CIÊNCIA EQUATORIAL
Artigo Original
ISSN 2179-9563
Volume 2 - Número 1 - 1º Semestre 2012
ANALISE PRELIMINAR QUALITATIVA FITOQUÍMICA E DO POTENCIAL
ANTIMICROBIANO DO EXTRATO BRUTO HIDROALCOÓLICO DE CASCA DE
Bertholletia excelsa HUMB. & BOMPLE (LECYTHIDACEAE) FRENTE A
MICRORGANISMOS GRAM-POSITIVO
Anderson Luiz Pena da Costa 1; Marília Bastos Campos2; Larissa Paula Jardim de Lima Barbosa3; Roberto Messias
Bezerra4; Flávio Henrique Ferreira Barbosa5
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo realizar a pesquisa fitoquímica das classes de metabolitos secundários presentes no
extrato bruto hidroalcoólico de casca de Bertholletia excelsa, assim como analisar pelo método de difusão em disco se
há atividade antimicrobiana no extrato bruto, sendo detectados nele a presença de ácidos orgânicos, açucares redutores,
fenóis e taninos, heterosídeos antociânicos, depsídeos e depsidonas. Havendo significante atividade antimicrobiana, na
qual dos microrganismos testados, o mais susceptível ao extrato foi o Staphylococcus aureus ATCC 6538, seguido pelo
Enterococcus faecalis ATCC 29212, sendo o menos susceptível o Staphylococcus epidermidis ATCC 12228.
Palavras-chave: Bertholletia excelsa, Análise fitoquímica, Antimicrobiano.
PRELIMINARY PHYTOCHEMICAL AND QUALITATIVE ANALYSIS OF ANTIMICROBIAL
ACTIVITY OF BARK HYDROALCOHOLIC TINCTURE OF Bertholletia excelsa HUMB. &
BOMPLE (LECYTIDACEAE) AGAINST TO GRAM-POSITIVE MICROORGANISMS
ABSTRACT
This study aimed to search phytochemical classes of secondary metabolites present in the hydroalcoholic extract of
Bertholletia excelsa bark, as addressed by the disk diffusion method is the existence of antimicrobial activity. Being
detected in hydroalcoholic the presence of organic acids, reducing sugars, phenols and tannins, antocianic heterosides,
and depsides depsidones. And having significant antimicrobial activity, in which the microorganisms tested, the extract
was more susceptible Staphylococcus aureus ATCC 6538, followed by Enterococcus faecalis ATCC 29212 being less
susceptible Staphylococcus epidermidis ATCC 12228.
Keywords: Bertholletia excelsa, Phytochemistry analysis, Antimicrobial.
INTRODUÇÃO
O desenvolvimento de fármacos
eficientes no combate a infecções bacterianas
revolucionou
o
tratamento
medico,
ocasionando em uma redução significativa
das taxas de morbidade e mortalidade,
permitindo grandes progressos na medicina.
Entretanto o mau uso desses fármacos leva
ao aparecimento de bactérias resistentes, que
acumulam se e disseminam se, aumentando
as complicações clínicas e o tempo de estadia
hospitalar e custos, impondo grandes
limitações às opções para o tratamento de
infecções bacterianas (CM., MS., 2004).
Representando uma grande ameaça a saúde
pública, pois atualmente a questão das
bactérias multirresistentes é crescente em
todo o mundo, sendo esta resistência
observada desde a introdução dos
antibióticos de uso clínico, na qual as
bactérias têm desenvolvido meios de
proteção através de diferentes mecanismos de
resistência (UENE, M.; JORGE, A.O.C.,
2002). Podendo essa proliferar se
rapidamente através de transferência
genética, afetando outros microrganismos,
principalmente bactérias gram positivas
como Enterococcus spp, Staphylococcus spp
e Streptococcus spp (SILVEIRA, G.P.;
NOME, F.; GESSER, J.C.; SÁ, M.M.;
TERENZI, H., 2006).
Sendo a pesquisa e desenvolvimento
de novos antimicrobianos um processo lento
e muitas vezes sem resultado garantido.
Porém uma das formas mais antigas de
pratica medicinal da humanidade é o uso de
extratos vegetais, na qual a comunidade
cientifica vem direcionando esforços a
estudos de atividades biológicas de diversas
plantas medicinais, devido à descoberta de
substâncias ativas, que, seja em seu estado
natural ou após sofrem processos de
transformação
química,
apresentam
