Estudo e Prática da
Mediunidade
Módulo III
Fundamentação Espírita:
Mecanismos da Mediunidade
Roteiro 4
Psicografia
Não desprezes o dom que há em ti
[...]. Medita estas coisas, ocupa-te
nelas, para que o teu
aproveitamento seja manifesto a
todos
Paulo (1 Timóteo, 4:14-15)
Nos primórdios do Espiritismo, à época de Allan
Kardec, a escrita mediúnica era obtida com muita
dificuldade, um meio demorado e incomodo.
As primeiras manifestações inteligentes se
produziram por meio de mesas que se levantavam
e, com um dos pés, davam certo numero de
pancadas, respondendo desse modo – sim, ou –
não, conforme fora convencionado, a uma pergunta
feita. [...] Obtiveram-se depois respostas mais
desenvolvidas com o auxílio das letras do alfabeto;
dando o móvel um numero de pancadas
correspondente ao número de ordem de cada letras,
chagava-se a formar palavras e frases que
respondiam às questões propostas. (1)
Mais tarde, o processo de escrita mediúnica evoluiu
para os seguintes tipos: a) os Espíritos escreviam
diretamente em placas de ardósia; b) escrita com
auxílio de um lápis adaptado a uma cesta, “cesta de
bico”, e a uma prancheta. Nesses métodos, a escrita
ocorria sem o auxílio da mão do médium que não
tocava a ardósia nem o lápis, mas fornecia fluidos
para a escrita direta na pedra ou para o
deslocamento do lápis no papel. (1) “Reconheceu-se
mais tarde que a cesta e a prancheta não eram,
realmente, mais do que um apêndice da mão; e o
médium, tomando diretamente do lápis, se pos a
escrever por um impulso involuntário e quase febril.
Dessa maneira, as comunicações se tornaram mais
rápidas, mais fáceis e mais completas”. (2)
1.Psicografia
Allan Kardec utilizou a palavra psicografia para
indicar a forma de os Espíritos se comunciarem
por meio da escrita. (11) O Codificador classificou
a faculdade em psicografia direta e psicografia
indireta. (12)
A psicografia [...] deve ser desenvolvida pelo
exercício. Quanto mais o médium psicógrafo se
exercita, mais aprimorada e eficiente se torna a
faculdade de escrever mediunicamente. A
princípio, o médium escreve pequenas frases.
Com a continuação e perseverança, surgem os
textos dissertativos, as mensagens mais ou menos
longas e até os livros. (14)
É importante destacar que a
psicografia não é a forma mediúnica
indicada para o atendimento de
Espíritos muito necessitados ou
portadores de declarada perturbação
espiritual. A psicofonia é a
mediunidade de escolha, uma vez
que favorece o dialogo e auxilio mais
efetivo. Os benfeitores espirituais se
manifestam, usualmente, tanto pela
psicografia quanto pela psicofonia.
1.1 Classificação dos médiuns psicógrafos
A classificação dos médiuns psicógrafos em
mecânicos, intuitivos e semimecânicos, foi
proposta por Kardec. O Codificador se referiu à
psicografia direta, na qual o médium utiliza um
lápis ou caneta para escrever a mensagem do
Espírito comunicante. Está fundamentada no
gênero ou processo de como a mensagem é
captada e transmitida. As principais
características da psicografia são as que se
seguem.
Psicografia mecânica: O Espírito comunicante
que atua diretamente sobre a mão do médium
“[...] lhe dá uma impulsão de todo independente
da vontade deste último. Ela se move sem
interrupção e sem embargo do médium,
enquanto o Espírito tem alguma coisa que
dizer, e pára, assim ele acaba”. (7) Nestas
condições, “[...] o médium não tem a menor
consciência do que escreve [...]” Os médiuns
mecânicos são também denominados
inconscientes, porque não se recordam do que
escreveram. Agem de forma automática, como
se fora uma maquina. (8) São raros na
atualidade.
“Na psicografia mecânica, o
comunicante utiliza os próprios
recursos intelectuais, isto é, suas
idéias, vocabulário, estilo e, às vezes,
a própria caligrafia de quando
encarnado. Doutras vezes, somente a
assinatura é a que o caracterizava na
vida material”. (15)
Psicografia intuitiva: O comunicante espiritual
não atua diretamente sobre a mão do médium
“[...], para fazê-la escrever; não a toma, não a
guia. Atua sobre a alma, com a qual se identifica.
A alma, sob esse impulso, dirige a mão e esta
dirige o lápis”. (8) Nesta situação, não há uma
passividade ou um transe profundos.
O medianeiro funciona mais como um interprete do
pensamento do Espírito, porque “[...] tem
consciência do que escreve, embora não
exprima o seu próprio pensamento. É o que se
chama médium intuitivo”. Este é o processo de
psicografia mais comum atualmente.
Psicografia semimecânica: “No médium
puramente mecânico, o movimento da mão
independe da vontade; no médium intuitivo, o
movimento é voluntário e facultativo. O médium
semimecânico participa de ambos esses
gêneros. Sente que à sua mão uma impulsão é
dada, malgrado seu, mas, ao mesmo tempo,
tem consciência do que escreve, à medida que
as palavras se formam”. (9) São médiuns
relativamente comuns: nem tão raros como os
mecânicos nem tão comuns como os intuitivos.
