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Murillo Constantino
QUINTA-FEIRA, 17 DE MARÇO, 2011 | ANO 3 | Nº 391 | DIRETOR RICARDO GALUPPO | DIRETOR ADJUNTO COSTÁBILE NICOLETTA
O ex-comissário da
União Europeia Peter
Mandelson vê “pânico” do
Brasil diante da China ➥ P12
A Iberia, da Espanha,
e a Lufthansa, da
Alemanha, reforçam
operações no Brasil ➥ P20
R$ 3,00
Grupo Mabe investe
R$ 160 milhões
e fortalece marca
Continental ➥ P26
Tragédia japonesa, temor mundial
Issei Kato/Reuters
No Brasil, reflexo da crise
chega por meio da revisão
de orçamentos para
projetos nucleares, como
submarino da Marinha e
enriquecimento de urânio
No Japão, a ONU confirmou danos em
três reatores da usina nuclear de Fukushima, mas informou que condições não
apresentam mudanças significativas desde terça-feira. As bolsas sinalizaram processo de recuperação, porém a atividade
produtiva não foi retomada. Fábricas e
escritórios de grandes multinacionais estão fechados, sem previsão de retorno às
atividades. O imperador japonês Akihito, que raramente aparece em público,
foi ontem à TV pedir à população do sul
do país que não exagere no estoque de
alimentos para evitar a escassez de abastecimento nas áreas atingidas. ➥ P4
Japoneses acompanham o
pronunciamento do imperador
Akihito: sintoma da gravidade
AGCO produzirá
pulverizadores no Brasil Aversão ao risco
Companhia alemã, dona das marcas
Massey Ferguson e Valtra, projeta
faturar R$ 73,5 milhões apenas neste
ano com vendas de equipamentos para
a aplicação de defensivos agrícolas. ➥ P22
Votorantim reformula
negócio de cimento
Grupo amplia o mercado de produtos
complementares, como cal, calcário para
agricultura e argamassa, com a qual
espera aumentar em 50% a quantidade de
unidades dedicadas a estes produtos. ➥ P24
Agências de fomento em
busca de mais recursos
Bancos de desenvolvimento regionais
como os do Rio de Janeiro, de São Paulo
e Minas Gerais estudam captar dinheiro
no exterior junto a organismos
multilaterais e emitir títulos de dívida. ➥ P32
chega enfim à
bolsa brasileira
Após operar descolado dos
mercados internacionais nos
últimos dias, o Ibovespa se
rendeu ao mau humor externo
e registrou perda de 1,5%,
aos 66 mil pontos. ➥ 36
INDICADORES
▼
▲
▼
▼
▼
■
▼
▼
▼
▼
▼
▲
TAXAS DE CÂMBIO
Dólar Ptax (R$/US$)
Dólar comercial (R$/US$)
Euro (R$/€)
Euro (US$/€)
Peso argentino (R$/$)
JUROS
Selic (a.a.)
BOLSAS
Bovespa - São Paulo
Dow Jones - Nova York
Nasdaq - Nova York
S&P 500 - Nova York
FTSE 100 - Londres
Hang Seng - Hong Kong
16.3.2011
COMPRA
1,6666
1,6720
2,3154
1,3893
0,4126
META
11,75%
VAR. %
-1,50
-2,04
-1,89
-1,95
-1,70
0,10
VENDA
1,6674
1,6740
2,3167
1,3894
0,4130
EFETIVA
11,67%
ÍNDICES
66.002,57
11.613,30
2.616,82
1.256,88
5.598,23
22.700,88
Risco de desabastecimento na
cadeia de produtos eletrônicos
pode trazer aumento de preços.
2 Brasil Econômico Quinta-feira, 17 de março, 2011
NESTA EDIÇÃO
Bloomberg
Em alta
Escola privada critica bolsa integral
“Só vai prejudicar quem tem renda maior e condições de
arcar com uma parte do valor do curso”, argumenta Hermes
Ferreira Figueiredo, presidente do Semesp, reagindo à
proposta do ministro da Educação, Fernando Haddad. ➥ P14
Fabio Nunes
Saúde privilegia laboratório nacional
Ministério está desenvolvendo regras específicas para
as licitações do setor, anunciou o ministro Alexandre
Padilha, ontem, em São Paulo. Os procedimentos devem
ser adotados a partir do segundo semestre. ➥ P15
Mabe aposta no potencial
da marca Continental
Grupo mexicano reage à concorrência
agressiva da americana Whirlpool e da
sueca Electrolux e, a partir deste ano, das
coreanas LG e Samsung, investindo R$ 160
milhões até dezembro para promover
mudanças na sua estrutura de atuação
no país. Mais de 60% do portfólio será
reformulado e as atividades, como revela
Luis Berrondo, presidente mundial
do grupo, centralizadas em apenas três
marcas: a GE, para os públicos A e B,
Continental para as classe B e C e Dako,
para os consumidores C e D. Serão
lançados 118 novos produtos, tendo
a Continental como carro-chefe. ➥ P26
Atividade Econômica tem
alta de 0,71% em janeiro
IBC-Br é o maior em nove meses e a reativa
a polêmica sobre o grau de desaceleração
da atividade econômica. Os dados positivos
do BC apresentados ontem, se seguem
a outros indicadores que mostram uma
economia aquecida, como a Pesquisa
Mensal do Comércio (PMC), divulgada na
terça-feira, que mostrou alta de 1,2% nas
vendas em janeiro, maior patamar de
expansão em cinco meses. No mesmo dia,
o Cadastro Geral de Empregados e
Desempregados (Caged) revelava que em
fevereiro ocorreram 280.799 contratações,
recorde para o mês, e que com os
ajustes poderá se aproximar do recorde
histórico de junho de 2008. ➥ P16
Iberia reforça rota São Paulo-Barcelona
A partir de julho, a companhia espanhola oferecerá dois novos
voos semanais de Guarulhos para Barcelona. A alemã Lufthansa
também vai reforçar a operação brasileira, retomando,
a partir de outubro, a ligação entre Frankfurt e Rio. ➥ P20
Antonio Scorza/AFP
Cummins prevê 105 mil motores no ano
Unidade brasileira deverá ampliar produção de motores
a diesel em 9,3% este ano. Em 2010, foram produzidos
96 mil motores, o maior número desde a chegada
a empresa ao país há 40 anos. O faturamento global
no ano passado chegou a US$ 13,2 bilhões. ➥ P25
Riachuelo prepara plano de expansão
Meta é transformar a marca na “Zara brasileira”,
com a expansão da participação de mercado dos
atuais 1,2% para 15%, afirma Flávio Gurgel Rocha,
presidente da rede varejista de vestuário. ➥ P11
Rodada de Doha precisa seguir adiante
É o que defende Peter Mandelson, um dos idealizadores
do novo Partido Trabalhista Britânico, pregando pouca
intervenção do estado, controle da inflação e responsabilidade
fiscal. Ele não admite o fim da “Terceira Via”. ➥ P12
Murillo Constantino
Santander parte para o ataque na AL
Banco espanhol concentra ações em futebol e automobilismo
e, assim como já acontece com a Libertadores, vai patrocinar
a Copa América, em julho, na Argentina. Meta é reforçar a
atuação na região, a partir do Brasil. ➥ P28
AGCO vai fabricar pulverizadores
Murillo Constantino
Com as marcas Massey Ferguson e Valtra, as mesmas
dos tratores, que lideram as vendas no país no segmento,
os equipamentos devem começar a ser comercializados
em maio próximo, afirma André Muller Carioba,
vice-presidente na América do Sul . ➥ P22
Votorantim reforça produção
de argamassa, cal e calcário
Liderada por Marcelo Chamma, que estava
à frente da área de cimento, a chamada
divisão de produtos complementares
está sendo reorganizada para ampliar
a participação no mercado oferecendo
produtos que facilitem os processos
produtivos e reduzam o tempo da obra.
Em breve será inaugurada uma fábrica
em Limeira (SP), como parte do plano de
aumentar em 50% o número fábricas
de argamassa no país (atualmente, são 13).
A Votorantim é líder em argamassa do
segmento básico (reboco), com a marca
Matrix, e vice-líder em argamassa colante,
usada em revestimentos com pisos e
azulejos, área liderada pela Quartzolit. ➥ P24
Maior controle na reciclagem de vidros
TwiTV leva o twitter para a TV via web
Abividro, entidade que reúne fabricantes do segmento,
propõe a criação de uma agência para coordenar
a logística reversa do vidro. Quase metade do material
descartado atualmente já é reaproveitado. ➥ P18
Canal de TV na internet lançado pela agência Loducca tem
a grade programação controlada em tempo real pelos
assuntos mais comentados no Twitter. São exibidos vídeos
do Youtube sobre os assuntos mais comentados. ➥ P30
Divulgação
A FRASE
“Precisamos de mais prefeitas,
mais governadoras, não só de
deputadas e senadoras”
Iriny Lopes, secretária de Política para as Mulheres, sobre a inclusão das
mulheres no mercado de trabalho e na vida pública. Com a reforma política,
a ideia, segundo ela, é ampliar o número de candidatas e reservar um
percentual de vagas no Congresso Nacional para candidatas do sexo feminino.
Quinta-feira, 17 de março, 2011 Brasil Econômico 3
EDITORIAL
Antonio Milena
SAUMÍNEO DA SILVA NASCIMENTO, PRESIDENTE DO BANCO DO ESTADO DE SERGIPE
Desaceleração
pode estar sendo
superestimada
Novas dúvidas sobre a desaceleração da
economia - até mesmo se ela existe sugiram ontem com a divulgação do Índice de Atividade Econômica do Banco
Central, que registrou alta de 0,71% em
janeiro na comparação com dezembro.
Indicador relativamente recente, medido desde janeiro de 2009, o IBC-Br é
considerado uma espécie de prévia do
Produto Interno Bruto, divulgado trimestralmente. Com os devidos ajustes
sazonais, em 12 meses a alta é de 7,38%,
percentual próximo dos 7,5% de crescimento do PIB, registrado pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) em 2010.
Como mostra a repórter Eva Rodrigues nesta edição, os novos números
surgem na sequência de dois outros
índices igualmente positivos. A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do
IBGE, mostrou alta de 1,2% nas vendas
em janeiro, justamente num mês em
que, até pelos excessos de consumo
inerentes às festas natalinas e de fim
de ano, tenderia a se mostrar mais retraído. O mesmo raciocínio se aplica
aos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged)
referentes a fevereiro, quando foram
criados 280,8 mil empregos com carteira assinada, recorde para o mês. O
setor de serviços liderou as contratações, seguido da indústria de transformação e da construção civil.
Cresce a expectativa sobre
as ações da autoridade
monetária para manter a
inflação no centro da meta
“A taxa de crescimento do lucro líquido do Banese é uma das maiores dos bancos do país”,
comemora Saumíneo da Silva Nascimento, presidente da instituição estatal. No ano passado,
o lucro chegou a R$ 54,5 milhões, com aumento de 39,4% em relação a 2009. ➥ P34
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Negócios), Jeferson Fullen (Gerente de Mercados) ,
Ana Paula Monção (Assistente Comercial)
Os três indicadores reanimam o debate em torno da última ata do Comitê
te de Política Monetária do Banco Central (Copom), que sinaliza para um
aperto monetário menor. A partir do
documento alguns analistas se arriscam
a prever nova alta de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros em abril,
levando a Selic para 12,25%, taxa que
seria mantida nos próximos meses.
Como as prévias de alguns setores da
indústria mostram a tendência de continuidade do aquecimento em março, é
natural que aumente a expectativa sobre o comportamento da autoridade
monetária para segurar a inflação no
centro da meta. E até que ponto, as chamadas medidas macroprudenciais terão
o efeito desejado, sem penalizar excessivamente o setor produtivo. ■
Projetos Especiais Márcia Abreu (Gerente), Alexandre de
Vicencio (Coordenador), Daiana Silva Faganelli (Analista)
Publicidade Legal Marco Panza (Diretor de Publicidade Legal e Financeira), Marco Aleixo (Gerente Executivo), Adriana Araújo, Valério Cardoso, Carlos Flores (Executivos de
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e 39% para vigências trimestral, semestral e anual,
respectivamente, em relação ao preço de capa
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(circulação de segunda a sexta, exceto nos feriados nacionais)
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Nova Forma (SP)
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4 Brasil Econômico Quinta-feira, 17 de março, 2011
DESTAQUE JAPÃO
Marinha teme
perder verba de
submarino nuclear
Claudio Teles, porta voz da Marinha:
“Não podemos correr o risco de ficar
sem a eletricidade que é produzida
pelas centrais nucleares”
Catástrofe no Japão pode levar à revisão do orçamento
de projeto que viabiliza enriquecimento de urânio no país
Martha San Juan França
[email protected]
A crise nuclear instalada no Japão repercute em Iperó, a 130
quilômetros de São Paulo, onde
funciona o Centro Experimental de Aramar (CEA) da Marinha
do Brasil. A decisão do governo
de condicionar os rumos do
projeto nuclear do país às novas
medidas de segurança que poderão ser tomadas como resultado do que aconteceu nas usinas de Fukushima pós-terremoto e tsunami, acendeu o sinal
de alerta entre os técnicos que
se dedicam ao desenvolvimento
da tecnologia do ciclo completo
de fabricação do combustível e
do reator brasileiro.
“Por muito tempo tivemos
dificuldades bastante sérias,
perdemos gente capacitada;
mas ultimamente obtivemos
mais recursos e voltamos a produzir em escala laboratorial”,
afirma o comandante Claudio
Teles, porta-voz da Marinha em
Aramar, sobre o urânio enriquecido que será usado como combustível do reator. “Estamos
construindo a usina de produção de hexafluoreto de urânio
para conversão, necessária para
a fase seguinte do obtenção do
combustível, que é o enriquecimento. Um dos benefícios é o
desenvolvimento tecnológico
associado a esse processo.”
Segundo Teles, é certo que
as lições do que ocorreu no Japão serão incorporadas não só
pelo programa nuclear brasileiro como de outros países.
“Mas não podemos deixar a
emoção tomar conta e correr o
risco de ficar sem a eletricidade que é produzida pelas centrais nucleares”, diz.
Desafios em andamento
Para o engenheiro, as medidas
que estão sendo tomadas no
Japão são corretas para evitar o
perigo da radiação e estão previstas na legislação internacional. Agora é analisar o que
está acontecendo dentro dos
prédios dos reatores e continuar a produção. “Dezesseis
por cento da eletricidade do
planeta é de origem nuclear e
Programa brasileiro
já consumiu mais
de US$ 1 bilhão
em recursos desde
que foi criado, há
mais de 30 anos
não existe um substituto adequado na maioria dos países.”
O programa da Marinha já
consumiu mais de US$ 1 bilhão
em recursos desde que foi criado há mais de trinta anos. A
maior parte foi gasta na central, cujo objetivo é o desenvolvimento do sistema de propulsão do primeiro submarino
nuclear brasileiro.
Um dos desafios para a operação do submarino era o fornecimento de combustível. O material usado nos reatores não é o
urânio natural, mas aquele obtido pelo processo de enriquecimento (U-235), numa proporção
de 4% (3,5% nas usinas, como
Angra 1 e 2). O processo exige
que o minério seja purificado e
concentrado na forma de um sal
amarelo chamado yellow cake,
que depois é convertido em gás
(hexafluoreto de urânio ou UF6).
A previsão é que seja inaugurada a primeira fase da usina
de conversão em UF6 em setembro, com capacidade de 40
toneladas por ano para atender
as necessidades da Marinha.
Nessa primeira etapa serão necessários testes de calibração e
ajustes técnicos em diversos
equipamentos. Após essa fase,
a produção de gás será iniciada
de forma progressiva. Foram
gastos com o combustível cerca de R$ 115 milhões.
Hoje, só seis países têm condições de fazer a conversão de
yellow cake em gás: França,
Rússia, Canadá, Estados Unidos,
Brasil e Irã. O UF6 que o Brasil
usa em Angra 1 e 2 vem do Canadá. Uma terceira fase do programa será a construção de uma
usina em Resende, onde já funciona um complexo de ultracentrífugas utilizadas para o enriquecimento do urânio, tecnologia também desenvolvida no
Centro Experimental de Aramar
e dominada por poucos países.
“Iniciamos aqui as pesquisas
que são usadas em escala maior
pela indústria”, afirma Teles.
Paralelamente à usina de Resende, o centro pretende construir, se conseguir recursos, o
laboratório do protótipo do reator de água pressurizada
(PWR)do submarino. ■
PROPULSOR
ANGRA 3
R$
450 mi
É o custo previsto das
R$
9 bi
É o orçamento previsto para
instalações do protótipo do
propulsor do submarino nuclear.
Angra 3. Cerca de 70% do projeto
será financiado pelo BNDES.
COMBUSTÍVEL
RADIOISÓTOPOS
R$ 115mi
R$ 850 mi
É o custo da Usexa, prevista para
ser inaugurada em setembro, com
resursos da Marinha e do MCT.
É o valor estimado para
a construção do Reator
Multipropósito Brasileiro.
Quinta-feira, 17 de março, 2011 Brasil Econômico 5
LEIA MAIS
ONU confirma danos
em três reatores
na usina nuclear de Fukushima,
mas afirma que situação no
local não registra mudanças
significativas desde terça-feira.
Bolsas sinalizam
processo de recuperação,
enquanto iene registrou
na quarta-feira recorde
histórico ante o dólar desde
a Segunda Guerra Mundial.
Atividade produtiva
no Japão ainda não foi
retomada depois da catástrofe
que atingiu o país; fábricas
estão fechadas e há risco
de desabastecimento.
Henrique Manreza
Eletronuclear
não quer
alterar Angra3
Para estatal, acidente no
Japão não afeta planejamento
energético brasileiro
Ruy Barata Neto
[email protected]
A estatal Eletronuclear não trabalha, por enquanto, com a
perspectiva de mudar o projeto
original definido para a construção da usina de Angra3, mas não
está garantido que o curso natural da obra continue inalterado
nos próximos anos. Orçado em
R$ 9 bilhões, o empreendimento
conta com contrato assinado
com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES), que financiará cerca de
70% do projeto. O restante virá
de recursos estrangeiros, de parceiros ainda a serem definidos. É
exatamente essa a brecha que
está condicionada à repercussão
dos acontecimentos no Japão.
“O acidente não altera em
nada o planejamento energético
para o país, mas não há como
garantir isso”, diz o chefe de gabinete da presidência da estatal,
Leonam dos Santos Guimarães.
No que diz respeito às outras
quatro usinas previstas até
2030, a Eletronuclear ainda finaliza a conclusão da primeira
etapa de um estudo de localização dos empreendimentos, possivelmente serão dois no Nordeste e dois no Sudeste.
Guimarães diz que não é possível estabelecer qualquer relação de causa e efeito entre os
acontecimentos no Japão e o
processo de continuidade do
plano energético do país. Sua
opinião é mantida mesmo diante da opção do governo de esperar os resultados finais das avaliações dos acidentes no Japão.
“As usinas brasileiras seguem
rigorosamente o padrão internacional”, diz. “Se alguém for a
qualquer usina nacional não irá
encontrar diferença significativa em relação às japonesas.”
Projeto será
financiado em
70% pelo BNDES,
mas restante
do valor ainda
depende de
captação de
investimentos
estrangeiros
Mas elas existem e estão alinhadas às condições geológicas.
As usinas são dimensionadas
por esforços transmitidos por
movimentos sísmicos. Como o
Japão está em área de muita intensidade, elas são projetadas
para suportar 0,3 vezes o número da aceleração da gravidade, já as brasileiras suportam
0,1. “O que mais importa é a
força do tremor sobre a estrutura, que é determinada pela distância”, afirma o engenheiro.
Ele explica que, no Oceano
Atlântico, a formação de tsunamis é rara em razão das características das placas tectônicas.
O físico nuclear José Goldemberg, professor do Instituto
de Eletrotécnica e Energia da
Universidade de São Paulo
(USP), alerta que os riscos existem e as consequências são graves demais para priorizar a
energia nuclear em detrimento
de outras opções. “O Japão é
claramente o país com a melhor
tecnologia em usinas atômicas e
hoje vive um grave acidente”,
diz o especialista. ■
POLO NUCLEAR
Ipen desenvolve projeto para construção de novo reator em Iperó
Ao lado do Centro Experimental
de Aramar, em Iperó, está
prevista a construção do Reator
Multipropósito Brasileiro (RMB),
que deve ser a base de um
novo polo de tecnologia
nuclear vinculado ao Instituto
de Pesquisas Energéticas e
Nucleares (Ipen). Seu objetivo
primordial será suprir a área de
saúde de radioisótopos,
como o molibdênio, usados no
diagnóstico e no tratamento de
doenças nas áreas de cardiologia
e oncologia. O Brasil tem quatro
reatores de pesquisa, mas
nenhum deles possui capacidade
para a produção de molibdênio.
Além disso, o centro será
utilizado para testes de irradiação
do combustível e de materiais
utilizados nos reatores, como
varetas, paredes dos vasos
de pressão e do envoltório de
contenção, que servem para
impedir a saída do material
radioativo para o meio ambiente.
Outras empresas também
poderiam dispor dos serviços
do reator para o estudo de ligas
metálicas, materiais magnéticos e
proteínas. O Ministério da Ciência
e Tecnologia liberou recursos
da ordem de R$ 50 milhões para
o projeto básicodo RMB que está
sendo desenvolvido pelo Ipen.
Mas a construção do reator,
com custo estimado em R$ 850
milhões, corre o risco de atrasar
por causa do contingenciamento
fiscal proposto no início do
ano pelo governo. Uma opção,
segundo o superintendente
do Ipen, Nilson Dias Vieira,
seria iniciar uma parceria com a
Argentina para a viabilização do
projeto e divisão dos custos, uma
vez que o país vizinho também
tem interesse de desenvolver
um reator desse tipo. M.F.
6 Brasil Econômico Quinta-feira, 17 de março, 2011
DESTAQUE JAPÃO
ONU confirma danos em três
reatores de usina de Fukushima
Preocupação é com evaporação de piscina que recebe combustível usado da usina. Ela está quase ao ar livre
Kyodo/Reuters
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão ligado
à Organização das Nações Unidas, confirmou ontem danos aos
núcleos das unidades 1, 2 e 3 no
reator nuclear de Fukushima
Daiichi. De acordo com a agência, desde terça-feira não há mudanças significativas na situação.
