MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL – SDT Estudo Propositivo para Dinamização Econômica Território Rural da Borborema ─ Brasília, abril de 2007 ─ 1 REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL Presidente da República Luís Inácio Lula da Silva Ministro de Estado do Desenvolvimento Agrário Guilherme Cassel Secretário de Desenvolvimento Territorial Humberto Oliveira Diretor de Ações Territoriais da Secretaria de Desenvolvimento Territorial Ronaldo Gonçalves Camboim Coordenação Geral de Apoio a Negócios e Comércio Manoel Vital Carvalho Filho 2 SUMÁRIO Apresentação 7 Introdução 8 Metodologia o enfoque sistêmico 8 Os princípios gerais do método 13 Sistema agrário 14 Sistema de produção 15 A unidade agrícola familiar 17 Leitura de paisagem 17 Resgate da evolução histórica 18 Referencial teórico: base conceitual 18 Agricultura familiar como unidade de análise 18 Agricultura familiar e suas definições 18 Agricultor familiar ou assentado? 23 Assentamentos de reforma agrária: produção de novos espaços 24 Parte I 26 Caracterizações do território e formação histórica 27 Composição 27 Localização geográfica 27 Clima 29 Solos 30 Breve histórico da colonização 31 Parte II 33 Indicadores sócio-econômicos 34 População densidade 34 Área e população 34 Indicadores sociais 37 Domicílios totais e situação de pobreza 37 Saúde 38 Educação 39 Indicador de desenvolvimento humano (IDH) 42 Parte III 45 Agricultura familiar no território 46 3 Estabelecimentos rurais e estrutura fundiária 46 Assentamento distribuição e números 53 Aspectos ambientais do território 59 Aspectos econômicos do território da Borborema 61 Contextualização 61 Análises do sistema produtivo do território 65 Contextualização do sistema produtivo do território 65 Subsistema de produção 67 Subsistema de transformação 76 Subsistema de comercialização 78 Parte IV 79 Ações de desenvolvimento rural no território 82 Análise do Pronaf infra 2003/2005 e investimentos 82 Projetos por linha de ação 84 Capital social do território 88 Proposições para o território 93 Conclusão 96 4 Índice de tabelas TABELA 1 - Perfil básico dos municípios 20 TABELA 2 - Dados Gerais de População - Município do Território da Borborema – Censo IBGE - Anos 1991,1996 e 2000 35 TABELA 3 – Domicílios em situação de pobreza 37 TABELA 4 - Principais indicadores da educação 40 TABELA 5 – IDH dos municípios da Borborema 43 TABELA 6: Estrutura Agrária do Estado da Paraíba e Municípios* que compõem o Território 47 TABELA 7: Condição de Posse da Terra no Estado da Paraíba e Municípios* que compõem o Território: 48 TABELA 8: : Estabelecimentos e área da Agricultura Familiar e Patronal 49 TABELA 9 – Assentamento, área e numero de famílias por município: Banco de Terra 54 TABELA 10– Assentamento, área e numero de famílias por município: Credito Fundiário 55 TABELA 11 – Assentamento, área e numero de famílias por município:INCRA 55 TABELA 12 – Assentamento, área e numero de famílias por município: INTERPA 56 TABELA 14: Valor Bruto da Produção (VBP) da Agricultura Familiar e Patronal (Valores em R$ 1.000,00) 62 TABELA 14: Principais produtos da AF, segundo o Valor da Produção 63 TABELA 15: Pessoal Ocupado da Agricultura Familiar e Patronal, com % 65 5 6 APRESENTAÇÃO O presente estudo constitui-se de uma análise do Território da Borborema, Paraibana, com base em aspectos sociais, econômicos e produtivos de importância para a sua dinamização econômica. Surgiu pela necessidade da SDT (Secretaria de Desenvolvimento Territorial do Ministério do Desenvolvimento Agrário) em ter uma as informações existentes organizadas e analisadas sobre o grupo de municípios que compõe o território. Por se tratar de uma nova política com um arranjo de um grupo de municípios que formam o território, para os quais, não se tem informações mais consistentes da sua realidade enquanto tal e nem mesmo um melhor compreensão das suas dinâmicas, cuja maioria das informações disponíveis encontra-se focalizados na realidade municipal e ou estadual, grande parte desacompanhados de uma visão territorial e com poucas iniciativas de gestão articulada no nível territorial. Com base nessa realidade os estudos propositivos ora desenvolvidos no âmbito da SDT/MDA, objetivam constituir um conjunto organizado e suficiente de informações sobre os Territórios que sirvam de suporte a uma melhor compreensão desta realidade, onde a analise destas informações permita se observando as suas potencialidades e dificuldades existentes para a dinamização econômica do território, problematizando e propondo ações que desencadeie um debate entre os diferentes atores que locais e permita a articulação de ações para esse objetivo. No Estado do Paraíba, e no Nordeste, esse estudo foi coordenado pelo Instituto Potiguar – IP, sob o acompanhamento técnico do Zootecnista, Flávio Melo de Luna e da Consultora Estadual Elânia Duarte, da Secretaria de Desenvolvimento Territorial/SDT. 7 INTRODUÇÃO Este documento está organizado em sessões: Parte 1 Apresentação, à parte 2 enfoca a Caracterização do Território, uma abordagem geral e a identificação do potencial econômico, aspectos culturais e ambientais. À parte 3 trata da Caracterização dos Municípios, informações gerais e o desenvolvimento humano. À parte 4 trata de uma breve análise dos atores sociais sobre as formas de organização existentes e os principais problemas e potencialidades. À parte 5 dedica-se a mapear as experiências e iniciativas para o desenvolvimento rural. À parte 6 referese à síntese dos principais problemas e potencialidades existentes no território. À parte 7 dedica-se a identificação de estratégias que possam fortalecer as ações territoriais. À parte 8 Conclusão registra uma síntese dos principais problemas e potenciais do Território e as considerações finais do documento e a parte 9 as Referências bibliográficas das informações utilizadas. METODOLÓGIA O ENFOQUE SISTÊMICO O enfoque sistêmico é fundamentado em conceitos e características elaborados a partir da abordagem de sistema. Busca-se conhecer a complexidade da realidade rural, utilizando o enfoque sistêmico através da metodologia análise diagnóstico de sistemas agrários, por entender que este universo é mais abrangente e complexo. Através deste Estudo, pode-se fazer a diferenciação dos agricultores em tipos distintos levando em consideração as particularidades ambientais e socioeconômicas que atuam ao longo do tempo influenciando e condicionando a agricultura em determinado espaço geográfico. Diante da constatação que as políticas de desenvolvimento, baseadas em pacotes 8 tecnológicos prontos, atendem a apenas uma parcela de agricultores, há a necessidade de identificação dos diferentes tipos de agricultores, com finalidades e limitações, antes mesmo de qualquer proposta de intervenção visando ao desenvolvimento rural. A concepção de intervenções ao desenvolvimento rural, a partir da abordagem sistêmica, segundo Dufumier (1996), considera a diversidade e complexidade dos sistemas de produção praticados pelos agricultores, reconhecendo a variabilidade de objetivos definidos por estes em suas unidades de produção. O conceito de sistema pode ser aplicado em variados níveis, como por exemplo, um estabelecimento rural ou uma região. Tal sistema pode ser integrado por outros de níveis diferentes. De forma mais geral é caracterizado por um conjunto de elementos inter-relacionados, que atuam numa estrutura definida. O estabelecimento de fronteiras delimitará o domínio interno e seu desempenho em relação ao meio ambiente no qual está inserido, sendo este, muitas vezes, dinâmico e diversificado. O desenvolvimento deve buscar a autonomia de uma agricultura de subsistência e restaurar as condições ecológicas e sociais de produção, ao invés de priorizar os novos meios concebidos em outra realidade e que estão fora do alcance dessa economia agrícola. Sobretudo, deve promover os meios materiais, biológicos e os saberes locais. Exigindo um procedimento de pesquisa, volta-se para o estudo contínuo dos sistemas agrícolas e sociais e para os seus próprios meios e recursos. Esta nova concepção de pesquisa a serviço de um desenvolvimento agrícola supõe uma organização da pesquisa científica e técnica não desprezando práticas agrícolas, implementos e riquezas biológicas historicamente constituídas das tradições agrícolas de cada região. Esta nova pesquisa deverá 9 inventariar as tradições agrícolas, contribuindo para a sua melhoria contínua, em concordância com as condições e necessidades locais (Mazoyer, 1997). A abordagem sistêmica estuda e reconhece os diversos sistemas de produção colocados em práticas pelos agricultores, mesmo que se apresentem tradicionais ou degradados; tenta descobrir sua racionalidade, pontos de ruptura, as causas de sua degradação, as possibilidades, condições e meios particulares de restauração e de desenvolvimento dos sistemas agrários. Com efeito, esses conceitos permitem explicar os fluxos internos que orientam, e muitas vezes, condicionam a realidade agrária. De forma a não incorrer em erros, a agricultura não deve ser tratada como uma justaposição de atividades produtivas e fatores de produção, mas como um sistema organizado em torno de interações entre seus componentes. Para tanto, o estabelecimento rural deve ser considerado um conjunto, isto é, nas inter-relações existentes entre seus elementos, para depois analisá-la em suas partes. Ou seja, procura-se conhecer o geral para melhor compreender o particular (a unidade familiar). Aplicando-se essa definição, a realidade é muito complexa, uma vez que é composta por categorias sociais que estabelecem relações entre si, podendo ser denotados os agricultores familiares, agricultores patronais, agroindústrias, instituições financeiras, o Estado, o mercado e as organizações da sociedade civil. É nesse contexto que ocorrem as ações que vão afetar direta ou indiretamente a sociedade, a economia e o meio ambiente (INCRA/FAO, 1999). Assim, a unidade produtiva tida como um sistema de produção, constitui-se em um conjunto de elementos que se encontram em fluxos. Tais elementos são: os insumos; os serviços e produtos que são 10 transformados, estocados, consumidos ou vendidos; os meios de produção que são os animais, instalações, máquinas e equipamentos e a força de trabalho. Dessa forma, a depender da finalidade atribuída pela categoria do sistema, estes elementos serão organizados de maneira que melhor atendam suas funções. Vale ressaltar que, da mesma forma que se devem hierarquizar as escalas de análise, mundial, nacional até chegar no estabelecimento rural, é necessário conhecer sua relação com o passado, ou seja, sua importância com os aspectos históricos, uma vez que com base no passado pode-se compreender melhor a atual relação ambientais, cultural, econômica e social. Outra característica do enfoque sistêmico é a amostragem dirigida, ou seja, o método utiliza amostragens não-aleatórias, objetivando analisar a diversidade e a complexidade dos fatos mais importantes que ocorrem e ocorreram na microrregião em estudo. Dessa maneira, a determinação da amostra está diretamente relacionada com as características da realidade estudada. A utilização de tais amostras justifica-se por garantir a representatividade da diversidade da região em análise, mesmo que estes sejam pouco representativos do ponto de vista estatístico (Dufumier, 1996). O diagnóstico da realidade agrária e rural deve compreender a complexidade e diversidade que caracterizam a atividade agropecuária no meio rural. Os ecossistemas constituem-se no primeiro fator de complexidade, representando potenciais ou, muitas vezes, impondo limitações às atividades agrícolas. As formas como as diferentes sociedades utilizam o meio natural representa uma adaptação ao ecossistema, onde se busca utilizar o seu potencial. Ao longo da história, essa forma de utilização do espaço evoluiu, uma vez que os fatos 11 econômicos, técnicos ou ecológicos se inter-relacionam. Dessa maneira, os agroecossistemas são produtos da história, assim como as sociedades agrárias onde esses se inserem. Tais sociedades são diferenciadas, por serem constituídas de classes sociais que mantêm diferentes relações entre si. A ação de cada classe social isolada depende da reação de outras classes, bem como de seu entorno ambiental, social e econômico. Esse fator constitui uma complexidade do estudo da realidade rural. Quando se estuda a agricultura é possível identificar a existência de diversos tipos de produtores, que se diferenciam por suas condições socioeconômicas, por suas tomadas de decisão e pela maneira que empregam suas práticas agrícolas. Tal diversidade é capaz de ser identificada numa mesma categoria de produtores, podendo-se diferenciálos pela forma de acesso à terra, ao crédito rural, às políticas públicas e recursos naturais, da mesma forma que não apresentam o mesmo nível de capitalização, modo de organização e relacionamento com os agentes das categorias sociais que mantêm em seu entorno. Mesmo que se compreendam os sistemas de cultivo, criação e de transformação, isoladamente, a atividade agrícola é bastante complexa, por combinar os diferentes recursos à disposição do agricultor com um diversificado conjunto de práticas agrícolas. Até mesmo a unidade de produção agrícola especializada e que pratica a monocultura pode ser dotada de complexidade e diversidade. Assim, a evolução de cada tipo de produtor e de sistemas de produção é determinada por um complexo conjunto de fatores ecológicos, técnicos, sociais e econômicos relacionando-se ao longo da história (INCRA/FAO, 1999). 12 OS PRINCÍPIOS GERAIS DO MÉTODO Os princípios gerais do método de análise-diagnóstico da realidade agrária de uma microrregião são baseados na estratificação desta realidade, na explicação (não somente na descrição) dos fatos observados, na análise nas relações entre partes e fenômenos (ecológicos, técnicos e socioeconômicos), privilegiando-se os passos progressivos. A realidade agrária é caracterizada pela diversidade e complexidade, portanto é necessário evidenciar os fluxos dessa diferenciação, sejam eles de natureza ecológica, social ou técnica. É importante utilizar a estratificação da realidade agrária, identificando conjuntos homogêneos, em concordância com o desenvolvimento rural, podendo ser realizado através: a) do zoneamento agroecológico; b) da tipologia dos produtores; c) e dos sistemas de produção. Contudo, a explicação e não somente a descrição da estratificação e dos fatos observados, deve ser uma preocupação constante. Não é suficiente apenas estudar cada parte dos fatos agrários isoladamente, faz-se necessário entender as relações entre as partes e os fenômenos que explicam a realidade agrária. Portanto, utiliza-se a análise em termos de sistema. Além disso, o método parte do geral para o particular, sem omitir a restituição (particular para o geral). Esse método começa pelos fatos e por níveis de análises gerais, como o mundo, país, região, sendo concluído em níveis mais específicos, como município, unidade produtiva, sistema de cultivo e de criação. Dessa forma, constrói-se progressivamente uma síntese aprofundada da realidade em observação, permitindo uma visão global sem perder importantes aspectos de constituição do desenvolvimento rural. 