Enquanto isso, no Brasil e no mundo...
Início da Guer
ra FFria:
ria:
Guerra
o mundo dividido e o suiar
Var
argas
cídio de V
gas
na Bahia
O nazi-fascismo foi vencido. Hitler
e Mussolini estavam mortos. O mundo,
porém, não conheceu a paz. Os vitoriosos aliados se dividiram entre a liderança dos Estados Unidos, que defendiam o
sistema capitalista, e da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS),
que defendia o socialismo. Eles dividiram o mundo de acordo com os seus
interesses.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
56
BORGES, Sebastião Wenceslau. Memoriando. 3ed, Editora São Paulo, 2003.
GRILO, Antonio Theodoro. Sindicato Rural
de Passos. Editora São Paulo, 2002.
LEMOS, D.J. As tiradas do Coronel. São
Paulo: Editora CL-A, 1995.
NORONHA, Washington. História da cidade de Passos, do Senhor Bom Jesus dos
Passos. Vol. 1 e 2.
NEGRÃO, Helio Soares. Registros I, Histórias e memórias - 1764-1986. Flexopress,
papéis Ltda,1991.
MELO, Francisco Soares de, org. Grilo
Antonio. Antologia Chiquito. Edifesp, 2004.
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PRETTI, Leonel. Lembranças de Passos.
1936.
VASCONCELOS, Elpídio Lemos de. Álbum
de Passos. 1920.
Acervo Darcy Maria da Silveira Moraes Fotos e documentos.
Gazeta de Passos, Edições de 1959.
EXPEDIENTE
Especial editado pelo Jornal Folha da Manhã e Fundação de Ensino Superior de Passos - FESP
JORNAL FOLHA DA MANHÃ
Carlos Antônio Alonso Parreira - Diretor Jornalístico
Maria das Graças Lemos - Diretora Comercial
FESP/UEMG
Prof. Fábio Pimenta Esper Kallas - Presidente do Conselho Curador
Moeda de
bronze de 1955.
Ela valia 20
centavos e foi
cunhada em
homenagem a
Rui Barbosa.
EDIÇÃO
EDIÇÃO:: Carlos Antônio Alonso Parreira/ Profª. Selma Tomé
PESQUISA E REDAÇÃO: Profª. Leila Maria Suhadolnik
Oliveira Pádua Andrade
REVISÃO: Prof. José dos Reis Santos
IMA
GENS E FO
TOGRAFIA
IMAGENS
FOT
OGRAFIA:: Prof. Diego Vasconcelos
DESIGN GRÁFICO
A E MOLDURA
GRÁFICO,, CAP
CAPA
MOLDURA:: Profª. Heliza Faria
Fascículo 07/10 - Novembro de 2008
Os EUA desenvolveram projetos como o Plano
Marshall de ajuda financeira aos países
capitalistas e a Organização do Tratado do Atlântico
Norte (Otan) – uma
organização militar
que investiu bilhões
de dólares em armamentos. Do lado do
bloco socialista, a
URSS exerceu um controle rígido sobre
os países socialistas, impedindo qualquer
demonstração de liberalismo, inclusive
com o uso de campos de concentração
que levaram à morte milhões de pessoas
na Europa Oriental.
Na China, Mao Tse
Tung estabeleceu
um socialismo livre
da influência russa,
porém perverso e
dirigista.
Guerras localizadas começam a
envolver as grandes potências,
como a Guerra da
Coréia, em 1953,
ocasionando uma
divisão do país em duas Coréias foto
Coréia, o que ainda permanece.
O socialismo avança para as Américas. Fidel Castro e Che Guevara foram
os grandes líderes de uma revolução
popular em Cuba,
que evoluiu para o
socialismo, quando
foi apoiada pela
URSS, após a crise dos mísseis em
1962.
Em 1946, no
governo Dutra foto
Dutra, os EUA
pressionavam para
que o Brasil seguisse seus direcionamentos. Os desdobramentos do macartismo americano –
uma política americana de perseguição à
ideologia marxista – influenciaram o governo brasileiro, que decretou a ilegali-
dade do Partido
Comunista e o
rompimento de
relações diplomáticas com a URSS.
