SANASA – CAMPINAS
Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S/A
CONCEPÇÃO DAS ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTOS
DO MUNICÍPIO DE CAMPINAS/SP
Engº Sérgio Raimundo Grandin
Engenheiro Sanitarista pela PUC-Campinas, 1.984; Mestre em Engenharia Hidráulica e Sanitária pela Escola
Politécnica da USP, 1.992; Atuou em serviços de engenharia consultiva para a SABESP no período de 1.989-92 e
como Engenheiro da CETESB no período 1.992-97. É Engenheiro Sênior da Gerência de Planejamento e Projetos da
SANASA-Campinas, desde 1.997.
Endereço: Av. da Saudade, 500 - Ponte Preta, Campinas - SP - CEP: 13041-903 - Tel.: (19) 3735-5122 - FAX: (19)
3735-5351 - e-mail: [email protected]
PALAVRAS-CHAVE: tratamento de esgotos; concepção; ETE’s; Reator UASB; pós-tratamento.
Material de apoio para a apresentação: Projetor multimídia com computador; Programa Power Point; Quadro
Branco.
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1.
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OBJETIVO
O tratamento de esgotos vem sendo priorizado pela SANASA de forma marcante e decisiva para a
recuperação da qualidade das águas em Campinas e nos municípios a jusante, estando entre as ações de
enfrentamento mais urgentes diante de um cenário que aponta para riscos iminentes de colapso nos sistemas públicos
de abastecimento de água.
Este trabalho tem por objetivo apresentar considerações sobre as concepções dos sistemas de tratamento de
esgotos em uso no município de Campinas, enfocando fatores que influenciaram a escolha e os avanços mais
significativos, visando contribuir com subsídios para o planejamento e projetos de novas ETE´s.
2. DESENVOLVIMENTO
A concepção das principais ETE’s em operação e em implantação no município de Campinas, com as
respectivas vazões médias de final de plano, é apresentada na Tabela 1, responsáveis em alcançar a curto prazo a
almejada meta de 70% de esgoto tratado.
Tabela 1. Concepção das ETE’s da SANASA-Campinas
ETE’s
Vazão
(L/s)
Concepção de Tratamento
*
Anhumas
1.200
Reator UASB + tratamento físico-químico, com Flotação por Ar Dissolvido
Piçarrão
556
Reator UASB + Lodos Ativados, com clarificação por Flotação com Ar Dissolvido
Barão Geraldo
319
Reator UASB + Filtro Biológico Percolador de Alta Taxa + Decantador Secundário
Boa Vista
221
Reator UASB + Filtro Biológico Aerado Submerso + Decantador Secundário
Samambaia
204
Lodos Ativados - aeração prolongada, com decantador de alta taxa e digestor aeróbio
Sousas
99
Reator UASB + tratamento físico-químico, com Flotação por Ar Dissolvido
Santa Mônica
85
Reator UASB + Lodos Ativados, com clarificação em decantador de alta taxa
San Martin
35
Reator UASB + Lodos Ativados, com reatores seqüenciais em batelada
Ciatec
25
Lagoa Aerada Aeróbia + Lagoa Aerada Facultativa / Sedimentação
Alphaville
25
Lodos Ativados - aeração prolongada, com reatores seqüenciais em batelada
Santa Rosa
13
Lodos Ativados - aeração prolongada, com reatores seqüenciais em batelada
Arboreto
12
Lodos Ativados - aeração prolongada, com reatores seqüenciais em batelada
Terras do Barão
7
Lodos Ativados - aeração prolongada, com reatores seqüenciais em batelada
Icaraí
5
Tanque Séptico + Filtro Anaeróbio de Fluxo Ascendente
Villa Réggio
5
Tanque Séptico + Filtro Anaeróbio de Fluxo Ascendente
CDHU – H
4
Tanque Séptico + Filtro Anaeróbio de Fluxo Ascendente
(*) Vazão média de esgotos sanitários, no final de plano (ano 2020)
Em geral, a concepção de sistemas tratamento de menor porte, em operação mais recente, tem sido de lodos
ativados por batelada, (ETE’s Santa Rosa, Alphaville, Arboreto e Terras do Barão), principalmente em condomínios
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e loteamentos residenciais, para populações entre 2.000 e 10.000 habitantes. Nesses casos, no que se refere ao
tratamento do lodo, para vazões menores e locais com área disponível (Arboreto, Terras do Barão), têm-se optado
por leitos de secagem, e para vazões maiores e locais com pouca área disponível, têm sido utilizado adensamento por
gravidade (Santa Rosa) ou adensamento mecânico (Alphaville), seguidos de desidratação mecânica com centrífuga.
