Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT Análise sobre experimentos com potenciômetros para a introdução do uso de sensores em cursos de física João E. M. Perea Martins Andréa Carla Gonçalves Vianna Resumo Este artigo propõe uma abordagem sobre o uso de sensores no ensino de física, discutindo a utilização de um circuito eletrônico simples e de baixo custo, composto por um potenciômetro e um resistor, para simular determinadas características do comportamento de sensores lineares e não lineares. Além dos experimentos com potenciômetros, o trabalho também apresenta uma revisão de alguns conceitos fundamentais sobre sensores e inclui uma abordagem para exemplificar, de forma prática e simples, os sensores lineares e não lineares, utilizando dispositivos de baixo custo como o sensor de temperatura LM35 e um LDR, respectivamente. Palavras-chave: sensores, potenciômetros, função de transferência, instrumentação. Abstract This paper is focused on the didactical approach about sensors in the physics education, explaining the use of a simple and low cost electronic circuit composed by one potentiometer and one resistor to simulate the behavior of linear and non-linear sensors. The article includes an initial conceptual approach about sensors. Subsequently, it shows a simple way to demonstrate in classroom, linear and non-linear sensor with the temperature sensor LM35 and a LDR, II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia 07 a 09 de outubro de 2010 Artigo número: 61 ISSN 2178-6135 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT respectively; presents the use of a potentiometer for practical experiments in laboratory and also includes a mathematical approach about the sensors function of transference. Keywords: sensors, potentiometers, function of transference, instrumentation. II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia 07 a 09 de outubro de 2010 Artigo número: 61 ISSN 2178-6135 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT 1. Introdução Os sensores são dispositivos amplamente utilizados na física e podem ser uma ferramenta extremamente poderosa no ensino desta ciência, tendo aplicações na mecânica, óptica, eletricidade, etc.. É interessante destacar que nos últimos anos houve um acentuado desenvolvimento na área de sensores, o que permitiu o surgimento de dispositivos mais eficientes e de menor custo. Porém, apesar dos avanços tecnológicos, em muitos casos ainda existe uma séria falta de recursos para a montagem de laboratórios e para o treinamento de professores, o que justifica esforços no desenvolvimento de experimentos de baixo custo e de fácil implementação, voltados especificamente para o ensino de física. Baseado neste foco é que o presente trabalho é apresentado. Michalski e Rak (2005) mostram que, embora o desenvolvimento tecnológico e a globalização tenham favorecido significativamente a ocorrência de muitas mudanças estruturais no ensino de ciências e de tecnologias, nem todos tem acesso às mesmas. Thacker (2003) destaca a importância do uso de tecnologias como uma ferramenta educacional, a qual tem colaborado com mudanças no ensino desta ciência nos últimos anos. Apesar destas modernizações, a falta de acesso a recursos tecnológicos também é destacada por Campos e Menezes (2009), o qual mostra que, em muitos casos, a própria experimentação no ensino de física acaba sendo confundida com a simples demonstração de experimentos, pois as escolas não possuem laboratórios ou infra-estrutura suficientes para o eficiente desenvolvimento de experimentos práticos. Esta problemática é séria, pois, segundo Silva (2005) a simples interação de fórmulas e conceitos de forma desarticulada e distante da realidade dos alunos pode tornar o ensino de física desmotivante. Por outro lado, Pearl e Shanks (2002) mostram análises comprovando que o ensino de física aplicada, quando feito de forma bem planejada e motivacional pode ser fundamental para incentivar estudantes a darem continuidade aos estudos nesta área ou em áreas correlatas. Campos e Menezes (2009) apontam uma predisposição negativa por parte de muitos alunos em relação ao estudo da física, mas apontam que a educação deve ser alvo de