Apontamentos: Escudo Volume 3: 1982-2001 Nuno Couto Apontamentos: Escudo Para a Renata 1 Apontamentos: Escudo 2 Apontamentos: Escudo Mundo Rural A legislação associada à emissão da moeda comemorativa relativa ao Conselho da Europa 1987: Mundo Rural, a qual foi publicada em decreto-lei 224A/87 de 3 de Junho durante o governo de Cavaco Silva, era seu ministro José Cadilhe, sendo Presidente da República Mário Soares. Considerando que, em finais de 1985, o Conselho da Europa aprovou a organização de uma campanha europeia a favor do mundo rural, que tinha sido atribuída a Portugal a responsabilidade do seu lançamento oficial, em 12 de Junho de 1987, por ocasião da V Conferência Ministerial Europeia sobre o Ambiente e da Feira Nacional da Agricultura, em sessões que decorreram em Lisboa e Santarém. Dado o interesse de Portugal na participação activa nesta campanha, tendo em conta a importância da componente agrária na sua economia e ainda a importância de que se reveste uma ampla sensibilização do público para os objectivos desta campanha, foi aprovada a autorização da emissão de uma moeda comemorativa desta iniciativa. Esta teve por base a moeda circulante de 10$00em latão-níquelde autoria de Helder Baptista, o qual desenvolveu um reverso comemorativo especial o qual apresentava no centro do campo, o emblema da Campanha Europeia para o Mundo Rural, orlado por doze estrelas e circundado pela legenda, da esquerda para a direita, “Conselho da Europa - Mundo Rural”; na orla inferior, o valor facial “10$00”. Ficha Técnica Peso: 7,4 g Diâmetro: 23,5 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Latão-níquel Composição: Cu 790, Sn 200,Ni 10 Autor: Helder Baptista Decreto: 224A/87 de 03/06/1987 Ano 1987 Cunhagem 2 000 000 Código 084.01 3 Apontamentos: Escudo 1ª Série Descobrimentos: Navegações e Descobrimentos da Costa Ocidental Africana A legislação associada à emissão da 1.ª Série dos Descobrimentos dedicada às Navegações e Descobrimentos da Costa Ocidental Africana, a qual foi publicada em decreto-lei 282/87 de 24 de Julho durante o governo de Cavaco Silva, sendo Presidente da República Mário Soares. A passagem do cabo da Boa Esperança e a descoberta do termo austral da África representam um dos feitos mais memoráveis da história dos Descobrimentos, culminando mais de 50 anos de sucessivas e sistemáticas viagens de exploração da costa ocidental africana. Desde 1434, ano da não menos importante viagem de Gil Eanes que permitiu ultrapassar a temerosa posta do cabo Bojador, até então considerado como limite convencional do mundo, até 1488 foram inúmeras as viagens de navegadores portugueses que contribuíram para o aperfeiçoamento da ciência náutica e para o conhecimento de novas terras, de novas gentes e de novas culturas. Integradas nas comemorações nacionais dos 500 anos dos descobrimentos portugueses, considerou-se da maior oportunidade assinalar algumas efemérides representativas dessas explorações marítimas com a emissão de uma série de quatro moedas comemorativas alusivas à passagem do cabo Bojador (Gil Eanes, 1434), ao reconhecimento das costas do Senegal até ao rio Gâmbia (Nuno Tristão, 1446), ao reconhecimento das costas do Sudoeste Africano (Diogo Cão, 1486) e à passagem do cabo da Boa Esperança (Bartolomeu Dias, 1488). Esta emissão foi a primeira de sequência de séries comemorativas praticamente com frequência anual, inicialmente estavam preparadas dez séries, mas acabariam por ser onze. Para além das emissões para circulação em cuproníquel, (inicialmente de 100$00 e depois de 200$00), foram emitidas séries BNC, proof em prata, proof em ouro e ainda as colecções prestígio com quatro moedas em quatro metais (ouro, prata, paládio e platina). Estas emissões especiais para além das habituais caixas em madeira especiais eram acompanhadas de documentação especialmente preparada explicativa dos motivos comemorativos, representações de mapas, entre outras. Por fim, referência à existência de letra nas moedas de ouro (J). Esta refere-se às Minas de Jales, as últimas minas de ouro activas existentes no território do continente português no século XX. Destas minas foi retirado o ouro utilizado na cunhagem da primeira série comemorativa. A primeira série foi cunhada com valores de 100$00 em cuproníquel. Os autores das moedas foram: Raul Machado (Gil Eanes), Isabel Carriço e Fernando Branco (Nuno Tristão), Paulo Guilherme (Diogo Cão) e Jorge Vieira (Bartolomeu Dias). 4 Apontamentos: Escudo A inexistência de gravuras coevas dos navegadores representados levou À apresentação de imagens representativas dos vários navios utilizados por estes navegadores. Assim, na de Gil Eanes surge uma barca. Na de Nuno Tristão, Diogo Cão e Bartolomeu Dias apresentam uma caravela portuguesa com dois mastros. No caso de Diogo Cão é ainda feita referência aos Padrões deixado por este navegador na costa africana. Gil Eanes Gil Eanes foi um navegador português, escudeiro do Infante D. Henrique, e cuja biografia permanece ainda pouco conhecida e muito discutida. Foi o primeiro a navegar para além do Cabo Bojador, em 1434, dissipando o terror supersticioso que este promontório inspirava e iniciando assim a época dos “grandes descobrimentos”. O Infante D. Henrique conseguiu incentivar Gil Eanes a tentar a proeza da passagem. Ao dobrar o cabo, reforçou o papel de Portugal como nação marítima. De acordo com Gomes Eanes de Zurara, o Infante o armou cavaleiro e arranjou-lhe um rico casamento. Sabe-se que em 1446 partiu para a exploração da costa da actual Mauritânia e combate aos Muçulmanos que tentavam impedir os progressos da navegação portuguesa através da pirataria, de onde trouxeram o maior número de escravos de sempre. Regressou a meio da viagem devido ao mau tempo, não havendo mais dados biográficos concretos a partir dessa data, embora alguns historiadores afirmem que continuou a sua vida em Lagos. Este navegador permitiu um grande avanço na época dos descobrimentos. Entre 1424 e 1433, D Henrique enviou 15 expedições com a pesada missão de sobrepujar o cabo maldito. O Cabo Bojador era conhecido como cabo do medo. A 5 quilómetros da costa do cabo, em alto mar a profundidade é de apenas 2 metros, provavelmente devido ao assoreamento provocado por milhares de anos de tempestades de areia sopradas pelo deserto do Saara. Ondas altíssimas e recifes de arestas pontiagudas fervilham àquela região tornando a navegação muito arriscada. Em Maio de 1434, Gil Eanes aparelhou uma barca de 30 toneladas, com um só mastro, e uma única vela redonda e também movida a remos e parcialmente coberta. Com ela ao chegar nas proximidades do cabo do medo, decidiu manobrar para oeste afastando-se da costa africana. Após um dia inteiro de navegação longe da costa, deparou com uma baía plácida de ventos amenos, e então dobrou para sudeste e logo percebeu que havia deixado o cabo Bojador para trás. 5 Apontamentos: Escudo Nuno Tristão Nuno Tristão foi um navegador português do século XV, explorador e mercador de escravos na costa ocidental africana. Foi o primeiro europeu que se sabe ter atingido o território da actual Guiné-Bissau, iniciando entre os portugueses e os povos daquela região um relacionamento comercial e colonial que se prolongaria até 1974. Em 1441, Nuno Tristão e Antão Gonçalves foram enviados pelo Infante D. Henrique com a missão de explorar a costa ocidental da África a sul do Cabo Branco. Integrando um mouro que actuava como intérprete, a expedição liderada por Nuno Tristão ultrapassou aquele Cabo, à altura o ponto mais meridional atingido pelos exploradores europeus, e durante dois anos permaneceu nas águas do noroeste africano, avançando até ao Golfo de Arguim, na actual costa da Mauritânia, onde adquiriram 28 escravos. Em 1445 navegou até à região da Guiné, encontrando uma terra, que, em contraste com as regiões desérticas a norte, existiam muitas palmeiras e outras árvores e os campos pareciam férteis. Em 1446 Nuno Tristão desembarcou nas proximidades da actual cidade de Bissau, iniciando uma presença portuguesa na região que se prolongaria por quase 500 anos. Nuno Tristão foi morto em data desconhecida, provavelmente no ano de 1446, durante um assalto destinado à captura de escravos, ocorrido na costa africana, cerca de 320 km a sul do Cabo Verde. Diogo Cão Diogo Cão foi um navegador português do século XV nasceu provavelmente na região de Vila Real em data desconhecida. Enviado por D. João II, realizou duas viagens de descobrimento da costa sudoeste africana, entre 1482 e 1486. Chegou à foz do Congo e avançou pelo interior do rio, tendo deixado uma inscrição comprovando a sua chegada às cataratas de Ielala, perto de Matadi. Estabeleceu as primeiras relações com o Reino do Congo. Em 1485 chegou ao Cabo da Cruz (actual Namíbia). Introduziu a utilização dos padrões de pedra, em lugar das cruzes de madeira, para assinalar a presença portuguesa nas zonas descobertas. Bartolomeu Dias Bartolomeu Dias foi um navegador português que ficou célebre por ter sido o primeiro europeu a navegar para além do extremo sul de África, “dobrando” o Cabo da Boa Esperança e chegando ao oceano Índico a partir do Atlântico. Dele, que possuía origens judaicas, não se conhecem os antepassados, mas mercês e armas a ele outorgadas passaram a seus descendentes. Ignora-se onde e quando nasceu, no entanto alguns historiadores sustentam ter ele nascido em Mirandela. Sobre a sua família sabe-se apenas que um parente Dinis Dias e Fernandes, na década de 1440 terá comandado expedições marítimas ao longo da costa do Norte de África, tendo visitado as ilhas de Cabo Verde. 6 Apontamentos: Escudo Na sua juventude terá frequentado as aulas de Matemática e Astronomia na Universidade de Lisboa e serviu na fortaleza de São Jorge da Mina. Estava habilitado quer a determinar as coordenadas de um local, quer a enfrentar tempestades e calmarias como as do Golfo da Guiné. Em 1486, D. João II confiou-lhe o comando de duas caravelas e de uma naveta de mantimentos com o intuito público de saber notícias do Preste João. Ao comando da caravela S. Pantaleão estava João Infante. O propósito não declarado da expedição seria investigar a verdadeira extensão para Sul das costas do continente africano, de forma a avaliar a possibilidade de um caminho marítimo para a Índia. Porém antes disso, capitaneara um navio na expedição de Diogo de Azambuja ao Golfo da Guiné. Marinheiro experiente, o primeiro a chegar ao Cabo das Tormentas, como o baptizou em 1488 (chamado assim pois lá encontrou grandes vendavais e tempestades), um dos mais importantes acontecimentos da história das navegações. A expedição partiu de Lisboa em Agosto de 1487 a bordo levavam dois negros e quatro negras, capturados por Diogo Cão na costa ocidental africana. Bem alimentados e vestidos, serão largados na costa oriental para que testemunhem junto daquelas populações daquelas regiões a bondade e grandeza dos portugueses, e ao mesmo tempo recolher informações sobre o reino do Preste João. Em Dezembro atingiu a costa da actual Namíbia, o ponto mais a sul cartografado pela expedição de Diogo Cão. Continuando para sul, descobriu primeiro a Angra dos Ilhéus, sendo assaltado, em seguida, por um violento temporal. Treze dias depois, procurou a costa, encontrando apenas o mar. Aproveitando os ventos vindos da Antárctica que sopram vigorosamente no Atlântico Sul, navegou para nordeste, redescobrindo a costa, que aí já tinha a orientação este-oeste e norte (já para leste do Cabo da Boa Esperança, que foi renomeado pelo rei português D. João II, assegurando a esperança de se chegar à Índia, para comprar as tão necessárias especiarias e outros artigos de luxo. No entanto, a tripulação revoltada obrigou o capitão a regressar a Portugal pela linha da costa para oeste. No regresso, com a costa sempre visível, descobriu o Cabo das Agulhas, o ponto mais a sul do continente, e o Cabo das Tormentas, actual Cabo da Boa Esperança, cuja longitude tinha contornado por alto mar na viagem de ida, nessa viagem de volta colocou padrões de pedra nos principais pontos descobertos: a actual False Island, a ponta do Cabo das Tormentas, então descoberto, e o Cabo da Volta, hoje Diaz Point. Regressou a Lisboa em Dezembro de 1488.O sucesso da sua descoberta do caminho para a Índia não foi recompensado. Acompanhou a construção dos navios e acompanhou a esquadra de Vasco da Gama, em 1499 como capitão de um dos navios que tinha como destino até São Jorge da Mina. A expedição partiu em 1497. Em 1500, acompanhou Pedro Álvares Cabral na famosa viagem em que este descobriu o Brasil. Quando a frota seguia para a Índia, o navio em que Bartolomeu Dias ia naufragou e o marinheiro achou a morte junto da sua descoberta mais famosa - o Cabo da Boa Esperança. 7 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Peso: 16,5 g Diâmetro: 34 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: Raul Machado Decreto: 282/87 de 24/07/1987 Ano 1987 Cunhagem 1 000 000 Código 085.01 Ficha Técnica Peso: 16,5 g Diâmetro: 34 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: Isabel Carriço e Fernando Branco Decreto: 282/87 de 24/07/1987 Ano 1987 Cunhagem 1 000 000 Código 086.01 Ficha Técnica Peso: 16,5 g Diâmetro: 34 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: Paulo Guilherme Decreto: 282/87 de 24/07/1987 Ano 1987 8 Cunhagem 1 000 000 Código 087.01 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Peso: 16,5 g Diâmetro: 34 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: Jorge Vieira Decreto: 282/87 de 24/07/1987 Ano 1988 Cunhagem 1 000 000 Código 088.01 Raul Sousa Machado Nasceu no distrito de Viseu em 20 de Setembro de 1921 e reside em São João do Estoril. É oficial da Armada. Durante a sua vida adoptou como actividade paralela algumas modalidades artísticas, abrangendo a pintura, a escultura, o desenho, a gravura e a medalhística, nelas predominando naturalmente os temas navais que procurou aprofundar. Como trabalhos seus, que considera mais representativos, cita-se o mural da entrada do Museu Marítimo de Macau, em Macau, e o monumento aos Condes de Barcelona, em Cascais. Participou em múltiplas exposições e a sua obra reparte-se por diversas Instituições, Museus e colecções privadas com diversas citações de apreço e alguns prémios, que culminaram na atribuição do grau de comendador da Ordem de Santiago da Espada. Fez parte da equipa do Programa Numismático de moedas comemorativas dos Descobrimentos Portugueses. Paulo Guilherme Nasceu em Lisboa em 1932. Colaborador regular de quase todos os jornais diários e periódicos de Lisboa, dirigiu gráfica e literariamente vários semanários, publicou mais de cinco mil ilustrações e dezenas de capas de livros e ganhou inúmeros prémios de artes gráficas e publicidade. Dedicou-se intensamente à decoração de algumas casas particulares. Projectou centros comerciais, bancos e restaurantes; entre os seus projectos mais importantes figuram o Banco Pinto e Sotto Mayor, no Porto, O Aeroporto de Lisboa e o Museu do Centro Cultural de Macau em Lisboa. Realizou inúmeras exposições individuais e tem pinturas, desenhos, tapeçarias e esculturas em dezenas de colecções particulares em Portugal, Angola, Moçambique, Espanha, França, Itália, América do Norte e também no Brasil. Fez ainda diversos selos, moedas e medalhas. É autor de quatro livros, entre os quais um profundo estudo sobre a pirâmide de Quéops e O Segredo, o Poder e a Chave. Fez parte da equipa do Programa Numismático de moedas comemorativas dos Descobrimentos Portugueses (série I a III). Jorge Vieira Jorge Ricardo da Conceição Vieira nasceu em Lisboa, a 16 de Novembro de 1922, vindo a morrer em Évora em 1998.Depois de concluir o liceu, frequentou o Instituto Comercial e o Instituto Nacional de Educação Física. Em 1941, foi matriculado na Escola de Belas-Artes de Lisboa. Frequenta-a de 1944 a 1953, começando por matricular-se em Arquitectura e depois em Escultura. Expõe pela primeira vez em 1949 na SNBA. Em 1953 concorreu ao Concurso Internacional de Escultura promovido em Londres - “O Prisioneiro Político Desconhecido”. Foi premiado e a sua obra foi exposta na Tate Gallery. Em 1957 executou uma escultura/anúncio para a loja Palissi Galvani projectada pelos arquitectos Jorge Ferreira Chaves e Frederico Sant'ana, no Chiado, em Lisboa. A obra esteve em exposição, suspensa sobre a fachada da loja, na Rua 9 Apontamentos: Escudo Serpa Pinto, até à sua demolição em 2009.No ano de 1958 participa na Feira Internacional de Bruxelas. Aqui foi seleccionado para figurar na exposição “50 ans d’Art Modern” sendo o único escultor português aí patente. Obteve em 1961 o 1º Prémio de Escultura na 2ª Exposição de Artes Plásticas da Fundação Gulbenkian. Em 1964, integrado como escultor na equipa dirigida pelo Arq. Conceição Silva, obteve o 1º Prémio no concurso para a valorização plástica do maciço de amarração norte da Ponte sobre o Tejo. Em 1976 é 1º Assistente na Escola de Belas-Artes do Porto. No ano de 1981 transita para a Escola de Belas-Artes de Lisboa. Jubilou em 1992 como Prof. de Escultura. Em 1995 foi inaugurada a Casa das Artes Jorge Vieira em Beja. Dois anos depois realizava uma escultura para a EXPO 98 e em 1998 executou uma escultura para a Ponte Vasco da Gama. Faleceu em 1998 em Estremoz. Participou na 1.ª Série dos Descobrimentos em 1987. Amadeu Souza Cardoso A legislação associada à emissão da moeda comemorativa relativa a Amadeu Souza Cardos, a qual foi publicada em decreto-lei 282/87 de 24 de Julho durante o governo de Cavaco Silva e seu ministro das Finanças Miguel Cadilhe. Mário Soares era o Presidente da República. Tendo decorrido em 1987 o centenário no nascimento do pintor Amadeo de Souza-Cardoso, considerado como o precursor da arte moderna portuguesa, considerou-se da maior oportunidade assinalar a efeméride com a emissão de uma moeda comemorativa. Esta moeda cunhada em 1989 foi emitida com data de 1987 correspondente à efeméride em comemoração. Para a sua produção foi escolhido trabalho de Irene Vilarque utilizando a base habitual das moedas de 100$00em cuproníquel, esculpiu uma bela moeda que apresentava no anverso composição alegórica baseada nas pinturas de Amadeu de Souza Cardoso. No reverso surgia uma composição cubista do pintor assim como a sua efígie. Amadeu de Souza Cardoso Natural do lugar de Manhufe na freguesia de Mancelos (Amarante) onde nasceu em 14 de Novembro de 1887, vindo a falecer em Espinho (25 de Outubro de 1918). Foi um pintor precursor da arte moderna em Portugal, prosseguindo o caminho traçado pelos artistas de vanguarda da sua época. Embora tendo tido uma vida curta, a sua obra tornou-se imortal. Oriundo de uma família que o influenciou a ingressar no curso de Direito na Universidade de Coimbra. Depressa desistiu do curso e mudou-se para o curso de Arquitectura na Academia de Belas Artes de Lisboa (1905). O curso não satisfazia o seu génio criativo, por isso partiu para Paris em 1906, instalando-se em Montparnasse com a intenção prosseguir os seus estudos. As suas primeiras experiências artísticas conhecidas foram desenhos e caricaturas. 10 Apontamentos: Escudo Depois, dedicou-se à pintura. Poder-se-á dizer que foi um pintor impressionista, expressionista, cubista, futurista, mas sempre recusou qualquer rótulo. Apesar das múltiplas influências, procurava a originalidade e a criatividade na sua obra. Em 1908, instala-se no número catorze da Cité de Falguière. Frequentou ateliers preparatórios para a Academia das Beaux-Arts e a Academia Viti do pintor catalão Anglada Camarasa mas, apesar disso, não chegou a ser admitido. Em 1910, esteve alguns meses em Bruxelas e, em 1911, expôs trabalhos no Salondes Indépendants, em Paris, aproximando-se progressivamente das vanguardas e de artistas como Amedeo Modigliani, Constantin Brancusi, Alexander Archipenko, Juan Gris e Robert Delaunay. Em 1912, publicou um álbum com vinte desenhos e, em seguida, copiou o conto de Gustave Flaubert "LaLégende de Saint Julienl'Hospitalier", trabalhos ignorados pelos apreciadores de arte. Depois de participar com oito trabalhos numa exposição realizada em 1913 no Armory Show (Estados Unidos da América), voltou a Portugal, onde teve a ousadia de fazer duas exposições, respectivamente no Porto e em Lisboa. Nesse ano, participou ainda no Herbstsalon da Galeria Der Sturm, em Berlim. Em 1914, encontra-se em Barcelona com Antoni Gaudí e parte para Madrid, onde é surpreendido pelo início da I Guerra Mundial. Regressa então a Portugal, onde inicia uma meteórica carreira na experimentação de novas formas de expressão, tendo pintado com grande constância, ao ponto de, em 1916, expor no Porto, sob o título "Abstraccionismo", 114 obras, que serão também expostas em Lisboa, num e noutro caso com novidade e algum escândalo. O cubismo em expansão por toda a Europa foi uma influência marcante no seu cubismo analítico. Amadeo de Souza-Cardoso explora o expressionismo e, nos seus últimos trabalhos, experimenta novas formas e técnicas, como as colagens e outras formas de expressão plástica. Em 25 de Outubro de 1918, aos 31 anos de idade, morreu prematuramente em Espinho, vítima da gripe pneumónica que grassava em Portugal. 11 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Peso: 16,5 g Diâmetro: 34 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: Irene Vilar Decreto: 144/89 de 04/05/1989 Ano 1987 Cunhagem 800 000 Código 089.01 500 Escudos Ch. 12 Mouzinho da Silveira José Tavares Moreira Luís Miguel Beleza António de Sousa Walter Waldermar Pego Marques António Palmeiro Ribeiro Alípio Pereira Dias António Castel-Branco Borges António Bagão Félix António Pereira Marta Alberto José Santos Ramalheira 12 Abel António Pinto dos Reis Apontamentos: Escudo António Bagão Félix José Matos Torres Bernardino Costa Pereira Luís Miguel Beleza João Costa Pinto José António Cardoso Veloso Diogo Leite de Campos Abel Moreira Mateus Para a penúltima chapa de 500 escudos (a 12ª) foi evocada a figura do insigne estadista português, José Xavier Mouzinho da Silveira (17801849), figura que já tinha surgido na chapa 2 de 2$50. As maquetas iniciais, aprovadas em sessão do Conselho de Administração de 25 de Março de 1986, foram da autoria do Professor Luís Filipe de Abreu.A firma sueca AB Tumba Brukde Estocolmo foi encarregada do fabrico das chapas e estampagem das notas. A estampagem calcográfica da frente, a castanho e violeta, incluía a efígie de Mouzinho da Silveira, o escudo nacional, dísticos, quatro linhas horizontais, de que a segunda era microimpressa de “Mouzinho da Silveira” e, no canto inferior esquerdo, uma marca circular para leitura por invisuais. No canto inferior direito o dístico “500” contendo, em imagem latente, as iniciais “B” e “P” no interior dos dois zeros. O fundo em “offset” simultâneo a três cores, em tom geral avermelhado-salmão, apresentava motivos decorativos ligados à Agricultura, actividade que Mouzinho da Silveira tanto apoiou. Na estampagem calcográfica, a três cores (castanho, verde-azeitona e violeta), sobressaía uma composição com tema referido a culturas agrícolas, sobre fundo em “offset” simultâneo a três cores com motivos semelhantes aos da frente. O texto complementar (data, série, numeração, as palavras “O Governador”, “O Vice-Governador” e “O Administrador” e chancelas) foi impresso tipograficamente, a preto, nas oficinas do Banco. O papel foi fabricado na firma impressora. Incorporado no papel, podia observar-se, na metade esquerda, um filete de segurança microimpresso com o dístico “Portugal” e, quando sob a incidência da luz ultravioleta, fibras fluorescentes vermelhas e verdes distribuídas ao acaso sobre toda a superfície. A marca de água surgia no lado direito e apresentava o retrato de Mouzinho da Silveira ligeiramente reduzido relativamente à figura estampada. 13 Apontamentos: Escudo Tumba Bruk Companhia de microimpressão sueca, actualmente responsável pela impressão das notas de Coroa Sueca. Criada em 1755 após privilégio concedido por Eric Carl ao Banco Sveriges. Em 2001 foi vendida à companhia norte-americana American Crane AB, passando denominar-se AB Tumba Bruk. A sua maquinaria funcionava servida pela energia eléctrica produzida na Tumbaån, cujo fluxo de fazia do mar Báltico para o lago Tullinge numa distância de cerca de cinco quilómetros para um declive de cinco metros. 14 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Valor: 500$00 Chapa: 12 Frente: Retrato de Mouzinho da Silveira Verso: Motivos relacionados com Agricultura Maqueta: Luís Filipe de Abreu Marca de água: Mouzinho da Silveira Mecanismo de segurança: filete de segurança microimpresso com o dístico “Portugal”, fibras fluorescentes vermelhas e verdes sobre toda a superfície Medidas: 156x74 mm Impressão: AB Tumbra Bruk. Primeira emissão:07-10-1988 Última emissão: 29-09-1994 Retirada de circulação: 30-04-1998 Data 20-11-1987 04-08-1988 04-10-1989 13-02-1992 18-03-1993 04-11-1993 29-09-1994 Emissão 19 900 000 20 053 000 34 273 000 47 420 000 22 000 000 25 000 000 10 460 000 Combinações de Assinaturas 7 6 5 5 7 6 4 5000 Escudos Ch. 2 Antero de Quental José Tavares Moreira Walter Waldermar Pego Marques António Palmeiro Ribeiro Alípio Pereira Dias Alberto José Santos Ramalheira Abel António Pinto dos Reis José Matos Torres Luís Miguel Beleza José Luís Nogueira de Brito Para a segunda chapa de 5000 escudosfoi evocada a figura do poeta e escritor português Antero de Quental (1842-1891). No contrato celebrado em 14 de Setembro de 1897 ficou estabelecido que, nas notas resultantes dos desenhos elaborados por Louis Eugène Mouchon, deveria figurar o nome deste artista francês. A última nota a ser emitida com esta 15 Apontamentos: Escudo característica foi a de100 escudos, Chapa 1, em 3 de Dezembro de 1918. Passados quase setenta anos, reatou-se esta prática, com a elaboração desta nova nota de 5000 escudos, onde se observa, inscrito, o nome do autor das maquetas iniciais, Professor Luís Filipe de Abreu. Trabalho executado pela firma inglesa Thomas De La Rue & Co Ltd, desde a elaboração das chapas até à estampagem das notas. A estampagem a talhe-doce da frente apresentava, em tom geral verde, a efígie do poeta, dísticos, pombas simbolizando a liberdade e justiça social, três linhas horizontais, microimpressas com “Banco de Portugal” repetidamente, o escudo nacional, e, no canto inferior esquerdo, três círculos para identificação por invisuais. O fundo em tons amarelo-ocre, verde e violeta, era de técnica offset com trabalho numismático. O registo frente-verso observava-se pelas linhas verticais limites de impressão na margem esquerda e pelas linhas horizontais por baixo da marca de água, à direita. No verso, a estampagem calcográfica, com dois tons de verde e amarelo-ocre, mostrava dísticos, pombas esvoaçando, três linhas horizontais microimpressas com “Banco de Portugal”, e, como motivo central, um emaranhado de mãos, em círculo, segurando cordas e grilhetas, como símbolo do esforço conjugado para a liberdade e para o trabalho. No fundo do verso, também em “offset”, observavam-se combinações de cores evoluindo, pelo processo íris, de um tom verdeamarelo, na metade esquerda, para um verde-cinza, na metade direita. A aposição tipográfica do texto complementar (data, série, numeração, as palavras “O Governador”, “O ViceGovernador” e “O Administrador” e chancelas) foi feita nas oficinas do Banco. O papel foi fabricado na francesa Office Français des Papiers Fiduciaires et Surfins, uma Divisão de Arjomarin-Prioux SA, em Paris. A marca de água foi colocada no lado direito, apresentava o retrato de Antero de Quental, reprodução reduzida da efígie estampada na frente da nota. O filete de segurança, paralelo ao lado menor da nota, sobre a esquerda, foi microimpresso com o dístico “Portugal”. Antero de Quental Antero Tarquínio de Quental (18 de Abril de 1842 — 11 de Setembro de 1891) foi um escritor e poeta com um papel importante no movimento da Geração de 70. Nascido em Ponta Delgada na Ilha de São Miguel, Açores, durante a sua vida, dedicou-se à poesia, à filosofia e à política. Iniciou seus estudos na cidade natal, mudando para Coimbra aos 16 anos, ali estudou Direito e manifestou as primeiras ideias socialistas. Fundou em Coimbra a Sociedade do Raio, que pretendia renovar o país pela literatura. Em 1861, publicou seus primeiros sonetos. Quatro anos depois, publicou as Odes Modernas, influenciadas pelo socialismo experimental de Proudhon, enaltecendo a revolução. Nesse mesmo ano iniciou a Questão Coimbrã, na qual, Antero e outros poetas foram atacados por António Feliciano de Castilho, por instigarem a revolução intelectual. Como resposta, Antero publicou os opúsculos Bom Senso e Bom Gosto, carta ao Exmo. Sr. António Feliciano de Castilho, e A Dignidade das Letras e as Literaturas Oficiais. Ainda em 1866 foi viver para Lisboa, onde experimentou a vida de operário, trabalhando como tipógrafo, profissão que exerceu também em Paris, entre Janeiro e 16 Apontamentos: Escudo Fevereiro de 1867. Em 1868 regressou a Lisboa, onde formou o Cenáculo, de que fizeram parte, entre outros, Eça de Queirós, Abílio de Guerra Junqueiro e Ramalho Ortigão. Foi um dos fundadores do Partido Socialista Português. Em 1869, fundou o jornal A República, com Oliveira Martins e em 1872, juntamente com José Fontana, passou a editar a revista O Pensamento Social. Em 1873 herdou uma quantia considerável de dinheiro, o que lhe permitiu viver dos rendimentos dessa fortuna. Em 1874, com tuberculose, descansou por um ano, mas em 1875, fez a reedição das Odes Modernas. Em 1879 mudou-se para o Porto, e em 1886 publicou aquela que é considerada pelos críticos como sua melhor obra poética, Sonetos Completos, com características autobiográficas e simbolistas. Em 1880, adoptou as duas filhas do seu amigo, Germano Meireles, que falecera em 1877. Em Setembro de 1881, por razões de saúde, e a conselho do seu médico, foi viver para Vila do Conde, onde fixou residência até Maio de 1891, com pequenos intervalos nos Açores e em Lisboa. O período de Vila do Conde foi considerado pelo poeta o melhor período da sua vida: "Aqui as praias são amplas e belas, e por elas me passeio ou me estendo ao sol com a voluptuosidade que só conhecem os poetas e os lagartos adoradores da luz." Em 1886 foram publicados os Sonetos Completos, coligidos e prefaciados por Oliveira Martins. Entre Março e Outubro de 1887, permaneceu nos Açores, voltando depois a Vila do Conde. Devido à sua estadia em Vila do Conde, foi criada nesta cidade, em 1995, o "Centro de Estudos Anterianos". Em 1890, devido à reacção nacional contra o Ultimato inglês, de 11 de Janeiro, aceitou presidir à Liga Patriótica do Norte, mas a existência da Liga foi efémera. Quando regressou a Lisboa, em Maio de 1891, instalou-se em casa da irmã, Ana de Quental. Portador de Transtorno Bipolar, nesse momento o seu estado de depressão era permanente. Após um mês, em Junho de 1891, regressou a Ponta Delgada, suicidando-se no dia 11 de Setembro de 1891, com dois tiros na boca, disparados num banco de jardim. Ficha Técnica Valor: 5000$00 Chapa: 2 Frente: Retrato de Antero de Quental Verso: Figuração representando o Trabalho e a Liberdade Maqueta: Luís Filipe de Abreu Marca de água: Antero de Quental Mecanismo de segurança: filete de segurança microimpresso com o dístico “Portugal” Medidas: 170x75 mm Impressão: Thomas de La Rue & Co Ltd Primeira emissão:07-08-1987 Última emissão: 20-06-1989 Retirada de circulação: 31-12-1997 Data 12-02-1987 03-12-1987 Emissão 29 973 000 19 671 000 Combinações de Assinaturas 7 7 17 Apontamentos: Escudo Jogos Olímpicos de Seul A legislação associada à emissão da moeda comemorativa relativa aos Jogos Olímpicos de Seul ‘88, a qual foi publicada em decreto-lei 159/88 de 13 de Maio durante o governo de Cavaco Silva, sendo seu ministros entre outros, Miguel Cadilhe e Roberto Luís Carneiro. Mário Soares era o Presidente da República. Em Setembro de 1988 ocorreram os XXIV Jogos Olímpicos da Era Moderna, acontecimento desportivo da maior projecção mundial e no qual Portugal participou com uma significativa delegação de atletas. Considerando que nos Jogos Olímpicos de Los Angeles Portugal ganhou, pela primeira vez, uma medalha de ouro na modalidade de maratona masculina, facto que na antiguidade grega era celebrado pela cunhagem de moeda, considerou-se oportuno recordar 18 Apontamentos: Escudo os sucessos dos atletas nacionais em anteriores Olimpíadas, bem como assinalar a participação portuguesa nos Jogos Olímpicos de Seulcom a emissão de uma moeda comemorativa. Foi a primeira moeda comemorativa relativa à participação de Portugal em Jogos Olímpicos, facto que se repetiu posteriormente com a mesma regularidade que a participação portuguesa. A moeda criada por Helder Baptistafoi cunhada em cuproníquel, com direita a emissões especiais em prata, com valor facial de 250$00. Curiosamente a representação foi escolhida o Atletismoembora com imagem referente a um final de corrida de velocidade, área onde Portugal só marcaria pontos alguns anos depois com um atleta naturalizado. Jogos Olímpicos de Seul Os Jogos Olímpicos de 1988, oficialmente chamados de Jogos da XXIV Olimpíada da Idade Moderna, foram realizados em Seul, capital da Coreia do Sul, entre 17 de Setembro e 2 de Outubro de 1988, com a participação recorde de 159 países e 8 391 atletas, entre eles 2 194 mulheres. Após os boicotes ocorridos nos jogos anteriores em Montreal, Moscovo e Los Angeles, estes Jogos tiveram a presença de nações de todo o planeta, à excepção da Coreia do Norte, sua vizinha comunista, que não teve atendido seu pedido para uma co-participação como sede olímpica e de Cuba. Países como Etiópia, Ilhas Seychelles e Nicarágua também não participaram mas devido a dificuldades económicas para enviarem suas equipes. Os Jogos de Seul serão sempre lembrados pelo seu facto mais marcante, o escândalo com o velocista canadiano Ben Johnson, que viu ser-lhe retirada a medalha de ouro e o seu recorde mundial na prova dos 100 metros por ter corrido dopado. A participação portuguesa ficou marcada pela conquista por Rosa Mota, na maratona feminina, da segunda medalha de ouro da história de Portugal. Rosa Mota já tinha ganho a medalha de bronze na mesma prova nos Jogos de Los Angeles. 19 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Peso: 23 g Diâmetro: 37 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: Helder Baptista Decreto: 159/88 de 13/05/1988 Ano 1988 Cunhagem 850 000 Código 090.01 5000 Escudos Ch. 2A Antero de Quental José Tavares Moreira Luís Miguel Beleza Walter Waldermar Pego Marques António Palmeiro Ribeiro António Castel-Branco Borges António Bagão Félix Alberto José Santos Ramalheira Abel António Pinto dos Reis José Matos Torres 20 Luís Miguel Beleza José António Cardoso Veloso Abel Moreira Mateus Apontamentos: Escudo António Bagão Félix João Costa Pinto Bernardino Costa Pereira Por deliberação tomada em Conselho de Administração do Banco de Portugal de 26 de Maio de 1988, foi aprovada uma nova versão da nota de 5 000 escudos, o que originou a publicação de um Aviso no Diário da República, 2ª Série, nº 40, de 17 de Fevereiro de 1989, que referia: “(…) faz-se público que, por despacho do Secretário de Estado do Tesouro e das Finanças de 23-01-1989, foram aprovadas pequenas alterações de cor nos cantos superiores esquerdo e inferior direito da frente da nota de 5.000$00, Chapa 2, efígie de Antero de Quental, a qual, por esse motivo, passará a ser designada por “Chapa 2A”. Mantêm-se as restantes características da nota de 5.000$00, Chapa 2, publicadas no DR, 2ª, 186, de 14-08-1987 (…)”. O trabalho de impressão das notas continuou a ser feito pela firma inglesa Thomas De La Rue & Co Ltd, baseado em maqueta do arquitecto Luís Filipe Abreu. As estampagens calcográficas e os fundos em offset mantiveram-se iguais aos da chapa antecedente, verificando-se somente pequenas modificações de cor em limitadas áreas da frente da nota (os cantos superior esquerdo e inferior direito) e a alteração do número da chapa para 2A. A aposição tipográfica do texto complementar (data, série, numeração, as palavras “O Governador”, “O ViceGovernador” e “O Administrador” e chancelas) foi feita nas oficinas do Banco, por processo tipográfico, a preto. O papel manteve a sua produção na francesa Office Français dês Papiers Fiduciaires et Surfins, uma Divisão de Arjomarin-Prioux SA. A marca de água manteve as mesmas características da chapa anterior, salvo a incorporação de fibras fluorescentes vermelhas e verdes e a fluorescência do filete de segurança, visíveis quando sob a incidência de luz ultravioleta. Ficha Técnica Valor: 5000$00 Chapa: 2a Frente: Retrato de Antero de Quental Verso: Figuração representando o Trabalho e a Liberdade Maqueta: Luís Filipe de Abreu Marca de água: Antero de Quental Mecanismo de segurança: filete de segurança fluorescente microimpresso com o dístico “Portugal” e fibras fluorescentes vermelhas e verdes espalhadas Medidas: 170x75 mm Impressão: Thomas de La Rue & Co Ltd Primeira emissão:29-03-1989 Última emissão: 02-09-1993 Retirada de circulação: 31-12-1997 Data 28-10-1988 06-07-1989 19-10-1989 31-10-1991 18-03-1992 02-09-1993 Emissão 19 955 000 19 962 000 29 320 000 28 000 000 21 000 000 20 000 000 Combinações de Assinaturas 6 5 5 5 7 6 21 Apontamentos: Escudo Moeda Bimetálica de 100 escudos A legislação associada à emissão da moeda bimetálica de 100$00, a qual foi publicada em decreto-lei 439-A/89 de 20 de Dezembro durante o governo de Cavaco Silva, sendo seu ministro das finanças Miguel Cadilhe. Mário Soares era o Presidente da República. Cumprindo o previsto na revisão monetária de 1986 constituído por dois grupos de moedas de diferentes ligas metálicas (latão-níquel para 1$, 5$ e 10$; cuproníquel para 20$ e 50$) verificava-se a necessidade de criação de moeda de 100$ e 200$. A necessidade da nova moeda de 100$surgia dada a rápida deterioração em circulação das notas desse valor o que em muito encarecia o sistema monetário. 22 Apontamentos: Escudo Para estes dois valores optou-se por criar um novo grupo de moedas bimetálicas, para melhor identificação das mesmas. A introdução deste tipo de moedas embora tenha constituído novidade em Portugal já era prática corrente, pois para além de serem melhor identificadas, permitem representar valores numismáticos superiores com metal não nobre e dado o tipo de produção que implicam dificultam a sua falsificação. A nova moeda de 100$ apresentava diâmetro exterior de 25 mm e 8,3 g de peso, o bordo era alternadamente liso e serrilhado. O núcleo interno de 17 mm era de liga de cupro-alumínioníquel (Cu 90%; Al 5%; Ni 5%) e a coroa externa de cuproníquel (Cu 75%, Ni 25%). A moeda de autoria de José Cândido. No anverso surgia representado no núcleo o escudo nacional na parte superior e o valor facial “100 escudos” em duas linhas abaixo. Na coroa a legenda “REPUBLICA PORTUGUESA” e a era de cunhagem da esquerda para a direita. No reverso, o núcleo apresentava a figura de Pedro Nunes, cientista do período dos Descobrimentos, de perfil à esquerda, segurando a esfera terrestre entre as mãos. Na coroa a legenda “EUROPA” com as letras entremeadas por 12 estrelas. Pedro Nunes voltava assim a ser representado na moeda circulante depois de ter sido representado nas notas de 100 escudos chapa 6 e 6A, as quais circularam durante trinta anos. Esta foi também a primeira moeda circulante portuguesa a fazer referência à presença da Comunidade Económica Europeia, futura União Europeia, com as doze estrelas representadas no reverso, em consonância com a bandeira da União. José Cândido Natural do Barreiro (n. 1932). Formado em Pintura na Faculdade de Belas Artes de Lisboa. Destacou-se como pintor, escultor e designer. Docente da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Entre as suas criações merecem destaque o logótipo da INCM prévio ao actual. Ao nível da numismática e da medalhística desenvolveu diversos trabalhos, destacando-se as moedas bimetálicas de 100 e 200 escudos e as moedas comemorativas do Centenário da República Portuguesa e a Moeda Contra a Indiferença. Faleceu na sua cidade natal em Janeiro de 2012. 23 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Peso: 8,3 g Diâmetro: 25 mm Bordo: Alternado em blocos lisos (dez) e serrilhados (doze) Eixo: Horizontal Metal: Bimetálica Composição: núcleo Cu 900, Al 50, Ni 50; anel Cu 750, Ni 250 Autor: José Cândido Decreto: 439 A/89 de 20/12/1989 Data e taxa de recolha: 2002; 65,9% Ano 1989 1990 1991 1992 1997 1998 1999 2000 2001 Cunhagem 20 000 000 52 000 000 45 000 000 14 500 000 5 000 000 21 000 000 13 000 000 6 800 000 250 000 Código 091.01 091.02 091.03 091.04 091.05 091.06 091.07 091.08 091.09 2ª Série Descobrimentos: Navegações e Descobrimentos dos Arquipélagos Atlânticos A legislação associada à emissão da II Série dos Descobrimentos (Navegações e Descobrimentos dos Arquipélagos Atlânticos), a qual foi publicada em decreto-lei 343/89 de 11 de Outubro durante o governo de Cavaco Silva, sendo seu ministro das finanças Miguel Cadilhe. Mário Soares era o Presidente da República. Data de 2 de Julho de 1439 a carta régia de D. Afonso V que concedeu licença ao infante D. Henrique para mandar povoar as sete ilhas dos Açores até então descobertas, efeméride esta que completou 550 anos em 1989. Este acontecimento está ligado às viagens de reconhecimento e exploração efectuadas pelos Portugueses na zona atlântica, que levaram, nomeadamente, às primeiras expedições às ilhas Canárias cerca de 1336, ao descobrimento do arquipélago dos Açores (1427-c. 1452) e ao nascimento da navegação astronómica oceânica (c. 1455-1485). Considerou-se, por isso, oportuno assinalar tal efeméride, no âmbito das comemorações nacionais dos descobrimentos portugueses, com a emissão de uma série de moedas comemorativas alusivas às navegações atlânticas, designadamente as expedições portuguesas às ilhas Canárias, à redescoberta das ilhas de Porto Santo e Madeira, ao descobrimento e povoamento do arquipélago dos Açorese ao nascimento da navegação astronómicano Atlântico. 24 Apontamentos: Escudo A segunda série dos descobrimentos foi cunhada em cuproníquel com o valor de 100$00. Foram produzidas ainda emissões especiais em estojos com todos os espécimes em prata BNC e em prata proof, ouro proof e edição prestígio (quatro moedas, quatro metais). Para esta edição foram seleccionados trabalhos de Raul Machado (Ilhas Canárias), Isabel Carriço eFernando Branco (Descoberta Arquipélago da Madeira), António Machado (Arquipélago dos Açores) e Paulo Guilherme (Navegações Astronómica). Em todas as moedas são apresentadas representações de navios da época dos descobrimentos portugueses: caravela portuguesa de três mastros (Ilhas Canárias), barca portuguesa do início século XV (Arquipélago da Madeira), caravela com vela latina portuguesa de dois mastros (Arquipélago dos Açores e Navegação Astronómica). Se nas moedas relativas aos arquipélagos são representados dados identificativos destes (nas Ilhas Canárias – no anverso a representação duas figuras aborígenes das Canárias a envolver o escudo nacional com a legenda “Homines Sylvestres de Insula Canaria” e no reverso a visão do Pico de Teide; no Arquipélago da Madeira – a representação da ilha da Madeira e da ilha do Porto Santo no reverso; no Arquipélago dos Açores – nove estrelas dispostas à semelhança das ilhas do arquipélago), na moeda relativa à navegação astronómica estão representadas os elementos astronómicos, cuja compreensão permitiu esse feito – as constelações da Ursa Maior com a Estrela Polar (no anverso), e do Cruzeiro do Sul (reverso); bem como a cartografia e instrumentos para a medição da altura do sol (reverso). Ilhas Canárias As ilhas Canárias são conhecidas desde a Antiguidade: existem relatos fidedignos e vestígios arqueológicos da presença cartaginesa na ilha. Foram descritas no período greco-romano a partir da obra de Juba II, rei da Numídia, que as mandou reconhecer e que, afirma-se, por nelas ter encontrado grande números de cães, deu-lhes o nome de "Canárias" ("ilhas dos cães"). São referidas por autores posteriores como "Ilhas Afortunadas". Depois de um período de isolamento, resultado da crise e queda do Império Romano do Ocidente, e das invasões dos povos bárbaros, as ilhas foram redescobertas e novamente visitadas com regularidade por embarcações europeias a partir de meados do século XIII. A sua redescoberta é reivindicada por Portugal em período anterior a Agosto de 1336. A sua posse, entretanto, foi atribuída ao reino de Castela pelo Papa Clemente VI, o que suscitou um protesto diplomático de D. Afonso IV de Portugal, por carta de 12 de Fevereiro de 1345: “Ao Santíssimo Padre e Senhor Clemente pela Divina Providência Sumo Pontífice da Sacrossanta e Universal Igreja, Afonso rei de Portugal e do Algarve, humilde e devoto filho Vosso, com a devida reverência e devotamento beijo os beatos pés. (…)Respondendo pois à dita carta o que nos ocorreu, diremos reverentemente, por sua ordem, que os nossos naturais foram os primeiros que acharam as mencionadas Ilhas [Afortunadas]. E nós, atendendo a que as referidas ilhas estavam mais perto de nós do que qualquer outro Príncipe e a que por nós 25 Apontamentos: Escudo podiam mais comodamente subjugar-se, dirigimos para ali os olhos do nosso entendimento, e desejando pôr em execução o nosso intento mandámos lá as nossas gentes e algumas naus para explorar a qualidade daquela terra. Abordando às ditas Ilhas se apoderaram, por força, de homens, animais e outras coisas e as trouxeram com muito prazer aos nossos reinos. Porém, quando cuidávamos em mandar uma armada para conquistar as referidas Ilhas, com grande número de cavaleiros e peões, impediu o nosso propósito a guerra que se ateou primeiro entre nós e El-rei de Castela e depois entre nós e os reis Sarracenos. (…)” Nos séculos seguintes, com o consentimento papal e o apoio da Coroa castelhana, organizaram-se várias expedições comerciais em busca de escravos, peles e tinta. Em 1402 iniciou-se a conquista destas ilhas com a expedição a Lanzarote dos Normandos Jean de Bethencourt e Gadifer de la Salle, sob vassalagem dos reis de Castela e com o apoio da Santa Sé. Devido à localização geográfica, à falta de interesse comercial e à resistência dos Guanches ao invasor, a conquista só foi concluída em 1496 quando os últimos Guanches em Tenerife se renderam. A conquista das Canárias foi a antecedente da conquista do Novo Mundo, baseada na destruição quase completa da cultura indígena, rápida assimilação do cristianismo, miscigenação genética dos nativos e dos colonizadores. Uma vez concluída a conquista das ilhas, passa a depender do reino de Castela, impõe-se um novo modelo económico baseado na monocultura (primeiro a cana-de-açúcar e posteriormente o vinho, tendo grande importância o comércio com Inglaterra). É nesta época que se constituíram as primeiras instituições e órgãos de governo (Cabildos e Concelhos). As Canárias converteram-se em ponto de escala nas rotas comerciais com a América e África (o porto de Santa Cruz de La Palma chega a ser um dos pontos mais importantes do Império Espanhol), o que traz grande prosperidade a determinados sectores da sociedade, mas as crises da monocultura no século XVIII e a independência das colónias americanas no século XIX, provocaram graves recessões. No século XIX e na primeira metade do século XX, a razão das crises económicas é a Imigração cujo destino principal é o continente americano. No início do século XX é introduzido nas ilhas Canárias pelos ingleses uma nova monocultura: a banana. A rivalidade entre as elites das cidades de Santa Cruz e Las Palmas pela capital das ilhas levará que em 1927 se tome a decisão da divisão do arquipélago em províncias. Actualmente a capital esta dividida nas duas cidades. Navegação Astronómica Navegação astronómica é parte de um ramo das ciências astronómicas usada para fins de orientação e cuja missão é fazendo uso de tábuas 26 Apontamentos: Escudo logarítmicas, anular os movimentos de translação e rotação do planeta Terra a fim de congelar os aparentes, relativos ao Sol, à Lua e às estrelas durante os 365 dias do ano. O sistema oferece ao navegador para cada momento da observação a posição exacta das estrelas como se estivessem sempre fixas no céu. Esse conhecimento, feito com a comprovação da altura das estrelas em relação ao horizonte, permite ao navegador corrigir a sua posição estimada. No século XV os navegadores portugueses possuíam conhecimentos cosmográficos que permitiam a navegação através do cálculo da latitude e da longitude. Contudo, com as navegações de descoberta depararam-se com novas realidades que tiveram de estudar e às quais tiveram de se adaptar. Contam-se entre estas inovações a descoberta da galáxia de Magalhães e a publicação em 1496 do Almanach Perpetuum Celestium Motum, obra constante de tabelas de declinações do astrónomo real Abraão Zacuto, que se tornou essencial, a par da de Pedro Nunes (matemático ao serviço do rei D. Manuel I), para a navegação. Pedro Nunes desempenhou um papel fundamental, uma vez que concebeu instrumentos diversos através da aplicação da geometria e da matemática para a navegação através da medição da altura do Sol, como um que se parecia a um relógio de Sol e que foi utilizado por D. João de Castro, o "Instrumento das Sombras", o "Anel Náutico" e o "Nónio". Ficha Técnica Peso: 16,5 g Diâmetro: 33,5 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: Raul Machado Decreto: 343/89 de 11/10/1989 Ano 1989 Cunhagem 2 000 000 Código 092.01 27 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Peso: 16,5 g Diâmetro: 33,5 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: Isabel Carriço e Fernando Branco Decreto: 343/89 de 11/10/1989 Ano 1989 Cunhagem 2 000 000 Código 093.01 Ficha Técnica Peso: 16,5 g Diâmetro: 33,5 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: António Marinho Decreto: 343/89 de 11/10/1989 Ano 1989 Cunhagem 2 000 000 Código 094.01 Ficha Técnica Peso: 16,5 g Diâmetro: 33,5 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: Paulo Guilherme Decreto: 343/89 de 11/10/1989 Ano 1990 28 Cunhagem 2 000 000 Código 096.01 Apontamentos: Escudo António Marinho Natural de Guimarães (n. 1945). Formado em Escultura pela EADAA de Lisboa. Dedica-se à escultura, numária e medalhística. Foi um dos autores com participação em várias séries dos Descobrimentos (2.ª à 11.ª), sendo ainda autor de várias moedas comemorativas da Restauração da Independência, Jogos Olímpicos de Barcelona, Mosteiro da Batalha e Foz Côa. Participou em diversas exposições a nível nacional e internacional. Batalha de Ourique A legislação associada à emissão da moeda comemorativa dos 850 anos da Batalha de Ourique, a qual foi publicada em decreto-lei 355/89 de 17 de Outubro durante o governo de Cavaco Silva, sendo seu ministro Faria de Oliveira. Mário Soares era o Presidente da República. A gradual afirmação de autonomia política do Condado Portucalense perante o reino de Leão assumiu com D. Afonso Henriques uma dinâmica precisa, que conduziu a que ao infante fosse atribuído, em fins de 1139 ou princípios de 1140, o título de rei por parte da nobreza portucalense. Apesar de ser convicção dos historiadores actuais que o uso daquele título não significaria uma independência efectiva, é indubitável que com ele se estabelece o principal marco do progresso da fundação da nacionalidade entre 1128 e 1143: a criação do reino de Portugal, só possível pelo enorme prestígio pessoal e autoridade granjeados pelo infante na sua actividade guerreira. Nesta, assumiu particular importância o episódio da Batalha de Ourique, no Verão de 1139. Considerada actualmente como tendo constituído, de facto, a primeira grande batalha de D. Afonso Henriques contra os Almorávidas, o regresso do infante, cheio de glória, a território cristão terá contribuído decisivamente para a sua aclamação como rei de Portugal. Assim, e para melhor comemoração deste momento decisivo da história de Portugal foi autorizada a emissão de moeda comemorativa. A moeda cunhada em cuproníquel com valor de 250$00 foi a segunda a evocar esta Batalha (a primeira foi por ocasião dos 800 anos da Batalha em 10$00 de prata). De autoria da escultora Irene Vilar, apresentava elementos figurativos do período da fundação da nacionalidade portuguesa. Assim, no anverso aquele que se acreditava ter sido o primitivo escudo das quinas dos reis de Portugal (escudo amendoado) ladeado pelos sete castelos dispostos em cruz o qual foi colocado à esquerda do escudo. No reverso surgia uma espada medieval cristã sobre um crescente de pontas quebradas (símbolo do Império Árabe). À esquerda do reverso estava representado aspectos existentes um dinheiro do primeiro rei português, classificado como o tipo 2 segundo Alberto Gomes, dos quais se conhecem dois exemplares (A a sobrepor cruz pátea. Este 29 Apontamentos: Escudo apresenta um “A” (de alfa, o principio, referência à expressão do Apocalipse de São João “Eu sou o alfa e o omega, o principio e o fim”) sobre uma cruz pátea. Ficha Técnica Peso: 23 g Diâmetro: 37 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: Irene Vilar Decreto: 355/89 de 17/10/1989 Ano 1989 Cunhagem 750 000 Código 095.01 10000 Escudos Ch. 1 Egas Moniz José Tavares Moreira Walter Waldermar Pego Marques António Palmeiro Ribeiro António Castel-Branco Borges Alberto José Santos Ramalheira Luís Miguel Beleza Abel António Pinto dos Reis José Matos Torres Em Maio de 1985, a Administração do Banco de Portugal entendeu que a situação económicofinanceira e a previsível evolução dos meios de pagamento, justificavam a criação de um tipo de nota com o valor facial de 10 000 escudos. Ainda em 1985, o Ministério das Finanças deu a sua concordância a este parecer do Banco. Para ilustrar a nova denominação foi escolhida a efígie do professor Egas Moniz, Prémio Nobel da Medicina (1874-1955). A elaboração das 30 Apontamentos: Escudo chapas e estampagem das notas esteve a cargo dos estampadores e impressores canadianos da British American Bank Note, Inc.,segundo maquetas iniciais do Arquitecto Luís Filipe Abreu. A estampagem a talhe-doce da frente, em tons de castanho-escuro e vermelho-escuro, mostrava a efígie de Egas Moniz, dísticos, linhas microimpressas com as palavras “Banco de Portugal Dez Mil Escudos” em contínuo, e um desenho representando um corte do cérebro humano e uma representação do sistema vascular, temas ligados às actividades do notável médico. No interior dos três últimos zeros da denominação “10000”, à esquerda, podia observar-se, em imagem latente, as letras D, E e Z. O fundo, de técnica offset simultâneo a três cores, com tom predominante amarelo-ocre, mostrava um conjunto de motivos inspirados na Medicina, e no canto inferior direito, um desenho parcial do caduceu que faz registo com um desenho complementar no verso, quando visto à transparência. A estampagem a talhe-doce do verso, a vermelho-escuro, verde e negro, dominada por uma composição alegórica da vida e da morte entre forças benignas e malignas e a medalha do Prémio Nobel da Medicina, incluía, ainda, dísticos, linhas microimpressas com “Banco de Portugal Dez Mil Escudos” e, no canto inferior direito, um sinal em duplo “L” para leitura por invisuais. No fundo do verso, também ele de técnica offset simultâneo a três cores, em íris, apresentava uma composição com motivos semelhantes aos da frente. A aposição tipográfica do texto complementar (data, série, numeração, as palavras “O Governador”, “O Vice-Governador” e “O Administrador” e chancelas) foi feita nas oficinas do Banco. O papel foi fabricado pela inglesa Portals Limited. A marca de água foi colocada no lado direito, apresentava o retrato de Egas Moniz em redução da efígie estampada. Apresentava ainda, como características especiais, na metade esquerda da frente da nota, um filete de segurança microimpresso com a palavra “Portugal” sobre base fluorescente vermelha e, por toda a superfície, distribuídas ao acaso, fibras fluorescentes vermelhas e verdes, visíveis quando sob a incidência da luz ultravioleta. Egas Moniz António Caetano de Abreu Freire Egas Moniz, mais conhecido pelo nome de Egas Moniz, nasceu em Avanca, a 29 de Novembro de 1874, filho de Fernando de Pina Resende de Abreu Freire e de sua mulher Maria do Rosário Oliveira de Almeida Sousa, no seio de uma família aristocrata. Foi médico, com especialidade de neurologia, investigador, professor, político e escritor. Após completar os seus estudos primários, ingressou no Colégio de S. Fiel, onde concluiu o Curso Liceal. Formou-se em Medicina na Universidade de Coimbra, onde iniciou a sua actividade profissional como lente, leccionando as cadeiras de anatomia e fisiologia. Em 1911 foi transferido para Universidade de Lisboa, onde ocupou a cadeira de neurologista como professor catedrático. Foi o fundador do Partido Republicano Centrista, dissidente do Partido Evolucionista. Apoiou o regime de Sidónio Pais durante o qual, exerceu as funções de Embaixador de Portugal em Madrid, no ano de 1917 e de Ministro dos 31 Apontamentos: Escudo Negócios Estrangeiros em 1918. Presidiu à delegação portuguesa para a Conferência da Paz em Paris, no mesmo ano. Jubilou-se da carreira universitária em Fevereiro do ano de 1944. A nível científico contribuiu decisivamente para o desenvolvimento da medicina ao conseguir pela primeira vez dar visibilidade às artérias do cérebro. A Angiografia Cerebral, técnica que desenvolveu após longas experiências com raio X, tornou possível localizar neoplasias, aneurismas, hemorragias e outras mal formações no cérebro humano, abrindo assim novos caminhos para a cirurgia cerebral. Foi o primeiro português a ser distinguido com o prémio Nobel de Medicina no ano de 1949, partilhando com outro notável investigador Walter Rudolf Hess, fruto deste trabalho. Ao seu trabalho foi dado continuidade, ao ser fundado no ano de 1950 no Hospital Júlio de Matos, o Centro de Estudos de Egas Moniz, do qual foi Presidente. No ano de 1957 foi transferido para o serviço de Neurologia do Hospital de Santa Maria. Foi autor de diversas obras: “Vida Sexual”; “A Neurologia na Guerra”, “Alterações Anátomo-Patológicas na Difteria”; “Júlio Dinis e a Sua Obra”. Faleceu na cidade de Lisboa a 13 de Dezembro de 1955. 