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KELLY BRETAS VIANA HELENO
POTENCIAL DOS PROCEDIMENTOS ENDODÔNTICOS E
MATERIAIS NA DESCOLORAÇÃO: UMA REVISÃO
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
FACULDADES UNIDAS DO NORTE DE MINAS – FUNORTE
ASSOCIAÇÃO EDUCATIVA DO BRASIL – SOEBRÁS
GOVERNADOR VALADARES - MG
2014
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KELLY BRETAS VIANA HELENO
POTENCIAL DOS PROCEDIMENTOS ENDODÔNTICOS E
MATERIAIS NA DESCOLORAÇÃO: UMA REVISÃO
Monografia apresentada ao Programa de
Especialização em Endodontia – FUNORTE/
SOEBRÁS – Núcleo Governador Valadares, como
requisito parcial para a obtenção do título de
Especialista em Endodontia.
Orientador: Professor Hélio Pereira Lopes.
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
FACULDADES UNIDAS DO NORTE DE MINAS – FUNORTE
ASSOCIAÇÃO EDUCATIVA DO BRASIL – SOEBRÁS
GOVERNADOR VALADARES - MG
2014
2
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por estar sempre ao meu lado nesta difícil
caminhada. A todos aqueles que me ajudaram e acreditaram
no meu potencial, especialmente ao meu esposo Marcelo e
minha filha Bárbara, pelo incentivo e dedicação diários. Aos
meus pais (Batista e Stela), irmãos (Hérlon e Joyce), cunhado
(Alexandre) e sobrinhos (Lívia e Luca) que sempre me
receberam com carinho e estiveram presentes em cada passo
dessa conquista. Aos meus sogros (Honório e Aparecida) que
mesmo geograficamente distantes sempre me apoiaram. Aos
professores:
Adriana,
Hélio,
Márcia
e
Ridalton
pelo
acolhimento, atenção e conhecimentos passados. Aos colegas
e funcionárias do curso pela amizade e companheirismo. Aos
pacientes por terem depositado a confiança no meu trabalho e
a todas as pessoas que participaram direta ou indiretamente
desta conquista, em especial aos amigos da Prodente.
3
RESUMO
Avanços em técnicas e materiais endodônticos estão na vanguarda da pesquisa
endodôntica.
Apesar
da
contínua
melhoria,
a
descoloração
dos
dentes,
especialmente em dentes anteriores, é considerada uma consequência indesejável
após o tratamento endodôntico, pois cria um gama de problemas estéticos. Este
trabalho tem como objetivo discutir a descoloração dentária intrínseca e extrínseca
causada por procedimentos endodônticos e o potencial de descoloração dos
materiais utilizados durante o tratamento do canal, incluindo irrigantes endodônticos,
medicamentos intracanais, materiais obturadores e materiais restauradores. Além
disso, os padrões de descoloração causados por combinado endodôntico e não
endodôntico e os fatores etiológicos serão discutidos. As diretrizes recomendadas
que devem ser seguidas por dentistas para prevenir a descoloração do dente
também são descritas.
Palavras-chave:
Descoloração,
endodônticos, Revisão.
Materiais
endodônticos,
Procedimentos
4
ABSTRACT
Advances in endodontic materials and techniques are at the forefront of endodontic
research. Despite continuous improvements, tooth discoloration, especially in
anterior teeth is considered an undesirable consequence following endodontic
treatment as it creates a range of aesthetic problems. This article aims to discuss the
intrinsic and internalized tooth discoloration caused by endodontic procedures, and to
address the discoloration potential of materials used during root canal treatment,
including root canal irrigants, intracanal medicaments endodontic and postendodontic filling materials. In addition, the discoloration patterns caused by
combined endodontic and nonendodontico a etiological factors are discussed. The
recommended guidelines that should be followed by dental practitioners to prevent
and manage tooth discoloration are also outlined.
Keywords: Discolouration, Endodontic materials, Endodontic procedures, Review.
5
SUMÁRIO
1- Introdução............................................................................................................. 06
2- Revisão da Literatura............................................................................................ 09
2.1- Procedimentos endodônticos......................................................................... 09
2.1.1- Descoloração intrínseca........................................................................... 09
2.1.2- Descoloração dentária interna................................................................. 10
2.1.2.1- Irrigantes do canal radicular.............................................................. 11
2.1.2.2- Medicamentos intracanais................................................................. 15
2.1.2.3- Materiais obturadores........................................................................ 18
2.1.3- Descoloração intrínseca / interna............................................................ 21
2.2- Procedimentos restauradores........................................................................ 23
2.3- Fatores etiológicos combinados..................................................................... 24
2.3.1- Procedimentos endodônticos e restauradores combinados.................... 24
2.3.2- Descoloração combinada endodôntica / não endodôntica...................... 24
2.4 – Orientações para o tratamento..................................................................... 25
2.4.1- Correta avaliação e preparação............................................................... 25
2.4.2- Seleção da abordagem adequada do tratamento ................................... 25
2.4.2.1- Remoção da causa............................................................................ 25
2.4.2.2- Clareamento interno.......................................................................... 26
2.4.2.3 Outras opções de tratamento............................................................. 28
3-Conclusão.............................................................................................................. 29
4-Considerações finais.............................................................................................. 30
5- Referências bibliográficas..................................................................................... 31
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1 - INTRODUÇÃO
A aparência dos dentes é de particular importância com o aumento do
interesse pela estética do paciente e do dentista (Hattab et al. 1999, Sulieman 2005).
A descoloração dentária cria uma série de problemas estéticos e uma quantidade
considerável de tempo e dinheiro são investidos na tentativa de melhorar a
aparência dos dentes escurecidos. A descoloração é um fator mais significativo para
muitas pessoas na realização de um sorriso estético do que restaurar o seu
alinhamento normal dentro do arco (Sulieman 2008). Portanto, é importante que os
dentistas
tenham
conhecimento
profundo
e
compreensão
da
etiologia
e
características clínicas da descoloração dentária para selecionar o mais adequado
tratamento para cada caso (Watts e Addy, 2001).
A descoloração dos dentes pode ser classificada como intrínseca (coloração
pré e pós-eruptiva), ou uma combinação extrínseca de ambos (Hattab et al. 1999,
Plotino et al. de 2008). “Descoloração dentária interna” é outra categoria que
descreve as alterações na coloração normal dos dentes por causa de rachaduras,
cárie de dentina e restaurações dentárias (Watts e Addy 2001, Sulieman 2005,
2008) (Tabela 1). Em algumas situações clínicas, dente com descoloração da coroa
pode ser o resultado de erros operatórios endodônticos ou pós endodônticos,
atribuídos principalmente ao conhecimento adequado do potencial de descoloração
dos materiais endodônticos e restauradores, que podem ser associados a fatores
etiológicos não endodônticos (Tabela 2). Assim, esta revisão foi realizada para
identificar os procedimentos endodônticos e materiais que podem descolorir os
dentes e discutir as implicações clínicas incluindo as medidas de prevenção e
opções de tratamento.
