ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O PAPEL DA MULHER NA RELAÇÃO GÊNERO E MEIO AMBIENTE Área: SERVIÇO SOCIAL Categoria: PESQUISA Keli Mislene Carneiro UEPG - Universidade Estadual de Ponta Grossa, Rua Benjamin Constant, n° 807, Centro – Ponta Grossa - PR CEP. 84010-380, E-mail: [email protected] Édina Schimanski UEPG – Universidade Estadual de Ponta Grossa, Rua Herculano de Freitas, n° 159, Bairro: São José – Ponta Grossa – PR, E-mail: [email protected] Resumo A presente pesquisa tem como objetivo discutir sobre o papel da mulher no contexto sócio ambiental, refletindo sobre as transformações históricas referentes ao gênero feminino e sua relação com o meio ambiente. Além disto, a pesquisa visa analisar a relação entre o gênero feminino e as questões ambientais, bem como sobre sua importância no processo de desenvolvimento sustentável. Neste sentido, o presente trabalho evidencia alguns elementos importantes da trajetória histórica da relação entre mulher e natureza, apontando que tal relação não é recente e de que ambas estão ideologicamente ligadas entre si. Na pesquisa encontramos diferentes concepções relacionadas à proximidade da mulher com as questões ambientais, porém, o que se confirma é ela está ideologicamente afastada do processo de tomada de decisões e análise de assuntos relacionados aos projetos societários sobre meio ambiente. A própria ONU – Organização das Nações Unidas – aponta a mulher como sendo parte integrante e essencial no manejo dos recursos naturais, colocando-a como promotora de ações locais, regionais e até globais. A Agenda 21 é bastante precisa ao afirmar o papel da mulher no desenvolvimento sustentável, propondo aos governos a implementação de estratégias para o pleno desenvolvimento da mulher. Entretanto, na prática cotidiana, nem sempre isto tem ocorrido. Podemos apontar, portanto, que apesar da relação de proximidade com a temática ambiental, a mulher está, na maioria das vezes, alijada do processo de tomada de decisão em relação às políticas ambientais. A relação crescente entre as questões ambientais e a situação de pobreza experimentada pelas mulheres, sobretudo aquelas relacionadas às comunidades tidas como periféricas, faz da mulher um elemento chave no processo de transformação sócio-ambiental destas comunidades. Neste sentido, é importante destacar a necessidade de criar alternativas sociais de resgate da cidadania ecológica e emancipação sócio-politica da mulher em relação às questões ambientais. Palavras-chave: gênero, meio ambiente, questões ambientais. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O PAPEL DA MULHER NA RELAÇÃO GÊNERO E MEIO AMBIENTE Área: SERVIÇO SOCIAL Categoria: PESQUISA Resumo A presente pesquisa tem como objetivo discutir sobre o papel da mulher no contexto sócio ambiental, refletindo sobre as transformações históricas referentes ao gênero feminino e sua relação com o meio ambiente. Além disto, a pesquisa visa analisar a relação entre o gênero feminino e as questões ambientais, bem como sobre sua importância no processo de desenvolvimento sustentável. Neste sentido, o presente trabalho evidencia alguns elementos importantes da trajetória histórica da relação entre mulher e natureza, apontando que tal relação não é recente e de que ambas estão ideologicamente ligadas entre si. Na pesquisa encontramos diferentes concepções relacionadas à proximidade da mulher com as questões ambientais, porém, o que se confirma é ela está ideologicamente afastada do processo de tomada de decisões e análise de assuntos relacionados aos projetos societários sobre meio ambiente. A própria ONU – Organização das Nações Unidas – aponta a mulher como sendo parte integrante e essencial no manejo dos recursos naturais, colocando-a como promotora de ações locais, regionais e até globais. A Agenda 21 é bastante precisa ao afirmar o papel da mulher no desenvolvimento sustentável, propondo aos governos a implementação de estratégias para o pleno desenvolvimento da mulher. Entretanto, na prática cotidiana, nem sempre isto tem ocorrido. Podemos apontar, portanto, que apesar da relação de proximidade com a temática ambiental, a mulher está, na maioria das vezes, alijada do processo de tomada de decisão em relação às políticas ambientais. A relação crescente entre as questões ambientais e a situação de pobreza experimentada pelas mulheres, sobretudo aquelas relacionadas às comunidades tidas como periféricas, faz da mulher um elemento chave no processo de transformação sócio-ambiental destas comunidades. Neste sentido, é importante destacar a necessidade de criar alternativas sociais de resgate da cidadania ecológica e emancipação sócio-politica da mulher em relação às questões ambientais. Palavras-chave: gênero, meio ambiente, questões ambientais. 