XXIV ENANGRAD EPD – Ensino, Pesquisa e Capacitação Docente em Administração SATISFAÇÃO DE ALUNOS FORMANDOS EM COMÉRCIO EXTERIOR COM SEU CURSO DE GRADUAÇÃO E EXPECTATIVAS NA CONTINUIDADE DE SUA FORMAÇÃO. Júlio César da Silva Giancarlo Gomes Edson Wilson Torrens Maria José Carvalho de Souza Domingues Florianópolis, 2013 ! Área temática: Ensino, Pesquisa e Capacitação Docente em Administração - EPD SATISFAÇÃO DE ALUNOS FORMANDOS EM COMÉRCIO EXTERIOR COM SEU CURSO DE GRADUAÇÃO E EXPECTATIVAS NA CONTINUIDADE DE SUA FORMAÇÃO. ! ! RESUMO O objetivo, deste trabalho empírico, foi analisar a satisfação de alunos formandos em Comércio Exterior de uma Instituição de Ensino Superior do norte de Santa Catarina com seu curso e as expectativas na continuidade de sua formação. As razões que justificam abordar este tema, dentre outras, baseia-se na necessidade das IES buscarem formas para melhorar a qualidade de seus cursos e a satisfação dos alunos, evitando assim a evasão de seus alunos ou a sua transferência para outras instituições. A pesquisa foi quantitativa, exploratória e de levantamento aplicada junto aos 48 alunos concluintes. Conclui-se que a maioria trabalha na iniciativa privada - indústria. Quanto à função profissional, nem todos trabalham no setor de sua formação. Menos da metade dos alunos ficaram totalmente satisfeitos com o curso. As disciplinas de Sistemática de Exportação, as Negociações Internacionais e as Relações Internacionais devem ser mais aprofundadas no curso. O nível de pós-graduação que mais desperta interesse dos egressos é o stricto sensu. Os cursos das áreas de Relações Internacionais e Negócios Internacionais figuraram como os de maior interesse para a continuidade dos estudos. A replicação do estudo em outras instituições é uma sugestão para futuras pesquisas. Palavras-Chave: Satisfação de Alunos; Educação Superior; Formação Continuada. ABSTRACT The objective of this empirical work based on a Foreign Trade of Higher Education Institution in northern Santa Catarina, was to analyze the senior students’ satisfaction with its course and expectations of continuing their education. The reasons for addressing this issue, among others, is based on the need for private higher education institutions seek ways to improve the quality of their courses and student satisfaction, thus preventing the escape of their students or their transfer to other institutions. The research was quantitative, exploratory and applied a survey to 48 graduating students. One concluded that most of them works in the private sector - industry. As for the professional function, not all of them works in the area of their training. Less than half of the students were fully satisfied with the course. The follow subjects Systematics export; international negotiations and international relations should be further deepened in the course. The graduate level that most arouses the interest of graduates is the strict sense. The courses in the areas of International Relations and International Business figured to have the greatest interest for the continuation of studies. The replication of the study in other institutions is a suggestion for future research. Keywords: Student Satisfaction; Higher Education; Continued formation. ! ! 1 INTRODUÇÃO Os desafios que caracterizam o ambiente em que as IES estão inseridas têm provocado modificações no sistema educacional do país (MÜLLER, 2005). O setor de educação superior, como um todo, vem apresentando índices elevados de crescimento e competitividade (REICHELT, 2008). Segundo Mainardes e Domingues (2008), o crescimento do número de instituições privadas foi recorde, nascendo, em média, mais de um estabelecimento particular por dia. Ainda que esse crescimento tenha permitido a democratização do acesso ao ensino superior, igualmente propiciou o aumento desordenado do número de vagas oferecidas nas universidades particulares, aumentando a competitividade no sentido de atrair e manter o número de alunos necessários para ocupar a capacidade instalada na instituição (MÜLLER, 2005). O campo de ensino superior privado está passando por uma crise que demanda mudanças de rumo. Muitas instituições expandiram-se e outras novas foram criadas, tendo por base os modelos tradicionais de uma ou duas décadas atrás, não levando em conta que o contexto do mundo globalizado e a explosiva evolução das tecnologias de informação e comunicação causaram uma profunda mudança no perfil do profissional valorizado pelo mercado, bem como nas expectativas dos alunos (WOLYNEC, 2006). Gomes (2009) também alerta que o perfil da universidade brasileira mudou nos últimos anos. Em um mercado dinâmico e competitivo, com a crescente demanda pela educação superior e, em certa medida, com a autonomia de gestão acadêmica e administrativa, tendo em vista o cumprimento da função social e dos objetivos institucionais das IES, é imprescindível examinar o contexto de atuação destas organizações. De acordo com Faria (2007), a situação financeira destas IES ficou cada vez mais dependente da capacidade de atrair e reter estudantes. Portanto, torna-se indispensável conhecer a satisfação dos estudantes e melhorar a qualidade do ensino. Neste processo de crescimento da busca por cursos, permanece