O mercado
brasileiro abriu-se
inteiramente aos
EUA e a influência americana fezse sentir pesadamente, por meio
até mesmo das
histórias em quadrinhos: o “inocente” Zé Carioca foi idealizado nos estúdios Disney e mostra o
brasileiro folgadão, festeiro, indefeso e
necessitando da tutela de seus amigos
gringos.
Filmes românticos, como
os de Doris Day,
eram assistidos
por uma geração
inteira. A indústria de bens de
consumo duráveis, como enceradeiras, liquidificadores e aspiradores de pó, mostrava esses produtos como sonho
de consumo das famílias. O Brasil estava
sendo preparado para a Era JK.
Após o governo Dutra, Getúlio foi
eleito, pela primeira vez, por meio de
voto direto. O mundo havia mudado e
Getúlio, nacionalista ferrenho, não
percebera isso;
continuou resistindo à abertura
ao capital. A
UDN, aliada aos
capitalistas nacionais e estrangeiros, pressionou
Getúlio por meio
do jornalista Carlos
Lacerda.
Abriu-se uma disputa política que levou Getúlio ao suicídio em agosto de 1954. O Brasil preparava-se para a abertura ao capital estrangeiro: a Era JK.
Após a deposição de Getúlio V
ar
gas, em 1945, o Brasil passou por granVar
argas,
des transformações, uma nova constituição foi promulgada e o mundo
vivia o início da Guer
ra FFria.
ria.
Eleições foram convocadas em todo o país e os
Guerra
ria.Eleições
novos partidos foram se firmando e fazendo história nos anos 50 e 60,
especialmente o PSD, o PTB e a UDN que, a partir daí, darão a tônica da
política nacional.
Os pecuaristas passenses viviam um tempo de “vacas
nacional.Os
magras” com o preço do gado despencando e com a falta de apoio do
governo federal, que havia cortado os financiamentos com os quais sempre
contaram os fazendeiros invernistas. Nesse contexto, uma família se
destacava na liderança da cidade, com atuação tão mar
cante, que foi um
marcante,
divisor de águas na história da política passense .
O poder econômico e político dos “Maias”
50
Francisco da Silva Maia, apelidado Chico Maia, e sua esposa
Feliciana eram fazendeiros tradicionais no tempo do Pato e Peru.
Formaram uma grande família e
eram os pais de Francisco Avelino
Maia e de Geraldo da Silva Maia –
as lideranças mais carismáticas da
política passense. O primeiro, sem
ocupar nenhum cargo político; e o
outro como prefeito que recebeu
as maiores manifestações de apoio
popular na cidade.
Francisco Avelino e Geraldo
eram fazendeiros, representantes
da elite agrária passense e exerceram suas lideranças com muito carisma e jeitinho mineiro.
O primogênito, Franscico
Avelino, nas décadas de 20, 30 e
40 formou uma grande família e
teve 16 filhos. Dos anos 30 à década de 60, comprou uma grande
quantidade de terras, inclusive a
Fazenda Rio Grande. Nessa fazenda surgiu uma empresa familiar comandada pela
mão forte do sr. Francisco Avelino. Os
filhos, desde crianças, formavam a força
de trabalho, o estudo ia ficando para trás.
Isso era muito comum nas famílias fazendeiras de Passos: uns filhos ficavam
trabalhando na lavoura, enquanto outros
saíam para estudar em Muzambinho, Paraíso, Belo Horizonte ou São Paulo.
Dr. Wellington Brandão,
deputado federal passense (1946-1951), participou da Assembléia
Constituinte que elaborou a Constituição Federal de 1946. Ele apresentou projetos de lei de
cunho social como o da
participação de trabalhadores nos lucros das
empresas, da criação da
previdência rural e da
proposta da “moratória
do zebu”, por meio da
qual as dívidas dos pecuaristas foram perdoadas pelo governo federal. Poeta modernista,
escreveu vários poemas e livros como “O tratador de pássaros” e “Caminhos de Minas”; jornalista, colaborou com
jornais do Rio de Janeiro e de Belo Horizonte.
