Enquanto isso, no Brasil e no mundo... Início da Guer ra FFria: ria: Guerra o mundo dividido e o suiar Var argas cídio de V gas na Bahia O nazi-fascismo foi vencido. Hitler e Mussolini estavam mortos. O mundo, porém, não conheceu a paz. Os vitoriosos aliados se dividiram entre a liderança dos Estados Unidos, que defendiam o sistema capitalista, e da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), que defendia o socialismo. Eles dividiram o mundo de acordo com os seus interesses. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 56 BORGES, Sebastião Wenceslau. Memoriando. 3ed, Editora São Paulo, 2003. GRILO, Antonio Theodoro. Sindicato Rural de Passos. Editora São Paulo, 2002. LEMOS, D.J. As tiradas do Coronel. São Paulo: Editora CL-A, 1995. NORONHA, Washington. História da cidade de Passos, do Senhor Bom Jesus dos Passos. Vol. 1 e 2. NEGRÃO, Helio Soares. Registros I, Histórias e memórias - 1764-1986. Flexopress, papéis Ltda,1991. MELO, Francisco Soares de, org. Grilo Antonio. Antologia Chiquito. Edifesp, 2004. Família Maia, Primeiro Encontro de Descendentes, 1989. PRETTI, Leonel. Lembranças de Passos. 1936. VASCONCELOS, Elpídio Lemos de. Álbum de Passos. 1920. Acervo Darcy Maria da Silveira Moraes Fotos e documentos. Gazeta de Passos, Edições de 1959. EXPEDIENTE Especial editado pelo Jornal Folha da Manhã e Fundação de Ensino Superior de Passos - FESP JORNAL FOLHA DA MANHÃ Carlos Antônio Alonso Parreira - Diretor Jornalístico Maria das Graças Lemos - Diretora Comercial FESP/UEMG Prof. Fábio Pimenta Esper Kallas - Presidente do Conselho Curador Moeda de bronze de 1955. Ela valia 20 centavos e foi cunhada em homenagem a Rui Barbosa. EDIÇÃO EDIÇÃO:: Carlos Antônio Alonso Parreira/ Profª. Selma Tomé PESQUISA E REDAÇÃO: Profª. Leila Maria Suhadolnik Oliveira Pádua Andrade REVISÃO: Prof. José dos Reis Santos IMA GENS E FO TOGRAFIA IMAGENS FOT OGRAFIA:: Prof. Diego Vasconcelos DESIGN GRÁFICO A E MOLDURA GRÁFICO,, CAP CAPA MOLDURA:: Profª. Heliza Faria Fascículo 07/10 - Novembro de 2008 Os EUA desenvolveram projetos como o Plano Marshall de ajuda financeira aos países capitalistas e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) – uma organização militar que investiu bilhões de dólares em armamentos. Do lado do bloco socialista, a URSS exerceu um controle rígido sobre os países socialistas, impedindo qualquer demonstração de liberalismo, inclusive com o uso de campos de concentração que levaram à morte milhões de pessoas na Europa Oriental. Na China, Mao Tse Tung estabeleceu um socialismo livre da influência russa, porém perverso e dirigista. Guerras localizadas começam a envolver as grandes potências, como a Guerra da Coréia, em 1953, ocasionando uma divisão do país em duas Coréias foto Coréia, o que ainda permanece. O socialismo avança para as Américas. Fidel Castro e Che Guevara foram os grandes líderes de uma revolução popular em Cuba, que evoluiu para o socialismo, quando foi apoiada pela URSS, após a crise dos mísseis em 1962. Em 1946, no governo Dutra foto Dutra, os EUA pressionavam para que o Brasil seguisse seus direcionamentos. Os desdobramentos do macartismo americano – uma política americana de perseguição à ideologia marxista – influenciaram o governo brasileiro, que decretou a ilegali- dade do Partido Comunista e o rompimento de relações diplomáticas com a URSS. O mercado brasileiro abriu-se inteiramente aos EUA e a influência americana fezse sentir pesadamente, por meio até mesmo das histórias em quadrinhos: o “inocente” Zé Carioca foi idealizado nos estúdios Disney e mostra o brasileiro folgadão, festeiro, indefeso e necessitando da tutela de seus amigos gringos. Filmes românticos, como os de Doris Day, eram assistidos por uma geração inteira. A indústria de bens de consumo duráveis, como enceradeiras, liquidificadores e aspiradores de pó, mostrava esses produtos como sonho de consumo das famílias. O Brasil estava sendo preparado para a Era JK. Após o governo Dutra, Getúlio foi eleito, pela