Conde e Condessa do Pinhal e seus Descendentes
A história da Família Arruda Botelho no Brasil remonta a meados do século XVII,
quando em 1654 de Portugal vieram três irmãos: Sebastião de Arruda Botelho, André Botelho
Sampaio e Francisco de Arruda e Sá.
Sebastião casou-se em 1663 com a brasileira Isabel de Quadros. Um dos filhos do
casal, nascido no Brasil, era Simão de Arruda Botelho, que se casou com Anna de Almeida
Aranha. Este casal teve um filho chamado João de Arruda Botelho, natural de Itu, que se
casou com Eugênia Pinto do Rego. Dentre os filhos de João e Eugênia está Carlos
Bartholomeu de Arruda Botelho, avô do Conde do Pinhal.
Com o declínio da extração de ouro no Brasil a partir de meados do século XVIII, as
atividades agrícolas com destino à exportação voltaram a ter importância no país. A ocupação
e exploração das terras da Capitania de São Paulo passaram a ser atrativas. Inicialmente, a
região do Vale do Paraíba paulista e fluminense ganhou destaque, pois com o
desenvolvimento das plantações de café, já no início do século XIX, essa região transformouse no centro brasileiro de exportação cafeeira do período. O auge da produção cafeeira do
Vale do Paraíba se deu por volta de 1850.
A Capitania de São Paulo tinha grandes porções de terras abandonadas e incultas.
Naquele momento, havia vários posseiros ocupando o interior, cujas produções, quando
existiam, voltavam-se apenas para a subsistência. O Governo, desejoso de promover a
ocupação e o cultivo das terras, doou várias Sesmarias a indivíduos que haviam prestado
algum serviço público, ou a posseiros já estabelecidos que tivessem condições de cultivá-las.
Os pedidos de Sesmarias nos “Campos de Araraquara” ou “Sertões de Araraquara”
tiveram início na década de 1780, intensificando-se a partir de 1810. Essa região compreendia
toda a área acima do Rio Piracicaba, abrangendo os atuais municípios de Araraquara, São
Carlos, Descalvado e Rio Claro. Assim, a área da atual cidade de São Carlos fazia parte dos
“Campos de Araraquara” e se originou a partir de seu desmembramento.
Carlos Bartholomeu de Arruda Botelho, avô do futuro Conde do Pinhal, nasceu em
1740, em Itu. Ele não tinha nem uma origem social abastada nem terras, mas conseguiu
atingir uma colocação social devido a sua origem familiar portuguesa e pelo seu ingresso na
carreira das armas.
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Em 1767 casou-se com Maria Meira de Siqueira. O casal teve os seguintes filhos:
Manoel Joaquim Pinto de Arruda, Maria Francisca de Arruda, Eugênia Antonia de Arruda e
Carlos José Botelho, este último conhecido como “Botelhão”.
Carlos Bartholomeu combateu como Alferes na Colônia Militar do Iguatemi,
povoação e posto militar localizado na fronteira com o Paraguai; posteriormente, assumiu o
posto de Comandante da Força Armada de Piracicaba, sendo promovido a Sargento-Mor.
Anos depois, de volta a Itu, foi dispensado do comando das Forças Armadas.
Assim, com o intuito de adquirir terras e devido a esses serviços militares prestados,
requereu e obteve uma Sesmaria de três léguas1 nos “Campos de Araraquara”, em 1785. No
ano seguinte, Carlos Bartholomeu comprou do Cirugião-Mor Manoel Martins dos Santos
Rego outra Sesmaria. Ainda em 1786 seu filho mais velho, Manoel Joaquim, adquiriu uma
terceira Sesmaria na mesma região das outras duas mencionadas.
Essas três Sesmarias constituíam a Sesmaria do Pinhal. A denominação “São Carlos”
refere-se ao santo padroeiro da Família Arruda Botelho, que doou uma imagem deste santo
para a construção da capela da povoação; e “Pinhal” tem a ver com a quantidade de pinheiros
encontrados originalmente nessas terras.
É importante ter em mente que o atual município de São Carlos era constituído por
três Sesmarias: a do Pinhal, a do Monjolinho e a do Quilombo. Além da Sesmaria do Pinhal,
Carlos Bartholomeu possuía a Sesmaria do Bom Jardim do Salto, em Piracicaba, adquirida
em 1795.
Contudo, não foi Carlos Bartholomeu quem fez a efetiva ocupação e promoveu o
cultivo inicial das terras da Sesmaria do Pinhal. Com sua morte em 1815, a área em que hoje
se encontra a Fazenda Pinhal foi deixada de herança a seu filho Carlos José Botelho, que
nasceu em Piracicaba, em 1790. Este último ocupou vários postos militares e políticos na
cidade de Araraquara, onde se instalou na década de 1830. Foi Subprefeito, Juiz Municipal,
Delegado de polícia, Tenente-Coronel da Guarda Nacional, e em 1833, o primeiro Presidente
da Câmara de Araraquara.