Por outro lado, nas pequenas ETE’s, em operação há mais tempo, com população até cerca de 3.000 habitantes
(Icaraí, CDHU – H, e Villa Réggio), foi utilizada a concepção de sistema de tanque séptico (decanto-digestor)
seguido de filtro anaeróbio de fluxo ascendente, devido a simplicidade para projeto e instalação e os custos reduzidos
dos serviços de manutenção e operação. Também com concepção simples, a ETE CIATEC, encontra-se em operação
desde agosto/94, originalmente como lagoa anaeróbia seguida de lagoa facultativa, para vazão de 11,4L/s, e,
atualmente, devido a necessidade de elevar a capacidade de tratamento para cerca de 25L/s, com a concepção
modificada para lagoa aerada aeróbia (mistura completa) seguida de lagoa aerada facultativa e de sedimentação.
A SANASA, com base na Lei municipal nº 8.838 de 15 de março de 1.996, tem solicitado para novos
empreendimentos, em áreas não atendidas integralmente pelo sistema público de esgotos, o projeto e implantação de
sistema próprio de tratamento de esgotos. Foram centenas de projetos já analisados e aprovados, a maioria de
pequeno porte apresentando concepção de tanque séptico seguido de filtro anaeróbio de fluxo ascendente, e alguns
de lodos ativados por batelada para maiores vazões. Essas ETE’s têm sido operadas pelos próprios usuários, e no
caso de loteamentos residenciais, gradativamente transferidas à SANASA.
A ETE Samambaia, em operação desde junho/2001, encontra-se a montante da captação de água do rio
Atibaia do município de Campinas. A concepção constitui-se de processo de lodos ativados na modalidade aeração
prolongada, porém com diferenciações inovadoras visando economia construtiva e desempenho. Os tanques de
aeração constituem-se de duas unidades em série, com diques de terra compactada no solo escavado, revestidos com
manta sintética. Os decantadores secundários são de alta taxa, dotados de placas planas paralelas de fluxo laminar,
sendo os três módulos retangulares construídos em estrutura de concreto acoplada à saída do segundo tanque de
aeração. Foram previstos digestores aeróbios para maior estabilização do lodo, antecedendo as unidades de
adensamento por gravidade em tanques retangulares com fundo tronco-piramidal, e desidratação por centrífuga. O
efluente tratado vem apresentando excelente qualidade (DBO5 e SS inferiores a 10mg/L), sendo que a SANASA
realizou ajustes no processo para melhoria do desempenho e redução dos custos operacionais. Devido às baixas
vazões de início de plano foram deixados em modo de espera o primeiro tanque de aeração e dois módulos de
decantadores secundários. O sistema de aeração com aeradores mecânicos superficiais de alta rotação e fluxo de ar
induzido, foi substituído por aeradores submersos de melhor eficiência de oxigenação e mistura. Nos decantadores
secundários foram instalados aspersores para quebra de escuma, e a taxa de recirculação de lodo foi elevada ao
máximo para evitar entupimentos no barrilete inferior, que deve ter concepção que garanta velocidades de arraste
adequadas na extração de lodo por bombeamento. Está prevista a implantação de sistema de desinfecção por
ultravioleta, estando em teste, desde 2002, uma unidade piloto com reator de aço inox em posição horizontal e
perpendicular ao fluxo, com lâmpadas imersas de média pressão e alta intensidade, protegidas com tubos de quartzo.