1. Introdução Retoricamente a mulher tem sido compreendida pelos organismos internacionais como sujeito sine qua non no processo de desenvolvimento sustentável. Neste sentido, a condição da mulher está presente nas principais arenas de discussão sobre as questões ambientais. Isto pode ser levado em consideração na medida em que ela está, por assim dizer, extremamente ligada ao manejo dos recursos vitais e por exercer o papel de produtora e criadora de recursos sócio-econômicos e de sobrevivência da família na comunidade em que vive. De um modo geral, tem pertencido à mulher o manejo e sustento dos recursos naturais que são transformados no cotidiano dos pequenos grupos, aldeias e comunidades ao redor do mundo. No Brasil, exemplo disto são as atividades desenvolvidas por mulheres pescadoras, agriculturas, enfim, trabalhadoras em geral relacionadas ao meio ambiente, as quais estão espalhadas do norte ao sul do país e que deste modo são responsáveis pelo sustento das suas famílias e de suas comunidades. É certo afirmar que a identidade feminina tem se fundamentado nesta lógica de produção e reprodução da vida social. Historicamente, a construção das identidades de homens e mulheres tem-se configurado a partir da divisão social do trabalho, com atribuições de papéis, atitudes e valores previamente definidos e, conseqüentemente, fixados e tidos como modelos naturais. Assim, a mulher incorpora para si aquilo que lhe é determinado socialmente. Este tipo de lógica faz com que a mesma incorpore também as funções de mantedora do ecossistema e dos recursos naturais. Sem mencionar aqui as atividades domésticas, pelas quais a mulher é responsável – aquilo que teoricamente chamamos de segunda (ou terceira) jornada de trabalho, a qual na maioria das vezes assume sozinha, isto é, sem a ajuda de seu companheiro. O fato é que não raras vezes nos casos de degradação ambiental, a mulher é a primeira a reclamar em favor da natureza e a exigir ações para sanar tais agressões. É neste contexto que vemos atitudes femininas no cenário mundial em favor do meio ambiente agindo contra os problemas ambientais. Até mesmo as chamadas conferências sobre meio ambiente1 (como por exemplo, Eco 92, Johanesburgo 2002, entre outras) colocaram em debate discussões sobre questões de gênero na política global, como temática internacional. Nos documentos oficiais decorrentes das conferencias é proposto a implantação de ações para o progresso da mulher e também uma maior legitimidade de seu papel colocando a mesma à frente das questões como líderes e como participantes do processo de tomada de decisões. Quando não retóricas, atitudes como estas tendem a visualizar um papel mais político e emancipatório para as mulheres. Assim, de acordo com Machado (1997), ao mesmo tempo em que se quer atitudes mais propensas a emancipação feminina, nas quais as mulheres tomem a frente e construam seu protagonismo em prol da promoção de uma ética ambiental, há de se ter cuidado para que essas ações sejam feitas de forma contributiva para a legitimação da mulher como sujeito histórico central (juntamente com o homem) e não apenas como indivíduo periférico no contexto das relações sociais. É através da conquista e validação de direitos (e deveres) igualitários que a mulher afirma seu papel histórico como sujeito emancipado e capaz de propor processos de emancipação social nas suas comunidades de origem, tanto localmente, quanto globalmente. Pois, se esse fator de fortalecimento das mulheres não é colocado como fator principal, a prática ambientalista feminina pode se tornar um fator de reafirmação da naturalização de seu papel e atribuições de sobrecarga de trabalho. Este é, portanto, o cenário de discussão do presente texto. Evidentemente que não pretendemos aqui esgotá-lo, mas ao contrário, o que propomos é que haja o alargamento do debate sobre a temática. Para tanto, nos utilizamos diversas referências bibliográficas sobre o assunto. A idéia principal, portanto, foi construir um arcabouço teórico significativo que 1 Eco 92 – “A comunidade internacional endossou vários planos de ação e convenções para a integração plena, eqüitativa e benéfica da mulher em todas as atividades relativas ao desenvolvimento, em particular, as Estratégias Prospectivas de Nairóbi para o Progresso da Mulher, que enfatizam a participação da mulher no manejo nacional e internacional dos ecossistemas e no controle da degradação ambiental”. (AGENDA 21, 2001, item 24.1) Johanesburgo, 2002 – A partir do debate surgido na Conferencia RIO-92 que consolidou a questão de gênero na agenda da política global e o reconhecimento das mulheres como interlocutoras dessas questões e das grandes temáticas internacionais, há a expansão de uma nova cultura de desenvolvimento onde a questão de gênero ganhou mais visibilidade. Nesse contexto, então, as redes de gênero e desenvolvimento sustentável decidiram resgatar a estratégia que gerou esse movimento, relançando a proposta de uma nova versão da Agenda 21 de Ação das Mulheres 2002, que tem como propósito estabelecer interfaces entre as diferentes temáticas e estimular convergências na ação política. (CORRAL, 2002) fundamentasse nossa compreensão teórica sobre o assunto a ser pesquisado. Isto será evidenciado a seguir com a descrição dos aspectos metodológicos da pesquisa. 