Uma das possíveis consequências seguidas do tratamento de canal é a perda
de umidade, e isso pode alterar as propriedades de transmissão de luz dos dentes
tratados endodonticamente (Salerno 1967). Embora geralmente não relatada, se
também associada a procedimentos endodônticos impróprios, a descoloração pode
ocorrer, variando de leve a severa (Tabela 2-5).
7
Tabela 1 - Resumo dos vários fatores etiológicos que causam descoloração dos
dentes e as cores produzidas (Sulieman 2005, 2008).
Tipo de descoloração
Cor produzida
I) Extrínseca
a) Manchas diretas
Chá, café e outros alimentos.
Marrom ao preto
Cigarros / charutos
Amarelo / marrom ao preto
Placa / má higiene oral
Amarelo / marrom
b) Manchas indiretas
Sais
de
metais
polivalentes,
antissépticos
Preto e marrom
catiônicos (por exemplo: clorexidina).
II) Intrínseca
a)
Causas
metabólicas,
por
exemplo,
porfiria
Roxa / marrom
eritropoiética congênita.
b)
Causas
herdadas,
por
exemplo,
amelo
/
Marrom ou preto
dentinogenisis.
c) Causas iatrogênicas
Tetraciclina
Classicamente amarelo, marrom, azul,
preto ou cinza
Fluorose
Branco, amarelo, cinza ou preto
d) Causas traumáticas
Hipoplasia do esmalte
Marrom amarelado ou branco
Produtos da hemorragia pulpar
Marrom acinzentado ao preto
Reabsorção radicular
Ponto de rosa
e) Causa idiopática
Molar incisivo
Hipomineralização
f) Envelhecimento
Amarelo
III) Interna
Cárie
Mancha branca, laranja, marrom ao preto
Restaurações
Marrom, cinza, preto.
8
Tabela 2: Principais categorias de procedimentos para o potencial de descoloração
endodôntica:
I) Procedimentos endodônticos
a) Descoloração intrínseca
b) Descoloração interna
Irrigantes do canal radicular;
Medicamentos intracanais;
Materiais obturadores;
c) Descoloração intrínseca / interna
II) Procedimentos restauradores: (descoloração interna)
Pinos metálicos e restaurações
Seleção inadequada / aplicação de restaurações da cor do dente
Seleção inadequada / aplicação de coroas e facetas
III) Fatores etiológicos combinados
a) Procedimentos endodônticos e restauradores combinados
b) Descoloração endodôntica e não endodôntica combinadas
9
2- REVISÃO DA LITERATURA
2.1 - Procedimentos Endodônticos
Procedimentos endodônticos, incluindo a preparação da cavidade de acesso,
a instrumentação químico-mecânica e a obturação do canal radicular, podem
resultar em uma descoloração intrínseca dos dentes seja interna ou a partir da uma
combinação de ambos.
2.1.1 - Descoloração intrínseca
Este tipo de descoloração coronária ocorre devido remoção inadequada do
tecido pulpar coronário. É geralmente um resultado de um projeto inadequado da
cavidade de acesso e, ou preparação, principalmente quando esta não inclui os
cornos pulpares mesial e distal. Os eritrócitos, seja no tecido pulpar remanescente
ou nos túbulos dentinários, independentemente da presença da smear layer (Davis
et al. 2002), irão degradar em hemossiderina, hemina, hematina e haematoidina,
lançando durante a hemólise o ferro (Hattab et al. 1999, Attin et al. 2003). O ferro
pode ser convertido em sulfureto de ferro preto quando contacta com sulfeto de
hidrogênio produzido pelas bactérias, o que pode causar a descoloração cinzenta da
coroa do dente. Além da degradação do sangue, outras proteínas degradantes de
tecido pulpar necrosado podem também causar manchas (Attin et al., 2003). Além
disso, um acesso inadequado da cavidade pode complicar ao dentista na hora da
remoção do cimento do canal radicular na câmara pulpar ao completar o
preenchimento radicular. Tal cimento remanescente pode também comprometer a
adaptação e a ligação do material restaurador à dentina correspondente quando as
paredes da cavidade de acesso são restabelecidas após o tratamento endodôntico.
Marin et al. (1997) observaram a capacidade dos componentes do sangue em
penetrar na dentina e induzir a descoloração do esmalte, embora não seja tão
pronunciada como a descoloração da dentina na coronária e radicular. Os autores
comentaram que a descoloração do esmalte por componentes do sangue torna-se,
possivelmente mais pronunciada com tempos de exposição mais longos. Apesar do
esmalte não ter uma morfologia tubular, as suas características estruturais orgânicas
10
na junção dentino-esmalte, podem desempenhar um papel no processo da
descoloração.
As orientações preventivas se dão a partir de um acesso bem concebido e
adequadamente estendido. Uma detecção bem sucedida, com o auxílio de uma
sonda (Briault) (Fig. 1b), e uma remoção de qualquer retenção a partir do teto da
câmara pulpar vai garantir a completa remoção dos tecidos da polpa,
particularmente a partir dos cornos pulpares mesial e distal (Fig. 1b). A irrigação
abundante da cavidade de acesso ajuda também a assegurar que todo o tecido
pulpar foi removido da câmara pulpar.
Figura 1 (a) Secção da coroa do dente incisivo mostrando o corno pulpar e o padrão dos túbulos
dentinários. Se o tecido pulpar é deixado no corno pulpar, pode causar descoloração da dentina via
túbulos (setas brancas). (b) Utilizando o contra-ângulo da sonda facilita a detecção do teto da câmara
pulpar remanescente, assegurando assim a extensão apropriada da cavidade de acesso.
2.1.2 - Descoloração dentária interna
Muitos estudos têm relatado que vários materiais usados durante o
tratamento do canal radicular podem causar descoloração na coroa dos dentes se
eles são deixados nessas coroas durante ou após o tratamento do canal radicular
(Tabelas 3-5). Esses materiais incluem os irrigantes, os medicamentos e os
materiais obturadores.
11
2.1.2.1 - Irrigantes do canal radicular
A atividade antimicrobiana, a dissolução dos tecidos pulpares remanescentes,
a lubrificação durante a instrumentação mecânica, a disponibilidade e o baixo custo,
são requisitos fundamentais para os irrigantes endodônticos (Zehnder, 2006,
Haapasalo et al., 2010). Embora o hipoclorito de sódio (NaOCl), em várias
concentrações, seja o irrigante mais comum, outras soluções também têm sido
defendidas. Algumas destas são utilizadas sozinhas, mas a maioria são utilizadas
em combinação com o hipoclorito de sódio, ou como um enxaguamento final para
melhorar a atividade antimicrobiana e a substantividade contra algumas bactérias
resistentes, para diminuir o efeito corrosivo ou para ajudar na remoção da smear
layer (Zehnder 2006, Mohammadi e Abbott 2009, Haapasalo et al., 2010).
