Entrevista com JOÃO TORRES | P2 Abril 2014 | Nº 517 | Diretor Luis Brandão Pereira Directores Adjuntos João Rocha, Filipe Guedes Ramos Equipa Saúl Pereira, Catarina Ferreira, Mariana Burguette, Daniel Silva Soares e Miguel Matos JS conclui Roteiro do Ensino Superior Numa das áreas mais importantes para o desenvolvimento social e económico de Portugal e que ao mesmo tempo não tem tido a atenção necessária por parte do Governo, a JS tem feito por despertar consciências e defender os jovens. E m parceria com a Organização Nacional de Estudantes Socialistas do Ensino Superior, a Juventude Socialista percorreu o país num Roteiro do Ensino Superior que proporcionou encontros com dirigentes associativos e do sector universitário. No Dia do Estudante, 24 de Março, o Secretário-Geral da JS, João Torres, reuniu com o Presidente do Conselho de Reitores, onde o subfinanciamento do Ensino Superior e o enfraquecimento da acção social escolar foram alvo de discussão. A JS reuniu ainda com o Presidente cessante da Associação Académica de Coimbra, Ricardo Morgado, abordando, entre outros temos, novamente a acção social escolar. João Torres reuniu ainda com, entre outros, o Reitor da Universidade de Lisboa, com a Universidade NOVA, a Federação Académica do Porto, a Associação Académica da Universidade de Aveiro, e a Federação Nacional de Associações de Estudantes do Ensino Superior Politécnico. Após três anos de austeridade avassaladora, o aumento das propinas e cor- tes nas bolsas dificultam ainda mais o acesso ao Ensino Superior por parte de todos, independentemente da sua condição económica e social. Com notícias de que milhares de estudantes abandonam o ensino superior e de quedas nas candidaturas ao mesmo, é patente de que já não existe igualdade de oportunidades no acesso ao Ensino Superior. Ao reunir com as forças vivas das nossas universidades pretende assim melhor inteirar-se das realidades vividas diariamente por aqueles que connosco defendem o Ensino Superior. Miguel Costa Matos Na linha da frente! A equidade social no que à proporcionalidade salarial no sector privado concerne, entrou na agenda política nacional através de uma iniciativa inovadora em Portugal por parte da Juventude Socialista. O projecto “Gato Gordo” que foi apresentado pela Juventude Socialista Suíça, no nosso país tem a designação de “Salários Justos”. Esta proposta pretende ser transversal no espectro político e social português, tendo vários objectivos, o reforço da ética no universo empresarial, a implementação de uma “economia de mercado social” e um combate ao contraste salarial existente actualmente. Segundo o Secretário-Geral da JS João Torres “Esta iniciativa decorre de uma preocupação crescente por parte da JS para com o agravamento das desigualdades sociais, muito em particular das desigualdades salariais que temos vindo a verificar no nosso país”. Esta iniciativa irá ser apresentada em breve na Assembleia da República, sob forma de projecto de resolução. O nosso Jornal destaca o impacto mediático que esta proposta teve na comunicação social, através de diversas notícias e ainda de um artigo muito interessante do Secretário-Geral adjunto e Presidente da JS FAUL, o nosso camarada Diogo Leão. João Rocha Editorial O caminho N o poder político, a ponderação de poderes, entre os mais fortes e os mais fracos, deve ser a linha orientadora da sua actividade, como se da balança da justiça se tratasse. Aqui reside o cerne da questão das próximas eleições europeias, de uma União Europeia que deveria caminhar passo a passo para uma maior integração e igualdade, mas que caminha para a desunião, onde o poder económico se assume como principal poder, subjugando o poder político de cariz mais social às fórmulas matemátic as e diferenciadoras de classes sociais e povos europeus. Esta é a mudança que os portugueses devem e podem ambicionar e que o Partido Socialista representa em Portugal e na Europa. Posto isto, esta primeira edição não poderia deixar de abordar as eleições europeias, fazendo capa com uma das “bandeiras” da JS, como se assume a proposta dos salários justos, uma entrevista ao Secretário-Geral João Torres e o importante contributo dos nossos candidatos jovens na lista do PS, para além das últimas notícias sobre a actividade política interna da nossa estrutura. Por fim, não poderia deixar de agradecer publicamente ao João Torres o voto de confiança neste novo desafio, que assumirei com a minha equipa com a maior seriedade. Luís Brandão Pereira Discurso Directo Nº517 | 2 Entrevista com João Torres a equipa de candidatos mais credível e competente para defender uma mudança em Portugal e na União Europeia. Tenho orgulho nesta equipa progressista e acredito que o seu valor será reconhecido por