www.brasileconomico.com.br mobile.brasileconomico.com.br Murillo Constantino QUINTA-FEIRA, 17 DE MARÇO, 2011 | ANO 3 | Nº 391 | DIRETOR RICARDO GALUPPO | DIRETOR ADJUNTO COSTÁBILE NICOLETTA O ex-comissário da União Europeia Peter Mandelson vê “pânico” do Brasil diante da China ➥ P12 A Iberia, da Espanha, e a Lufthansa, da Alemanha, reforçam operações no Brasil ➥ P20 R$ 3,00 Grupo Mabe investe R$ 160 milhões e fortalece marca Continental ➥ P26 Tragédia japonesa, temor mundial Issei Kato/Reuters No Brasil, reflexo da crise chega por meio da revisão de orçamentos para projetos nucleares, como submarino da Marinha e enriquecimento de urânio No Japão, a ONU confirmou danos em três reatores da usina nuclear de Fukushima, mas informou que condições não apresentam mudanças significativas desde terça-feira. As bolsas sinalizaram processo de recuperação, porém a atividade produtiva não foi retomada. Fábricas e escritórios de grandes multinacionais estão fechados, sem previsão de retorno às atividades. O imperador japonês Akihito, que raramente aparece em público, foi ontem à TV pedir à população do sul do país que não exagere no estoque de alimentos para evitar a escassez de abastecimento nas áreas atingidas. ➥ P4 Japoneses acompanham o pronunciamento do imperador Akihito: sintoma da gravidade AGCO produzirá pulverizadores no Brasil Aversão ao risco Companhia alemã, dona das marcas Massey Ferguson e Valtra, projeta faturar R$ 73,5 milhões apenas neste ano com vendas de equipamentos para a aplicação de defensivos agrícolas. ➥ P22 Votorantim reformula negócio de cimento Grupo amplia o mercado de produtos complementares, como cal, calcário para agricultura e argamassa, com a qual espera aumentar em 50% a quantidade de unidades dedicadas a estes produtos. ➥ P24 Agências de fomento em busca de mais recursos Bancos de desenvolvimento regionais como os do Rio de Janeiro, de São Paulo e Minas Gerais estudam captar dinheiro no exterior junto a organismos multilaterais e emitir títulos de dívida. ➥ P32 chega enfim à bolsa brasileira Após operar descolado dos mercados internacionais nos últimos dias, o Ibovespa se rendeu ao mau humor externo e registrou perda de 1,5%, aos 66 mil pontos. ➥ 36 INDICADORES ▼ ▲ ▼ ▼ ▼ ■ ▼ ▼ ▼ ▼ ▼ ▲ TAXAS DE CÂMBIO Dólar Ptax (R$/US$) Dólar comercial (R$/US$) Euro (R$/€) Euro (US$/€) Peso argentino (R$/$) JUROS Selic (a.a.) BOLSAS Bovespa - São Paulo Dow Jones - Nova York Nasdaq - Nova York S&P 500 - Nova York FTSE 100 - Londres Hang Seng - Hong Kong 16.3.2011 COMPRA 1,6666 1,6720 2,3154 1,3893 0,4126 META 11,75% VAR. % -1,50 -2,04 -1,89 -1,95 -1,70 0,10 VENDA 1,6674 1,6740 2,3167 1,3894 0,4130 EFETIVA 11,67% ÍNDICES 66.002,57 11.613,30 2.616,82 1.256,88 5.598,23 22.700,88 Risco de desabastecimento na cadeia de produtos eletrônicos pode trazer aumento de preços. 2 Brasil Econômico Quinta-feira, 17 de março, 2011 NESTA EDIÇÃO Bloomberg Em alta Escola privada critica bolsa integral “Só vai prejudicar quem tem renda maior e condições de arcar com uma parte do valor do curso”, argumenta Hermes Ferreira Figueiredo, presidente do Semesp, reagindo à proposta do ministro da Educação, Fernando Haddad. ➥ P14 Fabio Nunes Saúde privilegia laboratório nacional Ministério está desenvolvendo regras específicas para as licitações do setor, anunciou o ministro Alexandre Padilha, ontem, em São Paulo. Os procedimentos devem ser adotados a partir do segundo semestre. ➥ P15 Mabe aposta no potencial da marca Continental Grupo mexicano reage à concorrência agressiva da americana Whirlpool e da sueca Electrolux e, a partir deste ano, das coreanas LG e Samsung, investindo R$ 160 milhões até dezembro para promover mudanças na sua estrutura de atuação no país. Mais de 60% do portfólio será reformulado e as atividades, como revela Luis Berrondo, presidente mundial do grupo, centralizadas em apenas três marcas: a GE, para os públicos A e B, Continental para as classe B e C e Dako, para os consumidores C e D. Serão lançados 118 novos produtos, tendo a Continental como carro-chefe. ➥ P26 Atividade Econômica tem alta de 0,71% em janeiro IBC-Br é o maior em nove meses e a reativa a polêmica sobre o grau de desaceleração da atividade econômica. Os dados positivos do BC apresentados ontem, se seguem a outros indicadores que mostram uma economia aquecida, como a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada na terça-feira, que mostrou alta de 1,2% nas vendas em janeiro, maior patamar de expansão em cinco meses. No mesmo dia, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) revelava que em fevereiro ocorreram 280.799 contratações, recorde para o mês, e que com os ajustes poderá se aproximar do recorde histórico de junho de 2008. ➥ P16 Iberia reforça rota São Paulo-Barcelona A partir de julho, a companhia espanhola oferecerá dois novos voos semanais de Guarulhos para Barcelona. A alemã Lufthansa também vai reforçar a operação brasileira, retomando, a partir de outubro, a ligação entre Frankfurt e Rio. ➥ P20 Antonio Scorza/AFP Cummins prevê 105 mil motores no ano Unidade brasileira deverá ampliar produção de motores a diesel em 9,3% este ano. Em 2010, foram produzidos 96 mil motores, o maior número desde a chegada a empresa ao país há 40 anos. O faturamento global no ano passado chegou a US$ 13,2 bilhões. ➥ P25 Riachuelo prepara plano de expansão Meta é transformar a marca na “Zara brasileira”, com a expansão da participação de mercado dos atuais 1,2% para 15%, afirma Flávio Gurgel Rocha, presidente da rede varejista de vestuário. ➥ P11 Rodada de Doha precisa seguir adiante É o que defende Peter Mandelson, um dos idealizadores do novo Partido Trabalhista Britânico, pregando pouca intervenção do estado, controle da inflação e responsabilidade fiscal. Ele não admite o fim da “Terceira Via”. ➥ P12 Murillo Constantino Santander parte para o ataque na AL Banco espanhol concentra ações em futebol e automobilismo e, assim como já acontece com a Libertadores, vai patrocinar a Copa América, em julho, na Argentina. Meta é reforçar a atuação na região, a partir do Brasil. ➥ P28 AGCO vai fabricar pulverizadores Murillo Constantino Com as marcas Massey Ferguson e Valtra, as mesmas dos tratores, que lideram as vendas no país no segmento, os equipamentos devem começar a ser comercializados em maio próximo, afirma André Muller Carioba, vice-presidente na América do Sul . ➥ P22 Votorantim reforça produção de argamassa, cal e calcário Liderada por Marcelo Chamma, que estava à frente da área de cimento, a chamada divisão de produtos complementares está sendo reorganizada para ampliar a participação no mercado oferecendo produtos que facilitem os processos produtivos e reduzam o tempo da obra. Em breve será inaugurada uma fábrica em Limeira (SP), como parte do plano de aumentar em 50% o número fábricas de argamassa no país (atualmente, são 13). A Votorantim é líder em argamassa do segmento básico (reboco), com a marca Matrix, e vice-líder em argamassa colante, usada em revestimentos com pisos e azulejos, área liderada pela Quartzolit. ➥ P24 Maior controle na reciclagem de vidros TwiTV leva o twitter para a TV via web Abividro, entidade que reúne fabricantes do segmento, propõe a criação de uma agência para coordenar a logística reversa do vidro. Quase metade do material descartado atualmente já é reaproveitado. ➥ P18 Canal de TV na internet lançado pela agência Loducca tem a grade programação controlada em tempo real pelos assuntos mais comentados no Twitter. São exibidos vídeos do Youtube sobre os assuntos mais comentados. ➥ P30 Divulgação A FRASE “Precisamos de mais prefeitas, mais governadoras, não só de deputadas e senadoras” Iriny Lopes, secretária de Política para as Mulheres, sobre a inclusão das mulheres no mercado de trabalho e na vida pública. Com a reforma política, a ideia, segundo ela, é ampliar o número de candidatas e reservar um percentual de vagas no Congresso Nacional para candidatas do sexo feminino. Quinta-feira, 17 de março, 2011 Brasil Econômico 3 EDITORIAL Antonio Milena SAUMÍNEO DA SILVA NASCIMENTO, PRESIDENTE DO BANCO DO ESTADO DE SERGIPE Desaceleração pode estar sendo superestimada Novas dúvidas sobre a desaceleração da economia - até mesmo se ela existe sugiram ontem com a divulgação do Índice de Atividade Econômica do Banco Central, que registrou alta de 0,71% em janeiro na comparação com dezembro. Indicador relativamente recente, medido desde janeiro de 2009, o IBC-Br é considerado uma espécie de prévia do Produto Interno Bruto, divulgado trimestralmente. Com os devidos ajustes sazonais, em 12 meses a alta é de 7,38%, percentual próximo dos 7,5% de crescimento do PIB, registrado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010. Como mostra a repórter Eva Rodrigues nesta edição, os novos números surgem na sequência de dois outros índices igualmente positivos. A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do IBGE, mostrou alta de 1,2% nas vendas em janeiro, justamente num mês em que, até pelos excessos de consumo inerentes às festas natalinas e de fim de ano, tenderia a se mostrar mais retraído. O mesmo raciocínio se aplica aos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) referentes a fevereiro, quando foram criados 280,8 mil empregos com carteira assinada, recorde para o mês. O setor de serviços liderou as contratações, seguido da indústria de transformação e da construção civil. Cresce a expectativa sobre as ações da autoridade monetária para manter a inflação no centro da meta “A taxa de crescimento do lucro líquido do Banese é uma das maiores dos bancos do país”, comemora Saumíneo da Silva Nascimento, presidente da instituição estatal. No ano passado, o lucro chegou a R$ 54,5 milhões, com aumento de 39,4% em relação a 2009. ➥ P34 Diretor de Redação Ricardo Galuppo Diretor Adjunto Costábile Nicoletta Presidente do Conselho de Administração Maria Alexandra Mascarenhas Vasconcellos Diretor-Presidente José Mascarenhas Diretores Executivos Alexandre Freeland, Paulo Fraga e Ricardo Galuppo [email protected] BRASIL ECONÔMICO é uma publicação da Empresa Jornalística Econômico S.A. Redação, Administração e Publicidade Avenida das Nações Unidas, 11.633 - 8º andar, CEP 04578-901, Brooklin, São Paulo (SP), Tel. (11) 3320-2000. Fax (11) 3320-2158 Editores Executivos Arnaldo Comin, Gabriel de Sales, Jiane Carvalho, Thaís Costa, Produção Editorial Clara Ywata Editores Conrado Mazzoni (On-line), Fabiana Parajara (Destaque), Marcelo Cabral (Brasil), Márcia Pinheiro (Finanças), Rita Karam (Empresas) Subeditores Elaine Cotta (Brasil), Estela Silva, Isabelle Moreira Lima (Empresas), Luciano Feltrin (Finanças), Micheli Rueda (On-line) Repórteres Amanda Vidigal, Ana Paula Machado, Ana Paula Ribeiro, Bárbara Ladeia, Carolina Alves, Carolina Pereira, Cintia Esteves, Claudia Bredarioli, Daniela Paiva, Domingos Zaparolli, Dubes Sônego, Eva Rodrigues, Fabiana Monte, Fábio Suzuki, Felipe Peroni, Françoise Terzian, João Paulo Freitas, Juliana Rangel, Karen Busic, Luiz Silveira, Lurdete Ertel, Maria Luiza Filgueiras, Mariana Celle, Mariana Segala, Martha S. J. França, Michele Loureiro, Natália Flach, Nivaldo Souza, Paulo Justus, Pedro Venceslau, Priscila Dadona, Priscila Machado, Regiane de Oliveira, Ruy Barata Neto, Thais Folego, Vanessa Correia, Weruska Goeking Brasília Maeli Prado, Simone Cavalcanti Rio de Janeiro Daniel Haidar, Ricardo Rego Monteiro Arte Pena Placeres (Diretor) , Betto Vaz (Editor) , Evandro Moura, Letícia Alves, Maicon Silva, Paulo Roberto Argento, Renata Rodrigues, Renato B. Gaspar, Tania Aquino (Paginadores), Infografia Alex Silva (Chefe), Anderson Cattai, Monica Sobral Fotografia Antonio Milena (Editor), Marcela Beltrão (Subeditora), Henrique Manreza, Murillo Constantino, Rafael Neddermeyer (Fotógrafos), Angélica Breseghello Bueno, Thais Moreira (Pesquisa) Webdesigner Rodrigo Alves Tratamento de imagem Henrique Peixoto, Luiz Carlos Costa Secretaria/Produção Shizuka Matsuno Departamento Comercial Paulo Fraga (Diretor Executivo Comercial), Mauricio Toni (Diretor Comercial), Júlio César Ferreira (Diretor de Publicidade), Ana Carolina Corrêa, Sofia Khabbaz, Valquiria Rezende, Wilson Haddad (Gerentes Executivos), Paulo Fonseca (Gerente Comercial), Celeste Viveiros, Dervail Cabral Alves, Mariana Sayeg, Simone Franco (Executivos de Negócios), Jeferson Fullen (Gerente de Mercados) , Ana Paula Monção (Assistente Comercial) Os três indicadores reanimam o debate em torno da última ata do Comitê te de Política Monetária do Banco Central (Copom), que sinaliza para um aperto monetário menor. A partir do documento alguns analistas se arriscam a prever nova alta de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros em abril, levando a Selic para 12,25%, taxa que seria mantida nos próximos meses. Como as prévias de alguns setores da indústria mostram a tendência de continuidade do aquecimento em março, é natural que aumente a expectativa sobre o comportamento da autoridade monetária para segurar a inflação no centro da meta. E até que ponto, as chamadas medidas macroprudenciais terão o efeito desejado, sem penalizar excessivamente o setor produtivo. ■ Projetos Especiais Márcia Abreu (Gerente), Alexandre de Vicencio (Coordenador), Daiana Silva Faganelli (Analista) Publicidade Legal Marco Panza (Diretor de Publicidade Legal e Financeira), Marco Aleixo (Gerente Executivo), Adriana Araújo, Valério Cardoso, Carlos Flores (Executivos de Negócios), Tatiana Benevides (Assistente Comercial) Departamento de Marketing Evanise Santos (Diretora), Rodrigo Louro (Gerente de Marketing), Giselle Leme, Roberta Baraúna (Coordenadores de Marketing), João Felippe Macerou Barbosa (Coordenadores) Operações Cristiane Perin (Diretora) Departamento de Mercado Leitor Nido Meireles (Diretor), Nancy Socegan Geraldi (Assistente Diretoria), Denes Miranda (Coordenador de Planejamento) Central de Assinantes e Venda de Assinaturas Marcello Miniguini (Gerente de Assinaturas), Helen Tavares da Silva (Supervisão de Atendimento), Conceição Alves (Supervisão) São Paulo e demais localidades 0800 021 0118 Rio de Janeiro (Capital) (21) 3878-9100 De segunda a sexta-feira - das 6h30 às 18h30. 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(DF/GO) 4 Brasil Econômico Quinta-feira, 17 de março, 2011 DESTAQUE JAPÃO Marinha teme perder verba de submarino nuclear Claudio Teles, porta voz da Marinha: “Não podemos correr o risco de ficar sem a eletricidade que é produzida pelas centrais nucleares” Catástrofe no Japão pode levar à revisão do orçamento de projeto que viabiliza enriquecimento de urânio no país Martha San Juan França [email protected] A crise nuclear instalada no Japão repercute em Iperó, a 130 quilômetros de São Paulo, onde funciona o Centro Experimental de Aramar (CEA) da Marinha do Brasil. A decisão do governo de condicionar os rumos do projeto nuclear do país às novas medidas de segurança que poderão ser tomadas como resultado do que aconteceu nas usinas de Fukushima pós-terremoto e tsunami, acendeu o sinal de alerta entre os técnicos que se dedicam ao desenvolvimento da tecnologia do ciclo completo de fabricação do combustível e do reator brasileiro. “Por muito tempo tivemos dificuldades bastante sérias, perdemos gente capacitada; mas ultimamente obtivemos mais recursos e voltamos a produzir em escala laboratorial”, afirma o comandante Claudio Teles, porta-voz da Marinha em Aramar, sobre o urânio enriquecido que será usado como combustível do reator. “Estamos construindo a usina de produção de hexafluoreto de urânio para conversão, necessária para a fase seguinte do obtenção do combustível, que é o enriquecimento. Um dos benefícios é o desenvolvimento tecnológico associado a esse processo.” Segundo Teles, é certo que as lições do que ocorreu no Japão serão incorporadas não só pelo programa nuclear brasileiro como de outros países. “Mas não podemos deixar a emoção tomar conta e correr o risco de ficar sem a eletricidade que é produzida pelas centrais nucleares”, diz. Desafios em andamento Para o engenheiro, as medidas que estão sendo tomadas no Japão são corretas para evitar o perigo da radiação e estão previstas na legislação internacional. Agora é analisar o que está acontecendo dentro dos prédios dos reatores e continuar a produção. “Dezesseis por cento da eletricidade do planeta é de origem nuclear e Programa brasileiro já consumiu mais de US$ 1 bilhão em recursos desde que foi criado, há mais de 30 anos não existe um substituto adequado na maioria dos países.” O programa da Marinha já consumiu mais de US$ 1 bilhão em recursos desde que foi criado há mais de trinta anos. A maior parte foi gasta na central, cujo objetivo é o desenvolvimento do sistema de propulsão do primeiro submarino nuclear brasileiro. Um dos desafios para a operação do submarino era o fornecimento de combustível. O material usado nos reatores não é o urânio natural, mas aquele obtido pelo processo de enriquecimento (U-235), numa proporção de 4% (3,5% nas usinas, como Angra 1 e 2). O processo exige que o minério seja purificado e concentrado na forma de um sal amarelo chamado yellow cake, que depois é convertido em gás (hexafluoreto de urânio ou UF6). A previsão é que seja inaugurada a primeira fase da usina de conversão em UF6 em setembro, com capacidade de 40 toneladas por ano para atender as necessidades da Marinha. Nessa primeira etapa serão necessários testes de calibração e ajustes técnicos em diversos equipamentos. Após essa fase, a produção de gás será iniciada de forma progressiva. Foram gastos com o combustível cerca de R$ 115 milhões. Hoje, só seis países têm condições de fazer a conversão de yellow cake em gás: França, Rússia, Canadá, Estados Unidos, Brasil e Irã. O UF6 que o Brasil usa em Angra 1 e 2 vem do Canadá. Uma terceira fase do programa será a construção de uma usina em Resende, onde já funciona um complexo de ultracentrífugas utilizadas para o enriquecimento do urânio, tecnologia também desenvolvida no Centro Experimental de Aramar e dominada por poucos países. “Iniciamos aqui as pesquisas que são usadas em escala maior pela indústria”, afirma Teles. Paralelamente à usina de Resende, o centro pretende construir, se conseguir recursos, o laboratório do protótipo do reator de água pressurizada (PWR)do submarino. ■ PROPULSOR ANGRA 3 R$ 450 mi É o custo previsto das R$ 9 bi É o orçamento previsto para instalações do protótipo do propulsor do submarino nuclear. Angra 3. Cerca de 70% do projeto será financiado pelo BNDES. COMBUSTÍVEL RADIOISÓTOPOS R$ 115mi R$ 850 mi É o custo da Usexa, prevista para ser inaugurada em setembro, com resursos da Marinha e do MCT. É o valor estimado para a construção do Reator Multipropósito Brasileiro. Quinta-feira, 17 de março, 2011 Brasil Econômico 5 LEIA MAIS ONU confirma danos em três reatores na usina nuclear de Fukushima, mas afirma que situação no local não registra mudanças significativas desde terça-feira. Bolsas sinalizam processo de recuperação, enquanto iene registrou na quarta-feira recorde histórico ante o dólar desde a Segunda Guerra Mundial. Atividade produtiva no Japão ainda não foi retomada depois da catástrofe que atingiu o país; fábricas estão fechadas e há risco de desabastecimento. Henrique Manreza Eletronuclear não quer alterar Angra3 Para estatal, acidente no Japão não afeta planejamento energético brasileiro Ruy Barata Neto [email protected] A estatal Eletronuclear não trabalha, por enquanto, com a perspectiva de mudar o projeto original definido para a construção da usina de Angra3, mas não está garantido que o curso natural da obra continue inalterado nos próximos anos. Orçado em R$ 9 bilhões, o empreendimento conta com contrato assinado com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que financiará cerca de 70% do projeto. O restante virá de recursos estrangeiros, de parceiros ainda a serem definidos. É exatamente essa a brecha que está condicionada à repercussão dos acontecimentos no Japão. “O acidente não altera em nada o planejamento energético para o país, mas não há como garantir isso”, diz o chefe de gabinete da presidência da estatal, Leonam dos Santos Guimarães. No que diz respeito às outras quatro usinas previstas até 2030, a Eletronuclear ainda finaliza a conclusão da primeira etapa de um estudo de localização dos empreendimentos, possivelmente serão dois no Nordeste e dois no Sudeste. Guimarães diz que não é possível estabelecer qualquer relação de causa e efeito entre os acontecimentos no Japão e o processo de continuidade do plano energético do país. Sua opinião é mantida mesmo diante da opção do governo de esperar os resultados finais das avaliações dos acidentes no Japão. “As usinas brasileiras seguem rigorosamente o padrão internacional”, diz. “Se alguém for a qualquer usina nacional não irá encontrar diferença significativa em relação às japonesas.” Projeto será financiado em 70% pelo BNDES, mas restante do valor ainda depende de captação de investimentos estrangeiros Mas elas existem e estão alinhadas às condições geológicas. As usinas são dimensionadas por esforços transmitidos por movimentos sísmicos. Como o Japão está em área de muita intensidade, elas são projetadas para suportar 0,3 vezes o número da aceleração da gravidade, já as brasileiras suportam 0,1. “O que mais importa é a força do tremor sobre a estrutura, que é determinada pela distância”, afirma o engenheiro. Ele explica que, no Oceano Atlântico, a formação de tsunamis é rara em razão das características das placas tectônicas. O