2. Aspectos Metodológicos Neste estudo, foram analisados diversos documentos, dentre os quais: manuscritos, impressos em periodicidade (livros, textos legais) e periódicos (revistas). Como coloca Gil (1991, p. 48) a “(...) pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”. Ainda, de acordo o mesmo autor, a pesquisa bibliográfica visa “(...) conhecer e analisar as contribuições culturais ou científicas do passado existentes sobre um determinado assunto, tema ou problema“ (1991, p. 55). A pesquisa bibliográfica é, portanto, uma etapa fundamental em todo trabalho científico, o qual influenciará todas as outras etapas de uma pesquisa. A presente pesquisa, então, fundamentada na metodologia da pesquisa bibliográfica, visa analisar os processos sociais e históricos que envolvem a tríade: gênero – mulher – meio ambiente. Tendo como referência a concepção de feminização da natureza, isto é o mito “mulher – natureza”, o qual é determinado socialmente. Este texto aponta referências importantes para o entendimento da questão proposta. Com isso, analisaremos a importância da mulher no contexto sócio ambiental e sua relação direta com a natureza, bem como faremos a reflexão sobre as transformações históricas referentes a participação feminina no meio ambiente. 3. Relação mulher natureza: algumas controvérsias no debate A relação entre a mulher e a natureza não é recente. Angelin (2008), entre outros autores, afirma que há muito na história da humanidade existe um eixo articulador entre o feminino e a natureza. A própria simbologia presente na relação mulher (mãe) ao planeta Terra dá ao feminino um caráter naturalista. As religiões pagãs como os Vikings e os Celtas, mantinham uma relação próxima com a natureza e cultuavam deusas, concedendo um destaque especial para as mulheres, pois estas tinham uma proximidade muito grande com a “Mãe Terra”, possuindo ambas o poder da fertilidade. Na mitologia Celta, as mulheres eram invulneráveis, inteligentes, poderosas, guerreiras e líderes de nações. As mulheres também foram os primeiros seres humanos a descobrirem os ciclos da natureza, pois era possível compara-los com o ciclo do próprio corpo (ANGELIN, 2008, p. 01). Daí em diante, segundo Angelin (2008), a opressão e submissão das mulheres inicia-se na medida em que os povos deixaram de ser nômades. Enquanto os homens saíam para caçar, as mulheres ficavam em casa cuidando dos filhos e das atividades do lar. Desse modo, então, ela descobre e desenvolve a agricultura. É certo, portanto, afirmar que a “... naturalização da tarefa feminina na reprodução e na vida doméstica, bem como a responsabilidade pela alimentação e saúde da família, acabou aproximando a mulher da natureza”. (ANGELIN, 2008, p.02). Isto seria extremamente positivo, não fosse pelo caráter ideológico de tal submissão, o que discutiremos mais adiante. Ainda de acordo com Angelin (2008), com o surgimento do capitalismo as diferenças de gêneros foram intensificando ainda mais, com a forma como a relação entre homens e mulheres se dava. Enquanto o homem saía para trabalhar e garantir o sustento da família, a mulher ficava em casa cuidando dos filhos, dos idosos e esperando para servir seu marido. Além de tudo isso, o trabalho doméstico exercido pela mulher, ainda era considerado um trabalho não produtivo, somente como uma obrigação por parte da mulher, que cada vez mais vê sua função sendo desvalorizada. Diante disso, se percebe que a ligação mulher – natureza, a qual é construída historicamente e ideologicamente, contém inúmeras questões importantes sobre as causas da subordinação das mulheres em relação ao homem e a existência de uma natureza dita e tida como feminina. No momento em que vemos vir à tona assuntos relacionados com a degradação do meio ambiente natural, a caracterização da atividade feminina e a marcar, de maneira geral, a esfera da reprodução, vemos também que mulher e natureza estão constantemente unidas contra um ser que é dominador (DI CIOMMO, 2003, p. 426). Deste modo, para Di Ciommo (2003), não se pode resolver o problema de naturalização do papel feminino, que marca consideravelmente a esfera da reprodução, por meio de uma simples estratégia de reversão de funções. Isso seria afirmar ainda mais o caráter cultural construído a partir do estabelecimento das atividades entre homens e mulheres ao longo dos tempos. Para Angelin (2008), tanto o meio ambiente como as mulheres são consideradas como coisa útil que devem ser submetidos às supostas necessidades humanas, seja como objeto de consumo ou como meio de produção ou exploração. E, assim permanecem na condição de subordinação, a qual é reforçada pela imposição de uma cultura patriarcal, na qual cada vez mais a mulher é vista igualitariamente à natureza, sendo que esta também se encontra num processo de dominação. 