INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FUNORTE/SOEBRAS IMPLANTES CURTOS NA REGIÃO POSTERIOR DA MANDIBULA Brasília – DF 2013 1 2 INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FUNORTE / SOEBRÁS IMPLANTES CURTOS NA REGIÃO POSTERIOR DA MANDÍBULA MICHAEL SILVA DE ALMEIDA Brasília – DF 2013 3 INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FUNORTE / SOEBRÁS IMPLANTES CURTOS NA REGIÃO POSTERIOR DA MANDÍBULA MICHAEL SILVA DE ALMEIDA Monografia apresentada ao programa de Especialização em Implante do ICS – FUNORTE/SOEBRÁS NÚCLEO CONTAGEM, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista. ORIENTADOR: Prof. Elder Santos Carneiro Brasília - DF 4 MICHAEL SILVA DE ALMEIDA IMPLANTES CURTOS NA REGIÃO POSTERIOR DA MANDÍBULA Monografia apresentada ao Programa de Especialização em Implante pela FUNORTE como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista. Aprovado em ___/___/___ COMISSÃO EXAMINADORA Prof.Msc. Elder Carneiro Orientador Prof. (a) Prof. (a) Componente da Banca Prof. (a) Prof. (a) Componente da Banca Brasília – DF 2013 5 RESUMO A reabilitação oral com implantes dentários tem apresentado grandes índices de sucesso, resultando na busca de novos protocolos cirúrgicos e protéticos a fim de reduzir o tempo de tratamento ao paciente. Implantes curtos foram idealizados para oferecer possibilidades de reabilitação em áreas de extrema falta de disponibilidade óssea, uma dessas áreas seria a região posterior da mandíbula. O objetivo deste trabalho e fazer uma revisão de literatura sobre o uso de implantes curtos na região posterior da mandíbula, discutir itens como; biomecânica, densidade óssea, conexão protética, planejamento cirúrgico-protético e índice de sucesso. Através desse estudo, foi concluído que o tratamento reabilitador com uso de implantes curtos quando bem indicado e seguindo alguns protocolos, pode alcançar um grande índice de sucesso. Palavra-chave: Implantes curtos, reabilitação oral, mandíbula 6 ABSTRACT Oral rehabilitation with dental implants hás shown great sucess rates, resulting in the search for new surgical and prosthetic protols to reduce the treatment time for the patient. Short implants were designed to offer opportunities for rehabilitation in aareas of estreme lack of available bone, one of these areas would be the posterior mandible. This study and review of the literature on the use of short implants in the posterior mandible, discuss items suck as ; biomechanics, bone density, connecton prosthetic and surgical planning-success rate. Through this study, it was conclude that the use of rehabilitation treatment with short implants when properly indicated and follwing some protocols, can achieve a great success rate. Keyword: Short implants, oral rehabilitation, jaw 7 LISTA DE FIGURAS Fig 1. Implante curto ..............................................................................................09 Fig. 2. Aspecto radiográfico do implante curto .......................................................10 Fig.3 Implantes curtos e implantes longos...............................................................10 Fig. 4. Densidade óssea ......................................................................................... ..11 Fig. 5. Plataforma protética ....................................................................................12 Fig 6 .Plataforma switching ...................................................................................13 Fig 7.implante com superfície tratada......................................................................15 8 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 06 2. REVISÃO DE LITERATURA............................................................................. 08 2.1 IMPLANTES CURTOS......................................................................................08 2.2 DENSIDADE ÓSSEA.......................................................................................10 2.3 PLATAFORMA PROTÉTICA........................................................................... 11 2.4 TRATAMENTO DE SUPERFÍCIE............ .......................................................13 2.5 PROTOCOLO CIRÚRGICO .............................................................................15 2.6 ASPECTOS BIOMECÂNICOS......................................................................... 