físico nuclear José Goldemberg, professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (USP), alerta que os riscos existem e as consequências são graves demais para priorizar a energia nuclear em detrimento de outras opções. “O Japão é claramente o país com a melhor tecnologia em usinas atômicas e hoje vive um grave acidente”, diz o especialista. ■ POLO NUCLEAR Ipen desenvolve projeto para construção de novo reator em Iperó Ao lado do Centro Experimental de Aramar, em Iperó, está prevista a construção do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), que deve ser a base de um novo polo de tecnologia nuclear vinculado ao Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen). Seu objetivo primordial será suprir a área de saúde de radioisótopos, como o molibdênio, usados no diagnóstico e no tratamento de doenças nas áreas de cardiologia e oncologia. O Brasil tem quatro reatores de pesquisa, mas nenhum deles possui capacidade para a produção de molibdênio. Além disso, o centro será utilizado para testes de irradiação do combustível e de materiais utilizados nos reatores, como varetas, paredes dos vasos de pressão e do envoltório de contenção, que servem para impedir a saída do material radioativo para o meio ambiente. Outras empresas também poderiam dispor dos serviços do reator para o estudo de ligas metálicas, materiais magnéticos e proteínas. O Ministério da Ciência e Tecnologia liberou recursos da ordem de R$ 50 milhões para o projeto básicodo RMB que está sendo desenvolvido pelo Ipen. Mas a construção do reator, com custo estimado em R$ 850 milhões, corre o risco de atrasar por causa do contingenciamento fiscal proposto no início do ano pelo governo. Uma opção, segundo o superintendente do Ipen, Nilson Dias Vieira, seria iniciar uma parceria com a Argentina para a viabilização do projeto e divisão dos custos, uma vez que o país vizinho também tem interesse de desenvolver um reator desse tipo. M.F. 6 Brasil Econômico Quinta-feira, 17 de março, 2011 DESTAQUE JAPÃO ONU confirma danos em três reatores de usina de Fukushima Preocupação é com evaporação de piscina que recebe combustível usado da usina. Ela está quase ao ar livre Kyodo/Reuters A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão ligado à Organização das Nações Unidas, confirmou ontem danos aos núcleos das unidades 1, 2 e 3 no reator nuclear de Fukushima Daiichi. De acordo com a agência, desde terça-feira não há mudanças significativas na situação. Mas, Yukiya Amano, diretor geral da AIEA, irá embarcar hoje para o Japão a fim de buscar informações sobre a “seriíssima” situação da central nuclear. Ele demonstrou preocupação com a evaporação da água da piscina de combustíveis reciclados do reator 4 na usina de Fukushima, que está quase ao ar livre. Para especialistas, esse reservatório pode dar origem à temida catástrofe nuclear, liberando dejetos radioativos da mesma intensidade que Chernobil. As barras de combustíveis usados nos reatores, que continuam liberando muito calor, se encontram em uma piscina na parte superior do reator. Após dois incêndios no prédio, a piscina ficou “quase ao ar livre” e uma grande radiação escapa, disse Thierry Charles, diretor do Instituto francês de Radioproteção e Segurança Nuclear. Em vez de estar a 30°C como normalmente, o tanque atingiu os 80°C. O risco, com a evaporação, é de que as barras, ainda um pouco isoladas do exterior pelo líquido, deixem de estar submersas. Se mais água de resfriamento não for colocada rapidamente, as barras vão se desgastar e emitir dejetos muito radioativos no ar. Confrontadas a esta situação, as autoridades japonesas cogitam utilizar um caminhão-pipa com canhão de água para molhar o reator, após uma tentativa frustrada de recorrer a um helicóptero. Logo acima da piscina, a dose de radioatividade já estaria muito elevada para o piloto. Reconstrução O devastador terremoto que abalou o Japão e a consequente crise nuclear podem resultar em uma perda de até US$ 200 bilhões para Impacto econômico direto será de US$ 125 bilhões a US$ 200 bilhões, resultando em uma contração do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre 1 a terceira maior economia do mundo, mas o impacto global continua incerto. O desastre deve causar um grande prejuízo à produção japonesa nos próximos meses (leia mais na página 8), mas economistas alertam que a situação pode piorar se a escassez de energia for prolongada, atrasando uma recuperação semelhante a que se seguiu ao terremoto de Kobe, em 1995. “A atividade econômica será impedida por danos em infraestrutura (como escassez de energia) nas próximas semanas ou nos próximos meses”, disseram economistas do JP Morgan. A maioria dos especialistas acredita que o impacto direto será de US$ 125 bilhões a US$ 200 bilhões, resultando em uma contração do Produto Interno Bruto no segundo trimestre. O investimento na reconstrução do país, porém, deve gerar forte retomada no segundo semestre de 2011. Perdas Até ontem, eram confirmados 4.340 mortos. O número de desaparecidos subiu para 9.083. Pela primeira vez desde o desastre, o imperador Akihito fez um pronunciamento em rede de televisão, e pediu calma à população. Ele afirmou que está “profundamente preocupado” com a crise nuclear e com a “natureza imprevisível” de Fukushima. ■ Redação com agências internacionais Reuters 2 ÊXODO Tóquio parece cidade-fantasma Regiões movimentadíssimas de Tóquio, com funcionários de escritórios lotando restaurantes e lojas, estavam quietas ontem. Muitas escolas estão fechadas e as empresas autorizaram os trabalhadores a ficarem em casa. Longas filas se formaram nos aeroportos e estações de trem. Enquanto as autoridades japonesas se esforçam para evitar um desastre no complexo nuclear de Fukushima, a 240 quilômetros da capital, partes de Tóquio parecem uma cidade fantasma. A radiação na capital japonesa até ontem era considerada desprezível, mas é grande a ansiedade da população, que está em êxodo para o sul do país. No nordeste do arquipélago, onde está Fukushima, milhares de pessoas também deixam suas casas e a neve dificulta os trabalhos de resgate. Reuters 1 Casal de idosos enfrenta neve para levar mantimentos a parentes afetados por terremoto em Minamisanriku; 2 Em cadeia nacional, imperador Akihito pede que população do sul do país não exagere no estoque de alimentos, para evitar escassez em áreas afetadas Imagens meramente ilustrativas Quinta-feira, 17 de março, 2011 Brasil Econômico 7 Nas estradas, a gente respeita os limites de velocidade. Na fábrica, não. Expansão da fábrica e duplicação da produção. Um investimento de U$ 210 milhões no Brasil. Quando uma empresa acredita em um país, investe nele. E é exatamente isso o que a Continental tem feito. Primeiro montamos uma das mais modernas fábricas de pneus do grupo em Camaçari, Bahia. E nos próximos anos, vamos investir mais US$ 210 milhões para poder atingir a marca de 10 milhões de pneus produzidos. Esse investimento, além de aumentar significativamente nossa atuação no mercado, irá gerar novos empregos e contribuir ainda mais com a economia nacional. A Continental está entre os líderes mundiais no fornecimento de componentes para a indústria automotiva e tem o Brasil como um de seus principais mercados. Este é apenas o início dos infinitos quilômetros que ainda vamos percorrer juntos. açari - BA Fábrica em Cam Faça revisões em seu veículo regularmente. www.conti.com.br 0800 170 061 8 Brasil Econômico Quinta-feira, 17 de março, 2011 DESTAQUE JAPÃO AFP Usina de Fukushima, com chance de novas explosões e vazamentos, deixa o país e sua economia sob risco de catástrofe nuclear Atividade produtiva mantém-se lenta na economia japonesa Fabricação de computadores e bens eletrônicos pode ser impactada e gerar aumento nos preços A atividade econômica segue em ritmo lento no Japão em consequência dos múltiplos problemas logísticos provocados pelo terremoto e pela crise nuclear no país. A bolsa registrou recuperação após dois dias de queda, mas muitas fábricas, escritórios e lojas permaneciam fechados ontem na terceira maior economia mundial, não apenas na região nordeste, devastada pela catástrofe, como também na área da capital, Tóquio (centro-leste). Em uma tentativa de estimular a circulação monetária, o Banco do Japão elevou para US$ 340 bilhões a quantia disponível para o mercado interbancário. O iene alcançou na quarta-feira um recorde histórico ante o dólar, desde a Segunda Guerra Mundial, passando a ser cotado a 79,73 unidades por dólar. Com as empresas repatriando fundos, a moeda americana dólar caiu 3% ante o iene. A Toyota, maior montadora do mundo, manteve as 28 fábricas fechadas nos últimos dias e só deve retomar a produção de carros no dia 23 de março. Mas a empresa anunciou que na quinta-feira retomará a produção de autopeças em sete fábricas. Uma refinaria de petróleo da Cosmo Oil de Chiba (leste de Tóquio) continuava refém das chamas, cinco dias depois do terremoto que provocou incêndio em um tanque de armazenamento da instalação, com uma capacidade de 220 mil barris diários. A companhia de energia elétrica Tokyo Electric Power (Tepco), que abastece a região de Kanto (que inclui Tóquio e cidades próximas), mantém os cortes planejados para evitar um apagão repentino em grande escala por falta de produção. Eletrônicos Os fabricantes japoneses de eletrônicos alertaram que a produção será prejudicada por novos problemas de suprimento e distribuição de componentes, em meio às quedas de energia. A gigante da eletrônica Sony também fechou as sete fábricas de produção do nordeste e pediu a quase todos os funcionários da sede em Bolsa começa a reagir, mas iene atingiu na quarta-feira recorde histórico ante o dólar desde a Segunda Guerra Mundial Tóquio que permanecessem em casa. A Sony informou que apenas 120 dos 6 mil funcionários que trabalham em sua sede estavam presentes na quarta-feira, em função de problemas nos serviços ferroviários. As ações da Sony se recuperaram, no entanto, com alta de quase 9% na quarta-feira depois da queda de 17% nos dois dias seguintes ao desastre. A Canon anunciou que poderá suspender a produção em uma de suas principais fábricas em Oita, no sul do país, alegando problemas no fornecimento de componentes e para a distribuição. A fábrica de Oita, que produz câmeras, lentes e impressoras compactas, conta com 4,5 mil funcionários. “As notícias de que o terremoto prejudicou a cadeia de suprimento para bases de produção em Kyushu, bem longe de Tokohu, causaram alguma surpresa, e isso mostra o potencial de perturbações semelhantes em outras companhias”, afirmou Masahiro Shibano, analista do Citibank, em relatório. A Nikon informou que a suspensão da produção em suas fábricas de equipamento de precisão no norte do Japão inevitavelmente causará problemas em outras plantas mais próximas da capital, cujos estoques de componentes vão acabar. O Japão respondeu por 14% da produção mundial de computadores, bens eletrônicos de consumo e equipamentos de comunicação, no ano passado, de acordo a IHS iSuppli. A perspectiva de perturbações prolongadas no suprimento já causou alta nos preços de componentes essenciais. Caso a cadeia de suprimento venha a se romper, mesmo que por poucas semanas, o impacto seria sentido na forma de preços mais altos ou escassez de aparelhos como tablets, celulares inteligentes e computadores, nos próximos meses. A reconstrução da infraestrutura destruída, rodovias, ferrovias, redes elétricas e portos, nas regiões afetadas do Japão vai demorar ao menos cinco anos, informaram especialistas. ■ AFP e Reuters Quinta-feira, 17 de março, 2011 Brasil Econômico 9 OBRAS INICIADAS LANÇAMENTO NOS JARDINS Para quem se dá valor. Salas comerciais de 41 a 596 m2 CHARME E SOFISTICAÇÃO AO LADO DO PQ. IBIRAPUERA 900 m da Av. 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Incorporação Imobiliária registrada sob nº 1 na matrícula 108.823 do 1º Cartório Oficial de Registro de Imóveis em 21/9/2010. 10 Brasil Econômico Quinta-feira, 17 de março, 2011 OPINIÃO José Dirceu Adriano Pires Carlos Alberto Lancia Advogado, ex-ministro da Casa Civil e membro do Diretório Nacional do PT Diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE) Geólogo, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Água Mineral (Abinam) Incerteza não é o bastante Petrobras e gás natural Tributos e água mineral Esperamos que o Copom (Comitê de Política Monetária) não pretenda seguir elevando a taxa Selic, conforme indicou na ata de sua última reunião. O documento lista inúmeras variantes do mercado mundial que influenciam os indicadores da inflação no Brasil, o que faz com que a palavra mais presente no texto seja “incerteza”. Não é suficiente para optar pela alta dos juros, que traz mais efeitos negativos do que positivos para a economia brasileira. Estamos sob efeito de uma série de eventos sazonais, especialmente de natureza climática, que naturalmente elevam o preço dos alimentos. Mas sabemos que o nosso agronegócio é flexível e se adapta a cenários dessa natureza; da mesma maneira, pesa a especulação mundial sobre os preços de gêneros alimentícios, que têm efeito direto no mercado interno. Mudanças na taxa de juros não resolverão esse tipo de problema. Por outro lado, já registramos uma entrada de capitais de US$ 24,3 bilhões em janeiro e fevereiro, contra os mesmos US$ 24,3 bilhões nos 12 meses de 2010. Embora seja um capital que, em parte, fortalece nosso setor produtivo, parcela considerável desses investidores são especuladores financeiros, atraídos pela maior taxa de juros do mundo. Esse grande influxo de capital ainda favorece a queda do dólar em relação ao real, encarecendo nossas exportações e facilitando as importações. A quebra do monopólio legal da Petrobras nas atividades da indústria de petróleo e de gás natural pouco reduziu o poder de mercado da estatal no setor de gás natural. A empresa manteve-se como principal produtor e transportador de gás, estabelecendo um elevado grau de verticalização. A Petrobras deteve 84% da produção média anual de 2010, sendo que essa participação atingiu 90,4% da produção média de 69,2 milhões de m³/dia em dezembro de 2010. Embora estes números se refiram à produção dos campos onde a Petrobras detém participação, a empresa também influi sobre a produção e os preços dos demais produtores. Por deter grande parte da infraestrutura de escoamento de gás dos campos e dos dutos de transporte, a estatal impõe-se como um monopsônio, por ser a única opção de venda de gás pelos demais concessionários, e controla o destino de quase 100% do gás produzido no país. Em relação ao gás da Bolívia, a Petrobras é a única importadora e possui participação de 51% no gasoduto. Também é a única importadora de gás natural liquefeito (GNL) possuindo dois terminais de regaseificação, um no Rio de Janeiro (RJ) e outro em Pecém (CE). Com relação ao preço do gás no Brasil, a Petrobras segue política própria descasada dos preços internacionais do produto, ora praticando preços acima, ora abaixo dos principais mercados mundiais. Além de dominar a produção e o transporte de gás natural, a Petrobras horizontalizou suas atividades, detendo participação crescente em 21 das 27 concessionárias estaduais de distribuição de gás do país. Em maio de 2010, a Petrobras conseguiu entrar no mercado de São Paulo, ao levar 100% da Gás Brasiliano, distribuidora do interior do estado, do grupo italiano Eni. Na última década, a Petrobras partiu para uma integração gás-energia elétrica, investindo na construção de um parque gerador que garantisse segurança energética para suas operações, bem como a comercialização de energia elétrica. Em 2004, Petrobras deu início a aquisição de uma série de usinas termoelétricas. Segundo a direção da empresa da época, as aquisições visavam terminar com contratos assinados durante o governo FHC, que impunham custos e prejuízos elevados à Petrobras. Hoje ocorrerá em Brasília reunião do setor de bebidas frias com a Secretaria da Receita Federal, no Ministério da Fazenda, para tratar da correção dos valores do IPI, PIS e Cofins. Nada mais justa e democrática a discussão sobre os valores a serem corrigidos com base no preço de venda no mercado. O que não podemos aceitar é que a água mineral natural continue sendo considerada uma bebida fria, ou seja, comparada às cervejas, aos refrigerantes e energéticos. Para quem não se lembra, até 1988 o único tributo incidente sobre o principal alimento do ser humano era o Imposto Único Sobre Minerais (IUM) e não passava de 6%. Hoje, quando qualquer um de nós consome um copo de água mineral, e se a empresa que o envasa estiver no regime de tributação pelo Lucro Presumido, a formação do preço final para venda tem os seguintes impostos e contribuições: CFEM, PIS, Cofins, ICMS, ICMS substituto, CSSL, IRPJ e INSS. Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, o valor total dos encargos e tributos sobre a água mineral é de 42,5%. Os defensores da política tributária atual justificam que, em razão do sistema Simples Nacional, esses dados não estão corretos. Não estão corretos porque esquecem que a todos os setores produtivos, inclusive o da água mineral, que estão sujeitos a parte da substituição tributária, não lhes é permitido o benefício Simples Nacional. Ao fim e ao cabo, as excessivas políticas macroeconômicas do Banco Central podem acabar esfriando o crescimento econômico Uma alta taxa de juros também não favorece o Brasil em sua disputa contra Estados Unidos e China para que as potências encerrem a guerra cambial que têm prejudicado as economias emergentes. É ilógico que os pressionemos a deixar de desvalorizar artificialmente suas moedas se nós mesmos não estamos nos esforçando para impedir a desvalorização do Real com os mecanismos que temos sob nosso controle. Ao fim e ao cabo, as excessivas políticas macroprudenciais do Banco Central podem acabar esfriando o crescimento econômico, nos fazendo regredir a uma expectativa de crescer apenas 3,5% em 2011 — o sonho dos setores ortodoxos e do tucanato, afeitos à estagnação, mas absolutamente fora da realidade de um país que tem plena condição de crescer 5%. O que cria uma nova e perturbadora “incerteza”: talvez não consigamos retomar o ritmo anterior de desenvolvimento depois que passar o alarmismo por conta da inflação. O governo tem demonstrado um empenho extraordinário para impedir que o ciclo de crescimento econômico sustentado da era Lula seja interrompido, especialmente pelo planejamento de um ajuste fiscal que não atinja recursos dos programas sociais e das obras de infraestrutura. A presidente Dilma e sua equipe seguem trabalhando com cenários de crescimento na casa dos 5%, com ainda mais incentivos à geração de empregos. É lamentável, porém, que essa iniciativa do governo tenha de enfrentar maiores obstáculos por conta das “incertezas” do Copom. Já é tempo de abandonarmos o pensamento pequeno de que a taxa de juros é a única arma para controlar a inflação, ainda mais com um gatilho tão sensível, que dispara até quando talvez seja de pouca (ou nenhuma) valia. ■ A estatal se impõe como um monopsônio, por ser a única opção de venda de gás natural pelos demais concessionários Especializando-se, principalmente, em termoelétricas abastecidas por sua produção própria de derivados de petróleo e, especialmente, de gás natural, a Petrobras, com capacidade instalada própria de mais de 5.500 MW em 2010, já ocupa a oitava colocação entre os maiores geradores de energia elétrica do país. O movimento de transformação da Petrobras numa empresa de energia, integrando negócios de eletricidade, petróleo e gás natural, assemelha-se ao adotado por outras grandes empresas do setor petrolífero. O que preocupa é verificar que este movimento não está sendo acompanhado pelo aperfeiçoamento das instituições responsáveis pela regulação e defesa da concorrência, o que acaba transformando a empresa em um monopólio desregulado. ■ A reforma tributária é mais que urgente, mas no caso da água mineral de consumo domiciliar é uma questão de saúde pública Num país onde o saneamento básico está longe de ser adequado — mais da metade da população não dispõe sequer de redes para coleta de esgoto e 80% dos resíduos gerados são lançados diretamente nos rios, sem nenhum tipo de tratamento —, a água mineral é a única opção segura de consumo saudável. O governo do México há muito tempo percebeu como é importante essa relação entre os envasadores de água mineral, os diferentes níveis de governo e o consumidor final, criando uma carga tributária diferenciada, tributos com alíquota zero, para as embalagens de água mineral de consumo domiciliar de 5 a 20 litros. Garantindo, assim, o acesso da população a um produto de qualidade a um custo mais barato. Por que não aproveitar a reunião desta quintafeira para que seja definido, junto com os governos estaduais (todos os estados da federação) e federal, que a água mineral natural no Brasil (apenas nas embalagens de 5 a 20 litros) seja enquadrada como parte dos produtos da cesta básica, que têm como alíquota de ICMS 7% e faça parte dos mesmos valores de contribuições do PIS/Cofins dos iogurtes? Será que os iogurtes são mais importantes que a água mineral? A necessidade de uma reforma tributária é mais que urgente, mas no caso da água mineral de consumo domiciliar é uma questão de saúde pública. É poder oferecer ao povo brasileiro um produto saudável, essencial à vida a um preço acessível a todas as famílias. ■ Quinta-feira, 17 de março, 2011 Brasil Econômico 11 Museu Nacional O maior dinossauro carnívoro do Brasil Cientistas apresentaram ontem no Rio os restos fósseis do “Oxalaia quilombensis” nova espécie do espinossaurídeos, considerado o maior de todos os dinossauros carnívoros que habitou o país. O animal pesava entre cinco e sete toneladas, sua altura oscilava entre 12 e os 14 metros, e teria habitado o litoral do Maranhão há 95 milhões de anos. O nome científico “Oxalaia quilombensis” é uma homenagem à divindade africana Oxalá e aos os refúgios dos negros fugidos na período da escravidão. Dmitry Kostyukov/AFP COSMONAUTAS DA SOYUZ TMA-M ATERRISSAM EM SEGURANÇA NO CAZAQUISTÃO A cápsula da nave Soyuz TMA-M, com os russos Aleksandr Kareli e Oleg Skrípochka e o americano Scott Kelly a bordo, aterrissou ontem sem contratempos nas estepes geladas do Cazaquistão, segundo declarou o Centro do Controle de Voos (CCVE) da Rússia. A nave aterrissou, como previsto, dezenas de quilômetros ao norte da cidade cazaque de Arkalyk. “Segundo o boletim do comandante da nave, o estado de saúde dos tripulantes é bom”, informou a agência russa “Interfax”. Os cosmonautas retornaram à Terra após uma missão de 159 dias a bordo da Estação Espacial Internacional. A aterrissagem da TMA-M, primeiro exemplar desta nova nave russa, era aguardada com expectativa, pois seus sistemas de comando são digitais, ao contrário das Soyuz anteriores. ENTREVISTA FLÁVIO GURGEL ROCHA Presidente da Riachuelo Riachuelo quer se tornar a Zara brasileira Rede varejista de vestuário traça estratégia para expandir participação de 1,2% para 15% Françoise Terzian presas internacionais que detêm entre 15% e 20% do mercado lá fora, a exemplo da Zara”, afirma Flávio Gurgel Rocha, presidente da companhia. [email protected] A Riachuelo, uma das três maiores varejistas de moda do país em número de lojas, não está satisfeita com a participação de 1,2% que tem no mercado brasileiro de nove bilhões de peças de roupa por ano. “Minha meta é ser como grandes em- Como a Riachuelo pretende elevar sua participação no mercado de vestuário? A partir do crescimento orgânico. Há um amplo espaço para nós crescermos, assim como nossos concorrentes (caso da C&A e Renner). O aumento da renda inseriu 40 milhões de ha- Evandro Monteiro “Investiremos R$ 100 milhões em marketing neste ano, o que inclui a linha da estilista Cris Barros” bitantes nas classes C e D e, com a otimização do crediário, conseguiremos chegar a mais consumidores. Também vamos elevar o número de lojas das 124 atuais para 150 até o final do ano e 180 até dezembro de 2012. O aumento da taxa básica de juros vai encarecer o crediário? Até o momento não mexemos no nosso sistema de crediário. Realizamos vendas em até cinco vezes sem juros e em oito parcelas com juros para os 18 milhões de consumidores que utilizam o nosso cartão. Se a Selic subir dois ou três pontos será complicado segurar o aumento. Como andam as vendas para o Norte e Nordeste? Embora nossa participação do Rio de Janeiro para cima seja pequena no outono/inverno, o Norte e Nordeste respondem por 30% da receita bruta (R$ 3,1 bilhões em 2009), com bom crescimento em 2010. Vamos para o Acre no segundo semestre. ■ 12 Brasil Econômico Quinta-feira, 17 de março, 2011 BRASIL ENTREVISTA PETER MANDELSON Presidente do Instituto Policy Network e ex-ministro britânico “Existe um clima de pânico em relação à China” Ex-comissário da União Europeia para o comércio, o trabalhista britânico diz que mundo se arrependerá se não concluir Doha Juliana Rangel [email protected] Um dos idealizadores do Novo Partido Trabalhista Britânico, com um discurso baseado na pouca intervenção estatal, controle da inflação e responsabilidade fiscal, Peter Mandelson nega que a crise global tenha dado um fim à chamada “Terceira Via”. No Brasil para o projeto Foresight, que discute o papel dos países em um mundo multipolar, ele critica as práticas comerciais da China e diz que a Rodada de Doha precisa ser levada adiante. O senhor afirma que desde que chegou ao Brasil no domingo “tem visto um clima de pânico” em relação à China. Por quê? É um sentimento de que a China não está comandando sua economia dentro de regras comerciais convencionais. O sistema bancário subsidia a indústria e reduz artificialmente seu custo de produção. Outros países emergentes, como o Brasil, não têm esses privilégios e a preocupação é que esses países estão em desvantagem. Também existem intervenções do governo no Brasil e da Europa, mas não como na China, que se vale de práticas não comerciais. A presidente Dilma Rousseff está indo visitar a China. Há como melhorar as relações comerciais, apesar do câmbio chinês desvalorizado? O Brasil vive um paradoxo. Ao mesmo tempo em que a China é seu maior comprador, é também seu maior rival no comércio exterior. E há uma preocupação adicional aqui porque a exportação de commodities está fazendo com que o real fique valorizado, o que torna o país ainda menos competitivo. Eu não acho que vocês deveriam definir suas relações comerciais “ O sistema bancário (da China) subsidia a indústria e reduz artificialmente seu custo de produção. Outros países emergentes, como o Brasil, não têm esses privilégios e a preocupação é que esses países estão em desvantagem Se Doha falhar, haverá o aumento do protecionismo, a OMC vai ser enfraquecida e isso terá repercussões não apenas no comércio internacional, mas em outros temas importantes, como as mudanças climáticas com base em uma valorização temporária da moeda. A preocupação é que existe uma fraqueza estrutural e a sobrevalorização do real acaba fazendo com que o país compense sua desvantagem de outras formas. A indústria nacional pede a interferência do governo no câmbio. Essa é uma solução? A política monetária é dada pelo Banco Central e apoiada pelo governo. Mas talvez o governo tenha que considerar caminhos de aliviar a moeda, com as condições monetárias melhorando suas políticas fiscais. Não quero me alongar porque esse é assunto do governo brasileiro. O senhor vê chances da Rodada de Doha ser concluída? Se isso não ocorrer, os países vão se arrepender. Pela primeira vez há uma oportunidade de se reestruturar o comércio de produtos agrícolas, além de reduzir e disciplinar subsídios dados por países europeus e EUA. O Brasil é um grande exportador, mas precisa de mercados e poderá usar as vantagem dessa abertura para vender serviços e manufaturados e ser uma economia global. Se Doha falhar, haverá o aumento do protecionismo, a OMC vai ser enfraquecida e isso terá repercussões não apenas no comércio internacional mas em outros temas importantes, como as mudanças climáticas. Quando o senhor fundou o Novo Partido Trabalhista, em 1996, as principais bases eram responsabilidade fiscal, controle de inflação e menor intervenção do Estado. A crise global representou o fim da Terceira Via? Não acho que a crise tenha destruído a base de pensamento do Novo Partido Trabalhista. Pode existir uma combinação de oportunidades econômicas e Para Mandelson, bancos não deveriam ser punidos por seu papel na crise global responsabilidade fiscal de um lado com justiça social do outro. Não podemos ter justiça social sem confiança na economia. A crise financeira, os problemas dos bancos e a recessão tiveram que ser combatidos com o aumento dos investimentos do estado e isso teve um custo para as finanças. Mas os governos precisam lidar com o déficit de maneira que não prejudiquem a recuperação econômica. É aí que estão as diferenças de visão. O desemprego na Inglaterra chegou a 8%, a maior taxa em 17 anos. Como o atual governo está lidando com isso? De maneira geral, o Reino Unido está fazendo o certo. Mas dis- cordo com algumas ações do governo. Eles estão sendo muito rápidos em retirar estímulos para inovação, empresas, capacitação e medidas que podem ajudar no crescimento futuro da economia. Se você limita investimentos públicos, coloca um teto para o crescimento futuro. Eles deveriam ser mais cuidadosos e sofisticados. Durante a crise se falou muito do aumento da regulação do sistema financeiro. Mas não há mudanças efetivas. Por quê? Existe um clima regulatório muito diferente e há uma comissão independente (no Reino Unido) para observar os bancos Precisamos de uma re- Quinta-feira, 17 de março, 2011 Brasil Econômico 13 Antônio Cruz/ABr Lobão não descarta reajuste da gasolina “A Petrobras pode ter interesse, mas o governo, com certeza, não tem.” Foi com essa frase que o ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, comentou novamente ontem a possibilidade de um reajuste do preço da gasolina. Lobão disse que a manutenção do preço do petróleo em torno de US$ 110 o barril ainda não justifica um aumento, mas admitiu que caso o barril no mercado internacional chegue a um “nível elevadíssimo” o preço pode subir. “Vamos segurar até onde for suportável”, disse Lobão. AGENDA DO DIA ● Senado debate texto da reforma política que trata do dim da reeleição e o voto facultativo. ● Serasa divulga pesquisa sobre a demanda por crédito nas empresas no mês de fevereiro. ● A Fipe apresenta o IPC da segunda semana de março. Murillo Constantino Perfil De coordenador de campanha eleitoral a Lorde inglês Um dos responsáveis pela campanha do Novo Partido Trabalhista inglês na década de 1990, Peter Mandelson foi um dos principais defensores do discurso da “Terceira Via”, baseado em menor intervenção do estado, controle da inflação e responsabilidade fiscal. Foi um dos articuladores da vitória do ex-premiê do Reino Unido Tony Blair na campanha de 1997 e participou do governo como ministro de estado. Sua carreira foi acompanhada de vários escândalos. Ainda no primeiro ano de mandato como ministro de Indústria e Comércio teve que abrir mão do cargo por ter “esquecido” de declarar empréstimos públicos para a compra de sua casa. Depois, voltou ao governo como Secretário para a Irlanda do Norte, mas deixou o cargo em meio a denúncias de ter ajudado a conceder cidadania britânica ao os bilionários indianos irmãos Hinduja, depois que eles doaram US$ 1,5 milhão para a Cúpula do Milênio de Londres. Ele foi inocentado da acusação. Entre 2004 e 2008 foi Comissário de Comércio da União Europeia. Nesse mesmo ano voltou ao governo convidado por Gordon Brown, e em 2009, ganhou o título de Lorde. J.R. “ Existe o risco de que os bancos sejam colocados em uma camisa de força e impedidos de financiar e apoiar o crescimento futuro de que precisamos gulação, sim, mas também da atuação profissional das pessoas que gerenciam os bancos. Existe o risco de que eles sejam colocados em uma camisa de força e impedidos de financiar e apoiar o crescimento futuro de que precisamos. Algumas pessoas querem apenas criticá-los, culpá-los pelo que aconteceu. Minha visão é que eles cometeram erros e sua administração precisa ser melhorada, mas não podem ser punidos porque têm um papel importante na recuperação da economia. O presidente do BC inglês alertou para o aumento da inflação e uma nova crise causada pelos bancos... É papel do BC controlar a inflação e isso é difícil. Temos taxas baixas de juros, de forma a estimular a recuperação, mas talvez essa política tenha que ser revista. Acho que ele exagera quando fala da necessidade de se regular mais os bancos. Rodada de Doha está paralisada desde 2001 A crise no Japão afetará a recuperação global? Terá um impacto inicial, mas o governo vai enfrentar a catástrofe com um enorme programa de reconstrução que vai estimular a economia do Japão. Foi um desastre que custou muitas vidas, mas a economia vai sobreviver porque tem fundamentos importantes e será estimulada. ■ Lançada em 2001 para liberalizar o comércio global, a rodada de Doha, da Organização Mundial do Comércio, vem sendo arrastada pela divergência entre países. Nos últimos anos, países em desenvolvimento reivindicam maior espaço de seus produtos agrícolas na Europa e nos EUA. Eles, em contrapartida, querem abertura para seus bens industriais e serviços. ABERTURA COMERCIAL ✽ TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL/RJ ! !" !#$"!"%&'()* !" !+" ! ,# 14 Brasil Econômico Quinta-feira, 17 de março, 2011 BRASIL Divulgação LEGISLATIVO DEFESA DA CONCORRÊNCIA Comissão de Ética toma posse de olho em Jaqueline Roriz Indicação de Furlan para a presidência do Cade é aprovada pelo Senado O Conselho de Ética da Câmara elegeu ontem o deputado José Carlos Araújo (PDT-BA) como presidente. Os quinze membros do conselho terão mandato de dois anos. A primeira missão será apurar as denúncias contra a deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF), acusada de receber dinheiro de um esquema de pagamento de propinas em 2006, durante a campanha para deputada distrital. O plenário do Senado aprovou ontem a indicação de Fernando Furlan e Alessandro Octaviane Luis para os cargos de presidente e conselheiro do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), respectivamente. A indicação de Furlan foi feita pela presidente Dilma Rousseff. Ele já exerce interinamente a presidência do Cade e a previsão é que permaneça na liderança do órgão de defesa da concorrência até 18 de janeiro de 2012. Instituições privadas querem o vale-educação Segundo entidades, medida seria mais eficiente para o Prouni que concessão apenas de bolsas integrais, como defende o governo Regiane de Oliveira [email protected] As instituições de ensino privado não estão nada animadas com o plano do ministro da Educação, Fernando Haddad, de alterar o Programa Universidade para Todos (Prouni) para um modelo que ofereça somente bolsas integrais. Hoje o programa conta com bolsas integrais para estudantes com renda familiar de até um salário mínimo e meio (R$ 817,50) e bolsas parciais, de 50%, para os jovens com renda familiar de até três salários mínimos (R$ 1.635). “Não é uma medida desejável e não deve ajudar a aumentar o número de alunos. Só vai prejudicar aqueles que têm renda maior e condições de arcar com uma parte do valor do curso”, afirma Hermes Ferreira Figueiredo, presidente do Sindicatos das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp). Esta semana, Haddad defendeu a medida, dizendo que a maior parte das bolsas não ocupadas do Prouni são parciais. “Se todas fossem integrais, o preenchimento seria muito mais fácil. Quando o aluno se inscreve para meia bolsa, muitas vezes reluta em assumir aquele compromisso na hora da matrícula, porque ele é de baixa renda”, pontuou o ministro. De acordo com Figueiredo, há tempos governo e instituições privadas estudam formas de ampliar o programa, mas a saída não está na redução do valor da bolsa. “O Prouni tem vagas sobrando, assim como várias faculdades públicas. O problema não são as mensalidades. O que impede o acesso é o custo elevado com transporte, vestuário, material, alimentação, computador e com novos hábitos de consumo, como ir ao cinema”, afirma. “ O problema não são as mensalidades. O que impede o acesso é o custo elevado com transporte, vestuário, material, alimentação, computador e com novos hábitos de consumo, como ir ao cinema Hermes Ferreira Figueiredo, presidente do Semesp Figueiredo diz que uma forma de aumentar o programa de bolsas do governo é criar uma espécie de vale-educação, que suplementaria a bolsa e permitiria que o governo repassasse diretamente para os estudantes o valor do benefício, que poderia ser utilizado para pagar todas as despesas relativas ao ensino superior. “Se sairmos do patamar de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) para cerca de 7%, como pede o novo Plano Nacional de Educação (PNE), teremos uma margem enorme para ampliar as bolsas do governo sem mexer com a renúncia fiscal das instituições de ensino, que já está no limite”. Em troca da oferta de bolsas do programa, os estabelecimentos recebem isenção de tributos. Fórmula incerta REGULAÇÃO ✽ Para Semesp, setor precisa de agência O Semesp defende a criação de uma agência nacional de regulação do ensino superior, a exemplo do que acontece com a saúde. O primeiro passo já foi dado pelo Ministério da Educação com a criação de uma secretaria que regula os cursos superiores. “O crescimento do setor de educação nos últimos dez anos fez com que o MEC absorvesse mais responsabilidades do que sua estrutura pode suportar”, diz o Semesp. A agência assumiria o papel de regulação e o MEC seguiria mantenedor de escolas públicas. R.O. Elevar a taxa bruta de matrículas na educação superior para 50% e a taxa líquida para 33% da população de 18 a 24 anos, com qualidade, é uma das metas propostas pelo governo no PNE, que está parado no Congresso. Os meios de fazer isto, no entanto, não foram definidos. Figueiredo afirma que é um equívoco apostar na ampliação, sem critérios, das universidades. E diz que está na hora do governo aprender um pouco com o mercado privado de educação. “Há uma tendência em dizer que o ensino público é muito melhor, mas não temos nenhuma universidade pública no ranking das melhores do mundo.” Aliás, o executivo defende que deveria haver um enxugamento de universidades no país. “Deveríamos sair do número de 60, 70 universidades para apenas cinco, mas que guardem a excelência do ensino e da pesquisa. No demais, o governo deveria crescer com faculdades e centros universitários, como faz hoje o mercado particular, uma estratégia mais barata e que atende à demanda de expansão de vagas do mercado.” ■ Comissão de Educação é instalada na Câmara Os deputados ligados ao lobby da educação na Câmara dos Deputados ainda não chegaram a consenso para instalar a comissão especial que vai debater o PNE. Com duas semanas de atraso, a deputada Fátima Bezerra (PT-RN) foi eleita presidente da Comissão de Educação e Cultura (CEC) ontem. “Recebemos um indicativo que os membros da CEC terão lugar na comissão especial que vai debater o PNE. Mas o deputado Marco Mais (PT-RS), presidente da Câmara, ainda não tem uma posição oficial”, diz a deputada. Pedro Venceslau Quinta-feira, 17 de março, 2011 Brasil Econômico 15 Omar Freire/Imprensa MG PROGRAMAS SOCIAIS MINAS GERAIS Prefeituras precisam atualizar dados de 1,3 milhão de beneficiários do Bolsa Família Economia mineira cresce 11% em 2010 puxada pelas exportações de commodities Cerca de 1,3 milhão de beneficiários do Bolsa Família, programa de transferência de renda do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, precisam atualizar cadastros para continuar recebendo o subsídio. O pedido de atualização tem de ser feito pelas prefeituras até o dia 31 de outubro. A atualização inclui informações como mudança de endereço ou da renda e ou alteração de pessoas na família. A economia de Minas Gerais cresceu 10,9% em 2010 na comparação com 2009. Segundo o governador do estado, Antonio Anastasia, a forte expansão foi impulsionada pelo crescimento do emprego, da massa salarial e do crédito. Contribuiu também a pauta de exportações do estado, baseada em produtos siderúrgicos, das commodities agrícolas e do minério de ferro, que tiveram valorização no mercado internacional. Marcela Beltrão Ministro diz que medida será usada para privilegiar os laboratórios nacionais Ruy Barata Neto [email protected] O Ministério da Saúde está desenvolvendo regras específicas para as licitações no setor. O titular da pasta, Alexandre Padilha, disse ontem, em São Paulo, que deve adotar os procedimentos até o segundo semestre , tendo como base novas regras de compras governamentais que permitem direcionar compras do poder público para a indústria nacional. Na área da saúde, isso significa que medicamentos resultantes de inovação tecnológica nacional serão privilegiados pelo governo, ainda que tenham preços até 25% maiores quando comparados a seus concorrentes internacionais. A iniciativa faz parte de um conjunto de medidas que estão sendo tomadas pelo Ministério para tornar a indústria nacional de saúde mais competitiva e estimular empresas estrangeiras a produzir no país. “É necessário o entendimento de que a saúde não pode estar descolada da agenda de desenvolvimento do país”, diz Padilha. Fabio Rodrigues-Pozzebom/ABr Saúde terá regras específicas para licitações do setor Alexandre Padilha Ministro da Saúde “É necessário o entendimento de que a saúde não pode estar descolada da agenda de desenvolvimento do país” PPPs Segundo Padilha, existem atualmente acertos que abrem Parcerias Público-Privadas (PPPs) de laboratórios do governo com estrangeiros. Exemplo é o acordo para produção local do Tenofovir, medicamento importado, de alto custo, usado no tratamento da Aids que passará a ser produzido pela Fundação Ezequiel Dias (Funed), laboratório farmacêutico público do estado de Minas Gerais. O Ministro lembra que existem cerca de R$ 7 bilhões para financiar a produção de medicamentos no país por meio de PPPs, recursos disponibilizados com a ajuda do BNDES. Ele ainda considera ainda novas oportunidades que devem surgir em breve, como fim de 20 patentes de remédios, previsto para os próximos dois anos, que podem abrir espaço para produção pela indústria nacional. ■ Redução tributária Prouni ampliou o acesso dos jovens ao ensino universitário INVESTIMENTO 5% é o percentual do Produto Interno 7% é o percentual do PIB é o Bruto (PIB) que o governo brasileiro é obrigado a investir todos os anos em educação. Essa também é a média aplicada pelos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). percentual defendido pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, no Plano Nacional de Educação (PNE), que tramita no Congresso e que vai nortear os investimentos na área até 2020. O ministro afirmou ainda que o debate em torno da desoneração tributária dos medicamentos segue na pauta do Ministério. Padilha não descarta novas iniciativas que podem ser tomadas, a exemplo dos acordos com o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) que, no ano passado, permitiram a redução no preço de um medicamento fitoterápico por meio de redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) que incidia sobre as vendas do produto. O gerente executivo da Associação dos Laboratórios Nacionais (Alanac), Serafim Branco Neto, diz que a indústria brasileira perde para concorrentes internacionais “no quesito imposto”, já que sobre o preço de cada medicamento incide 37% de ta- xas. Dados da entidade apontam que o governo compra cerca de 20% de tudo o que é vendido pela indústria farmacêutica, o que representa algo em torno de R$ 7 bilhões. Deste total, 40% vem de fornecedores nacionais. Hoje, o déficit na balança comercial do setor de saúde chega a US$ 10 bilhões. Deste total, US$ 6,2 bilhões são apenas do setor farmacêutico, segundo dados da Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais (Alanac). O número cresce na medida em que a política de acesso aos serviços públicos de saúde é ampliada. Em função do preço mais competitivo, o governo acaba comprando insumos de fabricantes internacionais para dar suporte a suas iniciativas no segmento. 