2 Deste modo, conforme aponta PULEO (1997), podemos entender que ao contrário do que se pensa no cotidiano é o próprio “... imaginário social androcêntrico que cria e ‘naturaliza a mulher’ e a aprisiona ao plano da natureza” (PULEO, 1997, p. 01). Isto posto, observa-se que a aproximação estereotipada entre mulher e natureza é construída historicamente no contexto das relações sociais e, são, por assim dizer, produzidas e reproduzidas cotidianamente. A construção de estereótipos não é natural. Contrariamente, ela forma-se e ganha sentido a partir do momento em que a mulher incorpora essa função para si. Assim, seria socialmente aceito afirmar que a díade mulher – natureza fazem parte de um mesmo sistema de relações intrínsecas e naturais. Para tanto, fica claro que a relação profunda da maioria das mulheres com a natureza não está associada à características próprias do sexo feminino, mas originária de suas responsabilidade de gênero na economia familiar, da distribuição do poder e da propriedade. De acordo com Puleo (1997), podemos dizer que: (...) a interação com o meio ambiente e a correspondente sensibilidade ou falta de sensibilidade ecologista gerada, dependem da divisão sexual do trabalho e da distribuição do poder e da propriedade segundo as divisões de classe, gênero, raça e casta. (PULEO, 1997, p. 03) 2 Por cultura patriarcal se entende um sistema de dominação, modelado pela ideologia machista. Mais do que isto, ele é também um sistema de exploração por parte do sexo masculino. Enquanto a dominação pode, para efeitos de análise e entendimento, ser colocada essencialmente nos campos político e ideológico, a exploração diz respeito diretamente ao terreno econômico. (SAFFIOTI, 2004) Podemos considerar que a divisão social e sexual do trabalho implica no fato que mulheres e homens possuam diferentes habilidades no uso e manejo dos recursos naturais e tenham interesse e responsabilidades diferentes. E, apesar das mulheres desenvolverem múltiplas tarefas, o trabalho feminino ainda continua sendo inviabilizado e considerado de menor relevância para a sociedade a que pertencem. Neste sentido, a relação mulher – natureza faz com que a mulher seja vista na sociedade de forma divinizada e não politizada. Deste modo, os problemas enfrentados pela mulher no seu contexto social acabam sendo tidos como secundários. E isso a torna mais vulnerável sujeitas a toda forma de exploração e dominação nas suas relações cotidianas. A situação de pobreza a que muitas mulheres são submetidas acaba, portanto, sendo mascarada no dia a dia. Nem mesmo as próprias mulheres se percebem como sujeitos submetidos e, acabam por aceitar e normalizar sua condição na sociedade. No próximo tópico trataremos especificamente da relação mulher e meio ambiente e seu reflexo no contexto do chamado desenvolvimento sustentável. 4. Mulher, questão ambiental e desenvolvimento sustentável A questão ambiental tem sido uma preocupação constante nos dias atuais, onde os problemas de poluição, degradação ambiental e pobreza permeiam as relações sociais em nível local e mundial. As chamadas crises internacionais (econômicas, políticas, sociais) que envolvem ao mesmo tempo o meio ambiente e a problemática de gênero vem sendo uma decorrência da complexidade do mundo moderno e de suas contradições e conflitos. A mulher vista pelos organismos internacionais como sendo de suma importância no processo de reversão das crises sociais torna-se um ser fundamental para o equilíbrio do planeta – quer econômico, político, social e ambiental. Tida ideologicamente como responsável pela qualidade de vida tanto da sua família, como também da sua comunidade, espera-se que a mulher contribua efetivamente para o desenvolvimento sustentável do planeta. De acordo com o documento Nosso Futuro Comum3 (1988), desenvolvimento sustentável4 é entendido como “(...) aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades” (ONU, 1988, p. 46). Por isso, a questão do desenvolvimento sustentável é o tipo de debate político onde a mulher tem um papel importante a desempenhar, a fim de conciliar suas preocupações preservacionistas com as necessidades de desenvolver atividades que permitam a sua reprodução como ser social. Esta proposta tem várias repercussões no sentido de que a mulher pode e deve ser um elemento capaz de por em prática seus conhecimentos relacionados à natureza. Com afirma Castro e Abramovay (1997), o modelo existente de desenvolvimento afeta homens e mulheres, pois o mesmo não é sustentável nem igualitário. Leff (2001) aponta que a crise ambiental é um reflexo da crise de civilização pela qual a humanidade passa. Por isso, há 3 Documento originado em 1987, com o encerramento dos trabalhos da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como Comissão Brundtland, com a publicação do relatório Nosso Futuro Comum, onde o critério de sustentabilidade aparece como argumento central para a formulação de novas políticas de desenvolvimento dá-se andamento as ações para promoção de desenvolvimento sustentável. 