15 2.7 AVALIAÇÃO DE ESTUDOS CLÍNICOS ...........................................................18 3. DISCUSSÃO ..................................................................................................... 21 4 CONCLUSÃO ................................................................................................... 22 REFERÊNCIAS ................................................................................................... 23 9 1. INTRODUÇÃO A instalação de implantes em áreas como a região posterior da mandíbula pode estar limitada pela altura óssea residual existente. A perda óssea decorrente da perda dentária faz da instalação dos implantes nessa área um grande desafio. (ANITUA et al.,2008). O uso de implantes osseointegrados é uma técnica relativamente recente, porém a mais indicada na reabilitação oral de perdas dentarias. Desde a primeira cirurgia em 1965 e o primeiro trabalho publicado (BRANEMARK et al.,1977). Houve mudança na aplicação e indicação dos implantes. Mesmo com o alto índice de sucesso, desafios encontrados pelos profissionais em relação á altura, quantidade e volume ósseo bem como limitações anatômicas , levaram a mudanças na micro e macro estruturas dos implantes e na utilização de implantes com comprimento menos que os convencionais, o chamado implantes curtos (SANTIAGO JR et al.,2010). Dentre os fatores que podem afetar o sucesso dos implantes curtos citamos; a quantidade e a qualidade óssea; as condições sistêmicas dos pacientes; a natureza da dentição oposta ; a magnitude de força e presença de hábitos para funcionais ; a posição do implante no arco; a técnica cirúrgica; o número, desenho, tamanho,diâmetro, e condicionamento da superfície do implante, a altura da coroa protética e tamanho da mesa oclusal, a estabilidade primaria do implante(MELLO 2010). Outro fator de grande relevância é a saucerização, sendo importante observa as possíveis causas desse processo a fim de minimizá-lo (FUSARO, LUSTOSA & FRANCISCONE, 2010). 10 O objetivo deste artigo e fazer uma revisão de literatura sobre a utilização de implantes curtos na área posterior da mandíbula, avaliando características e os fatores importantes para otimização dos resultados clínicos. 11 2. REVISÃO DE LITERATURA A reabsorção óssea após a perda de dente na região posterior da mandíbula ocorre de maneira mais acentuada no sentido vertical e menos no sentido horizontal, resultando em pouca altura óssea para o planejamento cirúrgico de implantes limitados principalmente pela presença do nervo alveolar inferior. (MISCH 2006) Na mandíbula a inervação sensitiva é realizada pelo nervo mandíbula, divisão do nervo trigêmio, e origina o nervo alveolar inferior que se divide em nervo trigêmio e nervo incisivo. Com a reabsorção do rebordo deve se observar alterações anatômicas como o posicionamento do forame mentoniano próximo rebordo ou até mesmo sobre ele e também o teto do canal mandibular mais próximo do rebordo residual podendo até mesmo se exteriorizar.(MADEIRA 2004) A implantodontia ósseo-integrada tem como base fundamental de planejamento a anatomia, com a identificação das estruturas importantes citadas e o conhecimento sobre qualidade óssea, que levam á escolha do melhor posicionamento e o tipo de implante a ser utilizado, e para isso exames radiográficos são fundamentais (PERRI 2006). 2.1 IMPLANTES CURTOS Os implantes curtos são aqueles considerados com comprimento igual ou menor que a 7mm e os primeiros resultados em relação ao uso deles não foram muito promissores.(FRIBERG et al 1999). Talvez por não se preconizar na época de uma estabilidade alta ou pelos próprios implantes utilizados (LEKHOLM, 1994). Com o tempo foi-se utilizando implantes com superfícies tratadas, diâmetros largos e maior estabilidade primaria resultando em maior índice de sucesso(MELLO 2007). 