Mas, Yukiya Amano, diretor geral
da AIEA, irá embarcar hoje para o
Japão a fim de buscar informações sobre a “seriíssima” situação da central nuclear.
Ele demonstrou preocupação
com a evaporação da água da piscina de combustíveis reciclados
do reator 4 na usina de Fukushima, que está quase ao ar livre.
Para especialistas, esse reservatório pode dar origem à temida
catástrofe nuclear, liberando dejetos radioativos da mesma intensidade que Chernobil. As barras de combustíveis usados nos
reatores, que continuam liberando muito calor, se encontram em
uma piscina na parte superior do
reator. Após dois incêndios no
prédio, a piscina ficou “quase ao
ar livre” e uma grande radiação
escapa, disse Thierry Charles, diretor do Instituto francês de Radioproteção e Segurança Nuclear.
Em vez de estar a 30°C como
normalmente, o tanque atingiu
os 80°C. O risco, com a evaporação, é de que as barras, ainda um
pouco isoladas do exterior pelo
líquido, deixem de estar submersas. Se mais água de resfriamento
não for colocada rapidamente, as
barras vão se desgastar e emitir
dejetos muito radioativos no ar.
Confrontadas a esta situação,
as autoridades japonesas cogitam
utilizar um caminhão-pipa com
canhão de água para molhar o
reator, após uma tentativa frustrada de recorrer a um helicóptero. Logo acima da piscina, a dose
de radioatividade já estaria muito
elevada para o piloto.
Reconstrução
O devastador terremoto que abalou o Japão e a consequente crise
nuclear podem resultar em uma
perda de até US$ 200 bilhões para
Impacto econômico
direto será de US$ 125
bilhões a US$ 200
bilhões, resultando
em uma contração
do Produto Interno
Bruto (PIB) no
segundo trimestre
1
a terceira maior economia do
mundo, mas o impacto global
continua incerto. O desastre deve
causar um grande prejuízo à produção japonesa nos próximos
meses (leia mais na página 8),
mas economistas alertam que a
situação pode piorar se a escassez
de energia for prolongada, atrasando uma recuperação semelhante a que se seguiu ao terremoto de Kobe, em 1995.
“A atividade econômica será
impedida por danos em infraestrutura (como escassez de energia) nas próximas semanas ou
nos próximos meses”, disseram
economistas do JP Morgan. A
maioria dos especialistas acredita que o impacto direto será de
US$ 125 bilhões a US$ 200 bilhões, resultando em uma contração do Produto Interno Bruto
no segundo trimestre. O investimento na reconstrução do país,
porém, deve gerar forte retomada
no segundo semestre de 2011.
Perdas
Até ontem, eram confirmados
4.340 mortos. O número de desaparecidos subiu para 9.083. Pela
primeira vez desde o desastre, o
imperador Akihito fez um pronunciamento em rede de televisão, e pediu calma à população.
Ele afirmou que está “profundamente preocupado” com a crise
nuclear e com a “natureza imprevisível” de Fukushima. ■ Redação com agências internacionais
Reuters
2
ÊXODO
Tóquio parece cidade-fantasma
Regiões movimentadíssimas de
Tóquio, com funcionários de
escritórios lotando restaurantes
e lojas, estavam quietas ontem.
Muitas escolas estão fechadas
e as empresas autorizaram os
trabalhadores a ficarem em casa.
Longas filas se formaram nos
aeroportos e estações de trem.
Enquanto as autoridades japonesas
se esforçam para evitar um
desastre no complexo nuclear de
Fukushima, a 240 quilômetros da
capital, partes de Tóquio parecem
uma cidade fantasma. A radiação
na capital japonesa até ontem era
considerada desprezível, mas é
grande a ansiedade da população,
que está em êxodo para o sul do
país. No nordeste do arquipélago,
onde está Fukushima, milhares
de pessoas também deixam suas
casas e a neve dificulta os
trabalhos de resgate. Reuters
1 Casal de idosos
enfrenta neve para
levar mantimentos
a parentes afetados
por terremoto
em Minamisanriku;
2 Em cadeia
nacional, imperador
Akihito pede
que população
do sul do país
não exagere no
estoque de
alimentos, para
evitar escassez
em áreas afetadas
Imagens meramente ilustrativas
Quinta-feira, 17 de março, 2011 Brasil Econômico 7
Nas estradas, a gente respeita os limites de velocidade.
Na fábrica, não.
Expansão da fábrica e duplicação da produção. Um investimento de U$ 210 milhões no Brasil.
Quando uma empresa acredita em um país, investe nele. E é exatamente isso o que a Continental tem feito.
Primeiro montamos uma das mais modernas fábricas de pneus do grupo em Camaçari, Bahia. E nos próximos
anos, vamos investir mais US$ 210 milhões para poder atingir a marca de 10 milhões de pneus produzidos.
Esse investimento, além de aumentar significativamente nossa atuação no mercado, irá gerar novos empregos
e contribuir ainda mais com a economia nacional. A Continental está entre os líderes mundiais no fornecimento
de componentes para a indústria automotiva e tem o Brasil como um de seus principais mercados. Este é
apenas o início dos infinitos quilômetros que ainda vamos percorrer juntos.
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8 Brasil Econômico Quinta-feira, 17 de março, 2011
DESTAQUE JAPÃO
AFP
Usina de Fukushima, com chance
de novas explosões e vazamentos,
deixa o país e sua economia
sob risco de catástrofe nuclear
Atividade produtiva mantém-se
lenta na economia japonesa
Fabricação de computadores e bens eletrônicos pode ser impactada e gerar aumento nos preços
A atividade econômica segue em
ritmo lento no Japão em consequência dos múltiplos problemas logísticos provocados pelo
terremoto e pela crise nuclear no
país. A bolsa registrou recuperação após dois dias de queda, mas
muitas fábricas, escritórios e lojas permaneciam fechados ontem na terceira maior economia
mundial, não apenas na região
nordeste, devastada pela catástrofe, como também na área da
capital, Tóquio (centro-leste).
Em uma tentativa de estimular a circulação monetária,
o Banco do Japão elevou para
US$ 340 bilhões a quantia disponível para o mercado interbancário. O iene alcançou na
quarta-feira um recorde histórico ante o dólar, desde a Segunda
Guerra Mundial, passando a ser
cotado a 79,73 unidades por dólar. Com as empresas repatriando fundos, a moeda americana
dólar caiu 3% ante o iene.
A Toyota, maior montadora
do mundo, manteve as 28 fábricas fechadas nos últimos dias e
só deve retomar a produção de
carros no dia 23 de março. Mas a
empresa anunciou que na quinta-feira retomará a produção de
autopeças em sete fábricas.
Uma refinaria de petróleo da
Cosmo Oil de Chiba (leste de Tóquio) continuava refém das chamas, cinco dias depois do terremoto que provocou incêndio em
um tanque de armazenamento da
instalação, com uma capacidade
de 220 mil barris diários. A companhia de energia elétrica Tokyo
Electric Power (Tepco), que abastece a região de Kanto (que inclui
Tóquio e cidades próximas), mantém os cortes planejados para evitar um apagão repentino em grande escala por falta de produção.
Eletrônicos
Os fabricantes japoneses de eletrônicos alertaram que a produção será prejudicada por novos
problemas de suprimento e distribuição de componentes, em
meio às quedas de energia. A gigante da eletrônica Sony também
fechou as sete fábricas de produção do nordeste e pediu a quase
todos os funcionários da sede em
Bolsa começa
a reagir, mas
iene atingiu na
quarta-feira
recorde histórico
ante o dólar
desde a Segunda
Guerra Mundial
Tóquio que permanecessem em
casa. A Sony informou que apenas 120 dos 6 mil funcionários que
trabalham em sua sede estavam
presentes na quarta-feira, em
função de problemas nos serviços
ferroviários. As ações da Sony se
recuperaram, no entanto, com
alta de quase 9% na quarta-feira
depois da queda de 17% nos dois
dias seguintes ao desastre.
A Canon anunciou que poderá suspender a produção em
uma de suas principais fábricas
em Oita, no sul do país, alegando problemas no fornecimento
de componentes e para a distribuição. A fábrica de Oita, que
produz câmeras, lentes e impressoras compactas, conta
com 4,5 mil funcionários.
“As notícias de que o terremoto prejudicou a cadeia de suprimento para bases de produção em Kyushu, bem longe de
Tokohu, causaram alguma surpresa, e isso mostra o potencial
de perturbações semelhantes
em outras companhias”, afirmou Masahiro Shibano, analista
do Citibank, em relatório.
A Nikon informou que a suspensão da produção em suas fábricas de equipamento de precisão no norte do Japão inevitavelmente causará problemas em
outras plantas mais próximas da
capital, cujos estoques de componentes vão acabar.
O Japão respondeu por 14% da
produção mundial de computadores, bens eletrônicos de consumo e
equipamentos de comunicação,
no ano passado, de acordo a IHS
iSuppli. A perspectiva de perturbações prolongadas no suprimento já causou alta nos preços de
componentes essenciais. Caso a
cadeia de suprimento venha a se
romper, mesmo que por poucas
semanas, o impacto seria sentido
na forma de preços mais altos ou
escassez de aparelhos como tablets, celulares inteligentes e computadores, nos próximos meses.
A reconstrução da infraestrutura destruída, rodovias,
ferrovias, redes elétricas e portos, nas regiões afetadas do Japão vai demorar ao menos cinco anos, informaram especialistas. ■ AFP e Reuters
Quinta-feira, 17 de março, 2011 Brasil Econômico 9
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10 Brasil Econômico Quinta-feira, 17 de março, 2011
OPINIÃO
José Dirceu
Adriano Pires
Carlos Alberto Lancia
Advogado, ex-ministro da Casa Civil e
membro do Diretório Nacional do PT
Diretor do Centro Brasileiro
de Infra Estrutura (CBIE)
Geólogo, presidente da
Associação Brasileira da Indústria
de Água Mineral (Abinam)
Incerteza não é o bastante
Petrobras e gás natural
Tributos e água mineral
Esperamos que o Copom (Comitê de Política Monetária) não pretenda seguir elevando a taxa Selic, conforme indicou na ata de sua última reunião. O documento lista inúmeras variantes do mercado mundial que
influenciam os indicadores da inflação no Brasil, o que
faz com que a palavra mais presente no texto seja “incerteza”. Não é suficiente para optar pela alta dos juros, que traz mais efeitos negativos do que positivos
para a economia brasileira.
Estamos sob efeito de uma série de eventos sazonais,
especialmente de natureza climática, que naturalmente elevam o preço dos alimentos. Mas sabemos que o
nosso agronegócio é flexível e se adapta a cenários dessa natureza; da mesma maneira, pesa a especulação
mundial sobre os preços de gêneros alimentícios, que
têm efeito direto no mercado interno. Mudanças na
taxa de juros não resolverão esse tipo de problema.
Por outro lado, já registramos uma entrada de capitais de US$ 24,3 bilhões em janeiro e fevereiro, contra os
mesmos US$ 24,3 bilhões nos 12 meses de 2010. Embora
seja um capital que, em parte, fortalece nosso setor
produtivo, parcela considerável desses investidores são
especuladores financeiros, atraídos pela maior taxa de
juros do mundo. Esse grande influxo de capital ainda
favorece a queda do dólar em relação ao real, encarecendo nossas exportações e facilitando as importações.
A quebra do monopólio legal da Petrobras nas atividades da indústria de petróleo e de gás natural pouco
reduziu o poder de mercado da estatal no setor de gás
natural. A empresa manteve-se como principal produtor e transportador de gás, estabelecendo um elevado grau de verticalização.
A Petrobras deteve 84% da produção média anual
de 2010, sendo que essa participação atingiu 90,4%
da produção média de 69,2 milhões de m³/dia em
dezembro de 2010. Embora estes números se refiram
à produção dos campos onde a Petrobras detém participação, a empresa também influi sobre a produção
e os preços dos demais produtores. Por deter grande
parte da infraestrutura de escoamento de gás dos
campos e dos dutos de transporte, a estatal impõe-se
como um monopsônio, por ser a única opção de venda de gás pelos demais concessionários, e controla o
destino de quase 100% do gás produzido no país.
Em relação ao gás da Bolívia, a Petrobras é a única
importadora e possui participação de 51% no gasoduto. Também é a única importadora de gás natural
liquefeito (GNL) possuindo dois terminais de regaseificação, um no Rio de Janeiro (RJ) e outro em Pecém (CE). Com relação ao preço do gás no Brasil, a
Petrobras segue política própria descasada dos preços internacionais do produto, ora praticando preços
acima, ora abaixo dos principais mercados mundiais.
Além de dominar a produção e o transporte de gás
natural, a Petrobras horizontalizou suas atividades,
detendo participação crescente em 21 das 27 concessionárias estaduais de distribuição de gás do país. Em
maio de 2010, a Petrobras conseguiu entrar no mercado de São Paulo, ao levar 100% da Gás Brasiliano, distribuidora do interior do estado, do grupo italiano Eni.
Na última década, a Petrobras partiu para uma integração gás-energia elétrica, investindo na construção de um parque gerador que garantisse segurança energética para suas operações, bem como a
comercialização de energia elétrica. Em 2004, Petrobras deu início a aquisição de uma série de usinas
termoelétricas. Segundo a direção da empresa da
época, as aquisições visavam terminar com contratos
assinados durante o governo FHC, que impunham
custos e prejuízos elevados à Petrobras.
Hoje ocorrerá em Brasília reunião do setor de bebidas frias com a Secretaria da Receita Federal, no
Ministério da Fazenda, para tratar da correção dos
valores do IPI, PIS e Cofins. Nada mais justa e democrática a discussão sobre os valores a serem corrigidos com base no preço de venda no mercado.
O que não podemos aceitar é que a água mineral
natural continue sendo considerada uma bebida
fria, ou seja, comparada às cervejas, aos refrigerantes e energéticos. Para quem não se lembra, até
1988 o único tributo incidente sobre o principal
alimento do ser humano era o Imposto Único Sobre
Minerais (IUM) e não passava de 6%. Hoje, quando
qualquer um de nós consome um copo de água mineral, e se a empresa que o envasa estiver no regime de tributação pelo Lucro Presumido, a formação do preço final para venda tem os seguintes impostos e contribuições: CFEM, PIS, Cofins, ICMS,
ICMS substituto, CSSL, IRPJ e INSS.
Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento
Tributário, o valor total dos encargos e tributos sobre
a água mineral é de 42,5%. Os defensores da política
tributária atual justificam que, em razão do sistema
Simples Nacional, esses dados não estão corretos.
Não estão corretos porque esquecem que a todos os
setores produtivos, inclusive o da água mineral, que
estão sujeitos a parte da substituição tributária, não
lhes é permitido o benefício Simples Nacional.
Ao fim e ao cabo, as excessivas
políticas macroeconômicas
do Banco Central podem acabar
esfriando o crescimento econômico
Uma alta taxa de juros também não favorece o Brasil
em sua disputa contra Estados Unidos e China para que
as potências encerrem a guerra cambial que têm prejudicado as economias emergentes. É ilógico que os
pressionemos a deixar de desvalorizar artificialmente
suas moedas se nós mesmos não estamos nos esforçando para impedir a desvalorização do Real com os
mecanismos que temos sob nosso controle.
Ao fim e ao cabo, as excessivas políticas macroprudenciais do Banco Central podem acabar esfriando o
crescimento econômico, nos fazendo regredir a uma
expectativa de crescer apenas 3,5% em 2011 — o sonho
dos setores ortodoxos e do tucanato, afeitos à estagnação, mas absolutamente fora da realidade de um país
que tem plena condição de crescer 5%. O que cria uma
nova e perturbadora “incerteza”: talvez não consigamos retomar o ritmo anterior de desenvolvimento depois que passar o alarmismo por conta da inflação.
O governo tem demonstrado um empenho extraordinário para impedir que o ciclo de crescimento econômico sustentado da era Lula seja interrompido, especialmente pelo planejamento de um ajuste fiscal que não
atinja recursos dos programas sociais e das obras de infraestrutura. A presidente Dilma e sua equipe seguem
trabalhando com cenários de crescimento na casa dos
5%, com ainda mais incentivos à geração de empregos.
É lamentável, porém, que essa iniciativa do governo tenha de enfrentar maiores obstáculos por conta
das “incertezas” do Copom. Já é tempo de abandonarmos o pensamento pequeno de que a taxa de juros
é a única arma para controlar a inflação, ainda mais
com um gatilho tão sensível, que dispara até quando
talvez seja de pouca (ou nenhuma) valia. ■
A estatal se impõe como um
monopsônio, por ser a única
opção de venda de gás natural
pelos demais concessionários
Especializando-se, principalmente, em termoelétricas abastecidas por sua produção própria de derivados de petróleo e, especialmente, de gás natural, a Petrobras, com capacidade instalada própria de mais de
5.500 MW em 2010, já ocupa a oitava colocação entre
os maiores geradores de energia elétrica do país.
O movimento de transformação da Petrobras
numa empresa de energia, integrando negócios de
eletricidade, petróleo e gás natural, assemelha-se ao
adotado por outras grandes empresas do setor petrolífero. O que preocupa é verificar que este movimento não está sendo acompanhado pelo aperfeiçoamento das instituições responsáveis pela regulação e
defesa da concorrência, o que acaba transformando a
empresa em um monopólio desregulado. ■
A reforma tributária é mais que
urgente, mas no caso da água
mineral de consumo domiciliar
é uma questão de saúde pública
Num país onde o saneamento básico está longe
de ser adequado — mais da metade da população
não dispõe sequer de redes para coleta de esgoto e
80% dos resíduos gerados são lançados diretamente nos rios, sem nenhum tipo de tratamento —, a
água mineral é a única opção segura de consumo
saudável. O governo do México há muito tempo
percebeu como é importante essa relação entre os
envasadores de água mineral, os diferentes níveis
de governo e o consumidor final, criando uma carga tributária diferenciada, tributos com alíquota
zero, para as embalagens de água mineral de consumo domiciliar de 5 a 20 litros. Garantindo, assim, o acesso da população a um produto de qualidade a um custo mais barato.
Por que não aproveitar a reunião desta quintafeira para que seja definido, junto com os governos
estaduais (todos os estados da federação) e federal,
que a água mineral natural no Brasil (apenas nas
embalagens de 5 a 20 litros) seja enquadrada como
parte dos produtos da cesta básica, que têm como
alíquota de ICMS 7% e faça parte dos mesmos valores de contribuições do PIS/Cofins dos iogurtes?
Será que os iogurtes são mais importantes que a
água mineral?
A necessidade de uma reforma tributária é mais
que urgente, mas no caso da água mineral de consumo domiciliar é uma questão de saúde pública. É
poder oferecer ao povo brasileiro um produto saudável, essencial à vida a um preço acessível a todas
as famílias. ■
Quinta-feira, 17 de março, 2011 Brasil Econômico 11
Museu Nacional
O maior dinossauro carnívoro do Brasil
Cientistas apresentaram ontem no Rio os restos fósseis do “Oxalaia
quilombensis” nova espécie do espinossaurídeos, considerado o maior
de todos os dinossauros carnívoros que habitou o país. O animal pesava
entre cinco e sete toneladas, sua altura oscilava entre 12 e os 14 metros,
e teria habitado o litoral do Maranhão há 95 milhões de anos. O nome
científico “Oxalaia quilombensis” é uma homenagem à divindade africana
Oxalá e aos os refúgios dos negros fugidos na período da escravidão.
Dmitry Kostyukov/AFP
COSMONAUTAS DA SOYUZ TMA-M ATERRISSAM EM SEGURANÇA NO CAZAQUISTÃO
A cápsula da nave Soyuz
TMA-M, com os russos
Aleksandr Kareli e
Oleg Skrípochka e o
americano Scott Kelly
a bordo, aterrissou
ontem sem contratempos
nas estepes geladas
do Cazaquistão, segundo
declarou o Centro do
Controle de Voos (CCVE)
da Rússia. A nave
aterrissou, como
previsto, dezenas de
quilômetros ao norte
da cidade cazaque de
Arkalyk. “Segundo o
boletim do comandante
da nave, o estado de
saúde dos tripulantes
é bom”, informou a
agência russa “Interfax”.
Os cosmonautas
retornaram à Terra após
uma missão de 159 dias
a bordo da Estação
Espacial Internacional.
A aterrissagem da
TMA-M, primeiro
exemplar desta nova
nave russa, era aguardada
com expectativa, pois
seus sistemas de comando
são digitais, ao contrário
das Soyuz anteriores.
ENTREVISTA FLÁVIO GURGEL ROCHA Presidente da Riachuelo
Riachuelo quer se tornar a Zara brasileira
Rede varejista de vestuário
traça estratégia para expandir
participação de 1,2% para 15%
Françoise Terzian
presas internacionais que detêm
entre 15% e 20% do mercado lá
fora, a exemplo da Zara”, afirma
Flávio Gurgel Rocha, presidente
da companhia.
[email protected]
A Riachuelo, uma das três
maiores varejistas de moda do
país em número de lojas, não
está satisfeita com a participação de 1,2% que tem no mercado brasileiro de nove bilhões de
peças de roupa por ano. “Minha
meta é ser como grandes em-
Como a Riachuelo pretende
elevar sua participação
no mercado de vestuário?
A partir do crescimento orgânico. Há um amplo espaço para
nós crescermos, assim como
nossos concorrentes (caso da
C&A e Renner). O aumento da
renda inseriu 40 milhões de ha-
Evandro Monteiro
“Investiremos
R$ 100 milhões
em marketing
neste ano,
o que inclui
a linha da
estilista Cris
Barros”
bitantes nas classes C e D e, com
a otimização do crediário, conseguiremos chegar a mais consumidores. Também vamos elevar o número de lojas das 124
atuais para 150 até o final do ano
e 180 até dezembro de 2012.
O aumento da taxa básica de
juros vai encarecer o crediário?
Até o momento não mexemos
no nosso sistema de crediário.
Realizamos vendas em até cinco
vezes sem juros e em oito parcelas com juros para os 18 milhões
de consumidores que utilizam o
nosso cartão. Se a Selic subir
dois ou três pontos será complicado segurar o aumento.
Como andam as vendas
para o Norte e Nordeste?