13 SISTEMA AGRÁRIO Segundo Mazoyer (1997), um sistema agrário é um modo de exploração do meio caracterizar e avaliar historicamente constituído, transformações que afetam empregado o conjunto para de estabelecimentos de uma região ou país, servindo também como compreensão das causas e conseqüências culturais e socioeconômicas implicadas em suas evoluções. O sistema agrário é considerado um conjunto de forças de produção, de técnicas adaptadas às condições de um espaço determinado, respondendo às condições e às necessidades sociais do momento. Este modo de exploração é produto do trabalho agrícola, que utiliza uma combinação adequada de recursos produtivos para reproduzir seu meio cultivado, resultante das transformações sofridas, historicamente, pelo ecossistema. Sistema agrário pode ser definido como a inter-relação das seguintes variáveis: a) meio cultivado, ou melhor, o meio original e suas transformações historicamente constituídas; b) os meios de produção utilizados, ou seja, as ferramentas, máquinas e equipamentos, plantas cultivadas e a força de trabalho social; c) a artificializarão do meio que resulta na exploração e reprodução do ecossistema cultivado; d) a divisão social do trabalho entre as diferentes esferas; e) os excedentes agrícolas, que além de atender as necessidades do produtor possibilitam satisfazer as necessidades de outras categorias sociais; f) as relações de troca entre as categorias, isto é, relações de propriedade, de força que regulam a divisão dos produtos do trabalho, bens de produção e de consumo e; g) as relações de troca entre os sistemas. Enfim, o conjunto de idéias e instituições que garantem a reprodução social, são variáveis importantes na formação do sistema agrário. O Departamento de Sistemas Agrários e Desenvolvimento do 14 Institut Nacional de la Recherche Agronomique (INRA), o define sistema agrário como um território rural restrito, onde uma população exerce a maior parte de sua atividade e as relações que esta população estabelece ao explorar o meio em um determinado contexto socioeconômico. SISTEMAS DE PRODUÇÃO Pode ser definido, na esfera de exploração agrícola, como uma combinação, coerente no espaço e no tempo, de certa quantidade dos recursos disponíveis, tais como força de trabalho, meios de produção, com a finalidade de obter diferentes produções agrícolas. Também pode ser entendido como uma combinação coerente de vários subsistemas produtivos, tais como: os sistemas de cultura de parcelas, os sistemas de criação de grupos de animais ou parte de grupos de animais e os sistemas de transformação dos produtos agrícolas na unidade de produção. Denota a compreensão das relações existentes entre cada um dos elementos do conjunto, bem como, na análise dos elementos propriamente ditos. Dessa maneira, pode-se considerar os sistemas de produção como sendo uma combinação de vários subsistemas independentes, tais como: os sistemas de cultivo e os sistemas de criação os produtos deste sistema, o sistema. De acordo com Carrieri (1994), o sistema de produção pode ser definido como o conjunto das partes inter-relacionadas, visando ao atendimento de um objetivo definido. Dessa maneira, num determinado processos produtivos, são considerados como partes integrantes do sistema de produção, não somente a cultura ou criação, mas sim, o solo, os insetos, os microrganismos e as relações técnicas e sociais da produção; também não deixando de citar que um sistema de produção é um componente do sistema maior que é a propriedade agrícola. Assim, o 15 conceito de sistema de produção envolve três princípios básicos: a) um conjunto de insumos conhecidos e quantificados combinados em proporções definidas para obtenção do produto; b) o prévio conhecimento sobre a combinação desses fatores, com o intuito de maximizar o resultado do sistema e; c) informações sobre o mercado. Segundo Dufumier (1996), na escala da parcela, o sistema de cultivo pode ser definido como a combinação da força de trabalho socialmente empregada e dos meios de produção utilizados para obtenção de uma ou mais produções vegetais. Para o melhor entendimento do estudo de um sistema de cultivo, é necessário compreender três princípios básicos: a evolução da população vegetal; os itinerários técnicos praticados; e o nível das produções obtidas. Um sistema de cultivo também pode ser compreendido como o conjunto de práticas agrícolas utilizadas sobre parcelas de terra tratada de forma homogênea. Cada sistema é definido pela natureza das suas culturas e sua ordem de sucessão, bem como os itinerários técnicos praticados nestas diferentes culturas. É importante salientar que a definição de sistema de cultivo enfoca as formas de cultivo das parcelas, bem como suas influências sobre a obtenção de rendimentos e a evolução das características do meio. Esta definição preocupa-se diretamente com o manejo técnico utilizado à obtenção dos rendimentos e evolução do meio como também enfatiza a existência do itinerário técnico utilizado em cada um dos cultivos. Segundo Dufumier (1996), os sistemas de criação, na escala do rebanho, se caracterizam por um conjunto de intervenções ordenadas nos setores de seleção, reprodução, alimentação, higiene, etc. Essas ações se manifestam por deslocamentos de maior ou menor importância, variações de efetivos regulares, e níveis de produção diferenciados. É constituído 16 por atividades especializadas e técnicas, que permitem produzir animais ou produtos animais de acordo com o objetivo do produtor rural, na observância das limitações do estabelecimento rural. O autor ressalta ainda que o enfoque desses sistemas difere dos sistemas de cultivo, uma vez que as considerações temporais não são as mesmas para as produções vegetais e o quantitativo animal é muito mais limitado. Não podendo comparar em sua totalidade, o rebanho à parcela e nem este à produção vegetal. O itinerário técnico é considerado como a sucessão lógica e ordenado de operações culturais aplicadas a uma determinada espécie, a um consórcio de espécies ou a sucessão de espécies vegetais cultivadas. Este mesmo conceito pode ser aplicado aos grupos de animais dos sistemas de criação (INCRA/FAO, 1999). A UNIDADE AGRÍCOLA FAMILIAR A unidade agrícola familiar é o centro de toda essa reflexão, uma vez que é onde se dá o processo de articulação e a célula matriz do processo de produção agrícola. Também é o local onde se relacionam os elementos socioeconômicos e biotécnicos, sob a direção do agricultor e sua família, sendo estruturados e organizados em função de finalidades atribuídas por estes (Dufumier, 1996). LEITURA DE PAISAGEM As paisagens agrárias oferecem as primeiras informações relevantes para elaboração do diagnóstico da realidade rural. A esta primeira etapa, de forma a subsidiar uma observação mais criteriosa, é necessário acesso aos documentos existentes, sobre as diversas formas 17 de exploração e manejo do meio ambiente, as práticas agrícolas e suas condições ecológicas, sobreposição de mapas, além de se fazer questionar sobre as razões históricas dessas diferenciações (INCRA/FAO, 1999). RESGATE DA EVOLUÇÃO HISTÓRICA Através da história das transformações agroecologicas, das relações sociais, das técnicas agrícolas exploradas, pode-se explicar a diversidade do modo de exploração dos agroecossistemas. É justamente esta história que configura diferentes áreas geográficas homogêneas, contrastando com as demais em seu entorno. Assim algumas hipóteses formuladas durante a leitura de paisagem são verificadas através de entrevistas informais, com informantes-chave 1 que, em razão de seus conhecimentos, fornecem instrumentos que auxiliam a explicar os fenômenos observados. A esta fase de entrevistas históricas é adicionado estudo de documentos e bibliografia sobre o tema. De posse dessas informações, é possível resgatar a evolução e diferenciação dos sistemas agrários do território em estudo. REFERENCIAL TEÓRICO: BASE CONCEITUAL AGRICULTURA FAMILIAR COMO UNIDADE DE ANÁLISE Ao se pensar em agricultura do Brasil, até meados da década de 1980, imaginava-se esta localizada numa grande propriedade, sendo produzida em grande escala destinada ao mercado interno e externo. Após uma década, a agricultura familiar começa a ganhar importância, visto que a agricultura baseada no grande aporte tecnológico e no uso de grande extensão de terra ameaçava o emprego agrícola. Dessa forma, 1 Selecionam-se pessoas com base no seu conhecimento da região, geralmente os agricultores mais antigos. 18 novos conceitos e definições abrangem a importância que a agricultura de base familiar possui para o desenvolvimento socioeconômico do mundo rural brasileiro. A prova da relevante importância que a agricultura familiar vem adquirindo no país comprova-se nos estudos que abordam o tema, tendo seu início de pesquisa datado a partir da segunda metade da década de 1980. Em virtude de sua recenticidade, os presentes trabalhos realizados sobre a agricultura familiar divergem conceitualmente. Dessa forma, surge então a necessidade de se estabelecerem algumas definições relacionadas a esse tema. AGRICULTURA FAMILIAR E SUAS DEFINIÇÕES As definições sobre agricultura familiar são geralmente estruturadas, com base em algumas variáveis relacionadas ao tamanho da propriedade, à renda gerada pela produção agrícola, à gestão das atividades, entre outros. Isto pode ser verificado a partir da definição utilizada pelo PRONAF ao classificar estabelecimento como agrícola familiar, com a finalidade de obter financiamento. Para uma propriedade agrícola ser enquadrada no PRONAF, esta deve respeitar alguns requisitos, tais como: a área total da propriedade não pode exceder quatro módulos fiscais; a mão-de-obra externa, que eventualmente seja permanente em uma propriedade deve ser de no máximo duas pessoas, podendo ser utilizada mão-de-obra externa temporária quando do caráter sazonal da atividade agrícola. Através do PCT INCRA / FAO, o universo agrícola familiar é definido como sendo estabelecimentos agrícolas cuja gestão dos trabalhos é exercida pelo agricultor, bem como o trabalho familiar sendo superior ao trabalho contratado. Além disso, estabelece o tamanho máximo da propriedade em consonância com as características regionais (INCRA/FAO, 19 2000). Tal definição é similar a utilizado no documento Perfil da agricultura familiar no Brasil: dossiê estatístico, realizado em 1996 por essas instituições. Segundo o PCT, a utilização desta metodologia permite “uma melhor compreensão da lógica e dinâmica das unidades familiares e dos assentados, assim como dos sistemas de produção por eles adotados nas diversas regiões do país” (INCRA/FAO, 2000. p.13). É necessário atentar para as características diferenciais dessa agricultura com a agricultura patronal, de acordo com a definição do INCRA/FAO, com o quadro 1 abaixo: Tabela1 - Formas de produção agropecuária MODELO FAMILIAR MODELO PATRONAL Trabalho e gestão relacionados Separação entre trabalho e gestão Direção do processo produtivo pelos Organização centralizada proprietários Trabalho assalariado complementar Predominância de trabalho assalariado Diversificação Especialização Uso de insumos internos Dependência de insumos comprados Fonte: INCRA/FAO 1996, adaptado. Para Abramovay (1997), a agricultura familiar é assim caracterizada quando a gestão, a propriedade e a maior parte do trabalho vêm de indivíduos que mantêm laços de sangue. Para Wanderley (1996) a agricultura familiar representa a estrutura que ao mesmo tempo é proprietária dos meios de produção e assume os trabalhos no estabelecimento produtivo. 20 Na agricultura familiar, o centro de toda a discussão consiste na mão-de-obra utilizada, isto é, um estabelecimento agrícola é considerado como de agricultura familiar quando, antes de qualquer coisa, possui integração direta entre a atividade produtiva agrícola e a força de trabalho familiar utilizada. Essa integração sofre comprometimento em virtude da incapacidade, em alguns casos, da atividade produtiva agrícola gerar renda suficiente para a reprodução socioeconômica das famílias dependentes de rendas oriundas das atividades agropecuárias, sendo necessário encontrar alternativas de renda que lhe assegurem a reprodução. Nelas, a atividade não-agrícola tem demonstrado importância crescente na ocupação da mão-de-obra familiar do meio rural. Dentro do limite da agricultura familiar, a interação entre mão-deobra familiar agrícola e não-agrícola está estritamente relacionada à manutenção da unidade produtiva agrícola, assegurando a sua reprodução socioeconômica. A complementaridade entre o trabalho agrícola e nãoagrícola, exercida por membros da família residentes na propriedade, está relacionada à disponibilidade de terra e às dificuldades de acesso à modernização tecnológica. Outro fator a ser evidenciado como alternativa que leva os agricultores familiares a buscar rendas fora da propriedade é o meio onde estão inseridos, ou seja, o ambiente onde exista competição pela reprodução social, impedindo que todas essas unidades sobrevivam única e exclusivamente de ganhos obtidos com atividades agrícolas. Não se trata somente da reprodução da família, mas, sobretudo de uma necessidade estrutural, onde a renda oriunda do trabalho nãoagrícola se torna indispensável para reprodução de seu estabelecimento familiar. Assim, esse tipo de trabalho, executado pelos residentes do estabelecimento agrícola familiar, coexiste em duas funções sociais, seja com a função de complementar a renda da família ou como maneira de 21 permanência dessas famílias no meio rural. Segundo Carneiro (1999), o trabalho realizado fora da propriedade pode ser considerado como uma condicionante a manter a população no meio rural. Como se pode perceber, o trabalho executado fora do estabelecimento rural assume importância no meio socioeconômico onde o agricultor familiar estão inseridos. Portanto, a interação da mão-de-obra familiar agrícola e não-agrícola na reprodução socioeconômica passa a constituir fator indispensável no conjunto de estratégias dos agricultores familiares. Graziano (1997) evidenciou a importância que as rendas nãoagrícolas representam para o meio rural brasileiro, sendo oportuno não mais caracterizá-lo como somente agrário. O emprego no meio rural 2 não pode ser associado apenas aos aspectos relacionados às atividades agropecuárias, uma vez que a ocupação dos trabalhadores do meio rural brasileiro responde de forma crescente a uma oferta de atividades nãoagrícolas. A pluriatividade, como conceito, permite unir atividades nãoagrícolas com outras atividades, gerando ganhos monetários e não monetário o que independe da esfera onde as atividades agropecuárias estejam sendo executadas. Para isso é necessário considerar as atividades exercidas, por todos os membros do estabelecimento, em sua totalidade; atividades autônomas, assalariadas ou não, realizadas dentro ou não da unidade produtiva. Dessa forma, o termo agricultura de tempo parcial fica contido no conceito de pluriatividade. 2 É necessário salientar que embora a literatura refira-se a empregos rurais não-agrícolas - ERNA, Graziano afirma que seria correto chamá-los de ocupações rurais não-agrícolas – ORNA, uma vez que a maioria dessas pessoas é composta de trabalhadores por conta própria e não necessariamente empregados. 22 Justifica-se o envolvimento dos agricultores nessas novas atividades não-agrícolas principalmente pela queda nos preços das commodites agrícolas que reduzem os rendimentos dos agricultores; os constantes investimentos tecnológicos, que reduzem a necessidade de trabalhos manuais e conseqüentemente o número de vagas nas atividades agrícolas e a urbanização das áreas rurais. Em resumo, o agricultor depara-se com duas problemáticas: a questão da renda agrícola insuficiente para manter a família como primeiro fator, e o desemprego tecnológico. Esses fatos estão levando os agricultores a diversificar e implementar atividades não-agrícolas que complementem a renda advinda dos seus sistemas de produção. Ainda segundo SEI (op. cit.), apesar de não ocorrer com a mesma magnitude que nos países desenvolvidos, a pluriatividade no meio rural também vem se difundindo no Brasil, como se pode observar nos resultados obtidos pelo Projeto RURBANO. Com base nos trabalhos acima descritos, é possível concluir que o meio rural brasileiro não pode ser mais conceituado tão somente como o conjunto das atividades agropecuárias e agroindustriais. O novo rural brasileiro constitui fator diferenciador da ocupação do trabalhador e da população de uma maneira geral. AGRICULTOR FAMILIAR OU ASSENTADO? O Novo Mundo Rural, política de reforma agrária implementada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA, não diferencia mais agricultor familiar de agricultor assentado. Segundo Teixeira (1999), o nivelamento conceitual entre o agricultor familiar e agricultor assentado, implicam a perda da condição de produtor especial até então reservada 23 aos trabalhadores de assentamento de reforma agrária. A transformação do Programa de Crédito Especial para a Reforma Agrária – PROCERA em PRONAF representa uma maneira imperativa de minimizar a diferença entre estes dois tipos de agricultores, uma vez contemplados pelo mesmo crédito, são beneficiados por linhas de financiamento distintas. Os assentamentos de reforma agrária se caracterizam pela utilização da mão-de-obra familiar (INCRA, 1988), razão pela qual podem ser enquadrados no modelo de agricultura familiar, que segundo o Relatório da FAO (1995) apresenta diversas vantagens quando comparado ao modelo de agricultura patronal, dada a sua ênfase na diversificação e maleabilidade de seu processo decisório. Quanto à pluriatividade, segundo Teixeira (1999), o que ocorre nos países ricos é que esta ocorre como processo de adição de atividade e renda à unidade produtiva rural, enquanto no Brasil, com algumas exceções, isso ocorre por inviabilidade de atividades agropecuárias, o que impõe a incorporação de novas atividades agropecuárias e como uma forma de manter a renda da unidade produtiva. ASSENTAMENTOS DE REFORMA AGRÁRIA: PRODUÇÃO DE NOVOS ESPAÇOS O termo assentamento rural aparece, na década de 1960, como referência dos relatórios oficiais para designar a transferência e alocação de um determinado grupo de famílias em algum imóvel rural em particular. 