Em 1824, Carlos José casou-se com Cândida Maria do Rosário, com quem teve os
seguintes filhos: Maria Jacintha de Meira, Carlos Bartholomeu de Arruda Botelho, Antonio
Carlos de Arruda Botelho (o futuro Conde do Pinhal, nascido em 23 de Agosto de 1827),
Cândida Maria da Pureza de Arruda (ou Cândida Maria do Rosário), João Carlos de Arruda
Botelho, Joaquim de Meira Botelho, Eulália Carolina de Meira Botelho, Paulino Carlos de
1
Cada légua equivalia a aproximadamente 6.600 metros.
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Arruda Botelho, Bento Carlos de Arruda Botelho, além de sua filha natural, Rita Cássia de
Meira.
A pedido de Carlos José, em 1831 houve a demarcação da Sesmaria do Pinhal. Para
garantir a posse definitiva da parte das terras por ele herdadas, no começo do século XIX
Carlos José deu início à construção da casa de morada e ao desenvolvimento produtivoeconômico da Fazenda.
Naquele momento, o cultivo da terra se baseava nas plantações de cana-de-açúcar,
tendo sido instalado um engenho no local, e nas atividades de pecuária. O café somente foi
introduzido na década de 1840, pois este produto atingia nesse período o posto de principal
produto nacional destinado à exportação, e as condições climáticas e de solo da região se
mostravam favoráveis. Foram plantados cinco mil pés de café na Fazenda Pinhal nesse
momento.
Conforme foi mencionado, um dos filhos de Carlos José era Antonio Carlos de Arruda
Botelho, que se casou em 31 de Maio de 1852 com Francisca Theodora Ferraz Coelho, filha
de Frutuoso José Coelho e Antonia da Silva Ferraz, e nascida em 1834. Viviam em
Piracicaba, onde ele já prosperava nos negócios com um armazém de secos e molhados e uma
padaria. A pedido do pai, era ele quem administrava a Fazenda Pinhal já por volta de
1853/1854.
Existe uma particularidade interessante entre a Família Arruda Botelho e a Família
Coelho. Quatro irmãos “Botelho” se casaram com quatro irmãs “Coelho”: além de Antonio
Carlos e Francisca Theodora, João Carlos de Arruda Botelho se casou com Mariquinha
Coelho; Joaquim de Meira Botelho se casou com Brasília Coelho; e Paulino Carlos de Arruda
Botelho casou-se com Ana Flora Ferraz Coelho.
Com a morte de Carlos José, em 1854, Antonio Carlos passou a ser o responsável pela
divisão dos bens da família e tutor do irmão caçula, Bento Carlos. A Sesmaria do Pinhal ficou
em estado pró-indiviso até 1895; as divisas foram sendo traçadas amigavelmente pelos
herdeiros.
Coube a Antonio Carlos parte das terras da Sesmaria do Pinhal, incluindo a sede da
Fazenda – a casa de morada – e as terras em seu entorno. Assim, Antonio Carlos e Francisca
Theodora para lá se mudaram.
Na Fazenda, a vida econômica continuou a ser desempenhada como até então estava
sendo realizada: com a criação de gado, principal atividade naquele momento, e as plantações
de café, sendo que o beneficiamento do produto era ainda muito precário, através de pilões,
monjolos, etc. Nessa época, o auge das plantações de café se concentrava na região do Vale
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do Paraíba, sendo que a mão-de-obra utilizada em ambos os casos era a escrava. Antonio
Carlos iniciou um processo de desenvolvimento produtivo da Fazenda Pinhal.
O primeiro filho do casal, Carlos José Botelho, nasceu em 1855. Pelos relatos
encontrados, o relacionamento desse casal era muito bom e de muita paixão. Quando ainda
não haviam se casado, várias noites de música eram realizadas na fazenda do pai de Francisca
Theodora, sendo que suas irmãs e os irmãos de Antonio Carlos também participavam. No
Pinhal, ela se preocupava sempre em estar bem arrumada, enfeitada a espera do esposo.
Em 1857, Antonio Carlos fundou junto com Francisco Jerônimo de Bittencourt Coelho
uma Sociedade Comercial de Gêneros Nacionais e Estrangeiros, que existiu até 1860. Ainda
naquele ano foi nomeado Juiz Municipal e Presidente da Câmara de Araraquara,
permanecendo até 1860. E em 1859 foi nomeado Inspetor de Instrução Pública e de Estradas,
posto que ocupou até 1860. Assim, percebemos que já desde esses tempos iniciou seu
empreendedorismo econômico e sua carreira na política.