interessantes atividades biológicas, que
muitas vezes já são confirmadas por meio do
uso popular e comprovadas cientificamente
posteriormente (FERREIRA, F.S.; SANTOS,
S.C.; BARROS, T.F.; ROSSI-ALVA, J.C.;
FERNANDES, L.G, 2011) na qual as
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espécies vegetais para o uso medicinal
possuem não só importância biológica, mas
também cultural, onde não só as populações
tradicionais utilizam esses vegetais como
recurso terapêutico, mas também as
populações urbanas, sendo essas plantas
comercializadas em feiras livres, mercados
populares e ou cultivadas em fundo de
quintal. Representando para o Brasil, um país
com uma grande extensão territorial que
abriga uma variedade enorme de biomas e
ecossistemas com muitas peculiaridades, a
pesquisa de tal natureza essencial, devido ao
grande potencial genético e também para o
desenvolvimento de novas drogas, assim
como fonte de recursos financeiros, através
da sua comercialização para o resgate e
fortalecimento da identidade cultural e como
acesso primário à saúde de muitas
comunidades (FERREIRA et al, 2011; DA
SILVA, 2006; COUTINHO, 2004).
Com a finalidade de pesquisar novas
substâncias com atividade antimicrobiana,
nesta pesquisa foram utilizadas cascas do
fuste da Bertholletia excelsa, que é um
membro de grande porte da família
Lecythidaceae, que ocorre nos Estados
brasileiros do Acre, Amazonas, Amapá, Pará,
Roraima, e Rondônia, assim como em boa
parte do Maranhão, Tocantins e do Mato
Grosso e parte da Amazônia internacional.
No que se refere à produção de frutos, a
castanheira do brasil tem grande importância
social na região amazônica, já que a quase
totalidade da produção é exportada, tendo
como principais consumidores os Estados
Unidos, Alemanha e Inglaterra, enquanto que
o mercado doméstico é um percentual muito
pequeno do mercado consumidor total
influenciado pelos preços internacionais e
níveis de renda local. (FELBERG, I., et al,
2004; DIAS, J.S.A.; PINTO, P.V.S.;
COSTA, A.L.P.; RODRIGUES, W.C.;
RAMOS, R.S. 2011).
Possui um grande valor nutricional,
devido ao alto teor de ácidos graxos
insaturados,
monoinsaturados
e
polinsaturados. Representando também uma
fonte de proteínas e aminoácidos,
principalmente os sulfurados (aminoácidos
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essenciais) como a metionina que apresenta
uma concentração alta na castanha do Brasil,
assim como vitaminas e minerais, não sendo
encontradas concentrações significativas de
carboidratos (FELBERG, I., et al, 2004).
Sendo a parte botânica analisada
portadora de um grande potencial
antimicrobiano que precisa ser analisado
mais amplamente.
MATERIAL E MÉTODOS
Preparo do Extrato
O extrato hidroalcoólico de casca de
Bertholletia excelsa foi cedido pelo
laboratório de Absorção Atômica e
Bioprospecção da Universidade Federal do
Amapá, já preparado, macerado em etanol e
filtrado. Sendo a metodologia utilizada pelo
laboratório a mesma utilizada por Gonçalves
(2007): Inicialmente foi feita a triagem das
cascas que foram utilizadas para preparar o
extrato, que foram limpas com água destilada
estérea e depois desidratadas em estufa a
50°C até obter se uma umidade padrão de
20%, procedendo com a trituração e em
seguida maceração do material que foi
misturado a um volume de 1000 mL de
etanol (C2H5OH) 70% em uma titulação de
20% (p/v), sendo esta solução estocada à
temperatura ambiente por 25 dias e depois
filtrada, e então a partir dela o extrato bruto
foi produzido, com a utilização do rota
evaporador a 50°C, que eliminou o solvente e
concentrou o extrato utilizado no screening
fitoquímico e nas analises antimicrobianas
armazenado em frascos âmbar em geladeira à
aproximadamente 10°C até que se iniciassem
os ensaios seguintes
Pesquisa
de
Metabolitos
Secundários
A metodologia utilizada na pesquisa