24 Este conceito ganha nuances, ora comprometido com a atuação estatal direcionada ao controle e delimitação do novo espaço criado, ora relacionada a uma especificidade do processo que originou a entrada de trabalhadores na área. Neste último ponto, a designação parece estar muito mais associada à idéia de reforma agrária do que de colonização. Segundo o Estado, a característica principal do programa de assentamento é a criação de novas pequenas propriedades de terras, onde, muitas vezes, se encontram totalmente ociosas ou com baixa utilização da produção agrícola. Portanto assentamento significa a incorporação de novas terras ao processo produtivo com a finalidade de criar empregos, distribuir renda, etc. beneficiando os pequenos agricultores (Romeiro, 1994). De acordo com Germani (2001), os projetos de assentamento de população, em área rural, notadamente os de colonização dirigida e os de reforma agrária, significam intervenções do Estado na produção do espaço, atuando através de sua política agrária o que o transforma no protagonista desse processo. Em diferentes momentos da história, a estratégia de produção do espaço através de uma política agrária está vinculada à política dirigida pelo governo vigente. Muitas vezes o objetivo principal da política agrária não era o de promover mudanças na estrutura fundiária, mas sim de eliminar ou controlar conflitos agrários. 25 PARTE I Identificação do território 26 CARACTERIZAÇÃO DO TERRRITORIO E FORMAÇÃO HISTORICA COMPOSIÇÃO O Território da Borborema compreende 21 (Vinte e um) municípios abrangendo uma área 3.341 km², compondo-se pelos municípios abaixo listados. Alagoa Nova Algodão da Jandaira. Arara Areia Areial Borborema Campina Grande Casserengue Esperança Lagoa Seca Massaranduba. Matinhas Montadas Pilões Puxinanã Queimadas Remígio S.S. de L.de Roça Serra Redonda Serraria Solânea LOCALIZAÇÃO GEOGRAFICA MAPA 1: Localização do Território no Estado Os Municípios que compõem o Território da Borborema estão inseridos na Mesorregião do Agreste Paraibano, predominantemente em 27 05 microrregiões: Microrregião do Curimataú Ocidental, Microrregião do Curimataú Oriental, Microrregião de Esperança, Microrregião do Brejo Paraibano e Microrregião de Campina Grande. A Mesorregião do Agreste Paraibano limita-se ao Norte com Rio Grande do Norte, ao Sul com Pernambuco, a Leste com a Mesorregião da Mata Paraibana e a Oeste com a Mesorregião da Borborema. Abrange uma área de 13.078,30 km2, correspondendo a 23,1% do território Estadual. Os principais centros urbanos da Mesorregião são: Campina Grande, Guarabira, Areia, Bananeiras, Alagoa Grande. Na tabela abaixo podemos observar e comparar dados gerais sobre os municípios do território, com distância da capital, área em (Km2) onde observamos que os três maiores em área são Algodão de Jandaira, Campina Grande e Queimadas, e que estes apesar da grande superfície de área apresentam situações de desenvolvimento econômico e social bem diferenciado. Temos ainda dados sobre a população urbana e rural, o que nos permite também fazer algumas observações relevantes, como, o fato da cidade de Campina grande polarizar e induzir a economia do território. TABELA 1 - PERFIL BÁSICO DOS MUNICÍPIOS Distânci a da Microrregiã Município o Capital (Km) Brejo Alagoa Nova Paraibano 148,6 Algodão de Curimataú Jandaíra 202,0 Ocidental Curimataú Arara Ocidental 172,3 Brejo Areia 122,5 Paraibano Areial 155,9 Esperança Brejo Borborema 127,4 Paraibano Área (Km2) População Total 119,6 18 575 454,6 2 209 39,2 Urbana 8 301 Rural 10 274 866 1 343 11 530 7 587 3 943 264,6 64,7 26 131 6 039 13 471 3 715 12 660 2 324 49,8 4 730 3 037 1 693 28 Campina Grande. Casserengue Esperança Lagoa Seca Massaranduba Matinhas Montadas Pilões 118,9 152,9 146,6 130,6 111,3 147,6 155,4 142,5 Puxinanã Queimadas 148,1 133,8 Remígio 157,3 São Sebastião Lagoa Roça 136,6 Serra Redonda Serraria. Solânea 104,3 130,4 138,4 Campina Grande Curimataú Oriental Esperança Campina Grande Campina Grande Brejo Paraibano Esperança Brejo Paraibano Campina Grande Campina Grande Curimataú Ocidental Esperança Campina Grande Brejo Paraibano Curimataú Oriental 644,1 355 331 337 484 17 847 236,0 146,2 6 568 28 166 2 566 18 520 4 002 9 646 68,3 24 154 8 112 16 042 187,0 11 697 3 511 8 186 29,3 59,4 4 086 3 969 609 1 966 3 477 2 003 46,1 7 800 2 793 5 007 82,4 11 981 3 160 8 821 399,1 36 032 17 046 18 986 131,0 14 914 10 196 4 718 66,3 10 026 3 776 6 250 59,8 7 307 3 125 4 182 85,2 6 678 3 165 3 513 109,0 30 658 17 834 12 824 CLIMA O território ou Mesorregião Agreste Paraibano apresenta em grande parte da região a mesma condição climática da Mesorregião Mata Paraibana, isto é, tipo climático AS’ quente e úmido com chuvas de outono/inverno, porém à medida que avança para o interior as precipitações decrescem atingindo médias anuais na faixa de 800 a 1000 mm. O período chuvoso inicia-se de fevereiro a março prolongando-se até agosto. O período de estiagem vai de 5 a 6 meses, as temperaturas variam entre 15 e 22°C. Esses elementos favorecem a presença de uma mata úmida parecida com a mata atlântica e conhecida como mata de brejo. A umidade relativa do ar está em torno de 80%. Os municípios do Território localizados mais a leste, no Brejo 29 Paraibano, como Alagoa Nova e Matinhas, são aqueles onde mais chove. A média de chuva para Alagoa Nova é 1.285 mm por ano. Nos municípios do Curimataú, situados mais ao poente, as chuvas são bem mais escassas. Por exemplo, em Casserengue a média é de 411 mm por ano. (Cf. Anexo 7). Mas a média esconde as diferenças de um ano para outro. Consultando os dados disponíveis para os últimos 12 anos, podemos observar que em Alagoa Nova o ano que choveu menos foi 1998 - 614 mm - , enquanto que em 2000 choveu uns 1.690 mm. No caso de Casserengue em 1998 choveu apenas 136 mm, enquanto que em 1994 choveu 616 mm e em 2. (Cf. Anexo 7) SOLOS As principais unidades de solos encontradas no território ou Mesorregião do Agreste Paraibano são: luvissolos, neossolos regolíticos, argissolos, nitossolos e latossolos. Em geral, são solos constituídos por material com argila de atividade baixa e horizonte B textual imediatamente abaixo de horizonte A ou E. Apresentam profundidade variável desde profundos a muito profundos, são forte a imperfeitamente drenados, de cores avermelhadas ou amarelados e mais raramente brunadas ou acinzentadas. A textura varia de arenosa a argilosa no horizonte A e de média a muito argilosa no horizonte Bt, sempre havendo aumento de argila daquele para este. Estes solos podem ser intensamente cultivados com fruticultura e/ou culturas de subsistência, necessitando apenas de práticas de conservação de solo para manter sua sustentabilidade. 30 BREVE HISTÓRICO DA COLONIZAÇÃO Essa região se caracteriza pelo pluralismo, tanto no que tange ao ambiente natural, como no que se refere à organização da produção. O vocábulo Agreste, por si mesmo, já comporta uma situação intermediária entre o úmido e o semi-árido. Desta forma, o Agreste constitui uma região fortemente individualizada, quer pelas condições naturais, quer pela forma tradicional do espaço produtivo. A exemplo das regiões serranas e do brejo que apresentam um alto potencial para explorações agropecuárias. Esse Território desde o período inicial de ocupação, caracterizou-se pela força de uma policultura diversificada complementada pela criação extensiva de gado, pela presença das relações de trabalho précapitalistas, em especial, do sistema morador e pelo forte adensamento populacional. Assim, na região ocorreram vários ciclos econômicos como do fumo, do café, do sisal e também da cana-de-açúcar. Entretanto, profundas modificações ocorreram na organização deste espaço em decorrência da expansão da cana-de-açúcar de um lado e da pecuária do outro. Neste período, a expansão dessas duas formas de produção provocou a retração da policultura, em particular, da policultura alimentar, determinando profundas modificações na relação de trabalho (declínio do sistema morador e da parceria e do avanço do trabalho assalariado). Tudo isso contribuiu para intensificar a concentração fundiária e o êxodo rural, mesmo assim o Agreste continua sendo uma região de forte expressão cultural, social e econômica da Paraíba. As diversidades do meio natural e as decorrentes do peso 31 diferenciado de cada uma das atividades econômicas tradicionais lhe conferem individualidade. Atualmente, na Mesoregião do Agreste com o declínio dos engenhos passou a ser diversificada, explorada baseada por na uma policultura expansão da alimentar agricultura bastante familiar, caracterizando-se este território como o mais consolidado e expressivo no estado no que refere-se a esse segmento. 32 PARTE II Indicadores sócio-econômicos 33 INDICADORES SÓCIO-ECONÔMICOS POPULAÇÃO DENSIDADE Os vinte e um municípios que conformam o território da Borborema configuram uma extensão de 3.341,7Km2 determinando uma densidade populacional de 188,1 habitantes por Km2. A forte densidade da população rural destaca-se no território: em alguns municípios, a densidade chega a ser muito alta: por exemplo, em Lagoa Seca, é de 355 hab. /km2; em Arara: 295 hab. /km2; em Solânea: 282 hab. /km2. Excluindo o município de Campina Grande, a proporção de habitantes do meio rural no conjunto do território é de 51,2%. ÁREA E POPULAÇÃO: Somados, estes municípios representam 5,9 % da área do Estado da Paraíba. Segundo o Censo Demográfico de 2000, nestes 21 municípios viviam na época 628.581 pessoas (o que representa quase 18,3 % da população do Estado). Deste total, apenas 25% moram na área rural, enquanto que 75% moram na zona urbana. Mas este dado é muito influenciado pela população de Campina Grande (355.331 hab.): sem este município (ou seja, contando os outros 20 municípios) o território conta com 273.250 habitantes. Neste caso, a proporção de habitantes do meio rural cresce para 51,2%. Existem municípios maiores e outros menores, a mesma coisa acontecendo com a população. O município de maior superfície é o de Campina Grande (641 km2), seguido daquele de Algodão de Jandaíra (450 km2), enquanto que o menor é Matinhas (29 km2). Depois do município Campina Grande, aquele que conta com a com maior população é o de 34 Queimadas (36.032 habitantes), enquanto que aquele de menor população é Algodão (2.209 hab.). (Quadro 2) Mesmo quando não se conta o caso de Campina Grande, no seu conjunto, é uma região de povoamento bastante denso: 101,8 habitantes por km2 (comparado com a densidade do conjunto do Estado que é de 61 habitantes por km2). Em alguns municípios esta densidade é muito maior (Lagoa Seca – 355 hab. /km2; Arara – 295 hab. /km2; Solânea – 282 hab. /km2). 35 TABELA 2 - Dados Gerais de População - Mun. Do Território da Borborema – Censo IBGE - Anos 1991,1996 e 2000 Município População Área km2 Total 91 Total 96 Alagoa Nova Algodão da J. Arara Areia Areial Borborema Campina Gde. Casserengue Esperança Lagoa Seca Massarand. Matinhas Montadas Pilões Puxinanã Queimadas Remígio S.S. de L.de Roça Serra Redonda Serraria Solânea TOTAL Terr. CampGr. PARAÍBA 119,1 450,2 39,0 263,5 64,5 49,6 641,4 235,0 145,6 68,0 186,2 29,2 59,1 45,9 82,0 397,4 130,5 66,1 59,5 84,8 108,5 3.325,1 sem 56.341 122 220 89 269 34 17.803 1.971 9.654 28.130 6.075 4.184 322.129 5.547 27.594 21.660 12.030 4.534 3.836 7.894 11.573 32.555 15.196 8.794 Total 2000 16.466 18.575 1.906 2.209 10.220 11.530 25.849 26.131 6.127 6.039 4.152 4.730 340.316 355.331 6.028 6.568 27.604 28.166 22.982 24.154 11.828 11.697 6.035 4.086 3.884 3.969 7.227 7.800 11.343 11.981 33.461 36.032 14.695 14.914 9.605 10.026 7.305 9.561 27.185 585.210 7.721 8.718 29.542 605.709 Urbana. 2000 8.301 866 7.587 13.471 3.715 3.037 337.484 2.566 18.520 8.112 3.511 609 1.966 2.793 3.160 17.046 10.196 3.776 Domicílios em 2000 Rural 2000 10.274 1.343 3.943 12.660 2.324 1.693 17.847 4.002 9.646 16.042 8.186 3.477 2.003 5.007 8.821 18.986 4.718 6.250 Total Urb. Rurais 4.395 506 3.131 5.849 1.458 1.158 90.009 1.584 7.210 5.740 3.013 936 959 1.564 2.912 9.139 3.733 2.414 2.091 213 2.121 3.214 958 791 85.773 643 4.954 1.998 1.009 149 516 617 862 4.512 2.640 981 2.304 293 1.010 2.635 500 367 4.236 941 2.256 3.742 2.004 787 443 947 2.050 4.627 1.093 1.433 7.307 6.678 30.658 3.125 3.165 17.834 628.581 470.840 74,9% 4.182 3.513 12.824 157.741 25,1% 2.029 1.555 7.542 156.836 949 814 4.659 120.464 1.080 741 2.883 36.372 273.250 133.356 139.894 66.827 34.691 32.136 Densid ade (hab./k m2) 155,9 4,9 295,6 99,2 93,6 95,4 554,0 27,9 193,4 355,2 62,8 139,9 67,2 169,9 146,1 90,7 114,3 151,7 122,8 78,8 282,6 Eleitores FPM em 2000 R$ em 2000 2.269.619 1.124.111 1.498.814 2.613.501 1.124.111 1.124.111 15.966.912 1.124.111 2.622.925 2.622.925 1.788.185 1.124.111 1.124.111 1.124.111 1.581.586 2.997.628 1.925.737 1.237.974 64,6 55,9 53,5 64,6 72,9 59,8 84,1 47,6 69,7 72,0 60,5 63,1 69,3 57,5 74,9 70,6 64,5 68,5 1.237.974 1.237.974 2.957.382 63,0 59,4 59,7 10.801 1.550 6.167 13.266 3.557 2.914 224.415 3.834 20.915 12.131 7.435 3.122 2.592 4.557 6.834 21.886 8.822 6.374 4.534 4.922 20.064 390.692 Tx. Alfab. % 48,8% 51,2% 3.200.677 3.305.6173.439.344 2.443.590 995.754 Fonte: Censos Demográficos IBGE - Anos 1991,1996 e 2000 36 INDICADORES POBREZA SOCIAISDOMICILIOS TOTAIS E SITUAÇÃO DE Com relação aos domicílios totais no território são 158.090 ou 18,4% do total do Estado, vale salientar que 42,51% são classificados como domicílios pobres, 26,9 do total do território. Observa-se que, se retirado os municípios de Campina Grande e Queimadas dos cálculos este percentual médio dos demais sobe de uma forma vertiginosa, mostrando a influência da urbanização nesta realidade. TABELA 3 – Domicílios em situação de pobreza Municipios Alagoa Nova Algodão de Jandaíra Arara Areia Areial Borborema Campina Grande Casserengue Esperança Lagoa Seca Massaranduba Matinhas Montadas Pilões Puxinanã Queimadas Remígio São Sebastião de Lagoa de Roça Serra Redonda Serraria Solânea Domicilios Domicilios Pobres Totais Q % (1) (2) (2/1) 4.398,00 2.239 50,9 506,00 370 73,1 3.137,00 1.800 57,4 5.883,00 2.465 41,9 1.458,00 665 45,6 1.160,00 749 64,6 91.127,00 9.643 10,6 1.584,00 1.345 84,9 7.227,00 2.320 32,1 5.773,00 2.592 44,9 3.013,00 1.690 56,1 937,00 586 62,5 959,00 438 45,7 1.575,00 1.164 73,9 2.912,00 1.712 58,8 9.138,00 3.874 42,4 3.732,00 1.355 36,3 2.416,00 1.210 50,1 2.032,00 1.085 53,4 1.559,00 954 61,2 7.564,00 4.251 56,2 a) Território 158.090 42.507 26,9 b) Estado 857.989 314.882 36,70 37 SAÚDE 38 Na questão da saúde as disparidades são gritantes entre os municípios e entre zona rural e urbana. Existem experiências interessantes que permitem melhorar substancialmente o atendimento às populações e que poderiam ser mais implementadas. A seguir estão alguns eixos de reflexão, a saúde do Agricultor familiar é ponto importante na sua qualidade de vida: O atendimento secundário consiste num nível de complexidade maior, envolvendo especialidades médicas e exames laboratoriais. A relevância de ter, em cada município, uma estrutura de atendimento secundário, bem como o tipo de especialidades e exames oferecidos, dependem do número de habitantes e de um diagnóstico das maiores necessidades da população. É provável que municípios pouco povoados não tenham demanda que justifique a implementação de um centro de atendimento secundário, ou que esse se reduza às poucas especialidades mais procuradas (ginecologia/obstetrícia, pediatria etc.). Uma possibilidade interessante é planejar regionalmente o atendimento secundário (como, obviamente, o terciário), de forma a definir as necessidades regionais e a dividir entre os municípios as responsabilidades pelo atendimento de especialidades, transportando quando necessário os doentes de um município para outro. Isso demanda um diálogo entre municípios sobre o tema da saúde. A descentralização do atendimento à saúde, com participação cada vez maior dos municípios, requer mudanças na forma de planejamento dos outros níveis de governo (estadual e federal). Mesmo programas e 38 linhas de financiamento definidos nos níveis superiores devem ser aplicados na prática a partir de um diagnóstico realizado localmente, em cada município, de forma a garantir que atendam as reais necessidades da população, diferentes de um local para outro. É importante inverter a lógica tradicional do planejamento centralizado, estabelecendo realmente uma articulação "de mão dupla", na qual as instituições federais e estaduais levam em consideração o planejamento e as prioridades definidos localmente, integrando-os os seus programas e projetos. Torna-se necessário que o colegiado territorial busque informar-se quanto aos PPAs que estão em construção nos municipais e no estado introduzindo-se nas discussões e na sua formaulação. EDUCAÇÃO Os indicadores de desempenho da educação no território da Borborema paraibana mostram uma taxa de alfabetização (a proporção da população de 10 ou mais anos de idade, que sabe ler), para os diferentes municípios, varia de 47,6% em Casserengue a 74,9 em Puxinanã e 84,1% em Campina Grande. Quando falamos de analfabetismo (25,9%) da população com idade acima de 15 anos. Esta média é bastante baixa se comparada a outras regiões do estado e mesmo a territórios de estados vizinhos, se comparada a média estadual que é de (29,7%) de analfabetos nesta faixa, temos uma situação até boa, claro que necessitando da implementação de programas de estimulo a leitura e ao conhecimento, pois sabemos que ai ainda encontra-se embutido um certo número de analfabetos funcionais. 