a preocupação em saber se a satisfação do aluno contribui para o sistema de qualidade do ensino das IES (HELENA, 2001). Os conhecimentos sobre os graus de satisfação dos alunos compõem uma das maiores prioridades de gestão nas organizações envolvidas com qualidade de seus produtos e serviços e, por conseguinte, com os resultados alcançados junto a seus alunos (ROSSI; SLONGO, 1998). Na visão de Kotler (2000), pessoas meramente satisfeitas mudam de fornecedor quando descobrem uma oferta melhor. Neste sentido, é necessário oferecer bens e serviços que deixem os clientes mais que satisfeitos. A satisfação dos estudantes é amplamente pesquisada no meio acadêmico. Pesquisadores como Rossi e Slongo (1998), Porto e Règnier (2003), Helena (2001), Neves e Ramos (2001), Walter, Tontini e Domingues (2005), Wolynec (2006), Schleich, Polydoro e Santos (2006), Gomes et al, (2007), Tomio, Souza e Maia (2007), Mainardes e Domingues (2008), Reichelt (2008) são alguns exemplos brasileiros. O tema pertence a uma área de pesquisa em permanente evidência. As pesquisas sobre satisfação de alunos é uma ferramenta eficaz para o estudo e a prática de comportamento do consumidor de aulas. Além disso, ela serve para a avaliação institucional. Estamos inseridos em um ambiente organizacional, cujos fatores de entrega de valor para os envolvidos no processo mudaram (HELENA, 2001; SCHLEICH; POLYDORO; SANTOS, 2006). O presente estudo tem o objetivo de analisar a satisfação de alunos concluintes do curso de Graduação em Comércio Exterior de uma IES privada do norte do Estado de Santa Catarina, bem como, a intenção dos alunos em continuar seus estudos por meio de cursos de Pós-Graduação. As razões que justificam abordar este tema, dentre outras, baseia-se na necessidade das IES privadas buscarem formas para melhorar a qualidade de seus cursos e a satisfação dos alunos, evitando assim a evasão de seus alunos ou a sua transferência para outras instituições. Outro motivo é a possibilidade do incremento da educação continuada dos alunos que concluem a graduação, tornando-se potenciais estudantes de cursos de Pós-Graduação. Neste sentido, o estudo busca contribuir com um tema que vem sendo explorado e que requer atenção e constante aprofundamento, uma vez que interfere diretamente na continuidade e desenvolvimento das IES de forma geral. O aumento da população estudantil no Brasil e sua heterogeneidade justificam estudos que descrevam as experiências acadêmicas e as percepções desta população sobre sua formação (SCHLEICH; POLYDORO; SANTOS, 2006). A relevância social e teórica desta pesquisa consiste na permanente avaliação da formação oferecida pelas universidades, bem como na análise das necessidades de formação continuada dos alunos. Além disso, seus resultados poderão mostrar as insatisfações de alunos frente ao currículo do curso de graduação em Comércio Exterior, possibilitando às universidades uma reflexão e ressignificação de suas matrizes curriculares, oferecendo aos acadêmicos conhecimentos que relacionem teoria e prática ao longo de sua formação acadêmica e permitam maior qualidade na sua atuação profissional. ! ! Este estudo obedece a uma organização em cinco seções, iniciando com a introdução, na sequência apresenta-se o referencial teórico, seguido pela metodologia da pesquisa. Em seguida, a análise dos resultados e, por último, as conclusões do estudo. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Conceitos de satisfação dos alunos em IES É necessário compreender que o aluno de hoje, devido ao condicionamento econômico, está visivelmente preocupado com a sua inserção no mercado de trabalho e com a imagem da escola que frequenta. As IES devem adaptar suas estruturas a essas novas exigências para que possam sobreviver num ambiente cada vez mais competitivo (NEVES; RAMOS, 2001). Gomes (2009) salienta que as IES estão estabelecidas em um ambiente fortemente regulamentado pelo Ministério da Educação (MEC) e ainda, de grande competitividade, essas instituições buscam a legitimidade e passam a adotar estruturas organizacionais mais leves e flexíveis, capazes de se adaptar às rápidas transformações que ocorrem em seu meio. O incremento da competição no setor de ensino superior fortalece a tendência de aumento do movimento de profissionalização da gestão das IES (PORTO; RÈGNIER, 2003). Uma instituição educacional, para ser bem sucedida deve lidar eficazmente com seus públicos e gerar elevado nível de satisfação. Estes públicos tornam-se os melhores divulgadores da instituição. Sua satisfação e a comunicação “boca a boca” favoráveis chegam a outros, tornando fácil atrair e atender maior número de acadêmicos (NEVES; RAMOS, 2001). Pontell (2000) vem ao encontro destes autores ressaltando que a total satisfação do aluno é capaz de estimular a repetição da compra e a propaganda “boca a boca”, fazendo com que os profissionais de marketing procurem não apenas satisfazer, mas principalmente “encantar” seu público-alvo, apresentando atributos que nem mesmo o referido público almejava encontrar no produto. A geração de satisfação irá levar o atual aluno a falar bem da IES a outros alunos e potenciais alunos, tornando-o cada vez mais leal a uma IES. O melhor exemplo de lealdade são os ex-alunos, já