72% dos brasileiros reprovam volta da CPMF Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), feita em parceria com o Ibope, mostra que dois em cada três brasileiros acreditam que não é necessário aumentar os impostos para melhorar os serviços de saúde. O levantamento mostra também que 72% da população reprova a volta da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) para financiar o setor. Na avaliação da CNI, a maioria dos brasileiros entende que o governo já arrecada muito e não precisa aumentar as alíquotas para oferecer novos serviços ou aumentar sua qualidade. ABr 16 Brasil Econômico Quinta-feira, 17 de março, 2011 BRASIL Marcela Beltrão MICROCRÉDITO COMÉRCIO EXTERIOR BNDES eleva para R$ 450 milhões volume de recursos para microempreendedores Região Sudeste foi a que mais exportou no mês de fevereiro, puxada por São Paulo O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) elevou a dotação do seu programa de microcrédito de R$ 250 milhões para R$ 450 milhões — o prazo é até dezembro de 2012. O objetivo é promover a economia popular por meio da oferta de recursos a pessoas físicas e jurídicas empreendedoras de atividades de pequeno porte que tenham receita bruta anual igual ou inferior a R$ 240 mil. A região Sudeste foi a que mais exportou em fevereiro, segundo dados divulgado ontem pelo governo federal. O volume somou US$ 10 bilhões, alta de 42,33% em relação ao mesmo mês de 2010. São Paulo liderou as vendas externas com US$ 4,116 bilhões, seguido por Minas Gerais (US$ 2,687 bilhões) e Rio de Janeiro (US$ 2,101 bilhão). As exportações do Espírito Santo totalizaram US$ 1,174 bilhão. Economia aquecida levanta dúvidas sobre desaceleração Índice divulgado ontem pelo Banco Central mostra que previsão de expansão menor pode estar superestimada Antonio Milena Eva Rodrigues [email protected] O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) registrou alta de 0,71% em janeiro na comparação com dezembro. Essa é a maior taxa em nove meses e alimenta dúvidas em torno do real grau de desaceleração da economia brasileira. Em relação a janeiro de 2010 a alta é de 4,58% e em 12 meses o crescimento chega a 7,38% — números com ajuste sazonal. Nesta semana, outros indicadores sinalizaram para uma economia mais aquecida do que o que estimado — ou acima do que o Banco Central espera, tendo em vista as pressões inflacionárias. A Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada na terça-feira (15) pelo IBGE, mostrou alta de 1,2% nas vendas em janeiro, o maior patamar de crescimento em cinco meses. Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) também vieram otimistas. A criação de empregos com carteira assinada foi recorde para o mês de fevereiro, com 280,8 mil vagas — destaque para o setor de serviços que gerou 134,3 mil novos postos e que também tem sido um dos que mais pressiona a inflação. E, diante desses números, o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, manteve a estimativa de geração de 3 milhões de empregos formais neste ano. Olhando para a frente A economista-chefe da Rosenberg & Associados, Thaís Zara, projeta que o PIB do primeiro trimestre deste ano cresça 1%. “Mesmo com a produção industrial estável, vemos que a economia continua bem e que o setor de serviços tem um papel fundamental nisso”, diz. E mesmo a estagnação na indústria pode se reverter em crescimento em fevereiro, pondera o economista do Espírito Santo Investment Bank, Flávio Serrano. “Os números da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e da Associação Brasileira de Papelão Ondulado (ABPO) sinalizam melhora”, diz. O IBC-Br, divulgado mensalmente pelo Banco Central, pode ser considerado uma antecipação do PIB, que é trimestral. O indicador do BC, medido desde janeiro de 2009, passou a ser divulgado em março do ano passado Taxa de juros Na última ata do Copom o Banco Central sinalizou para um ciclo menor de aperto monetário e que pode lançar mão de novas medidas macroprudenciais para desaquecer a economia. “Essas medidas terão que ser suficientemente fortes para trazer a inflação para a meta em 2012”, observa Thaís Zara. No boletim Focus desta semana, os economistas voltaram a projetar a inflação em alta. A estimativa do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) saiu de 5,78% para 5,82% — o índice baliza a meta de inflação do governo, que é de 4,5%. Para Serrano, o ceticismo do mercado em relação à inflação embute o fator incerteza. “O cenário internacional está muito instável, o aquecimento da economia continua forte internamente e a ajuda efetiva do governo no lado fiscal é pouco clara. Ou seja, há um componente de incerteza muito grande em todas essas premissas.” ■ Consumo em alta pressiona inflação, mas mantém economia aquecida RISCO-JAPÃO Crise japonesa pode afetar perspectivas de inflação no Brasil A crise japonesa pode afetar a perspectiva de inflação no Brasil e as decisões de política monetária, alertam os economistas do Itaú Unibanco em relatório divulgado ontem. Os principais motivos são o efeito das exportações na atividade econômica e a influência dos preços das commodities nos índices de inflação do país. ”Desde que não haja contaminação de outras economias asiáticas, em especial China, o risco para o comércio exterior brasileiro é menor”, diz o banco em relatório. Há ainda a possibilidade de queda nos preços das commodities no curto prazo, o que afetaria as exportações brasileiras. Ou seja, a atividade econômica pode ser impactada pela via do comércio exterior ou das expectativas. “Desta vez não há (ou parece haver) risco financeiro sistêmico, o epicentro da crise é menos relevante ao Brasil e a economia brasileira está menos exposta à alavancagem financeira”, aponta o banco, alertando mesmo assim para a possibilidade de uma maior aversão ao risco no cenário internacional. E.R. Quinta-feira, 17 de março, 2011 Brasil Econômico 17 18 Brasil Econômico Quinta-feira, 17 de março, 2011 INOVAÇÃO & SUSTENTABILIDADE SEXTA-FEIRA SEGUNDA-FEIRA TECNOLOGIA EDUCAÇÃO Indústrias de vidro se unem pela Abividro quer criar agência para coordenar a logística reversa do material, a exemplo do que ocorre em outros países MATÉRIA-PRIMA É TOTALMENTE APROVEITADA PELOS FABRICANTES Martha San Juan França [email protected] Reciclagem é uma palavra bemvinda na indústria do vidro. Estima-se que 47% do material jogado fora é reaproveitado, algo em torno de 500 mil toneladas por ano. Poderia ser muito mais. Grandes fabricantes, como a Owens-Illinois e a Saint -Gobain, utilizam os cacos na composição da maioria de seus produtos. Especializada em serviços de vidros automotivos, a Autoglass também tem nesse material reciclado uma fonte importante de seus produtos. Agora, a Abividro, associação que reúne os fabricantes, quer criar uma agência gerenciadora do processo de reciclagem para coordenar a logística reversa desse material. A proposta, que segue a orientação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, foi levada à Associação Brasileira de Embalagens, à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e a outras entidades, uma vez que envolve um leque enorme de segmentos industriais. Significa a criação de uma instituição, nos moldes do que existe na Alemanha, que teria entre suas atribuições a coordenação do serviço envolvendo prefeituras, cooperativas de catadores e beneficiadoras, além da operação de compra e venda do vidro reciclável. Aumento do índice “Hoje temos três tipos de reciclagem, que englobam o vidro automotivo, plano e de embalagem”, diz o superintendente da Abividro, Lucien Belmonte. “Para o reaproveitamento desses materiais, existem cadeias que funcionam de uma forma não organizada. Se trabalharmos em conjunto, teremos ganhos de produtividade, preço e escala que serviriam para aumentar os índices de reciclagem.” Segundo Belmonte, a estimativa é que, após quatro anos de sua instalação, a gerenciadora de reciclagem fará com que o aproveitamento passe a ser de 50%. Em termos financeiros, equivale a passar dos atuais R$ 60 milhões movimentados por ano pelo setor para R$ 120 milhões anuais. Mas se houver uma adesão total dos envasadores e mu- nicípios, é possível que esse valor quase dobre. Parte da indústria vidreira já faz a reciclagem por conta própria. “Não se trata de um processo paralelo ao ciclo natural de produção industrial do vidro, a reciclagem faz parte do ciclo”, diz Ricardo Leonel Vieira, diretor de marketing e vendas da Owens-Illinois do Brasil. “Os cacos entram na composição da mistura como matéria-prima da mesma forma que a areia, barrilha, feldspato. Só não utilizamos mais porque ele é difícil de obter.” A Divulgação Lucien Belmonte Superintendente da Abividro “Se trabalharmos em conjunto, teremos ganho de produtividade, preço e escala, que serviriam para aumentar os índices de reciclagem” O-I do Brasil utiliza 150 mil toneladas de caco por ano no seu processo produtivo. Algumas das fábricas da Verallia, o setor de fabricação de embalagens do Grupo SaintGobain, trabalham com 80% do vidro reciclado. “Com um quilo de cacos de vidro pode-se fazer um quilo de vidro novo”, afirma Wagner Sabatini, chefe de desenvolvimento de reciclagem da empresa. “Além da economia de energia, o processo diminui o uso de outras matérias-primas na produção e contribui para reduzir o volume de lixo.” A Verallia recicla cerca de 100 mil toneladas de vidro por ano, não só de sua própria fabricação, mas de outras indústrias que levam até as suas instalações o vidro de suas embalagens. “Trabalhamos junto às cooperativas em vários estados e profissionalizamos o pessoal para lidar em segurança com o vidro”, diz Sabatini. Ele acredita que as cooperativas poderiam aproveitar muito mais material. “Estima-se que cada pessoa gere 3,5 quilos de vidro por mês”, diz. Tudo isso poderia ser reaproveitado.” ■ Quinta-feira, 17 de março, 2011 Brasil Econômico 19 TERÇA-FEIRA QUARTA-FEIRA EMPREENDEDORISMO GESTÃO FABRÍCIO HERNANDES reciclagem é gestor da Unidade de Negócios de Segurança, Meio Ambiente e Saúde Ocupacional da Keyassociados Fotos: Murillo Constantino Incentivo e cultura em tempos de mudança Cooperativas de catadores enviam todo tipo de vidro para a central da Verallia em São Paulo. Quando o volume é muito grande, o material já vem separado em cores. É obrigatório que ele seja então quebrado em milhares de cacos, um serviço que é feito manualmente. Nas cooperativas, os catadores já separam bicos, tampas metálicas e louças. A reciclagem não trabalha com lâmpadas nem tubos de TV. Também não utiliza garrafas inteiras. Um dos problemas enfrentados pela reciclagem é a concorrência dos falsificadores de produtos, que utilizam garrafas inteiras jogadas no lixo. OUTRAS FONTES Material automotivo também pode ser reutilizado Estudos feitos pela Autoglass mostram que do total de 1,5 milhão de pára-brisas quebrados dos carros, apenas 5% são reciclados. “A demanda é maior, mas ainda não existe a cultura de guardar o vidro automotivo para reciclagem”, afirma Kleber Carreira, diretor do Instituto Autoglass Socioambiental de Educação (Iase). A empresa coleta o vidro quebrado em suas 31 unidades e mais de 700 pontos de atendimento num total de 1.440 toneladas por ano e leva para ser reaproveitado na Massfix, em São Paulo. Ali, o material passa por um processo de beneficiamento para a retirada da tela de butiral, e depois os cacos são reaproveitados para a fabricação de novos vidros. A Massfix vende esse material e outros cacos para empresas que os utilizam em embalagens de bebidas, produtos alimentícios, medicamentos, perfumes, cosméticos; ou como matéria-prima de tinta brilhante para placas e marcação rodoviária. “Buscamos diversificar o mercado porque para cada tipo de vidro existe uma porcentagem de caco que pode ser usada”, diz a diretora da empresa, Juliana Schunck. Na Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela lei 12.305 e regulamentada pelo decreto 7.404, não foram impostas metas para a reciclagem de embalagens e outros itens, como lâmpadas e eletroeletrônicos, apenas procedimentos para o destino final desses materiais. No entanto, acredito que a definição de metas exigiria de fabricantes, assim como ocorre na Europa, a tomada de medidas de incentivo à reciclagem. Enquanto no Japão, nos Estados Unidos e na Europa a reciclagem de peças automotivas chega a 90%, no Brasil limita-se a 1,5%. Tal diferença tem por base a legislação desses países. No Japão, a Lei de Reciclagem de Automóveis prevê que, até 2015, 70% dos itens contidos em um automóvel serão recicláveis. Na União Europeia, a Lei de Reciclagem de Veículos (ELV em inglês) estipula um índice de 95%. Isso é explicado porque, como na Europa as próprias montadoras têm a responsabilidade de reciclar os automóveis que produzem, as fábricas são estimuladas cada vez mais a utilizar materiais que facilitem o processo de reaproveitamento. No Brasil, a logística reversa visa estabelecer a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos. A lei dispõe sobre a obrigatoriedade de estruturação e de implementação de sistema para as cadeias produtivas de agrotóxicos (resíduos e embalagem), pilhas e baterias, pneus, óleos lubrificantes (resíduos e embalagens); lâmpadas fluorescentes e produtos eletroeletrônicos e seus componentes. Para a sua implementação, o governo nomeou em fevereiro o Um dos grandes comitê orientador, composto pedesafios à los ministros do Meio Ambiente, da Saúde, do Desenvolvimento, implantação da Indústria e Comércio, da Agricullogística reversa tura, Pecuária e Abastecimento e é a sua relação da Fazenda. O papel desse comitê será de definir prioridades, bem com o sistema de como o de aprovar o cronograma gestão de resíduos, para o lançamento de editais e deponto vital terminar regras para o funcionamento do grupo técnico que atuapara o aumento rá em auxílio às orientações. O da reciclagem comitê também avaliará impactos socioeconômicos e revisará a necessidade dos pactos setoriais. Dessa forma, deverá elaborar uma proposta que vai definir o cronograma de logística reversa para outro conjunto de resíduos, que inclui as embalagens e os produtos que provoquem impacto ambiental e na saúde pública. Além das dificuldades de adaptação da logística aos negócios já estruturados e do compartilhamento dos custos dessa política, um dos grandes desafios à implantação da logística reversa é sua relação com o sistema de gestão municipal de resíduos, ponto vital para o aumento da reciclagem nos municípios: atualmente, apenas 900 dos 5.564 municípios brasileiros possuem algum tipo de coleta seletiva. Outro ponto vital para a implantação da PNRS é a consciência do consumidor, que “será obrigado a acondicionar adequadamente e de forma diferenciada os resíduos gerados e a disponibilizar adequadamente os resíduos reutilizáveis e recicláveis para coleta ou devolução”. Mais importante do que a destinação dos recursos para o setor é a consolidação de uma nova cultura em relação aos resíduos sólidos. Uma cultura, portanto, voltada à sustentabilidade social e ambiental, de forma a garantir qualidade de vida à sociedade. ■ 2ª Vara Cível - Juízo de Direito da 2.ª Vª da Comarca de Lençóis Paulista - Cartório do 2º Oficio - Edital Conhecimento Terceiros Alterações ao Plano de Recuperação Judicial apresentado por Frigol S.A. e Frigol Administração e Participações Ltda. Autos: 2010.005460-8 - ordem: 1.317/10. Mario Ramos dos Santos, MM. Juiz de Direito da 2.ª Vª Comarca Lençóis Paulista, na forma da Lei, Faz Saber, a todos, que as recuperandas apresentaram alterações ao plano de recuperação judicial, sendo determinada a publicação deste para os credores possam ter a necessária ciência dos termos do aditamento antes da realização das assembléias gerais de credores já designadas. Os credores poderão obter cópia das alterações ao plano de recuperação a ser submetido à deliberação da assembléia junto a seção cível do Cartório do 2º Oficio Judicial da Comarca de Lençóis Paulista, sito à Av. Pe Salústio Rodrigues Machado, 599, Jd Ubirama, CEP: 18.683-471, fone: 14-3264-4002 ou mediante consulta ao site www.frigol.com.br. A Assembléia Geral de Credores está designada em 1ª convocação para o próximo dia 23.03.2011, às 13h00; 2ª convocação para o próximo dia 31.03.2011, às 13h00. O edital convocando credores para a AGC disponível no DJE Caderno: Editais e Leilões, São Paulo, Ano IV, Edição 892, pág 163, 2ª Feira, 14.02.2011. E para que chegue o conhecimento de todos, expede-se o presente que será publicado no DJE e afixado no átrio. Lençóis Pta., SP, 14.03.2011 (a) DTS, subscrevi. (a) Juiz de Direito. 20 Brasil Econômico Quinta-feira, 17 de março, 2011 ENCONTRO DE CONTAS LURDETE ERTEL Ed. Jones/AFP Aperto nos cintos Está apertando ainda mais a disputa de companhias aéreas europeias por espaço no ninho do mercado brasileiro. Depois de meter as asas no terreno da portuguesa TAP e estrear voo ligando Madri ao Nordeste (Recife e Fortaleza), a empresa espanhola Iberia prepara a decolagem de nova operação em São Paulo. A partir de junho, a companhia oferecerá dois voos semanais e sem escalas entre Guarulhos e Barcelona, na Espanha. Só no primeiro ano, pretende transportar 50 mil passageiros na nova rota. Ainda neste ano, também a alemã Lufthansa reforça operações no Brasil, com a retomada de sua ligação entre Frankfurt e o Rio de Janeiro. Os voos, suspensos desde 2005, voltarão a decolar em outubro. Depois do filho, a nova política do “cachorro único” Crianças e mascotes são pivô do debate da hora na China. Enquanto o governo mandarim estuda abrandar a drástica lei do filho único, permitindo às famílias chinesas terem um segundo rebento, na metrópole de Xangai foi aprovada uma regra que limita o número de cães de cada “unidade familiar”. A política do “cachorro único” começa a valer na cidade a partir de 15 de maio, como forma de deter o avanço desordenado da população de peludos. Muitas famílias chinesas têm animais como forma de compensar a restrição imposta a crianças. E o número de mascotes vem crescendo junto com a renda da população. Xangai tem atualmente 200 mil cães cadastrados e outros 600 mil sem registro, estimam as autoridades. Quem descumprir a lei, receberá multa equivalente a US$ 152 e terá seu mascote recolhido. As famílias que, atualmente, têm mais de um peludo legalmente registrado poderão manter o animal. AFP Longa vida “Não posso crer em um uso da Justiça tão bárbaro e distante da realidade. Eu já tenho quase 75 anos e, apesar de ainda ser ‘animado’, 33 garotas em dois meses me parece ser demais até mesmo para um homem de 30 anos” O Brasil está na rota da expansão da gigante italiana IPI, uma das três maiores fabricantes de embalagem longa vida do mundo. O grupo com sede em Perúgia pretende instalar no país uma fábrica para produzir em torno de 200 milhões de pacotes por ano. O comando do grupo estacionou nesta semana no gabinete do governador do Mato Grosso do Sul para conversar sobre o empreendimento. O Estado é um dos possíveis endereços da fábrica. Trem de pouso ▲ Quem aterrissa em São Paulo na próxima semana é o presidente da Boeing, Shephard W. Hill. Acompanhado de cinco diretores da gigante americana, “Shep” fará escala em diversos encontros de negócios. Uma das conexões será um almoço no Consulado dos Estados Unidos. Um luxuoso Lamborghini Gallardo L140 foi destruído a marretadas nesta semana na China para marcar o Dia Mundial do Direito do Consumidor. A surra, à vista do público, foi encomendada pelo próprio proprietário do esportivo, enfurecido com as tentativas infrutíferas de conseguir resolver problemas mecânicos do carro na revenda oficial da marca. O Lamborghini foi comprado por € 200 mil. Silvio Berlusconi, primeiro-ministro da Itália, que será julgado em abril pelo envolvimento com 33 prostitutas de luxo em dois meses. Quinta-feira, 17 de março, 2011 Brasil Econômico 21 Fotos: divulgação MARCADO Recomendação de quilate Depois de figurar na hot list da badalada Condé Nast Traveler em 2010, o Hotel das Cataratas volta a