Embora o hipoclorito de sódio seja um agente de branqueamento e não é
geralmente considerado por provocar a descoloração dos dentes, deve notar-se que
NaOCl
foi avaliado por provocar a descoloração da dentina. Esta é uma
descoloração resultante do seu contato com eritrócitos e sua alta tendência para
cristalizar sobre a dentina radicular, o que pode significar que seja difícil de removêlo completamente do canal (Gutierrez & Guzma'n 1968). Além disso, a combinação
do NaOCl com outra solução adjuvante pode causar descolorações (Tabela 3).
Vivacqua-Gomes et al. (2002) observaram um marrom escuro precipitar
quando
NaOCl foi combinado com clorexidina (CHX) em gel. Outros autores
relataram o mesmo tipo de descoloração quando NaOCl foi usado com soluções de
CHX (Basrani et al. 2007, Marchesan et al. 2007, Bui et al. 2008, Akisue et al. 2010,
Krishnamurthy& Sudhakaran 2010, Nassar et al. 2011, Souza et al. 2011), (figura
2a). Este precipitado marrom escuro pode manchar a dentina, aderir ao assoalho da
câmara pulpar, chegar às cavidades e paredes dos canais radiculares agindo como
um filme residual que pode comprometer a difusão de medicamentos intracanais
para a dentina, podendo afetar a adesão da obturação no canal radicular e a
restauração coronária (Vivacqua-Gomes et al. 2002, Akisue et al. 2010) (Figura 3).
Basrani et al. (2007) analisaram este precipitado usando espectroscopia de
fotoelétrons de raios-X (XPS) e time-of-flight espectrometria de massa de íons
secundários (TOF-SIMS), e descobriram que ele contém um quantidade significativa
de paracloroanilina (PCA). Esta substância é cancerígena e pode ainda degradar 1cloro-4-nitrobenzeno, o qual também é cancerígeno. No entanto, através da
12
utilização de ressonância magnética nuclear (RMN), Thomas & Sem (2010)
relataram que o hipoclorito de sódio misturado à CHX não produziu PCA em
qualquer quantidade mensurável (Nowicki & Sem 2011). Como resultado destes
perigos possíveis, Kim et al. (2012) examinaram a interação química entre Alexidina
(ALX), como um substituto para CHX, e NaOCl usando espectrometria de massa por
ionização (ESIMS) e microscopia eletrônica de varredura (MEV). Os resultados
revelaram que a associação do ALX / NaOCl não produzem qualquer precipitado ou
PCA, e a mistura ALX e soluções de hipoclorito de sódio resultou numa ligeira
coloração que varia de amarelo claro ao transparente. Além disso, esta combinação
não mancha dentina sendo fácil remover do canal radicular por irrigação.
Figura 2 - Descoloração quando irrigantes são combinados. (a) NaOCl 2,63% + clorexidina (CHX) 2%
(precipitado marrom escuro); (b) EDTA 18% + CHX 2% (turva azul), (c) NaOCl 2,63% + EDTA 18%
(sem descoloração), e d) NaOCl 2,63% + ácido cítrico 20% (precipitado branco e a solução fica turva
após agitação).
Figura 3 - Potencial da descoloração na combinação de NaOCl / CHX nas paredes da cavidade de
acesso. (a) Hipoclorito de sódio. (b) Precipitado marrom escuro após combinação NaOCl / CHX. (c) O
precipitado se torna aderente nas paredes da cavidade de acesso (seta branca) e nas fissuras da
coroa (seta vermelha), mesmo após a lavagem com água destilada.
Além disto, tem sido mostrado que o NaOCl ao reagir com MTAD (uma
mistura de isômero de tetraciclina, de um ácido [ácido cítrico], e de um detergente)
(Dentsply Tulsa Dental, Tulsa, OK, EUA), na presença de luz, causa uma coloração
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marrom (Torabinejad et al., 2003). Esta reação pode ser provocada pela absorção
na dentina e liberação da doxiciclina, presente em MTAD, que será exposta ao
NaOCl, se for utilizado como um enxaguante final depois do MTAD (Torabinejad et
al. 2003).
Tay et al. (2006a) relataram a formação de precipitado amarelo ao longo das
paredes do canal radicular quando o NaOCl foi usado como um irrigante, e, em
seguida, aplicado o Biopure MTAD como um enxaguante final. Eles também
observaram a coloração vermelho-púrpura se expostas à luz. Este processo de
degradação foto oxidativa foi provavelmente provocado pela utilização de hipoclorito
de sódio como um agente de oxidação, que também resultou na perda parcial da
sua substantividade antimicrobiana (Tay et al. 2006). Também é importante notar
que a reação química entre o NaOCl e MTAD requer novas investigações para
validar a segurança e a utilidade da presente combinação de irrigantes.
González-Lopez et al. (2006) e Rasimick et al. (2008) relataram interações
entre os irrigantes CHX e EDTA, com a formação de um precipitado branco ao rosa
(Figura 2b). No entanto, este precipitado não mostra qualquer quantidade
significativa de PCA, ao contrário da reação entre NaOCl e CHX.
As orientações preventivas se dão a partir da escolha das soluções irrigantes
de acordo com o quadro clínico que está sendo tratado. A escolha do irrigante
também deve basear-se em evidências a partir da literatura. Se CHX for escolhida,
ocorrerá a formação de uma solução marrom escura criada quando o NaOCl e a
CHX são misturados, podendo ser evitada através de uma irrigação intermediária
com soro fisiológico ou água destilada, seguido pela secagem do canal antes da
solução seguinte ser utilizada (Krishnamurthy & Sudhakaran 2010). O álcool
absoluto também tem sido sugerido como uma solução irrigadora intermediária, mas
a sua biocompatibilidade aos tecidos periapicais e interações com outros irrigantes
continuam a ser uma preocupação (Krishnamurthy & Sudhakaran 2010, Valera et al.
2010). Além disso, Nassar et al.(2011), recomendam o uso de carbonato de sódio
para evitar a formação deste precipitado.
Da mesma forma, a solução de ácido ascórbico, como agente de redução,
tem sido defendida como um intermediário entre o NaOCl e MTAD, para evitar o
efeito de oxidação do hipoclorito de sódio e para evitar a fotodegradação da
doxiciclina, que está presente em MTAD (Tay et al. 2006). Além disso, a possível
interação entre o hipoclorito de sódio e ácido cítrico seria evitado.
