A COSMOLOGIA CONTEMPORÂNEA Andrei Schroeder Athos Gonzaga Leonardo Wolff Vinícius Centeno “A ciência sem religião é manca, a religião sem a ciência é cega.” (Albert Einstein) RESUMO: Uma pergunta que ainda não foi respondida, e não está perto de ser é: como tudo começou? As pessoas podem não se interessar muito por esse tópico devido a sua complexidade ou por falta de comprovações ou até por achar que a sua crença seja uma verdade absoluta e não querer discutir novas possibilidades. A cosmologia é o estudo da origem, estrutura e evolução do universo, mediante métodos científicos. Portanto, o nosso artigo apresentará as teorias que mais foram discutidas abordando os métodos científicos, as mitologias religiosas e as recentes teorias que usufruem das tecnologias mais avançadas. Palavras-chave: Cosmologia. Religião. Universo - Teoria do Big Bang. ABSTRACT: A question still unanswered and far from being it is how did it all start? People may not be very interested in this topic because of its complexity or because the lack of evidence or even to realize that their belief is an absolute truth and do not want to discuss new possibilities. Cosmology is the study of the origin, structure and evolution of the universe through scientific methods. Therefore, our article will present the theories that were most discussed addressing scientific methods, the religious mythologies and recent theories that take advantage of the latest technology. Keywords: Cosmogony, Religion, Universe, Big Bang Teory. 1 INTRODUÇÃO Tudo que existe hoje não seria possível sem a criação do Universo. Mas o que é o Universo, falado por muitos e conhecido por poucos? Ele é tudo que existe Volume 3, Setembro de 2012. 1 fisicamente, dentro do tempo e espaço, contendo matéria e energia. O termo universo significa tudo combinado em um, tudo em um só, como se tudo que existisse estivesse dentro dele, porém já existem teorias de que não haja apenas um, mas sim infinitos universos deixando esse termo inclusive um pouco ultrapassado. No meio científico, figuram diversos físicos tentando explicar a formação do cosmos, fazendo suas próprias hipóteses. Dentre eles, o mais famoso, Stephen Hawking, que sofre de ELA (esclerose lateral amiotrófica) uma doença degenerativa que paralisa os músculos, tendo de se comunicar por meio de um sintetizador de voz, tem lutado para mostrar que tudo tem explicação científica e não religiosa. Isso pode ser observado na frase apresentada por Michelson Borges (2010), em sua obra Declarações polêmicas de Stephen Hawking: "há uma diferença fundamental na religião, que se baseia na autoridade, e na ciência, que se baseia na observação e na razão. A ciência vai ganhar porque ela funciona ", de Stephen. Visto que não temos comprovação do início de tudo, cada um defende sua teoria fervorosamente, criando assim, o conflito religioso-científico que está longe de ter um fim, ou que terá quando um deles comprovar sua veracidade. A religião baseia-se na hipótese de que tudo fora originado por um criador divino, chamado Deus. Porém, a religião também tem as suas divisões, como a hinduísta, católica, islâmica entre outras. Cosmologia e cosmogonia são os nomes dados aos estudos sobre o cosmo em si e sobre as teorias; mitos e lendas referentes à sua criação, respectivamente. Em uma visão geral, a cosmologia é caracterizada pela busca de respostas através das perguntas sobre a criação do Universo, um tópico a ser aparentemente incompreensível e misterioso, principalmente no passado. Porém, a área da cosmologia interfere e contrapõe-se ao terreno restrito da religião e da fé. Séculos atrás, a população clamava e seguia os passos da Igreja, além de estar envolvida com os poderes do Estado, como no caso de impor diversos juros e vender indulgências para arrecadar dinheiro dos pobres, alienando-os. Volume 3, Setembro de 2012. 2 O nosso artigo tem como principais objetivos de abordagem: Analisar as diferentes teorias sobre a criação do universo, tanto cientificas como as religiosas; apresentar as primeiras teorias sobre este tema a luz do pensamento iluminista; averiguar as últimas tecnologias que foram criadas para auxiliar nos estudos sobre as partículas de matéria e antimatéria; e, finalmente discutir a existência ou não de um universo finito. 