4 De acordo Dias (1998), o termo desenvolvimento sustentável ganha um eixo mais decisivo (pelo menos retoricamente) a partir da Conferência Rio-92, a qual foi realizada no Brasil. Desta conferência, resulta a Declaração do Rio e a Agenda 21. Ambos os documentos consideraram o desenvolvimento sustentável como uma necessidade essencial a ser tomada pelos países com o intuito de conciliar progresso econômico e material com a necessidade de uma consciência ecológica. de se considerar que o enfoque que se dá nas relações de gênero centrado nas vivências e nas ações de homens e mulheres, nas semelhanças e diferenças de seu modo de ser com relação ao meio ambiente, é de real significância numa proposta concreta de mudanças de participação. Essa participação deve ser mais concentrada em propostas mais justas e igualitárias. Documentos oficiais relacionados aos cuidados com o meio ambiente, como por exemplo, a “Ação para Igualdade, Desenvolvimento e Paz” 5, têm apontado a mulher como agente afetivo e eficaz no processo de conservação do meio ambiente. Esse encontro teve como referência discussões centradas nas causas da destruição e expropriação de recursos naturais mantenedores da sobrevivência de inúmeras comunidades e a fragilização da vida em bairros periféricos urbanos. Neste enfoque, a mulher ganha papel fundamental, sobretudo, porque tem relação muito próxima a essas realidades, tendo conhecimento especifico das relações ecológicas e de gestão dos ecossistemas frágeis. De acordo com esse documento das Nações Unidas (1995): As mulheres vêm muitas vezes desempenhando papéis de líderes ou assumindo a liderança na promoção de uma ética ambiental, reduzindo a utilização dos recursos, e reutilizando e reciclando os recursos para minimizar o desperdício e o consumo excessivo. As mulheres podem ter um papel particularmente forte em decisões que influenciam o consumo sustentável. Além disso, as mulheres contribuem para a gestão ambiental, inclusive através das camadas populares e da juventude promovendo campanhas para proteger o meio ambiente, muitas vezes têm tido lugar em nível local, onde a descentralização de ações sobre as questões ambientais é mais necessária e decisiva. (NAÇÕES UNIDAS, 1995, art. 250) Inserir a perspectiva de gênero no debate relacionado ao meio ambiente e localizá-la no interior de um debate mais amplo dos direitos humanos e da cidadania ecológica é uma contribuição importante que as mulheres, sobretudo a partir da configuração dos movimentos ecofeministas, estão fazendo para se chegar ao almejado desenvolvimento sustentável. Sobre isto discutiremos mais substancialmente no próximo tópico deste texto. Como já dissemos anteriormente, em algumas regiões, a mulher, muitas vezes, é o membro mais estável da comunidade da qual faz parte. Isso se dá devido ao fato de muitos homens terem que se deslocar para lugares distantes para trabalhar. Com isso, cabe à mulher cuidar do ambiente natural e garantir níveis adequados e sustentáveis na atenção dos recursos dentro da família e da própria comunidade. Essas práticas, sejam elas referentes a alimentação, a conhecimentos medicinais ou mesmo a reprodução social do grupo, constituem uma cultura não só material mas acima de tudo uma memória histórico-cultural que liga o grupo ao território e lhe conferem uma noção de identidade em relação a outros. Por isso, a presença feminina é vista socialmente como necessária. Decorrente disto, há uma profunda “valorização” da mulher e sua relação com o meio ambiente e natureza, no sentido de dar certa legitimidade à participação delas nos processos de desenvolvimento, principalmente nos que envolvam sustentabilidade ambiental da comunidade a qual estas fazem parte. Através de sua gestão e utilização dos recursos naturais, as mulheres proporcionam sustento para suas famílias e comunidades. Como consumidoras e produtoras, cuidadoras e educadoras de suas famílias, as mulheres desempenham um papel importante na promoção do desenvolvimento sustentável através da sua preocupação 5 Documento elaborado a partir de discussões realizadas na Quarta Conferência Mundial sobre a Mulher, realizada pela Organização das Nações Unidas, em setembro de 1995, em Beijing na China. com a qualidade de vida e sustentabilidade para as gerações presentes e futuras. (NAÇOES UNIDAS, 1995, art. 248). E, ainda, em relação ao papel dos governos, fica evidente que estes, (...) têm expressado seu compromisso de criar um novo paradigma de desenvolvimento que integre a sustentabilidade ambiental com justiça e igualdade entre homens e mulheres dentro e entre gerações. (NAÇÕES UNIDAS, 1995, art. 248). Da mesma forma a AGENDA 216, também é bastante precisa ao apontar a importância da mulher no processo de desenvolvimento sustentável. Uma das questões tratadas foi a consolidação da questão de gênero na agenda da política global e a visão de que as mulheres são interlocutoras no debate das grandes temáticas internacionais. Dentre os vários objetivos propostos aos governos pela Agenda 21 está