que eles se constituem de uma espécie de “porta-voz” permanente da instituição, mesmo tendo concluído seus cursos (ALVES; RAPOSO, 1999). Nesta mesma linha de pensamento, Walter, Tontini e Domingues (2005) enfatizam que essa satisfação também influencia na demanda, uma vez que os alunos comunicam-se com amigos e com a sociedade de modo geral. Alunos satisfeitos com os serviços da IES e com os cursos que esta oferece influenciarão positivamente na percepção da sociedade e dos futuros alunos ao seu respeito aumentando a demanda e, por outro lado, uma percepção negativa terá efeito contrário (WALTER; TONTINI, DOMINGUES, 2005). Compreende-se que quanto maior for o grau de satisfação dos alunos, maior deverá ser sua lealdade para com a IES (GOMES, et al, 2007). Níveis mais elevados de satisfação levam à maior retenção e lealdade destes clientes e que, com o aumento da lealdade, a satisfação de clientes pode ajudar a assegurar as receitas financeiras ao longo do tempo, a reduzir custos de transações futuras (TOMIO, SOUZA, MAIA, 2007). A lealdade estabelecida pelo estudante é fundamental para o desenvolvimento da Instituição, não se restringindo apenas ao período no qual o estudante é formalmente registrado na IES (ROSSI; SLONGO, 1998; MARQUES; BRASIL, 2009). É essencial manter o estudante leal pelo maior prazo possível. Não somente até a conclusão do curso, mas a continuidade dos estudantes em cursos de pós-graduação na IES é fator positivo para a lealdade (LANZER, 2004). Assim, cada ex-aluno deve ser considerado um estudante permanente em uma relação contínua de negócios, sustentável e permanente (KALSBEK, 2003). No entanto algumas IES ainda não acordaram para o fato de que os egressos continuam sendo potenciais clientes de cursos de pós-graduação e consumidores de outras modalidades de produtos e serviços da instituição (REINERT; REIS, TONIAL, 2006). No que tange a influência da qualidade na satisfação, o estudo de Alves e Raposo (1999) identificou que a percepção de qualidade influencia a satisfação do aluno. Este, após utilizar o serviço, fala da IES em conversas entre amigos, familiares e outros alunos. Por sua vez, Walter, Tontini e Domingues (2005) argumentam que a qualidade e a imagem de uma IES são refletidas pelo desempenho dos seus alunos no mercado de trabalho. A instituição que busca melhorar seus cursos e serviços, foca sua atenção nos alunos, ou seja, seu principal “produto” e motivo de satisfação da sociedade, por seu desempenho técnico e humano no mercado de trabalho. Para atingir a satisfação do aluno é necessário ter uma compreensão profunda de suas necessidades, ouvi-lo e possuir os processos de trabalho que possa, de forma efetiva e consistente, atender a essas necessidades. A satisfação é um dos fatores fundamentais para a manutenção da competitividade e para a definição das ações estratégicas das organizações (GOMES et al, 2007). Como todo e qualquer empreendimento, a instituição educacional precisa conhecer o seu aluno e acompanhar o seu nível de satisfação com a instituição. (WOLYNEC, 2006). ! ! 3 MÉTODOS E TÉCNICAS DA PESQUISA Esta pesquisa se pautou em estudo realizado por Gomes et al (2007) no qual foi investigado o “Perfil e Satisfação dos Alunos Concluintes de Cursos de Administração de duas IES do Sul do Brasil”. Foi utilizado o mesmo questionário aplicado pelos autores da referida pesquisa. Neste estudo, porém, buscou-se saber qual a satisfação dos alunos concluintes do curso de Comércio Exterior. Esta pesquisa caracteriza-se quanto aos objetivos como exploratória. Para Raupp e Beuren (2004) esse tipo de pesquisa ocorre normalmente quando há pouco conhecimento sobre a temática a ser abordada. Consiste no aprofundamento de conceitos preliminares sobre determinada temática não contemplada de modo satisfatório anteriormente. Quanto aos procedimentos, a pesquisa é de levantamento ou survey. Ao referir-se a este tipo de pesquisa Gil (1999) destaca que ela se caracteriza pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Procedese a solicitação de informações a um grupo de pessoas sobre o problema estudado para em seguida, mediante análise quantitativa, obter as conclusões correspondentes aos dados coletados. No que tange à abordagem, ela é quantitativa. Ao conceituar o método quantitativo de pesquisa, Richardson (1989) comenta que ele caracteriza-se pelo emprego da quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento dessas, por meio de técnicas estatísticas. A população foi definida de maneira intencional, não probabilística, por acessibilidade ou conveniência, visto o objeto da pesquisa se voltar para os alunos formandos do curso de Comércio Exterior de uma IES privada do Norte do Estado de Santa Catarina, sendo estes, portanto os sujeitos do estudo. A escolha desta população foi feita justamente pelo fato de os alunos estarem concluindo o curso e estarem ingressando no mercado de trabalho. Foi aplicado um questionário com questões fechadas junto aos 48 alunos concluintes do curso de Comércio Exterior da IES em estudo. As questões fechadas apresentaram aos respondentes um conjunto de alternativas de respostas na qual puderam escolher a que melhor evidencia o seu ponto de vista. No processo de análise dos dados, foram realizadas as análises descritivas. Nesta etapa também os resultados encontrados foram confrontados com o que é apresentado na literatura. 