de metabolitos secundários seguiu o
protocolo proposto por Barbosa et al (2001) e
a metodologia adotada por Carvalho et al
(2008).
Ácidos Organicos
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Para a detecção de ácidos orgânicos,
dissolveu se alguns miligramas do extrato
seco em 5 mL de água destilada e em seguida
filtrou se a solução. Sendo adicionado ao
filtrado 2 mL do reativo de Fehling A e gotas
do reativo de Reativo de Pascová. Sendo a
descoloração do reativo indicativo de reação
positiva.
Açucares Redutores
Na pesquisa de açucares redutores no
extrato hidroalcoólico de casca de
Bertholletia excelsa, dissolveu se alguns
miligramas do extrato seco em 5 mL de água
destilada, filtrando se a solução e em seguida
adicionando a o filtrado 2 mL do reativo de
Fehling A e 2mL do reativo de Fehling B,
sendo a solução aquecida em banho Maria
por 5 minutos.
A reação é positiva se houver a
formação de um precipitado de cor vermelho
tijolo, o que indica a presença de açúcares
redutores.
Polissacarídeos
Polissacarídeos podem ser detectados
com uso de lugol, que possui a capacidade de
formar complexos com as molecular de
polissacarídeos, sendo adicionado ao extrato
seco solubilizado em 5 mL de água destilada
gotas de lugol, que indicam a presença desse
grupo
de
macromoléculas
com
o
aparecimento de uma coloração azul intensa.
Fenóis e Taninos
Na detecção dessa classe de
compostos, utilizou se algumas gotas de
solução alcoólica de FeCl3 a 1% adicionadas
a alguns miligramas do extrato solubilizado
em água destilada. Sendo o indicativo de
reação positiva o surgimento de coloração
entre o azul e o vermelho (indica presença de
fenóis) e precipitados de tonalidade azul
(presença de taninos pirogálicos) e verde
(presença de taninos catéquicos).
Flavonóides
Para analise da presença de
flavonoides, dissolveu se alguns miligramas
do extrato seco em 10 mL de metanol, sendo
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esta solução filtrada e adicionado ao filtrado
15 gotas de HCl concentrado e em seguida
alguns miligramas de oxido de magnésio.
Sendo o ensaio positivo quando ocorre o
surgimento de coloração rósea na solução.
Alcalóides
Alguns miligramas do extrato seco
foram solubilizados em 5 mL de HCl a 5%,
sendo separados em seguida 1 mL da solução
acima em 4 tubos de ensaio. Sendo
adicionado no primeiro tubo o reativo de
Bouchardat, que indica a presença de
alcaloides caso ocorra a formação de
precipitado laranja avermelhado. Ao segundo
tubo de ensaio foi adicionado o reativo de
Drangendorff, sendo a reação positiva para
alcaloides se houver formação de um
precipitado vermelho tijolo. No terceiro tubo
foi adicionado o reativo de Mayer e no
quarto o reativo de Bertrand, sendo ambos de
reação positiva a formação de precipitado de
cor branca.
Purinas
Na pesquisa para detecção de purinas,
utilizou se um capsula de porcelana, onde foi
depositado alguns miligramas do extrato seco
e adicionado em seguida 3 gotas de HCl 6N e
duas gotas de H2O2 30%, sendo em seguida
evaporado em banho Maria e devendo formar
um resíduo corado de vermelho, a qual é
adicionado 3 gotas de NH4OH 6N. Sendo a
reação positiva caso surja uma coloração
violeta.
Esteroides e Triterpenoides
Para a detecção de esteroides e
triterpenóides, utilizou se alguns miligramas
do extrato seco, que foi solubilizado em 10
mL de clorofórmio, filtrado sobre carvão
ativado, e ao filtrado adicionado 1 mL de
anidrido acético, agitado suavemente e em
seguida adicionado três gotas de H2SO4,
agitado novamente e depois observado se
houve um rápido desenvolvimento de cores
variantes entre o azul evanescente e o verde
persistente, que indicam reação positiva.
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Depsídeos e Depsidonas
Na detecção dessas classes de
metabolitos secundários, dissolveu se alguns