inovações contínuas, o que pode permitir uma inversão desta tendência. Apesar da inegável importância do uso de recursos tecnológicos na educação, Muit-Herzig (2004) deixa claro que a integração de tecnologias no currículo escolar não é uma tarefa fácil, pois além dos recursos tecnológicos, também é requerida uma abordagem pedagógica, exigindo que os professores tenham um pleno acesso a tecnologia em uso, o que nem sempre é possível. Este trabalho ainda mostra que a falta de tempo e a falta de acesso às II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia 07 a 09 de outubro de 2010 Artigo número: 61 ISSN 2178-6135 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT tecnologias de alto custo são barreiras limitantes para o uso de tecnologias na educação, sendo que em muitos casos o treinamento de professores é focado no simples uso dos equipamentos sem uma clara preocupação voltada para a sua eficaz integração no projeto pedagógico do curso. Araujo e Abib (2003) mostram que, apesar de existirem muitas pesquisas sobre o uso de experimentos no ensino de física, a maioria dos manuais de apoio ou livros ainda se parece mais com “livros de receitas” que se limitam apenas à confirmação da teoria previamente definida. Várias dificuldades no ensino de física são relatadas por Rezende e Ostermann (2005), os quais apontam, entre outras coisas, a falta de tempo para preparar aulas práticas de laboratórios, dificuldades para o uso de tecnologias e dificuldades para contextualizar o conteúdo da disciplina. Podemos concluir, com base nos estudos descritos nesta seção, que existe um acentuado desenvolvimento tecnológico que pode ser diretamente aplicado no ensino de física, porém, a sua efetiva utilização ainda enfrenta problemas econômicos e estruturais, o que induz naturalmente a uma preocupação voltada para o desenvolvimento de ferramentas de baixo custo e de fácil implementação. Também se pode observar que, o puro e simples desenvolvimento de equipamentos de baixo custo não é o suficiente para resolver todos os problemas relacionados a abordagens práticas do ensino de física, porém, esta é uma contribuição significativa para uma melhoria educacional. Assim, estas conclusões motivaram o desenvolvimento do presente trabalho, onde apresentamos um processo de baixo custo para o estudo e desenvolvimento de experimentos com sensores em cursos de física. 2. Implementações e Discussões A metodologia proposta, neste artigo, para a abordagem educacional envolvendo sensores em cursos de física é iniciada com uma abordagem conceitual sobre o tema, onde são destacadas algumas características, como a linearidade da função de transferência. Após a abordagem conceitual, propomos a montagem e análise de um circuito eletrônico com a utilização de apenas um potenciômetro e de um resistor, que permite a geração um sinal de saída semelhante ao sinal gerado por sensores lineares e não lineares, favorecendo o seu estudo. 2.1 Conceitos Fundamentais II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia 07 a 09 de outubro de 2010 Artigo número: 61 ISSN 2178-6135 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT Tecnicamente um sensor é um dispositivo que sofre uma variação em alguma de suas características internas em função da variação de uma grandeza externa. Por exemplo, um sensor resistivo de temperatura sofre uma variação da sua resistência em função da temperatura, um sensor capacitivo de umidade relativa do ar sofre uma variação da sua capacitância em função da umidade do ar. Em muitos casos, os sensores podem requer uma fonte externa de alimentação, ou até mesmo um conjunto de componentes eletrônicos adicionais, para formar um circuito a partir do qual é fornecida uma saída no formato de um sinal elétrico proporcional a grandeza medida, conforme exemplifica a figura 1. Figura 1 - Estrutura de um dispositivo de sensoriamento, onde, além do sensor, o sistema também usa uma bateria e componentes eletrônicos auxiliares. Apesar de muitos sensores exigirem uma fonte externa de alimentação, diversos sensores são capazes de gerarem uma tensão de saída por si só, como ocorre com os termopares, que geram uma tensão de saída em função da variação de