Embora nossa participação do
Rio de Janeiro para cima seja
pequena no outono/inverno, o
Norte e Nordeste respondem por
30% da receita bruta (R$ 3,1 bilhões em 2009), com bom crescimento em 2010. Vamos para o
Acre no segundo semestre. ■
12 Brasil Econômico Quinta-feira, 17 de março, 2011
BRASIL
ENTREVISTA PETER MANDELSON Presidente do Instituto Policy Network e ex-ministro britânico
“Existe um clima
de pânico em
relação à China”
Ex-comissário da União Europeia para o comércio, o trabalhista
britânico diz que mundo se arrependerá se não concluir Doha
Juliana Rangel
[email protected]
Um dos idealizadores do Novo
Partido Trabalhista Britânico,
com um discurso baseado na
pouca intervenção estatal, controle da inflação e responsabilidade fiscal, Peter Mandelson
nega que a crise global tenha
dado um fim à chamada “Terceira Via”. No Brasil para o projeto Foresight, que discute o papel dos países em um mundo
multipolar, ele critica as práticas comerciais da China e diz
que a Rodada de Doha precisa
ser levada adiante.
O senhor afirma que desde que
chegou ao Brasil no domingo
“tem visto um clima de pânico”
em relação à China. Por quê?
É um sentimento de que a China
não está comandando sua economia dentro de regras comerciais convencionais. O sistema
bancário subsidia a indústria e
reduz artificialmente seu custo
de produção. Outros países
emergentes, como o Brasil, não
têm esses privilégios e a preocupação é que esses países estão
em desvantagem. Também
existem intervenções do governo no Brasil e da Europa, mas
não como na China, que se vale
de práticas não comerciais.
A presidente Dilma Rousseff
está indo visitar a China.
Há como melhorar as relações
comerciais, apesar do câmbio
chinês desvalorizado?
O Brasil vive um paradoxo. Ao
mesmo tempo em que a China é
seu maior comprador, é também seu maior rival no comércio exterior. E há uma preocupação adicional aqui porque a
exportação de commodities está
fazendo com que o real fique
valorizado, o que torna o país
ainda menos competitivo. Eu
não acho que vocês deveriam
definir suas relações comerciais
“
O sistema bancário
(da China) subsidia
a indústria e reduz
artificialmente seu
custo de produção.
Outros países
emergentes, como
o Brasil, não têm
esses privilégios e
a preocupação é que
esses países estão
em desvantagem
Se Doha falhar,
haverá o aumento
do protecionismo,
a OMC vai ser
enfraquecida e isso
terá repercussões não
apenas no comércio
internacional,
mas em outros
temas importantes,
como as mudanças
climáticas
com base em uma valorização
temporária da moeda. A preocupação é que existe uma fraqueza estrutural e a sobrevalorização do real acaba fazendo
com que o país compense sua
desvantagem de outras formas.
A indústria nacional pede
a interferência do governo no
câmbio. Essa é uma solução?
A política monetária é dada pelo
Banco Central e apoiada pelo
governo. Mas talvez o governo
tenha que considerar caminhos
de aliviar a moeda, com as condições monetárias melhorando
suas políticas fiscais. Não quero
me alongar porque esse é assunto do governo brasileiro.
O senhor vê chances da Rodada
de Doha ser concluída?
Se isso não ocorrer, os países vão
se arrepender. Pela primeira vez
há uma oportunidade de se reestruturar o comércio de produtos
agrícolas, além de reduzir e disciplinar subsídios dados por países europeus e EUA. O Brasil é
um grande exportador, mas
precisa de mercados e poderá
usar as vantagem dessa abertura
para vender serviços e manufaturados e ser uma economia global. Se Doha falhar, haverá o aumento do protecionismo, a OMC
vai ser enfraquecida e isso terá
repercussões não apenas no comércio internacional mas em
outros temas importantes, como
as mudanças climáticas.
Quando o senhor fundou o
Novo Partido Trabalhista,
em 1996, as principais bases
eram responsabilidade fiscal,
controle de inflação e menor
intervenção do Estado.
A crise global representou
o fim da Terceira Via?
Não acho que a crise tenha destruído a base de pensamento do
Novo Partido Trabalhista. Pode
existir uma combinação de
oportunidades econômicas e
Para Mandelson, bancos
não deveriam ser punidos por
seu papel na crise global
responsabilidade fiscal de um
lado com justiça social do outro.
Não podemos ter justiça social
sem confiança na economia. A
crise financeira, os problemas
dos bancos e a recessão tiveram
que ser combatidos com o aumento dos investimentos do estado e isso teve um custo para as
finanças. Mas os governos precisam lidar com o déficit de maneira que não prejudiquem a recuperação econômica. É aí que
estão as diferenças de visão.
O desemprego na Inglaterra
chegou a 8%, a maior taxa em
17 anos. Como o atual governo
está lidando com isso?
De maneira geral, o Reino Unido
está fazendo o certo. Mas dis-
cordo com algumas ações do
governo. Eles estão sendo muito
rápidos em retirar estímulos
para inovação, empresas, capacitação e medidas que podem
ajudar no crescimento futuro da
economia. Se você limita investimentos públicos, coloca um
teto para o crescimento futuro.
Eles deveriam ser mais cuidadosos e sofisticados.
Durante a crise se falou muito
do aumento da regulação do
sistema financeiro. Mas não há
mudanças efetivas. Por quê?
Existe um clima regulatório
muito diferente e há uma comissão independente (no Reino Unido) para observar os
bancos Precisamos de uma re-
Quinta-feira, 17 de março, 2011 Brasil Econômico 13
Antônio Cruz/ABr
Lobão não descarta reajuste da gasolina
“A Petrobras pode ter interesse, mas o governo, com certeza, não tem.”
Foi com essa frase que o ministro de Minas e Energia, Edson Lobão,
comentou novamente ontem a possibilidade de um reajuste do preço da
gasolina. Lobão disse que a manutenção do preço do petróleo em torno
de US$ 110 o barril ainda não justifica um aumento, mas admitiu que
caso o barril no mercado internacional chegue a um “nível elevadíssimo”
o preço pode subir. “Vamos segurar até onde for suportável”, disse Lobão.
AGENDA DO DIA
● Senado debate texto da
reforma política que trata do dim
da reeleição e o voto facultativo.
● Serasa divulga pesquisa sobre
a demanda por crédito nas
empresas no mês de fevereiro.
● A Fipe apresenta o IPC
da segunda semana de março.
Murillo Constantino
Perfil
De coordenador de campanha
eleitoral a Lorde inglês
Um dos responsáveis pela
campanha do Novo Partido
Trabalhista inglês na década
de 1990, Peter Mandelson foi
um dos principais defensores
do discurso da “Terceira Via”,
baseado em menor intervenção
do estado, controle da inflação
e responsabilidade fiscal.
Foi um dos articuladores da
vitória do ex-premiê do Reino
Unido Tony Blair na campanha
de 1997 e participou do governo
como ministro de estado.
Sua carreira foi acompanhada
de vários escândalos. Ainda no
primeiro ano de mandato como
ministro de Indústria e Comércio
teve que abrir mão do cargo
por ter “esquecido” de declarar
empréstimos públicos para
a compra de sua casa.
Depois, voltou ao governo
como Secretário para a Irlanda
do Norte, mas deixou o cargo em
meio a denúncias de ter ajudado
a conceder cidadania britânica
ao os bilionários indianos irmãos
Hinduja, depois que eles doaram
US$ 1,5 milhão para a Cúpula
do Milênio de Londres. Ele foi
inocentado da acusação. Entre
2004 e 2008 foi Comissário
de Comércio da União Europeia.
Nesse mesmo ano voltou
ao governo convidado por
Gordon Brown, e em 2009,
ganhou o título de Lorde. J.R.
“
Existe o risco de
que os bancos sejam
colocados em uma
camisa de força e
impedidos de
financiar e apoiar
o crescimento futuro
de que precisamos
gulação, sim, mas também da
atuação profissional das pessoas que gerenciam os bancos.
Existe o risco de que eles sejam
colocados em uma camisa de
força e impedidos de financiar e
apoiar o crescimento futuro de
que precisamos. Algumas pessoas querem apenas criticá-los,
culpá-los pelo que aconteceu.
Minha visão é que eles cometeram erros e sua administração
precisa ser melhorada, mas não
podem ser punidos porque têm
um papel importante na recuperação da economia.
O presidente do BC inglês
alertou para o aumento da
inflação e uma nova crise
causada pelos bancos...
É papel do BC controlar a inflação e isso é difícil. Temos taxas
baixas de juros, de forma a estimular a recuperação, mas talvez
essa política tenha que ser revista. Acho que ele exagera
quando fala da necessidade de
se regular mais os bancos.
Rodada de Doha está
paralisada desde 2001
A crise no Japão afetará a
recuperação global?
Terá um impacto inicial, mas o
governo vai enfrentar a catástrofe com um enorme programa de reconstrução que vai
estimular a economia do Japão. Foi um desastre que custou muitas vidas, mas a economia vai sobreviver porque
tem fundamentos importantes
e será estimulada. ■
Lançada em 2001 para liberalizar
o comércio global, a rodada de
Doha, da Organização Mundial do
Comércio, vem sendo arrastada
pela divergência entre países.
Nos últimos anos, países em
desenvolvimento reivindicam
maior espaço de seus produtos
agrícolas na Europa e nos EUA.
Eles, em contrapartida,
querem abertura para seus
bens industriais e serviços.
ABERTURA COMERCIAL
✽
TRIBUNAL REGIONAL
ELEITORAL/RJ
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14 Brasil Econômico Quinta-feira, 17 de março, 2011
BRASIL
Divulgação
LEGISLATIVO
DEFESA DA CONCORRÊNCIA
Comissão de Ética toma posse
de olho em Jaqueline Roriz
Indicação de Furlan para a presidência do
Cade é aprovada pelo Senado
O Conselho de Ética da Câmara elegeu ontem o deputado José Carlos
Araújo (PDT-BA) como presidente. Os quinze membros do conselho
terão mandato de dois anos. A primeira missão será apurar as denúncias
contra a deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF), acusada de receber
dinheiro de um esquema de pagamento de propinas em 2006, durante
a campanha para deputada distrital.
O plenário do Senado aprovou ontem a indicação de Fernando Furlan e
Alessandro Octaviane Luis para os cargos de presidente e conselheiro do
Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), respectivamente.
A indicação de Furlan foi feita pela presidente Dilma Rousseff. Ele já exerce
interinamente a presidência do Cade e a previsão é que permaneça na
liderança do órgão de defesa da concorrência até 18 de janeiro de 2012.
Instituições
privadas querem
o vale-educação
Segundo entidades, medida seria mais eficiente para o Prouni que
concessão apenas de bolsas integrais, como defende o governo
Regiane de Oliveira
[email protected]
As instituições de ensino privado não estão nada animadas
com o plano do ministro da
Educação, Fernando Haddad,
de alterar o Programa Universidade para Todos (Prouni) para
um modelo que ofereça somente bolsas integrais. Hoje o programa conta com bolsas integrais para estudantes com renda
familiar de até um salário mínimo e meio (R$ 817,50) e bolsas
parciais, de 50%, para os jovens
com renda familiar de até três
salários mínimos (R$ 1.635).
“Não é uma medida desejável e não deve ajudar a aumentar o número de alunos. Só vai
prejudicar aqueles que têm
renda maior e condições de arcar com uma parte do valor do
curso”, afirma Hermes Ferreira
Figueiredo, presidente do Sindicatos das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos
de Ensino Superior no Estado
de São Paulo (Semesp).
Esta semana, Haddad defendeu a medida, dizendo que a
maior parte das bolsas não ocupadas do Prouni são parciais.
“Se todas fossem integrais, o
preenchimento seria muito
mais fácil. Quando o aluno se
inscreve para meia bolsa, muitas vezes reluta em assumir
aquele compromisso na hora da
matrícula, porque ele é de baixa
renda”, pontuou o ministro.
De acordo com Figueiredo,
há tempos governo e instituições privadas estudam formas
de ampliar o programa, mas a
saída não está na redução do valor da bolsa. “O Prouni tem vagas sobrando, assim como várias faculdades públicas. O problema não são as mensalidades.
O que impede o acesso é o custo
elevado com transporte, vestuário, material, alimentação,
computador e com novos hábitos de consumo, como ir ao cinema”, afirma.
“
O problema não são
as mensalidades.
O que impede o
acesso é o custo
elevado com
transporte,
vestuário, material,
alimentação,
computador e
com novos hábitos
de consumo,
como ir ao cinema
Hermes Ferreira Figueiredo,
presidente do Semesp
Figueiredo diz que uma forma
de aumentar o programa de bolsas do governo é criar uma espécie de vale-educação, que suplementaria a bolsa e permitiria que
o governo repassasse diretamente para os estudantes o valor do
benefício, que poderia ser utilizado para pagar todas as despesas relativas ao ensino superior.
“Se sairmos do patamar de 5%
do Produto Interno Bruto (PIB)
para cerca de 7%, como pede o
novo Plano Nacional de Educação (PNE), teremos uma margem
enorme para ampliar as bolsas do
governo sem mexer com a renúncia fiscal das instituições de
ensino, que já está no limite”.
Em troca da oferta de bolsas do
programa, os estabelecimentos
recebem isenção de tributos.
Fórmula incerta
REGULAÇÃO
✽
Para Semesp, setor
precisa de agência
O Semesp defende a criação
de uma agência nacional de
regulação do ensino superior, a
exemplo do que acontece com
a saúde. O primeiro passo já foi
dado pelo Ministério da Educação
com a criação de uma secretaria
que regula os cursos superiores.
“O crescimento do setor de
educação nos últimos dez anos
fez com que o MEC absorvesse
mais responsabilidades do que
sua estrutura pode suportar”,
diz o Semesp. A agência
assumiria o papel de regulação
e o MEC seguiria mantenedor
de escolas públicas. R.O.
Elevar a taxa bruta de matrículas
na educação superior para 50% e
a taxa líquida para 33% da população de 18 a 24 anos, com qualidade, é uma das metas propostas
pelo governo no PNE, que está
parado no Congresso.
Os meios de fazer isto, no entanto, não foram definidos. Figueiredo afirma que é um equívoco apostar na ampliação, sem
critérios, das universidades. E
diz que está na hora do governo
aprender um pouco com o mercado privado de educação. “Há
uma tendência em dizer que o
ensino público é muito melhor,
mas não temos nenhuma universidade pública no ranking das
melhores do mundo.”
Aliás, o executivo defende que
deveria haver um enxugamento
de universidades no país. “Deveríamos sair do número de 60, 70
universidades para apenas cinco,
mas que guardem a excelência do
ensino e da pesquisa. No demais,
o governo deveria crescer com faculdades e centros universitários,
como faz hoje o mercado particular, uma estratégia mais barata e
que atende à demanda de expansão de vagas do mercado.” ■
Comissão de Educação é instalada na Câmara
Os deputados ligados ao lobby
da educação na Câmara dos
Deputados ainda não chegaram
a consenso para instalar a
comissão especial que vai
debater o PNE. Com duas
semanas de atraso, a deputada
Fátima Bezerra (PT-RN) foi eleita
presidente da Comissão de
Educação e Cultura (CEC) ontem.
“Recebemos um indicativo que
os membros da CEC terão lugar
na comissão especial que vai
debater o PNE. Mas o deputado
Marco Mais (PT-RS), presidente
da Câmara, ainda não tem uma
posição oficial”, diz a deputada.
Pedro Venceslau
Quinta-feira, 17 de março, 2011 Brasil Econômico 15
Omar Freire/Imprensa MG
PROGRAMAS SOCIAIS
MINAS GERAIS
Prefeituras precisam atualizar dados de 1,3
milhão de beneficiários do Bolsa Família
Economia mineira cresce 11% em 2010
puxada pelas exportações de commodities
Cerca de 1,3 milhão de beneficiários do Bolsa Família, programa de
transferência de renda do Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome, precisam atualizar cadastros para continuar recebendo
o subsídio. O pedido de atualização tem de ser feito pelas prefeituras
até o dia 31 de outubro. A atualização inclui informações como mudança
de endereço ou da renda e ou alteração de pessoas na família.
A economia de Minas Gerais cresceu 10,9% em 2010 na comparação
com 2009. Segundo o governador do estado, Antonio Anastasia, a forte
expansão foi impulsionada pelo crescimento do emprego, da massa
salarial e do crédito. Contribuiu também a pauta de exportações do
estado, baseada em produtos siderúrgicos, das commodities agrícolas e
do minério de ferro, que tiveram valorização no mercado internacional.
Marcela Beltrão
Ministro diz que medida
será usada para privilegiar
os laboratórios nacionais
Ruy Barata Neto
[email protected]
O Ministério da Saúde está desenvolvendo regras específicas
para as licitações no setor. O titular da pasta, Alexandre Padilha, disse ontem, em São Paulo,
que deve adotar os procedimentos até o segundo semestre ,
tendo como base novas regras
de compras governamentais que
permitem direcionar compras
do poder público para a indústria nacional.
Na área da saúde, isso significa que medicamentos resultantes de inovação tecnológica nacional serão privilegiados pelo
governo, ainda que tenham
preços até 25% maiores quando
comparados a seus concorrentes internacionais.
A iniciativa faz parte de um
conjunto de medidas que estão
sendo tomadas pelo Ministério
para tornar a indústria nacional
de saúde mais competitiva e estimular empresas estrangeiras a
produzir no país. “É necessário
o entendimento de que a saúde
não pode estar descolada da
agenda de desenvolvimento do
país”, diz Padilha.
Fabio Rodrigues-Pozzebom/ABr
Saúde terá regras
específicas para
licitações do setor
Alexandre Padilha
Ministro da Saúde
“É necessário o entendimento
de que a saúde não pode estar
descolada da agenda de
desenvolvimento do país”
PPPs
Segundo Padilha, existem atualmente acertos que abrem Parcerias Público-Privadas (PPPs) de
laboratórios do governo com
estrangeiros. Exemplo é o acordo para produção local do Tenofovir, medicamento importado, de alto custo, usado no
tratamento da Aids que passará
a ser produzido pela Fundação
Ezequiel Dias (Funed), laboratório farmacêutico público do
estado de Minas Gerais. O Ministro lembra que existem cerca de R$ 7 bilhões para financiar a produção de medicamentos no país por meio de
PPPs, recursos disponibilizados com a ajuda do BNDES.
Ele ainda considera ainda novas oportunidades que devem
surgir em breve, como fim de 20
patentes de remédios, previsto
para os próximos dois anos, que
podem abrir espaço para produção pela indústria nacional. ■
Redução tributária
Prouni ampliou o
acesso dos jovens ao
ensino universitário
INVESTIMENTO
5%
é o percentual do Produto Interno
7%
é o percentual do PIB é o
Bruto (PIB) que o governo brasileiro
é obrigado a investir todos os anos
em educação. Essa também é a
média aplicada pelos países da
Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE).
percentual defendido pelo
ministro da Educação, Fernando
Haddad, no Plano Nacional de
Educação (PNE), que tramita no
Congresso e que vai nortear os
investimentos na área até 2020.
O ministro afirmou ainda que o
debate em torno da desoneração
tributária dos medicamentos
segue na pauta do Ministério.
Padilha não descarta novas iniciativas que podem ser tomadas, a exemplo dos acordos com
o Conselho Nacional de Política
Fazendária (Confaz) que, no ano
passado, permitiram a redução
no preço de um medicamento
fitoterápico por meio de redução do Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços
(ICMS) que incidia sobre as vendas do produto.
O gerente executivo da Associação dos Laboratórios Nacionais (Alanac), Serafim Branco
Neto, diz que a indústria brasileira perde para concorrentes internacionais “no quesito imposto”, já que sobre o preço de cada
medicamento incide 37% de ta-
xas. Dados da entidade apontam
que o governo compra cerca de
20% de tudo o que é vendido
pela indústria farmacêutica, o
que representa algo em torno de
R$ 7 bilhões. Deste total, 40%
vem de fornecedores nacionais.
Hoje, o déficit na balança comercial do setor de saúde chega
a US$ 10 bilhões. Deste total,
US$ 6,2 bilhões são apenas do
setor farmacêutico, segundo
dados da Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais (Alanac). O número cresce
na medida em que a política de
acesso aos serviços públicos de
saúde é ampliada. Em função do
preço mais competitivo, o governo acaba comprando insumos de fabricantes internacionais para dar suporte a suas iniciativas no segmento.
72% dos brasileiros reprovam volta da CPMF
Pesquisa da Confederação
Nacional da Indústria (CNI), feita
em parceria com o Ibope, mostra
que dois em cada três brasileiros
acreditam que não é necessário
aumentar os impostos para
melhorar os serviços de saúde.
O levantamento mostra também
que 72% da população reprova
a volta da Contribuição Provisória
sobre Movimentação Financeira
(CPMF) para financiar o setor.
Na avaliação da CNI, a maioria
dos brasileiros entende que o
governo já arrecada muito e não
precisa aumentar as alíquotas
para oferecer novos serviços ou
aumentar sua qualidade. ABr
16 Brasil Econômico Quinta-feira, 17 de março, 2011
BRASIL
Marcela Beltrão
MICROCRÉDITO
COMÉRCIO EXTERIOR
BNDES eleva para R$ 450 milhões volume
de recursos para microempreendedores
Região Sudeste foi a que mais exportou no
mês de fevereiro, puxada por São Paulo
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
elevou a dotação do seu programa de microcrédito de R$ 250 milhões
para R$ 450 milhões — o prazo é até dezembro de 2012. O objetivo
é promover a economia popular por meio da oferta de recursos
a pessoas físicas e jurídicas empreendedoras de atividades de pequeno
porte que tenham receita bruta anual igual ou inferior a R$ 240 mil.
A região Sudeste foi a que mais exportou em fevereiro, segundo dados
divulgado ontem pelo governo federal. O volume somou US$ 10 bilhões,
alta de 42,33% em relação ao mesmo mês de 2010. São Paulo liderou
as vendas externas com US$ 4,116 bilhões, seguido por Minas Gerais
(US$ 2,687 bilhões) e Rio de Janeiro (US$ 2,101 bilhão). As exportações
do Espírito Santo totalizaram US$ 1,174 bilhão.