o projeto de criar e: (...) implementar políticas governamentais e diretrizes, estratégias e planos nacionais claros para conseguir a igualdade em todos os aspectos da sociedade, inclusive a promoção da alfabetização, do ensino, do treinamento, da nutrição e da saúde da mulher, bem como a participação dela em postos-chave de tomada de decisões e no manejo do meio ambiente, em particular no que se refere ao seu acesso aos recursos, facilitando um melhor aceso a todas as formas de crédito, em especial no setor informal, tomando medidas para assegurar o acesso da mulher ao direito de propriedade, bem como aos insumos e implementos agrícola. (AGENDA 21, 2001, 24.2). Do ponto de vista da retórica parece claro o papel da mulher no processo de desenvolvimento sustentável. Porém, na prática concreta da vida cotidiana é preciso perguntar: como a mulher pode desenvolver e ampliar sua participação na tomada de decisões da sociedade? Como promover a emancipação feminina no contexto das sociedades sustentáveis? Como criar espaços de participação social promotores de cidadania ecológica e equidade social para o gênero feminino? Considerando que historicamente o papel da mulher enquanto protagonista na construção de uma sociedade critica e emancipatória vem sendo negado, ou pelo menos, relegado a planos secundários, como podemos visar uma sociedade mais justa e igualitária, para as mulheres? Se tomarmos em consideração as condições de pobreza a que muitas mulheres estão submetidas podemos verificar que temos uma tarefa árdua pela frente. Conforme, dados do IBGE, grande parte das mulheres brasileiras vivem em condição de pobreza. TABELA DE DISTRIBUIÇÃO DAS PESSOAS OCUPADAS POR GRUPO DE OCUPAÇÃO – Brasil 2001 – segundo sexo e tipo de família POBRES INDIGENTES NÃO POBRES NEM INDIGENTES Masc. 6 Fem. Total Masc. Fem. Total Masc. Fem. Total A Agenda 21 é resultado da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, celebrada no Rio de Janeiro em 1992, representa um documento fruto do consenso alcançado pela comunidade internacional a respeito de questões ambientais suas diversas facetas socioeconômicas e culturais. (AGENDA 21, 2001, p. 03). Técnica, científica, artística e 1% 4% 2% 1% 1% 1% 7% 16% 11% 3% 3% 3% 1% 1% 1% 15% 17% 16% 40% 30% 36% 65% 53% 60% 14% 10% 12% 26% 8% 19% 13% 7% 11% 26% 9% 19% 9% 11% 10% 6% 8% 7% 12% 16% 14% assemelhada Administrativa Agropecuária e Produção extrativa vegetal e animal Indústria de transformação Comércio e atividades auxiliares Transporte e comunicação 4% 0% 2% 2% 0% 1% 8% 1% 5% Prestação de serviços 3% 36% 15% 2% 27% 11% 3% 23% 11% Outra ocupação, ocupação 15% 8% 12% 10% 4% 8% 15% 8% 12% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% mal definida ou não declarada Fonte: PNAD/IBGE, 2001, Tabulações Especiais Melo & Nicoll , 2003. De acordo com os dados da tabela, podemos perceber que as diferenças entre os sexos iniciam-se na distribuição da população ocupada, pois as mulheres estão concentradas em atividades econômicas menos organizadas, com contratos informais, portanto mais expostas ao desemprego. Outra questão importante refere-se a grande presença de trabalho não remunerado, cuja participação feminina é quase o dobro da masculina. Nas famílias pobres esta ocupação tem peso, mas perde no caso da ocupação feminina para a prestação de serviços, o grande exército de mulheres urbanas pobres exercem esta atividade (particularmente, o serviço doméstico remunerado). Além das condições econômicas e de oportunidades, que permeiam e tornam o espaço das relações de trabalho desiguais entre homens e mulheres, outras questões tais como a poluição do ar ou a ausência de saneamento básico, comuns na cidade, têm impacto sobre o trabalho feminino na medida em que cabe predominantemente às mulheres a execução do trabalho doméstico e o cuidado com os doentes. As mulheres pobres do Terceiro Mundo, que vivem em uma economia de subsistência, são as maiores vítimas da crise ambiental em seus países, pois são as primeiras a sentirem o reflexo da diminuição da qualidade de vida causado pela poluição ou escassez dos recursos naturais, os quais são explorados indiscriminadamente para satisfazer as “necessidades” do Primeiro Mundo (ANGELIN, 2008, p. 03). A condição de pobreza da mulher só pode ser superada, quando houver espaços de participação social, nos quais o gênero feminino encontre uma efetiva forma de emancipação social e política (Schimanski, 2008). Os movimentos de mulheres têm neste cenário uma importância vital, como se verá a seguir. 