miligramas do extrato seco em 5 mL de éter
etílico, que foi evaporado em banho Maria e
em seguida adicionado 3 mL de metanol,
juntamente com 3 gotas de FeCl3. A
formação de coloração azul, verde, ou cinza
caracteriza reação positiva.
Antraquinonas
Para a detecção de antraquinonas,
dissolveu se alguns miligramas do extrato
seco em 5 mL de tolueno, que foi filtrada e
em seguida adicionado 2 mL de solução de
NH4OH a 10%. Sendo o surgimento de
coloração rósea, vermelha ou violeta na fase
aquosa indicativo de reação positiva.
Heterosídeos Antocianicos
Na detecção desta classe de
metabolitos secundários, foi solubilizado
alguns miligramas do extrato seco em 5 mL
de água destilada e colocados em tubos de
ensaio (3), na qual o primeiro foi acidificado
com ácido sulfúrico até atingir o pH 1, o
segundo alcalinizado com hidróxido de
amônia até o pH 10 e o terceiro neutralizado.
Sendo o aparecimento de diferentes
colorações indicativo de heterosídeos
antociânicos.
Heterosídeos Saponicos
Para a análise de heterosídeos
saponicos, foram utilizados os mesmos tubos
de ensaio utilizados na analise de
heterosídeos antociânicos, sendo estes
agitados energicamente por 5 minutos e
deixados em repouso por 30 minutos. Sendo
a presença de saponinas confirmadas se
houver a formação de espuma maior ou igual
a um centímetro.
Teste de Atividade Antimicrobiana
Para a realização do teste foram
preparadas diluições três diluições (25
mg/mL, 50 mg/mL e 100 mg/mL) do extrato
hidroalcoólico a partir de uma solução inicial
com concentração de 1g/mL em DMSO,
sendo essas diluições transferidas com o uso
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de pipetas para placas de Petri contendo
discos de papel filtro estéreos com 6 mm de
diâmetro, que foram impregnados com 10µL
das diferentes concentrações do extrato.
Os microrganismos que foram
utilizados para avaliar a ação antimicrobiana
do extrato bruto foram Staphylococcus
aureus (ATCC 6538), Enterococcus faecalis
(ATCC 29212) e Staphylococcus epidermidis
(ATCC 12228). Todos cocos gram positivos,
inoculados inicialmente em ágar sangue de
carneiro para obtenção de células novas, com
a qual foi preparada suspensões microbianas
calibradas em 0,5 na escala McFarland
contendo aproximadamente 108 unidades
formadoras de colônia, que foi inoculada em
ágar Mueller Hinton de forma a obter se um
inoculo uniforme com o uso de swabs
estéreos, sendo colocado sobre o meio três
discos impregnados com as concentrações
testes, um controle negativo (DMSO) e os
controles
positivos
(Vancomicina
e
Oxacilina)
com
uma
distancia
de
aproximadamente um centímetro da parede
da placa (150 mm contendo 40 mL de Agar
Müeller Hinton), com cuidado para não
danificar o meio, Sendo em seguida as placas
incubadas em estufa bacteriológica a 35ºC
durante 24 horas. Sendo esta técnica
empregada para analisar qualitativamente a
atividade antimicrobiana de substâncias e ou
compostos a serem testados, desenvolvida
por Bauer (1966) e padronizada pela
National Comittee for Clinical Laboratory
Standart
(2003),
conforme
SOUZA,
L.B.F.C.; SOARES, A.D.; COSTA, J.G.Ç
MEDEIROS, K.S.; MELO, M.C.N. 2012;
BIASI,
B.;
GRAZZIOTIN,
N.A.;
HOFMANN-JR, A., 2009 e VICTORIA,
F.N.; PERIN, G.; JACOB, R.; LENARDÃO,
E.J.; SILVA, W.P.; GOLDEBECK, J.C.,
2009.
RESULTADOS
Os ensaios fitoquímicos realizados
indicaram a presença de quatro classes de
metabolitos secundários no extrato bruto
hidroalcoólico de casca de Bertholletia
excelsa, sendo os resultados positivos para
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ácidos orgânicos, açucares redutores, fenóis e
taninos,
heterosídeos
antociânicos
e
depsídeos e depsidonas, conforme os itens
mostrados na tabela 1 as outras classes de
metabolitos pesquisados.
Tabela 1. Resultados da triagem fitoquímica
Classe de Metabolito Secundário
Resultado
+

