UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA FACULDADE DE ENGENHARIAS, ARQUITETURA E URBANISMO. CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ANO 2014 SULFONAÇÃO DE POLIESTIRENO Estudantes: Bianca Pinheiro de Sousa Gislaine Abrantes Nunes Professor Orientador: Mônica D.V.D.C.T. Barbosa São José dos Campos 2014 RESUMO Devido a crescente utilização de materiais produzidos a partir de plásticos ocorre o aumento significativo de pesquisas e desenvolvimento de metodologias que reciclem tais produtos, sendo por meios tanto físicos quanto químicos para tais reciclagens. Copos descartáveis feitos com base de poliestireno possuem um grande tempo de degradação na natureza, cerca de 150 anos. A fim de amenizar o impacto ambiental causado pelo uso de tal produto o presente trabalho executou um procedimento experimental de transformação química que permite a produção de um polieletrólito a partir da sulfonação de copos descartáveis com base de poliestireno. O polieletrólito formado pode ser utilizado como um agente coadjuvante na floculação em processos de tratamento de água, reduzindo assim consideravelmente sua turbidez. PALAVRAS-CHAVE: tratamento de água; reciclagem; poliestireno. 2 ABSTRACT Due to increasing use of materials made from plastics is the significant increase in research and development of methodologies to recycle such products, and for both physical and chemical means for such recycling. Disposable cups made with polystyrene base have a great degradation time in nature, about 150 years. In order to mitigate the environmental impact of the use of such a product this work experimental procedure performed a chemical transformation which allows the production of a polyelectrolyte from the sulfonation of polystyrene cups with base. The formed polyelectrolyte may be used as an adjunctive agent in flocculation in water treatment processes, thereby considerably reducing turbidity. KEYWORDS: water treatment; recycling; polystyrene. 3 INTRODUÇÃO Resíduos Sólidos Considera-se como resíduo todo o rejeito gerado tanto por processos de produção quanto por transformação de bens de consumo. Levando em consideração a abrangência do conceito de resíduos faz-se necessária a classificação dos mesmos, de acordo com suas principais características. A primeira classificação feita é em relação ao estado em que o resíduo é descartado na natureza, podendo ele ser sólido ou líquido. Após esta primeira separação, classifica-se ainda o resíduo quanto a sua fonte geradora, podendo ser ela uma urbana, industrial, de serviço ou saúde, rural e especial. De forma legal, no Brasil, o termo “Resíduos Sólidos” é definido pela Política Nacional de Resíduos Sólidos de acordo com o artigo 3º, descrito da seguinte forma: Lei 12.305/2010 Art. 3° Inciso XVI - Resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível [1]. Com a crescente geração de resíduos, faz-se necessária uma regulamentação de como e onde o descarte destes resíduos deve ser realizado. Entende-se ainda que sempre que possível o resíduo deve ser reutilizado, uma vez que quando isto não for mais possível ou viável, deve-se realizar a transformação deste material, podendo tal transformação ser de forma física ou de forma química. Todas as regulamentações e normas que relacionadas a resíduos tem como principal objetivo amenizar o impacto que estes resíduos geram ao meio ambiente. No Brasil, são produzidos hoje cerca de 149 mil toneladas de resíduos sólidos, sendo que destes apenas 9% são efetivamente reciclados. A reciclagem tem por finalidade auxiliar na diminuição do impacto ambiental, uma vez que tal processo gera seus próprios efeitos, como qualquer outra atividade industrial, consumindo também água e energia. O aspecto que valoriza a reciclagem é a diminuição gritante do volume de descarte, o que influencia de 4 forma indireta no custo de produtos. A reciclagem surgiu para reintroduzir no sistema uma parte da matéria, e da energia, que se tornaria lixo [2,3]. Reciclagem