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Um precipitado turvo forma-se quando EDTA e clorexidina são combinados. O
ácido maleico (MA), que tem sido usado por ser menos tóxico e mais eficaz na
remoção da smear layer (Ballal et al. 2009 a, b), pode ser usado como um substituto
para o EDTA, e a combinação de MA e CHX não demonstrou qualquer formação de
precipitado ou descoloração (Ballal et al. 2011).
Tabela 3 - Descoloração dentária associada a irrigantes endodônticos:
Soluções de irrigação
Hipoclorito de sódio (NaOCl)
Tipo de descoloração
Autor / s – ano
Alguns efeitos na descoloração
Gutierrez e Guzma'n (1968)
NaOCl 1% + clorexidina (CHX)
Precipitado
Vivacqua-Gomes et al. (2002)
gel 2%
(alternativa de irrigação)
MTAD + NaOCl (5,25-0,65%)
Solução
(diluído a 10%)
marrom
marron
escuro
(NaOCl
Torabinejad
et
al.
(2003)
enxaguante final)
EDTA 17% + CHX sol. 1%
Precipitado rosa (CHX enxaguante
Gonzalez Lopez et al. (2006)
final)
CHX sol. 2% + EDTA 17%
Precipitado branco
NaOCl 1,54-6,15% + MTAD
Precipitado
amarelo
Rasimick et al. (2008)
(MTAD
enxaguante final)
NaOCl 1,3% + MTAD
Vermelho-púrpura
Tay et al. (2006a) (aplicação
clínica)
(MTAD
Tay et al. (2006a) (estudo in vitro)
enxaguante final)
NaOCl + CHX sol.
Luz laranja ao marrom escuro
Basrani et al. (2007), Marchesan
de acordo com ácido clorídrico.
et al. (2007), Bui et al. (2008),
Akisue
et
Krishnamurthy
al.
&
(2010),
Sudhakaran
(2010), Nassar et al. (2011)
CHX sol. 2% + ácido cítrico 15%
Solução branca, mas retorna a
Akisue et al. (2010)
incolor e é facilmente removido
durante a irrigação com CHX.
CHX gel 2% + NaOCl 5,25%
Descoloração do esmalte e da
Souza et al. (2011)
dentina
CHX sol. 2%+ NaOCl 5,25%
Apenas descoloração da dentina
Souza et al. (2011)
CHX gel 2% + NaOCl 5,25% +
Descoloração do esmalte e da
Souza et al. (2011)
EDTA 17%
dentina
CHX sol. 2% + NaOCl 5,25% +
Descoloração da dentina
EDTA 17%
Souza et al. (2011)
15
2.1.2.2 - Medicamentos intracanais
Medicamentos intracanais têm muitas aplicações clínicas incluindo os dentes
traumatizados, os dentes com grande radiolucência periapical, a reabsorção
radicular inflamatória, os dentes permanentes imaturos que exigem apecificação e
regeneração/revascularização (Banchs & Trope 2004, Jung et al., 2008, Shah et al.
2008, Mohammadi e Abbott 2009). A partir de sua indicação para ajudar a desinfetar
o sistema de canais (Haapasalo & Qian 2008), alguns medicamentos são utilizados
como materiais obturadores do canal para os dentes decíduos (Kupietzky et
al.,2003).
Apesar destas aplicações clínicas vantajosas, vários medicamentos podem
descolorir os dentes, especialmente se usados por um período de tempo prolongado
na coroa do dente. A Tabela 4 resume o tipo de descoloração causada por
medicamentos intracanais. A pasta Ledermix (contendo demeclociclina-HCl) (Lederle
Laboratories, Wolfatshausen, Alemanha) e a pasta tripla de antibiótico (contendo
ciprofloxacina, metronidazol e minociclina) são os medicamentos intracanais mais
comuns que podem induzir a descoloração dos dentes, se não forem completamente
removidos da cavidade de acesso a um nível coronário da margem gengival,
especialmente em dentes imaturos (Kim et al. 2000, Kim et al. 2010). Os derivados
de tetraciclina se ligam aos íons cálcio da dentina radicular por meio de quelação
para formar uma complexo insolúvel (Kim et al. 2010a). Day et al. (2011)
compararam o potencial de descoloração da pasta Ledermix e XS UltaCal (um
hidróxido de cálcio radiopaco) (Ultradent, South Jordan, UT, EUA), em dentes
reimplantados após avulsão e descobriram que, embora ambas as pastas resultem
na descoloração dos dentes, a pasta Ledermix exibiu um descompasso de cor
evidente quando em comparação com o dente contralateral e foi significativamente
menos aceitável para os pacientes. No entanto, este relatório não inclui quaisquer
detalhes sobre como as pastas foram colocadas no canal, e se os operadores
tinham assegurada sua completa remoção a partir da cavidade de acesso.
Operadores múltiplos foram envolvidos no estudo, por isso é possível que houvesse
pouco controle sobre o método de aplicação.
O efeito da luz do sol em medicamentos baseados em tetraciclina tem sido
relatado como um importante fator de contribuição na descoloração dos dentes (Kim
et al. 2000 a,b). Pelo contrário, Kim et al. (2010 a) observaram a coloração escura
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marcada de secções de dentes após o tratamento com minociclina apesar da
ausência de luz solar. No entanto, nesse estudo, a smear layer foi removida, e isso
pode ter contribuído ao extenso e acelerado padrão de descoloração. Também é
importante notar que, após a aplicação de uma pasta tripla de antibiótico, o dente
deve ser adequadamente selado com uma boa restauração coronária porque
qualquer contaminação por umidade poderia induzir uma rápida descoloração da
pasta e subsequente do dente, especialmente se a camada de esfregaço foi
removida (Figura 4).
Figura 4 - Efeito da contaminação por umidade e a remoção da camada de mancha sobre a
penetração da pasta tripla de antibiótico. Duas fatias de raiz foram seccionadas no terço cervical de
um pré-molar superior. A instrumentação químico-mecânica foi realizada utilizando limas manuais, (ac) hipoclorito de sódio (d-f) NaOCl / EDTA. Após a aplicação de pasta tripla de antibiótico, os dentes
foram imersos em solução salina normal por apenas uma hora a 37º C. Nota-se a maior descoloração
nos cantos após a remoção da smear layer.
Outros medicamentos, tais como formocresol e iodofórmio, também têm sido
indicados como causadores da descoloração coronária (Gutierrez & Guzma'n, 1968,
Kupietzky et al. 2003). Dankert et al. (1976) demonstraram a capacidade do
formocresol, especialmente em aplicações repetidas, para penetrar na dentina e no
cemento,
particularmente
em
pacientes
jovens.