Ácidos Orgânicos
+

Açucares Redutores

Polissacarídeos
+

Fenóis e Taninos

Flavonóides

Alcalóides

Purinas

Esteroides e Triterpenoides
+

Depsídeos e Depsidonas

Antraquinonas

Saponinas Espumídicas
+

Heterosídeos Antociânicos
Nas
analises
de
atividade
antimicrobiana feitas com o extrato bruto
hidroalcoólico de casca de Bertholletia
excelsa pelo método de difusão em discos, os
dados obtidos foram submetidos ao t-teste
pelo programa estatístico BioEstat 3.0®, na
qual os ensaios demonstraram atividade
bacteriostática e bactericida em todas as
concentrações, uma vez que formaram se
halos de inibição microbiana, na qual
percebeu se que o desenvolvimento de
bactérias ao redor do halo mais novas que as
que se desenvolveram mais afastadas dos
discos impregnados com o extrato e dos
controles positivos, possuindo também ação
bactericida em concentrações mais elevadas,
sendo esta constatada devido a presença de
um halo de inibição total dos microrganismos
ao redor dos discos, continuado pelo halo
onde notou se a ação bacteriostática do
extrato.
Com relação aos controles positivos,
um antibiótico pertencente a classe dos
glicopeptídeos e outro dos beta lactâmicos,
respectivamente vancomicina e oxacilina,
observou se uma grande resistência quando
testado contra Enterococcus faecalis (ATCC
29212),
diferentemente
dos
outros
microrganismos testados, sendo estes:
Staphylococcus epidermidis (ATCC 12228) e
Página 30
Staphylococcus aureus (ATCC 6538), na
qual os halos com maiores diâmetros obtidos
foram os do Staphylococcus aureus.
Tabela 2. Valores de diâmetros de zonas de
inibição (mm) dos antibióticos diante de
microrganismos gram positivo
Antibiótico
E.
S.
S. aureus faecalis - epidermidis 6538
29212
12228
Van
Oxa
0,0
0,0
19,50
19,75
21,44
26,70
E dentre microrganismos testados
com o extrato bruto, o mais susceptível ao
extrato foi o Staphylococcus aureus ATCC
6538 (figura 3), seguido pelo Enterococcus
faecalis ATCC 29212 (figura 1), na qual o
Staphylococcus epidermidis ATCC 12228
(figura 2) foi o que apresentou os menores
halos de inibição microbiana. Sendo que
todas as concentrações testadas contra
Enterococcus faecalis mostraram atividade
superior
aos
controles
positivos
(Vancomicina e Oxacilina). Os valores de
diâmetros obtidos no teste de atividade
antimicrobiana com o extrato bruto
hidroalcoólico de casca de Bertholletia
excelsa são mostrados na tabela 3 abaixo.
Figura 2. Teste de difusão em Staphylococcus
epidermidis ATCC12228
Figura 3. Teste de difusão em
Staphylococcus aureus ATCC 6538
Figura 1. Teste de difusão em
Enterococcus faecalis ATCC 29212
disco
com
com
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disco
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Tabela 3. Valores de diâmetros de zonas de inibição das concentrações do extrato diante de microrganismos
gram positivos
Concentração E. faecalis – ATCC 29212 S. epidermidis –ATCC 12228
S. aureus - ATCC 6538
MA
DP
13,05
0,8
25mg/mL
19,13
0,2
50mg/mL
18,82
0,8
100mg/mL
MA Média aritmética; DP Desvio Padrão
MA
9,77
10,70
12,98
DISCUSSÃO
Dos microrganismos testados, os do
gênero Staphylococcus spp apresentaram
alguma sensibilidade aos antibióticos,
enquanto a cepa de Enterococcus faecalis
(29212) apresentou se extremamente resistente
tanto a vancomicina quanto a oxacilina, sendo
essa resistência uma capacidade adquirida pela
bactéria, por mutação e pressão seletiva, uma
vez que na literatura não conta que esse gênero
ou espécie apresente resistência primaria de
cepas não mutantes especificamente contra as
classes de drogas testadas. Fenômeno que
ocorre naturalmente e tem se tornado muito
interessante à comunidade cientifica, uma vez
que se trata de um sério problema de saúde
pública que dificulta tratamentos médicos,
aumenta o tempo de internação de pacientes,
aumentando também consequentemente os
índices de mortalidade e morbidade, assim
como um maior risco de infecções dentro de
comunidades (CM., MS, 2004).
O extrato bruto hidroalcoólico de casca
de Bertholletia excelsa apresentou uma
significativa atividade antimicrobiana contra
os microrganismos testados, sendo esta
atividade provavelmente relacionada com a
presença de substâncias fenólicas no extrato,
que segundo a literatura, possuem a