dos Plásticos O termo “plástico” é de origem grega “Plastikos”, que tem por significado “próprio de ser moldado e modelado”. Na linguagem química, pode-se dizer que plástico é o material cujo constituinte fundamental é um polímero (formado por diversos monômeros) podendo ser de caráter orgânico e sintético, sólido em sua condição final (como produto acabado) e que em alguma fase de sua produção foi transformado em fluido, adequado à moldagem por ação de calor e/ou pressão [4]. A matéria-prima básica para a produção de polímeros é o petróleo. Em função do uso tão difundido dos plásticos, grande parte do lixo que produzimos diariamente é composta deste material. Eles se decompõem lentamente e vêm acarretando sérios problemas ambientais. Tem sido necessária a criação de novos aterros sanitários cada vez maiores, e, portanto, mais distantes dos centros urbanos, para acolher o impressionante volume de lixo que é produzido diariamente. Embora, nos últimos anos, várias iniciativas tanto técnicas (uso de polímeros biodegradáveis), quanto educativas (coleta seletiva, reciclagem entre outros), têm sido propostas visando minimizar este tipo de problema [5]. A produção de plástico representa um grande avanço tecnológico para a indústria química e da sociedade. Dentre todos os motivos envolvidos para a substituição de diversos materiais por plásticos, pode-se citar: baixo custo de produção, materiais mais leves e de mais fácil manuseio [2]. Estima-se que atualmente são produzidos mundialmente cerca de 200 milhões de toneladas de plástico por ano. Mas, o que determina a utilização ou não de um material são as suas propriedades, sua relação custo/benefício, a estética, a eficiência, a durabilidade, entre outras. Para atender às necessidades e exigências da sociedade moderna iniciou-se o que se pode chamar de “Revolução dos Materiais” e consequentemente o que se vive hoje, a “Era do Plástico”. A busca por polímeros cada vez mais resistentes e de baixo custo são desafios constantes para pesquisadores, empresas e sociedade em geral [3]. O plástico é o resíduo que leva maior tempo para se degradar na natureza, são em média 500 anos para a decomposição de sacolas plásticas, 450 anos para fraldas descartáveis, 400 5 anos para embalagens de bebidas, 150 anos para tampas de garrafas, 50 anos para copos plásticos e 150 anos para o poliestireno expandido ou EPS. Os tipos de plásticos mais encontrados no descarte domiciliar são: Policloreto de Vinila, o PVC; Politereftalato, o PET; Polietileno de Alta Densidade, o PEAD; Polietileno de Baixa Densidade, o PEBD; Polipropileno, o PP e o Poliestireno o PS. Estima-se que o mundo utilize um milhão de sacolas plásticas por minuto [6]. Outro ponto a ser observado é a composição deste plástico, pois para uma eficiência do sistema de reciclagem é interessante a utilização de embalagens que sejam compostas pelo menor número possível de resinas diferentes, bem como, que se evite uso excessivo de materiais com rótulos adesivos, aditivos, dentre outros contaminantes [7]. A taxa de crescimento anual de reciclagem de plástico no Brasil, de 2003 a 2007, foi de 9,2%, sendo que, em 2007, o PET foi o mais reciclado, seguido do PEBD, PEAD, PP, PS, PVC e outros. Apesar das dificuldades de gestão, especialmente na triagem e descontaminação dos resíduos, há um crescimento da indústria de reciclagem de plástico no Brasil. A Figura a seguir ilustra a Distribuição dos Segmentos de Mercado da Pesquisa IRMP – Índice de Reciclagem Mecânica de Plástico no Brasil – de 2007 [7]. Fonte: Adaptado de Plastivida, 2008 – por cpla/sma, 2010. Figura 1 - Distribuição dos segmentos de mercado da IRMP no Brasil. 