O engenho construído na fazenda Rio
Grande produzia, de maneira artesanal, a
rapadura e o açúcar branqueado que eram
trazidos no carro de boi para a cidade.
Na cidade, esses produtos eram
vendidos diretamente aos comerciantes locais.
A partir de 1929, Francisco Avelino
passou a comprar novas aparelhagens, e o
sonho da usina foi se concretizando.
Chiquito, o primogênito, tinha uma
tendência política e influenciou na decisão da família de participar de perto dos
caminhos políticos da cidade. Essa influência se concretizou quando os Maias,
acompanhados de outras lideranças como
Wellington Brandão, conseguiram do governo do Estado a saída do prefeito Lourenço de Andrade.
Nos anos 40, os Maias exibiam um
poderoso patrimônio construído famili-
armente e dividiam o tempo entre a administração da fazenda e
do engenho, a criação de gado e
as reuniões políticas.
O ano de 1947 marcou uma
das eleições mais disputadas da
história de Passos. As campanhas
políticas eram feitas com muita participação. Essas disputas envolviam e até separavam membros de
uma mesma família que, às vezes,
optavam por partidos diferentes.
Geraldo da Silva Maia, sétimo filho de Chico Maia e Feliciana, foi eleito pela coligação PSD
e PTB com 4.918 votos. A diferença entre Geraldo Maia e o seu
oponente Domiciano José Lemos
foi de apenas 18 votos.
Nessa época, a eleição para
vice-prefeito acontecia em separado. O vice da chapa de Geraldo
Maia, Dr. Clóvis Soares Maia, perdeu para o candidato de Domiciano por 13 votos. Assim, Ananias Lemos
de Melo foi vice-prefeito de Geraldo, porém de partido contrário. Após as eleições, houve várias pendências jurídicas,
porém o resultado foi mantido.
Comícios, apresentação de cantores
e jingles eram preparados para animar a
disputa dos partidos. Nas campanhas de
Geraldo Maia, alguns jingles ficaram famosos. Usando músicas de sucesso,
como “Jambalaia” e “As águas vão rolar”,
escreviam-se versões que ficaram na memória popular.
Um avião teco-teco (monomotor)
dotado de alto-falantes sobrevoava a cidade, fazendo a propaganda de Geraldo
Maia e jogando panfletos para a população. Os locutores eram Jacó Negrão e
Cuecão. Uma caminhonete, de Ismael
Santos, era usada para fazer a propaganda pela cidade.
O fim de Geraldo Maia e o governo
de José Caetano de Andrade
A última vez que Geraldo Maia apareceu em
púbico, oficialmente, foi
na festa do centenário,
pois continuaram as denúncias e investigações
sobre sua administração,
da qual foi afastado.
José Mendes assumiu
a prefeitura em 20 de maio
de 1958, cumprindo o
restante do mandato até
José Caetano de Andrade,
dezembro de 1959. Foi
junto com vários passenses,
recebem Magalhães Pinto
um prefeito apaziguador
que enfrentou situações
difíceis de falta de verbas, Geraldo
do uma parte envolvida.
exaltação e acirramento Maia na
Foi um debate clássico
partidários. Contornou a si- prisão
para a história do Direito
tuação com eficiência, poem Passos.
rém o pessedismo passenEm sua edição de
se ficou enfraquecido e os
20/06/1959, a Gazeta
udenistas ganharam as
de Passos publicou notíeleições seguintes.
cia informando que o TriGeraldo Maia estava
bunal de Contas de Miem Volta Redonda, na casa
nas Gerais declarou-se
do amigo sr. Lourival Noincompetente para julgar
gueira, quando tomou ciêno recurso da Comarca de
cia do mandado de prisão.