Em síntese, no médium mecânico, as idéias são
conhecidas depois do ato da escrita. No
intuitivo, as idéias precedem à escrita. (10)
Neste aspecto, “[...] o médium intuitivo age
como o faria um interprete. Este, de fato, para
transmitir o pensamento, precisa compreendêlo, apropriar-se dele, de certo modo, para
produzi-lo fielmente [...]” (8). No médium
semimecânico, o pensamento do comunicante
espiritual é conhecido à medida que a
mensagem é escrita. (10)
2. Pneumatografia
Este tipo de mediunidade escrevente é considerado
uma modalidade da psicografia indireta – que é a
obtida pela imposição das mãos sobre um objeto
(cesta de bico, pranchetas, etc) ao qual está
inserido um lápis ou outro instrumento de escrita.
(12) Na pneumatografia, contudo, não se utiliza
nenhum objeto, previamente preparado para a
obtenção da escrita. As palavras, frases ou
desenhos são materializados numa folha de papel,
numa parede, no ar, etc.
A escrita direta, ou pneumatografia é
[...] a que se produz espontaneamente, sem o concurso,
nem da mão do médium, nem do lápis. Basta tomarse de uma folha de papel em branco, o que se pode
fazer com todas as precauções necessárias, para se
ter a certeza da ausência de qualquer fraude, dobrá-la
e depositá-la em qualquer parte, numa gaveta, ou
simplesmente sobre um móvel. Feito isso, se a
pessoa estiver nas devidas condições, ao cabo de
mais ou menos longo tempo encontrar-se-ão,
traçados no papel, letras, sinais diversos, palavras,
frases e até dissertações, as mais das vezes com
uma substancia acinzentada, análoga à plumbagina
[cor semelhante ao chumbo], doutras vezes com lápis
vermelho, tinta comum e, mesmo, tinta de imprimir.
Se ao papel se juntasse um lápis, poder-se-ia
supor que o Espírito se servira deste para
escrever. Mas, desde que o papel é deixado
inteiramente só, evidente se torna que a escrita
se formou por meio de uma matéria depositada
sobre ele. (3)
Os escritos pneumatográficos apresentam
algumas características, que merecem ser
destacadas:
• A substancia de que são feitos os caracteres são
semelhantes ao grafite e são facilmente apagados por
uma borracha. Examinada ao microscópio, percebese que ela está depositada na superfície do papel,
formando pequenas cristalizações que se aderem nas
rugosidades deste. (13)
• O Espírito comunicante retira do fluido cósmico
universal os elementos necessários à produção da
escrita. A agregação da matéria (coesão molecular)
inexiste ou é muito fraca nesses elementos, de forma
que a sua existência pode ser temporária, de acordo
com a vontade do Espírito. (4, 5) De qualquer forma,
há formação de matéria, esclarece Kardec: “[...]
porém, não criação, atento que do nada o Espírito
nada pode tirar”. (6)
A mediunidade de psicografia requisita, de uma
maneira geral, maior dedicação do médium,
sobretudo a intuitiva em que o medianeiro
funciona como interprete dos Espíritos e, em
especial dos benfeitores espirituais. Sendo assim,
é importante estudar com mais afinco a Doutrina
Espírita e o Evangelho de Jesus. É desejável
também desenvolver bom conhecimento da
gramática para facilitar o entendimento da
mensagem. “Tanto quanto possível, escrevamos
certo, sem a obsessão do dicionário. A gramática é
a lei que preside a esfera das palavras. A instrução
cerebral, porém, quando sem base no sentimento,
é semelhante à luz exterior”. (16)
Entretanto, se as nossas possibilidades
mediúnicas são singelas, jamais devemos
desprezar o dom mediúnico que
recebemos do Senhor. Esta é a
recomendação de Paulo de Tarso ao seu
amigo Timóteo, inserido na introdução
deste Roteiro. Façamos também uma
reflexão a respeito destes
esclarecimentos, transmitidos por
Emmanuel:
Em todos os setores de reorganização da fé cristã, nos
quadros do Espiritismo contemporâneo, há sempre
companheiros dominados por nocivas inquietações. O
problema da mediunidade, principalmente, é dos mais
ventilados, esquecendo-se, não raro, o impositivo
essencial do serviço. Aquisições psíquicas não constituem
realizações mecânicas. É indispensável aplicar
nobremente as bênçãos já recebidas, a fim de que
possamos solicitar concessões novas. [...] Recorda, pois,
meu amigo, que podes ser o intermediário do Mestre, em
qualquer parte. Basta que compreendas a obrigação
fundamental, no trabalho do bem, e atendas à Vontade do
Senhor, agindo, incessantemente, na concretização dos
Celestes Desígnios. Não te aflijas, portanto, se ainda não
recebeste a credencial para o intercambio direto com o
plano invisível, sob o ponto de vista fenomênico[...] (17)
Estudo e Prática da
Mediunidade
Prática III
Condições de apoio ao
Médium
Atividade 4
Psicografia
1. KARDEC, Allan. O Livro dos espíritos, Introdução, item 4
2. ________, item 5
3. ________, O Livros dos médiuns, Cap 8, item 127
4. ________, item 128
5. ________, Item 129, p 178-179
6. ________, p 179
7. ________, Cap 15, item 179
8. ________, item 180
9. ________, item 181
10. ________, p 232
11. ________, Revista Espirita. Ano primeiro – 1858 – Janeiro, p 31
12. ________, p 31-32
13. ________, Revista Espirita. Ano segundo – 1859 – Agosto, p 315
14. NAUFEL, José. Do abc ao infinito. Espiritismo experimental, cap 14, item psicografia
direta
15. ________. Item: Mediuns mecanicos
16. XAVIER, Francisco Candido. Seara dos mediuns. Item: Verbo e atitude
17. ________, Vinha de luz. Cap 127
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