A RETENÇÃO NO COMPONENTE CURRICULAR DE CÁLCULO I DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA DO INSTITUTO FEDERAL DE PERNAMBUCO – Campus CARUARU Fabíola Nascimento dos Santos Paes – [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco – Campus Caruaru Rua Barão de Souza Leão, 626 – Aptº 201 – Boa Viagem CEP 51.030-300 – Recife - PE Caio Vinícios Juvêncio da Silva – [email protected] Av. Jaboatão, 353 - Santa Rosa. CEP 55026-530 – Caruaru - PE Paulo Felipi de Melo Barbosa – [email protected] Av. Lívio Teobaldo de Azevedo, 242 – José Fernandes Salsa CEP 55700-000 – Limoeiro – Pernambuco Resumo: Os cursos de engenharia nos mostram como evoluímos. Prédios, energia, peças, veículos, navios, computadores... tecnologias que, hoje, não nos imaginamos sem utilizá-las. Para tanto é preciso formar cidadãos aptos para desenvolver novas tecnologias e, neste caso, os engenheiros serão nossos orientadores. Devido ao grande número de reprovação em componentes curricular como Cálculo Diferencial e Integral, propomos oferecer um curso pré-cálculo direcionado a estudantes candidatos ao ingresso nos cursos de engenharia. O intuito é melhorar o desempenho dos mesmos quando do efetivo ingresso no referido curso, tentando desta forma, diminuir os índices de retenção e desistência tão comuns nos cursos de exatas. Palavras-chave: Pré-Cálculo, Engenharia, Retenção, Ensino de Engenharia. 1. INTRODUÇÃO Educar é formar a inteligência, o coração e o espírito (Michaelis, 2011). Para tanto, vencer desafios é fundamental. Cada obstáculo é uma forma de aprimorarmos nossos conhecimentos e amadurecer o espírito. Para evoluir, o homem lança mão da ciência. Com ela é possível à conquista dos sonhos. A conquista do que se acredita ser impossível torna-se executável a partir da evolução. No cenário nacional existe uma grande preocupação com o ingresso dos estudantes nos cursos que vislumbram o progresso da ciência. Porém, as escolas de engenharia apontam um alto índice de retenção e desistência nos primeiros anos. A grande questão: “O que deve ser feito para atenuarmos essas retenções e desistências?” No âmbito Instituto Federal de Pernambuco - Campus Caruaru, a realidade não é diferente. Em 2012.1, dos 42 estudantes matriculados no componente curricular de Cálculo I do curso de Engenharia Mecânica, 26 ficaram retidos, ou seja, 62% deles e outros 14% desistiram do curso. Alguns motivos para o alto índice de reprovação são citados por docentes e discentes. Entre eles estão: • A carência no ensino médio de professores qualificados; • Baixo tempo de dedicação ao estudo; • Falta de compromisso do estudante; • A não articulação do Ensino Médio com o Ensino Superior. Com o intuito de diminuir este índice, consideramos a implantação de um curso précálculo, onde visamos proporcionar de forma mais amena a passagem da matemática do Ensino Médio ao curso superior, oferecendo condições aos discentes de desenvolverem a autocrítica e a autonomia no estudo vencendo, desta forma, as dificuldades. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Os cursos de engenharia nos mostram como evoluímos. Prédios, energia, peças, veículos, navios, computadores... tecnologias que, hoje, não nos imaginamos sem utilizá-las. Para tanto é preciso formar cidadãos aptos para desenvolver novas tecnologias e, neste caso, os engenheiros serão nossos orientadores. Para que possamos continuar nesta evolução precisamos formar bons profissionais. O desenvolvimento de atividades só acontece com sujeitos que têm habilidades específicas e que só serão melhoradas com o estudo aprofundado. [...] as disciplinas da área da matemática como Álgebra Linear, Cálculo Diferencial e Integral A e B, Geometria Analítica, Cálculo Numérico e Estatística são uma teorias dedutivas e exigem que seus alunos possuam o pensamento hipotético dedutivo ou formal para que o aprendizado seja realizado com êxito (FILHO, FERNANDE, 2001). Considerando o comentário de Fernandes Filho (2001), o ensino das disciplinas de análise de cálculo se relaciona com o progresso cognitivo do discente, uma vez que as disciplinas da área de exatas necessitam de um pensamento hipotético-dedutivo. De acordo com dados coletados junto à Coordenação de Registros Acadêmicos e Diplomação (CRAD) do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) – Campus Caruaru, dos 42 