despontar em uma seleta lista internacional. O empreendimento localizado dentro do Parque Nacional de Iguaçu (PR) é o único brasileiro na seleção do britânico Daily Telegraph, com os melhores hotéis do mundo. Administrado pelo grupo Orient-Express desde 2007, o endereço aparece em 25º lugar entre 50 hotéis. O grupo investiu R$ 57 milhões em modernização nos últimos dois anos. ● A Epic Aviation, escola americana de aviação, promove, dia 24, em São Paulo, um workshop para jovens interessados em seguir a carreira de piloto. O seminário será no Hotel Ibis Congonhas e a entrada é franca. [email protected] Fotos: Luciana Prezia Pouso mineiro O grupo hoteleiro de luxo Fasano oficializou seu check-in em Belo Horizonte (MG) nesta semana. O consórcio formado pela rede paulista e pela JHSF venceu a concorrência pela concessão da antiga sede do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg), na capital mineira. Fincado na Praça da Liberdade, uma das áreas mais nobres da cidade, o prédio dos anos 1960 é tombado pelo patrimônio histórico. Agora, será convertido em um hotel de luxo da bandeira Fasano, que deve abrir em 2013. Único candidato na licitação, o consórcio investirá R$ 46 milhões na reconfiguração do prédio, que poderá ser explorado por 35 anos. Sua bênção O publicitário brasileiro Celso Loducca vai acertar dois coelhos com uma só viagem à Turquia. Depois de presidir no país o júri do Festival de Publicidade The Cup, Loducca sentará à mesa com Paulo Coelho no jantar que o escritor oferecerá no sábado, em Istambul, em homenagem a seu padroeiro, São José. O evento, promovido desde 1987, neste ano será na Turquia. Lá, Coelho reunirá uma lista de convidados de apenas 120 pessoas do mundo todo. Vestindo a camiseta A Hering juntou no mesmo quadro a atriz Luana Piovani e o músico Carlinhos Brown para agitar a campanha de outono da marca brasileira. Recentemente em cartaz com a peça infantil O Soldadinho e a Bailarina e hoje apresentando o programa Superbonita, no canal GNT, Luana assumiu a pose de garota-propaganda da grife diante das lentes de Jacques Dequeker, vestindo peças da nova coleção. Já o multiartista Carlinhos Brown, além das fotos para a campanha, afinou parceria com a Hering. Ele desenhou uma camiseta a quatromãos com a marca, que vestiu os 200 ritmistas do “Arrastão do Carlinhos Brown”, que esse ano juntou a Timbalada e o Olodum e Ivete Sangalo na Quarta-feira de Cinzas em Salvador. GIRO RÁPIDO Última estrela O ator Reynaldo Gianecchini fechou o último dia de desfiles da 10ª edição do Coleções, do Mega Polo Moda. Passaram pelas passarelas Caio Castro, Ellen Jabour e Caroline Bittencourt, entre outras celebridades. Mais paulistana A Drogaria São Paulo vai abrir mais três lojas na Zona Sul da capital paulista. Com isso, a rede passa a funcionar em mais de 340 pontos na região. A empresa faturou R$ 2,3 bilhões no ano passado. Sem descanso Estética brasileira A Ortobom, maior fabricante de colchões do país, prepara a cama no mercado do Norte do país. A previsão é abrir mais 40 lojas na região até o final do ano. Hoje são 96 filiais. Anualmente, a Ortobom vende em torno de 128 mil unidades nos Estados do Norte. O cirurgião gaúcho Carlos Oscar Uebel ganhou a presidência da Isaps 1 International Society Of Aesthetic Plastic Surgery. A cerimônia de posse está marcada para setembro de 2012, na Suíça. Pole position Ícone dos pés A Converse comemora a boa atuação de sua linha Premium no Brasil e está preparando um evento especial para comemorar o sucesso do retorno do calçado preferido do ator James Dean ao mercado. Para celebrar a volta do modelo Jack Purcell®, a grife vai promover no dia 2 de abril a festa Jack Purcell in The Garden. O evento será no Clube Nacional, no Pacaembu, em São Paulo, com DJ set especial da stylist e DJ Lara Gerin. A moça desfilará seus hits prediletos dos anos 80 e 90. O Jack Purcell completou 75 anos e se tornou ícone fashion na década de 1950 quando caiu nas graças de Dean. Os ferraristas brasileiros de plantão já podem incluir mais um item de luxo em suas coleções. Acaba de chegar ao país o relógio Ferrari Jumbo com caixa de titânio. A peça, fabricada na Suíça, tem cronômetro de alta performance e foi inspirada no mundo das corridas. O mimo pode ser encontrado no Outlet Premium, em Itupeva (SP), por R$ 2.810. Com Karen Busic [email protected] 22 Brasil Econômico Quinta-feira, 17 de março, 2011 EMPRESAS Massey Ferguson e Valtra entram AGCO, dona das duas marcas, projeta receita de R$ 73,5 milhões com linha de produtos; meta é ter 25% do mercado Felipe Peroni [email protected] Com forte posicionamento no mercado de tratores e equipamentos agrícolas, a AGCO deve iniciar em maio a produção local de seu primeiro pulverizador, máquina que tem como função borrifar defensivos agrícolas na lavoura. Com o lançamento, pretende atingir R$ 73,5 milhões em vendas ainda este ano. O pulverizador será lançado nas duas marcas com as quais a AGCO atua no Brasil: Massey Ferguson e Valtra. As duas já detêm, respectivamente, o primeiro e o segundo lugar no mercado de tratores, que, somadas alcançam 55% de participação . Os pulverizadores serão de grande porte, com motor de 200 cavalos e tração nas quatro rodas. A inovação da máquina é possuir rodas flexíveis, de modo que os dois pneus ficam em contato com o solo mesmo em desníveis. O objetivo é dar mais facilidade frente a obstáculos no terreno e reduzir o número de manobras. “Queremos ter de 20% a 25% de participação em pulverizadores no Brasil nos próximos anos”, afirma André Müller Carioba, vice-presidente da AGCO na América do Sul. Com 21 anos de existência, a AGCO contou com uma estratégia agressiva de compras em escala mundial, totalizando 28 aquisições. Além das marcas Massey Ferguson e Valtra, antiga Valmert, no Brasil, a companhia detém as marcas Challenger, presente na Europa, e Fendt, com atuação nos Estados Unidos. No entanto, não basta adquirir as empresas. Após a compra, inicia o processo de unificação para cortar as ineficiências e ainda assim manter a identidade. “Até hoje, encontramos a cada dia uma oportunidade de eliminar sobreposições”, diz Carioba. Outra prioridade foi o lançamento de uma linha de implementos para ampliar a oferta de produtos, que no início contava apenas com tratores.“Os agricultores vão preferir, nos próximos anos, uma empresa que disponibilize um serviço único para toda a sua frota”. Apesar de manter operações separadas para cada marca, as “ Os agricultores vão preferir uma empresa que disponibilize um serviço único para toda a frota André Müller Carioba áreas de fabricação de peças, manutenção e serviços para agricultores são as mesmas para todos os produtos e levam a marca AGCO. Além disso, houve a unificação de toda a área administrativa das empresas. Outra área em que a empresa pretende expandir é a de colheitadeiras, onde detém 18% do mercado de equipamentos para grãos, onde mantém o seu foco e pretende ampliar suas operações neste setor. No entanto, já anunciou a esperada colheitadeira de cana, que será produzida no Brasil e tem lançamento marcado para o segundo semestre de 2012 e conta com quatro protótipos em teste. “É um produto que está faltando em nosso portfolio”, afirma Carioba. ■ EXPANSÃO VENDAS DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS, EM MIL UNIDADES 80 70 60 50 40 30 20 100 54,5 55,3 2008 2009 68,5 2010 PRODUÇÃO DE TRATORES, EM MIL UNIDADES 60 50 40 30 20 10 0 42 44,2 2008 2009 55,7 2010 PRODUÇÃO DE COLHEITADEIRAS, EM MIL UNIDADES 5 4 3 2 1 0 4,3 3,8 4,5 2008 2009 2010 Fonte: Anfavea DESEMPENHO Produção de grãos em alta deve garantir bons resultados neste ano Neste ano a AGCO não deve repetir o desempenho de 2010 — que foi o melhor já registrado para a indústria de maquinário agrícola. Ainda assim, a empresa espera manter bons resultados. O principal fator para isso é o preço das commodities. Os preços de grãos continuam próximos aos máximos históricos, e com a melhora na renda do produtor, aumenta o cacife para comprar equipamentos agrícolas. Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra de grãos deverá atingir novo recorde neste ano, com 154 milhões de toneladas. No entanto, os dois principais programas do governo para a compra de máquinas perdem o fôlego em 2011. As linhas do Programa de Sustentação de Investimento (PSI) para compras de máquinas agrícolas, antes com juros de 5,5%, serão prorrogadas até dezembro com juros mais altos, segundo informou o Ministério da Fazenda no início do mês. As taxas poderão chegar a 8,7%. “Não será algo catastrófico, mas haverá uma redução nos pedidos” calcula o vice-presidente da AGCO, André Müller Carioba. Já o Mais Alimentos, que impulsionou as vendas de tratores de menor porte no ano passado, tem menor fôlego. No programa, o Ministério de Desenvolvimento Agrário oferece a pequenos produtores um limite de crédito de R$ 130 mil para compra de tratores, que podem ser pagos em até dez anos, com até três anos de carência e juro de 2% ao ano. Entretanto, o programa já atingiu uma fatia expressiva dos pequenos agricultores. Nos primeiros dois meses do ano, as vendas de tratores da empresa chegaram a ser 10% menores em relação ao ano passado. Mas o volume de encomendas nas primeiras feiras agrícolas do ano foi avaliado como positivo pela companhia. “A queda ocorreu porque o ano passado foi o melhor da história. Tivemos um volume de pedidos saudável”. F.P. Quinta-feira, 17 de março, 2011 Brasil Econômico 23 Divulgação Viação Cometa investe R$ 65 mi na frota A companhia de transporte rodoviário vai adquirir 128 veículos zero quilometro neste ano. Os ônibus serão contratados com carroceria Marcopolo, leitos executivos, todos com ar-condicionado. Atualmente a Viação Cometa, que foi fundada em 1948, conta com uma frota de aproximadamente mil ônibus e transporta, em média, um milhão de passageiros por mês nos estados de São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Rio de Janeiro. na briga dos pulverizadores Murillo Constantino PARTICIPAÇÃO SAFRA 55% é quanto a fabricante informa 154 milhões de toneladas é o volume de deter do mercado brasileiro de tratores com as duas marcas que mantêm no mercado brasileiro, Massey Ferguson e Valtra. grãos que deve ser colhido neste ano, um novo recorde, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). André Müller Carioba, vice-presidente da AGCO na América do Sul: diversificação de portfólio Barreiras argentinas travam exportações AGCO estima que 500 máquinas estão em seus pátios esperando autorização de embarque A recente decisão do governo argentino de ampliar a lista de produtos que necessitam de licenças não automáticas para entrar no país é uma das principais preocupações da AGCO, que responde por 7 em cada 10 tratores exportados pelo Brasil. “Já era complicado exportar para a Argentina, agora com obs- táculos desse porte no Mercosul estamos mais longe que nunca de um mercado comum”, diz André Carioba, vice-presidente da AGCO, que já marcou reuniões com o governo argentino para tentar agilizar as licenças. As máquinas agrícolas já estavam na lista de produtos que necessitam de autorização antes de entrar no país. No entanto, a recente decisão de ampliar a burocracia de 400 para 600 produtos, tomada no dia 17 de fevereiro, retarda ainda mais a Vendas externas também estão sendo afetadas pelo real valorizado emissão das licenças. Enquanto aguardam a liberação, os tratores ficam parados no pátio das fábricas. A companhia estima que as máquinas esperando por autorização somem mais de 500 unidades. As vendas externas também estão sendo afetadas pelo real valorizado. “Com a pressão do câmbio não está fácil exportar”, afirma Fábio Piltcher, diretor de Marketing da AGCO no Brasil. Para driblar as dificuldades nas exportações, a empresa tenta aumentar a eficiência. No ano passado, a empresa realizou um investimento de R$ 25 milhões em sua unidade em Santa Rosa (RS). O aporte não tem como meta principal ampliar a capacidade produtiva. Com investimentos em sistemas mecanizados e tecnologia de pintura, o objetivo é aumentar a eficiência. “O investimento possibilita sim uma produção maior, mas isso é secundário. Temos que ficar é mais competitivos”, afirma Pilthcer. ■ F.P. 24 Brasil Econômico Quinta-feira, 17 de março, 2011 EMPRESAS Divulgação SIDERURGIA AUTOMOTIVO Usiminas fecha acordo de exclusividade com Fallgatter para distribuir aço no Sul do país Randon projeta faturamento de R$ 5,9 bi em autopeças e implementos agrícolas O contrato com a Fallgatter, especializada na distribuição de produtos siderúrgicos e na fabricação de peças, componentes e equipamentos para a indústria metalomecânica, adiciona à rede de distribuição da Usiminas uma capacidade de processamento da ordem de 50 mil toneladas de aço por ano. A rede de distribuição da siderúrgica tem uma capacidade para comercializar até 1,5 milhão de toneladas de aço por ano. A companhia trabalha com a perspectiva de obter uma receita líquida consolidada de R$ 3,9 bilhões, R$ 200 milhões acima de 2010. A companhia planeja realizar investimentos de R$ 270 milhões ao longo do ano. As projeções de exportações são de US$ 250 milhões, enquanto as importações deverão ficar em US$ 100 milhões. As informações são do diretor de Relações com Investidores, Astor Schmitt. Grupo Votorantim revê estrutura no negócio de cimento Companhia projeta novas fábricas e aposta em produtos complementares como argamassa, cal e calcário para agricultura Cláudia Bredarioli [email protected] Se há falta de mão de obra na construção civil, a intenção da Votorantim Cimentos é ganhar mercado com a oferta de produtos que facilitem os processos produtivos e reduzam o tempo de obra. Para isso, a companhia reorganiza sua divisão de produtos complementares — para apostar na ampliação das vendas de argamassa, e também de cal e calcário para a agricultura —, que será liderada agora por Marcelo Chamma, antes à frente da área de cimento. A previsão é inaugurar em breve uma nova fábrica de argamassa em Limeira, a primeira de uma série de outras que virão para ampliar a capacidade produtiva nesse segmento. A planta de Limeira terá capacidade de produção de 100 mil toneladas por ano. A expectativa da Votorantim é de aumentar ao menos em 50% a quantidade de unidades fabris dedicadas à produção de argamassa. Hoje há 13 fábricas da empresa no Brasil para este fim. “Vamos apostar com mais força nesse mercado que quase não é atendido no segmento básico (que corresponde ao reboco de construção) e ampliar nossos esforços em argamassa colante, cujos concorrentes adotam tecnologia de ponta e se apresentam em número cada vez maior no Brasil”, diz Marcelo Chamma. O mercado de argamassas é dividido em dois segmentos: o básico, estimado em 40 milhões de toneladas anuais, e a argamassa colante usada em revestimentos, estimado em 3,5 milhões de toneladas, mas com valor de mercado 3,5 vezes superior. A Votorantim é líder no segmento de básicos com a marca Matrix, com 70% do mercado, mas Chamma explica que a grande fatia a ser conquistada é a substituição do reboco feito na construção por esse “ O objetivo é termos capacidade ociosa para atender bem à demanda mesmo em períodos de pico produto. A Votomassa tem 30% do mercado colante e está posicionada na vice-liderança. Além de argamassa, os negócios complementares aos quais Chamma passa a se dedicar envolvem a fabricação de cal e de calcário para agricultura — este último também é um mercado liderado pela Votorantim no Brasil, com 70% de participação. Fred Fernandes, responsável pela área de Cimento na Votorantim ■ CIMENTO Previsão de aumento de produção neste ano é de 9 % ■ ARGAMASSA Participação da empresa no mercado básico é de 70 % Cimento Uma das dez maiores empresas globais de cimento, concreto e argamassas, a Votorantim trabalha para recuperar o fôlego depois de ter passado alguns meses se adequando à altíssima demanda brasileira, em um mercado que cresceu 14% no ano passado. Assim, em paralelo ao projeto de produtos complementares, continuam os investimentos em cimento, carro-chefe da companhia. Com previsão de aumento de venda, em volume de 9% para este ano, a Votorantim tem registrado o dobro de vendas do produto a granel (usado na construção pesada), ante o ensacado. A principal região com problema de fornecimento foi o Nordeste. Para suprir as encomendas, a companhia iniciou em maio do ano passado um processo contínuo de importação de cimento do Vietnã, que deverá ser interrompido com a inauguração, no mês que vem, de uma nova fábrica em Pernambuco. Outras oito novas fábricas saem do papel em várias regiões do Brasil até 2013, quando se completa o plano de investimento de R$ 5 bilhões que teve início em 2007. Com isso, a companhia deve atingir a produção de 42 milhões de toneladas de cimento até 2013, ante 32 milhões que produzem agora. “O objetivo é termos capacidade ociosa par conseguirmos atender bem a demanda mesmo em períodos de pico”, explica Fred Fernandes, o novo responsável pela área de Cimento na Votorantim. ■ Quinta-feira, 17 de março, 2011 Brasil Econômico 25 Fabrice Coffrini/AFP DANÇA DAS CADEIRAS ALIMENTOS Marca esportiva alemã vai mudar sua diretoria depois de 14 de abril Nestlé investirá R$ 163 milhões na produção de leite Ninho e Molico em Três Rios (RJ) A Puma anunciou que vai trocar de comando. O atual CEO Jochen Zeitz, que está no cargo há 18 anos, deixará o posto para o diretor de estratégia global, Franz Koch. Depois da reestruturação da companhia, Zeitz será diretor de sustentabilidade e de Sport & Lifestyle do Grupo PPR, holding francesa dona da Puma e de outras marcas de luxo como Gucci e Yves Saint Laurent. A nova unidade, que entrará em operação no segundo semestre do ano, deverá processar 200 mil litros de leite por dia. Será a 31ª fábrica da companhia no país. Segundo as projeções da companhia, 80% da produção da unidade de Três Rios será comercializada no próprio estado do Rio de Janeiro, e os 20% restantes serão destinados aos mercados de Minas Gerais e São Paulo. Murillo Constantino Cummins prevê alta de 9% na produção de motores neste ano América Latina representa 10% do faturamento global da companhia americana Henrique Manreza Michele Loureiro [email protected] A unidade brasileira da Cummins prevê aumento de 9,3% na produção de motores a diesel neste ano, alcançando 105 mil unidades. No ano passado, a companhia americana fabricou 96 mil motores, maior número desde sua chegada ao país há 40 anos. A multinacional encerrou 2010 com faturamento global de US$ 13,2 bilhões. Segundo o vice-presidente da Cummins para a América Latina, Luis Afonso Pasquotto, a região (que não incorpora os resultados do México) foi responsável por 10% deste montante. “O Brasil responde por cerca de 80% deste número e atua na produção de motores, geradores de energia e componentes.” Segundo Pasquotto, a América Latina é atualmente a região mais promissora para o crescimento da empresa no mundo. A expectativa é que o faturamento local passe dos US$ 1,3 bilhão (em 2010) para US$ 2,2 bilhões em 2014, um crescimento anual médio de 15%. Enquanto isso, a projeção mundial prevê faturamento de US$ 20 bilhões, o que representa alta de 13% ao ano até 2014. Como alavanca para o crescimento nacional, o executivo des- Luis Pasquotto Vice-presidente da Cummins na América Latina “Ainda é cedo para mensurar, mas com a limitação de transporte e energia das empresas japonesas, em decorrência dos desastres naturais, algumas unidades da Cummins podem ter seus resultados prejudicados” taca as novas legislações de controle de emissão de gases, que devem aumentar a venda de motores. A partir de 2012, os caminhões brasileiros terão de atender às normas do Euro V, que prevê a redução da emissão de gases poluentes. “Estamos trabalhando em motores que atendam as normas e acabamos de investir R$ 4,5 milhões em um laboratório de desenvolvimento de produtos no país, que exportará tecnologia para o mundo todo”, disse Pasquotto. Os investimentos globais da Cummins em tecnologia vão alcançar US$ 40 milhões neste ano. Segundo um levantamento da Cummins, a necessidade de melhorias na infraestrutura mundial deve demandar investimentos de US$ 35 trilhões nesta década. Para Pasquotto, o Brasil terá grande participação nesse montante, pois precisa atender as demandas da Copa do Mundo e Olimpíada. “Isto com certeza vai elevar nossos negócios.” Apesar das boas perspectivas, a recente devastação de parte do território japonês pode retardar o crescimento. A unidade brasileira importa apenas 1% dos seus componentes do país asiático e não deve sofrer grande impacto. Porém, as outras fábricas têm vínculos maiores. “Ainda é cedo para mensurar, mas com a limitação de transporte e energia das empresas japonesas, os reflexos não vão demorar para aparecer.” ■ VEÍCULOS DE LUXO Alemã BMW planeja montar carros no Brasil com peças estrangeiras Marcelo Chamma, diretor da Votorantim: meta é substituir reboco feito na obra por argamassa A alemã BMW estuda a possibilidade ter uma unidade em estilo CKD no país, montando carros a partir da importação de peças e com um índice de componentes locais entre 20% e 30%. “O Brasil é importante para o futuro da BMW, tanto para as vendas como para a produção”, sinalizou o diretor global da companhia, Ian Robertson. Apesar de a BMW ainda não ter batido o martelo na escolha do Brasil, o diretor de produção Frank-Peter Arndt afirmou que a companhia estuda a indústria brasileira de