6 Pouco mais da metade do consumo de recicláveis plásticos está no setor de bens de consumo semi e não-duráveis (52,3%), em segundo lugar vem os bens de consumo duráveis, com 18,7% [7]. Polímeros e Poliestireno: Alternativas Disponíveis Os polímeros são os materiais que possuem a maior contribuição para o impacto ambiental, pois vêm gradativamente substituindo materiais como vidros e metais devido a sua baixa densidade e propriedades físicas e químicas versáteis, bem como o seu baixo custo de produção [2,5]. O poliestireno é obtido através da polimerização do estireno realizada por um mecanismo de reação via radicais livre, sendo que esta polimerização pode ser em massa (que é o mais moderno) ou em suspensão. O estireno depois de passar pela torre de Alumina vai para os reatores em série junto com os aditivos e iniciadores (sendo o mais utilizado os peróxidos), na qual ocorre a reação de polimerização [3,5]. O poliestireno faz parte desta grande família de polímeros, é um homopolímero resultante da polimerização do monômero de estireno. Trata-se de uma resina do grupo de termoplásticos, cuja característica reside na sua fácil flexibilidade ou moldabilidade quanto exposto a ação do calor, que a deixa em forma líquida ou pastosa. Possui boas propriedades mecânicas e isolantes sendo empregado em vários setores como na produção de materiais descartáveis sendo eles: copos, pratos, bandejas, proteção para equipamentos eletrônicos e espumas para embalagens e proteção. Devido ao elevado consumo de poliestireno, o destino final observado para estes materiais são aterros e lixões, uma vez que este raramente é reciclado em sua forma original. Isto ocorre, pois o processo de reciclagem não possui ainda um retorno financeiro viável uma vez que a resina virgem possui baixo custo [3,5]. Uma das formas de aproveitar o descarte de poliestireno é através da transformação química do mesmo, produzindo assim, uma matéria prima para outro processo. A sulfonação do poliestireno, por exemplo, pode levar à produção de um tipo de polieletrólito tendo este um emprego em argamassas, como aditivo, em concretos ou até mesmo como agente coadjuvante no processo de floculação de estações de tratamento de água e 7 esgoto. Tendo em vista propriedades como o caráter eletrolítico do polímero, o pH do meio e outros, sua aplicação pode variar [8]. A aplicação do polieletrólito formado a partir do processo de sulfonação do poliestireno pode ser na etapa de neutralização das cargas do tratamento de águas e efluentes. Esta etapa é de grande importância no processo, pois é ela quem permite a junção das partículas sólidas do meio auxiliando na hora da remoção das mesmas [5]. Estudos apontam que podem ser realizadas duas diferentes sulfonações do polímero para a conversão do material. Podem ser adotados dois métodos, sendo eles o método de sulfonação por rota heterogênea ou por rota homogênea. Na reação de sulfonação heterogênea o polímero sulfonado e o agente de sulfonação apresentam-se em diferentes fases. Os materiais sulfonados por esta rota estão em contato direto com ácido sulfúrico fumegante, por este motivo este é um método com maior custo e que possui menor solubilidade em hidrocarbonetos. Já a reação de sulfonação homogênea possui maior solubilidade em hidrocarbonetos que são solubilizados em solventes clorados, obtendo-se a mesma fase para inicio da reação. Por este motivo não se faz uso do ácido sulfúrico em contato direto com o material que se deseja sulfonar, barateando o custo da reação. Este também é o método mais usual na literatura. Estes dois processos possuem características distintas, sendo eles escolhidos de acordo com uma série de parâmetros desejados. Variáveis como: o nível de sulfonação desejada, qual o tipo de isômero deseja-se obter ao fim da reação, qual o rendimento em relação à quantidade de polieletrólito a ser formado, em qual situação encontra-se o polímero inicial, qual a densidade do polímero que se pretende sulfonar, entre outros, são as observações que devem ser feitas na hora da escolha da adoção do método [8]. Utiliza-se com maior frequência o método de sulfonação por rota homogênea, uma vez que este meio exige um grau de processamento físico inicial menor que o método por rota heterogênea. Outro fator que favorece a utilização da rota homogênea é o seu menor custo, pois se utiliza uma menor quantia de ácido durante este processo. A rota homogênea é basicamente a sulfonação do poliestireno solubilizado em diclorometano e o emprego do acetil sulfato, produzido pela reação do anidrido acético com o ácido sulfúrico concentrado, como agente sulfonante [8]. 