temperatura, sem a necessidade de fontes externas de alimentação (Lira, 2001; Fialho, 2002; Prasad et al, 2010). Os sensores que necessitam de uma fonte externa de alimentação são chamados de sensores ativos, enquanto que os sensores que não necessitam da fonte externa, como os termopares, são chamados de sensores passivos (Smardzewski, 1984; Fraden, 2004; Wilson, 2005). Muitos autores chamam este tipo de sensor de transdutor, porém, o termo transdutor inclui qualquer mecanismo que transforme uma forma de energia em outra, independentemente da preocupação na medição de uma grandeza física externa (Nyce, 2004; II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia 07 a 09 de outubro de 2010 Artigo número: 61 ISSN 2178-6135 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT Prasad et al, 2010), como acontece na geração de energia elétrica em uma usina hidroelétrica. Diante destas denominações, o INMETRO (Inmetro, 2000) estabeleceu uma portaria em março de 1995 onde é oficialmente adotada no Brasil a versão do Vocabulário Internacional de Termos Fundamentais e Gerais de Metrologia, baseado em definições elaboradas por diversas entidades internacionais, como o Bureau Internacional de Pesos e Medidas (BIPM) e a União Internacional de Física Pura e Aplicada (IUPAP). Nesta terminologia é utilizado o termo Transdutor de Medição (Inmetro, 2000; Lira, 2001), que é traduzido para o inglês como “measuring transducer” e que é definido, na área de sensoriamento, como um dispositivo que fornece uma grandeza de saída em função da variação de uma grandeza de entrada. Neste caso, os sensores ativos, quando conectados a uma fonte de alimentação, e os sensores passivos, podem ser classificados como transdutores de medição. Observe que todas estas terminologias são muito confundidas e misturadas, inclusive por autores de livros, o que requer uma atenção redobrada por parte do professor. É importante que o próprio professor esclareça para os alunos a respeito das possíveis confusões que possam ser encontradas nesta terminologia, a fim de que o aluno venha a desenvolver o seu próprio senso crítico. 2.1.1 A Função de Transferência de Sensores Uma das principais características de um sensor é a sua função de transferência, que estabelece a relação entre o sinal elétrico de saída e a grandeza física medida. Esta função é muito importante para que se possa entender grande parte do comportamento do sensor. A figura 2 exemplifica a função de transferência para um sensor linear e um sensor não linear. II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia 07 a 09 de outubro de 2010 Artigo número: 61 ISSN 2178-6135 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT Figura 2 - Exemplificação da função de transferência linear e não linear. Além da função de transferência, o estudo básico de sensores pode incluir conceitos fundamentais, como: • Tipo do sensor: Indica a sua característica interna de variação e o parâmetro físico medido, como, por exemplo, sensor resistivo de temperatura; • Linearidade: Indica se a curva da função de transferência é linear ou não linear. Sensores não lineares exigem técnicas mais específicas para a sua utilização prática; • Resolução: é a menor variação da grandeza física medida que pode provocar alterações nas características do sensor; • Sensibilidade: É a relação entre a variação da grandeza física medida e a variação do sinal de saída; • Exatidão: É a diferença entre o valor real da grandeza medida e o valor indicado pelo dispositivo de sensoriamento. Ou seja, simplificadamente, a exatidão representa o erro da medição; • Precisão: A precisão representa a repetibilidade da medição. Ou seja, se a grandeza externa medida for mantida em um valor fixo, a precisão indica a variação (diferença) que pode existir entre diversas medições sucessivas para o mesmo valor fixo da grandeza; • Faixa de operação: Indica o valor mínimo e o máximo que o sensor pode detectar da grandeza física medida; • Faixa de sinal de saída: é indicada como a faixa do valor do sinal de saída associada à faixa de operação. Observe que se o sensor não for exato, mas for preciso, o valor da medição poderá ser corrigido, pois ele irá apresentar um comportamento