Economia aquecida levanta
dúvidas sobre desaceleração
Índice divulgado ontem pelo Banco Central mostra que previsão de expansão menor pode estar superestimada
Antonio Milena
Eva Rodrigues
[email protected]
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br)
registrou alta de 0,71% em janeiro na comparação com dezembro. Essa é a maior taxa em
nove meses e alimenta dúvidas
em torno do real grau de desaceleração da economia brasileira. Em relação a janeiro de 2010
a alta é de 4,58% e em 12 meses
o crescimento chega a 7,38% —
números com ajuste sazonal.
Nesta semana, outros indicadores sinalizaram para uma
economia mais aquecida do que
o que estimado — ou acima do
que o Banco Central espera,
tendo em vista as pressões inflacionárias. A Pesquisa Mensal
de Comércio (PMC), divulgada
na terça-feira (15) pelo IBGE,
mostrou alta de 1,2% nas vendas
em janeiro, o maior patamar de
crescimento em cinco meses.
Os dados do Cadastro Geral de
Empregados e Desempregados
(Caged) também vieram otimistas. A criação de empregos com
carteira assinada foi recorde para
o mês de fevereiro, com 280,8 mil
vagas — destaque para o setor de
serviços que gerou 134,3 mil novos postos e que também tem
sido um dos que mais pressiona a
inflação. E, diante desses números, o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, manteve a estimativa de geração de 3 milhões
de empregos formais neste ano.
Olhando para a frente
A economista-chefe da Rosenberg & Associados, Thaís
Zara, projeta que o PIB do primeiro trimestre deste ano cresça 1%. “Mesmo com a produção
industrial estável, vemos que a
economia continua bem e que o
setor de serviços tem um papel
fundamental nisso”, diz.
E mesmo a estagnação na indústria pode se reverter em
crescimento em fevereiro, pondera o economista do Espírito
Santo Investment Bank, Flávio
Serrano. “Os números da Associação Nacional dos Fabricantes
de Veículos Automotores (Anfavea) e da Associação Brasileira
de Papelão Ondulado (ABPO)
sinalizam melhora”, diz.
O IBC-Br, divulgado
mensalmente pelo
Banco Central, pode
ser considerado uma
antecipação do PIB,
que é trimestral.
O indicador do BC,
medido desde janeiro
de 2009, passou a
ser divulgado em
março do ano passado
Taxa de juros
Na última ata do Copom o Banco
Central sinalizou para um ciclo
menor de aperto monetário e
que pode lançar mão de novas
medidas macroprudenciais para
desaquecer a economia. “Essas
medidas terão que ser suficientemente fortes para trazer a inflação para a meta em 2012”,
observa Thaís Zara.
No boletim Focus desta semana, os economistas voltaram a
projetar a inflação em alta. A estimativa do Índice de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA) saiu
de 5,78% para 5,82% — o índice
baliza a meta de inflação do governo, que é de 4,5%. Para Serrano, o ceticismo do mercado em
relação à inflação embute o fator
incerteza. “O cenário internacional está muito instável, o aquecimento da economia continua forte internamente e a ajuda efetiva
do governo no lado fiscal é pouco
clara. Ou seja, há um componente
de incerteza muito grande em todas essas premissas.” ■
Consumo em alta pressiona
inflação, mas mantém
economia aquecida
RISCO-JAPÃO
Crise japonesa pode afetar perspectivas de inflação no Brasil
A crise japonesa pode afetar a
perspectiva de inflação no Brasil e
as decisões de política monetária,
alertam os economistas do Itaú
Unibanco em relatório divulgado
ontem. Os principais motivos
são o efeito das exportações
na atividade econômica e a
influência dos preços das
commodities nos índices de
inflação do país. ”Desde que
não haja contaminação de outras
economias asiáticas, em especial
China, o risco para o comércio
exterior brasileiro é menor”, diz
o banco em relatório. Há ainda a
possibilidade de queda nos preços
das commodities no curto prazo,
o que afetaria as exportações
brasileiras. Ou seja, a atividade
econômica pode ser impactada
pela via do comércio exterior
ou das expectativas. “Desta vez
não há (ou parece haver) risco
financeiro sistêmico, o epicentro
da crise é menos relevante ao
Brasil e a economia brasileira está
menos exposta à alavancagem
financeira”, aponta o banco,
alertando mesmo assim para
a possibilidade de uma maior
aversão ao risco no cenário
internacional. E.R.
Quinta-feira, 17 de março, 2011 Brasil Econômico 17
18 Brasil Econômico Quinta-feira, 17 de março, 2011
INOVAÇÃO & SUSTENTABILIDADE
SEXTA-FEIRA
SEGUNDA-FEIRA
TECNOLOGIA
EDUCAÇÃO
Indústrias de vidro se unem pela
Abividro quer
criar agência para
coordenar a
logística reversa do
material, a exemplo
do que ocorre
em outros países
MATÉRIA-PRIMA É TOTALMENTE APROVEITADA PELOS FABRICANTES
Martha San Juan França
[email protected]
Reciclagem é uma palavra bemvinda na indústria do vidro. Estima-se que 47% do material
jogado fora é reaproveitado,
algo em torno de 500 mil toneladas por ano. Poderia ser muito mais. Grandes fabricantes,
como a Owens-Illinois e a Saint
-Gobain, utilizam os cacos na
composição da maioria de seus
produtos. Especializada em serviços de vidros automotivos, a
Autoglass também tem nesse
material reciclado uma fonte
importante de seus produtos.
Agora, a Abividro, associação
que reúne os fabricantes, quer
criar uma agência gerenciadora
do processo de reciclagem para
coordenar a logística reversa
desse material. A proposta, que
segue a orientação da Política
Nacional de Resíduos Sólidos,
foi levada à Associação Brasileira de Embalagens, à Federação
das Indústrias do Estado de São
Paulo e a outras entidades, uma
vez que envolve um leque enorme de segmentos industriais.
Significa a criação de uma
instituição, nos moldes do que
existe na Alemanha, que teria
entre suas atribuições a coordenação do serviço envolvendo
prefeituras, cooperativas de catadores e beneficiadoras, além
da operação de compra e venda
do vidro reciclável.
Aumento do índice
“Hoje temos três tipos de reciclagem, que englobam o vidro
automotivo, plano e de embalagem”, diz o superintendente
da Abividro, Lucien Belmonte.
“Para o reaproveitamento desses
materiais, existem cadeias que
funcionam de uma forma não
organizada. Se trabalharmos em
conjunto, teremos ganhos de
produtividade, preço e escala
que serviriam para aumentar os
índices de reciclagem.”
Segundo Belmonte, a estimativa é que, após quatro anos de
sua instalação, a gerenciadora de
reciclagem fará com que o aproveitamento passe a ser de 50%.
Em termos financeiros, equivale
a passar dos atuais R$ 60 milhões movimentados por ano
pelo setor para R$ 120 milhões
anuais. Mas se houver uma adesão total dos envasadores e mu-
nicípios, é possível que esse valor quase dobre.
Parte da indústria vidreira já
faz a reciclagem por conta própria. “Não se trata de um processo paralelo ao ciclo natural
de produção industrial do vidro, a reciclagem faz parte do
ciclo”, diz Ricardo Leonel
Vieira, diretor de marketing e
vendas da Owens-Illinois do
Brasil. “Os cacos entram na
composição da mistura como
matéria-prima da mesma forma que a areia, barrilha, feldspato. Só não utilizamos mais
porque ele é difícil de obter.” A
Divulgação
Lucien Belmonte
Superintendente
da Abividro
“Se trabalharmos em
conjunto, teremos ganho de
produtividade, preço e escala,
que serviriam para aumentar
os índices de reciclagem”
O-I do Brasil utiliza 150 mil toneladas de caco por ano no seu
processo produtivo.
Algumas das fábricas da Verallia, o setor de fabricação de
embalagens do Grupo SaintGobain, trabalham com 80% do
vidro reciclado. “Com um quilo
de cacos de vidro pode-se fazer
um quilo de vidro novo”, afirma
Wagner Sabatini, chefe de desenvolvimento de reciclagem da
empresa. “Além da economia de
energia, o processo diminui o
uso de outras matérias-primas
na produção e contribui para
reduzir o volume de lixo.”
A Verallia recicla cerca de 100
mil toneladas de vidro por ano,
não só de sua própria fabricação, mas de outras indústrias
que levam até as suas instalações o vidro de suas embalagens. “Trabalhamos junto às
cooperativas em vários estados
e profissionalizamos o pessoal
para lidar em segurança com o
vidro”, diz Sabatini. Ele acredita que as cooperativas poderiam
aproveitar muito mais material.
“Estima-se que cada pessoa
gere 3,5 quilos de vidro por
mês”, diz. Tudo isso poderia ser
reaproveitado.” ■
Quinta-feira, 17 de março, 2011 Brasil Econômico 19
TERÇA-FEIRA
QUARTA-FEIRA
EMPREENDEDORISMO
GESTÃO
FABRÍCIO HERNANDES
reciclagem
é gestor da Unidade de Negócios
de Segurança, Meio Ambiente e Saúde
Ocupacional da Keyassociados
Fotos: Murillo Constantino
Incentivo e cultura em
tempos de mudança
Cooperativas de catadores enviam todo
tipo de vidro para a central da Verallia
em São Paulo. Quando o volume é muito
grande, o material já vem separado em cores.
É obrigatório que ele seja então quebrado
em milhares de cacos, um serviço que
é feito manualmente. Nas cooperativas,
os catadores já separam bicos, tampas
metálicas e louças. A reciclagem não trabalha
com lâmpadas nem tubos de TV. Também
não utiliza garrafas inteiras. Um dos
problemas enfrentados pela reciclagem é a
concorrência dos falsificadores de produtos,
que utilizam garrafas inteiras jogadas no lixo.
OUTRAS FONTES
Material automotivo também pode ser reutilizado
Estudos feitos pela Autoglass mostram que do
total de 1,5 milhão de pára-brisas quebrados dos
carros, apenas 5% são reciclados. “A demanda é
maior, mas ainda não existe a cultura de guardar
o vidro automotivo para reciclagem”, afirma
Kleber Carreira, diretor do Instituto Autoglass
Socioambiental de Educação (Iase). A empresa
coleta o vidro quebrado em suas 31 unidades
e mais de 700 pontos de atendimento num
total de 1.440 toneladas por ano e leva para
ser reaproveitado na Massfix, em São Paulo.
Ali, o material passa por um processo de
beneficiamento para a retirada da tela
de butiral, e depois os cacos são reaproveitados
para a fabricação de novos vidros.
A Massfix vende esse material e outros
cacos para empresas que os utilizam em
embalagens de bebidas, produtos alimentícios,
medicamentos, perfumes, cosméticos; ou como
matéria-prima de tinta brilhante para placas e
marcação rodoviária. “Buscamos diversificar
o mercado porque para cada tipo de vidro existe
uma porcentagem de caco que pode ser usada”,
diz a diretora da empresa, Juliana Schunck.
Na Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela
lei 12.305 e regulamentada pelo decreto 7.404, não foram impostas metas para a reciclagem de embalagens e outros itens, como
lâmpadas e eletroeletrônicos, apenas procedimentos para o destino final desses materiais. No entanto, acredito que a definição de
metas exigiria de fabricantes, assim como ocorre na Europa, a tomada de medidas de incentivo à reciclagem.
Enquanto no Japão, nos Estados Unidos e na Europa a reciclagem de peças automotivas chega a 90%, no Brasil limita-se a
1,5%. Tal diferença tem por base a legislação desses países. No Japão, a Lei de Reciclagem de Automóveis prevê que, até 2015, 70%
dos itens contidos em um automóvel serão recicláveis. Na União
Europeia, a Lei de Reciclagem de Veículos (ELV em inglês) estipula
um índice de 95%. Isso é explicado porque, como na Europa as
próprias montadoras têm a responsabilidade de reciclar os automóveis que produzem, as fábricas são estimuladas cada vez mais a
utilizar materiais que facilitem o processo de reaproveitamento.
No Brasil, a logística reversa visa estabelecer a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos. A lei dispõe sobre a obrigatoriedade de estruturação e de implementação de sistema para as cadeias produtivas de agrotóxicos (resíduos e embalagem), pilhas e baterias, pneus, óleos lubrificantes (resíduos e
embalagens); lâmpadas fluorescentes e produtos eletroeletrônicos e seus componentes.
Para a sua implementação, o
governo nomeou em fevereiro o
Um dos grandes
comitê orientador, composto pedesafios à
los ministros do Meio Ambiente,
da Saúde, do Desenvolvimento,
implantação da
Indústria e Comércio, da Agricullogística reversa
tura, Pecuária e Abastecimento e
é a sua relação
da Fazenda. O papel desse comitê
será de definir prioridades, bem
com o sistema de
como o de aprovar o cronograma
gestão de resíduos,
para o lançamento de editais e deponto vital
terminar regras para o funcionamento do grupo técnico que atuapara o aumento
rá em auxílio às orientações. O
da reciclagem
comitê também avaliará impactos
socioeconômicos e revisará a necessidade dos pactos setoriais.
Dessa forma, deverá elaborar uma proposta que vai definir o cronograma de logística reversa para outro conjunto de resíduos, que
inclui as embalagens e os produtos que provoquem impacto ambiental e na saúde pública.
Além das dificuldades de adaptação da logística aos negócios já
estruturados e do compartilhamento dos custos dessa política,
um dos grandes desafios à implantação da logística reversa é sua
relação com o sistema de gestão municipal de resíduos, ponto vital para o aumento da reciclagem nos municípios: atualmente,
apenas 900 dos 5.564 municípios brasileiros possuem algum tipo
de coleta seletiva.
Outro ponto vital para a implantação da PNRS é a consciência
do consumidor, que “será obrigado a acondicionar adequadamente e de forma diferenciada os resíduos gerados e a disponibilizar adequadamente os resíduos reutilizáveis e recicláveis para coleta ou devolução”. Mais importante do que a destinação dos recursos para o setor é a consolidação de uma nova cultura em relação aos resíduos sólidos. Uma cultura, portanto, voltada à sustentabilidade social e ambiental, de forma a garantir qualidade de
vida à sociedade. ■
2ª Vara Cível - Juízo de Direito da 2.ª Vª da Comarca de Lençóis Paulista - Cartório do 2º Oficio - Edital Conhecimento Terceiros
Alterações ao Plano de Recuperação Judicial apresentado por Frigol S.A. e Frigol Administração e Participações Ltda. Autos:
2010.005460-8 - ordem: 1.317/10. Mario Ramos dos Santos, MM. Juiz de Direito da 2.ª Vª Comarca Lençóis Paulista, na forma da Lei,
Faz Saber, a todos, que as recuperandas apresentaram alterações ao plano de recuperação judicial, sendo determinada a publicação
deste para os credores possam ter a necessária ciência dos termos do aditamento antes da realização das assembléias gerais de
credores já designadas. Os credores poderão obter cópia das alterações ao plano de recuperação a ser submetido à deliberação da
assembléia junto a seção cível do Cartório do 2º Oficio Judicial da Comarca de Lençóis Paulista, sito à Av. Pe Salústio Rodrigues
Machado, 599, Jd Ubirama, CEP: 18.683-471, fone: 14-3264-4002 ou mediante consulta ao site www.frigol.com.br. A Assembléia Geral
de Credores está designada em 1ª convocação para o próximo dia 23.03.2011, às 13h00; 2ª convocação para o próximo dia 31.03.2011,
às 13h00. O edital convocando credores para a AGC disponível no DJE Caderno: Editais e Leilões, São Paulo, Ano IV, Edição 892, pág
163, 2ª Feira, 14.02.2011. E para que chegue o conhecimento de todos, expede-se o presente que será publicado no DJE e afixado no
átrio. Lençóis Pta., SP, 14.03.2011 (a) DTS, subscrevi. (a) Juiz de Direito.
20 Brasil Econômico Quinta-feira, 17 de março, 2011
ENCONTRO DE CONTAS
LURDETE ERTEL
Ed. Jones/AFP
Aperto
nos cintos
Está apertando
ainda mais a disputa
de companhias
aéreas europeias por
espaço no ninho do
mercado brasileiro.
Depois de meter as asas
no terreno da portuguesa
TAP e estrear voo ligando
Madri ao Nordeste (Recife
e Fortaleza), a empresa
espanhola Iberia prepara
a decolagem de nova
operação em São Paulo.
A partir de junho,
a companhia oferecerá
dois voos semanais e sem
escalas entre Guarulhos
e Barcelona, na Espanha.
Só no primeiro ano,
pretende transportar
50 mil passageiros
na nova rota.
Ainda neste ano, também
a alemã Lufthansa reforça
operações no Brasil,
com a retomada de sua
ligação entre Frankfurt
e o Rio de Janeiro.
Os voos, suspensos
desde 2005, voltarão
a decolar em outubro.
Depois do filho, a nova política do “cachorro único”
Crianças e mascotes são pivô
do debate da hora na China.
Enquanto o governo mandarim estuda
abrandar a drástica lei do filho único,
permitindo às famílias chinesas terem
um segundo rebento, na metrópole de
Xangai foi aprovada uma regra que limita o
número de cães de cada “unidade familiar”.
A política do “cachorro único” começa
a valer na cidade a partir de 15 de maio,
como forma de deter o avanço
desordenado da população de peludos.
Muitas famílias chinesas têm animais como
forma de compensar a restrição imposta
a crianças. E o número de mascotes vem
crescendo junto com a renda da população.
Xangai tem atualmente 200 mil
cães cadastrados e outros 600 mil sem
registro, estimam as autoridades.
Quem descumprir a lei, receberá multa
equivalente a US$ 152 e terá seu mascote
recolhido. As famílias que, atualmente,
têm mais de um peludo legalmente
registrado poderão manter o animal.
AFP
Longa vida
“Não posso
crer em um
uso da Justiça
tão bárbaro
e distante
da realidade.
Eu já tenho
quase 75 anos e,
apesar de ainda
ser ‘animado’,
33 garotas em
dois meses me
parece ser demais
até mesmo
para um homem
de 30 anos”
O Brasil está na rota da expansão
da gigante italiana IPI, uma
das três maiores fabricantes de
embalagem longa vida do mundo.
O grupo com sede em Perúgia
pretende instalar no país uma
fábrica para produzir em torno de
200 milhões de pacotes por ano.
O comando do grupo estacionou
nesta semana no gabinete
do governador do Mato Grosso
do Sul para conversar
sobre o empreendimento.
O Estado é um dos possíveis
endereços da fábrica.
Trem de pouso
▲
Quem aterrissa em São
Paulo na próxima semana
é o presidente da Boeing,
Shephard W. Hill.
Acompanhado de cinco
diretores da gigante americana,
“Shep” fará escala em diversos
encontros de negócios.
Uma das conexões será
um almoço no Consulado
dos Estados Unidos.
Um luxuoso Lamborghini Gallardo L140
foi destruído a marretadas nesta
semana na China para marcar o
Dia Mundial do Direito do Consumidor.
A surra, à vista do público, foi encomendada
pelo próprio proprietário do esportivo,
enfurecido com as tentativas infrutíferas
de conseguir resolver problemas mecânicos
do carro na revenda oficial da marca.
O Lamborghini foi comprado por € 200 mil.
Silvio Berlusconi, primeiro-ministro
da Itália, que será julgado em
abril pelo envolvimento com 33
prostitutas de luxo em dois meses.
Quinta-feira, 17 de março, 2011 Brasil Econômico 21
Fotos: divulgação
MARCADO
Recomendação de quilate
Depois de figurar na hot list da badalada Condé Nast Traveler em 2010,
o Hotel das Cataratas volta a despontar em uma seleta lista internacional.
O empreendimento localizado dentro do Parque Nacional de Iguaçu (PR)
é o único brasileiro na seleção do britânico Daily Telegraph, com os
melhores hotéis do mundo. Administrado pelo grupo Orient-Express
desde 2007, o endereço aparece em 25º lugar entre 50 hotéis.
O grupo investiu R$ 57 milhões em modernização nos últimos dois anos.
● A Epic Aviation, escola
americana de aviação,
promove, dia 24, em São Paulo,
um workshop para jovens
interessados em seguir
a carreira de piloto.
O seminário será no Hotel Ibis
Congonhas e a entrada é franca.
[email protected]
Fotos: Luciana Prezia
Pouso mineiro
O grupo hoteleiro de luxo Fasano
oficializou seu check-in em Belo
Horizonte (MG) nesta semana.
O consórcio formado pela rede
paulista e pela JHSF venceu
a concorrência pela concessão
da antiga sede do Instituto
de Previdência dos Servidores
do Estado de Minas Gerais
(Ipsemg), na capital mineira.
Fincado na Praça da Liberdade,
uma das áreas mais nobres da
cidade, o prédio dos anos 1960
é tombado pelo patrimônio
histórico. Agora, será convertido
em um hotel de luxo da bandeira
Fasano, que deve abrir em 2013.
Único candidato na licitação, o
consórcio investirá R$ 46 milhões
na reconfiguração do prédio, que
poderá ser explorado por 35 anos.
Sua bênção
O publicitário brasileiro Celso
Loducca vai acertar dois coelhos
com uma só viagem à Turquia.
Depois de presidir no país o júri
do Festival de Publicidade
The Cup, Loducca sentará à mesa
com Paulo Coelho no jantar que
o escritor oferecerá no sábado,
em Istambul, em homenagem
a seu padroeiro, São José.
O evento, promovido desde 1987,
neste ano será na Turquia.
Lá, Coelho reunirá uma lista
de convidados de apenas
120 pessoas do mundo todo.
Vestindo a
camiseta
A Hering juntou no mesmo
quadro a atriz Luana Piovani
e o músico Carlinhos Brown
para agitar a campanha de
outono da marca brasileira.
Recentemente em cartaz com
a peça infantil O Soldadinho
e a Bailarina e hoje apresentando
o programa Superbonita,
no canal GNT, Luana assumiu
a pose de garota-propaganda
da grife diante das lentes
de Jacques Dequeker,
vestindo peças da nova coleção.
Já o multiartista Carlinhos Brown,
além das fotos para a campanha,
afinou parceria com a Hering.
Ele desenhou uma camiseta
a quatromãos com a marca,
que vestiu os 200 ritmistas do
“Arrastão do Carlinhos Brown”,
que esse ano juntou a Timbalada
e o Olodum e Ivete Sangalo na
Quarta-feira de Cinzas em Salvador.