Esta
difusão
é
atribuída
principalmente à pequena composição molecular do formocresol e dos túbulos
dentinários serem maior entre pacientes jovens. Em adição ao potencial de
descoloração, a necrose gengival e o sequestro ósseo também foram relatados
(Cambruzzi & Greenfeld 1983).
17
Tabela 4 Resumo – Descoloração dentária associada com medicamentos intracanais:
Medicamentos intracanais
Formocresol
Tipo de descoloração
Descoloração
acentuada
Autor / s – ano
/
Gutierrez e Guzma'n (1968)
nítida / evidente
CMCP
Sem descoloração
Gutierrez e Guzma'n (1968)
Sem descoloração
Gutierrez e Guzma'n (1968)
(paramonoclorofenolcanforado)
Eugenol
Iodeto
de
potássio
(medicamentos baseados em
Amarelo
para
marrom
Kupietzky
et
al.
(2003).
amarelado
iodofórmio)
Antibioticoterapia tripla
Azul acinzentado
Kim et al. (2010a)
Cinza-marrom
Kim et al. (2000 a, b)
Ciprofloxacina
Metronidazol
Minociclina
Pasta Ledermix
Day et al. (2011)
Tetraciclina
Corticosteróide
UltraCal XS
Amarelo
Day et al. (2011)
Como orientações preventivas a principal regra está em limitar os
medicamentos intracanais à porção da raiz no sistema de canal radicular abaixo da
margem gengival. Eles não devem ser colocados na porção coronária do dente ou
na câmara pulpar para evitar a descoloração coronária, particularmente porque não
têm efeito terapêutico na coroa. A maioria dos medicamentos são materiais adesivos
e devem ser colocados no canal radicular de um modo que não deixem resquícios
na câmara pulpar. Isto pode ser conseguido através de agulhas de irrigação (como
uma Navitip) ou uma espiral de lentulo em um micromotor. Quando se utiliza uma
espiral de lentulo para o preenchimento é preciso colocar uma pequena quantidade
de pasta sobre a espiral, inserí-la no canal e, em seguida, iniciar a peça de mão
girando à direita (ou seja, no sentido horário). A espiral de lentulo deve ser mantida 3
a 4 mm aquém do forame apical. Recomenda-se que seja aplicada em baixa
velocidade. A espiral de lentulo pode ser movida verticalmente uns poucos
milímetros para dentro e para fora do canal enquanto ainda está sendo acionada.
Isso poderá ser feito se a espiral de lentulo for mantida em rotação, pois a mesma
será removida a partir do canal, que vai empurrar o material para os canais, em vez
18
de jogá-lo para fora e para dentro da câmara pulpar. O operador deve remover
qualquer resíduo de pasta nas paredes da câmara pulpar com uma colher de
dentina e depois limpar a câmara pulpar com uma ou mais bolinhas de algodão
embebidas em álcool absoluto.
A aplicação de adesivo dentinário ou resina composta fluida para selar os
túbulos dentinários da coroa têm sido sugeridas como uma forma de prevenir ou
reduzir a descoloração coronária (Reynolds et al. 2009, Kim et al. 2010 a). No
entanto, este procedimento é demasiadamente demorado, além da dificuldade em
confinar o agente adesivo na parte coronária do dente e também evitar bloqueio do
canal radicular.
2.1.2.3- Materiais obturadores
Os materiais utilizados para as obturações podem levar o dente à
descoloração, especialmente se for deixado na câmara pulpar e acima da margem
gengival. A descoloração é geralmente vista no terço cervical da coroa com o
sobrejacente do esmalte, que é uma estrutura translúcida e incolor, e é mais fino
nesta área (Parsons et al. de 2001, Partovi et al. 2006).
Cones de prata foram usados historicamente como um material de obturação.
No entanto, foi demonstrado que eles provocavam corrosão e descoloração, nos
dentes e nos tecidos moles que os rodeiam (Brady & Del Rio 1975, Abou-Rass
1982). Resorcinol-formaldeído, resina de tratamento (RF), conhecida como cimento
"Russian Red", tem sido utilizado em alguns países como material de obturação
(Schwandt & Gound 2003). Além dos seus efeitos citotóxicos, foi relatado como
causador de uma descoloração do dente desde rosa para cores borgonha escuras
(Matthews 2000, Schwandt & Gound 2003). A guta-percha é o mais comum e mais
utilizado material de obturação em todo o mundo, mas tem sido relatado como
causador de uma descoloração rosa claro (Van Der Burgt & Plasschaert 1985,
Partovi et al. 2006). Royal et al. (2007) observaram mudanças de cor em pontas de
Resilon quando desinfectadas com NaOCl, MTAD ou CHX. Curiosamente, um
precipitado foi também formado quando imerso com o último. Os autores explicaram
que esta interação se deu em função da presença de um corante no material Resilon
ou pela absorção das proteínas do líquido, adicionado no seu experimento. Esta
19
constatação, juntamente com sua capacidade de biodegradar ao longo do tempo, é
provável que tenha limitado sua adoção como material obturador (Kim et al. 2010 b).
Muitos estudos têm investigado o potencial de descoloração dos cimentos
endodônticos (Tabela 5), mas várias diferenças metodológicas, especialmente
quanto à remoção da smear layer ou não, irão interferir na determinação da
alteração da cor, por qualquer análise de visão ou computador digital de imagens,
resultando em dificuldades na interpretação dos dados. Van Der Burgt et al. (1986
a,b) declararam que a capacidade de alguns cimentos endodônticos comumente
usados podem induzir a descoloração dentária após a remoção da camada de
smear layer. As secções do dente mostraram a penetração dos componentes do
cimento no interior dos túbulos dentinários e também no cemento. Este último indica
que alguns cimentos podem também ter o potencial de causar irritação periodontal.
Van Der Burgt et al. (1986a) e Parsons et al. (2001) comentaram que o fechamento
dos túbulos dentinários por smear layer pode prevenir ou retardar o processo de
difusão de cimento no interior dos túbulos e a descoloração. Isto foi demonstrado por
Davis et al. (2002), que verificaram que as partículas de cimento não se difundem no
interior dos túbulos dentinários e só foi confinado ao canal radicular, enquanto
pigmentos de sangue mostraram completa difusão e descoloração, apesar da
presença da smear layer.