2 TEORIAS CIENTÍFICAS 2.1 PRÉ-SOCRÁTICOS E AS PRIMEIRAS IMPRESSÕES SOBRE O UNIVERSO Se pararmos para olhar o passado, vemos que tudo que se sabe, hoje, sobre a cosmologia foi construída gradualmente por muitos cientistas. Os filósofos gregos, chamados pré-socráticos, que viveram antes da era cristã, tentaram entender o mundo através da razão e passaram esse modo de pensar para seus discípulos, eles refletiam para tentar explicar a existência de tudo que havia ao seu redor. Esses filósofos receberam o nome de pré-socráticos por precederem Sócrates, um grande filósofo que tem seu método de pensar preservado até os dias de hoje. São vários os pensadores: Tales e Anaximandro, Heráclito e Pitágoras, Xenófanes e Parmênides, Empédocles e Demócrito. Todos eles estudavam diversos assuntos, entretanto, Tales foi o primeiro a questionar-se do que o mundo era feito, e, com suas reflexões, concluiu de que o mundo era feito de apenas um elemento: a água. Essa conclusão deve-se ao fato de que tudo necessitava de água para viver. Anos depois, seu discípulo Anaximandro, pensou de outro modo, alegando que se o mundo era sustentado por água, esta deveria ser sustentada por uma força parecida e assim por diante. Devido a isso, ele concluiu que a Terra flutuava no espaço e ficava em seu lugar devido à equidistância em relação a tudo. Hoje sabemos que Volume 3, Setembro de 2012. 3 esses pensamentos estão incorretos, mas não no todo, pois ajudou, a partir daí, a descobrirmos muito mais. 2.2 MODELO GEOCÊNTRICO O filósofo grego Aristóteles deu continuação às teorias de criação e, ainda antes da era cristã, desenvolveu o modelo geocêntrico que prevaleceu até o século XV sem críticas e nem mesmo divergências. Esse modelo tinha como base a teoria da Terra como centro do Universo, e as observações feitas no dia a dia só favoreciam essa teoria porque o planeta realmente dá a impressão de estar parado em relação a todos os astros observáveis, visto que os mesmos, aos olhos leigos, parecem girar ao nosso redor. O ápice desse modelo matemático Claudius Ptolomeu publicou, deu-se em quando uma de o suas astrônomo obras, e uma complementação desse pensamento. Dizia que a lua e os outros astros giravam em torno da terra na seguinte ordem: Lua, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter e Saturno. Ptolomeu descobriu isso com ajuda da matemática, mais especificamente, da trigonometria. 2.3 MODELO HELIOCÊNTRICO No Modelo Heliocêntrico o Planeta Terra deixou de ser o centro do universo (Modelo Geocêntrico), passando, então, o Sol a ser o centro dos movimentos dos astros conhecidos. Os planetas encontram-se orbitando ao redor da grande estrela pela seguinte ordem de distância: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Atualmente sabe-se que o Sol está no centro do nosso Sistema Solar, contudo, encontra-se muito longe do centro da galáxia. Volume 3, Setembro de 2012. 4 Aristarco de Samos (310-230 a.C.) foi quem defendeu primeiramente este modelo, que foi desenvolvido por Nicolau Copérnico (1473-1543) e Galileu Galilei (1564-1642) mais de mil anos depois. Copérnico e, principalmente, Galilei – auxiliado pela tecnologia do telescópio, deram sustentação a teoria que é a mais aceita pela comunidade científica. Em geral, os modelos cosmológicos utilizam o que chamamos de Princípio Cosmológico (ou Princípio de Copérnico) em que supõe-se homogeneidade e isotropia como hipótese simplificadora. Esse princípio tem como origem as ideias de Copérnico nas quais a Terra não ocupa uma posição privilegiada no universo. Estendendo essa afirmação, dizemos que não existe nenhum ponto ou direção privilegiada no universo. Dados observacionais, como a RCF, estruturas em grande escala e crescimento de estruturas, parecem confirmar essa premissa. (VITENTI, 2011, pág. 7). Na época do Renascimento (séc. XVI E XVII), a Igreja Católica controlava a produção cultural e científica. Por defender o geocentrismo, a Santa Inquisição condenou Galilei, por acreditar no heliocentrismo, sendo assim, seria queimado na fogueira. Prestes a morrer, o cientista negou sua teoria diante do tribunal e conseguiu livrar-se da morte, embora nunca deixasse de acreditar no Modelo Heliocêntrico. 