GIRO RÁPIDO
Última estrela
O ator Reynaldo Gianecchini
fechou o último dia de
desfiles da 10ª edição do
Coleções, do Mega Polo Moda.
Passaram pelas passarelas
Caio Castro, Ellen Jabour
e Caroline Bittencourt,
entre outras celebridades.
Mais paulistana
A Drogaria São Paulo vai abrir
mais três lojas na Zona Sul
da capital paulista. Com isso,
a rede passa a funcionar em
mais de 340 pontos na região.
A empresa faturou R$ 2,3
bilhões no ano passado.
Sem descanso
Estética brasileira
A Ortobom, maior fabricante
de colchões do país, prepara
a cama no mercado do Norte
do país. A previsão é abrir mais
40 lojas na região até o final
do ano. Hoje são 96 filiais.
Anualmente, a Ortobom
vende em torno de 128 mil
unidades nos Estados do Norte.
O cirurgião gaúcho Carlos
Oscar Uebel ganhou
a presidência da Isaps 1
International Society
Of Aesthetic Plastic Surgery.
A cerimônia de posse está
marcada para setembro
de 2012, na Suíça.
Pole position
Ícone dos pés
A Converse comemora
a boa atuação de sua linha
Premium no Brasil e está
preparando um evento especial
para comemorar o sucesso do
retorno do calçado preferido
do ator James Dean ao mercado.
Para celebrar a volta do
modelo Jack Purcell®,
a grife vai promover no dia
2 de abril a festa Jack Purcell
in The Garden. O evento será
no Clube Nacional, no Pacaembu,
em São Paulo, com DJ set
especial da stylist e DJ Lara
Gerin. A moça desfilará seus hits
prediletos dos anos 80 e 90.
O Jack Purcell completou
75 anos e se tornou ícone
fashion na década de 1950
quando caiu nas graças de Dean.
Os ferraristas brasileiros de
plantão já podem incluir mais
um item de luxo em suas
coleções. Acaba de chegar
ao país o relógio Ferrari
Jumbo com caixa de titânio.
A peça, fabricada na Suíça,
tem cronômetro de alta
performance e foi inspirada
no mundo das corridas.
O mimo pode ser encontrado
no Outlet Premium, em
Itupeva (SP), por R$ 2.810.
Com Karen Busic
[email protected]
22 Brasil Econômico Quinta-feira, 17 de março, 2011
EMPRESAS
Massey Ferguson e Valtra entram
AGCO, dona das duas marcas, projeta receita de R$ 73,5
milhões com linha de produtos; meta é ter 25% do mercado
Felipe Peroni
[email protected]
Com forte posicionamento no
mercado de tratores e equipamentos agrícolas, a AGCO deve
iniciar em maio a produção local de seu primeiro pulverizador, máquina que tem como
função borrifar defensivos
agrícolas na lavoura. Com o
lançamento, pretende atingir
R$ 73,5 milhões em vendas
ainda este ano.
O pulverizador será lançado
nas duas marcas com as quais a
AGCO atua no Brasil: Massey
Ferguson e Valtra. As duas já detêm, respectivamente, o primeiro e o segundo lugar no mercado
de tratores, que, somadas alcançam 55% de participação .
Os pulverizadores serão de
grande porte, com motor de 200
cavalos e tração nas quatro rodas. A inovação da máquina é
possuir rodas flexíveis, de modo
que os dois pneus ficam em
contato com o solo mesmo em
desníveis. O objetivo é dar mais
facilidade frente a obstáculos no
terreno e reduzir o número de
manobras. “Queremos ter de
20% a 25% de participação em
pulverizadores no Brasil nos
próximos anos”, afirma André
Müller Carioba, vice-presidente
da AGCO na América do Sul.
Com 21 anos de existência,
a AGCO contou com uma estratégia agressiva de compras
em escala mundial, totalizando 28 aquisições. Além das
marcas Massey Ferguson e
Valtra, antiga Valmert, no
Brasil, a companhia detém as
marcas Challenger, presente
na Europa, e Fendt, com atuação nos Estados Unidos.
No entanto, não basta adquirir as empresas. Após a
compra, inicia o processo de
unificação para cortar as ineficiências e ainda assim manter a
identidade. “Até hoje, encontramos a cada dia uma oportunidade de eliminar sobreposições”, diz Carioba.
Outra prioridade foi o lançamento de uma linha de implementos para ampliar a oferta de
produtos, que no início contava
apenas com tratores.“Os agricultores vão preferir, nos próximos anos, uma empresa que
disponibilize um serviço único
para toda a sua frota”.
Apesar de manter operações
separadas para cada marca, as
“
Os agricultores
vão preferir
uma empresa
que disponibilize
um serviço único
para toda a frota
André Müller Carioba
áreas de fabricação de peças,
manutenção e serviços para
agricultores são as mesmas para
todos os produtos e levam a
marca AGCO. Além disso, houve a unificação de toda a área
administrativa das empresas.
Outra área em que a empresa pretende expandir é a de colheitadeiras, onde detém 18%
do mercado de equipamentos
para grãos, onde mantém o seu
foco e pretende ampliar suas
operações neste setor. No entanto, já anunciou a esperada
colheitadeira de cana, que será
produzida no Brasil e tem lançamento marcado para o segundo semestre de 2012 e conta com quatro protótipos em
teste. “É um produto que está
faltando em nosso portfolio”,
afirma Carioba. ■
EXPANSÃO
VENDAS DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS,
EM MIL UNIDADES
80
70
60
50
40
30
20
100
54,5
55,3
2008
2009
68,5
2010
PRODUÇÃO DE TRATORES, EM MIL UNIDADES
60
50
40
30
20
10
0
42
44,2
2008
2009
55,7
2010
PRODUÇÃO DE COLHEITADEIRAS, EM MIL UNIDADES
5
4
3
2
1
0
4,3
3,8
4,5
2008
2009
2010
Fonte: Anfavea
DESEMPENHO
Produção de grãos em alta deve garantir bons resultados neste ano
Neste ano a AGCO não deve
repetir o desempenho de 2010 —
que foi o melhor já registrado
para a indústria de maquinário
agrícola. Ainda assim, a empresa
espera manter bons resultados.
O principal fator para isso é o
preço das commodities. Os preços
de grãos continuam próximos
aos máximos históricos, e com
a melhora na renda do produtor,
aumenta o cacife para comprar
equipamentos agrícolas.
Segundo dados da Companhia
Nacional de Abastecimento
(Conab), a safra de grãos deverá
atingir novo recorde neste ano,
com 154 milhões de toneladas.
No entanto, os dois principais
programas do governo para
a compra de máquinas perdem
o fôlego em 2011. As linhas do
Programa de Sustentação de
Investimento (PSI) para compras
de máquinas agrícolas, antes com
juros de 5,5%, serão prorrogadas
até dezembro com juros mais
altos, segundo informou o
Ministério da Fazenda no início do
mês. As taxas poderão chegar a
8,7%. “Não será algo catastrófico,
mas haverá uma redução nos
pedidos” calcula o vice-presidente
da AGCO, André Müller Carioba.
Já o Mais Alimentos, que
impulsionou as vendas de
tratores de menor porte no
ano passado, tem menor fôlego.
No programa, o Ministério de
Desenvolvimento Agrário oferece
a pequenos produtores um limite
de crédito de R$ 130 mil
para compra de tratores, que
podem ser pagos em até dez
anos, com até três anos de
carência e juro de 2% ao ano.
Entretanto, o programa
já atingiu uma fatia expressiva
dos pequenos agricultores.
Nos primeiros dois meses do ano,
as vendas de tratores da empresa
chegaram a ser 10% menores
em relação ao ano passado.
Mas o volume de encomendas nas
primeiras feiras agrícolas do ano
foi avaliado como positivo pela
companhia. “A queda ocorreu
porque o ano passado foi o
melhor da história. Tivemos um
volume de pedidos saudável”. F.P.
Quinta-feira, 17 de março, 2011 Brasil Econômico 23
Divulgação
Viação Cometa investe R$ 65 mi na frota
A companhia de transporte rodoviário vai adquirir 128 veículos
zero quilometro neste ano. Os ônibus serão contratados com
carroceria Marcopolo, leitos executivos, todos com ar-condicionado.
Atualmente a Viação Cometa, que foi fundada em 1948, conta
com uma frota de aproximadamente mil ônibus e transporta,
em média, um milhão de passageiros por mês nos estados
de São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
na briga dos pulverizadores
Murillo Constantino
PARTICIPAÇÃO
SAFRA
55%
é quanto a fabricante informa
154
milhões
de toneladas é o volume de
deter do mercado brasileiro de
tratores com as duas marcas que
mantêm no mercado brasileiro,
Massey Ferguson e Valtra.
grãos que deve ser colhido neste
ano, um novo recorde, segundo
dados da Companhia Nacional
de Abastecimento (Conab).
André Müller Carioba,
vice-presidente da AGCO
na América do Sul:
diversificação de portfólio
Barreiras argentinas travam exportações
AGCO estima que
500 máquinas estão
em seus pátios esperando
autorização de embarque
A recente decisão do governo
argentino de ampliar a lista de
produtos que necessitam de licenças não automáticas para
entrar no país é uma das principais preocupações da AGCO,
que responde por 7 em cada 10
tratores exportados pelo Brasil.
“Já era complicado exportar
para a Argentina, agora com obs-
táculos desse porte no Mercosul
estamos mais longe que nunca de
um mercado comum”, diz André
Carioba, vice-presidente da
AGCO, que já marcou reuniões
com o governo argentino para
tentar agilizar as licenças.
As máquinas agrícolas já estavam na lista de produtos que
necessitam de autorização antes de entrar no país. No entanto, a recente decisão de ampliar
a burocracia de 400 para 600
produtos, tomada no dia 17 de
fevereiro, retarda ainda mais a
Vendas externas
também estão
sendo afetadas pelo
real valorizado
emissão das licenças. Enquanto
aguardam a liberação, os tratores ficam parados no pátio das
fábricas. A companhia estima
que as máquinas esperando por
autorização somem mais de
500 unidades.
As vendas externas também
estão sendo afetadas pelo real
valorizado. “Com a pressão do
câmbio não está fácil exportar”,
afirma Fábio Piltcher, diretor de
Marketing da AGCO no Brasil.
Para driblar as dificuldades
nas exportações, a empresa
tenta aumentar a eficiência. No
ano passado, a empresa realizou
um investimento de R$ 25 milhões em sua unidade em Santa
Rosa (RS). O aporte não tem
como meta principal ampliar a
capacidade produtiva. Com investimentos em sistemas mecanizados e tecnologia de pintura,
o objetivo é aumentar a eficiência. “O investimento possibilita
sim uma produção maior, mas
isso é secundário. Temos que ficar é mais competitivos”, afirma Pilthcer. ■ F.P.
24 Brasil Econômico Quinta-feira, 17 de março, 2011
EMPRESAS
Divulgação
SIDERURGIA
AUTOMOTIVO
Usiminas fecha acordo de exclusividade com
Fallgatter para distribuir aço no Sul do país
Randon projeta faturamento de R$ 5,9 bi
em autopeças e implementos agrícolas
O contrato com a Fallgatter, especializada na distribuição de produtos
siderúrgicos e na fabricação de peças, componentes e equipamentos
para a indústria metalomecânica, adiciona à rede de distribuição
da Usiminas uma capacidade de processamento da ordem de 50 mil
toneladas de aço por ano. A rede de distribuição da siderúrgica tem uma
capacidade para comercializar até 1,5 milhão de toneladas de aço por ano.
A companhia trabalha com a perspectiva de obter uma receita
líquida consolidada de R$ 3,9 bilhões, R$ 200 milhões acima de 2010.
A companhia planeja realizar investimentos de R$ 270 milhões ao
longo do ano. As projeções de exportações são de US$ 250 milhões,
enquanto as importações deverão ficar em US$ 100 milhões.
As informações são do diretor de Relações com Investidores, Astor Schmitt.
Grupo Votorantim
revê estrutura no
negócio de cimento
Companhia projeta novas fábricas e aposta em produtos
complementares como argamassa, cal e calcário para agricultura
Cláudia Bredarioli
[email protected]
Se há falta de mão de obra na
construção civil, a intenção da
Votorantim Cimentos é ganhar
mercado com a oferta de produtos que facilitem os processos
produtivos e reduzam o tempo
de obra. Para isso, a companhia
reorganiza sua divisão de produtos complementares — para
apostar na ampliação das vendas de argamassa, e também de
cal e calcário para a agricultura
—, que será liderada agora por
Marcelo Chamma, antes à frente
da área de cimento.
A previsão é inaugurar em
breve uma nova fábrica de argamassa em Limeira, a primeira de
uma série de outras que virão para
ampliar a capacidade produtiva
nesse segmento. A planta de Limeira terá capacidade de produção de 100 mil toneladas por ano.
A expectativa da Votorantim é de
aumentar ao menos em 50% a
quantidade de unidades fabris
dedicadas à produção de argamassa. Hoje há 13 fábricas da empresa no Brasil para este fim.
“Vamos apostar com mais força nesse mercado que quase não é
atendido no segmento básico
(que corresponde ao reboco de
construção) e ampliar nossos esforços em argamassa colante, cujos concorrentes adotam tecnologia de ponta e se apresentam
em número cada vez maior no
Brasil”, diz Marcelo Chamma.
O mercado de argamassas é
dividido em dois segmentos: o
básico, estimado em 40 milhões
de toneladas anuais, e a argamassa colante usada em revestimentos, estimado em 3,5 milhões de toneladas, mas com
valor de mercado 3,5 vezes superior. A Votorantim é líder no
segmento de básicos com a
marca Matrix, com 70% do
mercado, mas Chamma explica
que a grande fatia a ser conquistada é a substituição do reboco
feito na construção por esse
“
O objetivo é termos
capacidade ociosa
para atender bem
à demanda mesmo
em períodos de pico
produto. A Votomassa tem 30%
do mercado colante e está posicionada na vice-liderança.
Além de argamassa, os negócios complementares aos quais
Chamma passa a se dedicar envolvem a fabricação de cal e de
calcário para agricultura — este
último também é um mercado liderado pela Votorantim no Brasil,
com 70% de participação.
Fred Fernandes,
responsável pela área
de Cimento na Votorantim
■ CIMENTO
Previsão de aumento de
produção neste ano é de
9
%
■ ARGAMASSA
Participação da empresa
no mercado básico é de
70
%
Cimento
Uma das dez maiores empresas
globais de cimento, concreto e
argamassas, a Votorantim trabalha para recuperar o fôlego depois
de ter passado alguns meses se
adequando à altíssima demanda
brasileira, em um mercado que
cresceu 14% no ano passado. Assim, em paralelo ao projeto de
produtos complementares, continuam os investimentos em cimento, carro-chefe da companhia. Com previsão de aumento
de venda, em volume de 9% para
este ano, a Votorantim tem registrado o dobro de vendas do produto a granel (usado na construção pesada), ante o ensacado.
A principal região com problema de fornecimento foi o Nordeste. Para suprir as encomendas, a
companhia iniciou em maio do
ano passado um processo contínuo de importação de cimento do
Vietnã, que deverá ser interrompido com a inauguração, no mês
que vem, de uma nova fábrica em
Pernambuco. Outras oito novas
fábricas saem do papel em várias
regiões do Brasil até 2013, quando
se completa o plano de investimento de R$ 5 bilhões que teve
início em 2007. Com isso, a companhia deve atingir a produção de
42 milhões de toneladas de cimento até 2013, ante 32 milhões
que produzem agora.
“O objetivo é termos capacidade ociosa par conseguirmos atender bem a demanda
mesmo em períodos de pico”,
explica Fred Fernandes, o novo
responsável pela área de Cimento na Votorantim. ■
Quinta-feira, 17 de março, 2011 Brasil Econômico 25
Fabrice Coffrini/AFP
DANÇA DAS CADEIRAS
ALIMENTOS
Marca esportiva alemã vai mudar sua
diretoria depois de 14 de abril
Nestlé investirá R$ 163 milhões na produção
de leite Ninho e Molico em Três Rios (RJ)
A Puma anunciou que vai trocar de comando. O atual CEO
Jochen Zeitz, que está no cargo há 18 anos, deixará o posto
para o diretor de estratégia global, Franz Koch. Depois da reestruturação
da companhia, Zeitz será diretor de sustentabilidade e de
Sport & Lifestyle do Grupo PPR, holding francesa dona da Puma
e de outras marcas de luxo como Gucci e Yves Saint Laurent.
A nova unidade, que entrará em operação no segundo semestre
do ano, deverá processar 200 mil litros de leite por dia. Será
a 31ª fábrica da companhia no país. Segundo as projeções
da companhia, 80% da produção da unidade de Três Rios será
comercializada no próprio estado do Rio de Janeiro, e os 20%
restantes serão destinados aos mercados de Minas Gerais e São Paulo.
Murillo Constantino
Cummins prevê alta
de 9% na produção
de motores neste ano
América Latina representa
10% do faturamento global
da companhia americana
Henrique Manreza
Michele Loureiro
[email protected]
A unidade brasileira da Cummins
prevê aumento de 9,3% na
produção de motores a diesel
neste ano, alcançando 105 mil
unidades. No ano passado, a
companhia americana fabricou 96 mil motores, maior número desde sua chegada ao
país há 40 anos.
A multinacional encerrou
2010 com faturamento global de
US$ 13,2 bilhões. Segundo o
vice-presidente da Cummins
para a América Latina, Luis
Afonso Pasquotto, a região (que
não incorpora os resultados do
México) foi responsável por
10% deste montante. “O Brasil
responde por cerca de 80% deste número e atua na produção de
motores, geradores de energia e
componentes.”
Segundo Pasquotto, a América
Latina é atualmente a região mais
promissora para o crescimento da
empresa no mundo. A expectativa é que o faturamento local passe dos US$ 1,3 bilhão (em 2010)
para US$ 2,2 bilhões em 2014, um
crescimento anual médio de
15%. Enquanto isso, a projeção
mundial prevê faturamento de
US$ 20 bilhões, o que representa
alta de 13% ao ano até 2014.
Como alavanca para o crescimento nacional, o executivo des-
Luis Pasquotto
Vice-presidente
da Cummins na
América Latina
“Ainda é cedo para mensurar,
mas com a limitação de
transporte e energia das
empresas japonesas, em
decorrência dos desastres
naturais, algumas unidades
da Cummins podem ter seus
resultados prejudicados”
taca as novas legislações de controle de emissão de gases, que
devem aumentar a venda de motores. A partir de 2012, os caminhões brasileiros terão de atender
às normas do Euro V, que prevê a
redução da emissão de gases poluentes. “Estamos trabalhando
em motores que atendam as
normas e acabamos de investir
R$ 4,5 milhões em um laboratório de desenvolvimento de produtos no país, que exportará
tecnologia para o mundo todo”,
disse Pasquotto. Os investimentos globais da Cummins em tecnologia vão alcançar US$ 40 milhões neste ano.
Segundo um levantamento da
Cummins, a necessidade de melhorias na infraestrutura mundial deve demandar investimentos de US$ 35 trilhões nesta década. Para Pasquotto, o Brasil
terá grande participação nesse
montante, pois precisa atender
as demandas da Copa do Mundo
e Olimpíada. “Isto com certeza
vai elevar nossos negócios.”
Apesar das boas perspectivas, a recente devastação de
parte do território japonês pode
retardar o crescimento. A unidade brasileira importa apenas
1% dos seus componentes do
país asiático e não deve sofrer
grande impacto. Porém, as outras fábricas têm vínculos maiores. “Ainda é cedo para mensurar, mas com a limitação de
transporte e energia das empresas japonesas, os reflexos não
vão demorar para aparecer.” ■
VEÍCULOS DE LUXO
Alemã BMW planeja montar carros no Brasil com peças estrangeiras
Marcelo Chamma, diretor da Votorantim: meta
é substituir reboco feito na obra por argamassa
A alemã BMW estuda a
possibilidade ter uma unidade
em estilo CKD no país, montando
carros a partir da importação
de peças e com um índice de
componentes locais entre 20% e
30%. “O Brasil é importante para
o futuro da BMW, tanto para as
vendas como para a produção”,
sinalizou o diretor global da
companhia, Ian Robertson.
Apesar de a BMW ainda não ter
batido o martelo na escolha
do Brasil, o diretor de produção
Frank-Peter Arndt afirmou que
a companhia estuda a indústria
brasileira de autopeças para
checar se é viável produzir no
país. “Para a BMW é importante
pensar na América do Sul e,
se decidirmos ter uma fábrica
na região, o ideal é que ela seja
na principal economia latinoamericana”, disse Ardnt, sem
citar diretamente o Brasil. Mas
o executivo reforçou com ênfase
que instalar um CKD no Brasil
“é possível”. O que está em jogo
agora é chegar a uma equação
atraente entre custo produtivo
e manutenção de padrões de
qualidade da marca.
As vendas de carros e motos
BMW cresceram 77% no Brasil
em 2010. A montadora vendeu
8.166 carros, uma alta de 52%,
a subsidiária Mini Cooper cresceu
68%, indo a 1.720 unidades e a
Motorrad, divisão duas rodas,
ampliou sua comercialização
em 11%, com 3.507 motos
comercializadas. Nivaldo Souza
26 Brasil Econômico Quinta-feira, 17 de março, 2011
EMPRESAS
Antoine Antoniol/Bloomberg
VIDEO
TELEFONIA
Companhia americana promete aos usuários
assistir filmes no momento do lançamento
Número de assinantes da Vivendi
no Brasil cresce 50% ao ano
A Zediva Inc, uma empresa iniciante dos Estados Unidos, lançou um
serviço que permite aos usuários assistirem a filmes pela web no mesmo
dia em que eles são lançados em DVD, evitando os atrasos exigidos pelos
estúdios. A um custo de US$ 1,99 por aluguel, a Zediva é a mais recente
companhia a rever o tradicional modelo de negócios de Hollywood, como
Netflix, que cobra US$ 7,99 por mês por uma assinatura de streaming.
O número de assinantes da GVT Holding SA, unidade brasileira da Vivendi
SA, está crescendo a uma taxa de 50%, levando a um aumento da receita
de 40%, disse Jean-Bernard Levy, presidente do grupo francês. Levy
disse que a Vivendi planeja oferecer o serviço de TV por assinatura no
Brasil até o final deste ano. No curto a médio prazos, a empresa não tem
planos para serviços de telefonia móvel no mercado, disse o executivo.