As ETE’s Santa Mônica e Piçarrão foram concebidas com Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente e Manto
de Lodo (Reator UASB) associado com Lodos Ativados, seguindo tendência da aplicação de processos anaeróbios
combinados com processo de pós-tratamento aeróbio, e disseminada por diversos pesquisadores no período de
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concepção dos projetos (Campos, 1999; Chernicharo, 1997). A ETE Santa Mônica, inaugurada recentemente, possui
concepção construtiva mais simplificada, utilizando aeradores mecânicos tipo submersos, e clarificação em
decantador secundário de alta taxa similar ao da ETE Samambaia. Antes do lançamento no córrego da Lagoa (classe
02), foi prevista a desinfecção com cloração em tanque de contato utilizando hipoclorito de sódio e a descloração
com dióxido de enxofre, além de pós-aeração em tanque com aerador mecânico superficial de alta rotação. Os
descartes de lodo são realizados dos reatores UASB - que também recebe o excesso de lodo aeróbio para digestão e
adensamento - e enviados a leitos de secagem com cobertura. Na ETE Piçarrão, a ser inaugurada em junho/2004,
foram introduzidas concepções construtivas mais sofisticadas. O sistema de aeração será por ar difuso com painéis
fixos difusores de membranas flexíveis de bolha fina, e para a clarificação foi previsto sistema de flotação com ar
dissolvido, em vez de decantadores que quase sempre estão associados com distúrbios operacionais (bulking) em
processos de lodos ativados. O lodo será desidratado através de decanter centrífugo, e como o efluente será lançado
no córrego Piçarrão (classe 04) não foi necessária a desinfecção, apenas pós-aeração através de escada hidráulica.
Nos estudos realizados para as ETE’s Boa Vista e Barão Geraldo (SANASA, 2001, 2002), ambas em fase
de licitação de obras, foram selecionadas e pré-dimensionadas diversas alternativas de tratamento de esgotos, com
base nas concepções atuais mais difundidas na literatura técnica e de maior potencial de uso no país (Alem Sobrinho
& Jordão, 2001; Von Sperling, 1995), comparando o sistema de lodos ativados na modalidade aeração prolongada,
com reatores UASB associados a diversos sistemas de pós-tratamento: filtro biológico percolador de alta taxa, com
decantador secundário (FBP), filtro biológico aerado submerso, com decantador secundário (FBAS), biofiltro aerado
submerso (BAS), filtro anaeróbio de fluxo ascendente (FAN), flotação por ar dissolvido (FAD), lagoa aerada, lodos
ativados convencional, lodos ativados por batelada. Com base em análise tecnológica multicritério e multiobjetivo,
através do método de ponderação aditiva simples, foi observado destaque para as alternativas com reatores UASB e
para pós-tratamento aeróbio em reatores com biomassa fixa (aderida como biofilme) ou mesmo com sistema híbrido
(biomassa fixa e em suspensão). Desse modo, para a ETE Boa Vista foi escolhido o sistema UASB + FBAS,
notadamente devido à qualidade requerida no efluente para lançamento no córrego Boa Vista (classe 02) e patamar
relativamente plano para implantação das unidades. No caso da ETE Barão Geraldo foi escolhido o sistema UASB +
FBP, devido à qualidade menos restritiva para lançamento no ribeirão Anhumas (classe 04), e a topografia
acidentada do terreno que facilita a implantação de unidades deste tipo. Em ambas as ETE’s, para garantia de
desempenho e facilidade de operação e manutenção dos filtros, foi previsto meio filtrante de material plástico não
estruturado, de elevada área específica e índice de vazios.
