Paulo Henrique Ferreira Nunes O ORÇAMENTO PÚBLICO COMO CONTEÚDO CURRICULAR NAS ESCOLAS DE ENSINO MÉDIO Projeto de pesquisa apresentado ao Programa de Pós-Graduação do ISC/Cefor/ Unilegis, como parte das exigências do curso de Especialização em Orçamento Público. Brasília 2008 1 IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO Título: O Orçamento Público como Conteúdo Curricular nas Escolas de Ensino Médio. Autor: Paulo Henrique Ferreira Nunes. Finalidade: Monografia a ser apresentada como parte das exigências do curso de Especialização em Orçamento Público. Instituições: ISC – Instituto Serzedello Corrêa, CEFOR – Centro de Formação da Câmara dos Deputados e Unilegis – Universidade do Legislativo Brasileiro. Data: 28/04/2008. Orientador do Projeto: Professor Antônio Teixeira de Barros. 2 2 APRESENTAÇÃO DO TEMA Este Projeto visa dar suporte à realização da Monografia, trabalho de conclusão do Curso de Especialização em Orçamento Público realizado pelo Instituto Serzedello Corrêa – ISC, em parceria com o Centro de Formação da Câmara dos Deputados – CEFOR e com a Unilegis – Universidade do Legislativo Brasileiro, com objetivo de demonstrar o resultado de pesquisa realizada junto aos estudantes de nível médio das escolas públicas no Distrito Federal sobre o nível de conhecimento acerca do Orçamento Público no Brasil. 3 OBJETO DE ESTUDO Um estudo sobre o modo de pensar dos estudantes do ensino médio, notadamente os do terceiro ano, das escolas públicas do Distrito Federal sobre o Orçamento Público, bem como seus pontos de vista com relação à implantação do Orçamento Público ou Finanças Públicas como conteúdos a serem ministrados no ensino médio, por meio de inserção na grade curricular de disciplina existente como por exemplo História, Matemática, Contabilidade ou Administração. 4 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA A população brasileira, em sua maioria, parece não ter exata noção do que seja o Orçamento Público, de sua importância, qual a sua finalidade, como é elaborado, como é discutido e o porquê de sua existência. Desse modo, surgiu a intenção inicial de realizar um levantamento nas escolas públicas do Distrito Federal sobre a questão. Até que ponto seria interessante a introdução da matéria de Orçamento Público ou Finanças Públicas no ensino médio brasileiro? De que maneira o conhecimento sobre Orçamento Público tem impacto na escolha dos Parlamentares? 3 5 HIPÓTESES A primeira hipótese que vem à tona é de que os alunos finalizam os estudos, no Ensino Médio, e saem da escola sem saber nada sobre Orçamento Público, uma vez que esse tema ainda não foi adotado de forma obrigatória pelo Ministério da Educação. Outra hipótese a ser averiguada é sobre a importância que o Orçamento Público exerce sobre o processo eleitoral brasileiro e de que forma isso é visto pelos estudantes. 6 OBJETIVOS 6.1 Objetivo Geral Torna-se necessário demonstrar, por meio de pesquisa, o grau de conhecimento dos estudantes do ensino médio brasileiro sobre Orçamento Público e sua relação com as eleições para Parlamentares, além disso, formular um Projeto sobre a necessidade da adoção do conteúdo no Ensino Médio brasileiro, por meio de alteração na legislação existente. 6.2 Objetivos Específicos Aferir o nível de conhecimento dos alunos do Ensino Médio, por meio de pesquisa, sobre o Orçamento Público. Comparar os dados e tecer considerações acerca dos resultados. Averiguar a necessidade e a viabilidade da adoção dos conteúdos referentes ao processo orçamentário brasileiro nas escolas de Ensino Médio. 7 JUSTIFICATIVAS 4 O presente tema, “O Orçamento Público como Conteúdo Curricular nas Escolas de Ensino Médio”, surgiu da necessidade de se propor ao governo e à sociedade uma forma mais esclarecedora de discussão sobre os assuntos que envolvem os gastos públicos, mormente os orçamentos do Estado brasileiro. Inegavelmente a população brasileira, de modo geral, encontra-se alijada do processo de discussão de assuntos orçamentários como a alocação dos gastos públicos, o aumento da arrecadação das receitas, o aumento de impostos, seus reflexos na economia, a justificativa do governo para tais aumentos, as emendas parlamentares, o contigenciamento do orçamento, a liberação de recursos entre outros assuntos correlatos. Esse desconhecimento decorre da falta de investimentos na Educação e também do desinteresse dos governantes em informar à sociedade sobre os assuntos que realmente