HVMANITAS- Vol. L (1998)
CÓNEGO DOUTOR JOSÉ GERALDES FREIRE
ENTRE O ALTAR Ε A CÁTEDRA:
A FÉ AO SERVIÇO DA CULTURA
JOãO RIBEIRINHO LEAL
Aos catorze dias do mês de Maio de mil novecentos e vinte e oito, na
Paróquia de São Miguel d' Acha, Diocese de Castelo Branco, nascia um indivíduo
do sexo masculino a quem foi posto o nome de José Geraldes Freire, filho de D.
Leonor Carrondo e do Sr. Joaquim Geraldes Freire.
Passados menos de três meses, foi inserido na Igreja (que mais tarde
viria a servir tão dignamente) pelo Sacramento do Baptismo que recebeu no dia
doze de Agosto do mesmo ano de 1928.
É acerca da vida plurifacetada deste Homem, grande vulto da Igreja
Católica, do Jornalismo, das Letras, da Cultura, da Investigação e da Universidade, que tenho o grato privilégio de ter como Amigo, que tentarei escrever
algumas linhas na ocasião em que completa os setenta anos de idade.
Para que melhor se possam conhecer as diversas facetas da sua vida,
tratarei, separadamente cada um dos seguintes aspectos:
- Vocação e formação sacerdotal;
- Actividade jornalística;
- Vida sacerdotal;
- Professor do Seminário de Portalegre;
- Do Seminário à Universidade;
- Dados biográficos.
VOCAÇÃO Ε FORMAÇÃO SACERDOTAL
Nascido numa família de fortes tradições e sentimentos religiosos,
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Monsenhor Cónego Professor Doutor José Geraldes Freire cedo começou a
sentir, no ambiente familiar e na paróquia, uma sã influência cristã e, desde
muito novo, manifestou o desejo de vir a ser padre.
Beneficiando do estímulo familiar, frequentou a catequese, a partir dos
sete anos de idade e, aos oito anos, já ajudava à Missa.
Concluída a instrução primária, ingressou no Seminário de Alcains, em
Outubro de 1939, tendo vindo a passar, sucessivamente, pelos Seminários do
Gavião ( 1947 a 1949) e de Marvão (1949 a 1951 ), tendo concluído, neste
último, com brilhantismo, o curso de Teologia.
Ainda antes da conclusão do curso de Teologia, o jovem seminarista
José Geraldes Freire foi designado, interinamente, secretário do Bispo de Portalegre-Castelo Branco, D. António Ferreira Gomes, funções que desempenhou
durante os meses de Agosto, Setembro e Outubro de 1949.
Ordenado Diácono em 14 de Julho de 1951, veio a ser ordenado Presbítero
em 15 de Agosto do mesmo ano, na Sé Catedral de Portalegre, pelo Bispo D.
António Ferreira Gomes, tendo obtido licença para celebrar a primeira Missa
no dia seguinte, 16 de Agosto de 1951.
ACTIVIDADE JORNALÍSTICA
Conhecedor das brilhantes qualidades intelectuais do novo sacerdote,
D. António Ferreira Gomes logo o designou Redactor Principal do órgão
diocesano " O Distrito de Portalegre " de que era Director o Cónego Anacleto
Pires da Silva Martins.
Beneficiando da notável acção e do forte dinamismo do seu Redactor
Principal, "O Distrito de Portalegre " renovou-se, aumentou significativamente
as suas tiragens, transfomou-se num verdadeiro jornal de opinião ao serviço da
Diocese e de acordo com a orientação do espírito lúcido e da superior inteligência
de D. António Ferreira Gomes, seu assíduo colaborador.
Fizeram história as "Notas e Factos " da autoria de Geraldes Freire,
nomeadamente as acesas polémicas que manteve com outro jornal local, "A
Rabeca " semanário republicano e anticlerical de que era Redactor Principal o
professor Casimiro Mourato.
Mas as suas "Notas e Factos" não se dirigiam exclusivamente a "A
Rabeca " já que nelas abordava, por igual, todos os assuntos de interesse para a
cidade e para a Diocese, estabelecendo algumas polémicas com a Câmara Mu-
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nicipal e com os diversos sectores considerados como "oposiocionistas" ou
"republicanos" e até mesmo com os "bem instalados".
Ora, este tipo de jornalismo, interventivo e combativo, à boa maneira de
D.António Ferreira Gomes, não era do agrado de muito boa gente pelo que,
algum tempo após a saída de D. António para Bispo do Porto, o novo Bispo, D.
Agostinho de Moura, determinou a colocação do Padre Geraldes Freire como
professor do Seminário de Portalegre e prefeito dos alunos de Teologia, substituindo-o na redacção de "O Distrito de Portalegre ".