Passos, sendo recorrenRetornou de avião e não
te o sr. Geraldo da Silva
esperou o mandado ser
Maia e recorrida a Câmacumprido, entregando-se
ra Municipal de Passos,
espontaneamente na Delereferente às contas do
gacia. Do aeroporto até a Delegacia, forexercício de 1957.
mou-se uma grande passeata e Geraldo foi
No dia 30 de setembro de 1959, anicarregado pelo povo.
versário de Geraldo Maia, a porta da caA prisão aconteceu em regime esdeia ficou repleta de gepecial: uma sala e um quarto com banheiraldistas que cantavam
ro no segundo andar da Delegacia foram
parabéns e gritavam seu
reservados para o ex-prefeito. As visitas
nome para prestar-lhe hoeram liberadas e os geraldistas não desmenagem e solidariedade.
grudaram do líder. Geraldo Maia, da jaO coração de Geralnela do segundo andar da prisão, saudava
do Maia, no entanto, não
os que o cumprimentavam da rua, aceresistiu aos percalços e,
nando um lenço branco. As pessoas griem 22 de novembro de
tavam seu nome, cantavam as músicas da
1959, foi acometido de
campanha, levavam as crianças para vê-lo
uma angina fulminante
na prisão. A todos que recebia, ele dizia:
que o levou à morte. Foi
“Sou inocente”.
um abalo nunca visto para
No desenvolvimento regular do proa sociedade passense.
cesso, duas autoridades do direito nacioO seu enterro foi um
nal encontraram-se em Passos: Evandro
acontecimento político. Os ânimos partiLins e Silva e Pedro Aleixo, criminalistas
dários voltaram a ficar exaltados. Nunca
da mais alta linhagem, cada um defendense viu tanta gente da cidade e região reu-
nida para saudar, pela última vez, um líder
político. Encerrava-se outro capítulo atribulado da história passense.
O novo governo
Após os incidentes ocorridos no governo Geraldo Maia, a coligação denominada União Passense (UDN, PTB, PR e
PDC) elegeu José Caetano de Andrade
para prefeito e João Cardoso Lemos para
vice, no período de 1959 a 1962, derrotando os candidatos do PSD, José Figueiredo e Luís Patti.
José Caetano promoveu com serenidade e dinamismo um retorno à ordem
política que estava abalada na cidade.
Enfrentou vários problemas, principalmente de falta de verba, mas conseguiu
fazer um governo com várias realizações. A mais importante foi a captação,
canalização, abastecimento, tratamento com flúor
e distribuição de água do
Ribeirão Bocaina para a
cidade, que antes procedia do bicame do CPN.
Construiu o Mercado Municipal, o Grupo
Escolar Lourenço de Andrade; terminou o Grupo
Abraão Lincoln; deu início à abertura de valas
para a canalização do Córrego São Francisco e para
a abertura da Avenida
Francisco Avelino Maia e ainda terminou a construção do prédio dos Correios e Telégrafos.
55
Monumento aos combatentes da 2ª Guerra, na Pça.
Geraldo da Silva Maia
Geraldo Maia: um líder carismático
CENTENÁRIO - Como foi a Festa
54
Dia 14 de Maio - A meia noite do
dia 13 para o dia 14, as luzes da cidade
serão apagadas pelo prazo de 5 minutos
quando se ouvirão repiques de sinos, seguidos de fogos de artifício na Praça da
Matriz. Em seguida, celebração ‘TE DEUM’
em ação de graças. Às 4h da manhã alvorada, pela fanfarra do Colégio Estadual
com fogos e repiques de sinos e Banda
Santa Cecília de Alpinópolis. 8h: missa
campal, na Praça da Matriz, oficiada pelo
Mons. Messias Bragança com o hasteamento das bandeiras pelo Tenente Gentil
Palhares, Deputado Starling Soares e prefeito Geraldo da Silva Maia. Após a missa,
diversos oradores e discurso de José Neif
Jabur. 9h: desfile dos Estabelecimentos
de Ensino, com a Banda dos Fuzileiros
Navais. 12h30: início do Campeonato
Amador de Futebol patrocinado pela Liga
Passense de Desportos no “Estádio Starling Soares”. 18h: arriamento das bandeiras, pelo Dr. José de Castro, juiz de
direito da comarca; Dr. José Marinho, juiz
municipal e Dr. Iran Xavier de Lima, promotor de Justiça.19h30: fogos de artifício
e “show” com a participação de astros da
Rádio Nacional e concurso de artistas passenses na Praça da Matriz.