primeira vez, por meio de voto direto. O mundo havia mudado e Getúlio, nacionalista ferrenho, não percebera isso; continuou resistindo à abertura ao capital. A UDN, aliada aos capitalistas nacionais e estrangeiros, pressionou Getúlio por meio do jornalista Carlos Lacerda. Abriu-se uma disputa política que levou Getúlio ao suicídio em agosto de 1954. O Brasil preparava-se para a abertura ao capital estrangeiro: a Era JK. Após a deposição de Getúlio V ar gas, em 1945, o Brasil passou por granVar argas, des transformações, uma nova constituição foi promulgada e o mundo vivia o início da Guer ra FFria. ria. Eleições foram convocadas em todo o país e os Guerra ria.Eleições novos partidos foram se firmando e fazendo história nos anos 50 e 60, especialmente o PSD, o PTB e a UDN que, a partir daí, darão a tônica da política nacional. Os pecuaristas passenses viviam um tempo de “vacas nacional.Os magras” com o preço do gado despencando e com a falta de apoio do governo federal, que havia cortado os financiamentos com os quais sempre contaram os fazendeiros invernistas. Nesse contexto, uma família se destacava na liderança da cidade, com atuação tão mar cante, que foi um marcante, divisor de águas na história da política passense . O poder econômico e político dos “Maias” 50 Francisco da Silva Maia, apelidado Chico Maia, e sua esposa Feliciana eram fazendeiros tradicionais no tempo do Pato e Peru. Formaram uma grande família e eram os pais de Francisco Avelino Maia e de Geraldo da Silva Maia – as lideranças mais carismáticas da política passense. O primeiro, sem ocupar nenhum cargo político; e o outro como prefeito que recebeu as maiores manifestações de apoio popular na cidade. Francisco Avelino e Geraldo eram fazendeiros, representantes da elite agrária passense e exerceram suas lideranças com muito carisma e jeitinho mineiro. O primogênito, Franscico Avelino, nas décadas de 20, 30 e 40 formou uma grande família e teve 16 filhos. Dos anos 30 à década de 60, comprou uma grande quantidade de terras, inclusive a Fazenda Rio Grande. Nessa fazenda surgiu uma empresa familiar comandada pela mão forte do sr. Francisco Avelino. Os filhos, desde crianças, formavam a força de trabalho, o estudo ia ficando para trás. Isso era muito comum nas famílias fazendeiras de Passos: uns filhos ficavam trabalhando na lavoura, enquanto outros saíam para estudar em Muzambinho, Paraíso, Belo Horizonte ou São Paulo. Dr. Wellington Brandão, deputado federal passense (1946-1951), participou da Assembléia Constituinte que elaborou a Constituição Federal de 1946. Ele apresentou projetos de lei de cunho social como o da participação de trabalhadores nos lucros das empresas, da criação da previdência rural e da proposta da “moratória do zebu”, por meio da qual as dívidas dos pecuaristas foram perdoadas pelo governo federal. Poeta modernista, escreveu vários poemas e livros como “O tratador de pássaros” e “Caminhos de Minas”; jornalista, colaborou com jornais do Rio de Janeiro e de Belo Horizonte. O engenho construído na fazenda Rio Grande produzia, de maneira artesanal, a rapadura e o açúcar branqueado que eram trazidos no carro de boi para a cidade. Na cidade, esses produtos eram vendidos diretamente aos comerciantes locais. A partir de 1929, Francisco Avelino passou a comprar novas aparelhagens, e o sonho da usina foi se concretizando. Chiquito, o primogênito, tinha uma tendência política e influenciou na decisão da família de participar de perto dos caminhos políticos da cidade. Essa influência se concretizou quando os Maias, acompanhados de outras lideranças como Wellington Brandão, conseguiram do governo do Estado a saída do prefeito Lourenço de Andrade. Nos anos 40, os Maias exibiam um poderoso patrimônio construído famili- armente e dividiam o tempo entre a administração da fazenda e do engenho, a criação de gado e as reuniões políticas. O ano de 1947 marcou uma das eleições mais disputadas da história de Passos. As campanhas políticas eram