O último número de "O Distrito de Portalegre, sob a sua responsabilidade,
foi um número especial dedicado à inauguração do Seminário de Portalegre.
Mais tarde, durante os longos quatro anos de duração do seu saneamento
selvagem na Universidade de Coimbra (1974 a 1978) publicou diversos artigos
nos jornais "Diário de Coimbra", "Correio de Coimbra"," Comércio do Porto",
e "Diário do Minho", entre outros, tendo colaborado assiduamente nos órgãos
diocesanos "Reconquista", de Castelo Branco, e "O Distrito de Portalegre", e
ainda no Centro Católico de Informação.
VIDA SACERDOTAL
Cumulativamente com as funções de Redactor Principal de "O Distrito
de Portalegre ", o Padre José Geraldes Freire exerceu as seguintes actividades:
- Capelão das Religiosas Adoradoras do Convento de Santa Clara;
- Pároco interino do Reguengo;
- Pároco de Carreiras (1951-1952);
- Pároco deAlagoa (1952);
- Assistente Local da JOC/JOCF (1952-53);
- Assistente Diocesano da JOC/JOCF (1953-55);
- Secretário da Câmara Eclesiástica (1953-55);
- Director Diocesano da União Missionária do Clero;
- Capelão do Cabido da Sé Catedral de Portalegre.
Não seria fácil descrever a vasta acção apostólica do Padre José Geraldes
Freire nas suas diversas actividades anteriormente ao ingresso na carreira docente
do ensino superior, mas não pode deixar de se referir o seu importante papel
como Capelão das Religiosas Adoradoras do Convento de Santa Clara e como
Assistente Local e Diocesano da JOC/JOCF.
Como Capelão das Religiosas Adoradoras do Convento de Santa Clara,
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instituição que tinha em vista a preservação e a recuperação de raparigas em
perigo moral, a cargo das Religiosas Adoradoras do Santíssimo Sacramento e
da Caridade, o jovem Padre desenvolveu uma acção intensa não só no aspecto
religioso mas também nos aspectos sociológico e educativo.
Na JOC/JOCF desenvolveu um notável trabalho de formação dos jovens
operários com base na Doutrina Social da Igreja, numa época em que era difícil
e perigoso abordar temas desta natureza.
Mais tarde, em 1957,1958 e 1959, primeiro como alferes e depois como
tenente, acompanhou, como Capelão Militar, as manobras que se realizaram
em Santa Margarida.
Aí, segundo as suas próprias palavras, «recebeu lições de respeito pelas
hierarquias, de camaradagem e de espirito de sacrifício, de cumprimento
abnegado do dever»
Numa época em que mal se falava de Ecumenismo, o Padre Freire
encontrou em Santa Margarida um subordinado que era pastor baptista e o com
o qual manteve cordeais relações durante bastante tempo, atitude pouco comum
naquela época e já reveladora do seu espírito tolerante.
A partir da sua ida para Coimbra, cumpriu rigorosamente as indicações
do Bispo de Portalegre-Castelo Branco ao apresentar-se ao Prelado conimbricense, e colocando-se à sua inteira disposição.
Assim,
- Foi Assistente Local e Diocesano da LICF;
- Lançou o Movimento Oásis;
- Colaborou com as paróquias de Santo António dos Olivais, São
Bartolomeu e Santa Cruz de Coimbra.
A sua presença na Universidade foi sempre uma presença viva da Igreja
junto dos colegas e dos alunos já que, em sua opinião:
- «Pastoral è um conceito sulbalterno de Evangelização. O estudo, o
ensino e a promoção da cultura sempre foram vistos pela Igreja como formas
possíveis e desejáveis de Evangelização. Por isso também sempre têm merecido
dos seus homens "ocupação a tempo inteiro " ou "dedicação exclusiva " com a
relativização que estas expressões forçosamente comportam»
«... O estudo e o ensino não são contrários ao exercício do sacerdócio,
à prática da oração, ao apostolado pessoal, familiar e de grupos. Eu procuro
conciliar estas duasfacetas da minha vida, aproveitando o tempo o melhor que
posso!! Ε dormindo pouco... (como mandava um dos Padres do Deserto:
DORMENS VIS SALVAR! ?)
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Em reconhecimento dos seus elevados méritos e dos serviços prestados
à Igreja, foi nomeado Cónego Capitular da Sé Catedral de Portalegre, por
Provisão de D. Augusto César, dada no Paço Episcopal em 18 de Setembro de
1990, e Monsenhor, por Rescrito da Sé Apostólica, datado de 11 de Novembro
do mesmo ano.