todos os Portugueses. Como secretário-geral da JS, compete-me defender a organização e, acima de tudo, lutar pela regeneração da democracia. Um líder diligente de uma organização político-partidária de juventude não pode, à partida, estar satisfeito com a representatividade dos jovens nas equipas de candidatos apresentadas pelos partidos. Quando defendemos a inclusão de mais jovens, partimos do pressuposto de que eles poderão constituir-se como interlocutores mais vocacionados para a resolução dos problemas singulares das novas gerações, designadamente no que diz respeito à emancipação jovem. Como secretário-geral da JS, compete-me defender a organização e, acima de tudo, lutar pela regeneração da democracia P: O que achas do candidato socialista Martins Schulz? Com as eleições europeias em pano fundo, fica a conhecer a opinião de João Torres, relativamente a um acto eleitoral que será essencial para o caminho que a Europa vai tomar e aquilo que pode ser o panorama político nacional num futuro próximo. P: As Eleições Europeias aproximam-se. Quais são as linhas orientadoras do projecto socialista? R: Os socialistas defendem uma verdadeira mudança na Europa. Na actual conjuntura, o processo de aprofundamento da integração europeia encontra-se perante um bloqueio. A União Europeia está como que no meio de uma ponte. As forças políticas à Esquerda do PS defendem um recuo para a margem de partida. Não são, verdadeiramente, partidos europeístas, no sentido da defesa integral dos valores que estiveram subjacentes a esta notável construção política. Por sua vez, os partidos à direita do PS entendem que o actual modelo da União Europeia é o adequado, corporizando o rosto visível de um projecto de resignação. A nossa visão é diferente. Queremos fazer a Europa avançar com base num princípio de solidariedade entre os Estados-membros que não se tem verificado ao longo dos últimos anos. A tónica é colocada num conjunto de transformações nas regras da união económica e monetária, por forma a queestas deixem de constituir um espartilho para o crescimento económico dos países que se confrontam com situações sociais absolutamente dramáticas, fruto das políticas de austeridade. P: Nesse projecto, qual foi o contributo da Juventude Socialista na defesa dos jovens? R: O manifesto do Partido Socialista Europeu é um documento muito completo que compromete todas as forças desta família política com um conjunto de dez propostas de mudança. Destaco, no manifesto, a preocupação central com a criação de emprego. O emprego tem constituído uma prioridade para a Juventude Socialista e para a YoungEuropeanSocialists, organização europeia que a JS integra. Na Europa, um quarto dos jovens querem trabalhar e não conseguem. Em Portugal, a taxa de desemprego jovem está próxima dos 40% e este Governo tem sido manifestamente incompetente na implementação de políticas activas de R: Encontro em Martin Schulz a determinação necessária para mudar a Europa. Não estou de acordo com todas as declarações políticas que produziu nos últimos anos, como é natural, mas entendo que tem condições para liderar uma alternativa política no seio da União Europeia. Agrada-me muito particularmente que Martins Schulz subscreva um manifesto que defende a mutualização de responsabilidades e direitos na União Europeia, uma reivindicação muito firme de todos os socialistas portugueses. emprego. A Garantia Jovem, uma proposta bandeira dos jovens socialistas P: Como achas que vai correr a campanha pelo país fora? europeus, não é ainda uma efectiva realidade na União Europeia, nem tão R: Tenho a esperança de que esta pouco em Portugal. Defender a efectiva implementação da Garantia Jovem, campanha seja um exercício de cidadania que honre os tal como temos feito, valores de Abril, no é o melhor contributo ano em que se assina defesa dos jovens. nalam 40 anos sobre E este é também, fe Tenho lizmente, um dos coma Revolução dos Crapromissos do Partido vos. A predisposição a esperança Socialista Europeu. dos cidadãos para de que esta uma alternativa política é grande e, como P: Na última Cocampanha seja missão Nacional da JS, tal, acredito que os um exercício foram aprovados os candidatos do Partido Socialista serão bem nomes dos candidatos de cidadania que Estas Eleijovens indicados pela honre os valores acolhidos. ções Europeias são Juventude Socialista determinantes para na lista do PS. Como de Abril [...] atingirmos com sucesclassificas a nossa representatividade? so o fim último de mudarmos a governação de Portugal, nas Eleições Legislativas. R: A excelência da lista do Partido A Juventude Socialista dará, certaSocialista merece-me um comentário mais do que justo. De facto, o PS mente, um contributo decisivo para a