repetitivo, ou seja, a proporção do erro será sempre a mesma. Neste trabalho, o foco é na linearidade da curva de transferência, o que será analisado nas próximas seções. II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia 07 a 09 de outubro de 2010 Artigo número: 61 ISSN 2178-6135 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT 2.1.2 Sensores Lineares Uma das maneiras mais simples e eficientes de se introduzir sensores lineares em laboratórios didáticos é com o sensor de temperatura LM35, que é um sensor na forma de circuito integrado, que tem um saída linear de 10 mV/°C. O custo deste sensor gira na faixa entre R$ 5,00 e R$ 10,00 e pode ser facilmente comprado pela Internet, o que facilita significativamente o seu uso. Além disto, este sensor tem características muito interessantes, como saída diretamente calibrada em graus Celsius, não necessita de nenhum dispositivo eletrônico auxiliar de calibração, faixa de medição de -55°C a +150°C e alimentação com tensão de 4 a 30 Volts. A figura 3, nos itens (A) e(B), mostra uma foto do sensor LM35 e a pinagem do LM35 vista pela parte de baixo do sensor, a qual é formada por apenas três pinos. Os pinos Vcc e GND são utilizados para ligação da fonte de alimentação e o pino intermediário (Vout) é para o sinal de saída linear de 10mV/°C, proporcional a temperatura medida. Figura 3 - (A) Foto do sensor de temperatura LM35. (B) Desenho dos pinos do sensor, vistos por baixo. O sensor também pode ser colocado diretamente em algumas superfícies para medição térmica, sendo que a temperatura do sensor fica em um limite com uma diferença máxima de 0,01°C da superfície. Em alguns casos onde existe a interferência do vento, o sensor pode ser colocado em um encapsulamento formado por uma ampola de metal ou resina epoxy (Carlton et al, 2008). A figura 4 ilustra a utilização de um multímetro para a implementação de um experimento simples e eficiente para medição da temperatura ambiente com o LM35. Como a saída do LM35 é de 10mV/°C, se o multímetro for colocado para medição da tensão na faixa de mV, então a medição da temperatura poderá ser facilmente realizada dividindo-se o valor da II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia 07 a 09 de outubro de 2010 Artigo número: 61 ISSN 2178-6135 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT tensão por dez. Por exemplo, uma tensão de 250 mV indica a medição de uma temperatura de 25°C. Figura 4 – Ilustração da medição direta de temperatura com o LM35 e um multímetro. 2.1.3 Sensores Não Lineares Em um sensor não linear, a função de transferência varia de forma não proporcional à grandeza medida. Exemplos simples e baratos de sensores lineares podem ser dados através de sensores resistivos de temperatura como o NTC e o PTC, e também através dos sensores resistivos dependentes de luz, chamados de LDR. Um LDR (Light Dependent Resistor) é um resistor cuja resistência varia em função da luz que incide sobre o mesmo e, tecnicamente, mede a grandeza definida como iluninamento. Esta grandeza é expressa em Lux (lx) e representa a incidência de um lúmem uniformemente distribuído sobre uma área de um metro quadrado (IPEN, 2010). Um exemplo bastante prático para o uso de um LDR é no sistema de iluminação onde uma lâmpada é automaticamente ligada e desligada com o por e o nascer do sol, respectivamente. A figura 5, nos itens (A) e (B), mostra os dois símbolos utilizados para o LDR, segundo o padrão americano e europeu, enquanto que a figura 5, no item (C,) mostra a foto real de um LDR. II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia 07 a 09 de outubro de 2010 Artigo número: 61 ISSN 2178-6135 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT Figura 5 - (A) e (B) mostram os símbolos utilizados para representar um LDR. (C) Foto de um LDR real. A figura 6 mostra a função de transferência do LDR modelo Sunrom-3190 (Sunrom, 2008), cuja resistência diminui de forma não linear em função do aumento do iluminamento. Figura 6. Variação não linear da resistência do LDR modelo Sunrom-3190. Termistores são resistores cujo valor da resistência varia de forma não linear em função da temperatura, tendo diversas aplicações industriais e em circuitos