A ETE San Martin, em fase de licitação de obras, exigiu atenção diferenciada no estudo de alternativas
(SANASA, 2002). Decidiu-se pela implantação inicial do sistema de lodos ativados por batelada, com aeradores
superficiais flutuantes de baixa rotação, concepção bastante indicada para as pequenas vazões de início de plano e
primeira etapa, com flexibilidade para que na segunda etapa se decida pela construção de outros módulos com a
mesma concepção, ou então pela construção de reatores UASB, utilizando como pós-tratamento o sistema de lodos
ativados por batelada existente. Desse modo, a concepção final poderá ser consolidada com base na confirmação
mais precisa das vazões da segunda etapa, e também com o avanço das pesquisas com pós-tratamento utilizando
sistemas de lodos ativados por batelada, associação esta não muito incentivada atualmente devido aos problemas
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decorrentes da pequena quantidade de lodo nos tanque de aeração/decantação, e aeração em lâminas líquidas
bastante baixas.
Para a ETE Anhumas, em fase de implantação, e ETE Sousas, em fase de licitação de obras, o estudo de
alternativas de processo de tratamento (SEREC, 2003), foi desenvolvido com base em um estudo técnico-econômico
e financeiro entre três alternativas – UASB seguido de Flotação por ar dissolvido (FAD), UASB seguido de Filtro
Biológico Aerado Submerso (FBAS), e Lodos Ativados – sendo escolhida a primeira devido ao menor custo de
implantação e menor área ocupada, considerados atraentes pelo fato da ETE Anhumas requerer grande parte dos
recursos financeiros, encontrando-se em área restrita e valorizada, e por conta da ETE Sousas estar em área bastante
acidentada e de preservação ambiental. Também contribuiu para essa escolha, as recentes pesquisas e aplicações do
sistema UASB + FAD, as quais demonstraram menor consumo de cloreto férrico e polieletrólito para o póstratamento físico-químico nas unidades de coagulação/floculação/flotação por ar dissolvido, caso se deseje apenas a
remoção de carga orgânica (DBO) e sólidos (SS), bastando aumentar a dosagem de cloreto férrico em caso de
necessidade de remoção de fósforo, principal nutriente para controle da floração de algas e eutrofização nos cursos
d´água e represas a jusante do lançamento. O pós-tratamento com flotação por ar dissolvido constitui-se basicamente
de instalações de casa de química com tanques de armazenamento e bombas dosadoras de cloreto férrico e
polieletrólito; calha Parshall para mistura rápida e coagulação; tanques floculadores com três câmaras em série
dotadas de agitadores do tipo turbina axial; prédio com sistema de saturação (conjuntos motor-bomba centrífugos de
recirculação/pressurização, compressores de ar tipo pistão, e tanques saturadores com recheio de peças de plástico);
flotadores circulares com raspadores superficial e de fundo mecanizados; e elevatórias com poço de sucção e
recalque do lodo químico.
A concepção dos projetos mais recentes tem sido bastante aprimorada, uma vez que a SANASA tem
solicitado a previsão de facilidades no arranjo físico das unidades, para possibilitar a melhoria da qualidade do
efluente com o máximo de aproveitamento das instalações existentes. A nitrificação não foi incluída na concepção de
algumas ETE’s devido à tendência de maior flexibilização com relação à exigência de remoção de amônia nos
processos de tratamento. Mas se necessária futuramente esta etapa de tratamento, as ETE´s Anhumas e Sousas
estarão preparadas para inclusão de tanques de aeração, compressores, flotadores adicionais e recirculações,
modificando a concepção de pós-tratamento para Lodos Ativados. Na ETE Barão Geraldo, os Filtros Biológicos
Percoladores poderão ser transformados em Filtros Biológicos Aerados Submersos, com a inserção de sistemas de
aeração e recirculações. Para atender um controle de poluição ainda mais exigente na bacia, também foi previsto nas
principais ETE’s reservas estratégicas de área e adaptações de processo, para complementação de remoção de
nitrogênio através da desnitrificação em reatores anóxicos, remoção de fósforo por tratamento físico-químico com
adição de cloreto férrico, e remoção de organismos patogênicos através da desinfecção.
