XII CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL TRILHA ECOLÓGICA COMO INSTRUMENTO PARA CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL NO INSTITUTO FEDERAL DO SUL DE MINAS GERAIS - CÂMPUS MACHADO Alice Souza Leal¹, Maria das Graças de Souza Carvalho¹, Rodolfo Speretta¹, Vinicius José Silva Barbosa Moreira¹, Ricardo Henrique de Carvalho¹, Guilherme dos Anjos Nascimento ¹, Walnir Gomes Ferreira Júnior², José Alencar de Carvalho². ¹ Discente do curso de Ciências Biológicas do Instituto Federal do Sul de Minas Gerais - Câmpus Machado. Rodovia Machado-Paraguaçu, km 03, s/n, Bairro Santo Antônio, Machado - MG, CEP: 37.570-000. Autor para correspondência: [email protected] ² Docente do Setor de Biologia do Instituto Federal do Sul de Minas Gerais - Câmpus Machado. Rodovia Machado-Paraguaçu, km 03, s/n, Bairro Santo Antônio, Machado - MG, CEP: 37.570-000. INTRODUÇÃO O contato do homem com a natureza nas sociedades contemporâneas encontra uma barreira cultural ditada pelos meios de comunicação e pelo consumismo. A história evolutiva do homem tem sido marcada por etapas distintas de desenvolvimento que produzem mudanças de mentalidade e comportamento, conduzindo-os a novos conhecimentos e ações, modificando, assim, sua vida em sociedade. A ação humana, de uma forma ou de outra, de uma forma geral acaba por produzir impactos negativos sobre o meio ambiente, determinando os rumos da sobrevivência de organismos pertencentes aos ecossistemas alterados (Projeto Doces Matas, 2002). Com o intuito de promover a interação do homem na natureza e amenizar a vida corrida em centros urbanos, estagiários do Museu de Ciências Naturais “José Alencar de Carvalho”, localizado no Instituto Federal do Sul de Minas Gerais (IFSULDEMINAS) - Câmpus Machado, iniciaram trabalhos com temas voltados para conscientização ambiental através da inserção de trilha ecológica interpretativa entre as atividades didáticopedagógicas existentes no referido museu. Segundo VASCONCELOS (2006), a presença do homem na natureza possibilita o entendimento de questões ecológicas com suas interdependências; reconhecimentos das consequências das ações humanas e das próprias ações sobre o entorno; a busca de formas sustentáveis de viver através de escolhas conscientes e o envolvimento nos esforços conjuntos para a conservação da natureza. OBJETIVO O presente trabalho tem como objetivo implantar uma trilha ecológica interpretativa na Mata da Biologia, situada no Câmpus Machado do IFSULDEMINAS, com o intuito de proporcionar aos visitantes maior contato com o ambiente natural despertando a consciência ecológica para a conservação da biodiversidade e dos recursos naturais. MATERIAL E METODOS O Instituto Federal do Sul de Minas Gerais - Câmpus Machado está inserido na região que integra o domínio da Floresta Estacional Semidecídua, dentro do ecossistema denominado Floresta Tropical Atlântica ou bioma Mata Atlântica (IBGE, 2004) no município de Machado, Sul de Minas Gerais. A Mata da Biologia é um dos remanescentes florestais existentes no Câmpus com área de 8,0ha situado a 850m de altitude. A região apresenta relevo variando de fortemente ondulado a montanhoso, altitude entre 835m (foz do córrego Coroado) e 1.310m (cabeceira do córrego da Barra). A geologia se apresenta de forma homogênea, conforme mapeamento disponível, estando inserida no Complexo Varginha, constituído, principalmente, por gnaisses migmatíticos oftálmicos. São encontrados três classes de solos: o Latossolo Vermelho distrófico, o Argissolo Vermelho-Amarelo distrófico e o Argissolo Vermelho eutrófico (Projeto RADAMBRASIL, 1983). A temperatura média anual é de 21,2oC; a média mensal máxima de 27oC; a média mensal mínima de 14,2oC; e o índice pluviométrico médio anual é de 1.824mm (Moura et al., 2007). 