“ Curso Fase Pré-Analítica” Daniel Gala Susana Ribeiro Recolha, Preservação e Transporte de Amostras Biológicas Fases nas análises Clínicas: Fase pré-analítica Boas Práticas na extracção Factores de variação na extracção de sangue: Hemólise Fases das Análises Clínicas Fases das Análises Clínicas Fase Pré-Analítica Segundo a NORMA EN ISO 15189 : 2003 A fase pré-analítica é definida por: Processos que começam cronologicamente a partir da petição do médico clínico e incluem a petição das analises, a preparação do paciente, a colheita da amostra primária e o transporte até ao interior do laboratório, e que termina quando começa o procedimento analítico. Petição Marcação Situações: - O paciente pode aparecer quando desejar - Com marcação -Lugar da marcação: Ponto centralizado de marcações Laboratório Na consulta Com marcação -Flexibilidade de Horário: Marcação com dia e hora Marcação para dia com horário livre -Lugar da extracção: Sala de colheitas do hospital Num centro da área Colheita da amostra - Gestão do fluxo de pacientes: sistema de turnos e boa distribuição na sala de espera - Preparação do material - se se entrega ao paciente - se maneja só o pessoal autorizado - Gestão da informação: enfermeiro/técnico deve ter informação suficiente para realizar a extracção (tubos, condições do paciente,…) - Rastreabilidade: identificação positiva (enfermeiro/técnico – paciente/petição/tubos), anotação de incidências Colheita da amostra Identificação da amostra • Antes da colheita • – Não há correlação paciente-tubo – Pode ser tanto manual como automática – Requer etiquetas extra para o caso de faltar na extracção Depois da colheita – Melhora a rastreabilidade da amostra – É o recomendado internacionalmente Tipos de identificação • Etiquetas pré-impressas – Falta de correlação pedido-tubo – Limitação na hora de incluir informação – Erro de identificação – Não proporcionam exactidão na informação • Etiquetas personalizadas – Necessidade de introduzir os dados necessários antes da impressão – Protocolo de confidencialidade dos dados Transporte - Normalização de protocolos para a preparação das amostras - Definição das regras e responsabilidades - Informação / Comunicação Laboratório – sala de extracções - Formar o pessoal implicado no transporte das amostras Recepção das amostras – Envio ao SIL - Comprovação do recibo e anotação das possíveis incidências - Elaboração da lista de trabalho - Organização, classificação e gestão das amostras - Automática - Manual Aspectos gerais da Fase Pré-Analítica • Paciente / Técnico / Enfermeiro – Colheita amostra indolor; – Menos sangue do que mais; – Colheita rápida. • Analista / Médico – Maior informação possível da amostra; – Um procedimento com baixo grau de risco tanto para o paciente como para o pessoal da extracção. Aspectos gerais da Fase Pré-Analítica • Laboratório – Mais quantidade de amostra do que quantidade insuficiente; – Amostra sem interferências; – Concentração estandardizada de anti-coagulante. Importância da extracção venosa - O objectivo da análise clínica é medir in-vitro (no tubo), a realidade in-vivo (no corpo) do paciente - Só uma extracção de qualidade pode permitir uma análise fiável, um diagnóstico preciso e uma prescrição médica eficaz - A fase pré-analítica cobre todas as etapas desde a petição analítica até à análise do tubo Erros na fase pré-analítica 70% dos erros do laboratório ocorrem na fase pré-analítica Destes erros, 25% têm consequências desfavoráveis para o paciente: 11% dos pacientes recebem uma terapia inadequada, e 15% têm de fazer novas análises adicionais inúteis Qualidade na Fase Pré-Analítica • A parte analítica está estandardizada