PROFESSOR DO SEMINÁRIO DE PORTALEGRE
No Seminário de Portalegre, começou por leccionar as disciplinas de
Literatura Portuguesa, Ciências Geográficas e História da Igreja, passando
também a leccionar, em 1955/56, a Idade Média.
No ano ectivo de 1956/57 iniciou a leccionação das disciplinas da sua
predilecção — Latim (VII e VIII) e Grego (II e III), continuando a leccionar a
Literatura Portuguesa. Esporadicamente, leccionou ainda Grego Bíblico e
Patrologia. A par das funções docentes, já de si absorventes, assegurou a
prefeitura dos alunos de Teologia, de 1955 a 1957.
No exercício das funções de prefeito, destacou-se pela introdução de
novas regras que em muito contribuíram para dar uma "aragem " nova à vida
dos estudantes de Teologia do Seminário — atribuição de quartos individuais
aos alunos, que deixaram de dormir em camaratas, realização de conferências
semanais, preparação para as Ordens e acompanhamento directo dos futuros
sacerdotes.
DO SEMINÁRIO À UNIVERSIDADE
A fim de possibilitar os estudos superiores aos filhos, que tinham
completado os estudos secundários, a Mãe do Padre Geraldes Freire mudou a
residência para Coimbra. Entretanto, o Pai, que trabalhava em Moçambique,
entendeu que seria bom que o jovem sacerdote aproveitasse a situação familiar
para, em Coimbra, fazer o curso de Direito e, nesse sentido, lhe enviou uma
carta no Natal de 1956.
Apresentada a carta ao Bispo D. Agostinho de Moura, este concedeu-lhe
a indispensável autorização não para o curso de Direito, mas para o curso de
Clássicas e com a condição de não abandonar as funções docentes no Seminário
de Portalegre. Ε dessa altura a frase lapidar de D. Agostinho: «E bom que vá.
Quem é formado, presume-se que sabe; quem não é formado, primeiro tem de
provar que sabe para se ter confiança nele.. »
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Iniciou de imediato a preparação para o exame das disciplinas liceais do
7 o ano (Alínea a)) e, apesar de continuar com as funções de prefeito e de professor do Seminário, foi aprovado com a boa média de 16 valores.
No ano lectivo de 1957-1958 iniciou o curso de Clássicas, como aluno
voluntário, deslocando-se a Coimbra uma vez por mês e aquando das frequências
e exames, continuando a cumprir escrupulosamente as suas obrigações para
com os alunos do Seminário e sem nunca deixar qualquer cadeira para a segunda
época.
Assim decorreram os cinco anos de estudos superiores até à licenciatura,
que concluiu em 1962 com a alta classificação de 18 valores.
Como era de prever, foi de imediato convidado para ficar como Assistente
no Instituto de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras da Universidade de
Coimbra, mas a sua condição de sacerdote não lhe permitiu outra resposta que
não fosse a de que a decisão não dependia de si mas da vontade do Bispo de
Portalegre-Castelo Branco.
Depois de várias diligências de elementos da Universidade junto do Prelado e de D. Manuel Gonçalves Cerejeira, Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Agostinho autorizou a sua ida definitiva para Coimbra, o que veio a verificar-se em
Outubro de 1962, com a seguinte recomendação:
« O Padre Freire vai para Coimbra. Quero que obedeça sempre ao Bispo
de Coimbra como se fosse eu próprio. Apresente-se-lhe eponha-se à sua disposição.»
Iniciada a actividade docente, na categoria de segundo assistente, leccionou as cadeiras práticas e teóricas de Grego e de Latim e começou a pensar no
doutoramento.
Tendo sugerido aos professores catedráticos de Clássicas o estudo dos
Autores da Antiguidade Tardia que escreveram em latim e foram naturais do
território que hoje é Portugal, acabou por optar pelo estudo da obra de Pascasio
de Dume, um monge que traduziu do Grego para Latim uma colecção de
apotegmas de Padres do Deserto, por alturas do ano 555, na zona de Braga.
Com a colaboração do então Dom José Matoso (Frei José de Santa
Escolástica), ao tempo bibliotecário do Mosteiro de Singeverga, entrou em
contacto com Dom Columba Maria Batlle, do Mosteiro de Montserrat, na
Catalunha, que estudava os Livros V e VI das Vitae Patrum. Como Pascasio
estava publicado como o Livro VII da Vitae Patrum, foi-lhe possível começar
de imediato a procura de documentação dispersa por vários países da Europa
Central.