Dia 15 de Maio - Às 4h da manhã - alvorada pela fanfarra do Colégio
Estadual, repiques de sinos, fogos e
“Banda Santa Cecília” de Alpinópolis. 9h:
inauguração na Praça da Matriz de uma
placa de bronze comemorativa do PRIMEIRO CENTENÁRIO, pela professora
Zeli Bueno. Após, plantio de uma árvore
de JEQUITIBÁ, por Margarida Tomé como
homenagem às Mães de Passos. Após,
discursos do Deputado Starling Soares e
Professor Alberto Soares Arantes. 13 às
14h: apresentação e exibição da Banda
dos Fuzileiros Navais do Rio de Janeiro.
19h30: fogos de artifício, na Praça da
Matriz, retreta por uma banda no palanque e sessão de cinema ao ar livre.
Dia 16 de Maio - Às 4h da manhã - alvorada com repiques de sinos,
fogos de bateria. 7h: hasteamento da bandeira pelo Capitão Wiliam Stockler Pinto, com a participação do T.G. 92. 8h:
missa de REQUIÉM, no cemitério municipal oficiada pelo Mons. Messias Bragança, homenagem póstuma aos filhos
de Passos. Discurso de Arnulfo Nogueira. 10h: inauguração solene de uma placa de bronze alusiva à Força Expedicionária Brasileira, na praça do Rosário, com
a presença do T.G. 92. Discurso do Delegado Gentil Palhares. Inauguração da
placa pelas mães ex-combatentes da 2ª
Guerra Mundial. 15h30: partidas amistosas de basquete e voleibol, na quadra
do Clube Passense de Natação.
Memórias de quem participou dos festejos
Caubi Peixoto fez um
show maravilhoso.
Cantou as músicas preferidas dos fãs. Algumas moças, e até homens, ficaram muito
entusiasmados e se jogaram nos braços do
artista, beijando-o. Foi
um escândalo! As moças não saíram mais
da boca do povo!
“Aquela beijou o
Caubi!”, diziam.
Na semana que antecedeu o dia 14,
aconteceram várias competições esportivas, à noite, na Praça da Matriz, pois
Passos não tinha quadra cimentada,
nem iluminada. As pessoas se
divertiram com partidas
de vôlei, basquete,
etc.
Nas alvoradas festivas, as
bandas percorriam os bairros
munidas de instrumentos e foguetes, executando a música “Parabéns” e outras populares.
O grande show musical
foi realizado na Praça da Matriz e
teve a participação de Caubi Peixoto e
Emilinha Borbafoto, ídolos na Rádio Na-
cional que provocaram muita emoção,
principalmente quando cantaram as músicas “Conceição” e “Catito”.
Nos anos 60, era muito comum decorar uma parede
da casa com pratos artísticos. As lojas
de Passos, especialmente o
Gráfico São
José, venderam, além de
flâmulas como
recordação do
centenário, um
prato de cerâmica para decoração
de parede. Foi um sucesso de vendas e várias
famílias o conservam, ainda hoje.
Também foi feita uma medalha com os
dizeres “Lembrança do Centenário.”