mudança. apresenta, nestas Eleições Europeias, JS MAIS PRÓXIMA DE TI 3 | Nº517 Junto dos nossos candidatos jovens, quisemos saber o que significava para eles essa candidatura e que responsabilidades acrescidas isso significaria. contributos, candidatos jovens ao Parlamento Europeu Aqui ficam as suas visões: Diogo Leão Catarina Castanheira Carlos Granadas A oportunidade de ser candidato ao PE acarreta novas responsabilidades, principalmente para quem tem consciência que numa democracia representativa, não é “o” candidato, enquanto indivíduo, que está em causa. Sob esse princípio, a primeira responsabilidade consiste em traduzir e veicular, da forma mais completa e fiel possível, as bandeiras políticas da nossa JS, transversais às principais preocupações da juventude portuguesa e levá-las ao debate naquela que se pretende que seja a “casa da democracia” e da construção solidária de uma dimensão europeia comum. Importa, mais do que nunca, fazer a UE compreender que o desemprego jovem é um fenómeno que ultrapassa fronteiras nacionais e que muitas das suas causas e efeitos são consequências da globalização económica a que os Estados, a Europa e o mundo estão hoje sujeitos. Saber defender programas e iniciativas europeias de fundo, que travem o descalabro do desemprego jovem, alargando a já existente Garantia Europeia da Juventude, é um bom ponto de partida porque o futuro da EU dependerá das novas gerações, daquelas que hoje têm dificuldades de emancipação e de entrada no mercado de trabalho, daquelas que hoje se qualificam nos vários campos da educação e do ensino para enfrentar os desafios da vida com outra preparação. O nosso futuro merece investimento público; aqueles que estão no centro de decisão e que podem influenciar a retirada de obstáculos aos nossos sonhos e percursos devem ser chamados à realidade e regressar à lógica mais purista do ideal europeu: a prosperidade europeia existe para ser redistribuída. Integrar a lista do Partido Socialista ao Parlamento Europeu é, em poucas e sinceras palavras, uma honra carregada de desafio, dúvida e responsabilidade. Representar os jovens socialistas e todos os jovens portugueses em geral, sobretudo num momento de profundos constrangimentos e incertezas que drasticamente atingem toda a nossa geração, é, sem dúvida, uma árdua tarefa, largamente facilitada pelo contacto permanente com tantas e tantos jovens lutadores, que não se resignam, que gritam mesmo que sintam que já não têm voz, que transpiram, ainda assim, tanta e tanta esperança. Não hesito em afirmar que foi essa mesma esperança, perspicazmente conjugada com a “dúvida” que referi, a base fundamental e o sentimento dominante que norteou a acção dos pais fundadores da UE, esse tão peculiar «organismo jurídico não identificado». O seu futuro tem de passar obrigatoriamente pela matriz social democrata (e democrata cristã) subjacente à sua criação. Só uma Europa de esquerda, solidária, humana, multicultural e integrante, faz sentido. Urge lutar por Ela, reflectindo criticamente, sem receios ou dogmas, que mais não são do que meras perspectivas aparentemente vencedoras e que a nossa própria inércia tem permitido solidificar. «É hora» e nosso dever reverter este caminho. A União Europeia, tal como a conhecemos nos últimos anos, tem que mudar. Durante os últimos cinco anos a direita conservadora, em que se inserem os candidatos dos partidos que suportam o Governo da coligação, criou a Europa do medo e da austeridade. Em resultado desta política, temos agora, mais desemprego, mais desigualdades, mais emigração e pasme-se mais dívida soberana, o que supostamente seria directamente resolvido pela austeridade imposta pela toika, o que levou à quase destruição do mercado interno e esmaga continuamente o rendimento disponível das famílias, mesmo para as necessidades mais básicas. A Europa que devemos desejar para os nossos filhos e netos é uma Europa que promova o desenvolvimento sustentável e que permita a Portugal uma gestão eficaz dos fundos comunitários disponíveis até 2020, para que esse investimento seja colocado ao serviços das pessoas, da criação de emprego e de oportunidades para todos. Queremos, como cidadãos e votantes, voltar a ter voz na Europa e com isso queremos devolver a esperança no projecto Europeu, dia 25 de Maio a decisão é simples: - deixar tudo na mesma e dar um voto de confiança aos candidatos do Governo da coligação ou então, exercer o direito de mudar a maioria conservadora na União Europeia e para que tal aconteça o único voto que conta é o voto nos Socialistas Europeus. JS MAIS PRÓXIMA DE TI Nº517 | 4 Barómetro por Daniel Silva Soares 1 Capitães de Abril Na comemoração dos 40 anos do 25 de Abril, honramos aqueles que efetivaram a conquista da Liberdade. 