12 Misch em 2004 relatava que geralmente o tratamento com implantes curtos apresenta um desempenho insatisfatório em áreas de altura óssea reduzida. Comparando-os com os implantes longos , percebe-se que Implantes longos apresentam vantagens em relação aos implantes curtos, por apresentarem uma relação coroa-implante mais favorável e uma superfície maior para a área de ósseo integração. Entretanto, a criteriosa instalação de implantes curtos de acordo com um protocolo cirúrgico adequado pode aumentar o índice de sucesso dos mesmos. Além disso, estruturas vitais como o canal mandibular pode ser facilmente preservadas com a utilização dos implantes curtos e terapias mais complexas, tais como os enxertos ósseos, podem ser evitadas. (FUSARO, LUSTOSA & FRANCISCONE, 2010). Fig. 1. Implante curto Fonte: THOMÉ, BERNARDES & SARTORI (2008) 13 Fig. 2: Implantes curtos e longos Fonte: GALVÃO, ALMEIDA & FARIA JR et al (2011) Fig. 3. Aspecto radiográfico Fonte: Machado (2009) 2.2 DENSIDADE ÓSSEA Das classificações sugeridas para o tecido ósseo, a mais utilizada é a proposta por Lekholm e Zarb em 1985 que categorizam o osso em quatro grupos 14 quanto á densidade óssea, são eles; tipo I osso residual formado por osso cortical homogêneo; tipo II osso residual formado por camada espessa de osso cortical circundando osso esponjoso denso; tipo III osso residual formado por uma camada fina de osso cortical circundando osso esponjoso denso; tipo IV osso residual formado por camada fina de osso cortical circundando osso esponjoso de baixa densidade. Tipo 1 Tipo 2 Tipo 3 Tipo 4 Fig. 4. Classificação da densidade óssea Fonte: lekholm e zarb(1985) A mandíbula possui diferentes qualidades ósseas, na região sínfise tipo 1 e 2 e após forame mentoniano tipo 2 e 3 (TAWIL, 2003). MISCH em 2004 afirmava que a qualidade óssea é fator de risco para implantes curtos, a densidade oferece travamento mecânico e também permite distribuição e transmissão de tensões da prótese para a interface osso/implante. Quanto menos denso, menos osso estará em contato com o implante. 2.3 PLATAFORMA PROTÉTICA Para diminuir o stress deve se aliviar a força oclusal sobre a prótese ou aumentar a área de superfície de contato do implante com o osso (MISCH, 2006). 15 Machado em 2007 afirma que a possível consequência da tensão sobre o osso é a sua deformação. Em implantes hexágonos externos a perda de osso na crista óssea no primeiro ano de função da prótese é de 1,2 mm e de 0,1 mm nos anos seguintes. Machado em 2007 também afirma que conexão cone Morse pode proporcionar maior estabilidade da prótese e um melhor vedamento da conexão pilar – implante que evitaria colonização bacteriana no local e a consequente inflamação que poderia ser a causa da perda da crista óssea ao redor dos implantes(MACHADO, 2007). Rettore em 2009 afirmou que quando comparado com implantes hexágono externo, em estudos radiográficos, o implante cone Morse apresentou perda óssea reduzida na crista ao redor do implante. Outra alternativa na tentativa de reduzir ou anular a sauserização, seria a utilização de componentes protéticos com diâmetro menor que a plataforma do implante, chamado plataforma switching, afastando o processo inflamatório do tecido próximo á crista óssea o que parece ser responsável pela perda óssea ao redor do implante. Hexágono externo hexágono interno cone morse Fig. 5. Plataforma protética Fonte: David Harari (2011) 16 Fig. 6. Plataforma switching Fonte: Thomé (2011) 2.4 TRATAMENTO DE SUPERFÍCIE Um dos fatores que influenciam o processo de osseintegração é a característica da superfície dos implantes dentários, diferentes métodos vêm sendo desenvolvidos buscando o aperfeiçoamento das propriedades (BRANDÃO L. M. et al., 2010). Amarante e Lima em 2001 relatam que o tratamento da superfície dos implantes constitui uma forma de aumenta a área superficial funcional a fim de compensar o tamanho dos implantes quando a quantidade óssea mostra-se restrita. ( . Deporter em 2001 fez uma avaliação dos resultados de 78 implantes menores que 7 mm de comprimento (Endopore, inovva) com superfície rugosas (Poroussurfaced), instalados na região posterior da mandíbula observou índices de sucesso de 100%, após 32 meses de acompanhamento. Tratamento de superfície seria uma característica do implante que determina a quantidade de osso em contato com o titânio, implantes tratados resultariam em maior área de contato osso/implante (WENNEBERG et al.,1995), Em outras palavras, implantes com alta energia de superfície devem, pelo menos em teoria, 17 apresentar uma osseointegração mais forte do que implantes com baixa energia de superfície, devido à melhor adsorção das proteínas (ALBREKTSON et al., 1990). Os processos de tratamento de superfície podem ser divididos em métodos de adição, quando acrescentam algo à superfície do implante, ou subtração, quando removem parte da camada superficial. Nos métodos chamados de adição, é aplicado à superfície do implante um recobrimento, que pode ser do mesmo material do corpo do implante ou não; enquanto que nos métodos de subtração, é removida uma camada da superfície do implante por um processo controlado (GROISMAN 2005). Método de adição: um dos primeiros métodos de tratamento de superfície foi adição de hidroxiapatita à superfície dos implantes.