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Deslocou-se então para a Universidade Católica de Nimera, na Holanda,
onde seguiu os cursos de Grego dos Cristãos e Latim dos Cristãos, a par dos
cursos de Latim Medieval, Epigrafia Grega e Paleografia Latina.
Em 1968 retomou o lugar de assistente na Universidade de Coimbra e,
em 1970, concluiu a sua tese de doutoramento — A versão latina por Pascasio
de Dume dos Apophegmata Patrum — que foi publicada em dois volumes da
Revista Humanitas.
Em Novembro de 1971, concluiu as provas de doutoramento com
aprovação com distinção e louvor, por unanimidade.
Tendo tomado uma posição de firmeza aquando da crise académica de
1969, em defesa dos alunos que pretenderam submeter-se a exames, veio a
pagar a respectiva factura logo após a revolução de Abril de 1974 pois foi vítima
de um saneamento selvagem que o manteve afastado do serviço desde Maio de
1974 a Novembro de 1978.
Nos quatro anos de afastamento involuntário da função docente dedicou-se à preparação da sua terceira tese— As Commonitiones Sanctorum Patrum;
a uma colaboração muito intensa na imprensa católica, à publicação dos livros
O Segredo de Fátima e Resistência Católica ao Salazarismo/Marcelismo e ainda
a tradução das Segundas Leituras da Liturgia das Horas (textos da Patrística e
da Literatura Latina Cristã posterior).
Foi também nesta época que iniciou a sua valiosa colaboração nos
Fatimae Monumento Histórica.
Em Maio de 1978, após a prestação de provas para Professor Extraordinário
que terminou com a classificação máxima (aprovado por unanimidade), foi
reintegrado, tendo tomado posse, nesta categoria, aos 17 de Julho do mesmo ano.
A partir de 1 de Dezembro de 1979, em resultado do disposto no Decreto- Lei n° 448/79, de 13 de Novembro, que reorganizou a carreira docente do Ensino
Superior, atingiu o grau mais elevado desta carreira: Professor Catedrático.
Ε é precisamente nesta situação que a marcha inexorável do tempo o
conduz àjubilação.
Muito há ainda a esperar do seu dinamismo, do seu saber e da sua
dedicação.
Nesta hora de festa, que não é meta, mas ponto de partida, é com muita
honra e sobretudo com muita Amizade que gostosamente, me associo à
homenagem que a conceituada "Revista Humanitas" muito justamente lhe quis
prestar, aproveitando, finalmente, para como Cristão empenhado, dar publicamente Graças a Deus pelo seu fulgurante testemunho de Homem de Fé ao serviço
da Cultura.
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JOÃO RIBEIRINHO LEAL
DADOS BIOGRÁFICOS
• Nome - José Geraldes Freire
• Data de nascimento - 14 de Maio de 1928
• Naturalidade - Paróquia de S. Miguel d' Acha
• Filiação - Leonor Carrondo e Joaquim Geraldes Freire
• Baptismo - 12 de Agosto de 1928
• Prima Tonsura -11 de Julho de 1949, na Capela do Seminário do Gavião,
por D. António Ferreira Gomes
• Ostiário - 2 de Abril de 1949, por D. António Ferreira Gomes
• Leitor - 2 de Abril de 1949, pelo Coadjutor de Portalegre, na Capela do
Gavião
• Exorcista - 9 de Julho de 1950, por D.António Ferreira Gomes, no
Seminário de Marvão
• Acólito - 9 de Julho de 1950, por D. António Ferreira Gomes, no
Seminário de Marvão
• Sub-Diácono - 12 de Novembro de 1950, no Seminário de Marvão
• Diácono - 15 de Julho de 1951, na Sé de Portalegre, por D. António
Ferreira Gomes
• Presbítero - 15 de Agosto de 1951, na Sé de Portalegre, por D. António
Ferreira Gomes
• Licença para celebrar a l.s Missa e as mais de sua devoção - 16 de
Agosto de 1951
• Pároco de Carreiras - De 5 de Outubro de 1951 a 31 de Dezembro de
1952
• Pároco de Alagoa - De 8 de Outubro de 1952 a Outubro de 1954
• Capelão da Sé - 6 de Novembro de 1952
• Secretário da Câmara Eclesiástica - 31 de Outubro de 1953
• Professor do Seminário Maior de Portalegre - 28 de Novembro de 1955
• Licenciatura em Clássicas - 1962
• Autorizado a exercer o cargo de Professor de Clássicas na Universidade
de Coimbra- 28 de Setembro de 1963
• Doutoramento - Novembro de 1971
• Cónego - Em 18 de Setembro de 1990
• Monsenhor -11 de Novembro de 1990
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Cónego Doutor José Geraldes Freire entre o altar e a cátedra