4 DESCRIÇÕES E ANÁLISE DOS DADOS Nesta etapa são analisados e discutidos os dados da pesquisa. Foi dividido em duas partes, primeiramente é apresentado o perfil dos alunos pesquisados, em um segundo momento são apresentados os resultados da pesquisa quanto à satisfação dos alunos concluintes do curso de Comércio Exterior. Os dados foram organizados em tabelas. 4.1 Perfil dos alunos pesquisados Esta etapa da pesquisa caracteriza o perfil dos alunos entrevistados quanto ao Gênero, Idade, Estado Civil, Área de atuação, Função Profissional e Setor de Atuação. A Tabela 1 apresenta os dados relativos ao Gênero dos entrevistados. Tabela 1 – Gênero dos entrevistados. Gênero Ocorrência % Masculino 16 33,3 Feminino 32 66,7 Total 48 100 Fonte: Dados da pesquisa. Percebe-se que a maioria dos alunos é do gênero feminino, totalizando 32 e perfazendo 66,7% do total. Nenhum dos alunos pesquisados possui filhos. A média de idade dos entrevistados é de 23,29 anos, sendo que a maioria se concentra entre 21 e 22 anos totalizando 30 alunos. A Tabela 2 apresenta a área de atuação, ou seja, onde os entrevistados trabalham. Analisando-se a Tabela 2, verifica-se que a maioria dos entrevistados trabalha na Iniciativa Privada - indústria com 17 ocorrências, perfazendo uma porcentagem de 35,41%. Por se tratar de um município do interior do estado, há baixa predominância de atuantes do setor público e a predominância do setor privado, mais especificamente o setor da indústria, evidencia as características industriais da cidade. Tabela 2 – Área de atuação dos entrevistados. ! ! Área de Atuação Ocorrência % Administração Pública 5 10,41 Iniciativa Privada – Comércio 7 12,5 Terceiro Setor 1 2,08 Iniciativa Privada – Indústria 17 35,41 Iniciativa Privada – Prestação de serviços 12 25,00 Outros 6 14,6 Total 48 100 Fonte: Dados da pesquisa. Em segundo lugar aparece a Iniciativa Privada – Prestação de serviços com 12 respondentes, 25% do total. As indústrias locais, por sua vez, demandam serviços que se manifestam por meio de terceirizações que figuram uma posição expressiva no quadro apresentado. As atividades comerciais aparecem em terceiro lugar com apenas sete respondentes demonstrando que os estudantes buscam um envolvimento acadêmico mais próximo às atividades que vêm desempenhando nas atividades que envolvem sua geração de renda. A função profissional dos entrevistados é apresentada na Tabela 3. Tabela 3 - Função Profissional dos entrevistados Função Profissional Ocorrência % Operacional (sem subordinados) 5 10,42 Alta Gerência 2 4,17 Auxiliar Administrativo 20 41,67 Supervisão 2 4,17 Proprietário/Acionista 1 2,08 Gerência Média 7 14,58 Secretário (a) 1 2,08 Outros 10 20,83 Total 48 100 Fonte: Dados da pesquisa. Verificando a Tabela 3, função profissional, aproximadamente metade dos entrevistados trabalha como auxiliar administrativo, com 20 respondentes, totalizando 41,67%. Tal expressividade pode estar relacionada a alguma vivência tangencial com atividades do comércio exterior, de forma que já exista uma percepção da importância e das oportunidades oferecidas pela área do profissional formado. Em segundo lugar aparece a “Gerência média” com sete respostas. Apenas um dos entrevistados se declarou “Proprietário/Acionista”. Dando continuidade à caracterização do perfil dos entrevistados, a Tabela 4 apresenta o Setor de Atuação dos entrevistados. Percebe-se que 35,42% dos entrevistados trabalham na área administrativa, com 17 respostas. Isso vem ao encontro do que foi apresentado na Tabela 3, em que a maioria respondeu que sua função profissional é auxiliar administrativo. Esta tendência se apresenta em virtude da natureza das atividades de comércio exterior estar atrelada à rotina administrativa. Tabela 4 - Setor de Atuação dos entrevistados. Setor de Atuação Ocorrência % Administrativo 17 35,42 Recursos Humanos 1 2,08 Comércio Exterior 11 22,92 Marketing 1 2,08 Logística 4 8,33 Tecnologia de Informação 1 2,08 Financeiro 3 6,25 Planejamento 2 4,17 Estatística 1 2,08 Vendas 3 6,25 Controladoria 2 4,17 ! ! Outros Total 2 48 4,17 100 Fonte: Dados da pesquisa. Em segundo lugar aparece “Comércio Exterior” com onze respostas, representando 22,92% dos entrevistados, evidenciando há um número significativo de estudantes que já atuam na área e buscam aperfeiçoamento profissional. 4.2 Avaliação do curso de graduação Os alunos foram questionados sobre a avaliação do curso de graduação que estavam concluindo, se ele está atendendo as suas expectativas frente à construção de conhecimentos profissionais a partir da matriz curricular proposta. Conforme Rossi e Slongo (1998), as informações sobre os a satisfação dos alunos é fundamental para a gestão que está preocupada com a qualidade de produtos e serviços e, por conseguinte, com os resultados alcançados junto a seus alunos. A Tabela 5 apresenta a distribuição das respostas obtidas. Tabela 5 – Atendimento das expectativas dos alunos Variáveis Ocorrência % Sim 18 37,5 Parcialmente 28 58,33 Não 2 4,17 Total 48 100 Fonte: Dados da pesquisa. Ao analisar a Tabela 5, verifica-se que o curso atendeu parcialmente as expectativas