eletrônicos. Os Termistores podem ser do tipo PTC (Positive Temperatura Coefficient) ou NTC (Negative Temperature Coefficient). A figura 7 exemplifica a função de transferência do PTC, que aumenta a resistência em função do aumento da temperatura, e do NTC, cuja resistência diminui em função do aumento da temperatura. A função de transferência varia de acordo com o modelo e fabricante do termistor, porém, usualmente seguem a tendência exemplificada na figura 7 (Patsko, 2006). II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia 07 a 09 de outubro de 2010 Artigo número: 61 ISSN 2178-6135 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT Figura 7 - Exemplificação da variação não linear dos termistores PTC e NTC em função da temperatura 2.2 Divisores de Tensão Um divisor de tensão é um circuito formado pela associação de resistores a partir da qual se pode obter uma tensão de saída (Vo) derivada da tensão de entrada (Vin), conforme mostra a figura 8. Figura 8 – Um circuito divisor de tensão. A tensão da saída Vo, mostrada na figura 8, é expressa pela equação (1), sendo que o circuito poderia ser montado com a utilização de um sensor resistivo, como um PTC, NTC ou LDR. II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia 07 a 09 de outubro de 2010 Artigo número: 61 ISSN 2178-6135 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT Vo = [Vin/(R1+R2)]*R2 (1) 2.3 Potenciômetros O potenciômetro é um componente elétrico cuja resistência pode ser alterada diretamente pelo usuário, dentro de uma faixa específica de valores. Ou seja, o potenciômetro é um resistor variável, que como qualquer outro resistor, transforma energia elétrica em energia térmica devido ao efeito Joule, podendo causar uma queda de tensão. A figura 9, nos itens (A) e (B), mostra os símbolos utilizados para representar o potenciômetro, enquanto que a figura 9, item (C), mostra a foto de um potenciômetro real. Neste trabalho, os três terminais do potenciômetro são chamados de A, B e C, os quais representam, respectivamente, o terminal inicial, o central e o final, conforme mostra a figura 9(C). O terminal inicial e o terminal final, quando referidos em conjunto, são chamados de terminais de excitação. A resistência entre os terminais de excitação é fixa e é chamada resistência nominal do potenciômetro, sendo que a resistência entre o terminal central e os de excitação é variável. O potenciômetro tem um eixo central que é girado para variar a resistência em relação ao terminal central (B), sendo que o ângulo mínimo de rotação (0°) é quando o terminal B está em contato direto com o terminal A. O ângulo máximo, cujo valor varia em de acordo com o modelo e fabricante do potenciômetro, faz com que o terminal B fique em contado direto com o terminal C. Figura 9 - (A) e (B) símbolos utilizados para representar os potenciômetros. (C) foto de um potenciômetro com destaque para os terminais que, neste trabalho, são chamados de terminais A, B e C. II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia 07 a 09 de outubro de 2010 Artigo número: 61 ISSN 2178-6135 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT O ângulo máximo é chamado ângulo de rotação mecânica ou simplesmente ângulo de rotação, e varia conforme o modelo e fabricante do potenciômetro, assim, ao menos para efeitos didáticos, é comum que a posição do terminal B em relação ao terminal A, seja referenciada como uma porcentagem do ângulo de rotação. Neste trabalho, esta porcentagem será referenciada como Porcentagem de Rotação (Pr). Por exemplo, quando o terminal B estiver em contato direto com o A, o valor de PR será 0% e quando o terminal B estiver em contato direto com o terminal C o valor de Pr será 100%. Desta forma, não importa qual é o valor exato do ângulo de rotação mecânica do potenciômetro, pois estará sempre sendo referenciado a um valor relativo, o que é muito mais simples. Os primeiros potenciômetros foram projetados no final do século 19 e eram basicamente compostos de um fio enrolado em um tubo com um contato deslizante, a partir do qual era possível ajustar o valor de resistência desejado. Embora o registro de patente dos potenciômetros tenha sido obtido em 1907 por H. P. MacLagan, somente