32 Apontamentos: Escudo British American Bank Note Inc. A British American Bank Note Company foi fundada em 1866, um ano antes da fundação da Confederação do Canadá. Estabelecida em Montreal por um grupo de gravadores e tipógrafos impulsionados pelo escocês William Cumming Smillie e por George Bull Burland. Sendo uma área industrial ainda sem representação no Canadá serviu as necessidades de produção de selos e notas de banco necessários no país. Posteriormente com o crescimento da economia surgiu a necessidade de produzir certidões de acções, certidões de seguradoras, etc. No entanto, a crise do início do século XX foi sentida de forma dolorosa pela companhia. O pós-guerra permitiu a sua recuperação. Estabeleceu-se posteriormente em Otava alargando o seu leque de negócios deixando de ser a companhia produtora das notas canadianas para expandir os negócios para toda a América e Europa. Ficha Técnica Valor: 10 000$00 Chapa: 1 Frente: Retrato de Egas Moniz e representações do cérebro e de angiografia Verso: Figuração representando a Medicina (Caduceu) e o Prémio Nobel Maqueta: Luís Filipe de Abreu Marca de água: Egas Moniz Mecanismo de segurança: filete de segurança microimpresso com a palavra “Portugal” sobre base fluorescente vermelha e, por toda a superfície, distribuídas ao acaso, fibras fluorescentes vermelhas e verdes Medidas: 177x75 mm Impressão: British American Bank Note Ink. Primeira emissão:15-09-1989 Última emissão: 16-05-1991 Retirada de circulação: 31-12-1997 Data 12-01-1989 14-12-1989 16-05-1991 Emissão 14 933 000 26 380 000 12 680 000 Combinações de Assinaturas 6 4 4 33 Apontamentos: Escudo Restauração da Independência A legislação associada à emissão da moeda comemorativa da Restauração da Independência, a qual foi publicada em decreto-lei 364/90 de 24 de Novembro durante o governo de Cavaco Silva, sendo seu ministro Luís Miguel Beleza. Mário Soares era o Presidente da República. A Restauração da Independência, em 1 de Dezembro de 1640, constitui um dos marcos históricos mais importantes da memória colectiva da Nação Portuguesa. Para assinalar os 350 anos da Restauração, considerou-se da maior oportunidade a emissão de moeda comemorativa. A moeda criada por António Marinhofoi cunhada em cuproníquelcom o valor de 100$00. No reverso surgia a figuração estilizada de um conjurado da revolução de 1640 sobre uma balaustrada. Restauração da Independência A Restauração da Independência é a designação dada à revolta iniciada em 1 de Dezembro de 1640 contra a tentativa de anulação da independência do Reino de Portugal por parte da dinastia filipina, e que vem a culminar com a instauração da Dinastia Portuguesa da casa de Bragança. É comemorada anualmente em Portugal por um feriado no dia 1 de Dezembro. O desaparecimento de D. Sebastião (1557-1578) na batalha de Alcácer-Quibir, apesar da sucessão do Cardeal D. Henrique (1578-1580), deu origem a uma crise dinástica. Nas Cortes de Tomar de 1581, Filipe II de Espanha é aclamado rei, jurando os foros, privilégios e mais franquias do Reino de Portugal. Durante seis décadas Portugal partilhou rei com Espanha, sob o que se tem designado por “domínio filipino”. Com o primeiro dos Filipes (I de Portugal, II de Espanha), não foi atingida de forma grave a autonomia política e administrativa do Reino de Portugal. Com Filipe III de Espanha, porém, começam os actos de desrespeito ao juramento de Filipe II em Tomar. Em 1610, surgiu um primeiro sinal de revolta portuguesa contra o centralismo castelhano, na recusa dos regimentos de Lisboa a obedecer ao marquês San-Germano que de Madrid fora enviado para comandar um exército português. No início do reinado de D. Filipe III, ao estabelecer-se em Madrid a política centralista do Conde-duque de Olivares, o seu projecto visava a anulação da autonomia portuguesa, absorvendo por completo o reino de Portugal. Na Instrucción sobre el gobierno de España, que o Conde-Duque de Olivares apresentou a D. Filipe III, em 1625, tratava-se do planeamento e da execução da fase final da sua absorção, indicando três caminhos: • Realizar uma cuidadosa política de casamentos, para confundir e unificar os vassalos de Portugal e de Espanha; • Ir D. Filipe III fazer corte temporária em Lisboa; 34 Apontamentos: Escudo • Abandonar definitivamente a letra e o espírito dos capítulos das Cortes de Tomar (1581), que colocava na dependência do Governo autónomo de Portugal os portugueses admitidos nos cargos militares e administrativos do Reino e do Ultramar (Oriente, África e Brasil), passando estes a ser Vice-reis, Embaixadores e oficiais palatinos de Espanha. A política de casamentos seria talvez a mais difícil de concretizar, conseguindo-se ainda assim o casamento de Dona Luísa de Gusmão com o Duque de Bragança, a pensar que dele sairiam frutos de confusão e de unificação entre Portugal e Espanha. O resultado veio a ser bem o contrário. A reacção à política fiscal de D. Filipe III vai tomar a dianteira no processo que conduz à Restauração de 1640. Logo em 1628, surge no Porto o “Motim das Maçarocas”, contra o imposto do linho fiado. Mas vão ser as “Alterações de Évora”, em Agosto de 1637, a abrir definitivamente o caminho à Revolução. Nestas, o povo da cidade deixou de obedecer aos fidalgos e desrespeitou o arcebispo. A elevação do imposto do real de água e a sua generalização a todo o Reino de Portugal, bem como o aumento das antigas sisas, fez subir a indignação geral, explodindo em protestos e violências. O contágio do seu exemplo atingiu quase de imediato Sousel e Crato; depois, as revoltas propagaram-se a Santarém, Tancos, Abrantes, Vila Viçosa, Porto, Viana do Castelo, a várias vilas do Algarve, a Bragança e à Beira. Em 7 de Junho de 1640 surgia também a revolta na Catalunha contra o centralismo do CondeDuque de Olivares. O próprio D. Filipe III manda apresentar-se em Madrid o duque de Bragança, para o acompanhar à Catalunha e cooperar no movimento de repressão a que ia proceder. O duque de Bragança recusou-se a obedecer a D. Filipe III. Muitos nobres portugueses receberam semelhante convocatória, recusando-se também a obedecer a Madrid. Decidiu-se então ir chamar o Duque de Bragança a Vila Viçosa para que este assumisse o seu dever de defesa da autonomia portuguesa, assumindo o Ceptro e a Coroa de Portugal. No dia 1 de Dezembro de 1640, eclodiu por fim em Lisboa a revolta, imediatamente apoiada por muitas comunidades urbanas e concelhos rurais de todo o país, levando à instauração no trono de Portugal da Casa de Bragança, dando o poder reinante a D. João IV. O esforço nacional foi mantido durante vinte e oito anos, com o qual foi possível suster as sucessivas tentativas de invasão dos exércitos de D. Filipe III e vencê-los nas mais importantes batalhas, assinando o tratado de paz definitivo em 1668. Esses anos foram bem sucedidos devido à conjugação de diversas vertentes como a coincidência das revoltas na Catalunha, os esforços diplomáticos em Inglaterra, França, Holanda e Roma, a reorganização do exército português, a reconstrução de fortalezas e a consolidação política e administrativa. Paralelamente, as tropas portuguesas conseguiram expulsar os holandeses do Brasil, de Angola e de São Tomé e Príncipe (1641-1654), restabelecendo o poder atlântico português. No entanto, as perdas no Oriente tornaram-se irreversíveis e Ceuta ficaria na posse dos Habsburgo. Devido a estarem indisponíveis as mercadorias indianas, Portugal passou a só obter lucro com a cana-de-açúcar do Brasil. 35 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Peso: 15 g Diâmetro: 33 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: António Marinho Decreto: 364/90 de 24/11/1990 Ano 1990 Cunhagem 1 000 000 Código 097.01 Camilo Castelo Branco A legislação associada à emissão da moeda comemorativa do centenário de falecimento de Camilo Castelo Branco, a qual foi publicada em decreto-lei 363/90 de 24 de Novembro durante o governo de Cavaco Silva, sendo seu ministro Luís Miguel Beleza. Mário Soares era o Presidente da República. De entre as figuras mais notáveis das letras portuguesas, Camilo Castelo Branco (1825-1890) é justamente considerado como o mais fecundo dos escritores portugueses do século XIX. Embora tenha cultivado os géneros literários mais diversos, desde a poesia, o drama, o ensaio, a história literária e a historiografia, foi sobretudo como ficcionista de grandes recursos e estilo poderoso que a sua obra se afirmaria como um dos mais ricos monumentos da língua portuguesa. Para assinalar o centenário da morte de Camilo Castelo Branco em 1990, considerou-se da maior oportunidade a emissão de uma moeda comemorativa. Para tal foi escolhido o trabalho de Irene Vilar, produzindo-se uma moeda em cuproníquelcom o valor de 100$00. Tal como habitualmente neste período foram ainda emitidas versões em prata proof em estojo próprio. A moeda apresentava para além da efígie do escritor, elementos figurativos representativos de locais onde o escritor viveu (a Acácia do Jorge existente na sua casa; elementos figurativos do mar em representação dos períodos em viveu na Póvoa de Varzim ou alegorias de grades de prisão, em representação do seu período encarcerado na Cadeia da Relação no Porto). Camilo Castelo Branco já tinha sido escolhido para figurar nas notas de 100 escudos chapa 7. 36 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Peso: 15 g Diâmetro: 33 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: Irene Vilar Decreto: 363/90 de 24/11/1990 Ano 1990 Cunhagem 1 000 000 Código 098.01 Moeda Bimetálica de 200 Escudos A legislação associada à emissão da moeda bimetálica de 200 escudos, a qual foi publicada em decreto-lei 156/91 de 23 de Abril durante o governo de Cavaco Silva, sendo seu ministro Luís Miguel Beleza. Mário Soares era o Presidente da República. A substituição da nota de 100 escudos na circulação fiduciária conduziu à criação de um novo tipo de moeda metálica corrente do mesmo valor em 1989 (decretolei n.º 439-A/89 de 20 de Dezembro). Nesse decreto era já previsto uma nova moeda corrente, esta com o valor de 200$00, que completaria assim, um terceiro grupo de moedas a integrar o sistema de moedas metálicas correntes. Para estas foram escolhidos composições em moedas bimetálicas, novidade na numária portuguesa. Como tema foi seleccionado a contribuição portuguesa para a ciência europeia, primeiro com a recordação de Pedro Nunes nas moedas de 100$00 e na de 200$00recordava-se a figura e obra de Garcia de Orta, pioneira da moderna ciência da medicina. Garcia de Orta que já tinha sido recordado na nota de 20 escudos chapa 8. A nova moeda foi fabricada com diâmetro de 28 mm e peso de 9,8 g. O bordo era alternadamente serrilhado e liso (catorze blocos). O núcleo interno de 19,3 mm em liga de cuproníquel (cobre 75% e níquel 25%), e coroa externa de liga de cobre-alumínio-níquel (cobre 90%, alumínio 5% e níquel 5%). O trabalho do escultor José Cândidoapresentava no anverso no campo do núcleo, as armas nacionais na parte superior. Na parte inferior, o valor facial “200 escudos” em duas linhas. Na coroa circular, a legenda “República Portuguesa”, da esquerda para a direita e a era de cunhagem. No reverso, no campo do núcleo, o busto de Garcia de Ortaa três quartos à direita, sustentando na mão um ramo de noz-moscada. Na coroa circular 37 Apontamentos: Escudo elementos alegóricos a ondas do mar na metade inferior e na metade superior um ramo de oliveira à esquerda e uma espiga de trigo à direita. Moedas Bimetálicas O desenvolvimento de moedas bimetálicas surge pela necessidade de criar moeda metálica de maior valor fiduciário. Tal poderia conduzir à fácil produção de moeda falsificada se utilizadas as mesmas fórmulas já conhecidas. Assim, surgiram as moedas bimetálicas, com núcleo e coroas de ligas diferentes. Esta inovação foi inicialmente desenvolvida pela casa de moeda italiana no início da década de 80 do século XX. Utilizada inicialmente em edições de liras italianas e adoptada logo em moedas comemorativas de São Marino, Cidade do Vaticano e Andorra. Posteriormente já no final da década foi uma forma adoptada em vários países europeus e não só, entre os quais Portugal. Em Portugal, a estreia surgiu em 1989 com a moeda de 100 escudos e depois com a de 200 escudos, as quais variavam entre outras coisas na distribuição das ligas entre o núcleo e a coroa (sendo uma do clássico cuproníquel, e outra da nova liga de cobre-alumínio-níquel). Durante a década de 90 foram ainda emitidas moedas comemorativas com as mesmas características técnicas. Com a adopção do Euro surgem as moedas bimetálicas para os valores de 1 e 2 euros, bem como as comemorativas de 2 euros. Ficha Técnica Peso: 9,8 g Diâmetro: 28 mm Bordo: Alternado em blocos lisos e serrilhados (catorze de cada) Eixo: Horizontal Metal: Bimetálica Composição: núcleo Cu 900, Al 50, Ni 50; anel Cu 750, Ni 250 Autor: José Cândido Decreto: 156/91 de 23/04/1991 Data e taxa de recolha: 2002; 65,9% Ano 1991 1992 1997 1998 1999 2000 2001 Cunhagem 33 000 000 11 000 000 5 000 000 17 866 000 5 998 000 3 136 000 250 000 Código 099.01 099.02 099.03 099.04 099.05 099.06 099.07 Antero de Quental A legislação associada à emissão da moeda comemorativa do centenário de falecimento de Antero de Quental, a qual foi publicada em decreto-lei 367/91 de 4 de Outubro durante o governo de Cavaco Silva, sendo seus ministros, entre outros, Luís Miguel Beleza e Campos PInto. Mário Soares era o Presidente da República. 38 Apontamentos: Escudo Comemorando-se em 1991 o centenário da morte de Antero de Quental (1842-1891), poeta e ensaísta proeminente da chamada Geração de 70, cuja obra representa um importante marco na vida cultural portuguesa, considerou-se importante a emissão de uma moeda comemorativa para assinalar a efeméride. De referir que os lucros desta amoedação foram entregues ao Governo Regional dos Açores. Esta moeda cunhada em cuproníquelcom o valor de 100$00foi criada pela escultora Irene Vilar. Como habitualmente foi ainda emitida em estojos próprios, versões em cuproníquel BNC e em prata proof. De referir ainda, que Antero de Quental figurava nas notas de 5000 escudos chapa 2 e 2A que circulavam nesta altura. Ficha Técnica Peso: 15 g Diâmetro: 33 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: Irene Vilar Decreto: 367/91 de 04/10/1991 Ano 1991 Cunhagem 1 000 000 Código 100.01 3ª Série Descobrimentos: Descoberta da América A legislação associada à emissão da terceira Série dos Descobrimentos (Descoberta da América), a qual foi publicada em decreto-lei 193/91 de 25 de Maio durante o governo de Cavaco Silva, sendo seu ministro Luís Miguel Beleza. Mário Soares era o Presidente da República. A descoberta por Cristóvão Colombo, em 1492, de um novo continente, mais tarde designado por América, constituiu um dos acontecimentos mais marcantes na história dos Descobrimentos. Foi durante a sua permanência em Portugal, de 1476 a 1485, que Colombo mais aprendeu sobre a ciência da navegação no Atlântico, desenvolvida e aperfeiçoada durante décadas pelos marinheiros portugueses, o que possibilitou e motivou o nascimento da sua ideia de alcançar a Ásia navegando para ocidente e a descoberta de um novo mundo. 39 Apontamentos: Escudo Considerou-se muito oportuno, no âmbito das comemorações nacionais dos Descobrimentos Portugueses, assinalar os 500 anos da descoberta da América e a contribuição de Portugal para este acontecimento marcante da história da Europa Ocidental. Em simultâneo e para completar a Série habitual de quatro moedas, comemorou-se outro acontecimento, este menos conhecido, que consistiu na descoberta e reconhecimento das costas da Califórnia pelo navegador português (também ao serviço dos castelhanos) João Rodrigues Cabrilho (450 anos comemorados em 1992). O último tema foi o fundamental para esta descoberta e resultou dos conhecimentos de navegação portugueses para o Ocidente do Atlântico. Esta série foi produzida em cuproníquel, como habitualmente mas desta vez em moedas com o valor de 200$00, valor que se manteve até ao fim das Séries dos Descobrimentos. Estas novas moedas apresentavam 36 mm e 21,0 g de peso e bordo serrilhado. De cada um dos espécimes foram ainda produzidos espécimes com acabamento e metais especiais. Assim, todas tiveram produção em prata com acabamento BNC e proof, ouro proof. Tal como nas edições anteriores foi produzida ainda uma emissão prestígio 4 moedas, 4 metais (ouro, prata, paládio e platina). Para esta série foram seleccionados os trabalhos de Paulo Guilherme (Navegações para Ocidente), António Marinho (Cristóvão Colombo), Raul Machado (Descoberta da América) e Isabel Carriço e Fernando Branco (Descoberta da Califórnia). Novamente surgem nos desenhos destas moedas a referência a navios da época dos descobrimentos: nau quinhentista (Descoberta da Califórnia); primeira armada de Colombo (Descoberta da América): Santa Maria, Pinta e Niña. De novidade, foi a inclusão em várias moedas de desenhos cartográficos: representação parcial da América do Norte e Central (Descoberta da Califórnia), mapa hexagonal de Toscanelli (Navegações para Ocidente); mapa da Europa e de África (Cristóvão Colombo); mapa de Colombo da Ilha Hispaniola (Descoberta da América). Outras representações alusivas às navegações quinhentistas são na moeda Navegações para Ocidente do leme, da carta náutica, do astrolábio e da espada com a Cruz de Cristo; rosa dos ventos (Cristóvão Colombo); rosa dos ventos e cartas náuticas (Descoberta da América). Navegações para Ocidente As possibilidades e os conhecimentos para navegar para Ocidente sem a visão da costa era já uma capacidade que os portugueses dominavam. Tal tinha permitido as ligações regulares para os Açores e a Madeira, e dos Açores para a costa Americana do Norte (Terra de Labrador). O conhecimento das correntes do Atlântico Norte, bem como da navegação astronómica eram comuns entre os navegadores portugueses. Todo este conhecimento terá sido apreendido por Cristóvão Colombo na sua estadia em Porto Santo como sogro do capitão donatário da ilha. A questão poderá colocar-se na origem do navegador, será que só aí as apreendeu ou teve a formação típica dos comandantes dos navios portugueses dessa época? Cristóvão Colombo não teria no entanto, os conhecimentos das navegações secretas organizadas e enviadas por D. João II que teriam permitido conhecer já a existência da América e consequente erro de cálculo existente no mapa de Toscanelli que Colombo tomou como certo. 40 Apontamentos: Escudo Cristóvão Colombo Segundo a tradição natural da República de Génova, 1451. Veio a falecer em Valladolid em 20 de Maio de 1506. Foi um navegador e explorador europeu, responsável por liderar a frota que alcançou a América em 12 de Outubro de 1492, sob as ordens dos Reis Católicos de Espanha. Empreendeu a sua viagem através do Oceano Atlântico com o objectivo de atingir a Índia, tendo na realidade descoberto as ilhas das Caraíbas (Antilhas) e, mais tarde, a costa do Golfo do México na América Central. A data do nascimento de Colombo pode ser determinada com alguma precisão, pois num documento datado de 31 de Outubro de 1470 afirma-se que Cristóvão Colombo, filho de Domenico é já maior de dezanove anos. O que, juntamente com o documento Assereto, onde ele próprio afirma ter “cerca de 27 anos”, permite precisar o ano do seu nascimento como sendo o de 1451, entre 25 de Agosto e 31 de Outubro. Segundo a documentação existente, era natural de Génova, tendo provavelmente nascido no bairro de Quinto, onde o seu pai residia já em 1429.Numa minuta datada de 25 de Agosto de 1479, Colombo é referido como “cidadão Genovês”. O mesmo documento, denominado “documento Assereto”, no qual Colombo é citado como testemunha num processo judicial sobre uma compra de açúcar na Ilha da Madeira na qual esteve envolvido, transcreve a afirmação de Colombo sobre a sua idade à época, cerca de 27 anos, e que estava de partida para Lisboa. O documento refere ainda os mercadores Genoveses Paolo di Negro e Lodovico Centurione, cujos herdeiros são citados nos testamentos de Colombo (1506) e do seu filho Diogo (1523). Através deste documento sabe-se, que em 1479 Colombo trabalhava como representante da casa Centurione no comércio do açúcar, tendo já visitado a Madeira e parecendo já estar estabelecido em Lisboa. Sobre a família de Colombo, sabe-se pela documentação existente que era filho de Domenico Colombo, e neto de Giovanni Colombo, morador em Quinto, e já defunto a 20 de Abril de 1448. Tinha ainda um tio chamado António Colombo e uma tia Battistina, casada com Giovanni Frittalo, a qual foi dotada no referido ano de 1448. A 21 de Fevereiro de 1429 o pai de Colombo, Domenico, foi enviado pelo seu pai Giovanni, avô de Colombo, para casa de um tecelão Alemão, como aprendiz dessa arte, por um prazo de seis anos. Giovanni, originário de Moconesi, era então habitante em Quinto. Vários documentos notariais Genoveses atestam a presença em Espanha dos três filhos de Domenico, Bartolomeu, Cristóvão e Giacomo. Em 1489, após um processo entre Domenico e o pai do seu genro, Giacomo Bavarello, queijeiro, este, já viúvo, assina na qualidade de legítimo administrador da parte dos seus três filhos. A 11 de Outubro de 1496, um acordo é assinado entre Giovanni Colombo de Quinto e Matteo e Amighetto, seus irmãos, todos filhos de António Colombo já defunto, segundo o qual o primeiro deles se deveria dirigir a Espanha, a expensas comuns, para “visitar o almirante Cristóvão Colombo”. Em 1501, alguns cidadãos de Savona juraram que Cristóvão, Bartolomeu e Giacomo Colombo, filhos e herdeiros do defunto Domenico são “há muito tempo afastados da cidade e território de Savona, para lá de Pisa e de Nice em Provença, e que vivem em Espanha, como toda a gente sabe e o sabia já”. Em 1479 Colombo desposou Filipa Moniz, residente no mosteiro feminino de Santos-o-Velho da Ordem de Santiago desde a morte do pai, Bartolomeu Perestrelo, cavaleiro da casa do Infante 41 Apontamentos: Escudo D. Henrique, de ascendência presumivelmente italiana, de Placência, e um dos povoadores e primeiro capitão do donatário da ilha do Porto Santo. Da união nasceu um filho em c. 1474-80, Diogo Colombo, nomeado pela Coroa Espanhola como 2º Almirante e Vice-rei das Índias. A partir de 1485 Colombo reside em Castela. Chegando a Córdova com a corte, teve um caso amoroso, no Inverno de 1487-1488 com uma moça humilde por nome Beatriz Enríquez da qual nasceu, a 15 de Agosto de 1488, Fernando Colombo. A esta moça deixa Colombo, no seu testamento, a renda anual de 10 000 maravedis, presumivelmente como compensação pelos danos causados à sua honra. Portugal, à época, buscava uma passagem marítima para o Oriente, que lhe permitisse comerciar directamente com a Índia, de onde eram redistribuídas as especiarias oriundas das ilhas Molucas, a par de outros produtos de luxo. Via nesse projecto uma resposta cristã à hegemonia turco-egípcia, muçulmana, sobre a rota terrestre abastecedora da Europa, particularmente das cidades de Génova e de Veneza. Como alternativa a esse projecto, Colombo concebeu atingir as Índias navegando para o Ocidente, contornando o planeta. As suas ideias básicas eram: a esfericidade da Terra; e que os mares eram formados por uma única massa. Durante a sua estadia em Portugal, Colombo correspondeu-se com Paolo del Pozzo Toscanelli. Nessa correspondência passou intencionalmente a Toscanelli uma estimativa (incorrecta) de que a distância era mais curta que a aceite pela Junta de Matemática de D. João II. Este órgão aceitava a afirmação de Ptolomeu de que a massa de terras (a Eurásia e a África) ocupava 180 graus da esfera terrestre, com 180 graus de mar. De facto só ocupa cerca de 120 graus. Colombo teria usado os cálculos de Pierre d'Ailly, acreditando que a massa ocupada por terras era de 225 graus, deixando 135 graus de mar e atribuindo um comprimento menor ao grau de longitude terrestre; estes factos, em conjunto com o globo de Martin Behaim, teriam tido a virtude de convencer os castelhanos, no Concelho de Salamanca onde apresentou o seu projecto a um grupo de religiosos e leigos, a patrocinar a sua expedição. A circunferência verdadeira da Terra é de aproximadamente quarenta mil quilómetros. Colombo teria afirmado que era de trinta mil e seiscentos quilómetros, estimando assim que a distância ao Japão era de cerca de quatro mil quatrocentos e quarenta e quatro quilómetros. Mas Manuel Rosa prova no seu último livro Colón. La Historia Nunca Contada que Colombo de facto media 231 léguas desde Santa Maria nos Açores até Lisboa (uns 6000 quilómetros por légua), e que essa era a mesma distância que dá Valentim Fernandes no seu Livro de Marco Paulo. Também o Infante D. Henrique menciona as mesmas léguas na doação da Ilha Terceira a Jacome de Bruges em 1450. Deduz-se assim que Colombo em vez de andar perdido ou enganado, ocultava o que sabia e fazia-o para enganar os Reis Católicos e que o globo de Martin Behaim, um perito da Junta de Matemática de D. João II fazia parte do mesmo engano. Colombo conseguiu finalmente fazer aprovar o projecto da sua viagem junto dos Reis Católicos, após a conquista de Granada, com a ajuda do confessor da rainha Isabel de Castela. Os termos da sua contratação tornavam-no almirante dos mares da Índia a descobrir e governador e vicerei das terras do Oriente a que se propunha chegar, em competição com os portugueses que exploravam a Rota do Cabo. 42 Apontamentos: Escudo Colombo partiu em sua primeira viagem de Palos de la Frontera (Huelva, Espanha), em 3 de Agosto de 1492, com três pequenas embarcações: a nau Santa Maria e as caravelas Niña e Pinta. Tocou na Grã-Canária e rumou para Sudoeste; no dia 12 de Outubro de 1492, chegou a um ilhéu das Bahamas a que deu o nome de São Salvador. Continuando a navegar costeou Cuba (segundo os próprios cubanos o nome é derivado da palavra Taíno, “cubanacán”, significando “um lugar central”) e chegou ao Haiti a que deu o nome de Hispaniola. Dizendo ter chegado à Índia deixou lá uma pequena colónia e regressou à Europa. A sua segunda viagem iniciou-se em 1493, com três naus e catorze caravelas. Nela avistou as Antilhas e abordou a Martinica. Rumou depois para o norte e alcançou Porto Rico. Foi a Hispaniola onde a pequena colónia tinha sido arrasada pelos indígenas. Tendo ali deixado outro contingente de homens, navegou para o ocidente e chegou à Jamaica. Nessa viagem fundou Isabela, actual Santo Domingo, na República Dominicana, a primeira povoação europeia no continente americano. Para a terceira viagem, partiu em 1498, com seis naus, tendo chegado à ilha da Trinidad depois de uma atribulada viagem. Rumando ao sul chegou a uma grande terra que pensou ser uma ilha, a que chamou de Gracia. Rumando ao norte chegou a Santo Domingo, onde entrou em conflito com o governador, vindo ele e o irmão a ser presos e enviados para Castela. Na quarta viagem, saiu de Cádiz com quatro naus em 1502, propondo-se uma vez mais a chegar ao Oriente. Avistou a Jamaica e, depois de grande tempestade, chegou à Ilha de Pinos nas Honduras. Avistou depois as costas da Nicarágua, Costa Rica e Panamá. Devido ao péssimo estado das naus teve de regressar a Hispaniola, de onde voltou para Castela. Colombo sempre atribuiu as suas viagens ao desejo de converter novos povos ao Cristianismo, uma crença que se intensificou com a idade. Reivindicou ouvir vozes divinas, e procurou que se organizasse uma nova cruzada para capturar Jerusalém. Usava as vestes de franciscano, e descreveu as suas explorações ao “paraíso” como parte do plano divino de que resultaria o último julgamento e o fim do mundo. Por outro lado, exigiu da Coroa castelhana dez por cento de todos os lucros nas terras novas de que viesse a tomar posse, conforme o acordo antecedente com os Reis Católicos. Como Colombo já não governava “as Índias”, o novo monarca rejeitou estas pretensões. Os seus filhos processaram a Coroa castelhana para obter parte dos lucros do comércio com a América, mas perderam a causa cinquenta anos mais tarde. Razoavelmente rico devido ao ouro que os seus homens tinham acumulado em Hispaniola e particularmente honrado pelos seus filhos, Colombo faleceu em Valladolid a 20 de Maio de 1506. Andres Bernaldez, cronista dos Reis Católicos, amigo íntimo e confidente de Colombo, atribui-lhe a idade de 70 anos à época do seu falecimento. Teria, assim, nascido em 1436-1437. Descoberta da América A América foi inicialmente povoada por índios durante milhares de anos e em todo o continente se desenvolveram civilizações importantes, como os maias, astecas e incas. Apesar dos vikings terem explorado e estabelecido bases nas costas da América do Norte a partir do século X, estes exploradores aparentemente não colonizaram a América, limitando-se a tentar controlar o comércio de peles de animais e outras mercadorias da região. 43 Apontamentos: Escudo A colonização da América pelos europeus resultou da procura de uma rota marítima para a Índia, que era a fonte da seda e das especiarias, produtos que tinham um grande valor comercial no “velho continente”. Ao navegarem para oeste, encontraram o “Novo Mundo”. Os primeiros a descobrir as “Índias orientais” foram os judeus - a 12 de Outubro de 1492, Cristóvão Colombo (que chegou à ilha Hispaniola, onde encontrou nativos amistosos e pensou ter chegado à Índia). Ali, deixou uma pequena colónia que, no ano seguinte, tinha sido dizimada pelos nativos, e posteriormente deixou lá uma guarnição bem armada. Estima-se de cerca de 250 mil aruaques existentes naquela ilha, apenas 500 tinham sobrevivido no ano 1550; o grupo foi extinto antes de 1650. O Brasil foi colonizado pelos Portugueses. Em meados do século XVI, o Império Espanhol controlava quase toda a zona costeira das Américas, desde o Alasca à Patagónia, no ocidente, e desde o actual estado norte-americano da Geórgia, toda a América Central e o Caribe à Argentina; com excepção do Brasil, que Portugal tinha conseguido manter graças à mediação do Papa. João Rodrigues Cabrilho João Rodrigues Cabrilho, também conhecido como Juan Rodríguez Cabrillo, foi um navegador e explorador português do século XVI. Ao serviço da coroa espanhola efectuou importantes explorações marítimas no Oceano Pacífico (costa Oeste dos actuais EUA) e terrestres na América do Norte, participando na conquista da Capital Azteca de Tenochtitlan, com o conquistador espanhol Hernán Cortés em 1521, participou também com Pedro de Alvarado e mais 300 europeus, na conquista dos territórios que compreendem hoje as Honduras, Guatemala e San Salvador, entre 1523 e 1535, ajudando a fundar Oaxaca (um dos 31 Estados do México). Ao serviço da Espanha, no mês de Junho do ano de 1542, João Rodrigues largou amarras de Navidade, na costa Oeste do México, navegando para o Norte, e três meses depois alcançou a Baia de San Diego, tornando-se o primeiro europeu a desembarcar no que é actualmente o Estado da Califórnia.A nacionalidade portuguesa de João Rodrigues não oferece dúvidas, pois é o próprio cronista e Chefe das Índias Espanholas, D. António Herrera y Tordesillas, que na sua Historia General de loshechos de los Castellanos en lás Islas y tierra firme del Mar Oceano o confirma, ao dizer ter D. António de Mendonça aprestado os navios “São Salvador” e “Victoria” para prosseguirem na exploração costeira da Nova Espanha e que nomeou por Capitão deles João Rodrigues Cabrilho. Embora alguns biógrafos e historiadores, em especial Harry Kelsey, afirmem que Cabrillo tenha nascido em Sevilla (Andaluzia) em data incerta. Morreu a 3 de Janeiro de 1543 no Sul do actual estado americano da Califórnia, desconhecendo-se o local da sua sepultura. 44 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Peso: 21 g Diâmetro: 36 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: Paulo Guilherme Decreto: 193/91 de 25/05/1991 Ano 1991 Cunhagem 2 000 000 Código 101.01 Ficha Técnica Peso: 21 g Diâmetro: 36 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: António Marinho Decreto: 193/91 de 25/05/1991 Ano 1991 Cunhagem 2 000 000 Código 102.01 45 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Peso: 21 g Diâmetro: 36 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: Raul Machado Decreto: 193/91 de 25/05/1991 Ano 1991 Cunhagem 2 000 000 Código 103.01 Ficha Técnica Peso: 21 g Diâmetro: 36 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: Isabel Carriço e Fernando Branco Decreto: 193/91 de 25/05/1991 Ano 1991 Cunhagem 2 000 000 Código 104.01 2000 Escudos Ch. 1 Bartolomeu Dias José Tavares Moreira Luís Miguel Beleza António Palmeiro Ribeiro 46 Apontamentos: Escudo António Castel-Branco Borges António Bagão Félix Abel António Pinto dos Reis António Bagão Félix José Matos Torres João Morais Costa Pinto José Cardoso Veloso Bernardino Costa Pereira Abel Moreira Mateus Entendendo que se justificava o complemento do ciclo 1,2,5 do sistema monetário, o Conselho de Administração, em sessão de 30 de Julho de 1987 e 5 de Novembro do mesmo ano, deliberou criar um novo tipo de nota com o valor facial de 2000 escudos. Inicialmente indicada para ser a primeira de uma série de notas de motivação figurativa com base no tema “Portugal e os Descobrimentos”, só posteriormente, com a emissão da nota de 2000 escudos, Chapa 2, de novo formato e características especiais, essa deliberação veio a ser efectivamente concretizada. Bartolomeu Dias, grande navegador e descobridor português da segunda metade do século XV, foi a figura escolhida para ilustrar a primeira nota desta denominação. A criação ou trabalhos preliminares (fabrico de maquetas finais, execução de fotolitos para as chapas offset e gravação, manual ou mecânica, de matrizes para a estampagem calcográfica), estava habitualmente a cargo da firma encarregada da impressão. A nova prática, aprovada em sessão de 5 de Janeiro de 1989, dissocia a execução dos trabalhos preliminares da estampagem final e explicita que a originação, executada por firmas especializadas, é de propriedade exclusiva do Banco, que a pode ceder a qualquer dos tradicionais impressores, inclusive a quem fez a originação ou, ainda, utilizá-la nas suas próprias instalações de impressão. Neste contexto a elaboração dos trabalhos preliminares, ou originação, foi consignada à firma Komori Currency Technology UK Ltd., de Inglaterra, segundo maquetas iniciais do Professor Luís Filipe de Abreu, ficando a cargo dos impressores British American Bank Note, do Canadá, a estampagem das notas. A estampagem calcográfica da frente, em cores azul e castanho, incluía a efígie de Bartolomeu Dias, um astrolábio, ornamentos, dísticos, uma rosácea na metade superior direita, com a imagem latente de uma cruz de Cristo, linhas, contornando alguns ornamentos, microimpressas de “Banco de Portugal Dois Mil Escudos Bartolomeu Dias” em contínuo e, no canto inferior esquerdo, o desenho de uma vela latina, para identificação por invisuais. O fundo, em offset simultâneo a quatro cores, incluía as Armas Reais de D. João II, rosa-dos-ventos, motivos inspirados na cruz de Cristo e estilização de ondas, o desenho de 47 Apontamentos: Escudo um cabo de amarração a todo o comprimento, em baixo, e, no canto inferior direito, uma cruz que faz registo com a cruz de igual contorno no verso. A estampagem a talhe-doce do verso, a azul, castanho e vermelho, mostrava uma caravela de velas latinas, o Cabo da Boa Esperança, esfera armilar, ornamentos, dísticos, e, tal como na frente, linhas microimpressas de “Banco de Portugal Dois Mil Escudos Bartolomeu Dias” contornando alguns dos ornamentos. O fundo do verso, em offset simultâneo de quatro cores, com predominância azul esverdeado, era constituído por temas náuticos e um mapa do continente africano. A aposição tipográfica do texto complementar (data, série, numeração, as palavras “O Governador”, “O ViceGovernador” e “O Administrador” e chancelas) foi feita nas oficinas do Banco. O papel foi fabricado pela VHP – Veiligheidspapierfabriek Ugchelenbv, da Holanda. A marca de água foi colocada no lado direito e apresentava a efígie de Bartolomeu Dias, virada para o centro, em redução do retrato estampado na nota. Incorporado no papel podia observar-se, na metade esquerda, um filete de segurança, microimpresso com a palavra “Portugal” repetidamente e ainda, espalhadas ao acaso por toda a superfície, fibras fluorescentes vermelhas e verdes, visíveis quando sob a incidência da luz ultravioleta. Komori Currency Technology UK Ltd A Komori foi criada em 1923 em Tóquio (Japão) como empresa tipográfica. Com um crescimento sustentado transforma-se em multinacional chegando aos Estados Unidos da América em 1982 e à Europa com a subsidiária Komori UK em 1984. Em 1986 foi criada dentro desta última a Komori Currency Technology UK Ltd, especializada na criação e desenvolvimento de notaas bancárias. 48 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Valor: 2 000$00 Chapa: 1 Frente: Retrato de Bartolomeu Dias e motivos relacionados com as navegações quinhentistas Verso: Representação da caravela de Bartolomeu Dias a passar o Cabo da Boa Esperança e esfera armilar Maqueta: Luís Filipe de Abreu Marca de água: Bartolomeu Dias Mecanismo de segurança: filete de segurança microimpresso com a palavra “Portugal” e, por toda a superfície, distribuídas ao acaso, fibras fluorescentes vermelhas e verdes Medidas: 166,5x75 mm Criação: Komori Currency Technology UK, Ltd Impressão: British American Bank Note Ink. Primeira emissão:01-08-1991 Última emissão: 22-10-1993 Retirada de circulação: 31-12-1997 Data 23-05-1991 29-08-1991 16-07-1992 21-10-1993 Emissão 21 000 000 21 000 000 42 000 000 20 320 000 Combinações de Assinaturas 5 4 6 7 Presidência da CEE A legislação associada à emissão da moeda comemorativa da Presidência Portuguesa da CEE em 1992, a qual foi publicada em decreto-lei 63/92 de 21 de Abril durante o governo de Cavaco Silva, sendo seu ministro Jorge Braga de Macedo. Mário Soares era o Presidente da República. Decorrendo no primeiro semestre de 1992 a primeira presidência portuguesa do Conselho da Comunidade Europeia, considerou-se da maior oportunidade a emissão de moeda comemorativa a assinalar o acontecimento. 49 Apontamentos: Escudo A moeda cunhada teve uma tiragem de 1 milhão de moedas com valor de 200$00em cuproníquel. A moeda teve autoria da dupla Isabel Carriço e Fernando Branco. Como habitualmente foram ainda produzidas emissões especiais em prata proof e BNC. A moeda com desenho estilizado onde se destacavam elementos representativos do brasão português, bandeira da CEE e elementos ondulantes representando as ondas do mar. Curiosamente voltaria a ser emitida moeda nas outras duas presidências portuguesas. Presidência da CEE A Presidência do Conselho da União Europeia é uma responsabilidade sobre o funcionamento do Conselho da União Europeia, que foi rotativo entre os Estados membros da União Europeia, de seis em seis meses. Não havia um único presidente, e a tarefa era levada a cabo por todo um governo nacional, o que, consequentemente, permite influencie a direcção da política da União Europeia. A Presidência, que é por vezes chamada informalmente a Presidência da UE, tem como sua principal responsabilidade, organizar e presidir a todas as reuniões do Conselho. No entanto, a capacidade de resolver dificuldades na prática é também uma responsabilidade primária. A Presidência está sendo, actualmente, executada numa maneira compartilhada, a fim de lidar com o curto prazo de seis meses de Presidência. Três presidentes sucessivos formarão uma presidência tri-partilhada, trabalhando em conjunto ao longo de 1,5 anos para cumprir uma agenda comum pelo actual presidente, simplesmente para se dar continuidade ao trabalho da anterior presidência, após o final do seu mandato. Deve notar-se que a estrutura jurídica não tenha sido oficialmente modificada; é de facto um método de funcionamento. No entanto, a Acta Final da CIG no Tratado de Lisboa iria formalizar esse procedimento. Esse processo também permite que os novos Estados-Membros assumam a Presidência mais cedo, e, ao mesmo tempo, o tripletes são dispostas de modo a que, em cada um deles, há dois novos e antigos Estados-Membros, com o pressuposto de que os antigos Estados-Membros irão passar as suas experiências com a co-presidência de novos membros. Separado do Conselho da União Europeia, há também o Conselho Europeu, que se reúne em cimeiras europeias em cerca de quatro vezes por ano. A tarefa como Presidente do Conselho Europeu é igualmente realizada pelo chefe de governo ou chefe de estado do Estado membro que exerce a Presidência. O presidente é o principal responsável pela preparação e presidência de reuniões do Conselho, e não tem poderes executivos. A partir de 2009, ao abrigo do Tratado de Lisboa, o Conselho Europeu deixaria de usar o sistema da Presidência do Conselho, pelo contrário, teria um Presidente a tempo inteiro, que não mantém qualquer serviço nacional. Portugal assumiu essa responsabilidade pela primeira vez em 1992, sendo João de Deus Pinheiro ministro dos Negócios Estrangeiros, voltando novamente em 2000 (ministro Jaime Graça) e 2007 (ministro Luís Amado). 50 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Peso: 21 g Diâmetro: 36 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: Isabel Carriço e Fernando Branco Decreto: 63/92 de 21/04/1992 Ano 1992 Cunhagem 1 000 000 Código 105.01 Jogos Olímpicos de Barcelona A legislação associada à emissão da moeda comemorativa relativa aos Jogos Olímpicos de Barcelona de 1992, a qual foi publicada em decreto-lei 94/92 de 23 de Maio durante o governo de Cavaco Silva, sendo seus ministros Jorge Braga de Macedo e Couto dos Santos. Mário Soares era o Presidente da República. Em Julho de 1992 decorreram, em Barcelona, os XXV Jogos olímpicos da Era Moderna, acontecimento desportivo da maior projecção mundial e no qual Portugal participou com a sua maior delegação até à data, pelo que se considerou oportuno assinalar os feitos olímpicos portugueses do passado e a participação nestes Jogos com a emissão de uma moeda comemorativa. A moeda com o valor de 200$00, cunhada em cuproníquel, teve a autoria de António Marinho. A clara alusão aos feitos portugueses nos Jogos Olímpicos foi feita com a representação de um atleta em esforço durante uma corrida, relembrando-se os feitos recentes de Carlos Lopes e Rosa Mota, medalhados nas olimpíadas de Los Angeles e Seul com o Ouro na Maratona. Jogos Olímpicos Barcelona 1992 Os XXV Jogos Olímpicos ocorreram em Barcelona (Espanha), cidade do então presidente do Comité Olímpico Internacional, Juan Antonio Samaranch, entre 25 de Julho e 9 de Agosto de 1992. Foi a primeira edição desde Munique 1972 aonde todos os Comités Olímpicos Nacionais estiveram presentes, totalizando 169 nações que enviaram 9356 atletas. Um total de 167 nações enviou representantes para os Jogos. Como consequência da mudança geopolítica do momento (exactos seis meses antes dos jogos a União Soviética tinha desaparecido), doze 51 Apontamentos: Escudo países da ex-URSS optaram por formar uma Equipa Unificada, composta pelos então 11 países da Comunidade dos Estados Independentes mais a Geórgia. Os três países bálticos formados por Estónia, Letónia e Lituânia optaram por enviar suas próprias delegações. A África do Sul, retornou aos Jogos após a suspensão de 32 anos ocasionada pelo regime do Apartheid. A Alemanha competiu como uma única nação após a reunificação, fato que não ocorria desde a formação da Equipe Alemã Unida entre 1956 e 1964. O desmembramento da Jugoslávia levou a Croácia, Bósnia-Herzegovina e Eslovénia a participarem com suas próprias equipas nacionais. A então República Federal da Jugoslávia estava sob embargo das Nações Unidas devido a Guerra Civil, mas numa forma de não punir os atletas jugoslavos eles tiveram a participação autorizada como Participantes Olímpicos Independentes, isto fez com que a Jugoslávia perdesse as respectivas vagas nos desportos colectivos. A participação portuguesa foi desapontante. Sem nenhuma medalha ao contrário das participações mais recentes, facto que foi ainda de maior destaque dado o tamanho da delegação portuguesa. A desilusão foi ainda maior dado que nem a equipa de Hóquei em Patins (quarta classificada) foi capaz de conquistar medalhas na primeira e única aparição deste desporto nas Olimpíadas. Ficha Técnica Peso: 21 g Diâmetro: 36 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: António Marinho Decreto: 94/92 de 23/05/1992 Ano 1992 Cunhagem 1 000 000 Código 106.01 1ª Série Ibero-Americana: Encontro de Dois Mundos A legislação associada à emissão da moeda comemorativa à primeira série ibero-americana “Encontro de Dois Mundos”, a qual foi publicada em decreto-lei 449/91 de 30 de Novembro durante o governo de Cavaco Silva, sendo seus ministros Jorge Braga de Macedo e Couto dos Santos. Mário Soares era o Presidente da República. 52 Apontamentos: Escudo Portugal esteve directamente envolvido nas comemorações internacionais do 5º Centenário do Descobrimento Europeu da América realizado em 1992. Participou igualmente na Exposição Universal de Sevilha, cujo tema “A Era dos Descobrimentos” contribuiu para realçar o papel pioneiro de Portugal no encontro entre mundos, no contacto de civilizações e na interpretação de culturas resultantes da expansão marítima europeia dos séculos XV e XVI. Tais participações tornaram oportunas a participação de Portugal numa série internacional de moedas comemorativas, em conjunto com vários países do continente americano e a Espanha, alusivas ao “Encontro de Dois Mundos”, por ocasião do 5º Centenário do Descobrimento Europeu da América. Para esta série cunhada em moeda de prata com valor de 1000$00, foi seleccionado escultura da dupla Isabel Carriço e Fernando Branco. Na face nacional (reverso) surgia a figuração de uma caravela portuguesa de dois mastros e a representação de um mapa quinhentista da Europa e de África parcialmente encoberto pelo pano da caravela, encontrando-se na proa da caravela o mapa do Brasil. No anverso surgiam as armas nacionais de todos os países participantes na série: Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Cuba, Chile, Equador, Espanha, México, Nicarágua, Peru, Uruguai e Venezuela. 53 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Peso: 27 g Diâmetro: 40 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Prata Composição: Ag 500 Autor: Isabel Carriço e Fernando Branco Decreto: 449/91 de 30/11/1991 Ano 1991 Cunhagem 350 000 Código 107.01 4ª Série dos Descobrimentos: 450 anos do Encontro Portugal – Japão A legislação associada à emissão da 4.ª Série dos Descobrimentos, a qual foi publicada em decreto-lei 57/93 de 1 de Março durante o governo de Cavaco Silva, sendo seus ministros Jorge Braga de Macedo. Mário Soares era o Presidente da República. No âmbito do programa da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, o ano de 1993 foi dedicado às celebrações luso-nipónicas evocativas dos 450 54 Apontamentos: Escudo anos da chegada dos primeiros portugueses à ilha de Tanegashima, no arquipélago de Kiushu, a 23 de Setembro de 1543. Desse primeiro encontro, entre as culturas ocidental europeia e a oriental nipónica, resultou um dos mais enriquecedores diálogos entre civilizações da era dos Descobrimentos, com importantes consequências na história da humanidade. Considerou-se, por isso, muito oportuno assinalar os 450 anos do encontro Portugal-Japão, com a emissão de uma série de moedas comemorativas da efeméride. A série cunhada em cuproníquel com valor de 200$00, teve ainda emissões especiais em prata proof, ouro proof e edição prestígio (quatro metais). As quatro moedas tiveram os seguintes temas: Chegada a Tanegashima (de autoria de Eloisa Byrne), introdução das armas de fogo no Japão (de autoria de António Marinho), primeira embaixada dos daimius de Kiushu a Portugal (de autoria de Raul Machado) e desenvolvimento da arte e cultura Namban (de autoria de Isabel Carriço e Fernando Branco). Esta edição ficou marcada pelas referências constantes a imagens baseadas na arte Namban e navios quinhentistas portugueses. Chegada a Tanegashima Tanegashima é uma ilha do sul do Japão, situada no arquipélago Ōsumi, ao sul de Kyushu. Faz parte da província de Kagoshima e é a segunda maior do arquipélago. A ilha de Tanegashima é uma longa e estreita faixa de terra cuidadosamente cultivada, medindo 57,5 quilómetros norte-sul, e 5-12 km de leste-oeste. Na ilha há uma cidade, Nishinoomote, e duas vilas, Nakatane e Minamitane, pertencentes ao distrito de Kumage. O novo aeroporto de Tanegashima serve a ilha, oferecendo voos diários para Kagoshima e Osaka. Esta ilha de Tanegashima é celebrada como o local do primeiro contacto conhecido entre Europeus e Japoneses, em 1543. Um entreposto comercial Ryukyuan fora aí estabelecido há várias décadas, e todo o tráfego de Ryukyus para Kagoshima em Kyushu, no sul do Japão, era obrigado a passar por esta estação. Foi assim que um navio Português, desviando-se da rota da China para Okinawa, aportou em Tanegashima, e não directamente no Japão. Introdução da Espingarda no Japão Até aos tempos modernos, as armas de fogo eram coloquialmente conhecidas no Japão como "Tanegashima", devido a terem sido introduzidas aí pelos primeiros portugueses desse navio. Nas suas memórias publicadas em 1614, o aventureiro e autor Fernão Mendes Pinto colocou-se nesse primeiro desembarque, embora esta afirmação tenha sido desacreditada e, contradizendo com as suas pretensões de estar simultaneamente em Mianmar no momento. No entanto, parece ter visitado Tanegashima pouco depois. Os europeus chegaram para comerciar, não só armas, mas também sabão, tabaco e outros produtos desconhecidos no Japão medieval, por produtos japoneses. 55 Apontamentos: Escudo Desde que em 1543 as armas de fogo foram introduzidas, os famosos artesãos metalúrgicos de Tanegashima expandiram suas técnicas originais para incluir a criação de armas de fogo de alta qualidade em grande escala. Tanegashima era e mantém-se conhecida pelo fabrico tradicional de ferramentas de ferro, especialmente facas e tesouras. Os artesãos em Tanegashima têm mantido vivas as técnicas tradicionais para produzir e afiar ferramentas. Tanegashima é também conhecida como o centro de produção de ferro desde cerca de 1185, quando o clã Taira vindo de Quioto foi aí exilado por Minamoto no Yoritomo, trazendo consigo artesãos e cozinheiros. O povo fala com um sotaque de Quioto, mesmo hoje. A técnica dos artesãos de Tanegashima é única no mundo, e produz instrumentos usado por muitos chefs em Kyoto e Kansai, e tesouras "Tane-Basami" tesoura, preferida por muitos para a arte do Bonsai. Arte Namban A arte Namban desenvolveu-se no Japão entre 1500-1600, durante o chamado Período de comércio Namban influenciado pelos primeiros contactos com europeus, iniciados com a chegada dos portugueses em 1543. A origem do nome "Namban" vem de "Naban-jin", ou "bárbaros do sul", termo com que os japoneses apelidaram os europeus. Reflecte os contactos comerciais com europeus, no que é um dos primeiros exemplos conhecidos de ocidentalização na Ásia. Uma das maiores colecções de arte Namban está preservada no Museu da Cidade de Kobe, no Japão. Também em Lisboa, no Museu Nacional de Arte Antiga, pode-se ver uma importante colecção de biombos Namban mostrando os portugueses a negociar no Japão. Enviados Daimius de Kiushu Em 1582 foi enviada uma embaixada constituída por quatro adolescentes cristãos japoneses que viajaram até à Europa no navio português que fazia anualmente esta carreira. Os seus nomes eram Mancio Ito (representante do daimiu de Bungo), Michael Chijiwa (representante do daimiu de Omura e Arima) e os seus acompanhantes Marin Hara e Julian Nakaura. A acompanhar a embaixada foi o seu professor português, o jesuíta português Frei Diogo Mesquita. 56 Apontamentos: Escudo A Viagem tinha como objectivos proporcionar um contacto dos Europeus com a cultura japonesa por intermédio destes jovens, chamando a atenção para a importância da missão no Japão e impressionar os adolescentes japoneses com a cultura europeia para estes ajudarem a europeizar o Japão. A viagem decorreu por várias etapas: Japão, Macau, Malaca, Índia, Moçambique. Terminou após dois anos e meio em Lisboa em 1534. Em Portugal foram apresentados a várias autoridades, entre as quais o Arcebispo de Lisboa e a Frei Luís de Granada. Tiveram ainda oportunidade de visitar os monumentos mais impressionantes da cidade entre os quais, o Mosteiro dos Jerónimos. Posteriormente seguiram para a Espanha onde foram recebidos pelo rei Filipe II (I de Portugal) em Madrid. Daí seguiram para Roma onde foram recebidos pelo Papa Gregório e permaneceram na cidade até à coroação do novo Papa (Sisto V). Regressaram posteriormente passando por Veneza, Mmilão, Saragoça, Madrid, Évora e Coimbra antes de embarcarem para o regresso em Lisboa de onde saíram em 8 de Abril de 1586. Chegaram a Nagasaki em 1590 (dezoito anos depois da sua partida). Nesta altura a governação no Japão tinha sido mudada e os cristãos expulsos. Ficha Técnica Peso: 21 g Diâmetro: 36 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: Eloisa Byrne Decreto: 449/91 de 01/03/1993 Ano 1993 Cunhagem 1 000 000 Código 108.01 Ficha Técnica Peso: 21 g Diâmetro: 36 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: António Marinho Decreto: 449/91 de 01/03/1993 Ano 1993 Cunhagem 1 000 000 Código 109.01 57 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Peso: 21 g Diâmetro: 36 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: Raul Machado Decreto: 449/91 de 01/03/1993 Ano 1993 Cunhagem 1 000 000 Código 110.01 Ficha Técnica Peso: 21 g Diâmetro: 36 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: Isabel Carriço e Fernando Branco Decreto: 449/91 de 01/03/1993 Ano 1993 Cunhagem 1 000 000 Código 111.01 Eloisa Byrne A Nasceu em Lisboa, onde reside. Concluiu o curso de escultura na ESBAL em 1963. Em 1964 frequentou a Academia de San Fernando de Madrid. Participou em exposições em Portugal e no estrangeiro, nas exposições da FIDEM em Florença 1983, Colorado Spring 1987, Helsínquia 1990, Londres 1992 e Neuchâtel 1996. Esteve representada na exposição "A Medalha Portuguesa no Século XX", na Bélgica 1991. Desde 1993 está representada na colecção de medalhas do British Museum. Menção honrosa no concurso público para a medalha comemorativa dos 25 anos do Totobola. Foi autora da Medalha dos seis anos da Petrogal, ganha em concurso, e da medalha do bicentenário do Ministério das Finanças. Fez parte da equipa do Programa Numismático de moedas comemorativas dos Descobrimentos Portugueses. 58 Apontamentos: Escudo Lisboa ‟94 Capital Europeia da Cultura A legislação associada à emissão da moeda comemorativa relativa a Lisboa ’94 Capital Europeia da Cultura, a qual foi publicada em decreto-lei 129/94 de 19 de Maio durante o governo de Cavaco Silva, sendo seu ministro Eduardo Catroga. Mário Soares era o Presidente da República. Lisboa foi em 1994 Capital Europeia da Cultura. Tal designação resultou da resolução do Conselho de ministros da Cultura da Comunidade Europeia e envolvia dois objectivos: a aproximação dos povos europeus através de traços culturais comuns e a afirmação e divulgação da cultura do país e da cidade designada. Nesse âmbito, decorreram em Lisboa, durante 1994, inúmeras actividades de índole cultural, todas sob o tema: Lisboa ponto de encontro de culturas. Desta forma, Lisboa procurou contribuir para a unidade cultural europeia através de um património espiritual comum aos povos europeus. Considerou-se, assim, oportuno assinalar tal evento pela emissão de uma moeda comemorativa. Esta emissão teve por base as moedas de 200$00 bimetálicas correntes, sendo produzida uma emissão especial da autoria da dupla Isabel Carriço e Fernando Branco. Foram ainda produzidas espécimes proof bimetálicos idênticos à moeda corrente. Na face comemorativa foi colocada a representação da Torre de Belém de perfil e elementos figurativos do rio Tejo. Capital Europeia da Cultura A Capital Europeia da Cultura é uma iniciativa da União Europeia que tem por objectivo a promoção de uma cidade da Europa, por um período de um ano durante o qual a cidade possui a hipótese de mostrar à Europa sua vida e desenvolvimento cultural, permitindo um melhor conhecimento mútuo entre os cidadãos da União Europeia. Esta iniciativa começou em 1985 sob iniciativa da ministra grega Melina Mercouri, com o nome de Cidade Europeia da Cultura. Apenas uma cidade era nomeada por ano, sendo a responsabilidade da organização do evento do Estado-membro ao qual pertencia essa cidade e sucediam-se por ordem alfabética dos países. Em 1990, a o Conselho de Ministros decidiu alargar a iniciativa a outros países da Europa não pertencentes à União Europeia. Esta norma teria início apenas em 1996, ano em que terminava um ciclo completo e era limitada a países que segundo a Comunidade Europeia, respeitassem os princípios da democracia, do pluralismo e do estado de Direito. 59 Apontamentos: Escudo Segundo as novas regras era sugerido que fosse feita a alternância entre países membros e outros países, assim como se propunha a alternância entre capitais e cidades de província. Em 25 de Maio de 1999, o Conselho de Ministros e o Parlamento, decidem mudar o nome de Cidade Europeia da Cultura para Capital Europeia da Cultura. A data a nível lisboeta foi marcada por um grande programa cultural, tendo a cidade ficado melhor com a recuperação de vários edifícios, como o Coliseu bem como a construção do Centro Cultural de Belém. Ficha Técnica Peso: 9,8 g Diâmetro: 28 mm Bordo: Alternado em blocos lisos e serrilhados (catorze de cada) Eixo: Horizontal Metal: Bimetálica Composição: núcleo Cu 900, Al 50, Ni 50; anel Cu 750, Ni 250 Autor: José Cândido (anverso); Isabel Carriço e Fernando Branco Decreto: 129/94 de 19/05/1994 Ano 1994 Cunhagem 1 000 000 Código 112.01 5.ª Série Descobrimentos: Dividindo Mares e Terra A legislação associada à emissão da 5.