Cimentos obturadores costumam causar descoloração por causa da presença
de componentes que não reagiram à corrosão, devido à umidade e/ou interação
química com a dentina (Allan et al. 2001, Parsons et al. 2001, Walsh e Athanassiadis
2007). Estes resultados sugerem que os cimentos dentro da raiz não tem a mesma
aparência quando misturados na placa de vidro e são mais propensos a sofrer
interações químicas com a dentina radicular, além das mudanças físicas que podem
ocorrer durante a manipulação. Como exemplo, o AH26 (Dentsply de Trey,
Konstanz, Alemanha), um cimento de resina epóxi, contêm trióxido de bismuto como
um preenchedor e radiopacificador. Como este cimento toma presa ao longo do
tempo, o ambiente complexo no interior do sistema de canal radicular provoca uma
interação química que resulta na conversão do material de preenchimento para
compostos de bismuto, que se tornam verde e depois de cor preta (Walsh &
Athanassiadis 2007). No AH26 contendo prata, a corrosão da prata, e a sua possível
interação com a dentina também resultam em uma descoloração preta- acinzentada
(Allan et al. 2001, Davis et al. 2002). Além disso, a remoção inadequada de AH26
20
durante o retratamento foi relatado por induzir medicamentos intracanais para
descolorir progressivamente o dente (Tınaz et al. 2008). O cimento de resina epóxi
AH-Plus modificado (Dentsply de Trey, Konstanz, Alemanha), contém o óxido de
zircônio como radiopacificador. Esta substância tem estabilidade de cor a longo
prazo e não sofre as reações químicas que o bismuto faz (Walsh & Athanassiadis
2007). Outros cimentos de canais, como a Epiphany (SybronEndo, Orange, CA,
EUA), também têm sido mostrados por alterar o brilho dos dentes (Shahrami et al.
2011).
O Agregado de Trióxido Mineral (MTA) é um material útil para situações como
capeamento pulpar direto e reparação de perfurações. Apesar do perfil biológico
favorável, o Agregado Trióxido Mineral cinza tem a capacidade de causar
descoloração dos dentes, bem como a descoloração da gengiva adjacente (Naik &
Hegde 2005, Bortoluzzi et al. 2007). A fórmula Agregado Trióxido Mineral branco
sem óxido de ferro (FeO) (Asgary et al. 2005) foi, portanto, desenvolvida para uso
em
áreas esteticamente sensíveis. No entanto, também tem sido relatado por
causar descoloração cinza dos dentes (Watts et al. 2007, Boutsioukis et al. 2008,
Jacobovitz & de Lima 2008, Belobrov & Parashos 2011). Este é provavelmente um
resultado da oxidação de alguns elementos do material. Alguns aditivos auxiliares
têm sido sugeridos para melhorar as propriedades físicas e antimicrobianas do
Agregado Trióxido Mineral (Kogan et al. 2006, Ahmed et al. 2011), mas o potencial
de descoloração dessas formulações modificadas requer novas investigações.
Como
orientações
preventivas,
os
medicamentos
intracanais
devem
preencher todo canal radicular desde a porção apical até a margem gengival do
dente. A câmara pulpar deve ser cuidadosamente verificada uma vez que a
obturação do canal tenha sido completada. A guta-percha pode ser removida com
instrumentos quentes e o restante da guta-percha amolecida deve ser então
verticalmente compactada no canal radicular. O material obturador deve ser limpo da
câmara pulpar usando uma ou mais (quanto necessário) bolinhas de algodão
embebidas em álcool absoluto. É essencial que essa etapa seja concluída antes do
cimento secar porque o álcool não dissolverá mais o material.
21
Tabela 5 Resumo – Descoloração dos dentes associada com os cimentos
endodônticos:
Cimentos Obturadores
AH-26
Tipo de descoloração
Autor / s – ano
Cinza
Van Der Burgt et al. (1986 a,b)
Cinza (1 semana) para cinza preto (12
Parsons et al. (2001)
meses) *
Aparecimento de grânulos pretos (2
Davis et al. (2002)
anos) *
Cinza
AH-26 prata livre
Van Der Burgt & Plasschaert
(1985)
Descoloração moderada (9 meses) *
Partovi et al. (2006)
Grossman’s
Alaranjado
Van Der Burgt et al. (1986 a,b)
Óxido de zinco / eugenol
Laranja-vermelho
Van Der Burgt et al. (1986 a,b)
Descoloração acentuada (9 meses) *
Partovi et al. (2006)
EndoFill
Descoloração acentuada (9 meses) *
Partovi et al. (2006)
Endomethasone
Laranja-vermelho
Van Der Burgt et al. (1986 a,b)
N2
(Vermelho-alaranjado) acentuada
Gutierrez & Guzma'n (1968)
Van Der Burgt et al. (1986 a,b)
Rosa suave a vermelho-alaranjado
Van Der Burgt et al. (1986 a,b)
Descoloração moderada (9 meses) *
Partovi et al. (2006)
Diaket
Rosa
Van Der Burgt et al. (1986 a,b)
Pasta de Riebler
Vermelho escuro
Van Der Burgt et al. (1986 a,b)
Roth 801
Leve(3 meses), vermelha(12 meses) *
Parsons et al. (2001)
Rosa com partículas de cinza escuro (2
Davis et al. (2002)
Tubli-Seal
anos) *
Ligeira a moderada (12 meses) *
Parsons et al. (2001)
Cinza claro (2 anos) *
Davis et al. (2002)
Pulp Canal Kerr
Descoloração marcada *
Parsons et al. (2001)
Sealer
Cinza escuro (2 anos) intercaladas com
Davis et al. (2002)
Sealapex
um laranja escuro *
Apatite Root Sealer III
Descoloração leve (9 meses) *
Partovi et al. (2006)
Epiphany
Altera o brilho do dente
Shahrami et al. (2011)
* Camada de esfregaço não foi removida
2.1.3 - Descoloração intrínseca / interna
A descoloração dentária resultante dos procedimentos endodônticos pode ter
um padrão mais complexo. Preparação inadequada da cavidade de acesso pode
22
deixar tecido, bem como levar à inadequada extensão coronária da obturação acima
da margem gengival (Figura 5 a,b). Esses dois fatores têm o potencial de induzir a
descoloração dos dentes, que devem ser considerados durante o diagnóstico e no
planejamento do retratamento do canal radicular.
Este
complexo
padrão
também
pode
ser
reconhecido
com
alguns materiais obturadores, incluindo medicamentos intracanais e cimentos, que
não tem efeitos significativos de descoloração, mas quando combinados com o
sangue, podem induzir a coloração por causa das reações entre o material e alguns
componentes do sangue (Gutierrez & Guzma'n 1968, Van Der Burgt et al. 1986 a).
