2 CORREIO DO POVO Sábado, 30 de abril de 2005 LIVROS Por Tiaraju Brockstedt LANÇAMENTOS Conto, romance, entre outros temas Ensaios sobre a antologia do presente, ciência e a tecnologia Chega ao Brasil o primeiro livro de Wladimir Kaminer, uma das maiores revelações literárias da Alemanha nos últimos tempos. “Balada russa” mostra com humor a vida dos imigrantes russos em Berlim. Esse lançamento da editora Globo se completa com outro romance, “Fazer amor”, de JeanPhilippe Toussaint, e títulos com temas diversos, como “Retratos de uma guerra”, “Segredos do céu”, “O colar de Neandertal”, “Aspectos do romance” e, finalmente, o livro “Quem contará as pequenas histórias”, uma biografia de Augusto Frederico Schimidt. “Balada russa” é uma coletânea de contos de Kaminer que discute questões sérias da vida contemporânea européia, como o drama dos imigrantes. A obra é a estréia do autor na literatura, livro rico em descrições e casos pitorescos, além de oferecer dados importantes da história contemporânea. Considerado um dos maiores escritores em língua francesa da atualidade, Toussaint já está nas livrarias com seu título mais recente, “Fazer amor”. A cidade de Tóquio serve de cenários ao casal de protagonistas; ele, um homem em plena crise dos 40 anos de idade; ela, uma estilista que está na cidade para expor seus vestidos num moderno museu local. Os pequenos abalos sísmicos da cidade anunciam a ruptura entre os dois, que na cama do hotel estão se amando pela última vez. Os ce- C R ELATIVIDADE — Em “Tudo é relativo – E outras fábulas da ciência e tecnologia” (Difel), Tony Rothman corrige enganos dando crédito àqueles que merecem, pondo fim a séculos de crenças ao longo da distorcida história da ciência e da tecnologia. São histórias fascinantes sobre quem descobriu o planeta Netuno, quem inventou o telégrafo ou a máquina a vapor. M USICALIDADE — “Inteligência musical essencial” (Cultrix), de Louise Montello, mostra como podemos usar intencionalmente a música para curar corpo, mente e espírito. Prática e pesquisa clínica ajudaram a autora a descobrir o que chama de “inteligência musical essencial (IME), nossa capacidade inata de usar o som para ir além da mente consciente e alcançar diretamente os níveis mais profundos do ser, onde a verdadeira cura pode ocorrer. U NIVERSIDADE — “Novas tecnologias & Universidade – Da didática tradicionalista à inteligência artificial: desafios e armadilhas” (Vozes), de Alvim Antônio de Oliveira Netto, mostra que o papel do educador é transformar sujeitos passivos em cidadãos críticos. Enfoca o processo de construção do conhecimento na escola atual com o professor no papel de mediador, supervisor e consultor, além de co-aprendiz. P R E V I S IBILIDADE — “O Livro de ouro das profecias” (Ediouro), de Tony Allan, traz 4 mil anos de previsões, visionários, videntes, oráculos, sonhos, premonições, histórias e profecias. É um painel da tradições de histórias e pessoas fantásticas, capazes de ter visões passageiras em que o oculto se tornava visível e o desconhecido era revelado. M ODERNIDADE — A análise formal dos usos da palavra modernidade é premissa de “Modernidade singular – Ensaio sobre a ontologia do presente” (Civilização Brasileira), de Fredric Jameson. Ele apresenta conceitos de modernidade e modernismo, os mais controversos e vigorosamente debatidos nos campos da filosofia contemporânea e da teoria cultural. H UMANIDADE — “A Alma de um padre – Testemunho de uma vida” (Ed. da Universidade do Sagrado Coração e Academia Brasileira de Letras) é a autobiografia do padre Fernando Bastos de Ávila, sacerdote e missionário engajado nos problemas sociais e políticos de seu tempo. Mostra seus sentimentos, angústias e alegrias, além do sacerdote como um ser humano igual aos outros. H IST OR I CI DA DE — “História das relações internacionais – A Pax Britannica e o mundo do século XIX” (Vozes), de Antônio Carlos Lessa, analisa a formação histórica dos Estados nacionais, a evolução das relações entre eles, formas que buscaram para manejá-las e valores políticos, econômicos e culturais que constituíram a ordem internacional. I NDIVIDUALIDADE — Tchekov e Kafka serviram de inspiração ao escritor Francisco Pereira Rodrigues em seu novo trabalho literário, a novela “Sonhos mortos”, que chega às livrarias pela Martins Livreiro – Editor. Num balcão de um bar, um cliente misterioso relembra a trajetória de sua vida desde quando era criança e viu um grupo de anjos. O desenrolar de sua história tem como cenário guerras e revoluções, incluindo a Farroupilha, o golpe de 1964 e até o horror de Hitler na Alemanha. Rodrigues é autor de vários outros títulos, como “Sombras e sangue”, “Memórias de um vereador”, “Terra afogada”, “Desumana solidão” e “Apenas um adeus”. NÃO nários e os elementos da moderna Tóquio e o modo de agir particular dos japoneses se embaralham com os movimentos dos personagens por todo o hotel e suas redondezas. “Retratos de uma