(GROISMAN 2005). Através desse método, buscava-se uma ligação química entre o implante recoberto com hidroxiapatita e o tecido ósseo. Porém, esse método vem caindo em desuso por apresentar algumas desvantagens como o alto custo de fabricação e pelo fato de alguns estudos in vivo (GOTTLANDER et al.,1992), desmontrou que havia o destacamento da camada de hidroxiopatita do corpo do implante. Outro método de adição bastante comum é o de aspersão térmica por plasma. Neste método, a chama ionizada de um gás é aquecida a temperaturas muito altas, 10.000 e 30.000 C, e partículas aquecidas do material de recobrimento são lançadas em altas velocidades contra o corpo do implante; após o contato com o corpo do implante; após solidificam-se, e a superfície adquire um aspecto de lava vulcânica solidificada. Outro método de adição, aplicado em implantes comercialmente disponíveis, utilizase de técnicas de metalurgia do pó, em que partículas esféricas de titânio são prensadas contra o corpo do implantes(GROISMAN 2005). 18 Método de subtração: para se obter uma superfície rugosa, são utilizadas técnicas de ataque ácido à superfície são jateadas com óxidos ou areia. Muitas vezes, a industria faz uma combinação desses métodos (jateamento mais ataque ácido) para se obter um determinado grau de rugosidade. Os principais ácido são o ácido clorídico(HCI) e o ácido sulfúrico ( HCI) e o ácido sulfúrico (HSO) em determinadas concentrações. Os principais métodos de jateamento são por óxido (TiO,A1O), fosfato de cálcio ou areia. Não há duvidas de que o tratamento de superfície influencia diretamente na formação óssea sobre o implante(GROISMAN 2005). A) titânio puro; B) Hidroxiapatita; C) TPS (plasma spray de titânio). fig.7 Tratamentos de superfície Fonte: David Harari(2011) 19 2.5 PROTOCOLO CIRÚRGICO Fugazzoto em 2008 descreveu um protocolo cirúrgico quando da utilização de implantes curtos, diversas alterações do protocolo cirúrgico original foram descritas. Melhorando a ancoragem e a compressão apical. Desta forma a área de contato entre o implante e o tecido ósseo aumenta, reduzindo a concentração de tensões. Entre as varias estratégias recomentadas poderiam ser citadas: uso de brocas cônicas; redução do numero de osteotomias; a não utilização da broca counter-sink; redução da velocidade (50rpm) na preparação do sitio cirúrgico; maior irrigação durante a perfuração; inserção do implante através do contra- ângulo para reduzir pressões laterais. 2.6 ASPECTOS BIOMECÂNICOS A biomecânica relacionada com o desenho das próteses está associada diretamente às médias de sucesso e insucesso. Assim sendo, o uso de implantes curtos e próteses com excessivo braço de alavanca revelam-se um fator para o insucesso. A estabilização primária determina um ótimo prognóstico para estas alterações; já um excelente planejamento protético pode auxiliar nos resultados (COSSO, 2004). Segundo Costa em 2009, muitas das complicações em implantodontia tem origem biomecânica. Os afrouxamentos dos parafusos, descimentações, fraturas etc. São alguns dos exemplos entre vários outros problemas que podem ocorrer a curto, médio e longo prazo. Uma boa compreensão da biomecânica implantar permite precisar melhor as indicações pra cada paciente e diminuir as complicações e os fracassos protéticos. 20 E possível definir muitos tipos de fatores de risco biomecânicos, que segundo o autor acima são: 1. Fatores de risco geométricos – numero de implantes, a sua posição relativa e a forma da prótese. 2 Fatores de risco oclusais – problemas associados as forças aplicadas sobre os componentes (especial as laterais), assim como os hábitos parafuncionais do paciente. 