2.4 THE BIG BANG A teoria do Big Bang é uma das hipóteses mais aceitas pelos grupos científicos para explicar a criação do Universo a partir de uma grande explosão, ocorrida há aproximadamente 14 bilhões de anos. No ano de 1927, o padre e cosmólogo Georges Lemaître, com auxílio dos estudos de Albert Einstein sobre a teoria geral da relatividade, chegaram aos resultados de que o Universo está em expansão para todas as direções e, consequentemente, as galáxias acabam se afastando uma das outras gradativamente. Logo, esta expansão era proveniente de Volume 3, Setembro de 2012. 5 um ponto, onde toda a matéria concentrava-se em um “átomo primordial” com temperatura e densidade elevadas. Além de saber mais sobre o tipo de força desencadeadora da grande explosão chamada Big Bang, é possível também afirmar que ela é a origem de todas as matérias existentes no Universo e a gênese do tempo e da gravitação universal. Já no campo das incertezas persiste o questionamento que se algum dia o Universo, que tinha a forma de uma ponta de agulha e era totalmente resfriado, poderá novamente voltar ao seu estado inicial. No entanto, persiste um fator crucial que ambos os cientistas e os filósofos não conseguem responder: “o que existia antes de ocorrer o Big Bang?” Por essa questão não ser explicada, não se considera essa teoria perfeita, entretanto, continua sendo a mais admitida. Do mesmo modo como existem as teorias científicas, admite-se também teorias religiosas que conseguem responder perguntas relacionadas à criação do Universo, independentemente das afirmativas serem verídicas ou não. 3 TEORIAS RELIGIOSAS 3.1 HINDUÍSTA Conforme a crença Hindu, no início não existia nenhum ser vivo, como se o Universo estivesse em um profundo sono. Então, iniciou-se a evolução a partir dos três componentes do prakriti (o luminoso, o impuro e o tenebroso) que deram origem aos cinco elementos primordiais, formando o Universo ou o “ovo de Bramã”. Desse ovo eclodiu Bramã, que gerou a criação e o homem. No instante que o ovo rachouse, a casca superior originou a esfera celeste, enquanto que a inferior formou a esfera terrestre. Em seguida, continuou executando a criação do Universo ao lado Volume 3, Setembro de 2012. 6 de Vixnu (conservador do Universo) e Shiva (transformador do Universo), integrando a Trimurti. O Deus Bramã é caracterizado como um homem de pele vermelha, dotado de quatro braços e cabeças, as quais ficam direcionadas para os quatro pontos cardeais do Universo. Aqueles que são devotos do hinduísmo acreditam que Bramã viverá cem anos celestiais (equivalente a quatro milhões de anos Terra) e, no momento que ele falecer, o Universo será ultimado. Porém, acredita-se que outro Universo nascerá juntamente com um Deus proposto a criar a natureza da órbita. 3.2 A VERSÃO BÍBLICA Acredita-se que a teoria bíblica, que provém do cristianismo, seja a mais reconhecida no planeta, pelo fato de ser a religião com mais adeptos, mas esse fato dá-se pela quantidade de devotos, e não por explicações comprovadas, já que as teorias científicas são muito mais aceitas nos meios não religiosos. Mas isso também não se pode ter certeza, haja vista que, hoje em dia, o número de cristãos fervorosos tem diminuído, e as pessoas estão deixando de acreditar que Deus foi o criador de tudo, mas ainda sim acreditando na sua existência. A Bíblia Sagrada explica como foi que Deus criou o Universo, mas não explica qual o tipo de matéria-prima usada para criar a luz, a água, a terra, os vegetais, o sol, as estrelas e o homem. Nela consta que Ele utilizou-se de seis dias para fazê-lo, sendo o sétimo para descanso. No primeiro dia, Deus cria a luz com o comando “Haja luz!”; a luz passa a dividir o dia em escuridão e não escuridão (dia e noite). No segundo dia, com o comando “Haja uma expansão no meio das águas, e haja separação entre águas e águas!”; a divisão destas criou o Céu. No terceiro dia, houve dois comandos, sendo um “Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num lugar; e apareça a porção seca” separando a Terra dos Mares, e o outro “Produza a terra erva verde, erva que dê semente, árvore frutífera que dê fruto segundo a sua espécie, cuja semente está Volume 3, Setembro de 2012. 