Devido aos negócios que desenvolvia na região e ao isolamento da mesma, o pai de
Antonio Carlos, o Botelhão, projetara, em vida, fundar uma cidade nas terras da Sesmaria do
Pinhal, o que não foi possível de se realizar. Contudo, com a ajuda de irmãos, cunhados, e do
compadre Jesuíno Soares de Arruda, seu filho Antonio Carlos pôde concretizar esse objetivo:
houve a doação de terras por vários deles onde foi construída uma capela, sendo projetado,
também, o traçado das ruas ao redor da mesma.
A Família Arruda Botelho doou à capela uma imagem de São Carlos Borromeu, santo
padroeiro da Família, que se tornou a partir daquele momento o padroeiro da cidade também.
Segundo a historiografia local, Antonio Carlos, juntamente com seu compadre Jesuíno de
Arruda sempre foram considerados os principais responsáveis pela fundação de São Carlos do
Pinhal2, que se deu em 04 de Novembro de 1857.
Neste mesmo ano, a pedido da Câmara Municipal de Araraquara, da qual Antonio
Carlos era Presidente, foram criados pelo Presidente da Província o Distrito de Paz e a
Subdelegacia de São Carlos do Pinhal; mas já em 1858 o Distrito de Paz transformou-se em
Freguesia.
Antonio Carlos por vezes ausentava-se da Fazenda a trabalho. Em uma de suas
viagens ao Rio de Janeiro, onde fora comprar escravos, ao saber que sua esposa estava doente
na Fazenda retornou ao Pinhal, mas não mais a encontrou viva: Francisca Theodora faleceu
em 10 de março de 1862. Mesmo com essa perda que muito o abalou, ele e o pequeno filho
continuaram vivendo na Fazenda Pinhal.
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A denominação da cidade passou a ser somente São Carlos através da lei nº 1158, de 26 de Dezembro de 1908.
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Contudo, um ano após a morte da esposa, Antonio Carlos conheceu, em uma procissão
da Semana Santa (Páscoa), na cidade de Rio Claro, uma jovem por quem se interessou: seu
nome era Anna Carolina de Mello Oliveira, nascida em 05 de Novembro de 1841, filha de
José Estanislau de Oliveira e Elisa de Mello Franco. Antonio Carlos, que conhecera o pai de
Anna Carolina por ter feito com este negócios, tão logo manifestou seu interesse pela mesma.
Naquela época, quando um homem se interessava por uma moça ele deveria
primeiramente demonstrar suas intenções à família dela, em especial a seu pai. Caso o pai da
referida moça concordasse com o namoro (podendo ter ou não conversado sobre o assunto
com ela previamente), dava sua autorização. Os namoros resumiam-se no máximo a
conversas entre o casal, mas é claro, na presença de mais velhos e/ou de outros
acompanhantes. Assim, Antonio Carlos e Anna Carolina firmaram compromisso.
José Estanislau, o pai da noiva, era homem abastado, possuía várias fazendas, e residia
em Rio Claro. Tinha grande influência política na região, tendo recebido os títulos de
Primeiro Barão de Araraquara, em 1867, e de Visconde do Rio Claro, em 1870.
O casamento de Antonio Carlos e Anna Carolina aconteceu em 23 de Abril de 1863,
em Rio Claro, na Fazenda São José. Logo em seguida, o casal passou a morar na Fazenda
Pinhal, de propriedade do noivo. O casal teve doze filhos: José Estanislau de Arruda Botelho,
Antonio Carlos de Arruda Botelho, Martinho Carlos de Arruda Botelho, Cândida de Arruda
Botelho, Elisa de Arruda Botelho, Carlos Augusto de Arruda Botelho, Maria Carlota de
Arruda Botelho (Cóta), Carlos Américo de Arruda Botelho (Carrito), Sophia de Arruda
Botelho, Carlos Amadeu de Arruda Botelho, Anna Carolina de Arruda Botelho (Nenê),
Antonia de Arruda Botelho (Tonica). Anna Carolina tinha pelo marido um grande amor, que
era recíproco.
Descendente de alemães e portugueses, ela era muito bondosa, meiga e modesta, mas
ao mesmo tempo era bastante responsável e disciplinada. Como dona de fazenda, não se
furtava aos trabalhos cotidianos, dedicando-se à coordenação dos trabalhos domésticos, ao
cuidado com os escravos, costurando as roupas destes, auxiliando nos partos, etc. Era ela
também quem cuidava da Fazenda na ausência do marido e da educação dos filhos. Além
disso, era responsável por cuidar da recepção e refeições de hóspedes e visitas na Fazenda
Pinhal. Segundo os relatos, quando os filhos já adultos e casados faziam visitas no Pinhal,
eram sempre muito bem recebidos, as refeições sempre muito boas, os lençóis e as toalhas
muito limpos e bonitos. Anna Carolina sabia receber muito bem em sua casa.
Após o casamento, ela empreendeu vários melhoramentos na Fazenda Pinhal. Ela foi
a responsável pelo ordenamento e projeto de construção de jardins; pela constituição do lago
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em frente a casa, que tinha como intuito refrescar a mesma nos dias quentes; e pela formação
de um pomar.