em 1952 Marlan E. Bourns desenvolveu uma tecnologia para a fabricação de potenciômetros de precisão em miniatura e em escala industrial (Todd, 1975). Embora a forma de construção tenha evoluído muito, a idéia básica ainda é utilizada nos atuais potenciômetros A figura 10, de relevante valor histórico, mostra a ilustração publicada originariamente por Evans (1914) sobre a estrutura um resistor variável comercial, cuja resistência máxima variava de 4 a 20 Ohms, conforme o fio utilizado no enrolamento. Figura 10. Ilustração publicada por Evans (1914) para descrever os resistores variáveis, compostos por um fio enrolado em um tubo, com um contato deslizante. II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia 07 a 09 de outubro de 2010 Artigo número: 61 ISSN 2178-6135 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT O dispositivo apresentado na figura 10 pode ser facilmente reproduzido para experiências didáticas com o uso de uma resistência de chuveiros. A figura 11 mostra a construção de um resistor variável, que foi construído com uma resistência de chuveiros, a qual pode ser comprada em qualquer loja especializada ou até supermercados, e tem uma estrutura similar a apresenta por Evans. No dispositivo da figura 11 a resistência máxima medida foi de 17 Ohms, o que fica bem perto dos valores descritos no dispositivo de 1914. Figura 11 – Foto de um resistor variável para fins didáticos, montado com resistência de chuveiro, inspirado na proposta original descrita em Evans (1914). Os potenciômetros têm diversas características diferentes, porém as principais podem ser resumidas em: • Resistência nominal: Indica o valor da resistência entre o terminal inicial e o final (terminais de excitação). Este valor é medido em Ohms e os modelos comerciais normalmente apresentam uma tolerância que varia de ±5% a ±10%; • Vida útil: Também é chamada de vida média entre falhas e indica o número de operações que o potenciômetro pode realizar antes de apresentar falhas devido ao sistema mecânico de contato existente em seu interior. Este valor é usualmente muito alto e assegura milhões de rotações completas entre os terminais de excitação; • Ângulo de rotação mecânica: Conforme descrito anteriormente, determina o ângulo existente entre os terminais de excitação; II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia 07 a 09 de outubro de 2010 Artigo número: 61 ISSN 2178-6135 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT • Torque: É a força necessária para movimentar o terminal central em torno do eixo do potenciômetro; • Resolução: Determina o giro mínimo do terminal central para que seja detectada uma variação da resistência. Normalmente, giros extremamente pequenos já causam variações da resistência; • Curva característica: Esta curva representa o modo como a resistência varia entre o terminal inicial e o terminal central, em função da rotação do eixo central. Assim, os potenciômetros podem ser classificados em linear, logarítmico e anti-logarítmico. 2.4 Simulação da Função de Transferência com Potenciômetros Embora existam sensores de baixo custo no mercado, na realidade de muitas escolas, a sua aquisição pode encontrar dificuldades como a seleção dos componentes, entregas ou mesmo de falta de verbas para pequenas despesas. Diante disto, este trabalho propõe o desenvolvimento de experimentos com o uso de simples potenciômetros lineares, que podem ser facilmente encontrados no mercado ou até mesmo retirados de velhas sucatas eletrônicas. Com estes potenciômetros é possível simular o comportamento de sensores resistivos lineares e não lineares, possibilitando uma série de experimentos interessantes. No experimento, é possível fazer a resistência variar de forma linear e não linear, como se fosse a resistência de um sensor, e também é possível fazer a tensão variar da mesma forma, como se fosse um transdutor de medição. Mesmo em escolas que tenham laboratórios com sensores disponíveis, os experimentos propostos neste trabalho podem ser interessantes devido ao seu forte caráter educacional. 