, com o acerto das finanças públicas, o caminho da boa prestação de serviços à sociedade e, principalmente, ser referência de gestão. Trago essas preocupações, nobres colegas, em nome do Governador Paulo Hartung, do Vice-Governador Ricardo Ferraço e da nossa bancada, que vai se manifestar a respeito desse tema, para que esta Casa cuide que a reforma tributária não siga o modelo Robin Hood invertido, dando algo a quem não vai usufruir na plenitude e tirando de quem tem cumprido suas responsabilidades, como é o caso de nosso Estado. O País precisa, sim, e urgentemente, de uma reforma tributária justa para o contribuinte, mas a participação do Estados de Federação não pode ser colocada de maneira que provoque diminuição da arrecadação. Necessitamos de um novo pacto federativo. Nós, do Espírito Santo, acreditamos no Brasil e apoiaremos o que for justo para nosso Estado. Era o que tinha a dizer. 200 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. RENATO MOLLING - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Tem V.Exa. a palavra. O SR. RENATO MOLLING (PP-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, debateremos tema muito importante para o nosso País, qual seja a reforma tributária. Fico feliz quando vejo, no mês de janeiro, uma arrecadação de 10 bilhões a mais que no ano passado, vale ressaltar, depois do fim da CPMF. Isso demonstra que a carga tributária de nosso País é elevadíssima e se a diminuirmos arrecadaremos mais. Essa deve ser a filosofia dessa reforma tributária: que a carga seja menor e que seja cobrada de todos. Com isso, com certeza, teremos mais arrecadação e mais dinheiro para investimento em todas as áreas. Precisamos observar de modo especial a questão da folha de pagamento, que penaliza por demais quem emprega bastante. Em visita que fizemos ao Presidente Lula, S.Exa. quase recuou dizendo que a folha de pagamento não pode ser reduzida. Mas, felizmente, a equipe econômica, por meio do Ministro Mantega, reafirmou que vai desonerar a folha de pagamento, de forma que mais empregos sejam gerados, especialmente nos setores intensivos de mão-de-obra. É preciso reduzir essa carga tributária. Esperamos que a reforma tributária, realmente consistente, planejada, dê encaminhamento a este País, pois a economia já está aquecida para possibilitar mais empregos, mais desenvolvimento, mais crescimento. Enfim, é com trabalho que o nosso País poderá fazer inclusão social. Nesse sentido, o Congresso terá função muito importante, com certeza, para agilização e votação de projeto tão importante. Muito obrigado, Sr. Presidente. 201 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 A SRA. LÍDICE DA MATA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Tem V.Exa. a palavra. A SRA. LÍDICE DA MATA (Bloco/PSB-BA. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, gostaria de registrar neste plenário a minha indignação e repúdio ao tratamento preconceituoso que países da União Européia vêm dispensando aos brasileiros e às mulheres brasileiras, em particular. Refiro-me especificamente ao setor de imigração do Aeroporto de Barajas, em Madri, que durante 3 dias manteve um grupo de brasileiras em situação de humilhação e maus tratos, antes de serem repatriadas. O que mais impressiona nos casos relatados por brasileiras é que, grande parte do grupo, enviadas de volta da Espanha, tinha documentação regularizada, emprego fixo ou matrícula em cursos, nível superior, dinheiro, cartões de crédito internacional, hospedagem comprovada e passagens de volta marcadas, enfim, tudo o que é exigido pelos órgãos de imigração europeus. Em alguns casos, Sr. Presidente, essas mulheres usariam a Espanha apenas para conexão com outras cidades do continente. Foi o caso da turismóloga baiana Camile Gavassa Alvez, de 34 anos, que estava a caminho de Dublin, na Irlanda, para estudar inglês. Confinadas em uma sala durante 3 dias, essas mulheres foram vigiadas por policiais com a obrigação de comer ao som de um apito, muitas vezes em bancadas improvisadas nos banheiros e sem direito a objetos de higiene pessoal, como escova de dentes e sabonete. Uma verdadeira humilhação e uma demonstração clara de preconceito social e sexual. 202 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 No episódio, de estranho, destaca-se a falta de apoio da embaixada brasileira às pessoas vítimas de tamanha agressão. Nosso País recebeu tão bem em outro momento histórico migrantes espanhóis que hoje têm filhos e netos brasileiros. Na Bahia, temos proporcionalmente a maior colônia espanhola/galega do Brasil. E é com o espírito de irmandade e compreensão de que somos um País que intensifica suas relações econômicas com a Espanha que queremos exigir respeito. Na área do turismo, da comunicação, dentre outras, crescem os investimentos espanhóis em nosso País, ao tempo que cresce também o número de brasileiros que desejam e visitam a Espanha anualmente, comprando e deixando lá parte da nossa economia. As relações ibero-americanas estimuladas pelos Governos espanhol e português têm de significar troca de interesses econômicos e amizade entre os nossos povos. Por isso, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, situações como essa são inaceitáveis. Temos a obrigação de cobrar das autoridades espanholas tratamento respeitoso aos brasileiros e, especialmente, às mulheres brasileiras. Outro assunto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, passo a tratar. É com alegria e orgulho que venho a este Plenário para informar que artigo publicado por Maurício Lima Barreto, pesquisador do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia — UFBA, foi eleito pelo jornal britânico The Lancet um dos 12 artigos mais importantes no campo da saúde publicados no mundo em 2007. O artigo trata de um estudo de epidemiologia sobre o programa de redução dos índices de diarréia infantil no Nordeste brasileiro. Para os conselheiros do The 203 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Lancet, o estudo de Maurício Lima Barreto é o artigo de pesquisa publicado “com o maior potencial de contribuição para a pesquisa científica”. Ter um artigo destacado dessa forma pelo jornal britânico, Sr. Presidente, nobres colegas, mostra que não só Maurício Lima Barreto, como todo um grupo de pesquisadores da UFBA vêm fazendo um trabalho científico de qualidade e que merece a atenção da comunidade científica internacional. Além disso, demonstra também que o crescimento da pesquisa em epidemiologia e saúde coletiva no Brasil continua em crescimento acelerado, o que reflete não só em quantidade, como também em qualidade, o refinamento desta pesquisa. O Projeto Bahia Azul, objeto do artigo premiado, observou durante 10 anos o efeito sobre a saúde de uma intervenção de saneamento na cidade de Salvador. Ninguém tem dúvida sobre os benefícios do saneamento, mas seu efeito sobre a saúde nunca foi demonstrado em uma intervenção de larga escala como esta em Salvador. Por isso, Sr. Presidente, parabenizo o pesquisador Maurício Lima Barreto e toda a sua equipe da UFBA pelo trabalho realizado, cujo mérito, ressalto, é vencer desafios com o objetivo de melhorar a saúde dos soteropolitanos. Aproveito a oportunidade ainda, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, para registrar neste plenário o falecimento, na última segunda-feira, dia 25, da jornalista Zilah Laura da Silva Moreira, uma das pioneiras do jornalismo na Bahia e a primeira correspondente, em Salvador, do jornal O Estado de S. Paulo. Destemida e presença constante em todos os movimentos em defesa da liberdade de imprensa e dos jornalistas no exercício da profissão, Zilah ficou conhecida pelas críticas que fazia em suas matérias a Antonio Carlos Magalhães, 204 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 desde que ele ocupou a Prefeitura de Salvador. Nossa Zilah também nunca se intimidou diante do regime militar, período em que exerceu a profissão como correspondente do Estadão. Jornalista e advogada, Zilah nunca se deixou abater pela idade para empreender novos desafios. Aos 86 anos, ainda se dedicava a consolidar o Instituto Casa do Jornalista, entidade fundada por ela com o objetivo de acolher jornalistas desamparados no final de carreira e proporcionar um futuro melhor aos jovens. A essa grande brasileira que dedicou sua vida à democracia, rendo as minhas homenagens póstumas. Muito obrigada. 205 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Antes de conceder a palavra ao próximo orador inscrito, comunico ao Plenário que chegou ao Presidente da Casa a informação de que atingimos o quorum exigido para instalação da Ordem do Dia e que em poucos minutos teremos o posicionamento de S.Exa. 206 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. FERNANDO DE FABINHO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Tem V.Exa. a palavra. O SR. FERNANDO DE FABINHO (DEM-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, sabemos que o quorum foi atingido e, numa hora dessas, deveríamos estar trabalhando na pauta da Ordem do Dia. Mas está acontecendo, neste momento, uma reunião na Liderança do Governo com vários líderes de partidos justamente para discutir essa pauta. Penso que seria interessante fazer um contato com a Liderança do Governo para ver em que pé se encontra a reunião e possamos estimar o tempo necessário para, no retorno, termos um trabalho mais proveitoso na Casa. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Esta Presidência agradece a V.Exa., Deputado Fernando de Fabinho, o aconselhamento, mas foi exatamente o que foi feito. O Presidente da Casa recebeu a informação de que já dispomos de quorum e, assim, nos orientaremos sobre o que acordaram os líderes. 207 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. MIGUEL MARTINI - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Tem V.Exa. a palavra. O SR. MIGUEL MARTINI (PHS-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, na quarta-feira passada, no Auditório Petrônio Portella, no Senado Federal, membros da Frente Parlamentar em Defesa da Vida — Contra o Aborto e da Frente Parlamentar em Defesa da Família realizaram o I Encontro Brasileiro de Legisladores e Governantes, com a presença de Senadores, Deputados Federais e Estaduais, Prefeitos, Vereadores, representante da CNBB. Na ocasião, foram discutidas as ameaças que pairam sobre o povo brasileiro, especialmente sobre aqueles que não têm como se defender, que ainda estão no útero materno, que querem nascer e que têm sido covardemente assassinados. Uma das conclusões a que chegamos foi a de trabalhar pela criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a investigar as denúncias de aborto clandestino no País. Aliás, na semana passada, a mídia mostrou uma clínica de aborto estourada pela Polícia e a prisão de médicos e profissionais da saúde. E se diz por aí que essas clínicas estão espalhadas aos montes, em quase todas as esquinas das cidades brasileiras. Este Parlamento não pode se furtar em fazer uma investigação sobre o assunto e recolocar ordem no que diz respeito à proteção à vida, especialmente à violência que mulheres têm sofrido nessas clínicas de aborto. Queremos alertar o Brasil para o fato de que finalmente, na próxima semana, o Supremo Tribunal Federal deverá decidir a ação indireta de inconstitucionalidade ajuizada pela Procuradoria-Geral da República em relação à Lei de Biossegurança. 208 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Nesse diploma legal, Sr. Presidente, foi incluída, de maneira antidemocrática, uma emenda Frankenstein, que coloca no mesmo patamar uma semente de soja e um ser humano gerado no ventre materno. É preciso que todos acompanhemos o desenrolar desse julgamento. Tenho certeza de que os Ministros do Supremo Tribunal Federal estão conscientes de que ainda não existe nada de concreto sobre o fato de que a manipulação de embriões possa trazer benefícios à população. Por outro lado, está comprovado que a célula adulta traz resultados não encontrados nas pesquisas com a célula embrionária. A ciência está nos ajudando, ao mostrar que a vida começa no momento da concepção. Porque, logo após a concepção, o DNA já está definido, e esse DNA é diferente do da mãe; portanto, uma nova vida vive no ventre materno. Há pouco tempo, foi divulgado pela mídia que a célula retirada do cordão umbilical, da medula óssea ou de outros partes do organismo humano pode se prestar para a recomposição dos órgãos. É o que se esperava da célula embrionária, mas ainda não há nenhuma comprovação. É o alerta e o registro que tinha a fazer. Muito obrigado. 209 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. EDUARDO VALVERDE - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Tem V.Exa. a palavra. O SR. EDUARDO VALVERDE (PT-RO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, apesar dos transtornos que causa, a operação desencadeada pelo Ministério do Meio Ambiente na Amazônia para combater o desmatamento na Amazônia tem de ser realizada, porque boa parte da devastação é causada por grilagem de terra e utilização de modelos produtivos não adequados. É preciso, entretanto, salientar que essa ação governamental deveria ser paralela ao Programa Territórios da Cidadania. Se não conseguirmos dar à Amazônia um modelo produtivo compatível com o seu bioma, o modelo destrutivo atualmente utilizado perdurará. Poderemos até fazer uma fiscalização mais incisiva, porém sempre haverá brechas para fraudes e para extração ilegal de madeira. Por que a madeira é extraída de maneira ilegal? Ou por que a floresta não tem valor econômico suficiente? Porque as atividades desenvolvidas na floresta, muitas vezes, não têm a devida adequação tecnológica. Não são desenvolvidas e articuladas ações de Governo para aumentar a produtividade do solo, fortalecer a agricultura familiar e agregar valor à produção básica. Se assim fizéssemos, estaríamos aumentando a renda de tal forma que o produtor rural não precisaria abandonar a sua terra em busca de oportunidades, e faria o anteparo entre a floresta e a grande fazenda. Portanto, não podemos nos valer de mão-de-obra barata para derrubar a floresta, porque com o tempo o 210 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 abandono daquela pequena propriedade resultará no surgimento de uma grande fazenda. Então, para estancar esse modelo destrutivo, temos de fortalecer o Programa Territórios da Cidadania Hoje, são 60 territórios da cidadania no Brasil, mas é preciso ampliar esse número, principalmente em relação às cidades que estão no centro do desmatamento. Dessa forma, estaremos melhorando a produtividade do solo e a qualidade da vida do produtor, que deixará de ser massa de manobra para aqueles que querem a terra amazônica. Estamos discutindo com diversos órgãos de Governo não o fortalecimento orçamentário desse programa, mas sobretudo a ampliação de sua incidência e a melhor articulação das ações de Governo, para que a propriedade familiar, aquela compatível com o meio ambiente, o agroconsórcio florestal possa se fortalecer na Amazônia. 211 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Comunico ao Plenário que o Presidente Arlindo Chinaglia está a caminho para iniciar a Ordem do Dia. 212 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. RONALDO CAIADO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Tem V.Exa. a palavra. O SR. RONALDO CAIADO (DEM-GO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, estamos assistindo a um processo que vem se arrastando nesses últimos dias e que está preocupando enormemente a pecuária brasileira. Refiro-me ao embargo que a União Européia fez à importação da carne brasileira. Sr. Presidente, é inaceitável a posição do Governo — e aí cito o Presidente da República —, do Ministro da Agricultura e do Ministro das Relações Exteriores, pois está bem claro que esse embargo tem um único objetivo: atender às pressões de Parlamentares da Irlanda e da Inglaterra que estão se sentindo prejudicados pela qualidade e pelo preço da carne brasileira. Então, vejam o senhores que é um embargo econômico travestido de sanitário. Estamos assistindo a algo inédito. Vimos ontem na mídia nacional o Secretário do Governo da Rússia, que tem status de Ministro da Agricultura em seu país, chegar ao Brasil para fazer a defesa da carne brasileira. É isto o que os senhores estão ouvindo, um russo defendendo a carne brasileira, porque o Ministro da Agricultura do Brasil está calado, cada dia mais agachado diante das imposições da União Européia. Acabamos de receber agora a notícia de que a União Européia só credenciou 106 propriedades no Brasil. Isso é uma agressão à soberania brasileira. Pergunto a V.Exa.: temos aqui soberania efetiva ou fictícia? Os brasileiros têm, nesta hora, que exigir o consumo de carne apenas das 106 propriedades? O Ministério da Agricultura não garante a nós brasileiros o controle sanitário de todo o rebanho brasileiro? Os outros países que estão importando também precisam saber 213 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 agora se o Ministério da Agricultura é capaz de prestar controle sanitário e garanti-lo apenas em 106 propriedades. É um momento importante. Estamos elaborando agora, neste fim de tarde, um mandado de segurança preventivo, para recorrermos à Justiça, já que a posição do Ministério da Agricultura foi servil, de vassalagem diante da imposição da União Européia. Poderíamos, nesta hora, de maneira altiva, suspender as exportações para a União Européia, que hoje significam 3% da produção nacional, redigir regras e normas claras e não ficarmos no constrangimento que vivemos hoje em que a população brasileira e todos os importadores perguntam: por acaso, a saúde do europeu é mais importante do que a nossa? O Sr. Narcio Rodrigues, 1º Vice-Presidente, deixa a cadeira da presidência que é ocupada pelo Sr. Arlindo Chinaglia, Presidente. 214 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Apresentação de proposições. Os Senhores Deputados que tenham proposições a apresentar queiram fazê-lo. APRESENTAM PROPOSIÇÕES OS SRS.: 215 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 VI - ORDEM DO DIA PRESENTES OS SEGUINTES SRS. DEPUTADOS: 216 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - A lista de presença registra o comparecimento de 295 Senhoras Deputadas e Senhores Deputados. 217 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Passa-se à apreciação da matéria sobre a mesa e da constante da Ordem do Dia. Item 1. Medida Provisória nº 399, de 2007 (Do Poder Executivo) Discussão, em turno único, da Medida Provisória nº 399, de 2007, que abre crédito extraordinário em favor da Presidência da República e dos Ministérios das Relações Exteriores, dos Transportes, do Meio Ambiente e da Integração Nacional, no valor global de R$456.625.000,00, para os fins que especifica. Pendente de parecer da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização. 218 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Sobre a mesa requerimento no seguinte teor: “Sr. Presidente, requeremos a V.Exa., nos termos do art. 117, VI, do Regimento Interno, a retirada da pauta da Medida Provisória nº 399, de 2007, constante do item 1 da presente Ordem do Dia”. Assina o Deputado Antonio Carlos Magalhães Neto, Líder dos Democratas. 219 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Em votação. Para encaminhar, concedo a palavra ao nobre Deputado Eduardo Valverde, que falará contra a matéria. O SR. EDUARDO VALVERDE (PT-RO. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, sou contra a retirada da medida provisória, porque esse requerimento tem a finalidade de protelar a discussão. A medida provisória estabelece crédito extraordinário para o Ministério da Integração Regional no valor de 456 milhões de reais, dos quais 300 milhões são para combater a seca no Nordeste e as enchentes no Sul, para atender miseráveis, pessoas que estão hoje sem água ou desabrigadas em função das enchentes. Creio que a medida provisória é urgente e relevante. Por isso, somos contrários a sua retirada de pauta, até porque o Congresso Nacional tem de trabalhar, pois tem uma pauta extensa este ano. Temos a reforma política a ser enfrentada; emendas constitucionais a serem votadas, dentre as quais a da Defensoria Pública, no sentido da autonomia, para que os pobres possam ter defesa neste País. Enquanto a pauta não for destravada, essas matérias não virão à Ordem do Dia. O Congresso tem que exercer seu papel de legiferar. Portanto, somos contrários à retirada da matéria, porque ela tranca a pauta neste momento. 220 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Para encaminhar, concedo a palavra ao nobre Deputado Fernando de Fabinho, que falará a favor da matéria. O SR. FERNANDO DE FABINHO (DEM-BA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, mais uma vez, há medidas provisórias trancando a pauta. Todos observamos que no ano de 2007 foram editadas pelo Governo 20 medidas provisórias, totalizando cerca de 50 bilhões de reais de crédito extraordinário. Tanto em 2007 quanto em 2008 o Governo trabalhou dessa forma. Esta é uma medida provisória que não tem nenhuma relevância nem previsibilidade. Podemos observar que ela reserva 35 milhões de reais para a Presidência da República, mais 97 milhões de reais para o Ministério das Relações Exteriores, inclusive para o pagamento ao Fundo do MERCOSUL. Portanto, é uma realidade que não atende à expectativa de todos nós. Por isso, estamos pedindo a retirada de pauta dessa matéria, para que tenhamos oportunidade de conversar um pouco melhor e mostrar ao povo brasileiro que o Governo tem pautado sua administração, principalmente os créditos extraordinários, por meio de medidas provisórias. Aquilo que não tem urgência e relevância não pode ser tratado dessa forma. Por intermédio da Comissão Especial, buscamos analisar definitivamente as edições de medidas provisórias por parte do Governo Federal. Continuamos votando a favor do requerimento no sentido de que se chame a atenção desta Casa para a forma como o Governo conduz sua administração, principalmente no que se refere aos créditos extraordinários relacionados a medidas provisórias. 221 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Concedo a palavra ao representante dos Democratas, para orientação de bancada. O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES NETO (DEM-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, estamos dialogando com a base do Governo no sentido de buscar um acordo de procedimento para a produção nos dias de hoje e amanhã. Existem 5 medidas provisórias trancando a pauta. Temos a disposição de avançar no exame de algumas delas, porém não todas. O requerimento da bancada do Democratas atende a uma estratégia de protelação, que pode ser revista na medida em que cheguemos a um acordo com a base de apoio ao Governo. Há simpatia por parte da Liderança do Governo à idéia de chegarmos a um entendimento, mas é preciso que o Líder se manifeste. Creio que poderíamos votar 2 medidas provisórias hoje e outra amanhã, ficando 2 medidas provisórias, as relativas a crédito extraordinário e franquias, para a semana que vem. Estamos, portanto, disponíveis para avançar na votação de 3 medidas provisórias entre os dias de hoje e amanhã. Resta saber qual é a proposta da base de apoio ao Governo. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Peço à Liderança do Governo que se manifeste sobre a proposta de acordo que acabamos de tomar conhecimento. O SR. HENRIQUE FONTANA (PT-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) Sr. Presidente, o tempo não nos permite consultar todos. Quero me penitenciar por não ter podido atualizar V.Exa. dos acordos havidos depois que conversamos no final da manhã. 222 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 De fato, para nós, do Governo, parece uma postura bastante construtiva a proposta da Oposição. Poderíamos votar hoje 3 medidas provisórias. Digo 3 porque já existe acordo sobre o texto, forma e conteúdo das três primeiras MPs. A quarta MP ficaria para amanhã. Como sobre ela ainda não há acordo, pode ocorrer obstrução por parte da Oposição. Se for da preferência votar 2 medidas provisórias hoje e 1 amanhã, do ponto de vista do Governo também não há contrariedade, ou seja, o Governo acolhe as 2 propostas com toda tranqüilidade. 223 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES NETO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Tem V.Exa. a palavra. O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES NETO (DEM-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, de fato, a proposta do Líder Henrique Fontana não nos atende. Nosso desejo é fazer um acordo que contemple hoje e amanhã. Daí por que nosso limite é o compromisso para somente analisarmos 3 medidas provisórias. Não é culpa dos partidos da Oposição que a pauta esteja trancada por 5 medidas provisórias. Afinal de contas, quem as edita é o Governo. Daí por que não há dúvida alguma de que o interesse em acelerar o processo de votação dessas medidas provisórias seja da base do Governo. Quero repetir e insistir no fato de que nosso acordo possível é no sentido de hoje e amanhã examinarmos 3 medidas provisórias. 