capacidade de complexar se a proteínas
extracelulares da membrana bacteriana,
provocando sua morte. Sendo a presença de
tais substâncias evidenciada pelo screening
fitoquímico realizado. Ressaltando a presença
de fenóis e taninos, que são compostos com
considerável toxicidade, que segundo estudos
anteriores, demonstram que várias bactérias
são sensíveis a polifenóis como taninos, uma
vez que possuem uma grande afinidade por
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DP
0,8
0,4
0,2
MA
17,47
18,90
23,14
DP
0,5
0,6
0,6
proteínas que desempenham importantes
atividades, como enzimas tornando as inativas,
impedindo dessa forma o crescimento de
alguns microrganismos ocorra, possuindo
também a capacidade de formar complexos
metálicos com o ferro, vanádio, magnésio,
alumínio e cálcio, resultando em uma menor
disponibilidade de íons para o metabolismo
microbiano. Sendo a inibição do crescimento
dos microrganismos testados constatada no
ensaio de difusão em discos, na qual houve
tanto
atividade
bactericida
quanto
bacteriostática. Não devendo ser descartada a
atividade antimicrobiana como decorrência da
presença de outras classes de metabolitos,
umas vez são pouco relatados o estudo que
demonstrem essa atividade como em
flavonoides, catequinas e terpenos (SERAFIN,
C.; NART.V.; MALHEIROS, A.; GETTE,
M.A.; ZACCINO, S.; FILHO, V.C, 2007;
JESUS, R.P.F.S.; COSTA, M.R.M.; BASTOS,
I.V.; COUTO,G.B.L.; VIEIRA, P.; SOUZA,
I.A., 2010; FERREIRA, F.S.; SANTOS, S.C.;
BARROS,
T.F.;
ROSSI-ALVA,
J.C.;
FERNANDES, L.G, 2011).
Há também a possibilidade de outras
substâncias presentes na planta, que não foram
analisadas, ou mesmo das classes que foram
identificadas serem responsável pela atividade
observada atuando em sinergismo, onde um ou
mais componentes do extrato com propriedade
antimicrobiana pode ter se agregado a um
elemento químico do extrato, beneficiando ou
inibindo metabolicamente o crescimento
bacteriano, ou inibindo a ação antimicrobiana
da molécula (FERREIRA, F.S.; SANTOS,
S.C.; BARROS, T.F.; ROSSI-ALVA, J.C.;
FERNANDES, L.G, 2011). Entretanto essa é
uma possibilidade que precisa ser analisada
mais afundo, uma vez que os tamanhos dos
halos de inibição observados aumentavam de
Página 32
acordo com o aumento da concentração, não
havendo formação de halos maiores em
concentrações menores ou de tamanho muito
discrepante variando entre as concentrações.
Frente ao grande problema que a
resistência bacteriana representa para a saúde
pública, a pesquisa de novos agentes
antimicrobianos eficazes para o tratamento de
infecções se faz extremamente necessária.
Sendo a casca da Bertholletia excelsa
portadora de diversas substâncias com
potencial para uma futura aplicação clínica
farmacológica humana ou veterinária caso
estudos pré-clínicos provem o contrario.
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UNIFAP,IEPA e Embrapa Amapá, 6ª Mostra
de TCC’s e 2ª Exposição de Pesquisa
Científica,realizados em Macapá-AP, Espécies
fúngicas associadas à castanha-do-Brasil
(Bertholletia excelsa Humb.& Bompl) em
área de transição de cerrado na Reserva
xtrativista do Rio Cajari, AP, p 238, 2011.
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1 – Anderson Luiz Pena da Costa, Acadêmico do Curso
de Bacharelado em Ciências Biológicas da UNIFAP.
2 – Marília Bastos Campos, Acadêmico do Curso de
Bacharelado em Ciências Farmacêuticas da UNIFAP.
3 – Larissa Paula Jardim de Lima Barbosa, BSc,
Bióloga / Especialista
Real Biológica Ltda.
4 – Prof. Roberto Messias Bezerra, PhD
Químico / Professor Adjunto I
Colegiado Ciências Farmacêuticas
Universidade Federal do Amapá – UNIFAP
5 – Prof. Flávio Henrique Ferreira Barbosa, PhD
Biólogo / Professor Adjunto I
Colegiado Ciências Farmacêuticas
Universidade Federal do Amapá – UNIFAP
[email protected]
SILVEIRA, G.P.; NOME, F.; GESSER, J.C.;
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Cromossomal de Staphylococcus aureus
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Caracterização Físico-Química, Nutricional e
Aceitabilidade do Consumidor, Alim. Nutr.,
Araraquara, v. 15, n. 2, p. 163-174, 2004
Ciência Equatorial, Volume 2 - Número 1 - 1º Semestre 2012
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