O tratamento preliminar, quase sempre negligenciado no projeto das ETE´s, recebeu atenção especial
principalmente para evitar obstruções e descontroles operacionais nos reatores UASB. No gradeamento grosseiro
mecanizado a montante da Estação Elevatória de Esgotos Brutos (EEEB), o espaçamento entre barras foi reduzido de
70mm para 20mm, sendo até previsto, em um dos casos, duas grades em série, uma manual com abertura de 40mm e
outra mecanizada com abertura de 19mm. Para o gradeamento fino, a jusante da EEEB, o espaçamento entre barras
foi reduzido de 10mm para 3mm, com a indicação de peneiras mecanizadas tipo escada para instalação em canal.
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Para a remoção de areia, nas maiores ETE´s, tem sido previsto dasarenadores gravimétricos, em caixas prismáticas
quadradas, com limpeza mecanizada através de raspador de fundo circular e transportador de areia do tipo parafuso.
A remoção prévia de óleos e graxas (OG) visando minimizar o acúmulo de escuma nos reatores UASB foi
sempre uma preocupação. Algumas concepções prevêem a sua retirada a partir da instalação de cortinas na caixa de
areia e encaminhamento direto ao pós-tratamento aeróbio, ou então até um reator específico para a sua degradação
aeróbia inicial para após seguir ao pós-tratamento aeróbio. Nos projetos recentes estima-se que a formação de
escuma será minimizada em conseqüência das peneiras no tratamento preliminar, dispensando a remoção prévia de
OG, e sendo previsto dispositivos internos ao reator UASB, constituídos de calhas coletoras e tubulações para
descarga de escuma até caixas externas com selo hídrico, de onde serão escoadas diretamente ao tanque de lodo para
desidratação em conjunto com os lodos de descarte do processo, ou então para degradação no sistema de póstratamento aeróbio.
Os reatores UASB foram projetados com seção transversal retangular, formando módulos de um a oito
reatores cada, dependendo da ETE. Para a distribuição de vazão, as concepções de projeto têm dado preferência em
realizar a maior divisão possível externamente ao reator UASB, utilizando diversas caixas divisoras de vazões com
vertedores, além de simetria hidráulica do sistema de tubulações. Os sistemas de distribuição com tubulações
perfuradas internas aos reatores têm sido evitados. Os separadores de fases e defletores inicialmente previstos de
material plástico reforçado com fibra de vidro, devido ao elevado custo, passaram a ser de lonas de laminado de PVC
reforçadas com substrato de poliéster, simplificando inclusive a execução. Com relação ao fechamento do reator,
inicialmente eram previstas telhas de fibra de vidro, sendo que os gases contidos entre a superfície líquida e a
cobertura dos reatores seriam continuamente succionados através de exaustor centrífugo e enviados para o sistema de
controle de odores do tipo reator biológico de leito fixo, e os gases provenientes dos separadores, com maior
concentração de metano, seriam enviados aos queimadores tipo flare. Nos projetos recentes, os reatores passaram a
ser totalmente fechados com laje de concreto armado, possibilitando que os gases sejam totalmente direcionados aos
queimadores, a partir da parte superior interna do UASB, entre a laje de cobertura e o nível de água. É interessante
notar que essa concepção, além da redução da espessura das paredes do reator, permitiu a eliminação de fontes de
emissão de odores de grande área de cobertura dos reatores e respectivo sistema de controle de odores, que se
necessário eventualmente, poderá ser implantado com base nas tecnologias disponíveis, algumas de fácil instalação e
baixo custo, através da aspersão de produtos redutores na atmosfera circundante às fontes.