interessam, ou deveriam interessar à maioria do povo. Um desses assuntos é o Orçamento Público. Podemos associar também o resultado da pesquisa, ora proposta, com a escolha de representantes do povo, ou seja, dos Parlamentares, que em última instância são os responsáveis pela alocação e distribuição do dinheiro público. Desse modo, dada a relevância do tema, buscarei enfatizar de que maneira podemos melhorar o Ensino Médio no Brasil, com pequena modificação na estrutura curricular e conseqüente conscientização dos futuros eleitores sobre como o Orçamento Público tem impacto na escolha de nossos representantes no Poder Legislativo, e de que modo a distribuição dos recursos do Orçamento e criação de novos tributos impactam a vida da sociedade. 8 METODOLOGIA 5 O desenvolvimento do trabalho em foco se baseará em pesquisa de campo a ser realizada nas escolas de ensino médio do Distrito Federal, com avaliação dos resultados utilizando para tanto dos métodos de interpretação, ou seja, explicação e compreensão do nível de conhecimento dos entrevistados sobre o orçamento público e sua influência na escolha de parlamentares pelo voto direto. De forma complementar, o trabalho se concentrará em pesquisas em bibliotecas, leitura de textos, artigos, normas e livros que abordam o tema, sem abrir mão do auxílio de trabalhos já publicados e outras fontes, tais como algumas revistas especializadas e buscas na Internet, além da pesquisa de campo. 9 REFERENCIAL TEÓRICO A participação popular constitui-se em elemento fundamental para o fortalecimento da democracia no Brasil. As últimas pouco mais de três décadas mostraram o fim prático das formulações da social democracia e das políticas econômicas orientadas pela teoria econômica de Keines, produtora do Estado de Bem-Estar Social. Essas transformações expressaram-se no Brasil, no âmbito da política e da prática, especialmente mediante a Reforma do Estado. A reforma, expressão de uma nova matriz política em nível planetário, impôs-se, no Brasil, em vários setores, como no da educação de base e ensino médio. São exemplos disso o novo papel da sociedade civil, sua nova forma de organização, que enfatiza as ONGs e o Terceiro Setor, assim como a produção das diretrizes curriculares para os cursos de graduação. 6 O que se pretende para a educação no Ensino Médio são instituições de ensino que venham a preparar o estudante para o mercado de trabalho, com cursos de qualidade e com nível de excelência, como parte constitutiva de uma Política de Estado. Entretanto, no atual contexto, são demasiadamente estreitos os limites impostos às iniciativas nesse sentido, uma vez que investimentos na melhoria do ensino requerem grande esforço governamental com construção de novas escolas, contratação de professores, qualificação constante, além do treinamento dos profissionais que já atuam nas escolas, e conseqüente engajamento das diretorias e supervisões regionais. Para o economista Joseph Stiglitz, “um maior apoio público à educação, particularmente quando bem dirigido, pode não apenas aumentar as oportunidades educacionais, melhorando a eqüidade social, como incrementar a eficiência econômica.” O investimento pesado em capital humano foi um dos pilares de duas décadas de sucesso em países como o Japão, a Coréia do Sul e outros países asiáticos. No entanto, sempre que se fala de Educação no Brasil associada ao Orçamento Público tem-se a preocupação de informar o quanto se gasta com a Educação no Orçamento da União, sem se preocupar com a verdadeira qualidade do ensino que é dado em nossas escolas. A nossa Constituição Federal de 1988, em seu artigo 6º, caput, apresenta uma série de Direitos Sociais. Entre eles está o Direito à Educação. Mais à frente traz um Capítulo totalmente dedicado à Educação, à Cultura e ao Desporto. Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. 