feitas com muita participação. Essas disputas envolviam e até separavam membros de uma mesma família que, às vezes, optavam por partidos diferentes. Geraldo da Silva Maia, sétimo filho de Chico Maia e Feliciana, foi eleito pela coligação PSD e PTB com 4.918 votos. A diferença entre Geraldo Maia e o seu oponente Domiciano José Lemos foi de apenas 18 votos. Nessa época, a eleição para vice-prefeito acontecia em separado. O vice da chapa de Geraldo Maia, Dr. Clóvis Soares Maia, perdeu para o candidato de Domiciano por 13 votos. Assim, Ananias Lemos de Melo foi vice-prefeito de Geraldo, porém de partido contrário. Após as eleições, houve várias pendências jurídicas, porém o resultado foi mantido. Comícios, apresentação de cantores e jingles eram preparados para animar a disputa dos partidos. Nas campanhas de Geraldo Maia, alguns jingles ficaram famosos. Usando músicas de sucesso, como “Jambalaia” e “As águas vão rolar”, escreviam-se versões que ficaram na memória popular. Um avião teco-teco (monomotor) dotado de alto-falantes sobrevoava a cidade, fazendo a propaganda de Geraldo Maia e jogando panfletos para a população. Os locutores eram Jacó Negrão e Cuecão. Uma caminhonete, de Ismael Santos, era usada para fazer a propaganda pela cidade. O fim de Geraldo Maia e o governo de José Caetano de Andrade A última vez que Geraldo Maia apareceu em púbico, oficialmente, foi na festa do centenário, pois continuaram as denúncias e investigações sobre sua administração, da qual foi afastado. José Mendes assumiu a prefeitura em 20 de maio de 1958, cumprindo o restante do mandato até José Caetano de Andrade, dezembro de 1959. Foi junto com vários passenses, recebem Magalhães Pinto um prefeito apaziguador que enfrentou situações difíceis de falta de verbas, Geraldo do uma parte envolvida. exaltação e acirramento Maia na Foi um debate clássico partidários. Contornou a si- prisão para a história do Direito tuação com eficiência, poem Passos. rém o pessedismo passenEm sua edição de se ficou enfraquecido e os 20/06/1959, a Gazeta udenistas ganharam as de Passos publicou notíeleições seguintes. cia informando que o TriGeraldo Maia estava bunal de Contas de Miem Volta Redonda, na casa nas Gerais declarou-se do amigo sr. Lourival Noincompetente para julgar gueira, quando tomou ciêno recurso da Comarca de cia do mandado de prisão. Passos, sendo recorrenRetornou de avião e não te o sr. Geraldo da Silva esperou o mandado ser Maia e recorrida a Câmacumprido, entregando-se ra Municipal de Passos, espontaneamente na Delereferente às contas do gacia. Do aeroporto até a Delegacia, forexercício de 1957. mou-se uma grande passeata e Geraldo foi No dia 30 de setembro de 1959, anicarregado pelo povo. versário de Geraldo Maia, a porta da caA prisão aconteceu em regime esdeia ficou repleta de gepecial: uma sala e um quarto com banheiraldistas que cantavam ro no segundo andar da Delegacia foram parabéns e gritavam seu reservados para o ex-prefeito. As visitas nome para prestar-lhe hoeram liberadas e os geraldistas não desmenagem e solidariedade. grudaram do líder. Geraldo Maia, da jaO coração de Geralnela do segundo andar da prisão, saudava do Maia, no entanto, não os que o cumprimentavam da rua, aceresistiu aos percalços e, nando um lenço branco. As pessoas griem 22 de novembro de tavam seu nome, cantavam as músicas da 1959, foi acometido de campanha, levavam as crianças para vê-lo uma angina fulminante na prisão. A todos que recebia, ele dizia: que o levou à morte. Foi “Sou inocente”. um abalo nunca visto para No desenvolvimento regular do proa sociedade passense. cesso, duas autoridades do direito nacioO seu enterro foi um nal encontraram-se em Passos: Evandro acontecimento político. Os ânimos partiLins e Silva e Pedro Aleixo, criminalistas dários voltaram a ficar exaltados. Nunca da mais alta linhagem, cada um defendense viu tanta gente da cidade e região reu- nida para saudar, pela última vez, um líder político. Encerrava-se outro capítulo atribulado