Para o tratamento do lodo, nos projetos mais recentes, previu-se tanques com misturadores para recebimento
e homogeneização dos descartes de lodo, e prédio de desidratação: no pavimento térreo com instalações para bombas
de deslocamento positivo de alimentação de lodo, e condicionamento químico com unidades automatizadas de
diluição e dosagem de polímeros; no pavimento superior com a desidratação mecânica, utilizando centrífugas do tipo
“decanter” ou prensas parafuso do tipo “Contipress”, com descarga da torta por gravidade e transporte horizontal
automático através de roscas até caçambas estacionárias externas. A torta deverá possuir teor mínimo de sólidos
igual a 20%, com expectativa de chegar a 22% ou até um máximo de 25% nas condições mais favoráveis. Para
secagem adicional, visando alcançar teores superiores a 30%, nas ETE´s Anhumas e Boa Vista com porte e reserva
de áreas disponíveis no presente, foram previstos galpões tipo estufa agrícola, incluindo caminhões basculantes, pá
carregadeira, e trator com revolvedor lateral. A concepção adotada levou em consideração o destino a ser dado ao
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lodo, que a princípio será em aterro sanitário particular de outro município, e posteriormente deverá incluir a
produção de biossólidos para disposição benéfica no solo e uso agrícola. Ao invés das estufas, outra alternativa seria
a adição posterior de cal ao lodo desidratado para se alcançar 30% de teor de sólidos, mas não foi considerada
atrativa, devido ao elevado consumo de produto químico, aumento da produção de lodo, e perda do macronutriente
nitrogênio presente no lodo. Em vez de centrífugas ou prensas parafuso, associadas com estufa agrícola, outra
alternativa seria somente a utilização de filtro prensa de placas, com uso de polieletrólito para condicionamento do
lodo e de cloreto férrico para desprendimento da torta das telas, porém não foi escolhida devido ao maior custo de
implantação e consumo de produtos químicos.
Nas ETE’s em implantação, com lançamento em cursos d´água classe 02, foi previsto sistema de
desinfecção com cloração em tanque de contato, utilizando hipoclorito de sódio para as de menor porte (Sousas e San
Martin), e sistema automático com cloro gás para a de médio porte (Boa Vista). Não foi previsto sistema de
descloração para evitar a formação de trihalometanos, devido à presença de nitrogênio amoniacal no efluente que
reage preferencialmente com o cloro formando cloraminas. Para a pós-aeração foi adotado escada hidráulica e/ou
aeradores mecânicos instalados no tanque de contato, sendo que a concepção adotada para as ETE´s Anhumas e
Sousas permitiu dispensar essa operação unitária, uma vez que o sistema de flotação é capaz de produzir um efluente
com teor mínimo de oxigênio dissolvido de 4,0mg/L. As ETE’s também contam com sistema de armazenamento e
dosagem de hidróxido de sódio (soda cáustica líquida comercial) para controle automático do pH do esgoto bruto,
correção de anomalias e alcalinidade complementar ao processo. Além disso, também é previsto sistema de
armazenamento e dosagem de anti-espumante nos efluentes finais em locais de queda livre.
A Tabela 2 apresenta os indicadores de custo de implantação e de produção de lodo das principais ETE´s.
Os fluxogramas apresentados a seguir, permitem a visualização da configuração das principais operações e processos
unitários utilizados na concepção de projeto das ETE’s Anhumas, Piçarrão, Barão Geraldo e Boa Vista.
Tabela 2. Indicadores de custo de implantação e de produção de lodo das ETE’s da SANASA-Campinas
ETE
Carga
População
Orgânica
Equivalente
(KgDBO5/dia)
(hab)
Anhumas
31.104
Piçarrão
Custo de Implantação
Produção de Lodo
(R$)
(R$/hab)
(KgSST/dia)
(gSST/hab.dia)
576.000
43.378.416,09
75
19.135
33
21.617
400.315
55.025.270,07
137
4.686
12
Barão Geraldo
8.269
153.130
17.104.310,09
112
4.224
28
Boa Vista
6.683
123.760
16.656.626,43
135
3.260
26
Samambaia
4.177
77.350
8.463.029,50
109
1.924
25
Sousas
2.566
47.520
8.565.354,79
180
1.576
33
Santa Mônica
1.785
33.055
5.386.134,00
163
228
7
San Martin
1.063
19.685
6.463.073,95
328
504
26
Observações:
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1.
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Carga orgânica de projeto em relação à DBO5 do esgoto bruto afluente à ETE, para a vazão média no final
de plano (ano 2020).
2.