2.4.1 Variação linear da resistência e tensão A figura 12 mostra um circuito composto de um potenciômetro linear de 1 KΩ e um resistor (Rx), que permite a obtenção de uma tensão de saída (Vo) linear, que varia em função da Pr do potenciômetro e tem características dependestes do valor de Rx. II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia 07 a 09 de outubro de 2010 Artigo número: 61 ISSN 2178-6135 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT Figura 12 – Esquema do circuito onde as características da tensão de saída variam em função de PR, e dependem do valor de Rx. Note que na figura 12, os pinos A, B e C do potenciômetro seguem a ordem mostrada na figura 9(C). A figura 13 mostra que o gráfico de variação da tensão Vo em função da porcentagem de rotação (Pr) do potenciômetro linear de 1 KΩ. Este gr áfico de tensão forma uma reta, cujo ângulo varia em função de resistor Rx. Para Rx igual a Ω, 0 o ângulo da reta é 45°, sendo que o mesmo diminui a medida que o valor de Rx aumenta, conforme é mostrado na figura 13 para valores de Rx iguais a 0 Ω, 100 Ω, 200 Ω e 500 Ω. Figura 13 – Variação de Vo em função de Pr, para diferentes valores de Rx. II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia 07 a 09 de outubro de 2010 Artigo número: 61 ISSN 2178-6135 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT Estes experimentos permitem fazer a variação de uma resistência análoga a de um sensor linear e também permite a obtenção de uma tensão de saída linear, com gráfico da curva em diversos ângulos, análoga a de um transdutor de medição linear. 2.4.2 Variação não linear da resistência Um potenciômetro linear e um resistor são suficientes para a montagem de um circuito que pode ter uma curva característica não linear e, portanto, simular o comportamento de um sensor resistivo não linear como um NTC, PTC ou LDR. Observe que, ao invés de um potenciômetro linear e de um resistor, poderia ser utilizado diretamente um potenciômetro não linear para esta simulação, porém, um potenciômetro linear específico tem sempre a mesma curva de variação da resistência. Com isto, o uso de um potenciômetro linear e de um resistor tem uma grande vantagem neste tipo de experimento didático, que é a de permitir que as variações da resistência e da tensão sejam ajustadas de acordo com os valores do potenciômetro e do resistor. Assim, é possível fazer diversos experimentos, levantar diversas curvas características, e fazer uma aproximação muito mais fiel de sensores reais. A figura 14 mostra um circuito elétrico onde um resistor é colocado entre os terminais B e C de um potenciômetro. Neste caso, a resistência entre os terminais A e B será chamada de Ra, enquanto que a resistência ente os terminais B e C será chamada de Rb. O resistor externo colocado entre o terminais B e C será chamado de Rx. Observe que Rx forma uma associação de resistores em paralelo com o valor de Rb e o valor desta associação será chamado de Rp. II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia 07 a 09 de outubro de 2010 Artigo número: 61 ISSN 2178-6135 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT Figura 14 -. Esquema do circuito para obtenção de uma tensões com características não lineares. No circuito da figura 14, a resistência total, medida entre os terminais A e C do potenciômetro é calculada de acordo com a equação (2). RT = Ra + Rp (2) Sendo que o valor de Rp é calculado como: Rp = (Rb*Rc)/(Rb+Rc) (3) A figura 15 mostra a variação de resistência Rp, medida em um circuito com um potenciômetro linear de 1 KΩ e valores do resistor Rx com 100Ω, 500Ω e 600Ω. Estes valores de Rx foram escolhidos intencionalmente, pois 500Ωé exatamente metade do valor de resistência nominal do potenciômetro utilizado no experimento. O valor de Ω100 está bem abaixo da metade, enquanto que o valor de 600Ω est á apenas um pouco acima da metade. Isto permite analisar o comportamento das curvas em função da relação percentual existente entre Rx e o valor nominal do potenciômetro. Figura 15 - Variação de Rp em função de Pr, utilizando um potenciômetro linear de 1 K Ω e diferentes valores de Rx. II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia 07 a 09 de outubro de 2010 Artigo número: 61 ISSN 2178-6135 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT Neste experimento é possível a obtenção de diferentes curvas não lineares de resistência, cuja variação pode ser facilmente obtida com a simples troca do valor de Rx. Neste circuito, o próprio resistor Rx poderia ser substituído por um segundo potenciômetro, facilitando o desenvolvimento de um experimento para o levantamento de diversas curvas características. 