Figura 5 (a, b) - Procedimentos endodônticos causando descoloração coronária de um incisivo central
superior: (seta amarela) imprópria preparação da cavidade de acesso e (seta branca) extensão
coronária da obturação do canal radicular (descoloração intrínseca/interna). (c, d) - Procedimentos
restauradores causando descoloração (impróprios e com cárie recorrente). (e) - Descoloração
coronária dos incisivos centrais e laterais superiores por causa de (f, g) (seta branca) procedimentos
endodônticos (preparação da cavidade de acesso inadequada e extensão coronária da obturação do
canal radicular). (f, g) (setas amarelas) Procedimentos restauradores (restaurações coronais
inadequadas). (h, i) Descoloração empretecida (circulada) do incisivo lateral superior, porque foi
deixado guta-percha e cimento na coroa do dente. Note-se também a descoloração intrínseca do
incisivo (mancha branca) causada pela fluorose do esmalte (seta preta).
23
2.2 - Procedimentos restauradores
A seleção e a colocação adequadas das restaurações pós-tratamento
endodôntico são pré-requisitos fundamentais para o sucesso dos tratamentos dos
canais radiculares bem como, com o sucesso ao longo prazo da retenção do dente.
Ao lidar com dentes anteriores, a estética deve ser considerada como parte do
planejamento e seleção dessas restaurações. Restaurações com materiais
metálicos (tais como amálgama e pinos metálicos) podem induzir a descoloração
coronária e devem ser evitadas, em tais circunstâncias. Restaurações de amálgama
colocadas para restaurar cavidades palatinas ou linguais de acesso geralmente
levam a coloração cinza escuro da dentina por penetração de amálgama e seus
produtos de corrosão no interior dos túbulos dentinários (Scholtanus et al. 2009). A
descoloração associada com restaurações de amálgama é difícil de remover com o
clareamento e tende a voltar ao longo do tempo (Attin et al., 2003). Pinos metálicos
também podem resultar em descoloração, mesmo sendo cobertos com uma
restauração de resina da cor do dente. Além disso, a resina composta pode também
alterar sua cor ao longo do tempo. Pinos metálicos são frequentemente utilizados
quando o dente está sendo restaurado com uma coroa total de cerâmica, mas pode
haver alguma descoloração da porção radicular do dente que pode ser visível
através da gengiva (Ferrari et al. 2000).
Apesar da evolução das restaurações da cor do dente e os recentes avanços
para a escolha da cor ideal, a inadequada preparação da superfície do dente, a
inadequada aplicação e as limitações inerentes aos materiais geralmente resultam
em descoloração marginal subsequente à penetração de bactérias e / ou cárie
(Plotino et al. 2008, Ferracane 2011) (Figura 5 c, d). Restaurações de resina
composta geralmente descolorem ou mancham com o tempo por causa do ambiente
bucal complexo e dos alimentos (Ardu et al. 2010, Soares-Geraldo et al. 2011).
Como prevenção, as restaurações metálicas, tais como amálgama, devem ser
evitadas em dentes anteriores após o tratamento do canal radicular. Pinos metálicos
só devem ser utilizados em dentes que requerem coroas que têm espessura
suficiente de dentina radicular (especialmente no aspecto vestibular), mais uma
gengiva com boa espessura. Devido à elevada demanda para restaurações
estéticas pós-tratamento endodôntico, uma variedade de cor de dentes têm sido
desenvolvida, de modo que se torna possível servir como alternativas viáveis.
24
Resinas compostas devem ser manipuladas precisamente para evitar
consequências indesejáveis, incluindo descoloração marginal de grandes áreas.
Além da avaliação do visual convencional, a seleção de cores para restaurações da
cor do dente, incluindo resinas compostas, laminados e coroas cerâmicas, também
podem
ser
realizadas
utilizando
dispositivos
suplementares,
tais
como
espectrofotômetros, colorímetros ou sistemas de imagiologia para obter previsíveis
resultados estéticos (Chu et al. 2010).
2.3 - Fatores etiológicos combinados
2.3.1- Procedimentos endodônticos e restauradores combinados
Não é incomum ocorrerem erros operatórios combinados durante e pósprocedimentos endodônticos. Em tais casos, a determinação exata da causa da
descoloração permite a escolha do tratamento apropriado para fornecer um
resultado favorável. Um exemplo é a presença de restos de guta-percha e cimento
na câmara pulpar juntamente com uma restauração coronária defeituosa ou uma
restauração metálica. Tal dente vai exigir a remoção de ambos: da restauração e da
obturação, antes que materiais de clareamento sejam indicados (Figura 5 e, g).
2.3.2- Descoloração combinada endodôntica / não endodôntica
Em casos mais complicados, as descolorações dos dentes podem ser
determinadas por fatores extrínsecos e intrínsecos ou manchas internas que não
são de origem endodôntica (Figura 5 h, i). Manchas extrínsecas que podem ser
devido a cromógenos diretos ou cromógenos indiretos, tais como o fumo e
antissépticos catiônicos (Sulieman 2008), devem ser removidas em primeiro lugar,
para otimizar a avaliação de cor seguindo com o clareamento interno. Outros
processos de descoloração que não forem identificados devem ser removidos antes
ou durante o clareamento interno. Na verdade, pode haver desafios no diagnóstico
que determinam a etiologia exata desses fatores. No entanto, a análise dos dentes
vizinhos pode ser útil, como uma mancha intrínseca (fluorose de esmalte), que
geralmente pode ser identificada em mais de um dente.
25
2.4- Orientações para o tratamento
2.4.1- Correta avaliação e preparação
Para a avaliação correta de um dente descolorido causado por procedimentos
endodônticos faz-se obrigatório um exame clínico completo, acrescido de uma
interpretação radiográfica adequada. Inicialmente devem ser identificados: a
adaptação inadequada e / ou margem coronária descolorida; a presença de lesões
de cáries e manchas extrínsecas; a qualidade e extensão coronária da obturação.
Antes de escolher um tratamento, é essencial tratar a cárie, remover manchas
extrínsecas se estas forem presentes, e polir a superfície externa da coroa
facilitando assim a identificação adequada da cor final do dente (Attin et al. 2003,
Plotino et al. 2008). Ao substituir as restaurações defeituosas ou descoloridas e
realizar o tratamento da cárie, o dente deve ser apenas restabelecido
temporariamente, a menos que as restaurações já existentes ou cáries sejam as
únicas causas da descoloração, sem necessidade de clareamento (procedimentos
pós-endodontia). Restauração definitiva do dente deve ser adiada até que se
restabeleça a cor natural do dente através de clareamento.
2.4.2- Seleção da abordagem adequada do tratamento
2.4.2.1- Remoção da causa
A extensão adequada da cavidade de acesso e a remoção da causa da
descoloração (por exemplo, resto de tecido pulpar, medicamento, material obturador
ou restauração coronária defeituosa) são necessárias antes do clareamento interno
(Abbott, 1997). O dente deve ser então reavaliado porque a cor pode ser satisfatória
uma vez que a causa tenha sido removida. Isto é um caso típico quando o agente de
descoloração atua apenas como um fundo escuro não tendo ainda penetrado nos
túbulos dentinários.