ª Série Comemorativa dos Descobrimentos, a qual foi publicada em decreto-lei 157/94 de 3 de Junho durante o governo de Cavaco Silva, sendo seu ministro Eduardo Catroga. Mário Soares era o Presidente da República. No âmbito do plano da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, o ano de 1994 foi dedicado às celebrações do 6º Centenário do nascimento do Infante D. Henrique e do Tratado de Tordesilhas, entre as coroas castelhana e portuguesa. O Infante, como figura ímpar da história da humanidade e grande impulsionador das viagens de exploração marítima da primeira metade do século XV teve no seu sobrinhoneto o rei D. João II um notável continuador da sua obra e principal responsável pelo incremento dos Descobrimentos 60 Apontamentos: Escudo Portugueses do último quartel do século XV. A descoberta do novo mundo americano, em 1492, levou à celebração de um tratado de partilha do Atlântico e dos mundos ultramarinos entre Portugal e Espanha, assinado pelos reis Isabel e Fernando na vila de Tordesilhas, a 7 de Junho de 1494, e ratificado pelo rei D. João II na cidade de Setúbal, a 5 de Setembro do mesmo ano. O tratado de Tordesilhas constitui um dos mais importantes diplomas das relações políticas internacionais de Portugal e um dos acontecimentos de maior repercussão na história do mundo moderno. Considerou-se, assim, oportuno assinalar o 6.º Centenário do nascimento do Infante D. Henrique e o 5.º Centenário da Assinatura do Tratado de Tordesilhas com a emissão de uma série de moedas comemorativas dessas efemérides, em continuação do programa monetário e numismático alusivo aos Descobrimentos Portugueses iniciado em 1987. A série cunhada em cuproníquel com valor de 200$00, teve autoria dos seguintes escultores: Raul Machado (Infante D. Henrique), Isabel Carriço e Fernando Branco (Tratado de Tordesilhas), António Marinho (Partilha do Mundo) e Eloisa Byrne (D. João II). Tal como nas edições anteriores foram ainda produzidas emissões especiais luxuosas, incluíndo a emissão prestigío com quatro moedas em quatro metais, assim como, as emissões de prata e ouro proof. Na figuração das moedas para além da representação das figuras homenageadas: D. João II, Infante D. Henrique e Reis Católicos (moeda do Tratado de Tordesilhas), surgem representadas vários navios das descobertas: barca e caravela de dois mastros (Infante D. Henrique), caravela de três mastros (Tratado de Tordesilhase D. João II), nau portuguesa (Partilha do Mundo). O Tratado de Tordesilhas e a Partilha do Mundo O Tratado de Tordesilhas, assinado na vila castelhana de Tordesilhas em 7 de Junho de 1494, foi um tratado celebrado entre o Reino de Portugal e o recém-formado Reino da Espanha para dividir as terras “descobertas e por descobrir” por ambas as Coroas fora da Europa. Este tratado surgiu na sequência da contestação portuguesa às pretensões da Coroa espanhola resultantes da viagem de Cristóvão Colombo, que ano e meio antes chegara ao chamado Novo Mundo, reclamando-o oficialmente para Isabel a Católica. O tratado definia como linha de demarcação o meridiano 370 léguas a oeste da ilha de Santo Antão no arquipélago de Cabo Verde. Esta linha estava situada a meio-caminho entre estas ilhas (então portuguesas) e as ilhas das Caraíbas descobertas por Colombo, no tratado referidas como “Cipango” e Antília. Os territórios a leste deste meridiano pertenceriam a Portugal e os territórios a oeste, à Espanha. O tratado foi ratificado pela Espanha a 2 de Julho e por Portugal a 5 de Setembro de 1494. Algumas décadas mais tarde, na sequência da chamada “questão das Molucas”, o outro lado da Terra seria dividido, assumindo como linha de demarcação, a leste, o antimeridiano correspondente ao meridiano 61 Apontamentos: Escudo de Tordesilhas, pelo Tratado de Saragoça, a 22 de Abril de 1529. No contexto das Relações Internacionais, a sua assinatura ocorreu num momento de transição entre a hegemonia do Papado, poder até então universalista, e a afirmação do poder singular e secular dos monarcas nacionais – uma das muitas facetas da transição da Idade Média para a Idade Moderna. Para as negociações do Tratado e a sua assinatura, D. João II designou como embaixador a sua prima de Castela (filha de uma infanta portuguesa) D. Rui de Sousa. O início da expansão marítima portuguesa, sob a égide do Infante D. Henrique, levou as caravelas portuguesas pelo oceano Atlântico, rumo ao Sul, contornando a costa africana. Com a descoberta da Costa da Mina, iniciou-se o comércio de marfim, ouro e escravos, levando a aumentar a atenção de Castela, iniciando-se uma série de escaramuças no mar, envolvendo embarcações de ambas as Coroas. Portugal, buscando proteger o seu investimento, negociou com Castela o Tratado de Alcáçovas (1479), obtendo em 1481, do Papa Sisto IV, a bula Æterni regis, que dividia as terras descobertas e a descobrir por um paralelo na altura das Canárias, dividindo o mundo em dois hemisférios: a norte, para a Coroa de Castela; e a sul, para a Coroa de Portugal. Somando-se a duas outras bulas anteriores de 1452 (Dum Diversas) e 1455 (Romanus Pontifex), do Papa Nicolau V, Portugal e a Ordem de Cristo haviam recebido todas as terras conquistadas e a conquistar ao sul do cabo Bojador e da Gran Canária. Preservavam-se, desse modo, os interesses de ambas as Coroas, definindo-se, a partir de então, os dois ciclos da expansão: o chamado ciclo oriental, pelo qual a Coroa portuguesa garantia o seu progresso para o sul e o Oriente, contornando a costa africana (o chamado “périplo africano”); e o que se denominou posteriormente de ciclo ocidental, pelo qual Castela se aventurou no oceano Atlântico, para oeste. Ciente da descoberta de Colombo, mediante as coordenadas geográficas fornecidas pelo navegador, os cosmógrafos portugueses argumentaram que a descoberta, efectivamente, se encontravam em terras portuguesas. Desse modo, a diplomacia castelhana apressou-se a obter junto ao Papa Alexandre VI, castelhano, uma nova partição de terras. Assim, em 3 de Maio de 1493, a Bula Inter Coetera estabelecia uma nova linha de marcação, um meridiano que separaria as terras de Portugal e de Castela. O meridiano passava a cem léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde. As novas terras descobertas, situadas a Oeste do meridiano a 100 léguas de Cabo Verde, pertenceriam a Castela. As terras a leste pertenceriam a Portugal. A bula excluía todas as terras conhecidas já sob controlo de um estado cristão. Os termos da bula não agradaram a D. João II de Portugal, que julgava ter direitos adquiridos que a Bula vinha a ferir. Além disso os seus termos causavam confusão, pois um meridiano vinha a anular o que um paralelo tinha estabelecido. 62 Apontamentos: Escudo Complementarmente, a execução prática da Bula era impossibilitada por sua imprecisão e pela imperfeição dos meios científicos disponíveis à época para a fixação do meridiano escolhido. Assim sendo, D. João II abriu negociações directas com os Reis Católicos, Fernando II de Aragão e Isabel I de Castela, para mover a linha mais para oeste, argumentando que o meridiano em questão se estendia por todo o globo, limitando assim as pretensões castelhanas na Ásia. D. João II propôs, por uma missão diplomática aos reis católicos, estabelecer um paralelo das Ilhas Canárias como substituto ao meridiano papal. Os castelhanos recusaram a proposta mas prestaram-se a discutir o caso. Assim, o novo Tratado estabelecia a divisão das áreas de influência dos países ibéricos, cabendo a Portugal as terras “descobertas e por descobrir” situadas antes da linha imaginária que demarcava 370 léguas (1 770 km) a oeste das ilhas de Cabo Verde, e à Espanha as terras que ficassem além dessa linha. Como resultado das negociações, os termos do tratado foram ratificados por Castela a 2 de Julho e, por Portugal, a 5 de Setembro do mesmo ano. Contrariando a bula anterior de Alexandre VI, Inter Coetera (1493), que atribuía à Espanha a posse das terras localizadas a partir de uma linha demarcada a 100 léguas de Cabo Verde, o novo tratado foi aprovado pelo Papa Júlio II em 1506. Afirma Rodrigo Otávio em 1930 que o Tratado teria “um efeito antes moral do que prático”. O meridiano foi fixado, mas persistiam as dificuldades de execução de sua demarcação. Os cosmógrafos divergiam sobre as dimensões da Terra, sobre o ponto de partida para a contagem das léguas e sobre a própria extensão das léguas, que diferia entre os reinos de Castela e de Portugal. Já se afirmou ainda que os castelhanos cederam porque esperavam, por meio de sua política de casamentos, estabelecer algum dia a união ibérica, incorporando Portugal. O que é mais provável é que os negociadores portugueses, na expressão de Frei Bartolomé de las Casas, tenham tido “mais perícia e mais experiência” do que os castelhanos. Em princípio, o tratado resolvia os conflitos que seguiram à descoberta do Novo Mundo por Cristóvão Colombo. Muito pouco se sabia das novas terras, que passaram a ser exploradas por Castela. De imediato, o tratado garantia a Portugal o domínio das águas do Atlântico Sul, essencial para a manobra náutica então conhecida como volta do mar, empregada para evitar as correntes marítimas que empurravam para o norte as embarcações que navegassem junto à costa sudoeste africana, e permitindo a ultrapassagem do cabo da Boa Esperança. Nos anos que se seguiram Portugal prosseguiu no seu projecto de alcançar a Índia, o que foi finalmente alcançado pela frota de Vasco da Gama, na sua primeira viagem de 1497-1499. Com a expedição de Pedro Álvares Cabral à Índia, a costa do Brasil foi oficialmente atingida (Abril de 1500) pelos Portugueses, o que séculos mais tarde viria a abrir uma polémica historiográfica acerca do “acaso” ou da “intencionalidade” da descoberta. Observe-se que uma das testemunhas que assinaram o Tratado de Tordesilhas, por Portugal, foi Duarte Pacheco Pereira, um dos nomes ligados a um suposto descobrimento do Brasil pré-Cabralino. Com o retorno financeiro da exploração americana (o ouro castelhano e o pau-brasil português), outras potências marítimas europeias (França, Inglaterra, Países Baixos) passaram a questionar a exclusividade da partilha do mundo entre as nações ibéricas. Esse questionamento foi muito apropriadamente expresso por Francisco I de França, que 63 Apontamentos: Escudo ironicamente pediu para ver a cláusula no testamento de Adão que legitimava essa divisão de terras. Por essa razão, desde cedo apareceram na costa do Brasil embarcações que promoviam o comércio clandestino, estabelecendo contacto com os indígenas e aliando-se a eles contra os portugueses. Floresceram o corso, a pirataria e o contrabando, pois os armadores de Honfleur, Ruão e La Rochelle, em busca de pau-brasil fundavam feitorias e saqueavam naus. O mais célebre foi um armador de Dieppe, Jean Ango ou Angot. Posteriormente, durante a Dinastia Filipina (União Ibérica), os portugueses se expandiram de tal forma na América do Sul que, em 1680, visando o comércio com a bacia do rio da Prata e a região andina, fundaram um estabelecimento na margem esquerda do rio da Prata, em frente a Buenos Aires: a Colónia do Sacramento. A fixação portuguesa em território oficialmente espanhol gerou um longo período de conflitos armados, conduzindo à negociação do Tratado de Madrid (1750). Inicialmente o meridiano de Tordesilhas não contornava o globo terrestre. Assim, Espanha e Portugal podiam conquistar quaisquer novas terras que fossem os primeiros europeus a descobrir: Espanha para Oeste do meridiano de Tordesilhas e Portugal para Este desta linha, mesmo encontrando-se no outro lado do globo. Mas a descoberta pelos portugueses em 1512 das valiosas “ilhas das Especiarias”, as Molucas desencadeou a contestação espanhola, argumentando que o Tratado de Tordesilhas dividia o mundo em dois hemisférios equivalentes. Em 1520, as ilhas Molucas, valorizadas como o “berço de todas as especiarias”, foram visitadas por Fernão de Magalhães, navegador português ao serviço da Coroa Espanhola. Concluída essa que foi a primeira viagem de circum-navegação (1519-1521), uma nova disputa entre as nações ibéricas se estabeleceu, envolvendo a demarcação do meridiano pelo outro lado do planeta e a posse das ilhas Molucas (actual Indonésia). Alegando que se encontravam na sua zona de demarcação conforme o meridiano de Tordesilhas, os espanhóis ocuparam militarmente as ilhas, abrindo quase uma década de escaramuças pela sua posse com a Coroa Portuguesa. D. João III de Portugal e o imperador Carlos I de Espanha acordaram então não enviar mais ninguém buscar cravo ou outras especiarias às Molucas enquanto não se esclarecesse em que hemisfério se encontrava. Para a realização dos cálculos da posição, cada Coroa nomeou três astrónomos, três pilotos e três matemáticos, que se reuniram entre Badajoz e Elvas. Estes profissionais, entretanto, não chegaram a acordo, uma vez que, devido à insuficiência dos meios da época no tocante ao cálculo da longitude, cada grupo atribuía as ilhas aos respectivos soberanos. O Tratado de Tordesilhas serviu então como base para as negociações da Junta de Badajoz-Elvas (1524). Para solucionar esta nova disputa, celebrou-se o Tratado de Saragoça a 22 de Abril de 1529. Este definiu a continuação do meridiano de Tordesilhas no hemisfério oposto, a 297,5 léguas do leste das ilhas Molucas, cedidas pela Espanha mediante o pagamento, por Portugal, de 350 000 ducados de ouro. Ressalvava-se que em todo o seu tempo se o imperador ou sucessores quisessem restituir aquela avultada quantia, ficaria desfeita a venda e cada um “ficará com o direito e a acção que agora tem”. Tal nunca sucedeu, entre outras razões, porque o imperador necessitava do dinheiro português para financiar a luta contra Francisco I de França e a Liga de Cognac, que o suportava. 64 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Peso: 21 g Diâmetro: 36 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: Raul Machado Decreto: 157/94 de 03/06/1994 Ano 1994 Cunhagem 750 000 Código 113.01 Ficha Técnica Peso: 21 g Diâmetro: 36 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: Isabel Carriço e Fernando Branco Decreto: 157/94 de 03/06/1994 Ano 1994 Cunhagem 750 000 Código 114.01 Ficha Técnica Peso: 21 g Diâmetro: 36 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: António Marinho Decreto: 157/94 de 03/06/1994 Ano 1994 Cunhagem 750 000 Código 115.01 65 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Peso: 21 g Diâmetro: 36 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: Eloise Byrne Decreto: 157/94 de 03/06/1994 Ano 1995 Cunhagem 750 000 Código 126.01 Tratado de Tordesilhas A legislação associada à emissão da moeda comemorativa do Tratado de Tordesilhas, a qual foi publicada em decreto-lei 158/94 de 3 de Junho durante o governo de Cavaco Silva, sendo seu ministro Eduardo Catroga. Mário Soares era o Presidente da República. O Tratado de Tordesilhas, cujo texto foi acordado em Tordesilhas, a 7 de Junho de 1494, e ratificado por D. João II, em Setúbal, a 5 de Setembro do mesmo ano, é um dos documentos mais significativos na história das relações de Portugal com outras potências e, ao expressar e garantir o exclusivo da influência portuguesa numa vastíssima parte do mundo, constituiu o culminar do processo dos Descobrimentos Portugueses iniciado pelo Infante D. Henrique. Comemorando-se, em 1994, o 5º Centenário do Tratado de Tordesilhas, julgou-se da maior oportunidade assinalar essa efeméride pela emissão de uma moeda comemorativa cunhada em metal precioso (prata) e com elevado valor facial (1000$00). A moeda de autoria de Nogueira da Silva apresentava uma representação do planisfério anónimos português de 1502, conhecido por Cantino, cujas pontas enrolavam um padrão português (à direita) e uma cruz 66 Apontamentos: Escudo flodelizada espanhola (à esquerda) interceptando o continente sul-americano. Foi ainda emitida em conjunto com Cabo Verde emissão especial com duas moedas (uma de cada país) alusiva a este tema. Curiosamente ambas foram produzidas na INCM. Ficha Técnica Peso: 27 g Diâmetro: 40 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Prata Composição: Ag 500 Autor: Nogueira da Silva Decreto: 158/94 de 03/06/1994 Ano 1994 Cunhagem 570 000 Código 116.01 Vítor Nogueira da Silva Natural de Lisboa. Licenciado em Artes Plásticas em Escultura pela Faculdade de Belas Artes de Lisboa. Paralelamente à actividade de escultor é professor de Educação Visual em Lisboa. Tem atelier em Carnide. Ao nível da numismática destacam-se as moedas dedicadas ao Tratado de Tordesilhas e a D. João II ambas de 1000 escudos, Jogos Olímpicos de Sidney e a moeda relativa à Sé do Porto (10 euros). 67 Apontamentos: Escudo 2.ª Série Iberoamericana: Animais em vias de Extinção - O Lobo A legislação associada à emissão da moeda comemorativa do Lobo (2.ª Série Iberoamericana), a qual foi publicada em decreto-lei 266/94 de 26 de Outubro durante o governo de Cavaco Silva, sendo seu ministro Eduardo Catroga. Mário Soares era o Presidente da República. A preservação do meio ambiente e da diversidade biológica do planeta é algo de fundamental para o futuro da Humanidade. No sentido de sensibilizar a comunidade para esse problema, julgou-se da maior importância a participação de Portugal numa série internacional de moedas comemorativas, em conjunto com vários países do continente americano e a Espanha, alusiva às “Espécies em via de extinção” com o tema Lobo Ibérico. Nesta segunda série participaram para além de Portugal, Argentina, Colômbia (que não emitiu moeda comemorativa própria), Cuba, Equador, Espanha, Guatemala, México, Nicarágua, Perú e Uruguai. Esta moeda (de prata no valor de 1000$00) de autoria da dupla Isabel Carriço e Fernando Branco merece ainda destaque, por ter sido a moeda da República que mais sentiu a influência da subida do seu preço logo após o seu lançamento tornando-se numa das peças mais procuradas desta colecção. 68 Apontamentos: Escudo O Lobo ibérico O lobo da Península Ibérica (Canis lupus signatus) é uma subespécie do Lobo -cinzento. A sua população deve rondar entre 1600-1700 indivíduos. Destes, cerca de 170 habitam no nordeste transmontano. Um pouco mais pequeno e esguio que as outras subespécies do lobo cinzento, o lobo ibérico mede entre 130 a 180 cm de comprimento os machos, e 130 a 160 cm as fêmeas. Os machos pesam geralmente entre 20 a 40 kg e no caso das fêmeas entre 20 a 35 kg. A pelagem é de coloração acizentada e mesclada de negro, particularmente sobre o dorso. A alimentação é muito variada, dependendo da existência ou não de presas selvagens e de vários tipos de pastoreiro em cada região. As suas principais presas são o javali, o corço e o veado, e as presas domésticas mais comuns são a ovelha, a cabra, a galinha, o cavalo e a vaca. Ocasionalmente também mata e come cães e aproveita cadáveres que encontra, isto é, sempre que pode é necrófago. Espécie que vive em alcateias formadas por 3 a 8 indivíduos, devidamente hierarquizados. Existe um par dominante (par alfa). Os locais habitados por lobos caracterizam-se por baixa pressão humana, embora com elevada taxa de actividade pecuária e uma topografia acidentada. De actividade essencialmente nocturna, podem percorrer num só dia cerca de 20 a 40 km à procura de presas: mamíferos de médio e grande porte. Na Península Ibérica, a área de distribuição deste predador restringe-se ao quadrante noroeste da península, estando classificado como Espécie Vulnerável em Espanha e como Espécie Em Perigo, em Portugal. Geralmente acasalam para toda a vida e, usualmente, apenas o par alfa se reproduz. Atingem a maturidade sexual por volta dos 2-3 anos de idade. Apenas se reproduzem uma vez por ano – fim do Inverno ou início da Primavera (Janeiro a Março) – altura em que ocorre o acasalamento. Os nascimentos dão-se, em geral, durante o mês de Maio ou Junho. As ninhadas têm geralmente 3 a 8 lobitos nascendo com os olhos fechados e necessitando de cuidados parentais. Em finais de Outubro saem dos locais de criação e iniciam a sua aprendizagem de caça. As causas do declínio do lobo são a sua perseguição directa e o extermínio das suas presas selvagens. O declínio é actualmente agravado pela fragmentação e da destruição do habitat e pelo aumento do número de cães vadios/assilvestrados. 69 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Peso: 27 g Diâmetro: 40 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Prata Composição: Ag 500 Autor: Isabel Carriço e Fernando Branco Decreto: 266/94 de 26/10/1994 Ano 1994 Cunhagem 70 000 Código 117.01 50º Aniversário da ONU e da FAO A legislação associada à emissão das moedas comemorativas do 50º Aniversário da ONU e da FAO a qual foi publicada em decreto-lei 123/95 de 31 de Maio durante o governo de Cavaco Silva, sendo seu ministro Eduardo Catroga. Mário Soares era o Presidente da República. Comemorando-se em 1995 o cinquentenário da criação da ONU (Organização das Nações Unidas) como fórum internacional e universal destinado a manter a paz e a segurança mundiais e da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação) como serviço humanitário contra a fome e a subnutrição, dedicado ao desenvolvimento agrícola e à distribuição mundial de alimentos, considerou-se oportuno assinalar estas duas efemérides pela emissão de duas moedas comemorativas. Esta emissão com duas moedas bimetálicas, uma de 100$00 relativa à FAO e outra de 200$00 relativa à ONU, teve por bases técnicas as moedas circulantes destes valores. Ambas as moedas tiveram autoria de João Duarte partilhando o anverso com a moeda circulante. Na moeda da FAO surgia no reverso o emblema da FAO, enquanto na de 200$00 surgia a gravura do logótipo das Nações Unidas e o número “50” estilizado à sua direita. Este conjunto era rodeado por um ladrilho de peças, que representavam alegoricamente as nações fundadoras. Estas moedas foram ainda emitidas com acabamentos BNC e proof. FAO Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO, sigla de Food and Agriculture Organization) é uma organização das Nações Unidas cujo objectivo declarado é elevar os níveis de nutrição e de desenvolvimento rural. Para isso, realiza programas de 70 Apontamentos: Escudo melhoria da eficiência na produção, elaboração, comercialização e distribuição de alimentos e produtos agro-pecuários de quintas, bosques e pescas. Também é missão deste organismo preparar as nações em desenvolvimento para fazer frente a situações de emergência alimentar. Em certos casos, também presta socorro a populações famintas. Promove investimentos na agricultura, o aperfeiçoamento da produção agrícola e da criação de gado e a transferência de tecnologia aos países em desenvolvimento. Também fomenta a conservação dos recursos naturais, estimulando o desenvolvimento da pesca, piscicultura e as fontes de energia renováveis. De acordo com a própria FAO, suas principais actividades são: desenvolver assistência para países subdesenvolvidos; informação sobre nutrição, comida, agricultura, florestamento e pesca; aconselhamento a governos; servir como um fórum neutro para discutir e formular políticas nos principais assuntos relacionados a agricultura e alimentação. A FAO foi fundada a 16 de Outubro de 1945, no Quebeque (Canadá). Desde 1951, sua sede encontra-se em Roma (Itália). Em 2000, tinha 181 membros (180 países e a União Europeia). ONU A Organização das Nações Unidas (ONU), ou simplesmente Nações Unidas (NU), é uma organização internacional cujo objectivo declarado é facilitar a cooperação em matéria de direito internacional, segurança internacional, desenvolvimento económico, progresso social, direitos humanos e a realização da paz mundial. A ONU foi fundada em 1945 após a Segunda Guerra Mundial para substituir a Liga das Nações, com o objectivo de deter guerras entre países e para fornecer uma plataforma para o diálogo. Ela contém várias organizações subsidiárias para realizar suas missões. Existem actualmente 193 estados-membros, incluindo quase todos os estados soberanos do mundo. De seus escritórios em todo o mundo, a ONU e suas agências especializadas decidem sobre questões de substância e administrativas em reuniões regulares ao longo do ano. A organização está dividida em instâncias administrativas, principalmente: a Assembleia Geral (assembleia deliberativa principal); o Conselho de Segurança (para decidir determinadas resoluções de paz e segurança); o Conselho Económico e Social (para auxiliar na promoção da cooperação económica e social internacional e desenvolvimento); o Secretariado (para fornecimento de estudos, informações e facilidades necessárias para a ONU), o Tribunal Internacional de Justiça (o órgão judicial principal). Além de órgãos complementares de todas as outras agências do Sistema das Nações Unidas, como a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Programa Alimentar Mundial (FAO) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). A figura mais visível da ONU é o Secretário-Geral, cargo ocupado desde 2007 por Ban Ki-moon, da Coreia do Sul. A organização é financiada por contribuições voluntárias dos seus Estados membros, e tem seis idiomas oficiais: Árabe, Chinês, Inglês, Francês, Russo e Espanhol. 71 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Peso: 8,3 g Diâmetro: 25 mm Bordo: Alternado em blocos lisos (dez) e serrilhados(doze) Eixo: Horizontal Metal: Bimetálica Composição: núcleo Cu 900, Al 50, Ni 50; anel Cu 750, Ni 250 Autor: José Cândido (anverso); João Duarte (reverso) Decreto: 123/95 de 31/05/1995 Ano 1995 Cunhagem 500 000 Código 118.01 Ficha Técnica Peso: 9,8 g Diâmetro: 28 mm Bordo: Alternado em blocos lisos e serrilhados (catorze de cada) Eixo: Horizontal Metal: Bimetálica Composição: núcleo Cu 900, Al 50, Ni 50; anel Cu 750, Ni 250 Autor: José Cândido (anverso); João Duarte (reverso) Decreto: 123/95 de 31/05/1995 Ano 1995 Cunhagem 500 000 Código 121.01 João Duarte Natural de Lisboa (1952). Licenciou-se na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa em Artes Plásticas – Escultura em 1978. Actualmente, é Professor Associado com Agregação de Escultura e Medalhística na Faculdade de BelasArtes de Lisboa e Director da Secção de Investigação e de Estudos Volte Face – Medalha Contemporânea. No campo da medalha contemporânea, deu provas do seu grande talento e criatividade, elaborando medalhas em ruptura com conceitos medalhísticos do passado, tratando ironicamente e até rejeitando as características da medalha tradicional e projectando-as num grande leque de materiais e formas.de Lisboa. 72 Apontamentos: Escudo Centenários de D. António Prior do Crato e da Autonomia dos Açores A legislação associada à emissão das moedas comemorativas do 4º Centenário do falecimento do D. António prior do Crato e do 1º Centenário da Autonomia dos Distritos dos Açores a qual foi publicada em decreto-lei 122/95 de 31 de Maio durante o governo de Cavaco Silva, sendo seu ministro Eduardo Catroga. Mário Soares era o Presidente da República. Em 1995 comemorou-se o 4.º Centenário da morte de D. António, prior do Crato, aclamado e reconhecido nos Açores como rei de Portugal durante dois anos da sua resistência aos invasores espanhóis e o 1.º Centenário do Decreto de 2 de Março de 1895, o qual instituiu pela primeira vez a autonomia dos distritos dos Açores, julgou-se oportuno a cunhagem de duas moedas comemorativas que assinalaram aquelas duas efemérides e promovam o conhecimento público da sua importância para a história de Portugal e em particular, da Região Autónoma dos Açores. A moeda relativa a D. António prior do Crato, foi cunhada em cuproníquel com o valor de 100$00 com desenho de autoria de Alípio Pinto. A moeda com várias representações simbólicas surgindo no anverso à esquerda um açor à direita e à esquerda uma composição de cruzes gravadas nas moedas cunhadas em nome de D. António nos Açores (cruz da Ordem Militar de Aviz e Cruz da Ordem Militar de Cristo, Cruz de Santiago e cruz do Monte Calvário). No reverso surgia o busto de D. António a três quartos à direita com a cabeça descoberta e barba, envergando armadura com gola encanudada. A moeda relativa ao centenário da autonomia açoriana teve autoria de Álvaro França D. António, prior do Crato D. António I (Lisboa, 1531 – Paris, 26 de Agosto de 1595), mais conhecido pelo cognome de o Prior do Crato (e, mais raramente, como o Determinado, o Lutador ou o Independentista, pela ênfase posta na manutenção da independência de Portugal). Era filho do Infante D. Luís e neto de D. Manuel I, e de Violante Gomes, de alcunha a Pelicana, membro da pequena nobreza por quem o infante D. Luís se deixara fascinar e com quem casara em segredo. Foi pretendente ao trono durante a crise sucessória de 1580 e, segundo alguns historiadores, rei de Portugal (durante um breve espaço de tempo em 1580, no continente, e desde então até 1583, confinado aos Açores). Não consta geralmente na lista de reis de Portugal, contudo é historicamente correcto incluí-lo, pois não foi só aclamado rei, como reinou de facto, durante um curto período de tempo. 73 Apontamentos: Escudo Em virtude de ser conhecido como um bastardo e filho de cristã-nova, embora tal não fosse verdade, que a sua pretensão ao trono foi considerada inválida; para além disso, o seu pai fora também Prior da Ordem do Crato (o que o impedia de contrair matrimónio válido sem que antes obtivesse dispensa papal). António foi discípulo de Frei Bartolomeu dos Mártires em Coimbra e entrou para a Ordem dos Hospitalários, cujo prior era o seu pai. Em 1571 foi governador da praça de Tânger e em 1578 acompanhou o rei D. Sebastião na campanha em Marrocos. Feito prisioneiro na batalha de Alcácer-Quibir, e conta-se que conseguiu a libertação com recurso à astúcia: Quando lhe perguntaram o significado da cruz de S. João que usava, respondeu que era o sinal de uma pequena mercê que tinha obtido do papa, e que a perderia se não voltasse até 1 de Janeiro. O seu captor, pensando que se tratava de um homem pobre, permitiu a sua libertação em troca de um pequeno resgate. Quando regressou a Portugal em 1578, D. António reclamou o trono. Essa pretensão que acabou por lhe ser negada por não ser reconhecido como filho legítimo, acabando por ser aclamado o seu tio D. Henrique. A 23 de Novembro de 1579, uma carta régia retira a D. António a nacionalidade portuguesa; os seus bens são confiscados e é expulso do reino. Era conhecida a antipatia do cardeal que foi encarregado em Évora da sua educação e se empenhou para que este seguisse a vida eclesiástica. Em Janeiro de 1580, estando reunidas as Cortes em Almeirim, nas quais se esperava designar um herdeiro para o trono português, faleceu o velho cardeal D. Henrique. Uma Junta Governativa, constituída por cinco governadores, assumiu a regência do reino. O trono português era então disputado por diversos pretendentes. Entre eles, destacavam-se a duquesa de Bragança, D. Catarina, Filipe II de Espanha, e o próprio Prior do Crato. O mais legítimo herdeiro seria a duquesa, mesmo sendo mulher, já que descendia de D. Manuel por via masculina; Filipe II, por seu turno, era um estrangeiro e descendente de D. Manuel por via feminina; quanto a D. António, embora fosse também neto por via masculina pesava sobre ele a suposta bastardia. Filipe, no entanto, conseguiu subornar os grandes do reino com o ouro vindo das Américas, e a coroa começou a pender favoravelmente para o seu lado. Para estes, a ideia de uma união pessoal com a Espanha seria altamente proveitosa para Portugal, que estava a passar um mau momento económico. D. António procurou, pois, seduzir o povo para a sua causa, à semelhança da situação vivida durante a crise de 1383-1385. A 24 de Julho de 1580, durante a preparação para a esperada invasão espanhola, D. António foi aclamado rei de Portugal pelo povo, no castelo de Santarém. D. António pedira ao povo que o aclamasse apenas regedor e defensor do reino. No entanto, um mês mais tarde, a 25 de Agosto, as suas forças foram derrotadas na batalha de Alcântara, pelas do duque de Alba. Tendo sobrevivido ao combate, dirigiu-se à ilha Terceira, que havia tomado o seu partido, de 74 Apontamentos: Escudo onde continuou a governar. Era reconhecido apenas localmente, uma vez que, em Portugal Continental e na Madeira, o poder passou a ser exercido por Filipe II de Espanha, reconhecido oficialmente no ano seguinte, pelas Cortes de Tomar de 1581, como D. Filipe I. Iniciava-se, na História de Portugal, a Dinastia Filipina. D. António desembarcou na vila de São Sebastião, ao invés do porto de Angra, tendo marchado por terra até aos portões de São Bento nesta cidade. Ali era esperado por Ciprião de Figueiredo, pelo conde de Torres Vedras, por Manuel Silva e outras personalidades locais. À sua chegada, as fortificações de Angra salvaram, o mesmo tendo feito as guarnições, com seus mosquetes e arcabuzes. Ficou hospedado no Convento de São Francisco e, posteriormente, no palácio do marquês de Castelo Rodrigo. De imediato determinou reforçar as defesas de Angra, face à iminência de um ataque espanhol e à acção dos corsários, tendo contado para tal com o irrestrito apoio de Dona Violante do Canto, inclusive financeiro. Ainda com relação às finanças, cunhou moeda – um acto típico de soberania e realeza. Por essas razões, muitos autores não hesitam em considerá-lo o derradeiro príncipe da Casa de Avis, ao invés do Cardeal D. Henrique e, com toda a justiça, o décimo oitavo rei de Portugal. Em Julho de 1580, D. António ainda escreveu à rainha de França, Catarina de Médici, uma carta pedindo auxílio. Finalmente, em 1581, regista-se a primeira tentativa de desembarque de tropas espanholas, ferindo-se a batalha da Salga, onde os Espanhóis foram completamente derrotados. Participaram neste combate os escritores Cervantes e Lope de Vega. Finalmente, em 1583, forças espanholas muito superiores, sob o comando de D. Álvaro de Bazán (vencedor da batalha de Lepanto), logram dominar a ilha, após violentos combates. Após a derrota de suas forças nos Açores, D. António exilou-se em França – inimigo tradicional dos Habsburgos de Espanha. Depois de alguns meses, onde andou escondido em casas de amigos e em mosteiros, D. António viajou até à Inglaterra, congregando também o auxílio da rainha Isabel I, que se tornara também inimiga da Espanha. O auxílio seria prestado ao longo de vários anos, como durante os planos de D. António em tomar Lisboa a Julho de 1589, a troco de facilidades no Brasil e Açores, e ajuda na luta contra a casa da Áustria. Porém, a armada inglesa, comandada pelo famoso almirante Francis Drake foi atacada de peste e retirou-se. D. António, desembarcado em Peniche e já a caminho de Lisboa, que contava com o apoio popular, viu assim fracassada a sua tentativa de tomar a cidade, bem guarnecida pelos espanhóis. O povo, com medo e desinteressado, não reagiu, e D. António seria obrigado a partir novamente para o exílio. Há notícia também de uma tentativa de desembarque ao largo do Cabo de São Vicente, que viria a fracassar. D. António acabou por perder os meios económicos. Os diamantes que trouxera do reino para o exílio foram sendo gastos gradualmente. O último e o melhor foi adquirido por M. de Sancy, de quem foi comprado por Sully e mais tarde incluído nas jóias da coroa inglesa. Nos seus últimos dias viveu com uma pequena pensão oferecida por Henrique IV da França. 75 Apontamentos: Escudo D. António, prior do Crato, morreu em Paris, em 1595. Para além dos documentos que publicou para defender a sua causa, D. António foi o autor do Panegyrus Alphonsi Lusitanorum Regis (Coimbra, 1550), e de um cento dos Salmos, Psalmi Confessionales (Paris, 1592). Esta obra foi traduzida para a língua inglesa com o título The Royal Penitent by Francis Chamberleyn (Londres, 1659), e para a língua alemã com o título Heilige Betrachtungen (Marburg, 1677). Autonomia dos Açores O Decreto de 2 de Março de 1895, publicado no Diário do Governo, n.º 50, de 4 de Março de 1895, foi o diploma legal que estabeleceu a possibilidade dos distritos do arquipélago dos Açores requererem, por maioria de dois terços dos cidadãos elegíveis para os cargos administrativos, a aplicação de um regime de autonomia administrativa. O regime baseava-se na existência de uma Junta Geral, semelhante àquelas que tinham existido até 1892, e num conjunto de receitas fiscais próprias que podiam ser livremente administradas por aquela Junta. O Decreto, aprovado na sequência de uma intensa campanha autonómica e independentista, centrada na ilha de São Miguel, a Primeira Campanha Autonómica, apesar de ser da autoria de João Franco, foi inspirado por Aristides Moreira da Mota e Gil Mont'Alverne de Sequeira, considerados os fundadores da primeira autonomia açoriana. Aprovado em ditadura, foi ratificado pelas Cortes pela Carta de Lei de 14 de Fevereiro de 1896. Com poucas alterações, este regime vigorou até ser revogado pelo Decreto n.º 15 035, de 16 de Fevereiro de 1928, já em plena Ditadura Nacional. Nunca chegou a ser aplicado ao Distrito da Horta. Ficha Técnica Peso: 15 g Diâmetro: 33 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: Alípio Pinto Decreto: 122/95 de 31/05/1995 Ano 1995 76 Cunhagem 500 000 Código 119.01 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Peso: 15 g Diâmetro: 33 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: Álvaro França Decreto: 122/95 de 31/05/1995 Ano 1995 Cunhagem 500 000 Código 120.01 Alípio Pinto Natural de Freixo de Espada à Cinta (1951). Licenciou-se na Faculdade de Belas-Artes de Lisboa em Artes Plásticas – Escultura em 1982. Actualmente, é Professor Associado de Escultura e Medalhística na Faculdade de Belas-Artes de Lisboa. Dedica-se ao ensino e à medalhística tendo já ganho vários prémios e publicado vários estudos nesta temática. Reconhecido por criar medalhas com novos elementos como o plástico e o uso de policromia, rompendo com as tradições de medalhística, com novas técnicas as quais mistura com sucesso com as tradicionais. Álvaro França Natural de Ponta Delgada (1940). Licenciou-se na Escola Superior de BelasArtes do Porto em Escultura em 1965. Trabalhou no Atelier do Mestre Barata Feyo (1963-65). Autor de vários monumentos públicos, principalmente nos Açores, sendo o autor da moeda comemorativa do centenário da sua autonomia. 6.ª Série dos Descobrimentos: Na Rota das Especiarias A legislação associada à emissão da VI Série dos Descobrimentos Portugueses (Na Rota das Especiarias) a qual foi publicada em decreto-lei 111/95 de 23 de Maio durante o governo de Cavaco Silva, sendo seu ministro Eduardo Catroga. Mário Soares era o Presidente da República. Em continuação do programa monetário e numismático alusivo aos Descobrimentos Portugueses, iniciado em 1987 no âmbito do plano de acções da Comissão Nacional dos Descobrimentos Portugueses, a 6.ª série destas moedas comemorativas foi alusiva às navegações e explorações marítimas nos mares de Java e de Banda, que conduziram à chegada dos primeiros portugueses às ilhas Molucas (1512), às ilhas de Solor e Timor (1515) e às costas da Austrália (1522-1525). 77 Apontamentos: Escudo Após a conquista de Malaca em 1511 por D. Afonso de Albuquerque, as navegações portuguesas dividiram-se em duas grandes rotas marítimas, a primeira em busca das famosas ilhas das especiarias e a segunda visando o encontro com o Celeste Império. Em 1512, António de Abreu e Francisco Serrão chegaram às Molucas, as ilhas produtoras das especiarias raras, e três anos depois os Portugueses visitaram pela primeira vez as ilhas de Solor e de Timor, donde provinha o melhor sândalo que aparecia nos mercados da Índia. A Presença dos Portugueses nos mares da Insulíndia incrementou a busca da lendária ilha do Ouro e da mítica Terra Australis da cartografia ptolemaica. Entre as expedições que estão hoje suficientemente bem documentadas, as de Cristóvão de Mendonça, em 1522, e de Gomes Sequeira, em 1525, deixaram evidentes registos cartográficos das suas visitas às costas do Noroeste Australiano, 80 anos antes das primeiras expedições de outros povos europeus. Considerou-se, assim, oportuno assinalar esses eventos dos Portugueses com a emissão de uma série de moedas comemorativas alusivas à conquista de Malaca, às expedições marítimas às ilhas Molucas, às ilhas de Solor e de Timor e ao continente australiano. As moedas cunhadas em cuproníquel com o valor de 200$00 tiveram autoria de: Raul Machado (Malaca e Afonso de Albuquerque), António Marinho (Chegada às Molucas), Eloisa Byrne (Chegada a Solor e Timor) e Isabel Carriço e Fernando Branco (Descoberta da Austrália). Foram ainda produzidas emissões especiais em prata e ouro, para além da emissão prestígio (quatro moedas em quatro metais). Os elementos marítimos são novamente uma constante: nau-capitânia de Afonso de Albuquerque “Flor de la Mar”; nau portuguesa (Molucas); nau portuguesa quinhentista (Solor e Timor); caravelas de vela redonda (Austrália). Surgem ainda elementos específicos a cada tema: figura de Afonso de Albuquerque e porta da fortaleza de Malaca; representação da planta do cravinho e da noz-moscada, bem como do arquipélago das Molucas; árvore do sândalo e representação cartográfica das ilhas de Solor, Atauro e Timor rodeados por elementos alegóricos representativos de mitos, tradições, usos e costumes do povo maubere (cobra, símbolo das forças primordiais geradoras de vida; o búfalo, símbolo de riqueza; o cavalo timorense; o crocodilo, símbolo da lenda da criação de Timor; diadema, insígnia de chefia; régulo com as suas insígnias e panos tradicionais); contorno do mapa da Austrália. Malaca Malaca (em malaio, Melaka) é o terceiro menor estado da Malásia, após Perlis e Penang. Encontra-se na porção meridional da Península Malaia, à beira do estreito de Malaca. Limita com Negeri Sembilan ao norte e com Johor a leste. Sua capital é a cidade de Malaca. Embora Malaca já tenha sido um dos mais antigos sultanatos malaios, o estado actualmente não é governado por um sultão e sim por um governador. Em 2008 foi declarada Património Mundial pela UNESCO. Da presença portuguesa na cidade sobrevivem a Igreja de São Paulo e a Porta de Santiago da Fortaleza de Malaca, conhecida como "A Famosa". 78 Apontamentos: Escudo Em Abril de 1511, Afonso de Albuquerque zarpou de Goa para Malaca com uma força de cerca de 1 200 homens em 17 ou 18 navios. Malaca tornou-se uma base estratégica para a expansão portuguesa nas Índias Orientais, subordinada ao Estado Português da Índia. Mahmud Xá, último sultão de Malaca, refugiou-se no interior, de onde empreendia ataques intermitentes por terra e mar. Para defender a cidade, os portugueses ergueram um forte. Em 1521 o Capitão Duarte Coelho Pereira construiu a igreja de Nossa Senhora do Monte. Em 1526, uma grande força de navios portugueses comandada por Pedro Mascarenhas foi enviada para destruir Bintan, onde estava Mahmud. O sultão fugiu com sua família para Sumatra, do outro lado do estreito, onde veio a falecer dois anos depois. Logo ficou claro que o controlo português de Malaca não significava o controlo do comércio asiático que por ali passava. Seu domínio sobre o local sofria com dificuldades administrativas e económicas. Em vez de concretizar sua ambição de controlar o comércio asiático, o que os portugueses haviam logrado fora desorganizar a rede mercantil da região. Desaparecera o porto centralizador do comércio e, com ele, o Estado que policiava o estreito de Malaca. O comércio espalhou-se por diversos portos. O missionário jesuíta Francisco Xavier passou vários meses em Malaca em 1545, 1546 e 1549. Em 1641, forças da Companhia Holandesa das Índias Orientais bateram os portugueses e capturaram Malaca com o apoio do sultão de Johore. Os holandeses governaram Malaca de 1641 a 1795, mas não se interessaram em desenvolvê-la como centro comercial, preferindo enfatizar o papel de Batávia (actual Jacarta). Malaca foi cedida aos britânicos pelo tratado Anglo-holandês de 1824, em troca de Bencoolen, em Sumatra. Entre 1826 e 1946, Malaca foi governada pela Companhia Britânica das Índias Orientais e, em seguida, como uma colónia da Coroa. Integrava os chamados Straits Settlements, juntamente com Singapura e Penang. Com a dissolução desta colónia, Malaca e Penang tornaram-se parte da União Malaia (actual Malásia). Molucas As Ilhas Molucas (ou Malucas) são um arquipélago da Insulíndia que faz parte da Indonésia, localizado entre Celebes (Sulawesi) e a Nova Guiné. É limitado a sul pelo Mar de Arafura, a oeste pelos mares de Banda e das Molucas e a norte pelo Mar das Filipinas e a noroeste pelo Mar de Celebes. Nos séculos XVI e XVII, as ilhas correspondentes à actual província das Molucas do Norte eram chamadas "Ilhas das Especiarias". Àquela época, a região era a única fornecedora mundial de noz-moscada e Cravo-da-índia, especiarias extremamente valorizadas nos mercados europeus, vendidas 79 Apontamentos: Escudo por mercadores árabes à República de Veneza a preços exorbitantes, com os negociantes a nunca divulgarem a localização exacta da origem, pelo que nenhum europeu conseguia deduzir a sua origem. Em 1511-12, os portugueses foram os primeiros europeus a chegar às Molucas, em procura das afamadas especiarias. Os Holandeses, os espanhóis e reinos locais, como Ternate e Tidore, disputaram o controlo do lucrativo comércio de especiarias. As árvores de noz-moscada e cravo-da-Índia foram posteriormente transplantadas para o mundo inteiro, o que reduziu a importância internacional da região. Em Novembro desse ano, ficando a saber a localização das "ilhas das especiarias", enviou uma expedição de três navios comandados pelo seu amigo de confiança António de Abreu para as encontrar. Pilotos malaios foram recrutados e obrigados, guiando-os via Java, as Pequenas Ilhas de Sunda e da ilha de Ambão até às Ilhas Banda, onde chegaram no início de 1512. Aí permaneceram, como primeiros europeus a chegar às ilhas, durante cerca de um mês, comprando e enchendo os seus navios com noz-moscada e cravinho. Abreu partiu então velejando por Ambão enquanto o seu vice-com andante Francisco Serrão se adiantou para as ilhas Molucas mas naufragou terminando em Ternate. Ocupados com hostilidades noutros pontos do arquipélago, como Ambão e Ternate, só regressariam em 1529. A princípio, estas várias ilhas eram habitadas por australasianos. Com a navegação e o comércio malaio na região, surgiu uma colonização malaia. No século X chegaram os mercadores árabes, que atravessavam o Oceano Índico em busca de especiarias. Com eles foi a religião islâmica, que acabou tornando-se a principal na região. Chamavam as ilhas do extremo oriente de Al Maluk. Pela extrema dificuldade em se atravessar metade da Terra, saindo de Mascate ou de Áden, os comerciantes que faziam tais viagens eram apelidados de "malucos", que acabou como sinónimo de "louco". Mais tarde, quando os Otomanos passaram a representar o Califado e as nações islâmicas, os mercadores árabes aumentaram muito seu mercado na região, a ponto dos otomanos estabelecerem guarnições nas ilhas (embora, nominalmente, nunca tenham pertencido de fato ao Império Otomano). Para os europeus que acabavam de se lançar ao mar, a produção de especiarias das distantes ilhas era uma mina de ouro. Os primeiros relatos europeus escritos sobre a região são da Suma Oriental, um livro escrito pelo boticário (farmacêutico) português Tomé Pires estabelecido em Malaca entre 1512-15 mas que visitou Banda várias vezes. Na primeira visita contactou os portugueses e principalmente os marinheiros malaios em Malaca, calculando então a população entre 25003000. Reportou os bandaneses como parte de uma rede de comércio abrangendo toda a 80 Apontamentos: Escudo Indonésia e os únicos comerciantes de longo curso nativos das Molucas a transportar produtos para Malaca, embora alguns carregamentos de Banda também fossem feitos por mercadores javaneses. Além da noz-moscada e macis, Banda mantinha também um significativo entreposto de comércio. Entre os produtos que passavam por Banda estavam o cravinho de Ternate e Tidore, a norte, penas de aves do paraíso das ilhas Aru e da Nova Guiné, entre outros. Logo após a viagem de circum-navegação executada por Fernão de Magalhães, em 1519, comprovando a esfericidade da Terra, tornou-se necessário a revisão dos tratados de demarcação que dividiram as terras descobertas, no período das Grandes Navegações, entre Portugal e Espanha. Inicialmente, admitia-se como ponto de referência as ilhas de Cabo Verde, a noroeste do continente africano. Pela Bula Intercoetera, todas as terras a 100 léguas oeste dessas ilhas, seriam de controlo espanhol, enquanto o lado leste caberia a Portugal. Logo após, o acordo foi reformulado através do Tratado de Tordesilhas, que avançava a linha para 370 léguas oeste. Porém, com a circum-navegação, tornava-se necessário a demarcação do limite no outro extremo do globo. Esse limite foi imposto sobre as ilhas Molucas, usadas como referência. As terras que estivessem a Leste pertenceriam a Espanha; as que estivessem a Oeste, a Portugal, até ao mencionado no tratado. Porém, até ao início do século XVII, este tratado não obteve o mínimo efeito na região, uma vez que esta ficava muito distante de Lisboa e suas colónias, mas viável para os árabes e otomanos, que mantiveram o controlo económico, cultural e político sobre as ilhas até a consolidação da colonização holandesa em toda a Indonésia. Durante a Primeira Guerra Mundial, o Império Otomano em sua aliança com o Império Alemão tentou retomar as ilhas. Solor e Timor Solor é uma ilha vulcânica das Pequenas Ilhas de Sunda, na Indonésia. Dá nome a um arquipélago, situado a leste da ilha das Flores, constituído igualmente pelas ilhas de Adonara e Lomblen (ou Lembata). Com cerca de 40 km de comprimento por 6 km de largura, tem cinco vulcões. Forças portuguesas estabeleceram-se na ilha em 1520, erguendo uma fortificação na aldeia costeira de Lamakera, no extremo leste da ilha, para apoio à navegação entre as Molucas e Malaca. A fortificação foi abandonada em meados do século XVII. Timor é uma ilha da Insulíndia, politicamente repartida em duas metades: o Timor Oeste (ou Nusa Tenggara Timur), que constitui uma província da Indonésia, e Timor-Leste, outrora uma colónia portuguesa, mais tarde ocupada e anexada pela Indonésia em Novembro de 1975, e que se tornou independente em 2002. Em Timor-Leste a língua portuguesa é falada por cerca de 5% da população. A língua tétum predomina e é língua co-oficial, junto com o português. De acordo com fontes antropológicas, a ilha já se encontrava habitada por um pequeno grupo de caçadores e agricultores por 81 Apontamentos: Escudo volta de 12 000 a.C.. A abundância de madeira de sândalo, mel e cera de abelhas na ilha, atraiu a atenção de comerciantes da China esporadicamente a partir do século VII. Por volta do século XIV, os habitantes de Timor pagavam tributo ao reino de Java. O nome Timor provém do nome dado pelos Malaios à Ilha onde está situado o país, Timur, que significa Leste. A formação do comércio local esteve na origem de casamentos com famílias reais locais, contribuindo para a diversidade étnico-cultural. O primeiro documento europeu conhecido que fala da ilha é uma carta de Rui Brito Patalin a D. Manuel I, datada de 6 de Janeiro de 1514, na qual são referidos navios que tinham partido para Timor. Atraídos inicialmente pelos recursos naturais, os portugueses trouxeram consigo missionários e a religião católica. Com a chegada do primeiro governador, vindo de Portugal em 1702, deu-se início à organização colonial do território, criando-se o Timor Português. Lenda da Criação de Timor Em tempos idos, lá para terras de Macaçar, um desolado crocodilo saiu do seu coito, com a mira de se alimentar. Era Verão, pelo que os campos feneciam de aridez. Perto dum coilão, onde o crocodilo vivia alapardado, ficava uma pequena e humilde povoação. Para ali se dirigiu, indo colocar-se à sombra duma grande e velha árvore, à coca dum rafeiro vadio, dum porco, ou de qualquer cabrito descuidado. Mas, por mais que se tivesse aproximado daquela desolada povoação, nada conseguiu lograr. Regressou, pois, amargurado e faminto. O Sol, que a sombra da velha árvore encobria, mitigando-lhe o ardor, ia já alto. Quando, merencório, abandonou a frescura daquele sítio, era já meio-dia; fora, a terra escaldava; para chegar à foz da ribeira, ainda tinha muito que rastejar, e as margens eram só areia escaldante. Então, tentou mover-se apressadamente; mas, a meio caminho, não podia sofrer mais, porque a areia queimava como fogo. Arrastava-se penosamente, atormentado pela fome e por um calor infernal, sem que o refrigério duma nuvem passageira viesse reconfortá-lo. O infeliz crocodilo gemia e contorciase, sentindo que a morte se aproximava. A sua angústia era imensa! Um rapazito, que por acaso passava perto, a tomar o seu banho, ouviu aqueles gemidos lancinantes. Aproximou-se, solícito, para saber donde proviriam aqueles gritos. Ao ver o pobre animal prestes a morrer, disse para consigo: “Coitado deste netinho crocodilo, uns minutos mais e morrerias!”. Tentou levantá-lo e, vendo que não pesava muito, transportou-o para a água. O crocodilo, ao sentir-se de novo dentro de água, recobrou ânimo, exultando de satisfação, sem saber como agradecer ao seu salvador. Mas, passados os primeiros momentos, disse, movido de gratidão: “De hoje em diante seremos grandes amigos. Aí do crocodilo que ousar molestar-te!… Desejando passear pelas ribeiras ou pelos mares, basta que me chames e digas: amigo, lembra-te do bem que te fiz; e eu virei logo oferecer-te o meu dorso para viajares por onde te aprouver. Se for do teu agrado, partiremos agora mesmo.” E, confiante, lá andou o rapazito a vogar, às costas do crocodilo, sendo já tarde quando voltou a casa. Dali em diante, sempre que desejasse fazer-se ao mar, bastava-lhe 82 Apontamentos: Escudo chamar pelo amigo crocodilo, para que este aparecesse como por encanto. Foi assim durante muito tempo. Mas um dia o crocodilo deslizou com o amigo para o alto mar, e aí o seu instinto sentiu grande tentação. Teve ganas de tragar o seu amigo. Mas resistiu a tão feia tentação. Resolveu aconselhar-se francamente com os peixes do mar e, por fim, também com um cachalote: “A uma pessoa que nos valeu, devemos fazer bem ou mal?”. Todos responderam que devemos fazer bem. Mas esta resposta não lhe satisfez os instintos, e a saliva começava a crescer-lhe na boca, embora no fundo do seu íntimo ele se esforçasse por resistir. Consulta, então, todos os animais da terra, e todos respondem como os peixes. Finalmente deseja saber a opinião do macaco. Este, pulando dum lugar para outro e arregalando muito os olhos, indaga estupefacto: “Que dizes tu?”. E o crocodilo repete o que dissera já aos outros animais. Aqui o macaco pára, sentado num ramo, ao lado do crocodilo, e prega-lhe esta reprimenda mestra: “Tu não tens vergonha?! Tu, a quem, um dia, estando prestes a morrer, à torreira do sol, este jovem desconhecido ergueu e transportou para o mar; tu queres agora, em paga, devorá-lo?!” E, vituperando-o ainda mais por tão feio pensamento, aviltou-o quanto pôde e afastou-se para o cume da árvore. O crocodilo, confuso e transido de vergonha, não pensou mais em devorar o seu grande amigo. Mas, levando-o, um dia, em direcção ao oriente, e entrando no mar de Timor, disse-lhe reconhecido: “Meu bom amigo, o favor que me fizeste jamais o poderei pagar. Dentro em breve eu devo morrer; deves voltar para terra, tu, os teus filhos, todos os teus descendentes, e comer a minha carne em paga do bem que me fizeste.” Baseados nesta lenda, os velhos afirmam que a ilha de Timor, principiando em Lautém e acabando em Cupão, é esguia como o corpo dum crocodilo, e a parte central assemelha-se-lhe à barriga. Timor quer dizer Oriente; muitos timorenses chamam ao crocodilo antepassado ou avô. Se qualquer crocodilo devora alguém, é porque, dizem, este lhe fez ou disse algo de mal. Ou quando uma pessoa é apanhada por aquele, costuma gritar: Antepassado ou avô! Maldição! Maldição! Quando entram ou passam numa ribeira onde haja crocodilos, costumam atar uma fita verde de folha de palmeira na cabeça, numa perna e, algumas vezes, também na mão e chamam para junto de si o cão. Assim, o crocodilo sabe, e não os morde. Austrália e os Portugueses O primeiro contacto europeu com o continente do Sul terá sido efectuado por navegadores portugueses. A principal evidência para estas visitas não declaradas foi a descoberta de dois canhões portugueses afundados ao largo da baía de Broome na costa noroeste da Austrália. A tipologia dessas peças de artilharia indica serem de fabrico portuguesa, podendo ser datadas de entre os anos de 1475 e 1525. Tem sido também sugerido que duas expedições portuguesas realizadas nos mares da Indonésia no primeiro quartel do século XVI teriam atingido o território australiano: a expedição de Cristóvão de Mendonça a partir de Malaca para o sul em busca das "ilhas de ouro" (1522), mas sobretudo a de Gomes de Sequeira (1525) que supostamente teria atingido a Península de York. Para reforçar esta tese evoca-se o estabelecimento pelos portugueses em 1516 de um entreposto comercial em Timor, que fica a cerca de 500 quilómetros da Austrália. Segundo o historiador e filólogo Carl von Brandenstein, os portugueses teriam naufragado no noroeste da Austrália Ocidental, perto da ilha de Depuch, entre 1511 e 1520, tendo sido os primeiros europeus a tocar a Austrália, de onde não puderam sair. Estes portugueses acabariam por se integrar com a população local, deixando marcas culturais assimiladas pelos aborígenes. A fundamentação das suas teorias encontra-se na análise das línguas das etnias Ngarluma e Karriera (tribos da Austrália Ocidental), que apresentam particularidades que não se detectam 83 Apontamentos: Escudo nas outras línguas aborígenes, como o uso da voz passiva. von Brandenstein apresenta também uma lista de palavras destas línguas que alega terem uma origem portuguesa (exemplos: thartaruga de tartaruga, monta/manta de monte, thatta de tecto). Uma série de mapas conhecidos como Mapas de Dieppe, produzidos por uma escola de cartografia na cidade francesa de mesmo nome entre 1536 e 1566, e que revelam uma influência portuguesa, retratam uma terra chamada Jave La Grande que apresenta uma configuração de costa que lembra a costa ocidental australiana, em alguns casos representando formas vegetais e etnográficas. Alguns académicos rejeitam uma ligação dos mapas com representações da Austrália, argumentando que as formas vegetais e humanas são típicas das ilhas da Indonésia ou que seriam meras representações lendárias. Pode ainda ser salientado um mapa holandês do século XVII que representa uma barreira de coral com o nome de Abreolhos. Esta palavra é uma derivação da expressão de língua portuguesa “abre os olhos”, que era usada com frequência para assinalar zonas de perigo em cartas marítimas lusitanas (expressão ainda hoje utilizada popularmente para designar qualquer acidente doloroso, que serve para ensinar a ter cuidado). Para os partidários da tese da prioridade portuguesa, os navegadores lusitanos não reclamaram o continente para a coroa de Portugal e mantiveram a descoberta aparentemente em silêncio. Os motivos do secretismo desta eventual iniciativa estariam relacionados com o Tratado de Tordesilhas, que determinava que a zona da Austrália seria, quando descoberta, propriedade da coroa espanhola. Para adensar o mistério, os eventuais registos e notas de bordo destas expedições devem ter desaparecido na destruição do Terramoto de Lisboa de 1755. Com a morte do Cardeal-Rei D. Henrique em 1580, e com a formação da união pessoal entre as coroas portuguesa e espanhola, Portugal nunca mais retomou as iniciativas de exploração nesta parte do mundo. A falta de documentos escritos sobre estas expedições faz com que a presença portuguesa na costa australiana seja posta em causa por muitos historiadores. Ficha Técnica Peso: 21 g Diâmetro: 36 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: Raul Machado Decreto: 111/95 de 23/05/1995 Ano 1995 84 Cunhagem 750 000 Código 122.01 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Peso: 21 g Diâmetro: 36 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: António Marinho Decreto: 111/95 de 23/05/1995 Ano 1995 Cunhagem 750 000 Código 123.01 Ficha Técnica Peso: 21 g Diâmetro: 36 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: Eloisa Byrne Decreto: 111/95 de 23/05/1995 Ano 1995 Cunhagem 750 000 Código 124.01 Ficha Técnica Peso: 21 g Diâmetro: 36 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: Isabel Carriço e Fernando Branco Decreto: 111/95 de 23/05/1995 Ano 1995 Cunhagem 750 000 Código 125.01 85 Apontamentos: Escudo 8º Centenário de Santo António A legislação associada à emissão da moeda comemorativa do 8.