7 nela sobre a terra” criando a vegetação. No quarto dia, Deus disse “Haja luminares na expansão dos céus, para haver separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais e para tempos determinados e para dias e anos. E sejam para luminares na expansão dos céus, para iluminar a terra” para marcar dias, estações e anos e também criou as estrelas. No quinto dia, foram criados as aves e os répteis, com o comando “Produzam as águas abundantemente répteis de alma vivente; e voem as aves sobre a face da expansão dos céus”. No sexto e penúltimo dia, Ele disse “Produza a terra alma vivente conforme a sua espécie; gado, répteis e feras da terra conforme a sua espécie” e “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra”, criando, finalmente, o Homem. No sétimo e último dia, Deus, apenas descansou, tornando-o um dia abençoado. 3.3 MITOLOGIA Grécia antiga adotava uma religião politeísta, entretanto, não existiam escrituras sagradas. As fontes existentes a respeito da Mitologia Grega foram escritas no séc. VIII a.C. por Hesíodo (Teogonia) e Homero (Ilíada e Odisseia). Segundo os textos, o princípio de tudo está associado a um vazio de onde veio o caos primordial. Surgiram então Nix (a noite) e Érebo (as trevas), e posteriormente, Gaia (a terra). Nix engravida de Érebo e dá origem a Éter (o céu superior) e a Hemera (o dia). Gaia gera Urano (o céu) com quem teve vários filhos, doze titãs, ciclopes e hecatônquiros. Gaia pede ao seu filho mais novo, Cronos, castrar o pai e libertar seus irmãos, pois o mesmo odeia os filhos e põe-nos de volta à barriga de Gaia. Após castrar o pai, Cronos, percebeu que seus irmãos ciclopes eram mais fortes e não os salvou. Cronos casou-se com Réia, contudo, tinha medo de uma profecia que falava que um filho tomaria seu trono. Por isso, Cronos passou a Volume 3, Setembro de 2012. 8 devorar seus filhos. Réia, contudo, conseguiu salvar Zeus, que, quando adulto, sobe ao Olimpo e derrota o seu pai. Em seguida, liberta os hecatônquiros e os ciclopes com a ajuda de Gaia e faz seu progenitor derrotado vomitar seus irmãos, sendo eles os primeiros deuses. Depois de muito tempo, Zeus dá origem a seu filho Hefesto (deus dos ferreiros), que constrói o primeiro mortal dando o nome de Pandora. Na mitologia egípcia, entretanto, existe o “Livro dos Mortos”, como escritura sagrada, e remete a papiros encontrados nas tumbas de múmias. Consta que no primórdio existia somente água turbulenta e borbulhante, de onde nasceu Rá (primeiro deus) que se transforma no sol. Em comunhão com sua própria sombra gera Tefnut (umidade) e Shu (ar), os quais também tiveram seus filhos, Geb e Nut (a terra e o céu). Logo foi estabelecida a ordem cósmica. Derivada de vários textos, a crença chinesa diz que P’an Ku nasce a partir de um Ovo. P’an Ku morre, e seu corpo dá origem a tudo que conhecemos hoje, seu olho esquerdo transformou-se no sol e o direito na lua; dos seus ossos vieram os minerais; do seu sangue os rios; e dos vermes do seu corpo, a humanidade. 4 O COSMOS CONHECIDO E OS AVANÇOS CIENTÍFICOS 4.1 SISTEMA SOLAR O sistema solar é um sistema planetário, isto é, um conjunto formado por um astro maior (a estrela Sol) que, ao seu redor, giram os astros menores (planetas, satélites e outros corpos celestes). A sua criação foi gerada através de um colapso gravitacional de uma nuvem molecular, há 4.568 bilhões de anos. A região onde se formaria o sistema solar é conhecida como a névoa-solar, acreditando-se que o Sol já foi uma estrela T Tauri, caracterizada por uma névoa envolvida na própria estrela, e nesta região formaram-se os planetas. Consequentemente, com o aumento da temperatura, pressão e densidade do hidrogênio e do hélio alcançaram um ponto de Volume 3, Setembro de 2012. 