autopeças para checar se é viável produzir no país. “Para a BMW é importante pensar na América do Sul e, se decidirmos ter uma fábrica na região, o ideal é que ela seja na principal economia latinoamericana”, disse Ardnt, sem citar diretamente o Brasil. Mas o executivo reforçou com ênfase que instalar um CKD no Brasil “é possível”. O que está em jogo agora é chegar a uma equação atraente entre custo produtivo e manutenção de padrões de qualidade da marca. As vendas de carros e motos BMW cresceram 77% no Brasil em 2010. A montadora vendeu 8.166 carros, uma alta de 52%, a subsidiária Mini Cooper cresceu 68%, indo a 1.720 unidades e a Motorrad, divisão duas rodas, ampliou sua comercialização em 11%, com 3.507 motos comercializadas. Nivaldo Souza 26 Brasil Econômico Quinta-feira, 17 de março, 2011 EMPRESAS Antoine Antoniol/Bloomberg VIDEO TELEFONIA Companhia americana promete aos usuários assistir filmes no momento do lançamento Número de assinantes da Vivendi no Brasil cresce 50% ao ano A Zediva Inc, uma empresa iniciante dos Estados Unidos, lançou um serviço que permite aos usuários assistirem a filmes pela web no mesmo dia em que eles são lançados em DVD, evitando os atrasos exigidos pelos estúdios. A um custo de US$ 1,99 por aluguel, a Zediva é a mais recente companhia a rever o tradicional modelo de negócios de Hollywood, como Netflix, que cobra US$ 7,99 por mês por uma assinatura de streaming. O número de assinantes da GVT Holding SA, unidade brasileira da Vivendi SA, está crescendo a uma taxa de 50%, levando a um aumento da receita de 40%, disse Jean-Bernard Levy, presidente do grupo francês. Levy disse que a Vivendi planeja oferecer o serviço de TV por assinatura no Brasil até o final deste ano. No curto a médio prazos, a empresa não tem planos para serviços de telefonia móvel no mercado, disse o executivo. Mabe tira marcas da tomada e investe R$ 160 mi em novo perfil Fabio Nunes Companhia renovará 60% do seu portfólio e aposta na força da linha Continental para alavancar as vendas no Brasil Fábio Suzuki [email protected] O Grupo Mabe modifica sua atuação no país a partir deste ano para fazer frente às iniciativas agressivas da concorrência que vão apostar alto para atrair os consumidores brasileiros. A intenção da empresa de origem mexicana é aumentar em 11% neste ano o faturamento alcançado em 2010, que foi de R$ 1,9 bilhão. Além da briga tradicional com a americana Whirlpool e a sueca Electrolux, a companhia passa a competir também no Brasil com as coreanas LG e Samsung, que prometem entrar com força no mercado nacional a partir deste ano. Por conta desse grande movimento, a Mabe investirá até o final de 2011 o montante de R$ 160 milhões para mudar sua forma de atuação no país. A empresa vai reformular 60% de todo o seu portfólio e centralizar em apenas três marcas: GE, voltada para os públicos A e B; Continental, para as classes B e C; e Dako, abrangendo os consumidores C e D. O resultado dessa estratégia culmina no fim da produção nacional das marcas Mabe e Bosch, sendo que esta última continuará com um volume de produtos importado que corresponde à metade do que era produzido no país. Segundo a companhia, a iniciativa não alterará a estrutura fabril da empresa no país. “Ter muitas marcas no portfólio não é sinônimo de muitas vendas. O que importa é ter uma boa estratégia e o ideal para nossa atuação são três marcas”, afirma Luis Berrondo, presidente mundial do Grupo Mabe. Dentro da reformulação, a companhia lança 118 produtos que estarão no mercado até o Dia das Mães, no início de maio. Maior potencial Com essa mudança na atuação, o Grupo Mabe passa a apostar na marca Continental como o “ Ter muitas marcas no portfólio não é sinônimo de muitas vendas. O que importa é ter uma boa estratégia, e o ideal para nossa atuação são três marcas Luis Berrondo Luis Berrondo, presidente mundial do Grupo Mabe: R$ 70 milhões para ações de marketing seu carro-chefe no mercado brasileiro. A companhia renovará 70% do portfólio da Continental sendo mais de 60 itens lançados com destaque para a volta das lavadoras de roupa. Além dos produtos, a empresa passa a adotar uma nova assinatura para a marca: “Confiança para você renovar”. E com o fim da produção no Brasil das linhas Mabe e Bosch, que representavam 10% e 8% dos negócios da empresa, respectivamente, a Continental será a grande beneficiada pelo novo direcionamento da verba de marketing e desenvolvimento de produtos. “Os itens da Continental são os mais representativos para a empresa e têm o maior potencial de crescimento no mercado”, afirma Mauro Correia, diretor de marketing da Mabe. A atuação da marca estará centrada nas classes B e C, que representam 73% das vendas do segmento de linha branca no mercado brasileiro, segundo dados apresentados pela companhia, e a aposta é que a Continental responda por 40% do crescimento total pretendido para este ano. Apesar do novo posicionamento, a companhia lançará a nova campanha apenas no segundo semestre do ano em ações que serão criadas pela agência Fischer+Fala. Segundo Correia, a comunicação dos itens colocados no mercado neste semestre ficará restrita a peças nos pontos de venda. Do total investido pela Mabe no Brasil, R$ 70 milhões serão destinados para as ações de marketing da companhia. ■ JUNTO AO MERCADO PORTFÓLIO ESTRUTURA NO PAÍS US$ 560 mil é a verba destinada pela 270 itens de cinco linhas 7 é o número de unidades que Mabe para a realização de pesquisas com clientes e vendedores de linha branca para a produção de novos produtos. diferentes de produtos compõem todo o portfólio da companhia no Brasil. Ao longo do ano, serão 118 lançamentos. a Mabe mantém no país, sendo três fábricas e dois centros de distribuição, todos espalhados pelo interior de São Paulo. Quinta-feira, 17 de março, 2011 Brasil Econômico 27 28 Brasil Econômico Quinta-feira, 17 de março, 2011 EMPRESAS Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr TELECOMUNICAÇÕES EXPANSÃO Total de assinaturas de celular na América Latina será igual à população em março Governo revisa plano de banda larga para incluir Roraima e Amapá Até o fim do primeiro trimestre, o total de assinanturas de telefonia celular na América Latina será igual à população da região, segundo a consultoria Informa Telecoms & Media. Mas isso não significa que todos os latino-americanos terão o serviço, pois uma mesma pessoa pode ter mais de uma linha. A consultoria estima que ainda haverá 178 milhões de pessoas sem serviço de celular, o que representa 30% da população. O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse que o governo fará uma revisão do Plano Nacional de Banda Larga para incluir Roraima e Amapá nas áreas de cobertura do projeto. “Na época em que elaboramos tinham alguns estados que nós chegamos à conclusão que não teríamos condição técnica de incluí-los naquele momento”, disse Bernardo após participar de audiência da Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado. Claudio Santana/AFP Santander vai a campo para ganhar nas Américas Banco patrocina os torneios da Copa América e da Libertadores para exibir sua marca e ampliar negócios na região Fábio Suzuki Marcela Beltrão [email protected] O banco espanhol Santander aposta no esporte como principal pilar de uma estratégia de marketing voltada para reforçar a sua atuação na América do Sul. Concentrando os investimentos em ações ligadas ao futebol e ao automobilismo, a instituição financeira ataca mais uma vez nos gramados com o patrocínio da Copa América, torneio de seleções sul-americanas que ocorrerá em julho na Argentina. A iniciativa complementa a exposição do banco na Copa Libertadores, principal campeonato de clubes da região em que o Santander é o patrocinador oficial detendo o direito de nome da competição. O Santander explorará os campeonatos sulamericanos para exibir sua marca e gerar negócios, sempre com a comunicação “Juntos”, conceito atual do banco. Entre as iniciativas estão a publicidade nos estádios, peças na mídia e promoções com os clientes, além de aproveitar as partidas para realizar ações de relacionamento em espaços reservados. “O futebol nos ajuda a dar uma unidade para a marca na região e abre diversas oportunidades para a realização de ações de relacionamento com nossos clientes e parceiros”, afirma Fernando Martins, vice-presidente executivo de marketing da operação brasileira do Santander. Os investimentos no esporte estão diretamente integrados à estratégia da instituição financeira na América do Sul. Além da forte presença no mercado brasileiro, o banco afirma ser líder na Argentina, Uruguai e Colômbia, e atua também no Chile e Peru. Fernando Martins Vice-presidente do Santander “O peso do Brasil no conteúdo de nossa estratégia global é enorme. A intenção agora é integrar o Santander Brasil com a Espanha, pois há muitas sinergias para as relações entre os dois países” Banco espanhol investiu US$ 20 milhões na Copa Libertadores em 2010 “Não tenho dúvida que a Copa América deste ano vai pegar fogo”, diz Martins sobre o torneio que tem uma audiência média acima de 500 milhões de pessoas na América Latina. Interclubes Na Copa Libertadores, o Santander é o patrocinador master desde 2008, após assumir a posição que foi por anos da montadora japonesa Toyota. Seu contrato atual encerra-se em 2012, mas o banco confirma o interesse de renovar o acordo. “Queremos avançar e nos diferenciar nesse cenário esportivo”, comenta o executivo. O Santander não divulga o investimento na Copa Libertadores deste ano, mas a companhia investiu US$ 20 milhões na edição 2010 do torneio. Desde que adquiriu a cota master da competição, o retorno obtido foi cinco vezes maior do que o investido, segundo o banco. Novamente Pelé será o embaixador da companhia na competição. A primeira grande ação de marketing do Santander no esporte na região foi o patrocínio às principais estrelas da seleção brasileira que disputaria a Copa do Mundo de 2006, na Alemanha. “Ali o banco se lançou para o mercado brasileiro e depois partiu para a América do Sul”, lembra Martins. O time de patrocinados era formado por Roberto Carlos, Catu, Rubinho, Kafka, Ronaldinho Gaúcho e Ronaldo. A imagem gigante dos atletas ganhou a fachada das principais agências no país. Entrentanto, com o fiasco do Brasil no Mundial, as peças publicitárias tiveram que ser removidas da noite para o dia e geraram um grande desconforto no planejamento estratégico do banco no país. ■ NAS PISTAS Instituição mantém parceria com a escuderia Ferrari para ações no automobilismo até 2014 Além das jogadas no futebol, o Santander também coloca suas ações de marketing nas pistas de automobilismo. A companhia mantém desde o ano passado uma parceria com a escuderia italiana Ferrari para realizar iniciativas em conjunto até 2014. “A ideia é se atrelar a veículos que potencializam nossa marca junto ao grande público”, afirma Fernando Martins, do Santander. Segundo a companhia, no ano passado o retorno com investimento em patrocínios globais foi de € 300 milhões (cerca de R$ 700 milhões), valor que supera o investimento total do banco nos cinco anos de contrato com a Ferrari. Enquanto nos campos a aposta é na imagem de Pelé, nas pistas o banco patrocina o piloto espanhol Fernando Alonso e o brasileiro Felipe Massa. As ações do Santander com o automobilismo incluem promoções com os clientes nas corridas, exposições com carros e produtos da Fórmula 1 e viagens para visitar a fábrica da escuderia em Maranello, na Itália. O banco também conta com uma ampla estratégia de comunicação envolvendo o automobilismo, que vão desde peças na mídia digital a anúncios de oportunidade nas vitórias de seus pilotos. F.S. Quinta-feira, 17 de março, 2011 Brasil Econômico 29 Daniel Acker/Bloomberg MARKETING INTERNET Tim fecha patrocínio na camisa do Flamengo e lançará produtos licenciados com o clube Investidor do Facebook vê saída dos fundadores como alerta A marca da operadora de telefonia móvel será estampada no número da camisa do clube carioca, que conta com a principal estrela do futebol brasileiro no momento, o meia-atacante Ronaldinho Gaúcho. Além do uniforme de jogo, a Tim marca presença nas camisas de treino e em peças publicitárias no Centro de Treinamento do Flamengo. O contrato da companhia com o clube vai até o final de 2014. Yuri Milner, que investiu centenas de milhões de dólares no Facebook, Zynga e Groupon, afirmou que a saída de fundadores de companhias deveria ser considerada como um sinal para os investidores fazerem o mesmo. Milner, presidente-executivo da russa Digital Sky Technologies (DST), comprou participação de 2% no Facebook por US$ 200 milhões em 2009, algo que foi considerado exagero na época. Banco Itaú aposta em torneios de tênis e de futebol para reforçar marca Instituição financeira já patrocina a seleção brasileira e vai apoiar o Master Tour, que une amadores e ex-atletas Mariana Celle [email protected] O Itaú quer reforçar sua marca no Brasil e tornar-se referência de instituição financeira na América Latina. Um dos caminhos seguidos pelo banco é o patrocínio ao esporte, a exemplo do que também faz o espanhol Santander. O Itaú divulgou ontem seu apoio ao Masters Tour, torneio de tênis disputado em duplas que permite aos amadores jogarem com exatletas. “Nossa marca estará em camisetas, quadras e outros materiais de divulgação”, diz Fernando Chacon, diretor de marketing do Itaú. O apoio ao tênis havia acontecido anteriormente, nas décadas de 1970 e 1980, e foi retomado em 2009 com a Copa Escolar e Universitária de Tênis e a Copa Itaú de Tênis. Outras competições que acontecem no Brasil, como o Santos Brasil Tennis Open e o Tretrapak Open de Tennis, também recebem incentivo do banco. No exterior, a instituição fi- nanceira patrocina o Sony Ericsson Open, torneio de tênis realizado em Miami, nos Estados Unidos. “Queremos ampliar o conhecimento da nossa marca fora do país e esse tipo de divulgação é bastante positiva para nossa imagem”, diz Chacon. Neste sentido, outras ações serão trabalhadas neste ano. “Vamos patrocinar alguns jogos da seleção brasileira de futebol no exterior e temos uma campanha publicitária em circulação desde janeiro com personalidades sulamericanas”, afirma. Futebol Divulgação Fernando Chacon, diretor de marketing: ação positiva para a imagem do Itaú Além do tênis, o Itaú tem investimento contínuo há mais de 20 anos no futebol. “Apoiamos financeiramente a transmissão de competições nacionais e somos patrocinadores oficiais da seleção brasileira de futebol em todas as suas categorias”, diz o executivo. Apesar da estratégia de patrocinar esportes, o banco ainda não tem planos de investir em modalidades que estarão presentes nos Jogos Olímpicos que acontecerão no Brasil em 2016. ■ :IRLEWINYRXEVESWQEMSVIWTPE]IVW HSWIXSVHITVMZEXIIUYMX]IZIRXYVI GETMXEPRSQEMSVIZIRXSHIWXIWIXSV RE%QqVMGE0EXMRE IHIEFVMP 3&VEWMPRE6SXEHS'VIWGMQIRXS7YWXIRXjZIP f,SVEHI-RZIWXMQIRXSWHI0SRKS4VE^S 7LIVEXSR7nS4EYPS;8',SXIP abertura do evento 0YGMERS'SYXMRLS4VIWMHIRXIHS&2()7 :INEEPKYRWXIQEWUYIWIVnSHIFEXMHSW • 3(MJIVIRGMEPHS&VEWMP¦3UYIXSVRES&VEWMPEXVEXMZS ESWSPLSWHSWMRZIWXMHSVIW# ÈPXMQEW8IRHsRGMEWRE-RHWXVME+PSFEPHI4):'¦ %4SWMpnSHS&VEWMPRE2SZE'SRNYRXYVE 3+VERHI(IFEXI3&VEWMPIWXj'EVS#'ETXEpnS-RXIVREGMSREP 3W4VSNIXSWISW(IWE´SWHS6MSHI.ERIMVSHSW7IVZMpSWESW.SKSW 'ETXEpnS-RXIVREGMSREP¦3W4SXIRGMEMW(IWE´SWTEVE SW-RZIWXMHSVIW)WXVERKIMVSW patrocínio institucional patrocínio platinum [[[GSRKVIWWSEFZGETGSQFV 34ETIPHSW*YRHSWHI4IRWnSRE-RHWXVMEHI4VMZEXI)UYMX]I:IRXYVI 'ETMXEP¦2SZEW8IRHsRGMEWRE'SRWXVYpnSHI'EVXIMVEWTEVE-RZIWXMHSVIW -RWXMXYGMSREMW¦9Q)RJSUYI+PSFEPGSQE:MWnS&VEWMPIMVE %W4VjXMGEW-RXIVREGMSREMWHI6IKYPEpnSHE-RHWXVMEIS'zHMKSHI 6IKYPEpnSI1IPLSVIW4VjXMGEWRS&VEWMP -RSZEpnS-QTEGXS)GSR|QMGS7SGMEPI4EVGIVME4FPMGS4VMZEHE 36IWYPXEHSHEW1IHMHEWHI*SQIRXSk-RSZEpnS -RJVEIWXVYXYVEI0SKuWXMGE¦'SQSIRJVIRXEVEHIJEWEKIQI\MWXIRXIRS&VEWMP# )RIVKMEW0MQTEWI6IRSZjZIMW¦%TVMQSVERHSE1EXVM^&VEWMPIMVE patrocínio prata patrocínio bronze 30 Brasil Econômico Quinta-feira, 17 de março, 2011 CRIATIVIDADE MARIANA CELLE Twitter chega aos cinco anos e cai nas graças das agências Microblog passa a ser ferramenta importante na comunicação com os consumidores, principalmente adolescentes, que passam boa parte do tempo nas redes sociais Divulgação Mariana Celle [email protected] Este mês o Twitter comemora seu quinto aniversário e, apesar de contabilizar tão poucas velinhas, pode-se dizer que ele não é tão jovem assim quando se trata de experiência. Atualmente um bilhão de tweets (mensagens de até 140 caracteres) são enviadas por semana e sua popularidade não para por aí. Apenas no último dia 12 de março foram criadas 572 mil novas contas. De olho nas oportunidades que o microblog pode trazer para suas marcas, empresas e agências de publicidade têm aproveitado para usá-lo em seu favor. A agência Energy preparou uma campanha para a Sym, marca de absorventes, baseada nas redes sociais. Com a promoção, a marca conquistou mais de oito mil seguidores no Twitter e dois mil fãs no Facebook. “Há dois anos, quando começamos a usar o microblog ele era apenas uma ferramenta acessória, mas há alguns meses ele passou a ser meio principal”, diz Vitor Knijnik, vice-presidente de Criação da Energy. Knijnik diz que antes de criar a campanha foi feita uma pesquisa para traçar um perfil de onde o público-alvo, meninas entre 14 e 20 anos, trocavam informações e a resposta foi uma só. “Perguntávamos onde podíamos encontrá-las e a resposta era sempre a mesma: nas redes sociais”, afirma. “ Divulgação ...GUGA KETZER Sócio e diretor-geral de criação da agência Loducca Twitter monitora TV lançada pela Loducca O Twitter é um canal para falar e ser ouvido. Há nele um senso de mobilização Desde ontem um canal inédito de TV na web está em operação no Brasil. A TwitTV, criada pela agência Loducca e transmitida pela internet, tem sua grade de programação controlada em tempo real pelos assuntos mais comentados no Twitter. Para cada trending topic (um dos dez assuntos mais comentados no momento) o site busca e exibe o vídeo mais recente do Youtube relacionado ao assunto por meio de palavras-chave. O sócio e diretor geral de criação da agência, Guga Ketzer, conta que a ideia surgiu no ano passado. O canal pode ser acessado pelo endereço www.trendingtopicstv.com. Paulo Sanna, vice-presidente de criação da Wunderman Por que criar um canal de TV na internet? O Twitter é uma ferramenta onde as pessoas falam mais rapidamente sobre os assuntos que as interessam. Na agência há sempre o incentivo a buscar ações inusitadas e essa foi uma delas. A TwitTV é um canal legitimamente interativo, pois a opinião de um não influencia mais que a de outro. É mais ou menos como colocar o poder de um diretor de programação na mão da audiência e é essa liberdade colaborativa que faz dele um canal totalmente diferente e novo. Hoje é uma TV, amanhã os trending topics mudam e ela se torna uma TV única. Qual o objetivo da Loducca em relação à TwitTV? Reformulação Na agência de publicidade Wunderman, a primeira ação pelo Twitter aconteceu em 2009, em uma campanha voltada ao público da fabricante de computadores Dell, com ofertas e promoções. A ferramenta ganhou novos contornos e desde o segundo semestre do ano passado tornou-se um dos canais de atendimento aos clientes da Vivo, operadora de celular, do pacote Vivo On, que oferece acesso às comunidades virtuais. “O Twitter é um local para falar e ser ouvido. Há nele um senso de mobilização”, diz Paulo Sanna, vice-presidente de criação da Wunderman. ■ TRÊS PERGUNTAS A... Nossa intenção é ter, a princípio, visibilidade, notoriedade e audiência. O restante é consequência. Outras redes virtuais não iniciaram suas operações pensando nos anúncios, e no entanto são bem-sucedidas. O que o Twitter e o Google acharam da ideia? A atriz e cantora Miley Cyrus postou um vídeo em sua página do Twitter antes de deixar o microblog por ciúme do namorado O Google se pronunciou por meio de seu Diretor de Relacionamento com as Agências para a América Latina, Julio Zaguini, que apoiou a iniciativa por promover aos usuários conteúdos relevantes e divertidos. Como hoje é o primeiro dia no ar, o Twitter não se pronunciou ainda. M.C. Quinta-feira, 17 de março, 2011 Brasil Econômico 31 Fruittella A agência Neogama/BBH é a nova dona da conta da Fruittella, marca global de bala da Perfetti Van Melle. A marca, que estava na Nova/SB, passará por fase de reposicionamento ainda neste semestre. AGENDA DO DIA MUDANÇA ● Acontece até amanhã, em São Paulo, a Web Expoforum 2011. O desafio do marketing e da publicidade nas redes sociais, o e-commerce e as compras coletivas são alguns dos assuntos debatidos no evento por palestrantes brasileiros e estrangeiros. [email protected] Divulgação Divulgação PAULO ROBERTO FERREIRA DA CUNHA GRITO GLOBAL Professor da graduação em comunicação social da ESPM Alguns desafios perante o consumidor contemporâneo A Adidas lançou ontem a maior campanha global de sua história. A peça publicitária nomeada de “all Adidas” reunirá, pela primeira vez, todas as linhas da marca. Personalidades da música e do esporte fazem parte da campanha criada pela agência canadense Sid Lee e adaptada, no Brasil, pela LewLara/TBWA e ID/TBWA. Lionel Messi e David Beckham no futebol; Derrick Rose, no basquete; a cantora Katy Perry e o rapper B.o.B., na música, fazem parte da divulgação que será veiculada em mídias diversas, como televisão, cinema e internet. As redes sociais serão outras ferramentas