da história passense. O novo governo Após os incidentes ocorridos no governo Geraldo Maia, a coligação denominada União Passense (UDN, PTB, PR e PDC) elegeu José Caetano de Andrade para prefeito e João Cardoso Lemos para vice, no período de 1959 a 1962, derrotando os candidatos do PSD, José Figueiredo e Luís Patti. José Caetano promoveu com serenidade e dinamismo um retorno à ordem política que estava abalada na cidade. Enfrentou vários problemas, principalmente de falta de verba, mas conseguiu fazer um governo com várias realizações. A mais importante foi a captação, canalização, abastecimento, tratamento com flúor e distribuição de água do Ribeirão Bocaina para a cidade, que antes procedia do bicame do CPN. Construiu o Mercado Municipal, o Grupo Escolar Lourenço de Andrade; terminou o Grupo Abraão Lincoln; deu início à abertura de valas para a canalização do Córrego São Francisco e para a abertura da Avenida Francisco Avelino Maia e ainda terminou a construção do prédio dos Correios e Telégrafos. 55 Monumento aos combatentes da 2ª Guerra, na Pça. Geraldo da Silva Maia Geraldo Maia: um líder carismático CENTENÁRIO - Como foi a Festa 54 Dia 14 de Maio - A meia noite do dia 13 para o dia 14, as luzes da cidade serão apagadas pelo prazo de 5 minutos quando se ouvirão repiques de sinos, seguidos de fogos de artifício na Praça da Matriz. Em seguida, celebração ‘TE DEUM’ em ação de graças. Às 4h da manhã alvorada, pela fanfarra do Colégio Estadual com fogos e repiques de sinos e Banda Santa Cecília de Alpinópolis. 8h: missa campal, na Praça da Matriz, oficiada pelo Mons. Messias Bragança com o hasteamento das bandeiras pelo Tenente Gentil Palhares, Deputado Starling Soares e prefeito Geraldo da Silva Maia. Após a missa, diversos oradores e discurso de José Neif Jabur. 9h: desfile dos Estabelecimentos de Ensino, com a Banda dos Fuzileiros Navais. 12h30: início do Campeonato Amador de Futebol patrocinado pela Liga Passense de Desportos no “Estádio Starling Soares”. 18h: arriamento das bandeiras, pelo Dr. José de Castro, juiz de direito da comarca; Dr. José Marinho, juiz municipal e Dr. Iran Xavier de Lima, promotor de Justiça.19h30: fogos de artifício e “show” com a participação de astros da Rádio Nacional e concurso de artistas passenses na Praça da Matriz. Dia 15 de Maio - Às 4h da manhã - alvorada pela fanfarra do Colégio Estadual, repiques de sinos, fogos e “Banda Santa Cecília” de Alpinópolis. 9h: inauguração na Praça da Matriz de uma placa de bronze comemorativa do PRIMEIRO CENTENÁRIO, pela professora Zeli Bueno. Após, plantio de uma árvore de JEQUITIBÁ, por Margarida Tomé como homenagem às Mães de Passos. Após, discursos do Deputado Starling Soares e Professor Alberto Soares Arantes. 13 às 14h: apresentação e exibição da Banda dos Fuzileiros Navais do Rio de Janeiro. 19h30: fogos de artifício, na Praça da Matriz, retreta por uma banda no palanque e sessão de cinema ao ar livre. Dia 16 de Maio - Às 4h da manhã - alvorada com repiques de sinos, fogos de bateria. 7h: hasteamento da bandeira pelo Capitão Wiliam Stockler Pinto, com a participação do T.G. 92. 8h: missa de REQUIÉM, no cemitério municipal oficiada pelo Mons. Messias Bragança, homenagem póstuma aos filhos de Passos. Discurso de Arnulfo Nogueira. 10h: inauguração solene de uma placa de bronze alusiva à Força Expedicionária Brasileira, na praça do Rosário, com a presença do T.G. 92. Discurso do Delegado Gentil Palhares. Inauguração da placa pelas mães ex-combatentes da 2ª Guerra Mundial. 