RISCOS E PREVENÇÃO DE INFECÇÃO EM PRÓTESE DE QUADRIL DE
PACIENTES IDOSOS
Rafaelly Kultz Silvestre (PIBIC-AF/FA - UNICENTRO), Maria Emília
Marcondes (Orientadora - UNICENTRO), e-mail:
Universidade Estadual do Centro Oeste/ Departamento de Enfermagem/
Guarapuava-PR.
Ciências da saúde/ Enfermagem.
Palavras-chave: cirurgia de quadril, idoso, infecção.
Resumo:
O objetivo deste trabalho foi investigar a abordagem dos riscos, cuidados e
prevenção de infecção em sítio cirúrgico de pacientes idosos submetidos a cirurgia
de fratura de quadril, por meio de revisão da literatura, com busca das palavras
chave contidas no DECs e procura de artigos base de dados Bireme. Foram
utilizados os descritores: cirurgia de quadril e idoso com os quais se identificou
11.938 estudos. Após a filtragem foram encontrados onze artigos, os critérios de
inclusão eram artigos completos, pacientes idosos submetidos a cirurgia de quadril,
artigos em português, inglês e espanhol. Cinco artigos responderam aos critérios de
inclusão. Os resultados obtidos foram que as principais infecções encontradas são
do trato urinário, trato respiratório, profunda do sitio cirúrgico e ulceras de pressão.
O tempo de sondagem vesical aumentou os riscos para infecção, evidenciou
também a relação dessas infecções com o tempo de espera pela cirurgia.
Relacionado à prevenção, o componente nutricional no pré-operatório demonstrou
resultado positivo na prevenção de infecção no pós-operatório. A prevenção de
infecção diminui a morbimortalidade e reduz custos para tratamento.
Introdução
A expectativa de vida aumentou em nosso país nas últimas décadas e com
isso aumentaram as comorbidades, como a osteoporose (LAZARETTI; EIS;
MARQUES, 2008) e fraturas de quadril (CHIKUDE ET AL., 2007). Na
osteoporose ocorrem alterações hormonais e imunológicas que ligadas a
fatores genéticos e ambientais (LAZARETTI; EIS; MARQUES, 2008), podem
levar a fraturas de quadril (BRUNNER; SUDDARTH, 2008).
As fraturas não causam diretamente a morte, mas associam-se ao
elevado aumento da morbimortalidade, principalmente por infecções e
problemas cardiovasculares (LAZARETTI; EIS; MARQUES, 2008). A idade
média para fratura de colo de fêmur varia de 75-80 anos para mulheres e 70-
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75 anos para homens. O tratamento cirúrgico diminui as incidências de
morbimortalidade (CHIKUDE ET AL., 2007).
A reconstrução da articulação pela colocação de uma prótese total ou
parcial é chamada de artroplastia de quadril (MELO, 2009). Cerca de 1 a 5%
das próteses de quadril infeccionam, sendo a mais assoladora dentre as
complicações, leva a maior período de internações, intervenções cirúrgicas e
aumento dos custos para o tratamento. O paciente pode desenvolver
problemas graves como encurtamento do membro, deformidades e óbitos
que se relacionam com o pré, intra e pós-operatório, sendo essencial a
prevenção de infecções (LIMA; BARONE, 2001).
Assim propõe-se um estudo na perspectiva de investigar a
abordagem dos riscos, cuidados e prevenção de infecção em sítio cirúrgico
de pacientes idosos submetidos a cirurgia de fratura de quadril, por meio de
uma revisão integrativa de literatura.
Materiais e métodos
A pesquisa ocorreu por meio de revisão integrativa da literatura, com busca
das palavras chave contidas no DECs e procura de artigos na base de
dados Bireme. Foram utilizados os descritores: cirurgia de quadril e idoso
com os quais se identificou 11.938 estudos. Posteriormente foram aplicados
os filtros e obteve-se: base de dados (MEDLINE, LILACS, IBECS), assunto
principal (Artroplastia de Quadril, Prótese de Quadril, Complicações PósOperatórias), tipo de estudo (Estudo de Coorte, Estudo de Casos e
Controles, Ensaio Clínico Controlado), limite (Idoso), idioma (Inglês,
Espanhol, Português), ano de publicação (2003, 2004, 2005, 2006, 2007,
2008, 2009, 2010, 2011, 2012, 2013).
Após aplicação dos filtros, avaliações de títulos e dos resumos, onze
artigos responderam aos critérios de inclusão. Seis artigos foram excluídos
devido nos resultados os pacientes apresentarem idade inferior a 60 anos.
Cinco artigos responderam a questão norteadora e critérios de inclusão e
foram utilizados no estudo.
Resultados e Discussão
No primeiro estudo analisado de Alvarez et al. (2009), observou-se que a
quantidade de dias na espera pela cirurgia teve relação com pneumonias,
infecções do trato urinário e demência, a quantidade de dias com sondagem
urinaria foi relacionada com infecções urinárias. Esse assunto foi abordado
por Cunha et al. (2008), onde encontrou 28,5% dos pacientes estudados
com infecção, sendo que a maioria (83%) foram operados após 48 horas da
admissão.
O segundo estudo de Romanò et al. (2011), avaliou 20 quadris com
artrite séptica primária, reinfecção após substituição da articulação total
ocorreu em um paciente.
O terceiro estudo de Romanò et al. (2010), abordou uma revisão de
artroplastia onde não foi encontrada nenhuma diferença na recorrência da
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infecção ou a taxa de soltura asséptica com a abordagem. A revisão de dois
estágios ofereceu uma taxa de sucesso comparável com revisões não
infectadas, mas com maior taxa de complicações e os custos foram 2,2
vezes maiores. Leonard et al. (2013) comprova em seu estudo, onde
comparou a revisão em um único e em dois estágios, em seus resultados
não obteve consenso sobre a incidência relativa de reinfecção nos os dois
procedimentos.
O quarto estudo de Shah et al. (2008), trouxe que as principais
complicações no pós-operatório precoces foram infecções do trato urinário,
infecções de vias aéreas superiores e infecção profunda. Comprovando tais
informações, os estudos de Lima & Barone (2001), revelaram três pacientes
com infecção profunda e um desses apresentou infecção urinária
simultânea.
O quinto estudo de Gunnarsson; Gunningberg (2008), mostrou que a
intervenção nutricional no pré-operatório teve influência positiva, pois
pacientes com fraturas de quadril recebendo nutrição conforme as
orientações desenvolveram menos úlceras de pressão. Os estudos de Leme
et al. (2011) fortalecem que o cuidado a pacientes idosos submetidos à
cirurgia ortopédica deve considerar os riscos específicos da pessoa idosa,
tentando diminuir estes riscos tão elevados.
Conclusões
Verifica-se a necessidade de um controle de infecção ativo, cuidados
redobrados com relação à prevenção das infecções como a lavagem correta
das mãos, técnicas assépticas, mudança de decúbito, redução do tempo
entre internação e cirurgia, estado nutricional do paciente, etc. A redução de
infecções diminui a morbimortalidade e reduz custos.
Agradecimentos
Os autores agradecem à Fundação Araucária de Apoio à Pesquisa do
Estado do Paraná pela concessão da bolsa de Iniciação Científica PIBICAF/FA.
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