º Centenário do nascimento de Santo António, a qual foi publicada em decreto-lei 233/95 de 13 de Setembro durante o governo de Cavaco Silva, sendo seu ministro Eduardo Catroga. Mário Soares era o Presidente da República. Comemorando-se em 1995 o 8.º centenário do nascimento de Santo António, um dos mais célebres e populares santos portugueses, julgou-se da maior oportunidade assinalar esta efeméride pela emissão de uma moeda comemorativa, cunhada em metal precioso e com elevado valor facial, adequada à projecção nacional e internacional deste notável taumaturgo. Assim, foi produzida moeda em prata, com o valor de 500$00. O trabalho de Lima de Freitas apresentava para além da figura de Santo António com cruz e bíblia nas mãos envolvido por arco românico, a imagem da Sé de Lisboa. A moeda teve para além da emissão corrente emissões em prata e ouro proof. Ficha Técnica Peso: 14 g Diâmetro: 30 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Prata Composição: Ag 500 Autor: Lima de Freitas Decreto: 233/95 de 13/09/1995 Ano 1995 Cunhagem 600 000 Código 127.01 Lima de Freitas Natural de Setúbal (1927), faleceu em Lisboa (1998). Licenciou-se na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa onde cursou Pintura. Ilustrador prolífico de livros, destacou-se ainda na produção de murais de azulejos (destaca-se aqui o trabalho para a estação do Rossio). Foi um respeitável mestre Maçon. A nível da numismática foi o responsável pela moeda comemorativa de Santo António. 86 Apontamentos: Escudo 5.º Centenário de D. João II A legislação associada à emissão da moeda comemorativa do 5.º Centenário da morte do rei D. João II, a qual foi publicada em decreto-lei 110/95 de 23 de Maio durante o governo de Cavaco Silva, sendo seu ministro Eduardo Catroga. Mário Soares era o Presidente da República. Comemorando-se em 1995 o 5º centenário da morte do rei D. João II, figura do maior relevo no panorama da história de Portugal e grande continuador do processo dos descobrimentos marítimos portugueses, iniciado pelo seu tio Infante D. Henrique, julgou-se da maior oportunidade assinalar esta efeméride pela emissão de uma moeda comemorativa cunhada em metal precioso e com elevado valor facial, adequado à projecção nacional e internacional que se deseja imprimir a esta comemoração. A moeda cunhada em prata com o valor facial de 1000$00 teve autoria de Nogueira da Silva. A moeda apresentava recorte gótico típico da era de D. João II, surgindo o seu mote “Pola Lei e pola Grei” para além do pelicano a alimentar os filhos, símbolo do rei. O rei é retratado em perfil no reverso onde surge uma caravela quatrocentista de dois mastros navegando para ocidente. Ficha Técnica Peso: 27 g Diâmetro: 40 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Prata Composição: Ag 500 Autor: Nogueira da Silva Decreto: 110/95 de 23/05/1995 Ano 1995 Cunhagem 600 000 Código 128.01 87 Apontamentos: Escudo 2000 escudos Ch. 2 Bartolomeu Dias António de Sousa Victor Constâncio João Costa Pinto António M. Pereira Marta Luís Campos e Cunha Abel Moreira Mateus Carlos de Oliveira Cruz Bernardino Costa Pereira Vítor Manuel Rodrigues Pessoa Diogo Leite de Campos Manuel de Sousa Sebastião Em 1991 o Banco de Portugal foi confrontado com três situações: necessidade de reimpressão de notas; futura comemoração dos Descobrimentos portugueses; comemoração, em 1996, dos seus 150 anos. Assim, achou por bem conjugar estas três situações, associando-se às Comemorações dos Descobrimentos com a emissão de uma nova série de notas evocativa dessa epopeia por altura do seu aniversário e ainda uniformizar os elementos de segurança destinados ao público. Com a utilização crescente de sistemas de escolha automática de notas, sentia-se também a necessidade de utilizar notas facilmente tratáveis por esses sistemas. Começou-se assim o estudo de uma nova família de notas, das quais a de 2 000 escudos Ch. 2, com a efígie Bartolomeu Dias (já usada na chapa 1) foi a primeira a ser emitida. Foi intenção do Banco de Portugal manter a evocação do importantíssimo personagem nesta série, toda ela consagrada ao tema dos Descobrimentos. Julgou-se por isso conveniente que, para lá das alterações determinadas pelo novo formato e normalização, uma relação de semelhança com a anterior fosse mantida. No desenho agora criado, todo ele original, surgiram motivos já conhecidos na nota anterior. Não houve preocupação de evitar essas repetições, antes pelo contrário. Aliás, seria difícil não incluir alguns deles, porquanto estão directamente relacionados com a dobragem do Cabo da Boa Esperança. Noutros casos porém, foi intencional a relação mimética, que, servida também pelo esquema de cor aproximado, 88 Apontamentos: Escudo contribuíram para acentuar o parentesco. Na sequência do processo utilizado na nota de 2.000$00, Ch. 1, foram também separados os trabalhos de originação e de impressão. Sendo a maqueta original de autoria do Prof. Luís Filipe de Abreu (autor de alguns elementos que a integravam, nomeadamente a retrato da efígie) foi posto a concurso o trabalho de originação, vindo este a ser ganho pela firma suíça De La Rue Giori, SA (Lausane). Seguiu-se o concurso de impressão, este ganho pela firma alemã Gieseche & Devrient (Munique), a quem foi adjudicada. A nota impressa com fundos offset a três cores simultâneas frente e verso, foi complementada com impressão em talhe-doce a três tintas (duas cores). Na impressão offset foi utilizada a possibilidade de efeito arco-íris. Nas oficinas do Banco foi utilizada uma impressão tipográfica para a aposição da numeração, data e chancelas bem como a impressão de elementos de segurança para leitura por máquinas de escolha. O papel foi fabricado pela firma alemã Papierfabrik Louisenthal, sendo 100% de algodão com fibras fluorescentes de cores vermelha e verde visíveis sob luz ultravioleta. A marca de água foi colocada no lado esquerdo, apresentando a efígie em redução, o filete de segurança em janela, metalizado e magnético onde se podia ver à transparência o dístico “Portugal”. Sob a luz ultra-violeta reagia em “arco-íris” na frente. Outros elementos de segurança: registo frente/verso (constituído por desenhos parciais de uma Cruz de Cristo estilizada, impressos em cada uma das faces, que quando a nota é observada à transparência a reconstituem); imagem latente (constituída pelo valor da denominação, era visível quando se observava a nota segundo uma visão rasante); microimpressão do dístico “Banco de Portugal” no ombro da efígie; anti fotocopiadores a cor (impresso sobre a marca de água). 89 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Valor: 2 000$00 Chapa: 2 Frente: Retrato de Bartolomeu Dias e motivos relacionados com as navegações (astrolábio, rosa dos ventos) e Cruzado de D. João II Verso: Representação da caravela de Bartolomeu Dias, padrão, mapa quinhentista da costa africana, rosa dos ventos e excerto d’Os Lusíadas: “Aqui toda a africana costa acabo/ Neste meu nunca visto promontório” Maqueta: Luís Filipe de Abreu Marca de água: Bartolomeu Dias Mecanismo de segurança: filete de segurança microimpresso com a palavra “Portugal”; por toda a superfície, distribuídas ao acaso, fibras fluorescentes vermelhas e verdes;registo frente/verso (cruz de Cristo); imagem latente (valor da nota); microimpressão “Banco de Portugal” no ombro da efígie; sistema anti fotocopiadora a cores Medidas: 139x68 mm Criação: De La Rue Giori, SA Impressão: Gieseche & Devrient Primeira emissão:30-01-1996 Última emissão: 07-11-2000 Retirada de circulação: 28-02-2002 Data 21-09-1995 01-02-1996 31-07-1997 11-09-1997 07-11-2000 Emissão 30 000 000 48 000 000 16 000 000 54 000 000 30 000 000 Combinações de Assinaturas 5 6 6 6 2 Giesecke & Devrient Companhia alemã sediada em Munique que se dedica à produção de Notas, máquinas ATM e smart cards. Fundada em 1852 por Hermann Giesecke e Alphonse Devrient rapidamente se tornaram famosos pelas qualidades das suas impressões tendo participado na exibição mundial de Paris em 1867. Foram responsáveis pela produção de notas durante o período da hiperinflação da República de Weimar. Actualmente alargaram o seu campo de negócios, sendo a segunda maior empresa de produção de notas, incluindo as notas alemãs de euro e notas de países diversos como o Cambodja, Croácia, Etiópia, Guatemala, Peru, R. D. Congo ou Zimbabwé. 90 Apontamentos: Escudo 5000 escudos Ch. 3 Vasco da Gama António de Sousa João Costa Pinto António M. Pereira Marta Luís Campos e Cunha Abel Moreira Mateus Carlos de Oliveira Cruz Bernardino Costa Pereira Herlânder Estrela Diogo Leite de Campos Na sequência da série de notas emitida por ocasião do 150º aniversário do Banco de Portugal e no contexto das comemorações dos descobrimentos, a segunda nota emitida foi a chapa 3 de 5000 escudos com a efígie do navegador Vasco da Gama. Tal como a anterior de 2000 escudos as suas características e autorização foi publicada no decreto-lei 285/95 de 30 de Outubro. Como elementos decorativos da nota foram utilizados desenhos estilizados e baseados em: - Na frente: estilização do retrato de Vasco da Gama a partir de pintura existente no Museu Nacional de Arte Antiga e tradicionalmente apodada de “retrato de Vasco da Gama”, e de outro retrato que se sabe ter sido mandado executar pela família depois da sua morte; esfera armilar; colunelo do claustro dos Jerónimos; assinatura “Almirante D. Vasco” reproduzida de documento coevo. - No verso: fragmento de uma tapeçaria flamenga representando o encontro de Vasco da Gama com o Samorim de Calecute; pimenteira como símbolo de especiarias; brasão de armas do Conde da Vidigueira; nau baseada em várias representações da época. 91 Apontamentos: Escudo Na sequência do processo utilizado na nota de 2000$00, Ch. 1, foram também separados os trabalhos de originação dos de impressão. Sendo a maqueta original de autoria do Prof. Luís Filipe de Abreu (autor de alguns elementos que a integram, nomeadamente a retrato da efígie) foi posto a concurso o trabalho de originação, vindo este a ser ganho pela firma suíça De La Rue Giori, SA (Lausane). Seguiu-se o concurso de impressão, este ganho pela firma inglesa Thomas de La Rue and Company Limited a quem foi adjudicada. Impressa com fundos offset a três cores simultâneas frente e verso, era complementada com impressão a talhe-doce a três tintas (duas cores). Na impressão offset foi utilizada a possibilidade de efeito arco-íris. Nas oficinas do Banco foi utilizada uma impressão tipográfica para a aposição da numeração, data e chancelas bem como a impressão de elementos de segurança para leitura por máquinas de escolha. O papel foi fabricado pela firma francesa Arjo Wiggins, sendo 100% de algodão com fibras fluorescentes vermelhas e verdes. A marca de água apresentava a efígie de Vasco da Gama em redução da efígie virada para o centro e visível no primeiro terço esquerdo. Como elementos de segurança adicionais apresentava filete de segurança embebido, micro impresso com o dístico “Portugal”, visível à transparência; sob a luz ultra-violeta reagia na cor vermelha; na zona de transição do 2º para o 3º terço da nota surgia uma banda vertical iridescente de 15 mm de largura; registo frente/verso (constituído por desenhos parciais de uma Cruz de Cristo estilizada, impressos em cada uma das faces, que quando a nota é observada à transparência a reconstituem); imagem latente (constituída pelo valor da denominação, era visível, na banda vertical impressa em talhe doce, quando se observava a nota segundo uma visão rasante); micro-impressão do dístico “Vasco da Gama” na zona inferior esquerda da efígie; e sistema anti fotocopiadores a cor (impresso sobre a marca de água). 92 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Valor: 5 000$00 Chapa: 3 Frente: Retrato de Vasco da Gama esfera armilar; colunelo do claustro dos Jerónimos; assinatura “Almirante D. Vasco” Verso: Representação do encontro de Vasco da Gama com o Samorim de Calecute; pimenteira; brasão de armas do Conde da Vidigueira; nau quinhentista; frase d’Os Lusíadas: “Tal embaixada dava o capitão/A quem o rei gentio respondia/Que, em ver embaixadores de Nação/Tão remota grão glória recebia” Maqueta: Luís Filipe de Abreu Marca de água: Vasco da Gama Mecanismo de segurança: filete de segurança microimpresso com a palavra “Portugal”; por toda a superfície, distribuídas ao acaso, fibras fluorescentes vermelhas e verdes; registo frente/verso (cruz de Cristo); imagem latente (valor da nota); microimpressão “Vasco da Gama” na região inferior da efígie; sistema anti fotocopiadora a cores Medidas: 139x68 mm Criação: De La Rue Giori, SA Impressão: Thomas de La Rue & Co. Ltd Primeira emissão:30-01-1996 Última emissão: 02-07-1998 Retirada de circulação: 28-02-2002 Data 05-01-1995 12-09-1996 20-02-1997 11-09-1997 02-07-1998 Emissão 70 000 000 40 000 000 32 000 000 20 000 000 120 000 000 Combinações de Assinaturas 5 6 6 6 5 93 Apontamentos: Escudo 7.ª Série dos Descobrimentos: Navegando no mar da China A legislação associada à emissão da VII Série dos Descobrimentos (Navegando no mar da China), a qual foi publicada em decreto-lei 101/96 de 24 de Julho durante o governo de António Guterres, sendo seu ministro Sousa Franco. Jorge Sampaio era o Presidente da República. Na continuação do programa monetário e numismático dedicado aos Descobrimentos Portugueses, a 7.ª série destas moedas comemorativas foi alusiva às navegações no mar da China e às primeiras relações diplomáticas com o Reino do Sião. A chegada dos primeiros navegadores portugueses ao litoral chinês (1513), iniciou um relacionamento entre Portugal e a China que perdurou até aos nossos dias. Nesse ano, uma expedição comandada por Jorge Álvares, feitor da carga pertencente à coroa, ergueu um padrão numa ilha próxima de Cantão e desembarcou nessa cidade, onde realizou o primeiro intercâmbio comercial luso-chinês. Quase em simultâneo iniciavam-se os contactos entre os Portugueses e o Reino do Sião. Em 1511, ainda antes da conquista de Malaca, Afonso de Albuquerque enviou Duarte Fernandes com uma mensagem amistosa ao rei Ramathibodi II (1491-1529), que foi bem recebida e retribuída, logo seguida, em 1512, por uma primeira embaixada capitaneada por António de Miranda de Azevedo. Como resultado das amistosas relações desde então estabelecidas, os Reinos de Portugal e do Sião acordaram numa aliança militar e comercial, que teve profundas repercussões na história da presença portuguesa no Sudeste Asiático. As navegações e o comércio português nos mares da China e do Japão receberam um forte impulso em 1557, com a autorização concedida aos mercadores portugueses de se estabelecerem no porto de Macau, situado a poucos quilómetros de Cantão. Após a chegada ao Japão (1543), Macau passou a ser o ponto de escala obrigatório dos navios que ligavam anualmente Goa aos portos das ilhas de Kiushu, numa rota que costeava uma ilha desconhecida com belas colinas, altas e verdes, à qual os portugueses chamavam de ilha Formosa, sem nunca a terem reconhecido nem lá desembarcado. Em 17 de Julho de 1582 um navio capitaneado por André Feio naufragou num banco de areia da costa setentrional dessa ilha, facto que é considerado como marcando o descobrimento europeu da Formosa (actual Taiwan). Considerou-se assim oportuna a emissão de uma série de moedas comemorativas alusivas à aliança entre Portugal e o Reino do Sião (1512), à chegada dos portugueses à China (1513), ao estabelecimento em Macau (1557) e à descoberta da ilha Formosa (1582), no âmbito das comemorações nacionais dos Descobrimentos Portugueses. As moedas cunhadas em cuproníquel com o valor de 200$00 tiveram autoria de: Eloisa Byrne (aliança de Portugal com Sião), António Marinho (chegada à China), Raul Machado (estabelecimento em Macau) e Isabel Carriço e Fernando Branco (descoberta da ilha Formosa). Como habitualmente foi ainda emitidas edições especiais em prata e ouro proof para além da série prestígio (quatro moedas, quatro metais). 94 Apontamentos: Escudo Como elementos marítimos apresentavam: nau quinhentista (Sião, China); junco chinês (China e Macau); galeão português quinhentista (Taiwan). Outras características eram: representação de edifícios e templos tradicionais siameses das margens do rio Chaophaya e composições heráldicas alegóricas com a representação de símbolos iconográficos e heráldicos siameses e a inscrição do nome do rei “Ramathibodi II”, de referir que a legenda do anverso estava em português e em tailandês - “Aliança Portugal-Reino de Sião” (Sião); elementos vegetativos de canas de bambu e representação da linha de costa chinesa identificada pela representação do Templo do Céu de Pequim e legenda do reverso bilingue (chinês e português) – “China. 1513. China” (moeda relativa à China); ruínas da Igreja de São Paulo, dragão chinês, farol da Guia e legenda bilingue (chinês e português) – “Macau 1557 Macau” no reverso (moeda relativa a Macau); ramo e flor de ameixeira florida, representação cartográfica da ilha Formosa, legenda bilingue (chinês e português) – “Taiwan” no reverso. Reino de Sião Reino do Sião ou Reino Ayutthaya foi um reino siamês fundado em 1351 que perdurou até à invasão birmanesa em 1767. Fundado pelo povo Tai, que expulso do sudoeste da China se instalou na região próxima e adoptou o budismo como religião. Ayutthaya estabeleceu relações amigáveis com negociantes estrangeiros, incluindo os chineses Han, vietnamitas Annam, indianos, japoneses e persas e, mais tarde com os portugueses, espanhóis, holandeses e franceses, permitindo-lhes construir povoações no exterior dos muros da cidade. No século XVI Ayutthaya era descrita por mercadores estrangeiros como uma das maiores e mais ricas cidades do Oriente. A corte do rei Narai (1656-1688) teve uma forte ligação com a corte do rei Luís XIV de França, cujos embaixadores a comparavam a Paris pela dimensão e opulência. Antes do domínio birmanês em 1767, os estados tributários do Reino do Sião incluíam os estados Shan do norte do actual Myanmar, Chiang Mai, Yunnan e Shan Sri na China), Lan Xang no Laos, o reino Champa, e algumas cidades-estado da península da Malásia. Em 1939 trocou de nome e passou a chamar-se Tailândia (ex-Sião). O estado siamês baseado na cidade de Ayutthaya no vale do rio Chaophraya cresceu a partir do reino inicial de Lavo, que viria a absorver, continuando a tendência de expansão para sul dos povos siameses (Tai). Em 1351 para fugir de uma epidemia, o rei Ramathibodi I mudou a corte para sul, na bacia do rio Chaophraya. Numa ilha do rio fundou uma nova capital, a cidade Ayutthaya, significando "cidade de reis". Em poucos decénios, o reino de Ayutthaya expandiu-se consideravelmente à custa do decadente império Khmer do Camboja e do reino de Sukhotai, que foram absorvidos. O império de Ayutthaya empregou novas técnicas de centralização do poder e herdou do Estado Khmer a visão do governante como um rei divinizado. O reino desenvolveu um extenso aparato burocrático, e a sociedade hierarquizou-se rigidamente. As guerras foram frequentes e o território dominado a partir de Ayutthaya alcançou limites próximos ao da actual Tailândia. No entanto, as fronteiras com os Estados vizinhos, devido às contínuas guerras e aos planos separatistas das províncias distantes, 95 Apontamentos: Escudo modificaram-se constantemente. Em 1569, os birmaneses transformaram Ayutthaya num Estado dependente. Quinze anos mais tarde, a independência do Sião foi restabelecida pelo príncipe Naresuan, considerado desde então um herói nacional na Tailândia. Em 1511 Ayutthaya recebeu uma missão diplomática portuguesa, enviada por Afonso de Albuquerque na sequência da conquista portuguesa de Malaca no início do ano, dado a influência que era então atribuída ao Reino do Sião sobre a península de Malaca. Duarte Fernandes foi o primeiro enviado à corte de Ramathibodi II, regressando com um enviado siamês e ofertas para o Rei de Portugal, seguindo-se-lhe António de Miranda de Azevedo, Duarte Coelho e Manuel Fragoso, que aí permaneceu dois anos preparando um documento sobre o reino do Sião, que enviou directamente para Portugal. Estes terão sido os primeiros europeus a visitar o reino. Cinco anos após os contactos iniciais, Ayutthaya e Portugal estabeleceram um tratado que garantia aos portugueses a permissão para comerciar no reino do Sião. As relações entre os dois reinos permaneceram informais até que em 1518 D. Manuel I enviou uma embaixada com ofertas e a proposta de formalização de um tratado de aliança comercial, política e militar, que incluía a possibilidade dos siameses comerciarem em Malaca. Os comerciantes e missionários portugueses não exerceram, no entanto, grande influência sobre o país, situado fora das principais rotas portuguesas do Índico. A maioria de portugueses na Tailândia eram aventureiros que serviram nos exércitos reais como mercenários e que foram responsáveis pela adopção de algumas técnicas militares ocidentais nas operações tailandesas. Mais tarde, em 1592, seria estabelecido um tratado semelhante dando aos holandeses uma posição privilegiada no comércio de arroz. Os estrangeiros eram cordialmente recebidos na corte de Narai (1657-1688), um governante com uma visão cosmopolita, embora reticente à influência externa. Foram estabelecidas importantes relações comerciais com os japoneses. No século XVII, comerciantes holandeses e britânicos começaram a fundar centros comerciais junto à capital e na península de Malaca. Mais tarde, chegaram os franceses, que se impuseram aos outros europeus e foram enviadas missões diplomáticas siamesas a Paris e a Haia. Ao manter todos estes laços a corte do Sião jogou habilmente com as rivalidades entre holandeses e ingleses e franceses, impedindo a influência excessiva de um único poder. Contudo em 1664 os holandeses forçaram um tratado garantindo direitos territoriais e acesso comercial livre. Exortado pelo ministro externo Constantine Phaulkon, um aventureiro grego, Narai volta-se para a França em busca de auxílio. Engenheiros franceses construíram fortificações e um novo palácio em Lopburi, além disso missionários franceses dedicaram-se à educação e medicina, trazendo para o reino a primeira impressora. O próprio Luís XVI entusiasmou-se com a possibilidade de Narai se poder converter ao cristianismo. A forte influência francesa despertou desconfianças e a chegada de uma expedição francesa composta de 600 homens armados, em 1687, despertou receios. No ano seguinte, um golpe dado por líderes Tais antiocidentais levou à expulsão de todos os franceses. Teve então início, 96 Apontamentos: Escudo uma etapa de relativo isolamento do Sião com relação ao Ocidente, uma política que durou 150 anos. Chegada à China Jorge Álvares foi um explorador português, o primeiro europeu a aportar directamente na China e a visitar o território que actualmente é Hong Kong em 1513. Foi um dos portugueses que, de Malaca, se dirigiram à China, sendo o primeiro a chegar ao Sul da China, em 1513. A esta visita seguiu-se o estabelecimento de algumas feitorias portuguesas na província de Cantão, onde mais tarde se viria a estabelecer o entreposto de Macau. Possuía um Junco com o qual se dedicava ao comércio entre Malaca e Cantão, juntamente com Fernão Pires de Andrade e Rafael Perestrello, pioneiros desse comércio, considerado ilegal pelos Chineses. Participou numa guerra contra o sultão de Bintão, capitaneando uma galé na Armada Portuguesa. Com a abordagem de Tamang (Cantão), apesar da oposição do "Itau" (mandarim local), conseguiu estabelecer-se numa praia na ilha de Sanchoão, onde ergueu uma cabana que servia de refúgio aos comerciantes clandestinos e onde, para se achar como em terra portuguesa, fizera assentar um padrão. Passou assim a ser considerado como feitor português de Tamang, continuando, no seu Junco, a navegar pelas Molucas. Nestas águas veio a ser atacado pelos indígenas de Ternate, vindo a ser gravemente ferido. Veio a falecer na sua cabana, pedindo que fosse enterrado junto ao padrão que fizera erigir. Macau Macau é desde 20 de Dezembro de 1999 uma Região Administrativa Especial da República Popular da China. Antes desta data, foi colonizada e administrada por Portugal durante mais de 400 anos e é considerada o primeiro entreposto, bem como a última colónia europeia na China. Esta administração teve começo em meados do século XVI. Nesta altura os portugueses trouxeram prosperidade a este pequeno pedaço de terra, tornando-a numa grande cidade e importante intermediário no comércio entre a China, a Europa e o Japão, fazendo com que ela atingisse o seu auge nos finais do século XVI e nos inícios do século XVII. Só em 1887 é que a China reconheceu oficialmente a soberania e a ocupação perpétua portuguesa sobre Macau, através do "Tratado de Amizade e Comércio Sino-Português". Em 1967, como consequência do Motim 1-2-3 levantado pelos residentes chineses pró-comunistas de Macau no dia 3 de Dezembro de 1966, Portugal renunciou a sua ocupação perpétua sobre 97 Apontamentos: Escudo Macau. Em 1987, após intensas negociações entre Portugal e a República Popular da China, os dois países concordaram que Macau iria passar de novo à soberania chinesa no dia 20 de Dezembro de 1999. Actualmente, Macau está a experimentar um grande e acelerado crescimento económico, baseado no acentuado desenvolvimento do sector do jogo e do turismo, as duas actividades económicas vitais desta região administrativa especial chinesa. É constituída pela Península de Macau e por duas ilhas (Taipa e Coloane, entretanto com a ligação feita por terra seca por meio de um aterro, o istmo de Cotai), numa superfície total de 28,6 km². Macau situa-se na costa meridional da República Popular da China, a oeste da foz do Rio das Pérolas e a 60 km de Hong Kong, que se encontra aproximadamente a este de Macau. Faz fronteira a norte e a oeste com a Zona Económica Especial de Zhuhai, logo é adjacente à província de Guangdong. Macau efectua muitos aterros para reclamar/obter mais espaços de construção à foz do Rio das Pérolas. Tem cerca de 538 mil habitante s, sendo a esmagadora maioria de etnia chinesa. Após o estabelecimento da RAEM, Macau actua sob os princípios do Governo Popular Central Chinês da RPC de “um país, dois sistemas”, de “Administração de Macau pela Gente de Macau” e de “Alto Grau de Autonomia”, gozando por isso de um estatuto especial, semelhante ao de Hong-Kong, e possuindo consequentemente um elevado grau de autonomia, limitando-se apenas no que se refere às suas relações exteriores e à defesa. Foi também garantido pela RPC a preservação do seu sistema económico-financeiro e das suas especificidades durante pelo menos 50 anos, isto é, pelo menos até 2049. Os portugueses estabeleceram-se ilegal e provisoriamente em Macau entre 1553 e 1554, sob o pretexto de secar a sua carga. Em 1557, as autoridades chinesas deram finalmente autorização para os portugueses se estabelecerem permanentemente em Macau, concedendo-lhes um considerável grau de autonomia. Em troca, os portugueses foram obrigados a pagar aluguer anual (cerca de 500 taéis de prata) e certos impostos a estas autoridades, que defendiam que Macau continuava a ser parte integrante do Império Chinês. As autoridades chinesas, desde sempre portadoras de algum medo e desprezo pelos estrangeiros, passaram a supervisionar atentamente os portugueses de Macau e a exercer, até meados do século XIX, uma grande influência na administração deste estabelecimento comercial. Desde então, Macau desenvolveu-se como um entreposto e intermediário para o comércio triangular entre a China, o Japão e a Europa, numa época em que as autoridades da China proibiram o comércio directo com o Japão por mais de cem anos. Para além de ser um entreposto comercial, Macau desempenhou também um papel activo e fulcral na disseminação do Catolicismo, ao tornar-se num importante ponto de formação e de partida de missionários católicos para os diferentes países do Extremo Oriente, principalmente para a China. 98 Apontamentos: Escudo Por este motivo, o Papa Gregório XIII criou, em 1576, a Diocese de Macau. Estes missionários desempenharam também um papel importante no intercâmbio cultural, científico e artístico entre a China e o Ocidente, e no desenvolvimento da cultura e da educação de Macau. Em 1583, foi criada o Leal Senado, a sede e o símbolo do poder e do governo local, pelos moradores portugueses, mais precisamente pelos comerciantes, de Macau. Este organismo político, considerado como a primeira câmara municipal de Macau, foi fundada com o objectivo de proteger o comércio controlado por Macau, de estabelecer ordem e segurança para esta cidade e de resolver os e problemas quotidianos. Apesar de a partir de 1623 Macau passar a ter um Governador português, o Leal Senado, até à primeira metade do século XIX, continuou a manter uma grande autonomia e a exercer um papel fundamental na administração da cidade. Devido à sua prosperidade, Macau foi várias vezes atacada pelos holandeses ao longo da primeira metade do século XVII. O ataque mais importante teve início em 22 de Junho de 1622, quando cerca de 800 soldados holandeses desembarcaram, numa tentativa de conquistar a cidade. Após dois dias de combate, em 24 de Junho, os invasores foram derrotados, sofrendo elevadas baixas (cerca de 350 mortes) e conseguindo abater apenas algumas dezenas de portugueses. Para Macau, desprevenida, esta vitória foi considerada um milagre. Em 1638-1639, o comércio português com o Japão foi interrompido, devido às políticas de isolamento levados a cabo pelo então Xogum japonês, Tokugawa Iemitsu. Este acontecimento afectou seriamente a economia de Macau, que rapidamente entrou em declínio. Descoberta de Taiwan O conhecimento da existência da ilha Formosa (actual Taiwan) pelos ocidentais ocorreu por volta de 1544 quando navegadores portugueses passaram ao largo da ilha e a registaram como ilha Formosa. Apenas em 1582 aportaram e por acidente. Um navio capitaneado por André Feio naufragou devido a um banco de areia na costa setentrional da ilha e permaneceu nesta durante cerca de 10 semanas. Os efeitos da malária e os constantes ataques por parte dos aborígenes conduziram à fuga dos sobreviventes para Macau dentro de uma balsa. Em 1600 foi estabelecido um entreposto comercial português que foi de pouca dura. A ocupação espanhola de Portugal conduziu posteriormente ao abandono deste entreposto, ficando os holandeses por intermédio da 99 Apontamentos: Escudo Companhia Holandesa das Índias Orientais a controlar o comércio para ocidente a partir da ilha Formosa (1624). Ficha Técnica Peso: 21 g Diâmetro: 36 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: Eloisa Byrne Decreto: 101/96 de 24/07/1996 Ano 1996 Cunhagem 750 000 Código 129.01 Ficha Técnica Peso: 21 g Diâmetro: 36 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: António Marinho Decreto: 101/96 de 24/07/1996 Ano 1996 100 Cunhagem 750 000 Código 130.01 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Peso: 21 g Diâmetro: 36 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: Raul Machado Decreto: 101/96 de 24/07/1996 Ano 1996 Cunhagem 750 000 Código 131.01 Ficha Técnica Peso: 21 g Diâmetro: 36 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: Isabel Carriço e Fernando Branco Decreto: 101/96 de 24/07/1996 Ano 1996 Cunhagem 750 000 Código 132.01 Jogos Olímpicos de Atlanta „96 A legislação associada à emissão da moeda comemorativa dos Jogos Olímpicos de Atlanta ‘96, a qual foi publicada em decreto-lei 8/96 de 12 de Fevereiro durante o governo de António Guterres, sendo seu ministro Sousa Franco. Jorge Sampaio era o Presidente da República. Celebrando-se em 1996 o centenário dos primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna, que tiveram lugar em Atenas, considerou-se oportuno assinalar esta efeméride e a participação de Portugal nos XXVI Jogos Olímpicos de Atlanta com a emissão de uma moeda comemorativa. 101 Apontamentos: Escudo A moeda de autoria de Vítor Santos, foi cunhada com valor de 200$00 seguindo as características técnicas da moeda bimetálica circulante. Ao contrário das anteriores comemorativas bimetálicas as duas faces foram desenhadas especialmente para esta. Apresentando no anverso uma composição alegórica com a chama olímpica e os anéis olímpicos e no reverso a representação de um atleta em esforço a completar um salto em altura no estilo Fosbury. A moeda foi ainda emitida com acabamentos BNC e proof. A título excepcional foi ainda emitida emissão especial com o mesmo desenho mas em prata proof mas 36 mm como era habitual para as pratas proof de 200$00. Jogos Olímpicos de Atlanta Os Jogos Olímpicos de Verão de 1996, oficialmente Jogos da XXVI Olimpíada, foram realizados em Atlanta, nos Estados Unidos, entre 19 de Julho e 4 de Agosto de 1996. Marcaram os 100 anos dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, sendo aberto pelo presidente dos Estados Unidos Bill Clinton. Os então 197 Comités Olímpicos Nacionais filiados ao Comité Olímpico Internacional enviaram suas delegações, num total de 10 318 atletas, sendo 3 512 deles mulheres, competindo em 26 modalidades. Os Jogos de Atlanta, que se esperava serem perfeitos, pelos vultosos recursos investidos em sua organização, apresentaram vários percalços, como um inesperado problema nos transportes, com engarrafamentos monstruosos pela cidade no período dos Jogos dificultando a locomoção entre os locais de competição, calor intenso durante as competições e o mais grave deles, um atentado cometido com a explosão de uma bomba no Centennial Olympic Park, que resultou na morte de duas pessoas e ferimentos em outras 111. No discurso de encerramento, o então Presidente do COI, Juan Antonio Samaranch, referiu-se aos Jogos recém-terminados com um “Bom trabalho, Atlanta” ao invés do costumeiro “Estes foram os melhores Jogos da história”, usados até então. A participação portuguesa nestes jogos saldou-se em duas 102 Apontamentos: Escudo medalhas, uma de ouro (a terceira de Portugal) para Fernanda Ribeiro, nos 10.000m e outra, de bronze, para Nuno Barreto e Hugo Rocha em Vela na classe 470. Ficha Técnica Peso: 9,8 g Diâmetro: 28 mm Bordo: Alternado em blocos lisos e serrilhados (catorze de cada) Eixo: Horizontal Metal: Bimetálica Composição: núcleo Cu 900, Al 50, Ni 50; anel Cu 750, Ni 250 Autor: Vítor Silva Decreto: 8/96 de 12/02/1996 Ano 1996 Cunhagem 1 000 000 Código 133.01 Vítor Silva Escultor natural de Lisboa, onde reside. Licenciado em Escultura pela Faculdade de Belas Artes de Lisboa, com mestrado em Desenho pela mesma instituição. Tem curso de Desenhador Gravador Litógrafo pela Escola de Artes Decorativas António Arroio. A nível numismático para além da criação de várias moedas comemorativas é o autor da face nacional dos Euros de Portugal. 150º Aniversário do Banco de Portugal A legislação associada à emissão da moeda comemorativa do 150º Aniversário do Banco de Portugal, a qual foi publicada em decreto-lei 192/96 de 9 de Outubro durante o governo de António Guterres, sendo seu ministro Teixeira dos Santos. Jorge Sampaio era o Presidente da República. Comemorou-se em 1996 o sesquicentenário da fundação do Banco de Portugal, em 19 de Novembro de 1846, por fusão do Banco de Lisboa com a Companhia Confiança Nacional. Num já longo e prestigiante percurso que vai desde a sua afirmação inicial como o mais importante banco comercial do País, a que se seguiu um acréscimo da sua vocação pública, enquanto banco emissor, banqueiro do Estado e de Caixa Geral do Tesouro e que culminou com o actual desempenho das funções inerentes ao Banco Central da República Portuguesa, muitos foram os momentos em que o seu desempenho foi de importância crucial para o País. Afigurou-se assim da maior oportunidade assinalar esta efeméride pela emissão de uma moeda comemorativa de prata de circulação corrente e pela cunhagem de espécimes numismáticos bimetálicos de 103 Apontamentos: Escudo prata e ouro, de características inéditas a nível mundial, com recurso a tecnologia inovadora desenvolvida pela Casa da Moeda de Lisboa em colaboração com o Instituto Superior Técnico. Assim, produziram-se moedas de prata de 500$00 de autoria de Irene Vilar. As moedas onde se destacava o emblema do Banco de Portugal tiveram ainda emissões especiais em prata proof para além da primeira emissão de moeda bilamelar (em prata e ouro). Ficha Técnica Peso: 14 g Diâmetro: 30 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Prata Composição: Ag 500 Autor: Irene Vilar Decreto: 192/96 de 09/10/1996 Ano 1996 Cunhagem 620 000 Código 134.01 Fragata D. Fernando e Glória A legislação associada à emissão da moeda comemorativa da recuperação da Fragata D. Fernando e Glória, a qual foi publicada em decreto-lei 270/95 de 23 de Outubro durante o governo de Cavaco Silva, sendo seu ministro Eduardo Catroga. Mário Soares era o Presidente da República. Em 1996 foi re-lançada à água, após completo restauro, a fragata D. Fernando II e Glória. Este navio de guerra de inegável interesse histórico foi a última fragata à vela da Marinha Portuguesa e a última embarcação a fazer a chamada “carreira da Índia”, que desde o século XVI e durante mais de três séculos fez a ligação entre Portugal e aquela antiga colónia. Julgouse assim da maior oportunidade assinalar esse evento pela emissão de uma moeda comemorativa cunhada em metal precioso e com elevado valor facial, adequado à projecção nacional e internacional que se deseja imprimir ao acontecimento. A moeda cunhada em prata com valor de 1000$00 teve autoria do escultor Raul Machado. Teve ainda emissões especiais em prata proof. Os lucros desta amoedação foram utilizados na recuperação do navio. A moeda apresentava no anverso para além da representação da carcaça do navio, um compasso (símbolo da construção naval), as armas nacionais 104 Apontamentos: Escudo apresentavam um recorte brigantino e no quadrante superior direito era possível observar a carranca da proa com o busto de perfil de D. Fernando II. No reverso eram visíveis os bustos de D. Fernando II e de D. Maria II, para além da representação da fragata devidamente aparelhada. Fragata D. Fernando II e Glória A D. Fernando II e Glória foi uma fragata à vela da Marinha Portuguesa, que navegou entre 1845-78. Actualmente é um navio museu, na dependência do Museu da Marinha e classificada como Unidade Auxiliar da Marinha. A fragata D. Fernando foi o último navio de guerra inteiramente à vela da Marinha Portuguesa. Foi construída em Damão, na Índia Portuguesa, sob a supervisão do engenheiro construtor naval Gil José da Conceição, por uma equipa de operários indianos e portugueses, liderados pelo mouro Yadó Semogi. Na sua construção foi usada madeira de teca de Nagar-Aveli. Depois do lançamento ao mar, em 22 de Outubro de 1843, o navio foi rebocado para Goa onde foi aparelhado. O navio foi baptizado em homenagem ao Casal Real Português, o rei-consorte D. Fernando II e a Rainha D. Maria II, cujo nome próprio era Maria da Glória. O "Glória" do seu nome também se referia à sua santa protectora, Nossa Senhora da Glória, de especial devoção entre os Goeses. O navio estava armado com 50 bocas-de-fogo, com 28 na bateria e 22 no convés. A sua viagem inaugural, de Goa a Lisboa, decorreu entre 2 de Fevereiro e 4 de Julho de 1845. A fragata D. Fernando navegou durante 33 anos, percorrendo cerca de 100 000 milhas, correspondentes a, quase, cinco voltas ao mundo. Foi empregue no transporte de tropas, colonos e degredados para Angola, Índia e Moçambique. Participou em operações navais de guerra no Ultramar Português. Apoiou a expedição de Silva Porto de ligação terrestre entre Benguela em Angola e a costa de Moçambique. Em Setembro de 1865 a fragata D. Fernando substituiu a nau Vasco da Gama como Escola de Artilharia Naval, fazendo viagens de instrução até 1878. Nesse ano, fez a sua última missão no mar, realizando uma viagem de instrução de guarda-marinhas aos Açores. Nessa viagem, ainda conseguiu salvar a tripulação da barca americana Laurence Boston que se tinha incendiado. A partir daí passou a estar sempre fundeada no Tejo. Em 1938 deixou se servir de Escola Prática de Artilharia Naval, passando a ser utilizada como navio-chefe das Forças Navais no Tejo. Em 1940 cessou o seu uso pela Marinha Portuguesa, sendo a fragata transformada em Obra Social da Fragata D. Fernando, uma instituição social que se destinava a albergar e a dar instrução e treino de marinharia a rapazes oriundos de famílias pobres. 105 Apontamentos: Escudo Em 1963, um violento incêndio destruiu uma grande parte do navio, ficando abandonado no Tejo. Entre 1992 e 1997 a fragata foi recuperada pela Marinha Portuguesa, recorrendo ao Arsenal do Alfeite e aos estaleiros Rio-Marine de Aveiro. O navio esteve exposto na Expo 98. Desde então é um navio museu da Marinha Portuguesa, estando actualmente desde 1 de Março de 2008, em doca seca, em Cacilhas (Almada), estando a receber trabalhos de manutenção. Ficha Técnica Peso: 27 g Diâmetro: 40 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Prata Composição: Ag 500 Autor: Raul Machado Decreto: 270/95 de 23/10/1995 Ano 1996 Cunhagem 600 000 Código 135.01 Nossa Senhora da Conceição A legislação associada à emissão da moeda comemorativa do 350º Aniversário da proclamação de Nossa Senhora da Conceição como padroeira de Portugal, a qual foi publicada em decreto-lei 191/96 de 9 de Outubro durante o governo de António Guterres, sendo seu ministro Teixeira dos Santos. Jorge Sampaio era o Presidente da República. Ocorrendo em 1996 o 350º aniversário da proclamação de Nossa Senhora da Conceição como padroeira de Portugal, por provisão régia de D. João IV de 25 de Março de 1646 “em homenagem, agradecimento solene e perpétuo monumento da Restauração de Portugal, como anteriormente tinha sido deliberado e jurado em Cortes com os três Estados do reino”, julgou-se da maior oportunidade assinalar esta data jubilar pela emissão de uma moeda comemorativa de prata com elevado valor facial. A moeda de 1000$00 de autoria de Helder Baptista apresentava no anverso a imagem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, ladeada pela representação da coroa real do tempo de D. João IV. A moeda teve ainda emissão especial em prata proof. 106 Apontamentos: Escudo Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa O Santuário de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa é também conhecido por Solar da Padroeira, por nele se encontrar a imagem de Nossa Senhora da Conceição (manifestação), padroeira de Portugal. A igreja, que é simultaneamente Matriz de Vila Viçosa, fica situada dentro dos muros medievais do castelo da vila, não se podendo porém precisar a data exacta da sua fundação, sendo que a existência da matriz é já assinalada na época medieval. Segundo a tradição, a imagem da padroeira terá sido oferecida pelo Condestável do Reino, D. Nuno Álvares Pereira, que a terá adquirido em Inglaterra. A mesma imagem teve a honra de, por provisão régia de D. João IV, referendada em cortes gerais, ter sido proclamada Padroeira de Portugal, em 25 de Março de 1646. A partir de então não mais os monarcas portuguesas da Dinastia de Bragança voltaram a colocar a coroa real na cabeça. A notável imagem, em pedra de ançã, encontra-se no altar-mor da igreja, estando tradicionalmente coberta por ricas vestimentas (muitas delas oferecidas pelas Rainhas e demais damas da Casa Real). Ainda em 6 de Fevereiro de 1818 o Rei D. João VI concedeu nova benesse ao Santuário, erigindo-o cabeça da nova Ordem Militar de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, agradecendo à Padroeira a resistência nacional às invasões francesas. Neste Santuário nacional estão sediadas as antigas Confrarias de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa e dos Escravos de Nossa Senhora da Conceição. O Papa João Paulo II visitou este Santuário durante a sua primeira visita a Portugal, em 14 de Maio de 1982. A grande peregrinação anual ao Santuário de Vila Viçosa celebra-se a 8 de Dezembro, solenidade da Imaculada Conceição, Padroeira Principal de Portugal. Ficha Técnica Peso: 27 g Diâmetro: 40 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Prata Composição: Ag 500 Autor: Helder Baptista Decreto: 191/96 de 09/10/1996 Ano 1996 Cunhagem 620 000 Código 136.01 107 Apontamentos: Escudo 1000 escudos Ch. 13 Pedro Álvares Cabral António de Sousa Victor Constâncio António M. Pereira Marta Luís Campos e Cunha Abel Moreira Mateus Diogo Leite de Campos Bernardino Costa Pereira Carlos de Oliveira Cruz Em consequência da reforma do sistema monetário em papel em curso desde 1991 (início dos trabalhos), em 1996 foi lançada a nota de 1000 escudos chapa 13. Nesta foi evocada a figura do fidalgo e navegador português, Pedro Álvares Cabral. Na sequência do processo já utilizado na nota de 2000$00, Ch1, foram também separados os trabalhos de originação dos de impressão. Sendo a maqueta original e alguns elementos que a integravam, nomeadamente o retrato da efígie, de autoria do Prof. Luís Filipe de Abreu, foi posto a concurso o trabalho de originação, vindo este a ser ganho pela firma suíça De La Rue Giori, SA (Lausane). Seguiu-se o concurso de impressão, ganho pela firma canadiana British American Banknote (Otawa), a quem foi adjudicada. A sua emissão foi aprovada em decreto-lei 90/96 de 5 de Maio. Como elementos decorativos da nota foram utilizados desenhos estilizados e baseados em: - na frente: adaptação de elementos vegetalistas existentes em manuscritos iluminados; medalhão com esfera armilar cercada de coroa de ramos e flores; moeda “Português” de D. Manuel I; retrato de Pedro Álvares Cabral. - no verso: flora brasileira, macacos e outros animais; cartela “TERRA BRASILIS” da carta de Lopo Homem; brasão de armas de os “Cabrais”, “nau”, baseada no desenho da de Álvares Cabral e feita por Lizuarte de Abreu. 108 Apontamentos: Escudo O fundo foi impresso a três cores (mais uma impressão intaglioset, no verso) pelo processo offset simultâneo, utilizando também, na frente, uma impressão talhe-doce com três tintas (duas cores). Nas oficinas do Banco foi utilizada uma impressão tipográfica para a aposição da numeração, data e chancelas bem como a impressão de elementos de segurança para leitura por máquinas de escolha. O papel foi fabricado pela firma espanhola Fabrica Nacional de Moneda y Timbre sediada em Burgos, sendo 100% de algodão com fibras fluorescentes vermelhas e verdes dispersas. Apresentava um filete de segurança embebido, magnético, micro impresso com o dístico “Brasil” visível à transparência. A marca de água foi colocada no lado esquerdo e apresentava o retrato de Pedro Álvares Cabral reduzido relativamente à figura estampada. Apresentava ainda outros elementos de segurança, a saber: registo frente/verso (constituído por desenhos parciais de uma Cruz de Cristo estilizada, impressos em cada uma das faces, que quando a nota era observada à transparência a reconstituíam); imagem latente (constituída pelo valor da denominação, era visível quando se observava a nota segundo um ângulo de visão rasante); sistema anti fotocopiadora a cor impresso sobre a marca de água. 109 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Valor: 1 000$00 Chapa: 13 Frente: Retrato de Pedro Álvares Cabral, elementos vegetalistas existentes em manuscritos iluminados; medalhão com esfera armilar cercada de coroa de ramos e flores; moeda “Português” de D. Manuel I Verso: Representação de flora e fauna brasileira; cartela “TERRA BRASILIS” da carta de Lopo Homem; brasão de armas dos “Cabrais”, “nau” de Pedro Álvares Cabral Maqueta: Luís Filipe de Abreu Marca de água: Pedro Álvares Cabral Mecanismo de segurança: filete de segurança microimpresso com a palavra “Brasil”; por toda a superfície, distribuídas ao acaso, fibras fluorescentes vermelhas e verdes; registo frente/verso (cruz de Cristo); imagem latente (valor da nota); sistema anti fotocopiadora a cores Medidas: 132x68 mm Criação: De La Rue Giori, SA Impressão: British American Banknote Primeira emissão: 06-12-1996 Última emissão: 07-11-2000 Retirada de circulação: 28-02-2002 Data 18-04-1996 31-10-1996 12-03-1998 21-05-1998 07-11-2000 Emissão 56 000 000 40 000 000 40 000 000 50 000 000 desconhecida Combinações de Assinaturas 6 6 6 5 2 10000 escudos Ch. 2 Infante D. Henrique António de Sousa António M. Pereira Marta Luís Campos e Cunha 110 Apontamentos: Escudo Abel Moreira Mateus Diogo Leite de Campos Bernardino Costa Pereira Carlos de Oliveira Cruz Da mesma publicação em Diário da República da nota de 1000 escudos Ch. 13 (decreto-lei 90/96 de 5 de Maio) foi ainda aprovada a nova nota de 10000 escudos Ch.2 com invocação do Infante D. Henrique. Como elementos decorativos da nota foram utilizados desenhos estilizados e baseados em: - na frente: estilização do retrato do Infante D. Henrique a partir dos “Painéis de S. Vicente”; flor-de-lis; Cruz de Cristo; motivos da Ordem da Jarreteira; ampulheta; bússola; medalhão de desenho adaptado do Selo do Infante; “leão” retirado de uma carta assinalando a “Serra Lioa”; assinatura do Infante D. Henrique. - no verso: fundo policromático baseado na iluminura da Crónica da Guiné de Gomes de Azurara, a qual apresenta a divisa e “empresa” de D. Henrique; caravela; estandarte com a Cruz de Cristo. Na sequência do processo iniciado com a nota de 2.000$00, Ch1, foram também separados os trabalhos de originação dos de impressão. Sendo a maqueta original de autoria do Prof. Luís Filipe de Abreu (autor de alguns elementos que a integram, nomeadamente a retrato da efígie) foi posto a concurso o trabalho de originação, vindo este a ser ganho pela firma suíça De La Rue Giori, SA (Lausane). Seguiu-se o concurso de impressão, ganho pela firma inglesa Thomas de La Rue & Co Ltd. Impressa com fundos offset a três cores simultâneas frente e verso, foi complementada com impressão talhe-doce a três tintas (duas cores). Nas oficinas do Banco foi utilizada uma impressão tipográfica para a aposição da numeração, data e chancelas bem como a impressão de elementos de segurança para leitura por máquinas de escolha. O papel foi fabricado na francesa Arjo Wiggins, sendo 100% de algodão. A marca de água consistia na redução da efígie virada para o centro e visível no primeiro terço esquerdo. O filete de segurança em janela, metalizado e magnético onde se podia ver à transparência o dístico “Portugal”, por desmetalização da sua superfície. Sob a luz ultravioleta reagia em “arco-íris” na frente. O papel apresentava fibras invisíveis fluorescentes (vermelhas e verdes) ao acaso sobre toda a superfície. Na zona de transição do 2º para o 3º terço da nota, uma banda vertical iridescente de 15 mm de largura. Como elementos de segurança adicionais: registo frente/verso (cruz de Cristo estilizada), imagem latente (valor de denominação visível em banda vertical impresso 111 Apontamentos: Escudo em talhe doce observada em ângulo rasante); micro-impressão do dístico “Banco de Portugal 10000” que constituía o sombreado da gola da efígie; sistema anti fotocopiadora a cores sob a marca de água. 112 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Valor: 10 000$00 Chapa: 2 Frente: Retrato do Infante D. Henrique; flor-de-lis; Cruz de Cristo; motivos da Ordem da Jarreteira; ampulheta; bússola; medalhão de desenho adaptado do Selo do Infante; “leão” retirado de uma carta assinalando a “Serra Lioa”; assinatura do Infante D. Henrique Verso: Representação de iluminura da Crónica da Guiné de Gomes de Azurara, a qual apresenta a divisa e “empresa” de D. Henrique; caravela; estandarte com a Cruz de Cristo. Maqueta: Luís Filipe de Abreu Marca de água: Infante D. Henrique Mecanismo de segurança: filete de segurança metalizado e magnético microimpresso com a palavra “Portugal”; por toda a superfície, distribuídas ao acaso, fibras fluorescentes vermelhas e verdes; registo frente/verso (cruz de Cristo); imagem latente (valor da nota); na zona de transição do 2º para o 3º terço da nota, uma banda vertical iridescente de 15 mm de largura; micro impressão do dístico “Banco de Portugal 10 0000” na gola da efígie; sistema anti fotocopiadora a cores Medidas: 153x75 mm Criação: De La Rue Giori, SA Impressão: Thomas de La Rue & Co Ltd Primeira emissão: 26-09-1996 Última emissão: 12-02-1998 Retirada de circulação: 28-02-2002 Data 02-05-1996 10-07-1997 12-02-1998 Emissão 32 000 000 16 000 000 27 000 000 Combinações de Assinaturas 6 6 6 1ª Séria EXPO ‟98: Fauna marítima costeira portuguesa e Expedições oceanográficas A legislação associada à emissão da 1.