15h30: partidas amistosas de basquete e voleibol, na quadra do Clube Passense de Natação. Memórias de quem participou dos festejos Caubi Peixoto fez um show maravilhoso. Cantou as músicas preferidas dos fãs. Algumas moças, e até homens, ficaram muito entusiasmados e se jogaram nos braços do artista, beijando-o. Foi um escândalo! As moças não saíram mais da boca do povo! “Aquela beijou o Caubi!”, diziam. Na semana que antecedeu o dia 14, aconteceram várias competições esportivas, à noite, na Praça da Matriz, pois Passos não tinha quadra cimentada, nem iluminada. As pessoas se divertiram com partidas de vôlei, basquete, etc. Nas alvoradas festivas, as bandas percorriam os bairros munidas de instrumentos e foguetes, executando a música “Parabéns” e outras populares. O grande show musical foi realizado na Praça da Matriz e teve a participação de Caubi Peixoto e Emilinha Borbafoto, ídolos na Rádio Na- cional que provocaram muita emoção, principalmente quando cantaram as músicas “Conceição” e “Catito”. Nos anos 60, era muito comum decorar uma parede da casa com pratos artísticos. As lojas de Passos, especialmente o Gráfico São José, venderam, além de flâmulas como recordação do centenário, um prato de cerâmica para decoração de parede. Foi um sucesso de vendas e várias famílias o conservam, ainda hoje. Também foi feita uma medalha com os dizeres “Lembrança do Centenário.” José Barbosa Andrade e Silva, o Zé da Beca, freqüentou os cursos de Belas Artes e Direito no Rio de Janeiro. Já nessa época, desenhava caricaturas para os jornais cariocas “A Vanguarda”, “O Globo” e “Correio da Manhã”. Voltou a estudar com 58 anos e concluiu o Curso de Belas Artes pela UFMG, especializando-se em escultura. Faleceu em 2004, deixando várias obras como: “Quo Vadis” doada para a Igreja Matriz de Passos e “Cristo triunfante”, para o Asilo São Vicente de Paulo. Alguns entalhes presenteados para Tancredo Neves e fazenda Monte Alegre, e esculturas de posse dos filhos: “O Corcel”, “Indecisão”, “Escorpião”, “Cavalo branco”, “Raimunda”, “Cavalo alado”, “Cadeira adaptada na cabeça uma vaca”, “Adão e Eva” e “Musa Paradisíaca”. O terminal de coletivos urbanos de Passos leva o seu nome, pois a praça Geraldo da Silva Maia é uma expressão da atividade artística de Zé da Beca: o seu traçado, a fonte luminosa e a antiga estação rodoviária foram projetados por ele. Na rodoviária, ele usou linhas curvas e modernizadas, para a praça buscou inspiração no neoclássico especialmente na fonte luminosa e nos formatos das passarelas e dos jardins. Além dessas obras, também projetou o marco que homenageia os pracinhas, que lutaram na Segunda Guerra. Geraldo da Silva Maia tomou posse em 08 de dezembro de 1947, dedicando-se inteiramente à prefeitura. Ele implantou um jeito novo de governar, atendendo ao povo e usando o prestígio político bem sintonizado com o Governo do Estado, para obter apoio para a cidade e região. Assim, conseguiu verbas para a construção da Praça do Rosário, com uma fonte luminosa e a Estação Rodoviária. A praça, hoje, leva seu nome. À frente da administração municipal, fez reformas na Praça da Matriz, construiu doze escolas rurais, aumentou a extensão do saneamento básico e calçou quase toda a cidade com bloquetes produzidos pela própria prefeitura. Providenciou uma nova captação de água, no Ribeirão Bocaina; abriu estradas vicinais, encascalhando as que existiam e, por isso, seu governo foi muito apreciado pelos fazendeiros. Conseguiu a doação da balsa Passos-Glória, iniciando o trabalho de transporte de carros e passageiros entre as duas cidades. Geraldo era sempre um dos primeiros que chegavam às obras e uma presença constante na prefeitura. Após o primeiro mandato (de 1947 a 1950), Geraldo Maia elegeuse vice-prefeito na chapa de Chiquito Maia (Francisco Ferreira Maia, primogênito de Francisco Avelino) para o mandato de 1951 a 1954, pelo PSD. CÂMARA AL MUNICIPAL MUNICIP A mesa diretora da Câmara Municipal era composta, na época, por Antônio Caetano de Andrade, Dr. Manuel Patti e Nadra Esper Kallás. ACONTECIMENTOS 1947 - Em 31 de agosto de foi fundada a Paróquia de Nossa Senhora da Penha: O padre era José Pires que ficou até 1952. No Natal de 1948, foi armado o primeiro presépio da igreja de Nossa Senhora da Penha, com 25 figuras. 1949 - Fundação da Cooperativa de Laticínios do Sudoeste Mineiro Ltda. A cerimônia aconteceu na sede do Sindicato Rural com a presença de 82 fazendeiros. A comissão organizadora era formada pelos fazendeiros: Dr. Clóvis Maia, Nestor Vilela Lemos e José Meirelles Junqueira. O primeiro presidente eleito, ficou no cargo seis mandatos e foi Pedro da Silva Lemos. 