estudantes que ingressaram no curso de Engenharia Mecânica em 2012.1, 62% ficaram retidos, número bastante alto. No entanto, no panorama nacional, não é diferente. Além disto, nos deparamos com 14% de desistentes, totalizando 76% de estudantes que não obtiveram êxito. Observe o gráfico: Gráfico 1: Levantamento Estatístico da Turma Regular de Cálculo I - 2012.1 14% 12% 12% Aprovados Aprovados na Final Reprovados 26% Reprovados por Falta Desistência 36% Fonte: Coordenação de Registro Acadêmico e Diplomação – IFPE – Campus Caruaru Alguns motivos para o alto índice de reprovação são citados por docentes e discentes. São eles: • • • • • • A deficiência do ensino médio; Falta de tempo para estudo; Falta de vontade do discente; A falta de articulação do ensino médio com o ensino superior; Falta de integração docente – discente; Inflexibilidade ibilidade do docente. Observa-se se que o índice de reprovação está relacionado ao baixo rendimento apresentado noo ensino médio, uma vez que os estudantes ingressos são provenientes de instituições privadas e/ou ou públicas. Outro agravante é o fato de que alguns estudantes têm a necessidade de exercer alguma atividade remunerada no turno contrário às aulas, o que os impossibilita dedicarem mais tempo aos estudos. O vínculo entre docentes e discentes também melhora o desempenho dos estudantes. [...] Desenvolvemos Desenvolvemos assim, a hipótese de que Cálculo Diferencial e Integral não recebe a devida atenção, entre os estudantes, pelo fato de sua história ser desconhecida pela maioria das pessoas e pelo grau de dificuldade que esta matéria apresenta não só para os leigos lei como também para p os iniciados na matemática. (GUEDIN, UGGIONI, UGGIONI 2004). Preocupados com o grande índice de retenção em Cálculo Diferencial e Integral, os estudantes ingressos criam aversão a este componente curricular, imaginando que o nível de dificuldade seja superior ao que eles podem alcançar. Devido à grande reprovação constatada no primeiro semestre, a Direção de Ensino do IFPE – Campus Caruaru decidiu oferecer turma extra para minimizar o impacto das retenções. A seguir, apresentamos a relação entre as notas e o quantitativo de estudantes nas turmas regular e extra. Gráfico 2: Relação entre nota e quantitativos de estudantes da turma regular 70% 61% Quantitativos de Estudantes 60% 50% 40% 25% 30% 20% 10% 6% 6% 2 a 3,9 4 a 5,9 Nota 3% 0% 0 a 1,9 6 a 7,9 8 a 10 Fonte: Coordenação de Registro Acadêmico e Diplomação – IFPE – Campus Caruaru Gráfico 3: Relação entre nota e quantitativos de estudantes da turma extra Quantitativos de Estudantes 60% 50% 50% 40% 36% 30% 20% 7% 10% 7% 0% 0% 0 a 1,9 2 a 3,9 4 a 5,9 Nota 6 a 7,9 8 a 10 Fonte: Coordenação de Registro Acadêmico e Diplomação – IFPE – Campus Caruaru Comparando os gráficos, observamos que a porcentagem de estudantes que atingiram notas entre 6,0 e 7,9 aumentou sensivelmente e o quantitativo entre as notas abaixo de 2,0 teve, igualmente, uma queda expressiva. Além disso, também percebemos que o percentual das notas entre 2,0 e 4,0 manteve-se no mesmo patamar e representa um pequeno número de estudantes. Uma estratégia pensada para tentar diminuir este índice foi reforçar os conteúdos do Ensino Médio e fazer a articulação com o Ensino Superior. Assim, montamos um projeto de extensão e desenvolvemos esta atividade nas aulas do curso do Programa de Formação em Pré-cálculo. Assim, foi feita uma revisão de todo conteúdo necessário à evolução do estudante no componente de Cálculo I. O Programa de Formação em Pré-Cálculo tem por objetivo principal o bom desempenho dos estudantes que ingressarem no curso de Engenharia Mecânica do IFPE. Visando uma boa articulação entre os conteúdos do Ensino Médio e do Ensino Superior e suavizando o impacto da transição entre os dois níveis. 3. OBJETIVOS E METAS Oferecer um curso pré-cálculo direcionado a estudantes que ingressarão nos cursos de engenharia, ou afins, com o intuito de melhorar o desempenho e a permanência dos mesmos quando do efetivo ingresso nos referidos cursos. Especificamente objetiva-se ao desenvolvimento das habilidades algébricas e do pensamento hipotético-dedutivo; a interligação da matemática no Ensino Médio com o Ensino Superior e a consolidação dos conteúdos básicos da matemática. Perseguimos a meta da aprovação no componente curricular de Cálculo I, de no mínimo 70% dos estudantes que passarem pelo curso pré-calculo além da elevação dos índices de permanência para 80%. 