Vários relatos dos netos e netas contam aspectos interessantes sobre a Condessa e a
Fazenda Pinhal. Esses familiares pouco conviveram com o Conde, que faleceu quando muitos
ainda eram bem pequenos. Segundo relatos, Anna Carolina sempre usava um xalinho nas
costas. Após o café da manhã e almoço ela fazia passeios pelo pomar e jardim. Já mais
próximo do fim de sua vida, pedia para as netas lerem os romances de que gostava. Os
familiares guardam uma bonita lembrança da matriarca do Pinhal.
Ao que tudo indica, a educação das filhas do casal se dava inicialmente em casa, com
o auxílio de preceptoras francesas ou alemãs e posteriormente as meninas eram enviadas aos
colégios internos de freiras. Os filhos, por seu lado, eram encaminhados diretamente aos
colégios internos. Então, é possível deduzir que quando os filhos mais novos nasciam os mais
velhos estavam se encaminhando aos referidos colégios.
Segundo informações, alguns dos filhos dos Condes do Pinhal foram à Europa, com o
intuito de finalizar os estudos. Temos como exemplo os casos de Carlos José, que se formou
médico em Montpellier, na França; Carlos Amadeu, que viveu na Inglaterra; e Martinho
Carlos, que quando viveu na França, na década de 1890, foi diretor da Revista Moderna,
revista esta que publicou parte do romance inédito “A Ilustre Casa de Ramires”, de Eça de
Queirós. Há registros de que a Família algumas vezes, em conjunto ou em partes, viajou à
Europa a passeio também.
Através da análise dos relatos percebe-se que o relacionamento entre pais e filhos era
muito bom, de cumplicidade e respeito, mas não de amizade como atualmente existe,
evidenciando os padrões familiares e de comportamento da época em questão. Ao que consta,
os irmãos também tinham boa convivência entre si. As relações entre a Condessa e seu
enteado, Carlos José, filho do primeiro casamento de Antonio Carlos, eram muito boas, com
carinho recíproco.
Um acontecimento que marcou o país resultando em conseqüências para toda a
população foi a Guerra do Paraguai, que aconteceu entre anos de 1864 e 1870. Antonio
Carlos, que havia sido eleito Deputado Provincial naquele primeiro ano, permanecendo no
cargo até o final da década, foi encarregado de fornecer tropas, promovendo o recrutamento
de voluntários para combater na Guerra e de providenciar o abastecimento das mesmas, com o
envio de carnes e açúcar. Além disso, promoveu a manutenção dos caminhos que levavam até
Mato Grosso.
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Com isso, em 23 de Abril de 1867 ele recebeu o título de Coronel Comandante
Superior da Guarda Nacional. Em 02 de Setembro de 1868, foi condecorado com a Ordem da
Rosa, e em 02 de Agosto de 1879, recebeu o título de Barão do Pinhal, ambos também devido
aos serviços prestados na Guerra do Paraguai.
O Barão do Pinhal se ausentava diversas vezes da Fazenda, pois se ocupava de formar
outras fazendas na região e em Jaú. Assim, podemos citar as seguintes: Santo Antonio, da
Serra, Palmital, Maria Luiza, Carlota, Sant’ Ana, Santa Sophia, São Carlos, São Joaquim e
Salto de Jaú. Além dessas a Família possuía outros imóveis, como, por exemplo, casa em São
Paulo, e outra em Poços de Caldas, conhecida como “Villa Pinhal”.
Em 1865 a Freguesia de São Carlos do Pinhal foi elevada à categoria de vila pela
Assembléia Provincial devido ao seu desenvolvimento, sendo empossada a primeira Câmara
Municipal de São Carlos do Pinhal, totalmente composta por fazendeiros da região. No ano
seguinte, 1866, foi criado o Termo de São Carlos do Pinhal, anexo ao de Araraquara, ambos
pertencentes à comarca de Rio Claro.
Até 1870 existiam no Brasil somente os Partidos Conservador e Liberal. O Partido
Republicano surgiu nessa década, sendo criado o Partido Republicano Paulista (PRP) em
1873. Em São Carlos, o Diretório deste último só foi formado em 1878.
Antonio Carlos era chefe do Partido Liberal de São Paulo, e seus familiares, também
liberais, dominavam a política de São Carlos. Ele foi um importante político, muito bem
relacionado e respeitado em todo o Estado, ocupando vários cargos influentes. Em alguns
momentos de sua vida esteve fora do cenário político, desligando-se totalmente somente anos
antes de sua morte.
Com relação ao município, no ano de 1880 o Termo de São Carlos do Pinhal foi
elevado à categoria de cidade, sendo instalada a Comarca Judicial nesta cidade em 1882.