39 No que se refere à população de 7 a 14 anos, a escolaridade acompanha a média estadual, que é de 93,9%, apresentando índice de 95,7%. Tais dados demonstram a influência da Capital do Estado e outros municípios pólos que se situam no território, o que, ampliou a oferta de serviços e políticas educacionais. Existe certa fragilidade no território no aspecto educacional quando constatamos que 72,5% dos responsáveis por domicílios freqüentaram a escola por período inferior a quatro anos. Os dados primários constatam que a população do meio rural ainda tem certa carência de transporte para o deslocamento dos alunos quando para o acesso ao ensino médio, que normalmente estão localizadas na sede dos municípios. Por outro lado, ainda é muito comum a prática de transporte de alunos em veículos impróprios e que oferecem insegurança aos estudantes em alguns municípios. 40 Tal realidade sugere que ainda é necessário investimentos em educação para o território, principalmente os focalizados para formação técnica rural e organizações da sociedade civil. TABELA 4 - Principais indicadores da educação Alagoa Nova Algodão de Jandaíra Arara Areia Areial Borborema Campina Grande Casserengue Esperança Lagoa Seca Massaranduba Matinhas Montadas Pilões Puxinanã Queimadas Remígio São Sebastião de Lagoa de Roça Serra Redonda Serraria Solânea Analfabetismo Pop. Com 15 anos e mais Analfabetos Total Nº % 12.282 4.808 39,1 1.405 682 48,5 7.953 3.934 49,5 17.074 6.653 39,0 4.091 1.275 31,2 3.133 1.390 44,4 250.505 42.883 17,1 4.179 2.380 57,0 19.437 6.503 33,5 16.371 5.040 30,8 7.727 3.359 43,5 2.638 1.074 40,7 2.700 939 34,8 4.966 2.278 45,9 8.090 2.276 28,1 23.499 7.596 32,3 10.063 3.896 38,7 6.894 2.420 35,1 4.950 1.982 40,0 4.260 1.903 44,7 20.845 8.939 42,9 Escolarização de 7 a 14 anos Pop. De 7 a 14 anos Matric nas escolas Total Nº % 3.545 3.407 96,1 468 417 89,1 1.994 1.902 95,4 5.277 4.967 94,1 1.148 1.133 98,7 816 785 96,2 57.296 55.112 96,2 1.333 1.296 97,2 4.844 4.920 101,6 4.175 4.053 97,1 2.210 2.037 92,2 803 710 88,4 724 719 99,3 1.641 1.514 92,3 2.219 2.087 94,1 6.945 6.605 95,1 2.809 2.649 94,3 1.720 1.627 94,6 1.303 1.185 90,9 1.376 1.296 94,2 5.420 4.961 91,5 Escolarização dos resp. p/domicilios Resp. por domicilios menos de 4 anos de freq à escola Total Nº % 4.394 3.364 76,6 505 437 86,5 3.126 2.558 81,8 5.817 4.166 71,6 1.450 997 68,8 1.153 868 75,3 #DIV/0! 1.576 1.425 90,4 7.203 4.634 64,3 5.736 3.782 65,9 3.008 2.396 79,7 935 777 83,1 957 724 75,7 1.567 1.303 83,2 2.896 1.973 68,1 9.126 6.197 67,9 3.713 2.685 72,3 2.413 1.692 70,1 2.014 1.505 74,7 1.540 1.243 80,7 7.502 5.609 74,8 a) Totais do território 433.062 112.210 25,9 108.066 103.382 95,7 66.631 48.335 72,5 b) Totais do Estado 2.360.215 701.326 29,7 601.532 564.902 93,9 849.378 493.964 58,2 c) % (a/b) 18,3 16,0 - 18,0 18,3 - 7,8 9,8 - Municípios 41 INDICADOR DE DESENVOLVIMENTO HUMANO (IDH) O conceito do Desenvolvimento Humano surgiu em 1990, quando o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) sugeriu substituir a visão tradicional de desenvolvimento que o identifica ao crescimento da renda e da produtividade de um país, por um enfoque mais amplo e abrangente. Sob essa nova ótica, um país tem alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) quando ele oferece as condições necessárias - econômicas, políticas, sociais, culturais e ambientais - para que todos os indivíduos desenvolvam suas potencialidades e tenham garantidos os direitos plenos da cidadania. Para medir o IDH são analisados basicamente três componentes: a longevidade média da população, o nível educacional e o acesso a recursos econômicos (PIB per capita). O economista indiano Amartya Sen, Prêmio Nobel de Economia de 1998, é a grande autoridade mundial nesse campo e o maior colaborador do PNUD na construção do Paradigma do Desenvolvimento Humano. Segundo esse paradigma, o que uma pessoa se torna ao longo da vida depende de duas coisas: das oportunidades que teve e das escolhas que fez. Além do acesso às oportunidades, as pessoas precisam ser preparadas para fazer escolhas. Isso nos leva a refletir sobre a situação do território e os índices de IDH, onde o Brasil aparece como o país das distorções, sejam elas na desigualdade ou na concentração de renda, onde todos os indicadores disponíveis nos levam a essa leitura, é assim com o IDH que 42 ao mesmo tempo aparecem valores próximos ao do CANADÁ o melhor do planeta, aparecem também municípios que ocupam a posição 140, ou igual a paises como o CONGO na África. Isso também se repete quando falamos de PIB, onde 70 dos 5560 municípios brasileiros, ou seja, 1,3% do total detem sozinhos 50% metade do PIB do pais, distorções essas que só podem ser resolvidas com políticas públicas serias e includentes. No território da Borborema, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) 2000 como em quase todo o nordeste é baixo. O menor IDH é o do município de Casserengue, com 0,513, o maior é o de Campina Grande, com 0,721, 2º posição, no Estado. A renda per capita do território também é baixa, com apenas 09(nove) municípios com renda superior à mínima recomendada pela ONU, sendo Campina Grande o município com renda per capitã de 67,80% O município que apresenta menor renda per capita Casserengue R$ 42,00. O quadro A seguir mostra o IDH de todos os municípios do território, segundo o PNUD. TABELA 5 – IDH dos municípios da Borborema Município IDH-M Alagoa Nova Algodão de Jandaira Arara Areia Areial Borborema Campina Grande Casserengue Esperança Lagoa Seca Massaranduba 0,612 0,552 0,551 0,611 0,599 0,599 0,721 0,513 0,632 0,611 0,561 43 IDH-M por componente Longevidade Educação 0,660 0,666 0,612 0,600 0,553 0,604 0,643 0,665 0,556 0,724 0,643 0,640 0,641 0,844 0,560 0,559 0,660 0,685 0,570 0,707 0,570 0,613 Renda 0,510 0,445 0,496 0,523 0,518 0,515 0,678 0,420 0,550 0,554 0,499 Matinhas 0,576 Montadas 0,580 Pilões 0,560 Puxinanã 0,628 Queimadas 0,595 Remígio 0,612 São Sebastião de Lagoa de Roça 0,622 Serra Redonda 0,576 Serraria 0,563 Solânea 0,615 0,606 0,556 0,606 0,655 0,570 0,636 0,645 0,636 0,610 0,738 0,698 0,673 0,631 0,570 0,573 0,662 0,687 0,639 0,641 0,640 Estado 0,661 0,636 0,737 País 0,766 Território Sem Campina 0,600 Grande 0,776 44 0,614 0,670 0,477 0,497 0,463 0,490 0,517 0,528 0,549 0,518 0,474 0,542 0,609 0,519 PARTE III Produção 45 AGRICULTURA FAMILIAR NO TERRITÓRIO ESTABELECIMENTOS RURAIS E ESTRUTURA FUNDIÁRIA Os dados do IBGE mostram que existem na Borborema no total 24.472 Estabelecimentos 93, 7,3%, porém quando se fala em área estes representam apenas 50,1 dos 246.325 do território ou 123.376 ha, existindo ainda uma clara concentração de terras. Se compararmos ao total do estado observa-s que o território em questão, representa 16,7% do total de estabelecimento rurais e apenas 6,0% da área explorada. A estrutura fundiária da Mesorregião do Agreste Paraibano, segundo o Censo Agropecuário - IBGE 1996 - apresenta forte concentração de estabelecimentos agropecuários no estrato de até 5ha, significando 59,31%, quando se considera a condição legal das terras. Na condição do produtor, 91,15% são proprietários, enquanto 8,85% são arrendatários, parceiros e ocupantes. O quadro e as tabelas que sequem mostram dados gerais do território. QUADRO 2: Número de Estabelecimentos A.F e A. Patronal. 46 Censo 1996 5% 94% Simulação da atualidade 4% 96% GRANDE CONCENTRAÇÃO DE TERRAS O número de estabelecimentos da O número de estabelecimentos da Agricultura Patronal diminui 1% em termos Agricultura Familiar cresceu apenas proporcionais, ou seja, 2%, ou seja, Apenas 64 assentamentos criados 2.441 famílias assentadas 47 TABELA 6: Estrutura Agrária do Estado da Paraíba e Municípios* que compõem o Território Estado e Território/Municípios Paraíba Estabelecimentos segundo os grupos de área total (ha), em 31.12.1995 < 10 101 435 10 – 100 36 840 100 – 200 4 016 200 – 500 2 880 500 – 2 000 1 180 > 2000 104 S/D 84 Alagoa Nova 1 848 197 20 3 - - - Arara 351 85 2 2 - - - Areia 1 220 168 34 27 3 1 - Areial 543 63 1 2 - - - Borborema 144 33 2 2 - - - Campina Grande 1 515 386 45 42 30 1 6 Esperança 1 278 171 5 7 4 - - Lagoa Seca 2 047 148 4 1 - - - Massaranduba 1 818 133 14 12 5 - - Montadas 374 44 1 - - - - Pilões 286 39 5 6 1 - - Puxinanã 809 96 2 1 - - - Queimadas 2 766 375 29 25 4 - - Remígio 615 147 18 17 7 2 2 São Sebastião Lagoa Roça 1 506 47 - 1 - - - Serra Redonda 909 93 2 1 2 - - Serraria 866 83 2 15 2 - - Solânea 2 737 418 28 21 7 - - 48 Fonte: Censo Agropecuário IBGE 1995-96, re-trabalhado pelo Convênio INCRA-FAO TABELA 7: Condição de Posse da Terra no Estado da Paraíba e Municípios* que compõem o Território: Estado e Território/ Municípios Proprietário Arrendatário Parceiro Ocupante Estabelecimen tos Área (ha) Estabelecimen tos Área (ha) Estabelecimen tos Área (ha) Estabelecimen tos Área (ha) Alagoa Nova 96 969 1 705 3 682 667 11 426 7 561 51 64 894 188 8 390 29 85 775 89 33 619 283 276 010 1 384 Arara 376 3 523 4 20 31 124 29 110 Areia 1 007 24 081 26 684 68 140 352 970 Areial 338 1 876 2 4 142 776 127 653 Borborema 172 2 006 - - 4 19 5 26 Campina Grande 1 566 55 875 76 154 68 112 315 3 503 Esperança 1 066 10 534 34 138 151 634 214 3 064 Lagoa Seca 1 380 6 463 53 193 235 655 532 1 213 Massaranduba 940 15 403 262 441 6 11 774 1 947 Montadas 278 1 665 9 56 64 274 68 278 Pilões 253 4 602 9 68 2 8 73 240 Puxinanã 714 3 911 5 32 60 352 129 449 Queimadas 2 099 28 146 505 863 68 149 527 1 488 Remígio 646 23 297 12 38 83 247 67 368 São Sebastião Lagoa Roça 968 3 100 38 79 144 314 404 489 Serra Redonda 810 6 212 54 59 11 45 132 321 Serraria 772 9 293 4 98 34 67 158 338 Solânea 2 396 30 147 67 198 497 1 200 251 1 007 Paraíba Fonte: Censo Agropecuário IBGE 1995-96, re-trabalhado pelo Convênio INCRA-FAO TABELA 8: : Estabelecimentos e área da Agricultura Familiar e Patronal 49 Município Nº de Estab. Área Total Agricultura Familiar Nº Estab. % Área (ha.) Patronal % N.º Estab. % Área (ha.) Outros % N.º Estab. Alagoa Nova Algodão da J. Arara Areia Areial Borborema Campina Gde. Casserengue Esperança Lagoa Seca Massarand. Matinhas Montadas Pilões Puxinanã Queimadas Remígio S.S. de L.de Roça Serra Redonda Serraria Solânea Total Território 1.160 134 440 1.453 609 181 1.663 902 1.465 2.200 1.982 908 419 337 908 3.199 674 1.554 1.007 968 2.309 24.472 8.820 14.402 3.777 25.874 3.308 2.051 38.042 12.780 14.370 8.524 17.800 4.265 2.274 4.917 4.744 30.645 9.547 3.981 6.638 9.795 19.771 246.325 1.095 119 427 1.274 600 160 1.528 848 1.424 2.026 1.785 878 402 314 836 3.052 626 1.529 970 908 2.128 22.929 94,4 88,8 97,0 87,7 98,5 88,4 91,9 94,0 97,2 92,1 90,1 96,7 95,9 93,2 92,1 95,4 92,9 98,4 96,3 93,8 92,2 93,7 5.093 4.990 3.535 6.941 2.922 1.129 13.493 8.763 8.792 6.666 6.673 3.736 1.877 1.718 3.464 17.197 3.983 3.436 3.355 4.365 11.306 123.434 57,7 34,6 93,1 26,8 88,3 55,0 35,5 68,6 61,2 78,2 37,3 87,6 82,5 34,9 73,0 56,1 41,7 86,3 50,5 44,6 57,2 50,1 65 15 10 147 9 21 128 43 40 154 50 19 17 23 70 104 47 23 33 49 130 1.197 5,6 11,2 2,3 10,1 1,5 11,6 7,7 4,8 2,7 7,0 2,5 2,1 4,1 6,8 7,7 3,3 7,0 1,5 3,3 5,1 5,6 4,8 3.727 9.411 250 18.629 386 922 24.546 3.964 5.573 1.804 10.432 435 396 3.198 1.273 13.417 5.563 541 3.265 5.408 8.401 121.541 42,3 65,3 6,6 72,0 11,7 45,0 64,5 31,0 38,8 21,2 58,6 10,2 17,5 65,0 26,8 43,8 58,3 13,6 49,2 55,2 42,5 49,3 0 0 3 32 0 0 7 11 1 20 147 11 0 0 2 43 1 2 4 11 51 346 PARAÍBA Rio Tinto Patos C. do Rocha Cajazeiras 146.539 545 523 695 1.010 4.109.346 12.754 49.012 37.448 29.452 131.462 438 333 569 936 89,7 80,4 63,7 81,9 92,7 2.007.359 2.111 12.584 12.723 17.971 48,8 16,6 25,7 34,0 61,0 9.951 31 164 122 74 6,8 5,7 31,4 17,5 7,3 2.068.613 10.314 35.589 24.612 11.481 50,3 80,9 72,6 65,7 39,0 REGIÃO NE BRASIL 2.326.413 78.296.096 2.055.157 4.859.864 353.611.24 4.139.369 2 88,3 85,2 34.043.218 43,5 107.768.45 30,5 0 161.541 554.501 6,9 11,4 43.400.169 55,4 240.042.12 67,9 2 Fonte: Censo Agropecuário IBGE 1995-96, re-trabalhado pelo Convênio INCRA-FAO 50 % Área (ha.) % 0,2 1,3 0,1 0,2 0,4 1,1 2,2 1,5 0 0 11 302 0 0 2 53 4 53 730 93 0 0 6 30 0 3 17 21 62 1.387 5.126 76 26 4 0 3,5 13,9 4,9 0,6 0,0 33.374 328 839 112 0 109.715 165.994 4,7 3,4 852.708 1,1 5.800.67 1,6 1 0,7 2,2 0,4 1,2 0,1 0,9 7,4 1,2 0,3 1,2 0... 0,4 0,.. 0,6 4,1 2,2 0,1 0,1 0 0,1 0,3 0,2 0,3 0,6 0,8 2,6 1,7 0,3 0,0 A AGRICULTURA FAMILIAR E DISTRIBUIÇÃO DE TERRAS: Segundo o Censo Agropecuário de 1995-96, no Território da Borborema existem 24.472 estabelecimentos agropecuários. Destes, 22.929 são estabelecimentos da Agricultura Familiar. O município onde este tipo de unidade de produção é mais numeroso é Queimadas (3.052). Em contraste com esta quantidade, existem apenas 1.197 unidades patronais na mesma região. Isto significa que 93,7% das unidades de produção agropecuárias desta região são da AF. Esta percentagem é algo maior que aquela do Estado da Paraíba (89,7%) e maior também que a do Brasil (85,2%). 