4. METODOLOGIA Foram ofertadas 25 vagas para cada turma, totalizando 50 vagas no ano. A primeira turma teve início em fevereiro/2013 e a segunda começará em agosto/2013. As aulas têm duração de 03 (três) horas e ocorrem uma vez por semana, sendo ministradas pelo docente/coordenador e acompanhada pelos discentes bolsistas que podem ampliar seus conhecimentos, despertando, também, o interesse pela docência. Os discentesbolsistas auxiliam no desenvolvimento das atividades tirando dúvidas dos estudantes que têm mais dificuldades. Como instrumentos didático-pedagógicos foram utilizados datashow, apostilas do curso e o espaço da biblioteca. A apostila foi desenvolvida pelo professor-orientador em conjunto com os discentesbolsistas envolvidos no projeto. Ela foi elaborada a partir das dificuldades apontadas pelos discentes das turmas anteriores. Os conteúdos que apresentaram maiores dificuldades de aprendizado foram funções, polinômios e trigonometria. Por isto, são os conteúdos tratados e aprofundados no curso. Aplicação de um pré-teste e um pós-teste, mostrará como anda o desenvolvimento de cada estudantes ao longo do curso sobre os conteúdos ministrados. A avaliação deve ser entendida como um processo que permitirá acompanhar o desempenho dos estudantes e obter o retorno de suas aprendizagens, para isso o estudante fornecerá feedbacks contínuos que sejam orientadores de um processo crescente. O conjunto de avaliação será analisado a partir da frequência de 75%; participações regulares nas discussões sugeridas pelo docente/orientador; da resolução dos exercícios disponibilizados a cada semana e da aplicação de testes com questões de múltipla escolha a cada 45 dias e ao final do curso. Será considerado aprovado e terá direito ao certificado de participação o estudante que obtiver rendimento igual ou maior a 70%. Para a realização do curso é necessário uma infraestrutura mínima que foi atendida pelo campus, tais como: ambientes climatizados; recursos multimídias; laboratório de informática e materiais de expediente. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Acreditamos que o desenvolvimento deste curso, pode proporcionar a melhoria do desempenho acadêmico dos estudantes nas disciplinas de cálculo I a III, e consequentemente em disciplinas da área de exatas que recorrem aos conteúdos matemáticos, tais como: física e química; a redução da retenção nos componentes curriculares do 1º ano do curso de engenharia e/ou afins; a redução da desistência do curso de engenharia e/ou afins durante o 1º ano e o desenvolvimento do interesse pela docência por parte dos estudantes bolsistas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FERNANDES FILHO, Orlando Prado. Determinantes qualitativos do ensino-aprendizado e da docência do ensino superior. Disponível em: <http://www.abenge.org.br/CobengeAnteriores/1999/st/t/t034.PDF> Acesso em 09 dez. 2012. FERNANDES FILHO, Orlando Prado. O desenvolvimento Cognitivo e a reprovação no curso de engenharia. Disponível em: <http://www.abenge.org.br/CobengeAnteriores/2001/trabalhos/MTE006.pdf> Acesso em: 09 dez. 2012. GUEDIN, Juliana & UGGIONI, Edison. UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE. Cálculo Diferencial e Integral: o ensino como uma abordagem história e sua contextualização, 2004. 46p. Monografia. THE RETENTION IN THE ACADEMIC COMPONENTS CALCULUS I OF COURSE MECHANICAL ENGINEERING OF THE INSTITUTE FEDERAL PERNAMBUCO Campus CARUARU Abstract: The engineering courses show us how we have evolved. Buildings, energy, parts, vehicles, ships, computers ... technologies that we don’t imagine ourselves without using them. For this, it is necessary to form citizens capable to develop new technologies and, in this case, the engineers will be our guide. Due to the large number of failure in curricular components as differential and integral calculus, we propose to offer a pre-calculus course directed to students who apply to enroll in engineering courses. The aim is to improve their performance when they join the course, trying this way, to reduce the rates of retention and dropout, so common in the engineering courses. Keys-words: Pre-Calculus, Engineering, Retention, Engineering Education.