ª Série EXPO ’98 relativa à Fauna Marítima Costeira Portuguesa e ao Centenário das Expedições Oceanográficas, a qual foi publicada em decreto-lei 171/97 de 8 de Julho durante o governo de António Guterres, sendo seu ministro Sousa Franco. Jorge Sampaio era o Presidente da República. Em 1998 teve lugar a Exposição Mundial de Lisboa — EXPO 98, a última grande exposição mundial do século XX e um acontecimento da maior relevância e importância política, cultural, turística e económica para a cidade de Lisboa e para Portugal. Considerando que o tema central da EXPO 98 era “Os oceanos, um património para o futuro”, que o ano de 1998 foi declarado Ano Internacional dos Oceanos pela ONU e que no final do século tiveram início as comemorações do Milénio do Atlântico, julgou-se da maior oportunidade assinalar a realização da Exposição Mundial de Lisboa com um programa de emissões monetárias comemorativas constituído por três séries a lançar no período de 1997 a 113 Apontamentos: Escudo 1999 e com temas alusivos à fauna marítima costeira portuguesa, ao centenário das primeiras expedições oceanográficas portuguesas (1997), à EXPO 98 e ao Ano Internacional dos Oceanos (1998) e ao Milénio do Atlântico (1999). A primeira série foi constituída por três moedas: duas bimetálicas de 100$00 e 200$00 relativas à fauna costeira portuguesa e uma de 1000$00 em prata comemorativa do centenário das Expedições Oceanográficas. A moeda de 100$00 de autoria de Vítor Santos fez referência à fauna presente nas ilhas Desertas do arquipélago da Madeira, nomeadamente a foca monge e a cagarra. A de 200$00 de José Simão fez homenagem aos golfinhos do estuário do Sado. Por fim a moeda de 1000$00 de autoria de Raul Machado apresentava vários elementos referentes às expedições oceanográficas do rei D. Carlos I nomeadamente: uma representação do esqualo Odontaspis nasutus, Bragança, duas espécies de tunídeos, estudados e descritos nessas expedições, o iate Amélia (barco utilizado pelo rei português) e os bustos dos dois monarcas responsáveis pelas expedições (D. Carlos I de Portugal e Alberto I do Mónaco). Em todas as moedas era visível o símbolo da EXPO ’98. As moedas tiveram ainda emissões especiais em acabamento BNC e proof. Os lucros obtidos nesta amoedação foi investido no desenvolvimento da EXPO ’98. Foca monge A foca-monge-do-mediterrâneo (Monachus monachus), também conhecida por lobo-marinho é provavelmente o membro da família das focas mais ameaçado de extinção. Outrora espalhada pelo Mediterrâneo e águas adjacentes, hoje estima-se que haja somente em torno de 400 indivíduos restantes desse mamífero marinho. A foca-monge constitui um dos géneros da família dos focidas. Compreende a foca-monge-do-havai (Monachus schauinslandi), a focamonge-do-caribe (Monachus tropicalis), que entretanto foi considerada extinta, e, por último, a foca-monge-do-mediterrânio (Monachus monachus). É um animal robusto que pode atingir os 400 quilos e os 4 metros, no caso dos machos. As fêmeas são sempre mais pequenas podendo atingir até 2,30 metros. Apresenta uma coloração castanha-acinzentada, sendo que, nas partes inferiores, apresentam manchas mais claras de cor amarelada e esbranquiçada. Quanto mais velhas se tornam, mais clara é a sua tonalidade, chegando a atingir a coloração prateada. Quando submerge, as suas narinas paralelas fecham-se, impedindo, desta forma, a entrada de água para os canais respiratórios. Debaixo de água, servem-se dos olhos para se guiarem, mas também dos seus longos bigodes, órgãos do tacto extremamente sensíveis às mudanças de pressão. As focas passam a maior parte do tempo dentro de água. Podem mesmo dormir no mar, à superfície. Conseguem manter-se submersas por períodos que podem atingir os 12 minutos. Embora realize a maior parte da sua actividade no mar, a foca depende da terra para repousar, fazendo-o essencialmente em praias escondidas no interior de grutas. Alimenta-se de animais que captura na água, como polvos e peixes de tamanho considerável, entre os quais se encontram o mero (Epinephelus marginatus) e o congro (Conger conger). Ainda assim, além de predadores, são também presas de outros predadores maiores como a orca (Orcinus orca) e os 114 Apontamentos: Escudo tubarões. Porém, dado que estes animais não costumam aproximar-se das zonas costeiras, constituem ameaças muito pontuais. Trata-se de um animal muito curioso, que facilmente se aproxima do ser humano, especialmente quando jovem. No entanto, nas épocas de criação, as fêmeas tornam-se muito ciosas das crias, tentando sempre afastá-las do Homem, podendo ter reacções imprevistas e agressivas. Não possuem uma época própria para os nascimentos, embora se verifique uma maior concentração destes nos períodos entre Outubro e Novembro. A gestação demora entre 8 a 11 meses, ao fim dos quais nasce uma pequena cria indefesa, coberta por uma pelugem lanosa de cor negra. As crias ficam entregues aos cuidados das progenitoras por um período que pode ir de 1 a 2 anos, altura em que se apresentam mais brincalhonas e despreocupadas. Estes animais podem viver cerca de 20 ou 30 anos no seu estado selvagem. Há relatos datados da primeira metade do século XV, descrevendo colónias de mais de 5000 indivíduos nas costas do actual Saara Ocidental. Os povos mediterrânicos, no passado, atribuíram sempre uma grande importância à foca-monge, colocando-a sob a protecção directa dos deuses, dotando-a de uma natureza parcialmente humana, evitando ao máximo capturá-la. O primeiro contacto português conhecido com as focas-monge data de 1419, quando João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira chegaram à Madeira. Nessa altura, os portugueses descobriram um animal que lhes parecia estranho e deram-lhe o nome de Lobo-marinho, O nome deveu-se, muito possivelmente à sua fisionomia e aos seus bigodes longos, embora também seja verdade que esta foca é um predador muito eficiente. De qualquer forma, o local onde este animal foi primariamente avistado é hoje conhecido pela designação Câmara de Lobos, uma vez que esta localidade forma uma pequena baía em anfiteatro que no momento da descoberta se encontrava apinhada destes simpáticos mamíferos. O contacto com o ser humano foi logo prejudicial para a foca. Primeiro, foi perseguida para uso dos seus despojos com fins comerciais; depois, sofreu com a actividade piscatória, que competiu com a sua própria actividade de predação/alimentação e a empurrou cada vez mais para fora das áreas onde antes habitava. Além disso, a actividade dos pescadores tornou-se também nociva, quer pelo abate voluntário, quer pelo abate acidental com explosivos, ou pela captura em redes de emalhar. Hoje em dia, os indivíduos sobreviventes desta exposição ao contacto humano no arquipélago português concentram-se nas Desertas, conjunto de pequenos ilhéus despovoados da Madeira, de origem vulcânica. A principal característica que levou à fixação desta espécie neste espaço foi o da desertificação humana que aqui se verifica. Embora tenham tentado colonizar estes ilhéus, os portugueses abandonaram a empresa devido a factores, dos quais o relevo acidentado, principalmente devido à acção marinha e eólica, e a ausência de água doce, foram os principais. De uma população de 500 indivíduos distribuídos por todo o mundo, na Madeira podemos encontrar 23, numa colónia que se encontra em recuperação e na qual se regista uma taxa de natalidade anual de 1 para 3. Pelo menos desde 1982 que existe um cuidado especial em preservar a foca-monge das Desertas. Esse cuidado tem vindo a ser prestado pelo Parque Natural da Madeira. Em 1988, a protecção legislativa das Ilhas Desertas veio reforçar esse esforço de preservação, tendo sido 115 Apontamentos: Escudo criado em 1995 a Reserva Natural das Ilhas Desertas. Durante a década de 80 e 90, o PNM apostou na protecção da espécie in loco, na monitorização e estudo da colónia, na educação ambiental, e no contacto directo com os pescadores do Funchal e do Machico. Em 1997, criouse nas Desertas uma Unidade de Reabilitação destinada a recuperar animais que corressem risco por se encontrarem debilitados. A protecção das focas é levada a cabo por vigilantes da natureza que patrulham as ilhas de bote. Hoje em dia, a principal ameaça sobre estes mamíferos pode ser uma catástrofe inesperada, tal como um derrame de crude. Isso, por si só, seria suficiente para dizimar a colónia. Ao longo dos tempos a foca monge tem sofrido processos de adaptação ao meio que a rodeia, tendo sido o convívio com o homem que se manifestou o mais nocivo na continuidade da espécie. De tal modo o seu desaparecimento foi uma preocupação que, posteriormente, foram necessárias medidas de protecção deste animal. Contudo a dependência que o homem tem dos outros seres vivos, e a constante sensibilização para a preservação daquilo que poderia, um dia, deixar de existir, manifestou-se em momentos de aprendizagem e de aceitação da amplitude e importância da Natureza. Cagarra Cagarra é a designação comum dada às aves procelariformes do género Calonectris. Os seus parentes mais próximos, dentro da família Procellariidae são as pardelas. As cagarras são aves marinhas de corpo fusiforme e asas longas. A sua plumagem é escura (cinzenta ou acastanhada) no dorso e branca na zona da barriga. As cagarras são aves migratórias de longa distância, que passam a maior parte da vida voando sobre os oceanos de águas temperadas a frias. O seu único contacto com terra é na época de acasalamento, quando se reúnem em ilhas e áreas costeiras para nidificar em zonas rochosas. O ninho é construído como uma espécie de toca e visitado pelos progenitores apenas durante a noite. Cada postura é composta por um único ovo. A alimentação das cagarras é feita à base de peixes e cefalópodes. Nos arquipélagos portugueses (Madeira e Açores) encontramse a maior concentração mundial de cagarras, espécie que se encontra em regressão a nível mundial devido à vulnerabilidade que apresenta e à presença de predadores terrestres e à actividade humana. Por esse facto foi necessário proceder por via da lei à protecção desta ave marinha com leis nacionais e internacionais, que impedem a sua captura, detenção ou abate, assim como a destruição ou danificação do seu habitat. Trata-se da ave marinha mais abundante nos Açores, região a que regressa todos os anos em Março para acasalar e nidificar. Todos os anos as cagarras regressam à mesma ilha e ao mesmo ninho onde se reproduziram pela primeira vez. O parceiro é sempre o mesmo todos os anos e os rituais de reconhecimento e acasalamento são complexos. As crias nascem em Maio e em Outubro abandonam os ninhos rumo ao mar. Só regressam para se reproduzir passados 5 anos. 116 Apontamentos: Escudo A cagarra alimenta-se, muitas vezes, em simultâneo com tunídeos ou golfinhos, já que estas espécies fazem com que os animais de que se alimentam, nomeadamente peixe, lulas e crustáceos, se aproximem da superfície. Trata-se de uma ave adaptada à vida em alto mar e que pode viver até 40 anos. Golfinho Os golfinhos ou delfins são animais cetáceos pertencentes à família Delphinidae. São perfeitamente adaptados para viver no ambiente aquático, sendo que existem 37 espécies conhecidas de golfinhos dentre os de água salgada e água doce. A espécie mais comum é a Delphinus delphis. São nadadores privilegiados, às vezes, saltam até cinco metros acima da água, podem nadar a uma velocidade de até 40 km/h e mergulhar a grandes profundidades. A sua alimentação consiste basicamente de peixes e lulas. Podem viver de 25 a 30 anos e dão à luz um filhote de cada vez. Vivem em grupos, são animais sociáveis, tanto entre eles, como com outros animais e humanos. Sua excelente inteligência é motivo de muitos estudos por parte dos cientistas. Em cativeiro é possível treiná-los para executarem grande variedade de tarefas, algumas de grande complexidade. São extremamente brincalhões, e nenhum animal, excepto o homem, tem uma variedade tão grande de comportamentos que não estejam directamente ligados às actividades biológicas básicas, como alimentação e reprodução. Possuem o extraordinário sentido de eco localização ou biossonar ou ainda orientação por ecos, que utilizam para nadar por entre obstáculos ou para caçar suas presas. Os predadores dos golfinhos são os tubarões e principalmente o ser humano. Os pescadores de atuns, costumam procurar golfinhos, que também os caçam, ocasião em que ocorre um mutualismo. O golfinho encontra o cardume e os pescadores jogam as redes aprisionando os peixes e deixam os golfinhos se alimentarem para depois puxarem as redes. Desse modo, ambas as espécies beneficiam do alimento. Porém, muitas vezes, os golfinhos acabam se enroscando nas redes, podendo morrer. O comprimento das redes, além do necessário, assim como a poluição, também aumentam a predação. Os golfinhos são caçadores e alimentam-se principalmente de peixes e lulas, mas alguns preferem moluscos e camarões. Muitos deles caçam em grupo e procuram os grandes cardumes de peixes. Cada espécie de peixe tem um ciclo anual de movimentos, e os golfinhos acompanham esses cardumes e por vezes parecem saber onde interceptá-los, provavelmente conseguem estas informações pelas excreções químicas dos peixes, presentes na urina e as fezes. O golfinho possui o extraordinário sentido da eco localização, trata-se de um sistema acústico que lhe permite obter informações sobre outros animais e o ambiente, pois consegue produzir sons de alta frequência ou ultra-sónicos, na faixa de 150 kHz, sob a forma de cliques ou estalidos. Esses sons são gerados pelo ar inspirado e expirado através de um órgão existente no alto da cabeça, os sacos nasais ou aéreos. Os sons provavelmente são controlados, 117 Apontamentos: Escudo amplificados e enviados à frente através de uma ampola cheia de óleo situada na nuca ou testa, o Melão, que dirige as ondas sonoras em feixe à frente, para o ambiente aquático. Esse ambiente favorece muito esse sentido, pois o som propaga-se na água cinco vezes mais rápido do que no ar. A frequência desses estalidos é mais alta que a dos sons usados para comunicações e é diferente para cada espécie. Quando o som atinge um objecto ou presa, parte é reflectida de volta na forma de eco e é captado por um grande órgão adiposo ou tecido especial no seu maxilar inferior ou mandíbula, sendo os sons transmitidos ao ouvido interno ou médio e daí para o cérebro. Grande parte do cérebro está envolvida no processamento e na interpretação dessas informações acústicas geradas pela eco localização. Assim que o eco é recebido, o golfinho gera outro estalido. Quanto mais perto está do objecto que examina, mais rápido é o eco e com mais frequência os estalidos são emitidos. O lapso temporal entre os estalidos permite ao golfinho identificar a distância que o separa do objecto ou presa em movimento. Pela continuidade deste processo, o golfinho consegue segui-los, sendo capaz de o fazer num ambiente com ruídos, de assobiar e ecoar ao mesmo tempo e pode ecoar diferentes objectos simultaneamente. A eco localização dos golfinhos, além de permitir saber a distância do objecto e se o mesmo está em movimento ou não, permite saber a textura, a densidade e o tamanho do objecto ou presa. Esses factores tornam a eco localização do golfinho muito superior a qualquer sonar electrónico inventado pelo ser humano. A temperatura dele varia com a da água 28 a 30 °C. Os golfinhos por serem mamíferos e apresentarem respiração pulmonar devem constantemente realizar a hematose a partir do oxigénio presente na atmosfera, tal fato obriga os golfinhos e muitos outros animais aquáticos dotados de respiração pulmonar a subirem constantemente à superfície. Uma das consequências desta condição é o sono baseado no princípio da alternação dos hemisférios cerebrais no qual somente um hemisfério cerebral se torna inconsciente enquanto o outro hemisfério permanece consciente, capacitando a obtenção do oxigénio da superfície. Em Portugal são conhecidas colónias de golfinhos no estuário do Sado, sendo que existiam também no estuário do Tejo, estando desaparecidos do mar da Palha devido à poluição. Existem várias colónias ao largo dos Açores. Expedições Oceanográficas O rei D. Carlos I (1863-1908), era uma pessoa bastante inteligente e sensível. Além de revelar grande interesse por todos os aspectos humanísticos, era um naturalista competente e um pintor e desenhador talentoso, o que está amplamente demonstrado nos desenhos com que ilustrou os seus trabalhos de oceanografia. Como ele próprio confessou em várias cartas, desde criança que tinha uma paixão pelo mar. Esta paixão, aliada a um grande orgulho nacional, levou-o a tentar que as águas portuguesas fossem estudadas por cientistas portugueses a bordo de navios oceanográficos portugueses. Esta vontade está expressa em diversos escritos seus, nomeadamente no que foi publicado em 1987, em que relata a primeira campanha que efectuou, e em que refere que "no 118 Apontamentos: Escudo dia 1 de Setembro de 1896 tivemos o prazer de iniciar o primeiro cruzeiro ocenográfico nacional nos mares de Portugal". Como refere Saldanha (1997), todos os factores eram, na realidade, favoráveis a D. Carlos: era naturalista, artista e marinheiro, podia despender verbas significativas, e tinha um iate. Além disso, as águas próximas de Cascais, de Lisboa, de Sesimbra e de Setúbal ofereciam um campo alargado para a prospecção. Não só aí existiam estuários e plataformas continentais como, o que ainda era mais interessante, havia canhões submarinos profundos próximo da costa. Além disso, na sua juventude o futuro rei foi certamente influenciado por vários acontecimentos de grande relevância para o desenvolvimento da oceanografia, designadamente o trabalho de Barboza du Bocage e os cruzeiros científicos que decorreram em águas portuguesas na sequência das suas descobertas, a visita do H.M.S. Challenger a Lisboa no início da sua viagem de circum-navegação, e a visita a Portugal do Príncipe Alberto do Mónaco no seu novo iate Hirondelle, que posteriormente utilizou numa série de longos cruzeiros oceanográficos. Não há quaisquer evidências do envolvimento do futuro rei na visita que o Príncipe Alberto do Mónaco fez a Lisboa com o seu primeiro iate apelidado de Hirondelle, que tinha adquirido algumas semanas antes. No entanto, os dois futuros soberanos encontraram-se seis anos mais tarde quando o Hirondelle aportou novamente a Lisboa no regresso de um cruzeiro no Atlântico em que visitou as Canárias, a Madeira e os Açores. Embora Alberto, nesta altura, não tivesse ainda iniciado seriamente os seus cruzeiros científicos (que só se iniciaram em 1884, incentivados pelo sucesso da campanha do Challenger), parece terem-se estabelecido entre os dois relações de amizade duradoura que inquestionavelmente influenciaram D. Carlos, o que está vastamente atestado pela abundante correspondência que trocaram.Por certo que um dos maiores estímulos para a actividade oceanográfica de D. Carlos foi a descoberta, em 1896, por Alberto do Mónaco, do Banco da Princesa Alice, a sul dos Açores, e do potencial pesqueiro que este acidente fisiográfico representava. Os cruzeiros oceanográficos de D. Carlos decorreram entre 1896 e 1907. Inicialmente estavam focalizados na região de Lisboa Setúbal mas, mais tarde, foram alargados para a região do Algarve, principalmente para desenvolver trabalhos sobre o atum. Como meio naval principal para as suas expedições oceanográficas, Carlos de Bragança utilizou, sucessivamente, 4 iates de recreio (os iates reais) adaptados para trabalhos de oceanografia, todos eles baptizados com o nome de "Amélia", em homenagem à rainha. À medida que a experiência do rei ia aumentando, este ia constatando deficiências no navio utilizado e, sucessivamente, foi-os substituindo por outros com mais possibilidades. Um dos parâmetros mais importantes para os trabalhos em mar aberto é o comprimento do meio naval utilizado. Assim, e no sentido de ampliar as possibilidades de trabalho, o primeiro yatch Amélia, que tinha 35 metros de comprimento, foi substituído pelo segundo yatch Amélia, com 45 metros, posteriormente pelo terceiro yatch Amélia, que tinha 55 metros e, finalmente, pelo quarto yatch Amélia, com 70 metros de comprimento. É interessante verificar que o navio utilizado nos cruzeiros científicos do rei D. Carlos entre 1901 e 1907 era ligeiramente maior do que o maior navio de investigação actualmente em utilização em Portugal. Deve referir-se, também, que após a implantação da República, em 1910, o 119 Apontamentos: Escudo quarto yatch Amélia foi nacionalizado e rebaptizado com o nome de Aviso 5 de Outubro, tendo desenvolvido intenso trabalho de investigação ao serviço do País, designadamente nos cruzeiros que culminaram com a publicação das Cartas Litológicas Submarinas. Nos trabalhos desenvolvidos por D. Carlos depreende-se grande preocupação com a pesca comercial. Essa preocupação está nomeadamente expressa num Decreto Real datado de 17 de Agosto de 1901, em que, pela primeira vez, se explicita a necessidade de elaboração de cartas de pescas. No entanto, este monarca oceanógrafo revelou ser dotado de espírito científico apurado, preocupando-se com a caracterização do sistema ecológico nas suas diferentes vertentes (física, biológica, geológica, química) designadamente como forma de obter respostas para a problemática das pescas. Assim, a determinação dos valores dos parâmetros físicos (em especial a temperatura) foi sistematicamente contemplada nas campanhas que realizou, tendo mesmo lançado flutuadores derivantes para obter dados sobre as correntes. Os sedimentos de fundo foram, também, contemplados nos seus estudos. Tirando partido da existência de grandes fundos junto à costa relativamente próximo de Lisboa, D. Carlos interessou-se bastante pelo canhão submarino de Setúbal, tendo produzido a primeira carta batimétrica deste notável vale submarino. A notável actividade científica de Carlos de Bragança no âmbito da oceanografia foi súbita e dramaticamente interrompida com o regicídio de 1908. Ficha Técnica Peso: 8,3 g Diâmetro: 25 mm Bordo: Alternado em blocos lisos (dez) e serrilhados(doze) Eixo: Horizontal Metal: Bimetálica Composição: núcleo Cu 900, Al 50, Ni 50; anel Cu 750, Ni 250 Autor: Vítor Santos Decreto: 171/97 de 08/07/1997 Ano 1997 Cunhagem 1 000 000 Código 137.01 Ficha Técnica Peso: 9,8 g Diâmetro: 28 mm Bordo: Alternado em blocos lisos e serrilhados (catorze de cada) Eixo: Horizontal Metal: Bimetálica Composição: núcleo Cu 900, Al 50, Ni 50; anel Cu 750, Ni 250 Autor: José Simão Decreto: 171/97 de 08/07/1997 Ano 1997 120 Cunhagem 1 000 000 Código 142.01 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Peso: 27 g Diâmetro: 40 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Prata Composição: Ag 500 Autor: Raul Machado Decreto: 171/97 de 08/07/1997 Ano 1997 Cunhagem 520 000 Código 160.01 8.ª Série dos Descobrimentos: A Missionação Cristã A legislação associada à emissão da 8.ª Série dos Descobrimentos relativa à Missionação Cristã, a qual foi publicada em decreto-lei 194/97 de 30 de Julho durante o governo de António Guterres, sendo seu ministro Sousa Franco. Jorge Sampaio era o Presidente da República. Em continuação do programa monetário e numismático dedicado aos Descobrimentos Portugueses, a 8.ª série destas moedas comemorativas foi alusiva à Missionação durante essa época. A chegada dos Portugueses aos mares da Ásia e América nos séculos XV e XVI teve decerto motivações económicas e político-estratégicas, mas possuiu também, sem dúvida, uma importante componente religiosa, expressa inicialmente pelo desejo e pela convicção do encontro, nalgumas regiões, com numerosas comunidades de cristãos ali existentes. Embora essa expectativa tenha sido em larga medida frustrada, a acção evangelizadora das gentes asiáticas iniciou-se de imediato, com espírito ecuménico umas vezes, de forma conflituosa outras, mas em geral reflectindo a possibilidade do diálogo cultural. Porventura mais activa depois da década de 1540, coincidindo com a chegada da Companhia de Jesus ao Oriente, a acção missionária do Padroado Régio Português revestiu-se de inegável importância histórica, que merece ser estudada, no plano global dos encontros (e desencontros) culturais do Ocidente com o Oriente e as suas culturas e religiões no século XVI. Considerou-se, assim, oportuna a emissão de uma série de moedas comemorativas alusivas a São Francisco de Xavier (1506), ao padre Luís Fróis (1532), ao beato José de Anchieta (1534) e ao irmão Bento de Góis (1562), no âmbito das comemorações nacionais dos Descobrimentos 121 Apontamentos: Escudo Portugueses. Esta série cunhada em cuproníquel com o valor de 200$00 teve autoria de: Raul Machado (S. Francisco Xavier), Isabel Carriço e Fernando Branco (Padre Luís Fróis), Eloisa Byrne (Beato José de Anchieta) e António Marinho (Irmão Bento de Góis). Esta emissão teve ainda emissões especiais em prata BNC, prata e ouro proof, para além da emissão prestigio (quatro moedas, quatro metais). Ao contrário do habitual, apenas a moeda relativa a S. Francisco Xavier apresentava motivos marítimos: representação do milagre de S. Francisco Xavier a acalmar a tempestade ao tocar na água, após ser descido do navio pelos companheiros. As restantes moedas apresentavam motivos associados às vidas de cada um dos missionários: figura de S. Francisco Xavier de acordo com retrato de pintor japonês anónimo (século XVII), presente em Kobe e emblema da Ordem dos Jesuítas (S. Francisco Xavier); representação de motivos presentes na arte Namban e de jesuíta a conversar com nobre japonês em alusão à primeira história do Japão escrita por Luís Fróis, assinatura de Luís Fróis (Padre Luís Fróis); representação do mapa da América do Sul com índio Tupo, cabana de fundação de São Paulo e elemento da flora com o Rio de Janeiro no horizonte e de retrato de José de Anchieta junto ao lema dos Jesuítas “Ad majorem Dei gloriam” (Beato José de Anchieta); representação cartográfica da China e efígie de Bento de Góis (Bento de Góis). São Francisco de Xavier São Francisco de Xavier, nascido Francisco de Jaso y Azpilicueta, (Xavier, 7 de Abril de 1506 – Sanchoão, 3 de Dezembro de 1552) foi um missionário cristão do padroado português e apóstolo navarro. Pioneiro e co-fundador da Companhia de Jesus, a Igreja Católica Romana considera que tenha convertido mais pessoas ao Cristianismo do que qualquer outro missionário desde São Paulo, merecendo o epíteto de "Apóstolo do Oriente". É o padroeiro dos missionários e também um dos padroeiros da Diocese de Macau. Nasceu no castelo da família em Xavier, no Reino de Navarra, a 7 de Abril de 1506, segundo o registo mantido pela sua família. Filho de famílias aristocráticas navarras era o filho mais novo de Juan de Jasso (conselheiro da corte do rei João III de Navarra) e de Maria de Azpilicueta y Xavier, única herdeira de duas famílias nobres de Navarra. Seguindo a tradição basca de atribuição do sobrenome, foi baptizado herdando o nome de sua mãe, de Xavier. O seu nome é correctamente escrito Francisco de Xavier e não Francisco Xavier, já que Xavier provém do nome da terra da qual a família é originária. O pai de Francisco morrera quando este tinha apenas nove anos e sua mãe, querendo que o filho estudasse, procurara enviá-lo para a universidade. No entanto, apesar das boas universidades castelhanas, como a de Salamanca e a de Alcalá, a mãe de Francisco não desejara naturalmente instruí-lo nas escolas do invasor, pelo que, aos catorze anos, o enviara para o Colégio de Santa Bárbara, em Paris, dirigido pelo português Diogo de Gouveia. No Colégio de Santa Bárbara, Francisco de Xavier foi preparado para prestar provas de admissão à universidade, completando estudos em filosofia, literatura e humanidades. É ainda aqui, que aprende a dominar as línguas francesa, italiana e alemã. É lá que vive todo o período 122 Apontamentos: Escudo que passa em Paris, primeiro como aluno e mais tarde como professor de filosofia do Colégio de Beauvais. Consta que terá feito grande sucesso entre os colegas por ser um rapaz muito inteligente, de espírito vivo e conversa fácil, bem constituído e bonito. É neste período que tem como colegas de quarto o francês Le Fèvre e o basco Inácio de Loyola, que dão ao seu grupo o nome de Societas Jesus, latim para Sociedade de Jesus, que mais tarde se viria a tornar a Companhia de Jesus. É no ano de 1534 que este grupo de devotos amigos, com mais quatro companheiros: Alfonso Salmeron, Diego Laynez, Nicolau Bobedilla e o português Simão Rodrigues, fundam a Companhia de Jesus, congregação religiosa destinada ao ensino, à conversão e à caridade. Fazem voto de pobreza e pedem ao Papa que os reconheça oficialmente. Enquanto anseia o reconhecimento do Papa, que só acontecerá em 1541, o grupo parte para Veneza com o objectivo de alcançar a Terra Santa. É aí, a 24 de Junho de 1537, que Francisco de Xavier é ordenado padre. Não chegando a pisar a Terra Santa em virtude da guerra entre venezianos e turcos, o grupo parte para Roma, onde Francisco serve por um breve período. Em Roma, Francisco de Xavier sente-se muito abalado pela conquista do Reino de Navarra pelo Reino de Castela. É nesse momento que D. João III, depois dos sucessivos apelos ao Papa Paulo III para que este lhe envie missionários para espalhar a fé cristã pelos territórios descobertos pelos portugueses, é aconselhado entusiasticamente pelo director do Colégio de Santa Bárbara, Diogo de Gouveia, a chamar para o Reino de Portugal os jovens cultos e inteligentes da Companhia de Jesus, que este lhe recomenda. D. João III pede assim ao embaixador de Portugal em Roma que sonde o grupo e é aí que Francisco de Xavier descobre um caminho para pôr em prática a sua vocação missionária. É escolhido por Inácio de Loyola e chega a Portugal em 1540. Francisco de Xavier parte de Lisboa para a Índia no ano seguinte, a 7 de Abril, acompanhado de outros dois jesuítas, Francisco de Mansila e Paulo Camarate. Partem a bordo da nau Santiago, onde viajava Martim Afonso de Sousa, que ia tomar posse do cargo de governador na Índia. Em Agosto ancoraram junto da ilha de Moçambique. Nessa altura do ano, os ventos adversos impediram a continuação regular da viagem, tendo a nau invernado ali durante seis meses. Francisco dedicou o seu tempo ao auxílio e tratamento dos doentes. Tendo-se feito de novo ao mar, a nau voltou a aportar em Melinde. Aí, Francisco de Xavier conseguiu de imediato converter alguns africanos, e desejou por força lá permanecer, ao que não foi autorizado por Martim Afonso de Sousa, por essa decisão ser contrária às instruções do Rei. A nau Santiago ancorou em Goa, a então capital do Estado Português da Índia, a 6 de Maio de 1542. Sabe-se, através das cartas a Inácio de Loyola, que as primeiras impressões de Francisco Xavier sobre Goa foram muito favoráveis, tendo ficado entusiasmado com a quantidade de indianos que falava português, com a quantidade de igrejas e de convertidos. No entanto, à medida que foi conhecendo melhor a cidade, apercebeu-se de que muitos dos convertidos praticavam ainda paralelamente cultos hindus e que muitos portugueses davam também mau exemplo, defendendo as virtudes cristãs mas não as praticando. Estrategicamente, decidiu assim dedicar-se numa primeira fase a reencaminhar os portugueses para a verdadeira fé, tendo só posteriormente iniciado o seu trabalho de conversão. Quando iniciou as conversões, dedicou-se primeiramente às crianças e só depois aos adultos. Todo o tempo que lhe sobrava 123 Apontamentos: Escudo era dedicado a visitar as prisões, a tratar dos doentes no Hospital Real e dos leprosos no Hospital de São Lázaro. É aí que começa a escrever um catecismo que veio a ser traduzido para várias línguas asiáticas. A 20 de Setembro de 1543, parte na sua primeira acção missionária para a costa a que os portugueses chamavam “Costa de Pescaria”, na costa este do Sul da Índia, a norte do Cabo Comorim, território dos Paravás. Nesta região, a prática da pesca era muito popular, prática essa que não era bem encarada pela religião hindu, que reprova a morte de animais. Os pescadores da região foram, portanto, muito receptivos à religião cristã, que não os criticava pela profissão que levavam, usava um peixe como um dos seus símbolos e cujos primeiros apóstolos eram pescadores de peixe tornados “pescadores de homens”. Ficou a viver numa gruta nas rochas junto ao mar em Manapad, catequizando as crianças Paravás intensivamente durante três meses em 1544. Concentrou-se então em converter o rei de Travancore ao Cristianismo, tendo visitando também o Ceilão. Insatisfeito com os resultados da sua actividade, partiu ainda mais para oriente em 1545, planeando uma viagem missionária a Macáçar, na ilha de Celebes. Em Outubro, aportou em Malaca. Tendo sido forçado a esperar três meses por um barco para Macáçar, desistiu desse objectivo e partiu de Malaca a 1 de Janeiro de 1546 para as ilhas de Amboino, onde permaneceu até meados de Junho. Visitou, depois, outras das ilhas Molucas, incluindo Ternate e Morotai. Pouco depois da Páscoa de 1546, regressou às ilhas de Amboino e, posteriormente, a Malaca. Nesse período, frustrado pelas elites de Goa, São Francisco escreve a D. João III de Portugal pedindo que fosse instalada em Goa uma Inquisição. Esta Inquisição, à qual o rei se mostrou resistente, como se mostrara à sua presença em Lisboa, viria a ser instalada oito anos após a morte de Francisco de Xavier. O trabalho de Francisco de Xavier inaugurou mudanças permanentes nas ilhas que configuram a Indonésia Oriental, tendo-se tornado conhecido como o “Apóstolo das Índias” quando, entre 1546-47, trabalhou nas ilhas Molucas, cavando os alicerces para uma missão permanente. Em Dezembro de 1547, em Malaca, Francisco de Xavier conhece o aventureiro e futuro escritor Fernão Mendes Pinto, que regressava do Japão e trazia consigo um nobre japonês de nome Angiró, natural de Kagoshima. Angiró ouvira falar de Francisco em 1545 e viajara de Kagoshima para Malaca com o propósito de o conhecer. Angiró tinha sido acusado de assassínio e fugira do Japão. Abriu o seu coração a Francisco, confessando-lhe a vida que levara até ali, mas também os costumes e cultura da sua amada terra natal. Angiró é baptizado por Francisco Xavier e adopta o nome português de Paulo de Santa Fé. Angiró era samurai e, como tal, tornar-se-ia um valiosíssimo mediador e tradutor para uma missão ao Japão que assim se tornava cada vez mais próxima da realidade. Regressado à Índia em Janeiro de 1548, passa os quinze meses seguintes com variadas viagens e tomando medidas administrativas na Índia. Devido ao que considerou um estilo de vida nãocristão por parte de muitos portugueses, que lhe impedia o trabalho missionário, viajou para o sudeste. Partiu de Goa a 15 de Abril de 1549, parou em Malaca e visitou Cantão, na China. 124 Apontamentos: Escudo Foi acompanhado por Angiró, pelo padre Cosme de Torres, pelo irmão João Fernandes e por outros dois homens japoneses que estudaram em Goa para servirem de intérpretes. Levou também consigo inúmeros presentes para o “rei do Japão”, já que tencionava apresentar-se perante ele como representante da cristandade. Alcançaram o Japão a 27 de Julho de 1549, mas só a 15 de Agosto é que foram autorizados a aportar em Kagoshima, o principal porto da província de Satsuma, na ilha de Kiushu. Foi recebido amigavelmente e ficou hospedado pela família de Angiró até Outubro de 1550. Entre Outubro e Dezembro desse ano, residiu em Yamaguchi. Pouco antes do Natal, partiu para Kyoto, mas não conseguiu autorização para visitar o imperador. Regressou a Yamaguchi em Março de 1551, onde o Daimio daquela província o autorizou a pregar. Contudo, faltando-lhe a fluência na língua japonesa, teve de se limitar a ler alto a tradução do catecismo feita com Angiró. Francisco teve um forte impacto no Japão, tendo sido o primeiro jesuíta a lá ir em missão. Levou com ele pinturas da Virgem Maria e da Virgem com Jesus. Estas pinturas ajudaram-no a explicar o Cristianismo aos japoneses, já que a barreira de comunicação era enorme, visto o japonês ser uma língua diferente de todas as que os missionários tinham até aí encontrado. Xavier foi bem acolhido pelos monges da escola de Shingon, por ter usado a palavra “Dainichi” para descrever o Deus Cristão. Depois de ter aprendido mais sobre as nuances da palavra, Francisco pasou a usar a palavra “Deusu”, da palavra latina e portuguesa “Deus”. Foi nesse momento que os monges se aperceberam que ele pregava uma religião rival. No entanto, Francisco sempre respeitou o povo que o acolheu, tendo aprendido japonês, deixado de comer carne e peixe, e cumprimentava os senhores com vénias profundas, tendo chegado em algumas circunstâncias a vestir-se com trajes japoneses, tudo para ser melhor aceite. Com a passagem do tempo, a missão de Francisco Xavier no Japão pôde ser considerada muito frutuosa, tendo conseguido estabelecer congregações em Hirado, Yamaguchi e Bungo. Xavier continuou a trabalhar durante mais de dois anos no Japão, tendo escrito um livro em japonês sobre a criação do mundo e a vida de Cristo, até a chegada dos jesuítas que o vieram suceder, cujo estabelecimento supervisionou. É aí que decide regressar à Índia. Nessa viagem, uma tempestade força-o a parar numa ilha perto de Cantão, na China, onde já estivera. Encontra assim, o rico mercador Diogo Pereira, um velho amigo de Cochim, que lhe mostra uma carta proveniente de portugueses mantidos prisioneiros em Cantão, pedindo um embaixador português que intercedesse a seu favor junto do Imperador. Mais tarde durante a viagem, pára de novo em Malaca a 27 de Dezembro de 1551 e segue em 17 de Abril com Diego Pereira a bordo da nau Santa Cruz, a caminho da China. Apresenta-se como representante da cristandade e Pereira como embaixador do Rei de Portugal. É pouco depois que se apercebe que se esquecera das suas certidões que o confirmavam como representante da Igreja Católica na Ásia. De novo em Malaca, é confrontado pelo Capitão Álvaro de Ataíde de Gama que tinha agora controlo total do porto e se recusa a reconhecê-lo como representante da Igreja Católica e que exige a Pereira que resigne ao seu título de embaixador. O Capitão nomeia então uma nova tripulação para a nau e ordena que os presentes para o Imperador sejam deixados em Malaca. 125 Apontamentos: Escudo De volta a Goa, Xavier não baixou os braços, ocupando-se em enviar para várias regiões da Índia os muitos grupos de novos jesuítas recém-chegados à Índia, com o objectivo de fundarem missões. Ocupou-se também com a direcção do Colégio de São Paulo em Goa, que formava catequistas e padres asiáticos, promovendo ainda a tradução de livros religiosos para as línguas locais. Apesar da intensa actividade, Francisco Xavier acalentava o sonho de ir missionar na China, onde era proibida a entrada de estrangeiros. Parte a 14 de Abril de 1552, convencido de que conseguiria infiltrar-se secretamente e cativar chineses para o cristianismo. Desembarcou na ilha de Sanchoão e, quando se encontrava em negociações com um mercador chinês que prometera levá-lo consigo, foi atacado por febres violentas. Morre a 3 de Dezembro de 1552, numa humilde esteira de vimes, abraçado ao crucifixo oferecido por Inácio. Foi primeiramente sepultado em Sanchoão, mas, em Fevereiro de 1553, os seus restos mortais, encontrados incorruptos, foram transportados da ilha e, temporariamente, sepultados na Igreja de São Paulo em Malaca. Depois de 15 de Abril de 1553, Diogo Pereira vem de Goa, remove o corpo de Xavier e leva-o para sua casa. É a 11 de Dezembro desse ano que o corpo de Xavier é levado para Goa. O seu corpo está hoje na Basílica do Bom Jesus de Goa, onde o seu corpo foi colocado numa caixa de vidro e prata, a 2 de Dezembro de 1637, e se tornou lugar de peregrinação. Um osso do corpo de Xavier foi levado para Macau, onde é mantido num relicário de prata. Esta relíquia destinava-se ao Japão, mas a perseguição religiosa na região levou a que fosse mantida nas ruínas da Igreja da Madre de Deus em Macau, hoje conhecida como Ruínas de São Paulo. Hoje em dia, é na Igreja de S. José, em Macau, que está depositada essa relíquia sagrada de Francisco Xavier. Foi beatificado pelo Papa Paulo V a 25 de Outubro de 1619 e canonizado pelo Papa Gregório XV, a 12 de Março de 1622, em simultâneo com Inácio de Loyola. É o santo patrono dos missionários. O seu dia festivo é 3 de Dezembro. Padre Luís Fróis Nasceu em Lisboa em 1532 no seio de uma família ligada à nobreza da corte do Rei D. João III, aos 16 anos, e depois de concluir os seus estudos na área de humanidades, efectua uma breve passagem na corte e em 1548 entra para a Companhia de Jesus. Após dois meses de noviciado, embarca em Lisboa a 17 de Março do mesmo ano, numa viagem para a Índia, sem nunca mais voltar ao seu país natal. Chega à cidade de Goa a 9 de Outrubro de 1548. Entre 1548 a 1561 inicia os seus estudos no Colégio de S. Paulo. Já nessa altura se distingue pela forma como descreve pormenorizadamente as actividades dos missionários em Goa e Malaca. Foi ordenado padre em 1561. É também em Goa que viria a ter diversos encontros com Francisco Xavier o último dos quais em 1554, que iram marcar profundamente toda a sua vida. Parte para Macau em 1562 e dali inicia a sua viagem para o Japão, como missionário da Companhia de Jesus em 1563. Chega ao Japão, fixando-se em Yokoseura, (localizada na actual Prefeitura de Nagasaki) no período de apogeu da missão jesuíta no Japão e um mês após o baptismo do primeiro dáimio japonês, (Bartolomeu) Omura Sumitada. Ali começa a escrever uma longa série de cartas, e variadíssimas relações e tratados, nos quais descreve em detalhe as actividades dos 126 Apontamentos: Escudo padres e da Missão. O valor histórico destas cartas é inestimável, são os documentos que se conhecem com mais detalhe sobre a vida quotidiana dos missionários no Japão. A análise de alguns desses textos permite reconstituir as principais atitudes que o jesuíta tomou face à cultura japonesa, clarificando, de passagem, aspectos do diálogo civilizacional que portugueses e asiáticos travaram na segunda metade de Quinhentos. Luís Fróis assistiu à destruição de Yokoseura, e refugiou-se mais tarde na ilha de Takushima, no pequeno arquipélago de Hirado, onde inicia os seus estudos de língua japonesa que lhe permitiram mais tarde estabelecer contactos importantes junto de personalidades influentes, nomeadamente em Kyoto, (á época a nova capital do Japão) a onde chega em 1565. Após a sua chegada a Kyoto conheceu o Xogun Ashikaga Yoshiteru, e privou mais tarde com Oda Nobunaga, (o Xogun que iniciou o processo de centralização e unificação do poder no Japão e pôs fim a um longo período de guerra civil) tendo em 1569, inclusivamente permanecido por um breve período de tempo na residência privada de Nobunaga em Gifu, enquanto escrevia os seus livros. Em 1577, passa pelo reino de Bungo, (actual prefeitura de Oita), durante esse período o dáimio local, Otomosorin, converteu-se e é baptizado com o nome, Francisco de Bungo. Mais tarde em 1581, Fróis foi novamente chamado a Nagasaki, como secretário do Vice-Provincial, o Padre Gaspar Coelho. Nessa altura e a pedido de Alexandre Valignano, iniciou a sua Historia de Japam, a qual é ainda hoje uma fonte importante para os estudiosos da história do Japão e da missão jesuíta entre 1549 a 1593. Luís Fróis acompanha o Padre Gaspar Coelho, como intérprete, na importante visita efectuada em 1586 ao novo líder do Japão, o Xogun Toyotomi Hideyoshi, que precede a emissão do decreto de expulsão de todos os missionários no Japão, editado no ano de 1587. Hideyoshi considerava a missão envagelizadora do missionários jesuítas um entrave à reunificação politica do País. Após a expulsão dos religiosos por parte das autoridades japonesas, Luís Froís continua a desenvolver o seu trabalho como missionário na clandestinidade e consagrou a maior parte do seu tempo à redacção do manuscrito da sua História do Japão Em 1592, e a pedido do Padre Alexandre Valignano, viaja como seu secretário para Macau, a onde termina o relato da organização da viagem de uma embaixada japonesa a Roma iniciada em 1582, composta por 4 jovens, que chegou a Lisboa em 1584. Nessa altura dá por concluída a sua História do Japão, episódio documentado numa carta enviada ao Padre Acquaviva. Mas o seu estilo de escrita não agrada a Valignano; o qual critica severamente muitos dos aspectos de uma obra que é considerada actualmente como referência indispensável a todos os estudiosos da História do Japão. Todo o trabalho que desenvolveu teve como base a sua experiência pessoal. É um testemunho directo e de certa forma autobiográfico desse momento histórico do Japão e da presença missionária da Companhia de Jesus. O seu estado de saúde fragiliza-se, Luís Fróis receia que o seu manuscrito se perca em Macau e para que a sua História do Japão fosse salva, decide fazer o sacrifício e volta doente e exausto no ano de 1595 a Nagasaki. Na última fase da sua vida deixa-nos os escritos, talvez da sua melhor obra, a onde mais uma vez demonstra o seu profundo conhecimento pela cultura japonesa, o relato da morte dos 26 mártires de Nagasaki de 15 de Março de 1597. O texto foi enviado passando pelas Filipinas, escapando assim á censura do padre Valignano; mas assim que este tomou conhecimento da acção, solicitou a Roma o arquivo do referido documento, 127 Apontamentos: Escudo que apenas foi publicado em 1935. Luis Froís acabou por morrer no Colégio de São Paulo em Nagasaki, em 8 de Julho de 1597. Beato José de Anchieta Beato José de Anchieta, natural de San Cristóbal de La Laguna (1534), falecido em Iriritiba em 1597. Foi um padre jesuíta espanhol, um dos fundadores da cidade de São Paulo e declarado beato pelo Papa João Paulo II. É cognominado de Apóstolo do Brasil. Nascido na ilha de Tenerife, no arquipélago das Canárias, era filho de Juán López de Anchieta, um revolucionário que tomou parte na revolta dos Comuneros contra o Imperador Carlos V na Espanha e um grande devoto da Virgem Maria. Descendia da nobre família basca Anchieta (Antxeta). Sua mãe chamava-se Mência Dias de Clavijo e Larena, natural das Ilhas Canárias, filha de judeus cristãos-novos. O avô materno, Sebastião de Larena, era um judeu convertido do Reino de Castela. Anchieta viveu com a família até aos catorze anos de idade, quando se mudou para Coimbra, onde estudou Filosofia no Colégio das Artes, anexo à Universidade de Coimbra. A ascendência judaica foi determinante para que o enviassem para estudar em Portugal, uma vez que na Espanha, à época, a Inquisição era mais rigorosa. Ingressou na Companhia de Jesus em 1551 como irmão. Tendo o padre Manuel da Nóbrega, Provincial dos Jesuítas no Brasil, solicitado mais braços para a actividade de evangelização do Brasil (mesmo os fracos de engenho e os doentes do corpo), o Provincial da Ordem, Simão Rodrigues, indicou, entre outros, José de Anchieta. Anchieta, que padecia de "espinhela caída", chegou ao Brasil em 13 de Junho de 1553, com menos de 20 anos de idade, com outros padres como o basco João de Azpilcueta Navarro. Noviço veio na armada de Duarte Góis e só mais tarde conheceria Manuel da Nóbrega, de quem se tornaria particular amigo. Nóbrega deu-lhe a incumbência de continuar a construção do Colégio e foi a partir deste que Anchieta abriu os caminhos do sertão, aprendendo a língua tupi e compondo a primeira gramática desta que, na América Portuguesa, seria chamada de "língua geral". No seguimento da sua acção missionária, participou da fundação, no planalto de Piratininga, do Colégio de São Paulo, do qual foi regente, embrião da cidade de São Paulo, junto com outros padres da Companhia, em 25 de Janeiro de 1554. Esta povoação contava, no primeiro ano da sua existência com 130 pessoas, das quais 36 haviam recebido o baptismo. O religioso cuidava não apenas de educar e catequizar os indígenas, como também de defendêlos dos abusos dos colonizadores portugueses que queriam não raro escravizá-los e tomar-lhes as mulheres e filhos. Esteve em Itanhaém e Peruíbe, no litoral sul de São Paulo, na quaresma que antecedeu a sua ida à aldeia de Iperoig, juntamente com o padre Manuel da Nóbrega, em missão de preparo para o Armistício com os Tupinambás de Ubatuba (Armistício de Iperoig). 128 Apontamentos: Escudo Nesse período, intermediou as negociações entre os portugueses e os indígenas reunidos na Confederação dos Tamoios, oferecendo-se Anchieta como refém dos Tamoios em Iperoig, enquanto o padre Manuel da Nóbrega retornou a São Vicente juntamente com Cunhambebe (filho) para ultimar as negociações de paz e ntre os indígenas e os portugueses. Durante este tempo em que passou entre os gentios compôs o "Poema à Virgem". Segundo uma tradição, teria escrito nas areias da praia e memorizado o poema, e apenas mais tarde, em São Vicente, o teria trasladado para o papel. Ainda segundo a tradição, foi também durante o cativeiro que Anchieta teria em tese "levitado" entre os indígenas, os quais, imbuídos de grande pavor, pensavam tratar-se de um feiticeiro. Lutou contra os franceses estabelecidos na França Antártica na baía da Guanabara; foi companheiro de Estácio de Sá, a quem assistiu em seus últimos momentos (1567). Em 1566 foi enviado à Capitania da Bahia com o encargo de informar ao governador Mem de Sá do andamento da guerra contra os franceses, possibilitando o envio de reforços portugueses ao Rio de Janeiro. Por esta época foi ordenado sacerdote aos 32 anos de idade. Dirigiu o Colégio dos Jesuítas do Rio de Janeiro por três anos, de 1570 a 1573. Em 1569, fundou a povoação de Iritiba ou Reritiba, actual Anchieta, no Espírito Santo. Em 1577 foi nomeado Provincial da Companhia de Jesus no Brasil, função que exerceu por dez anos, sendo substituído em 1587 a seu próprio pedido. Retirou-se para Reritiba, mas teve ainda de dirigir o Colégio do Jesuítas em Vitória, no Espírito Santo. Em 1595 obteve dispensa dessas funções e conseguiu retirar-se definitivamente para Reritiba onde veio a falecer, sendo sepultado em Vitória. Embora a campanha para a sua beatificação tenha sido iniciada na Capitania da Bahia em 1617, só foi beatificado em Junho de 1980 pelo Papa João Paulo II. Irmão Bento de Góis Bento de Góis (Vila Franca do Campo, 1562 — Suzhou, 1607) foi um religioso e explorador português. Foi o primeiro europeu a percorrer o caminho terrestre da Índia para a China, através da Ásia Central. A sua viagem, uma das maiores explorações da história da humanidade, demonstrou que o reino de Cataio e o da China eram afinal o mesmo, o que alterou significativamente a concepção do mundo à época, uma vez que as relações comerciais entre a Ásia e a Europa eram muito intensas durante esse período. Bento de Góis foi baptizado em Vila Franca do Campo a 9 de Agosto de 1562, com o nome de Luís Gonçalves. Tornou-se soldado por volta dos vinte anos de idade, tendo sido destacado, em 1583, para a Índia. De acordo com a lenda, nesse período levava uma vida boémia até que após ter tido uma visão, numa igreja da aldeia de Colachel (província de Travancor) decidiu ingressar na Companhia de Jesus, o que fez, em Fevereiro de 1584, no Colégio dos Jesuítas em Goa. Dois anos mais tarde, abandonou temporariamente o Colégio e viajou pela Pérsia, Arábia, 129 Apontamentos: Escudo Baluchistão, Sri Lanka, e muitos outros reinos da Ásia. Em 1588 regressou a Goa, ao Colégio dos Jesuítas, e mudou o seu nome para Bento de Goes. Em 1594 integrou a 3º expedição dos Jesuítas, guiada desta vez pelo padre Jerónimo Xavier (sobrinho-neto de São Francisco Xavier), à corte do Grão-Mogol Akbar, o Grande, em Lahore, passando a granjear deste uma marcada amizade. Tanto que induziu Akbar, o Grande, a estabelecer tréguas com os portugueses. Para tal, Akbar incumbiu Bento de organizar a faustosa embaixada (1600-01) aos portugueses de Goa. Em Setembro de 1602 Bento partiu de Goa com um grupo restrito, em busca do lendário GrãoCataio, reino onde se afirmava existirem comunidades cristãs nestorianas. A viagem era muito extensa (mais de 6 mil quilómetros) e de longa duração (mais de quatro anos), e onde grandes obstáculos se deparam ao longo do percurso, sobretudo em virtude dos muitos conflitos na região, da profusão de reinos e estados, e da existência de grandes montanhas e desertos. Para além disso, a maior parte do seu percurso foi realizado em territórios de domínio muçulmano que nutriam especial animosidade pelos cristãos. Em inícios de 1606 Bento de Góis chegou a Jiuquan, junto da Muralha da China, uma cidade próxima de Dunhuang na provincia de Gansu. Góis provou assim que o reino de Cataio e o reino da China eram afinal o mesmo, tal como a cidade de Khambalaik, de Marco Polo, era efectivamente a cidade de Pequim. Doente (possivelmente por ter sido atacado/assaltado e ferido) e com poucos meios de subsistência comunicou-o em carta ao padre Matteo Ricci, residente em Pequim, que lhe enviou o padre João Fernandes, um jesuíta de origem chinesa, para o conduzir até Pequim. Contudo, quando este alcançou Bento de Góis este já estava à beira da morte, o que ocorreu em 11 de Abril de 1607. Bento de Góis, que possuía um marcado conhecimento da cultura e costumes de múltiplos reinos da Ásia, e falava diversos idiomas como o Persa e o Turco, registou a sua viagem num diário. Contudo, pelo facto de no mesmo documento também registar as dívidas que terceiros lhe deviam o seu diário foi rasgado em inúmeros pedaços pouco antes da sua morte. O padre João Fernandes e o arménio Isaac, que acompanhou o missionário na longa viagem desde Goa, reuniram fragmentos do que sobrou desse diário e outros documentos, que entregaram posteriormente ao padre Matteo Ricci. Este padre, um grande erudito, através desses escassos documentos, do relato do arménio Isaac que o acompanhou sempre ao longo da Grande Odisseia, do que Goes contou ainda em vida ao padre João Fernandes, e de algumas cartas que Bento de Góis lhe tinha enviado anteriormente bem como aos Jesuítas em Goa; escreveu, entre 1608 e 1610, uma narrativa dessa viagem, que depois foi publicada. Esta relativa escassez de registos teve influência na projecção que a sua viagem assumiu doravante. Bento de Góis tornou-se o primeiro português a atravessar a Ásia Central, transpondo grandes cadeias montanhosas como os Pamires e o Karakoram, ou o grande deserto de Gobi, numa odisseia considerada por muitos historiadores não inferior à empreendida por Marco Polo séculos antes. Aliás, Bento de Góis foi a primeira pessoa após Marco Polo a empreender esta extensa viagem pela Ásia Central, o que realizou cerca de três séculos depois de Polo. E só cerca de dois séculos depois, e com mais e melhores meios de orientação e de sobrevivência, é que se conseguiu realizar uma viagem semelhante à de Bento de Góis. Em Portugal, Bento de Góis tem sido entre os exploradores portugueses da época dos Descobrimentos dos mais subvalorizados. 130 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Peso: 21 g Diâmetro: 36 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: Raul Machado Decreto: 194/97 de 30/07/1997 Ano 1997 Cunhagem 750 000 Código 138.01 Ficha Técnica Peso: 21 g Diâmetro: 36 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: Isabel Carriço e Fernando Branco Decreto: 194/97 de 30/07/1997 Ano 1997 Cunhagem 750 000 Código 139.01 Ficha Técnica Peso: 21 g Diâmetro: 36 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: Eloisa Byrne Decreto: 194/97 de 30/07/1997 Ano 1997 Cunhagem 750 000 Código 140.01 131 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Peso: 21 g Diâmetro: 36 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: António Marinho Decreto: 194/97 de 30/07/1997 Ano 1997 Cunhagem 750 000 Código 141.01 Padre António Vieira A legislação associada à emissão da moeda comemorativa do 3.º Centenário da Morte do Padre António Vieira, a qual foi publicada em decreto-lei 341/97 de 5 de Dezembro durante o governo de António Guterres, sendo seu ministro Teixeira dos Santos. Jorge Sampaio era o Presidente da República. Comemora-se em 1997 o III Centenário da Morte do Padre António Vieira, sacerdote jesuíta no Brasil e um dos maiores oradores e escritores de Portugal, tendo igualmente desempenhado importante papel político e diplomático no reinado de D. João IV. Assim, julgou-se da maior oportunidade assinalar esta efeméride pela emissão de uma moeda comemorativa cunhada em metal precioso e com elevado valor facial, adequado à projecção nacional e internacional desta notável personagem. A moeda corrente foi cunhada em prata com valor de 500$00. Foram ainda emitidas emissões especiais em prata proof e lamelares (em prata e ouro) também com acabamento proof. Os ganhos obtidos com esta emissão foram cedidos para as Comemorações dos Descobrimentos. A moeda de autoria de Hélder Baptista apresentava o retrato do Padre António Vieira baseado em gravura a burial feita em Roma por Arnold van Westerhout. Padre António Vieira António Vieira (Lisboa, 6 de Fevereiro de 1608 — Bahia, 18 de Julho de 1697) foi um religioso, escritor e orador português da Companhia de Jesus. Um dos mais influentes personagens do século XVII em termos de política destacou-se como missionário em terras brasileiras. Nesta qualidade, defendeu infatigavelmente os direitos humanos dos povos indígenas combatendo a sua exploração e escravização. Era por eles chamado de "Paiaçu" (Grande Padre/Pai, em tupi). 132 Apontamentos: Escudo António Vieira defendeu também os judeus, a abolição da distinção entre cristãos-novos e cristãos-velhos e a abolição da escravatura. Criticou ainda severamente os sacerdotes da sua época e a própria Inquisição. Nascido em lar humilde, perto da Sé, em Lisboa, foi o primogénito de quatro filhos de Cristóvão Vieira Ravasco, de origem alentejana cuja mãe era filha de uma mulata ou africana, e de Maria de Azevedo, lisboeta. Cristóvão serviu na Marinha Portuguesa e foi, por dois anos, escrivão da Inquisição. Mudou-se para o Brasil em 1614, para assumir cargo de escrivão em Salvador, na Bahia, mandando vir a família em 1618. António Vieira chegou à Bahia com seis anos de idade. Fez os primeiros estudos no Colégio dos Jesuítas em Salvador, onde, principiando com dificuldades, veio a tornar-se brilhante aluno. Ingressou na Companhia de Jesus como noviço em Maio de 1623. Em 1624, quando na invasão holandesa de Salvador, refugiou-se no interior da capitania, onde se iniciou a sua vocação missionária. Um ano depois tomou os votos de castidade, pobreza e obediência, abandonando o noviciado. Prosseguiu os seus estudos em Teologia, tendo estudado ainda Lógica, Metafísica e Matemática, obtendo o mestrado em Artes. Foi professor de Retórica em Olinda, ordenando-se sacerdote em 1634. Nesta época já era conhecido pelos seus primeiros sermões, tendo fama de notável pregador. Quando a segunda invasão holandesa ao Nordeste do Brasil (1630-54), defendeu que Portugal entregasse a região aos Países Baixos, pois gastava dez vezes mais com sua manutenção e defesa do que o que obtinha em contrapartida, além do fato de que os Países Baixos eram um inimigo militarmente muito superior à época. Quando eclodiu uma disputa entre Dominicanos (membros da Inquisição) e Jesuítas (catequistas), Vieira, defensor dos judeus, caiu em desgraça, enfraquecido pela derrota de sua posição quanto à questão da Região Nordeste do Brasil. Após a Restauração da Independência (1640), regressou a Lisboa (1641) iniciando uma carreira diplomática, pois integrava a missão que ia ao Reino prestar obediência ao novo monarca. Sobressaindo pela vivacidade de espírito e como orador, conquistou a amizade e a confiança de D. João IV de Portugal, sendo por ele nomeado pregador régio. Ainda como diplomata, foi enviado em 1646 aos Países Baixos para negociar a devolução do Nordeste do Brasil, e, no ano seguinte, à França. Caloroso adepto de obter para a Coroa a ajuda financeira dos cristãosnovos, entrou em conflito com o Santo Ofício, mas viu fundada a Companhia Geral do Comércio do Brasil. Após tempos conturbados acabou voltando ao Brasil, de 1652-61, missionário no Maranhão e no Grão-Pará, sempre defendendo a liberdade dos índios. Diz o Padre Serafim Leite em "Novas Cartas Jesuíticas", Companhia Editora Nacional, São Paulo, 1940, pág. 12, que Vieira tem "para o norte do Brasil, de formação tardia, só no século XVII, papel idêntico ao dos primeiros jesuítas no centro e no sul», na «defesa dos Índios e crítica de costumes". "Manoel da Nóbrega e António Vieira são, efectivamente, os mais altos representantes, no Brasil, do criticismo colonial. Viam justo - e clamavam!". 