População equivalente de projeto em relação à carga orgânica média de final de plano, considerando
contribuição per capita de 54gDBO5/hab. dia.
3.
Os custos de implantação das ETE´s Anhumas, Piçarrão, Samambaia e Santa Mônica foram estimados a
partir das obras licitadas, e as demais ETE´s a partir dos projetos executivos, e atualizados para abril/2004.
4.
Produção de lodo em massa, base seca, a ser encaminhada para disposição final. Não considera o lodo
gerado no tratamento preliminar (grades, peneiras e desarenadores).
3. CONCLUSÕES
As principais ETE’s da SANASA – Campinas incluíram na concepção o Reator Anaeróbio de Fluxo
Ascendente e Manto de Lodo (Reator UASB), associado a alternativas diversificadas de pós-tratamento (Lodos
Ativados, Flotação por Ar Dissolvido, Filtro Biológico Aerado Submerso e Filtro Biológico Percolador),
possibilitando o projeto de ETE´s com excelentes níveis de remoção de carga poluidora, e com grande flexibilidade
para atender fatores econômicos e ambientais críticos (custo de implantação; custo de operação; consumo de energia;
produção de lodo), o que vem contribuindo para que elevados índices de tratamento de esgotos se tornem uma
realidade no município. A concepção dos projetos mais recentes tem sido bastante aprimorada, incorporando os mais
modernos conceitos de projeto e operação em todas as fases do tratamento.
Para o avanço efetivo e bem sucedido na área de tratamento de esgotos, as empresas municipais de
saneamento, na fase de concepção e escolha de alternativas de tratamento de esgotos, devem estabelecer com clareza
todos os objetivos, procurar envolver a maior quantidade possível de agentes decisores, se libertar de paradigmas, e
buscar continuamente soluções inseridas no contexto técnico, ambiental, sócio-econômico e político de cada
localidade.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALEM SOBRINHO, P.; JORDÃO, E. P. Pós-tratamento de efluentes de reatores anaeróbios – uma análise crítica
In: CHERNICHARO (coord). Pós-tratamento de efluentes de reatores anaeróbios. PROSAB. B. Horizonte (2001)
CAMPOS, J. R., coordenador. Tratamento de esgotos sanitários por processo anaeróbio e disposição controlada no
solo. PROSAB. Rio de Janeiro. 435 p. (1999).
CHERNICHARO, C.A.L. Reatores anaeróbios. In: Princípios do tratamento biológico de águas residuárias. Belo
Horizonte. UFMG. 246 p. (1997).
ENCIBRA–CONCREMAT. Projeto Executivo da ETE Boa Vista. (2004).
FIPAI – São Carlos/SP. Projeto Executivo da ETE Santa Mônica. (2001).
PROESPLAN. Projetos Executivos das ETE’s Barão Geraldo e San Martin. (2004).
SANASA. Estudo de Alternativas das ETE’s Boa Vista (2001), Barão Geraldo (2002) e San Martin (2002).
SEREC. Projeto ETE Piçarrão (1999). Estudo de Alternativas/Projetos Executivos: ETE’s Anhumas e Sousas (2003).
VON SPERLING, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. In: Princípios do tratamento
biológico de águas residuárias. v. 1. Belo Horizonte. UFMG. 240p. (1995).