Entre os anos de 1880 e 1882 há registros de participação de Antonio Carlos na
Assembléia Legislativa Provincial como Deputado Provincial; e em 1883, ele eleito o
Presidente da mencionada Assembléia. Em 1884 ele novamente foi eleito Deputado
Provincial, sendo que nos anos de 1885, 1886 e 1887 aparece mais uma vez como membro da
Assembléia Legislativa Provincial. Além dessas participações, até o final da década de 1880,
figurou como Deputado da Câmara de Deputados do Império, entre os anos de 1886 e 1889.
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A produção cafeeira na região do Oeste Paulista3 se intensificou a partir da década de
1880. No Pinhal a produção econômica nesse momento se dava através das plantações de
café, principalmente, e da criação de gado.
O café ao ser colhido era lavado e posto para secar nos terreiros existentes ao lado da
casa de morada. A “secagem” levava alguns dias, provocando também a maturação dos grãos.
Após seco e amadurecido, o café era beneficiado. No início, o beneficiamento se dava através
do uso de monjolos e pilões. Não podemos precisar uma data, mas provavelmente no período
do auge cafeeiro nessa região foi introduzida na Fazenda uma máquina para realizar esse
trabalho, instalada na tulha.
Basicamente, o processo de beneficiamento pode assim ser resumido: primeiro o café
era separado de folhas, pedras, etc; depois, entrava no descascador, que retirava sua casca. Em
seguida, era retirado o pergaminho, uma fina película que envolve os grãos. Após essa etapa,
o café era separado por tamanho e cada separação continha um compartimento de saída, que
já despeja os cafés assim selecionados em sacos próprios. A diferenciação do café por
tamanho implicava na diferenciação de preços e destino final dos mesmos.
Esse processo de beneficiamento além de mais rápido garantia melhor qualidade ao
produto final. A melhoria na qualidade aumentava o preço do café, resultando em maior lucro
ao produtor. O café não era torrado para ser exportado e até sair da Fazenda, ficava
armazenado na tulha.
Até o final da década de 1860 o trabalho nas lavouras cafeeiras era executado
praticamente de forma exclusiva pelos negros escravos. Eles viviam na senzala trabalhavam
provavelmente de sol a sol, e se alimentavam de angu, uma mistura de farinha de milho,
mandioca ou arroz, água e sal. Alguns dos escravos eram requisitados, também, para os
trabalhos domésticos.
Através da análise dos relatos da Família Arruda Botelho constatou-se que Anna
Carolina dedicava muitos cuidados aos escravos, como, por exemplo, preocupações com a
saúde deles, providenciando a confecção (na própria Fazenda) de suas vestimentas, etc, talvez
também devido ao preço dos cativos que aumentou com a proibição do tráfico negreiro em
1850, exigindo um cuidado maior na “preservação” dessa força de trabalho.
A partir de meados do século XIX vários acontecimentos colocaram em alerta os
fazendeiros do Oeste Paulista com relação à utilização do braço escravo nas lavouras de café:
fim do tráfico negreiro, em 1850, dificultando o reabastecimento de mão-de-obra e
3
Essa região não corresponde ao oeste geográfico. Refere-se, basicamente, a região compreendida entre os
municípios de Campinas, Rio Claro, São Carlos, Araraquara, Catanduva, Pirassununga, Casa Branca e Ribeirão
Preto.
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encarecendo o preço dos escravos importados de outras Províncias; aprovação, por exemplo,
das leis do Ventre Livre, em 1871, dos Sexagenários, em 1885; presença dos movimentos
abolicionistas, que atuaram de forma mais intensa na década de 1880; e revoltas e fugas de
escravos, intensificadas nas décadas de 1870 e 1880. Tudo isso incentivou a importação de
imigrantes europeus.
Já por volta de 1876, Antonio Carlos, seguido de outros fazendeiros locais, inseriu
trabalhadores de origem alemã para trabalharem em suas lavouras. Contudo, o maior fluxo
imigratório para a região de São Carlos, na década de 1890, foi de trabalhadores italianos. A
imigração proporcionou um considerável aumento da população do município.
Assim, a população estrangeira do município que era de 2.039 indivíduos em 1886
saltou para 15.270 no ano de 1907, representado 39,5% da população total de São Carlos
neste último ano. Dentre os imigrantes, 74,3% eram italianos; 10,9% eram espanhóis; 10,7%
eram portugueses e o restante pertencia a outras nacionalidades, em 1907.
As mãos-de-obra imigrante e escrava, depois com o fim da escravidão ex-escrava,
passaram a trabalhar em conjunto nas fazendas do município. Na região de São Carlos não
houve uma substituição total da mão-de-obra escrava pela imigrante, embora alguns exescravos tivessem abandonado as fazendas locais após a abolição.
Na Fazenda Pinhal, como foi dito, houve uma experiência de se introduzir imigrantes
alemães em 1876. Mas há registros de que no início do século XX os imigrantes que
predominavam eram os italianos.