133 Apontamentos: Escudo Em 1654, pouco depois de proferir o célebre "Sermão de Santo António aos Peixes" em São Luís do Maranhão, parte para Lisboa, junto com dois companheiros, a bordo de um navio da Companhia de Comércio, carregado de açúcar. Tinha como missão defender junto ao monarca os direitos dos indígenas escravizados contra a cobiça dos colonos portugueses. Após cerca de dois meses de viagem, já à vista da ilha do Corvo, a Oeste dos Açores, abateu-se sobre a embarcação uma violenta tempestade. Após ficar à deriva por terem os mastros do navio quebrados foram abordados por um navio corsário holandês que recolheu os náufragos a bordo e pilhou a embarcação à deriva, que acabou por ser afundada. Nove dias mais tarde, quarenta e um portugueses, despojados de seus pertences pessoais, foram desembarcados na Graciosa, onde o padre António Vieira, com o auxílio dos religiosos da Companhia de Jesus, procurou providenciar-lhes roupas, calçado e dinheiro durante os dois meses que permaneceram na ilha. Dali, também, creditou Jerónimo Nunes da Costa para que este fosse a Amesterdão resgatar os papéis e livros que lhe haviam sido tomados pelos corsários, o que se acredita tenha sido cumprido uma vez que dispomos hoje de cerca de duzentos sermões (este naufrágio é relatado no vigésimo-sexto) e cerca de 500 cartas do religioso, muitas das quais anteriores ao naufrágio. O grupo passou em seguida à Ilha Terceira, onde Vieira obteve o aprestamento de uma embarcação para que os seus companheiros de infortúnio pudessem seguir para Lisboa. Instalado no Colégio dos Jesuítas em Angra, ele permaneceu mais algum tempo, tendo instituído a devoção do terço, que pela primeira vez foi cantado na Ermida da Boa Nova. Entre os sermões que pregou em diversos locais da ilha, destacou-se o que proferiu na Igreja da Sé, na Festa do Rosário, celebrada anualmente a 7 de Outubro, com aquele templo repleto. Uma semana mais tarde, passou à Ilha de São Miguel, onde proferiu o sermão de Santa Teresa, um dos mais destacados de sua autoria. Dali partiu para Lisboa, a bordo de um navio inglês, a 24 de Outubro. Após atravessar nova tempestade, o religioso chegou finalmente ao destino, em Novembro de 1654. Voltou para a Europa com a morte de D. João IV, tornando-se confessor da Regente, D. Luísa de Gusmão. Com a morte de D. Afonso VI, Vieira não encontrou apoio. Abraçou a profecia sebastiana e por isso entrou de novo em conflito com a Inquisição que o acusou de heresia com base numa carta de 1659 ao bispo do Japão, na qual expunha sua teoria do Quinto Império, segundo a qual Portugal estaria predestinado a ser a cabeça de um grande império do futuro. Expulso de Lisboa, desterrado e encarcerado no Porto e depois encarcerado em Coimbra, enquanto os jesuítas perdiam seus privilégios. Em 1667 foi condenado a internamento e proibido de pregar, mas, seis meses depois, a pena foi anulada. Com a regência de D. Pedro, futuro D. Pedro II de Portugal, recuperou o valimento. Seguiu para Roma, de 1669-75. Encontrou o Papa às portas da morte, mas deslumbrou a Cúria com seus discursos e sermões. Com apoios poderosos, renovou a luta contra a Inquisição, cuja actuação considerava nefasta para o equilíbrio da sociedade portuguesa. Obteve um breve pontifício que o tornava apenas dependente do Tribunal romano. A mesma extraordinária capacidade oratória que seduzira o governo-geral do Brasil, primeiro, e depois, a corte de D. João VI, iria convencer o Papa e garantir assim a anulação das suas penas e condenações. Mas Vieira conseguiria ainda mais. Entre 1675-81, a actividade da Inquisição esteve suspensa por determinação papal em Portugal e no império, uma determinação que encontrou o seu maior 134 Apontamentos: Escudo fundamento nos relatórios sobre os múltiplos abusos de poder que o jesuíta deixou em Roma, nas mãos do Sumo Pontífice. Desta forma conseguia dois feitos raros e históricos, por um lado conseguia parar pela primeira vez durante sete anos a actividade do Santo Oficio em Portugal e, feito não menor, lograva escapulir da perigosa malha que inquisidores derramavam sobre si. Regressou a Lisboa seguro de não ser mais importunado. Quando, em 1671, uma nova expulsão dos judeus foi promovida, novamente os defendeu. Mas o Príncipe Regente passara a protector do Santo Ofício e recebeu-o friamente. Em 1675, absolvido pela Inquisição, voltou para Lisboa por ordem de D. Pedro, mas afastou-se dos negócios públicos. Decidiu voltar outra vez para o Brasil, em 1681. Dedicou-se à tarefa de continuar a coligir seus escritos, visando à edição completa em 16 volumes dos seus Sermões, iniciada em 1679, e à conclusão da Clavis Prophetarum. Possuía cerca de 500 Cartas que foram publicadas em 3 volumes. Suas obras começaram a ser publicadas na Europa, onde foram elogiadas até pela Inquisição. Já velho e doente teve que espalhar circulares sobre a sua saúde para poder manter em dia a sua vasta correspondência. Em 1694, já não conseguia escrever de próprio punho. Em 10 de Junho começou a agonia. Morreu a 18 de Julho de 1697, com 89 anos. Ficha Técnica Peso: 14 g Diâmetro: 30 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Prata Composição: Ag 500 Autor: Helder Baptista Decreto: 341/97 de 05/12/1997 Ano 1997 Cunhagem 520 000 Código 143.01 3.ª Série Iberoamericana: Danças e Trajes típicos – Pauliteiros de Miranda A legislação associada à emissão da moeda comemorativa integrada na 3.ª Série Iberoamericana Danças e Trajes Típicos (Pauliteiros de Miranda), a qual foi publicada em decreto-lei 342/97 de 5 de Dezembro durante o governo de António Guterres, sendo seu ministro Teixeira dos Santos. Jorge Sampaio era o Presidente da República. A preservação do meio cultural e da diversidade histórica do planeta é algo de fundamental e importante para o futuro da humanidade. Julgou-se, assim, da maior importância a 135 Apontamentos: Escudo participação de Portugal numa série internacional de moedas comemorativas, em conjunto com vários países do continente americano e a Espanha, alusivas às “Danças e Trajes Típicos”. O tema seleccionado para a face nacional foram os Pauliteiros de Miranda, em moeda de autoria de Irene Vilar. A moeda de prata com valor de 1000$00 teve para além da emissão corrente, emissões especiais em prata proof. Participaram nesta série os seguintes países: Argentina, Bolívia, Cuba, Equador, Espanha, Guatemala, México, Nicarágua, Paraguai, Peru, Portugal e Uruguai. Pauliteiros de Miranda Os Pauliteiros de Miranda é o nome dado a grupos de homens que bailam ritmos tradicionais da Terra de Miranda, no nordeste de Portugal, Trás-os-Montes. O nome pauliteiro deriva de paulito. Pauliteiros são os praticantes da dança guerreira característica das Terras de Miranda, chamada de dança dos paus, representativa de momentos históricos locais acompanhada com os sons da gaita-de-foles, caixa e bombo e com a particularidade de ser dançada por oito homens (mais recentemente também dançada por mulheres) que vestem saia bordada e camisa de linho, um colete de pardo, botas de cabedal, meias de lã e chapéu que pode estar enfeitado com flores e finalmente por dois paus (palos) com os quais estes dançadores fazem uma séria de diferentes passos e movimentos coordenados. O reportório musical da dança dos paus chama-se lhaços, e é constituído pela música, texto e coreografia. 136 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Peso: 27 g Diâmetro: 40 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Prata Composição: Ag 500 Autor: Irene Vilar Decreto: 342/97 de 58/12/1997 Ano 1997 Cunhagem 520 000 Código 161.01 Crédito Público A legislação associada à emissão da moeda comemorativa do 2.º Centenário do Crédito Público, a qual foi publicada em decreto-lei 377-A/97 de 24 de Dezembro durante o governo de António Guterres, sendo seu ministro Sousa Franco. Jorge Sampaio era o Presidente da República. De acordo com a lei que aprovou a emissão desta moeda comemorativa é possível compreender de forma rápida a evolução do Crédito Público Português : “É considerado o alvará de 13 de Março de 1797 como o diploma contendo a origem da Junta do Crédito Público ao criar uma Administração para executar as tarefas inerentes ao designado “1º empréstimo de dívida pública”, concebido em moldes modernos, com a emissão de 29 de Outubro de 1796, e destinado a cobrir as despesas com a guerra do Rossilhão. “Essa “Administração” com cofre de quatro chaves, distribuídas pelo “Thesoureiro Geral dos Juros, e seu Escrivão, e por Dous Homens de Negócio de conhecida probidade e abonação”, “foi criada enquanto não se estabelecesse um Banco Público ou Caixa de Desconto”. No entanto, mesmo após a criação de bancos essa Administração permaneceu com a mesma missão de emitir e administrar a dívida pública, ajustando as suas denominações e estruturas aos desafios e necessidades da época: Junta d’Administração e Arrecadação dos Fundos Aplicados para o Pagamento dos Juros; Junta dos Fundos e Juros dos Reais Empréstimos; Junta dos Juros dos Reais Empréstimos; Comissão Interina da Junta do Crédito Público; Junta do Crédito Público. “Esta última designação, datada de 16 de Maio de 1832, chegou aos nossos dias herdando e assumindo um prestígio institucional que tantas vezes emprestou, aliado ao prestígio pessoal dos seus dirigentes, para captar e contratar empréstimos, sobretudo no estrangeiro, 137 Apontamentos: Escudo constituindo garante mesmo em tempos conturbados de guerra civil, instabilidade ou queda de regime. “Múltiplos produtos financeiros foram lançados ao longo dos tempos com diferentes taxas, montantes e finalidades — do investimento público ao saneamento de infra-estruturas como caminhos de ferro, portos, estradas, etc. A representação dos empréstimos constituiu um aliciante convite para a sua ilustração por artistas plásticos. “Hoje, acompanhando os tempos, as técnicas e a tecnologia, propicia-se a desmaterialização dos títulos com o registo escritural das suas operações. Pelo Decreto-Lei n.º 160/96, de 4 de Setembro, nova alteração estrutural e designação se estabelece com a aprovação dos estatutos do Instituto de Gestão do Crédito Público, herdeiro das funções, missões, património e de uma história de 200 anos.” Assim, achou-se conveniente a emissão de moeda comemorativa em prata com valor de 1000$00 para assinalar o segundo centenário desta instituição. A moeda de autoria de João Duarte apresenta uma figuração com quatro hexágonos entrelaçados simbolizando as outras designações (Junta d’Administração e Arrecadação dos Fundos Aplicados para o Pagamento dos Juros; Junta dos Fundos e Juros dos Reais Empréstimos; Junta dos Juros dos Reais Empréstimos, e Junta do Crédito Público) que a Administração teve ao longo do tempo, dando origem a um justo sucessor, o Instituto de Gestão do Crédito Público, cujo logótipo se encontra na parte superior do campo da moeda, assim como as letras «I.G.C.P.». No reverso surgiam dois hexágonos entrelaçados entre eles, simbolizando alegoricamente a Administração do Estado, cujos módulos mantêm o mesmo desenho análogo ao do anverso, dando unidade às faces da moeda. Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público O Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público, I.P., abreviadamente designado por IGCP, é a nova designação do Instituto de Gestão do Crédito Público, criado em dezembro de 1996 (substituindo a extinta Junta do Crédito Público JCP), entidade pública a quem compete, nos termos do Decreto-Lei n.º 273/2007, de 30 de julho, gerir, de forma integrada, a tesouraria e a dívida pública direta do Estado português. Ao longo dos anos (desde finais do século XVIII) foram criadas instituições autónomas para gerir a dívida pública em Portugal, em que as denominações e estruturas foram sendo ajustadas aos desafios e necessidades da época: 138 Junta d’Administração e Arrecadação dos Fundos Aplicados para o pagamento dos Juros (1796); Junta dos Fundos e Juros dos Reais Empréstimos; Junta dos Juros dos Reais Empréstimos (1825); Comissão Interina da Junta do Crédito Público (1834); Junta do Crédito Público (1832-criada/1837-instalada). Apontamentos: Escudo Pelo Alvará de 13 de março de 1797 foi criada a Junta da Administração das Rendas aplicadas aos Juros do Empréstimo feito ao Real Erário, instituição que tinha por missão gerir os empréstimos emitidos na sequência da Campanha do Rossilhão (1793-95), deixando para trás uma dívida pública firmada em Tenças e Tenças de Juro Real. Com efeito, Portugal ao não reconhecer o Governo saído da Revolução Francesa envolveu-se na guerra, obrigando à mobilização de recursos financeiros extraordinários, tornando, assim, necessário recorrer ao crédito público, o que vai obrigar no ano de 1796 à emissão de um empréstimo no montante de 10 milhões de cruzados ao juro de 5 por cento. Este ficou conhecido como o 1º Empréstimo da dívida nova. O facto das chamadas Apólices Grandes de 100$000 (cem mil réis) não terem sido subscritas nas quantidades que se esperava, levou ao seu desdobramento em valores muito mais pequenos de 1$200, 2$400, 5$000, 6$400, 10$000 12$800 e 20$000. Estes títulos (Apólice Pequena) ficaram também designados por PapelMoeda, circulando como moeda, o que fazia deles autênticos percursores da nota de Banco, apesar de vencerem juros. A autonomia da Administração encarregada da gestão deste empréstimo era vincada no referido Alvará quando nele se estabelecia que as quatro chaves do cofre da Tesouraria dos Juros deviam ser distribuídas pelo Tesoureiro Geral dos Juros e seu Escrivão e por dois homens de negócios de conhecida probidade e abonação. O Decreto n.º 22 de 16 de maio de 1832 extingue a então chamada Junta Dos Juros dos Reais Empréstimos e o Erário Régio e cria a Junta do Crédito Público (JCP), com independência face ao Governo, nome que foi consagrado pelo Governo Liberal, exilado então na Ilha Terceira. A Junta dos Juros dos Reais Empréstimos, é dissolvida e substituída por uma Comissão Interina (Comissão Interina da Junta do Crédito Público) e só em outubro de 1837 é instalada a Junta do Crédito Público, tendo como primeiro Presidente o Marquês de Ponte de Lima. Foi o nome de Junta do Crédito Público que chegou aos últimos anos do século XX, herdando e assumindo um prestígio institucional que tantas vezes emprestou, aliado ao prestígio pessoal dos seus dirigentes, para captar e contratar empréstimos, sobretudo no estrangeiro, constituindo garante, mesmo em tempos conturbados. Para além do número de produtos financeiros lançados, que foram inúmeros, sendo as suas taxas de valores diferentes bem como os montantes e finalidades, a JCP administrou a Caixa Geral de Depósitos (CGD) na altura da sua criação (1876), bem como administra a Caixa Nacional de Aposentação, na época da sua fundação (1885) através da CGD. O ano de 1936 foi de grande importância para a JCP, pois é publicada a Lei 1933 que origina uma grande reforma na Junta quer a nível dos serviços, quer a nível da representação da dívida. Passaram a ser admitidas as seguintes formas de representação: Títulos de cupão, ao portador, de uma, cinco e dez obrigações; Certificados de dívida inscrita correspondentes a qualquer número de obrigações; Certificados de Renda Perpétua; Certificados de Renda Vitalícia; Certificados de propriedade e renda suspensa. Em 1941, é lançada a emissão do Consolidado de 3 ½ por cento – 1941, para cuja ilustração é convidado Almada Negreiros. Desde 1900 que a Junta entendeu, apesar de nem sempre constante, encomendar a artistas plásticos (de nomeada) portugueses, o desenho dos títulos de empréstimos, dos quais se destacam Almada Negreiros, Cottinelli Telmo, Ernesto Condeixa, João Vaz, Rui Preto Pacheco entre outros. Com o pós-guerra, o governo de então deu início aos Planos de Fomento, o primeiro ocorreu em 1953. No âmbito do II Plano de Fomento (1959-64), é emitido o empréstimo obrigacionista 3½% - II Plano de Fomento – 1959. Em 1960, assinalando as comemorações Henriquinas, 139 Apontamentos: Escudo ocorre o empréstimo, 3 ½% - V Centenário do Infante D. Henrique. Ainda na década de 60, com o intuito de captar a pequena poupança é criado um produto financeiro novo, o Certificado de Aforro, Série A, cuja emissão vai de abril de 1961 a junho de 1986. Em julho de 1986 tem início uma nova série (Série B) cuja emissão se mantém até janeiro de 2008, ano em que foi criado a Série C através da Portaria 73-A/2008. É também criado no ano de 1960 o Fundo de Regularização da Dívida Pública - FRDP (em substituição do Fundo de Amortização da Dívida Pública lei 1933) tinha como atribuições, regular a procura e a oferta dos títulos da dívida pública no mercado secundário, passando, a partir de 1988, a acolher as receitas e realizar as despesas no âmbito do processo de privatizações e, em geral, no da reforma do setor empresarial do Estado. A gestão da dívida pública tem andado associada à história portuguesa, e mais uma vez a Junta do Crédito Público é chamada a intervir através da publicação da lei 80/77, que legisla sobre a forma e o método de atribuição das indemnizações e a sua forma de pagamento a atribuir as taxas de ação de Sociedades Anónimas, Sociedades por Quotas ou reforma agrária na sequência das nacionalizações de 1975. O Orçamento de Estado de 1977 prevê a criação de empréstimos para serem apresentados à subscrição do público e dos investidores institucionais, surgindo assim as Obrigações do Tesouro FIP (Fomento de Investimento Público). Este tipo de empréstimo é mais uma vez confiado à Junta do Crédito Público. Os FIP tiveram o seu fim em 2000. A criação do IGCP, constituiu um importante passo na construção das condições à adaptação harmoniosa do país ao cenário do Euro, tendo em vista o elevado grau de especialização financeira exigida para um eficiente e rigoroso exercício da atividade de emissão e de gestão da dívida pública. Para que a redenominação da dívida de escudos para euros fosse um sucesso, o IGCP apetrechou-se dos meios necessários que lhe permitiram enfrentar um mercado alargado e competitivo. Existem dois importantes instrumentos de emissão de dívida Pública, as Obrigações do Tesouro (OT) e Bilhetes do Tesouro (BT), que são colocados em mercado primário através de operadores especializados, os Operadores Especializados de Valores do Tesouro (OEVT) e os Operadores do Mercado Primário (OMP) para as OT e os Especialistas em Bilhetes do Tesouro (EBT) para os BT. Os anos de 2005 e 2006 são de grande importância para a dívida pública portuguesa, com a emissão de OT a 15 e 30 anos, respetivamente, o que permitiu alongar a curva de rendimentos portuguesa, à semelhança com o registado por outros soberanos europeus. Nesta nova fase (pós 1999) e tendo por objetivo a modernização e dinamização do mercado de capitais portugueses, bem como para responder à globalização, foi criado o Mercado Especial de Dívida Pública (MEDIP), onde são negociadas as OT e os BT, utilizando-se para tal uma plataforma eletrónica, tendo sido criada a MTS-Portugal, empresa responsável pelo sistema de negociação. O cunho artístico das emissões desapareceu com a desmaterialização dos títulos de dívida pública. Mas se este fato é uma consequência da mudança dos tempos, já a tradição de uma gestão especializada e independente da dívida pública, renovada no contexto do mercado do euro e da globalização mais geral dos mercados financeiros, é merecedora da confiança dos investidores que fazem as suas aplicações financeiras em títulos da República de Portugal No ano de 2007, através da publicação dos Decretos-Lei 86/2007 e 273/2007, o IGCP ganha uma nova designação, Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público, I.P., concretizando-se a disposição inscrita no preâmbulo estatutário, a missão é alargada passando a gerir de forma integrada a Tesouraria e o endividamento público direto do Estado. 140 Apontamentos: Escudo A partir de 1 de setembro de 2007, o IGCP passou a ter um novo organigrama e a exercer as novas funções da Tesouraria, que até então estavam acometidas à Direção-Geral do Tesouro e Finanças – DGTF. Com o intuito de permitir que as famílias tenham acesso a instrumentos de dívida pública de longo prazo, foram criados em 2010 os Certificados do Tesouro (RCM 40/2010), promovendo-se a poupança das mesmas. A integração da Tesouraria do Estado com a Dívida Pública, enquadra-se cada vez mais em tendências internacionais, em que o principal objetivo passa por haver ganhos de eficiência na administração financeira do Estado, os saldos de Tesouraria passarão a ser utilizados para compensar parcialmente os saldos da dívida, diminuindo a dívida em circulação e os consequentes encargos financeiros do Estado. Ficha Técnica Peso: 27 g Diâmetro: 40 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Prata Composição: Ag 500 Autor: João Duarte Decreto: 377-A/97 de 24/12/1997 Ano 1997 Cunhagem 320 000 Código 146.01 500 escudos Ch. 13 João de Barros António de Sousa Victor Constâncio António M. Pereira Marta Luís Campos e Cunha Bernardino Costa Pereira Abel Moreira Mateus Diogo Leite de Campos 141 Apontamentos: Escudo Herlânder Estrela Carlos de Oliveira Cruz Foi evocada nesta chapa de 500 escudos a figura do insigne cronista, historiador e linguista português, João de Barros (1496-1570). Na sequência do processo utilizado na nota de 2000$00, Ch. 1, foram também separados os trabalhos de originação dos de impressão. Sendo a maqueta original de autoria do Prof. Luís Filipe de Abreu, foi posto a concurso o trabalho de originação, vindo este a ser ganho pela firma suíça De La Rue Giori, SA (Lausane). Seguiu-se o concurso de impressão, ganho pela firma François-Charles Oberthur Fiduciaire de Paris, a quem foi adjudicada. Como elementos decorativos da nota foram utilizados desenhos estilizados e baseados em: - na frente: fundo decorativo policromático inspirado no jogo de motivos gráficos, constituído por títulos das obras de João de Barros (Copicapnefma, Ásia-Décadas, Crónica do Imperador Clarimundo, Gramática, Geografia, Cartilha); um mapa-múndi patenteando a influência portuguesa na África e Ásia (adaptado da Crónica de el Rei D. Afonso Henriques de Duarte Galvão); entre a efígie e a margem direita a assinatura de João de Barros. - no verso: fundo policromático, inspirado numa das páginas do códice Imagens do Oriente no Século XVI, da biblioteca casanatense, representando cena da vida na Índia; a “esfera das letras”, destinada ao ensino de leitura adaptada de xilografia da Cartilha, e adaptando duas figuras, simbolizando um homem de ciência e letras e um mercador, tendo por fundo naus; no canto inferior esquerdo frase da obra Décadas: dos feitos que os portugueses fizeram nos descobrimentos e conquista dos mares e terras do oriente. O fundo foi impresso a três cores (mais uma impressão intaglioset, no verso) pelo processo offset simultâneo, utilizando também, na frente, uma impressão talhe-doce com três tintas. Nas oficinas do Bando foi utilizada uma impressão tipográfica da numeração, data e chancelas bem como a impressão de elementos de segurança em offset húmido. O papel foi fabricado pelos papeleiros ingleses Portals Limited, sendo 100% algodão. Apresentava um filete de segurança magnético fluorescente, reagindo em vermelho sob a luz de ultravioleta, onde se podia ver à transparência o dístico “Portugal”. Fibras fluorescentes invisíveis, reagindo nas cores verde e vermelha sob a luz ultravioleta, estavam distribuídas ao acaso sobre toda a superfície da nota. A marca de água foi colocada no lado esquerdo e apresentava o retrato de João de Barros reduzido relativamente à figura estampada. Apresentava ainda como elementos de segurança adicionais: registo frente e verso com desenhos parciais de uma Esfera Armilar; imagem latente constituída pelo valor da denominação (visível em ângulo rasante); micro impressão (nome das obras de João de Barros na parte esquerda do enquadramento da efígie); estampagem com sistema anti fotocopiadora a cores na marca de água. 142 Apontamentos: Escudo João de Barros João de Barros nasceu segundo uns historiadores em Viseu, outros inclinam-se para Braga ou para Vila Real, e ainda outros para a Ribeira de Alitém (Pombal) no ano de 1496, sendo um dos mais insignes escritores e historiadores portugueses da sua época. Oriundo de famílias nobres foi educado na corte de D. Manuel I no apogeu dos descobrimentos portugueses. Na sua juventude já demonstrava um carácter de índole literária, iniciando a escrita com um romance de cavalaria “A Crónica do Imperador Clarimundo, donde os Reis de Portugal descendem”, dedicando-o ao príncipe D. João, com pouco mais de vinte anos de idade. No ano de 1521 quando D. João III subiu ao trono, este concedeu a João de Barros o cargo de capitão da fortaleza de São Jorge da Mina. Em 1525 foi nomeado tesoureiro da Casa da Índia, missão que ocupou até ao ano de 1528. A peste negra que atingira quase toda a Europa também se fez sentir em Portugal e no ano de 1530 João de Barros refugiou-se na sua Quinta de Alitém, onde concluiu o seu diálogo moral “Rhopicapneuma”, alegoria que recebeu os maiores elogios de Jusan Luis Vives, de origem catalã. Após dois anos regressou a Lisboa no ano de 1532 onde D. João III o designou como feitor da Casa da Índia e da Mina, cargos que desempenhou com grande destaque e responsabilidade, numa Lisboa que era naquele tempo 143 Apontamentos: Escudo um empório a nível europeu, para todo o comércio originário do oriente. Desempenhou uma administração exemplar ao contrário dos seus antecessores que acumularam enormes fortunas com os cargos então exercidos. No ano de 1535 e após D. João III, ter procedido a reformas acentuadas na colónia do Brasil, com o fim de atrair colonos e evitar as tentativas da penetração francesa, dividiu a colónia em capitanias hereditárias, seguindo um sistema já aplicado nas ilhas atlânticas; agraciou João de Barros com a posse de duas capitanias em parceria com Aires da Cunha, o “Ceará” e o “Pará”; partiram no ano de 1539 com uma armada composta por dez embarcações e novecentos homens. A expedição não foi feliz, devido aos erros cometidos pelos seus pilotos, indo aportar às Antilhas espanholas, o que lhe provocou enormes prejuízos, levando em atenção o seu grande humanismo. Pagou as dívidas aos familiares dos que haviam falecido na expedição. Os anos em que permaneceu no Brasil, dedicou-os aos estudos durante as horas vagas; logo após a desastrosa expedição ao Brasil, publicou a “Gramática da Língua Portuguesa”, e uma “Cartilha para Aprender a Ler” com o fim de auxiliar o ensino da língua materna. Após este trabalho, reassumiu um compromisso que lhe havia sido endereçado por D. Manuel I: a escrita de uma história que narrasse os feitos dos portugueses na Índia. Mas a obra marcante de João de Barros, foi sem dúvida alguma as “Décadas da Ásia” (Ásia de João de Barros, dos feitos que os Portugueses fizeram na conquista e descobrimento dos mares e terras do Oriente). O nome “Décadas” agrupa os acontecimentos por livro em períodos de dez anos. A primeira década foi publicada em 1522, a segunda em 1553, a terceira em 1563 e a quarta, inacabada foi mais tarde completada por João Baptista Lavanha e publicada após a sua morte no ano de 1615 em Madrid. A escrita de João de Barros é admirável de pureza, vigor e propriedade valendo-lhe o cognome de “Tito Lívio Português”. O estilo de prosa fluente e rico pouco interesse despertou em vida, sendo somente conhecida uma tradução italiana em Veneza, em 1563. D. João III, entusiasmado com a obra ora apresentada solicitou a João de Barros que redigisse uma crónica relativa a D. Manuel I, o que João de Barros declinou evocando os muitos afazeres na Casa da Índia, sendo este trabalho redigido por outro grande humanista português Damião de Góis. No ano de 1568 sofreu um acidente vascular, sendo exonerado das suas funções recebendo um título de fidalguia e uma tença régia do rei D. Sebastião. Veio a falecer na sua Quinta de Alitém, no ano de 1570, na maior das misérias, sendo tantas as dívidas que os filhos renunciaram ao seu testamento. 144 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Valor: 500$00 Chapa: 13 Frente: Fundo inspirado nos títulos das obras de João de Barros; mapa-múndi; efígie de João de Barros e assinatura de João de Barros. Verso: Representação de cena da vida na Índia; a “esfera das letras”; duas figuras, simbolizando um homem de ciência e letras e um mercador, tendo por fundo naus; no canto inferior esquerdo frase da obra Décadas Maqueta: Luís Filipe de Abreu Marca de água: João de Barros Mecanismo de segurança: filete de segurança magnético fluorescente microimpresso com a palavra “Portugal”; por toda a superfície, distribuídas ao acaso, fibras fluorescentes vermelhas e verdes; registo frente/verso (esfera armilar); imagem latente (valor da nota); sistema anti fotocopiadora a cores Medidas: 123x67 mm Criação: De La Rue Giori, SA Impressão: François-Charles Oberthur Fiduciaire Primeira emissão: 17-09-1997 Última emissão: 07-11-2000 Retirada de circulação: 28-02-2002 Data 17-04-1997 11-09-1997 07-11-2000 Emissão 40 000 000 39 000 000 10 000 000 Combinações de Assinaturas 6 6 1 François-Charles Oberthur Fiduciaire A François-Charles Oberthur Fiduciaire é um grupo empresarial francês especializado na impressão de notas e outros documentos fiduciários criada em 1984 por Jean-Pierre Savare após a aquisição da Oberthur (fundada em 1842 por François Charles Oberthur). Actualmente é o terceiro maior produtor de notas (produz Euros e as notas de cerca de 70 países) e o maior de documentos de identificação a nível mundial. 9.ª Série dos Descobrimentos: Descoberta do Caminho Marítimo para a Índia A legislação associada à emissão da série comemorativa 9.ª Série dos Descobrimentos alusiva à Descoberta do Caminho Marítimo para a Índia, a qual foi publicada em decreto-lei 318/98 de 27 de Outubro durante o governo de António Guterres, sendo seu ministro Sousa Franco. Jorge Sampaio era o Presidente da República. Em continuação do programa monetário e numismático dedicado aos Descobrimentos Portugueses, a 9.ª série destas moedas comemorativas é alusiva à Descoberta do Caminho Marítimo para a Índia. A chegada dos Portugueses aos mares da Ásia, nomeadamente à Índia, marcou uma nova era no desenvolvimento mundial, que se reflectiu em todas as actividades, desde as comerciais e culturais até às científicas e religiosas. Considerou-se, assim, oportuna a emissão de uma série de moedas comemorativas alusivas à Terra do Natal, Moçambique, Índia e Vasco da Gama, no âmbito das comemorações nacionais dos Descobrimentos Portugueses. 145 Apontamentos: Escudo A série cunhada em cuproníquel com moedas com valor de 200$00 teve ainda emissões especiais em prata BNC, prata e ouro proof, e emissão prestígio (quatro moedas, quatro metais). A autoria da série foi de António Marinho (Terra de Natal), Eloisa Byrne (Moçambique), Isabel Carriço e Fernando Branco (Chegada à Índia) e Raul Machado (Vasco da Gama). Todos os lucros obtidos com esta amoedação foram utilizados pela Comissão Nacional para as Comemorações Dos Descobrimentos Portugueses à semelhança das restantes séries. As moedas apresentavam motivos marítimos: nau portuguesa, mapa com costa ocidental africana com descrição da rota de Vasco da Gama (Terra de Natal); nau portuguesa e barco à vela do Índico (Moçambique); embarcação de um patamar típica da costa indiana com vela latina e nau de Vasco da Gama, representação da carta de Lopo Homem Rainel de 1519 com a localização de Calecute (Chegada à Índia); armada de Vasco da Gama (S. Gabriel, S. Rafael e Bérrio) a S. Gabriel era a capitânia e está representada com mastro com vela com Cruz de Cristo (Vasco da Gama). Outras características representativas dos motivos em comemoração: representação de nau avistando a Terra de Natal com elementos vegetais locais e padrão, indígena (Terra de Natal); referência ao canto II d’Os Lusíadas com um tritão a transportar Dione, representação da ilha de Moçambique (Moçambique); ramo de pimenteira (Chegada à Índia); efígie de Vasco da Gama (Vasco da Gama). Terra de Natal Vasco da Gama foi o primeiro europeu a avistar a costa oriental de África no dia de Natal de 1497 e, por isso, esta região passou a ser conhecida pelos europeus por este nome. Nos princípios do século XIX, a região era habitada principalmente pelos Zulu e os britânicos adquiriram muito daquelas terras dos chefes Shaka e Dingane. Os agricultores africânderes chegaram à região em 1837 e, depois de várias batalhas com os Zulu, a mais notável sendo a de Blood River em 1838 em que derrotaram Dingane, fundaram ali uma “república”. Em 1843, a coroa britânica anexou o Natal à Colónia do Cabo, o que levou ao êxodo dos bôeres. Em 1856, o Natal tornou-se uma colónia separada e, em 1860 começou a plantação de cana-de-açúcar e foram contratados da Índia muitos trabalhadores para esta indústria. Estes permaneceram no Natal no fim dos seus contratos e, em 1900, eram mais numerosos que os brancos. Em 1893, a colónia passou a ter um governo autónomo e, em 1910, tornou-se uma das províncias fundadoras da União Sul-Africana. Quando o bantustão do KwaZulu, que significa "Terra dos Zulus", foi re-incorporado à província do Natal, com a nova constituição de 1993, a província passou a ter o nome de KwaZulu-Natal e é a única do país que inclui no seu nome o grupo étnico dominante. De facto, a maioria da população desta província é Zulu. 146 Apontamentos: Escudo Moçambique Moçambique é um país da África Austral, situado na costa do Oceano Índico, com cerca de 20 milhões de habitantes (2004). Foi uma colónia portuguesa, que se tornou independente em 25 de Junho de 1975. A história de Moçambique encontra-se documentada pelo menos a partir do século X, quando um estudioso viajante árabe, Al-Masudi descreveu uma importante actividade comercial entre as nações da região do Golfo Pérsico e os "Zanj" (os negros) da "Bilad as Sofala", que incluía grande parte da costa norte e centro do actual Moçambique. No entanto, vários achados arqueológicos permitem caracterizar a "pré-história" de Moçambique por muitos séculos antes. Provavelmente o evento mais importante dessa pré-história terá sido a fixação nesta região dos povos Bantu que, não só eram agricultores, mas introduziram aqui a metalurgia do ferro, entre os séculos I a IV. A penetração portuguesa em Moçambique, iniciada no início do século XVI, só em 1885 - com a partilha de África pelas potências europeias durante a Conferência de Berlim - se transformou numa ocupação militar, ou seja, na submissão total dos estados ali existentes, que levou, nos inícios do século XX a uma verdadeira administração colonial. Depois de uma guerra de libertação que durou cerca de 10 anos, Moçambique tornou-se independente em 25 de Junho de 1975. Quando Vasco da Gama chegou pela primeira vez a Moçambique, em 1497, já existiam entrepostos comerciais árabes e uma grande parte da população tinha aderido ao Islão. Os mercadores portugueses, apoiados por exércitos privados, foram-se infiltrando no império dos Mwenemutapas, umas vezes firmando acordos, noutras forçando-os. Em 1530 foi fundada a povoação portuguesa de Sena, em 1537, de Tete, no rio Zambeze, e em 1544 de Quelimane, na costa do Oceano Índico, assenhorando-se da rota entre as minas e o oceano. Em 1607 obtiveram do rei a concessão de todas as minas de ouro do seu território. Em 1627, o Mwenemutapa Capranzina, hostil aos portugueses, foi deposto e substituído pelo seu tio Mavura; os portugueses baptizaram-no e este declarou-se vassalo de Portugal. Os Mwenemutapas reinaram até finais do século XVII, altura em que foram substituídos pela dinastia dos Changamiras, outro grupo Shona que dominava o reino Butua, contribuindo assim para a extensão territorial do império. As relações dos Changamiras com os portugueses tiveram altos e baixos mas, em 1693, houve um levantamento armado em que os soldados portugueses que 147 Apontamentos: Escudo residiam na capital foram escorraçados, várias igrejas destruídas e os portugueses impedidos, durante algum tempo, de ter acesso ao ouro e ao comércio com os reinos indígenas. Por essa altura, no entanto, os portugueses controlavam o vale do Zambeze e começaram a interessar-se mais pelo marfim, empreendimento que levavam a cabo por acordo com os estados Marave. O império dos Mwenemutapa, embora com menos poder económico, manteve-se até meados do século XIX, altura em que foi desmembrado pelos Estados Militares que se formaram como resistência dos prazeiros à administração portuguesa. Finalmente, a administração colonial portuguesa e britânica em África terminou com o poder político dos chefes então existentes. Chegada à Índia A expedição iniciou-se a 8 de Julho de 1497. A linha de navegação de Lisboa a Cabo da Boa Espernça foi a habitual e no Oceano Índico é descrita por Álvaro Velho: “rota costeira até Melinde e travessia directa deste porto até Calecute”. Durante esta expedição foram determinadas latitudes através da observação solar, como refere João de Barros. Relatam os Diários de Bordo das naus muitas experiências inéditas. Encontrou esta ansiosa tripulação rica fauna e flora. Fizeram contacto perto da baía de Santa Helena com tribos que comiam lobos-marinhos, baleias, carne de gazelas e raízes de ervas; andavam cobertos com peles e as suas armas eram simples lanças de madeira de zambujo e cornos de animais; viram tribos que tocavam flautas rústicas de forma coordenada, o que era surpreendente perante a visão dos negros pelos europeus. Ao mesmo tempo que o escorbuto se instalava na tripulação, cruzavam-se em Moçambique com palmeiras que davam cocos. Apesar das adversidades de uma viagem desta escala, a tripulação mantinha a curiosidade e o ânimo em conseguir a proeza e conviver com os povos. Para isso reuniam forças até para assaltar navios em busca de pilotos. Com os prisioneiros, podia o capitão-mor fazer trocas, ou colocálos a trabalhar na faina; ao rei de Mombaça pediu pilotos cristãos que ele tinha detido e assim trocou prisioneiros. Seria com a ajuda destes pilotos que chegariam a Calecute, terra tão desejada, onde o fascínio se perdia agora pela moda, costumes e riqueza dos nativos. Sabe-se, por Damião de Góis, que durante a viagem foram colocados cinco padrões: São Rafael, no rio dos Bons Sinais; São Jorge, em Moçambique, Santo Espírito, em Melinde; Santa Maria, nos Ilhéus, e São Gabriel, em Calecute. Estes monumentos destinavam-se a afirmar a soberania portuguesa nos locais para que outros exploradores não tomassem as terras como por si descobertas. 148 Apontamentos: Escudo Em 20 de Maio de 1498, a frota alcançou Kappakadavu, próxima a Calecute, no actual estado indiano de Kerala, ficando estabelecida a rota no Oceano Índico e aberto o caminho marítimo dos Europeus para a Índia. As negociações com o governador local, Samutiri Manavikraman Rajá, Samorim de Calecute, foram difíceis. Os esforços de Vasco da Gama para obter condições comerciais favoráveis foram dificultados pela diferença de culturas e pelo baixo valor das suas ofertas (no ocidente era hábito os reis presentearem os enviados estrangeiros, no oriente esperavam ser impressionados com ricas ofertas). As mercadorias apresentadas pelos portugueses mostraram-se insuficientes para impressionar o samorim e os representantes do samorim escarneceram das suas ofertas, simultaneamente os mercadores árabes aí estabelecidos resistiam à possibilidade de concorrência indesejada. A perseverança de Vasco da Gama fez com que se iniciassem, mesmo assim, as negociações entre ele e o samorim, que se mostrou agradado com as cartas de D. Manuel I. Por fim, Vasco da Gama conseguiu obter uma carta ambígua de concessão de direitos para comerciar, comprovatória do encontro que dizia: «Vasco da Gama, fidalgo da vossa casa, veio à minha terra, com o que eu folguei. Em minha terra, há muita canela, e muito cravo e gengibre e pimenta e muitas pedras preciosas. E o que quero da tua é ouro e prata e coral e escarlata». Os portugueses acabariam por vender as suas mercadorias por baixo preço para poderem adquirir pequenas quantidades de especiarias e jóias para levar para o reino. Contudo a frota acabou por partir sem aviso após o Samorim e o seu chefe da Marinha Kunjali Marakkar insistirem para que deixasse todos os seus bens como garantia. Vasco da Gama manteve os seus bens, mas deixou alguns portugueses com ordens para iniciar uma feitoria. Ficha Técnica Peso: 21 g Diâmetro: 36 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: António Marinho Decreto: 318/98 de 27/10/1998 Ano 1998 Cunhagem 750 000 Código 147.01 149 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Peso: 21 g Diâmetro: 36 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: Eloisa Byrne Decreto: 318/98 de 27/10/1998 Ano 1998 Cunhagem 750 000 Código 148.01 Ficha Técnica Peso: 21 g Diâmetro: 36 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: Isabel Carriço e Fernando Branco Decreto: 318/98 de 27/10/1998 Ano 1998 Cunhagem 750 000 Código 149.01 Ficha Técnica Peso: 21 g Diâmetro: 36 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: Raul Machado Decreto: 318/98 de 27/10/1998 Ano 1998 150 Cunhagem 750 000 Código 150.01 Apontamentos: Escudo 2.ª Série EXPO ‟98: EXPO ‟98 e Ano Internacional dos Oceanos A legislação associada à emissão da 2.ª série comemorativa relativa à EXPO ’98 a qual incluiu a moeda relativa ao Ano Internacional dos Oceanos e que foi publicada no decreto-lei 150/98 de 30 de Maio durante o governo de António Guterres, sendo seu ministro Sousa Franco. Jorge Sampaio era o Presidente da República. Dando seguimento ao programa monetário e numismático aprovado pelo Decreto-Lei n.º 171/97, de 8 de Julho, foi em 1998 aprovada a segunda série, constituída por duas moedas comemorativas da Exposição Mundial de Lisboa — EXPO 98, sendo uma alusiva ao certame, com o valor facial de 200$00 e bimetálica, e a outra ao Ano Internacional dos Oceanos, com o valor facial de 1000$00 em prata. Os lucros desta amoedação foram cedidos à Parque EXPO 98, S. A., para financiamento de projectos específicos no âmbito da EXPO 98 e do Ano Internacional dos Oceanos. As moedas tiveram autoria de João Cutileiro (responsável pela moeda de 200$00 conhecida por peixe), sendo Espiga Pinto o autor da moeda comemorativa do Ano Internacional dos Oceanos. A segunda apresentava vários motivos marítimos (rosa-dos-ventos, astrolábios, vela de barco, constelação Ursa Menor e Estrela Polar, embarcações, cavalo marinho). A moeda de prata teve ainda emissão especial em prata proof, enquanto a bimetálica teve emissões em BNC e proof colocadas nas carteiras anuais. Estava prevista uma emissão em prata proof a qual não se chegou a realizar. EXPO ‘98 A EXPO'98, Exposição Mundial de 1998, ou, oficialmente, Exposição Internacional de Lisboa de 1998, cujo tema foi "Os oceanos: um património para o futuro", realizou-se em Lisboa, de 22 de Maio a 30 de Setembro de 1998. A zona escolhida para albergar o recinto foi o limite oriental da cidade junto ao rio Tejo. Foram construídos diversos pavilhões que permanecem ao serviço dos habitantes e visitantes integrados no agora designado Parque das Nações, destacando-se o Oceanário (o maior aquário do Mundo com a reprodução de 5 oceanos distintos e numerosas espécies de mamíferos e peixes, do arquitecto Peter Chermayeff) um pavilhão de múltiplas utilizações (Pavilhão Atlântico, arquitecto Regino Cruz) e um complexo de transportes com metropolitano e ligações ferroviárias (Estação do Oriente, do arquitecto Santiago Calatrava). A EXPO'98 atraiu cerca de 11 milhões de visitantes, apesar de previsões iniciais apontarem para cerca de 15 milhões, o que veio a justificar algumas opções de gestão de carácter duvidoso, e, acima de tudo, ruinosas para a empresa e seus accionistas. Parte do seu sucesso 151 Apontamentos: Escudo ficou a dever-se à vitalidade cultural que demonstrou (por exemplo, os seus cerca de 5000 eventos musicais constituíram um dos maiores festivais musicais da história da humanidade). Arquitectonicamente, a Expo revolucionou esta parte da cidade e influenciou os hábitos de conservação urbana dos portugueses (pode dizer-se que o Parque das Nações é um exemplo de conservação bem-sucedida dum espaço urbano). Foi considerado pelo BIE (o organismo internacional que elege as cidades a receberem as exposições) como a melhor Exposição Mundial de sempre. A utilização pioneira de ferramentas de design para grandes projectos de arquitectura, engenharia e construção transformou a EXPO'98 num caso de estudo internacional na área do desenho assistido por computador (CAD). O pioneirismo da EXPO foi, aliás, ressaltado por um trabalho de reportagem intitulado “A Tale of Two Cities” publicado na edição de Junho de 1999, da Computer Graphics World (volume 22, nº6), a revista de referência internacional do sector. “Os clássicos estiradores foram substituídos por estações de trabalho. Estávamos em 1993, o que provocou uma verdadeira revolução no modo de trabalhar típico deste sector e representou uma situação ímpar na história de grandes projectos no nosso país”. O homem no centro desta operação foi José da Conceição Silva, um especialista de Informática da área de CAD/AEC, do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), de Lisboa, requisitado para a Parque Expo para responsável pelo Departamento de CAD, GIS, Web e Multimédia. Ano Internacional dos Oceanos O ano de 1998 foi declarado na Assembleia Geral da ONU de 19 de Dezembro de 1994. Os Oceanos como ecossistemas vitais para a vida na Terra dada a sua influência no clima, na oferta de alimentação para os Humanos através das pescas e uma das fontes de várias indústrias (farmacêuticas, via de comunicação, etc.). Foi em reconhecimento desta importância que a ONU decreto o ano de 1998 como o Ano Internacional dos Oceanos (YOTO na sigla inglesa). A designação de ano internacional é de importância mundial pois implica todos os estados membros em desenvolver políticas associadas. Neste caso, foi a oportunidade de criar redes entre os vários países no sentido de optimizar os recursos marinhos e protege-los para as gerações futuras. Neste contexto foi ainda valorizado a Exposição Mundial que ocorreu em Lisboa que assumiu esse tema como ponto central. Ficha Técnica Peso: 9,8 g Diâmetro: 28 mm Bordo: Alternado em blocos lisos e serrilhados (catorze de cada) Eixo: Horizontal Metal: Bimetálica Composição: núcleo Cu 900, Al 50, Ni 50; anel Cu 750, Ni 250 Autor: João Cutileiro Decreto: 150/98 de 30/05/1998 Ano 1998 152 Cunhagem 2 000 000 Código 151.01 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Peso: 27 g Diâmetro: 40 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Prata Composição: Ag 500 Autor: Espiga Pinto Decreto: 150/98 de30/05/1998 Ano 1998 Cunhagem 1 000 000 Código 153.01 João Cutileiro Escultor natural de Lisboa, estando instalado em Évora. Estudou escultura na Faculdade de Belas Artes de Lisboa e posteriormente na Slade School of Art em Londres. Com prémios e exposições em todo o mundo, sendo um dos artistas plásticos portugueses mais internacionais. A nível da numismática destaca-se por peças simples e com campos das moedas muito pouco preenchidos. Espiga Pinto Escultor natural de Vila Viçosa (1940). Desde 1955, data da sua primeira Exposição Individual (Vila Viçosa), realizou 80 Exposições Individuais. Participou em Exposições Colectivas e tem obras em colecções particulares, nomeadamente em Portugal, Espanha Inglaterra, França e Estados Unidos. Estreou-se na numária com a moeda do Ano Internacional dos Oceanos. Ponte Vasco da Gama A legislação associada à emissão da moeda comemorativa da Ponte Vasco da Gama e que foi publicada no decreto-lei 62/98 de 17 de Março durante o governo de António Guterres, sendo seu ministro Sousa Franco. Jorge Sampaio era o Presidente da República. Inaugurando-se em Março de 1998 a nova ponte sobre o rio Tejo (Ponte Vasco da Gama), julgou-se da maior oportunidade assinalar este evento com a emissão de uma moeda comemorativa cunhada em metal precioso (prata) e com elevado valor facial (500$00), adequado à projecção nacional e internacional deste notável empreendimento. A moeda de autoria de Vítor Santos teve ainda emissões especiais em prata proof e lamelar (em ouro e prata). O desenho continha uma interpretação da rosa-dos-ventos de Jorge Aguiar (1492) e a imagem da ponte bem como referência a velame de nau do período de Vasco da Gama. Os lucros da 153 Apontamentos: Escudo amoedação foram colocados à disposição da entidade promotora, GATTEL— Gabinete da Travessia do Tejo em Lisboa. Ponte Vasco da Gama A Ponte Vasco da Gama é uma ponte sobre o rio Tejo, na área da Grande Lisboa, ligando Montijo e Alcochete a Lisboa e Sacavém, muito próximo do Parque das Nações, onde se realizou a EXPO ‘98. Inaugurada a 4 de Abril de 1998, a ponte é a mais longa da Europa e é actualmente a nona mais extensa de todo o mundo, com os seus 17,3 km de comprimento, dos quais 10 estão sobre as águas do estuário do Tejo. O vão (comprimento do tabuleiro) do viaduto central é de 420 m. Foi construída a fim de constituir uma alternativa à ponte 25 de Abril para o trânsito que circula entre o norte e o sul do país na zona da capital portuguesa. Aquando da sua construção foi necessário tomar especiais cuidados com o impacto ambiental, visto que atravessa o Parque Natural do Estuário do Tejo, uma importante área à escala europeia de alimentação e nidificação de aves aquáticas. Foi também necessário proceder-se ao realojamento de 300 famílias. O nome da ponte comemora os 500 anos da chegada de Vasco da Gama à Índia, em 1498. É uma das mais altas construções de Portugal, com 155 m de altura. A ponte tem um perfil transversal de 3+3 vias, ou seja, um total de seis vias, com um limite de velocidade de 120 km/h. Em dias de vento, chuva ou de céu nublado, o limite de velocidade é reduzida para 90 km/h. O número de vias pode ser alargado para oito, quando o tráfego chegar a uma média diária de 52 000 veículos. O projecto foi dividido em quatro partes, as quais foram construídas por empresas diferentes, e foi supervisionado por um consórcio independente. Encontraram-se até 3300 trabalhadores em simultâneo com o projecto, o qual constituiu 18 meses de preparação e 18 meses de construção. A ponte tem uma esperança de vida de 120 anos, tendo sido projectada para suportar velocidades do vento de 250 km/h e resistir a um sismo 4,5 vezes mais forte do que o histórico Terramoto de Lisboa, em 1755, sismo estimado em 8,7 na escala de Richter. As fundações mais profundas, com um diâmetro de 2,2 m, foram conduzidas a uma profundidade de 95 metros abaixo do nível médio do mar. Devido ao tamanho da ponte, foi necessário tomar em conta a curvatura da Terra, no planeamento correcto, pois em caso contrário, um desvio de 80 cm seria verificado em cada extremidade desta. As pressões ambientais ao longo de todo o projecto resultaram numa preocupação para a preservação dos pântanos existentes por baixo da ponte, assim como a iluminação nocturna da ponte, a qual está inclinada para dentro, de forma a não lançar luz sobre o rio. 154 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Peso: 14 g Diâmetro: 30 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Prata Composição: Ag 500 Autor: Vítor Santos Decreto: 62/98 de 17/03/1998 Ano 1998 Cunhagem 1 000 000 Código 152.01 Santa Casa da Misericórdia de Lisboa A legislação associada à emissão da moeda comemorativa do 5.º Centenário da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e que foi publicada no decreto-lei 153/98 de 6 de Junho durante o governo de António Guterres, sendo seu ministro Sousa Franco. Jorge Sampaio era o Presidente da República. A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, instituição ao serviço da solidariedade social, celebrou, em 1998, 500 anos da sua fundação. A rainha D. Leonor, protectora dos que promoviam os ideais humanistas e renascentistas, empenhou-se profundamente na prossecução de uma nova política assistencial, contando para o efeito com o apoio de frei Miguel Contreiras. Assim, em 15 de Agosto de 1498 nasceu uma irmandade animada de um novo espírito (a Irmandade de Nossa Senhora da Misericórdia), cujo compromisso veio a servir de modelo a todas as outras misericórdias fundadas em Portugal, na Europa, no Oriente, em África e no Brasil. Para lembrar esta efeméride achou-se conveniente a emissão de moeda em metal precioso (prata) de alto valor (1000$00). Os lucros de amoedação foram entregues à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa para ser utilizado nas suas obras sociais. A moeda de autoria de José João Brito apresentava a imagem da Nossa Senhora da Conceição (padroeira da Misericórdia) com um manto segurado por dois anjos a dar guarida a elementos figurativos dos doentes (freira vicentina), clero (bispo), nobreza (monarca) e pobres (mendigo com cajado). No reverso observa-se o camaroeiro (emblema adoptado pela rainha D. Leonor, fundadora da Misericórdia). 155 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Peso: 27 g Diâmetro: 40 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Prata Composição: Ag 500 Autor: José João de Brito Decreto: 153/98 de 06/06/1998 Ano 1998 Cunhagem 500 000 Código 154.01 José João de Brito Escultor natural de Coimbra (1941). Com o curso complementar de escultura pela ESBAP. Destacou-se no campo da medalhística e numismática nomeadamente com a medalha sobre o tema “Descobrimentos Portugueses”. Tem ainda obras de escultura em vários pontos do país, Europa (Suécia, Finlândia, Reino Unido, Hungria ou Suiça) e na América (Uruguai e Estados Unidos) D. Manuel I A legislação associada à emissão da moeda comemorativa do 5.º Centenário da Descoberta do Caminho Marítimo para a Índia no reinado de D. Manuel I e que foi publicada no decreto-lei 319/98 de 27 de Outubro durante o governo de António Guterres, sendo seu ministro Sousa Franco. Jorge Sampaio era o Presidente da República. Comemorando-se em 1998 o 5º Centenário da Descoberta do Caminho Marítimo para a Índia e tendo-se verificado no reinado de D. Manuel I este e outros factos ímpares da nossa história, julgou-se da maior oportunidade assinalar esta efeméride pela emissão de uma moeda comemorativa cunhada em metal precioso (prata) e com elevado valor facial (1000$00), adequada à projecção nacional e internacional deste notável personagem. Os lucros desta amoedação foram entregues à Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses. A moeda de autoria de Joaquim Correia apresentava a figura de D. Manuel I sentado no trono no anverso e a cruz de Cristo no reverso onde eram ainda representadas duas naus, uma esfera armilar (emblema do rei) e o escudo de Portugal. 156 Apontamentos: Escudo D. Manuel I, O Venturoso D. Manuel I, 14.º rei de Portugal (Alcochete, 1469 — Lisboa, 1521), cognominado de “O Venturoso”, “O Bem-Aventurado” ou “O Afortunado” tanto pelos eventos felizes que o levaram ao trono, como pelos que ocorreram no seu reinado. D. Manuel I ascendeu inesperadamente ao trono em 1495, em circunstâncias excepcionais, sucedendo ao seu primo direito D. João II, de quem se tornara protegido. Prosseguiu as explorações portuguesas iniciadas pelos seus antecessores, o que levou à descoberta do caminho marítimo para a Índia, do Brasil e das ambicionadas "ilhas das especiarias", as Molucas. Foi o primeiro rei a assumir o título de Senhor do Comércio, da Conquista e da Navegação da Arábia, Pérsia e Índia. Em 1521 promulgou uma revisão da legislação conhecida como Ordenações Manuelinas, que divulgou com ajuda da recente imprensa. No seu reinado, apesar da sua resistência inicial, cumprindo as cláusulas do seu casamento com Maria de Aragão viria a autorizar a instalação da inquisição em Portugal. Com a prosperidade resultante do comércio, em particular o de especiarias, realizou numerosas obras cujo estilo arquitectónico ficou conhecido como manuelino. Durante seu reinado, Vasco da Gama descobriu o caminho marítimo para a Índia (1498), Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil (1500), D. Francisco de Almeida tornou-se no primeiro vice-rei da Índia (1505) e o almirante D. Afonso de Albuquerque assegurou o controlo das rotas comerciais do Oceano Índico e Golfo Pérsico e conquistou para Portugal lugares importantes como Malaca, Goa e Ormuz. Também no seu reinado organizam-se viagens para ocidente, tendo-se chegado à Gronelândia e à Terra Nova. O seu reinado decorreu num “contexto expansionista, já preparado por seu antecessor e marcado pela descoberta do caminho marítimo para a Índia em 1498 e pelas consequências políticas e económicas que advieram deste facto”. A extensão de seu reinado “permite surpreender nele uma personagem determinada, teimosa, voluntariosa, autocrática, detentora de um programa político de potenciação do seu poder dotado de uma assombrosa coerência, posto em prática até ao seu mais ínfimo detalhe.” D. Manuel I optou por uma política de expansão indiana e pôs em prática os seus princípios, criando a oportunidade para a realização da viagem de Vasco da Gama em 1497, contra, ao que parece, a oposição de parte do seu Conselho. Escolheu, ainda, a via da inversão próaristocrática, ou seja, de restauração de privilégios e direitos antes postos em causa e isto certamente por opção política de Estado. O rei edificou, igualmente, um Estado que prenuncia em boa medida o absolutismo régio e o governo iluminado, por contraponto, aliás, ao problemático e agitado centralismo do seu antecessor D. João II. Tudo isto contribuiu para a constituição do Império Português, fazendo de Portugal um dos países mais ricos e poderosos da Europa. D. Manuel I utilizou a riqueza obtida pelo comércio para construir edifícios reais, no que se chamaria muito posteriormente estilo manuelino, dos que são exemplo o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém. Atraiu cientistas para a corte de 157 Apontamentos: Escudo Lisboa e estabeleceram-se tratados comerciais e relações diplomáticas com a China e a Pérsia, além de que, em Marrocos, realizaram-se conquistas como Safim, Azamor e Agadir. A sua completa consagração europeia deu-se com a aparatosa embaixada em 1514, chefiada por Tristão da Cunha, enviando ao Papa Leão X presentes magníficos como pedrarias, tecidos e jóias. Dos animais raros, destacaram-se um cavalo persa e um elefante, chamado Hanno, doravante mascote do papa, que executava várias habilidades. Mas uma das inúmeras novidades que encantaram os espíritos curiosos das cortes europeias da época terá sido sem dúvida o rinoceronte trazido das Índias, que assumiu, então, um papel preponderante na arte italiana. Na vida política interna, D. Manuel I seguiu as pisadas de D. João II e tornou-se quase num rei absoluto. As cortes foram reunidas apenas três vezes durante o seu reinado de mais de vinte e cinco anos, e sempre no paço de Lisboa. D. Manuel I dedicou-se à reforma dos tribunais e do sistema tributário, adaptando-o ao progresso económico que Portugal então vivia. D. Manuel I era um homem bastante religioso que investiu uma boa parte da fortuna do país na construção de igrejas e mosteiros, bem como no patrocínio da evangelização das novas colónias através dos missionários católicos. O seu reinado ficará também lembrado pela perseguição feita a judeus e muçulmanos em Portugal, particularmente nos anos de 1496-98. Esta política foi tomada por forma a agradar aos reis católicos, cumprindo uma das cláusulas do seu contrato de casamento com a herdeira de Espanha, Isabel de Aragão. O Massacre de Lisboa de 1506 foi talvez uma das consequências da política de D. Manuel I. Seguiram-se as conversões forçadas dos judeus e, depois, confiou ao seu embaixador em Roma a missão secreta de pedir ao papa, em 1515, a permissão de estabelecer a Inquisição em Portugal. Na cultura, D. Manuel I procedeu à reforma dos Estudos Gerais, criando novos planos educativos e bolsas de estudo. Na sua corte surge também Gil Vicente, o pai do teatro português, e Duarte Pacheco Pereira, o geógrafo, autor do Esmeraldo de Situ Orbis. Analisando-se a sua obra, verifica-se que avulta a tentativa de reforma do reino, “através da criação de instrumentos unificadores de carácter estatal, como sejam a publicação dos Forais Novos, reformando os antigos, a Leitura Nova (1504-1522), a compilação e revisão da legislação, consagrada pelas Ordenações Manuelinas, a reorganização da Fazenda Pública e a estruturação administrativa daí decorrente. Com ele organiza-se o Estado moderno”. D. Manuel I morreu em 1521 e encontra-se sepultado no Mosteiro dos Jerónimos. Joaquim Correia Escultor natural da Marinha Grande (1920). Com o curso complementar de escultura iniciado na ESBAP e terminado na ESBAL, onde foi discípulo de José Simões de Almeida (sobrinho). É sócio efectivo da Sociedade Nacional de Belas Artes, da Associação dos Arqueólogos Portugueses e da Sociedade de Geografia de Lisboa. Preside à comissão instaladora do Museu Nacional do Vidro. Comendador da Ordem Militar de Sant'iago de espada e "Des Arts et Lettres" de França. É autor de numerosas estátuas, baixos-relevos e medalhas que figuram em lugares públicos e privados em Portugal e no estrangeiro. Está representado nos Museus Nacionais de Arte Contemporânea de Lisboa, de Soares dos Reis no Porto, no centro de arte moderna da fundação Calouste Gulbenkian, e em várias colecções nacionais e estrangeiras 158 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Peso: 27 g Diâmetro: 40 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Prata Composição: Ag 500 Autor: Joaquim Correia Decreto: 319/98 de 27/10/1998 Ano 1998 Cunhagem 500 000 Código 155.01 Liga dos Combatentes A legislação associada à emissão da moeda comemorativa do 75.