224 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Não tive oportunidade, como os demais Parlamentares, de saber daquilo que vem sendo tratado legitimamente pelos Líderes. Até o momento, pelo que entendi, não haveria obstrução e entre hoje e amanhã seriam votadas 3 medidas provisórias. Se votarmos as 3 medidas hoje, ou 1 hoje e 2 amanhã, e vice-versa, não importa. Agora, sob o ponto de vista da Casa, talvez fosse prudente — e indago de V.Exa. e da Liderança do Governo se podíamos votar 3 hoje — lermos o parecer do Relator amanhã para que se tomasse ciência do mesmo, o que não implicaria discussão ou nenhum avanço que eventualmente atrapalhe a preocupação central de uma dessas medidas provisórias. Creio que, com isso, ganharíamos tempo e atingiríamos os 2 objetivos. A referência indireta que o Líder Henrique Fontana fez é que votaríamos hoje 4 medidas provisórias. Imaginei que isso estava acordado. Inclusive, fui procurado por dirigentes do movimento sindical e os informei. Isso tem conseqüências. Alguns pelo menos vieram para cá. É por isso que estou vendo se é possível fazer a leitura pelo menos da quarta medida provisória, o que dá garantia a todos. Ao fazer a leitura, todos tomam ciência, para evitar uma obstrução pela quarta medida provisória na terça-feira. 225 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES NETO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Tem V.Exa. a palavra. O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES NETO (DEM-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, parece-me que existe uma alternativa que foi construída pelo diálogo, fora do microfone. Votaríamos 2 medidas provisórias hoje e amanhã votaríamos a terceira medida provisória, que diz respeito a interesses dos policiais, sem verificação de quorum. Então, faríamos um acordo. Hoje, claro, pode haver verificação de admissibilidade, mas amanhã, pelo mérito da matéria que está sendo discutida e porque não existe uma disputa ideológica e conceitual entre Governo e Oposição, votaríamos a terceira medida provisória por acordo, sem solicitação de verificação por parte da Oposição. Eu me proponho a assumir esse compromisso. Assim podemos resolver o problema. 226 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. LEONARDO VILELA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Tem V.Exa. a palavra. O SR. LEONARDO VILELA (PSDB-GO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o PSDB concorda em votar as 2 medidas provisórias de crédito hoje. Nesse acordo não abriremos mão de verificar a inadmissibilidade. São 2 votações nominais das 2 MPs. Amanhã concordamos em votar sem verificação nominal, por parte da bancada do PSDB, a terceira medida provisória que obstrui a pauta de hoje. 227 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Antes de indagar à Liderança do Governo, quero dizer que todos sabemos que as bancadas que manifestam o compromisso — e não há dúvida quanto ao compromisso — têm de estar cientes de que a verificação de quorum pode ser solicitada por qualquer Parlamentar. É bom que se reflita sobre o tema. Indago à Liderança do Governo se há acordo no que diz respeito à última proposta formulada pelos 2 Líderes, do Democratas e do PSDB. 228 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. TADEU FILIPPELLI - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Tem V.Exa. a palavra. O SR. TADEU FILIPPELLI (Bloco/PMDB-DF. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, quero, em nome do PMDB e de toda a representação de Brasília, fazer um apelo ao PFL, ao PSDB e ao PPS nesse entendimento. Existe, como terceira matéria a ser votada, a MP nº 401, de 2007, que trata do reconhecimento dos salários e pagamento dos policiais militares, bombeiros e policiais civis do Distrito Federal. É quase uma simples formalidade. Desde setembro eles aguardam essa votação, com reflexos nos salários de cada militar do Distrito Federal. Portanto, faço esse apelo aos partidos que formam a Oposição no sentido de procurar estender, se possível — logicamente reconhecendo sua proposta —, até a terceira medida provisória, a Medida Provisória nº 401, porque esse grupo aguarda desde setembro essa formalidade, que é a votação da medida. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Aproveito a ponderação de V.Exa., e peço a atenção dos Líderes. Por isso eu sugeri — mas temos de ir com cautela — que se avaliasse a hipótese de fazer a leitura do parecer da quarta medida provisória amanhã. Mas não quero, evidentemente, insistir. Tem relação com aquilo sobre o qual V.Exa. ponderou. O Deputado ACM Neto não se opõe a que se votem 3, nem tampouco o Deputado Leonardo Vilela, mas há uma preocupação quanto à continuidade. 229 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES NETO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Tem V.Exa. a palavra. O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES NETO (DEM-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, estamos preocupados em garantir a aprovação da medida provisória que trata do salário dos policiais. Tão logo a medida provisória foi editada, seus efeitos começaram a valer. Daí por que eles estão contemplados com efeitos da medida provisória. Nós iremos votá-la. Aceitamos, inclusive, votá-la hoje, junto com as outras 2 medidas provisórias. Mas a Oposição pára por aí. Não nos atende um acordo que leve à leitura da quarta medida provisória, que tranca a pauta. Como eu entendo a preocupação de V.Exa. no sentido de que amanhã tenhamos um trabalho legislativo intenso neste plenário, não me oponho a votarmos 2 medidas provisórias hoje e a terceira amanhã. Como há o acordo de não verificação da admissibilidade da terceira medida provisória, pelo seu mérito, parece-me não haver risco algum de sua não aprovação no dia de amanhã. Se a base do Governo concordar, esse seria um encaminhamento que possivelmente atenderia a todos. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - V.Exa. entendeu perfeitamente o limite da Presidência. Amanhã teremos sessão deliberativa, qualquer que seja a tentativa de acordo. Isso está estabelecido. Portanto, indago à Liderança do Governo se concorda. 230 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. HENRIQUE FONTANA (PT-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) Concordamos, Sr. Presidente. Tivemos um diálogo intenso, o clima é positivo nesse início de ano; temos de reconhecer também que há de fato excesso de medidas provisórias que estão obstruindo a pauta. Nesse ambiente de negociação e de composição, poderemos liberar a pauta da Câmara mais rapidamente para entrar em matérias que V.Exa. tem sugerido. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Indago então do Líder Antonio Carlos Magalhães Neto se mantém. O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES NETO (DEM-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Não, está retirado de ofício. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - PSDB? O SR. LEONARDO VILELA (PSDB-GO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Retiramos de ofício. 231 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Concedo a palavra, para oferecer parecer à medida provisória e às emendas a ela apresentadas, pela Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização, ao Sr. Deputado José Airton Cirilo. O SR. JOSÉ AIRTON CIRILO (PT-CE. Para emitir parecer. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Presidente da República submete ao Congresso Nacional, com base no art. 62 da Constituição Federal, a Medida Provisória nº 399, de 16 de outubro de 2007, que abre crédito extraordinário, em favor da Presidência da República e dos Ministérios das Relações Exteriores, dos Transportes, do Meio Ambiente e da Integração Nacional, no valor global de R$456.625.000,00 (quatrocentos e cinqüenta e seis milhões, seiscentos e vinte e cinco mil reais), para atender a programações ditas relevantes e urgentes a cargo dos seguintes órgãos: Presidência da República — Secretaria Especial da Pesca —, 35 milhões de reais; Ministério das Relações Exteriores, 97 milhões e 125 mil reais; Ministério dos Transportes, 22 milhões de reais; Ministério do Meio Ambiente — Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis — IBAMA, 2 milhões de reais; Ministério da Integração Nacional, 300 milhões de reais. Segundo a Exposição de Motivos que acompanha a referida mensagem, o crédito tem as destinações e justificativas que se seguem. Presidência da República. Pagamento de indenizações a proprietários que entregaram à União, voluntariamente, suas redes de espera do tipo caçoeira e de compressores de ar utilizados para a captura de lagostas, por serem altamente predatórias. Também viabilizará a concessão de assistência financeira mensal a 10 mil pescadores 232 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 artesanais que estão impedidos da pesca da lagosta e a realização de curso de qualificação voltado à recolocação desses pescadores no mercado de trabalho. Ministério das Relações Exteriores. pagamento da contribuição, relativa ao exercício de 2007, devida pelo Governo brasileiro ao Fundo para Convergência Estrutural e Fortalecimento Institucional do MERCOSUL — FOCEM. Ministério dos Transportes. Manutenção da malha rodoviária, visando à recuperação, sinalização e conservação da BR-174, no Estado de Mato Grosso. Ministério do Meio Ambiente. Apoiar ações de fiscalização do IBAMA, de forma a complementar as ações da SEAP, com vista a coibir os ilícitos ambientais praticados contra o uso de redes de espera do tipo caçoeira e de compressores de ar, recursos pesqueiros proibidos utilizados na captura de lagostas. Ministério da Integração Nacional. Atendimento às populações vítimas de fortes estiagens ocorridas recentemente em municípios do semi-árido, em especial no Nordeste, bem como de chuvas intensas que provocaram inundações e alagamentos em municípios das Regiões Sul e Sudeste, fatos esses que resultaram no reconhecimento pelo Governo de estado de calamidade pública ou situação de emergência, mediante a execução de ações de prevenção e respostas a desastres. Quanto aos aspectos de relevância e urgência da medida, a Exposição de Motivos nº 273/MP, de 16 de outubro de 2007, assim esclarece: 233 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 1. A relevância e urgência da medida justificam-se, no que tange à Presidência da República e ao Ministério do Meio Ambiente, pela premente necessidade de estabelecer condições propícias para o desenvolvimento da atividade de captura da lagosta e de prover a sua sustentabilidade, tendo em vista o risco de comprometimento dos estoques futuros, do abastecimento do mercado interno e da exportação e dos níveis de emprego e renda gerados pelo segmento. Além disso, tendo em vista os prazos e demais dispositivos estabelecidos na Lei nº 11.524, de 2007, faz-se necessário a disponibilização de recursos com a maior brevidade possível. 2. No Ministério das Relações Exteriores, a relevância e urgência devem-se à necessidade de assegurar ao Brasil, maior contribuinte entre os Estados-membros do MERCOSUL, o pagamento integral da contribuição relativa ao exercício de 2007, devida ao FOCEM. O atraso na quitação do débito inviabilizará a realização de diversos projetos financiados pelo Fundo, com repercussão negativa perante a comunidade internacional e prejuízo à política externa do Governo brasileiro. 3. Quanto ao Ministério dos Transportes, a relevância e urgência justificam-se pela necessidade de aumentar a segurança dos usuários, com a redução de acidentes causados pelo mau estado de conservação da BR-174, bem como restabelecer a trafegabilidade da mesma, com vistas a evitar grandes prejuízos para a economia do País. 4. E no Ministério da Integração Nacional os pressupostos de relevância e urgência justificam-se pelas graves conseqüências oriundas da estiagem, como a frustração da safra dos agricultores familiares, a carência de alimentos e o esgotamento das reservas hídricas; e das fortes chuvas, como riscos à saúde da 234 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 população e a danificação da infra-estrutura local. Em ambos os casos, tais desastres provocaram sérios transtornos, com significativos danos humanos, materiais e ambientais. Por fim, informa a citada Exposição de Motivos que a proposição será atendida com recursos oriundos de superávit financeiro apurado no Balanço Patrimonial da União do exercício de 2006, sendo 432 milhões e 625 mil reais relativos a recursos ordinários e 2 milhões de reais a recursos próprios não financeiros e de 22 milhões de reais provenientes de anulação de dotação orçamentária. À medida provisória foi apresentada 1 emenda. É o relatório. Voto do Relator. O art. 5º da Resolução nº 1, de 2002-CN, que dispõe sobre a apreciação, pelo Congresso Nacional, das medidas provisórias a que se refere o art. 62 da Constituição Federal, prevê que o parecer a crédito extraordinário deve ser único, contendo manifestação sobre a matéria quanto aos aspectos constitucional, inclusive sobre os pressupostos de relevância e urgência, de mérito, de adequação financeira e orçamentária e sobre o cumprimento da exigência prevista no §1º, art. 2º, daquele diploma legal. Aspectos constitucionais: arts. 62 e 167, § 3º, da Constituição Federal (pressupostos de relevância, urgência e imprevisibilidade). O § 3º do art. 167 da Constituição estabelece que “a abertura de crédito extraordinário somente será admitida para atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública, 235 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 observado o disposto no art. 62”. O art. 62 dispõe que “em caso de relevância e urgência o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.” No que tange à relevância e urgência, a Exposição de Motivos nº 273/2007-MP apresenta consistentes justificações nesses aspectos. Por outro lado, no que se refere à imprevisibilidade das despesas, exigência constitucional para abertura de crédito extraordinário por intermédio de medida provisória, as justificações não são apresentadas. Apesar disso, é evidente a imprevisibilidade das despesas, seja em razão de sua própria natureza ou em razão de não haver previsão legal para a realização das mesmas quando da elaboração do Orçamento, como no caso do FOCEM, que teve definidas as contribuições dos Estados-membros pelo Conselho do Mercado Comum somente em 13 de dezembro de 2006, não tendo sido a despesa incorporada ao Orçamento anual de 2007. Em que pese a ressalva supramencionada, consideramos atendidos os pressupostos constitucionais de admissibilidade referentes a relevância, urgência e imprevisibilidade, prescritos nos arts. 62 e 167, § 3º, da Constituição Federal. Adequação orçamentária e financeira da Medida Provisória Dos recursos propostos para atender ao crédito, apenas os destinados ao Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes — DNIT decorrem de remanejamento de dotações orçamentárias: da Atividade “Restauração de Rodovias Federais — Restauração de Trechos na BR-174 no Estado de Mato Grosso” para a Atividade “Manutenção de Trechos Rodoviários — na BR-174 — no Estado de Mato Grosso. O restante é oriundo do superávit financeiro apurado no Balanço Patrimonial da União do exercício de 2006. Nesse caso, vale ressaltar que a utilização de 236 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 recursos provenientes de superávit financeiro apurado no Balanço Patrimonial para aplicação em despesas primárias afeta a meta de resultado primário fixada no art. 2º da LDO/2007. Tal situação, entretanto, poderá ser ajustada pelo Poder Executivo no decorrer da execução orçamentária, de modo a atingir a mencionada meta. Quanto aos demais aspectos, não foram identificados óbices quanto à adequação ao Plano Plurianual, à LDO e às demais normas de Direito Financeiro. Cumprimento da exigência prevista no § 1º do art. 2º da Resolução nº 1, de 2002, do Congresso Nacional. A Exposição de Motivos nº 273, de 2007, Medida Provisória, do Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão, supre a exigência prevista no § 1º do art. 2º da Resolução nº 1, de 2002-CN, que trata do envio de documento expondo a motivação da edição da medida provisória. Mérito. Verifica-se que o crédito extraordinário visa destinar recursos para o atendimento de despesas de importância para o País, a serem efetivadas no âmbito de competência de cada órgão contemplado. Cabe destacar, para exemplificar, a importância dessa medida no ordenamento da pesca da lagosta, que inclui uma gama de atividades inter-relacionadas fundamentais para a sustentabilidade ambiental, econômica e social de diversas regiões do Nordeste. A única forma de garantir o futuro dessa atividade econômica, que gera segurança alimentar e renda, é recuperando a capacidade reprodutiva necessária para manter e recuperar os estoques. O crédito que beneficia a Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca destinase ao pagamento de indenização a proprietários que entregarem à União suas redes 237 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 do tipo caçoeira. A caçoeira é considerada nociva pelo grande impacto ambiental sobre o fundo do mar, pois captura várias espécies de peixes e tartarugas marinhas que são descartados mortos. A própria lagosta fica prejudicada. Presa na rede, ela acaba sendo puxada para dentro do barco em estado de decomposição, prejudicando a qualidade do produto e inviabilizando a devolução ao mar das lagostas miúdas ou ovadas. Diversas operações de fiscalização foram desenvolvidas com vistas ao cumprimento das medidas de ordenamento da pesca do crustáceo durante o período do defeso e da pesca. Além disso, a SEAP concluiu o processo de seleção de embarcações. Todos os inscritos que cumpriram as exigências da seleção obtiveram a permissão de pesca, legalizando cerca de 7 mil pescadores. Outra medida que deve ser destacada refere-se ao processo de capacitação dos pescadores, com cursos de alfabetização, treinamento e capacitação para fabricação, reparo, utilização do manzuá e da cangalha, realizados em diversas Unidades da Federação. O êxito conseguido durante o processo de ordenamento da lagosta no ano de 2007 e a necessária manutenção para os próximos anos dependem da continuidade da ação governamental de integrar diversos órgãos e instituições, bem como da garantia de recursos, como os destinados pela presente medida provisória. Com isso, no tocante ao mérito da proposição, nada se tem a obstar. Análise da emenda. Foi apresentada uma emenda ao crédito extraordinário em análise. Visa essa emenda suprimir do Anexo I, Unidade Orçamentária 35101 — Ministério das 238 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Relações Exteriores — a Contribuição ao Fundo para a Convergência Estrutural e Fortalecimento Institucional do MERCOSUL — FOCEM, no valor de R$97.125.000,00, adequando-se o valor global do crédito extraordinário. A emenda atende ao exigido no art. 111 da Resolução nº 1, de 2006-CN, que “dispõe sobre a Comissão Mista Permanente a que se refere § 1º do art. 166 da Constituição, bem como a tramitação das matérias a que se refere o mesmo artigo”, que exige: “Somente serão admitidas emendas que tenham como finalidade modificar o texto da medida provisória ou suprimir dotação, total ou parcialmente”. Argumenta o autor que tal programação deveria ser tratada por meio de projeto de lei de crédito especial, haja vista o Governo nem tê-Ia previsto no Orçamento de 2007. Ocorre que o Conselho do Mercado Comum aprovou o primeiro orçamento do FOCEM apenas em 13 de dezembro de 2006, estabelecendo as contribuições dos Estados-membros, o que impossibilitou sua incorporação ao Orçamento anual de 2007. Além disso, o atraso na quitação do débito junto ao FOCEM, o que necessariamente ocorreria se fosse apresentado o projeto de crédito especial, inviabilizaria a realização de diversos projetos financiados por esse Fundo, o que acarretaria repercussão negativa perante a comunidade internacional e prejuízos à política externa do Governo e à imagem do País no exterior, razão pela qual somos pela rejeição da emenda apresentada. Diante do exposto, somos favoráveis à aprovação da Medida Provisória nº 399, de 2007, nos termos propostos pelo Poder Executivo, rejeitada a Emenda nº 1 apresentada à proposição. 239 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, aproveito a oportunidade para ressaltar o importante papel da Frente Parlamentar da Pesca para que o Governo se sensibilizasse e editasse essa medida provisória para atender sobretudo aos pescadores artesanais, aos trabalhadores e armadores de pesca que sobrevivem dessa atividade. Foi uma luta muito árdua que tivemos, porque, infelizmente, parte de segmentos do nosso Governo, inclusive da Secretaria de Pesca e do próprio IBAMA, tiveram muita dificuldade em compreender a importância dessa conquista para que as medidas de ordenamento fossem efetivadas. Foram necessárias muitas reuniões. Inclusive, quero destacar a participação decisiva e fundamental de alguns Senadores da Oposição, como José Agripino, Garibaldi Alves Filho e Rosalba Ciarlini, que tiveram papel importante na sensibilização da Liderança do Governo. E aí teve um papel de destaque o Senador Romero Jucá, que, compreendendo a importância dessa medida, sensibilizou o Governo para que o Presidente Lula pudesse editar essa medida provisória e beneficiar a todos os que estavam ansiosos por medidas compensatórias que pudessem minimizar o setor pesqueiro, sobretudo a pesca de rede, atividade intensa praticada desde os primórdios, principalmente pelos pescadores do Ceará, o meu Estado, em especial os pescadores e armadores de pesca do meu Município, Capuí, e Aracati, que ficaram extremamente prejudicados com essas medidas. Graças a essa luta, a essa mobilização dos pescadores, sobretudo do Rio Grande do Norte, que tiveram uma grande participação, pudemos arrancar essa 240 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 conquista tão importante para os trabalhadores da pesca que vivem e sobrevivem dessa atividade tão importante para o nosso País. Essa medida provisória é fruto da mobilização de todo o segmento da pesca, que pressionou o Governo a compreender. Tivemos, Deputado Wilson Santiago, um embate muito grande na Secretaria de Pesca e no IBAMA, porque, infelizmente, muitos técnicos não tiveram a compreensão de tomar uma medida como essa, que poderia ter sido tomada, sem esses confrontos. Muitos foram prejudicados por falta de sensibilidade. Agradeço a todo o movimento sindical dos pescadores, aos Senadores e aos Deputados da Frente Parlamentar da Pesca, que tiveram uma participação importantíssima na edição dessa medida provisória. É o parecer. Muito obrigado, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Cumprimento o Deputado José Airton Cirilo pelo trabalho. PARECER ESCRITO ENCAMINHADO À MESA 241 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 (INSERIR DOCUMENTO DETAQ DE PÁGINAS 242 A 242-H) 242 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Para discutir, concedo a palavra ao Deputado Otavio Leite, que falará contra a matéria. (Pausa.) Informo que a Câmara está pagando a luz em dia. (Risos.) Com a palavra o Deputado Ayrton Xerez. O SR. AYRTON XEREZ (DEM-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, parece que as trevas que se abateram sobre este plenário conformam um cenário mais próprio para enfrentarmos a votação desta medida provisória. Antes de entrar na matéria em discussão, quero dizer aos Srs. Parlamentares que a pauta hoje é composta de 20 proposições. Dessas 20 proposições, Srs. Deputados, 3 são projetos de lei e 17 são medidas provisórias, 7 das quais dizem respeito à abertura de créditos extraordinários e envolvem recursos da ordem de 12 bilhões de reais. Vou repetir: 12 bilhões de reais. Essa votação é inócua, nada vale, porque esses 12 bilhões de reais já estão sendo pagos aos empreiteiros desde a edição da medida provisória, ou seja, do momento em que ela passou a ter eficácia. Assim sendo, o Congresso Nacional está sendo chamado a convalidar uma situação irregular, contrária à Constituição Federal — flagrantemente contrária —, o que o transforma em mero carimbador de atos já perpetrados pelo poderoso Poder Executivo, que não respeita a Constituição. E não respeita a Constituição porque o art. 62 diz que é vedada a edição de medida provisória que abra crédito extraordinário, a não ser em aquelas imprevisíveis e urgentes, decorrentes de casos de guerra ou de calamidade pública, o que felizmente não está ocorrendo no País. 243 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 É óbvio que minha posição é contrária à Medida Provisória nº 399, de 2007, independentemente dos objetivos que preconiza. Ouvi aqui alguém dizer que os recursos dessa MP se destinam a fazer face a calamidades de secas e de inundações. Todavia, a parte que se destina a esse fim representa 5% do total dos recursos previstos na medida provisória; a quase totalidade objetiva a realização de obras de recuperação de rodovias, como se não houvesse planejamento capaz de estabelecer uma rotina adequada para a execução desse tipo de obras. Sr. Presidente, se tiver oportunidade, complementarei meu pensamento contra a atual medida provisória que haveremos de votar. Obrigado. 