51 GRÁFICO 1. Número de estabelecimentos agropecuários familiares e patronais no território da Borborema: 1,40% 4,80% Unidades Familiares Unidades Patro nais Outras Unidades Familiares 93,79% O Censo Agropecuário afirma que existem 246.325 hectares nos 21 municípios. Mas mesmo sendo uma maioria esmagadora, as unidades da AF só trabalham em 50,1% destas terras (ou seja, em 123.434 ha.). Já a Agricultura Patronal controla 49,3% das terras (121.541 ha.), a pesar de serem poucos. GRÁFICO 2: Distribuição da Terra no Território da Borborema 0,60% 50,10% Gráfico 3 : Distribuição da terra 52 49,30% Terras da AF Terras da Agr. Patr. Outras AGRICULTURA FAMILIAR AGRICULTURA PATRONAL Censo 1996 49% Simulação da atualidade 35% 50% A Área da Agricultura Familiar aumentou em 15%, ou seja, 34.975 ha FOTOS 1: Paisagens do Território 53 65% ASSENTAMENTO DISTRIBUIÇÃO E NÚMEROS Como podemos observar nas tabelas abaixo o território da Borborema teve um expressivo aumento nestes últimos dez anos no número de projetos de assentamento, um grande número de desapropriações provocadas principalmente pela ação dos movimentos sociais e declínio da exploração agropecuária pelos grandes latifúndios, daí podemos nos questionar, o que aconteceu no Território da Borborema de 1996, período do último Censo, até os dias atuais em relação à distribuição das terras. Não há dados recentes do IBGE que possam auxiliar na resposta. Contudo, agregando informações sobre os assentamentos oficializados pelo INCRA, INTERPA, Crédito Fundiário e Banco da Terra na Borborema, é possível gerar alguns números, passíveis de reflexão. Comparando as principais políticas públicas de Reforma Agrária e Acesso à Terra (INCRA, INTERPA, Crédito Fundiário e Banco da Terra) verifica-se que de 1996 até o mês de agosto de 2005, o INCRA desapropriou 21.738 ha no Território da Borborema, correspondendo a 65% do total das áreas acessadas, em comparação com as demais políticas analisadas, sendo 1.193 famílias assentadas, 50% do total. Já, o INTERPA desapropriou 5.468 ha (17% do total) e assentou 865 famílias (36%), o Crédito Fundiário atingiu 3.623 ha (11%) e 217 54 famílias (9%), e o Banco da Terra 2.687 ha (8%) e 128 famílias (5%), e ainda que os municípios de Alago Nova e Remigio sofreram a maior evolução no número de assentamento, como observa-se nos Gráfico 5 e 6, tabelas 9 a 12 a seguir. GRÁFICO 5. Área Desapropriada por Política Pública no Território da Borborema Área Desapropriada, desde 1996, através de políticas públicas no Território da Borborema Projeto Banco da Terra 2.687 ha 8% Projeto Crédito Fundiário 3.623 ha INCRA 21.738 ha 11% 65% 17% INTERPA 5.648 ha Total = 33.695 ha Fonte: INCRA, INTERPA, Crédito Fundiário e informações locais GRÁFICO 6. Famílias Assentadas por Política Pública no Território da Borborema Número de famílias que tiveram acesso a terra, através de políticas públicas, no Território da Borborema Projeto Banco da Terra 128 famílias 5% Projeto Crédito Fundiário 217 famílias 9% INCRA 1.193 famílias 50% 36% INTERPA 865 famílias Total = 2.403 Famílias Fonte: INCRA, INTERPA, Crédito Fundiário e informações locais TABELA 9 – Assentamento, área e numero de famílias por municipio: Banco de Terra Município 55 Número de Famílias Área (há Algodão de Jandaíra 7 267 Areia 5 83, Areia 5 127 Areia 8 140 Massaranduba 7 104 Remígio 4 74 Remígio 4 79 Remígio 14 285 Remígio 20 403 Serra Redonda 3 62, Serraria 5 81 Serraria 5 100 Solânea 5 95 Solânea 6 115 30 664 128 2.687 Solânea Sub - Total (Banco da Terra) TABELA 10– Assentamento, área e numero de famílias por municipio: Credito Fundiário Município Número de Famílias Área (há) Areia 7 86 Areia 12 181 Casserengue 8 978 Casserengue 10 289 Casserengue 20 375 Casserengue 29 532 Casserengue 31 566 Solânea 10 211 Solânea 17 309 Solânea 50 801 Remígio 13 112 Esperança 10 61 Sub - Total (Banco da Terra) 217 3.623 TABELA 11 – Assentamento, área e numero de famílias por município:INCRA Município Número de Famílias Área (há Alagoa Nova 22 282 Algodão de Jandaíra 16 274 56 Algodão de Jandaíra 18 253 Areia 16 199 Areia 28 193 Areia 40 376 Areia 45 700 Areia 57 502 Areia 96 969 Areial 11 175 Campina Grande 53 209 Campina Grande 100 3.942 Campina Grande 57 2.428 Massaranduba 67 226 Massaranduba 78 1.581 Matinhas 36 284 Matinhas 48 966 Pilões 27 269 Pilões 26 300 Pilões 35 432 Remígio 34 1.000 Remígio 53 995 Remígio 17 1.092 Remígio 97 1.986 Serraria 35 481 Serraria 50 509 Solânea 21 890 Solânea 56 574 1.193 21.738 Sub - Total (INCRA) TABELA 12 – Assentamento, área e numero de famílias por município: INTERPA Número de Famílias Área (há Areia 32 187 Campina Grande 70 1.279 Esperança 17 69 Esperança 19 93 Matinhas 40 242 Matinhas Matinhas 48 49 183 382 S. S. Lagoa de Roça 65 275 Município 57 Alagoa Nova 556 2.300 Sub - Total (Banco da Terra) 865 5.648 58 Gráfico 13: Famílias atendidas pela reforma agrária por política EVOLUÇÃO NO NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS DA AGRICULTURA F (SIMULAÇÃO A PARTIR DE 1996) 0,0 Alagoa Nova Algodão de Arara Areia Areial Borborema Campina Grande Casserengue Esperança Lagoa Seca Massaranduba Matinhas Montadas Pilões Puxinanã Queimadas Remígio S.S. de Lagoa de Serra Redonda Serraria Solânea 59 10,0 20,0 30,0 40,0 34,5 0,0 27,6 0,0 0,0 18,3 11,6 3,2 0,0 8,5 25,2 0,0 28,0 0,0 0,0 40,9 4,7 0,3 6,6 9,2 FAMÍLIAS POR POLÍTICA PÚBLICA Alagoa Nova Algodão de Jandaíra Arara Areia Areial Borborema Campina Grande Casserengue Esperança Lagoa Seca INCRA Massaranduba INTERPA Matinhas B. TERRA C. FUNDIÁRIO Montadas Pilões Puxinanã Queimadas Remígio S.S. de Lagoa de Roça Serra Redonda Serraria Solânea 0% 60 20% 40% 60% 80% 100% ASPECTOS AMBIENTAIS DO TERRITÓRIO A Mesorregião do Agreste Paraibano apresenta potencial para o desenvolvimento de sistemas agroflorestais, manejo de microbacias, preservando ou recuperando as condições naturais que lhe são peculiares. Dessa forma, a implantação desses sistemas é tida como uma importante alternativa de preservação ambiental sustentavelmente viável, técnica e econômica para as propriedades rurais. Assim, os referidos sistemas tem como objetivo principal à introdução da atividade agrossilvopastoril, a preservação dos recursos hídricos ao nível de propriedade rural em bases socioeconômicas e sob a ótica da conservação de solos. Os “impactos ambientais sobre esses dois ecossistemas naturais têm provocado alterações de porte, em particular sobre os recursos de solo e água, a flora e a fauna”. Os principais problemas ambientais destacados, para a região, foram: a) ameaça de extinção de várias espécies que têm seu habitat na Mesorregião Paraibana, na maioria dos casos, resultante da devastação da cobertura vegetal natural; b) “recursos hídricos superficiais fortemente comprometidos pelo lançamento de efluentes de esgotos domésticos e/ou industriais e agroindustriais e pela contaminação decorrente do uso indiscriminado de defensivos agrícolas e corretivos químicos usados nas plantações; c) O lixo doméstico que não é corretamente manuseado. Podemos observar pelo mapa do zoneamento agroecológico do território (abaixo) que este encontra-se localizado em 3 diferentes ambientes naturais, o Agreste, o Brejo e o Curimataú, com diferentes características edafoclimáticas e conseqüentemente ambientes bem distintos. Onde as explorações agrícolas e pecuárias variam de acordo com essas condições, sendo este mais um fator a contribuir com a grande 61 diversificação existente. Enquanto a sub-região do brejo caracteriza-se por um clima mais úmido e abundante em recursos hídricos, o agreste e curimataú, principalmente este ultimo tem uma maior deficiência ou escassez deste elemento.. MAPA 2; Ambientes no Território da Borborema: Curimataú Brejo Agreste 62 ASPECTOS ECONOMICOS DO TERRITÓRIO DA BORBOREMA CONTEXTUALIZAÇÃO A economia Paraibana de um modo geral tem uma pequena dimensão no contexto da economia Brasileira. Historicamente, a contribuição do estado para formação do PIB nacional tem se situado abaixo de 1%, fato esse confirmado ao longo da década de noventa. Uma outra importante tendência tem sido a da redução do peso da agropecuária no contexto da economia estadual de forma continua ao longo da citada década, com relativo crescimento da participação dos serviços e industria e conseqüente redução da agropecuária. Como já abordado anteriormente o Território da Borborema é muito diversificado na sua produção, mas, quando analisamos os dados existentes podemos fazer algumas observações e ter uma leitura do seu sistema produtivo É interessante mencionar que, para o conjunto do Estado da Paraíba, o leite a pecuária de corte são as 2 principais produções da AF. Mas neste quesito há diferenças entre os municípios do Território. Tem um grupo de municípios para os quais a produção animal bovina (carne ou leite) é o “carro chefe”: Arara, Areia, Campina Grande, Puxinanã, Serra Redonda e Queimadas. Para um segundo grupo – Solânea, Casserengue, Areial, Montadas, Esperança, Lagoa de Roça, Remígio, Algodão – o produto principal é do roçado (em geral, o feijão). Tem outro conjunto para o qual a banana (fruticultura) é a principal produção – Borborema, Pilões, Alagoa Nova, Matinhas e Massaranduba. Finalmente, para Lagoa Seca, a principal produção é a de hortaliças. 63 Os principais produtos da Agricultura Familiar do Território são: 1.- Feijão 2.- Banana 3.- Pecuária de corte 4.- Leite Cabe destacar que, considerando o conjunto do Estado a AF responde por: - Feijão: - Mandioca: 80,6% “ - Milho: 76,5% “ - Hortaliças 75,1% “ - Banana: 58,0% “ - Leite: 62,4% “ 86,9 % da produção total (sendo esta a principal produção da AF no Estado da Paraíba) Bovinos: - 54,5% da produção total. A tabela abaixo mostra os números do valor bruto da produção da Agricultura Familiar e Patronal, onde a A.F responde por 61,7% enquanto a Patronal 37,7%, quando comparado a com o número geral do Estado como um todo a patronal 49,3% e A.F 48,5% o que demonstra a força da A.F no Território. TABELA 14: Valor Bruto da Produção (VBP) da Agricultura Familiar e Patronal (Valores em R$ 1.000,00) Municípios Alagoa Nova Algodão de J. Arara Areia Areial Borborema 64 VBP Total 2.945 266 795 3.796 484 1.299 Valor Bruto da Prod (VBP) da Agricultura Familiar (1.000R$) Total % 1.983 140 704 1.466 469 755 67,3 52,6 88,6 38,6 96,9 58,1 Patronal VBProd 962 126 90 2.259 15 544 % 32,7 47,4 11,3 59,5 3,1 41,9 Outros VBProd 0 0 1 71 0 0 % 0,0 0,0 0,1 1,9 0,0 0,0 Campina Gde. Casserengue Esperança Lagoa Seca Massarand. Matinhas Montadas Pilões Puxinanã Queimadas Remígio S.S. de L.de Roça Serra Redonda Serraria Solânea Total Território PARAÍBA Rio Tinto Patos C. do Rocha Cajazeiras 7.623 1.890 2.320 6.662 3.311 2.268 612 1.009 2.789 5.318 1.138 1.816 1.713 3.153 3.561 54.768 468.348 5.829 2.890 2.903 2.164 2.206 1.504 1.936 4.259 2.411 2.024 555 634 1.131 3.557 811 1.618 1.049 1.699 2.712 33.623 227.040 807 1.011 1.306 1.598 28,9 79,6 83,4 63,9 72,8 89,2 90,7 62,8 40,6 66,9 71,3 89,1 61,2 53,9 76,2 61,4 48,5 13,8 35,0 45,0 73,8 REGIÃO NE BRASIL 7.043.359 3.026.897 43,0 47.796.469 18.117.725 37,9 5.413 374 382 2.248 752 215 56 375 1.657 1.756 327 196 647 1.446 828 20.668 230.894 4.853 1.809 1.573 566 71,0 19,8 16,5 33,7 22,7 9,5 9,2 37,2 59,4 33,0 28,7 10,8 37,8 45,9 23,3 37,7 49,3 83,3 62,6 54,2 26,2 4 12 2 155 147 29 0 0 1 5 0 2 16 8 21 474 10.414 170 70 23 - 0,1 0,6 0,1 2,3 4,4 1,3 0,0 0,0 0... 0,1 0,0 0,1 0,9 0,3 0,5 0,9 2,2 2,9 2,4 0,8 - 3.858.631 54,8 157.536 2,2 29.139.850 61,0 538.895 1,2 Fonte: Censo agropecuário 1995-96, retrabalhado pela INCRA/FAO Na tabela abaixo estão relacionados os municípios que compõe o território com os três principais produtos, segundo o censo agropecuário realizado em 1995, embora defasados, mostram a diversificação existente e trazem um indicativo para comparações com a situação atual de interesse pela produção de determinado produtos e mesmo a introdução de novos que a época não se faziam presentes ou eam explorado em menor escala. TABELA 14: Principais produtos da AF, segundo o Valor da Produção Município Alagoa Nova Algodão de J. Arara Areia Areial Borborema Canpina Grande Casserengue Esperança Lagoa Seca 65 Produto principal Banana Feijão Pecuária de corte Pecuária de corte Feijão Banana Pecuária de leite Feijão Feijão Hortaliças VBP bana 2º produto 3º produto Pecuária de leite Pecuária de corte Pecuária de corte Feijão Banana Batatinha Galinhas Pecuária de corte Milho Batatinha Feijão Pecuária de Pecuária de Feijão Mandioca Pecuária de Feijão Pecuária de Pecuária de Mandioca leite leite corte corte leite Massaranduba Matinhas Montadas Pilões Banana Banana Feijão Banana Puxinanã Queimadas Remígio S.S. de L. de Roça Pecuária Pecuária Feijão Outras temp. Pecuária Banana Feijão Serra Redonda Serraria Solânea de corte de leite lavouras de corte Feijão Laranja Batatinha Mandioca Mandioca Tangerina Mandioca Caju Feijão Milho Pecuária de corte Feijão Hortaliças Pecuária de corte Banana Pecuária de corte Pecuária de leite Pecuária de corte Pecuária de corte Feijão Caju Milho Fonte: INCRA-FAO, a partir do Censo Agropecuário 1995-96 A AGRICULTURA FAMILIAR COMO FONTE DE TRABALHO: Fala-se que a AF é fonte de trabalho para muita gente. Os números confirmam isto na região do Território da Borborema: o pessoal ocupado pela AF no conjunto da região totaliza 70.589 pessoas. Isto representa 90% do total de pessoas ocupadas na agropecuária. A Agricultura Patronal ocupa apenas 6.726 pessoas, ou 8,6%. Novamente, esta percentagem do pessoal ocupado pela AF na região do Território é maior que aquela do Estado (83,6%) e do Brasil (76,9%). GRÁFICO 7: Importância relativa da AF como fonte de trabalho no setor agropecuário no território da Borborema 1,40% 8,60% Pessoal Ocupado pela Agr. Fam. Pessoal Ocupado pela Agr. Patr. Pessoal Ocupado Outros 90,00% 66 TABELA 15: Pessoal Ocupado da Agricultura Familiar e Patronal, com % Total Pessoal Ocupado Alagoa Nova 3.721 Total ocupado pela Ag.Fam. 3.460 93,0 Total ocupado pela Ag.Patr. 261 Algodão de J. 527 450 85,4 77 Arara Areia 1.264 1.209 95,6 5.440 4.031 74,1 Areial 2.236 2.203 98,5 33 1,5 0 964 787 81,6 177 18,4 0 Campina Gde. 4.847 4.130 85,2 707 14,6 10 Casserengue 4.245 3.881 91,4 309 7,3 55 Esperança 5.445 5.241 96,3 197 3,6 7 Lagoa Seca 5.701 5.099 89,4 554 9,7 48 Massarand. 4.984 4.145 83,2 324 6,5 515 Matinhas 2.382 2.305 96,8 44 1,8 33 Montadas 1.392 1.322 95,0 70 5,0 0 Pilões 1.648 1.325 80,4 323 19,6 0 Puxinanã 2.702 2.406 89,0 293 10,9 3 Queimadas 9.015 8.387 93,0 471 5,2 157 2.113 1.905 90,2 207 9,8 1 5.296 5.196 98,1 94 1,8 6 Município Borborema Remígio S.S. de Roça L. de % do total 7,0 Total ocupado pelos Outros E. 0 14,6 0 43 3,4 12 1.331 24,5 78 % do total % do total 0,0 0,0 1,0 1,4 0,0 0,0 0,2 1,3 0,1 0,8 10,3 1,4 0,0 0,0 0,1 1,8 0,0 0,1 1,0 1,0 Solânea 8.821 7.992 90,6 726 8,2 103 1,2 78.399 70.589 90,0 6.726 8,6 1.084 1,4 PARAÍBA 479.987 365.145 83,6 16.641 13,2 14.191 3,2 REGIÃO NE 8.210.809 6.042.936 82,9 292.807 12,7 309.161 4,4 BRASIL 17.930.853 12.171.075 76,9 935.356 19,8 501.445 3,3 Fonte: Censo Agropecuário IBEGE 1995-96, re-trabalhado pelo Convênio INCRA-FAO Serra Redonda 2.421 2.300 95,0 97 4,0 24 Serraria 3.235 2.815 87,0 388 12,0 32 ANÁLISE DO SISTEMA PRODUTIVO DO TERRITÓRIO CONTEXTUALIZAÇÃO DO SISTEMA PRODUTIVO DO TERRITÓRIO As terras dependendo da sua localização no território são utilizadas na exploração de culturas temporárias, perene e pecuária, a exemplo do e feijão e batatinha na região agreste, fruticultura banana e laranja no brejo e no curimataú a criação de bovinos, caprinos e extrativismo vegetal. Destaca-se ainda, a exploração das fibras também na área do curimataú, que no caso da agricultura familiar caracteriza-se principalmente pelo fato 67 de esta em declínio essa atividade. Quando se fala em pecuária, destacam-se na agricultura familiar as criações de bovinos, suínos, aves e animais de serviço (cavalos, jumentos e bois), estes criados na corda ou em pequenos cercados, sempre em pequenos números. Vale ressaltar neste contexto, que na Borborema o programa do leite do Governo Federal tem provocado pouco ou relativo interesse na exploração leiteira dentro do território, exploração essa normalmente feita por grandes e médios produtores não familiares, embora em algumas áreas exista produção, como levantado nas entrevistas e visitas, a infra-estrutura para estas atividade é pouca e não permite a inclusão dos produtores no programa do leite, de leite da Agricultura Familiar, transporte e coleta do leite com implantação de tanques de expansão. Dentro ainda deste contexto produção/protudos ainda existe o artesanato local, muito rico e diversificado e o grande potencial cultural e turístico nas suas mais (ambiental/aventura/cultural/religioso), o variadas que se caracteriza formas como exploração que precisa ser mais bem discutida, entendida, apropriada e explorada. A questão do crédito não pode deixar de ser tratada neste ponto, pois tem influência direta na produção, pelos levantamentos primários tem-se a leitura que apesar das dificuldades de acessá-lo nas linhas normais algumas mudanças tem ocorrido, principalmente a experiências voltadas ao crédito solidário/rotativo através das ONGs que atuam na região, com resultados animadores no que refere-se aos processos de gestão participativa, com a sua palicação voltada a projetos alternativos voltado as reais necessidades da A. F, destacando-se ai a figura dos Agricultores Experimentadores, 68 que tem tido importante papel no desenvolvimento e difusão de tecnologias apropriadas. Vale salientar que o levantamento do sistema produtivo e os seus subsistemas leva em consideração os dados primários obtidos durante as visitas e entrevistas aos atores locais, bem como, a oficina de apresentação e discussão do Estudo propositivo, onde podemos montar e avaliar juntos com os representantes dos agricultores familiares no colegiado, o subsistema de produção levantando os principais produtos, forma de produção nível tecnológico entre outras informações, o subsistema de transformação e o subsistema de comercialização, num olhar sistêmico na tentativa de uma maior apropriação e entendimento das diversas dinâmicas e relações que ai estão envolvidas, na busca do entendimento de um todo, incluindo-se ai as políticas públicas e sua adequação a realidade da agricultura familiar. SUB-SISTEMA DE PRODUÇÃO Dentro dos subsistemas no de produção pudemos identificar uma grande diversidade de produtos da agricultura familiar do território, a figura abaixo retrata um pouco desta situação, onde se observa um grande dinamismo e grandes avanços na valorização da semente e animais caboclos, com trabalhos desenvolvidos pelo Pólo Sindical e ONGs da região, no sentido da sua preservação, produção e disseminação. Abaixo temos uma figura ilustrativa dos principais componentes deste subsistema, onde se caracteriza como principais fontes de renda a fruticultura, cereais e produção de leite, vale salientar que a todas tem relevância, tratamos também a seguir de cada um destes componentes com suas características, com relação a organização produtiva destaca-se os trabalhos do Pólo Sindical da Borborema neste sentido, embora muito ainda deva ser feito e complementado. 