Mabe tira marcas da tomada e
investe R$ 160 mi em novo perfil
Fabio Nunes
Companhia renovará 60% do seu portfólio e aposta na força
da linha Continental para alavancar as vendas no Brasil
Fábio Suzuki
[email protected]
O Grupo Mabe modifica sua
atuação no país a partir deste
ano para fazer frente às iniciativas agressivas da concorrência
que vão apostar alto para atrair
os consumidores brasileiros. A
intenção da empresa de origem
mexicana é aumentar em 11%
neste ano o faturamento alcançado em 2010, que foi de R$ 1,9
bilhão. Além da briga tradicional com a americana Whirlpool
e a sueca Electrolux, a companhia passa a competir também
no Brasil com as coreanas LG e
Samsung, que prometem entrar
com força no mercado nacional
a partir deste ano.
Por conta desse grande movimento, a Mabe investirá até o final de 2011 o montante de R$ 160
milhões para mudar sua forma
de atuação no país. A empresa
vai reformular 60% de todo o
seu portfólio e centralizar em
apenas três marcas: GE, voltada para os públicos A e B; Continental, para as classes B e C; e
Dako, abrangendo os consumidores C e D.
O resultado dessa estratégia
culmina no fim da produção
nacional das marcas Mabe e
Bosch, sendo que esta última
continuará com um volume de
produtos importado que corresponde à metade do que era
produzido no país. Segundo a
companhia, a iniciativa não alterará a estrutura fabril da empresa no país.
“Ter muitas marcas no
portfólio não é sinônimo de
muitas vendas. O que importa
é ter uma boa estratégia e o
ideal para nossa atuação são
três marcas”, afirma Luis Berrondo, presidente mundial do
Grupo Mabe.
Dentro da reformulação, a
companhia lança 118 produtos
que estarão no mercado até o
Dia das Mães, no início de maio.
Maior potencial
Com essa mudança na atuação,
o Grupo Mabe passa a apostar
na marca Continental como o
“
Ter muitas marcas
no portfólio não
é sinônimo de
muitas vendas.
O que importa
é ter uma boa
estratégia, e o ideal
para nossa atuação
são três marcas
Luis Berrondo
Luis Berrondo, presidente
mundial do Grupo Mabe:
R$ 70 milhões para
ações de marketing
seu carro-chefe no mercado
brasileiro. A companhia renovará 70% do portfólio da Continental sendo mais de 60 itens
lançados com destaque para a
volta das lavadoras de roupa.
Além dos produtos, a empresa
passa a adotar uma nova assinatura para a marca: “Confiança para você renovar”.
E com o fim da produção no
Brasil das linhas Mabe e Bosch,
que representavam 10% e 8%
dos negócios da empresa, respectivamente, a Continental
será a grande beneficiada pelo
novo direcionamento da verba
de marketing e desenvolvimento de produtos.
“Os itens da Continental são
os mais representativos para a
empresa e têm o maior potencial de crescimento no mercado”, afirma Mauro Correia, diretor de marketing da Mabe.
A atuação da marca estará
centrada nas classes B e C, que
representam 73% das vendas
do segmento de linha branca
no mercado brasileiro, segundo dados apresentados pela
companhia, e a aposta é que a
Continental responda por 40%
do crescimento total pretendido para este ano.
Apesar do novo posicionamento, a companhia lançará a
nova campanha apenas no segundo semestre do ano em
ações que serão criadas pela
agência Fischer+Fala. Segundo
Correia, a comunicação dos
itens colocados no mercado
neste semestre ficará restrita a
peças nos pontos de venda. Do
total investido pela Mabe no
Brasil, R$ 70 milhões serão destinados para as ações de marketing da companhia. ■
JUNTO AO MERCADO
PORTFÓLIO
ESTRUTURA NO PAÍS
US$
560 mil
é a verba destinada pela
270
itens de cinco linhas
7
é o número de unidades que
Mabe para a realização
de pesquisas com clientes e
vendedores de linha branca para
a produção de novos produtos.
diferentes de produtos
compõem todo o portfólio da
companhia no Brasil. Ao longo
do ano, serão 118 lançamentos.
a Mabe mantém no país, sendo
três fábricas e dois centros de
distribuição, todos espalhados
pelo interior de São Paulo.
Quinta-feira, 17 de março, 2011 Brasil Econômico 27
28 Brasil Econômico Quinta-feira, 17 de março, 2011
EMPRESAS
Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
TELECOMUNICAÇÕES
EXPANSÃO
Total de assinaturas de celular na América
Latina será igual à população em março
Governo revisa plano de banda larga
para incluir Roraima e Amapá
Até o fim do primeiro trimestre, o total de assinanturas de telefonia
celular na América Latina será igual à população da região, segundo
a consultoria Informa Telecoms & Media. Mas isso não significa que todos
os latino-americanos terão o serviço, pois uma mesma pessoa pode ter
mais de uma linha. A consultoria estima que ainda haverá 178 milhões
de pessoas sem serviço de celular, o que representa 30% da população.
O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse que o governo fará
uma revisão do Plano Nacional de Banda Larga para incluir Roraima e
Amapá nas áreas de cobertura do projeto. “Na época em que elaboramos
tinham alguns estados que nós chegamos à conclusão que não teríamos
condição técnica de incluí-los naquele momento”, disse Bernardo após
participar de audiência da Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado.
Claudio Santana/AFP
Santander vai
a campo para
ganhar nas
Américas
Banco patrocina os torneios da Copa
América e da Libertadores para exibir sua
marca e ampliar negócios na região
Fábio Suzuki
Marcela Beltrão
[email protected]
O banco espanhol Santander
aposta no esporte como principal
pilar de uma estratégia de
marketing voltada para reforçar a
sua atuação na América do Sul.
Concentrando os investimentos
em ações ligadas ao futebol e ao
automobilismo, a instituição financeira ataca mais uma vez nos
gramados com o patrocínio da
Copa América, torneio de seleções sul-americanas que ocorrerá em julho na Argentina.
A iniciativa complementa a
exposição do banco na Copa Libertadores, principal campeonato de clubes da região em que
o Santander é o patrocinador
oficial detendo o direito de nome
da competição. O Santander explorará os campeonatos sulamericanos para exibir sua marca e gerar negócios, sempre com
a comunicação “Juntos”, conceito atual do banco. Entre as
iniciativas estão a publicidade
nos estádios, peças na mídia e
promoções com os clientes,
além de aproveitar as partidas
para realizar ações de relacionamento em espaços reservados.
“O futebol nos ajuda a dar
uma unidade para a marca na região e abre diversas oportunidades para a realização de ações de
relacionamento com nossos
clientes e parceiros”, afirma Fernando Martins, vice-presidente
executivo de marketing da operação brasileira do Santander. Os
investimentos no esporte estão
diretamente integrados à estratégia da instituição financeira na
América do Sul. Além da forte
presença no mercado brasileiro, o
banco afirma ser líder na Argentina, Uruguai e Colômbia, e atua
também no Chile e Peru.
Fernando Martins
Vice-presidente
do Santander
“O peso do Brasil no conteúdo
de nossa estratégia global
é enorme. A intenção agora é
integrar o Santander Brasil
com a Espanha, pois há muitas
sinergias para as relações
entre os dois países”
Banco espanhol investiu
US$ 20 milhões na Copa
Libertadores em 2010
“Não tenho dúvida que a Copa
América deste ano vai pegar
fogo”, diz Martins sobre o torneio
que tem uma audiência média
acima de 500 milhões de pessoas
na América Latina.
Interclubes
Na Copa Libertadores, o Santander é o patrocinador master desde 2008, após assumir a posição
que foi por anos da montadora japonesa Toyota. Seu contrato atual
encerra-se em 2012, mas o banco
confirma o interesse de renovar o
acordo. “Queremos avançar e
nos diferenciar nesse cenário esportivo”, comenta o executivo.
O Santander não divulga o investimento na Copa Libertadores
deste ano, mas a companhia investiu US$ 20 milhões na edição
2010 do torneio. Desde que adquiriu a cota master da competição, o retorno obtido foi cinco
vezes maior do que o investido,
segundo o banco. Novamente
Pelé será o embaixador da companhia na competição.
A primeira grande ação de
marketing do Santander no esporte na região foi o patrocínio
às principais estrelas da seleção
brasileira que disputaria a Copa
do Mundo de 2006, na Alemanha. “Ali o banco se lançou para
o mercado brasileiro e depois
partiu para a América do Sul”,
lembra Martins.
O time de patrocinados era
formado por Roberto Carlos,
Catu, Rubinho, Kafka, Ronaldinho Gaúcho e Ronaldo. A imagem gigante dos atletas ganhou
a fachada das principais agências no país. Entrentanto, com o
fiasco do Brasil no Mundial, as
peças publicitárias tiveram que
ser removidas da noite para o
dia e geraram um grande desconforto no planejamento estratégico do banco no país. ■
NAS PISTAS
Instituição mantém parceria com a escuderia
Ferrari para ações no automobilismo até 2014
Além das jogadas no futebol,
o Santander também coloca
suas ações de marketing nas
pistas de automobilismo.
A companhia mantém desde
o ano passado uma parceria
com a escuderia italiana
Ferrari para realizar iniciativas
em conjunto até 2014. “A ideia
é se atrelar a veículos que
potencializam nossa marca
junto ao grande público”, afirma
Fernando Martins, do Santander.
Segundo a companhia, no ano
passado o retorno com
investimento em patrocínios
globais foi de € 300 milhões
(cerca de R$ 700 milhões),
valor que supera o investimento
total do banco nos cinco anos
de contrato com a Ferrari.
Enquanto nos campos a
aposta é na imagem de Pelé,
nas pistas o banco patrocina o
piloto espanhol Fernando Alonso
e o brasileiro Felipe Massa.
As ações do Santander com
o automobilismo incluem
promoções com os clientes nas
corridas, exposições com carros
e produtos da Fórmula 1 e
viagens para visitar a fábrica
da escuderia em Maranello, na
Itália. O banco também conta
com uma ampla estratégia de
comunicação envolvendo o
automobilismo, que vão
desde peças na mídia digital
a anúncios de oportunidade
nas vitórias de seus pilotos. F.S.
Quinta-feira, 17 de março, 2011 Brasil Econômico 29
Daniel Acker/Bloomberg
MARKETING
INTERNET
Tim fecha patrocínio na camisa do Flamengo
e lançará produtos licenciados com o clube
Investidor do Facebook vê saída
dos fundadores como alerta
A marca da operadora de telefonia móvel será estampada no número
da camisa do clube carioca, que conta com a principal estrela do futebol
brasileiro no momento, o meia-atacante Ronaldinho Gaúcho. Além do
uniforme de jogo, a Tim marca presença nas camisas de treino e em
peças publicitárias no Centro de Treinamento do Flamengo. O contrato
da companhia com o clube vai até o final de 2014.
Yuri Milner, que investiu centenas de milhões de dólares no Facebook,
Zynga e Groupon, afirmou que a saída de fundadores de companhias
deveria ser considerada como um sinal para os investidores fazerem
o mesmo. Milner, presidente-executivo da russa Digital Sky Technologies
(DST), comprou participação de 2% no Facebook por US$ 200 milhões
em 2009, algo que foi considerado exagero na época.
Banco Itaú aposta em torneios de
tênis e de futebol para reforçar marca
Instituição financeira já patrocina a seleção brasileira e vai apoiar o Master Tour, que une amadores e ex-atletas
Mariana Celle
[email protected]
O Itaú quer reforçar sua marca
no Brasil e tornar-se referência
de instituição financeira na
América Latina. Um dos caminhos seguidos pelo banco é o
patrocínio ao esporte, a exemplo do que também faz o espanhol Santander. O Itaú divulgou ontem seu apoio ao Masters
Tour, torneio de tênis disputado
em duplas que permite aos
amadores jogarem com exatletas. “Nossa marca estará em
camisetas, quadras e outros
materiais de divulgação”, diz
Fernando Chacon, diretor de
marketing do Itaú.
O apoio ao tênis havia acontecido anteriormente, nas décadas de 1970 e 1980, e foi retomado em 2009 com a Copa Escolar
e Universitária de Tênis e a Copa
Itaú de Tênis. Outras competições que acontecem no Brasil,
como o Santos Brasil Tennis
Open e o Tretrapak Open de
Tennis, também recebem incentivo do banco.
No exterior, a instituição fi-
nanceira patrocina o Sony
Ericsson Open, torneio de tênis
realizado em Miami, nos Estados Unidos. “Queremos ampliar
o conhecimento da nossa marca
fora do país e esse tipo de divulgação é bastante positiva para
nossa imagem”, diz Chacon.
Neste sentido, outras ações serão trabalhadas neste ano. “Vamos patrocinar alguns jogos da
seleção brasileira de futebol no
exterior e temos uma campanha
publicitária em circulação desde
janeiro com personalidades sulamericanas”, afirma.
Futebol
Divulgação
Fernando
Chacon,
diretor de
marketing:
ação positiva
para a imagem
do Itaú
Além do tênis, o Itaú tem investimento contínuo há mais
de 20 anos no futebol. “Apoiamos financeiramente a transmissão de competições nacionais e somos patrocinadores
oficiais da seleção brasileira de
futebol em todas as suas categorias”, diz o executivo. Apesar da estratégia de patrocinar
esportes, o banco ainda não
tem planos de investir em modalidades que estarão presentes
nos Jogos Olímpicos que acontecerão no Brasil em 2016. ■
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patrocínio prata
patrocínio bronze
30 Brasil Econômico Quinta-feira, 17 de março, 2011
CRIATIVIDADE
MARIANA CELLE
Twitter chega aos cinco anos
e cai nas graças das agências
Microblog passa a ser ferramenta importante na comunicação com os consumidores,
principalmente adolescentes, que passam boa parte do tempo nas redes sociais
Divulgação
Mariana Celle
[email protected]
Este mês o Twitter comemora
seu quinto aniversário e, apesar
de contabilizar tão poucas velinhas, pode-se dizer que ele não é
tão jovem assim quando se trata
de experiência. Atualmente um
bilhão de tweets (mensagens de
até 140 caracteres) são enviadas
por semana e sua popularidade
não para por aí. Apenas no último dia 12 de março foram criadas
572 mil novas contas. De olho
nas oportunidades que o microblog pode trazer para suas marcas, empresas e agências de publicidade têm aproveitado para
usá-lo em seu favor.
A agência Energy preparou
uma campanha para a Sym,
marca de absorventes, baseada
nas redes sociais. Com a promoção, a marca conquistou mais de
oito mil seguidores no Twitter e
dois mil fãs no Facebook. “Há
dois anos, quando começamos a
usar o microblog ele era apenas
uma ferramenta acessória, mas
há alguns meses ele passou a ser
meio principal”, diz Vitor
Knijnik, vice-presidente de
Criação da Energy.
Knijnik diz que antes de criar
a campanha foi feita uma pesquisa para traçar um perfil de
onde o público-alvo, meninas
entre 14 e 20 anos, trocavam informações e a resposta foi uma
só. “Perguntávamos onde podíamos encontrá-las e a resposta era sempre a mesma: nas redes sociais”, afirma.
“
Divulgação
...GUGA KETZER
Sócio e diretor-geral de
criação da agência Loducca
Twitter monitora TV
lançada pela Loducca
O Twitter é um
canal para falar
e ser ouvido.
Há nele um senso
de mobilização
Desde ontem um canal inédito de TV
na web está em operação no Brasil.
A TwitTV, criada pela agência
Loducca e transmitida pela internet,
tem sua grade de programação
controlada em tempo real pelos
assuntos mais comentados no
Twitter. Para cada trending topic (um
dos dez assuntos mais comentados
no momento) o site busca e exibe
o vídeo mais recente do Youtube
relacionado ao assunto por meio
de palavras-chave. O sócio e
diretor geral de criação da agência,
Guga Ketzer, conta que a ideia
surgiu no ano passado. O canal
pode ser acessado pelo endereço
www.trendingtopicstv.com.
Paulo Sanna,
vice-presidente de
criação da Wunderman
Por que criar um canal
de TV na internet?
O Twitter é uma ferramenta onde
as pessoas falam mais
rapidamente sobre os assuntos
que as interessam. Na agência há
sempre o incentivo a buscar ações
inusitadas e essa foi uma delas.
A TwitTV é um canal legitimamente
interativo, pois a opinião de um
não influencia mais que a de outro.
É mais ou menos como colocar
o poder de um diretor de
programação na mão da audiência
e é essa liberdade colaborativa
que faz dele um canal totalmente
diferente e novo. Hoje é uma TV,
amanhã os trending topics mudam
e ela se torna uma TV única.
Qual o objetivo da Loducca
em relação à TwitTV?
Reformulação
Na agência de publicidade
Wunderman, a primeira ação
pelo Twitter aconteceu em
2009, em uma campanha voltada ao público da fabricante de
computadores Dell, com ofertas e promoções. A ferramenta
ganhou novos contornos e desde o segundo semestre do ano
passado tornou-se um dos canais de atendimento aos clientes da Vivo, operadora de celular, do pacote Vivo On, que oferece acesso às comunidades
virtuais. “O Twitter é um local
para falar e ser ouvido. Há nele
um senso de mobilização”, diz
Paulo Sanna, vice-presidente
de criação da Wunderman. ■
TRÊS PERGUNTAS A...
Nossa intenção é ter, a princípio,
visibilidade, notoriedade e audiência.
O restante é consequência. Outras
redes virtuais não iniciaram suas
operações pensando nos anúncios, e
no entanto são bem-sucedidas.
O que o Twitter e o Google
acharam da ideia?
A atriz e cantora
Miley Cyrus postou
um vídeo em sua
página do Twitter
antes de deixar o
microblog por ciúme
do namorado
O Google se pronunciou por
meio de seu Diretor de
Relacionamento com as Agências
para a América Latina, Julio Zaguini,
que apoiou a iniciativa por promover
aos usuários conteúdos relevantes e
divertidos. Como hoje é o primeiro
dia no ar, o Twitter não se
pronunciou ainda. M.C.
Quinta-feira, 17 de março, 2011 Brasil Econômico 31
Fruittella
A agência Neogama/BBH é a nova dona da conta da Fruittella, marca
global de bala da Perfetti Van Melle. A marca, que estava na Nova/SB,
passará por fase de reposicionamento ainda neste semestre.
AGENDA DO DIA
MUDANÇA
● Acontece até amanhã, em
São Paulo, a Web Expoforum 2011.
O desafio do marketing e da
publicidade nas redes sociais,
o e-commerce e as compras
coletivas são alguns dos assuntos
debatidos no evento por palestrantes
brasileiros e estrangeiros.
[email protected]
Divulgação
Divulgação
PAULO ROBERTO
FERREIRA
DA CUNHA
GRITO GLOBAL
Professor da graduação em
comunicação social da ESPM
Alguns desafios perante o
consumidor contemporâneo
A Adidas lançou ontem a maior campanha global de sua história. A peça
publicitária nomeada de “all Adidas” reunirá, pela primeira vez, todas as linhas
da marca. Personalidades da música e do esporte fazem parte da campanha
criada pela agência canadense Sid Lee e adaptada, no Brasil, pela LewLara/TBWA
e ID/TBWA. Lionel Messi e David Beckham no futebol; Derrick Rose, no
basquete; a cantora Katy Perry e o rapper B.o.B., na música, fazem parte
da divulgação que será veiculada em mídias diversas, como televisão, cinema
e internet. As redes sociais serão outras ferramentas utilizadas pela Adidas.
Por meio do Facebook (facebook.com/adidas) serão divulgados novos produtos,
competições, promoções com ingressos para o show da Katy Perry, entre outras
novidades. Os cerca de dez milhões de seguidores da Adidas na comunidade
virtual também terão acesso às novidades no celular, lojas e pontos de venda,
eventos e publicidade. A marca ainda prepara uma segunda fase, após o
período de divulgação, onde o seguidor da empresa no Facebook poderá trocar
trechos do comercial por fotos dos seus álbuns e criar sua própria versão. ■
A contemporaneidade em que a sociedade ocidental está imersa
contraria posições críticas que sugerem ruptura ou sucessão nas
relações que o consumidor atual estabelece com sua vida e suas
escolhas. Convive, pois, com uma interessante imbricação de sentidos e de experiências bastante diversificadas, as quais, além de
caracterizar a própria contemporaneidade, interferem na vida e
nas respostas aos estímulos oriundos da comunicação.
Cerca este consumidor um momento que é hiper em tudo: população
urbana ampliada e suas tribos, competitividade profissional, inúmeros
meios de comunicação e de marcas para o consumo, modismos, modos
de vida e redes sociais. Exemplos da multiplicidade de estímulos e de sinais que caracterizam o tempo presente. E de forma interessante e peculiar, este homem contemporâneo reage a este hiperestímulo sem rompimentos ou antagonismos, colocando lado a lado a racionalidade, a lógica
e um movimento de síntese antagônica, que poderia negar o estereótipo da
modernidade em que vive agora.
Por exemplo, a consciência da fragiO multimidiático
lidade humana é abertamente discutida
e a interatividade
em centenas de livros de autoajuda e de
fazem parte de
regras para obtenção do sucesso. A espiritualidade retorna com a capacidade
um ambiente que
de explicar o que é inexplicável por
equilibra valores
meio da tecnologia, como a religiosidabásicos ante a
de de novenas online a Santo Expedito.
aceleração da vida A desaceleração é vendida pela mídia
como o equilíbrio positivo que torna as
pessoas mais integradas e contemporâneas – e vemos bem cotados spas, produtos light, valores e gestão de negócios baseados na inteligência emocional. Os mitos ressurgem como uma possível parametrização e nova
fonte de referências. A verdade toma forma na atitude e na consciência
que se encontram estampadas, por exemplo, em campanhas publicitárias – como a “Real Beleza” do sabonete Dove. A filantropia expurga a
culpa pelo que não é ético – o indivíduo “pode” comprar um MP5 falsificado sem culpa, desde que se absolva ao ser voluntário de causa social ou
a doar dinheiro para uma ONG. O simples – até apelidado de minimalista, em alguns casos – exaspera o temor pelo ritmo da complexidade incompreensível destes tempos atuais, em especial, devido à tecnologia.