244 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - É normal a conversa entre os Parlamentares, mas o som está atingindo níveis estratosféricos. Então, a melhor maneira que o orador tem de conseguir ser ouvido é falar mais baixo. Já pedi que se diminuísse o som; senão, todos vamos ficar surdos. 245 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Para discutir, concedo a palavra ao Deputado Tarcísio Zimmermann, que falará a favor da matéria. O SR. TARCÍSIO ZIMMERMANN (PT-RS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, de fato, todos temos certo fastio de medidas provisórias, e todos temos igualmente a convicção de que é possível convencer o Poder Executivo a reduzir o seu número, inclusive agregando mais temas a cada uma delas ou não enviando seqüencialmente 2 que tenham a ver com suplementação orçamentária. Apesar de o nobre Relator já ter justificado alguns aspectos dessa medida provisória, quero justificar especificamente uma emenda, não acolhida por S.Exa., que suprimia recursos para que o Ministério das Relações Exteriores pudesse fazer o pagamento da contribuição ao Fundo para a Convergência Estrutural do MERCOSUL. Desde 1990 as exportações brasileiras para os países do Cone Sul — incluídos os do MERCOSUL, sobretudo para a Argentina, hoje responsável por perto 45% de todas as exportações brasileiras para esses países — vêm crescendo à taxa média anual de quase 16%. Então, é muito importante que o Brasil, como o maior país da América Latina, honre seus compromissos, viabilizando as ações do Fundo de Convergência do MERCOSUL. Portanto, posiciono-me pela aprovação integral da MP. Muito obrigado, Sr. Presidente. 246 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Para discutir contrariamente, concedo a palavra ao nobre Deputado Emanuel Fernandes (Pausa.) Concedo a palavra ao ilustre Deputado Antonio Carlos Mendes Thame. O SR. ANTONIO CARLOS MENDES THAME (PSDB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, essa medida provisória abre crédito extraordinário utilizando o superávit financeiro do ano anterior. Praticamente todo o volume do crédito extraordinário abertos por essa medida provisória — 95% — é coberto pelo superávit financeiro do ano anterior. Façamos rápida digressão a respeito do superávit financeiro. Temos assistido no País, mês após mês, à ocorrência de excesso de arrecadação. A volúpia fiscal do Governo é desmedida; sua máquina arrecadatória se aperfeiçoa a cada dia; as medidas legislativas, normas e diretivas atingem cada vez mais todos os setores da economia; em conseqüência, sua arrecadação não pára de aumentar. Vejam o que ocorreu em janeiro. A arrecadação de janeiro deste ano em relação à janeiro do ano passado deveria ter diminuído. Afinal, com a revogação da CPMF — 50 bilhões de reais divididos por 12 meses —, deveria ter havido uma diferença de 4 a 5 bilhões no mês de janeiro de 2008 em relação a janeiro de 2007. No entanto, o que aconteceu? Um superávit de mais de 10 bilhões. É inacreditável! Se a arrecadação continuar dessa forma, dá para imaginar a derrama fiscal que vai caracterizar o ano de 2008. Pois bem. Se há superávit, o que se espera do Governo? Que ele remeta à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização pedido para aplicar 247 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 o superávit. Por que à Comissão Mista de Orçamento? Porque a ela compete debater o Orçamento, uma das mais importantes funções do Congresso Nacional. Mas o que faz o Governo? Em vez disso, edita uma medida provisória. Os Parlamentos nasceram para diminuir a volúpia arrecadatória dos reis, para limitar o poder de tributar. O Governo brasileiro, porém, joga no lixo todas as prerrogativas do Congresso Nacional e edita uma MP sobre abertura de crédito extraordinário, o que só é admissível em casos de urgência e imprevisibilidade. E, assim fazendo, passa a gastar do jeito que quer, sem submeter as despesas à prévia aprovação do Parlamento. E o mais lastimável é a desorganização e imprevisibilidade deste Governo, Por um mês, praticamente nada gastou de um dos créditos extraordinários abertos. Qual deles? Justamente aquele que teria a melhor justificativa quanto à urgência e imprevisibilidade, o de auxílio às vítimas da seca e de inundações. Nesse caso, o Governo gastou apenas 9% do que foi autorizado pela medida provisória. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, se queremos resgatar um mínimo de dignidade para esta Casa, temos de pôr um paradeiro nas MPs. E devemos começar rejeitando toda medida provisória que diga respeito à abertura de créditos extraordinários. 248 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Para discutir favoravelmente, concedo a palavra ao Deputado Eduardo Valverde. O SR. EDUARDO VALVERDE (PT-RO. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, só há uma maneira de controlar a precipitação de chuvas e evitar a ocorrência de secas no Brasil: não desmatando. Se as pessoas entenderem que é mais importante desmatar e plantar capim para alimentar o gado, evidentemente esses fenômenos continuarão acontecendo no País. E é justamente esse descontrole, Sr. Presidente, que causa situações emergenciais. Quando chove demais, regiões do País são alagadas; quando chove de menos, áreas sofrem com a seca. Isso é imprevisível. Ou alguma mente iluminada nesta Casa acha que pode ser planejado? Então, o primeiro conselho cabível neste momento, além do uso do bom senso, é deixar de desmatar. O segundo é que se aprove essa medida provisória. Dos 456 milhões nela previstos, 300 milhões são destinados a atender aos irmãos do Nordeste, sedentos de água, aos irmãos do Sul, vítimas de inundações, e aos do Norte, sofredores com as chuvas do inverno amazônico. Obviamente, essa matéria é de relevância e urgência. Não sou tão favorável a medidas provisórias, mas temos de ser racionais ao analisar cada uma delas. E essa se encaixa perfeitamente no preceito constitucional, ou será que não? É normal essa disputa no jogo político entre a Oposição e Situação. E a Oposição tem razão de se mostrar irascível, porque o Brasil está crescendo, o povo está se alimentando, os programas sociais estão retirando da miséria milhões de brasileiros. Cito, por exemplo, o Programa Territórios da Cidadania, esse que a Oposição quer argüir de eleitoreiro perante o Supremo Tribunal Federal. Esse programa visa 249 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 dar aos trabalhadores rurais acesso a políticas públicas articuladas, para que não tenham de vender suas propriedades e elas venham a virar grandes fazendas. É isso que está ocorrendo neste País: o combate à desigualdade social. Tendo convivido durante muito tempo com desigualdade e concentração de renda, a elite jamais vai se acostumar com um pais democrático, livre, libertário, onde todos os cidadãos vivam não em igualdade formal, mas em igualdade material. 250 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Concedo a palavra ao Deputado Luiz Carlos Hauly, que falará contra a matéria. O SR. LUIZ CARLOS HAULY (PSDB-PR. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, o Congresso Nacional, especialmente a Câmara dos Deputados, tem se transformado em bucha de canhão do Executivo. A medida provisória que está trancando a pauta trata de matéria orçamentária, própria do Congresso Nacional. Esse só fato demonstra a falta de previsibilidade e de planejamento do Governo: ele sabe que tem a despesa, mas não planeja, não toma as providências que lhe compete e, no final do ano, entulha o Parlamento com medidas provisórias. Quando a notícia é boa, Sr. Presidente, o Governo reúne segmentos da sociedade e a anuncia. Ou seja, a base do Governo só serve para dar apoio às medidas difíceis e ruins. O Governo anunciou o aumento do salário mínimo, mas não reuniu sua base de apoio no Congresso Nacional para fazê-lo. O Governo usa de todas as artimanhas possíveis para diminuir o Parlamento brasileiro, como é o caso da edição dessa medida provisória de abertura de crédito extraordinário no valor de 465 milhões de reais, matéria típica de projeto de lei. Matéria orçamentária, repito, é para ser votada pelo Congresso Nacional, não pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal. Lanço aos Srs. Parlamentares uma pergunta: por que o Presidente não se reuniu com os Líderes da Câmara e do Senado para anunciar o aumento do salário mínimo? Vamos ter de dar um aumento maior do que o anunciado pelo Presidente da República. Essa deve ser a resposta desta Casa: dar um aumento maior do que o 251 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 anunciado, pelo excesso de arrecadação de 10 bilhões verificado só em janeiro. Apenas esse montante é suficiente para dar um aumento para as pensões e aposentadorias pagas pelo INSS, inclusive aquelas superiores a 1 salário mínimo — no ano passado, o reajuste de 15% foi vetado pelo Presidente Lula. 252 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Para falar a favor da matéria, concedo a palavra ao Deputado Lincoln Portela. (Pausa.) Concedo a palavra ao Deputado Zé Geraldo. (Pausa.) Concedo a palavra ao Deputado Vicentinho. O SR. VICENTINHO (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras e Srs. Deputados, antes de mais nada, gostaríamos de transmitir uma mensagem de solidariedade ao ex-Deputado Walter Barelli, amigo muito querido, cuja esposa, Dona Lourdes, a quem chamamos carinhosamente de Lurdinha, está internada em estado grave. Transmitimos ao nosso colega muita força e muita coragem neste momento de profunda dificuldade. Sr. Presidente, se nos referíssemos apenas aos recursos destinados ao Ministério da Integração Nacional, a simples justificativa apresentada — “atender, mediante a execução de ações de prevenção e resposta a desastres, às populações vítimas de fortes estiagens, ocorridas recentemente em municípios do semi-árido, em especial no Nordeste, bem como de chuvas intensas que provocaram inundações e alagamentos em municípios das Regiões Sul e Sudeste” —, seria suficiente para aprovação dessa medida provisória, uma vez que esses fatos resultaram no reconhecimento, pelo Governo Federal, da ocorrência de estado de calamidade pública ou de situação de emergência. O nobre Relator José Airton Cirilo, a quem parabenizo pelo importante parecer, envolveu-se diretamente com o drama desses brasileiros. Penso, assim, que a Câmara dos Deputados tem plena segurança para aprovar o parecer. Além do mais, esta Casa vai poder beneficiar 10 mil pescadores com essa medida. Obrigado, Sr. Presidente. 253 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Sobre a mesa requerimento no seguinte teor: “Senhor Presidente, requeremos, nos termos do art. 117, inciso XI, da Câmara dos Deputados, o encerramento da discussão da MP nº 399/07”. 254 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Em votação. Para encaminhar, concedo a palavra ao nobre Deputado Waldir Neves, que falará contra a matéria. O SR. WALDIR NEVES (PSDB-MS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, nobres Deputadas e Deputados, desde os últimos meses do ano passado, estivemos aqui, na maioria das vezes, discutindo medidas provisórias. Esta Casa está totalmente submetida às imposições do Governo, que parece assim fazer de propósito. Lembro-me de que, quando oposição, o PT tecia críticas ao expediente da medida provisória, alegando que se tratava de ingerência do Poder Executivo no Legislativo. Hoje, no poder, o PT aproveita-se da maioria situacionista existente nesta Casa, em muitos casos construída por meios fisiológicos, e nos impõe sucessivas medidas provisórias. Na verdade, Governo pauta a ação desta Casa com medidas provisórias. O pior é que a votação da Medida nº 399/07, que abre crédito extraordinário no valor de 456 milhões de reais, montante elevadíssimo, está sendo imposta pela maioria do Governo, que nesse particular não tem o menor espírito público, para ser feita de afogadilho, sem que seja possível discutir seus detalhes e pormenores. Estamos aqui porque queremos continuar a ter pelo menos o direito de discutir e de avaliar a matéria com mais profundidade. É inadmissível aceitarmos as imposições do Governo, que não tem o menor respeito e consideração por esta Casa. 255 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Até quando vamos ficar sendo pautados pelo Executivo? Até quando vamos nos sujeitar a votar apenas e tão-somente medidas provisórias? E o pior, Srs. Deputados, é o fato de não podermos discutir a matéria com mais profundidade. Chamo a atenção dos Srs. Parlamentares para a necessidade de não permitirmos o encerramento da discussão neste momento. Temos o acordo de votar as 3 medidas provisórias, e vamos cumpri-lo. Aliás, a Oposição sempre cumpre os acordos que faz. Se houve algum descumprimento de acordos, não foi por parte da Oposição; muito pelo contrário, houve desentendimento na base do Governo. O que queremos — e não temos pressa — é discutir todos os assuntos, porque mais importante do que a pressa é a relevância das matérias aqui debatidas e votadas. Sr. Presidente, não podemos encerrar a discussão antes de aprofundar o exame dessa medida provisória e analisar suas conseqüências para a sociedade. Faço 2 apelos aos colegas: não aceitem a imposição de medidas provisórias; caso não seja possível, pelo menos tentem discuti-las com profundidade. 256 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Para encaminhar contra, concedo a palavra ao Deputado Tarcísio Zimmermann. (Pausa.) Não há mais oradores. 257 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Para orientação da bancada do PSDB, concedo a palavra ao Deputado Luiz Carlos Hauly. O SR. LUIZ CARLOS HAULY (PSDB-PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, somos contrários ao encerramento da discussão porque queremos uma discussão mais ampla de todos os temas submetidos à apreciação desta Casa. Essa matéria poderia ter sido enviada pelo Governo sob a forma de projeto de lei, e o Congresso Nacional deliberaria sobre ela. Não havia necessidade dessa MP estar trancando a pauta da Câmara dos Deputados. Temos matérias mais importantes para discutir, como a reforma tributária e o reajuste das aposentadorias e pensões, que tem de ser muito maior do que o que o Governo anunciou, especialmente para aqueles que ganham acima do salário mínimo. Assim sendo, encaminhamos contrariamente ao requerimento de encerramento da discussão, pois pretendendo debater mais amplamente esse tema. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Como vota o PPS? O SR. ARNALDO JARDIM (PPS-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) Sr. Presidente, nosso posicionamento é contrário. Gostaríamos de ver a discussão prosseguir. Não se trata simplesmente de protelar, mas de que isso sirva de alerta para o que é intenção da própria Presidência: limitar o uso freqüente e sem critério de medidas provisórias. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Como vota o PT? O SR. VICENTINHO (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, quero informar a V.Exa. que já assinei uns 20 apoiamentos a propostas 258 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 de emenda constitucional sobre medidas provisórias. Esse tema está na ordem do dia, e estamos caminhando com ele. Por outro lado, estamos aguardando a proposta sobre a Previdência Social para nos debruçar sobre ela. Esse tema não está fora de voga, muito pelo contrário. No caso presente, o encerramento da discussão é natural, e deve ser aprovado, até porque todos conhecem a importância da medida provisória. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Como vota o Democratas? O SR. PAULO BORNHAUSEN (DEM-SC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, não é possível encerrar a discussão. O Relator diz que a MP preenche os requisitos de relevância e de urgência, mas, “no que se refere à imprevisibilidade das despesas, exigência constitucional para abertura de crédito extraordinário por intermédio de medida provisória, as justificações não são apresentadas”. É S.Exa. quem o diz, não sou eu. Então, como encerrar a discussão de uma matéria cujo parecer diz que ela é inconstitucional? Vamos continuar passando isso para a sociedade brasileira, enquanto o Congresso Nacional fica posando de sério diante de importantes questões nacionais? Vamos dar guarida a um parecer como esse? Desculpe-me, Sr. Presidente, mas causa indignação ler esse parecer. E temos de encerrar agora a discussão para votarmos a medida provisória?! Estou me manifestando assim porque sou Deputado e tenho muito orgulho desta Casa, mas esse tipo de trabalho não pode ser apresentado. Ou é ou não é. Então, o Democratas vai se posicionar contra o encerramento da discussão, até que o próprio Relator possa modificar o parecer e trazer ao plenário um outro que pelo menos apresente alguma justificativa para votar essa medida provisória. 259 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Como vota o PR? O SR. MAURÍCIO QUINTELLA LESSA (PR-AL. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o debate que se está travando hoje neste plenário é se há muita ou pouca medida provisória. Já existe na Casa uma Comissão Especial tratando da matéria, e não tenho dúvida de que vamos melhorar o processo de tramitação de medidas provisórias. No que se refere à medida provisória que estamos votando, ela é urgente e relevante. Por isso, o PR defende o encerramento da discussão. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Como vota o Bloco Parlamentar PMDB/PSC/PTC? O SR. MENDES RIBEIRO FILHO (Bloco/PMDB-RS. Pela ordem. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - A favor, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Como vota o PP? O SR. AFONSO HAMM (PP-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - A favor, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Como vota o PSOL? A SRA. LUCIANA GENRO (PSOL-RS. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, entendemos que existe, sim, abuso na edição de medidas provisórias, que existem, sim, medidas provisórias que não estão de acordo com os pressupostos constitucionais — esta inclusive tem um desses pressupostos questionável. Entretanto, entendemos também que a discussão sobre o assunto deve ser feita de forma global por esta Casa, e não por meio de manobras protelatórias que só emperram o andamento das votações. 260 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Portanto, somos a favor do requerimento de encerramento da discussão. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Como vota o Bloco Parlamentar PSB/PDT/PCdoB/PMN/PRB? O SR. RENILDO CALHEIROS (Bloco/PCdoB-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o Bloco é favorável ao encerramento da discussão e vota “sim”. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Como vota o Governo? O SR. WILSON SANTIAGO (Bloco/PMDB-PB. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, desejo contestar o posicionamento de alguns companheiros. Quero informar à Casa que muito do que aqui foi dito por alguns dos companheiros não representa a realidade. Basta dizer, apenas para se ter idéia, que todos os recursos que não foram pagos estão empenhados. E não foram pagos porque o Governo teve o cuidado de só quitar os pagamentos depois da execução ou da conclusão dos serviços. Trata-se de uma precaução para que os recursos sejam fiscalizados e aplicados corretamente, em favor da população brasileira. Por isso, o Governo encaminha o voto “sim”, pelo encerramento da discussão. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Como vota a Minoria? O SR. PAULO ABI-ACKEL (PSDB-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Obviamente contra, Sr. Presidente, até porque, como já dissemos várias vezes da tribuna desta Casa, o que é a medida provisória sobre assuntos que podem ser tratados por projeto de lei? Nada mais, nada menos do que a sucessão do decreto-lei, aquele mesmo criado na Era Vargas, quando o Governo queria lançar mão firme sobre o Poder Legislativo. 261 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Por várias vezes, já nos manifestamos contra esse procedimento do Governo e, mais uma vez, firmamos nossa posição. O voto é “não”. 262 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Em votação. 263 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Aqueles que forem favoráveis ao encerramento da discussão permaneçam como se acham. (Pausa.) APROVADO. 264 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - DECLARO ENCERRADA A DISCUSSÃO. Passa-se à votação da matéria. 265 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Para encaminhar, concedo a palavra ao nobre Deputado Otavio Leite, que falará contra a matéria. (Pausa.) Ausente. Para encaminhar, concedo a palavra ao nobre Deputado Ayrton Xerez, que falará contra a matéria. O SR. AYRTON XEREZ (DEM-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, já apregoamos na fala inicial, nosso espanto com o fato de o Chefe do Poder Executivo, o Presidente Lula, afrontar a Constituição Federal ao apresentar medidas provisórias que têm eficácia imediata, contrariando frontalmente dispositivos da Constituição e irrigando o caixa do Governo com 12 bilhões de reais, tendo em vista a pauta de hoje. São medidas que já foram tomadas desde outubro e novembro do ano passado e que agora votam à baila. Ou seja, são recursos que já estão empenhados, recursos que eventualmente já foram direcionados para obras e para pagamento. Essa questão remete-me — e é importante fazermos a leitura — ao art. 167, § 3º, da Constituição Federal, que diz: “§ 3º A abertura de crédito extraordinário somente será admitida para atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública(...).” Não é o caso em questão. Pergunto: se o Presidente da República pode afrontar a Carta Magna, a Lei Maior, será que com isso S.Exa. quer nos dizer que devemos, na condição de cidadãos, comportarmo-nos de maneira abusiva, praticando a desobediência fiscal, 266 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 não pagando Imposto de Renda, não recolhendo o PIS, a COFINS, o Fundo de Garantia e tantos outros tributos? Será que S.Exa. induz-nos a não respeitar o sinal vermelho, o Código de Trânsito, o excesso de velocidade? Será que vivemos num País sem lei, já que a Carta Magna pode ser desrespeitada? Devemos também viver em estado de anomia — ausência de normas? Sr. Presidente, de certa forma, exausto de vir a este plenário cumprir com o meu dever, constato que nem todos os brasileiros cumprem com seu, nem todos os brasileiros dão exemplo que deveriam dar para uma juventude que deles carece. Sr. Parlamentares, devemos preocupar-nos com o rito, sim, de tramitação das medidas provisórias, a fim de que não sobrestem a pauta. Mas também devemos estabelecer no texto que está sendo estudado pela Comissão Especial que matérias podem ser objeto de medida provisória. Certamente, dinheiro público não é delas. 267 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Para encaminhar, concedo a palavra ao Deputado Tarcísio Zimmermann, que falará a favor da matéria. (Pausa.) Com a palavra o Deputado Eduardo Valverde. (Pausa.) Com a palavra o Deputado Lincoln Portela. (Pausa.) Com a palavra o Deputado Zé Geraldo. (Pausa.) Com a palavra o Deputado Vicentinho. O SR. VICENTINHO (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o nobre Deputado Ayrton Xerez, com todo o respeito e carinho, está fazendo uma grande tempestade em copo d’água. S.Exa. está cansado de falar, foi à tribuna, apegou-se ao tema e ficou preocupado. O Supremo Tribunal Federal já definiu claramente que o art. 167, quando se refere à abertura de crédito extraordinário para atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública, é algo exemplificativo. O Poder Executivo tem o poder e a capacidade de discernir o que é ou não emergência: Estados do Nordeste sofrem com a seca; Estados do Sul e Sudeste sofrem com enchentes; os pesqueiros sofrem pela decisão importante tomada pelo IBAMA, e é preciso dar a eles condições de sobrevida, sobretudo aos pesqueiros artesanais; o compromisso com o MERCOSUL é de extrema importância para as relações que o Brasil tem com esse mercado e seus parceiros. Nada mais justo do que aprovarmos uma medida provisória nesse sentido, de grande contribuição. Nobres Deputados, encaminhamos favoravelmente à matéria. Em que pese o importante debate sobre as medidas provisórias, nós Parlamentares devemos também tomar cuidado ao cobrá-las. Já vivi a experiência de pedir ao Presidente 268 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Lula, no ano passado, que não apresentasse a proposta do salário mínimo por meio de medida provisória e sim de projeto de lei. Assim foi feito, e não deu tempo. Tivemos de correr para ser editada medida provisória e, assim, aposentados, pensionistas e trabalhadores do Brasil receberem seu pagamento na data certa. Não busquemos culpados, mas, até hoje, o Orçamento ainda não foi apreciado. Precisamos ter dinâmica nos nossos trabalhos. Quem sabe, diminuindo a possibilidade de haver obstruções possamos fazer fluir os trabalhos desta Casa e, assim, com tranqüilidade, modificar os critérios para edição e apreciação de medidas provisórias. Por isso, Sr. Presidente, este Deputado, nossa bancada, o Partido dos Trabalhadores encaminha favoravelmente a matéria. 