1949 - Passos possuía, na época, uma Agência de Aviação Nacional que, depois, foi substituída pela Real, com ligação para Mococa, São Paulo e Rio de Janeiro. Época de estradas ruins ou inexistentes, a demanda de viagens e conexão rápida com os grandes centros possibilitou o crescimento da oferta de viagens aéreas. Por isso, ir a São Paulo e Rio de Janeiro era mais fácil do que chegar a Belo Horizonte. 1950 – Fundação do Educandário Senhor Bom Jesus dos Passos: uma obra de Monsenhor Messias Bragança com a denominação de Fundação Monsenhor Messias Bragança. De acordo com o estatuto social de 21/03/1955, o Educandário passa a ser propriedade da Congregação Rogacionista que, atualmente, desenvolve seu trabalho social e religioso no local. 51 A gestão de Francisco Ferreira Maia 52 Francisco Ferreira Maia, o Chiquito, era grande pecuarista, grande incentivador do plantio de algodão, confirmou com a vitória o poder político da família Maia e a força do PSD. Ficou conhecido por sua sobriedade. Foi um “continuador” das obras que Geraldo Maia iniciou no primeiro mandato (1951 a 1954). Construiu a Praça Blandina de Andrade, doou as instalações do Ginásio (antiga Escola Normal), o Colégio Estadual. Em 1952, a prefeitura doou um terreno à Associação Rural, Comercial e Industrial de Passos (Arcip). Lá eram realizadas as exposições agropecuárias. No fim do mandato de Chiquito Maia e, aproximando-se novas eleições, as lideranças políticas da cidade organizaram-se para fazer um grande acordo partidário, lançando apenas um candidato a prefeito e um a deputado. Em 07 de março de 1954, a Gazeta de Passos chegou a noticiar o grande acordo político entre o PTB, UDN, PR, PSP, PDC e PSD, bem como o lançamento das candidaturas únicas de Domiciano José Lemos para prefeito e de Dr. Wellington Brandão para deputado federal Entretanto, Juscelino Kubitscheck, líder do PSD mineiro, veio a Passos e “levantou os brios” do pessoal do PSD, propondo um candidato em separado, pois queria eleger Starling Soares deputado federal e, ao mesmo tempo, reforçar sua candidatura para presidente. Diante da proposta de JK, o PSD reuniu-se na sede da ARCIP para indicar o candidato a deputado e, nessa reunião, houve um racha político com conseqüências desastrosas. O PSD indicou Starling Soares por 52 votos, enquanto 30 indicaram Wellington Brandão e dois votaram em branco. Ao final da reunião, os 32 descontentes continuaram apoiando a coligação cujo partido mais forte era a UDN. Entre eles estava Francisco Avelino Maia, que haACONTECIMENTOS Flâmula do Centenário Em 1953, foi lançada a pedra fundamental do Carmelo São José. A construção desta obra marcou o início da formação do bairro de mesmo nome. Em 1954 1954, iniciou-se a demolição da igreja Rosário. Os freqüentadores e Monsenhor Messias alegaram falta de segurança nas torres. A praça perdeu a graça, a imponência, e Passos perdeu uma parte significativa do seu patrimônio cultural. via dado sua palavra e devia muitos favores a Wellington Brandão. O PSD, fora da coligação, pressionou para que Geraldo da Silva Maia fosse o candidato. Foram buscá-lo em Goiás. Depois de consultar o pai, Chico Maia, Geraldo optou por permanecer no PSD e aceitar a candidatura, apesar da resistência da família. O carisma de Geraldo Maia era grande. Venceu as eleições de 1954 juntamente com seu vice, José Mendes (diretor da Usina Açucareira). O segundo mandato de Geraldo Maia No segundo mandato, iniciado em 1955, apesar de continuar atendendo o povo com a mesma simpatia e eficiência, Geraldo Maia não tinha o mesmo apoio político de antes: o racha político da elite, principalmente entre UDN e PSD, estava cada vez mais acirrado. Nessa segunda gestão, Geraldo recebeu várias autoridades em Passos, entre elas JK e João Goulart, que estavam fazendo campanha política. JK