para 28 entrevistados, tendo assim 58,33% das respostas. Outros 18 respondentes (37,5%) disseram que o curso atendeu suas expectativas, e dois disseram que o curso não atendeu. Menos da metade dos alunos estavam satisfeitos com o curso, assim é necessário que a IES reveja os pontos que precisam ser melhorados, umas vez que para que uma IES seja bem sucedida deve gerar alto nível de satisfação. O índice de satisfação apresentado pode ser resultado de uma mudança na matriz curricular do curso para as turmas futuras, de forma que os alunos concluintes passaram a comparar a nova matriz com aquela em que eles estavam inseridos. Quando os alunos estão satisfeitos tornam-se os melhores divulgadores da instituição (NEVES; RAMOS, 2001). Walter, Tontini e Domingues (2005, p. 1), reforçam que “o mercado educacional aproxima-se cada vez mais de um mercado onde a qualidade dos serviços e a satisfação dos clientes são fundamentais para sobrevivência das IES”. Ainda sobre a avaliação do curso, os alunos foram questionados sobre “se faltou algo, o quê faltou”. Puderam escolher as opções em uma escala de 1 a 5, sendo 5 para a opção que mais faltou, sucessivamente até 1 para a opção que menos faltou. As opções estavam divididas em: A) Conteúdos de formação básica: estudos antropológicos, sociológicos, filosóficos, éticoprofissionais, políticos, contábeis, comportamentais, econômicos, tecnologias de comunicação e informação, ciências jurídicas, (Tabela 6); B) Conteúdos de formação profissional: administração de recursos humanos, mercado e marketing, materiais, financeiro e orçamentário, sistemas de informações, planejamento estratégico, serviços, administração de recursos materiais e patrimoniais, negociações internacionais, sistemática de importação, relações internacionais, legislação aduaneira, logística internacional, teoria e prática cambial, fundamentos de comércio exterior, entre outros, (Tabela 7); C) Disciplinas de Formação Complementar: Custos, Empreendedorismo, Matemática Financeira, Metodologia, Orientação de Estágio Supervisionado, Planejamento Estratégico, Seminários Avançados, (Tabela 8); Na sequência são apresentadas as tabelas com os resultados dos conteúdos abordados no curso. Tabela 6 - Conteúdos de formação básica Variáveis Ocorrência % Menos faltou 16 33,33 Faltou pouco 5 10,42 Faltou médio 4 8,33 Faltou muito 3 6,25 ! ! Mais faltou 1 Não opinou 19 Total 48 Fonte: Dados da pesquisa. 2,08 39,58 100 Ao analisar a Tabela 6, percebe-se que na opinião dos alunos concluintes a formação básica foi a que “Menos faltou” para 33,33% e “Faltou pouco” para 10,42% dos respondentes. 19 entrevistados não opinaram. A qualidade nos conteúdos da formação básica repercute positivamente na obtenção de um conjunto de conhecimento necessários para que o aluno consiga desenvolver melhor suas atividades como profissional. Tabela 7 - Conteúdos de formação profissional Variáveis Ocorrência % Menos faltou 4 8,33 Faltou pouco 4 8,33 Faltou médio 11 22,92 Faltou muito 5 10,42 Mais faltou 6 12,50 Não Opinou 18 37,50 Total 48 100 Fonte: Dados da pesquisa. Ao verificar os resultados da Tabela 7, nota-se que 18 respondentes não opinaram a respeito dos conteúdos de formação profissional. No entanto, é possível observar que a maior frequência em percentual encontrada foi para “Faltou médio” com 22, 92% das respostas, em seguido por “Mais faltou” com seis respostas. 12,50%, e “Faltou muito” com cinco respostas, 10,42. 18 entrevistados não opinaram. O alto índice de abstenções pode estar relacionado à opção “Faltou médio” que apresenta isenção ou mesmo conclusão de que não houve falta de conteúdos de formação profissional. A opção “Faltou menos” e “Faltou mais” não são em relação aos demais conteúdos. Tabela 8 - Disciplinas de Formação Complementar Variáveis Ocorrência % Menos faltou 5 10,42 Faltou pouco 8 16,67 Faltou médio 10 20,83 Faltou muito 4 8,33 Mais faltou 3 6,25 Não Opinou 18 37,50 Total 48 100 Fonte: Dados da pesquisa. A Tabela 8 traz os resultados das Disciplinas de Formação Complementar. Verifica-se que nestas respostas 18 respondentes não opinaram, para 10 respondentes “Faltou médio” perfazendo um total de 20,83%. Em seguida está à opção “Faltou pouco” com oito respostas totalizando 16,67%. Em ultimo aparece à opção “Menos faltou” com cinco respostas. Na análise dos conteúdos de formação básica, formação profissional e disciplinas de formação complementar, deve-se levar em conta o perfil destes alunos, uma vez que têm-se cada vez mais estudantes já profissionais do mercado, que buscam se qualificar, com necessidades e motivações diferentes dos estudantes tradicionais, e que exigem uma educação diferente (NAVARRO; IGLESIAS; TORRES, 2005; MAINARDES; DOMINGUES, 2008). Os alunos concluintes do Curso de Comércio Exterior também foram questionados sobre a área de estudo que deve ser mais aprofundada no curso de graduação. Nesta questão os alunos poderiam escolher mais de uma resposta. A Tabela 9 apresenta os resultados. Tabela 9 – Área de estudo que deve ser mais aprofundada Área Ocorrência % Administrativo 7 14,58 Recursos Humanos 1 2,08 ! ! Planejamento TI Empreendedorismo Sistemática de Exportação Marketing Internacional Negociações Internacionais Legislação Aduaneira Produção Teoria e Prática Cambial Sistemática de Importação Financeiro Economia Logística Internacional Relações Internacionais Direito Comercial Internacional Estatística Fonte: Dados da pesquisa. 