69 FIGURA 1 : SUBSISTEMA DE PRODUÇÃO DA BORBOREMA CEREAIS; (feijão, fava e milho) – Neste grupo de produtos destacamos que a principal forma de produção é a de sequeiro, dependendo diretamente das chuvas, cultivados de forma tradicional, ocorrendo os tratos culturais na maioria das vezes com o auxilio de bois de serviço, produção é voltada mais para subsistência A.F pequenos (os mais fracos), plantam em pequenos sítios de sua propriedade ou em parcerias ou meeiros nas terras de grandes proprietários, alguns dedicamse a exploração com finalidades comerciais, destacando-se o feijão preto o mulatinho e o carioquinha, com pouco ou nenhum acesso a ATER apesar dos esforços e tentativas dos técnicos locais. Não podemos esquecer que são cultivados outras variedades, o feijão fava, o feijão gordo e o macassa, este ultim para comercialização verde, em molhos ou em sacos. O clima, embora limitante é de certa forma favorável se comparado a situação do cariri e sertão. Em certas regiões do território observa-se o uso de sistemas de irrigação, utilizado principalmente para o cultivo do feijão verde. PALMA; Bem característico da região pela necessidade gerada nos períodos de seca, existindo uma produção especializada para atender a 70 criadores locais, AF ou não, são produzidos: Capineira para corte(capim elefante) e Palma forrageira, utilizadas áreas úmidas para capineira, o cultivo palma é menos exigente em termos de umidade do solo, tendo uma importância estratégica este tipo de atividade produtiva devido as características para o arraçoamento dos rebanhos nos períodos de estiagem. FIBRAS- Produtos tradicionais do território na região do curimataú e parte do agresta, passaram por longa crise causada pelo problema do bicudo e diminuição do interesse pelo sisal, atualmente o governo estadual aposta na revitalização da produção do algodão com variedades coloridas e garantia da compra, neste caso é exigido o uso de tecnologia adequadas e disponibilidade de recursos, já o sisal está voltando a ser explorado por interesse da industria automotiva e outras, a maior questão na volta do sisal é a exploração dos atravessadores que oferecem máquinas, transporte para produção e adiantamentos o que escraviza o produtor e amarra a compra a preços não favoraveis. RAIZES E TUBERCULOS (MANDIOCA, INHAME, BATATA DOCE E A BATATINHA) – Iniciando pela ultima a Batata-doce que é muito importante principalmente na sub-região do brejo, onde são aproveitadas as áreas mais úmidas ou de baixios, por vezes utilizando sistemas rudimentares de irrigação, o plantio ocorre consorciados com outras culturas, principalmente o feijão para verde, o produto tem grande aceitação no mercado em todo o estado e compõe a alimentação básica do Agricultor Familiar, existem agricultores especializados nesta produção. Já o Inhame e não é tão tradicional resumindo-se a sua exploração a determinadas regiões do brejo que apresentam solo e clima favorável, já no caso da mandioca além de tradicional encontra-se em um processo de revitalização e interesse por parte dos atores da região na perspectiva de ampliação e melhoria do processo produtivo e de transformação para 71 garantir a apropriação dos resultados pelos Agricultores Familiares do Território, não esquecendo que é a base da mssua alimentação, sendo objeto de discussão e principalmente capacitação com o entendimento da sua viabilidade não só econômica mais cultural, ou seja, de identidade, embora necessite adequar o sistema existente e implementar formas de produção que garantam maiores resultados produtivos, o que já esta sendo trabalhado pela ATER local dentro do colegiado, ocorrendo a sua produção em todas as três sub-regiões com maior ênfase no agreste. Quando falamos da Batatinha ou batata inglesa, a primeira informação relevante que nos chega é referente ao declínio da sua exploração, o que foi antes uma das regiões de maior produção no pais, hoje aparece com produções quase que insignificantes, neste contexto existem várias explicações, baixa produtividade, ação dos atravessadores da batatinha, que segundo estudos um mesmo plantio passava pela mão de mais de dez donos até a sua colheita e comercialização, fica o registro que o território tem as condições necessária a sua exploração necessitando talvez de um estudo participativo, junto aos A.F que ainda exploram esta cultura para buscar entender melhor essa situação e quem sabe torna-la novamente importante. PLANTAS MEDICINAIS – Extrativismo de raízes, cascas, frutos, algumas plantas que são consumidas as folhas verdes e frutos maduros, existem hoje grupos de mulheres organizados para o cultivado e beneficiamento, estes grupos estão recebendo apoio com projeto aprovado no colegiado, esta atividade já garante renda, quando a exploração é feita de modo extrativista, normalmente não existe a preocupação dos que trabalham com estas em preservar a fonte(o meio ambiente) de forma racional. FRUTAS – Todo o território tem condições favoráveis a fruticultura, existindo uma grande variedade deste produto, bem como intersse por 72 parte dos A.F na sua exploração comercial, a própria historia da região mostra isso, o Pólo Sindical e outras entidades tem se preocupado e insistido na formação de Agricultores Experimentadores e apostando na produção e distribuição de mudas frutíferas, como forma de garantir a ampliação da produção, diversidade dos sistemas produtivos, renda e alimentos, os principais produtos da fruticultura no território são; a banana, a laranja, o limão, manga, umbu, pinha, cajá, caju, mamão e goiaba. No que refere-se a tecnologia busca-se adapta-las as necessidades e condições da Agricultura Familiar, HORTALIÇAS Holericultura – Os Agricultores Familiares convencionais produzem; Coentro, cebolinha, alface, tomate, cenoura, brócolis, couve-flor, repolho, nabo, estas são algumas das produzidas, mas em escala pequena não atendendo a demanda de parte do mercado. Existe hoje de forma emergente e já instalada no território a produção agroecológica, que vem ganhando espaço e valor a cada dia, com a compreensão de grupos de Agricultores Familiares na sua produção e comercialização, em sintonia com as questões de ambientais e da saúde, em trabalhos voltados a implementação desta prática por diversas entidades de apoio, como é o caso da AS-PTA e outras ONGs. Existem Familiares ainda o que podemos tecnificados, são mais classificar especializados como Agricultores principalmente na produção de cenoura, tomate, folhas; estes mais voltados a produção em escala, espalhados no território normalmente em áreas que dispões de algum reservatório de água e que oferecem condições para exploração nos períodos de seca com o uso de técnica e equipamentos normalmente agressivos ao meio ambiente.. 73 ERVA DOCE – Assim como a batatinha já foi mais importante para a composição da renda familiar, embora ainda tradicionalmente explorada, aparentemente pelos levantamentos primários não mais a importância e o interesse na sua exploração, o que nos faz observar a necessidade de pequisar para compreender melhor esse contexto, pois trata-se de um produto nobre comercialmente, mas que não tem seu devido valor no Território. EXTRATIVISMO DE: Vegetais, Madeira(lenha e estacas) ainda um problema, Raizes, folhas e sementes medicianis (receias caseiras)– Tudo fruto do extrativismo que ainda é prática por uma questão de sobrevivência, existe uma grande necessidade de campanhas e alternativas a estas práticas para que se garanta a manutenção e recuperação da vegetação nativa ainda existente. MEL Apicultura e Meliponicultura – Tem tido um grande crescimento e crescente interesse dos Agricultores Familiares nesta produção que etá ganhando importância e destacando-se como uma alternativa viável para o território, aqueles que investem hoje na ativiade estão sendo orientados e organizando-se produtiva e socialmente, podemos classifica-los como produtores tecnificados, porém boa parte ainda prática o extrativismo ou seja a exploração irracional, com a extração de mel de baixa qualidade e por vezes colocando em risco as espécies nativas,pois normalmente eliminam a colméia no processo de retirada do mel. Consiste hoje em uma atividade em ascendência em processo de organização com estimulo do estados e entidades não governamentais que atuam no território com grande interesse de grupos estrangeiros na produção. CARNES Bovina – Este é um produto tradicional na região apesar da criação 74 ser extensiva ou semi-extensiva, o produto mais tradicional é o boi vendido para o abate, os agricultores familiares tem o animal como poupança, engordam e vendem o animal vivo, ocorrendo a sua exploração em todo o território. Caprina – Assim como a carne bovina trata-se de uma produção e produto tradicional, embora mais concentrada no curimataú e parte do agreste a carne caprina tem tido maior espaço no mercado pelo crescente aumento de consumo por se tratar, segundo os médicos de uma carne mais sadia por ter menor teor de gordura, fato que pode ser usado em favor da ampliação da produção e melhor organização dos Agricultores Familiares neste sentido. Esta exploração tem grande importância na composição da renda familiar, existindo a tendência de especialização dos atores envolvido nesta atividade Aves- Agricultura Familiar do território, tem a produção de aves como uma de suas bases alimentares, embora sempre produzida em pequena escala, nos quintais, a galinha de capoeira tem espaço garantido na mesa, e ainda é vendida gerando renda. Hoje existem iniciativas de exploração em maior escala das chamadas galinhas caipiras, onde alguns grupos já exploram nesta modalidade, com resultados positivos e negativos, sendo a maior queixa a dependência por recursos externos nesse sistema, pintos melhorados e parte da ração, e ainda aqueles que encontram-se em integração com algum grande sistema de produção de frangos para corte. Desta forma podemos identificar três produtos, o frango de granja, o caipira e o de capoeira. Suína - Embora boa parte dos AF costumem criar suínos existe uma característica básica, a maioria cria um ou dois animais de forma rudimentar no quintal das casas, alguns poucos que tem subprodutos principalmente o soro do processo de fabricação de queijos criam em 75 maior escala, a intenção desta criação é o consumo ou complemento de renda para o período das festas. LEITE Vaca - Região de Campina Grande é uma bacia leiteira aglutina diversos tipos e categorias de produtores, o programa do Leite tem tido uma forte influencia na sua oxigenação provocando um aumento do interesse do A.F em produzir mais, mesmo existindo a limitação com relação a área, tecnologia, e também a falta de usinas que não absorvem toda a produção no território, áreas mais distantes da citada cidade como por exemplo Solanea onde foi identificado nos levantamentos primários a produção de 400 litros de leite/dia no Assentamento São Francisco sistemas de expansão e logística de transporte deficitário, não permitindo a venda deste para o programa do leite, situação que deve ser vista e avaliada pelo colegiado e Agricultores Familiares envolvidos, tendo este produto relevante importância na economia do território. Cabra – Produtores semi-intensivos para produção de leite, o programa do leite e outros estímulos externos tem provocado a intensificação da produção, tornando na tentativa de aproveitar o potencial existente principalemente na região do curimataú. Tentativas de tecnificar a produção de leite caprino estão surgindo com o impulso do citado programa, e apoio da ATER e SEBRAE, com a implementação de uma usina na região. ARTESANATO – Das atividades não agrícolas, esta merece certo destaque, são várias as iniciativas e produtos de utensílios domésticos e decoração; tecidos; pinturas; bordados, bonecas etc. Envolve principalmente as mulheres e jovens, tem tido um grande incentivo por parte do governo do estado, muita propaganda, feiras, capacitações e estimulo a criação de associações de artesões. Caracteriza-se como uma 76 alternativa vinculada ao turismo rural que já tem despertado muito interesse de grupos da Agricultura Familiar. TURISMO RURAL – Ainda em organização, com mais iniciativas privadas, porém uma atividade que pode entrar em ascensão no território; potencial para turismo de aventura, inscrições ruprestes, artesanato. Falta organização e capacitação dos atores para atuação nesse setor, bem como maior entendimento deste potencial CANA DE AÇÚCAR – Ainda existente, mas, em declínio, as áreas hoje exploradas com essa cultura são bem menores e servem na sua maioria para abastecer engenhos isolados de produção de rapadura, mel e cachaça. OLEAGINOSAS – Em destaque a mamona que emergindo com o programa governamental, ainda sem resultados, mas que tem gerado discussões quanto a sua viabilidade, outras oleaginosas são também cultivadas como o girassol que tem um certo espaço e tradição na sua exploração. Podemos então concluir que embora com todas as dificuldades e leimitações impostas pelo sistema a Agricultura Familiar, o território dispõe de um rico sistema produtivo com grande diversificação e importância na manutenção de toda a população do território, o que parece faltar, embora observe-se grandes avanços é uma maior organização dessa produção e valorização dos produtos por parte dos próprios agricultoras familiares. Não fugindo a uma analise mais profunda observamos também que essa produção é mantida por produtores numa faixa etária mais elevada, acima dos 35 anos, os jovens agricultores familiares evadiram-se para os grandes centros urbanos, ficando aqui uma ressalva quanto a continuidade do processo produtivo na agricultura 77 familiar, é bom pensar e entender melhor essa situação. SUBSISTEMA DE TRANSFORMAÇÃO A transformação ou beneficiamento da produção merece uma profunda analise e principalmente o seu entendimento e apropriação pelos Agricultores Familiares do território, nos levantamentos primários e pelos dados existentes, este é um subsistema pouco dinâmico e pouco dominado, encontrando-se na sua maioria nas mãos de terceiros que apropriam-se do sub-sistema e da renda que que é gerada, encontrandose as principais industrias e/ou processos de transformação ou agregação de valor, podemos inclusive incluir ai a seleção e embalagem dos produtos sob o domínio de atravessadores e empresários locais. O beneficiamento mais dinâmico para a Agricultura Familiar do território tem sido o da mandioca seguido pelo leite, nestes casos conseguimos levantar que, com relação a mandioca, as casas de farinha tradicionais, inúmeras, que segundo experiência com a compra da CONAB tiveram boa parte do produto devolvido pela baixa qualidade, o que sugere que não são eficientes, ou não estão aptas a produzir de uma forma mais profissional e