º Aniversário da Liga dos Combatentes e que foi publicada no decreto-lei 29/99 de 29 de Janeiro durante o governo de António Guterres, sendo seus ministros Sousa Franco e Veiga Simão. Jorge Sampaio era o Presidente da República. De acordo com a introdução da lei que autorizou esta emissão, a Liga dos Combatentes, é uma instituição de utilidade pública, de ideal patriótico e de carácter social, que celebrou em 1998 e 1999, 75 anos da sua fundação. A Liga dos Combatentes, herdeira da Liga dos Combatentes da Grande Guerra, criada após o termo da 1.ª Grande Guerra (1914-18), empenha-se fundamentalmente na protecção e auxílio mútuos de defesa dos interesses morais e materiais dos que cumpriram ou vierem a cumprir os seus deveres militares, estendendo-se estes fins aos seus familiares que, de algum modo, se encontrem carecidos. Assim, em 16 de Outubro de 1923 foi fundada a Liga dos Combatentes da Grande Guerra, passando a designar-se apenas como Liga dos Combatentes, nos termos da Portaria n.º 18 053, de 11 de Novembro de 1960, e que, ao longo dos anos e numa perspectiva mais alargada, prestou assistência aos militares que se bateram nas campanhas em que as Forças Armadas nacionais estiveram envolvidas. Assim e considerando que a Liga dos Combatentes se desenvolveu sempre dentro dos mais sagrados princípios de bem servir e de honrar a Pátria e a humanidade e que tem uma organização própria e méritos oficialmente reconhecidos para poder alargar e melhorar acções de reconhecida utilidade pública, julgou-se da maior oportunidade assinalar este evento com a emissão de uma moeda comemorativa cunhada em metal precioso (prata) e com elevado valor facial (1000$00), adequada à projecção nacional deste notável acontecimento. Os lucros da amoedação foram colocados à disposição da entidade promotora — Liga dos Combatentes. 159 Apontamentos: Escudo A moeda teve autoria de José João de Brito e apresentava no anverso um ramo de Oliveria (símbolo da paz) mantida e sempre defendida por uma espada vitoriosa (ideal combatente). No reverso a Cruz de Guerra (emblema da Liga dos Combatentes) sobreposto às cinco quinas portuguesas e no fundo a esfera armilar. Liga dos Combatentes A Liga dos Combatentes (LC) é uma organização cívica e patriótica portuguesa que reúne os antigos combatentes das forças armadas e de segurança. A LC é uma pessoa colectiva de utilidade pública administrativa tutelada pelo Ministério da Defesa Nacional. São seus objectivos: promover a exaltação do amor à Pátria e dos símbolos nacionais; promover internacionalmente o prestígio de Portugal; promover a protecção e o auxílio mútuo dos antigos combatentes; colaborar com as entidades públicas no auxílio aos antigos combatentes; desenvolver actividades culturais e educacionais em benefício do país e dos antigos combatentes. Os principais membros da Liga são os sócios combatentes que incluem os membros das forças armadas e de segurança que participaram em missões de guerra ou de manutenção de paz. Existem também outras categorias de sócios que incluem outros militares, civis que tenham participado em missões de guerra, familiares de antigos combatentes, civis, etc. A Liga dos Combatentes foi criada em 1923, com a denominação de Liga dos Combatentes da Grande Guerra. Ao ser criada tinha como objectivo reunir numa associação os militares e exmilitares portugueses que tinham combatido na 1.ª Guerra Mundial. Posteriormente a liga passou a ser aberta todos os ex-combatentes portugueses, mudando a sua designação para Liga dos Combatentes. Ficha Técnica Peso: 27 g Diâmetro: 40 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Prata Composição: Ag 500 Autor: José João de Brito Decreto: 29/99 de 29/01/1999 Ano 1998 160 Cunhagem 500 000 Código 156.01 Apontamentos: Escudo UNICEF A legislação associada à emissão da série de moedas comemorativas do 50.º Aniversário da UNICEF e que foi publicada no decreto-lei 307/99 de 10 de Agosto durante o governo de António Guterres, sendo seu ministro Sousa Franco. Jorge Sampaio era o Presidente da República. Dentro do programa do cinquentenário da UNICEF, emitiu-se em 1999 uma colecção de moedas das crianças do Mundo. Considera-se assim oportuno assinalar estas efemérides pela emissão de duas moedas comemorativas. Foram emitidas tendo por base as moedas correntes de 100$00 e 200$00 bimetálicas. A moeda de 100$00 de autoria de Fernando Conduto apresentava apenas desenhos no núcleo surgindo no reverso o símbolo da UNICEF. A de 200$00 apresentava no reverso um brinquedo tradicional português e teve autoria de Clara Menéres. As moedas tiveram ainda emissões especiais com acabamentos BNC e proof emitidos nas carteiras anuais. UNICEF O Fundo das Nações Unidas para a Infância (em inglês United Nations Children's Fund - UNICEF) é uma agência das Nações Unidas que tem como objectivo promover a defesa dos direitos das crianças, ajudar a dar resposta às suas necessidades básicas e contribuir para o seu pleno desenvolvimento. O UNICEF rege-se pela Convenção sobre os Direitos da Criança e trabalha para que esses direitos se convertam em princípios éticos permanentes e em códigos de conduta internacionais para as crianças. Tem como objectivo promover a defesa dos direitos das crianças, ajudar a dar resposta às suas necessidades básicas e contribuir para o seu pleno desenvolvimento. O mundo já viu muitas guerras. Todas elas prejudicam as famílias dos países atingidos, especialmente as crianças. Depois da Segunda Guerra Mundial, que terminou em 1945, muitas crianças na Europa, no Médio Oriente e na China não tinham quem cuidasse delas. Ficaram sem casa, sem família, sem saúde, sem comida, às vezes sem tudo isso de uma vez. Dizem que a união faz a força. Então, um grupo de países reunidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) resolveu fazer alguma coisa. Foi fundada em 11 de Dezembro de 1946, e foi criada para ajudar as crianças que viviam na Europa e que sofreram com a Segunda Guerra Mundial. Sua sede é em Nova Iorque, nos Estados Unidos. No começo, o UNICEF era um fundo de emergência para ajudar as crianças que sofreram com a guerra. Mas alguns anos depois, milhões de 161 Apontamentos: Escudo crianças de países pobres continuavam ameaçadas pela fome e pela doença. Não dava para ficar de braços cruzados... Em 1953, o UNICEF tornou-se uma instituição permanente de ajuda e protecção a crianças de todo o mundo, e é a única organização mundial que se dedica especificamente às crianças. Hoje, está presente em 191 países. Em termos genéricos, trabalha com os governos nacionais e organizações locais em programas de desenvolvimento a longo prazo nos sectores da saúde, educação, nutrição, água e saneamento e também em situações de emergência ajudar a dar resposta às suas necessidades básicas e contribuir para o seu pleno desenvolvimento. Em paralelo o UNICEF apoia projectos concretos desenvolvidos por organizações não governamentais ou governamentais que oferecem soluções locais ao problema. São projectos de atendimento directo a crianças e adolescentes em todas as regiões do mundo. As iniciativas que conseguiram criar metodologias inovadoras e eficientes para tratar o problema são divulgadas e inspiram outras instituições e projectos. Ficha Técnica Peso: 8,3 g Diâmetro: 25 mm Bordo: Alternado em blocos lisos (dez) e serrilhados(doze) Eixo: Horizontal Metal: Bimetálica Composição: núcleo Cu 900, Al 50, Ni 50; anel Cu 750, Ni 250 Autor: Fernando Conduto Decreto: 307/99 de 10/08/1999 Ano 1999 Cunhagem 500 000 Código 157.01 Ficha Técnica Peso: 9,8 g Diâmetro: 28 mm Bordo: Alternado em blocos lisos e serrilhados (catorze de cada) Eixo: Horizontal Metal: Bimetálica Composição: núcleo Cu 900, Al 50, Ni 50; anel Cu 750, Ni 250 Autor: Clara Menéres Decreto: 307/99 de 10/08/1999 Ano 1999 Cunhagem 500 000 Código 162.01 Fernando Conduto Escultor natural de Silves (1937). Com o curso de escultura da ESBAL. Deu aulas de técnicas de gravura na Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses, de modelação na Escola de Artes Decorativas António Arroio e 162 Apontamentos: Escudo de Desenho Básico na Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa e na Faculdade de Arquitectura e Artes da Universidade Lusíada de Lisboa. Fez parte do Conselho Técnico e foi co-fundador da Curso de Formação Artística da Sociedade Nacional de Belas Artes. Realizou três exposições individuais. Em 2000 o IAPMEI patrocinou a publicação de um livro sobre o seu trabalho. Clara Menéres Escultora natural de Braga (1943). Com o curso de escultura pela ESBAP possuindo igualmente um doutoramento em Etnologia na Universidade de Paris VII. Como bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian e da Fundação Luso Americana prosseguiu os seus estudos artísticos em Paris e nos Estados Unidos. Tem desenvolvido intensa actividade docente, na ESBAL e na Universidade de Évora. Como escultora é de destacar as suas obras de cariz religioso onde as temáticas bíblicas reflectem um profundo e sensível diálogo entre fé e arte. 10.ª Série dos Descobrimentos: O Mundo Novo, Brasil A legislação associada à emissão da 10ª série de moedas comemorativas dos Descobrimentos com o tema “O Mundo Novo, Brasil” que foi publicada no decreto-lei 313/99 de 11 de Agosto durante o governo de António Guterres, sendo seu ministro Sousa Franco. Jorge Sampaio era o Presidente da República. Em continuação do programa monetário e numismático dedicado aos Descobrimentos Portugueses, a 10.ª série destas moedas comemorativas foi alusiva à descoberta do Brasil. A chegada dos portugueses aos mares da América do Sul marcou uma nova era no desenvolvimento mundial, que se reflectiu em todas as actividades, desde as comerciais e culturais até às científicas e religiosas. Considerou-se, assim, oportuna a emissão de uma série de moedas comemorativas alusivas a esta efeméride, no âmbito das comemorações nacionais dos Descobrimentos Portugueses. A série teve autoria de: Eloisa Byrne (Duarte Pacheco Pereira), Isabel Carriço e Fernando Branco (Pedro Álvares Cabral), Raul Machado (Descoberta do Brasil) e António Marinho (Morte no Mar). Tal como as anteriores séries as moedas foram cunhadas em cuproníquel com o valor de 200$00. Foram ainda feitas emissões especiais em prata BNC, prata e ouro proof, para além da emissão prestígio (quatro moedas, quatro metais). Como habitualmente os motivos representados têm alusões marítimas e referentes às efemérides. Assim, na moeda de Duarte Pacheco Pereira para além da sua efígie estão representadas duas caravelas. Na de Pedro Álvares Cabral a representação de onze navios da 163 Apontamentos: Escudo sua frota, perfil do navegador e recorte da costa brasileira com a representação do local de desembarque (Porto Seguro). Na relativa à descoberta do Brasil a representação de um trecho da carta do Atlas de Lopo Homem Reineis de 1519 com a localização do Brasil, onde figuram duas figuras humanas e outros elementos locais (ave e duas palmeiras). Na moeda com o tema Morte no Mar surgem os cordames de navios e a representação de um naufrágio com destroços de uma nau e a figura de um monstro marinho. Duarte Pacheco Pereira Duarte Pacheco Pereira (Lisboa, 1460 — 1533) foi um navegador, militar e cosmógrafo português. Filho de João Pacheco e Isabel Pereira nasceu em Lisboa (afirma-se ainda que em Santarém) em 1460. Em 1455 encontra-se Duarte Pacheco letrado, recebendo uma bolsa de estudos do monarca. Cavaleiro da casa de D. João II, contrariamente à tradição é pouco provável que tenha ido em 1482 a São Jorge da Mina, onde Diogo de Azambuja iniciava a construção do Feitoria de São Jorge da Mina. De acordo com a obra Décadas da Ásia, do cronista João de Barros, na viagem de retorno do cabo da Boa Esperança, em 1488, Bartolomeu Dias, encontrou-o gravemente doente na ilha do Príncipe e levou-o para Portugal. Reconhecido geógrafo e cosmógrafo, em 1490 viveu em Lisboa da pensão real a que o seu título lhe dava direito. Em 7 de Junho de 1494 assinou, na "qualidade de contínuo da casa do senhor rei de Portugal", o Tratado de Tordesilhas. Em 1498 D. Manuel I encarregou-o de uma expedição secreta, organizada com o objectivo de reconhecer as zonas situadas para além da linha de demarcação de Tordesilhas, expedição que, partindo do Arquipélago de Cabo Verde, se acredita teria culminado com o descobrimento do Brasil, em algum ponto da costa entre o Maranhão e o Pará, entre os meses de Novembro e Dezembro desse mesmo ano. Dali, teria acompanhado a costa Norte, alcançando a foz do rio Amazonas e a ilha do Marajó. Em relação ao descobrimento do Brasil ou da eventual exploração das Antilhas e parte da América do Norte, tendo em conta as revelações cartográficas contidas no Planisfério de Cantino, o autor apresenta informações no segundo capítulo da primeira parte. Resumidamente, o trecho relata: "Como no terceiro ano de vosso reinado do ano de Nosso Senhor de mil quatrocentos e noventa e oito, donde nos vossa Alteza mandou descobrir a parte ocidental, passando além a grandeza do mar Oceano, onde é achada e navegada uma tam grande terra firme, com muitas e grandes ilhas adjacentes a ela e é grandemente povoada. Tanto se dilata sua grandeza e corre com muita longura, que de uma arte nem da outra não foi visto nem sabido o fim e cabo dela. É achado nela muito e fino brasil com outras muitas cousas de que os navios nestes Reinos vem grandemente povoados." É, assim, o primeiro roteiro de navegação portuguesa a mencionar a costa do Brasil e a abundância de pau-brasil (Caesalpinia echinata), nela existente. No Atlântico Sul, entre as ilhas oceânicas, apresenta, com suas "ladezas" (latitudes) conhecidas à época: A ilha de Sam Lourenço (ilha de Fernando de Noronha); A ilha d'Acensam (ilha da Trindade); A ilha de S. Crara (ilha de Santana, ao largo de Macaé) e o cabo Frio. 164 Apontamentos: Escudo Em 1503 comandou a nau Espírito Santo, integrante da esquadra de Afonso de Albuquerque à Índia. Ali guarneceu a Fortaleza de Cochim com 150 homens e alguns indianos onde sustentou vitorioso o cerco do Samorim de Calecute que dispunha de 50.000 homens. Tendo exercido os cargos de Capitão-general da Armada de Calecute e de Vice-rei e Governador do Malabar na Índia, retornou a Lisboa em 1505 quando foi recebido em grande triunfo. Em Lisboa e em todo o lado os seus feitos da Índia foram divulgados e um relato dos mesmos foi enviado ao Papa e a outros reis da cristandade. Foi como uma espécie de herói internacional que, nesse ano iniciou a redacção do Esmeraldo de situ orbis, obra que ele interrompeu nos primeiros meses de 1508. Nesse ano foi encarregado pelo soberano de dar caça ao corsário francês Mondragon que actuava entre os Açores e a costa portuguesa, onde atacava as naus vindas da Índia. Duarte Pacheco localiza-o, em 1509, ao largo do cabo Finisterra, onde o derrotou e capturou. Em 1511 comandou uma frota enviada em socorro a Tânger, sob cerco das forças do Rei de Fez. Desposou no ano seguinte a Dona Antónia de Albuquerque que recebe do Rei um dote de 120.000 reais, que lhe será entregue em fracções, até 1515. Em 1519 foi nomeado capitão e governador de São Jorge da Mina, onde serviu até 1522. Veio sob prisão para Portugal por ordem de D. João III pela acusação de contrabando de ouro, embora actualmente ainda não se conheçam os reais motivos de tal decisão do monarca. Quando libertado por ordem do Rei, recebeu 300 cruzados a título de parte de pagamento por jóias que tinha trazido de São Jorge da Mina e havia confiado à Casa da Mina para serem fundidas. Faleceu nos primeiros meses de 1533 e, pouco depois, o monarca concedeu a seu filho, João Fernandes Pacheco, uma pensão anual de 20.000 reais. Como as pensões reais frequentemente eram pagas com atraso, mãe e filho passaram dificuldades, o que os levou a recorrer a um empréstimo. A lenda de Duarte Pacheco Pereira desenvolveu-se após a sua morte. Luís de Camões, n'Os Lusíadas chama-lhe fortíssimo e Grão Pacheco Aquiles Lusitano. Mais tarde, no século XVII, Jacinto Cordeiro consagrou-lhe duas comédias bastante longas em castelhano e, Vicente Cerqueira Doce, um poema em dez cantos, de que se perdeu o rasto. De acordo com um de seus mais importantes biógrafos, o historiador português Joaquim Barradas de Carvalho, que viveu exilado no Brasil na década de 1960, Duarte Pacheco foi um génio comparável a Leonardo da Vinci. Com a antecipação de mais de dois séculos, o cosmógrafo foi o responsável pelo cálculo do valor do grau de meridiano com uma margem de erro de apenas 4%. Morte no Mar Na época dos Descobrimentos as viagens marítimas eram de grande risco. De facto, as estatísticas desta época eram terríveis para quem procurava a aventura saindo de Portugal. Em média menos de metade regressavam. As causas da sua morte eram várias desde os naufrágios por causas climatéricas e dificuldades marítimas, passando por causas bélicas. Não raras vezes os homens que saiam de Portugal em busca de ganhar a sua fortuna acabavam por participar em guerras como mercenários muito bem pagos perecendo não raras vezes nos campos de batalha. Será necessário não esquecer ainda o contacto com doenças tropicais para as quais os europeus e a sua medicina primitiva não estavam de todo preparados. Por fim, um pequeno número prosperava e muitas vezes não regressava ao país natal. Mas os perigos e a 165 Apontamentos: Escudo frequência dos naufrágios seriam com certeza traumatizantes, sendo que o maior poeta deste período chegou a sofrer um e descreveu no canto X do seu poema Os Lusíadas: “Vêm do naufrágio triste e miserando, Dos procelosos baxos escapados, Das fomes, dos perigos grandes, quando Será o injusto mando executado” Fernão Mendes Pinto na sua narração descreve vários episódios de naufrágios dos quais conseguiu sobreviver miraculosamente, também é um bom exemplo deste constante perigo. Ficha Técnica Peso: 21 g Diâmetro: 36 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: Eloisa Byrne Decreto: 313/99 de 11/08/1999 Ano 1999 Cunhagem 500 000 Código 158.01 Ficha Técnica Peso: 21 g Diâmetro: 36 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: Isabel Carriço e Fernando Branco Decreto: 313/99 de 11/08/1999 Ano 1999 166 Cunhagem 500 000 Código 159.01 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Peso: 21 g Diâmetro: 36 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: Raul Machado Decreto: 313/99 de 11/08/1999 Ano 1999 Cunhagem 500 000 Código 160.01 Ficha Técnica Peso: 21 g Diâmetro: 36 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: António Marinho Decreto: 313/99 de 11/08/1999 Ano 1999 Cunhagem 500 000 Código 161.01 Macau A legislação associada à emissão da moeda comemorativa da transferência da soberania de Macau de Portugal para a República Popular da China que foi publicada no decreto-lei 456/99 de 5 de Novembro durante o governo de António Guterres, sendo seu ministro Sousa Franco. Jorge Sampaio era o Presidente da República. Ocorrendo, em 20 de Dezembro de 1999, a constituição da Região Administrativa Especial de Macau, com a transferência da administração do território de Macau para a República Popular da China, depois de 450 anos de presença portuguesa, julgou-se da maior oportunidade 167 Apontamentos: Escudo assinalar este acontecimento pela emissão de uma moeda comemorativa cunhada em metal precioso (prata) e com elevado valor facial (500$00). A moeda de autoria de Paula Lourenço apresentava a representação da ponte que liga a península de Macau à ilha de Taipa (Ponte da Amizade), sendo o mar a representação da calçada portuguesa presente nas ruas de Macau. A legenda desta moeda era bilingue (português e chinês) estando em chinês: “Macau-Portugal”. A moeda para além da emissão corrente teve ainda emissão em prata proof e lamelar (ouro e prata). Macau Macau é uma Região Administrativa Especial da República Popular da China desde os primeiros momentos da madrugada do dia 20 de Dezembro de 1999.Antes desta data, Macau foi colonizada e administrada por Portugal durante mais de 400 anos e é considerada o primeiro entreposto bem como a última colónia europeia na China. Esta administração teve começo em meados do século XVI, quando Macau foi colonizada e ocupada gradualmente pelos portugueses. Estes últimos rapidamente trouxeram prosperidade a este pequeno pedaço de terra, tornando-a numa grande cidade e importante intermediário no comércio entre a China, a Europa e o Japão, fazendo com que ela atingisse o seu auge nos finais do século XVI e nos inícios do século XVII. Só em 1887 é que a China reconheceu oficialmente a soberania e a ocupação perpétua portuguesa sobre Macau, através do "Tratado de Amizade e Comércio Sino-Português". Em 1967, como consequência do Motim 1-2-3 levantado pelos residentes chineses prócomunistas de Macau no dia 3 de Dezembro de 1966, Portugal renunciou a sua ocupação perpétua sobre Macau. Em 1987, após intensas negociações entre Portugal e a República Popular da China, os dois países concordaram que Macau iria passar de novo à soberania chinesa no dia 20 de Dezembro de 1999. Actualmente, Macau está a experimentar um grande e acelerado crescimento económico, baseado no acentuado desenvolvimento do sector do jogo e do turismo, as duas actividades económicas vitais desta região administrativa especial chinesa. É constituída pela Península de Macau e por duas ilhas (Taipa e Coloane, entretanto com a ligação feita por terra seca por meio de um aterro, o istmo de Cotai), numa superfície total de 28,6 km². Macau situa-se na costa meridional da República Popular da China, a oeste da foz do Rio das Pérolas e a 60 km de Hong Kong, que se encontra aproximadamente a este de Macau. Faz fronteira a norte e a oeste com a Zona Económica Especial de Zhuhai, logo é adjacente à província de Guangdong. 168 Apontamentos: Escudo Macau efectua muitos aterros para reclamar, "obter" mais espaços de construção à foz do Rio das Pérolas. Tem cerca de 538 mil habitantes, sendo a esmagadora maioria de etnia chinesa. Desde 20 de Dezembro de 1999, o nome oficial de Macau é "Região Administrativa Especial de Macau da República Popular da China" (RAEM). Após o estabelecimento da RAEM, Macau actua sob os princípios do Governo Popular Central Chinês da RPC de "um país, dois sistemas", de "Administração de Macau pela Gente de Macau" e de "Alto Grau de Autonomia", gozando por isso de um estatuto especial, semelhante ao de Hong-Kong, e possuindo consequentemente um elevado grau de autonomia, limitando-se apenas no que se refere às suas relações exteriores e à defesa. Foi também garantido pela RPC a preservação do seu sistema económico-financeiro e das suas especificidades durante pelo menos 50 anos, isto é, pelo menos até 2049. Ficha Técnica Peso: 14 g Diâmetro: 30 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Prata Composição: Ag 500 Autor: Paula Lourenço Decreto: 456/99 de 05/11/1999 Ano 1999 Cunhagem 500 000 Código 163.01 Paula Lourenço Escultora com o curso de escultura pela FBAL. Estagiou no CENCAL e em Montemor-o-Novo, “Escultura em Terracota” com a escultora Virgínia Fróis. Nos seus trabalhos expressa-se em Escultura, Medalhística, Numismática, Gravura (Calcografia e Ilustração). Expõe em Portugal e estrangeiro. Está representada no British Museum. Membro da Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses, Federação Internacional Medalhística. 25.º Aniversário do 25 de Abril A legislação associada à emissão da moeda comemorativa do 25.º Aniversário do 25 de Abril que foi publicada no decreto-lei 147/99 de 4 de Maio durante o governo de António Guterres, sendo seu ministro Sousa Franco. Jorge Sampaio era o Presidente da República. Comemorou-se em 1999 o 25.º Aniversário da Revolução do 25 de Abril. Julgou-se da maior oportunidade assinalar este evento com a emissão de uma moeda comemorativa cunhada em metal precioso (prata) e com elevado valor facial (1000$00), adequado à projecção deste acontecimento. A moeda de autoria de José Aurélio apresentava um jogo gráfico com as 169 Apontamentos: Escudo palavras “Liberdade” e “Democracia” no rebordo e no campo “25 de Abril” e “25 Anos”. Para além da emissão corrente foi ainda realizada emissão especial em prata proof. Os lucros desta amoedação foram entregues à Comissão Executiva das Comemorações Oficiais do 25 de Abril. Ficha Técnica Peso: 27 g Diâmetro: 40 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Prata Composição: Ag 500 Autor: José Aurélio Decreto: 147/99 de 04/05/1999 Ano 1999 Cunhagem 500 000 Código 164.01 3.ª Série EXPO ‟98: Milénio do Atlântico A legislação associada à emissão da 3.ª Série EXPO ’98 dedicada ao Milénio do Atlântico que foi publicada no decreto-lei 314/99 de 11 de Agosto durante o governo de António Guterres, sendo seu ministro Sousa Franco. Jorge Sampaio era o Presidente da República. Dando seguimento ao programa monetário e numismático aprovado pelo Decreto-Lei n.º 171/97, de 8 de Julho, foi aprovada a terceira e última moeda comemorativa da Exposição Mundial de Lisboa — EXPO 98, sendo esta alusiva ao “Milénio do Atlântico”, com o valor facial de 1000$00 em prata. A moeda de autoria de Paulo Guilherme utilizou a figura do Adamastor para representar os feitos associados à exploração do Atlântico. Para além da emissão corrente foi ainda emitida uma edição especial em prata proof. Os lucros da amoedação foram entregues à Parque EXPO ’98. Adamastor Adamastor é um mítico gigante baseado na mitologia greco-romana, referido por Luís de Camões n'Os Lusíadas. Representa as forças da natureza contra Vasco da Gama sob a forma de uma tempestade, ameaçando a ruína daquele que tentasse dobrar o Cabo da Boa Esperança e penetrasse no Oceano Índico, os alegados domínios de Adamastor. 170 Apontamentos: Escudo É o nome atribuído a um dos gigantes, filhos de Terra, que se rebelaram contra Zeus. Fulminados por este, ficaram dispersos e reduzidos a promontórios, ilhas e fraguedos. O seu nome surge, certamente, pela primeira vez com Sidónio Apolinário. O gigante foi listado por Rabelais, em Gargantua e Pantagruel. Foi popularizado ao ser usado com verdadeira mestria pelo poeta português Luís de Camões, no Canto V da epopeia portuguesa Os Lusíadas, como o gigante do Cabo das Tormentas, que afundava as naus, e cuja figura se desfazia em lágrimas, que eram as águas salgadas que banhavam a confluência dos oceanos Atlântico e Índico. O episódio do Adamastor representa, assim, em figuração grandiosa e comovida, a sua oposição à audácia dos navegadores portugueses e a predição da história trágico-marítima que se lhe seguiria. O Adamastor tem não só o papel de reforçar o positivismo da viagem, assim como o Velho do Restelo. Também dá ênfase ao “mais que humano feito” referido na proposição. Realçando a coragem do Herói, individual ou colectivo, que enfrenta, apesar do medo, desafios superiores do poder do Homem, porque renega a sua emoção seguindo a ordem de el-rei. Na continuação do episódio, o narrador mostra-nos como este gigante tem uma fraqueza, um amor impossível, mostrando que até o mais poderoso ser padece dessa doença benigna que é o amor. A sul do Cabo Bojador erguia-se um conjunto de lendas e superstições que a imaginação mitogénica criara a partir do mundo desconhecido. Os marinheiros quatrocentistas não podiam deixar de sentir o mistério que envolvia a transposição de tais obstáculos. As lendas representavam o medo do que havia no tenebroso cabo e para além dele. À custa de uma experimentação contínua, os marinheiros portugueses aprenderam a recusar esses mitos e chegaram com Bartolomeu Dias ao Cabo das Tormentas, conhecido pela impossibilidade de se navegar, e que, passando a se chamar Cabo da Boa Esperança, lhes abria as portas da Índia. Os mares desse cabo serviram muitas vezes de sepultura a naus e a gentes carregadas de riquezas e de desilusões, como que comprovando as profecias do Adamastor. 171 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Peso: 27 g Diâmetro: 40 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Prata Composição: Ag 500 Autor: Paulo Guilherme Decreto: 314/99 de 11/08/1999 Ano 1999 Cunhagem 500 000 Código 165.01 Jogos Olímpicos de Sidney 2000 A legislação associada à emissão da moeda comemorativa relativa à participação portuguesa nos Jogos Olímpicos de Sidney que foi publicada no decreto-lei 113/2000 de 4 de Julho durante o governo de António Guterres, sendo seu ministro Pina Moura. Jorge Sampaio era o Presidente da República. Realizando-se em 2000 os Jogos Olímpicos de Sidney, considerou-se oportuno assinalar esta efeméride e a participação de Portugal com a emissão de uma moeda comemorativa. A moeda de autoria de Nogueira da Silva foi cunhada em módulo bimetálico com o valor de 200$00. A moeda apresentava para além dos anéis olímpicos e facho olímpico (símbolo das Olímpiadas modernas), a cúpula da Ópera de Sidney. O diferencial entre o valor facial e os correspondentes custos de produção relativamente às moedas efectivamente colocadas junto do público será posto pelo Ministério das Finanças à disposição do Ministério da Educação, para ser afecto ao Comité Olímpico Português para financiamento dos custos de preparação e das deslocações das equipas e delegações olímpicas nacionais. Para além da emissão corrente foram ainda produzidas moedas em acabamento BNC e proof colocadas nas carteiras anuais Jogos Olímpicos de Sidney Os Jogos Olímpicos de Verão de 2000 (Jogos do Novo Milénio), oficialmente conhecidos como Jogos da XXVII Olimpíada foram realizados em Sidney, na Austrália, entre 13 de Setembro e 1 de Outubro de 2000 (com a Cerimónia de Abertura ocorrendo em 15 de Setembro). Competiram 10 651 atletas de 199 países em 300 eventos desportivos. Os maiores 172 Apontamentos: Escudo Jogos Olímpicos de todos os tempos em número de atletas e de países ocorreram num clima de paz e com uma excelente organização. Apesar de serem oficialmente os Jogos Olímpicos de Verão de 2000, ocorreram entre o fim do inverno e o início da primavera australiana. A presença portuguesa nestes Jogos Olímpicos saldou-se em duas medalhas de bronze, uma para Fernanda Ribeiro, na prova de atletismo de 10 000 m e outra para Nuno Delgado, em Judo na categoria de - 81 Kg. Ficha Técnica Peso: 9,8 g Diâmetro: 28 mm Bordo: Alternado em blocos lisos e serrilhados (catorze de cada) Eixo: Horizontal Metal: Bimetálica Composição: núcleo Cu 900, Al 50, Ni 50; anel Cu 750, Ni 250 Autor: Nogueira da Silva Decreto: 113/2000 de 04/07/2000 Ano 2000 Cunhagem 1 000 000 Código 166.01 11.ª Série dos Descobrimentos: Novas Fronteiras Marítimas A legislação associada à emissão da 11.ª Série Dos Descobrimentos (Novas Fronteiras Marítimas) que foi publicada no decreto-lei 299/2000 de 18 de Novembro durante o governo de António Guterres, sendo seu ministro Pina Moura. Jorge Sampaio era o Presidente da República. Em continuação do programa monetário e numismático dedicado aos Descobrimentos portugueses, foi autorizada a emissão da 11.ª série destas moedas comemorativas, alusiva às “Novas Fronteiras Marítimas”, cada uma dedicada, respectivamente, à Terra do Lavrador, à Terra dos Corte-Reais, à Terra Florida e a Fernão de Magalhães. As moedas cunhadas em cuproníquel com valor de 200$00, tiveram ainda emissões especiais em prata e ouro proof, para além da emissão prestígio (quatro moedas/quatro metais). Os lucros da amoedação foram colocados à disposição da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses. A autoria das moedas foi de: Eloisa Byrne (Terra do Lavrador), Isabel Carriço e Fernando Branco (Terra dos Cortes Reais), António Marinho (Terra Florida) e Raul Machado (Fernão de Magalhães). Como habitualmente apresentaram motivos marítimos e alusivos às comemorações específicas. Assim, na moeda relativa à Terra do Lavrador surgia uma 173 Apontamentos: Escudo representação esquemática do Atlântico Norte (segundo o planisfério de Cantino), a ilha de Terra Nova, extremidade sul da Gronelândia e baleia, enquanto no reverso surgia a representação esquemática da Terra do Lavrador segundo o mapa da Cosmografia Universal de G. le Tetu com representação de elementos da flora e fauna locais, assim como, uma caravela de três mastros. Na moeda referente à Terra dos Cortes Reais uma caravela de três mastros de velas latinas e as armas dos Cortes-Reais e uma representação de um fio de costa com a legenda “Esta he a terá Dos Corte Reais”. Na moeda relativa à Terra Florida um mapa descritivo da área (território e costas da Florida) com a cruz de Cristo e caravela de dois mastros a navegar. Na moeda relativa a Fernão de Magalhães encontra-se a representação da nau que concluiu a primeira viagem de circum-navegação (Victoria) e a figura do navegador recolhida em retrato da época. Terra do Labrador O Labrador é uma das duas regiões que compõem a província canadiana de Terra Nova e Labrador. O Labrador localiza-se no continente, na Península de Labrador, enquanto que a Terra Nova é uma ilha, a sudeste da Terra Nova. A população do Labrador é actualmente de cerca de 30 000 habitantes. Destes, cerca de 20% são nativos americanos, entre Inuits, Innus, e Métis. Com uma área de 294 330 km², o Labrador possui um tamanho similar ao da Itália. O nome Labrador é um dos nomes de origem europeia mais antigas do Canadá, quase tão antiga quanto o nome Newfoundland (Terra Nova). A região do Labrador foi nomeada em homenagem ao explorador português João Fernandes Lavrador, que, juntamente com Pedro de Barcelos avistaram a região em 1499. A maior parte da colonização e do povoamento não aborígene da região deu-se através de vilas pesqueiras, missões religiosas e postos comerciais. Assentamentos mais modernos e recentes foram criados graças à exploração de minério de ferro e da criação de barragens e centrais hidroeléctricas e de bases militares. Cortes Reais e Terra Nova João Vaz Corte-Real era um navegador português do século XV ligado ao descobrimento da Terra Nova, cerca do ano de 1472. Para além desta expedição, Corte-Real organizou ainda outras viagens que o terão levado até à costa da América do Norte, explorando desde as margens do Rio Hudson e São Lourenço até ao Canadá e Península do Labrador. Em 1474 foi nomeado capitão-donatário de Angra e a partir de 1483, também da ilha de S. Jorge. Os seus três filhos, todos navegadores audaciosos, Gaspar Corte-Real, Miguel Corte-Real e Vasco Anes Corte-Real, continuaram o espírito de aventura de seu pai tendo os dois primeiros desaparecido depois de expedições marítimas, em 1501 e 1502 respectivamente. Vasco Anes 174 Apontamentos: Escudo quis ir em busca de seus irmãos mas o Rei não lhe concedeu autorização, tendo sucedido a seu pai como Capitão-Donatário. Por volta de 1418 o Infante D. Henrique deu vida e alento ao grande desejo dos Portugueses de procurarem fama e fortuna, descobrindo terras novas num mundo que era então vastamente desconhecido. As outras nações, que mais tarde competiram com os portugueses na colonização, encontravam-se por essa altura ocupadas com graves problemas internos. Tomando vantagem dessa distracção, e em grande segredo, um enorme esforço foi desenvolvido que resultou na descoberta da maioria das terras do mundo pelos navegadores portugueses. Por causa desse grande segredo necessário nessa altura, hoje a História tem lacunas, que muitos pesquisadores procuram diligentemente preencher. Umas destas é: Quem foi o primeiro Navegador a descobrir o Canadá? E a América? Hoje aceita-se que João Vaz Corte-Real possa ser considerado como o primeiro europeu que chegou à costa Americana, pelo menos, mais de vinte anos antes de Cristóvão Colombo. Em 1918 Edmund Delabarre, da Brown University, escreveu (em inglês): "Eu vi, clara e indubitavelmente, a data 1511. Ninguém até à data a viu, ou detectou, na pedra ou em fotografia, mas uma vez vista, a sua presença genuína não pode ser negada". Um médico Luso-Americano, Manuel Luciano da Silva, que como Historiador e Pesquisador amador, viu e reconheceu em Fall River, Massachusetts, prova vastamente ignorada de que Miguel Corte-Real ali esteve em 1511. Essa prova é constituída por uma grande pedra, conhecida pela Dighton Rock, em que se podem ver vários escudos em V com cruzes idênticas às usadas nas velas das Naus e Caravelas Portuguesas: MIGUEL CORTEREAL V. DEI HIC DUX IND. 1511. Depois de gravada, a pedra de Dighton esteve 500 anos ao "sabor dos ventos e das marés". A erosão é tremenda, estando a pedra muito maltratada. Sempre que maré subia, a tapava quase totalmente, e sempre que descia e a destapava os ventos arrastavam areias que a desgastavam. No Inverno os gelos, no Verão o Sol, sempre as ondas, e ainda, humanos, que lá escrevinharam coisas. O pior foi o vandalismo humano até 1974 quando a pedra foi colocada dentro de um pavilhão fechado. Manuel Luciano da Silva compreendeu a importância desta descoberta e tornou-se o seu Moderno Paladino, dedicou muitos anos da sua vida, a sua considerável influência e muito do seu dinheiro, para que a pedra Dighton fosse reconhecida como testemunha de facto histórico significante e salva do seu ambiente destrutivo. Em 1973, a sua instância, um pavilhão octogonal foi construído para abrigar a pedra, e hoje existe o Museu da Pedra Dighton, no que se tornou um Parque Estatal. Da Silva escreveu dois livros e muitos artigos, e tem feito centenas de palestras para disseminar esta informação. 175 Apontamentos: Escudo Terra Florida A história oficial atribuí a descoberta europeia do território actual de Florida ao castelhano Juan Ponce de Leon em 1513, o qual reclamou o território para a coroa espanhola. Na verdade é provável que o território já fosse conhecido antes por navegadores europeus (de facto Ponce de Leon comunicou com nativos em espanhol que o compreendiam). Os outros possíveis “descobridores” são o inglês John Cabot que terá entre 1497-98 reconhecido a costa norteamericana ou os portugueses. Para validar estas últimas hipóteses contam-se as cartas marítimas deste período. Assim, na Carta de Cantino (cópia de mapa oficial português da época de 1500) está representada a costa da actual Florida. A prova de que terão sido os portugueses é no entanto de difícil comprovação dada a escassez de registos deste período. Fernão de Magalhães Fernão de Magalhães (Ponte da Barca c.1480, Portugal, - 27 de Abril de 1521, Filipinas) foi um navegador português que, ao serviço do rei de Espanha, planeou e comandou a expedição marítima que efectuou a primeira viagem de circum-navegação ao globo. Foi o primeiro a alcançar a Terra do Fogo no extremo Sul do continente Americano, a atravessar o estreito hoje conhecido como Estreito de Magalhães e a cruzar o Oceano Pacífico, que baptizou. Fernão de Magalhães foi morto em batalha na ilha de Cebu, nas Filipinas no curso da expedição, posteriormente chefiada por Juan Sebastián Elcano até ao regresso em 1522. Fernão de Magalhães era filho de Rui de Magalhães e Alda de Mesquita, irmão de Duarte de Sousa, Diogo de Sousa, Isabel Magalhães e de Leonor de Magalhães, (da nobre Casa do Paço Vedro de Magalhães, Ponte da Barca). Após a morte de seus pais, aos dez anos, Magalhães tornou-se pajem da corte da Rainha D. Leonor, consorte de D. João II. Casou com Beatriz Barbosa e teve dois filhos: Rodrigo de Magalhães e Carlos de Magalhães, ambos falecidos jovens. Em Março de 1505, com 25 anos, alistou-se na Armada da Índia, enviada para instalar D. Francisco de Almeida como primeiro vice-rei da Índia. Embora o seu nome não figure nas crónicas, sabe-se que ali permaneceu oito anos, e que esteve em Goa, Cochim e Quíloa. Participou em várias batalhas, incluindo a batalha naval de Cananor em 1506, onde foi ferido. Em 1509 partiu com Diogo Lopes de Sequeira na primeira embaixada a Malaca, onde seguia também Francisco Serrão, seu amigo e possivelmente primo. Chegados a Malaca em Setembro, foram vítimas de uma conspiração e a expedição terminou em fuga, na qual Magalhães teve um papel crucial avisando Sequeira e salvando Francisco Serrão que havia desembarcado. Para trás ficaram dezanove prisioneiros. A sua actuação valeu-lhe honras e uma promoção. Ao serviço do novo governador, D. Afonso de Albuquerque, participou na conquista de Malaca em 1511. Após a conquista da cidade Magalhães promovido, com um rico saque e na companhia de um escravo malaio, regressou. As cartas do seu amigo Serrão, que tinha ficado como embaixador nas ilhas Molucas, para Magalhães seriam decisivas, pois dele obteve informações quanto à situação dos lugares produtores de especiarias. Fernão de Magalhães, após se ausentar sem permissão, perdeu influência. Em serviço em Azamor (Marrocos) foi 176 Apontamentos: Escudo depois acusado de comércio ilegal com os mouros, com várias das acusações comprovadas cessaram as ofertas de emprego a partir de 15 de Maio de 1514. Mais tarde, em 1515, surgiu uma oferta para membro da tripulação de um navio, mas Magalhães rejeitou-a. Em Lisboa dedicou-se a estudar as mais recentes cartas, investigando uma passagem para o pacífico pelo Atlântico Sul e a possibilidade de as Molucas estarem na zona de Tordesilhas espanhola, em parceria com o cosmógrafo Rui Faleiro. Em 1517 foi a Sevilha com Rui Faleiro, tendo encontrado no feitor da "Casa de la Contratación" da cidade um adepto do projecto que entretanto concebera: dar a Espanha a possibilidade de atingir as Molucas pelo Ocidente, por mares não reservados aos portugueses no Tratado de Tordesilhas e, além disso, segundo Faleiro, provar que as ilhas das especiarias se situavam no hemisfério castelhano. Com a influência do bispo de Burgos conseguiram a aprovação do projecto por parte de Carlos V, e começaram os morosos preparativos para a viagem, cheios de incidentes; o cartógrafo de origem portuguesa Diogo Ribeiro que começara a trabalhar para Espanha em 1518, na Casa de Contratación em Sevilha participou no desenvolvimento dos mapas utilizados na viagem. Depois da ruptura com Rui Faleiro, Magalhães continuou a aparelhagem dos cinco navios que, com 256 homens de tripulação, partiram de Sanlúcar de Barrameda em 20 de Setembro de 1519. A esquadra tinha cinco navios e uma tripulação total de 234 homens, com cerca de 40 portugueses entre os quais Duarte Barbosa, cunhado de Magalhães, João Serrão, primo ou irmão de Francisco Serrão e Estevão Gomes. Seguia também Henrique de Malaca. Antonio Pigafetta, escritor italiano que havia pago do seu próprio bolso para viajar com a expedição, escreveu um diário completo de toda a viagem, possibilitado pelo fato de Pigafetta ter sido um dos 18 homens a retornar vivo para a Europa. Dessa forma, legou à posteridade um raro e importante registo de onde se pode extrair muito do que se sabe sobre este episódio da história. A armada fez escala nas ilhas Canárias e alcançou a costa da América do Sul, chegando em 13 de Dezembro ao Rio de Janeiro. Prosseguindo para o sul, atingiram Puerto San Julian à entrada do estreito, na extremidade da actual costa da Argentina, onde o capitão decidiu hibernar. Irrompeu então uma revolta que ele conseguiu dominar com habilidosa astúcia. Após cinco meses de espera, período no qual a "Santiago" foi perdida em uma viagem de reconhecimento, tendo os seus tripulantes conseguido ser resgatados, Magalhães encontrou o estreito que hoje leva seu nome, aprofundando-se nele. Em outra viagem de reconhecimento, outra nau foi perdida, mas desta vez por um motim na "San Antonio" onde a tripulação, sem que soubesse seu capitão-mor, iniciou uma viagem de volta (realmente estes completaram a viagem, espalhando ofensas contra Fernão de Magalhães na Espanha). Apenas em Novembro a esquadra atravessaria o Estreito, penetrando nas águas do Mar do Sul (assim baptizado por Balboa), e baptizando o oceano em que entravam como “Pacífico” por contraste às dificuldades encontradas no Estreito. Depois de cerca de quatro meses, a fome, a sede e as doenças (principalmente o escorbuto) começaram a dizimar a tripulação. No Pacífico que encontrou as nebulosas que hoje ostenta o seu nome - as nebulosas de Magalhães. 177 Apontamentos: Escudo Em Março de 1521, alcançaram a ilha de Ladrões no actual arquipélago de Guam, chegando à ilha de Cebu nas actuais ilhas Filipinas em 7 de Abril. Imediatamente começaram com os nativos as trocas comerciais. Dias depois, porém, Fernão de Magalhães morreu em combate com os nativos na Ilha de Mactan, atraído a uma emboscada. A expedição prosseguiu sob o comando de João Lopes Carvalho, deixando Cebu no início de Março de 1522. Dois meses depois, seria comandada por Juan Sebastián Elcano. Decidiram incendiar a nau Concepción, visto o pequeno número de homens para operá-la, e finalmente conseguiram chegar às Molucas, onde obtiveram seu suprimento de especiarias. Trinidad acabou ali permanecendo para reparos e a "Victoria" voltou sozinha para casa, contornando o Índico pelo sul, a fim de não encontrar navios portugueses. A Trinidad, após os reparos tentou seguir uma rota pelo Pacífico até a América Central, onde poderia contactar os espanhóis e levar sua carga, no entanto acabou tendo de retornar às Molucas onde seus tripulantes foram aprisionados pelos portugueses que ha viam chegado. A nau "Victoria" dobrou o Cabo da Boa Esperança em 1522, fez escala em Cabo Verde, onde alguns homens foram detidos pelos portugueses, alcançando finalmente o porto de S. Lúcar de Barrameda, com apenas 18 homens na tripulação. Uma única nau tinha completado a circum-navegação do globo ao alcançar Sevilha em 6 de Setembro de 1522. Juan Sebastián Elcano, a restante tripulação da expedição de Magalhães e o último navio da frota regressaram decorridos três anos após a partida. A expedição de facto trouxe poucos benefícios financeiros, não tendo a tripulação chegado a receber o pagamento. Ficha Técnica Peso: 21 g Diâmetro: 36 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: Eloisa Byrne Decreto: 299/2000 de 18/11/2000 Ano 2000 178 Cunhagem 250 000 Código 167.01 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Peso: 21 g Diâmetro: 36 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: Isabel Carriço e Fernando Branco Decreto: 299/2000 de 18/11/2000 Ano 2000 Cunhagem 250 000 Código 168.01 Ficha Técnica Peso: 21 g Diâmetro: 36 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: António Marinho Decreto: 299/2000 de 18/11/2000 Ano 2000 Cunhagem 250 000 Código 169.01 Ficha Técnica Peso: 21 g Diâmetro: 36 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: Raul Machado Decreto: 299/2000 de 18/11/2000 Ano 2000 Cunhagem 250 000 Código 170.01 179 Apontamentos: Escudo Eça de Queiroz A legislação associada à emissão da moeda comemorativa relativa ao Primeiro Centenário da morte de Eça de Queiroz que foi publicada no decreto-lei 203/2000 de 1 de Setembro durante o governo de António Guterres, sendo Jaime Gama interinamente o Primeiro-ministro e Pina Moura, o ministro das Finanças. Jorge Sampaio era o Presidente da República. Ocorrendo em 2000 o 1.º Centenário da Morte de Eça de Queiroz julgouse da maior oportunidade assinalar esta efeméride pela emissão de uma moeda comemorativa cunhada em metal precioso (prata) e com elevado valor facial (500$00), adequada à projecção nacional e internacional deste notável escritor. A moeda de autoria de Paulo Guilherme destacase pela efígie geometrizada do escritor. A moeda teve ainda emissões especiais de prata proof e lamelar (ouro e prata). Ficha Técnica Peso: 14 g Diâmetro: 30 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Prata Composição: Ag 500 Autor: Paula Guilherme Decreto: 203/2000 de 01/09/2000 Ano 2000 Cunhagem 500 000 Código 171.01 Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia A legislação associada à emissão da moeda comemorativa da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia de 2000 que foi publicada no decreto-lei 114/2000 de 4 de Julho durante o governo de António Guterres, sendo seu ministro Pina Moura. Jorge Sampaio era o Presidente da República. 180 Apontamentos: Escudo Celebrando a Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia em 2000, foi considerado oportuno assinalar esta efeméride com a emissão de uma moeda comemorativa em prata e de alvo valor (1000$00). A moeda com autoria de José João de Brito apresentava alusões às gravuras rupestres de Foz de Côa, a obra de arte mais antiga do país e em cuja conservação foi um dos motes políticos deste período e à paisagem de socalcos da bacia do Douro, região próxima ao local onde foram encontradas as gravuras rupestres. Para além da moeda corrente foi ainda feita emissão especial em prata proof. Ficha Técnica Peso: 27 g Diâmetro: 40 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Prata Composição: Ag 500 Autor: José João de Brito Decreto: 114/2000 de 04/07/2000 Ano 2000 Cunhagem 450 000 Código 172.01 4.ª Série Iberoamericana: Homem e o Seu Cavalo A legislação associada à emissão da 4.ª Série Iberoamericana (“Homem e o Seu Cavalo”) com o tema Cavalo Lusitano que foi publicada no decreto-lei 255/2000 de 17 de Outubro durante o governo de António Guterres, sendo seus ministros Jaime Gama, Pina Moura e Capoulas Santos. Jorge Sampaio era o Presidente da República. A preservação do meio cultural e da diversidade no planeta é algo de fundamental para o futuro da humanidade. Julgou-se, assim, da maior importância a participação de Portugal, em 181 Apontamentos: Escudo conjunto com vários países do continente americano e com a Espanha, na emissão de uma série internacional de moedas comemorativas alusivas ao “Homem e o seu Cavalo”. Na moeda portuguesa (prata, 1000$00) foi seleccionado o tema do Cavalo Lusitano. A face portuguesa teve autoria de Vítor Santos e apresentava a representação de um puro-sangue lusitano e de um cavaleiro com as vestes tradicionais a montar um cavalo lusitano. Foi ainda produzida uma emissão especial em prata proof. Os lucros da amoedação foram distribuídos pela Associação Portuguesa de Criadores do Cavalo Puro Sangue Lusitano e pela Associação da Feira Nacional do Cavalo. Participaram nesta emissão os seguintes países: Argentina, Cuba, Equador, Espanha, Guatemala, México, Nicarágua, Paraguai, Peru, Portugal, Uruguai. O Cavalo Lusitano O Puro-sangue Lusitano é uma raça de cavalos com origem em Portugal. É o cavalo de sela mais antigo do Mundo, sendo montado aproximadamente há mais de 5 000 anos. Os seus ancestrais são comuns aos da raça Sorraia e Árabe. Essas duas raças formam os denominados cavalos ibéricos, que evoluíram a partir de cavalos primitivos existentes na Península Ibérica dos quais se supõe descenderem directamente o pequeno grupo da raça Sorraia ainda existente. Pensa-se que essa raça primitiva foi cruzada com cavalos Brad oriundos do Norte de África e mais tarde tiveram também influência do Árabe. O Puro-sangue Lusitano apresenta uma aptidão natural para alta escola (Haute École) e exercícios de ares altos, uma vez que põe os membros posteriores debaixo da massa com grande facilidade. Assim, o Lusitano revela-se não só no toureio e equitação clássica, mas também nas disciplinas equestres federadas como dressage, obstáculos, atrelagem e, em especial, equitação de trabalho, estando no mesmo patamar que os melhores especialistas da modalidade. Foram estes cavalos portugueses, os utilizados na produção do filme "O Senhor dos Anéis". 182 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Peso: 27 g Diâmetro: 40 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Prata Composição: Ag 500 Autor: Vítor Santos Decreto: 255/2000 de 17/10/2000 Ano 2000 Cunhagem 450 000 Código 173.01 D. João de Castro A legislação associada à emissão da moeda relativa a D. João de Castro incluída nas emissões associadas às Comemorações dos Descobrimentos Portugueses aprovada no decreto-lei 300/2000 de 18 de Novembro durante o governo de António Guterres, sendo seu ministro Pina Moura. Jorge Sampaio era o Presidente da República. Enquadrado no programa monetário comemorativo dos Descobrimentos Portugueses, foi emitida uma moeda alusiva à vida e à obra de D. João de Castro, IV Vice-Rei da Índia, cientista e navegador. A moeda de autoria de António Vidigal foi cunhada em prata com o valor de 1000$00. Como habitualmente foi produzida emissão especial em prata proof. Os lucros desta amoedação foram aplicados nas Comemorações dos Descobrimentos Portugueses. António Vidigal Escultor natural de Safara (1936) com o curso de escultura pela ESBAL (1968). Professor Catedrático na FBAL. Autor de diversos monumentos e esculturas públicas, medalhas comemorativas e retratos, estando representado em diversos museus, nomeadamente: Mirandela, Alençon (França), Luís de Camões (Macau), e José Malhoa (Caldas da Rainha). 