269 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Para encaminhar, concedo a palavra ao Deputado Leonardo Vilela, que falará contra a matéria. O SR. LEONARDO VILELA (PSDB-GO. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, iniciamos muito mal esta sessão legislativa: já estamos na terceira semana de trabalho e até hoje a pauta da Casa está obstruída por medidas provisórias. Não conseguimos discutir e muito menos votar nenhuma matéria que não seja medida provisória, que vem do Poder Executivo. E as perspectivas não são nada animadoras. Até 5 de abril, portanto, daqui a quarenta e poucos dias, mais 21 vão obstruir a pauta da Casa. Isso nos dá a indicação de que este Plenário vai ser escravo da pauta do Governo, nossos trabalhos vão ser pautados absolutamente pelo Poder Executivo. É muito estranho o Governo enviar ou dizer que vai enviar para análise proposta de reforma tributária. Como vamos discuti-la ou votá-la com a pauta dos nossos trabalhos obstruída por uma enxurrada de medidas provisórias? Em 22 de março, por exemplo, nada menos que 11 vão chegar de uma vez a esta Casa. É preciso mudança nesses critérios. A Medida Provisória nº 399, de 2007, é prova cabal de como o Governo utiliza mal esse instituto, de maneira equivocada até, para seus interesses, em detrimento da soberania e da independência dos Poderes. Essa MP, que abre créditos extraordinários, poderia muito bem ter vindo sob a forma de projeto de lei com urgência constitucional. Um mês depois de sua edição, dos 300 milhões de reais destinados ao Ministério da Integração Nacional, que responde por dois terços do seu crédito total, apenas 9,7% foi aplicado. 270 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Gostaria, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, que o Governo explicasse qual é a urgência dessa medida provisória, se dos 300 milhões destinados ao Ministério da Integração Nacional para combate à seca — é urgente e não discutirmos a relevância nesta sessão —, apenas 9,7% foram aplicados. Por que editar medida provisória que autoriza crédito muito maior que aquele efetivamente gasto, aplicado? Não podemos admitir que medidas provisórias sem previsibilidade constitucional, com critérios duvidosos de urgência e relevância continuem sendo editadas e nós percamos, por exemplo, uma quarta-feira nobre aqui no plenário, final de tarde, início de noite, com discussões. É preciso apostar tudo no trabalho da Comissão Especial instalada pelo Presidente Arlindo Chinaglia, a quem mais uma vez cumprimento pela iniciativa de criar Comissão Especial a fim de tratar do tema. Esperamos que ela nos aponte uma solução, a fim de que esta Casa volte a discutir, a votar, a aprovar matérias realmente do interesse da população brasileira. Muito obrigado, Sr. Presidente. 271 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Concederei a palavra ao Relator, dado que, ao ouvir o Deputado Paulo Bornhausen, procurei o parecer de S.Exa. e pedi que considerasse e explicasse ao Plenário, caso julgasse apropriado, a frase que mencionou, enfim, tudo que pudesse levar à interpretação de que o próprio Relator considera a medida provisória inconstitucional e possa gerar vício insanável. 272 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Com a palavra o Deputado José Airton Cirilo. O SR. JOSÉ AIRTON CIRILO (PT-CE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, gostaria de fazer uma retificação. Na verdade, o que fizemos na redação foi simplesmente esclarecer que a imprevisibilidade das despesas não constava do Orçamento. Engessaram a medida provisória para que ela fosse um fato tomado. Essa é a leitura. Talvez não tenha ficado bem formulada a redação, mas não há questionamento com relação à constitucionalidade, muito menos com relação à relevância e urgência da medida. Gostaria de fazer esta correção dizendo que a medida e os aspectos provenientes das despesas são mais do que necessários, tendo em vista a relevância e a urgência da matéria, como já foi aqui ressaltado. Todos sabem o quanto é relevante e urgente a questão das calamidades, até porque foram decretadas pelos municípios e Estados. Refiro-me às enchentes e às estiagens. Acompanhei inclusive as pressões dos municípios devido à falta de água, um problema de calamidade geral. No meu Estado, o Ceará, a situação é caótica. Então, não há o que se questionar com relação a esse aspecto. Faço aqui essa correção. Registro ainda que essa medida provisória foi fruto de uma luta, de uma conquista de vários Parlamentares, inclusive da Oposição, que teve papel destacado. Já ressaltei aqui o papel importante do Senador José Agripino para que tal medida provisória fosse efetivada, assim como o da Senadora Rosalba Ciarlini, do Rio Grande do Norte, do Senador Garibaldi Alves Filho, enfim, dos membros da Frente Parlamentar da Pesca. 273 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Havia urgência com relação à proibição da pesca, na questão da rede, por parte do Governo. Com isso, criou-se um estado de grande comoção social. Então, essa medida veio em função dessa mobilização da Frente Parlamentar, que é suprapartidária, dos Senadores que aqui ressaltei. Essa é uma conquista, pois que nem os setores do Governo queriam. Havia grande resistência. Tivemos de sensibilizar o Governo, a SEAP e o IBAMA. O Senador Romero Jucá também teve papel decisivo para que esta medida provisória fosse editada, dada sua importância, relevância, as graves condições em que se encontravam tanto o setor da pesca quanto as famílias que viviam em estado de calamidade pública. Faço essa correção para deixar bem claro que todas as medidas são legais, constitucionais, o que justifiquei. Portanto, não há óbice com relação a essa formulação. Fiz essa retificação porque, da forma como foi feita, a formulação deu margem interpretativa. 274 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PAULO BORNHAUSEN - Sr. Presidente, peço a palavra para uma questão de ordem. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Tem V.Exa. a palavra. O SR. PAULO BORNHAUSEN (DEM-SC. Questão de Ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, ouvi atentamente o Relator, mas não me convencem os argumentos de S.Exa., nem a modificação proposta. Gostaria de formular, com base no art. 95, uma questão de ordem, para saber qual artigo do Regimento Interno ou qual legislação o Sr. Relator utilizou para sanar um vício de origem constatado no seu relatório que não foi devidamente corrigido, porque, na minha opinião, não pode ser corrigido. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Nobre Deputado, na medida em que não foi votada a matéria, é público e notório que toda vez que o Relator pede a palavra para alterar o seu parecer, corrigi-lo ou até dar explicações, pode fazê-lo. É praxe da Casa. Essa é, digamos, a jurisprudência do cotidiano. S.Exa. percebeu que não havia justificativa, mas a deu. Então, dispôs-se a proceder à alteração, e isso S.Exa. pode fazer. Então, há base regimental, uma vez que não tinha sido votado. O SR. PAULO BORNHAUSEN - Sr. Presidente, para contraditar. Não muda o fato de que o Executivo, que é responsável pela edição da medida provisória, não tenha atentado e, dentro dos requisitos legais, apontado. É essa questão que está sendo levantada. Na medida provisória há mistura, um pout-pourri de atendimentos, desde a enchente até a manutenção de rodovias no Brasil. 275 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O que quero saber de V.Exa., na questão de ordem, qual a base legal o Relator se utiliza para sanar um vício de origem do Executivo através de seu relatório. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - V.Exa. usou da palavra, ainda que tenha introduzido um termo inadequado, pois disse que iria contraditar o Presidente. V.Exa. teve a palavra, porque entendi que sua intenção era apresentar novos argumentos, até para complementar a questão de ordem que passo a responder. Veja, quando o Relator dá um parecer, este é apenas opinativo, assim como, por exemplo, V.Exa. acabou de dizer, interpreta — e não estou questionando — que essa medida provisória fere a Constituição, e o Relator entendeu que não. Essa questão já foi levantada em outras medidas provisórias e a resposta da Mesa é sempre a mesma: cabe ao plenário deliberar se o parecer do Relator está correto ou não, inclusive e primeiramente, na questão da admissibilidade. Portanto, nos momentos de discussão, isso será colocado, como já foi, e votado. É dessa maneira que um parecer de qualquer Relator cumpre o seu papel, segundo o Regimento da Casa. Ao final, o Plenário é que vai dizer. O SR. PAULO BORNHAUSEN - Então, a resposta de V.Exa. para a questão de ordem é que o Relator tem condições de sanar o vício de origem? O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Tem condições. S.Exa. tem condições de alterar o seu parecer. Se tem ou não vício de origem, ele tem o direito de dar opinião. É o seu papel. Se o Plenário concordar com a posição do Relator, prevalecerá a posição do Relator. Ele não tem o poder, digamos, de definir aquilo que o Plenário vai deliberar. É o Plenário que vai deliberar se tem ou não vício de origem. 276 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Em votação o parecer do Relator na parte em que manifesta opinião favorável quanto ao atendimento dos pressupostos constitucionais de relevância e urgência e de sua adequação financeira e orçamentária, nos termos do art. 8º da Resolução nº 1, de 2002, do Congresso Nacional. 277 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Para encaminhar, concedo a palavra ao nobre Deputado Waldir Neves, que falará contra matéria. O SR. WALDIR NEVES (PSDB-MS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, às vezes, assistimos, pasmos, Deputados que outrora militavam no movimento sindical, alguns deles oriundos desses movimentos, quererem dar uma interpretação destorcida para a lógica constitucional e explicar o inexplicável, justificar o injustificável. Portanto, são matérias ordinárias perfeitamente previsíveis. Aqui há 2 equívocos: medida provisória e crédito extraordinário. A abertura de crédito extraordinário somente será admitida para atender a despesas decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública de grandes proporções, o que não é o caso. Ora, quem não prevê? O que é imprevisível? A seca do Nordeste? O Presidente Lula que, aliás, é nordestino, retirante, conhece, desde a sua infância, a seca no Nordeste. Pode ou não essa situação ser prevista, através de projetos de lei, para que seja discutida e incluída no Orçamento? O Governo, para mostrar o seu autoritarismo, para mostrar que é déspota e que tem maioria, maioria essa construída a custa de acordos –– e nem entraremos no mérito ––, impõe todas essas matérias por meio de medidas provisórias. Abrir crédito extraordinário para restauração de rodovias, qual Governo não pode prever isso? Somente um governo sem visão alguma nem senso de planejamento pode tratar matéria tão previsível como essa como algo imprevisível. Ora, necessitar de crédito extraordinário, por medida provisória, para fazer a restauração de rodovias! Quem aqui, em sã consciência, não sabe que as rodovias sofrem desgaste natural com o seu uso? Quem não prevê? Basta andar pelo nosso Estado para constatar 278 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 que as rodovias precisam ser restauradas. Isso faz parte de matéria que tem de ser tratada no Orçamento ordinariamente. É uma desmoralização para esta Casa, é uma demonstração da forma desrespeitosa como Executivo trata este Poder, mandando para cá todo o tipo de matéria. Aliás, o Presidente Lula está inaugurando uma forma centralizadora de governar, que tem sido a sua grande marca; tem governado este País com o apoio de uma base aliada construída à troca de benesses do poder, tem marcado a sua gestão com a edição de inúmeras medidas provisórias, abertura de créditos extraordinários, e mais que isso, com flagrante desrespeito à Constituição. É uma pena, é lamentável. Esperamos que os nobres pares nesta Casa se levantem neste momento para que possamos demonstrar ao Governo que ele está errado. A nossa esperança está nessa Comissão Especial que vai analisar a questão das medidas provisórias, para ver se efetivamente podemos mudar a pauta desta Casa e não mais ficarmos comandados apenas e tão-somente pelo Poder Executivo. 279 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Para falar a favor, concedo a palavra ao Deputado Maurício Quintella Lessa. O SR. MAURÍCIO QUINTELLA LESSA (PR-AL. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o debate que se trava neste Parlamento e o argumento da Oposição pouco tratam da questão da admissibilidade. Trata-se muito mais do volume de medidas provisórias usadas por este Governo e também pelo Governo passado. Já temos uma Comissão Especial, criada por conta da própria reação do Parlamento, que sem dúvida tratará do tema e regulamentará de uma vez por todas o uso das medidas provisórias. Quanto à questão da admissibilidade, talvez o Relator tenha usado na justificativa um termo não esclarecedor, e por conta disso faz-se aqui uma celeuma. Claro que esta medida provisória é relevante, tem caráter de imprevisibilidade e é urgente. Ou não é urgente, Deputado Ciro Gomes, a indenização e a capacitação de pescadores de lagosta do Rio Grande do Norte, por exemplo, que hoje estão praticando a pesca predatória e prejudicando milhares de famílias da região? Ou não é imprevisível a estiagem que aconteceu e que acontece no Nordeste? Não é relevante socorrer milhares de famílias nordestinas do semi-árido alagoano, cearense e pernambucano? Claro que sim. Portanto, Sr. Presidente, quero mais uma vez parabenizar o Relator pelo trabalho realizado e encaminhar favoravelmente ao parecer pela admissibilidade desta medida provisória. Muito obrigado. 280 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Para encaminhar, concedo a palavra ao nobre Deputado Fernando Coruja, que falará contra a matéria. O SR. FERNANDO CORUJA (PPS-SC. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quando a Constituinte aprovou a Constituição de 1988, para dar força ao Parlamento determinou que créditos extraordinários editados através de medida provisória seriam votados por esta instituição. Isso porque, até então, o crédito extraordinário era editado por decreto pelo Presidente da República, como até hoje fazem Governadores e Prefeitos — eles não precisam de autorização legislativa. Isso foi feito para que o Congresso Nacional pudesse posicionar-se, mas o tiro saiu pela culatra. O Parlamento ficou refém, porque o Presidente da República edita medida provisória para qualquer coisa. Duvido que neste País tenha um Prefeito que cometa esse tipo de abuso cometido pelo Presidente da República. Duvido que haja um Governador que abuse na edição de decreto para despesas extraordinárias como faz o Presidente da República. Governadores e Prefeitos têm medo do Tribunal de Contas, têm medo do Poder Judiciário. Nesta Casa, convalidamos a medida provisória. Quando se vai para a Justiça, esta diz que não dá mais porque o Congresso já convalidou. Criamos um instrumento que acabou contra o próprio Congresso Nacional. E ficamos aqui, dia após dia, discutindo o indiscutível, debatendo aquilo que não se pode debater. O Presidente repete, a cada instante, que o parecer do Relator é apenas opinativo e quem decide é o Plenário. E com razão. Mas a opinião do Relator não pode ser contrária à Constituição. É o meu palpite, é a minha opinião, é a minha 281 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 vontade, é o meu desejo? Não. Não é uma opinião solta, um palpite. É uma submissão à Constituição. Mas os Relatores aqui não se submetem a nada. À Constituição, à lei, a nada. Submetem-se ao Governo, submetem-se ao Executivo. E nos colocam de joelhos. E nós aqui, ajoelhados, dizemos sim à admissibilidade e continuamos na nossa batida, medida provisória após medida provisória, dizendo o que é e o que não é admissível. A Comissão para mudar esse trâmite está instalada. O Presidente está otimista, muitos estão otimistas, mas não sei se vai andar, porque como está é muito facilitada a vida de qualquer Presidente da República. Não à admissibilidade. 282 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Quero anunciar que o Deputado Paulo Henrique Lustosa se faz acompanhar de uma delegação de representantes das juventudes partidárias do Chile — de todos os partidos — e também do Presidente do Instituto Nacional de Juventude do Chile. Sejam bem-vindos à Câmara dos Deputados. (Palmas.) 283 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Para encaminhar a favor, concedo a palavra ao Deputado Vicentinho. O SR. VICENTINHO (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, a respeito da inconstitucionalidade, é bom lembrar aos nobres pares que já entraram com pelo menos 3 ações diretas de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal, todas sem provimento, sem seguimento. As situações citadas no art. 167, § 3º, da Constituição, são meramente exemplificativas, a fim de demonstrar que a abertura de crédito extraordinário se justifica em situações que exigem atuação imediata, sob pena de se provocar dano irreparável ao interesse público. Não são somente as guerras, as comoções internas e as calamidades públicas que possuem tais características. Outras situações menos dramáticas também são imprevisíveis e demandam uma ação rápida do Poder Executivo, o que justifica a edição de medida provisória. A questão da imprevisibilidade está ligada a situações complexas que podem fazer com que determinado evento, mesmo programado, adquira contornos fáticos imprevistos que exigem uma atuação imediata, inclusive com novos aportes de recursos. Nesse sentido, Sr. Presidente, o Supremo Tribunal Federal, na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 3.487, relatada pela Ministra Ellen Gracie e à qual foi negado seguimento, afirmou: "...a confirmação ou não de imprevisibilidade dos fatos que geraram a necessidade de abertura de crédito extraordinário demandaria farta produção de prova, 284 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 inclusive pericial, em tudo incompatível com o controle abstrato de normas". Essa decisão também foi adotada pelo Ministro Cezar Peluso em outras 2 ADINs, a nº 3.709 e a nº 3.712. Por essa razão, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, não temos dúvida quanto à capacidade de reflexão e, sobretudo, de prever desastres maiores adotada pelo Poder Executivo nesta e em outras medidas provisórias que tratam de aportes. Muito obrigado. 285 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Como vota o PRTB? (Pausa.) Como vota o PTdoB? (Pausa.) Como vota o PHS? (Pausa.) Como vota o PSOL? A SRA. LUCIANA GENRO (PSOL-RS. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, esta medida provisória trata de diversas matérias. Uma delas é evidentemente de absoluta urgência e relevância: quando destina 300 milhões de reais para atendimento de emergência em face das estiagens que ocorreram no semi-árido do Nordeste e das inundações e dos alagamentos na Região Sul. Outras questões também podem ser consideradas relevantes e urgentes: as relativas à pesca predatória e à aplicação de recursos na manutenção da BR-174, em Mato Grosso. Há uma questão, entretanto, que contraria os pressupostos de relevância e urgência: a abertura de crédito para o MERCOSUL. Mas somos a favor desse mercado comum, reconhecemos a sua importância e não queremos prejudicar os que são objeto das ações que são urgentes e relevantes. Portanto, votamos “sim”. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Como vota o PPS? O SR. FERNANDO CORUJA (PPS-SC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o PPS vota “não”. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Como vota o PV? O SR. SARNEY FILHO (PV-MA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - O PV vota “sim”, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Como vota o PTB? 286 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. LUIZ CARLOS BUSATO (PTB-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - O PTB vota “sim”, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Como vota o PP? O SR. BENEDITO DE LIRA (PP-AL. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - O PP vota “sim”, Sr. Presidente, devido à relevância da matéria. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Como vota o PR? O SR. LINCOLN PORTELA (PR-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) O PR vota “sim”, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Como vota o PSDB? O SR. LUIZ CARLOS HAULY (PSDB-PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o PSDB está indignado com o excesso de medidas provisórias que tratam de créditos extraordinários, matéria que deveria ser objeto de projeto de lei. E o Governo envia para esta Casa uma medida provisória afirmando tratar-se de crédito extraordinário quando, na verdade, estamos diante do típico crédito suplementar, que visa à suplementação de recursos. Esse tipo de coisa deixa patente a falta de organização e de planejamento do Governo, que, em dois meses e meio do ano passado, editou 13 medidas provisórias, sendo que 7 delas para a abertura de créditos extraordinários. E o pior é que o Governo nem executou esses créditos. Então, realmente não há urgência nesta medida e votaremos pela rejeição de sua admissibilidade. O nosso partido sabe que esse tipo de situação precisa ser mudada. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - O PSDB vota “não”, não é isso? 287 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. LUIZ CARLOS HAULY - O PSDB, evidentemente, vota “não” à admissibilidade. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Como vota o Democratas? O SR. FERNANDO DE FABINHO (DEM-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, podemos observar, a esta altura do campeonato, a falta de pressa do Governo inclusive para aprovar o Orçamento do ano passado. O Governo não sente necessidade do Orçamento porque edita medidas provisórias. Muitos colegas em seus discursos disseram que esses recursos seriam para a seca da Nordeste. Quero falar especificamente do meu Estado, a Bahia, que está em período de seca e precisa de recursos do Governo Federal. Os recursos não chegaram à Bahia. A assessoria fez levantamento e verificou que, tendo esta medida provisória sido editada em outubro, apenas 35% do valor foi pago. O restante ainda não foi pago. Isso demonstra mais uma vez para a sociedade e para todos nós que não havia tanta necessidade, nem urgência, nem relevância para que esta medida provisória fosse editada. Por isso, quanto à admissibilidade, vamos votar contra, e dar prosseguimento à sessão, chamando a atenção de todos os pares na hora da votação. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Como vota a Liderança do Governo? O SR. WILSON SANTIAGO (Bloco/PMDB-PB. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, queremos, na verdade, parabenizar o Sr. Relator pelo trabalho. Todos sabemos do seu empenho e do seu desejo de fazer aquilo que determina a lei. 288 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Entendemos que o parecer está perfeitamente dentro daquilo que se entende juridicamente correto e atende aos pressupostos de constitucionalidade e de admissibilidade. Por isso, o Governo encaminha o voto “sim”. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Como vota o Bloco Parlamentar PMDB/PSC/PTC? O SR. MARCELO GUIMARÃES FILHO (Bloco/PMDB-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o Bloco Parlamentar PMDB/PSC/PTC encaminha o voto “sim”, porque a matéria é urgente e relevante e o Governo indica na medida provisória de onde sairão os recursos. Tais recursos são importantes para que os Ministérios continuem executando os programas do Governo. Portanto, o PMDB orienta sua bancada e o Bloco a votarem “sim”. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Como vota o PT? O SR. VICENTINHO (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - O nobre Deputado Ciro Gomes sabe que o Relator, do seu Estado, Prefeito do Município de Icapuí, com toda a experiência de vida que tem, conhece o problema do seu povo e assumiu o compromisso de melhorar as condições de vida desse povo. Parabéns ao nosso Relator por seu trabalho e por sua sensibilidade! Sr. Presidente, a nossa bancada vota “sim”. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Como vota o Bloco Parlamentar PSB/PDT/PCdoB/PMN/PRB? O SR. RENILDO CALHEIROS (Bloco/PCdoB-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o Bloco Parlamentar PSB/PDT/PCdoB/PMN/PRB orienta o voto “sim”. 