8 O presente trabalho objetiva a apresentação uma nova alternativa para o fim dos descartes de copos plásticos. Outro objetivo é o estabelecimento de uma rota segura de preparo de solução de um polímero sulfonado que pode ser usado posteriormente como coadjuvante no processo de floculação no tratamento de água. Como o processo de produção é relativamente de baixa complexidade, tal método pode ser adotado como medida de cuidado para com o meio ambiente, por empresas que tem como preocupação a prática de meios sustentáveis. MATERIAS E MÉTODOS Preparação da Espécie Acetil Sulfato Preparou-se previamente a espécie de Acetil Sulfato. Tal espécie usada para sulfonação do polímero foi preparada por meio da adição de 180 mL de Ácido Sulfúrico concentrado em 270 mL de Anidrido Acético. Preparação da Solução Salina Adicionou-se em um béquer cerca de 500 mL de água destilada. Diluiu-se pouco a pouco o Cloreto de Sódio, misturando-o com auxílio de um bastão de vidro. Determinou-se que a solução estaria saturada quando não fosse mais possível a dissolução de Cloreto de Sódio no meio. Parou-se a adição do mesmo quando se observava pequenos cristais não diluídos no fundo do béquer. Sulfonação do Poliestireno Copos descartáveis Copaza Descartáveis Plásticos Ltda feitos com base de poliestireno atóxico, foram utilizados como material polimérico a ser sulfonado. Foram picados em tamanho de aproximadamente 0,5 centímetros. Diclorometano foi utilizado como agente diluente do polímero. Adicionou-se a espécie Acetil Sulfato no polímero diluído com o auxílio do balão de decantação, ajustado para adicionar gota a gota. O sistema foi colocado em banho de gelo para ser então agitado pelo período de 24 horas através de agitador magnético. Adicionou-se a solução saturada com Cloreto de Sódio, previamente preparada no 9 sistema contendo o polieletrólito disperso em solução. Realizou-se a filtração do sistema com o auxílio de um funil de vidro, papel filtro e suporte. Deixou-se que o filtrado secasse. Em um cadinho macerou-se os grânulos de polieletrólito formados para. O polieletrólito em pó foi adicionado em água turva para análises visuais. Uma parcela do pó de polieletrólito foi levada ainda para análises no infravermelho. A rota do processo principal pode ser exemplificada pela figura 2. Trituração dos copos plásticos descartáveis Dissolução dos copos plásticos descartáveis em Diclorometano Copos plásticos descartáveis diluídos: polímero diluído Adição da espécie Acetil Sulfato no polímero diluído Agitação do sistema com agitador magnético por 24 horas Formação do polieletrólito em fase líquida Adição de solução saturada com Cloreto de Sódio no polieletrólito em fase líquida Precipitação do polieletrólito Filtração do polieletrólito Secagem do filtrado Adição do eletrólito em pó formado em água turva Análises finais Figura 2 - Etapas do Processo. 10 METODOLOGIA Determinou-se que seriam necessários cerca de 10 copos plásticos para a realização do experimento. Tais copos foram lavados com água corrente e secos em temperatura ambiente. Com uma tesoura convencional foram picados os copos para imitar o processo de trituração, uma vez que a quantidade de material a ser preparado não era grande. Os copos foram picados em formato quadrado de aproximadamente 0,5 cm cada lado, pois quanto menor os fragmentos fossem picados, maior seria a superfície de contato com o solvente e de uma melhor forma ocorreria solubilização do material. Com o auxílio de uma balança analítica pesou-se cerca de 10 gramas dos fragmentos de copo descartável, como exibido na Figura 3. Tal valor foi estabelecido com embasamento teórico prévio. Figura 3 – Copos Plásticos Descartáveis Triturados. Em capela e com exaustão mediu-se em uma proveta 20 mL de Diclorometano. Adicionou-se o tal reagente no béquer contendo o plástico previamente triturado para assim realizar-se a solubilização do mesmo, como descrito na Figura 4. Agitou-se o meio com o auxílio de um bastão de vidro por 15 minutos, tal agitação faz-se necessária para parcial volatilização do diclorometano. 