O transporte do café do interior até o porto de Santos era uma condição bastante
importante para garantir que o produto não sofresse perdas pelo caminho e não demorasse
demasiadamente para ser exportado, o que atrasaria o retorno financeiro ao produtor e
encarecia os preços com o transporte em si. De Santos a Jundiaí, a companhia São Paulo
Railway Company (empresa inglesa) havia realizado o trajeto de estrada de ferro, que
começou a funcionar em 1868. Anos depois, a Companhia Paulista (empresa nacional) ligou
as cidades de Jundiaí e Rio Claro, aberta ao tráfego em 1876. Era esta última, também, que
detinha a concessão para ampliar os trilhos de Rio Claro à Araraquara.
Em 1880 esta Companhia enviou um projeto com um possível traçado para o trecho de
Rio Claro, passando por São Carlos, até Araraquara. Todavia, após várias negociações com o
Governo, e devido às pressões do Barão do Pinhal e seus aliados políticos pela não aprovação
do projeto (pois este não agradara parte dos fazendeiros locais, inclusive ele próprio – não
lhes era economicamente vantajoso), a Companhia Paulista abdicou, neste mesmo ano, da
concessão de prolongamento do trajeto a partir de Rio Claro.
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A concessão inicialmente passou às mãos dos irmãos Adolpho Pinto e Luiz Augusto
Pinto. Porém, em 1882 o Barão do Pinhal comprou, com capital próprio e de outros
fazendeiros, inclusive de seu sogro o Visconde do Rio Claro, parte da concessão por cinco mil
contos de réis. Ao que tudo indica, o fato de naquele momento a Província estar sendo
chefiada pelo Partido Liberal pode ter influenciado na compra da concessão pelo Barão do
Pinhal, pois tanto ele quanto seu sogro eram também influentes políticos liberais. Ao mesmo
tempo, no ano seguinte o Barão do Pinhal, que era Deputado Provincial, foi eleito Presidente
da Assembléia Legislativa Provincial, o que demonstra a sua influência política naqueles
tempos.
Foi ele quem fez o estudo do terreno e projetou o novo traçado, agora de forma que
atendesse melhor os fazendeiros do município de São Carlos, a si mesmo e a seu sogro, em
Rio Claro. Foi criada, assim, a Companhia do Rio Claro de Estradas de Ferro, empresa
nacional e fundada somente com capital particular, sem receber garantia de juros por parte do
Governo.
Em 1884 foi inaugurado o trecho entre Rio Claro e São Carlos. O prolongamento até
Araraquara foi finalizado em 1885, e em 1886 até Jaú. A Companhia do Rio Claro tinha uma
posição estratégica para o transporte dessa região.
Seu maior lucro resultava das cargas que transportava do interior em direção a Rio
Claro. O principal produto exportado era o café, mas não era o único. Em contrapartida, a
estrada de ferro era responsável também por abastecer os mercados dessa região com
mercadorias vindas da Capital e do exterior. Além disso, foi muito importante no transporte
de pessoas, inclusive para a vinda de imigrantes com destino aos trabalhos nas fazendas
cafeeiras. A introdução das ferrovias propiciou maior expansão agrícola e desenvolvimento
do espaço urbano nas áreas por elas contempladas.
Antonio Carlos, então Barão do Pinhal, por todo o esforço e empreendedorismo que
realizou durante a construção da estrada de ferro, foi agraciado primeiro, em 05 de Maio de
1883, e depois, em 07 de Maio de 1887, respectivamente com os títulos de Visconde do
Pinhal e Conde do Pinhal. Não sabemos o real motivo, se pessoais ou com intuito de investir
em novos negócios ainda mais rentáveis, o fato é que o Conde do Pinhal decidiu vender a
Companhia do Rio Claro.
Primeiramente, a Companhia Paulista fez algumas negociações, pois estava
interessada em ampliar sua área de atuação, mas diante das divergências com relação aos
valores discutidos, desistiu do negócio. A compra foi efetivada pela São Paulo Railway
Company em 1889, que passou a ser conhecida como Rio Claro - São Paulo Railway
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Company. Em 1892, a Companhia Paulista a comprou dos ingleses, pagando um valor bem
mais alto do que o oferecido pelo Conde do Pinhal.
Assim,
é
possível
salientarmos
que
nesse
momento
vários
fazendeiros
transferiram/inverteram seus capitais oriundos da economia cafeeira em outros negócios, que
não fossem o agrícola. Houve a fundação de bancos, pequenas indústrias, grandes casas
comerciais, casas comissárias, ferrovias, etc. Apesar dos negócios do café ser sua principal
atividade econômica, o Conde do Pinhal também investiu em novos negócios, além da estrada
de ferro aqui mencionada.
Com o dinheiro que recebera da venda desta última, Antonio Carlos, em 1892,
adquiriu de um grupo de capitalistas fluminenses uma Companhia Agrícola, em Ribeirão
Preto, formada por um conjunto de nove fazendas para o cultivo de café.