9 equilíbrio hidrostático, com a energia termal contendo a força da contração gravitacional. Além da Terra, são conhecidos oito planetas, que giram ao redor do Sol. Pela ordem de proximidade em relação ao Sol, respectivamente: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão (5.900.000.000 km em relação ao Sol). A órbita dos planetas é elíptica, possuindo um movimento de translação ao redor do Sol, não apresentando sempre a mesma distância. Aqueles que se encontram mais próximos do Sol possuem uma composição mais sólida, enquanto os menos próximos possuem composição gasosa. 4.2 O UNIVERSO OBSCURO Por muito tempo, o Universo gerou muitas incógnitas para os pesquisadores, como o que havia além de nosso sistema e de nossa galáxia. Com o avanço da tecnologia cada vez mais se descobre sobre a origem de tudo que nos cerca. Um exemplo de tal afirmação é o telescópio Hubble, que está funcionando desde a década de 90, e, com sua ajuda, já foi possível ir além de nossa galáxia, descobrindo o lado que até então era inexplorado. Existem bilhões de galáxias, cada uma com seus bilhões de estrelas, e isso é o que nos faz pensar se é possível que apenas um planeta, tão pequeno comparado ao Universo, seja capaz de abrigar vida. Uma das últimas descobertas foi a da existência de planetas circumbinários, ou seja, que orbitam duas estrelas. Para os pesquisadores, esse fato era desconhecido e nunca havia sido estudado. Dentre tantos enigmas a serem decifrados, um dos principais desafios que a Física e Astronomia enfrentam é desvendar o enigma da matéria negra ou matéria escura, a qual desde 1930 sabese de sua existência. Contudo, não é possível nem vê-la, o que dirá falar sobre o seu verdadeiro papel. Todavia, é conhecida a importância dessa matéria que somente foi detectada pelos cientistas pela sua força gravitacional. Volume 3, Setembro de 2012. 10 4.3 O ELO RELIGIOSO-CIENTÍFICO E SUAS RESPECTIVAS FALHAS Desde os primórdios, as teorias criacionistas vão aparecendo e modificandose. No começo, foram constituídas crenças onde havia um criador que construiu o planeta e o universo. Ao longo dos tempos, a ciência foi evoluindo e criando suas próprias teorias e sempre tentando prová-las. Diferentemente, a verdade religiosa ou a versão dos fatos que ela produz, não necessitam de nenhum tipo de prova concreta, carecem apenas da crença de seus seguidores. De certo modo, a teoria bíblica e a do Big Bang são relativamente parecidas, tendo pontos em comum. Na teoria religiosa, Deus, no primeiro dia, deu o comando “Haja luz”, assim como na científica, onde o começo de tudo foi uma grande explosão. Mas as duas teorias ainda tem muitas perguntas que não foram respondidas. Contudo, no caso da religiosa não existe esse dever. Se não há contato com Deus, como esses comandos foram descobertos? Onde ele fica e por que ele não aparece no lugar que Ele próprio criou? Por outro lado, os cientistas também não conseguem comprovar as suas teorias cosmogônicas e, muito menos, a existência ou não de um criador para acabar de vez com essa ideia, além de outras questões como o que havia antes do Universo existir ou se existe vida inteligente além da vida humana. Muitas outras teorias também foram criadas ao longo dos tempos como, por exemplo, a teoria do multiverso, na qual existem infinitos universos em um vasto hiperespaço. Para melhor entendermos essa teoria, vamos imaginar um copo com refrigerante: as bolhas são os universos e o copo o hiperespaço. Toda essa sintonia que existiu para que houvesse vida no planeta não é uma questão divina, mas sim uma questão de estatística, pois se existem infinitos universos, não seria só o nosso que teria vida inteligente. Com a intenção de explicar melhor o Big Bang, os cientistas criaram um acelerador de partículas cujo objetivo principal é o de reproduzir, em escala de laboratório, o grande momento da Volume 3, Setembro de 2012. 11 criação do Universo. Tal simulação ajudaria a compreender melhor os acontecimentos posteriores a grande explosão. 