higiênica, o que gera a necessidade de modernização e adequação, incluindo ai a necessidade de melhorar a embalagem, pois hoje o produto final é comercializado em sacos de 60kg, quando poderia estar identificado com a origem e embalado em sacos de 1gk e fardos de 30kg, o que agregaria um valor substancial ao produto final. Com relação a usina de leite diferente do território do Cariri e Sertão onde varias inicativas da A.F nesse setor já encontram-se em curso, na Borborema o setor ainda é dominado 100% por empresários, o único beneficio é ser ligado ao programa do leite grantindo um preço mínimo justo ao produto, o processamento seque padrões tecnológicos adequados e é sempre fiscalizado pela vigilância sanitária do Estado, 78 podemos listar os três principais produtos desse beneficiamento, o leite pasteurizado, o iogurte e o queijo. Existe também algumas iniciativas voltadas ao beneficiamento do leite e frutas, pequenas queijarias e docerias, que se utilizam destes produtos como matéria prima, neste caso, pertencentes a agricultores familiares, ou a pessoas que passaram a mora nos centros urbanos montando ali miní industrias. Os engenhos de cachaça, rapadura, mel de engenho e açúcar, ainda resistem embora em menor número enfraquecidos, exercem certa influencia na produção dos Agricultores Familiares, que encontram na produção da cana a garantia de venda da sua produção, pelo seu porte e formação histórica, com cunho empresarial (senhor de engenho / coronéis). Hoje mais voltada a produção de Cachaças de qualidade. Indústria de produção de polpa de frutas, de Campina Grande e mesmo de João Pessoa, absorvem parte da produção de frutas do território, onde a matéria prima que as abastece sempre é levada por atravessadores, mais uma vez não gerando um situação favorável ao A.F. Abaixo podemos observar na figura 2, a formação do subsistema de transformação com seus componentes. FIGURA 2 : SUBSISTEMA DE TRANSFORMAÇÃO/BENEFICIAMENTO 79 Fica bem claro a necessidade de maior dinamização deste setor, não dá para pensar em Agricultores Familiares apenas como produtor, deve-se buscar meios de inclusão, como já tem sido feito, deve-se abrir os horizontes para estas experiências que se traduzem em formas de geração de renda alternativa, para tanto discuti-las apresentadas e trabalhadas de forma organizada pelos diversos atores e entidades de apoio, orientadas principalmente para o fortalecimento dos processos de gestão que apresentam-se fortemente enfraquecidos. SUBSISTEMA DE COMERCIALIZAÇÃO. Abaixo na figura 3, temos uma visão da composição do subsitema de comercialização, onde aparece os principais canais, os quais detalharemos a seguir. FIGURA 3 : SUBSISTEMA DE COMERCIALIZAÇÃO DA BORBOREMA Existem hoje identificados de forma bem clara no território da Borborema cinco canais de comercialização: O primeiro canal da Venda 80 Direta, embora praticada em menor escala e por iniciativas individuais serve a alguns poucos, que residem próximos a centros consumidores se deslocando com seus produtos em carroça ou carro de mão para vendêlos diretamente aos consumidores locais, poucas quantidades, dependendo dos produtos que dispõe, prática mais comum para os produtores de leite, na venda de frutas de época, macaxeira e hortaliças; O segundo, é canal dos Atravessadores que aparecem para muitos como o salvador da pátria e para outros como um explorador e ainda com um mau necessário, é bom entender que estes atores detém informações privilegiadas sobre o mercado, possuem um grande número de informações, sabem quem produz, o que ta sendo produzido, aonde e em que época do ano comprar o produto que desejam, dispõe também de toda uma logística, tem como garantir ao distribuidor uma entrega regular e ao mesmo tempo jogam com os Agricultores Familiares, que se encontram fragilizados, desorganizados sem informações sobre o mercado, e ainda descapitalizados; O terceiro canal as Feiras Livres e distribuidores (entendendo-se distribuidores pequenas mercearias e feirantes) para onde a maior parte da produção é direcionada, embora poucos abasteçam diretamente esses locais, pois a maior parte da produção é levada até estes pelos atravessadores, alguns pouco por iniciativa própria levam sua produção diretamente a estes obtendo valores significativamente melhores, embora também ocorra situações onde mesmo que o agricultor familiar leve diretamente arcando com custos de transporte, os preços pagos não são diferentes dos propostos ou recebidos na unidade de produção familiar. Temos ainda outro canal, este o mais apropriado e seguro, uma feira agroecologica da Agricultura Familiar, encontrando-se em funcionamento e já trazendo resultados na comercialização direta, venda a preços mais justos e ainda no processo de aprender fazendo, onde os envolvidos estão trabalhando e construindo os na prática, o uso deste espaço na sua inclusão e afirmação no território, um processo de inclusão solidária no mercado, que tem favorecido a auto 81 gestão, a organização do processo produtivo, pela necessidade de uma maior escala de produção, sem falar numa maior renda familiar . O fluxograma abaixo mostra os principais atores do mercado, fica o registro da necessidade da apropriação do conhecimento desta dinâmica por parte de Agricultor Familiar, do papel e situação que cada um deles se encontra, pois, para implementação de qualquer ação que vise uma interferência e inserção do Agricultor Familiar na comercialização mais justa ou direta, mudando essa rota comum onde praticamente toda produção passa pelo atravessador para chegar aos distribuidores às indústrias de beneficiamento e aos consumidores. Que venha a percorre um caminho mais adequado e organizado capaz de agregar mais valor, quer seja, pela venda direta a distribuidores e consumidores, ou beneficiando a própria produção, buscando a utilização de canais e forma de organização e gestão mais adequadas numa lógica mais cooperativista, fazendo uso das ferramentas disponíveis a esse objetivo, o capital social, humano, crédito e produção existente ou a implementar, trabalhar com muito empenho a organização social e auto-gestão. PRODUTOR Capacidade de atender o mercado Custo da produção. Organização Capital 82 ATRAVESSADOR TRANSFORMA DISTRIBUIDOR CONSUMIDOR PARTE IV Ações de desenvolvimento rural sustentável 83 ANÁLISE DO PRONAF INFRA 2003/2005 E INVESTIMENTOS IMPLEMENTADOS NO TERRITORIO . A primeira observação relevante a respeito dos projetos PROINFA, no período de 2003/2005 que nos vem pela analise é o elevado número de projetos perdidos, na maioria dos casos pelo fato da prefeitura não ter assinado o mesmo. Situação que parece estar com tendência a mudar, pois os gestores municipais estão mais participativos e com um maior entendimento da política do desenvolvimento territorial, envolvendo-se mais no colegiado. No quadro abaixo temos um resumo dos projetos perdidos por município do território, cujo valor total gira em torno de R$ 285,000,00, isso levando em conta apenas a perda financeira, quando levantamos a questão social, essa perda é imensurável. PROJETOS PERDIDOS - TERRITÓRIO DA BORBOREMA Municípios / Fonte Entidades EMATER PRONAFCUSTEIO Valor 22.450,00 S. Sebastião de PRONAF-INFRA 27.651,90 L. de Roça Casserengue Matinhas 84 PRONAF-INFRA 30.098,00 PRONAF-INFRA 27.068,00 Metas Capacitação de agricultores e estudos de mercado Ampliação de viveiro de mudas Aquisição de equipamentos específicos para o viveiro de mudas 27 Cisternas de placas 02 kits de formas para cisternas de placas 01 Barragem subterrânea 26 Cisternas de placas Motivos Pendência Judicial, impossibilitando-a de realizar contratos A Prefeitura não assinou o contrato A Prefeitura não assinou o contrato A Prefeitura não assinou o contrato Queimadas Algodão Jandaira 02 kits para cisternas de placas 27 Cisternas de placas 02 kits de formas para A Prefeitura não assinou o cisternas de contrato placas 01 Barragem subterrânea 27 Cisternas de placas PRONAF-INFRA 30.098,00 de PRONAF-INFRA 32.118,00 Pilões 02 Kits de formas para cisternas de placas 02 Barragens subterrâneas 26 Cisternas de placas 02 kits de formas para cisternas de placas 01 Barragem subterrânea 26 Cisternas de placas 02 kits de formas para cisternas de placas 01 Barragem subterrânea 26 Cisternas de placas 02 kits de formas para cisternas de placas 01 Barragem subterrânea 26 Cisternas de placas PRONAF-INFRA 29.088,00 Massaranduba Puxinanã Serraria PRONAF-INFRA 29.088,00 PRONAF-INFRA 29.088,00 PRONAF-INFRA 29.088,00 02 kits para cisternas de placas 01 Barragem subterrânea A Prefeitura assinou, mas o contrato foi cancelado A Prefeitura assinou, mas o contrato foi cancelado A Prefeitura assinou, mas o contrato foi cancelado A Prefeitura assinou, mas o contrato foi cancelado A Prefeitura assinou, mas o contrato foi cancelado Uma outra questão também importante a ressaltar, é a atuação do Pólo 85 sindical da Borborema que já vinha trabalhando ações de desenvolvimento sustentável em um grupo de municípios do território, somando-se essa experiência já vivenciada na discussão do PTDRS seus eixos e consequentemente os projetos em curso. Como resultado disso observamos uma lógica nos investimentos, e um esforço conjunto dos diversos atores na implementação destes projetos, ainda, a sua coerência com os eixos prioritários. É relevante frisar a organização que está se dando entre os membros do colegiado para o acompanhamento e implementação e gestão destes projetos, onde, foi criado grupos de interesse por linha de ação, os quais, encontram-se dividindo responsabilidades, viabilizando os projetos e discutindo novas propostas para a sua complementação. Abaixo listamos os projetos por linhas de ação dentro dos eixos. PROJETOS POR LINHAS DE AÇÃO - TERRITÓRIO DA BORBOREMA Linha de ação 1: Segurança Hídrica Eixo Aglutinador: Fortalecimento da Agricultura Familiar e da Reforma Agrária com Base na Agroecologia Estratégia do PTDRS: Segurança Hídrica Objetivos Específicos (Programas): Infraestrurura e Manejo Integrado de água Projetos em Curso: 1. Implementação de Cisternas de Placas 2. Kits de forma para cisternas de placas 3. Implementação de barragens subterrâneas Alagoa Nova, Areia, Campina Grande, Remígio, Areial, Borborema, Esperança, Montadas, Serra Redonda, São Sebastião de Lagoa de Roça Linha de ação 2: Viveiros 86 Eixo Aglutinador: Fortalecimento da Agricultura Familiar e da Reforma Agrária com Base na Agroecologia Estratégia do PTDRS: Intensificar a produção agroecológica familiar Objetivos Específicos (Programas): Fortalecimento da produção dos sistemas diversificados de fruteiras e consórcios florestais Projetos em Curso: 1. Implantação de viveiro regional de produção de mudas – Alagoa Nova 2. Ampliação de viveiro regional de produção de mudas – Lagoa de Roça 3. Ampliação de viveiro regional de produção de mudas – Areia 4. Capacitações sobre produção de mudas 5. Visitas de intercâmbio 6. Oficinas para gestão de viveiros Linha de ação 3: Comercialização Eixo Aglutinador: Fortalecimento da Agricultura Familiar e da Reforma Agrária com Base na Agroecologia Estratégia do PTDRS: Acesso do(a)s Agricultore(a)s Familiares aos mercados Objetivos Específicos (Programas): Criação e melhoramento dos núcleos de comercialização (feiras agroecológicas, de agricultores, de animais e tradicionais) de produtos da agricultura familiar nas cidades do território. Projetos em Curso: 1. Estruturação da Feira Agroecológica do Museu do Algodão em Campina Grande 2. Mercado do Produtor em Montadas 3. Capacitações dos Agricultores - EMATER 87 Linha de ação 4: Banco de sementes Eixo Aglutinador: Fortalecimento da Agricultura Familiar e da Reforma Agrária com Base na Agroecologia Estratégia do PTDRS: Intensificar a produção agroecológica familiar Objetivos Específicos (Programas): Fortalecimento dos Sistemas Diversificados de Produção nos Roçados Projetos em Curso: 1. Construção de Infra estrutura para o Banco de Sementes Mãe e Centro de Atividades em Lagoa Seca 2. Fortalecimento de 10 Bancos Comunitários de Sementes 3. Capacitações dos Agricultores – AS-PTA Linha de ação 5: Plantas Medicinais Eixo Aglutinador: Fortalecimento da Agricultura Familiar e da Reforma Agrária com Base na Agroecologia Estratégia do PTDRS: Intensificar a produção agroecológica familiar Objetivos Específicos (Programas): Intensificação das Experiências Produtivas dos Quintais (plantas Medicinais, pomar peridoméstico, hortas, pequenas criações) Projetos em Curso: 1. Estruturação de Viveiros Comunitários e Salas de Manipulação – Solânea 2. Estruturação de Laboratório Fitoterápico – Campina Grande 3. Capacitações para formulações de remédios caseiros – EMATER 4. Capacitações sobre cultivos de plantas medicinais e manipulação de remédios caseiros – AS-PTA Linha de ação 6: Roçados Eixo Aglutinador: Fortalecimento da Agricultura Familiar e da Reforma Agrária com Base na Agroecologia 88 Estratégia do PTDRS: Intensificar a produção agroecológica familiar Objetivos Específicos (Programas): Fortalecimento dos Sistemas Diversificados de Produção nos Roçados Projetos em Curso: 1. Aquisição de Equipamentos beneficiamento da e Máquinas para Produção dos Roçados – 13 Máquinas debulhadeiras 2. Capacitações sobre sistemas de produção de roçados EMATER Areia, Remígio, Areial, Puxinanã,, Esperança, Arara,Serraria, Serra Redonda, São Sebastião de Lagoa de Roça, Solânea e Alagoa Nova Linha de ação 7: Criações Eixo Aglutinador: Fortalecimento da Agricultura Familiar e da Reforma Agrária com Base na Agroecologia Estratégia do PTDRS: Intensificar a produção agroecológica familiar Objetivos Específicos (Programas): Fortalecimento da produção dos sistemas de criações Projetos em Curso: 1. Aquisição de armazenamento implementos de forragem e – 11 máquinas para Ensiladeiras com reboque 2. Capacitações sobre produção e armazenamento de forragem – AS-PTA Areia, Remígio, Areial, Puxinanã,, Queimadas, Arara,Serraria, Algodão de Jandaíra, Pilões, Lagoa Seca, Massaranduba e Solânea Linha de ação 8: Gestão Social Eixo Aglutinador: Participação Social Estratégia do PTDRS: Construir Sinergias, articulando a base social e 89 integrando as parcerias Objetivos Específicos (Programas): Projetos em Curso: 1. Fortalecimento da Gestão Social (Regimento Interno do Fórum, Arranjos Institucionais), 2. Apoio a Gestão Participativa do Território da Borborema – Contratação do Articulador Territorial SDT e AS-PTA 3. Envolvimento de atores e atrizes para melhoramento do Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável (PTDRS) 4. Infraestrutura de computadores para agricultura familiar 5. Estruturação do colegiado territorial - veículo e Rural e equipamentos 6. Fortalecimento da Gestão Social – Holos Linha de ação 9: Assessoria, Extensão Experimentação Eixo Aglutinador: Educação, Formação e Capacitação Estratégia do PTDRS: Capacitação e Assessoria Técnica Objetivos Específicos (Programas): 1. Pesquisa participativa com agricultores familiares - EMBRAPA 2. Programa Especial de ATER Terra da Gente – PM Massaranduba e AS-PTA CAPITAL SOCIAL DO TERITORIO No Território da Borborema existem algumas experiências de organização social e promoção ao Desenvolvimento: o Pólo Sindical, a feira (FEAGRO) organizada pela Emater com participação de 60% dos municípios da região, o Fórum dos assentamentos em 4 municípios, Associação de Artesãs de vários municípios, com pólo em Esperança, 90 Associação de Ovino e Caprinocultura. Para os atores sociais, destas destacam-se o Fórum dos Assentamentos e o Pólo Sindical. Fórum dos Assentamentos A partir da história dos trabalhadores – história de luta pelos direitos trabalhistas no apogeu da cana na década de 80, luta pela terra, quando da falência da cana, e em particular da Usina Santa Maria na década de 90, com o apoio da CUT, da FETAG, de deputados solidários com os trabalhadores e o engajamento do SEDUP, foram realizadas diversas mobilizações (4.000 trabalhadores tinham ficado desempregados), abrangendo 18 engenhos falidos. A partir de 1997, as cinco primeiras desapropriações são realizadas, outras quatro em 1998, e mais outras nos anos seguintes. Aí começa todo um processo de organização e capacitação: estruturação das associações, atividades de preservação do meio ambiente. O apoio da ASA-PB 3 foi fundamental para a organização da construção de cisternas, bancos de sementes, fundos