utilizadas pela Adidas. Por meio do Facebook (facebook.com/adidas) serão divulgados novos produtos, competições, promoções com ingressos para o show da Katy Perry, entre outras novidades. Os cerca de dez milhões de seguidores da Adidas na comunidade virtual também terão acesso às novidades no celular, lojas e pontos de venda, eventos e publicidade. A marca ainda prepara uma segunda fase, após o período de divulgação, onde o seguidor da empresa no Facebook poderá trocar trechos do comercial por fotos dos seus álbuns e criar sua própria versão. ■ A contemporaneidade em que a sociedade ocidental está imersa contraria posições críticas que sugerem ruptura ou sucessão nas relações que o consumidor atual estabelece com sua vida e suas escolhas. Convive, pois, com uma interessante imbricação de sentidos e de experiências bastante diversificadas, as quais, além de caracterizar a própria contemporaneidade, interferem na vida e nas respostas aos estímulos oriundos da comunicação. Cerca este consumidor um momento que é hiper em tudo: população urbana ampliada e suas tribos, competitividade profissional, inúmeros meios de comunicação e de marcas para o consumo, modismos, modos de vida e redes sociais. Exemplos da multiplicidade de estímulos e de sinais que caracterizam o tempo presente. E de forma interessante e peculiar, este homem contemporâneo reage a este hiperestímulo sem rompimentos ou antagonismos, colocando lado a lado a racionalidade, a lógica e um movimento de síntese antagônica, que poderia negar o estereótipo da modernidade em que vive agora. Por exemplo, a consciência da fragiO multimidiático lidade humana é abertamente discutida e a interatividade em centenas de livros de autoajuda e de fazem parte de regras para obtenção do sucesso. A espiritualidade retorna com a capacidade um ambiente que de explicar o que é inexplicável por equilibra valores meio da tecnologia, como a religiosidabásicos ante a de de novenas online a Santo Expedito. aceleração da vida A desaceleração é vendida pela mídia como o equilíbrio positivo que torna as pessoas mais integradas e contemporâneas – e vemos bem cotados spas, produtos light, valores e gestão de negócios baseados na inteligência emocional. Os mitos ressurgem como uma possível parametrização e nova fonte de referências. A verdade toma forma na atitude e na consciência que se encontram estampadas, por exemplo, em campanhas publicitárias – como a “Real Beleza” do sabonete Dove. A filantropia expurga a culpa pelo que não é ético – o indivíduo “pode” comprar um MP5 falsificado sem culpa, desde que se absolva ao ser voluntário de causa social ou a doar dinheiro para uma ONG. O simples – até apelidado de minimalista, em alguns casos – exaspera o temor pelo ritmo da complexidade incompreensível destes tempos atuais, em especial, devido à tecnologia. Desta forma, cabe valorizar a importância para a comunicação contemporânea em considerar as premissas e as incoerências do consumidor atual. Não há mais verdades absolutas, nem imutáveis. Reflexão mais que necessária para gestores de comunicação. Mais contemporânea, impossível. ■ Divulgação Morre Sidnei Basile, vice-presidente de relações institucionais da Editora Abril Sociólogo e advogado formado pela USP e jornalista desde 1968, Sidnei Basilei faleceu na madrugada de ontem, aos 64 anos, vítima de um tumor no cérebro contra o qual lutava desde o ano passado. Em longa carreira na imprensa, Basile foi um dos principais executivos e idealizadores da Gazeta Mercantil. Autor do livro Elementos de Jornalismo Econômico (Negócios Editora), atuou como consultor em seu próprio escritório e também no Citibank e na Burson Marsteller, além de professor da Fundação Cásper Líbero durante anos. Era conselheiro do WWF-Brasil, do Instituto Akatu, e de vice-presidente do Comitê de Liberdade de Expressão da Sociedade Interamericana de Imprensa. MARINHA DO BRASIL CENTRO DE OBTENÇÃO DA MARINHA NO RIO DE JANEIRO (COMRJ) ADIAMENTO DO PREGÃO ELETRÔNICO N°5084/2010 OBJETO: AQUISIÇÃO DE GENEROS ALIMENTICIOS. EDITAL: Disponível das 09:00hs às 11:00hs e das 14:00hs às 16:00hs, nos dias úteis, no COMRJ. a) Recebimento das propostas de preços até às 10:00 horas do dia 29/03/2010, exclusivamente por meio eletrônico, conforme formulário disponibilizado no endereço www.comprasnet.gov.br. b) Sessão pública na Internet para recebimento dos lances: aberta às 10:00 horas do dia 29/03/2010, no mesmo endereço www.comprasnet.gov.br. End. Av. Brasil 10.500/Olaria/ Rio de Janeiro, RJ - Tel. (21) 2101-0814 ou Fax (21) 2101-0815 Acesso ao Edital no site-www.comrj.mar.mil.br 32 Brasil Econômico Quinta-feira, 17 de março, 2011 FINANÇAS Agências de fomento buscam fontes de recursos Bancos de desenvolvimento estudam captar dinheiro no exterior com organismos multilaterais e emissão de dívida Ana Paula Ribeiro [email protected] Voltado para o desenvolvimento de regiões específicas, os bancos e agências de fomento enfrentam o desafio de diversificar as suas fontes de captação de recursos. Para isso, o mercado externo pode ser uma alternativa. A Nossa Caixa Desenvolvimento, de São Paulo, estuda captar recursos junto a organismos multilaterais e o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) quer emitir títulos no exterior. Atualmente, essas instituições contam com principalmente três fontes de recursos: capital próprio, repasses de bancos federais — com maior participação do BNDES — e recursos de fundos de desenvolvimento regional. “Estamos estudando outras formas de financiamento. Há várias instituições que podem nos apoiar”, diz Milton Santos, presidente da Nossa Caixa Desenvolvimento. Já o BDMG quer emitir dívida no exterior. Para isso, já contratou a agência de avaliação de risco Moody’s. Por enquanto, tem uma nota Ba1, ainda a um passo do grau de investimento. Quando chegar a esse nível, em que o risco é considerado menor, irá emitir. “Estamos nos preparando. Em pouco tempo vamos fazer isso (captação externa)”, diz o diretor executivo da instituição, Júlio Onofre Mendes de Oliveira. Fontes extras de recursos devem contribuir para o desenvolvimento dessas instituições no país. Atualmente são 14 agências de fomento e três bancos no Brasil. O objetivo da Associação Brasileira de Instituições Financeiras de Desenvolvimento (ABDE) é que cada estado conte com uma dessas agências. “Queremos consolidar um sistema nacional de fomento”, afirma o presidente da ABDE, Maurício Elias Chacur. “ As agências têm um papel fundamental porque dão capilaridade na distribuição de recursos Maurício Elias Chacur, presidente da Investe Rio A associação ainda não terminou o levantamento, mas acredita que essas instituições concederam mais de R$ 4,5 bilhões em crédito no ano passado, a maior parte para empresas de pequeno e médio porte. No entanto, para ter uma melhor radiografia da atuação das agências e bancos de fomento, a ABDE está finalizando um levantamento referente ao ano de 2010 para saber como foi a atuação do setor. Apoio regional Para Chacur, que também é presidente da Investe Rio, a agência de fomento fluminense, não é possível traçar um padrão de atuação das associadas, uma vez que cada agência segue a política de desenvolvimento do estado a que está vinculada. Acrescentou ainda que mesmo com a atuação nacional de bancos federais, que também possuem ações para fomentar o desenvolvimento, há espaço para as instituições regionais. “Sempre haverá alguma lacuna que permitirá a atuação das agências de fomento”, diz. Como exemplo, o dirigente cita a atuação das agências de fomento em catástrofe climáticas. Segundo ele, as chuvas que atingiram o noroeste do Rio de Janeiro há dois anos causaram grandes prejuízos à região e foi a Investe Rio que coordenou as iniciativas para a recuperação e apoio à região. “As agências têm um papel fundamental, porque dão capilaridade não distribuição de recursos. A agência de fomento chega em regiões que o sistema financeiro pode não atuar”, afirma. Sobre a destinação de recursos, a maior parte é direcionada ao setor produtivo, embora algumas agências tenham como prática emprestar recursos também para municípios. Chacur afirma que o intuito é fornecer taxas de juros baixas. Isso é possível porque grande parte das operações consiste em repasses de recursos do BNDES. ■ Miiton Santos, presidente da Nossa Caixa Desenvolvimento: várias instituições podem apoiar a agência Quinta-feira, 17 de março, 2011 Brasil Econômico 33 Divulgação Reservas atingem US$ 312 bi, segundo BC As compras de dólares do Banco Central (BC) no mercado à vista totalizaram US$ 4,051 bilhões em março, até o dia 11, segundo dado divulgado ontem pela autoridade monetária. Além dessas operações, o BC recebeu US$ 215 milhões em março referentes a compras a termo realizadas anteriormente. Com isso, as reservas internacionais no BC atingiram US$ 312,31 bilhões no dia 11, ante US$ 307,5 bilhões no final de fevereiro. AGENDA DO DIA ● Às 7h, a Fipe divulga a segunda prévia do IPC de março. ● Às 9h30, sai o índice de preços ao consumidor dos EUA (fev). ● Às 11h, o Federal Reserve divulga a produção industrial (fev). ● O Tesouro faz o leilão tradicional de LTN e LFT. Henrique Manreza Financiamento chega até a municípios Objetivo é fomentar desenvolvimento de regiões carentes dos estados Os bancos e agências de fomento, além de concederem crédito para estimular a economia local, também apoiam projetos de municípios dos estados em que estão localizados. No entanto, essas operações precisam passar pelo crivo do Tesouro Nacional, que monitora o nível de endividamento do setor público. Apesar do acompanhamento do Tesouro Nacional sobre a capacidade de pagamento dos municípios, a agência de fomento paulista desenvolveu uma estrutura para dar maior segurança a essas operações. O presidente da Nossa Caixa Desenvolvimento, Milton Santos, explica que as liberações de crédito a municípios é feita mediante a aprovação do projeto de investimento e, além disso, exige-se garantias. No caso, créditos do imposto sobre circulação de mercadorias e serviços (ICMS) e as cotas do fundo de participação dos municípios (FPM) são a garantia. “É uma operação extremamente segura porque temos como executar as garantias”, explica. A Nossa Caixa Desenvolvimento completa dois anos neste mês, com liberações de recursos de R$ 280 milhões —desse total, cerca de R$ 80 milhões estão nas mãos de municípios. O objetivo é elevar as concessões de crédito da agência para R$ 860 milhões até o final do ano. “É uma meta arrojada, mas a economia de São Paulo demanda crédito em grande escala”, diz. Além do apoio ao desenvolvimento de municípios e a pequenas e médias empresas, Santos também espera elevar o volume de concessões a empresas que desenvolvam produtos com base na inovação tecnológica. Por essa razão, além do financiamento a essas empresas, a Nossa Caixa Desenvolvimento quer realizar aportes de capital nessas companhias por meio de fundos de venture capital. No ■ SÃO PAULO Nossa Caixa Desenvolvimento quer que desembolsos somem R$ 860 mi ■ MINAS GERAIS BDMG quer liberar no decorrer de 2011 R$ 1,5 bi ■ CIDADES Municípios de Minas receberão até R$ 250 mi entanto, o executivo afirma que não irá engessar o orçamento da agência estipulando o quanto deve ser destinado nessa área de inovação tecnológica. “Quero evitar ficar com recursos ociosos caso essa linha não tenha demanda”, diz. O Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) é outra instituição que tenta apoiar o desenvolvimento de municípios. Segundo o diretor executivo Júlio Onofre Mendes de Oliveira, o foco é a concessão de recursos às cidades com baixo nível de desenvolvimento. Em 2011, o banco pretende desembolsar R$ 1,5 bilhão em operações de crédito, o que representaria expansão de 7,9%. Desse total, R$ 250 milhões devem ser concedidos para financiamento do setor público. ■ CENAEEL - Central Nacional de Energia Eólica S.A. CNPJ/MF nº 04.959.392/0001-71 - NIRE 42.300.029.611 Certidão Ata da Assembléia Geral Extraordinária realizada em 25/10/2010 às 10:00 horas. Junta Comercial do Estado de Santa Catarina. Certifico o registro sob o número 20110235142 em sessão de 10/02/2011. Secretária Geral: Maria Dilma Koerich. 34 Brasil Econômico Quinta-feira, 17 de março, 2011 FINANÇAS Cesar Carrion/Reuters RISCO RATING Moody’s reduz nota do Egito pela segunda vez em dois meses Agência de classificação de risco S&P eleva Colômbia a grau de investimento A agência de classificação de risco Moody’s diminuiu ontem pela segunda vez em dois meses a nota do Egito. O rating passou de Ba2 para Ba3. Esta nota leva junto uma perspectiva negativa, o que implica a possibilidade de uma nova queda a curto prazo, segundo a Moody’s. uma nota Ba3 significa que a dívida emitida pelo Egito se situa na categoria dos países que talvez não venham a cumprir seus compromissos. A agência de classificação de risco Standard & Poors (S&P) elevou a nota de risco de crédito soberano de longo prazo em moeda estrangeira da Colômbia, presidida por Juan Manuel Santos, de “BB+” para “BBB-”, que corresponde ao primeiro nível de grau de investimento. A nota de curto prazo do país subiu de “B” para “A-3”. A perspectiva dos ratings é estável. Os ratings da Moody’s e da Fitch Rating estão um nível abaixo do grau de investimento. Banco do Estado de Sergipe prepara-se para expansão Antonio Milena Com crescimento de 48% no volume de crédito, instituição mira agora o nordeste baiano e o sul de Alagoas Paulo Justus, de Sergipe [email protected] O Banco do Estado de Sergipe (Banese) fechou 2010 com R$ 1,15 bilhão em operações de crédito, um crescimento de 48% em relação a 2009. A alta expressiva dos empréstimos veio acompanhada de um declínio na taxa de inadimplência, que passou de 1,86% para 0,99%, quando considerados atrasos acima de sessenta dias. Com mais crédito concedido e melhor qualidade na quitação das dívidas, o lucro líquido do banco atingiu R$ 54,5 milhões no ano passado, resultado 39,4% superior ao de 2009. “A taxa de crescimento do lucro líquido do Banese é uma das maiores dos bancos do país”, disse ontem o presidente do banco, Saumíneo da Silva Nascimento, durante a apresentação dos resultados. O volume de concessões de crédito comercial cresceu 49% no ano passado, e chegou aos R$ 951 milhões. Dentro desse segmento, o produto mais importante do banco foi o Cartão Banese, que no ano passado chegou a 449,7 mil clientes. “O cartão responde por um terço das nossas operações de crédito e a pouco mais de um quarto do nosso lucro”, afirmou Nascimento ao BRASIL ECONÔMICO. Apesar do crescimento junto ao crédito para a pessoa jurídica, o banco manteve constante a proporção de crédito comercial destinada à pessoa jurídica, com uma fatia de 35% da carteira de crédito comercial formada por empresas, praticamente estável em relação aos 34% de 2009. Esse desempenho evidencia a conquista de uma clientela importante de empresas a partir da crise de 2008, na opinião do governador de Sergipe, Marcelo Déda. “Entre setembro e dezembro de 2008, quando os bancos comerciais fecharam as portas para as empresas, e até mesmo os estatais demoraram a normalizar a concessão de cré- Saumíneo, presidente do Banco de Sergipe: taxa de crescimento do lucro é uma das maiores do país Lucro líquido da instituição atinge R$ 54,5 milhões em 2010, resultado 39,4% superior ao do ano anterior dito, o Banese concedeu R$ 200 milhões em empréstimos para companhias locais”, disse. Além do crédito comercial, o banco contemplou empresas com R$ 199 milhões em concessões de crédito para desenvolvimento em 2010, volume 43% maior do que em 2009. Os recursos foram praticamente divididos entre os setores industrial (30%), imobiliário (33%) e rural (37%). “Só o volume repassado de recursos do [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] BNDES cresceu 2.726,8% no ano passado, o segundo melhor desempenho do Brasil”, disse Nascimento. O Banese também criou produtos voltados aos micro e pequenos empresários no estado, com destaque para as linhas para empreendedor individual e para micro e pequenas empresas vencedoras de contratos de fornecimento para o governo. “A empresa dá o próprio contrato como garantia e, em contrapartida, o governo tem mais segurança com respeito à viabilidade do fornecimento” disse Déda. Para Déda, o crescimento expressivo do banco já abre espaço para a expansão nas áreas vizinhas. “Com muita calma e foco, já podemos começar a olhar para os mercados do Alagoas e da Bahia”, disse. Segundo Nascimento, uma pista do potencial do crescimento do Banese nos mercados fora de Sergipe está no cartão Banese, em que 10% dos clientes são de fora do estado. O Banese é hoje o banco com a maior rede de atendimento do Sergipe. Possui agência ou pontos de atendimento em todos os 75 municípios do estado. ■ Quinta-feira, 17 de março, 2011 Brasil Econômico 35 36 Brasil Econômico Quinta-feira, 17 de março, 2011 INVESTIMENTOS RENDA FIXA Thais Folego [email protected] Aversão ao risco chega à Bovespa últimas semanas, com os desenvolvimentos no Oriente Médio e a alta do petróleo, e esse movimento se intensificou com os eventos ocorridos no Japão”, lembra o relatório “Macro Visão” do Itaú Unibanco. Já os mercados asiáticos operaram em alta ontem, puxados pela alta do índice Nikkei 225, da bolsa de Tóquio, que após despencar mais de 10% na terça, subiu 5,68% ontem. Vista sob o espectro do desempenho do Ibovespa nos últimos dias, a notícia sobre o terremoto seguido do tsunami no Japão parecia não ter chegado ao conhecimento dos investidores que operam na bolsa brasileira. Enquanto as bolsas ao redor do mundo operaram em forte queda nos últimos dias, o Ibovespa fechou no terreno positivo, quanto muito no empate. Ontem, porém, parece que o mercado brasileiro se ajustou à crescente aversão ao risco que ronda as bolsas internacionais, impulsionada pela crise nuclear no Japão e pela intensificação dos confrontos no Oriente Médio. “Até que enfim aconteceu o que esperávamos. Estávamos operando na contramão”, diz Luís Gustavo Pereira, da equipe de análise da Um Investimentos. Com perda de 1,5% e beirando os 66 mil pontos, o Ibovespa acompanhou o fechamento as bolsas americanas. O índice Dow Jones caiu 2,04% e a Nasdaq 1,89%. Mais cedo, as bolsas europeias também apresentaram queda: o FTSEurofirst 300, principal índice acionário europeu, recuou 1,43%. As bolsas de Londres, Frankfurt, Paris e Milão registraram todas quedas superiores a 2%. “As bolsas dos países desenvolvidos já haviam iniciado um processo de realização nas Do Ibovespa, quase todos os setores apresentavam queda ontem, com exceção das construtoras. As ações de Cyrela (3,61%), MRV (2,36%) e Gafisa (1,27%), estavam entre as cinco maiores altas do principal índice acionário brasileiro ontem. “Eram ações cujos preços estavam muito deprimidos”, avalia o analista da Um Investimentos. As outras duas maiores alta dos Ibovespa foram de empresas varejistas: Lojas Renner, avanço de 1,47% (R$ 53,68), e B2W, alta de 0,97% (cotada a R$26,10). Pereira avalia que a queda do Ibovespa ontem também foi impulsionada pela nova subida do preço do petróleo. “No mercado interno, porém, haverá ações que vão se sair melhor que a maioria, como as ligadas a consumo, comércio e construção.” ■ Mesmo com perdas de ontem, Ibovespa ainda fica no empate Ações ligadas a construção e consumo devem performar melhor, por estarem ligadas ao mercado interno -7,78 -6,75 -6,28 -5,42 -4,23 -3,87 -3,29 -3,12 -3,10 -2,95 -1,58 -0,89 -0,06 -12 15/MAR 15/MAR 16/MAR 15/MAR 15/MAR 16/MAR 16/MAR 16/MAR 15/MAR 16/MAR 9,67 9,67 9,60 9,21 8,62 8,46 7,28 6,80 6,21 6,21 1,98 1,98 2,03 1,91 1,79 1,81 1,59 1,49 1,34 1,39 Taxa Aplic. mín. adm. (%) (R$) 1,00 1,00 1,00 1,10 1,50 2,00 3,00 3,50 4,00 4,00 -9 Fundo Data BB REF DI LP ESTILO FIC FI BB REF DI ESTILO FICFI ITAU PERS MAXIME REF DI FICFI BB REFERENCIADO DI 5 MIL FIC FI BB NC REF DI LP PRINCIPAL FIC FI BB REFERENCIADO DI 200 FIC FI HSBC FIC REF DI LP POUPMAIS ITAU PREMIO REF DI FICFI BRADESCO FIC DE FI REF DI HIPER SANTANDER FIC FI CLAS REF DI 15/MAR 16/MAR 16/MAR 16/MAR 15/MAR 16/MAR 16/MAR 16/MAR 16/MAR 16/MAR Rent. (%) 12 meses No ano 9,84 9,45 9,39 7,80 7,51 7,21 7,10 6,10 5,69 5,35 2,02 1,99 1,99 1,68 1,60 1,57 1,57 1,36 1,29 1,20 Taxa Aplic. mín. adm. (%) (R$) 0,70 1,00 1,00 2,50 2,47 3,00 3,00 4,00 4,50 5,00 -6 -3 Fundo Data CAIXA FMP FGTS VALE I BB ACOES VALE DO RIO DOCE FI BRADESCO FIC DE FIA BRADESCO FIC DE FIA MAXI BRADESCO FIC DE FIA IV ITAU ACOES FI UNIBANCO BLUE FI ACOES SANTANDER FIC FI ONIX ACOES ALFA FIC DE FI EM ACOES BB ACOES PETROBRAS FIA 15/MAR 15/MAR 15/MAR 15/MAR 15/MAR 15/MAR 15/MAR 15/MAR 15/MAR 15/MAR Rent. (%) 12 meses No ano (1,30) (1,31) (5,62) (5,83) (5,90) (7,10) (7,78) (8,18) (10,57) (21,09) (5,82) (5,69) (4,04) (4,10) (4,12) (3,93) (5,35) (5,02) (5,38) 3,99 Taxa Aplic. mín. adm. (%) (R$) 1,90 2,00 4,00 4,00 ND 4,00 5,00 2,50 8,50 2,00 CYRELA REALTY ON 3,61% MRV ON 2,36% LOJAS RENNER ON 1,47% GAFISA ON 1,27% B2W ON 0,97% Fundo Data ITAU EQUITY HEDGE ADV MULT FI ITAU EQUITY HEDGE MULTIM FI BB MULTIM TRADE LP ESTILO FICFI CAPITAL PERF FIX IB MULT FIC ITAU PERS K2 MULTIM FICFI ITAU PERS MULTIE MULT FICFI SANT FI CAP PROT VGOGH 4 BR MULT SANTANDER CAP PROT 3 FI MULT SANTANDER FIC FI ESTRAT MULTIM SANT FICFI CAP PROT VG 6 BR MULT 15/MAR 15/MAR 15/MAR 15/MAR 15/MAR 15/MAR 15/MAR 15/MAR 15/MAR 15/MAR Rent. (%) 12 meses No ano 13,24 10,95 9,76 9,61 9,40 9,32 8,96 7,72 7,31 1,81 2,93 1,46 2,05 1,92 1,84 1,88 (2,14) 1,69 