289 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Como vota a Minoria? O SR. ZENALDO COUTINHO (PSDB-PA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, há uma questão de fundo que não é evidentemente sobre o mérito. Ninguém vai questionar, os recursos para a seca e para as rodovias são importantes. Mas obviamente a utilização de medida provisória para questões absolutamente previsíveis sob o ponto de vista orçamentário é um equívoco, é um exagero. Trata-se, portanto, daquilo que temos contestado: a utilização indevida, excessiva e abusiva do instrumento excepcional da medida provisória. Por isso, nesta hora em que discutimos a admissibilidade jurídica da proposta, temos que nos reportar a ela como sendo indevida, dada a previsibilidade dos gastos nela contidos. Por isso, a Minoria orienta “não”. 290 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Em votação o parecer do Relator na parte em que manifesta opinião favorável quanto ao atendimento dos pressupostos constitucionais de relevância e urgência e de sua adequação financeira e orçamentária, nos termos do art. 8º da Resolução nº 1, de 2002. 291 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Os Srs. Deputados que o aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.) APROVADO. 292 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. FERNANDO DE FABINHO (DEM-BA) - Verificação, Sr. Presidente. O SR. VICENTINHO (PT-SP) - Verificação conjunta, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Verificação conjunta concedida. 293 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Antes de proceder à votação, informo ao Plenário que, por solicitação de alguns Líderes, vamos convocar todas as Comissões, exceto a de Constituição e Justiça, para que elejam a Presidência e a Mesa na terça-feira próxima, a fim de que na quarta-feira todas estejam em andamento. A Comissão de Constituição e Justiça será instalada amanhã. Se não fosse por outros motivos, é porque, se não instalarmos essa Comissão amanhã, haverá um prejuízo irreparável para a Marinha brasileira, pois há um projeto de interesse daquela Força cujo prazo vence. Portanto, a Comissão de Constituição e Justiça vai instalar-se amanhã e as outras vão instalar-se na terça-feira. 294 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - A Presidência solicita aos Srs. Deputados que tomem os seus lugares, a fim de ter início a votação pelo sistema eletrônico. Está iniciada a votação. Queiram seguir a orientação do visor de cada posto. 295 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. VICENTINHO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Tem V.Exa. a palavra. O SR. VICENTINHO (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, em nome da bancada, convidamos os Deputados do Partido dos Trabalhadores que neste momento estão reunidos no Plenário nº 13 para virem votar. Depois, continuaremos nossa reunião. É fundamental a presença dos Deputados no plenário. 296 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Concedo a palavra ao Deputado Zenaldo Coutinho, para uma Comunicação de Liderança, pela Minoria. O SR. ZENALDO COUTINHO (PSDB-PA. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, os fatos que a imprensa divulga hoje sobre a arrecadação de impostos no mês passado têm como fonte a Secretaria da Receita Federal. Não há, portanto, como colocar em dúvida esse tipo de informação, vinda de onde veio, nem atribuí-la aos partidos de oposição. Foram, segundo a Receita Federal, arrecadados no mês de janeiro 62,59 bilhões de reais, sem a cobrança da CPMF. Esse valor representa um acréscimo de 20% sobre o arrecadado em janeiro de 2007. Pasmem, Srs. Deputados, 20% de incremento na receita de janeiro deste ano em relação a janeiro do ano anterior, sem a CPMF. Esse é o fato. Essa é a verdade. Tinham, portanto, razão a Oposição e muitos Parlamentares de partidos da própria base aliada que não se deixaram enganar pelas admoestações do Governo ano passado. O Governo alardeava o caos e lançava futuras responsabilidades à Oposição por tudo de negativo que pudesse ocorrer ao País caso o Congresso não aprovasse a prorrogação da CPMF. Dizia o Governo que faltariam recursos para os reajustes salariais e planos de carreira do funcionalismo, como também para a realização dos concursos públicos previstos para este ano. O Governo dizia ainda que faltaria dinheiro também para o financiamento da saúde. Nada mais falso. O setor de saúde foi sucateado por este Governo em plena vigência da CPMF. Os brasileiros viram impotentes os espetáculos grotescos de 297 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 multidões sem atendimento hospitalar em vários Estados, quando o Presidente afirmava que a saúde no Brasil estava “próxima da perfeição”. Até o Bolsa-Família foi utilizado pelo Governo na tentativa de colocar a opinião pública contra os Parlamentares que se declaravam contrários à prorrogação. A proposta de orçamento é um exemplo eloqüente da sede que este Governo cultiva pela gastança. A lei previa o fim da CPMF em dezembro, mas a proposta orçamentária foi enviada ao Congresso incluindo dinheiro desse tributo. O resultado é que estamos assistindo a um atraso de quase 3 meses na tramitação do projeto no Congresso Nacional. A Comissão Mista que trata do Orçamento está todo este tempo debruçada em remanejamento de fontes e cortes de despesa. Isso não seria necessário se o Governo não estivesse forçando reforços na dotação orçamentária, destinados ao financiamento do BNDES, mirando o seu chamado PAC, para o qual são destinados mais de 12 bilhões de reais. O mais dramático de tudo, prezados colegas, foi o elevado prejuízo imposto à sociedade brasileira com a obstrução a que esta Casa foi submetida. Foram 71 dias de pauta obstruída para forçar a aprovação da CPMF. Onde está a calamidade que o Governo anunciava? Em que fontes o Governo se informava para dizer que os investimentos do PAC seriam afetados? Por que a proposta orçamentária de 2008 foi elaborada e encaminhada a esta Casa incluindo uma fonte de receita que acabaria em 31 de dezembro de 2007? 298 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Os fatos derrubaram essa falsa versão já no primeiro mês do ano. A partir de hoje, o Governo terá de encontrar outras explicações para o fracasso de sua gestão na saúde. O que se via em 2007 eram notícias sobre os sucessivos recordes de arrecadação. Mas o Governo não aplicou recursos na conservação das rodovias, pelo menos até a desastrada Operação Tapa-buracos, recordista em irregularidades, conforme mostram os relatórios de auditorias realizadas pelo Tribunal de Contas da União. Os investimentos também não chegaram aos portos, tão importantes para o desenvolvimento. Não chegaram ao Sistema de Vigilância da Amazônia (SIVAM), que se encontra com mais da metade de seus equipamentos inoperantes por falta de manutenção. O apagão aéreo não foi nem é um epílogo dessa lista de exemplos de mau gerenciamento e falta de planejamento. O que aconteceu com o sistema de transporte aéreo brasileiro é um cartão de visitas, uma espécie de digital de todo esse conjunto de discursos vazios e de desapreço à verdade. A verdade aponta para a falta de planejamento deste Governo, que tem pressa e sede de gastar e que gasta mal. Vejam a esse respeito a tentativa recente de cortes nas despesas previstas no Orçamento, já abaixo do arrecadado. Em breve estaremos votando uma proposta orçamentária já fictícia, dados os cortes do Relator, deixando as despesas inferiores 299 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 ao que está sendo arrecadado segundo números apresentados pela própria Receita Federal. Sr. Presidente, há dinheiro, e em excesso. O que falta é competência para gastá-lo. Obrigado. Durante o discurso do Sr. Zenaldo Coutinho, o Sr. Arlindo Chinaglia, Presidente, deixa a cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Narcio Rodrigues, 1º Vice-Presidente. 300 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. ANTONIO CARLOS PANNUNZIO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Tem V.Exa. a palavra. O SR. ANTONIO CARLOS PANNUNZIO (PSDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, gostaria de fazer um importante comunicado. Hoje, o Presidente Arlindo Chinaglia e alguns Parlamentares, entre os quais eu me incluía, recebemos aqui uma comissão de representantes de uma associação de familiares e amigos das vítimas do acidente com o avião da TAM. Trouxeram até nós a reclamação de que o aparato legal não tem permitido uma reação mais rápida que dê sustentação às necessidades mais urgentes dos familiares daqueles que se foram. Trouxeram ainda sua preocupação com o fato de a ANAC ter marcado para o dia 16 a reabertura da pista da Aeroporto de Congonhas para que opere exatamente como antes do acidente. Isso também muito nos preocupa, e o Presidente Arlindo Chinaglia decidiu formar um grupo de trabalho para que possamos interceder junto às autoridades competentes e, da mesma forma, no plano legal, verificarmos o que é possível fazer aqui na Câmara dos Deputados. Obrigado. Durante o discurso do Sr. Antonio Carlos Pannunzio, o Sr. Narcio Rodrigues, 1º Vice-Presidente, deixa a cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Arlindo Chinaglia, Presidente. 301 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - O Líder Vieira da Cunha pediu a palavra para um breve comunicado. Tem S.Exa. a palavra. O SR. VIEIRA DA CUNHA (Bloco/PDT-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, há poucos minutos, vários Parlamentares tiveram oportunidade de assistir a uma entrevista coletiva de S.Exa. o Ministro do Trabalho Carlos Lupi concedida no auditório daquele Ministério. O Ministro Carlos Lupi respondeu uma a uma às acusações, exibindo à imprensa transparentemente os documentos comprobatórios de sua gestão, que tem sido revestida dos princípios constitucionais da ética, da probidade administrativa e da transparência. Inclusive, anunciou S.Exa. que já na próxima semana inaugurará um site denominado Transparência Total, em que a população brasileira poderá acompanhar um a um os convênios do Ministério do Trabalho e o processo de liberação de verbas daquela Pasta. Sr. Presidente, queremos reiterar a nossa solidariedade e o total e irrestrito apoio à gestão do Ministro Carlos Lupi. Tenho convicção de que falo não só em nome do PDT, mas de todo o bloco parlamentar do qual participamos. Sabemos que somos acompanhados também por várias bancadas, que têm tido do Ministro toda a dedicação e atenção, independentemente de partidos políticos. Já recebeu S.Exa. lá mais de 200 colegas Deputados Federais, todos fazendo pleitos legítimos e que têm sido, na medida do possível, atendidos. Portanto, o nosso apoio e solidariedade ao Ministro do Trabalho Carlos Lupi. 302 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Indago se alguém em plenário ainda não votou. (Pausa.) O SR. WILSON SANTIAGO (Bloco/PMDB-PB. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, por um problema no sistema, o Deputado Camilo Cola quer votar, mas não está conseguindo. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Deputado Camilo, faça uma gentileza: fale ao microfone e estará resolvido o problema. O SR. CAMILO (Bloco/PMDB-ES. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na votação anterior, votei “sim”. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - E nesta vota com o partido. O SR. CAMILO COLA - Nesta voto com o partido. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Obrigado. Portanto, Deputado Camilo Cola vota “sim”. 303 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Alguém em plenário ainda não votou? (Pausa.) Está encerrada a votação. 304 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. DR. PINOTTI - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Tem V.Exa. a palavra. O SR. DR. PINOTTI (DEM-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, votei com o partido. 305 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Vou proclamar o resultado da votação: votaram “sim” 296 Sras. e Srs. Deputados, considerando-se também o voto do Deputado Camilo Cola; “não”, 95. Total: 391. FOI APROVADO O PARECER. 306 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Em votação a emenda apresentada na Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização de nº 1, com parecer contrário. 307 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Quero saber se está claro para o Plenário. Líder Fernando Coruja. O SR. FERNANDO CORUJA (PPS-SC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, abro mão da minha inscrição porque o ilustre Relator rejeitou a emenda, mas acatou a sua admissibilidade. Em relação à admissibilidade, abro mão da inscrição. Quero falar apenas no mérito do destaque. 308 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. HENRIQUE AFONSO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Tem V.Exa. a palavra. O SR. HENRIQUE AFONSO (PT-AC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) Sr. Presidente, votei conforme orientação do partido. A SRA. LÍDICE DA MATA (Bloco/PSB-BA. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, na votação anterior, votei com o partido. 309 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Em votação a emenda apresentada na Comissão Mista, com parecer contrário. 310 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Os Srs. Deputados que a aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.) APROVADA. 311 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. LELO COIMBRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Tem V.Exa. tem a palavra. O SR. LELO COIMBRA (Bloco/PMDB-ES. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na votação anterior, o meu voto foi de acordo com a orientação do partido. O SR. RODOVALHO (DEM-DF. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na votação anterior, o meu voto foi de acordo com a orientação do partido. O SR. DUARTE NOGUEIRA (PSDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na votação anterior, o meu voto foi de acordo com a orientação do partido. O SR. MOACIR MICHELETTO (Bloco/PMDB-PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na votação anterior, o meu voto foi de acordo com a orientação do partido. O SR. REGIS DE OLIVEIRA (Bloco/PSC-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na votação anterior, o meu voto foi de acordo com a orientação do partido. 312 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Não sei se V.Exas. estavam prestando atenção na emenda que o Plenário aprovou. Em votação a Medida Provisória nº 399/07. 313 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Os Srs. Deputados que a aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.) APROVADA. 314 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Há sobre a mesa e vou submeter a votos a seguinte REDAÇÃO FINAL: 315 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Os Srs. Deputados que a aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.) APROVADA. A matéria vai ao Senado Federal, incluindo o processado. 316 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Item 2. Medida Provisória nº 400, de 2007 (Do Poder Executivo) Discussão, em turno único, da Medida Provisória nº 400, de 2007, que abre crédito extraordinário em favor da Presidência da República e do Ministério da Saúde, no valor global de R$50.000.000,00, para os fins que especifica. Pendente de parecer da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização. 317 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. JERÔNIMO REIS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Tem V.Exa. a palavra. O SR. JERÔNIMO REIS (DEM-SE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na votação anterior, o meu voto foi de acordo com a orientação do partido. O SR. LUIZ SÉRGIO (PT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na votação anterior, o meu voto foi de acordo a orientação do partido. O SR. JOÃO PIZZOLATTI (PP-SC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na votação anterior, o meu voto foi de acordo a orientação do partido. O SR. CARLOS WILLIAN (Bloco/PTC-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na votação anterior, o meu voto foi de acordo com a orientação do partido. 318 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Concedo a palavra, para oferecer parecer à medida provisória e às emendas a ela apresentadas, pela Comissão Mista, ao Sr. Deputado José Rocha. O SR. JOSÉ ROCHA (PR-BA. Para emitir parecer.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, parecer à Medida Provisória nº 400, de 26 de outubro de 2007, publicada em 29 de outubro de 2007, que “abre crédito extraordinário, em favor da Presidência da República e do Ministério da Saúde, no valor global de R$50.000.000,00 para os fins que especifica”. Relatório. Com base no art. 62, combinado com o art. 167, § 3º da Constituição Federal, o Exmo. Sr. Presidente da República encaminhou ao Congresso Nacional, por intermédio da Mensagem nº 171, de 2007-CN (nº 813, de 2007, na origem), a Medida Provisória nº 400, de 26 de outubro de 2007, que “abre crédito extraordinário em favor da Presidência da República e do Ministério da Saúde, no valor global de R$50.000.000,00, para os fins que especifica”. Os recursos para a abertura do crédito provêm de: a) superávit financeiro apurado no Balanço Patrimonial da União do exercício de 2006, relativo a Recursos Ordinários, no valor de R$20 milhões; b) excesso de arrecadação da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido das Pessoas Jurídicas, no valor de R$25 milhões; c) anulação parcial de dotações orçamentárias, no valor de R$5 milhões, do Ministério da Saúde. A Exposição de Motivos nº 00287/2007/MP, de 26 de outubro de 2007, que acompanha a referida mensagem presidencial, informa que, no que tange à 319 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Presidência da República, o crédito possibilitará o aporte de recursos para a constituição do capital inicial da Empresa Brasil de Comunicação — EBC, criada pelo Decreto nº 6.246, de 24 de outubro de 2007, como empresa pública federal, vinculada à Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, nos termos da autorização constante do art. 5º, combinado com o §1º do art. 9º da Medida Provisória nº 398, de 10 de outubro de 2007. Os recursos destinam-se ao suporte de operação dos serviços de radiodifusão pública. No que concerne ao Ministério da Saúde, o crédito permitirá atender a despesas necessárias à realização de campanhas educativas de saúde pública, principalmente voltadas para o combate da dengue, sob a forma de esclarecimento à população dos procedimentos de prevenção da doença, em virtude do aumento de casos no corrente ano, e para reduzir a incidência de HIV/AIDS entre adolescentes e jovens, especialmente do sexo feminino. Decorrido o prazo regimental, foram registradas 2 emendas à Medida Provisória em pauta. É o relatório. Voto do Relator. O art. 5º da Resolução nº 1, de 2002-CN, que dispõe sobre a apreciação, pelo Congresso Nacional, das medidas provisórias a que se refere o art. 62, da Constituição Federal, prevê que o parecer a crédito extraordinário deve ser único, contendo manifestação sobre a matéria quanto ao aspecto constitucional, inclusive sobre os pressupostos de relevância e urgência, de mérito, de adequação financeira e orçamentária e sobre o cumprimento da exigência prevista no §1º, art. 2º, daquele diploma legal. 320 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Aspectos constitucionais e pressupostos de relevância e urgência. Do exame da medida provisória de crédito extraordinário, verificamos que a iniciativa atende aos pressupostos constitucionais de admissibilidade referentes à relevância, à urgência e à imprevisibilidade previstos nos arts. 62 e 167, §3º, da Constituição Federal, haja vista a necessidade de atuação imediata e eficaz do Governo Federal em ações objeto do crédito extraordinário. Adequação orçamentária e financeira da medida provisória. Da análise da adequação orçamentária e financeira da medida provisória, verifica-se que o crédito extraordinário não contraria os dispositivos constitucionais ou os preceitos legais pertinentes, em particular no que diz respeito à sua compatibilidade com o Plano Plurianual e à sua conformidade com as disposições da Lei de Diretrizes Orçamentárias para o exercício de 2007 (Lei nº 11.439, de 29 de dezembro de 2006), LOA/2007 (Lei nº 11.451, de 7 de fevereiro de 2007) e a Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101/2000). Tendo em vista tratar-se de crédito extraordinário, entendemos não ser aplicáveis as exigências atinentes às outras modalidades de crédito adicional. Contudo, em face de parte dos recursos do crédito advir de superávit financeiro, que tem impacto fiscal negativo, é indispensável que a despesa aprovada seja devidamente compensada durante a sua execução, a fim de que não se comprometa a meta de resultado fiscal estabelecida na Lei de Diretrizes Orçamentárias. Cumprimento da exigência prevista no §1º, do art. 2º da Resolução nº 1, de 2002-CN. 321 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 A Exposição de Motivos nº 00041/2007/MP, do Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão, supre a exigência prevista no §1º, do art. 2º, da Resolução nº 1, de 2002-CN, que trata do envio de documento expondo a motivação da edição da Medida Provisória. Mérito. Uma vez que as despesas previstas na medida provisória são de importância significativa para, no que tange ao Ministério da Saúde, conter o avanço dos casos de dengue e de incidência da AIDS, observados no presente exercício, com ocorrências inclusive de óbitos, e, no que diz respeito à Presidência da República, suprir a necessidade premente de instalação e funcionamento da Empresa Brasil de Comunicação — EBC, de forma a permitir a sua atuação imediata na formação da Rede Nacional de Comunicação Pública, e na viabilização do início das transmissões da televisão digital no País, entendemos ser meritória a edição da medida provisória em questão. Análise das Emendas. Preliminarmente, cabe destacar que foi aprovada, no Congresso Nacional, em 22 de dezembro de 2006, e publicada no Diário Oficial da União, em 26 de dezembro de 2006, a Resolução nº 01, de 2006-CN, que “dispõe sobre a Comissão Mista Permanente a que se refere o § 1º do art. 166 da Constituição, bem como a tramitação das matérias a que se refere o mesmo artigo”. Especificamente quanto às emendas a créditos extraordinários, dispõe o art. 111 do novo texto que “somente serão admitidas emendas que tenham como finalidade modificar o texto da medida provisória ou suprimir dotação, total ou parcialmente”. 322 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 À presente medida provisória foram apresentadas 2 emendas, que propõem retirar do crédito extraordinário os recursos destinados ao aporte no capital social da EBC, por entender que tal despesa não se configura emergencial nem imprevisível. Não obstante o reconhecimento do nobre propósito nelas contido, propomos sua rejeição, tendo em vista que eventual aprovação comprometeria a integridade do crédito extraordinário, em prejuízo da eficácia das inadiáveis ações nele contidas. Ademais, os dados do SIAFI informam que todos os recursos do presente crédito já foram gastos. Diante do exposto, somos favoráveis à aprovação da Medida Provisória nº 400, de 2007, na forma proposta pelo Poder Executivo, rejeitando as emendas nºs 01 e 02. É o parecer. 323 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. JORGE KHOURY - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Tem V.Exa. a palavra. O SR. JORGE KHOURY (DEM-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na votação anterior, votei com o partido. O SR. MARCOS ANTONIO (Bloco/PRB-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na votação anterior, votei com o partido. O SR. SANDRO MATOS (PR-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na votação anterior, votei com o partido. O SR. JOÃO LEÃO (PP-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na votação anterior, votei com o nobre Relator, Deputado José Rocha. O SR. MUSSA DEMES (DEM-PI. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na votação anterior, votei com a Liderança do partido. A SRA. FÁTIMA BEZERRA (PT-RN. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) Sr. Presidente, na votação anterior, votei com o PT. O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) Sr. Presidente, se aqui estivesse, votaria com o meu partido. Portanto, estou tentando justificar minha ausência e o voto. O SR. JUVENIL (PRTB-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na votação anterior, votei com a Liderança do Governo. 