3 Fatores de risco ósseos - estabilidade inicial do implante, assim como o pequeno diâmetro do implante em relação ao tipo de espaço edêntulo. 4 Fatores de risco tecnológicos – problemas de adaptação da prótese e prótese cimentada. 5 Sinais de alerta – sinais que aparecem durante a função e indicam uma situação de sobrecarga oclusal da prótese (COSTA, 2009). A presença de muitos fatores de risco pode representar uma situação perigosa para os implantes ou para a restauração protética. (RAMALHOFERREIRA et al, 2010). Almeida e Pellizzer em 2008 relatou que fatores que afetam a distribuição de forças no implante são: geometria, número, comprimento, diâmetro e angulação dos implantes; localização do implante no arco; tipo e geometria da prótese, material da prótese, infra-estrutura apropriada; localização, direção e magnitude da aplicação de forças nas próteses; condições do arco antagonista; deformações mandibulares; densidade óssea; idade e sexo do paciente e consistência da alimentação. No entanto, se as forças oclusais excederem o limite de tolerância biológica do osso, que ainda é um fator desconhecido na literatura, este não terá a capacidade de absorver o estresse gerado e poderá ocorrer a falha do tratamento protético e do implante (ALMEIDA e PELLIZZER, 2008). Touma em 2009 afirmava que, em algumas situações clínicas, o posicionamento inadequado dos implantes faz com que as cargas mastigatórias não fiquem distribuídas no seu longo eixo. Relataram os autores que esta transmissão 21 de forças pode criar um braço de alavanca, causando forças secundárias e momento de força no osso. Isso demonstra a necessidade de alguns autores avaliarem a distribuição de tensões em implantes inclinados. Almeida e Pellizzer em 2008 destacam que Weinberg, em 1993, avaliou a distribuição de forças biomecânicas em próteses sobre implante, comparando a distribuição de forças no dente natural. Esta apresenta micro movimentos devido à presença do ligamento periodontal possuindo um padrão de forças alterado qualitativamente em função da localização do dente e das inclinações das cúspides. Contrariamente, os implantes osseointegrados não apresentam a distribuição de força associada a este micro movimento. 2.6 AVALIAÇÃO DE ESTUDOS CLÍNICOS Goodacre et al. em 1999 realizaram um trabalho de revisão da literatura (de estudos clínicos no período de 1981 a 1997 que apresentavam dados de sucesso e falhas com relação a tratamento com implantes, para determinar os tipos de compalicações mais relatadas e quantificar a perda de implantes com relação: tipo de prótese, arco, tempo, tamanho de implantes e qualidade óssea, com tratamento estatístico direcionado a encontrar tendências e não resultados absolutos. Com relação aos implantes os autores encontraram uma maior tendência à perda de implantes de tamanho curto (7 mm e 10 mm), em osso de baixa qualidade (osso tipo IV, Lekholm e Zarb) em comparação aos de tipo I a III e implantes de superfície lisa. Arlin em 2006 realizou um estudo com o propósito de avaliar o resultado clínico de implantes curtos (6 e 8 mm) (fig. 10) instalados em locais de pouco altura óssea disponível (7 a 10 mm) e comparar sua sobrevivência com a de implantes maiores. Seiscentos e trinta implantes Straumann foram instalados em 624 pacientes, destes 35 implantes foram de 6 mm, 141 de 8 mm, e 454 foram de 10 a 16 mm de altura, o tempo de acompanhamento foi de 64.6 meses, 83.7 meses e 102 meses para implantes de 6, 8 e 10 a 16 mm, respectivamente. Todos os 22 procedimentos foram executados em clinica particular em Toronto, Ontário, Canadá, entre abril de 1994 e dezembro de 2003, os implantes foram usados em reabilitações de pacientes parcial e totalmente edêntulos, com próteses unitárias, parciais e totais. O osso disponível para a seleção do tamanho adequado dos implantes foi determinado por meio de radiografias panorâmicas e periapicais, as regiões edêntulas consideradas apropriadas para reabilitação com implantes curtos (6 e 8 mm de altura) foram aquelas com 7 a 11 mm de osso disponível. Os implantes foram ativados de 3 a 5 meses após a cirurgia dependo da qualidade óssea. Neste estudo o autor obteve uma taxa absoluta de sucesso de 97.3% para todos os grupos de implantes (17 implantes perdidos para um total de 630 instalados). 