1 XII CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL Primeiramente a área foi medida com a utilização de aparelho de GPS (Global Position System), para em seguida ser feita a limpeza em todo o trajeto da trilha. Durante a limpeza da trilha somente foram retiradas espécies de gramíneas forrageiras invasoras que obstruíam parcialmente a trilha. Na sequência, o caminho foi demarcado com a utilização de placas sinalizadoras confeccionadas em madeira de reuso oriunda da marcenaria do Câmpus. RESULTADOS E DISCUSSÃO A trilha, denominada Trilha da Figueira, é uma antiga estrada abandonada em processo de sucessão secundária natural a dois (2) anos e com 1.400m de extensão. A Trilha da Figueira apresenta em seu percurso diversos tipos vegetacionais, desde formações abertas com pastagem de capim-colonião (Panicum maximum Jacq.), braquiária (Urochloa decumbens (Stapf.) Webster) e capim-elefante (Cenchrus purpureus (Schumach.) Morrone) até formações florestais com remanescentes de Floresta Estacional Semidecídua em distintos estádios sucessionais. Em toda a extensão da trilha foram estabelecidos pontos de parada específicos: 1) Parada inicial; 2) Parada das epífitas; 3) Parada dos troncos e 4) Parada da figueira, com intuito de observar a biota existente, principalmente a flora, e os fatores abióticos (solo, relevo, luminosidade), sempre em meio a discussões que tenham como foco a necessidade do uso sustentável e a conservação dos recursos naturais, bióticos e abióticos, pelo homem.Também foram identificadas árvores de grande porte para que os visitantes tenham conhecimento de algumas espécies existentes na floresta, tais como o palmito-jussara (Euterpe edulis Mart.), sendo esta espécie descrita como “Ameaçada de Extinção” da Lista Oficial de Espécies da Flora Brasileiras Ameaçadas de Extinção do Ministério do Meio Ambiente (Instrução Normativa MMA nº 6, de 23 de setembro de 2008), o pau-fumo (Vernonanthura divaricata (Spreng.) H.Rob. ), o mandiocão (Manihot pilosa Pohl), o angico-vermelho (Anadenanthera peregrina (L.) Speg.), o pau-jacaré (Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F.Macbr.), o pau-pereira (Platycyamus regnellii Benth.), o quaresmão (Miconia chartacea Triana) e a figueira (Ficus sp.), árvore esta que, em virtude de suas dimensões e beleza, empresta o nome à trilha - Trilha da Figueira. CONCLUSÃO Com a realização deste trabalho, percebeu-se que a implementação de trilha é um processo que requer cuidado e conhecimento específico para que haja o mínimo de interferência na fauna e flora local. Com a implementação da trilha espera-se a realização de mais trabalhos com visitantes de escolas da região e um projeto de inclusão de idosos e pessoas com necessidades especiais no grupo de visitantes da Trilha da Figueira do IFSULDEMINAS - Câmpus Machado tendo em vista o baixo grau de dificuldade e esforço necessário para completar trilha. REFERÊNCIAS Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 2004. Mapa de Biomas do Brasil: Primeira aproximação. Rio de Janeiro: IBGE, 2004. Mapa, colorido. Escala 1:5.000.000. Moura, L. C. et al. 2007. A aptidão agrícola das terras do município de Machado / MG e a cafeicultura. Caderno de Geografia 17:141-162. Projeto Doces Matas. 2002. Brincando e aprendendo com a mata: manual para excursões guiadas. Belo Horizonte Projeto RADAMBRASIL. 1983. Folha SF 23/24. Rio de Janeiro/Vitória, geologia, geomorfologia, pedologia, vegetação e uso potencial da terra. Levantamento de Recursos Naturais, 32. Ministério de Minas e Energia, Rio de Janeiro, RJ. 780p. Vasconcelos, F.C.; Cyrino, A. B. 2000. Vantagem competitiva: os modelos teóricos atuais e a convergência entre estratégia e teoria organizacional. Revista de Administração de Empresas 4: 20-37. 2