7 O que observamos é que, tanto os cursos superiores, quanto os de ensino médio direcionados a Educação, mais especificamente, são carentes de temas relacionados a Economia, orçamentos e outros afins, a não ser, é claro, quando a graduação é sobre os temas abordados. Acredito que este campo de conhecimento é amplo, complexo e fundamental para compreender a área de trabalho de qualquer profissão. Por isso a necessidade de abordar o tema “Orçamento Público” com a visão educacional, pois a Educação, seja ela pública ou privada, tem como espinha dorsal a movimentação financeira de um país e, conseqüentemente, do cenário mundial. Incluímos, neste vasto campo de influentes da condução da política educacional, organizações como o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), BIRD (Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento) e FMI (Fundo Monetário Internacional), entre outros. Esta preocupação ocorre devido ao quadro encontrados nas escolas, o qual retrata uma situação em que a maioria dos profissionais da Educação não dominam esta área do conhecimento, ou sabem da sua existência e não conseguem ligar com o que acontece no seu dia a dia escolar. Logo, não percebe que o cartaz colocado, o conteúdo ministrado, o lanche servido, a internet que não chega, o baixo salário, o material de baixa qualidade e a infinidade de fatores educativos não atendidos dependem do Orçamento. Diante desse preceito constitucional, há que se avaliar o nível de ensino, suas peculiaridades e, de modo geral, como o Estado faz cumprir seu papel, que é o de fomentar a Educação de forma universal, ou seja, a todos os brasileiros. 8 10 CRONOGRAMA Para a realização deste estudo serão necessários seis meses, que envolverão as seguintes etapas: contato com o orientador, catalogação e fichamento, redação provisória, revisão do texto, redação definitiva e a entrega do trabalho final. A distribuição das tarefas será feita conforme demonstrado no quadro a seguir. ETAPA MÊS/ANO 05/08 06/08 07/08 08/08 09/08 10/08 Pesquisa bibliográfica Pesquisa de Campo Redação provisória Revisão do texto Redação definitiva Entrega da Monografia Defesa da Monografia Importante se faz ressaltar que as reuniões com o orientador irão acontecer em todas as etapas. Isso para que o trabalho final esteja em consonância com o que foi planejado: pesquisa de campo, leitura, fichamento, anotações, visitas às bibliotecas, consultas a trabalhos relacionados ao tema, pesquisas à Internet e redação da Monografia, que deverá ser entregue ao final de setembro de 2008. 9 11 ESTRUTURA DO TRABALHO O trabalho final deverá apresentar a estrutura que segue: 1 Apresentação 2 Introdução 3 Desenvolvimento do Tema 3.1 Teorias Gerais sobre o Estado e Orçamento 3.2 Teorias Econômicas e Orçamento Público 3.3 Teorias Políticas sobre Participação Popular e Democracia 4 Análise e Discussão do Problema 5 Propostas e Sugestões de Mudanças 6 Conclusão 7 Bibliografia 12 REFERÊNCIAS ABRAMOVAY, Miriam; CASTRO, Mary Garcia. Ensino médio: múltiplas vozes. Brasília : UNESCO, MEC, 2003. 662 p. ARVATE, Paulo Roberto; BIDERMAN, Ciro. Economia do setor público no Brasil. Rio de Janeiro : Elsevier, 2004. BOTELHO, Senador Augusto. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília : Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2005. 10 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil : Texto constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988, com as alterações adotadas pelas Emendas Constitucionais nºs 1/92 a 56/2007 e pelas Emendas Constitucionais de Revisão nºs 1 a 6/1994. Brasília : Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2008. FESTINGER, Leon; KATZ, Daniel. A pesquisa na psicologia social. Rio de Janeiro : Fundação Getulio Vargas, 1974. GIACOMONI, James. Orçamento público. São Paulo : Atlas, 2006. GIAMBIAGI, Fábio; ALÉM, Ana Cláudia. Finanças públicas. 2. ed. Rio de Janeiro : Ed. Campus, 2001. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo : Atlas, 2007. GOMES, Lúcia Helena de Andrade. Como preparar sua monografia jurídica. 3. ed. Campinas : Copola Livros, 2002. LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo : EPU, 1986. MACEDO, Magda Helena Soares. Manual de metodologia da pesquisa jurídica. Porto Alegre : Sagra Luzzatto, 2000. MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamento, resumos, resenhas. 8. ed. São Paulo : Atlas, 2006. NUNES, Luiz Antônio Rizzatto. Manual da monografia. 3. ed. São Paulo : Saraiva, 2002. OLIVEIRA, Olga Maria B. Aguiar de. Monografia jurídica – orientações metodológicas para o trabalho de conclusão de curso. Porto Alegre : Síntese, 1999. REZENDE, Fernando. Finanças públicas. 2. ed. São Paulo : Atlas, 2001. 11 TEIXEIRA, Anísio. Educação para a Democracia: introdução à administração educacional. Apresentação de Luiz Antônio Cunha, 2. ed. Rio de Janeiro : Editora UFRJ, 1997. 262 p. TEIXEIRA, Anísio Spínola. Educação não é privilégio. 7. ed. Comentada por Marisa Cassim; organização Marisa Cassim. Rio de Janeiro : Editora UFRJ, 2007. 12