76.5% das perdas ocorreram dentro do primeiro ano, 92% ocorreram antes da ativação Fugazzoto em 2008 fez um pesquisa sobre o comportamento dos implantes curtos, fez uma analise retrospectiva de pacientes tratados entre maio de 2000 e maio de 2007 que receberam implantes de 6,7,8 e 9mm de comprimento standand neck e wide neck de 6,5mm (straumann). Foram utilizados implantes cone Morse com tratamento de superfície spray de plasma, jato de areia, ataque ácido e superfície. Um total de 2.073 implantes foi colocados em 1.774 pacientes (851 homem e 923 mulheres) com idade de 21 a 83 anos. A distribuição da colocação dos implantes foi á sequinte: 315 implantes stardard neck foram colocados na região posterior da mandíbula e restaurados com próteses unitárias. Cinco implantes foram perdidos na utilização do componentes intermediários. A taxa de sucesso entre 73 a 84 meses em função com uma média de função d 36,2 meses foi de 98,4%. 23 Outra função comum foi de dois implantes standark-neck colocados na região posterior de mandíbula, restaurados com prótese fixa de 3 elementos (229 implantes), três implantes foram perdidos na instalação do componente intermediário. Um implante teve perda óssea progressiva e foi classificado como perda após 30 meses da restauração. A taxa de sucesso acumulada entre 73 a 84 meses com uma media de 40,5% foi de 98%. Setecentos e vinte dois implantes com wide neck (6,5mm) foram colocados na região posterior da mandíbula e restaurados com próteses unitárias. Um implante foi removido durante a instalação do componente intermediário, gerando uma taxa acumulada de sucesso entre 61 a 73 meses (média de função de 28,5 meses) de 99,9%. 24 3. DISCUSSÃO Mello (2007) reforça seu argumento destacando que o uso de implantes curtos (menores que 7 mm) pode ser utilizado na implantodontia como benefício ao paciente, desde que sejam respeitados parâmetros biomecânicos, entre eles: paciente com ausência de parafunção ou controlados, implantes curtos com superfície tratada, esplintagem dos implantes , ausência de cantilever em implantes curtos, áreas de boa densidade óssea tipo I ou II e ausência de interferência estética devido a coroas protéticas mais longas. Touma em 2009 resalta a praticidade da utilização de implantes curtos, insistindo que o tratamento com implantes curtos apresenta um desempenho insatisfatório em áreas de altura óssea reduzida. O autor fez a sua comparação com implantes longos, e descobriu que os implantes de tamanhos longos são mais vantajosos, pois apresentam uma relação coroa-implante mais favorável e uma superfície maior para a área de osseointegração. Entretanto, Arlin em 2006 realizou um estudo que mostra que não existe diferença significativa entre o sucesso de implantes curtos em comparação aos implantes longos, porém deve existir uma protocolo cirúrgico adequado. Lekholm em 1995 afirmou que os estudos que mostrava menores índices de sucesso de implantes curtos usavam o mesmo protocolo cirúrgico independente da densidade óssea encontrada o que levava a frequente nível reduzido de estabilidade primaria Fusaro, Lustosa e Franciscone em 2010 relataram que a utilização de implantes curtos tem sido desencorajado pelo aspecto mecânico e pela combinação de carga oclusal alta e osso enfraquecido, sendo necessário a utilização de métodos de diagnóstico auxiliares que permitam um posicionamento acurado dos implantes, como também uma prévia avaliação das necessidades individuais de obtenção de tecidos duros e moles para a correta recomposição tridimensional do elemento dentário perdido. De forma concorde, Oliveira 2004 comentou que outra preocupação que diz respeito a aplicação de implantes curtos seria a proporção coroa/implante, pois pouco se conhece sobre o prognóstico longitudinal referente a biomecânica dos implantes osseointegrados. Por isso 25 planejamentos de casos e estudos clínicos devem ser conduzidos da maneira mais responsável o possível, ancorada em evidências cientificamente comprovadas. Fugazzoto 2008 afirmou que fatores de risco com o bruxismo, osso de baixa qualidade, controle de forças oclusais deve orientar o profissional desde o planejamento inicial para o sucesso no tratamento com implantes curtos. Groisman em 2005 relatava que o tipo de implante e o tratamento de