e automatizada • Existem controlos de qualidade • Os equipamentos de diagnóstico são fiáveis, rápidos, mais sensíveis e capazes de dar resultados a partir de micro gotas de amostra • A alta sensibilidade dos equipamentos faz com que sejam também mais sensíveis a variações A qualidade da amostra é então definida pela qualidade da fase pré-analítica! Boas Práticas na Extracção de Amostras de Sangue Extracção de Sangue Venoso por Vácuo - Identificação do Paciente - Preparação do Material - Inspecção/Escolha da zona de punção - Aplicação do garrote - Desinfecção do local de punção - Punção Venosa e Recolha de Sangue - Procedimento de Hemostasia - Eliminação de material contaminado - Identificação dos tubos Identificação do Paciente - Leitura da requisição - Verificação da identidade do paciente - Nome, apelido, idade, sexo, etc… - Informação acerca do procedimento Preparação do Material Posicionamento do braço do Paciente - Preparação dos tubos de acordo com o pedido - Posicionamento do braço do paciente - Esticado (evita “perda da veia” ao retirar garrote) - Inclinado para baixo (aditivo não entra em contacto com a tampa do tubo ou com a agulha, evitando contaminações paralelas) - Exploração da área de punção - Escolha do material adequado (agulha vs butterfly) Selecção da Zona de Punção Região Antecubital Selecção da Zona de Punção Região Antecubital Selecção da Zona de Punção Aplicação do Garrote - Posição: entre 7 a 10 cm acima do local da punção -Resultados da má aplicação: - Muito alto não há pressão - Muito baixo possibilidade de hematoma - Tempo: não mais de um minuto apertado - Alterações analíticas resultantes: - Aumento de 10-15% nos valores de provas de coagulação - Aumento de 5-10% valor hematócrito - Aumento de trombocitopenias Desinfecção da zona de punção - Desinfectar de dentro para fora em movimentos circulares, com algodão ou gaze embebido em álcool isopropílico a 70% e esperar 30” - Deixar secar ao ar Sistema de extracção BD Vacutainer ® Extracção com agulha de Segurança Eclipse® Extracção com Butterfly Butterfly Safety Lock Butterfly Push Button Recomendação internacional (CLSI) de extração de tubos Identificação do aditivo – Norma ISO VermelhoSoro (seco) Roxo - EDTA Rosa – Pr. cruzadas Azul Coagulação Verde Heparina Cinza – Glicose Preto - VSG Dourado – Soro Gel Separador Azul – Detecção metais Etiqueta Tubo Plus Etiqueta „Block‟ Tubo para Coagulação Aditivo: •Citrato (liquido) Provas Realizadas • Coagulação e agregação plaquetária Mecanismo acção aditivo: • O sal do citrato capta o Ca2+ necessário para desencadear o processo de coagulação Importância da relação sangue – aditivo •Muito alta (alteração de parâmetros) Número inversões •3 Tubo de Bioquímica Aditivo: •Gel Separador (Sólido) e activador da coagulação Provas Realizadas • Bioquímica de rotina Mecanismo acção aditivo: • A barreira de gel faz a separação física do soro, melhorando a qualidade da amostra Importância da relação sangue – aditivo •Baixa (pode alterar volume de soro obtido) Número inversões •5 Tubo de Heparina Aditivo: • Heparina de Lítio ou de Sódio (pulverizado) Provas Realizadas • Bioquímica em Plasma Mecanismo acção aditivo: • Acção anticoagulante da Heparina Importância da relação sangue – aditivo • Alta Número inversões •8 Tubo de Hemograma Aditivo: • EDTA K3 (líquido) ou K2 (pulverizado) Provas Realizadas • Hemograma Mecanismo acção aditivo: • EDTA funciona como quelante do Ca2+, inibindo a coagulação Importância da relação sangue – aditivo •Muito Alta (modificações na morfologia celular) Número inversões •8 Tubo para Provas de Glicose Aditivo: • Oxalato de Potássio e Fluoreto de Sódio Provas