3 1 11 30 12 27 19 2 14 26 4 3 20 22 11 1 6,25 2,08 22,92 62,50 25,00 56,25 39,58 4,17 29,17 54,17 8,33 6,25 41,67 45,83 22,92 2,08 Verifica-se a partir da Tabela 9 que a área de estudo que deve ser mais aprofundada é a Sistemática de Exportação com 30 respostas, perfazendo 62,50% das respostas. Em segundo lugar aparece Negociações Internacionais com 27 respostas, 56,25%, seguida por Sistemática de Importação com 26 respostas, 54,17%. Nos resultados apresentados percebe-se que a preocupação dos alunos é com a Sistemática de Exportação e Importação, no entanto com base nestas respostas, não é possível verificar se os alunos se sentem despreparados para atuar no setor. Mas são conteúdos relevantes para o curso, e a IES deve ficar atenta a estas questões. A IES necessita acompanhar as necessidades atuais e futuras de seus alunos, deve estar atenta às mudanças, avaliando currículos, disciplinas e formas de ensino, de modo a transformar o processo de melhoria contínua em parte da cultura organizacional (WALTER; TONTINI, DOMINGUES, 2005). Para alcançar a satisfação do aluno é imprescindível ter uma compreensão profunda de suas necessidades, ouvi-lo e possuir os processos de trabalho que possam, de forma efetiva e consistente, atender a essas necessidades (GOMES et al, 2007). 4.3 Expectativas para realização de cursos de pós-graduação Esta etapa da pesquisa se dedica a analisar o interesse dos alunos pesquisados em realizar cursos de pós-graduação. Pesquisou-se o nível de especialização (especialização, mestrado ou doutorado) instituição para realização da pós-graduação, tempo de duração do curso, formato do curso, modalidade de ensino e áreas de interesse para cursos de pós-graduação, entre outros assuntos. Os resultados são apresentados em tabelas. Tabela 10 – Interesse em educação continuada Resposta Ocorrência % Sim 40 83,3 Não 8 16,7 Total 48 100 Fonte: Dados da pesquisa. Em relação à continuidade dos estudos, os alunos, em sua maioria, responderam ter interesse em cursos de Pós-Graduação (Tabela 10). Dos 48 alunos pesquisados, 40 deles, ou seja, 83,3% demonstram interesse em continuar seus estudos e somente 8 (16,7%) responderam negativamente à questão, conforme demonstrado na Tabela 10. Esses resultados vêm ao encontro do que argumentam Mainardes e Domingues, (2008) em um mundo em constante transformação, os profissionais do mercado de trabalho necessitam estar sempre se aperfeiçoando e se capacitando. Na visão de Kalsbek (2003), a necessidade de educação continuada é tão grande que o ensino superior está posicionado como uma “indústria” que capitaliza valor em longo prazo, com base em relações sustentáveis com seus clientes. Lanzer (2004) considera fundamental manter o estudante leal pelo maior prazo possível. Não somente até a conclusão do curso, uma vez que mesmo após esta etapa, ele se torna uma fonte de referência para outros. Considera-se, neste caso, que a continuidade dos estudantes em cursos de pós-graduação na IES é fator positivo para a lealdade. ! ! Ainda em relação à continuidade dos estudos, a Tabela 11 apresenta o resultado da seleção de nível de especialização de interesse dos alunos. E a Tabela 12 o tempo de duração do curso de pós-graduação. Tabela 11 – Interesse em Especialização, Mestrado e Doutorado. Nível Ocorrência % Especialização 17 35,4 Mestrado 18 37,5 Doutorado 13 27,1 Total 48 100 Fonte: Dados da pesquisa. Os estudantes com interesse na continuidade dos estudos demonstraram interesse em Especialização (17 respostas correspondendo a 35,4% dos estudantes pesquisados), Mestrado apresentando 18 interessados (correspondendo a 37,5% das respostas), e Doutorado com 27,1% dos interessados, correspondendo a 13 alunos (Tabela 11). A duração de um curso de Pós-Graduação considerada ideal por 56,3% dos alunos (27 respondentes) foi de 18 meses, sendo que a opção de mais de 24 meses foi selecionada por apenas um respondente, conforme ilustra a Tabela 12. Tabela 12 – Tempo de duração do curso esperado pelos estudantes Tempo do curso Ocorrência % 12 meses 9 18,8 18 meses 27 56,3 24 meses 11 22,9 Mais de 24 meses 1 2,1 Total 48 100 Fonte: Dados da pesquisa. Fica evidente a preferência por cursos de pós-graduação stricto sensu quem compreende os cursos de mestrado e doutorado e tem como objetivo principal a formação de pesquisadores, geralmente estes cursos tem uma duração maior, o que não condiz com o tempo de duração do curso esperado pelo egresso. A pós-graduação lato sensu em que o tempo de duração é menor e inclui os cursos de especialização e aperfeiçoamento cuja prioridade é a formação de profissionais para o mercado de trabalho, tendo assim, um significado mais técnico, prático e profissional. (BRASIL, CFE, 1965). Com relação à instituição em que o aluno gostaria de realizar cursos de Pós-Graduação (Tabela 13), a maioria dos alunos (dezesseis ocorrências equivalendo a 33,3% das opções) demonstra interesse em instituição diferente da qual realizou a Graduação, mas, na mesma cidade. Tabela 13 – Instituição para realização de Pós-Graduação Local para realizar