11 Figura 4 – Dissolução dos Copos Plásticos Descartáveis Triturados em Diclorometano. Em capela e com exaustão, realizou-se a sulfonação prévia do anidrido acético, como proposto pela reação descrita a seguir: C4 H6 O2 + H2SO4 → CH3COOH + CH3COSO3HO Para o preparo da solução sulfonante mediu-se em uma proveta 270 mL de anidrido acético, despejou-se o anidrido acético em um balão de decantação. Em outra proveta mediuse 180 mL de ácido sulfúrico concentrado. Adicionou-se de forma lenta e em banho de gelo o ácido sulfúrico no anidrido acético, uma vez que tal reação é de extrema isotermia, liberando por tanto grande quantidade de calor e gases. Despejou-se lentamente e sob agitação e controle de temperatura o acetil sulfato formado anteriormente no béquer contendo o polímero solubilizado com banho de gelo como controle de temperatura. Depois de despejado tal substância manteve-se o meio ainda em agitação por 24 horas, assim representado na Figura 5. 12 Figura 5 – Adição da Espécie Acetil Sulfato no Polímero Diluído. Durante a agitação, observou-se a formação de uma solução aparentemente viscosa de coloração marrom, surgindo ainda, alguns grumos, como pode ser observado na Figura 6. Figura 6 – Formação do Polieletrólito em Fase Líquida. Após 24 horas de agitação pode-se observar uma camada de precipitado no sistema. O precipitado e todo o sistema ainda possuíam a coloração marrom, como pode ser observado na figura 7. 13 Figura 7 – Sistema com Solução e Precipitados Marrom. Realizou-se a precipitação da solução com a adição de uma solução saturada de cloreto de sódio. Para cada 400 mL de solução com o polieletrólito adicionaram-se 400 mL de solução saturada de cloreto de sódio. A solução de cloreto de sódio não interfere diretamente no meio, sua função é apenas de aglomerar o polieletrólito formado, facilitando a filtração. Após a adição da solução salina observa-se um aumento de temperatura e a rápida precipitação do polieletrólito como demonstrado na figura 8. Figura 8 – Formação de Precipitado Após Adição da Solução Salina no Meio. Realizou-se então a filtragem da mesma, obtendo-se um filtrado ainda úmido de coloração cinza, podendo este ser observado na figura 9. 14 Figura 9 – Polieletrólito em Grânulos. Para que não ocorresse degradação do produto gerado deixou-se que o mesmo secasse em temperatura ambiente. Obteve-se depois de seco um pó marrom como pode ser observado na figura 10. Figura 10 – Polieletrólito Seco em Pó. Maceraram-se os grânulos de polieletrólito formados, que podem ser observados na figura 10, em cadinho. Realizaram-se análises de espectroscopia por infravermelho primeiramente para confirmação da presença dos grupos formados pela sulfonação. Realizaram-se ainda análises em água turva para demonstração da eficiência do polieletrólito no tratamento de águas como agente floculante/coagulante. 15 RESULTADOS E DISCUSSÃO Obteve-se por fim o polieletrólito na forma de um pó marrom quando seco, podendo este ser observado na figura 11. Figura 11 – Polieletrólito em Pó. De acordo com o embasamento teórico entende-se que durante a sulfonação do poliestireno há uma diminuição da reatividade do anel aromático do mesmo, isto ocorrendo a medida que se propaga a reação no meio. Podemos observar o desdobramento da reação a partir da figura 11 que demonstra o mecanismo e os produtos gerados por meio deste processo. 