26
2.4.2.2- Clareamento interno
O clareamento interno é uma técnica simples, barata e uma abordagem viável
de tratamento para a maioria das descolorações coronárias causadas por
procedimentos de endodontia (Kaneko et al. 2000). Para que este seja realizado fazse necessária a aplicação de uma barreira (tal como Cavit), nas margens proximais
protegendo a junção do esmalte-cemento (Abbott 1997), e ajustado a um milímetro
apical da gengiva marginal, sendo colocada para proteger os tecidos periodontais da
irritação química dos agentes de clareamento. Se necessário, o clareamento cervical
da coroa perto da margem gengival pode ser realizado através da redução da
porção vestibular da barreira até que o resultado obtido seja satisfatório (Figura 6 ac).
Para melhorar a penetração dos agentes de clareamento na dentina realizase a remoção da camada de smear layer dentro da cavidade de acesso antes do
clareamento, no entanto na literatura apresentam-se controvérsias sobre essa
premissa (Attin et al. 2003, Plotino et al. 2008). Em alguns casos quando não se
obtém um resultado satisfatório com o clareamento interno, podem ser aplicadas
técnicas externas para ajudar a melhorar a cor do dente (Figura 6 d-f).
O peróxido de hidrogênio e os agentes de liberação do peróxido, tais como o
perborato de sódio e peróxido de carbamida são os agentes clareadores mais
utilizados (Attin et al. 2003, Zimmerli et al. 2010). Além disso, o percarbonato de
sódio tem sido sugerido como possível substituto do perborato de sódio devido à sua
elevada eficiência de clareamento a baixa temperatura (Kaneko et al. 2000). Apesar
da sua comparável citotoxicidade in vitro e genotoxicidade para outros agentes de
clareamento, ainda devem ser realizadas mais investigações in vivo para validar sua
segurança nas aplicações clínicas (Fernandez et al. 2010).
Na tentativa de acelerar e otimizar o processo de clareamento diferentes
concentrações e formulações (líquido ou gel), combinações (perborato / peróxido de
hidrogênio de sódio e perborato / peróxido de carbamida de sódio) e aplicações de
calor ou de luz têm sido sugeridas (Attin et al. 2003, Plotino et al. 2008, Zimmerli et
al. 2010). No entanto, deve-se notar que a utilização de agentes de clareamento em
concentrações elevadas (tais como de peróxido de hidrogênio a 30%) com o auxílio
de calor (técnica termocatalítica) aumenta o risco de reabsorção radicular externa
(Dahl & Pallesen 2003), especialmente nos dentes traumatizados ou infectados
27
(Heling et al. 1995, Plotino et al. 2008). Além disso, estes agentes de clareamento
devem ser manuseados com cuidado para evitar o contato com os tecidos orais.
Uma vez que o dente tenha retornado a sua cor natural, o agente de
clareamento deve ser removido a partir da cavidade de acesso. A restauração
definitiva do dente deve ser retardada por pelo menos duas semanas a fim de evitar
o comprometimento da adesão dos cimentos de ionômero de vidro e resina
composta ao esmalte e à dentina, que é um resultado dos agentes de clareamento
residual na dentina (Abbott 1997 Plotino et al. 2008). As restaurações estéticas com
tons de cinza são recomendadas se o procedimento de clareamento não for
inteiramente bem sucedido (Plotino et al. 2008). Geralmente, o prognóstico a curto e
longo prazo do clareamento interno é favorável e aceitável para o paciente,
enquanto a restauração coronária é mantida sem infiltração marginal, o que poderia
levar a promover a descoloração (Rotstein et al. 1993, Glockner et al. 1999, Abbott &
Heah 2009). No entanto, o resultado do tratamento da descoloração causada por
algum cimento endodôntico e restaurações metálicas continua a ser um desafio
(Brown 1965, Van Der Burgt & Plasschaert 1986, Attin et al. 2003).
Figura 6 - (a) Incisivos central e lateral superiores manchados. (b) Depois de duas sessões de
clareamento interno, a descoloração persiste na região cervical (seta preta). (c) Redução gradual na
porção vestibular da obturação do canal radicular permite clareamento adequado. A coloração
marrom-amarelada restante foi deixada para combinar com a cor da raiz do incisivo central adjacente.
(d) Incisivo central superior descolorido. (e, f) A descoloração foi persistente e após duas sessões de
clareamento externo e clareamento interno seguido pela técnica walking bleach obteve-se um
resultado satisfatório.
28
2.4.2.3- Outras opções de tratamento
Embora o clareamento interno seja considerado como um tratamento
conservador, em comparação com outras abordagens de tratamentos, em alguns
casos resistentes, não se prevê resultados satisfatórios. Assim, em tais casos, o
tratamento estético deve ser mais invasivo, tais como a colocação de um
revestimento de porcelana vestibular ou uma coroa total de cerâmica.
29
3- CONCLUSÃO
Após finalizar todo o estudo, conclui-se que os procedimentos endodônticos e
materiais utilizados durante o tratamento do canal radicular, incluindo irrigantes
endodônticos, medicamentos intracanais, bem como materiais obturadores e
restauradores, são responsáveis pela descoloração dentária, sendo esta muitas
vezes a consequência desta terapêutica.
Para prevenir tais problemas deve-se saber as causas que levam ao
escurecimento durante e após o tratamento, bem como as diferentes maneiras de
prevenir ou mesmo impossibilitá-lo.
Manobras simples como a escolha correta dos irrigantes endodônticos e as
consequências de suas misturas devem ser bem pensadas. O cuidado na escolha e
colocação dos cimentos obturadores de forma correta evitando, por exemplo, a
presença deles na coroa do dente ou mesmo na junção esmalte-cemento devem ser
levados em consideração. O uso correto de medicamentos intracanais entre sessões
e a escolha certa do tipo de restauração pós-tratamento endodôntico também
influenciam muito na descoloração do dente.
Quando já se encontra escurecido, deve-se descobrir a causa e removê-la e,
se necessário, seguir com um clareamento interno e/ou externo. Se de tudo, houver
persistência do escurecimento, usar tratamentos mais invasivos, como por exemplo
uma coroa total de cerâmica, que pode ser a solução.
Assim, um tratamento endodôntico não consiste apenas em remover a polpa
do dente, e sim em saber escolher a melhor forma de tratar cada caso, observando
particularidades de cada dente e de cada paciente.
30
4- CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho é uma adaptação do artigo científico intitulado
Discolouration potential of endondontic procedures and materials: a review, cujos
autores são H.M.A. AHMED & P.V. ABBOTT, publicado no International Endondontic
Journal, 45,883 – 897, 2012.
31
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