2 Município de Braga Em época de festejos da Liberdade, o município de Braga, governado pela direita, ergue estátua ao fundador do PS Francisco Salgado Zenha. 3 Francisco Assis Depois de anunciado como candidato do PS às Eleições para o Parlamento Europeu, é apresentada uma lista coerente e consensualmente reconhecida. Nela destacamos ainda o nosso camarada Diogo Leão, secretário-geral adjunto da JS, amostra evidente da qualidade da lista. 4 José Rodrigues dos Santos / RTP Numa cilada mal montada a José Sócrates, o inquisidor ficou duplamente mal na fotografia: por um lado mostrou falta de profissionalismo, por outro mostrou-se mal preparado. 5 Assunção Esteves Já são vários os episódios infelizes com que a segunda figura do Estado Português nos tem presentiado, mas em vésperas das comemorações do 25 de Abril menospreza os militares de Abril dizendo que se os militares impõem a condição de falar “o problema é deles”. 6 7 Hugo Soares O presidente da JSD é cabeça de cartaz na manobra de diversão do processo legislativo da co-adoção por casais do mesmo sexo. Muitos são os criticáveis, mas sem dúvida que este jovem tomou de assalto o protagonismo. Quanto a este assunto, deixamos um louvor às palavras de Carlos Reis. TROIKA Avizinha-se a última avaliação da Troika. Oferecemos-lhe um honroso último lugar neste barómetro pelas atrocidades que foi impondo e pelos ideais destrutivos que prossegue: baixos salários, insegurança dos trabalhadores e diminuição das condições de trabalho, cortes, medidas adicionais e, sempre, austeridade. As consequências já se vão conhecendo. Fórum das Organizações Internas No passado dia 5 de Abril, a JS reuniu na sede do PS FAUL em Picoas, Lisboa, a Associação Nacional de Jovens Autarcas Socialistas, ANJAS, a Tendencia Sindical Jovem Socialista, TSJS, a Organização Nacional de Estudantes Socialistas, ONESES e a sua congénere para o Ensino Básico e Secundário, a ONESEBS. Ao nível autárquico focou-se na necessidade urgente de a JS fazer valer a importancia da sua contribuição para a cons- trução dos programas eleitorais e da qualidade dos seus quadros na construção das candidaturas autarquicas. Na questão sindical, o importante combate à falta de participação sindical dos jovens. Já ao nivel das duas estruturas ligadas ao ensino, aluta contra a actual politica de desinvestimento da maioria PSD/CDS e às perigosas tendencias saudosistas de algumas das suas politicas. Saúl Pereira Eleições Órgãos internas nacionais da JS reuniram em Coimbra A 9 de Março a Comissão Nacional e a Comissão Política Nacional da JS reuniram em Coimbra. Numa reunião bastante participada para a aprovação dos candidatos jovens da JS na lista do PS nas próximas eleições europeias, em que foram consagrados os camaradas Diogo Leão e a camarada Catarina Castanheira, a mesma serviu também para uma extensa análise da situação política nacional, com a visão própria de camaradas de todo o país. De destacar ainda a eleição do Director do Jovem Socialista, o camarada Luís Brandão Pereira, para além da aprovação da proposta de Projecto de Resolução #salariosjustos, anunciada no final do ano passado, e ainda a apresentação por parte do Secretariado Nacional da JS de um relatório de actividades, seguindo uma linha de rigor e prestação de contas a todos os militantes da Juventude Socialista. Catarina Ferreira Ao longo dos últimos meses os militantes da Juventude Socialista tiveram oportunidade de eleger os novos órgãos para os próximos dois anos, com as eleições internas das estruturas concelhias e federativas da Juventude Socialista. Num momento de discussão política por excelência, quer concelhias quer federações tiveram não só a possibilidade de prestarem contas perante os seus militantes, mas também de apresentar aquele que será o seu projecto político para os próximos dois anos. Com a apresentação de listas e moções, esta foi uma oportunidade por excelência para não só renovar as equipas que dirigem os destinos da política local da nossa estrutura como promover a reflexão sobre velhos temas, como a emancipação jovem, em particular a questão do emprego ou da habitação, ou questões sociais como de igualdade ou relativas ao ambiente. Todo este processo é reflexo daquele que tem sido o trabalho e todos os esforços que a Juventude Socialista tem empregue em todo país para contar com estruturas políticas activas e politicamente intervenientes em todo o país. Deixamos por isso a todos os eleitos, os nossos parabéns e votos de bom trabalho. Mariana Burguette CITAÇÃO "A democracia está efectivamente em crise, por múltiplas razões. Entre elas, porque os Estados nacionais estão a ser corroídos nos seus poderes tradicionais pela globalização económica e suas consequências." Mário Soares