16 Figura 11 – (1) Dissociação do ácido sulfúrico. (2) Mecanismo da reação de sulfonação do anel aromático. (3) Substituição eletrofílica aromática. (4) Substituição na posição 2 do anel aromático. Relatou-se que esta reação envolve um mecanismo de reação ácida, consistindo na protonação do anidrido acético pelo ácido sulfúrico. Os radicais formados após a sulfonação podem ser observados nos picos de uma análise de espectroscopia por infravermelho, mostrando-se evidentes nas bandas em aproximadamente 3400 cm-1, como demonstrado no gráfico 1. 17 SO3- Gráfico 1 – Espectroscopia por Infravermelho da Amostra de Polieletrólito Seco em Pó. Os picos confirmam a sulfonação e evidenciam a presença do estiramento simétrico e assimétrico do grupo SO3 – nesta faixa do espectro, confirmando assim a presença da formação do polieletrólito como previsto. Confirmou-se a eficiência do polieletrólito após a realização de testes visuais de turbidez. De acordo com a figura 12 pode-se observar que houve considerável diminuição da turbidez da água quando adicionado o polieletrólito formado. Embora o mecanismo principal proposto para a ação do polieletrólito no tratamento de água seja atribuído à ação de forças eletrostáticas entre as partículas e os sítios iônicos na cadeia polimérica, outro aspecto pode estar envolvido é a massa molecular dos polímeros, que leva a uma ação conjunta entre o efeito eletrostático e o tamanho da cadeia polimérica que reúne as partículas formando flocos maiores que decantam mais rapidamente. 18 (1) Antes (2) Depois Figura 12 – Análise visual para confirmação da Eficiência do Polieletrólito. (1) Água turva antes da adição do polieletrólito. (2) Água na presença do polieletrólito. O pó produzido a partir da sulfonação do poliestireno, sendo este obtido através de copos plásticos descartáveis executa uma função de agente floculante/coagulante em sistemas de tratamento de águas sem o auxílio de outro agente. Entende-se que nada impede que o polieletrólito seja usado também na presença de outro tipo de agente floculante. Com isso pode-se considerar a existência do polieletrólito no produto final gerado. CONCLUSÃO Tornou-se possível produzir poliestireno sulfonado a partir do material pós-consumo: copos plásticos descartáveis. Devido ao elevado caráter iônico do polímero, ocorre o favorecimento do mecanismo de coagulação/floculação decorrente de um balanço entre a adsorção de partículas carregadas e a junção destas partículas na cadeia polimérica. Pode-se observar que o processo de produção do polieletrólito a partir da sulfonação do poliestireno é relativamente simples e pode ser utilizado em diversos ambientes, principalmente onde haja grande utilização de copos plásticos e uma estação de tratamento de água. Conclui-se que o custo deste tipo de processo é torna-se atrativo quando observada a sua influência no aspecto ambiental, fortificando assim a ideia da sua utilização. Tudo isso pode ser observado a partir do processo realizado e pode ser demonstrado nos resultados e discussão com suas respectivas figuras. 19 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] LEI 12.305/2010 (LEI ORDINÁRIA) 02/08/2010 - Política nacional de resíduos sólidos. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm. [2] GONÇALVES-DIAS, S. L. F.; TEODÓSIO, A. S. S.. Reciclagem do PET: desafios e possibilidades. – XXVI ENERGEP, Fortaleza, Ano: 2006. [3] CORAZZA FILHO, E. C. Termoplásticos: os materiais e suas transformações. 4 ed. São Paulo, s.n., 1995. [4] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DO PLÁSTICO. Disponível em: http://www.abiplast.org.br/site/os-plasticos. [5] SERLING, Marcos Von; Princípios do Tratamento Biológico de Água Residuárias: Introdução à Qualidade das Águas e ao Tratamento de Esgoto; Vol.: 1 3ºedição. Ed.: UFMG, Belo Horizonte-MG, Ano: 2005. [6] EIGENHEER, Emílio Maciel. Lixo e Vanitas e Morte: Considerações de um Observador de resíduos. Niterói: EdUFF, 2003. [7] FORLIN, F. S.; FARIA, J. A. F.. Reciclagem de Embalagens Plásticas. UNICAMP. Ano: 2002. [8] RODRIGUES JUNIOR, Luiz Fernando; AMADO, Franco Dani Rico; Síntese e caracterização de poliestireno sulfonado; UFRGS, Porto Alegre, RS, Ano: 2005. 20