guerra – Histórias do conflito entre israelenses e palestinos”, de Ariel Finguerman, reúne matérias sobre o conflito palestino-israelense escritas nos últimos quatro anos pelo repórter brasileiro. O matemático David Berlinski escreveu “Segredos do céu”, uma verdadeira viagem pela história da astrologia. O autor revela seus princípios e mostra como suas idéias se relacionam com a ciência moderna. Paleontologia é o tema de “O colar de Neandertal”, do professor catedrático da Universidade de Madri Juan Luís Arsuaga. Ele descreve a trajetória dos hominídeos de uma outra humanidade, não ancestral dos seres humanos, misteriosamente desaparecidos há 30 mil anos. “Aspectos do romance”, de E. M. Forster, é um relançamento. Trata-se da reunião de quatro conferências proferidas em Cambridge que se tornaram um clássico da teoria literária. A nova edição traz duas resenhas do autor, um trecho curioso do “Livro dos lugares-comuns” e uma palestra tirada da BBC. “Quem contará nossas pequenas histórias”, de Letícia Mey e Euda Alvim, é a biografia do poeta, empresário e político carioca Augusto Frederico Schmidt. DEIXE DE LER A ignorância é um dom para Antoine, protagonista da sátira de Martin Page em “Como me tornei estúpido” (publicação da editora Rocco). Para o jovem estudante de aramaico, filho de um pai birmanês e de mãe bretã, a inteligência e a consciência crítica se transformam em problemas para alcançar a felicidade na sociedade atual. O anti-herói do autor francês decide investir na idiotice como forma de sobrevivência. Do alcoolismo ao antidepressivo, ele vai tentar todos os meios possíveis para se tornar uma completa nulidade. O livro narra um caso extremo e bem-humorado de rebeldia contra uma sociedade que exige a estupidez como passaporte e oferece a massificação como prêmio. Page mostra como as tentativas de se tornar ignorante ajudam na ascensão social e profissional de Antoine, que de repente passa a freqüentar o mundo dos bem-sucedidos executivos financeiros de Paris, até que acaba vulnerável ao próprio veneno e passa a aguardar um improvável “resgate” do novo, complicado e inesperado mundo em que se meteu. “Como me tornei estúpido” faz uma crítica afiada ao consumismo e ao pretenso livre-arbítrio, que torna todos semelhantes na sociedade de massa. Page tem uma escrita saborosa, recheada de citações e referências (principalmente do cinema). Ele confessa a influência em sua obra do surrealista Boris Vian e já foi comparado a Tchekov e Jane Auster. Seu livro seria uma versão atual, com sotaque francês e um sopro de humor, do “Cândido”, de Voltaire. OS CAMINHOS DA AUTO-AJUDA Técnicas ocidentais que sustentam o processo do Reiki como proteção e cura podem ser conferidas em “As mais belas técnicas do Reiki – Instrumentos maravilhosos de cura para o primeiro, segundo e terceiro graus de Reiki”, de Walter Lübeck e Frank Arjava Petter. No livro “Mandalas – 32 caminhos de sabedoria”, de Celina Fioravanti, a autora ensina como utilizar como oráculo as 32 cartas coloridas que acompanham o livro (com desenhos de Vagner Vargas), úteis também para passar mensagens intuitivas, receber boas vibrações e fazer exercícios de meditação. Cada desenho contém estrutura fundamentada na antiga tradição mística, cuja origem é a Cabala. Publicações da editora Melhoramentos. ESTANTE Atenção à coleção L&PM Pocket: VIAGEM — Thomaz Brandolin escreveu “Sozinho no Pólo Norte – Uma aventura na terra dos esquimós”. A obra narra a trajetória da viagem dos sonhos do autor, preparada durante dois anos e narrada desde os preparativos, trechos do diário de bordo e o convívio com os esquimós MITOLOGIA — Com ilustrações de Eduardo Uchôa, “Deuses, heróis & monstros – As asas de Ícaro e outras his- tórias da mitologia para crianças” foi escrito por A. S. Franchini e Carmen Seganfredo. Temas: o nascimento de Vênus, Eco e Narciso, o toque de Midas, a caixa de Pandora, Perseu e a cabeça da Medusa, Belerofonte e Pégaso, Cupido e Psiquê, Teseu e o Minotauro e o pomo da discórdia. POESIA — Jane Tutikian fez seleção e prefácio de “O delírio amoroso e outros poemas”, de Bocage. Mestre do erotismo, o português Manuel Maria l’Hedoux du Bocage só teve seu talento reconhecido na posteridade. O livro tem por base “Receios de mudança no objetivo amado”, que contém 122 poemas, entre cantatas, odes, sonetos, elegias e outras formas. BATALHA — “A última batalha”, de Cornelius Ryan, o mesmo autor de “O mais longo dos dias”, é o clássico rela- to da queda de Berlim, a batalha final da Segunda Guerra Mundial. Lançado em 1966 e inédito até hoje no Brasil, traz os mais variados efeitos da Segunda Grande Guerra. REPÚBLICA — Hélio Silva é o autor de “1889: A República que não esperou o amanhecer”. O livro abre a série de 16 volumes sobre a história brasileira do fim do século XIX e início do século XX. Trata-se do chamado “O Ciclo de Vargas”, que há anos estava esgotado. Maria Cecília Ribas Carneiro colaborou no livro.