superfície desempenharam um importante papel nos resultados, uma vez que melhoraram a capacidade de osseointegração dos implantes. A respeito da técnica cirúrgica Fugazzoto em 2008 preconizou a não utlização da courtesink para se obter maior estabilidade primaria, Misch em 1993 também preconiza um protocolo cirúrgico diferente do proposto por Branemark, não se utiliza todas as brocas recomendadas fazendo um subinstrumentação; diminui a velocidade de perfuração do leito receptor ele recomenda a não utilização ou a pouca utilização da courtesink. Touma em 2009 em suas pesquisas, destacou que o objetivo da odontologia moderna é restituir ao paciente função, conforto, estética, fonética e saúde, independentemente da atrofia, doença ou lesão do sistema estomatognático. Com relação aos implantes, pesquisas contínuas sobre plano de tratamento, desenho do implante, materiais e técnicas, fizeram com que seu sucesso previsível se tornasse uma realidade para a reabilitação de diversas situações clínicas desafiadoras. Destacou o autor que, por meio de tratamentos associados aos implantes, obteve-se um resultado proveniente de diversos fatores, que incluem o envelhecimento da população, perda dentária associada à idade, consequências anatômicas do edentulismo, desempenho insatisfatório das próteses removíveis, aspectos psicológicos da perda dental e resultados previsíveis a longo prazo e vantagens das próteses implanto suportadas . Misch em 2004 relatava desafio de criar um ambiente favorável que impeça a reabsorção óssea ao redor do implante quando submetido a carga oclusal. Hoje com o surgimento de novos implantes, conexão protética cone Morse, plataforma switching essa perda óssea diminui bastante. 26 4. CONCLUSÃO Após os relatos da revisão de literatura, pode-se concluir que o tratamento reabilitador com o uso de implantes curtos (<7mm) pode apresentar altas taxas de sucesso, podendo ser recomendado para grande parte dos casos, porém devemos seguir um rigoroso protocolo, entre eles estão: 1) protocolo cirúrgico mais elaborado e a realização do planejamento reverso, que determina a posição ideal; 2) respeito dos limites biomecânicos, sem parafunção ou controlada; 3) implantes curtos com superfície tratadas; 4) implantes mais largos; 5) aumento do número de implantes no mesmo sitio, melhorando a distribuição de forças; 6) esplintagem dos implantes; 7) ausência de cantilever; 8)área de boa densidade óssea tipo I tipo II, ou em alguns casos tipo III; 9) da preferência a implantes com prataforma switching, diminuindo ou até mesmo evitando a saucerização. 27 REFERÊNCIAS ANITUA, E. et al. Five-years clinical evolution of short dental implants placed in posterior áreas: a retrospective study. J. Periodontol., v. 79, p. 42-48, 2008. BRANEMARK, P.I. et al. Osseointegrated implants in the treatment of the edentulous jaw. Experience from a 10-year period. Scand J Plastic Reconstructive Surg, v.16, p.1-132, 1977 SANTIAGO JR, J. F, VERRI, F. R, PELLIZER, E. P, et al. Implantes dentais curtos: alternativa conservadora na reabilitação bucal. Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilofac., Camaragibe v.10, n.2, p. 67-76, abr./jun. 2010. MELLO, M.P.N.C. Implantes Curtos em Mandíbula com Carga Imediata: Relato de Caso Clínico. Monografia (Especialista em Implantodontia) Instituto Latino Americano de Pesquisa e Ensino Odontológico, 2010. FUSARO, B. F; LUSTOSA, D.B; FRANCISCHONE, C.E. Técnica alternativa de transferência da posição de implantes sem a utilização de material de moldagem na fase transcirúrgica. Revista Implantnews 2010;7(5):663-8. MISCH CE. STEINGNGA J. BARBOZA E. MISCH DIETSH F. CIANCIOLA L J. KAZOR C. Short dental implants in posterior partial edentulism: multiCenter retrospect 6-years case series study. J periodontal. 2006 aug:77(8):1340 -7. MADEIRA CM. Anatomia da face: Base anátomo-funcional para a prática odontológica. 5 ed. São Paulo: Saivier, 2004. PERRI , P. JUNIOR I. Opções de tratamento de mandíbula posterior parcialmente desdentadas. Parte I- Opções cirúrgicas. Imp. News. 2006; 3(2): 114-7. LEKHOLM, U.; VAN STEENBERGHE, D.; HERRMANN, I. Osseointegrated implants in lhe treatment of partially edentulous jaws: A prospective 5-year multicenter study. J Oral Maxillofac Implants, v.9, p.627-635, 1994. FRIBERG, B. et al. On cutting torque measuements during implant placement: a 3year clinical prospective study. Clin Oral Implants Res, v. 1, p. 75-83, 1999. TAWIL, G. ; YUONAN, R. ; Clinical Evaluation of Short, Machined-Surface Implants Followed for 12 to 92 Months. The International Journal of Oral & Maxillofacial Implants, v. 18, n. 6, p. 894-901, 2003. MISCH, C. E. Implantes dentários contemporâneos. 