Desta forma, cabe valorizar a importância para a comunicação
contemporânea em considerar as premissas e as incoerências do
consumidor atual. Não há mais verdades absolutas, nem imutáveis. Reflexão mais que necessária para gestores de comunicação.
Mais contemporânea, impossível. ■
Divulgação
Morre Sidnei Basile, vice-presidente de
relações institucionais da Editora Abril
Sociólogo e advogado formado pela USP e
jornalista desde 1968, Sidnei Basilei faleceu na
madrugada de ontem, aos 64 anos, vítima de um tumor
no cérebro contra o qual lutava desde o ano passado.
Em longa carreira na imprensa, Basile foi um dos
principais executivos e idealizadores da Gazeta Mercantil.
Autor do livro Elementos de Jornalismo Econômico
(Negócios Editora), atuou como consultor em seu próprio
escritório e também no Citibank e na Burson Marsteller,
além de professor da Fundação Cásper Líbero durante
anos. Era conselheiro do WWF-Brasil, do Instituto Akatu,
e de vice-presidente do Comitê de Liberdade de
Expressão da Sociedade Interamericana de Imprensa.
MARINHA DO BRASIL
CENTRO DE OBTENÇÃO DA MARINHA
NO RIO DE JANEIRO (COMRJ)
ADIAMENTO DO PREGÃO ELETRÔNICO N°5084/2010
OBJETO: AQUISIÇÃO DE GENEROS ALIMENTICIOS.
EDITAL: Disponível das 09:00hs às 11:00hs e das 14:00hs às 16:00hs, nos
dias úteis, no COMRJ.
a) Recebimento das propostas de preços até às 10:00 horas do dia
29/03/2010, exclusivamente por meio eletrônico, conforme formulário disponibilizado no endereço www.comprasnet.gov.br.
b) Sessão pública na Internet para recebimento dos lances: aberta às 10:00
horas do dia 29/03/2010, no mesmo endereço www.comprasnet.gov.br.
End. Av. Brasil 10.500/Olaria/ Rio de Janeiro, RJ - Tel. (21) 2101-0814 ou Fax
(21) 2101-0815
Acesso ao Edital no site-www.comrj.mar.mil.br
32 Brasil Econômico Quinta-feira, 17 de março, 2011
FINANÇAS
Agências de
fomento buscam
fontes de recursos
Bancos de desenvolvimento estudam captar dinheiro no
exterior com organismos multilaterais e emissão de dívida
Ana Paula Ribeiro
[email protected]
Voltado para o desenvolvimento de regiões específicas, os
bancos e agências de fomento
enfrentam o desafio de diversificar as suas fontes de captação
de recursos. Para isso, o mercado externo pode ser uma alternativa. A Nossa Caixa Desenvolvimento, de São Paulo,
estuda captar recursos junto a
organismos multilaterais e o
Banco de Desenvolvimento de
Minas Gerais (BDMG) quer
emitir títulos no exterior.
Atualmente, essas instituições contam com principalmente três fontes de recursos:
capital próprio, repasses de
bancos federais — com maior
participação do BNDES — e recursos de fundos de desenvolvimento regional. “Estamos
estudando outras formas de financiamento. Há várias instituições que podem nos
apoiar”, diz Milton Santos,
presidente da Nossa Caixa
Desenvolvimento.
Já o BDMG quer emitir dívida
no exterior. Para isso, já contratou a agência de avaliação de
risco Moody’s. Por enquanto,
tem uma nota Ba1, ainda a um
passo do grau de investimento.
Quando chegar a esse nível, em
que o risco é considerado menor, irá emitir. “Estamos nos
preparando. Em pouco tempo
vamos fazer isso (captação externa)”, diz o diretor executivo
da instituição, Júlio Onofre
Mendes de Oliveira.
Fontes extras de recursos devem contribuir para o desenvolvimento dessas instituições no
país. Atualmente são 14 agências de fomento e três bancos no
Brasil. O objetivo da Associação
Brasileira de Instituições Financeiras de Desenvolvimento (ABDE) é que cada estado conte
com uma dessas agências.
“Queremos consolidar um sistema nacional de fomento”,
afirma o presidente da ABDE,
Maurício Elias Chacur.
“
As agências
têm um papel
fundamental
porque dão
capilaridade
na distribuição
de recursos
Maurício Elias Chacur,
presidente da Investe Rio
A associação ainda não terminou o levantamento, mas
acredita que essas instituições
concederam mais de R$ 4,5 bilhões em crédito no ano passado, a maior parte para empresas de pequeno e médio porte.
No entanto, para ter uma melhor radiografia da atuação das
agências e bancos de fomento,
a ABDE está finalizando um levantamento referente ao ano
de 2010 para saber como foi a
atuação do setor.
Apoio regional
Para Chacur, que também é
presidente da Investe Rio, a
agência de fomento fluminense,
não é possível traçar um padrão
de atuação das associadas, uma
vez que cada agência segue a
política de desenvolvimento do
estado a que está vinculada.
Acrescentou ainda que mesmo
com a atuação nacional de bancos federais, que também possuem ações para fomentar o
desenvolvimento, há espaço
para as instituições regionais.
“Sempre haverá alguma lacuna
que permitirá a atuação das
agências de fomento”, diz.
Como exemplo, o dirigente
cita a atuação das agências de fomento em catástrofe climáticas.
Segundo ele, as chuvas que atingiram o noroeste do Rio de Janeiro há dois anos causaram grandes
prejuízos à região e foi a Investe
Rio que coordenou as iniciativas
para a recuperação e apoio à região. “As agências têm um papel
fundamental, porque dão capilaridade não distribuição de recursos. A agência de fomento chega
em regiões que o sistema financeiro pode não atuar”, afirma.
Sobre a destinação de recursos, a maior parte é direcionada
ao setor produtivo, embora algumas agências tenham como
prática emprestar recursos
também para municípios. Chacur afirma que o intuito é fornecer taxas de juros baixas. Isso é
possível porque grande parte
das operações consiste em repasses de recursos do BNDES. ■
Miiton Santos, presidente da
Nossa Caixa Desenvolvimento: várias
instituições podem apoiar a agência
Quinta-feira, 17 de março, 2011 Brasil Econômico 33
Divulgação
Reservas atingem US$ 312 bi, segundo BC
As compras de dólares do Banco Central (BC) no mercado
à vista totalizaram US$ 4,051 bilhões em março, até o dia 11,
segundo dado divulgado ontem pela autoridade monetária.
Além dessas operações, o BC recebeu US$ 215 milhões em
março referentes a compras a termo realizadas anteriormente.
Com isso, as reservas internacionais no BC atingiram US$ 312,31
bilhões no dia 11, ante US$ 307,5 bilhões no final de fevereiro.
AGENDA DO DIA
● Às 7h, a Fipe divulga a segunda
prévia do IPC de março.
● Às 9h30, sai o índice de preços
ao consumidor dos EUA (fev).
● Às 11h, o Federal Reserve divulga
a produção industrial (fev).
● O Tesouro faz o leilão
tradicional de LTN e LFT.
Henrique Manreza
Financiamento
chega até
a municípios
Objetivo é fomentar
desenvolvimento de regiões
carentes dos estados
Os bancos e agências de fomento, além de concederem crédito
para estimular a economia local, também apoiam projetos de
municípios dos estados em que
estão localizados. No entanto,
essas operações precisam passar
pelo crivo do Tesouro Nacional,
que monitora o nível de endividamento do setor público.
Apesar do acompanhamento
do Tesouro Nacional sobre a capacidade de pagamento dos municípios, a agência de fomento
paulista desenvolveu uma estrutura para dar maior segurança a essas operações.
O presidente da Nossa Caixa
Desenvolvimento, Milton Santos, explica que as liberações de
crédito a municípios é feita mediante a aprovação do projeto
de investimento e, além disso,
exige-se garantias. No caso,
créditos do imposto sobre circulação de mercadorias e serviços (ICMS) e as cotas do fundo
de participação dos municípios
(FPM) são a garantia. “É uma
operação extremamente segura
porque temos como executar as
garantias”, explica.
A Nossa Caixa Desenvolvimento completa dois anos neste
mês, com liberações de recursos
de R$ 280 milhões —desse total,
cerca de R$ 80 milhões estão nas
mãos de municípios. O objetivo
é elevar as concessões de crédito
da agência para R$ 860 milhões
até o final do ano. “É uma meta
arrojada, mas a economia de São
Paulo demanda crédito em
grande escala”, diz.
Além do apoio ao desenvolvimento de municípios e a pequenas e médias empresas, Santos também espera elevar o volume de concessões a empresas
que desenvolvam produtos com
base na inovação tecnológica.
Por essa razão, além do financiamento a essas empresas,
a Nossa Caixa Desenvolvimento
quer realizar aportes de capital
nessas companhias por meio de
fundos de venture capital. No
■ SÃO PAULO
Nossa Caixa Desenvolvimento
quer que desembolsos somem
R$
860
mi
■ MINAS GERAIS
BDMG quer liberar no
decorrer de 2011
R$
1,5
bi
■ CIDADES
Municípios de Minas
receberão até
R$
250
mi
entanto, o executivo afirma que
não irá engessar o orçamento da
agência estipulando o quanto
deve ser destinado nessa área
de inovação tecnológica. “Quero evitar ficar com recursos
ociosos caso essa linha não tenha demanda”, diz.
O Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) é
outra instituição que tenta
apoiar o desenvolvimento de
municípios. Segundo o diretor
executivo Júlio Onofre Mendes
de Oliveira, o foco é a concessão
de recursos às cidades com baixo nível de desenvolvimento.
Em 2011, o banco pretende
desembolsar R$ 1,5 bilhão em
operações de crédito, o que representaria expansão de 7,9%.
Desse total, R$ 250 milhões devem ser concedidos para financiamento do setor público. ■
CENAEEL - Central Nacional de Energia Eólica S.A.
CNPJ/MF nº 04.959.392/0001-71 - NIRE 42.300.029.611
Certidão
Ata da Assembléia Geral Extraordinária realizada em 25/10/2010 às 10:00 horas. Junta Comercial
do Estado de Santa Catarina. Certifico o registro sob o número 20110235142 em sessão de
10/02/2011. Secretária Geral: Maria Dilma Koerich.
34 Brasil Econômico Quinta-feira, 17 de março, 2011
FINANÇAS
Cesar Carrion/Reuters
RISCO
RATING
Moody’s reduz nota do Egito
pela segunda vez em dois meses
Agência de classificação de risco S&P
eleva Colômbia a grau de investimento
A agência de classificação de risco Moody’s diminuiu ontem pela segunda
vez em dois meses a nota do Egito. O rating passou de Ba2 para Ba3. Esta
nota leva junto uma perspectiva negativa, o que implica a possibilidade
de uma nova queda a curto prazo, segundo a Moody’s. uma nota Ba3
significa que a dívida emitida pelo Egito se situa na categoria dos países
que talvez não venham a cumprir seus compromissos.
A agência de classificação de risco Standard & Poors (S&P) elevou a nota de
risco de crédito soberano de longo prazo em moeda estrangeira da Colômbia,
presidida por Juan Manuel Santos, de “BB+” para “BBB-”, que corresponde
ao primeiro nível de grau de investimento. A nota de curto prazo do país
subiu de “B” para “A-3”. A perspectiva dos ratings é estável. Os ratings da
Moody’s e da Fitch Rating estão um nível abaixo do grau de investimento.
Banco do Estado de Sergipe
prepara-se para expansão
Antonio Milena
Com crescimento de 48% no volume
de crédito, instituição mira agora
o nordeste baiano e o sul de Alagoas
Paulo Justus, de Sergipe
[email protected]
O Banco do Estado de Sergipe
(Banese) fechou 2010 com R$ 1,15
bilhão em operações de crédito,
um crescimento de 48% em relação a 2009. A alta expressiva
dos empréstimos veio acompanhada de um declínio na taxa
de inadimplência, que passou
de 1,86% para 0,99%, quando
considerados atrasos acima de
sessenta dias.
Com mais crédito concedido
e melhor qualidade na quitação das dívidas, o lucro líquido
do banco atingiu R$ 54,5 milhões no ano passado, resultado 39,4% superior ao de 2009.
“A taxa de crescimento do lucro líquido do Banese é uma
das maiores dos bancos do
país”, disse ontem o presidente do banco, Saumíneo da Silva
Nascimento, durante a apresentação dos resultados.
O volume de concessões de
crédito comercial cresceu 49%
no ano passado, e chegou aos
R$ 951 milhões. Dentro desse
segmento, o produto mais importante do banco foi o Cartão
Banese, que no ano passado
chegou a 449,7 mil clientes. “O
cartão responde por um terço
das nossas operações de crédito
e a pouco mais de um quarto do
nosso lucro”, afirmou Nascimento ao BRASIL ECONÔMICO.
Apesar do crescimento junto
ao crédito para a pessoa jurídica,
o banco manteve constante a
proporção de crédito comercial
destinada à pessoa jurídica, com
uma fatia de 35% da carteira de
crédito comercial formada por
empresas, praticamente estável
em relação aos 34% de 2009.
Esse desempenho evidencia a
conquista de uma clientela importante de empresas a partir da
crise de 2008, na opinião do governador de Sergipe, Marcelo
Déda. “Entre setembro e dezembro de 2008, quando os
bancos comerciais fecharam as
portas para as empresas, e até
mesmo os estatais demoraram a
normalizar a concessão de cré-
Saumíneo, presidente do
Banco de Sergipe: taxa de
crescimento do lucro é
uma das maiores do país
Lucro líquido da
instituição atinge
R$ 54,5 milhões
em 2010, resultado
39,4% superior
ao do ano anterior
dito, o Banese concedeu R$ 200
milhões em empréstimos para
companhias locais”, disse.
Além do crédito comercial, o
banco contemplou empresas
com R$ 199 milhões em concessões de crédito para desenvolvimento em 2010, volume 43%
maior do que em 2009. Os recursos foram praticamente divididos entre os setores industrial (30%), imobiliário (33%) e
rural (37%). “Só o volume repassado de recursos do [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] BNDES cresceu
2.726,8% no ano passado, o segundo melhor desempenho do
Brasil”, disse Nascimento.
O Banese também criou produtos voltados aos micro e pequenos empresários no estado,
com destaque para as linhas para
empreendedor individual e para
micro e pequenas empresas vencedoras de contratos de fornecimento para o governo. “A empresa dá o próprio contrato como
garantia e, em contrapartida, o
governo tem mais segurança
com respeito à viabilidade do
fornecimento” disse Déda.
Para Déda, o crescimento expressivo do banco já abre espaço
para a expansão nas áreas vizinhas. “Com muita calma e foco, já
podemos começar a olhar para os
mercados do Alagoas e da Bahia”,
disse. Segundo Nascimento, uma
pista do potencial do crescimento
do Banese nos mercados fora de
Sergipe está no cartão Banese, em
que 10% dos clientes são de fora
do estado. O Banese é hoje o banco com a maior rede de atendimento do Sergipe. Possui agência
ou pontos de atendimento em todos os 75 municípios do estado. ■
Quinta-feira, 17 de março, 2011 Brasil Econômico 35
36 Brasil Econômico Quinta-feira, 17 de março, 2011
INVESTIMENTOS
RENDA FIXA
Thais Folego
[email protected]
Aversão ao risco chega à Bovespa
últimas semanas, com os desenvolvimentos
no Oriente Médio e a alta do petróleo, e esse
movimento se intensificou com os eventos
ocorridos no Japão”, lembra o relatório
“Macro Visão” do Itaú Unibanco. Já os mercados asiáticos operaram em alta ontem, puxados pela alta do índice Nikkei 225, da bolsa
de Tóquio, que após despencar mais de 10%
na terça, subiu 5,68% ontem.
Vista sob o espectro do desempenho do
Ibovespa nos últimos dias, a notícia sobre o
terremoto seguido do tsunami no Japão parecia não ter chegado ao conhecimento dos
investidores que operam na bolsa brasileira.
Enquanto as bolsas ao redor do mundo operaram em forte queda nos últimos dias, o
Ibovespa fechou no terreno positivo, quanto muito no empate.
Ontem, porém, parece que o mercado
brasileiro se ajustou à crescente aversão ao
risco que ronda as bolsas internacionais, impulsionada pela crise nuclear no Japão e pela
intensificação dos confrontos no Oriente
Médio. “Até que enfim aconteceu o que esperávamos. Estávamos operando na contramão”, diz Luís Gustavo Pereira, da equipe
de análise da Um Investimentos.
Com perda de 1,5% e beirando os 66 mil
pontos, o Ibovespa acompanhou o fechamento as bolsas americanas. O índice Dow
Jones caiu 2,04% e a Nasdaq 1,89%. Mais cedo, as bolsas europeias também apresentaram queda: o FTSEurofirst 300, principal índice acionário europeu, recuou 1,43%. As
bolsas de Londres, Frankfurt, Paris e Milão
registraram todas quedas superiores a 2%.
“As bolsas dos países desenvolvidos já haviam iniciado um processo de realização nas
Do Ibovespa, quase todos os setores apresentavam queda ontem, com exceção das
construtoras. As ações de Cyrela (3,61%),
MRV (2,36%) e Gafisa (1,27%), estavam entre as cinco maiores altas do principal índice acionário brasileiro ontem. “Eram ações
cujos preços estavam muito deprimidos”,
avalia o analista da Um Investimentos. As
outras duas maiores alta dos Ibovespa foram de empresas varejistas: Lojas Renner,
avanço de 1,47% (R$ 53,68), e B2W, alta de
0,97% (cotada a R$26,10).
Pereira avalia que a queda do Ibovespa
ontem também foi impulsionada pela nova
subida do preço do petróleo. “No mercado
interno, porém, haverá ações que vão se sair
melhor que a maioria, como as ligadas a
consumo, comércio e construção.” ■
Mesmo com perdas de ontem, Ibovespa ainda fica no empate
Ações ligadas a construção
e consumo devem performar
melhor, por estarem ligadas
ao mercado interno
-7,78
-6,75
-6,28
-5,42
-4,23
-3,87
-3,29
-3,12
-3,10
-2,95
-1,58
-0,89
-0,06
-12
15/MAR
15/MAR
16/MAR
15/MAR
15/MAR
16/MAR
16/MAR
16/MAR
15/MAR
16/MAR
9,67
9,67
9,60
9,21
8,62
8,46
7,28
6,80
6,21
6,21
1,98
1,98
2,03
1,91
1,79
1,81
1,59
1,49
1,34
1,39
Taxa
Aplic. mín.
adm. (%) (R$)
1,00
1,00
1,00
1,10
1,50
2,00
3,00
3,50
4,00
4,00
-9
Fundo
Data
BB REF DI LP ESTILO FIC FI
BB REF DI ESTILO FICFI
ITAU PERS MAXIME REF DI FICFI
BB REFERENCIADO DI 5 MIL FIC FI
BB NC REF DI LP PRINCIPAL FIC FI
BB REFERENCIADO DI 200 FIC FI
HSBC FIC REF DI LP POUPMAIS
ITAU PREMIO REF DI FICFI
BRADESCO FIC DE FI REF DI HIPER
SANTANDER FIC FI CLAS REF DI
15/MAR
16/MAR
16/MAR
16/MAR
15/MAR
16/MAR
16/MAR
16/MAR
16/MAR
16/MAR
Rent. (%)
12 meses No ano
9,84
9,45
9,39
7,80
7,51
7,21
7,10
6,10
5,69
5,35
2,02
1,99
1,99
1,68
1,60
1,57
1,57
1,36
1,29
1,20
Taxa
Aplic. mín.
adm. (%) (R$)
0,70
1,00
1,00
2,50
2,47
3,00
3,00
4,00
4,50
5,00
-6
-3
Fundo
Data
CAIXA FMP FGTS VALE I
BB ACOES VALE DO RIO DOCE FI
BRADESCO FIC DE FIA
BRADESCO FIC DE FIA MAXI
BRADESCO FIC DE FIA IV
ITAU ACOES FI
UNIBANCO BLUE FI ACOES
SANTANDER FIC FI ONIX ACOES
ALFA FIC DE FI EM ACOES
BB ACOES PETROBRAS FIA
15/MAR
15/MAR
15/MAR
15/MAR
15/MAR
15/MAR
15/MAR
15/MAR
15/MAR
15/MAR
Rent. (%)
12 meses No ano
(1,30)
(1,31)
(5,62)
(5,83)
(5,90)
(7,10)
(7,78)
(8,18)
(10,57)
(21,09)
(5,82)
(5,69)
(4,04)
(4,10)
(4,12)
(3,93)
(5,35)
(5,02)
(5,38)
3,99
Taxa
Aplic. mín.
adm. (%) (R$)
1,90
2,00
4,00
4,00
ND
4,00
5,00
2,50
8,50
2,00
CYRELA REALTY ON
3,61%
MRV ON
2,36%
LOJAS RENNER ON
1,47%
GAFISA ON
1,27%
B2W ON
0,97%
Fundo
Data
ITAU EQUITY HEDGE ADV MULT FI
ITAU EQUITY HEDGE MULTIM FI
BB MULTIM TRADE LP ESTILO FICFI
CAPITAL PERF FIX IB MULT FIC
ITAU PERS K2 MULTIM FICFI
ITAU PERS MULTIE MULT FICFI
SANT FI CAP PROT VGOGH 4 BR MULT
SANTANDER CAP PROT 3 FI MULT
SANTANDER FIC FI ESTRAT MULTIM
SANT FICFI CAP PROT VG 6 BR MULT
15/MAR
15/MAR
15/MAR
15/MAR
15/MAR
15/MAR
15/MAR
15/MAR
15/MAR
15/MAR
Rent. (%)
12 meses No ano
13,24
10,95
9,76
9,61
9,40
9,32
8,96
7,72
7,31
1,81
2,93
1,46
2,05
1,92
1,84
1,88
(2,14)
1,69
0,99
(0,96)
Taxa
Aplic. mín.
adm. (%) (R$)
2,00
2,00
1,50
1,50
1,50
1,25
2,30
2,50
2,00
2,50
IBRX-100
SMALL CAP - SMLL
MIDLARGE CAP - MLCX
21.700
1.360
960
21.525
1.350
950
66.250
21.350
1.340
940
65.625
21.175
1.330
930
(EM PONTOS)
Máxima
67.502,05
Mínima
65.662,68
Fechamento 66.002,57
1.320
21.000
65.000
Fonte: BM&FBovespa
12h
13h
10.000
5.000
20.000
50.000
5.000
5.000
5.000
10.000
5.000
0
IBOVESPA
11h
200
1.000
200
100
200
*Taxa de performance. Ranking por número de cotistas.