Realizadas • Concentrações de Glicose e Lactato Mecanismo acção aditivo: • O fluoreto inibe a glicólise e o oxalato actua como anticoagulante Importância da relação sangue – aditivo •Muito Alta (Hemólise) Número inversões •8 Tubos à vontade do freguês! Tubo RST - contém trombina como activador de coagulação, o que permite a coagulação nos 5 minutos seguintes à extracção Tubos CPT™ - desenvolvidos para permitir num único passo e em tubo primário a separação e transporte das células mononucleares (PBMCs) em 20 minutos, estandardizando e simplificando o processo. Tubos PPT™ - ideais para determinação da Carga Viral, pois contém um anticoagulante seco micronizado (EDTA K2) e um gel de separação. Os processos de extracção de sangue, centrifugação e processamento realizam-se no mesmo tubo. PAXgeneTM Blood RNA - sistema revolucionário que permite consolidar e integrar os principais passos da extracção de sangue total, estabilização intracelular e purificação de RNA. Tubos para detecção de Metais - contêm quantidades mínimas de elementos a detectar (zinco, magnésio, ferro, chumbo, cálcio, cobre, arsénico, manganésio, cádmio, crómio, …) pelo que não interferem com a fase analítica.A tampa do tubo foi submetida a um processo de lavagem ácida, eliminando os metais residuais da borracha. Tubos para hormonas - com EDTA tripotássico e aprotinina, para determinações de hormonas em sangue total. INCORRECTO Retirar a cápsula da agulha com as duas mãos implica SEMPRE que a ponta da agulha toque na parede da tampa protectora, com mais ou menos intensidade. Pode ainda ocorrer um movimento de retorno involuntário Danos na Agulha Correcto 1. Utilizar o Polegar e o Indicador para soltar a cápsula protectora Assim elimina-se a Resistência 2. De seguida retirar a cápsula protectora. Com o selo de segurança destruido, é possivel retirar a tampa mais suavemente e evita danos na agulha Problemas na Punção Tecnica de inserção correcta. O sangue flui livremente pela agulha O bisel na parede inferior da veia não permite que o sangue flua pela agulha Agulha parcialmente inserida. Provoca extravasamento se sangue para os tecidos, fora da veia O bisel na parede superior da veia não permite que o sangue flua pela agulha Agulha inserida demasiado profundamente, atravessando a veia Colapso da Veia Se o sangue não flui para o tubo! - Recomendação em caso de colapso da veia por aspiração 1. Girar ligeiramente o corpo de extracção 2. Retirar o tubo do porta-tubos para não exercer vácuo na veia A veia recupera a estrutura e a extracção pode continuar com o mesmo tubo Não perde o Vácuo Homogeneização da Amostra - Depois de cheio, inverter imediatamente e com suavidade os tubos com aditivo - 6 a 8 vezes - Assim evitam-se: - amostras coaguladas - atraso na formação do coágulo - erros nos resultados (micro-coágulos, etc.) Procedimento de Hemostasia - Pressionar suavemente o lugar da punção com algodão durante 5 minutos - O braço deve manter-se esticado e elevado - Pedir ao paciente que: - não pegue em pesos - não dobre o braço - não faça esforços Identificação dos Tubos - Etiquetar os tubos extraídos de acordo com a requisição e antes de fazer sair o paciente - Assim: - confirma-se que se colheram as amostras requisitadas - confirma-se o bem estar do Paciente - evitam-se erros de falta de amostras, etc. Eliminação de Material Contaminado - Não Re-capsular! - Colocar o dispositivo completo no contentor de objectos cortantes - Não “calcar” o contentor “para caber só mais uma agulhinha!!” Factores de Variação na Extracção de Sangue Factores de Variação Pré-Analíticos - Factores Biológicos do paciente: - Invariáveis: raça, idade, sexo,… - Variáveis: exercício, dieta, medicamentos, postura, etc - Fisiológicos: Ritmo cardíaco, gravidez, menstruação, etc - Preparação do Material Técnica extracção Identificação da Amostra Manuseamento da amostra, etc. Volume de Amostra Inadequado - Modificação da relação sangue/aditivo com consequências ao nível dos resultados laboratoriais: - Citrato - Relação 1:9 - Tubo incompleto modifica TP e APTT - EDTA - Concentração EDTA no tubo final: 1,2 – 2mg / ml - Tubo incompleto modifica a morfologia das células - Gel separador - Tubo incompleto produz volume baixo de soro/plasma podendo obstruir analisadores automáticos Hemólise - Libertação da Hemoglobina após a ruptura dos eritrócitos - não ocorre sempre a libertação do conteúdo intracelular, sendo que também pode haver lise de plaquetas e glóbulos brancos, não sendo portanto visível. Hemólise in-vitro • Origem Química: •Alteração ou uma distenção das membranas dos eritrócitos até à sua ruptura • Origem Mecânica: •Transformação de um fluxo laminar num fluxo turbulento Activação das plaquetas e formação de micro-coágulos Alteração de resultados de bioquímica, coagulação e hematologia Hemólise in-vitro • Causas: • Escolha de “mau” local para punção • Garrotação prolongada • Mau posicionamento agulha/veia • Agulhas de calibre muito grande ou muito pequeno •Colheita através do cateter • Tubos com volume de colheita insuficiente. • Agitação vigorosa • Não respeitar tempos de coagulação • Centrifugação Incorrecta • Exposição ao calor • Transporte Inadequado • Transferência amostra seringa – tubo Hemólise Extracção por sistema convencional apresenta 4 zonas de turbulência: Cone da agulha Entrada na câmara de refluxo sanguíneo a câmara de refluxo sanguíneo Saída da câmara de refluxo Fluxo recto: A prevenção da hemólise durante as extracções só é possível com a manutenção de um fluxo laminar • Efeitos: • Alteração resultados – Especialmente Química Clínica • Concentração dos analitos existentes no interior eritrocito • Interferência em algumas metodologias – espectrofotometria • Grau de interferência proporcional ao grau de hemólise • Uma das principais causas de recusa da amostra pelo LAB Tech Talk • Tubos Colheita Sangue – Como o escolher o certo? • EDTA : K2 EDTA ou K3 EDTA? • Citrato: Concentração a 3.2 ou a 3.8% Tubos Colheita Sangue – Como o escolher o certo? • EDTA : K2 EDTA ou K3 EDTA? K2 EDTA K3 EDTA Suspensão seca na parede do tubo de plástico Solução líquida no tubo de vidro Morfologia eritrócito sem alterações Alteração da parede do eritrócito (“encolhimento”) Valores de MCV mais baixos comparativamente com K3 EDTA Aumento do MCV até 1,3%, comparativamente com K2 EDTA Anticoagulante liofilizado na parede do tubo Efeito Diluição amostra (1-2%), que pode levar a contagens diminuidas •Não foram detectados diferenças clinicamente significativas •Conselho Internacional para a Padronização em hematologia recomenda a utilização de K2EDTA Tubos Colheita Sangue – Como o escolher o certo? • Citrato: Concentração a 3.2 ou a 3.8% Responsive reagents Non - Responsive reagents • Ocorrência de diferenças estatisticamente significativas depende dos reagentes usados • Os serviços têm de aferir as suas técnicas • Padronização é o Objectivo Sistema para Transporte de Amostras Biológicas Suportes Contentores Sistema registo e controlo Tempo e Temperatura Actualmente cumprem-se as normas internacionais no transporte diário de amostras? Não! Não é um tubo é um paciente! Não é um tubo é um paciente! Não é um tubo é um paciente! Não é um tubo é um paciente! Não é um tubo é um paciente! Não é um tubo é um paciente! Não é um tubo é um paciente! E agora, “mãos à Obra”! Obrigado