ficou hospedado em sua casa, na Rua Lourenço de Andrade. O prefeito continuava a acompanhar as obras que estavam sendo completadas, mas afastou-se do serviço burocrático na prefeitura. Por vezes, atendia na própria residência e deixava, na prefeitura, vales (papéis em branco) assinados. Sem apoio político, sem verbas orçamentárias e por descontrole na administração, a Câmara Municipal abriu um inquérito e pediu seu afastamento por improbidade administrativa. Enquanto acontecia a crise política, a cidade preparava uma grande festa que empolgou toda a população: o primeiro centenário de Passos. CIDADE Em maio de 1858, quando Passos comemorou 100 anos de emancipação, contava com uma população de 40 mil habitantes. 1958: O Centenário CONVITE Desfile do 1º Centenário HINO “Salve, Passos! A passos de gigante Prossegues teu destino glorioso: Se teu passado é heróico e grandioso, Teu futuro é risonho e fulgurante! Estendida entre vales e montanhas, Aos fecundos abraços do Rio Grande, Tua prole multíplice se expande Como os raios do sol em que te banhas. Salve Passos! Cidade centenária, Torrão acolhedor e hospitaleiro, Que sintetizas na alma legendária As virtudes do povo brasileiro! Se Minas toda aclama o teu valor E ante labor algum jamais te prostras, É que empunhas a Cruz do Redentor, Cujos passos tu segues de mãos postas. Na alma do teu povo varonil, E em teus rebanhos, glebas e oficinas Palpita a fibra épica de Minas, Espelha-se a grandeza do Brasil! Glória, Passos, a ti, terra excelente, Que a todos generosa abres os braços Possas tu caminhar eternamente Sob as bênçãos do Bom Jesus dos Passos.” Formada a comissão dos festejos do centenário, Francisco Soares de Melo e José Marciano Negrinho foram encarregados de criar um hino para a cidade de Passos. Professor Chiquito fez a letra que foi musicada por José Negrinho. Eram quatro mãos exigentes e criteriosas que engrandeceram a cidade com a sua arte na literatura e na música. Foi solicitado também a José Barbosa Andrade e Silva, o Zé da Beca, escultor passense, que executasse três projetos: uma bandeira para Passos, um monumento em homenagem aos pracinhas da Segunda Guerra e um brasão representativo da cidade. Nenhum dos três recebeu pelas obras que apresentaram. No desfile oficial em comemoração ao centenário, divulgou-se o hino, a bandeira e o brasão. José Marciano Negrinho foi músico, violinista e flautista muito competente. Além do Hino a Passos, é autor de várias peças musicais: o Hino a Furnas, Hino das Escolas, Hino à Comunidade, Hino à Mocidade de Passos e outras. MONUMENTO BRASÃO Placa do marco do 1º Centenário da cidade de Passos fica na Praça Mons. Messias Bragança, e é conhecido como “Pirulito”. Francisco Soares de Melo foi professor de Português, Lingüística, Latim e Literatura. É considerado o maior expoente de conhecimento da cidade de Passos dos últimos tempos. O “Professor Chiquito” publicou os livros: “Chama Inquieta”, “Análise Sintática” e “Noções de Filologia Românica”. Na Casa da Cultura tem um espaço em sua homenagem. A FESP instituiu com o seu nome: o “Prêmio Literário Professor Chiquito”. Em 2004, foi publicada pela Edifesp, a Antologia Chiquito, uma revisitação de toda sua obra poética. Professor Pedro Junqueira Bernardes, prefaciando a Antologia, declarou: “Realmente não se sabe o que mais admirar na pessoa do Prof. Chiquito: se a grandeza do ser humano; se o reconhecido saber do homem das letras; se a sabedoria do grande humanista ou se o senso de valor do inegável pedagogo”. 53 BANDEIRA Zé da Beca inspirou-se na Bandeira da Paraíba e desenhou a bandeira em preto e vermelho, colocou um triângulo no centro com os dizeres nacionalistas: “Por Passos, por Minas, pelo Brasil” com a mesma disposição gráfica da bandeira de Minas Gerais que contém um triângulo envolvido pelos dizeres: “Libertas quae sera tamen”. Conhecido por seu senso de humor, Zé da Beca brincou, muitas vezes, que as cores vermelha e preta eram em homenagem ao seu time favorito.