324 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Prorrogo a sessão até as 20h. 325 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Há oradores inscritos. Para discutir contrariamente à matéria, concedo a palavra ao Sr. Deputado Antonio Carlos Mendes Thame. O SR. ANTONIO CARLOS MENDES THAME (PSDB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, esta é a Medida Provisória nº 400. São 400 medidas provisórias desde que foi, em 1988, pela Constituição, introduzido esse instrumento, que faculta ao Presidente da República legislar, com efeito imediato, em matérias de relevância, urgência e imprevisibilidade. São 400 medidas provisórias desde 1988, não é isso? Não é. Não é porque, em 11 de setembro de 2001, houve uma mudança, uma emenda constitucional e, com isso, a numeração foi zerada. Zerada em 2.230. Portanto, se somássemos 2.230 mais 400, estaríamos hoje votando a Medida Provisória nº 2.630. É inacreditável! Não é possível que, durante esse período, tenha havido tanta urgência, tanta relevância e, o que é pior, tanta imprevisibilidade. De que trata a Medida Provisória nº 400? De 2 assuntos. Concede 20 milhões de reais para a Presidência da República ajudar a constituir o capital inicial da Empresa Brasil de Comunicação, a TV Lula. Olhem que coisa! O que há de urgente, relevante e imprevisível na formação de uma tevê estatal, que já votamos na Medida Provisória nº 398? Nada, absolutamente nada. Mais ainda, a Medida Provisória nº 400 destina 30 milhões de reais ao Ministério da Saúde para fazer campanhas educativas de saúde pública. É inacreditável a incompetência desse Ministério da Saúde, que não prevê recursos para campanhas educativas de saúde pública. Não é um surto, alguma coisa nova, grave, imprevisível que surgiu, que conseguiu surpreender aos melhores 326 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 técnicos que assessoram o Ministro. Não! É dinheiro para campanha. Campanha de saúde pública, campanha educativa. É inacreditável, senhores! Ou nós colocamos um fim nisso tudo, ou continuamos a nos desmoralizar. Estamos assinando, em plenário, dezenas de PECs que propõem mudanças na Constituição para restringir esses abusos. Alguma coisa tem que mudar. Estamos percebendo que a coisa está madura. Está na hora de votar uma mudança que marque a atual Legislatura. Uma das mudanças deve ser esta: não mais se trata, em medida provisória, de questões orçamentárias. Vamos respeitar o Congresso Nacional. Durante o discurso do Sr. Antonio Carlos Mendes Thame, o Sr. Arlindo Chinaglia, Presidente, deixa a cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Narcio Rodrigues, 1º Vice-Presidente. 327 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Para falar a favor, concedo a palavra ao ilustre Deputado Lincoln Portela. (Pausa.) Ausente do plenário. Concedo a palavra ao nobre Deputado Eduardo Valverde, que falará a favor da matéria. O SR. EDUARDO VALVERDE (PT-RO. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, a Oposição tem todo o direito de espernear. Na verdade, só cabe a ela espernear neste momento, porque na falta de um projeto de nação — e olha que teve a oportunidade de fazê-lo, pois ficou 8 anos no poder, sem contar o passado — não teve competência de construir um novo modelo de economia, de distribuição de renda, economia essa que tem a finalidade de incorporar aqueles que, no passado, sequer tinham condições de entrar em um supermercado e comprar uma sacola de comida e, hoje, passam a ter a proteção ao consumo. Então, se lhe cabe espernear, ela vai espernear por qualquer causa. Pensando bem, olhem a miudeza do debate: recurso extraordinário para combater a dengue. Será que é possível prever se uma região do País vai ter mais ou menos dengue? Será que a dengue é sujeita a um planejamento efetivo e exato, que possa prever todas as condições para prevenir uma epidemia? Obviamente que não. Ela surge em função de uma chuva mais acelerada ou em função de um comportamento de uma sociedade que também não toma o cuidado de se proteger ou não tem a cautela de não acumular água. A dengue aparece. O que fazer? O Governo vai ficar parado e deixar de tomar iniciativa caso não haja previsibilidade orçamentária e financeira e esperar que no Orçamento do ano seguinte possa estar previsto aquele recurso para combater a dengue do ano anterior? Obviamente que não. Ele vai tomar uma atitude corajosa caso não haja 328 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 previsão orçamentária, ou, caso a epidemia ultrapasse o que foi planejado, tomará a correta decisão de fazer a destinação desse crédito extraordinário. Acabamos de aprovar, na semana passada, a criação da TV pública, decorrente de medida provisória. Estava prevista no Orçamento essa TV pública? Obviamente que não. E como funcionará? Será que com as ondas eletromagnéticas, sem que haja nenhum tipo de emissão ou de aparelho? Ora, convenhamos, se a TV pública foi criada por medida provisória, na semana passada, evidentemente ela deverá ter um substrato financeiro e orçamentário para funcionar. Então está correta a utilização desse instrumento legal para algo que não estava previsto no ano passado, para dotar orçamentariamente a TV pública com recursos financeiros que lhe permitam funcionar. Por não ter nada a dizer e por não ter nada a apresentar ao País, vamos ficar aqui debatendo com a Oposição as suas dores de cotovelo, no tocante ao Governo Lula. 329 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Para discutir, concedo a palavra ao nobre Deputado Luiz Carlos Hauly, que falará contra a matéria. O SR. LUIZ CARLOS HAULY (PSDB-PR. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, planejamento é o que não tem este Governo. Relatório da ONU publicado no dia de hoje no jornal Gazeta do Povo diz o seguinte: “Brasil é corrupto, violento e racista”. Foi dado o prazo de 1 ano para o País adotar medidas de proteção aos direitos humanos, mas 2 anos depois o Governo ainda não respondeu à ONU o que fará para lidar com os problemas. Então não me venham falar de planejamento, de programa de governo. O Governo copiou o modelo econômico do Plano Real. Digo, com muito conhecimento de causa — estou aqui há 17 anos, este é meu décimo oitavo ano na Casa como Deputado Federal —, que o segundo Governo Lula é o quarto Governo do Plano Real. Mantém estabilidade econômica com juros elevados, sangra o povo brasileiro, arrecada cada vez mais e não realiza as transformações. Claro que do ponto de vista macroeconômico a economia está boa, mas custa caro, porque não há um projeto de Brasil; não há um sistema tributário; não há um programa educacional para todos os brasileiros. O SUS agoniza, assim como as estradas, os portos e os aeroportos. Portanto, não há um projeto de governo. Até o programa de bolsas foi copiado do PSDB. Aliás, quem criou o primeiro programa de bolsa no Brasil foi Roberto Magalhães Teixeira, o Grama, grande Prefeito de Campinas, já falecido, de saudosa memória. E aqui nesta Casa quem liderou a aprovação do programa de bolsa, no Governo Fernando Henrique Cardoso, foi Nelson Marchezan, e era Ministro Paulo Renato Souza. 330 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Portanto, o Governo precisa parar e aceitar promover um entendimento nacional e um planejamento para o futuro do Brasil. É preciso um planejamento, um pacto de entendimento, um Pacto de Moncloa, dê-se o nome que quiser. O Presidente Lula tem a oportunidade. Graças a Deus e a São Pedro, a chuva ameniza um pouco o problema da falta de energia, mas a crise de energia é iminente. O Governo nem consegue controlar os cartões corporativos. Imaginem querer exigir dele que controle o Orçamento. Compartilho a tese do Deputado Antonio Carlos Mendes Thame. Uma das mudanças é passar a questão orçamentária de volta para o Congresso. Quando vier medida provisória que trate de crédito, ela deve ser mandada imediatamente ao Congresso Nacional. Dessa forma, alivia-se metade das medidas provisórias. Por isso, encaminhamos contra a admissibilidade da matéria, por falta de urgência, de característica de necessidade, porque isso representa, na verdade, falta de planejamento. Não existe programa de Governo. 331 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. URZENI ROCHA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Tem V.Exa. a palavra. O SR. URZENI ROCHA (PSDB-RR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) Sr. Presidente, na votação anterior, acompanhei a orientação do partido. O SR. VILSON COVATTI (PP-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, votei de acordo com a orientação do Partido Progressista, na última votação. O SR. CHICO ABREU (PR-GO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na votação anterior, votei com o partido. O SR. VALADARES FILHO (Bloco/PSB-SE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na votação anterior, votei com o partido. 332 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Para discutir, concedo a palavra ao ilustre Deputado Paulo Teixeira, que falará a favor da matéria. (Pausa.) Ausente do plenário S.Exa. O próximo orador inscrito é o ilustre Deputado Tarcísio Zimmermann. (Pausa.) Ausente do plenário. A próxima oradora inscrita é a ilustre Deputada Cida Diogo. (Pausa.) Ausente do plenário. O próximo orador inscrito para falar a favor é o ilustre Deputado Dr. Ubiali. (Pausa.) Ausente do plenário. O próximo orador inscrito é o ilustre Deputado Dr. Rosinha. (Pausa.) Ausente do plenário. O próximo orador inscrito é o ilustre Deputado Celso Maldaner. (Pausa.) Ausente do plenário. Concedo a palavra ao ilustre Deputado Vicentinho. O SR. VICENTINHO (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, antes de me manifestar a respeito da medida provisória, quero mandar um abraço à Sra. Ana Maria, minha amiga e vizinha na SQS 213, esposa do grande jornalista Alexandre Torres, editor de um jornal muito popular aqui em Brasília e de um programa de televisão. Alexandre está em coma, vítima de um aneurisma. As nossas orações na comunidade são muito fortes. Esperamos que ele logo volte ao nosso convívio. Sr. Presidente, seria uma ousadia da minha parte dizer que a TV Cultura de São Paulo é “TV Serra”. Seria um desrespeito, pela capacidade daquela empresa 333 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 pública, para o povo brasileiro. Extraordinária capacidade! Seria um desrespeito limitar a chamar de “TV Lula” um projeto como esse, para ao Brasil. Não aceito! Não posso concordar com um projeto que faz a reforma agrária nas comunicações. Essa é que é a grande verdade. A sociedade brasileira sofre com um meio de comunicação que, embora administrado por um segmento privado que tem interesse político e econômico, é uma concessão pública. Esse aporte já consagrado e admitido pelo Supremo Tribunal Federal está dentro dos conformes para que essa mídia vá ao ar respeitando as culturas regionais, o que fortalece efetivamente a democracia nos meios de comunicação do País. O Ministério da Saúde constata — não é somente o caso da dengue, nobre Deputado Eduardo Valverde — que meninas de 13, 14, 15 e 16 anos são as maiores vítimas da AIDS no momento, além das mulheres que, em casa, recebem essa maldição dos maridos irresponsáveis. O Ministério da Saúde tem a obrigação de dar conta do recado, como já fez ao longo da vida com a produção de anti-retrovirais. Neste momento, aporte para que o Ministério da Saúde tenha condições de enfrentar esse problema é de vital importância. Daí, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o nosso pedido para que votemos favoravelmente à medida provisória. Muito obrigado, Sr. Presidente. 334 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Para discutir, concedo a palavra ao ilustre Líder Fernando Coruja, que falará contra a matéria. (Pausa.) Com a palavra o ilustre Deputado Leonardo Vilela. (Pausa.) Concedo a palavra ao ilustre Deputado William Woo. O SR. WILLIAM WOO (PSDB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Narcio Rodrigues, Sras. e Srs. Deputados, público que assiste à sessão pela TV Câmara, novamente esta Casa pára para discutir e votar uma medida provisória que trata da abertura de crédito extraordinário. Refiro-me à Medida Provisória nº 400, de 2007, que abre crédito extraordinário, em favor da Presidência da República e do Ministério da Saúde, no valor global de R$50 milhões. Novamente, rejeitamos a admissibilidade da matéria. As medidas provisórias têm entupido a pauta desta Casa. Hoje estivemos na presença da Ministra do Supremo Tribunal Federal para discutir de que forma vamos acelerar a reforma do Código de Processo Penal. Não vemos expectativa nenhuma de votar este ano essa reforma, que já está pronta, graças ao grupo de trabalho, que evoluiu com o apoio do Ministério da Justiça. Infelizmente, esta Casa só está votando medidas provisórias sem conteúdo nenhum de relevância e urgência. Isso tem pautado os nossos trabalhos, senhores. Quero dizer aos que nos assistem pela TV Câmara, e que discutem no dia-a-dia os problemas importantes para o País, que passamos a tarde inteira aqui votando medida provisória que abre novos créditos para o Executivo. Não podemos continuar tratando de matérias como esta dessa forma. Precisamos fazer as reformas o mais rapidamente possível, para barrar esse tipo de utilização da medida provisória. 335 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Novamente, a Comissão Mista de Orçamento desta Casa fica aquém para discutir um assunto importante como o Orçamento da União. E, novamente, o instrumento utilizado pelo Poder Executivo é a medida provisória. Isso sem falar da imprevisibilidade da despesa. Por se tratar de crédito extraordinário, indicamos a rejeição da medida provisória que neste momento vai ser votada. Todos nós, Parlamentares, no começo desta Legislatura, em nossos discursos, demonstramos interesse em trazer à votação projetos de autoria dos Parlamentares, que têm muito a contribuir com o Brasil. Mas, infelizmente, passamos as tardes discutindo e votando somente medidas provisórias em que não há nem relevância nem urgência para um País melhor. Muito obrigado. 336 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Para discutir, concedo a palavra ao Deputado Virgílio Guimarães, que falará a favor da matéria. (Pausa.) 337 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. HUGO LEAL - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Tem V.Exa. a palavra. O SR. HUGO LEAL (Bloco/PSC-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) Sr. Presidente, na votação anterior, votei como o Bloco Parlamentar PMDB/PSC/PTC. O SR. EDSON DUARTE (PV-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, votei com o partido. O SR. ELIENE LIMA (PP-MT. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, votei com o PP, na última votação. 338 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Para discutir, concedo a palavra ao Deputado Colbert Martins. O SR. COLBERT MARTINS (Bloco/PMDB-BA. Sem revisão do orador.) Presidente, Sras. e Srs. Deputados, trata-se de medida provisória que diz respeito a recursos para o Ministério da Saúde, para o combate ao vírus da AIDS, o que achamos absolutamente importante, necessário e mais do que urgente. Hoje mais de 10 mil brasileiros morrem em decorrência de AIDS. A medida provisória também prevê recursos para a Empresa Brasileira de Comunicação. Todo esse trabalho depende efetivamente dos recursos previstos nesta medida provisória, que entendo mais do que necessária, mais do que relevante. Quem vai discutir a relevância e a urgência, quando se trata de AIDS? Como disse, ela trata também de recursos para pôr em funcionamento a Empresa Brasileira de Comunicação, matéria aprovada aqui ontem, que permitirá maior democratização das comunicações nacionais. Caso contrário, Sr. Presidente, estaríamos, como sempre o fizemos, financiando as empresas privadas de comunicação neste País. Aliás, elas sempre tiveram grandes financiamentos, inclusive públicos, do BNDES. Neste momento, queremos recursos para uma empresa pública de comunicação que possibilitará o funcionamento de uma grande rede no Brasil, alcançando todos os Estados e boa parte dos municípios, com programação voltada específica e diretamente para verdadeiros interesses da comunidade, além de temas políticos, culturais e outras áreas independentemente de interesses comerciais. Quanto à AIDS, mais recursos são necessários. Hoje, discutem-se claramente as barreiras impostas aos portadores do HIV, que, mesmo com o vírus sob controle, 339 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 são impedidos de viajar entre países. Alguns deles, como os Estados Unidos, impedem a entrada dessas pessoas. Sabemos que esse problema precisa e deve ser discutido de maneira mais clara. Existem interferências econômicas até pela assistência a essas pessoas. Por outro lado, não se pode simplesmente proibir de viajar alguém que tenha determinada doença. Por exemplo, as pessoas que têm câncer, hepatite viajam para todos os lugares do mundo, sem ter impedido seu direito de ir e vir. Os recursos que vêm ao Brasil estão nos grandes programas de inclusão, como é o caso da AIDS, e podem e devem ser claramente liberados. Muito obrigado, Sr. Presidente. 340 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 A SRA. DALVA FIGUEIREDO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Tem V.Exa. a palavra. A SRA. DALVA FIGUEIREDO (PT-AP. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, votei com o partido na votação anterior. O SR. GIVALDO CARIMBÃO (Bloco/PSB-AL. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, votei com o partido. 341 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Sobre a mesa requerimento de encerramento de discussão no seguinte teor: “Senhor Presidente, requeremos, nos termos do art. 117, inciso XI, da Câmara dos Deputados, o encerramento da discussão da Medida Provisória nº 400/07”. 342 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Em votação. Para encaminhar, concedo a palavra ao nobre Deputado Pompeo de Mattos, que falará contra a matéria. O SR. POMPEO DE MATTOS (Bloco/PDT-RS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, esta medida provisória é a seqüência ou a conseqüência da aprovação de outra medida provisória que criou a Empresa Brasil de Comunicação — EBC, que não é outra coisa se não a TV pública, a TV Brasil. É claro que, criada a televisão, é preciso o aporte de recursos para que ela entre em funcionamento. E aí entra, então, a medida provisória que abre crédito extraordinário de 50 milhões de reais, sendo que 20 milhões é para a TV pública e 30 milhões para a saúde, para se fazer as campanhas publicitárias em todas as televisões públicas e privadas, em todos os rádios, em todos os jornais, em todos os veículos de comunicação, no sentido de alertar a população para o risco da dengue, da AIDS. E é preciso essa comunicação pública, porque a desinformação leva à epidemia, e depois se economiza na divulgação e se paga caro para corrigir, para remediar. Aliás, aprendi com minha mãe que é melhor prevenir do que remediar. É o que estamos fazendo com doenças como a AIDS e a dengue. Gostaríamos que o debate prosseguisse até para esclarecer a opinião pública sobre o que estamos decidindo e sobre aquilo que o Congresso Nacional influencia no sentido de atender ao cidadão. Sr. Presidente, sei que a TV pública sofre críticas. Compreendo. Mas a democracia também implica a amplitude dos espaços de divulgação de fatos e de 343 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 informação. A TV pública impedirá a manipulação, às vezes única, da grande mídia. Estamos democratizando. E não digam que o Governo vai usá-la para si, até porque hoje ele é do PT, da base aliada e do Presidente Lula; amanhã o Governo será de outro partido, de outra base aliada. A TV não é do Governo, mas da Nação, do povo, do Estado brasileiro. E não digam que não funciona. Se formos à Europa, veremos que as principais redes de televisão são públicas, e ninguém reclama. Então, teremos uma TV pública democrática, acessível a todo cidadão, que hoje só tem acesso ao sinal aberto nas grandes cidades. Comunidades do interior, da roça, não têm comunicação na TV aberta, a exemplo do celular. Há mais de mil cidades no País, pequenos municípios, que não têm celular, porque privatizaram o sistema e as grandes empresas não têm interesse econômico naquela localidade, não fazem investimento, e o povo fica sem o telefone móvel. Com a televisão não é diferente. Agora, com a televisão pública, tenho certeza de que o povo brasileiro será bem assistido. 344 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. MARCELO TEIXEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Tem V.Exa. a palavra. O SR. MARCELO TEIXEIRA (PR-CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) Sr. Presidente, na votação anterior, votei com o partido. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Alguém mais quer justificar? 345 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Para falar a favor, concedo a palavra ao Deputado Vicentinho. O SR. VICENTINHO (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, a nossa bancada acha que esse debate foi suficientemente bem-feito, inclusive desde a Medida Provisória nº 398. Por isso, somos favoráveis ao requerimento. 346 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Em votação o requerimento. O SR. AYRTON XEREZ (DEM-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o Democratas gostaria de orientar a bancada. O SR. LUIZ CARLOS HAULY (PSDB-PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, primeiro não podemos aceitar da base do Governo 2 tipos de orientação. Isso é ultrajar a Oposição. É inadmissível um votar sim e o outro, não. Isso é inaceitável, é antidemocrático, é anti-republicano. 347 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Informo ao Plenário que os Parlamentares se inscrevem para falar a favor ou contra. O SR. LUIZ CARLOS HAULY (PSDB-PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - V.Exa. deveria puni-lo por isso. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Informo mais uma vez ao Plenário que o Deputado Pompeo de Mattos se inscreveu para falar contra e o Deputado Vicentinho falou a favor. Essa não é questão que diz respeito ao procedimento da Mesa. Estamos cumprindo, naturalmente, o sistema. 348 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. JOSÉ CARLOS ALELUIA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Tem V.Exa. a palavra. O SR. JOSÉ CARLOS ALELUIA (DEM-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, um ato falso é nulo. Quem se inscreveu para falar contra e falou a favor, de direito não falou, porque mentiu. V.Exa. não pode considerar uma mentira como um discurso. O SR. VICENTINHO - Peço a palavra para contradizer, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Nós não estamos discutindo o mérito da matéria, e sim o encerramento da discussão. O Parlamentar pode ter uma posição a favor ou contra o mérito e querer discutir mais a matéria. O SR. VICENTINHO - Peço a palavra para contradizer, Sr. Presidente. O SR. JOSÉ CARLOS ALELUIA - Mas é o mérito, ele tem de discutir no lugar em que cabe. O SR. BETO ALBUQUERQUE - O Deputado Pompeo de Mattos encaminhou contra o encerramento, falou contra o encerramento. O SR. VICENTINHO - É só ver as notas taquigráficas, Sr. Presidente. O SR. BETO ALBUQUERQUE - Embora eu seja da base do Governo, digo que não há nenhuma fraude nisso. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Nós estamos seguindo o procedimento correto. 349 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Em votação o requerimento. 350 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. AYRTON XEREZ - Peço a palavra para orientar, Sr. Presidente. 351 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Como vota o PSOL? A SRA. LUCIANA GENRO (PSOL-RS. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) - O PSOL vota “sim”, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Como vota o PHS? (Pausa.) Como vota o PRTB? (Pausa.) Como vota o PTdoB? (Pausa.) Como vota o PPS? (Pausa.) Como vota o PV? (Pausa.) Como vota o PTB? (Pausa.) Como vota o PP? O SR. BENEDITO DE LIRA (PP-AL. Pela ordem. Sem revisão do orador.) Sr. Presidente, o PP vota “sim”. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Como vota o PR? O SR. MAURÍCIO QUINTELLA LESSA (PR-AL. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o PR vota “sim”. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Como vota o PSDB? O SR. BRUNO ARAÚJO (PSDB-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) Sr. Presidente, aproveitando o ensejo, gostaria de comunicar minha designação, pelo Líder José Aníbal, como 1º Vice-Líder do PSDB, o que muito me honra. Marco posição clara de que o PSDB vota “não” ao requerimento. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Deputado Bruno Araújo, cumprimentamos V.Exa., desejando-lhe boa sorte nessa nova missão. Temos certeza de que ela será desenvolvida com todo o talento com que V.Exa. tem representado o povo pernambucano nesta Casa. 352 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Como vota o PV? O SR. ROBERTO SANTIAGO (PV-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) Sr. Presidente, o PV vota “sim”. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Como vota o Democratas? O SR. AYRTON XEREZ (DEM-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, não compreendo o porquê da apresentação do requerimento de encerramento da discussão. V.Exa. convocou diversos Parlamentares da base do Governo, e ninguém subiu à tribuna para fazer a defesa da matéria. O clima, neste plenário, é de réquiem, é de sétimo dia, porque estamos rasgando nossos diplomas de Deputados, que logramos obter da população nas ruas. Então, é natural que a base do Governo, subserviente à questão da medida provisória, deseje encerrar a discussão. Nós, do Democratas, queremos continuar discutindo à exaustão, madrugada adentro, porque estamos ao lado da liturgia do cargo, estamos ao lado da Constituição. Votamos “não”. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Como vota o Bloco Parlamentar PSB/PDT/PCdoB/PMN/PRB? O SR. RENILDO CALHEIROS (Bloco/PCdoB-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, votamos “sim”. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Como vota o PT? O SR. VICENTINHO (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o PT vota “sim”. 353 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Como vota o Bloco Parlamentar PMDB/PSC/PTC? O SR. COLBERT MARTINS (Bloco/PMDB-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, para evitar grave exaustão neste plenário, votamos “sim”. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Como vota a Minoria? (Pausa.) Como vota o Governo? O SR. BETO ALBUQUERQUE (Bloco/PSB-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o Governo orienta o voto “sim”. 354 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Em votação o requerimento. 355 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Os Srs. Deputados que forem pela aprovação do requerimento permaneçam como se encontram. (Pausa.) APROVADO. 356 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - DECLARO ENCERRADA A DISCUSSÃO. Passa-se à votação da matéria. 357 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. LUIS CARLOS HEINZE - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Tem V.Exa. a palavra. O SR. LUIS CARLOS HEINZE (PP-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na votação anterior, votei com o Partido Progressista. O SR. MARCONDES GADELHA (Bloco/PSB-PB. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, votei com o meu partido na votação anterior. 358 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Para encaminhar, concedo a palavra ao nobre Deputado Antonio Carlos Mendes Thame, que falará contra a matéria. (Pausa.) 359 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. COLBERT MARTINS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Tem V.Exa. a palavra. O SR. COLBERT MARTINS (Bloco/PMDB-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, desejo um esclarecimento. V.Exa. está encaminhando a votação da admissibilidade da matéria? O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Sim. Estamos iniciando o encaminhamento. São 4 oradores, 2 de cada lado. 360 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. ALEXANDRE SANTOS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Tem V.Exa. a palavra. O SR. ALEXANDRE SANTOS (Bloco/PMDB-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na votação anterior, votei de acordo com o meu partido. 361 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Para encaminhar, concedo a palavra ao nobre Deputado Antonio Carlos Mendes Thame, que falará contra a matéria. O SR. ANTONIO CARLOS MENDES THAME (PSDB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, de 1988 para cá, foram editadas 2.620 medidas provisórias. Esta medida provisória não é a de nº 400, mas a de número 2.620. É inacreditável que tenhamos, durante todo esse período, que suportar tamanha opressão do Poder Executivo sobre o Poder Legislativo, tamanha capitis diminutio, como dizem os advogados. Está na hora de haver uma reação. Tivemos de tudo neste plenário, até medida provisória que autorizava o Governo a doar um avião para um país africano combater uma praga de gafanhotos. Venceu o prazo da medida provisória, ela trancou a pauta, e o Governo ainda não tinha doado o avião para os africanos. Ou seja, não era tão urgente assim. Se o fosse, publicada a medida provisória, no dia seguinte o avião teria voado ou sido levado num porta-aviões ao país africano, para salvar nossos irmãos da praga de gafanhotos. Esse é apenas um exemplo do que suportamos com medidas provisórias que não eram urgentes, nem relevantes, nem tinham nenhuma dose de imprevisibilidade. Temos que fazer uma alteração nesse processo. E é essa alteração na tramitação das medidas provisórias que vai marcar a atual Legislatura, a atual Mesa Diretora da Casa. Deputado Narcio Rodrigues, Deputado Arlindo Chinaglia, demais Deputados da Mesa, V.Exas. precisam ter posição corajosa, de enfrentamento 362 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 dessa situação, para a resolvermos e nos devolver um pouco da dignidade da Casa, para que ela possa cumprir bem o papel no sistema de divisão de Poderes, um dos pilares da democracia. Obrigado. 363 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Para encaminhar, concedo a palavra ao primeiro orador inscrito, o ilustre Deputado Lincoln Portela, que falará a favor da matéria. O SR. LINCOLN PORTELA (PR-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) Sr. Presidente, para economia processual, abro mão de minha fala, porque sabemos da importância dessa medida. 364 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Para encaminhar, concedo a palavra ao ilustre Deputado Eduardo Valverde, que falará a favor. (Pausa.) Concedo a palavra ao Deputado Tarcísio Zimmermann, que falará a favor. (Pausa.) Concedo a palavra ao nobre Deputado Dr. Ubiali, que falará a favor da matéria. O SR. DR. UBIALI (Bloco/PSB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, dinheiro para a saúde é sempre urgente. A saúde em nosso País vem perdendo recursos ao longo dos anos. Dizer que não é urgente destinar recursos para a saúde é um contra-senso. Qualquer dinheiro que vá para a saúde já chega atrasado, no momento inadequado. Em relação à verba destinada à Empresa Brasil de Comunicação, ela não tinha como ser prevista, vez que a empresa foi criada agora. Se vai funcionar, precisa do recurso para pagar suas obrigações. Portanto, é urgente e relevante. Do nosso ponto de vista, nada é mais urgente e necessário que o dinheiro para a saúde. Precisamos de mais de 54 bilhões para a saúde. Apesar de pequeno, o recurso é urgente e relevante. Muito obrigado. 365 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Concedo a palavra ao Deputado Emanuel Fernandes, que falará contra a matéria. (Pausa.) Ausente. Concedo a palavra ao Deputado Fernando Coruja, que falará contra a matéria. (Pausa.) Ausente. Concedo a palavra ao Deputado Leonardo Vilela, que falará contra a matéria. (Pausa.) Ausente. Concedo a palavra ao Deputado William Woo, que falará contra a matéria. (Pausa.) Ausente. Concedo a palavra ao Deputado Otavio Leite, que falará contra a matéria. (Pausa.) Ausente. Concedo a palavra ao Deputado Luiz Carlos Hauly, que falará contra a matéria. O SR. LUIZ CARLOS HAULY (PSDB-PR. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, evidentemente, nossa posição é conhecida e é contrária. O Governo usa e abusa de medidas provisórias. Por essa razão, a pauta fica trancada, o Congresso, congestionado, e os grandes temas de interesse do País não são discutidos nem aprovados. A culpa é de quem? De quem edita a medida provisória. Não é do Parlamento. O Parlamento deveria devolver todas as medidas provisórias ao Executivo, para poder começar a discutir o Brasil. Vamos discutir a reforma tributária, porque na hora de fazer as concessões quem está fazendo é o Poder Executivo. E vejam: a questão do salário mínimo é emblemática. E por isso o desprestígio do Parlamento é grande. Na hora de anunciar o salário mínimo, o 366 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Executivo o faz com as centrais sindicais. Ele não anuncia com os seus Líderes, ou com o Congresso Nacional, ou por meio do Presidente da Câmara ou do Senado Federal. Isso é emblemático. Por isso, o IBOPE da Câmara dos Deputados é menos de 1%. É tudo muito bem planejado. Isso não é obra do acaso, é deliberadamente contra o Parlamento brasileiro. Por isso, nosso IBOPE está lá em baixo. Nossa situação está muito difícil, e toda hora devemos dar explicação ao povo, até mesmo sobre a confusão dos cartões corporativos. As pessoas perguntam: “Você também tem?” Digo: “Não, isso é coisa do Executivo”. Realmente, essa situação atinge a todos, base do Governo e Oposição. Então, meus caros colegas Parlamentares do Brasil, é hora de despertar. O Presidente da República anunciou o valor de 412 reais. A Câmara dos Deputados deveria aprovar valor maior. Aqui é que se decide o valor do salário mínimo do Brasil! Aqui é que se decide o aumento salarial dos aposentados! Deveríamos insurgir-nos coletivamente. Isso vale para o passado, para o presente e para o futuro, para o futuro do Parlamento brasileiro, das nossas famílias, da dignidade do Parlamento, da harmonia dos Poderes. Nós legislamos em nome do povo, mas, na hora das concessões, não temos mérito nenhum. Produzimos, produzimos e não temos mérito algum. Por isso, temos de mandar, imediatamente, as medidas provisórias de natureza orçamentária diretamente para a Comissão de Orçamento do Congresso Nacional. O Congresso pode e deve fazer essa mudança. Além disso, deveria mandar de volta todas as outras que não tenham urgência. 367 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Para encaminhar a favor, concedo a palavra ao ilustre Deputado Celso Maldaner. O SR. CELSO MALDANER (Bloco/PMDB-SC. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, aprovamos a criação da TV pública, e esses 20 milhões são fundamentais para sua viabilização. Da mesma forma, são urgentes e necessários os 30 milhões que aprovamos para a área da saúde, principalmente no campo da conscientização. Por isso, encaminhamos a favor da medida provisória. Esperamos que os Deputados a aprovem. Já basta os recursos que perdemos com a Emenda nº 29, em função do fim da CPMF. É fundamental a aprovação da medida provisória. Isso significa muito pouco para a saúde do Brasil. Encaminhamos a favor. 368 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Em votação o parecer do Relator na parte em que manifesta opinião favorável ao atendimento dos pressupostos constitucionais de relevância e urgência e de sua adequação financeira e orçamentária, nos termos do art. 8º, da Resolução nº 1, de 2002, do Congresso Nacional. 369 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Para encaminhar, concedo a palavra ao nobre Deputado Otavio Leite, que falará contra a matéria. (Pausa.) Tem a palavra o Deputado Fernando Coruja. (Pausa.) Tem a palavra o Deputado Leonardo Vilela. O SR. LEONARDO VILELA (PSDB-GO. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, estamos na terceira semana de trabalhos da Câmara dos Deputados após o recesso legislativo, e, até o momento, a única coisa que fizemos neste plenário foi discutir e votar medidas provisórias. E ainda há mais 21 medidas provisórias, que obstruem a pauta, gradativamente, até o dia 5 de abril. Portanto, a perspectiva que temos de discutir e votar outras matérias é praticamente nula, praticamente impossível. Hoje já votamos uma e estamos discutindo e votando a segunda desta quarta-feira. As duas são relativas a crédito extraordinário. Ora, essa é matéria de incumbência do Poder Legislativo. Uma das principais prerrogativas que esta Casa tem é de legislar sobre o Orçamento. E o Executivo, o Governo Federal, sistematicamente, tira-nos esse direito, esse dever e essa prerrogativa, através de medidas provisórias de crédito extraordinário, que poderiam muito bem ser enviadas a esta Casa na forma de projeto de lei, em regime de urgência constitucional. Isso demonstra duas coisas: primeiro, a incompetência e a omissão do Governo na hora de fazer o Orçamento. Ora, quando o Governo faz o Orçamento para o ano seguinte, ele deve prever todas essas ações que não têm nada de mais: combate à dengue, combate à AIDS, campanhas educativas de saúde. Será que elas são imprevisíveis? 370 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Isso é o que queremos do Governo. No entanto, mandam-nos medidas provisórias relativas a créditos complementares, obstruindo a pauta desta Casa. Outro dia um eleitor me perguntou: “Vocês não vão votar os projetos de segurança pública, de reforma política, tantas coisas importantes para o País?” Eu disse: “No dia em que o Governo deixar uma janela no meio de uma saraivada de medidas provisórias, que é um instrumento necessário, mas um instrumento que está sendo muito mal utilizado, de forma equivocada, indiscriminada, por parte do Governo Federal”. A medida é claramente inconstitucional. Votamos “não” a sua admissibilidade. 371 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Para encaminhar, concedo a palavra ao nobre Deputado Maurício Quintella Lessa, que falará a favor da matéria. O SR. MAURÍCIO QUINTELLA LESSA (PR-AL. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, por economia processual, vou ser bem rápido. O objetivo da medida provisória, por si só, justifica a sua admissibilidade: financiar campanhas educativas para prevenir a contaminação, por jovens e mulheres, pela AIDS e, também, para formar o capital inicial da TV pública, aprovada ontem, por maioria absoluta, pela vontade do Parlamento. Portanto, votamos favoravelmente à admissibilidade do parecer. 372 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Para encaminhar, concedo a palavra ao nobre Deputado José Carlos Aleluia, que falará contra a matéria. O SR. JOSÉ CARLOS ALELUIA (DEM-BA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, acabo de ouvir alguns Deputados defenderem a medida provisória. Tenho que fazer meu discurso falando sobre as medidas provisórias. É evidente a vergonha da base do Governo em falar sobre esse assunto. S.Exas. só falam sobre os recursos nobres. De fato, eu, na Oposição, tenho que reconhecer que há 30 milhões de reais para combater a dengue, ou seja, para a área da saúde — para esclarecer a população. No entanto, nós, da Oposição, achamos que há uma imprevidência: essa medida deveria estar no Orçamento, não precisa ser crédito extraordinário. Mas ainda e reconhecendo a imprevidência: concordaríamos com os 30 milhões de reais. No entanto, os Deputados da base do Governo só falam deles. Vergonhosamente, não falam do restante. Nós, também, Srs. Deputados da base do Governo, concordamos com essa parte. Não podemos concordar que venhamos a depositar 20 milhões na TV de Lula. Ora, os que fazem essa televisão devem estar com muita inveja do YouTube, site da Internet para o qual qualquer pessoa pode enviar um filme. Nele há um chamado Lula e os cartões corporativos, que tem batido em audiência, nos últimos 18 dias, a TV de Lula. Estamos aqui votando 1 milhão de reais. O YouTube é de graça, e o povo assiste ao filme que ele disponibilizou, menos os 75% dos brasileiros que não têm acesso à Internet. Mas muitas pessoas do interior vão à lan house acessar esse site e assistir ao Lula e os cartões corporativos, filme que não tem assinatura. Ninguém sabe quem é seu autor. É uma brincadeira sobre a 373 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 maneira irresponsável como esse Governo trata os cartões corporativos e o dinheiro público. Portanto, Sr. Presidente, não podemos concordar com a medida provisória no que se refere a colocar 20 milhões na TV de Lula. Concordamos com o dinheiro que vai para a saúde. 374 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Para encaminhar, concedo a palavra ao Deputado Ribamar Alves, que falará a favor da matéria. (Pausa.) 375 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Em votação o parecer do Relator na parte em que manifesta opinião favorável quanto ao atendimento dos pressupostos constitucionais de relevância e urgência e de sua adequação financeira e orçamentária, nos termos do art. 8º da Resolução nº 1, de 2002, do Congresso Nacional. 376 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Como votam os Srs. Líderes? (Pausa.) Como vota o PRTB? (Pausa.) Como vota o PTdoB? (Pausa.) Como vota o PHS? (Pausa.) Como vota o PSOL? A SRA. LUCIANA GENRO (PSOL-RS. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, o PSOL vota “sim”. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Como vota o PPS? O SR. FERNANDO CORUJA (PPS-SC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o PPS vota “não”. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Como vota o PV? O SR. SARNEY FILHO (PV-MA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o PV vota “sim”. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Como vota o PTB? O SR. LUIZ CARLOS BUSATO (PTB-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o PTB vota “sim”. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Como vota o PP? O SR. VILSON COVATTI (PP-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, não quero cansá-los, apenas fazer um comentário. A Oposição poderia gravar os discursos e repeti-los medida provisória após medida provisória. Esta medida provisória tem fato determinado. Se esta matéria 377 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 não vier por medida provisória, então não pode existir medida provisória. O Partido Progressista reconhece a urgência e a necessidade dessa suplementação. O PP vota “sim”. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Como vota o PR? O SR. MAURÍCIO QUINTELLA LESSA (PR-AL. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o PR, a exemplo do Partido Progressista, também reconhece a urgência e a relevância desta medida provisória. Para nós, é urgente e relevante combater AIDS, dengue e colocar rapidamente em funcionamento a TV pública. Vergonha é a Oposição defender aqui interesses privados, corporações. O Governo não tem vergonha nenhuma de defender esta medida provisória. Portanto, votamos “sim”. O SR. BRUNO ARAÚJO (PSDB-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) Sr. Presidente, a Constituição da República é clara ao estabelecer crédito extraordinário no mesmo nível de urgência de estado de guerra. É claro que essa determinação não se dá nesta medida provisória. Mais ainda, esta medida provisória trata de crédito extraordinário para uma empresa cuja criação ainda estava sendo discutida em medida provisória anterior. A posição do PSDB é clara: contra a admissibilidade. Votamos “não”. O SR. FERNANDO DE FABINHO (DEM-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, é de admirar que a base do Governo entenda que a Oposição não tem de falar, que tem de se ajoelhar e votar aquilo que o Governo envia para esta Casa. Governa-se de forma ditatorial, por meio de medidas provisórias, com o único objetivo de manipular esta Casa. Não estamos sendo 378 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 manipulados, não nos iremos calar. Estaremos aqui sempre de pé, defendendo o povo brasileiro. Não concordamos com o argumento de que esta medida provisória é urgente. Primeiro, porque não é possível que o Governo não tivesse previsão orçamentária para a campanha contra a dengue, epidemia que há mais de 10 anos existe no País. Ele disse que acabaria com a doença, e ainda não o fez. É inadmissível que agora queiram colocar de imediato 20 milhões nos cofres da TV pública. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Como vota o Democratas? O SR. FERNANDO DE FABINHO - V.Exa. me permitirá concluir? O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - O tempo para orientação é de 1 minuto. O SR. FERNANDO DE FABINHO - Sei disso, Sr. Presidente, mas é importante que a população tome conhecimento de que o Governo investiu esses 20 milhões de reais de uma única vez na TV pública e gastou 35% dos 30 milhões que deveriam ir para a campanha da dengue. Por isso, votamos contra a admissibilidade desta proposta. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Como vota o Bloco Parlamentar PSB/PDT/PCdoB/PMN/PRB? O SR. RENILDO CALHEIROS (Bloco/PCdoB-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - O Bloco PSB/PDT/PCdoB/PMN/PRB vota “sim”, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Como vota o PT? O SR. VICENTINHO (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Vota “sim”, Sr. Presidente. 379 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Como vota o Bloco Parlamentar PMDB/PSC/PTC? O SR. COLBERT MARTINS (Bloco/PMDB-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - O Bloco PMDB/PSC/PTC vota sim, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Como vota a Liderança da Minoria? (Pausa.) Como vota a Liderança do Governo? O SR. WILSON SANTIAGO(Bloco/PMDB-PB. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - O Governo vota “sim”, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Como vota a Minoria? O SR. WALDIR NEVES (PSDB-MS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) Sr. Presidente, aqui falamos o tempo todo, e vemos Parlamentares fazerem ouvidos moucos, não ouvirem os reclamos. É um disparate esse excesso de medidas provisórias! O Congresso Nacional fica desmoralizado! Vamos votar “não”, contra a admissibilidade. 380 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Em votação o parecer do Relator. 381 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Os Srs. Deputados que o aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.) APROVADO. 382 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. FERNANDO DE FABINHO (DEM-BA) - Sr. Presidente, peço verificação. O SR. VICENTINHO (PT-SP) - Peço verificação conjunta, Sr. Presidente. O SR. BRUNO ARAÚJO (PSDB-PE) - Verificação conjunta, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Verificação conjunta concedida. 383 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - A Presidência solicita aos Srs. Deputados que tomem os seus lugares, a fim de ter início a votação pelo sistema eletrônico. Está iniciada a votação. Queiram seguir a orientação do visor de cada posto. 384 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. VICENTINHO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Tem V.Exa. a palavra. O SR. VICENTINHO (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, em nome da bancada do Partido dos Trabalhadores, solicitamos a todos os nobres colegas que estão neste momento reunidos no Plenário nº 13 que venham votar imediatamente, a fim de procedermos às votações necessárias. O SR. COLBERT MARTINS (Bloco/PMDB-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, convidamos todos os membros do PMDB e do Bloco que venham a plenário. É a última votação da noite, e queremos garantir recursos principalmente para o combate à AIDS em mulheres, que tem aumentado muito no País. O PMDB tem esse compromisso. O PMDB encaminha o voto “sim”. 385 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - A Presidência comunica ao Plenário que, como estamos em processo de votação, assim que concluirmos esta votação, encerraremos a sessão e convocaremos imediatamente outra, extraordinária, para concluir a votação desta medida provisória. Como há acordo, consulto os Srs. Líderes sobre se concordam com a manutenção do painel eletrônico para a próxima sessão. O SR. COLBERT MARTINS (Bloco/PMDB-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o PMDB concorda. O SR. VILSON COVATTI (PP-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o Partido Progressista concorda. O SR. MAURÍCIO QUINTELLA LESSA (PR-AL. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o PR concorda. O SR. FERNANDO DE FABINHO (DEM-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, esta é a última matéria? O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Sim. O SR. FERNANDO DE FABINHO - Concordamos, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Esta é a última votação nominal. Ao final dela, vamos encerrar a sessão e convocar outra, extraordinária, para a conclusão da análise desta matéria. Estamos consultando as Lideranças se há acordo para a manutenção do painel para a próxima sessão. O SR. DUARTE NOGUEIRA (PSDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o PSDB sustenta o acordo e, portanto, permite a manutenção do painel também. 386 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, a manutenção do painel é apenas para a votação desta medida provisória. O PTB concorda. 387 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. COLBERT MARTINS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Tem V.Exa. a palavra. O SR. COLBERT MARTINS (Bloco/PMDB-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, com relação ao dia de amanhã, a Mesa tem alguma informação sobre os horários das sessões? O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Teremos sessão deliberativa à tarde, às 14h. 388 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. BETO ALBUQUERQUE - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Tem V.Exa. a palavra. O SR. BETO ALBUQUERQUE (Bloco/PSB-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, queremos fazer um apelo aos Deputados e Deputadas da base do Governo para que venham ao plenário registrar seu voto o mais rapidamente possível. Assim ganharemos tempo e concluiremos muito rapidamente não só a apreciação da matéria, mas a sessão. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - A Presidência aproveita a sugestão de V.Exa. para convocar todos os Parlamentares que ainda não votaram. Estamos em processo de votação nominal. 389 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. JORGINHO MALULY - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Tem V.Exa. a palavra. O SR. JORGINHO MALULY (DEM-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) Sr. Presidente, está se realizando neste momento, no Auditório Nereu Ramos, um encontro de engenheiros, arquitetos e técnicos da área, em comemoração aos 75 anos do sistema CONFEA/CREA. Está sendo ainda lançado um panfleto de divulgação da Conferência Mundial de Engenharia, que ocorrerá em Brasília entre os dias 2 a 6 de dezembro de 2008. Engenheiro civil que sou, quero parabenizar todos os colegas pelo trabalho desenvolvido; o Presidente Marcos Túlio de Melo, do CONFEA, e demais dirigentes presentes ao encontro. Agradeço-os, afirmando que tenho muito orgulho da classe profissional a que pertenço. Muito obrigado, Sr. Presidente. 390 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. MAURO BENEVIDES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Tem V.Exa. a palavra. O SR. MAURO BENEVIDES (Bloco/PMDB-CE. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, iniciaram-se, no final da última semana, as comemorações alusivas ao 25º aniversário de emancipação política de Maracanaú, na Grande Fortaleza, comuna que tem a sua frente o nosso ex-colega, Roberto Pessoa, ali realizando profícua gestão. Como um dos representantes do Município no Congresso Nacional, regozijo-me pelo evento a ocorrer no dia 6 de março, quando mais expressivas ainda serão as festividades, levadas a efeito com expressiva participação popular. Na sede do Distrito Industrial, no qual funcionam mais de cem empresas de grande, médio e pequeno portes, aquela Edilidade prospera significativamente, com o apoio da bancada federal, que a ela destina, em cada ano, ponderável dotação, que se soma à arrecadação local e ao apoio do Governo do Estado, hoje confiado à clarividência e dinamismo de Cid Gomes. Nas campanhas majoritárias de que participei, Maracanaú garantiu-me, sempre, apreciável maioria, obrigando-me a prestigiar todas as iniciativas, especialmente as que beneficiavam o Distrito de Pajuçara e o Conjunto Carlos Jereissati. O orçamento do presente exercício, prestes a de ser submetido à deliberação do Parlamento nacional, consigna verba razoável, destinada a empreendimentos que deverão tornar-se, em breve, esplêndida realidade. Os atuais Vereadores e os suplentes que exercitam significativa liderança mobilizam-se para a campanha vindoura, num esforço de conscientização da 391 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 cidadania e de correto cumprimento dos deveres inerentes ao exercício da democracia. Ressalte-se que, nos termos da PEC nº 333, de autoria do ilustre colega Pompeo de Mattos, o Legislativo da progressista cidade passará a contar com alguns novos componentes, dentro dos critérios de recomposição, sem qualquer acréscimo no repasse da Lei de Responsabilidade Fiscal. O Deputado Federal Chico Lopes, da bancada do PCdoB, fará, ao que sei, nos próximos dias, discurso alusivo ao magno acontecimento, juntando-se, portanto, a esta homenagem que presto aos que, nesses 25 anos colaboraram para incrementar o desenvolvimento de Maracanaú e o bem-estar de sua gente. Compartilharei, igualmente, das alegrias de seus habitantes relembrando a conquista emancipacionista, que ensejou a elevação de um antigo Distrito de Maranguape à condição de uma das mais prósperas urbes do Ceará. 392 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. JOSÉ CARLOS ARAÚJO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Tem V.Exa. a palavra. O SR. JOSÉ CARLOS ARAÚJO (PR-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, acabo de dar entrada na Mesa a 2 projetos de lei que alteram artigo da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973: um que dispõe sobre o registro público e dá outras providências e outro, também na mesma linha, que dispõe sobre a aplicação do Código de Defesa do Consumidor; as atividades notáveis de registro de título e documento; altera o art. 45 da Lei nº 8.935, de 18 de novembro de 1944, e dá outras providências.” Sr. Presidente, na verdade, esses 2 projetos vão regulamentar os registros civis. Era o que tinha a dizer. 393 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Concedo a palavra, pela ordem, ao ilustre Deputado José Carlos Vieira. O SR. JOSÉ CARLOS VIEIRA (DEM-SC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, vários Deputados têm falado sobre a situação lamentável das nossas estradas. Algumas das principais artérias, a exemplo da BR-101, em Santa Catarina, encontram-se em verdadeiro caos. Isso tem sido dito, mas há fatos que nos deixam indignados, como o que ocorreu recentemente quando da reforma da ponte sobre o Rio Itajaí-Açu, onde morreu um esportista, o Vacaria, goleiro do Joinville Esporte Clube, que estava cedido ao Marcílio Dias e deixou esposa e filha. Esse é mais um acidente lamentável. Mas o fato que nos deixa mais indignados é que a ponte está em reforma, sem segurança, está mal iluminada, por isso correu o acidente. Levamos 2 horas para atravessar essa ponte. É preciso reforçar o número de pessoas que trabalham nessa reforma. 394 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Concedo a palavra, pela ordem, ao ilustre Deputado Valdir Colatto. O SR. VALDIR COLATTO (Bloco/PMDB-SC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, hoje estivemos reunidos com membros do Banco do Brasil, do Fundo Recebíveis de Ativos, que há muito tempo está para ser implantado no Brasil e está à disposição dos nossos agricultores, que poderão ir aos bancos para resolver sua situação com os fornecedores. Também quero comunicar que hoje o CONFEA e o CREA estão homenageando os engenheiros do Brasil, discutindo assuntos importantes, como planejamento da ocupação territorial e outros que temos a resolver com o Presidente da Frente Parlamentar da Agricultura. Com o embargo europeu da carne bovina, estamos trabalhando muito séria e fortemente a crise nesse setor. O Brasil tem de ter uma posição soberana. Os Estados têm de ser reconhecidos. O cadastro da bovinocultura brasileira nos Estados tem de ser validado, para que possamos resolver essa questão, trabalhar soberanamente e dar condição ao Brasil de decidir seu destino. 395 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. DARCÍSIO PERONDI - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Tem V.Exa. a palavra. O SR. DARCÍSIO PERONDI (Bloco/PMDB-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, os cancerosos, os tuberculosos e as crianças doentes vão continuar morrendo. O orçamento aprovado para a saúde na Comissão de Orçamento é absolutamente insuficiente. Em agosto faltará dinheiro. E ontem o chefe da Receita, muito alegre, anunciou 20% a mais de arrecadação em janeiro deste ano em relação ao ano passado, descontando a inflação e confirmando o que ele disse há 15 dias. O Governo está absolutamente silencioso em relação à crise da saúde. Sr. Presidente da República, esse silêncio do Governo é omissão de socorro. Nós, nesta Casa, precisamos reagir, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados. A crise vai continuar aumentando, e as nossas bases vão cobrar. Os brasileiros vão continuar morrendo. Obrigado. 396 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. ANDRÉ DE PAULA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Tem V.Exa. a palavra. O SR. ANDRÉ DE PAULA (DEM-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) Sr. Presidente, na primeira votação, votei com o meu partido. O SR. EFRAIM FILHO (DEM-PB. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na primeira votação, acompanhei o Democratas. 397 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Concedo a palavra, pela ordem, ao Sr. Deputado Eduardo Valverde. O SR. EDUARDO VALVERDE (PT-RO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, gostaria de registrar a conduta correta do Governo brasileiro no tocante ao tratamento adequado dispensado às vítimas do conflito de Corumbiara, que ocorreu em 1995. O confronto com a polícia deixou 11 mortos e com seqüelas praticamente 500 pessoas. Ao longo desse tempo, pouco foi feito para resguardar os direitos desse grupo de pessoas e indenizá-los. O Governo brasileiro enviou a Rondônia uma equipe do Ministério da Saúde que tem convênio com a Universidade Federal de Rondônia, para dar assistência a essas famílias e iniciar o processo de desapropriação da Fazenda Santa Elina, a motivadora do conflito. Agora, discute-se sobre a necessidade de o Tribunal de Justiça de Rondônia acelerar o julgamento dos 2 únicos condenados que lideraram o movimento. Essas as minhas considerações. Aproveito para parabenizar o Governo brasileiro. 398 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Antes de encerrar a votação, indago se há Parlamentares que ainda não votaram. Pode votar tranqüilo, Presidente Ibsen Pinheiro. (Pausa.) 399 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. WILSON SANTIAGO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Tem V.Exa. a palavra. O SR. WILSON SANTIAGO (Bloco/PMDB-PB. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, V.Exa. vai convocar sessão extraordinária e manter o painel? O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Vamos convocar sessão extraordinária e manter o painel, conforme acordo firmado pelos Srs. Líderes. O SR. WILSON SANTIAGO - Perfeitamente. 400 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Há Parlamentares no plenário que ainda não votaram? (Pausa.) 401 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. DÉCIO LIMA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Tem V.Exa. a palavra. O SR. DÉCIO LIMA (PT-SC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, no próximo sábado, o Presidente desta Casa, Arlindo Chinaglia, nos dará a honra de visitar o nosso Estado, onde participará de um almoço na cidade de Florianópolis, a Capital. Estendo o convite a toda a bancada catarinense, aos nossos colegas. Convido-os a participar desse almoço, coordenado por nossa bancada e pelo Fórum Parlamentar Catarinense, na pessoa do Deputado João Matos. Muito obrigado. 402 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Alguém mais no plenário não votou? (Pausa.) Está encerrada a votação. 403 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. MAURÍCIO RANDS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Tem V.Exa. a palavra. O SR. MAURÍCIO RANDS (PT-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, votei com a bancada do PT. 404 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - A Mesa vai proclamar o resultado da votação: 314 Sras. e Srs. Parlamentares votaram “sim” e 105 votaram “não” Total: 419. APROVADO O PARECER PELA ADMISSIBILIDADE. 405 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. JOÃO CAMPOS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Tem V.Exa. a palavra. O SR. JOÃO CAMPOS (PSDB-GO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) Sr. Presidente, votei seguindo orientação do partido. O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco/PSC-SE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, votei com meu partido. 406 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Vou encerrar a sessão e convocar outra sessão para 20h11min. 407 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 VII - ENCERRAMENTO O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Nada mais havendo a tratar, vou encerrar a sessão. 408 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - COMPARECEM MAIS OS SRS.: 409 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 DEIXAM DE COMPARECER OS SRS.: 410 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Encerro a sessão, convocando para hoje, quarta-feira, dia 27, às 20h11min, sessão extraordinária da Câmara dos Deputados, com a seguinte ORDEM DO DIA 411 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 (Encerra-se a sessão às 20 horas e 10 minutos.) DISCURSO PROFERIDO PELO SR. DEPUTADO PAES LANDIM NO PERÍODO DESTINADO AO GRANDE EXPEDIENTE DA SESSÃO ORDINÁRIA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Nº 001, REALIZADA EM 7 DE FEVEREIRO DE 2008 — RETIRADO PELO ORADOR PARA REVISÃO: O SR. PAES LANDIM (PTB-PI.) - Sr. Presidente em exercício nesta sessão, Deputado Pedro Wilson, do PT de Goiás, grande figura humana, que, entre outras qualidades, além de ser um homem profundamente religioso, é um dos maiores defensores da causa ambiental no nosso País. Sr. Presidente, em nome do meu partido, falaria rapidamente sobre o aniversário ontem do Padre Antônio Vieira, mas, surpreendido com meu sorteio também para falar no Grande Expediente e uma vez que no recesso houve vários assuntos em pauta, aproveitarei para tratar de outros temas e da causa ambiental, sendo que V.Exa. é uma das pessoas mais autorizadas moral e intelectualmente nesta Casa a abordar a matéria. Sr. Presidente, ao registrar o 4º centenário de nascimento do Padre Antônio Vieira, transcorrido ontem, desejo também assinalar o prazer e a satisfação de ter participado, na quinta-feira da semana passada, do almoço na Embaixada de Portugal, com honrosa presença do S.Exa., o Embaixador Francisco Seixas da Costa; o Senador Marco Maciel, ilustre membro da Academia Brasileira de Letras; o Embaixador Paulo César Meira de Vasconcellos, Chefe do Departamento Cultural do Ministério das Relações Exteriores; o amigo e colega Revmo. Prof. José Carlos Brandi Aleixo, que fez estudos sobre o Padre Vieira; o Secretário de Cultura de 412 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Brasília, Dr. José Silvestre Gorgulho; e do Diretor da Editora da UnB, Henryk Siewierski. O encontro teve finalidade de discutirmos as homenagens a serem tributadas a esse personagem de duas pátrias, cuja vida e obra são a melhor evidência de sua devoção a Portugal, seu país de nascimento, e ao Brasil, pátria de sua adoção, colocando ambas a serviço da humanidade. A indústria editorial brasileira irá promover a reedição de suas obras, entre as quais o formidável acervo de seus sermões, sem os quais tanto a nossa história quanto a de Portugal estariam incompletas. A eloqüência do grande pregador que ele foi e a coragem com que defendeu índios e a gente entre a qual viveu só não são maiores do que sua coragem, sua audácia e sua independência, de que é testemunho o sermão com que, ante o representante do rei, disse “que o nosso mal é que os aqui vêem, não querem o nosso bem, querem os nossos bens”. Por sua independência e por sua visão de estadista, revelada na História do Futuro, há alguns anos reeditada pelo Conselho Editorial do Senado, enfrentou a fúria do Santo Ofício, sob a acusação de heresia. Estou seguro, Sr. Presidente, de que não só as duas Casas do Congresso Nacional, berço da eloqüência política e da oratória cívica do País, hão de juntar o seu tributo às homenagens que estão sendo preparadas tanto aqui quanto em Portugal, como testemunho da gratidão de nossos povos a uma das maiores expressões da oratória sacra de sua época. É reverência que todas as gerações devem à memória dessa extraordinária figura de cidadão, de sacerdote e de homem público, de homem de letras e de intelectual que colocou sua inteligência, sua 413 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 erudição e sua extraordinária capacidade criativa a serviço de sua gente, de suas pátrias, Brasil e Portugal, e da humanidade que ele tanto amou quanto honrou. Sr. Presidente, era esse tema que eu havia preparado para falar em nome de meu partido, mas já que fui, como disse V.Exa., premiado para o Grande Expediente, aproveitarei para tratar de outros assuntos. Em primeiro lugar, o problema ambiental. Mais uma vez, as notícias alardeiam o desmatamento da Amazônia. A imprensa começa, de maneira, no meu entender, injusta, a criticar tão-somente o Governo Federal, quando sabemos que aí há também distorções do próprio Poder Judiciário, que permite que grileiros se apossem dessas terras e consigam o título delas indevidamente, como se, efetivamente, proprietários fossem. Ainda mais, Sr. Presidente, considero um erro entregarmos aos Estados a concessão de licenças ambientais em seus territórios, porque o que acontece na Amazônia e no Pantanal repercute no clima do Brasil e do mundo inteiro. Portanto, o Governo Federal não deveria abrir mão dessa prerrogativa de ele, efetivamente, ser o responsável pelas concessões de licença ambientais, porque sabemos a politicagem que envolve algumas dessas licenças, com interesses outros. Fico a me perguntar: sendo o Governador de Mato Grosso um dos maiores proprietários de madeireira de Mato Grosso, com que autoridade o Secretário do Meio Ambiente vai negar o licenciamento para ele? Estou levantando aqui uma hipótese, posso até estar sendo injusto na minha equação. Então, o problema não é fácil, como também da sociedade, nosso, da Câmara, que damos pouca atenção à política ambiental, mesmo na Amazônia. Ela 414 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 serve muito de propaganda do ufanismo, do patriotismo, mas, na prática, fazemos pouco. Não é possível, Sr. Presidente. Como o IBAMA pode fiscalizar a Amazônia se tem um número insuficiente de funcionários? Como podem fiscalizar? Há poucos dias, a Dra. Niède Guidon, no gabinete do Sr. Secretário-Executivo do Ministério do Meio Ambiente, grande idealizadora do Parque Nacional da Serra da Capivara, queixava-se ao ilustre Secretário interino, Dr. Mauro Oliveira Pires, que estava substituindo o Dr. Capobianco, o Dr. Mauro Oliveira, de que o IBAMA só possui 2 fiscais. Eu mesmo argüi: Profa. Niède Guidon, a senhora não tem do que se queixar. Se a Amazônia — não sei — não chega a ter 30 fiscais, se São Raimundo Nonato tem 2, proporcionalmente tem mais que a Amazônia. É uma crise de fiscais, uma crise nossa, do orçamento. Nós não colocamos recursos para a fiscalização, que é fundamental para se evitar o desmatamento da Amazônia, do cerrado do meu Estado, já muito devastado, do nosso Tocantins, do Centro-Oeste, do Pantanal. É um problema sobre o qual a Câmara realmente precisava emitir uma posição menos de retórica e mais de ação. V.Exa., Sr. Presidente, é não apenas um estudioso, mas também um homem de ação. Tem de desfraldar essa bandeira de uma espécie de reordenamento da legislação ambiental do País, em que, efetivamente, essas responsabilidades por licenças ambientais não fiquem à mercê dos Estados, que, às vezes, sofrem pressões políticas locais, paroquiais, em detrimento da política ambiental do País. Eu não vejo por que se culpar a Ministra Marina da Silva num episódio desses, porque a sociedade brasileira como um todo é responsável também. 415 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Sr. Presidente, quero também aproveitar o ensejo para me reportar, mais uma vez, à Vale do Rio Doce. A privatização da Vale, independentemente da postura de qualquer um de nós, no meu entender, foi um contributo inestimável para a dinamização da empresa. Ela prestou um grande serviço ao País como empresa estatal; foi muito bem direcionada para os interesses do Brasil, até porque teve como seu brain trust esse grande brasileiro que é Eliezer Batista, que presta também assessoria e consultoria à Vale privatizada. Eu não discuto como ela foi privatizada. Algumas discussões se deram a fundo nesta Casa. A atual detentora do controle acionário da Vale de nada disso tem culpa. O certo é que ela centuplicou seus investimentos, suas pesquisas, centuplicou também seus lucros e resultados, beneficiando todos os acionistas majoritários e minoritários deste País. Em sua edição de 1º de fevereiro, o Jornal do Comércio do Rio de Janeiro publicou: “Mineradora conquista primeiro lugar no mundo” — em retorno de investimentos para os seus acionistas — “e fica à frente de gigantes como América Móvil, Apple, Boeing, Toyota, BAT, BHP e Anglo American”. Veja, Sr. Presidente, o resultado de uma administração eficiente, competente, dinâmica. Esse Roger Agnelli é um gigante, realmente uma vocação empresarial, de leadership na sua atividade empresarial, que orgulha o Brasil e engrandece a economia brasileira. Mas algo me preocupa, Sr. Presidente. Vejo que está havendo restrições não propriamente do Presidente Lula, mas de alguns setores do Governo, segundo a imprensa, do anúncio da Vale do Rio Doce, pelo interesse em comprar a Xstrata. Essa compra garantiria à Vale a liderança no ranking mundial das mineradoras. Há preocupação quanto ao fato de que os investimentos da ordem de 900 bilhões de 416 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 dólares que a Vale faria no exterior fariam falta no Brasil. O meu raciocínio, Sr. Presidente, é o de que quanto mais bons investimentos a empresa fizer no exterior, mais lucros trará para a empresa e, consequentemente, para o Brasil, através de geração de empregos, além da sua aplicação aqui, em outras áreas do Brasil. Posso dizer que a esperança de redenção de todo o Piauí neste momento é a exploração do nível que a Vale está prospectando — e que, com a graça de Deus, dará bons indícios — com o projeto São João do Piauí, na localidade de Capitão Gervásio Oliveira, ex-povoado, desmembrado, hoje cidade. Roger Agnelli já disse que, apesar de ter bilhões de dólares investidos no mundo inteiro, São João do Piauí é o projeto social que mais o gratifica, porque tem certeza de que vai resgatar da pobreza o sofrido sertão do Piauí. Ainda hoje os jornais anunciaram que outra empresa está disputando a aquisição dessa famosa mineradora do mundo. Por isso, acredito ser uma injustiça que algum preconceito nacionalista possa impedir a Vale dessa grande conquista na sua posição no mercado internacional. Mas, Sr. Presidente, quero registrar — lamento fazê-lo de forma tão atordoada — a morte do grande cidadão que foi o Ministro Hélio Quaglia Barbosa, do Superior Tribunal de Justiça. Conheci o Ministro Hélio Quaglia Barbosa há cerca de 3 anos, logo após ele ter assumido o Superior Tribunal de Justiça. Veio do Tribunal de Justiça de São Paulo; foi juiz a vida inteira, vocacionado para a Justiça, dedicado à Justiça. Tinha 2 famílias: a sua família, casado que era com a Sra. D. Maria Inês Fiorini, e a Justiça. Magistrado de São Paulo de primeira instância, atingiu todos os patamares da magistratura paulista e depois alcançou o Tribunal de Justiça de São Paulo. 417 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Finalmente, depois de ter seu nome em lista 3 vezes, foi nomeado em 2004 pelo Presidente Lula para o Superior Tribunal de Justiça do nosso País. Sr. Presidente, o Ministro Hélio Quaglia Barbosa formou-se em Direito em 1968 na Universidade de São Paulo. De 1984 a 1986, ocupou o cargo de juiz do Segundo Tribunal de Alçada Civil em São Paulo, de onde partiu para ser promovido a desembargador. Apaixonado pelo Direito, não freqüentava a vida social, ficava recolhido no gabinete do Superior Tribunal de Justiça ou então no escritório da sua residência. Eu o conheci de nome através de um seu colega do Tribunal de Justiça, de quem muito me orgulho de ter sido companheiro de ginásio, Demóstenes Miguelino Braga, que nasceu nos confins do sertão, numa região do Piauí próxima à minha, um lugarejo vizinho da Bahia. Só para dar uma idéia a V.Exa., lá onde morava até há pouco tempo a mãe do Desembargador Demóstenes Braga, que se aposentou, recentemente, em São Paulo, veio ter energia elétrica no ano passado. Olha a pobreza! E um homem desse saiu do Piauí, do fim do mundo para ser desembargador em São Paulo. Sempre brinco: às vezes é mais fácil se destacar como jurista e magistrado e nomeado para a Suprema Corte do que ser desembargador do Estado de São Paulo. Sabemos que a concorrência é fantástica naquele grande Estado, onde há grandes escolas de Direito, sobretudo a USP, modelo de todas as escolas de Direito do Brasil. Alguém sair do sertão do Piauí e chegar a desembargador do Estado de São Paulo é realmente uma conquista fantástica. Ele dizia: “Landim, no Tribunal de Justiça de São Paulo, não conheci ninguém mais dedicado do que Hélio Quaglia Barbosa ao seu dever de magistrado”. 418 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 019.2.53.O Data: 27/02/2008 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176/4171 Portanto, registro com muito pesar, Sr. Presidente, seu falecimento na sexta-feira passada, ainda com a idade de 66 anos. Quer dizer, tinha ainda muito tempo para contribuir para o Direito brasileiro, exatamente pela sua honestidade intelectual, incorruptível, modelo de magistrado, que julgava os casos mais importantes, como o famoso caso do jornalista Pimenta Neves e do juiz cearense Pecy Barbosa, com independência, com altivez, prestando contas tão-somente à sua consciência. O Superior Tribunal de Justiça, a Justiça brasileira, o Direito brasileiro perderam um grande homem com a morte do Ministro Hélio Quaglia Barbosa. Sr. Presidente, muito obrigado. Era o que eu tinha a dizer nesta tarde. 419