0,99 (0,96) Taxa Aplic. mín. adm. (%) (R$) 2,00 2,00 1,50 1,50 1,50 1,25 2,30 2,50 2,00 2,50 IBRX-100 SMALL CAP - SMLL MIDLARGE CAP - MLCX 21.700 1.360 960 21.525 1.350 950 66.250 21.350 1.340 940 65.625 21.175 1.330 930 (EM PONTOS) Máxima 67.502,05 Mínima 65.662,68 Fechamento 66.002,57 1.320 21.000 65.000 Fonte: BM&FBovespa 12h 13h 10.000 5.000 20.000 50.000 5.000 5.000 5.000 10.000 5.000 0 IBOVESPA 11h 200 1.000 200 100 200 *Taxa de performance. Ranking por número de cotistas. Fonte: Anbima. Elaboração: Brasil Econômico 67.500 10h 10.000 ND 80.000 5.000 100 200 30 1.000 100 100 MULTIMERCADOS Fontes: agências internacionais e Brasil Econômico 66.875 50.000 80.000 30.000 5.000 5.000 200 50 100 300 CINCO MAIORES ALTAS DO IBOVESPA -12,85 -15 BB RENDA FIXA LP 50 MIL FICFI BB RENDA FIXA LP ESTILO FICFI ITAU PERS MAXIME RF FICFI CAIXA FIC EXEC RF LONGO PRAZO CAIXA FIC IDEAL RF LONGO PRAZO BB RENDA FIXA 5 MIL FIC FI BB RENDA FIXA 200 FIC FI BB RENDA FIXA 50 FIC FI BB RENDA FIXA LP 100 FICFI ITAU PREMIO RENDA FIXA FICFI Rent. (%) 12 meses No ano AÇÕES TERREMOTO NOS MERCADOS FINANCEIROS TÓQUIO (NIKKEI) FRANKFURT (DAX) PARIS (CAC 40) EUROPA (EURONEXT) MILÃO (MIBTEL) LONDRES (FTSE-100) HONG KONG (HANG SENG) MADRI (IBEX 35) NOVA YORK (NASDAQ) NOVA YORK (DOW JONES) S&P 500 LISBOA (PSI GERAL) XANGAI (COMPOSITE) SÃO PAULO (IBOVESPA) Data DI Construtoras seguram Bovespa COMPORTAMENTO DAS BOLSAS DE VALORES DESDE O DIA 10/3 Fundo 14h 15h 16h 17h 10h 17h 920 10h 17h 10h 17h Quinta-feira, 17 de março, 2011 Brasil Econômico 37 BOLSA JURO Giro financeiro Contrato futuro R$ 8,6 bilhões 12,31% foi o volume financeiro registrado ontem no segmento acionário da BM&FBovespa. O principal índice encerrou a sessão com variação negativa de 1,50%, aos 66.002 pontos. foi a taxa de fechamento do contrato futuro de DI com vencimento em janeiro de 2012, o de maior liquidez ontem. O giro neste contrato foi de R$ 29,4 bilhões, em 322.728 negócios. HOME BROKER NA REDE Light ON, fechamento em R$ 30,00 29,00 27,50 27,50 26,55 25,00 “iPad 2 foi mais um grande sucesso. Pena que pessoas não podem comprar ações da Apple na Bovespa” Pagamento @rcinvestimentos, Raphael Cordeiro, consultor de investimentos 22,50 20,00 02/DEZ 03/JAN 01/FEV 01/MAR 16/MAR Fontes: Raphael Figueiredo, Economatica, BM&FBovespa e Brasil Econômico Suporte Primeiro objetivo Resistência LIGT3 “Divulgação do IGP-10, prévia do índice da FGV, indica desaceleração na inflação, provavelmente como resultado de medidasgovernamentais” @xpcorretora Sinal amarelo para os papéis da Light Nos últimos seis pregões, as ações da Light (LIGT3) andaram de lado, sendo que, em cinco deles, os papéis encerraram o dia com o mesmo preço de abertura — o chamado doji — e ainda apresentaram traços de indecisão, conhecidos por spinning tops. O valor máximo atingido durante as negociações foi de R$ 29. Segundo Raphael Figueiredo, grafista da corretora ICAP, este é o ponto de resistência das ações, que se for ultrapassado indica que há chances de continuidade do movimento de alta. Apesar de terem atingido o ponto máximo durante os pregões, as ações fecharam ontem cotadas a R$ 28,10, com uma queda de 0,71% em relação ao dia anterior. Para Figueiredo, esse movimento vislumbra uma oportunidade de venda a curto prazo. O suporte, que é o patamar que, se perdido, aponta para uma chance de queda em sequência, é de R$ 27,60, de acordo com o grafista. “O primeiro objetivo é de R$ 26,55 e o segundo, de R$ 25. É possível que isso ocorra hoje mesmo”, afirma. “Hora da pescaria — Ações em destaque em meio à queda do Ibovespa” @UmInvestimentos “#HGTX3 querendo reviver tempos de glória dos últimos 2 anos?No momento, +4%... Últimas semanas, +17%!!!” @chrinvestor, Christian Cayre, consultor de investimentos, sobre o desempenho das ações ordinárjias da Hering Telebrás repassará a acionistas os valores correspondentes à venda de frações de ações A partir do dia 23 de março, a Telebrás começará a transferir aos seus acionistas os valores correspondentes à venda das frações resultantes do grupamento de ações, realizado no início deste ano. Serão repassados R$ 13,5 milhões resultante da comercialização, pela BM&FBovespa, de 554.891 ações ordinárias e 484.810 preferenciais, já grupadas, que não foram ajustadas por seus seus proprietários. A decisão de grupar 10 mil ações tinha como objetivo ajustar o valor unitário da cotação a patamares mais adequados. Além disso, visa reduzir custos operacionais, aumentar a eficiência dos sistemas de registros e alinhar o valor das ações aos parâmetros negociados em bolsas de valores brasileiras. Com essa iniciativa, o número total de ações da Telebrás foi reduzido de mais de um trilhão para 109,6 milhões. 38 Brasil Econômico Quinta-feira, 17 de março, 2011 MUNDO Finbarr O’Reilly/Reuters A fuga de líbios das áreas de conflito está provocando êxodo para outros países Para ONU, matança na Líbia é Ban Ki-moon exige fim da violência contra civis e pede urgência em decisão do Conselho de Segurança da O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, exigiu ontem o fim da violência na Líbia e advertiu que a matança de civis desarmados promovida pelo exército de Muamar Kadafi constitui “crime contra a humanidade”, pelo qual seus responsáveis devem ser levados à justiça. “A matança de civis desarmados líbios que estão pedindo liberdade é totalmente inaceitável”, disse Ban. “A matança de pessoas inocentes desarmadas é um crime contra a humanidade. Os perpetradores devem ser levados à Justiça”, acrescentou o secretáriogeral da ONU, durante visita a Guatemala, na América Central. Ban lembrou que o Conselho de Segurança da ONU está debatendo sanções contra o regime líbio de Muamar Kadafi, entre elas estabelecer uma zona de exclusão aérea no país africano. “Eles (os membros do Conselho de Segurança) estão discutindo agora mais medidas, incluindo uma zona de exclusão aérea”, disse Ban. Ontem, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, pediu urgência da ONU na criação de uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia. Sarkozy fez o pedido aos líderes dos países membros do Conselho de Segurança da ONU, que “ iniciaram reunião fechada para discutir a situação líbia ontem. A matança de pessoas inocentes desarmadas é um crime contra a humanidade. Os responsáveis devem ser punidos na Justiça Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU Conselho de Segurança Os integrantes do Conselho de Segurança estão divididos sobre a criação ou não de uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia. GrãBretanha, França e Líbano querem evitar novos ataques aéreos das forças de Kadafi contra os insurgentes. Mas Turquia, Rússia, China, Brasil e Alemanha, entre outros países, votariam contra. A posição dos EUA não está clara. tomada pelos opositores, alertando-os a deixar os locais controlados por rebeldes e os depósitos de armas. Um texto transmitido na tela do canal Al-Libya disse aos moradores da cidade, no leste do país, que o Exército estava se aproximando para ‘apoiá-los e libertar a cidade das gangues armadas’. “Pedimos que vocês deixem até meia-noite (horário local) as áreas onde homens armados e depósitos de armas estão localizados.” Êxodo interno Ultimato líbio O Exército líbio deu um ultimato para os moradores de Benghazi, Temendo o ataque das tropas líbias, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha retirou seus fun- Quinta-feira, 17 de março, 2011 Brasil Econômico 39 Sharif Karim/Reuters Barein intensifica repressão a protestos Forças do Barein reprimiram manifestantes com uso de gás lacrimogêneo e o apoio de helicópteros, retirando centenas de pessoas que estavam acampadas na Praça Pérola, que se tornou símbolo dos protestos da maioria xiita contra a monarquia sunita do país. Pelo menos três manifestantes foram mortos nos confrontos, que começaram um dia depois de o Barein declarar lei marcial para acabar com os protestos. A vizinha Arábia Saudita enviou tropas para dissipar as manifestações. CENSURA Quatro jornalistas americanos estão desaparecidos no país Quatro jornalistas do jornal americano New York Times estão desaparecidos na Líbia, informou o jornal ontem. Entre eles está Anthony Shadid, ganhador de dois prêmios Pulitzer — o ‘Oscar’ do jornalismo americano. Segundo o jornal, eles fizeram contato pela última na manhã de terça-feira (15). Além de Shadid, estão desaparecidos Stephen Farrell — repórter e cinegrafista que foi sequestrado pelo Taliban em 2009 e resgatado por tropas britânicas — e dois fotógrafos, Tyler Hicks e Lynsey Addario. Um repórter brasileiro do jornal O Estado de S. Paulo foi liberado na semana passada após ter sido detido por autoridades líbias, mas um jornalista do diário britânico ‘Guardian’ que estava com ele segue desaparecido. crime organização cionários de Benghazi e pediu que os dois lados do conflito na Líbia poupem os civis e as equipes médicas. A agência humanitária independente estava entre as poucas entidades de ajuda que enviaram pessoas ao reduto dos rebeldes no leste do país, para onde as forças de Kadafi avançaram com a intenção de acabar com a revolta popular. “O Comitê Internacional da Cruz Vermelha hoje transferiu seus funcionários em Benghazi para a cidade de Tobruk, onde eles continuarão prestando assistência às vítimas do conflito”, disse a agência sediada em Genebra em comunicado. ■ AGENDA DO DIA ● O Banco Central da Índia divulga decisão sobre a taxa de juros. ● Nos Estados Unidos, sai o índice de preços ao consumidor (CPI). ● Os americanos divulgam ainda dados da produção industrial. ● Sai também nos EUA, os pedidos de auxílio-desemprego semanal. Obama fecha o bar Amarelinho pela primeira vez em 50 anos Determinação foi tomada como parte das medidas de segurança durante visita do presidente dos EUA Felipe O’Neill/O Dia Uns vão trazer os filhos, outros a namorada e alguns até gostariam de vir mas moram longe. Às vésperas do discurso do presidente dos EUA, Barack Obama, na Cinelândia, a única tristeza na praça que servirá de cenário para o evento é o fechamento do bar Amarelinho, pela primeira vez em 50 anos. “A prefeitura passou hoje aqui mandando fechar o restaurante. A gente nunca fechou, vai ser a primeira vez”, desabafou o gerente Luis Carlos Canedo. O argumento para o fechamento, segundo Canedo, é de que os agentes de Obama não teriam como manter a segurança interna do bar, “porque poderia vir algum terrorista e se explodir aqui dentro”. Ele previa mais que dobrar o faturamento no domingo e conseguir algo em torno dos R$ 12 mil. “Agora quero saber e já perguntei à prefeitura, quem vai ressarcir isso?” Fundado em 1921, o Amarelinho não fechou na famosa passeata dos 100 mil contra a ditadura militar que lotou a Cinelândia em 1968. O bar está sempre aberto no Carnaval, quando duas milhões de pessoas desfilam no Cordão do Bola Preta e passam em frente a ele. Segundo Canedo, apenas no dia 25 de dezembro é feito uma pausa para descanso dos garçons. Previsão de gerente é perder R$ 12 mil de faturamento O Amarelinho não fechou na famosa passeata dos 100 mil contra a ditadura militar que lotou a Cinelândia, em 1968 A ordem para o fechamento de todos os estabelecimentos comerciais no entorno da Cinelândia é apenas um dos itens do forte esquema de segurança que está sendo montado para receber Obama. Mesmo sem poder trazer mochilas ou utensílios cortantes que possam despertar suspeita à segurança, muitos cariocas estão dispostos a comparecer na praça para ouvi-lo, mesmo que chova, como está previsto. Mas nem todos estão animados para ouvir o presidente americano, que deve ter suas falas legendadas e colocadas em telões. Desde 1964 instalada em frente ao Teatro Municipal, uma barraquinha de panfletagem política que se diz apartidária, comandada por Antonio Santana, não estará montada no domingo. “Eu vou estar longe daqui, não vou somar metro quadrado para ele”, se irrita Santana, que vê na visita um complô imperialista para tomar as riquezas do Brasil. ■ Reuters GIRO PELO MUNDO Olivier Douliery/Bloomberg Popularidade em baixa A popularidade não tem sido o forte dos políticosempresários-multimilionários do planeta. Nos Estados Unidos, o nível de aprovação da gestão do prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, caiu a 39%, a mais baixa em oito anos. Bloomberg, que está em seu terceiro mandato, já fala em se aposentar da vida política e em desistir da ambição de um dia disputar a presidência dos Estados Unidos. Dos nova-iorquinos que responderam, 74% acham que o prefeito não seria um bom líder dos americanos. Na Itália, o primeiro-ministro Silvio Berlusconi — protagonista de um escândalo sexual pelo qual será julgado em abril — continua perdendo a simpatia do eleitorado. Sua popularidade chegou a 33% em março, segundo uma pesquisa divulgada ontem instituto IPR. O número de italianos que desaprovam Berlusconi aumentou dois pontos em apenas um mês e não para de cair. O atual percentual parece estar a milhas de distância da popularidade de 60% da qual gozava o premier italiano em 2008, quando voltou ao poder. Com Reuters e AFP Cantor popular é favorito na eleição presidencial no Haiti O cantor popular e candidato à Presidência do Haiti Michel ‘Sweet Mickey’ Martelly está encantando a multidão, usando de sua experiência de artista popular. Uma pesquisa de opinião apontou vantagem para Martelly no segundo turno, atribuindo a ele 51%, das intenções de voto, enquanto sua adversária, a ex-primeira-dama e professora de direito Mirlande Manigat — que tem 70 anos e bem mais experiência política — aparece com 46%. O cantor de 50 anos é agora o favorito para ser o sucessor do atual mandatário René Préval na presidência do país no segundo turno das eleições, que ocorrerão no domingo. Reuters 40 Brasil Econômico Quinta-feira, 17 de março, 2011 BRASIL ECONÔMICO é uma publicação da Empresa Jornalística Econômico S.A, com sede à Avenida das Nações Unidas, 11.633, 8º andar - CEP 04578-901 - Brooklin - São Paulo (SP) - Fone (11) 3320-2000 Central de atendimento e venda de assinaturas: São Paulo e demais localidades 0800 021 0118 Rio de Janeiro (Capital) (21) 3878-9100 - [email protected] É proibida a reprodução total ou parcial sem prévia autorização da Empresa Jornalística Econômico S.A. ÚLTIMA HORA Mastrangelo Reino/Folhapress Unilever fecha acordo com Jequiti Ricardo Galuppo [email protected] Diretor de Redação A companhia anglo-holandesa Unilever, dona do sabão em pó Omo e do sabonete antisséptico Lifebuoy, anuncia hoje a sua estreia no mercado brasileiro de purificadores de água, dominado pela Brastemp, Electrolux e Europa. Batizado de Pureit, o aparelho doméstico que já acumula 15 milhões de consumidores na Índia, Indonésia e no México, será vendido através do catálogo da Jequiti Cosméticos, empresa de vendas diretas do Grupo Silvio Santos. O produto que será apresentado hoje por Kees Kruythoff, presidente da subsidiária, visa atingir a baixa renda e deve chegar ao mercado em abril, a um preço bastante agressivo, segundo fonte próxima à empresa. Na Índia, o produto é comercializado em várias versões e preços pela Hindustan Unilever, sediada em Mumbai. Por não demandar carregamento na rede elétrica, o mote do produto no país será a sustentabilidade. A meta com Pureit é atingir 500 milhões de consumidores no mundo até 2020. ■ Françoise Terzian Olha a inflação aí, gente! Vale investe R$ 100 mi no ensino em MG Câmara vai fiscalizar obras da Copa de 2014 A mineradora Vale vai investir R$ 100 milhões na qualificação profissional de estudantes mineiros, por meio de um convênio firmado ontem com o governo do estado de Minas Gerais. Assinado pelo presidente da empresa, Roger Agnelli, e pelo governador Antonio Anastasia, o acordo dá seguimento ao Programa de Educação Profissional (PEP), lançado em 2007 pelo governo mineiro, e que já beneficiou 173 mil alunos em 128 municípios. Além dos recursos da Vale, o convênio também prevê o desembolso de outros R$ 43 milhões pelo governo do estado. A Vale informou, por meio de nota oficial, que o convênio com a mineradora deverá incorporar outros 35 mil novos alunos ao PEP. O governo mineiro, que já investiu R$ 440 milhões nos últimos quatro anos, planeja chegar a 2014 com 400 mil alunos atendidos pelo programa. Em 2011, a Vale está investindo US$ 4 bilhões em Minas, recursos que se refletem na geração de emprego e renda. A expectativa é de que sejam gerados 3 mil novos empregos este ano em Minas, aumentando para 45 mil o quadro de empregados da Vale no Estado, entre próprios e terceiros. ■ A Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados criou ontem três subcomissões para fiscalizar projetos e obras preparatórias para a Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas e Paraolimpíadas, em 2016. Na próxima semana, o ministro dos Esportes, Orlando Silva, deve ser ouvido para falar sobre os cortes orçamentários na sua pasta e detalhar o andamento das obras. De acordo com o deputado Afonso Hamm (PP-RS), autor de um dos requerimentos para criação das subcomissões, a ideia é acompanhar de perto a execução das obras nos estados, a infraestrutura das 12 cidades-sedes e o legado que os eventos esportivos deixarão ao país. “Temos que acompanhar o planejamento e ver se a execução que está sendo feita em tempo real. Vamos cuidar também da qualidade da execução e do legado que esses eventos vão nos deixar”, disse o parlamentar. Para facilitar o trabalho das subcomissões, Hamm afirmou que a ideia é que os parlamentares dos estados em que estão sendo realizadas obras fiquem responsáveis por acompanhar a execução dos projetos. ■ ABr Rafael Neddermeyer BTG acerta associação com a WTorre O banco BTG e a construtora e incorporadora WTorre informaram ontem a assinatura de memorando de entendimentos estabelecendo os termos de um acordo que prevê o aporte de ativos imobiliários e recursos financeiros na WTorre pelo BTG. Parte dos ativos da construtora será transferida para uma nova empresa. Ao final do processo, informou a construtora em comunicado ao mercado, o BTG passará a deter o controle acionário da incorporadora. Com sede em São Paulo, a WTorre possui diversos investimentos imobiliários e em infraestrutura, entre eles a construção do novo estádio do Palmeiras. ■ Sim. A abertura de 280.799 novos postos de trabalho com carteira assinada no mês passado (um recorde para o mês de fevereiro desde que o Ministério do Trabalho passou a acompanhar essa movimentação) é algo a ser comemorado. Puxado pelo ramo de serviços, esse número de contratações (elevadíssimo para esta época do ano) atrai atenção para aspectos que merecem ser vistos com mais cuidado. O primeiro é o descompasso entre a elevação do nível de emprego e a redução do ritmo de crescimento da economia. Os economistas Bernardo Macedo e Fernando Sampaio, da LCA Consultores, enxergam aí um sinal claro de que a pressão inflacionária prosseguirá por mais alguns meses — o que exigirá novas e mais severas medidas de contenção por parte do governo. As mais visíveis até agora foram a elevação da taxa de juros e o aumento do salário mínimo em proporções mais modestas do que a dos anos anteriores. Por mais necessárias que sejam (e, no caso específico, foram necessárias mesmo), medidas como essas tendem a ser impopulares. Quando surtem efeito, ótimo. O problema é que, agora, parecem insuficientes para conter a inflação: seu efeito tende a ser anulado pela expansão do emprego formal. Mais gente com emprego significa, como é óbvio, mais pessoas indo às compras. O que quer dizer mais pressão sobre os preços Mais gente com emprego significa, como é óbvio, mais pessoas recebendo salários e, portanto, indo às compras. Mais pessoas comprando é sinal de mais pressão sobre os preços. A questão, como se percebe, é que, embora a massa salarial tenha aumentado, os salários individuais não subiram na mesma proporção. No ano passado, o mínimo teve um aumento considerável e os preços dos alimentos ficaram estáveis ou até caíram em função da crise internacional. Para quem havia se acostumado àquela realidade, a sensação de agora (ou seja, a de que os preços já não não estão confortáveis dentro dos salários) não é das melhores. É de esperar que dentro de alguns meses o emprego passe a crescer menos — o que deverá reduzir, também, a pressão sobre os preços. Mas, até que isso aconteça, a sensação de que tudo está excessivamente caro (que, no ano passado, já havia batido em cheio na classe média) continuará se alastrando pela base da pirâmide. Isso exige atenção. ■ www.brasileconomico.com.br DESTAQUE MAIS LIDAS ONTEM Crise japonesa pode afetar cena de inflação no Brasil ● Gradual lança homebroker com corretagem zero Segundo análise do Itaú, a tragédia no Japão pode gerar impactos na atividade econômica via comércio exterior ou expectativas. No primeiro caso, o risco é de uma contaminação da economia real de vizinhos asiáticos, como a China. O segundo canal pode ser mais danoso, a exemplo do colapso financeiro ocorrido em 2008. ● Desastre japonês mudará regras de usinas no Brasil ● “Kassab é menor que o DEM”, afirma ACM Neto ● Bolsa de Tóquio dispara; mercado atento à crise ● Brasileiro reprova criação de imposto para saúde Acompanhe em tempo real www.brasileconomico.com.br Leia versão completa em www.brasileconomico.com.br ENQUETE O Brasil corre o risco de passar por problemas de segurança radioativa em suas usinas nucleares? Sim 52% Não 48% Fonte: BrasilEconomico.com.br Vote em www.brasileconomico.com.br