a Pós-Graduação Ocorrência % Outra instituição na mesma cidade 16 33,3 Mesma da graduação 13 27,1 Outra instituição em outro país 9 18,8 Outra instituição em outra cidade 6 12,5 Outra instituição em outro estado 4 8,3 Total 48 100 Fonte: Dados da pesquisa. Quanto ao interesse de deixar o país para continuar os estudos, a Tabela 12 apresenta um total de 18,8% dos respondentes, ou seja, 9 alunos que manifestaram intenção de estudar no exterior. Reinert, Reis e Tonial (2006) afirmam que algumas IES ainda não deram a devida atenção para o fato de que os egressos continuam sendo potenciais clientes de cursos de pós-graduação e consumidores de outras modalidades de produtos e serviços da instituição. Tabela 14 – Formato do curso em relação ao período das aulas Período das aulas Ocorrência % Aulas à noite durante a semana 26 54,2 Aulas quinzenais à noite durante a semana 10 20,8 ! ! Aulas todo final de semana Aulas quinzenais em finais de semana Outros Total Fonte: Dados da pesquisa. 0 11 1 48 0,0 22,9 2,1 100 Para 26 respondentes, um curso de Pós-Graduação deveria ter aulas à noite durante a semana (54,2% das respostas), com a opção de aulas quinzenais à noite durante a semana figurando a segunda opção com 11 ocorrências correspondendo a 22,9% das respostas para o formato com aulas quinzenais aos fins de semana como verificado na Tabela 14. O formato composto de aulas quinzenais à noite durante a semana foi à terceira opção com 10 ocorrências correspondendo a 20,8% das respostas conforme a Tabela 14. Tabela 15 – Modalidade de ensino Modalidade de ensino Ocorrência Presencial 42 A distância 1 Misto de presencial e a distância 5 Total 48 Fonte: Dados da pesquisa. % 87,5 2,1 10,4 100 Com relação à realização do curso ser presencial ou à distância (Tabela 15), 87,5% dos respondentes optaram pelo tipo presencial com 42 respondentes. A opção de um misto entre presencial e distância foi à segunda opção com 5 respostas, correspondendo a 10,4% dos respondentes. Cabe destacar ainda, em relação à Tabela 15, que a opção a distância foi selecionada apenas uma vez. Apesar de vários cursos de graduação e de pós-graduação serem oferecidos na modalidade a distância, muitos problemas obstaculizam seu pleno funcionamento. O descrédito de alguns estudantes, professores e instituições em relação a essa modalidade de ensino e a falta de acesso às tecnologias podem ser considerados alguns desses problemas (DOMINGUES, ZOSCHKE; DALFOVO, 2006). Tabela 16 – Auxílio aos estudos de Pós-Graduação Forma de auxílio aos estudos Ocorrência Paga 100% do curso se for interesse da organização 1 Paga parte do valor do curso se for interesse da organização 11 Paga 100% do valor do curso escolhido por você 1 Paga parte do valor do curso escolhido por você 6 Não ajuda a pagar 29 Total 48 Fonte: Dados da pesquisa. % 2,1 22,9 2,1 12,5 60,4 100 Os alunos foram questionados quanto o auxílio da organização no pagamento de cursos de Pós-Graduação, sendo que, 29 respondentes (60,4%) declararam que a organização não subsidia os estudos após a Graduação, 11 respondentes (22,9%) afirmam ter auxílio da organização, conforme apresentado na Tabela 16. Tabela 17 – Áreas de interesse para cursos de Pós-Graduação Desvio Áreas de interesse Média Padrão Relações Internacionais 2,3 2,2 Comércio Exterior 1,8 2,2 Administrativo 1,5 2,1 Marketing Internacional 1,5 2,0 Logística 1,4 2,0 Finanças 1,2 1,8 Empreendedorismo 1,0 1,8 Direito Comercial Internacional 1,0 1,7 Planejamento 1,0 1,7 ! ! Ambiental Qualidade Direito/Legislação Vendas Produção Controladoria Tecnologia da Informação Responsabilidade Social Recursos Humanos Contabilidade Estatística Fonte: Dados da pesquisa. 1,0 0,9 0,7 0,7 0,5 0,5 0,5 0,5 0,4 0,4 0,3 1,7 1,8 1,5 1,5 1,2 1,4 1,2 1,2 1,0 1,1 0,6 Quando questionados quanto às principais áreas de interesse em realizar curso de PósGraduação (de acordo com escala de 1 a 5, sendo 5 para a opção de maior interesse, sucessivamente até 1 para a opção de menor interesse), os estudantes demonstraram maior interesse pela área de Relações Internacionais com uma média de 2,3 pontos. A segunda área de maior interesse dos alunos é a de Comércio Exterior com 1,8 pontos (Tabela 17). Tal interesse no aperfeiçoamento em Relações Internacionais (RI) pode advir da complementariedade entre as duas áreas, onde RI está mais direcionada ao direito (nacional e internacional), estuda políticas mundiais e à economia de forma mais aprofundada. A área de Comércio Exterior é mais direcionada às disciplinas de administração de empresas. Os alunos sugeriram (de forma livre em respostas abertas com espaço para cinco sugestões), cursos de Pós-Graduação que poderiam lhes interessar, figurando em primeira opção Negócios Internacionais com cinco ocorrências. Comércio Exterior, Logística Internacional, Marketing e Relações Internacionais com três ocorrências. Possivelmente estes são cursos pouco explorados pela IES onde os estudantes que necessitam de aperfeiçoamento para que possam desempenhas melhor suas atividades. Grohmann (2004) argumenta que apesar das críticas, é inegável que os cursos de pós-graduação lato sensu representam ainda uma das principais opções para a educação continuada, tendo o papel de aperfeiçoar, reciclar e atualizar conhecimentos, habilidades e atitudes daqueles que enfrentam o mercado de trabalho. Oliveira (1994) relata que a educação continuada no nível do ensino superior permite aos indivíduos reagirem de forma construtivista às mudanças científicas. Ela forma, qualifica e atualiza profissionais que ocupam funções em organizações, com vistas a mantê-los constantemente atualizados para conviverem com as mudanças e se antecipar a elas. De acordo com Walter, Tontini e Domingues (2005) a qualidade e a imagem de uma IES são refletidas pelo desempenho dos alunos no mercado de trabalho, sendo estes o centro das atenções de uma instituição que visa também melhorar seus cursos, serviços e a organização num todo. