COMUNICAÇÕES LIVRES 17.00 | 18.00 RETINA CIRÚRGICA SALA LIRA Presidente: David Martins Moderadores: Angelina Meireles, Amãndio Sousa 18:00 CL66 - NOVO PROTOCOLO DE TRATAMENTO DO EMD DIFUSO - TRATAMENTO COMBINADO COM LASER AMARELO MICROPULSADO - ESTUDO PILOTO José Henriques1, Rui Fialho2, Paulo Rosa1, Miguel Amaro1, Marta Vila Franca1, João Nascimento1 (1-Instituto de Retina de Lisboa, 2-Instituto Oftalmologia Gama Pinto) INTRODUÇÃO: O laser clássico em padrão de grelha ETDRS ou ETDRS modificada tem sido considerado a terapêutica padrão no tratamento do Edema Macular Diabética (EMD) desde há mais de 30 anos. Contudo, os resultados não são satisfatórios pois somente se consegue que metade dos doentes deixem de perder visão, em comparação com a ausência de tratamento e, somente 3% conseguem uma melhoria de 3 linhas de acuidade visual. Além disso, o laser térmico clássico tem alguns efeitos secundários na qualidade de visão, resultantes da lesão térmica dos impactos laser na área macular. Tem contudo um efeito sustentável no tempo. Recentemente, tem-se percebido que o laser térmico em onda contínua (CW) actua eficazmente com um padrão de grelha mais suave, denominada ´´mild grid´´, utilizando impactos laser de menor intensidade e duração de impulso. Ao mesmo tempo, nos últimos anos, desenvolveu-se a tecnologia dos micropulsos com díodo 810nm e com ausência de lesão térmica da retina visível clinicamente. Os resultados no tratamento do EMD têm sido considerados sobreponíveis em termos de eficácia e sem efeitos secundários do laser térmico. A terapêutica anti-VEGF tem evidenciado, com os estudos Restore e Resolve, um efeito muito significativo no que respeita aos ganhos de linhas de AV nos doentes com EMD. Para que este ganho seja sustentável no tempo implica que se proceda a injecção mensal no 1º ano e mais espaçada no 2º ano. Os corticoides têm sido considerados, desde há vários anos, como eficazes no tratamento do EMD refractário ao laser mas, têm também um efeito transitório que diminui com o tempo, durando cerca de 3 a 6 meses e podendo provocar fibrose e diminuição do efeito com a repetição das injecções intra-vítreas. E porque não associar a terapêutica e aproveitar o efeito potente mas de curto prazo dos antiVEGFé e corticoides e o efeito de longo prazo do laser térmico CW em padrão PRP, associado a laser poupador dos tecidos na área macular, o laser micropulsado amarelo? DESENHO DO ESTUDO: estudo piloto, unicêntrico e de sequência de casos que testa um protocolo inovador de estudo e tratamento do EMD difuso. OBJECTIVO DO ESTUDO: objectivo primário - verificar a eficácia do tratamento em termos de ganhos de linhas de AV e redução de espessura da retina macular no curto prazo (6 meses).Objectivo secundário: verificar o efeito do laser micropulsado amarelo na área macular, no pós laser imediato ao longo do tratamento. MATERIAL E MÉTODOS: Após consentimento informado, foram estudados 3 doentes, 6 olhos ´´naives´´ com EMD difuso grave, alguns com placas lipídicas e com descolamento seroso da retina (DSR) associado. Os valores da HbA1c evidenciavam mau controlo metabólico antes do início do tratamento. Procedeu-se ao protocolo de estudo: exames laboratoriais de rotina, HbA1c, colesterol total, HDLcolesterol, LDL-colesterol, Trigliceridos, microalbuminúria. AV avaliada na escala ETDRS com score ETDRS, OCT 3D Spectralis, Auto-fluorescência, Retinografia policromática e infra-vermelha, Angiografia Fluoresceínica e PIO. No mesmo dia da avaliação inicial o doente faz injecção sub tenoniana de 20 mg de Triamcinolona no quadrante supero-externo, em ambos os olhos, se a PIO não for superior a 20 mm Hg e sai medicado com colírio de dorzolamida e maleato de timolol. Ao fim de 1-2 semanas procede-se a injecção intra vítrea de anti-VEGF (Lucentis ou Avastin, 0,5 mg ou 1,25 mg, respectivamente). Após 2 semanas procede-se à terapêutica laser: laser micropulsado amarelo 577nm (IQ 577™ - IRIDEX Corp.Mountain View, CA 94043) na área macular e laser em padrão de PRP clássico CW 500-700 spots de 450 micras à periferia) com boa visibilidade das lesões térmicas do laser (300-400mW com 100ms). Os doentes são avaliados em todas as visitas com AV score ETRDS, retinografia infra-vermelha e policromática, auto-fluorecência, OCT 3D e repete o laser micropulsado amarelo e PRP de acordo com o critério do médico oftalmologista. RESULTADOS: Ao fim de 6 meses a AV melhorou 3 linhas em 4 olhos olhos e pelo menos 1 linha em todos os olhos. O EMD diminui mais de 200 micra em 4 dos 6 olhos. Não se verificaram lesões da área macular com a Retinografia infra-vermelha , a técnica mais sensível para avaliar a lesão térmica do laser. Também não se verificou lesão térmica do laser com a auto-fluorescência quer no pós laser imediato quer nas avaliações subsequentes. CONCLUSÃO: O novo protocolo de estudo e tratamento do EMD difuso com terapêutica combinada e laser micropulsado amarelo antecedido de Triamcinolona sub tenoniana e anti- VEGF intra-vítreo parece ser uma abordagem promissora, no curto prazo, com melhoria da AV e redução da espessura da retina e sem os efeitos indesejáveis do laser térmico na área macular. Aguardamos a evolução dos resultados no médio longo prazo. Um estudo mais amplo e multicêntrico será desejável para evidenciar aquilo que parece ser os bons resultados deste protocolo.