4.4 O LHC, O BIG BANG E O BÓSON DE HIGGS Desde que a teoria da criação do Universo através da hipótese do Big Bang foi fundamentada, cientistas ao redor do mundo vêm tentando comprovar essa tese. Seguindo a ideia de Lemaître e inspirados em teorias da Física Moderna, pesquisadores desenvolveram o mais potente acelerador de partículas do mundo, conhecido como LHC (Grande Colisor de Hádrons) que está localizado em um túnel, a 100 metros de profundidade, no complexo de aceleradores da Organização Europeia de Pesquisa Nuclear, na fronteira da França com a Suíça, a fim de reproduzir a criação do Universo. No recorde do LHC, em março de 2010, foi provocada uma colisão de 2 feixes de prótons que produziu uma explosão a 7 tetraelétron Volts, que foi chamada pelos cientistas de mini Big Bang. Além disso, colidir prótons comprovou o que vem sendo motivo de estudo dos cientistas há anos: a comprovação da partícula Bóson de Higgs, - partícula subatômica crucial para a fundamentação da teoria da criação do Universo – que confere massa às demais partículas e explica o surgimento da matéria, sendo esta conhecida como a Partícula de Deus. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao final dessa pesquisa, tínhamos como objetivo responder a questão que norteou a mesma: “Como foi concebida a cosmologia contemporânea?”. Focando nossas atenções no cruzamento de ideias entre a cosmologia e a cosmogonia – esta estuda tanto teorias quanto lendas e seitas sobre a criação do universo. Foram esclarecidas não só algumas respostas, mas também geradas novas perguntas. Volume 3, Setembro de 2012. 12 Os resultados que obtivemos nos levam a crer que nunca uma única teoria criacionista será aceita por todos os humanos. Muitos religiosos católicos não acreditam na teoria do Big Bang, mesmo que o Vaticano tenha assumido a mesma. Por outro lado, os cientistas nunca irão acreditar nas teorias cosmogônicas religiosas, mesmo que não seja possível provar o Big Bang. Foram apresentadas neste trabalho as principais teorias sobre a criação do universo. Contudo, nenhuma das hipóteses levantadas durante a pesquisa pode ser dada como real, visto que ninguém conseguiu comprovar nenhuma delas. Embora ainda distante, a ciência está se aproximando de uma explicação racional para a pergunta mais polêmica e controversa de todos os tempos. Questionamento este que já foi respondido por diversas vezes e por diversos modos por diferentes religiões, seitas e mitologias; mas como já dissemos, esta versão religiosa não possui compromisso com a verdade, é apenas uma questão de fé. O Bóson de Higgs surge como um incrível avanço e uma nítida possibilidade de resposta a questão primordial. A junção de pesquisas avançadas com o LHC fornecem aos cientistas da atualidade, o entendimento necessário para comprovar futuramente a Teoria do Big Bang como a verdadeira versão sobre a criação do universo. REFERÊNCIAS Bíblia Online: versículos do dia. Disponível em: <http://www.bibliaonline.com.br/>. Acesso em: 14 set. 2012. BORGES, Michelson. Declarações polêmicas de Stephen Hawking. Outra leitura: ciência e religião. 2010. Disponível em: <http://www.outraleitura.com.br/web/artigo.php?artigo=400:Declaracoes_polemicas_ de_Stephen_Hawking>. Acesso em: 10 set. 2012. Volume 3, Setembro de 2012. 13 CHANG, Kenneth. Criacionismo prospera no mundo islâmico, mas sem crença de Terra recente. Folha de S. Paulo. São Paulo, nov. 2009. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u651325.shtml>. Acesso em: 29 jun. 2012. CHAUI, Marilena. Convite a filosofia. São Paulo: Ed. Ática, 2000. HINRICHS, Ruth; PORCHER, Carla. Origem do Universo. 2011. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/geociencias/cporcher/Atividades%20Didaticas_arquivos/Geo02 001/Cosmologia.htm>. Acesso em: 06 set. 2012. VESENTINI, Jose William. Geografia crítica: o espaço natural e a ação humana. São Paulo: Ed. Ática, 2000. VITENTI, Sandro Dias Pinto. Estudos das perturbações em universos com ricochete. Rio de Janeiro: CBPF, out. 2011. Disponível em: < http://cbpfindex.cbpf.br/publication_pdfs/thesis_vitenti.2012_03_07_16_43_50.pdf>. Acesso em: jul. 2012. Volume 3, Setembro de 2012. 14