José Barbosa Andrade e Silva,
o Zé da Beca, freqüentou os cursos de Belas Artes e Direito no
Rio de Janeiro. Já nessa época,
desenhava caricaturas para os
jornais cariocas “A Vanguarda”,
“O Globo” e “Correio da Manhã”. Voltou a estudar com 58
anos e concluiu o Curso de Belas Artes pela UFMG, especializando-se em escultura. Faleceu em 2004, deixando várias
obras como: “Quo Vadis” doada para a Igreja Matriz de Passos e “Cristo triunfante”, para o
Asilo São Vicente de Paulo. Alguns entalhes presenteados para
Tancredo Neves e fazenda Monte Alegre, e esculturas de posse
dos filhos: “O Corcel”, “Indecisão”, “Escorpião”, “Cavalo branco”, “Raimunda”, “Cavalo alado”, “Cadeira adaptada na cabeça uma vaca”, “Adão e Eva” e
“Musa Paradisíaca”. O terminal
de coletivos urbanos de Passos
leva o seu nome, pois a praça
Geraldo da Silva Maia é uma expressão da atividade artística de
Zé da Beca: o seu traçado, a fonte luminosa e a antiga estação
rodoviária foram projetados por
ele. Na rodoviária, ele usou linhas curvas e modernizadas,
para a praça buscou inspiração
no neoclássico especialmente na
fonte luminosa e nos formatos
das passarelas e dos jardins.
Além dessas obras, também projetou o marco que homenageia
os pracinhas, que lutaram na Segunda Guerra.
Geraldo da Silva Maia tomou posse em 08 de dezembro de 1947,
dedicando-se inteiramente à prefeitura. Ele implantou um jeito novo de
governar, atendendo ao povo e usando o prestígio político bem sintonizado com o Governo do Estado, para obter apoio para a cidade e região.
Assim, conseguiu verbas para a construção da Praça do Rosário, com uma
fonte luminosa e a Estação Rodoviária. A praça, hoje, leva seu nome.
À frente da administração municipal, fez reformas na Praça da Matriz,
construiu doze escolas rurais, aumentou a extensão do saneamento básico
e calçou quase toda a cidade com bloquetes produzidos pela própria prefeitura. Providenciou uma nova captação de água, no Ribeirão Bocaina;
abriu estradas vicinais, encascalhando as que existiam e, por isso, seu
governo foi muito apreciado pelos fazendeiros. Conseguiu a doação da
balsa Passos-Glória, iniciando o trabalho de transporte de carros e passageiros entre as duas cidades. Geraldo era sempre um dos primeiros que
chegavam às obras e uma presença constante na prefeitura.
Após o primeiro mandato (de 1947 a 1950), Geraldo Maia elegeuse vice-prefeito na chapa de Chiquito Maia (Francisco Ferreira Maia,
primogênito de Francisco Avelino) para o mandato de 1951 a 1954,
pelo PSD.
CÂMARA
AL
MUNICIPAL
MUNICIP
A mesa diretora da Câmara Municipal era composta,
na época, por Antônio Caetano de Andrade, Dr. Manuel
Patti e Nadra Esper
Kallás.
ACONTECIMENTOS
1947 - Em 31 de agosto de foi fundada a Paróquia de Nossa Senhora da
Penha: O padre era José Pires que ficou até 1952. No Natal de 1948, foi
armado o primeiro presépio da igreja de Nossa Senhora da Penha, com 25
figuras.
1949 - Fundação da Cooperativa de Laticínios do Sudoeste Mineiro Ltda.
A cerimônia aconteceu na sede do Sindicato Rural com a presença de 82
fazendeiros. A comissão organizadora era formada pelos fazendeiros: Dr. Clóvis Maia, Nestor Vilela Lemos e José Meirelles Junqueira. O primeiro presidente
eleito, ficou no cargo seis mandatos e foi Pedro da Silva Lemos.
1949 - Passos possuía, na época, uma Agência de Aviação Nacional
que, depois, foi substituída pela Real, com ligação para Mococa, São Paulo e
Rio de Janeiro. Época de estradas ruins ou inexistentes, a demanda de viagens
e conexão rápida com os grandes centros possibilitou o crescimento da oferta
de viagens aéreas. Por isso, ir a São Paulo e Rio de Janeiro era mais fácil do
que chegar a Belo Horizonte.
1950 – Fundação do Educandário Senhor Bom Jesus dos Passos: uma obra
de Monsenhor Messias Bragança com a denominação de Fundação Monsenhor Messias Bragança. De acordo com o estatuto social de 21/03/1955, o
Educandário passa a ser propriedade da Congregação Rogacionista que, atualmente, desenvolve seu trabalho social e religioso no local.