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O artigo teve como objetivo analisar a satisfação de alunos formandos com seu curso de Graduação em Comércio Exterior de uma Instituição de Ensino Superior - IES do norte do Estado de Santa Catarina bem como sua intenção em continuar seus estudos por meio de cursos de PósGraduação. Em uma análise preliminar, verificou-se que a turma é jovem, com expressivo número de solteiros e sem filhos. A maioria dos entrevistados trabalha na iniciativa privada - indústria. Em segundo lugar aparece a Iniciativa Privada – Prestação de serviços. No que tange à função profissional pode-se concluir que nem todos os respondentes trabalham no setor de sua formação, ou seja, Comércio Exterior. A segunda etapa desta pesquisa era evidenciar o grau de satisfação dos alunos concluintes do curso de Comércio Exterior. Conclui-se que menos da metade dos alunos ficaram totalmente satisfeitos com o curso possivelmente pelo momento de mudança na matriz pelo qual o curso estava passando. Estes alunos insatisfeitos com os serviços da IES tendem a influenciar negativamente outros alunos. Para serem bem sucedidas as IES devem lidar eficazmente com seus públicos aumentando o nível de satisfação. Estes públicos tornam-se os melhores divulgadores da instituição. Quanto maior a satisfação à maior também será a retenção e lealdade isso pode ajudar a assegurar receitas ao longo do tempo. Na opinião dos alunos concluintes a formação básica foi a que menos faltou. Já para os conteúdos de formação profissional, pode-se dizer que estes conteúdos atenderam as necessidades dos alunos parcialmente. O mesmo aconteceu para as disciplinas de formação complementar. Outro ponto verificado na pesquisa foi saber qual a área de estudo que deve ser mais aprofundada no curso. Conclui-se que a Sistemática de Exportação, as Negociações Internacionais e as Relações ! ! Internacionais respectivamente devem ser mais aprofundadas no curso de Comércio Exterior na referida IES pesquisada. A terceira fase da pesquisa buscou identificar a intenção dos alunos em dar continuidade aos seus estudos, realizando cursos de pós-graduação. A maior parte dos alunos pesquisados tem intenção em participar de cursos após sua graduação. Os níveis de pós-graduação que mais despertam o interesse dos egressos são stricto sensu estes cursos tem como objetivo principal a formação de pesquisadores e professores e geralmente estes cursos tem uma duração maior. Com relação à instituição para realizar o curso de pós-graduação a maioria dos alunos demonstra interesse em instituição diferente da qual realizou a graduação, mas, na mesma cidade. Um dos fatores que pode ser levado em consideração para o egresso não fazer o curso na mesma instituição é que não querem ter aulas com os mesmos professores que tiveram na graduação. E muitas IES não perceberam que o egresso pode ser um possível cliente de cursos de pós-graduação. Os cursos das áreas de Relações Internacionais e Negócios Internacionais figuraram como os de maior interesse dos alunos para a continuidade dos estudos. Os objetivos deste estudo foram alcançados no sentido em que foi identificada a satisfação dos estudantes com o curso e a intenção de continuar os estudos na área em que se graduaram, bem como a evidência de continuidade na própria instituição caso ela ofereça cursos na área de Comércio Exterior. As limitações do trabalho estão relacionadas à aplicação do instrumento em uma única instituição, o que não permite generalizações aplicáveis a outras instituições. A aplicação de estatística multivariada sobre os dados coletados pode revelar correlações relevantes e reveladoras. A replicação do estudo em outras instituições é uma sugestão para futuras pesquisas. Os resultados podem permitir a evidenciação da relação entre o grau de satisfação do aluno com o curso, e sua permanência na instituição para realização de cursos de Pós-Graduação. REFERÊNCIAS ALVES, Helena M. B.; RAPOSO, Mário. O marketing nas universidades: um estudo exploratório sobre a satisfação dos alunos como clientes no ensino superior. Revista Portuguesa de Marketing, v. 3, n. 8, p. 67-80, 1999. BRASIL/ CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO. Parecer 977. Documento, 1965. DOMINGUES, Maria José Carvalho de Souza; ZOSCHKE, Ana Claudia Knoll; DALFOVO, M. S.. Novas tecnologias no contexto educacional: a modalidade semipresencial no ensino de administração. In: Amélia Silveira; Maria José Carvalho de Souza Domingues. (Org.). 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