A atividade cafeeira proporcionou, também, mudanças na composição dos municípios.
Aqueles que eram “servidos” pelas estradas de ferro tenderam a evoluir mais rapidamente.
Nos fins do século XIX e início do XX, São Carlos apresentava um aumento populacional
decorrente, também, da vinda dos imigrantes estrangeiros.
Por volta de meados de 1886 ou já no início de 1887, Antonio Carlos criou uma Casa
Comissária na cidade de Santos, onde comercializava o café de toda região.
As Casas Comissárias eram instrumentos intermediários muito importantes na
comercialização dos produtos agrícolas com destino ao exterior. Estabelecidas nas cidades
portuárias, como o Rio de Janeiro e em Santos, elas recebiam dos fazendeiros os produtos
exportáveis para vendê-los aos exportadores no momento considerado mais adequado
financeiramente.
Por conta do produto enviado, ou a ser enviado no futuro, os comissários forneciam
desde bens de consumo e instrumentos encomendados pelos fazendeiros, a créditos em
dinheiro. Cada fazendeiro abria na Casa Comissária uma conta corrente, em que eram
lançados seus créditos e débitos. Os comissários ganhavam, assim, comissões sobre os
negócios realizados com os produtos dos fazendeiros. Nos tempos de auge cafeeiro, várias
negociações foram realizadas por essas Casas devido à venda do café no exterior. Fazendeiros
e comissários estabeleciam, assim, uma relação de confiança. Era assim que agia a “Casa
Comissária Arruda Botelho”.
Nesse período também, Antonio Carlos construiu um Palacete na cidade de São
Carlos, decorando-o com bastante requinte. Um ano antes, o Imperador Dom Pedro II havia se
hospedado na cidade, mas Antonio Carlos não pode recebê-lo, pois a casa de morada da
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Fazenda Pinhal tinha decoração muito simples. Nesse sentido, era preciso ter uma residência à
altura para receber ilustres personalidades.
Assim, foi construído um belo Palacete próximo à Catedral da cidade, foram
compradas louças de cristais importadas da Europa, toalhas de mesa finíssimas, aparelhos de
jantar completos, móveis da casa Leandro Martins do Rio de Janeiro, todos com o
monograma “CP” de Conde do Pinhal. Contudo, essa construção não chegou a cumprir o
objetivo de receber o Monarca, também porque já em 1889 a República fora proclamada e a
Família Real saiu em exílio à Europa.
Temos como hipótese que após a morte do Conde do Pinhal, em 1901, e com a venda
do Palacete em anos posteriores, da mobília e objetos que lá se encontravam, parte foi
dividida entre os filhos e parte foi destinada à Fazenda do Pinhal e às outras casas ainda em
propriedade da Condessa. Após o falecimento desta última, todos os móveis e objetos das
casas foram divididos entre seus filhos.
No ano de 1889 Antonio Carlos fundou um banco na cidade de São Paulo, o Banco de
São Paulo.
Ainda antes do final do Segundo Império, o Conde do Pinhal foi candidato à lista
Tríplice Senatorial. E no período Republicano, figurou como um dos Senadores do Estado de
São Paulo, sendo eleito membro do Congresso Constituinte do Estado de São Paulo, ambos
em 1891. Neste ano, aparece atuando na Câmara do Senado de São Paulo.
Ainda no ano de 1891, Antonio Carlos fundou mais dois bancos: o Banco União de
São Carlos e o Banco de Piracicaba. Ao contrário do Banco de São Paulo, esses dois
primeiros não experimentaram grande prosperidade, sendo liquidados em anos posteriores,
muito provavelmente devido às crises cafeeiras surgidas a partir da última década do século
XIX.
No dia 31 de Janeiro de 1893 foi fundada a povoação de São João Baptista da Lagoa, a
atual cidade de Ibaté, pertencente a Comarca de São Carlos. E em 25 de Dezembro de 1911
foi fundado o Distrito de Paz de Santa Eudoxia, também pertencente a São Carlos.
Até o final do século XIX, 10 dos filhos de Antonio Carlos e Anna Carolina haviam se
casado: Carlos José com Constança Maria de Brito Filgueiras; José Estanislau com Anna
Brandina de Queiróz Aranha; Antonio Carlos com Genoveva Junqueira; Martinho Carlos com
Alexandra de Machoff; Cândida com Firmiano de Moraes Pinto; Elisa com Antonio Moreira
de Barros; Carlos Augusto com Maria Luiza Ataliba (Mariquinha); Maria Carlota (Cóta) com
Christiano Klingelhoefer; Carlos Américo (Carrito) com Carmen Nogueira; e Sophia com
Francisco Carvalho Soares Brandão.