5. Movimentos Feministas e Ecológicos No pensar da questão do desenvolvimento ambiental, grande tem sido a contribuição das mulheres, que assumiram um papel fundamental no movimento ecológico das décadas de setenta e oitenta. E essas atitudes trazem à tona problemas que estavam obscuros, como a industrialização acelerada, forte crescimento populacional, insuficiência crescente da produção de alimentos, esgotamento dos recursos naturais não renováveis, degradação do meio ambiente e pobreza mundial. Os movimentos ecológicos feminismos passaram por dois grandes momentos. Uma fase inicial, dedicada à defesa das grandes causas ambientais, ideais ou utopias, e marcada pela conscientização e organização dos movimentos femininos. O que domina nesta fase é o reflexo da concepção catastrofista do Clube de Roma, claramente expressa nos discursos e documentos produzidos na década de setenta e início da década de oitenta. Já a partir de meados da década de oitenta, surge outra fase de conscientização e organização feminina em função do parâmetro do desenvolvimento sustentável (BRANDÃO; BINGEMER, 1994, P. 51). O modelo dominante de desenvolvimento capitalista globalizado é concentrador de poder e de recursos, fomenta desigualdades de toda ordem e destrói o meio ambiente. Tendo em vista que a sociedade capitalista pauta-se na concentração de riquezas e exclusão de boa parte da população, as ações dos movimentos de mulheres têm ganhado força voltando suas atenções para atender às classes menos favorecidas. Desta forma, na sua trajetória histórica o movimento de mulheres emergiu da luta social empreendida em prol de boa parte da população excluída economicamente. Ainda neste mesmo período, paralelamente a todas essas questões, a mulher começa a ganhar força e continua criando espaços de atuação. As ações propostas são direcionadas para questões concretas de acesso à moradia, saneamento básico, saúde, dentre outros. Segundo Castro e Abramovay (1997): O movimento de mulheres, na sua longa história de avanços e de amadurecimento, tornou-se muito rico, diversificado e multidisciplinar. Algumas vêm trabalhando a questão de gênero na ótica da eqüidade, da igualdade de direitos, para superar as tradicionais iniqüidades existentes entre homens e mulheres. (CASTRO e ABRAMOVAY, 1997, p.08) O movimento é um indicador de fortalecimento de um processo de conscientização, que rebate no aumento de participação e comprometimento e, ainda, na conquista de espaços sociais não imaginados anteriormente. As mulheres começam a mostrar um papel de liderança, principalmente relacionadas à cidadania e qualidade de vida, isso porque questões como a falta de água, o problema dos esgotos e a saúde fazem parte de uma problemática ligada às suas necessidades básicas. Destacamos aqui o Movimento Ecofeminista7, que surge na França, criado por Françoise D’Eaubonne. De acordo com Arruda (1995), o ecofeminismo desemboca em três vertentes: cultural, social e socialista. O ecofeminismo cultural ressalta a relação da capacidade procriativa feminina (natureza) e a tecnologia produzida pelos homens (cultura). Essa vertente prega a celebração da natureza e da biologia feminina como fontes de poder feminino. Isso vai se expressar 7 O Ecofeminismo originou-se de diversos movimentos sociais – de mulheres, pacifistas e ambiental – no final da década de 1970, os quais em princípio, atuaram unidos contra a construção de usinas nucleares. O Movimento Ecofeminista traz à tona a relação estreita existente entre a exploração e a submissão da natureza, das mulheres e dos e dos povos estrangeiros pelo poder patriarcal. (ANGELIN, 2008, p. 02) através da espiritualidade, no culto de Deusas, nas representações sociais da feitiçaria e nas ações como forma de protestos antinucleares. Por conseguinte o ecofeminismo social acredita que o domínio da natureza provém da mesma matriz da dominação do ser humano pelo ser humano. Para ele, somente o fim de todos os sistemas de dominação possibilitará uma sociedade ecológica na qual tanto a natureza não-humana quanto a humana sejam livres. Essa vertente defende a liberação das mulheres através da derrubada das hierarquias econômicas e sociais e propõem uma sociedade de comunidades descentralizadas. O ecofeminismo social reconhece diferenças biológicas entre homens e mulheres, porém defende que ambos devem assumir uma ética ecológica baseada na cooperação e equidade. Já a vertente ecofeminista socialista, embora seja fiel à algumas categorias marxistas, considera que a reprodução é central para um mundo justo e sustentável. Apresenta crítica ao patriarcado capitalista e focaliza as relações dialéticas e históricas entre produção e reprodução, e entre produção e ecologia. Acredita que as mesmas condições sociais e econômicas que fornecem segurança para a mulher também promovem a transição demográfica para uma população de menores proporções. De acordo com Arruda (1995), o ecofeminismo surge como uma nova tendência do feminismo buscando respostas das mulheres às questões colocadas pela crise ambiental. E ao interpretar esses problemas, a mulher busca seu papel na história da humanidade e na história humana da natureza. O ecofeminismo propõe então que a luta pela reparação dos ecossistemas que sustentam a vida não seja separada da luta dos direitos da mulher. Seu postulado principal é que todas as questões de dominação estão interconectadas. Portanto para compreender como acontece a opressão das mulheres e a depredação dos recursos naturais precisamos dirigir o nosso olhar às relações entre os vários sistemas no qual o poder está construído. 