Fonte: Anbima. Elaboração: Brasil Econômico
67.500
10h
10.000
ND
80.000
5.000
100
200
30
1.000
100
100
MULTIMERCADOS
Fontes: agências internacionais e Brasil Econômico
66.875
50.000
80.000
30.000
5.000
5.000
200
50
100
300
CINCO MAIORES ALTAS DO IBOVESPA
-12,85
-15
BB RENDA FIXA LP 50 MIL FICFI
BB RENDA FIXA LP ESTILO FICFI
ITAU PERS MAXIME RF FICFI
CAIXA FIC EXEC RF LONGO PRAZO
CAIXA FIC IDEAL RF LONGO PRAZO
BB RENDA FIXA 5 MIL FIC FI
BB RENDA FIXA 200 FIC FI
BB RENDA FIXA 50 FIC FI
BB RENDA FIXA LP 100 FICFI
ITAU PREMIO RENDA FIXA FICFI
Rent. (%)
12 meses No ano
AÇÕES
TERREMOTO NOS MERCADOS FINANCEIROS
TÓQUIO (NIKKEI)
FRANKFURT (DAX)
PARIS (CAC 40)
EUROPA (EURONEXT)
MILÃO (MIBTEL)
LONDRES (FTSE-100)
HONG KONG (HANG SENG)
MADRI (IBEX 35)
NOVA YORK (NASDAQ)
NOVA YORK (DOW JONES)
S&P 500
LISBOA (PSI GERAL)
XANGAI (COMPOSITE)
SÃO PAULO (IBOVESPA)
Data
DI
Construtoras seguram Bovespa
COMPORTAMENTO DAS BOLSAS DE VALORES DESDE O DIA 10/3
Fundo
14h
15h
16h
17h
10h
17h
920
10h
17h
10h
17h
Quinta-feira, 17 de março, 2011 Brasil Econômico 37
BOLSA
JURO
Giro financeiro
Contrato futuro
R$ 8,6 bilhões 12,31%
foi o volume financeiro registrado ontem no segmento
acionário da BM&FBovespa. O principal índice encerrou
a sessão com variação negativa de 1,50%, aos 66.002 pontos.
foi a taxa de fechamento do contrato futuro de DI com
vencimento em janeiro de 2012, o de maior liquidez ontem.
O giro neste contrato foi de R$ 29,4 bilhões, em 322.728 negócios.
HOME BROKER
NA REDE
Light ON, fechamento em R$
30,00
29,00
27,50
27,50
26,55
25,00
“iPad 2 foi mais um grande
sucesso. Pena que pessoas
não podem comprar ações
da Apple na Bovespa”
Pagamento
@rcinvestimentos, Raphael Cordeiro,
consultor de investimentos
22,50
20,00
02/DEZ
03/JAN
01/FEV
01/MAR
16/MAR
Fontes: Raphael Figueiredo, Economatica, BM&FBovespa e Brasil Econômico
Suporte
Primeiro objetivo
Resistência
LIGT3
“Divulgação do IGP-10, prévia
do índice da FGV, indica
desaceleração na inflação,
provavelmente como resultado
de medidasgovernamentais”
@xpcorretora
Sinal amarelo para os papéis da Light
Nos últimos seis pregões, as ações da Light (LIGT3) andaram de lado,
sendo que, em cinco deles, os papéis encerraram o dia com o mesmo
preço de abertura — o chamado doji — e ainda apresentaram traços
de indecisão, conhecidos por spinning tops. O valor máximo atingido
durante as negociações foi de R$ 29. Segundo Raphael Figueiredo,
grafista da corretora ICAP, este é o ponto de resistência das ações,
que se for ultrapassado indica que há chances de continuidade do
movimento de alta. Apesar de terem atingido o ponto máximo
durante os pregões, as ações fecharam ontem cotadas a R$ 28,10,
com uma queda de 0,71% em relação ao dia anterior. Para Figueiredo,
esse movimento vislumbra uma oportunidade de venda a curto prazo.
O suporte, que é o patamar que, se perdido, aponta para uma chance
de queda em sequência, é de R$ 27,60, de acordo com o grafista.
“O primeiro objetivo é de R$ 26,55 e o segundo, de R$ 25.
É possível que isso ocorra hoje mesmo”, afirma.
“Hora da pescaria — Ações em
destaque em meio à queda do Ibovespa”
@UmInvestimentos
“#HGTX3 querendo reviver
tempos de glória dos últimos
2 anos?No momento, +4%...
Últimas semanas, +17%!!!”
@chrinvestor, Christian Cayre, consultor
de investimentos, sobre o desempenho
das ações ordinárjias da Hering
Telebrás repassará a acionistas
os valores correspondentes
à venda de frações de ações
A partir do dia 23 de março,
a Telebrás começará a transferir
aos seus acionistas os valores
correspondentes à venda das
frações resultantes do
grupamento de ações, realizado
no início deste ano. Serão
repassados R$ 13,5 milhões
resultante da comercialização,
pela BM&FBovespa, de 554.891
ações ordinárias e 484.810
preferenciais, já grupadas, que
não foram ajustadas por seus
seus proprietários. A decisão de
grupar 10 mil ações tinha como
objetivo ajustar o valor unitário
da cotação a patamares mais
adequados. Além disso, visa
reduzir custos operacionais,
aumentar a eficiência dos
sistemas de registros e alinhar
o valor das ações aos parâmetros
negociados em bolsas de valores
brasileiras. Com essa iniciativa,
o número total de ações da
Telebrás foi reduzido de mais de
um trilhão para 109,6 milhões.
38 Brasil Econômico Quinta-feira, 17 de março, 2011
MUNDO
Finbarr O’Reilly/Reuters
A fuga de líbios das
áreas de conflito está
provocando êxodo
para outros países
Para ONU, matança na Líbia é
Ban Ki-moon exige fim da violência contra civis e pede urgência em decisão do Conselho de Segurança da
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU),
Ban Ki-moon, exigiu ontem o
fim da violência na Líbia e advertiu que a matança de civis desarmados promovida pelo exército
de Muamar Kadafi constitui
“crime contra a humanidade”,
pelo qual seus responsáveis devem ser levados à justiça. “A matança de civis desarmados líbios
que estão pedindo liberdade é
totalmente inaceitável”, disse
Ban. “A matança de pessoas inocentes desarmadas é um crime
contra a humanidade. Os perpetradores devem ser levados à Justiça”, acrescentou o secretáriogeral da ONU, durante visita a
Guatemala, na América Central.
Ban lembrou que o Conselho
de Segurança da ONU está debatendo sanções contra o regime líbio de Muamar Kadafi, entre elas estabelecer uma zona
de exclusão aérea no país africano. “Eles (os membros do
Conselho de Segurança) estão
discutindo agora mais medidas,
incluindo uma zona de exclusão
aérea”, disse Ban. Ontem, o
presidente da França, Nicolas
Sarkozy, pediu urgência da
ONU na criação de uma zona de
exclusão aérea sobre a Líbia.
Sarkozy fez o pedido aos líderes
dos países membros do Conselho de Segurança da ONU, que
“
iniciaram reunião fechada para
discutir a situação líbia ontem.
A matança de pessoas
inocentes desarmadas
é um crime contra
a humanidade. Os
responsáveis devem
ser punidos na Justiça
Ban Ki-moon,
secretário-geral da ONU
Conselho de Segurança
Os integrantes do Conselho de
Segurança estão divididos sobre a
criação ou não de uma zona de
exclusão aérea sobre a Líbia. GrãBretanha, França e Líbano querem evitar novos ataques aéreos
das forças de Kadafi contra os insurgentes. Mas Turquia, Rússia,
China, Brasil e Alemanha, entre
outros países, votariam contra. A
posição dos EUA não está clara.
tomada pelos opositores, alertando-os a deixar os locais controlados por rebeldes e os depósitos de armas. Um texto transmitido na tela do canal Al-Libya
disse aos moradores da cidade,
no leste do país, que o Exército
estava se aproximando para
‘apoiá-los e libertar a cidade das
gangues armadas’. “Pedimos
que vocês deixem até meia-noite
(horário local) as áreas onde homens armados e depósitos de armas estão localizados.”
Êxodo interno
Ultimato líbio
O Exército líbio deu um ultimato
para os moradores de Benghazi,
Temendo o ataque das tropas líbias, o Comitê Internacional da
Cruz Vermelha retirou seus fun-
Quinta-feira, 17 de março, 2011 Brasil Econômico 39
Sharif Karim/Reuters
Barein intensifica repressão a protestos
Forças do Barein reprimiram manifestantes com uso de gás lacrimogêneo
e o apoio de helicópteros, retirando centenas de pessoas que estavam
acampadas na Praça Pérola, que se tornou símbolo dos protestos
da maioria xiita contra a monarquia sunita do país. Pelo menos três
manifestantes foram mortos nos confrontos, que começaram um dia
depois de o Barein declarar lei marcial para acabar com os protestos.
A vizinha Arábia Saudita enviou tropas para dissipar as manifestações.
CENSURA
Quatro jornalistas
americanos estão
desaparecidos no país
Quatro jornalistas do jornal
americano New York Times estão
desaparecidos na Líbia, informou
o jornal ontem. Entre eles está
Anthony Shadid, ganhador de
dois prêmios Pulitzer — o ‘Oscar’
do jornalismo americano.
Segundo o jornal, eles fizeram
contato pela última na manhã de
terça-feira (15). Além de Shadid,
estão desaparecidos Stephen
Farrell — repórter e cinegrafista
que foi sequestrado pelo Taliban
em 2009 e resgatado por tropas
britânicas — e dois fotógrafos,
Tyler Hicks e Lynsey Addario.
Um repórter brasileiro do jornal
O Estado de S. Paulo foi liberado
na semana passada após ter sido
detido por autoridades líbias,
mas um jornalista do diário
britânico ‘Guardian’ que estava
com ele segue desaparecido.
crime
organização
cionários de Benghazi e pediu
que os dois lados do conflito na
Líbia poupem os civis e as equipes médicas. A agência humanitária independente estava entre as poucas entidades de ajuda
que enviaram pessoas ao reduto
dos rebeldes no leste do país,
para onde as forças de Kadafi
avançaram com a intenção de
acabar com a revolta popular.
“O Comitê Internacional da
Cruz Vermelha hoje transferiu
seus funcionários em Benghazi
para a cidade de Tobruk, onde
eles continuarão prestando assistência às vítimas do conflito”, disse a agência sediada em
Genebra em comunicado. ■
AGENDA DO DIA
● O Banco Central da Índia divulga
decisão sobre a taxa de juros.
● Nos Estados Unidos, sai o índice
de preços ao consumidor (CPI).
● Os americanos divulgam ainda
dados da produção industrial.
● Sai também nos EUA, os pedidos
de auxílio-desemprego semanal.
Obama fecha o bar Amarelinho
pela primeira vez em 50 anos
Determinação foi tomada como parte das medidas de segurança durante visita do presidente dos EUA
Felipe O’Neill/O Dia
Uns vão trazer os filhos, outros a
namorada e alguns até gostariam de vir mas moram longe.
Às vésperas do discurso do presidente dos EUA, Barack Obama, na Cinelândia, a única tristeza na praça que servirá de cenário para o evento é o fechamento do bar Amarelinho, pela
primeira vez em 50 anos.
“A prefeitura passou hoje
aqui mandando fechar o restaurante. A gente nunca fechou, vai
ser a primeira vez”, desabafou o
gerente Luis Carlos Canedo.
O argumento para o fechamento, segundo Canedo, é de
que os agentes de Obama não
teriam como manter a segurança interna do bar, “porque poderia vir algum terrorista e se
explodir aqui dentro”.
Ele previa mais que dobrar o
faturamento no domingo e conseguir algo em torno dos R$ 12
mil. “Agora quero saber e já perguntei à prefeitura, quem vai
ressarcir isso?”
Fundado em 1921, o Amarelinho não fechou na famosa passeata dos 100 mil contra a ditadura
militar que lotou a Cinelândia em
1968. O bar está sempre aberto no
Carnaval, quando duas milhões
de pessoas desfilam no Cordão do
Bola Preta e passam em frente a
ele. Segundo Canedo, apenas no
dia 25 de dezembro é feito uma
pausa para descanso dos garçons.
Previsão de
gerente é perder
R$ 12 mil de
faturamento
O Amarelinho não
fechou na famosa
passeata dos 100 mil
contra a ditadura
militar que lotou
a Cinelândia, em 1968
A ordem para o fechamento de
todos os estabelecimentos comerciais no entorno da Cinelândia
é apenas um dos itens do forte esquema de segurança que está sendo montado para receber Obama.
Mesmo sem poder trazer mochilas ou utensílios cortantes
que possam despertar suspeita à
segurança, muitos cariocas estão dispostos a comparecer na
praça para ouvi-lo, mesmo que
chova, como está previsto.
Mas nem todos estão animados para ouvir o presidente
americano, que deve ter suas
falas legendadas e colocadas
em telões.
Desde 1964 instalada em
frente ao Teatro Municipal, uma
barraquinha de panfletagem
política que se diz apartidária,
comandada por Antonio Santana, não estará montada no domingo. “Eu vou estar longe daqui, não vou somar metro quadrado para ele”, se irrita Santana, que vê na visita um complô
imperialista para tomar as riquezas do Brasil. ■ Reuters
GIRO PELO MUNDO
Olivier Douliery/Bloomberg
Popularidade em baixa
A popularidade não tem sido o forte dos políticosempresários-multimilionários do planeta. Nos
Estados Unidos, o nível de aprovação da gestão
do prefeito de Nova York, Michael Bloomberg,
caiu a 39%, a mais baixa em oito anos.
Bloomberg, que está em seu terceiro mandato, já
fala em se aposentar da vida política e em desistir
da ambição de um dia disputar a presidência
dos Estados Unidos. Dos nova-iorquinos
que responderam, 74% acham que o prefeito
não seria um bom líder dos americanos.
Na Itália, o primeiro-ministro Silvio Berlusconi —
protagonista de um escândalo sexual pelo qual
será julgado em abril — continua perdendo
a simpatia do eleitorado. Sua popularidade
chegou a 33% em março, segundo uma pesquisa
divulgada ontem instituto IPR. O número de
italianos que desaprovam Berlusconi aumentou
dois pontos em apenas um mês e não para de cair.
O atual percentual parece estar a milhas
de distância da popularidade de 60% da qual
gozava o premier italiano em 2008, quando
voltou ao poder. Com Reuters e AFP
Cantor popular é
favorito na eleição
presidencial no Haiti
O cantor popular e candidato
à Presidência do Haiti Michel
‘Sweet Mickey’ Martelly está
encantando a multidão, usando de
sua experiência de artista popular.
Uma pesquisa de opinião apontou
vantagem para Martelly no
segundo turno, atribuindo a
ele 51%, das intenções de voto,
enquanto sua adversária, a
ex-primeira-dama e professora
de direito Mirlande Manigat —
que tem 70 anos e bem mais
experiência política — aparece
com 46%. O cantor de 50 anos
é agora o favorito para ser o
sucessor do atual mandatário René
Préval na presidência do país no
segundo turno das eleições, que
ocorrerão no domingo. Reuters
40 Brasil Econômico Quinta-feira, 17 de março, 2011
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ÚLTIMA HORA
Mastrangelo Reino/Folhapress
Unilever fecha
acordo com Jequiti
Ricardo Galuppo
[email protected]
Diretor de Redação
A companhia anglo-holandesa Unilever, dona do sabão
em pó Omo e do sabonete antisséptico Lifebuoy, anuncia hoje a sua estreia no mercado brasileiro de purificadores de água, dominado pela Brastemp, Electrolux e
Europa. Batizado de Pureit, o aparelho doméstico que já
acumula 15 milhões de consumidores na Índia, Indonésia e no México, será vendido através do catálogo da Jequiti Cosméticos, empresa de vendas diretas do Grupo
Silvio Santos. O produto que será apresentado hoje por
Kees Kruythoff, presidente da subsidiária, visa atingir a
baixa renda e deve chegar ao mercado em abril, a um
preço bastante agressivo, segundo fonte próxima à empresa. Na Índia, o produto é comercializado em várias
versões e preços pela Hindustan Unilever, sediada em
Mumbai. Por não demandar carregamento na rede elétrica, o mote do produto no país será a sustentabilidade.
A meta com Pureit é atingir 500 milhões de consumidores no mundo até 2020. ■ Françoise Terzian
Olha a inflação aí, gente!
Vale investe R$ 100 mi
no ensino em MG
Câmara vai fiscalizar
obras da Copa de 2014
A mineradora Vale vai investir R$ 100 milhões na qualificação profissional de estudantes mineiros, por meio de
um convênio firmado ontem com o governo do estado de
Minas Gerais. Assinado pelo presidente da empresa, Roger Agnelli, e pelo governador Antonio Anastasia, o acordo dá seguimento ao Programa de Educação Profissional
(PEP), lançado em 2007 pelo governo mineiro, e que já
beneficiou 173 mil alunos em 128 municípios. Além dos
recursos da Vale, o convênio também prevê o desembolso
de outros R$ 43 milhões pelo governo do estado.
A Vale informou, por meio de nota oficial, que o convênio
com a mineradora deverá incorporar outros 35 mil novos
alunos ao PEP. O governo mineiro, que já investiu R$ 440
milhões nos últimos quatro anos, planeja chegar a 2014
com 400 mil alunos atendidos pelo programa.
Em 2011, a Vale está investindo US$ 4 bilhões em Minas,
recursos que se refletem na geração de emprego e renda. A
expectativa é de que sejam gerados 3 mil novos empregos
este ano em Minas, aumentando para 45 mil o quadro de
empregados da Vale no Estado, entre próprios e terceiros. ■
A Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados criou ontem três subcomissões para fiscalizar projetos e obras preparatórias para a Copa do Mundo de 2014
e Olimpíadas e Paraolimpíadas, em 2016. Na próxima semana, o ministro dos Esportes, Orlando Silva, deve ser
ouvido para falar sobre os cortes orçamentários na sua
pasta e detalhar o andamento das obras.
De acordo com o deputado Afonso Hamm (PP-RS),
autor de um dos requerimentos para criação das subcomissões, a ideia é acompanhar de perto a execução das
obras nos estados, a infraestrutura das 12 cidades-sedes e
o legado que os eventos esportivos deixarão ao país.
“Temos que acompanhar o planejamento e ver se a
execução que está sendo feita em tempo real. Vamos cuidar também da qualidade da execução e do legado que esses eventos vão nos deixar”, disse o parlamentar.
Para facilitar o trabalho das subcomissões, Hamm afirmou que a ideia é que os parlamentares dos estados em
que estão sendo realizadas obras fiquem responsáveis por
acompanhar a execução dos projetos. ■ ABr
Rafael Neddermeyer
BTG acerta associação com a WTorre
O banco BTG e a construtora e incorporadora WTorre informaram ontem a assinatura de memorando de entendimentos estabelecendo os termos de um
acordo que prevê o aporte de ativos imobiliários e recursos financeiros na
WTorre pelo BTG. Parte dos ativos da construtora será transferida para uma
nova empresa. Ao final do processo, informou a construtora em comunicado
ao mercado, o BTG passará a deter o controle acionário da incorporadora. Com
sede em São Paulo, a WTorre possui diversos investimentos imobiliários e em
infraestrutura, entre eles a construção do novo estádio do Palmeiras. ■
Sim. A abertura de 280.799 novos postos de trabalho
com carteira assinada no mês passado (um recorde
para o mês de fevereiro desde que o Ministério do
Trabalho passou a acompanhar essa movimentação)
é algo a ser comemorado. Puxado pelo ramo de serviços, esse número de contratações (elevadíssimo
para esta época do ano) atrai atenção para aspectos
que merecem ser vistos com mais cuidado. O primeiro é o descompasso entre a elevação do nível de
emprego e a redução do ritmo de crescimento da
economia. Os economistas Bernardo Macedo e Fernando Sampaio, da LCA Consultores, enxergam aí
um sinal claro de que a pressão inflacionária prosseguirá por mais alguns meses — o que exigirá novas e
mais severas medidas de contenção por parte do governo. As mais visíveis até agora foram a elevação da
taxa de juros e o aumento do salário mínimo em proporções mais modestas do que a dos anos anteriores.
Por mais necessárias que sejam (e, no caso específico, foram necessárias mesmo), medidas como essas
tendem a ser impopulares. Quando surtem efeito,
ótimo. O problema é que, agora, parecem insuficientes para conter a inflação: seu efeito tende a ser
anulado pela expansão do emprego formal.
Mais gente com emprego significa,
como é óbvio, mais pessoas
indo às compras. O que quer dizer
mais pressão sobre os preços
Mais gente com emprego significa, como é óbvio,
mais pessoas recebendo salários e, portanto, indo às
compras. Mais pessoas comprando é sinal de mais
pressão sobre os preços. A questão, como se percebe,
é que, embora a massa salarial tenha aumentado, os
salários individuais não subiram na mesma proporção. No ano passado, o mínimo teve um aumento
considerável e os preços dos alimentos ficaram estáveis ou até caíram em função da crise internacional.
Para quem havia se acostumado àquela realidade, a
sensação de agora (ou seja, a de que os preços já não
não estão confortáveis dentro dos salários) não é das
melhores. É de esperar que dentro de alguns meses o
emprego passe a crescer menos — o que deverá reduzir, também, a pressão sobre os preços. Mas, até
que isso aconteça, a sensação de que tudo está excessivamente caro (que, no ano passado, já havia batido em cheio na classe média) continuará se alastrando pela base da pirâmide. Isso exige atenção. ■
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Segundo análise do Itaú, a tragédia no Japão pode gerar
impactos na atividade econômica via comércio exterior
ou expectativas. No primeiro caso, o risco é de uma
contaminação da economia real de vizinhos asiáticos,
como a China. O segundo canal pode ser mais danoso, a
exemplo do colapso financeiro ocorrido em 2008.
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ENQUETE
O Brasil corre o
risco de passar
por problemas
de segurança
radioativa em
suas usinas
nucleares?
Sim
52%
Não
48%
Fonte: BrasilEconomico.com.br
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