51
A gestão de Francisco Ferreira Maia
52
Francisco
Ferreira Maia, o
Chiquito, era
grande pecuarista, grande incentivador do plantio
de algodão, confirmou com a vitória o poder político da família
Maia e a força do
PSD. Ficou conhecido por sua sobriedade. Foi um
“continuador” das
obras que Geraldo Maia iniciou no
primeiro mandato
(1951 a 1954).
Construiu a Praça
Blandina de Andrade, doou as instalações do Ginásio (antiga Escola Normal), o Colégio Estadual. Em 1952, a
prefeitura doou um
terreno à Associação Rural, Comercial e Industrial de
Passos (Arcip). Lá
eram realizadas as
exposições agropecuárias.
No fim do mandato de Chiquito
Maia e, aproximando-se novas eleições, as lideranças
políticas da cidade
organizaram-se para
fazer um grande
acordo partidário,
lançando apenas um candidato a prefeito e um a deputado. Em 07 de março de
1954, a Gazeta de Passos chegou a noticiar o grande acordo político entre o
PTB, UDN, PR,
PSP, PDC e PSD,
bem como o lançamento das
candidaturas
únicas de Domiciano José Lemos
para prefeito e de
Dr. Wellington
Brandão para deputado federal
Entretanto,
Juscelino Kubitscheck, líder do
PSD mineiro,
veio a Passos e
“levantou os brios” do pessoal
do PSD, propondo um candidato
em separado, pois queria eleger Starling
Soares deputado federal e, ao mesmo
tempo, reforçar sua candidatura para presidente.
Diante da proposta de JK, o PSD
reuniu-se na sede da
ARCIP para indicar o
candidato a deputado e, nessa reunião,
houve um racha político com conseqüências desastrosas.
O PSD indicou Starling Soares por 52
votos, enquanto 30
indicaram Wellington Brandão e dois
votaram em branco.
Ao final da reunião,
os 32 descontentes continuaram
apoiando a coligação cujo partido
mais forte era a UDN. Entre eles estava Francisco Avelino Maia, que haACONTECIMENTOS
Flâmula do
Centenário
Em 1953, foi lançada a pedra fundamental do Carmelo São José. A construção desta obra marcou o início da formação do bairro de mesmo nome.
Em 1954
1954, iniciou-se a demolição da
igreja Rosário. Os freqüentadores e Monsenhor Messias alegaram falta de segurança nas torres. A praça perdeu a graça, a imponência, e Passos perdeu
uma parte significativa do seu patrimônio cultural.
via dado sua palavra e devia muitos
favores a Wellington Brandão.
O PSD, fora da coligação, pressionou para que Geraldo da Silva Maia fosse
o candidato. Foram buscá-lo em Goiás.
Depois de consultar o pai, Chico Maia,
Geraldo optou por permanecer no PSD e
aceitar a candidatura, apesar da resistência da família. O carisma de Geraldo Maia
era grande. Venceu as eleições de 1954
juntamente com seu vice, José Mendes
(diretor da Usina Açucareira).
O segundo
mandato
de Geraldo
Maia
No segundo mandato, iniciado
em 1955, apesar de continuar atendendo o povo com a mesma simpatia e eficiência, Geraldo Maia não
tinha o mesmo apoio político de antes: o racha político da elite, principalmente entre UDN e PSD, estava
cada vez mais acirrado.
Nessa segunda gestão, Geraldo recebeu várias autoridades em
Passos, entre elas JK e João Goulart,
que estavam fazendo campanha política. JK ficou hospedado em sua
casa, na Rua Lourenço de Andrade.
O prefeito continuava a acompanhar as obras que estavam sendo completadas, mas afastou-se do serviço burocrático na prefeitura. Por vezes, atendia na própria residência e deixava, na
prefeitura, vales (papéis em branco) assinados. Sem apoio político, sem verbas
orçamentárias e por descontrole na administração, a Câmara Municipal abriu
um inquérito e pediu seu afastamento
por improbidade administrativa.