183 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Peso: 27 g Diâmetro: 40 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Prata Composição: Ag 500 Autor: António Vidigal Decreto: 300/2000 de 18/11/2000 Ano 2000 Cunhagem 450 000 Código 174.01 Porto 2001 Capital Europeia da Cultura A legislação associada à emissão da moeda relativa à comemoração do Porto 2001 Capital Europeia da Cultura aprovada no decreto-lei 167/2001 de 25 de Maio durante o governo de António Guterres, sendo seu ministro Pina Moura. Jorge Sampaio era o Presidente da República. A realização do “Porto 2001 — Capital Europeia da Cultura” constituiu um evento da maior importância, pelo que se julgou oportuno assinalar esta efeméride através da emissão de uma moeda comemorativa cunhada em metal precioso (prata) e com elevado valor facial (500$00), adequado à projecção nacional e internacional deste acontecimento. A moeda desenvolvida por Irene Vilar cujo desenho foi baseado no logótipo da Capital Europeia da Cultura teve ainda emissões especiais em acabamento proof em ouro e prata. Os lucros desta amoedação foram entregues à Sociedade Porto 2001, S.A. promotora do evento. Porto 2001 Porto 2001 foi o nome dado à iniciativa Porto Capital Europeia da Cultura 2001 em conjunto com Roterdão. A programação foi dividida em: teatro, música, dança, artes plásticas e arquitectura, programa de envolvimento da população, animação da cidade, circo, marionetas, literatura, odisseia nas imagens, ópera e ciência. Esta iniciativa foi acompanhada por um forte investimento na recuperação e construção do espaço público da cidade. De destacar, a recuperação do Jardim da Cordoaria, da Praça da Batalha e da Praça de D. João I, e as novas construções, o Edifício 184 Apontamentos: Escudo Transparente (de Santiago Calatrava) e a Casa da Música obra emblemática deste evento, da autoria do arquitecto Rem Koolhaas. Ficha Técnica Peso: 14 g Diâmetro: 30 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Prata Composição: Ag 500 Autor: Irene Vilar Decreto: 167/2001 de 25/05/2001 Ano 2001 Cunhagem 500 000 Código 175.01 Europeu de Futebol 2004 A legislação associada à emissão da moeda relativa à Organização do Campeonato Europeu de Futebol 2004 aprovada no decreto-lei 252/2001 de 22 de Setembro durante o governo de António Guterres, sendo seu ministro Oliveira Martins. Jorge Sampaio era o Presidente da República. Face à importância para o País da organização pela primeira vez do Europeu de Futebol, considerou-se da maior oportunidade assinalar este acontecimento com a emissão de uma moeda comemorativa. A moeda de autoria de José Simão faz referência a um dos maiores momentos do jogo de futebol: o golo. A moeda cunhada em prata com valor facial de 1000$00 teve ainda emissão especial em prata proof. Os lucros desta amoedação foram colocados à disposição da Federação Portuguesa de Futebol para investimentos associados à organização do evento. Organização do Campeonato Europeu de Futebol 2004 Considerado o maior evento desportivo jamais realizado em Portugal, o décimo segundo Campeonato Europeu de Futebol teve lugar entre 12 de Junho e 4 de Julho de 2004. O empreendimento, fruto do empenho da Federação Portuguesa de Futebol, contou com o apoio formal e inequívoco do governo e da grande maioria da população portuguesa. Os primeiros passos do evento foram dados a 1 de Junho de 1998, quando Portugal apresentou o logótipo de candidatura. Três meses mais tarde, foram apresentados os 10 estádios constantes da candidatura, que foi entregue oficialmente na sede da UEFA a 1 de Outubro do mesmo ano. Outra data marcante para o processo foi 24 de Julho de 1999: mais de 30 000 185 Apontamentos: Escudo pessoas juntaram-se no relvado do estádio nacional para formar um logótipo humano que promovia a realização do evento em Portugal, mencionando "We love football". Finalmente, a 12 de Outubro de 1999, a UEFA anunciou a escolha de Portugal para a organização do Europeu, em detrimento da Espanha e da candidatura conjunta da Áustria e Hungria. O governo comprometeu-se a comparticipar em 25% das despesas de construção ou remodelação dos 10 estádios da competição e respectivos lugares de estacionamento, bem como a suportar a totalidade dos custos com as acessibilidades. Os promotores das obras foram os clubes e as câmaras municipais. Para fiscalizar e acompanhar as referidas obras foi constituída, em Outubro de 2001, a sociedade anónima (de capitais maioritariamente públicos) Portugal 2004, S.A. Os palcos da fase final do Euro 2004 foram os seguintes: em Braga, o Estádio Municipal de Braga; em Guimarães, o Estádio D. Afonso Henriques; no Porto, o Estádio do Dragão e o Estádio do Bessa; em Aveiro, o Estádio Municipal de Aveiro; em Coimbra, o Estádio Municipal de Coimbra; em Leiria, o Estádio Dr. Magalhães Pessoa; em Lisboa, o Estádio da Luz e o Estádio Alvalade XXI; e em Faro, o Estádio do Algarve. O logótipo oficial do Euro 2004, criado pela empresa britânica Euro RSCG, é a representação de uma bola de futebol, cujo desenho foi baseado em elementos tradicionais da arte portuguesa, inserida num coração de filigrana ladeado, por sua vez, por sete pontos verdes. A escolha de sete pontos está relacionada com a importância deste número na história de Portugal, como a existência de sete castelos na bandeira e a conquista dos sete mares. A mascote oficial da competição foi o Kinas, um rapaz apaixonado por futebol, cujo nome foi inspirado nos cinco escudos do brasão português. Ficha Técnica Peso: 27 g Diâmetro: 40 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Prata Composição: Ag 500 Autor: José Simão Decreto: 252/2001 de 22/09/2001 Ano 2001 186 Cunhagem 500 000 Código 176.01 Apontamentos: Escudo Edições Especiais Conferência Mundial de Gestão e Desenvolvimento das Pescas A Organização de Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO) decidiu organizar, em 1984, a Conferência Mundial sobre Gestão e Desenvolvimento de Pescas. Esta Conferência teve como principal objectivo alertar a opinião internacional para a necessidade de uma exploração racional dos recursos pesqueiros, por forma a melhorar as condições de vida das populações. Como uma das formas de sensibilização da opinião pública, o Governo decidiu autorizar a emissão de uma moeda comemorativa desta iniciativa. A moeda de autoria de José Aurélio foi cunhada em cuproníquel com valor de 250$00. Apresentava no reverso um cardume em forma de cunha apontada da esquerda para a direita. A emissão portuguesa foi integrada numa internacional que contou com a participação de 12 países. A instituição que teve na base desta emissão foi a Real Casa da Moeda Britânica. A moeda portuguesa sobressaiu da monotonia plástica naturalista representada nas restantes moedas, com uma composição dinâmica e moderna. A moeda em cuproníquel nunca chegou a circular pois o diploma que autorizou a sua cunhagem (decreto-lei n.º 70/84, de 27 de Fevereiro) estabeleceu um antecedente pouco canónico: a totalidade da emissão, 200 000 moedas de cuproníquel de 250$00 e 22 000 moedas de prata com acabamento proof, seria distribuída e comercializada pela INCM. 187 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Peso: 23 g Diâmetro: 37 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni250 Autor: José Aurélio Decreto: 70/84 de 27/02/1984 Ano 1984 Cunhagem 123 572 Escudo de Ouro No último ano de circulação do escudo como moeda corrente em Portugal julgou-se oportuno autorizar a cunhagem pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda, S. A., de uma emissão de espécimes numismáticos em ouro da moeda de 1$. Esta moeda em quase tudo (no aspecto) idêntica à corrente em latão-níquel foi cunhada em ouro (91,66 %) acabamento flor de cunho. Tinha 4,6 g e 16 mm de diâmetro, eixo horizontal. Para além do peso, diferia da corrente pois no reverso surgia Au sobre o escudo nacional. Ficha Técnica Peso: 4,6 g Diâmetro: 16 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Ouro Composição: Au 916,6 Autor: Helder Baptista Decreto: 339-B/2001 de 28/12/2001 Ano 2001 Cunhagem 50 000 Tipos de Emissões Especiais Desde os finais dos anos 70 o INCM instituiu uma nova política comercial na qual todas as suas emissões passaram a ter emissões correntes (com raras e já referidas excepções) e emissões especiais dedicadas a coleccionadores com moedas com acabamentos especiais. A primeira legislação sobre estes aspectos foi aprovada em 1983 (decreto-lei 176/83 de 3 de Maio), 188 Apontamentos: Escudo revista em 1984 (decreto-lei 325/84 de 9 de Outubro). Em 1988 (decreto-lei 178/88 19 de Maio) foi novamente revista a lei criando-se os seguintes espécimes numismáticos: a) “flor de cunho” (FDC) – moedas de cunhagem especial, sobre discos metálicos escolhidos e com recurso a cunhos novos, seleccionados pela qualidade de acabamento superficial nas primeiras séries de cunhagem; b) “brilhantes não circulados” (BNC) – moedas de cunhagem especial, sobre discos metálicos polidos e com recurso a cunhos polidos, apresentando o campo e os relevos uniformemente brilhantes ou uniformemente patinados; c) “provas numismáticas” (proof) – moedas de cunhagem especial, sobre discos metálicos polidos e com recurso a cunhos foscados e polidos, apresentando o campo espelhado e os relevos matizados. Em 1996 foi introduzido pela INCM um novo método de produção de moedas denominadas de lamelares. Este processo desenvolvido por António José do Rosário Coelho Teixeira, Paulo António Firme Martins e Paulo Jorge Dias Leitão chegou a ser premiado em 1998 na XX Conferência de Directores de Casa da Moeda com o prémio: Melhor moeda comemorativa em desenvolvimento tecnológico. O processo baseia-se na utilização de discos metálicos com diâmetros próximos, sendo um muito delgado (designado lamela), sobreposto e encravado mecanicamente no mais espesso, através dos cunhos, simultaneamente com a operação de cunhagem que transpõe para a superfície dos discos as respectivas gravuras. O processo requer a formação de uma geometria especial no bordo do disco mais espesso, o que possibilita o encravamento dos discos. A tecnologia proposta baseia-se num processo de produção que envolve três operações de enformação plástica a frio e uma de recozimento intermediário. Na primeira operação de enformação plástica forma-se um bordo alto no disco mais espesso (disco). A segunda operação é a rebordagem do disco obtido anteriormente, durante a qual o bordo pré-cunhado é curvado para o interior do disco, de modo a formar um perfil adequado para o encravamento da lamela. A terceira operação de enformação plástica é a cunhagem, durante a qual os discos (disco e lamela) são montados e encravados, através da sobreposição do rebordo do disco sobre o bordo da lamela, simultaneamente com a transposição das gravuras para a sua superfície. O recozimento deverá ser realizado imediatamente antes desta operação, de modo a devolver a ductilidade inicial ao disco antes de se proceder à cunhagem. Por fim, referência ao cuidado desenvolvido nestas produções com estojos próprios aos quais se associaram, nomeadamente nas séries dos Descobrimentos à emissão de documentação especial, como representações entre outras de cartas marítimas e mapas que em muito enobreceram estas emissões. Emissões especiais do INCM: em cuproníquel o BNC Ano Internacional do Deficiente (1984) Mundial de Hóquei (1982) 10.º Aniversário 25 de Abril (1984) 189 Apontamentos: Escudo 190 o Proof Em prata o BNC o Proof FAO pescas (1984) FAO alimentação (1983) Ano Internacional da Criança (1979) Adesão à CEE (1986) Fernando Pessoa (1986) Alexandre Herculano (1977) XVII Exposição (1983) Luís Camões (1980) Mundial Futebol México (1986) D. Afonso Henriques (1985) Batalha de Aljubarrota (1985) 1.ª Série dos Descobrimentos (1987) Jogos Olímpicos de Seul (1988) Autonomia Regional Açores (1986) Amadeu Souza Cardoso (1987) 2.ª Série dos Descobrimentos (1989) Batalha de Ourique (1989) Restauração da Independência (1990) Camilo Castelo Branco (1990) Antero de Quental (1991) 3.ª Série dos Descobrimentos (1991) Jogos Olímpicos de Barcelona (1992) Presidência da Comunidade Europeia (1992) 4.ª Série dos Descobrimentos (1993) 5.ª Série dos Descobrimentos (1994) D. António, Prior do Crato e Centenário Autonomia Açoriana (1995) 6.ª Série dos Descobrimentos (1995) 7.ª Série dos Descobrimentos (1996) 8.ª Série dos Descobrimentos (1997) 9.ª Série dos Descobrimentos (1998) 10.ª Série dos Descobrimentos (1999) 11.ª Série dos Descobrimentos (2000) 25 de Abril (1977) XVII Exposição (1983) Luís de Camões (1980) Região Autónoma Açores (1980) Região Autónoma Madeira (1981) FAO pescas (1984) Mundial Futebol México (1986) Adesão à CEE (1986) Fernando Pessoa (1986) Apontamentos: Escudo D. Afonso Henriques (1985) Batalha de Aljubarrota (1985) 1.ª Série dos Descobrimentos (1987) Jogos Olímpicos de Seul (1988) Autonomia Regional Açores (1986) Amadeu Souza Cardoso (1987) 2.ª Série dos Descobrimentos (1989) Batalha de Ourique (1989) Restauração da Independência (1990) Camilo Castelo Branco (1990) Antero de Quental (1991) 3.ª Série dos Descobrimentos (1991) Jogos Olímpicos de Barcelona (1992) Presidência da Comunidade Europeia (1992) Encontro de Dois Mundos (1992) 4.ª Série dos Descobrimentos (1993) 5.ª Série dos Descobrimentos (1994) Tratado de Tordesilhas (1994) O Lobo (1994) D. João II (1995) D. António, Prior do Crato e Centenário Autonomia Açoriana (1995) 6.ª Série dos Descobrimentos (1995) Santo António (1995) Fragata D. Fernando II e Glória (1996) Jogos Olímpicos de Atlanta (1996) 7.ª Série dos Descobrimentos (1996) Banco de Portugal (1996) Nossa Senhora de Conceição (1996) Expedições Oceanográficas (1996) 8.ª Série dos Descobrimentos (1997) Padre António Vieira (1997) Pauliteiros de Miranda (1997) Crédito Público (1997) Ponte Vasco da Gama (1998) 9.ª Série dos Descobrimentos (1998) Ano Internacional dos Oceanos (1998) Santa Casa da Misericórdia (1998) Liga dos Combatentes (1998) 25 anos do 25 de Abril (1999) Milénio do Atlântico (1999) 10.ª Série dos Descobrimentos (1999) Macau (1999) Eça de Queiroz (2000) Presidência do Conselho da União Europeia (2000) 11.ª Série dos Descobrimentos (2000) 191 Apontamentos: Escudo 192 O Homem e o seu Cavalo (2000) D. João de Castro (2000) Porto 2001 (2001) Europeu de Futebol 2004 (2001) Em ouro o BNC 1.ª Série dos Descobrimentos (1987) o Proof 2.ª Série dos Descobrimentos (1989) 3.ª Série dos Descobrimentos (1991) 4.ª Série dos Descobrimentos (1993) 5.ª Série dos Descobrimentos (1994) 6.ª Série dos Descobrimentos (1995) Santo António (1995) 7.ª Série dos Descobrimentos (1996) 8.ª Série dos Descobrimentos (1997) 9.ª Série dos Descobrimentos (1998) 10.ª Série dos Descobrimentos (1999) 11.ª Série dos Descobrimentos (2000) Porto 2001 (2001) Séries Prestígio (quatro moedas/quatro metais) em prata, ouro, platina e paládio o BNC 1.ª Série dos Descobrimentos (1987) o Proof 1.ª Série dos Descobrimentos (1987) 2.ª Série dos Descobrimentos (1989) 3.ª Série dos Descobrimentos (1991) 4.ª Série dos Descobrimentos (1993) 5.ª Série dos Descobrimentos (1994) 6.ª Série dos Descobrimentos (1995) 7.ª Série dos Descobrimentos (1996) 8.ª Série dos Descobrimentos (1997) 9.ª Série dos Descobrimentos (1998) 10.ª Série dos Descobrimentos (1999) 11.ª Série dos Descobrimentos (2000) Lamelar (ouro e prata) o Proof Banco de Portugal (1996) Padre António Vieria (1997) Ponte Vasco da Gama (1998) Macau (1999) Eça de Queiroz (2000) Apontamentos: Escudo Desde 1986 a INCM tem ainda emitido as Séries Anuais, em que são incluídas em acabamento BNC e proof as moedas correntes, incluindo-se (nos anos em que foram emitidas) moedas bimetálicas comemorativas. Emissões BNC (de 1986 a 2001), e proof (de 1991 a 2001). 193 Apontamentos: Escudo 194 Apontamentos: Escudo Erros e Variantes O Escudo nasceu numa época de cunhagem mecânica já desenvolvida à escala industrial de grande produção. Embora raros registaram-se alguns erros de produção que chegaram a sair para a circulação. De referir ainda algumas variações ao nível do cunho que por vezes fazem as delícias dos coleccionadores. Vejamos alguns exemplos. P aberto Esta variante surgiu logo no início do Escudo, ocorrendo nas seguintes moedas: 1 centavo de 1920 20 centavos 1920 20 centavos 1921 Portugusa Na moeda comemorativa da UNICEF de 100$00 bimetálica de 1999 ocorreu um erro grave ao nível da produção dos cunhos. Assim, um pouco mais do que metade da produção (180 000 de um total de 320 000) da moeda tinha um erro na palavra Portuguesa, a qual foi cunhada como Portugusa. Os berloques nas moedas de 200 escudos Garcia da Orta Os 200 escudos de 1991 (os primeiros a serem emitidos) tinham o berloque do chapéu do Garcia de Horta na coroa exterior. A partir do ano seguinte, muito provavelmente para facilitar o processo de cunhagem, foi feito um reajuste do desenho para que o berloque passasse a ficar na coroa interna. Os catálogos apontam como única excepção o ano 1997, o que quereria dizer que existem dois cunhos distintos. Se foi isso que aconteceu, então é realmente uma excepção e portanto uma variante. Até ficar provado, aquilo que acontece é um desvio do disco no processo, ficando o berloque a meio caminho entre um e outro disco. 195 Apontamentos: Escudo Mudanças de cunho nas alpacas Embora pequenas, ocorreram algumas mudanças que são perceptíveis entre os cunhos pré 1946 e pós 1946. Estas pequenas diferenças são de importância nomeadamente para detectar falsificações do escudo de 1935 feitas a partir de moedas cunhadas posteriormente. Assim, são de referir as seguintes diferenças: largura do bordo (mais fino nas primeiras), os castelos (mais pequenos e estreitos nas mais antigas), cabelo (distância ao listel – maior nas primeiras datas – e nessa mesma zona, diferença no cabelo por baixo da “voluta” – arco feito pelo cabelo – em que nas moedas mais antigas podem ver-se três níveis de representação do cabelo em vez de dois nas mais recentes). 196 Apontamentos: Escudo Mudança na assinatura Nas moedas de 1 escudo latão-níquel, verificou-se uma alteração de cunho que conduziu a alteração na dimensão do nome do autor (H. Baptista) e na espessura das linhas do desenho do vitral. Esta alteração ocorreu em 1992, havendo nesta data as duas variantes. Mudança nas velas A moeda de 50 escudos sofreu uma pequena alteração ao nível das velas da embarcação representada. Esta alteração surgiu pela necessidade de coerência em relação à informação presente na lei de aprovação da moeda que indica que o navio representado é do século XV, como tal os escudetes têm de estar virados ao centro e na vertical como aconteceu em 1986. Erros de Eixo Estes erros começaram a ser “comuns” com o aumento de produção de moeda ocorrida a partir dos anos 50. Assim, ocasionalmente surgem pequenas variações de eixo que são pouco significativas. Em alguns anos foram detectadas variações significativas (por exemplo eixos horizontais que passaram a verticais), embora em volume reduzido. A forma de avaliar o eixo segue a representação abaixo (eixo horizontal). 197 Apontamentos: Escudo Estão documentados as seguintes variações de eixo: X centavos 1951 (eixo vertical) X centavos 1965 (eixo vertical) X centavos 1968 (eixo vertical) X centavos 1968 (eixo 8 H) 10 centavos 1974 (eixo vertical) 10 centavos 1976 (eixo vertical) XX centavos 1951 (eixo vertical) XX centavos 1964 (eixo 9 H) XX centavos 1964 (eixo vertical) 20 centavos 1973 (eixo vertical) 20 centavos 1974 (eixo vertical) 50 centavos 1973 (eixo 4 H) 50 centavos 1979 (eixo 8 H) 1 escudo 1976 (eixo vertical) 1 escudo 1979 (eixo vertical) 1 escudo 1982 (eixo vertical) 2 escudos e 50 centavos 1964 (eixo vertical) 2 escudos e 50 centavos 1973 (eixo vertical) 2 escudos e 50 centavos 1974 (eixo vertical) 2 escudos e 50 centavos 1975 (eixo vertical) 2 escudos e 50 centavos 1978 (eixo 7 H) 2 escudos e 50 centavos 1983 (eixo vertical) 2 escudos e 50 centavos 1983 (eixo 9 H) 5 escudos 1976 (eixo vertical) 5 escudos 1981 (eixo vertical) 25 escudos 1984 (eixo vertical) 100 escudos 1989 (eixo vertical) 100 escudos 1991 (eixo vertical) 100 escudos 1992 (eixo vertical) 200 escudos 1997 (eixo vertical) Variações do bordo Nos bordos legendados é possível definir dois tipos de bordo, o chamado bordo A e o bordo B atendendo à orientação do texto tendo como como base o anverso (ou o reverso) da moeda. Assim, colocando uma moeda com bordo legendado (exemplo 10 escudo cuproníquel) com o anverso para cima deveremos encontrar moedas com a legenda invertida e normal. Diferenças nos blocos dos bordos Nas moedas de 100 escudos bimetálicas ocorreu em 1991 uma alteração ao nível do número de blocos serrilhados em que apenas aparecem seis blocos. 198 Apontamentos: Escudo Moedas ou “Moedas” A definição de Moeda é algo difícil de definir de forma a ser consensual para todos os coleccionadores. Tomando como linha de base ter poder liberatório, autorização para circular e ter circulado surgem dois numismas que levantam grande celeuma. Começando pelo 1 centavo de 1922. Foi uma peça com autorização (como os restantes 1 centavos), mas cuja utilização foi suspensa em 1922. Nesta altura o custo de produção e em metal era superior ao seu valor. Acontece que já tinha sido produzida um volume importante destas moedas (2.150.000 segundo registos da Casa da Moeda), quando foi decidida a sua suspensão e consequente não colocação em circulação. Não se sabe como (existem no entanto algumas lendas como a do director da Casa da Moeda ter ficado com cinco ou seis para recordação…) algumas terão saído da Casa da Moeda. Assim, nos finais dos anos sessenta em artigo publicado no Diário de Lisboa (5-12-1960) é dada informação de existência de três exemplares. Pouco depois surgiram mais três. Desde essa altura assume-se como só existindo seis exemplares deste numisma, que por duas vezes já foi leiloado na Numisma por valores astronómicos. Quanto aos 10 centavos de alumínio de 1969, existe maior concordância. Teve lei a autorizar (que foi revista dando origem aos 10 centavos que foram colocados a circular em 1971) e terão circulado (por engano foram colocados a circular). Na Grande História do Escudo de Trigueiros é referido que os exemplares de 10 centavos de alumínio de 1969 terão sido um ensaio industrial (15000 exemplares) dada a necessidade de ajustar o modo de produção para a nova liga. A moeda difere da mais comum pelo módulo (16 mm) e no reverso apresenta cunho semelhante às moedas de bronze prévias. Por fim, referência às moedas de ouro previstas na lei 122 de 1911 que nunca viriam a ser emitidas. São conhecidas as de 5 escudos que terão sido oferecidas a um Presidente numa visita à Casa da Moeda. Recentemente em leilão da Numisma (Dezembro de 2011) foi colocada a leilão uma prova para 1 escudo. São raridades que mostram que o Escudo poderia ser bem mais rico. 199 Apontamentos: Escudo Notas de Réis com Sobrecarga “República” A necessidade de aumentar o dinheiro em circulação, a falta de metal conduziu durante o período da primeira República à proliferação de notas de baixo valor com consequente inflação. Esta necessidade teve uma das suas expressões com a emissão das últimas notas de Réis para a circulação com a sobrecarga “Republica”. Circularam neste período os seguintes valores: 500, 1000, 2500, 5000, 10000, 20000, 50000 e 100000 Réis. As notas de 500 Réis Ch. 3 são as mais comuns. Teve uma emissão de 47 milhões. Retirada de circulação em 24 de Junho de 1929 (em concomitância existiam 51 milhões de notas de $50, para além das moedas de $50 de prata, bronze alumínio e alpaca (1927-29). As chapas desta nota foram gravadas na Estamparia do Banco de Portugal, cabendo à firma Bradbury, Wilkinson & Co, Ltd., de Londres, a sua estampagem, bem como a impressão tipográfica do texto complementar (data, numeração, as palavras O Governador e O Director e chancelas) e a sobrecarga REPÚBLICA. A sua emissão foi iniciada em 20 de Julho de 1917 mantendo-se até 4 de Junho de 1925. A sobrecarga ocorrer em vermelho e em preto. As notas têm as datas de 27 de Dezembro de 1904 e de 30 de Setembro de 1910. Datas estas anteriores à data da implantação da República que ocorreu, como se sabe, em 5 de Outubro de 1910. Daí que os motivos da nota tenham um conteúdo “monárquico”, porque destinavam-se a ser utilizadas antes da República. No verso surge a cabeça de Atena, Deusa grega da Guerra. Embora com as datas referidas acima, foi inicialmente emitida em 20 de Julho de 1917. 200 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Valor: $500 Chapa: 3 Frente: Denominação da nota. Escudo monárquico com sobrecarga República Verso: Representação da Guerra (figura feminina) Marca de água: Efígie feminina simbolizando a guerra Medidas: 119x73 mm Impressão: Banco de Portugal Primeira emissão: 20-07-1917 Última emissão: 04-07-1925 Retirada de circulação: 24-07-1929 Datas: 27-12-1904; 30-09-1910 Emissão: 47 000 000 A Chapa 3 de 1000 réis foi a única que circulou na República. Actualmente é uma nota rara e difícil de encontrar em estado de nova. A principal razão será a emissão muito baixa (2 700 000 201 Apontamentos: Escudo exemplares). Foram também retiradas de circulação em 1929 (30 de Janeiro) quando já havia em circulação mais de 32 milhões de notas de 1$00, para além das moedas de escudo de prata, de bronze-alumínio e as de alpaca (1927-29), que totalizavam mais de 25 milhões de moedas. Embora produzida aquando da crise de 1891, só foi colocada em circulação em plena crise de 1917 (20 de Julho de 1917), cessando a sua emissão em 18 de Setembro de 1917. A Chapa 3 de 1.000 réis foi integralmente produzida na Estamparia de Banco de Portugal, apresentando em ambas as faces alegorias à Justiça. 202 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Valor: 1$000 Chapa: 3 Frente: Representação figurativa da Justiça Verso: Representação figurativa da Justiça Marca de água: Banco de Portugal Medidas: 120x77 mm Impressão: Banco de Portugal Primeira emissão: 20-07-1917 Última emissão: 18-09-1917 Retirada de circulação: 30-01-1929 Datas: 30-09-1910 Emissão: 2 700 000 A nota de 2 500 réis que circulou na República foi a Chapa 4. Emitida inicialmente em 1 de Março de 1916, foi retirada em 25 de Maio de 1928 (última emissão em 28 de Maio de 1920). No total foram emitidos cerca de 12 000 000 de exemplares. Actualmente são raros, nomeadamente em estados de conservação elevados e a variante que apresenta a sobrecarga "República" a vermelho é mesmo muito rara (foi colocado apenas em algumas notas com data de 20-06-1909. Foram sendo substituídas pelas notas de 2$50, Chapa 1 e Chapa 2 e com a entrada em circulação das moedas de prata, em 1932, todas estas notas de baixo valor facial foram retiradas de circulação. Na face apresentava a efígie de D. Afonso de Albuquerque e no verso a efígie de Mercúrio (deus grego do comércio). Foram emitidas com as seguintes datas: 20-06-1909, 30-06-1909, 30-09-1910 e 27-06-1919. 203 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Valor: 2$500 Chapa: 4 Frente: Efígie de D. Afonso de Albuquerque Verso: Representação de Mercúrio Marca de água: Bustos a representar a Europa e a África Medidas: 125x81 mm Impressão: Banco de Portugal Primeira emissão: 01-03-1916 Última emissão: 28-05-1920 Retirada de circulação: 25-05-1928 Datas: 20-06-1909; 30-06-1909; 30-09-1910; 27-06-1919 Emissão: 12 000 000 204 Apontamentos: Escudo As notas de 5.000 réis que circularam durante a República foram as das Chapas 6 e 7, num total de pouco mais de 11 milhões de exemplares. Actualmente são raras e normalmente em mau estado, sendo a da Chapa 7 a mais visível. De referir que a primeira nota de Escudos tinha valor semelhante (5$00) e foi baseada em nota já preparada de valor de 5000 Réis. As notas da Chapa 6 foram recolhidas logo em 1911 e as da Chapa 7 em 1916 (data oficial: 20-01-1916). Estas notas não apresentam sobrecarga República. Com o valor facial de 10.000 réis, em 1910, estava em circulação a Chapa 3 que foi retirada em 1917. A emissão foi de pouco mais de 5 000 000 de notas que circulavam desde 1903. Foram substituídas pela Chapa 4, que já se encontrava impressa, e à qual foi aposta a normal sobrecarga "República" sobre a coroa monárquica. Desta Chapa 4 foram postas a circular 4 700 000 de exemplares que circularam até 1929. Actualmente são notas raras, normalmente apresentam-se em mau estado de conservação. Para sua substituição surgiram as notas de 10$00 (Ch. 1, 2 e 3, num total de cerca de 43 milhões de notas). Foram emitidas com as datas 22-05-1908 e 30-09-1910. Apresentam na frente cinco figuras representativas das artes (escultura, pintura, música e literatura). No verso o deus grego da arte Apolo. 205 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Valor: 10$000 Chapa: 4 Frente: Representação figurativa das artes Verso: Representação de Apolo Marca de água: Cabeça coroada com louros Medidas: 161x103 mm Impressão: Banco de Portugal Primeira emissão: 03-10-1917 Última emissão: 31-05-1923 Retirada de circulação: 17-09-1929 Datas: 22-05-1908; 30-09-1910 Emissão: 4 700 000 As notas de 20000 Réis Chapa 9 que já estava impressa no tempo da Monarquia, foi posta a circular entre 1912 e 1916. São notas muito raras, que tiveram elevada taxa de recolha. Foram substituídas pelas notas de 20$00, das Ch. 1 e 2. Na frente com desenho rico em pormenores surgem dois brasões com a representação de Vasco da Gama à esquerda e de Luís de Camões à direita. Apresenta duas sobrecargas: na frente a preto e no verso a azul. Foram emitidas notas com as datas de 30-12-1909. 206 Apontamentos: Escudo 207 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Valor: 20$000 Chapa: 9 Frente: Brasões com Vasco da Gama e Luís de Camões Verso: Escudo Monárquico com sobrecarga República Marca de água: Efígie de D. João II Medidas: 179x115 mm Impressão: Banco de Portugal Primeira emissão: 23-12-1912 Última emissão: 11-04-1916 Retirada de circulação: 17-10-1916 Datas: 30-12-1909; 30-03-1912 Emissão: 1 060 000 Durante a República circularam duas chapas de 50.000 réis, a 3 e a 4. A primeira vinha já do período monárquico, desde 1905 e a segunda iniciou a sua circulação em 1917, sendo ambas retiradas em 1929. São ambas muito raras pois tiveram elevada taxa de recolha. Aquando da sua recolha já circulavam as notas de 50$00, Chapas 1, 2 e 3, que iniciaram a circulação em 1922, 1924 e 1928, respectivamente. Foi emitida com data de 30-09-1910. Na frente apresenta um trabalho do belga Eugène Mouchon que representa a recepção do Samorim de Calecute a Vasco da Gama. No verso surgia a representação de uma cabeça feminina em perfil para a esquerda. 208 Apontamentos: Escudo Ficha Técnica Valor: 50$000 Chapa: 4 Frente: Representação da recepção do Samorim de Calecute a Vasco da Gama Verso: Efígie feminina a olhar para a esquerda Marca de água: Efígie de indiano Medidas: 192x117 mm Impressão: Banco de Portugal Primeira emissão: 19-12-1917 Última emissão: 30-11-1922 Retirada de circulação: 24-07-1929 Datas: 30-09-1910 Emissão: 2 100 000 Ficha Técnica Valor: 100$000 Chapa: 2 Frente: Representação da saída de Pedro Álvares Cabral frente a D. Manuel I Verso: Valor da nota e escudo nacional Marca de água: Efígie de Pedro Nunes Medidas: 204x126 mm Impressão: Banco de Portugal Primeira emissão: 04-01-1916 Última emissão: 31-05-1923 Retirada de circulação: 08-10-1926 Datas: 22-05-1908; 10-03-1909; 30-09-1910 Emissão: 2 060 000 Durante a República circularam duas chapas de 100.000 réis, a 1 e a 2. A primeira vinha já do período monárquico, desde 1895 e foi a nota de valor facial mais elevado que circulou na monarquia. Foi retirada de circulação em 1916. Como já estava impressa a Chapa 2, estas notas foram colocadas em circulação em 1916, com a sobrecarga "República". Os exemplares 209 Apontamentos: Escudo desta chapa foram retirados de circulação em 1926. Aparecem muito pouco no mercado, pois representavam um valor muito elevado na época. Foram substituídas pelas notas de 100$00, Chapas 1 e 2, que iniciaram a circulação em 1918 e 1920, respectivamente. Eram notas de uma dimensão apreciável (204x126 mm). A nota apresentava uma composição de autoria do belga Eugène Mouchon a representar a partida da armada de Pedro Álvares Cabral com D. Manuel I sentado no trono à direita. 210 Apontamentos: Escudo 211 Apontamentos: Escudo Legislação Segue-se a listagem da legislação associada à emissão do Escudo e suas diversas moedas, cédulas oficiais e outra legislação monetária: 212 Lei de 1911-05-22 publicado no DG 122 (1911-05-26): Cria o escudo de ouro como unidade monetária. Define características técnicas para todos os valores da nova moeda: em ouro: 10$, 5$ e 1$; em prata: 1$, $50, $20 e $10; em bronze-níquel: $04, $02, $01 e $005. De todas estas novas moedas, apenas as de $50, $20 e $10 chegaram a ser fabricadas com as características indicadas. Lei de 1913-06-21 publicado no DG 144 (1911-06-23): Elimina o valor de $005 e altera as características das restantes moedas de bronze. Define regras de arredondamento a adoptar pelas repartições e elimina algumas portagens de atravessamento de pontes (Ponte D. Luís). Permite o uso de moedas de 5 réis apenas entre particulares. 1914-06-30 L 220: uniformiza o toque das moedas de prata, passando a moeda de 1$ de 900 a 835 milésimos. Ordena o fabrico de 1 milhão de moedas de 1$ comemorativas da implementação da República para circularem a partir do dia 5 de Outubro (artigos 20º a 22º). 1914-10-03 L 997: autoriza a moeda de 1$ comemorativa do dia 5 de Outubro. 1917-04-21 L 679 Altera o Decreto-lei de 1911, cria as moedas de bronze de 1 e 2 centavos e cuproníquel de 4 centavos. 1917-08-15 D 3296: manda recolher as moedas de prata monárquicas com excepção das comemorativas e autoriza a emissão de cédulas de $02, $05 e $10. 1918-04-22 D 4120: retira de circulação as cédulas de $05 da Santa Casa da Misericórdia e autoriza a emissão de cédulas da Casa da Moeda de igual valor. 1918-09-09 D 4849: Autoriza a cunhagem de moeda corrente em ferro nos valores faciais de 1,2 e 4 centavos. 1920-02-28 L 950: Modifica a liga das moedas de bronze da Lei 679. 1920-06-25 L 990: Cria as moedas de $10 e $20 de cuproníquel e $05 de bronze. 1920-12-09 L 1085: Cria as moedas de $05 de bronze. 1922-08-04 L 1297: Autoriza a emissão de cédulas de $20. 1923-05-15 L 1424: Autoriza a cunhagem de moeda de $50 e 1$ de bronze-alumínio. 1923-06-21 D 8940: descrimina as características das moedas de $50 e 1$ de bronzealumínio. 1924-02-07 L 1545: Faculta ao poder executivo a emissão de moeda. 1924-05-23 D 9718: Cria moedas de bronze de $05, $10 e $20 para substituição das cédulas de papel. 1924-05-23 D 9719: Regulamenta as emissões de $50 e 1$ bronze-alumínio criadas pela lei 1424. 1925-04-11 D 10687: autoriza nova emissão de cédulas de $20. 1926-11-26 D 12740: define competências na emissão de moeda. 1926-12-17 D 12892: retira de circulação as moedas de $01, $02, $04 e $05 centavos. 1927-06-21 D 13797: Moedas da alpaca de $50 e 1$. 1928-04-09 D 15331: define competências na emissão de moeda. Apontamentos: Escudo 1928-04-18 D 15386: Autoriza a emissão da moeda da Batalha de Ourique. 1929-04-18 P 6102: retira de circulação as moedas de $10 e $20 de cuproníquel. 1931-06-09 D 19869: Decretos da Estabilização da moeda: Redefine o escudo ouro padrão; estabelece o regime da moeda 2$50, 5$ e 10$ prata (caravela). 1931-06-09 D 19871: Decretos da Estabilização da moeda: Regulamenta todo o sistema monetário 50$, 100$ e 250$ ouro (nunca emitidas); 2$50, 5$ e 10$ prata (caravela); manda recolher as moedas de prata de $10, $20, $50 e 1$ republicanas e também as monárquicas comemorativas do centenário da Índia, Guerra Peninsular e Marquês de Pombal, sendo todas pagas por peso ($20 a grama); retira de circulação em 1932-01-01 as moedas de $50 e 1$ de bronze-alumínio. 1943-01-29 D 32648: Cria os X e XX centavos de bronze. 1948-10-27 D 37120: Aumenta os limites de emissão da moeda de prata, retira a moeda de bronze de $05, $10 e $20 da emissão 1924-40. 1954-01-02 D 39508: cria novo tipo de 10$ de prata e autoriza a Moeda Renovação Financeira de 20$. 1954-12-31 DL 40021: retira as moedas de 10$ de prata emitidas entre 1932-48 em 101-1955, com prazo de troca até 28-02-1955. 1956-10-31 DL 40839: Altera os limites de emissão para as moedas de 1$ de alpaca. 1958-03-13 DL 41557: Altera os limites de emissão para as moedas de $10, $50 de alpaca. 1959-02-05 DL 42138: Cria a série henriquina. 1959-07-03 DL 42357: Reformula a Série Henriquina. 1959-08-22 DL 42463: Altera os limites de emissão $20. 1960-08-27 DL 43134: Altera os limites de emissão $10. 1961-03-11 DL 43531: Altera os limites de emissão das moedas de prata de 2$50, 5$00 e 10$00 e das moedas de alpaca de $50 e 1$00. 1961-05-06 DL 43667: Altera os limites de emissão das moedas de $10 e $20. 1962-08-28 DL 44546: Altera os limites de emissão das moedas de $10 X. 1963-01-04 DL 44841: Altera os limites de emissão das moedas de $20 XX. 1963-06-12 DL 45129: Cria as moedas de cuproníquel de 2$50 e 5$. 1963-06-12 DL 45130: Altera os limites de emissão das moedas de $10, $20 e $50. 1966-04-15 DL 46961: Retira de circulação os 10$ de prata (em 1 Maio 1966). 1966-07-23 DL 47111: Autoriza emissão da moeda Ponte Salazar. 1969-04-30 DL 49001: Autoriza emissão de moeda Pedro Álvares Cabral. 1969-08-04 DL 49167: Cria um novo sistema de moeda metálica com as novas moedas: $10 alumínio (16mm); $20, $50 e 1$ em bronze; 10$ em níquel. 1970-08-12 DL 399/70: Autoriza a emissão da moeda Vasco da Gama. 1970-11-06 DL 525/70: Altera o DL 49167, nomeadamente as características físicas da moeda de $10 de alumínio (15mm) e a legenda do bordo da moeda de 10$. 1971-07-17 DL 311/71: Autoriza emissão da moeda Marechal Carmona. 1972-02-28 DL 134/72: Autoriza a emissão da moeda Banco de Portugal. 1972-10-24 DL 399/72: Autoriza a emissão da moeda Os Lusíadas. 1975-12-31 DL 766/75: Altera as características das moedas de 10$ de níquel para cuproníquel (não emitidas). 213 Apontamentos: Escudo 214 1976-05-25 DL 381/76: Cria série comemorativa 25 de Abril. 1976-12-15 DL 847/76: Cria moedas de 25$. 1977-09-03 DL 369/77: Aumenta limites de emissão para as moedas de 5$00. 1977-11-11 DL 472/77: Aumenta os limites de emissão das moedas de 2$50 e de 1$00. 1977-12-30 DL 534/77: Altera as características físicas da moeda de 25$, aumenta o peso de 8g para 9,5g. 1978-03-16 DL 46/78: Autoriza a emissão comemorativa Alexandre Herculano. 1979-12-28 DL 519R/79: Altera as características físicas da moeda de 25$, aumenta o diâmetro para 28,5 mm e o peso para 11g. 1980-08-16 DL 299/80: Autoriza a emissão das séries comemorativas das Regiões Autónomas Açores e Madeira. 1980-11-17 DL 545/80: Cria um novo tipo de moeda de 1$ em latão-níquel. 1981-03-31 P 307/81: Define características moeda comemorativa Região Autónoma dos Açores. 1981-09-15 DL 267/81: Retira de circulação as moedas de X e XX centavos, $50 e 1$ de alpaca, $10 de alumínio, $20 de bronze e 10$ de níquel, com efeito a partir de 1-011982. 1981-12-04 DL 325/81: Autoriza a emissão da moeda Luís de Camões. 1981-12-04 DL 326/81: Reformula as características da emissão comemorativa das Regiões Autónomas. 1981-12-07 DL 333/81: Aprova os Estatutos da Imprensa Nacional-Casa da Moeda (alterado posteriormente pelo DL 479/82). 1982-09-04 DL 353/82: Autoriza a emissão da Série Ano Internacional do Deficiente. 1982-09-04 DL 354/82: Autoriza a emissão da Série Mundial de Hóquei de Patins 1982. 1982-12-23 DL 479/82: Alterações aos Estatutos da Imprensa Nacional-Casa da Moeda (alterado posteriormente pelo DL 138/98) 1983-01-22 DL 22/83: Altera características para a emissão do Ano Internacional do Deficiente. 1983-02-11 DL 84/83: Autoriza a emissão da série comemorativa da XVII Exposição de Ciência, Arte e Cultura. 1983-04-30 DL 168/83: Retira de circulação as moedas de 25$ módulo menor, efectivo a 1-07-1983. 1983-05-03 DL 176/83: Descreve como será a comercialização de moeda metálica pela INCM - espécimes numismáticos (revogado pelo DL 325/84) 1984-02-27 DL 70/84: Autoriza a moeda FAO Conferência das Pescas. 1984-04-16 DL 123A/84: Autoriza a emissão da moeda 25 de Abril. 1984-04-26 DL 127/84: Autoriza a emissão da Série FAO. 1984-05-28 DL 183/84: Autoriza a moeda Ano Internacional da Criança. 1984-10-09 DL 325/84: Altera os regulamentos de comercialização de moedas metálicas e outros espécimes numismáticos (revogado pelo DL 178/88). 1986-02-06 DL 17A/86: Autoriza a emissão relativa a Fernando Pessoa. 1986-02-06 DL 17B/86: Autoriza a emissão relativa à Adesão à CEE. 1986-03-11 DL 47/86: Autoriza a emissão da série relativa a 1385 (Cortes de Coimbra e Batalha de Aljubarrota). Apontamentos: Escudo 1986-04-30 DL 76A/86: Autorização da emissão da moeda relativa ao Mundial de Futebol México 1986. 1986-17-17 DL 191/86: Autoriza a emissão da moeda D. Afonso Henriques. 1986-09-12 DL 293/86: Revê o sistema de moeda metálica (alterado pelo DL 138/98, revogado pelo DL 246/2007) com as novas moedas: 1$, 5$, 10$ de latão-níquel; 20$ e 50$ de cuproníquel; retira a moeda de 1$ bronze a ser efectivo em 1-01-1987. 1987-06-03 DL 224A/87: Autoriza a emissão da moeda comemorativa do Mundo Rural. 1987-07-24 DL 282/87: Autoriza a emissão da Primeira Série dos Descobrimentos. 1988-05-15 DL 159/88: Autoriza a emissão da moeda comemorativa dos Jogos Olímpicos de Seul. 1988-05-19 DL 178/88: Regulamentação da actividade de produção e comercialização de espécies numismáticos (alterado pelo DL 138/98). 1988-07-17 DL 210/88: Autoriza a emissão da moeda relativa à Autonomia dos Açores. 1988-11-19 DL 427/88: Retira de circulação as moedas de 5$ de cuproníquel, com efeito a partir de 1-01-1989. 1989-04-27 DL 134/89: Retira do uso legal, a partir de 30 de Junho de 1989, a moeda de 25$00, de liga de cuproníquel, criada pelo DL 519R/79. 1989-05-04 DL 144/89: Autoriza a emissão da moeda Amadeu Souza Cardoso. 1989-10-11 DL 343/89: Autoriza a Segunda Série dos Descobrimentos. 1989-10-17 DL 355/89: Autoriza a emissão da moeda relativa à Batalha de Ourique. 1989-12-20 DL 439A/89: Cria uma nova moeda bimetálica de 100$. 1990-01-08 DL 13/90: Altera as normas reguladoras do exercício do comércio de câmbios, das operações cambiais e das operações sobre o ouro. 1990-11-24 DL 363/90: Autoriza a emissão da moeda de Camilo Castelo Branco. 1990-11-24 DL 364/90: Autoriza a emissão da moeda relativa à Restauração da Independência. 1991-04-23 DL 156/91: Cria uma nova moeda bimetálica de 200$. 1991-05-25 DL 193/91: Autoriza a Terceira Série dos Descobrimentos. 1991-05-25 DL 366/91: Publica as características da nova nota de 2000 escudos. 1991-10-04 DL 367/91: Autoriza a moeda relativa a Antero de Quental. 1991-11-30 DL 449/91: Autoriza a emissão da moeda Encontro de Dois Mundos. 1992-04-21 DL 63/92: Autoriza a emissão da moeda relativa à Presidência da CEE. 1992-05-23 DL 94/92: Autoriza a emissão da moeda relativa aos Jogos Olímpicos de Barcelona. 1993-03-01 DL 57/93: Autoriza a emissão da Quarta Série dos Descobrimentos. 1994-05-19 DL 129/94: Autoriza a emissão da moeda de Lisboa Capital Europeia da Cultura. 1994-06-03 DL 157/94: Autoriza a Quinta Série dos Descobrimentos. 1994-06-03 DL 158/94: Autoriza a emissão da moeda relativa ao Tratado de Tordesilhas. 1994-10-25 DL 266/94: Autoriza a emissão da moeda O Lobo. 1995-03-31 DL 122/95: Autoriza a emissão da série D. António Prior do Crato e Açores. 1995-03-31 DL 123/95: Autoriza a emissão da série do cinquentenário da ONU. 1995-05-23 DL 110/95: Autoriza a emissão da moeda relativa a D. João II. 215 Apontamentos: Escudo 216 1995-05-23 DL 111/95: Autoriza a emissão da Sexta Série dos Descobrimentos. 1995-09-13 DL 234/95: Autoriza a moeda relativa a Santo António. 1995-10-23 DL 270/95: Autoriza a emissão da moeda relativa à Fragata D. Fernando II e Glória. 1995-10-30 DL 285/95: Publica as características das novas notas de 2000 e 5000 escudos. 1996-02-12 DL 8/96: Autoriza a emissão da moeda Jogos Olímpicos de Atlanta. 1996-07-05 DL 90/96: Publica as características das novas notas de 1000 e 10000 escudos. 1996-07-24 DL 101/96: Autoriza a Sétima Série dos Descobrimentos. 1996-10-09 DL 191/96: Autoriza a emissão da moeda relativa a Nossa Senhora da Conceição. 1996-10-09 DL 192/96: Autoriza a emissão da moeda Banco de Portugal. 1997-07-08 DL 171/97: Autoriza a Primeira Série EXPO 98. 1997-07-22 DL 176/97: Publica as características da nova nota de 500 escudos. 1997-07-30 DL 194/97: Autoriza a Oitava Série dos Descobrimentos. 1997-12-05 DL 341/97: Autoriza a emissão da moeda relativa a Padre António Vieira. 1997-12-05 DL 342/97: Autoriza a moeda relativa aos Pauliteiros de Miranda. 1997-12-24 DL 377A/97: Autoriza a emissão da moeda relativa ao Crédito Público. 1998-03-17 DL 62/98: Autoriza a emissão da moeda relativa à Ponte Vasco da Gama. 1998-05-16 DL 138/98: Estabelece regras fundamentais a observar no processo de transição para o Euro, complementando o ordenamento jurídico comunitário existente. Retira as moedas de $50 e 2$50, com efeito a partir de 1-10-1998 (revogado pelo DL 246/2007). 1998-05-30 DL 150/98: Autoriza a Segunda Série EXPO 98. 1998-06-06 DL 153-98: Autoriza a emissão da moeda Santa Casa da Misericórdia. 1998-10-27 DL 318/98: Autoriza a Nona Série dos Descobrimentos. 1998-10-27 DL 319/98: Autoriza a emissão da moeda relativa a D. Manuel I. 1999-01-29 DL 29/99: Autoriza a emissão da moeda Liga dos Combatentes. 1999-05-04 DL 147/99: Autoriza a emissão da moeda 25 de Abril. 1999-10-08 DL 307/99: Autoriza a emissão da série relativa à UNICEF. 1999-11-08 DL 313/99: Autoriza a emissão da Décima Série dos Descobrimentos. 1999-11-08 DL 314/99: Autoriza a emissão da moeda Milénio do Atlântico. 1999-11-05 DL 456/99: Autoriza a emissão da moeda relativa à transferência de soberania sobre Macau. 2000-07-04 DL 113/2000: Autoriza a emissão da moeda relativa aos Jogos Olímpicos de Sidney. 2000-07-04 DL 114/2000: Autoriza a emissão da moeda Presidência da UE. 2000-09-01 DL 203/2000: Autoriza a emissão da moeda Eça de Queiroz. 2000-10-17 DL 255/2000: Autoriza a emissão da moeda D. João de Castro. 2000-11-18 DL 299/2000: Autoriza a Décima Primeira Série dos Descobrimentos. 2001-04-17 DL 117/2001: Retira de circulação todas as moedas designadas em escudos (1$ 1980-86, e todas as do DL 293/86) com data efectiva a partir de 1-03-2002. Apontamentos: Escudo 2001-05-25 DL 167/2001: Autoriza a emissão da moeda Porto 2001 Capital Europeia da Cultura. 2001-09-22 DL 252/2001: Autoriza a emissão da moeda relativa ao Europeu de Futebol 2004. 2001-12-28 DL 339B/2001: Autoriza a emissão da moeda de Escudo flor de cunho ouro. Abreviaturas utilizadas: D Decreto DG Diário do Governo, na falta de numeração dos diplomas legais, indica-se o respectivo Diário do Governo onde foi publicado. DL Decreto-Lei (numerado sequencialmente até 1969, no formato nn/yy a partir de 1970 e no formato nn/yyyy a partir de 2000) L Lei P Portaria 217 Apontamentos: Escudo Bibliografia Na escrita deste trabalho foi utilizada como bibliografia relativa à numismática e notafilia as seguintes obras: Alberto Gomes “Moedas Portuguesas e do Território que é hoje Portugal”. 5.ª edição José Valério “Moedas Comemorativas Portuguesas” 1.ª edição M. Trigueiros “A Grande História do Escudo Português” “Papel-Moeda em Portugal - Banco de Portugal” edição do Banco de Portugal, 2.ª edição L. M. Tudella “Numária – o Papel Moeda”. Diário da República. Para a descrição das comemorações e símbolos utilizados recorreu-se a: www.wikipedia.org www.infopedia.pt Para as imagens recorreu-se a: 218 www.coindatabase.com www.forum-numismatica.com www.numismatas.com www.moedas-comemoratias.blogspot.com Apontamentos: Escudo Índice Mundo Rural.................................................................................................................................. 3 1ª Série Descobrimentos: Navegações e Descobrimentos da Costa Ocidental Africana.............. 4 Amadeu Souza Cardoso............................................................................................................... 10 500 Escudos Ch. 12 Mouzinho da Silveira ................................................................................... 12 5000 Escudos Ch. 2 Antero de Quental....................................................................................... 15 Jogos Olímpicos de Seul .............................................................................................................. 18 5000 Escudos Ch. 2A Antero de Quental .................................................................................... 20 Moeda Bimetálica de 100 escudos ............................................................................................. 22 2ª Série Descobrimentos: Navegações e Descobrimentos dos Arquipélagos Atlânticos ........... 24 Batalha de Ourique ..................................................................................................................... 29 10000 Escudos Ch. 1 Egas Moniz ................................................................................................ 30 Restauração da Independência ................................................................................................... 34 Camilo Castelo Branco ................................................................................................................ 36 Moeda Bimetálica de 200 Escudos.............................................................................................. 37 Antero de Quental....................................................................................................................... 38 3ª Série Descobrimentos: Descoberta da América ..................................................................... 39 2000 Escudos Ch. 1 Bartolomeu Dias .......................................................................................... 46 Presidência da CEE ...................................................................................................................... 49 Jogos Olímpicos de Barcelona ..................................................................................................... 51 1ª Série Ibero-Americana: Encontro de Dois Mundos ................................................................ 52 4ª Série dos Descobrimentos: 450 anos do Encontro Portugal – Japão ..................................... 54 Lisboa ’94 Capital Europeia da Cultura ....................................................................................... 59 5.ª Série Descobrimentos: Dividindo Mares e Terra ................................................................... 60 Tratado de Tordesilhas................................................................................................................ 66 2.ª Série Iberoamericana: Animais em vias de Extinção - O Lobo .............................................. 68 50º Aniversário da ONU e da FAO ............................................................................................... 70 Centenários de D. António Prior do Crato e da Autonomia dos Açores ..................................... 73 6.ª Série dos Descobrimentos: Na Rota das Especiarias ............................................................. 77 8º Centenário de Santo António ................................................................................................. 86 5.º Centenário de D. João II......................................................................................................... 87 2000 escudos Ch. 2 Bartolomeu Dias .......................................................................................... 88 219 Apontamentos: Escudo 5000 escudos Ch. 3 Vasco da Gama ............................................................................................ 91 7.ª Série dos Descobrimentos: Navegando no mar da China ..................................................... 94 Jogos Olímpicos de Atlanta ‘96 ................................................................................................. 101 150º Aniversário do Banco de Portugal .................................................................................... 103 Fragata D. Fernando e Glória .................................................................................................... 104 Nossa Senhora da Conceição .................................................................................................... 106 1000 escudos Ch. 13 Pedro Álvares Cabral ............................................................................... 108 10000 escudos Ch. 2 Infante D. Henrique ................................................................................. 110 1ª Séria EXPO ’98: Fauna marítima costeira portuguesa e Expedições oceanográficas ........... 113 8.ª Série dos Descobrimentos: A Missionação Cristã................................................................ 121 Padre António Vieira ................................................................................................................. 132 3.ª Série Iberoamericana: Danças e Trajes típicos – Pauliteiros de Miranda ........................... 135 Crédito Público .......................................................................................................................... 137 500 escudos Ch. 13 João de Barros ........................................................................................... 141 9.ª Série dos Descobrimentos: Descoberta do Caminho Marítimo para a Índia ...................... 145 2.ª Série EXPO ’98: EXPO ’98 e Ano Internacional dos Oceanos ............................................... 151 Ponte Vasco da Gama ............................................................................................................... 153 Santa Casa da Misericórdia de Lisboa ....................................................................................... 155 D. Manuel I ................................................................................................................................ 156 Liga dos Combatentes ............................................................................................................... 159 UNICEF....................................................................................................................................... 161 10.ª Série dos Descobrimentos: O Mundo Novo, Brasil............................................................ 163 Macau........................................................................................................................................ 167 25.º Aniversário do 25 de Abril ................................................................................................. 169 3.ª Série EXPO ’98: Milénio do Atlântico................................................................................... 170 Jogos Olímpicos de Sidney 2000 ............................................................................................... 172 11.ª Série dos Descobrimentos: Novas Fronteiras Marítimas .................................................. 173 Eça de Queiroz........................................................................................................................... 180 Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia ......................................................... 180 4.ª Série Iberoamericana: Homem e o Seu Cavalo ................................................................... 181 D. João de Castro ....................................................................................................................... 183 Porto 2001 Capital Europeia da Cultura.................................................................................... 184 Europeu de Futebol 2004 .......................................................................................................... 185 Edições Especiais ....................................................................................................................... 187 220 Apontamentos: Escudo Erros e Variantes ....................................................................................................................... 195 Moedas ou “Moedas” ............................................................................................................... 199 Notas de Réis com Sobrecarga “República” .............................................................................. 200 Legislação .................................................................................................................................. 212 221 Apontamentos: Escudo Índice Remissivo 1 10 000 escudos, 31 10$00, 4 100$00, 5, 11, 23, 26, 35, 37, 40, 71, 74, 115, 162 1000 escudos, 109 1000$00, 54, 68, 69, 88, 105, 107, 115, 137, 139, 152, 156, 157, 160, 170, 171, 183, 184, 186 10000 escudos, 112 2 200$00, 38, 41, 51, 52, 56, 60, 62, 71, 79, 95, 102, 115, 123, 147, 152, 162, 164, 173, 174 2000 escudos, 48, 89 25 de Abril, 170 250$00, 20, 30 5 500 escudos, 14, 143 500$00, 87, 105, 133, 154, 168, 181, 185 5000 escudos, 16, 22, 92 A AB Tumba Bruk, 14 Adamastor, 171 Agricultura, 14 Alípio Pinto, 74 Álvaro França, 74 Amadeo de Souza-Cardoso, 11 Ano Internacional dos Oceanos, 152 Antero de Quental, 16, 22, 40 António Machado, 26 António Marinho, 35, 41, 52, 56, 62, 79, 95, 123, 147, 164, 174 António Vidigal, 184 Arjo Wiggins, 93, 112 Arquipélago da Madeira, 26 arquipélago dos Açores, 25 Atletismo, 20 autonomia dos distritos dos Açores, 74 B Banco de Portugal, 104 Bartolomeu Dias, 5, 48, 89 Batalha de Ourique, 30 Beato José de Anchieta, 122 bimetálica, 24, 38, 60, 71, 102, 115, 152, 162, 173 British American Bank Note, Inc., 32, 48, 109 222 C Camilo Castelo Branco, 37 Cavalo Lusitano, 183 Chegada a Tanegashima, 56 China, 95 Clara Menéres, 162 conquista de Malaca, 79 Crédito Público Português, 138 Cristóvão Colombo, 41 cuproníquel, 5, 11, 20, 26, 30, 35, 37, 40, 41, 51, 52, 56, 62, 74, 79, 95, 123, 147, 164, 174 D D. Afonso de Albuquerque, 79 D. António, prior do Crato, 74 D. João de Castro, 184 D. João II, 62, 88 D. Manuel I, 157 De La Rue Giori, SA, 90, 93, 109, 112, 143 Descoberta da América, 41, 54 Descoberta da Austrália, 79 Descoberta do Brasil, 164 desenvolvimento da arte e cultura Namban, 56 Diogo Cão, 5 Duarte Pacheco Pereira, 164 E Eça de Queiroz, 181 Egas Moniz, 31 Eloisa Byrne, 56, 62, 79, 95, 123, 147, 164, 174 Espiga Pinto, 152 Europeu de Futebol, 186 Expedições Oceanográficas, 115 EXPO 98, 152 F Fabrica Nacional de Moneda y Timbre, 110 FAO, 71 Fernando Conduto, 162 Fernão de Magalhães, 174 foca monge, 115 fragata D. Fernando II e Glória, 105 François-Charles Oberthur Fiduciaire, 143 G Garcia de Orta, 39 Apontamentos: Escudo Gieseche & Devrient, 90 Gil Eanes, 5 golfinho, 115 Molucas, 79 Morte no Mar, 164 Mouzinho da Silveira, 14 mundo rural, 4 H Helder Baptista, 4, 20, 107, 133 I ilhas Canárias, 25 ilhas de Solor e de Timor, 79 Índia, 146 Infante D. Henrique, 62, 112 introdução das armas de fogo no Japão, 56 Irene Vilar, 11, 30, 37, 40, 105, 137, 185 Irmão Bento de Góis, 122 Isabel Carriço e Fernando Branco, 5, 26, 41, 51, 54, 56, 60, 62, 69, 79, 95, 123, 147, 164, 174 J João Cutileiro, 152 João de Barros, 143 João Duarte, 71, 139 João Rodrigues Cabrilho, 45 Joaquim Correia, 157 Jogos Olímpicos Barcelona 1992, 52 Jogos Olímpicos de Atlanta, 102 Jogos Olímpicos de Seul, 20 Jogos Olímpicos de Sidney, 173 Jorge Vieira, 5 José Aurélio, 170 José Cândido, 24, 39 José João de Brito, 156, 161 José Simão, 115, 186 K Komori Currency Technology UK Ltd., 48 L latão-níquel, 4 Liga dos Combatentes, 160 Lima de Freitas, 87 Lisboa 94 Capital Europeia da Cultura, 60 Lobo Ibérico, 69 Luís Filipe de Abreu, 14, 17, 22, 32, 48, 90, 93, 109, 112, 143 M Macau, 95 Milénio do Atlântico, 171 Moçambique, 146 N navegação astronómica, 25 Navegações para Ocidente, 41 Nogueira da Silva, 68, 88, 173 Nossa Senhora da Conceição, 107 Nuno Tristão, 5 O Office Français des Papiers Fiduciaires et Surfins, 17, 22 ONU, 71 P Padre António Vieira, 133 Padre Luís Fróis, 122 Papierfabrik Louisenthal, 90 Partilha do Mundo, 62 Paula Lourenço, 169 Pauliteiros de Miranda, 137 Paulo Guilherme, 5, 26, 41, 171, 181 Pedro Álvares Cabral, 109, 164 Pedro Nunes, 24 Ponte Vasco da Gama, 154 Portals Limited, 32, 143 Porto 2001 — Capital Europeia da Cultura, 185 prata, 54, 68, 69, 87, 88, 105, 107, 115, 133, 137, 139, 152, 154, 156, 157, 160, 168, 170, 171, 181, 183, 184, 185, 186 presidência portuguesa do Conselho da Comunidade Europeia, 50 primeira embaixada dos daimius de Kiushu a Portugal, 56 R Raul Machado, 5, 26, 41, 56, 62, 79, 95, 105, 115, 123, 147, 164, 174 Região Administrativa Especial de Macau, 168 Restauração da Independência, 35 S Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, 156 Santo António, 87 São Francisco de Xavier, 122 Sião, 95 223 Apontamentos: Escudo T Taiwan, 96 Terra do Lavrador, 174 Terra do Natal, 146 Terra dos Corte-Reais, 174 Terra Florida, 174 Thomas de La Rue & Co Ltd, 17, 22, 93, 112 Tratado de Tordesilhas, 62, 68 224 U UNICEF, 162 V Vasco da Gama, 92, 146 Veiligheidspapierfabriek Ugchelenbv, 49 Vítor Santos, 102, 115, 154, 183 Apontamentos: Escudo 225