2 ed. São Paulo: Santos, 2004 MACHADO, MIRIAN AS. Causa da Perda Óssea periimplantar durante o primeiro ano de função. Imlant News, Vol. 04, N6, NOV-DEZ, 2007 28 RETTORE JR, R; BRUNO, I de O; NETO, C.C.L. Abordagem biomecânica como forma de favorecer e estabelecer o uso de implantes curtos. Revista Implantnews. 2009: 6 (5), 543-9. TOUMA, P. M. P. Utilização de implantes curtos em região posterior da mandíbula de pacientes periodontalmente comprometidos. Um estudo retrospectivo. Dissertação (Mestrado) Universidade Veiga de Almeida, 2009. Wennerberg A, Albrektsson T, Andersson B et al.A histomorphometric and removal torque study of screw-shaped titanium implants with three different surface topographies. Clin Oral Implants Res. 1995;6:24ARLIN, M. L. Short Dental Implants as a Treatment Option: Results from an Observational Study in a Single Private Practice. The International Journal of Oral & Maxillofacial Implants, v. 21, n. 05 p. 769-776, 2006. ABREKTSSON, T.; SENNERBY, L. Direct bone anchorage of oral implants: Clinical and experimental consideration of the concept of osseintegration. The internacional journal of prostodontics, Lombard, v.3, n.1, p.30-41, jan/feb. 1990. Groisman M; Vidigal-Jr GM. Tipos de superfícies de implantes.. In: Sobrape. (Org.). Periodontia e Implantodontia - Atuação clínica baseada em evidências científicas. Sobrape; 2005. v.14, p.1-14. COSSO, F. Análise crítica do sucesso e insucesso nos protocolos de Carga Imediata. Revista Implantnews, V. 1, No 5 Setembro/Outubro, p. 372-373, 2004. THOMÉ, G.; BERNARDES, S. R; SARTORI, I. M. Uso de Implantes Curtos: Decisão baseada em evidências científicas. Revista e Ciência. 2008. Disponível em:< www.neodent.com.br/download/index.php?anexo...pdf >. Acesso em: 05 mar. 2011. ALMEIDA, E.O de & PELLIZZER, E. P. Biomecânica em prótese sobre implante relacionada às inclinações das cúspides e às angulações dos implantes osseointegrados – revisão de literatura. Revista de Odontologia da UNESP. 2008; 37(4): 321-327. Gottlander M, Albrektsson T, Carlsson LV. A histomorphometric study of unthreaded hydroxyapatite-coated and titanium-coated implants in rabbit bone. Int J Oral Maxillofac Implants 1992;7(4):485-90. COSTA. M de A. Análise da deformação de componentes de prótese fixa implantossuportada quando submetidos a cargas axiais e oblíquas por meio de extensometria. Tese (Doutorado) Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Odontologia de Piracicaba, 2009) Misch CE. Divisions of available bone. In: Misch CE, ed. Contemporary Implant Dentistry, St Louis: the CV Mosby Company; 1993;7:725128. 29 FUGAZZOTTO, P. A. Shorter Implants in Clinical Practice: Rationale and Treatment Results. Comparative Study of Wide-Diameter Implants Placed. J Oral Maxillofac Implants, v. 23, p.487-496, 2008. GOODACRE, C. J.; KAN, J. Y. K.; RUNGCHARASSAENG, K.; Clinical Complications of Osseointegrated Implants. The Journal of Prosthetic Dentistry, v. 81, n. 05, p. 537-552, 1999. RAMALHO-FERREIRA, Gabriel, FAVERANI, Leonardo Perez, GOMES, Paulo César Machado, ASSUNÇÃO, Wirley Gonçalves, GARCIA JR, Idelmo Rangel. Complicações na reabilitação bucal com implantes osseointegráveis. Revista Odontológica de Araçatuba, v.31, n.1, p. 51-55, Janeiro/Junho, 2010. 26. Deporter D, Pilliar RM, Todescan R, Watson P, Pharoah M. Managing the posterior mandible of partially edentulous patients with short, porous-surfaced dental implants: early data from a clinical trial. Int J Oral Maxillofac Implants 2001 Sep/Oct;16(5):653-8. 24. Brandão L M , Esposti D B T , Bisognin D E , Harari D N , Vidigal Jr M G , Conz B M. Superfície dos implantes osseointegrados x resposta biológica. Revista Impantnews 2010; 7(1): 95-101. 25. Amarante E,Lima L. Otimização das superfícies de implantes: plasma de titânio e jateamento com areia condicionado por ácido estado atual.Pesq Odont Brás v15,n2,p166-173,abr-jun2001. 30