6. Conclusões Como conclusão, podemos identificar com esse estudo que relações de gênero e relações entre os seres e a natureza são permeadas por um conjunto de atributos formados por uma concepção construída simbolicamente a partir das relações sociais e culturais. Ao longo do tempo, tanto a mulher quanto a natureza foram colocadas num plano secundário de atenções de forma que ambas passaram a ser vistas como coisa útil ao modelo patriarcal ao qual se instalou. A partir disso, com as mudanças ocorridas com o meio ambiente, pela forma como esse foi sendo explorado, muitas foram as maneiras colocadas para que se amenizasse ou até mesmo controlasse o modo desenfreado de degradação ambiental. Com isso, a mulher aparece como sujeito qualificado para promover tais ações, na medida em que se subtende sua proximidade com a natureza e sua habilidade de trabalhar com ela. Porém, a crítica é na forma como tais responsabilidades são colocadas a ela, de maneira a naturalizar seu papel de mantedora do ecossistema natural, sobrecarregando ainda mais seu trabalho. Em decorrência também de sua ligação com essas questões ambientais a mulher se torna mais diretamente afetada com a degradação ambiental, e isso reflete na forma de organização econômica e social. Através dos estudos concluí-se que a mulher deve ser igual do ponto de vista das atribuições políticos- decisórias, deve ter assegurado a liberdade de conduzir sua própria vida e com essa liberdade participar da construção de projetos de sociedades mais sustentáveis de forma igualitária. Diante de tudo isso, a partir das propostas dos organismos internacionais aos governos para que estes implantem medidas de abertura de espaços para que essas mulheres possam estar se inserindo em determinados níveis de ações voltadas à questão ambiental. O que se quer também é que tais ações se materializem de forma construtora de equidade entre homens e mulheres e, além disso, que sejam colocadas num campo mais amplo de debate de direitos humanos e de resgate à cidadania. Pois acima de tudo, assim como o homem, a mulher possui capacidades que lhe são próprias e elas devem ser utilizadas conjuntamente com as dele. REFERÊNCIAS AGENDA 21. Conferencia das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Curitiba: Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e social – IPARDES, 2001, 260p. ANGELIN, Rosângela. Gênero e meio ambiente: a atualidade do ecofeminismo. 2008. Disponível em: http://www.espacoacademico.com.br/058/58angelin.htm. Acesso em: 10 de maio de 2008. ARRUDA, Ângela M. S. Uma contribuição às Novas Sensibilidades com Relação ao Meio Ambiente: Representações Sociais de Grupos Ecologistas e Ecofeministas Cariocas. Tese de Doutorado. Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1995. BRANDÃO, Margarida Luiza Ribeiro e BINGEMER, Maria Clara L. (org.) Mulher e relações de Gênero. Coleção Seminários Especiais - Centro João XXIII (8), São Paulo: Loyola, 1994. CASTRO, M. G. e ABRAMOVAY, M. Gênero e meio ambiente. São Paulo. Cortez, 1997. CORRAL, Thaís. Mulheres em ação por um planeta saudável. Revista Eco 21. 62° Edição. DI CIOMMO, Regina Célia. Relações de gênero, meio ambiente e a teoria da complexidade. Revista Estudos Feministas. Florianópolis, Vol. 02, 2003. DIAS, G. F. Educação Ambiental: princípios e práticas. 5ª Ed. SP: Global, 1998. GIL, Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5ª ed. São Paulo: Ed.Atlas, 1991. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. “Síntese de Indicadores Sociais, 2002”, Rio de Janeiro, Departamento de População e Indicadores Sociais, 2003. IV Conferência Mundial sobre a Mulher, Beijing – China, 1995. Nações Unidas. Disponível em: http://www.un.org/womenwatch/daw/beijing/. Acessado em: 26 de setembro de 2008. LEFF, E. Saber ambiental. Rio de Janeiro, 3a Ed., RJ: Vozes, 1998. MACHADO, Denise. Catadoras de caranguejo e saberes tradicionais na conservação de manguezais da Amazônia brasileira. Revista Estudos Feministas. Florianópolis, Vol. 02, 2007. Organização das Nações Unidas. Nosso Futuro Comum. RJ: Fundação Getúlio Vargas, 1988. PULEO, A. H. Feminismo e ecologia. Revista Eco 21. Ed. 1997. Disponível em: http://www.ambienteemfoco.com.br/?p=3082. Acessado em: 10 de outubro de 2008. SAFFIOTI, Heleieth I. B. Gênero, patriarcado, violência. 1ºed. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2004, 151p. SCHIMANSKI, E. Gender, environment e development: women’s social inclusion through community participation. In Jakob, M.C. and Reichmuth, J. Community development: local and global challenges. Lucerne University of Applied Sciences and Arts, 2008. SILVA, T. N. Gênero e Meio Ambiente: a compreensão do ser humano sobre o espaço local de habitação. In: XVII EAIC - Encontro Anual de Iniciação Científica, 2008, Foz do Iguaçu. XVII Encontro Anual de Iniciação Científica, 2008.