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Em 1901 Antonio Carlos fez uma viagem de trem ao Rio de Janeiro, na qual levava
297 contos de réis. Não se sabe se por alguém que previamente tinha conhecimento desse
dinheiro ou se devido ao acaso, o Conde do Pinhal foi assaltado nessa viagem, perdendo todo
o montante que transportava. O abalo causado por este acontecimento foi tanto que pouco
tempo depois, em 11 de Março de 1901, ele veio a falecer em sua casa na Fazenda Pinhal. Um
mês após sua morte o dinheiro roubado apareceu, desfalcado em apenas 10 contos de réis.
Não se descobriu o autor do roubo e nem o motivo pelo qual o Conde do Pinhal levava
consigo tamanha quantia, já que possuía o Banco de São Paulo, podendo fazer transações
financeiras por meio dele.
Sua morte causou grande abalo na Família, principalmente para sua grande
companheira, Anna Carolina.
Seis meses após a morte do Conde, a filha Anna Carolina (Nenê) se casou com João
Soares Brandão, pois seu casamento, que já estava com data marcada tempo antes, teve que
ser adiado em decorrência da morte de seu pai. Alguns anos depois, Antonia (Tonica) se
casou com Bento Pereira Bueno; e Carlos Amadeu casou-se com Brazília Whitaker de
Oliveira Lacerda, sendo este o último dos filhos a se casar.
Após o falecimento de Antonio Carlos, a administração da Fazenda passou por
algumas mãos, com aval e colaboração da Condessa: inicialmente seu filho Antonio Carlos
assumiu até 1908, quando faleceu. Posteriormente, a Fazenda ficou com Carlos Amadeu e
depois aos cuidados do filho Carlos Américo, o Carrito, até 1920, quanto este também
faleceu. Em seguida, Paulico, filho de Paulino Carlos de Arruda Botelho, irmão do Conde do
Pinhal, assumiu a administração. Depois, a Fazenda passou às mãos de Antonio Carlos
(Tonico, filho de Antonio Carlos e Genoveva, neto dos Condes do Pinhal).
Alguns dos negócios deste último passaram a ser administrados pelos filhos, como,
por exemplo, a Companhia Agrícola de Ribeirão Preto, que foi vendida em 1911.
Com a morte do Conde, Anna Carolina permaneceu morando na Fazenda e em São
Paulo até sua morte. Vários netos visitavam a avó, passando, às vezes, temporadas no Pinhal,
como, por exemplo, sua nora Genoveva Junqueira, esposa do filho Antonio Carlos, que lá
morou por um tempo, após a morte de seu marido, em 1908.
O local para onde a Condessa mais viajava era Poços de Caldas, hospedando-se na
casa que lá possuía.
Já por volta da década de 1910, o café começava a dar sinal de estagnação, sem contar
as crises em momentos pontuais desde o final do século XIX, como em 1896, 1904 – 1905,
etc. Sendo assim, o café foi gradualmente substituído pelas lavouras de algodão.
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No ano de 1941, a Condessa do Pinhal completou 100 anos, comemorados com grande
festa em sua casa em São Paulo. Porém, em 05 de Outubro de 1945, exatamente um mês antes
de seu aniversário, Anna Carolina faleceu, aos 103 anos.
Com sua morte, os bens foram divididos entre os filhos, cabendo a cada um decidir
sobre o destino dos mesmos. Apenas a sede da Fazenda do Pinhal e uma pequena área ao seu
redor não foram vendidas, permanecendo em estado pró-indiviso durante 23 anos: todos os
herdeiros poderiam utilizar igualmente o espaço e serviços da sede.
Na época do centenário de São Carlos (1957), houve esforços de alguns netos e netas
para tentar reformar e organizar a Fazenda, com o intuito de realizar lá também uma festa
comemorativa do centenário, já que o Conde do Pinhal fora um dos principais responsáveis
pela fundação da cidade. Assim, foi realizada a última grande festa no Pinhal.
Por volta da década de 1970 novamente a Fazenda se encontrava um tanto
abandonada. Foi nesse momento que, mais uma vez, familiares uniram seus esforços no
intuito de reformar e reorganizar o local. Ao longo dos anos, as “cotas” da Fazenda de cada
família de herdeiros foram sendo adquiridas por uma das bisnetas dos Condes do Pinhal e seu
respectivo esposo, Helena e Modesto Carvalhosa, que foram também responsáveis pelo
cuidado da Fazenda após essa época. É graças aos cuidados e investimentos desse casal que a
Casa do Pinhal se conservou até os nossos dias.
Em 1981, a arquitetura da Fazenda foi tombada pelo CONDEPHAAT (Conselho de
Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado – Secretaria da
Cultura do Estado de São Paulo), e em 1987 pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional – Ministério da Cultura).
No ano de 2010 a Fazenda Pinhal novamente mudou de mãos, sendo vendida a outro
bisneto dos Condes do Pinhal e sua esposa, Fernão Carlos e Sônia Botelho Bracher. Assim,
podemos concluir que desde sua fundação até os dias atuais, a Fazenda permanece nas mãos
da Família Arruda Botelho.
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