2.4.3 Variação não linear da tensão A tensão obtida nos terminais do potenciômetro da figura 14 pode ser análoga à tensão de saída de transdutores de medição não lineares. Neste trabalho, a tensão entre os terminais inicial e central (A e B) é chamada de Va e a tensão entre os terminais central e final (B e C) é chamada de Vp. A figura 15 mostra a variação de tensão Va quando utilizados resistores Rx de 100Ω, 500Ω e 600Ω. A figura 16 mostra a variação de tensão Vp quando utilizados resistores Rx de 100Ω e 500Ω e 600Ω. Na determinação das tensões nas figur as 15 e 16, o potenciômetro utilizado foi sempre um modelo linear de 1 KΩ. Figura 15 - Variação da tensão Va em função de Pr, para diferentes valores de Rx. II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia 07 a 09 de outubro de 2010 Artigo número: 61 ISSN 2178-6135 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT Figura 16 - Variação da tensão Vp em função de Pr, para diferentes valores de Rx. As figuras 15 e 16 mostram que com o circuito da figura 14 é possível a obtenção de curvas não lineares crescentes e decrescentes de tensão, sendo que o valor de Rx influencia diretamente estas curvas. Portanto, o circuito proposto na figura 14 permite que o aluno faça experimentos a fim de ajustar a curva do sinal de modo que a mesma fique melhor ajustada ao padrão estabelecido pelo professor. 5. Conclusões Este artigo fez uma abordagem sobre alguns tópicos conceituais na área de sensores e mostrou que sensores baratos e de fácil aquisição, como o LM35 e um LDR, podem ser muito eficientes para práticas em cursos de físicas. O artigo também prova que é possível utilizar circuitos eletrônicos extremamente simples e baratos para mostrar o comportamento de curvas características de sensores e transdutores de medições lineares e não lineares, em laboratórios de física. É possível, de forma simples e objetiva, mostrar aos alunos como gerar curvas características de tensão de saída semelhantes às geradas por sensores reais, o que, mesmo em laboratórios de física com recursos, pode ser considerado um experimento bastante didático e motivacional. Estes experimentos, além dos conceitos sobre sensores, também compõe uma interessante forma de consolidar conceitos básicos de eletricidade. Desta forma, este trabalho II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia 07 a 09 de outubro de 2010 Artigo número: 61 ISSN 2178-6135 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT mostra que, de forma criativa, é possível introduzir o estudo sobre sensores, mesmo em escolas com poucos recursos materiais. 6. Referências ARAUJO, MAURO S. T.; ABIB, M. L. V. DOS SANTOS. Atividades experimentais no ensino de física: diferentes enfoques, diferentes finalidades. Revista Brasileira de Ensino Física, v.25, n.2, pp. 176-194, 2003. CAMPOS, E. S.; MENEZES, ANA P. S. Práticas Avaliativas no ensino de física na amazônica. Latin American Journal of Physics Education. v. 3, n.3, Sept. 2009. CARLTON, K.; LISGARTEN, D.; SCHIMMIN, J. A simple temperature probe. Physics Education, pp. 28-29, Jan. 2008. EVANS, H. J. Progressive electro-dynamics equipment – Bulletin n° 12. Central Scientific Company, Chicago, IL, USA, 1914. 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Professor no Departamento de Computação da Faculdade de Ciências (FC) da Universidade Estadual Paulista (UNESP), no Campus de Bauru-SP. [email protected] II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia 07 a 09 de outubro de 2010 Artigo número: 61 ISSN 2178-6135 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT Andréa Carla Gonçalves Vianna. Professora no Departamento de Computação da Faculdade de Ciências (FC) da Universidade Estadual Paulista (UNESP), no Campus de Bauru-SP. [email protected] II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia 07 a 09 de outubro de 2010 Artigo número: 61 ISSN 2178-6135