rotativos. Também foi indispensável melhorar as moradias etc. A partir de 2001, as dez primeiras associações formadas decidiram se unir para formar o Fórum que nasceu oficialmente em 2002. Hoje são 12 associações envolvendo os municípios de Pilões, Areia, Serraria e Remígio. As realizações do Fórum dos Assentados foram conseguidas apesar de enormes dificuldades financeiras, falta de telefone para se comunicar, etc. Concretamente, o Fórum vem progressivamente se fortalecendo na promoção de ações de desenvolvimento neste território. Assim também como vem fortalecendo sua capacidade de diálogo e 3 91 Articulação do Semi-Árido Paraibano, criada em 1993. implementação de políticas: moradia, recursos hídricos, bancos de sementes, etc. Pólo Sindical - Pólo Sindical das Organizações da Agricultura Familiar da Borborema Em 94, houve a luta por um espaço de comercialização na Empasa 4. Já em 96, a luta na região ocorre por conta das questões da previdência rural. Em paralelo, fruto de experiências concretas de desenvolvimento, tem início um novo processo de mobilização, inovando relativamente às lutas tradicionais dos sindicatos de trabalhadores rurais, em Remígio e Solânea, tinha nascido um processo de valorização da agricultura familiar, fato que faz Lagoa Seca se unir nesse processo, articulando e intercambiando experiências inovadoras de desenvolvimento. Frente à crise da AF – desmatamento, erosão, desequilíbrio ambiental, com conseqüências sobre os recursos hídricos e a fertilidade do solo, e ainda com a introdução de agrotóxicos e os problemas que daí decorreram: resistência das pragas etc. –, os três sindicatos começaram a enxergar essas diferentes questões e sentiram a necessidade de se unir. Em 2001, houve o 1º seminário da AF que além das três experiências inicias, envolvendo os três municípios, também foram identificadas outras experiências em Soledade, Juazeirinho, Cabaceiras, etc. Criou-se um Plano de Formação e Fortalecimento da AF, começando com a questão das sementes, e a seguir dos recursos hídricos, dos cultivos ecológicos, da criação animal, da saúde e alimentação. Esses temas mobilizaram os agricultores que, a partir daí, começaram a ser atores da história, saindo de sua propriedade, visitando outros agricultores no Estado e fora do Estado: no Ceará, em Pernambuco, e até fora do país. O programa de formação parte dos agricultores que fazem 4 92 Empresa Paraibana de Abastecimento. pesquisa, recebem outros agricultores e ganham auto-estima. Esse programa, tem também outra finalidade: fazer com que as políticas públicas conheçam e financiem nossas experiências. O Pólo constitui uma rede de 3.500 famílias, em 150 comunidades e contando com 16 STR’s, em diálogo com ONG’s e movimentos sociais: experiências concretas AS-PTA, PATAC, ASA-PB, ASA-BR, etc. As desenvolvidas pelo Pólo têm a capacidade de mobilizar e articular instituições governamentais: a Secretaria Estadual de Agricultura, a Conab, o Cooperar, o Pronaf etc. Desse modo, o Pólo Sindical vem trabalhando a partir de alguns instrumentos de políticas territoriais como: políticas de sementes, de recursos hídricos, de segurança alimentar, de crédito, de infra-estrutura e de pesquisa e extensão. • A política de sementes: o Pólo Sindical coordena 75 Bancos Comunitários de Sementes, atendendo a 3.255 famílias. Graças aos BCS foram resgatados mais de 100 variedades de feijão, fava, milho etc., permitindo ainda o acesso às sementes de qualidade e adaptadas à região, no tempo certo e em quantidades suficientes, livre de politicagem. Esta política tem conseguido mobilizar a parceria da Conab e da Secretaria de Agricultura do Estado. • A política de recursos hídricos: o Pólo Sindical promoveu 230 Fundos Rotativos Solidários de cisternas de placas, atendendo a 1.835 famílias. Além disso, 150 famílias estão desenvolvendo inovações de manejo integrado da água: barragens subterrâneas, mandalas, barreiras, tanques etc. Uma pesquisa, em parceria com a Embrapa e o Cirad, visa avaliar o impacto das barragens subterrâneas. Além do mais, o Pólo faz a gestão do Programa Um Milhão de Cisternas – P1MC – para o Território, em parceria com 93 ONG’s e associações, sendo fortemente apoiado pelo Ministério de Desenvolvimento Social (MDS). • A política de segurança alimentar: 700 famílias estão sendo beneficiadas com a produção de uma tonelada de multimistura; 70 famílias desenvolvem experiências de horticultura ao redor de sua casa; 50 desenvolvem receitas de alimentação alternativa: doces e sucos de frutas nativas como umbu, araçá; 100 famílias estão desenvolvendo inovações relativas ao manejo sustentável da criação animal comercializando (forragem); alimentos sem 150 uso estão de produzindo agrotóxicos. e Essas diversas experiências têm parcerias, para a pesquisa, com o Centro Nordestino de Medicina popular, a UFPB, a UFPE, e ainda com o Programa Fome Zero etc. • A política de crédito: Os Fundos Rotativos Solidários (FRS) estão financiando todas essas atividades. Assim tem 230 FRS para construção de cisternas de placas, 76 FRS para Bancos Comunitários de Sementes, 30 FRS de telas para cercas, 20 FRS de equipamentos para apicultura e meliponicultura, e ainda FRS para aquisição de barracas para a feira agroecológica, para biofertilizantes etc., e fundos de apoio à construção de viveiros familiares e comunitários. • A política de infra-estrutura: Os FRS facilitam o equipamento das propriedades em infra-estrutura: cisternas de placas e barragens subterrâneas, mas também cercas, máquinas para moer grãos para multimistura, etc. • A política de pesquisa e extensão: O Pólo Sindical desenvolve essa política na base de alguns princípios essenciais: a valorização da agricultura familiar, a agroecologia como suporte técnico e científico, o resgate e a valorização do conhecimento dos agricultores e das agricultoras, o estímulo ao intercâmbio das experiências e à dinâmica “de agricultor para agricultor”, a inter94 relação entre saber científico e saber cultural do povo para construção de novos conhecimentos, a sistematização e comunicação dos acúmulos técnicos e o papel dos agricultores e das agricultoras experimentadores, sujeitos na construção de um projeto de desenvolvimento territorial sustentável. Todas essas experiências comprovam que o território possui um diferencial no que refere-se ao capital social, embora também existam aquelas organizações criadas, por força de alguma programa ou para receber um determinado recurso, estas, não se sustentam, provocando perdas significativas nos processos de organização e credibilidade. PROPOSIÇÕES PARA O TERRITÓRIO Quando se fala em dinamização da economia, esta não se resume a ações meramente produtivas na nossa compreensão envolve uma gama de ações vinculadas que se cruzam para a obtenção deste efeito. Neste sentido varias destas ações já estão em andamento, seja nas oficinas, na multiplicação dos conteúdos e informações, seja na vontade dos AF de superar a sua situação de misseira ou submissão, e nas próprias dinâmicas já existentes no território . Neste sentido podemos enumerar abaixo ações que devem ser mais aprofundadas e discutidas, principalmente do ponto de vista de sua pertinência e momento para sua aplicação, funcionalidades e resultados a serem proporcionados com a sua impelemtnação. 10.1 - BANCO DE DADOS DA AGRICULTURA FAMILIAR. 10.2 – REFORÇO AS INICIATIVAS DE COMERCIALIZAÇÃO. 10.3 – INSTITUCIONALIDADE REFERÊNCIA PRÓPRIA / DIVULGAÇÃO. 95 TERRITORIAL / LOGOMARCA. 10.4 COMUNICAÇÃO TERRITORIAL. 10.5 PROJETO DE PARCERIAS. Um projeto que deve ser pensado e se possível implementado, essa é visão que temos quando levantamos tal proposta, que pode ser justificada pela escassez e pulverização de informações sobre esse grupo em especifico, mesmo tentando agrupá-las neste estudo que também tem esse caráter. Com o desenvolvimento e uso de programa(s) específico(s) para este fim, seria bem mais fácil o entendimento de certas questões e analise das tendências. Cada entidade que atua no território tem uma forma e um programa especifico, que muitas vezes dificulta a comparação, acompanhamento e verificação de resultados além é claro de não permitir o estudo e analise da problemática, dificultando a tomada de decisões, se existe empresas de ATER governamentais ou não, estas deveriam no mínimo ter um instrumento que permitisse tal agrupamento de dados e sua disponibilização para o governo nas diferentes esferas. Não seria um projeto mas uma ação para a organização de informações que ajudassem na analise da diversidade do território e suas relações. Como já abordado na analise do subsistema de comercialização, é uma área que já conta com algumas iniciativas no território, mas no entanto não conta com uma estratégia de ação na região especificamente para ampliar este processo, existindo o desenvolvimento de algumas iniciativas neste sentido, uma feira agroecologica e um grupo de interesse do colegiado. Espaço este que deve se mais bem compreendido a nível territorial, que pode provocar, caso bem utilizado, a organização, inclusão e processos de auto-gestão de outros ou mais grupos de Agricultores Familiares nessa área, bem como a atuação e apropriação de outros canais de comercialização. Neste caso o reforço tem que ser pensado de forma mais ampla, não é possível ter apenas uma idéia é preciso torná-la funcional, com base na identificação de grupos e produtos 96 de interesse e potencial para uma organização inicial neste sentido, da maneira mais pragmática e prática possível. E também neste caso encontra-se a necessidade de equipar e formar agentes multiplicadores para atuação, sabendo-se que um banco de dados para cadastramento dos produtores e compradores, e outras funções é imprescindível, ou seja, não é possível só capacitar é preciso também instrumentaliza-los. Discutir e viabilizar a institucionalização do colegiado territorial, para que tenha uma identidade definida, representatividade e peso político no território, o que pelos últimos relatos e acontecimentos parece já acontecer, junto com uma logomarca própria que represente a Agricultura Familiar e seus produtos, agregando assim um valor social maior destes atores junto à sociedade, divulgando melhor o seu papel e importância para o desenvolvimento da região e dos pais. Uma das formas de mudar a realidade social em que se vive é através da comunicação, voltada a mobilização “Mobilizar é convocar as vontades para atuar na busca de um propósito comum, sob uma interpretação e um sentido também compartilhados” (Jose Bernardo Toro), ou seja, fortalecer o poder multiplicador dos representantes dos Agricultores Familiares participantes do colegiado territorial, para que a Política do Desenvolvimento Territorial de certo, é preciso que todos os atores territoriais estejam informados, A idéia foi discutida e aprovada no colegiado saindo vários encaminhamento; Formar uma comissão de comunicação; Buscar espaços em programas de rádios locais, para difusão das iniciativas do colegiado e esclarecimentos sobre os conceitos trabalhados. Então o que falta é a discussão e maior planejamento de ações nesse sentido, a elaboração de um projeto de comunicação territorial. Sendo necessário provocar reuniões nas bases, comunidades de Agricultores Familiares, manter programas e matérias sustentadas na participação desses atores e ter também espaços para organizações 97 representativas destes, como é o caso do próprio colegiado e outros. Trabalhar o fortalecimento das parcerias institucionais com as diversas entidades, que apóiam o processo, buscando o fortalecimento do todo e não apenas de uma ou outra cadeia produtiva, ou grupo. Provocar as Prefeituras para percepção da importância da Agricultura Familiar no desenvolvimento do município e do território como um todo. Neste ponto faz-se necessário a discussão de instrumento de formalização local destas parcerias sob o controle social, onde se mistura a função da comunicação e das pesquisas para apoiar e garantir esses acordos e parcerias. 98 CONCLUSÃO O Território da Borborema tem um processo de construção e de identidade já avançado, mas, há perspectiva de um processo de ampliação dessa organização tendo em vista a atuação das entidades e comunidades e as especificidades e as características apresentadas pelos municípios. Para que se consiga viabilizar um processo de desenvolvimento rural sustentável no Território, faz-se necessário à superação/minimização dos problemas relativos as diferenças de pensar e agir das instituições que atuam no território, o que já vem acontecendo a nível de colegiado. Destaca-se o zoneamento agroecologico em curso que vai orientar melhor na tomada de decisões com um olhar mais claro da ocupação/uso do espaço territorial dos canais de comercialização por outros grupos ou interesses, caracterizando este como um dos principais pontos a ser trabalho no que refere-se a dinamização econômica, sendo um instrumento norteador a organização produtiva, não bastando apenas ter acesso ao canal, mas, compreender toda a dinâmica existente no mercado, e a situação de cada um dos atores envolvidos, buscando a ocupação qualitativa neste espaço. Apesar dos problemas identificados, de forma geral, o “Território da Borborema” homologado pelo CEDRS, apresenta grande potencial: aptidão para a produção pecuária, de frutas, de cereais e pastagem. Em alguns municípios, há a possibilidade do uso de irrigação aumentando as possibilidades de produção, que exige um nível maior de especialização; a diversidade cultural o fato de ter a região em história como sendo o berço da agricultura familiar no estado comprova a sua importância, culinária típica, o artesanato, são potenciais, que compõem um conjunto sistêmico de atividades interligadas a este grupo, que podem com o 99 tempo e investimentos no capital social vir a gerar muitos frutos. Portanto a reforma agrária e a reestruturação fundiária; fortalecer a organização da sociedade; fortalecer os processos econômicos em bases sustentáveis; participação desenvolver democrática novos a processos consolidação políticos, da baseados Gestão Social na do desenvolvimento são os desafios postos aos atores do território, que encontram nas suas potencialidades naturais – solo, clima, recursos hídricos, belezas naturais, um forte alicerce de sustentabilidade do desenvolvimento. Para que o processo de desenvolvimento e, portanto, as mudanças aconteçam e sejam implementadas alternativas sustentáveis, faz-se necessário uma intervenção qualificada, num processo polítco-pedagógico, visando à promoção e mobilização social, construindo sinergia entre os segmentos sociais, lideranças políticas, governos (Municipal,Estadual,Federal) e segmentos econômicos, na perspectiva de desenvolver ações permanentes e estruturadoras focando as dimensões do desenvolvimento sustentável. 100 BIBLIOGRAFIA Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) – Censo Demográfico – 2000. Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) – Censo agropecuário – 1995-1996. Secretaria de Desenvolvimento Territorial (SDT) - Oficina de Formação de Agentes e Construção da Estratégia de Desenvolvimento Territorial da Borborema – Set-2003 – PB - Relatório da Oficina Empresa Paraibana de Pesquisa Agropecuária (EMEPA/PB) - Documento da Rede de Referências Cooperativa Vínculus – Plano de Trabalho e Diagnóstico do Consórcio de Segurança Alimentar e Desenvolvimento Local - CONSAD – 2004 Instituto de Desenvolvimento Municipal e Estadual da Paraíba (IDEME/PB) - Anuário Estatístico da Paraíba - 2000. Secretaria de Desenvolvimento Territorial (SDT) - Oficina de Formação de Agentes e Construção da Estratégia de Desenvolvimento Territorial da Borborema-2003; Secretaria de Desenvolvimento Territorial (SDT) Oficina de Alinhamento Conceitual, Metodológico e Articulações de Açoes Territoriais da Borborema/julho 2004; Secretaria de Desenvolvimento Territorial (SDT) - Diagnóstico da Situaçao Inicial do Território Rural - Borborema – Agosto/ 2004 Secretaria de Desenvolvimento Territorial (SDT) Oficina de Concepção Básica do Desenvolvimento do Território da Borborema / Dez 2004 Relatórios e Apontamentos das Oficinas. Fórum de Desenvolvimento Sustentável do Território da Borborema – Apontamentos para o Plano Estadual para Desenvolvimento da Apicultura Familiar PPA-PB 2005/2007- no 2004. 101