Enquanto acontecia a crise política, a cidade preparava uma grande
festa que empolgou toda a população:
o primeiro centenário de Passos.
CIDADE
Em maio de 1858, quando Passos comemorou 100 anos de emancipação, contava com uma população
de 40 mil habitantes.
1958: O Centenário
CONVITE
Desfile do
1º Centenário
HINO
“Salve, Passos! A passos de gigante
Prossegues teu destino glorioso:
Se teu passado é heróico e grandioso,
Teu futuro é risonho e fulgurante!
Estendida entre vales e montanhas,
Aos fecundos abraços do Rio Grande,
Tua prole multíplice se expande
Como os raios do sol em que te banhas.
Salve Passos! Cidade centenária,
Torrão acolhedor e hospitaleiro,
Que sintetizas na alma legendária
As virtudes do povo brasileiro!
Se Minas toda aclama o teu valor
E ante labor algum jamais te prostras,
É que empunhas a Cruz do Redentor,
Cujos passos tu segues de mãos postas.
Na alma do teu povo varonil,
E em teus rebanhos, glebas e oficinas
Palpita a fibra épica de Minas,
Espelha-se a grandeza do Brasil!
Glória, Passos, a ti, terra excelente,
Que a todos generosa abres os braços
Possas tu caminhar eternamente
Sob as bênçãos do Bom Jesus dos Passos.”
Formada a comissão dos festejos do
centenário, Francisco Soares de Melo e
José Marciano Negrinho foram encarregados de criar um hino para a cidade de
Passos. Professor Chiquito fez a letra
que foi musicada por José Negrinho.
Eram quatro mãos exigentes e criteriosas que engrandeceram a cidade com
a sua arte na literatura e na música. Foi
solicitado também a José Barbosa Andrade e Silva, o Zé da Beca, escultor passense, que executasse três projetos: uma
bandeira para Passos, um monumento em
homenagem aos pracinhas da Segunda
Guerra e um brasão representativo da cidade. Nenhum dos três recebeu pelas
obras que apresentaram. No desfile oficial em comemoração ao centenário, divulgou-se o hino, a bandeira e o brasão.
José Marciano Negrinho foi músico,
violinista e flautista muito competente.
Além do Hino a Passos, é autor de várias
peças musicais: o Hino a Furnas, Hino das
Escolas, Hino à Comunidade, Hino à Mocidade de Passos e outras.
MONUMENTO
BRASÃO
Placa do marco do 1º Centenário
da cidade de Passos fica na Praça
Mons. Messias Bragança, e é conhecido como “Pirulito”.
Francisco Soares de Melo foi professor de Português, Lingüística, Latim e Literatura. É considerado o maior expoente
de conhecimento da cidade de Passos dos
últimos tempos. O “Professor Chiquito”
publicou os livros: “Chama Inquieta”, “Análise Sintática” e “Noções de Filologia Românica”. Na Casa da Cultura tem um espaço em sua homenagem.
A FESP instituiu com o seu nome: o
“Prêmio Literário Professor Chiquito”. Em
2004, foi publicada pela Edifesp, a Antologia Chiquito, uma revisitação de toda
sua obra poética. Professor Pedro Junqueira Bernardes, prefaciando a Antologia, declarou: “Realmente não se sabe o que mais
admirar na pessoa do Prof. Chiquito: se a
grandeza do ser humano; se o reconhecido saber do homem das letras; se a sabedoria do grande humanista ou se o senso
de valor do inegável pedagogo”.
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BANDEIRA
Zé da
Beca inspirou-se na
Bandeira da
Paraíba e
desenhou a
bandeira
em preto e
vermelho,
colocou um
triângulo no centro com os dizeres nacionalistas: “Por Passos, por Minas, pelo Brasil” com a mesma disposição gráfica
da bandeira de Minas Gerais que contém um triângulo envolvido pelos dizeres: “Libertas quae sera tamen”. Conhecido por seu senso de humor, Zé da Beca brincou, muitas
vezes, que as cores vermelha e preta eram em homenagem
ao seu time favorito.
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