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Peneiras
mecanizadas
Casa de Química
resíduo
Esgoto
Bruto
Estação Elevatória
de Esgoto Bruto
areia
Grades
grosseiras
Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S/A
resíduo
Medidor
Parshall
Desarenadores
hidróxido de sódio (soda cáustica)
Reatores Anaeróbios de
Fluxo Ascendente e Manto de Lodo
(UASB)
cloreto férrico
polímero
Floculadores
compressor
Elevatória
de lodo
Casa de Saturadores
Medidor
Parshall
óleos e graxas
Tanques de
Aeração
Queimadores
de Biogás
ar comprimido
Casa de Sopradores
lodo digerido
e adensado
Tanque
de Lodo
Prédio de Desidratação
Dosador
de
Polímero
Centrífuga
saturador
compressor
Casa de Saturadores
bomba
lodo
Biofiltro para
desodorização
recirculação do efluente
Flotadores
biogás
gases odorantes
Reatores Anaeróbios de
Fluxo Ascendente e Manto de Lodo
(UASB)
Desarenadores
areia
resíduo
Estação Elevatória
de Esgoto Bruto
lodo aeróbio excedente
Biossólido
para uso
agrícola
grades finas
mecanizadas
resíduo
Esgoto
Bruto
rejeitos líquidos
Ribeirão Anhumas
(classe 04)
Fluxograma de processo da ETE ANHUMAS – CAMPINAS/SP
Grades
grosseiras
Fig. 2
Efluente
final
Centrífuga
polímero
Fig. 1
Medidor
Parshall
Galpão de Secagem
(estufa agrícola)
Prédio de Desidratação
Tanque
de Lodo
Dosador
de
Polímero
recirculação do efluente
lodo
saturador
bomba
Queimadores
de Biogás
rejeitos líquidos
Elevatória
de lodo do
tratamento
físico-químico
lodo digerido
e adensado
e escuma
biogás
Misturador
Rápido
Parshall
anti-espumante
Flotadores
Medidor
Parshall
Escada
de
Aeração
Efluente
final
Ribeirão Piçarrão
(classe 04)
Elevatória de
recirculação de lodo
Lodo desidratado para
aterro sanitário e/ou
produção de biossólidos
Fluxograma de processo da ETE PIÇARRÃO – CAMPINAS/SP
9
SANASA – CAMPINAS
Grades
grosseiras
Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S/A
resíduo
Peneiras
mecanizadas
Medidor
Parshall
areia
resíduo
Esgoto
Bruto
Desarenadores
Estação Elevatória
de Esgoto Bruto
hidróxido de sódio
(soda cáustica)
rejeitos líquidos
lodo aeróbio excedente
biogás
Reatores Anaeróbios de
Fluxo Ascendente e Manto de Lodo
(UASB)
Filtros Biológicos
Percoladores de
Alta Taxa
(FBP)
Decantadores
Secundários
lodo digerido e adensado
Queimadores
de Biogás
Elevatória de
recirculação e descarte
de lodo aeróbio
caixa de concentração
de escuma
Medidor
Parshall
Efluente
final
Prédio de Desidratação
Floculador
Tanque
de
Lodo
Ribeirão Anhumas
(classe 04)
Prensa
Parafuso
Dosador
de
Polímero
Lodo desidratado para
aterro sanitário e/ou
produção de biossólidos
Fluxograma de processo da ETE BARÃO GERALDO – CAMPINAS/SP
resíduo
Peneiras
mecanizadas
Grades
grosseiras
Medidor
Parshall
resíduo
Esgoto
Bruto
Desarenadores
areia
Fig. 3
antiespumante
hidróxido de sódio
(soda cáustica )
Estação Elevatória
de Esgoto Bruto
Reatores Anaeróbios de
Fluxo Ascendente e Manto de Lodo
(UASB)
Filtros Biológicos
Aerados Submersos
(FBAS)
Prédio de cloro
gás e lavador
antiespumante
rejeitos líquidos
Queimadores
de Biogás
Escada de
Aeração
Elevatória de
recirculação
e descarte
de lodo aeróbio
Córrego Boa Vista
(Classe 02)
Prédio de Desidratação
Floculador
lodo
Prédio de
Sopradores
Elevatória
de escuma
Tanque
de Lodo
Fig. 4
Elevatória de
lodo digerido
e adensado
ar comprimido
Tanque de Contato
e Pós-Aeração
lodo
escuma
lodo aeróbio excedente
biogás
Decantadores
Secundários
Prensa
Parafuso
Galpão de Secagem
(Estufa Agrícola)
Dosador
de
Polímero
Biossólido
para uso
agrícola
Fluxograma de processo da ETE BOA VISTA – CAMPINAS/SP
10
Download

Concepção das estações de tratamento de esgotos do