Reportagem _ Dia DN na Escola Profissional de Carvalhais 28.04.10 “Pelo sonho é que vamos!” A história do Dia DN na nossa escola não se resume ao relato do que aconteceu no dia 28 de Abril, numa pequena escola, numa aldeia perto de S. Pedro do Sul. Sim, a nossa escola é numa aldeia. Um sítio muito especial que, ano após ano, recebe sonhos vindos de vários pontos do país. E este ano recebeu-nos a nós: André, Bárbara, Francisca e Marta. Somos de turmas diferentes, com um ponto em comum: somos alunos da professora Marisa Araújo. Mas vamos voltar ao início, ao momento em que dizíamos que o Dia DN não foi só um dia. Começou antes, mais precisamente duas semanas antes. Com a notícia de que havíamos sido seleccionados pelo jornal “Diário de Notícias” e que, por isso, iríamos receber o estilista Nuno Gama na nossa pequena escola. Depois disso, dedicámo-nos a fazer pesquisa sobre a nossa “personalidade”. Lemos entrevistas, notas biográficas, resumos… E tentámos transformar aquela “figura pública”, aquela “personalidade” numa pessoa. Tentámos aproximar-nos. Pela leitura, pelo cruzamento de interpretações. Bem, tivemos uns finais de tarde bem preenchidos, com intervalos de dez minutos rigorosamente “cronometrados” pela professora de Português que, apesar dos sorrisos, tem um ritmo de trabalho quase militar. Com as suas “listas de coisas para fazer antes do Dia DN”. Dois dias antes, estava tudo pronto. E no fim-desemana anterior ao “Dia D”, a nossa professora procurou dois presentes para oferecermos ao nosso convidado, para que ele continuasse a inspirar-se. E a criar. Também nós precisávamos de estar bonitos. Afinal, íamos receber um estilista… O que é que ele iria pensar de nós? Então, pensámos na nossa roupa e escolhemos o que iríamos vestir naquela sessão, em que estaríamos ao lado de um designer de moda. No dia, cada um de nós acordou em sítios diferentes. Com a mesma expectativa, com o mesmo optimismo e com uma incontida curiosidade. Quando chegámos à escola, ouvimos cantar os parabéns. O nosso professor de Matemática fazia anos. E os alunos do curso de Restauração tinham feito um bolo e tudo! Com três camadas e velas. E depois tivemos aulas. Nós tentámos estar lá, nas salas. E ouvimos os professores. Mas o nosso espírito já tinha avançado umas horas. No nosso espírito, já eram três da tarde e o nosso convidado já havia chegado e estava a ser-nos apresentado. Num intervalo, fizemos testes de som no auditório, para confirmar que tudo estava bem. Que as nossas palavras iriam ser escutadas. E também almoçámos. Mas foi um almoço agitado, apressado. E depois tínhamos que mudar de roupa e a nossa professora também nos deu uns toques finais: na maquilhagem, nos cabelos. Às duas da tarde, só ouvíamos os seus saltos muito altos, a andar de um lado para o outro. Impaciente. A confirmar novamente o que havíamos repetido vezes sem fim nos nossos finais de tarde. A verdade é que ela parecia mais agitada que nós. Mas depois serenou e devolveu-nos um sorriso de confiança. Entretanto, chegaram dois carros. Uma carrinha do DN e um jipe cinzento. Cumprimentos. Olhares curiosos dos nossos colegas. Subir as escadas. Fotografias. Mais olhares curiosos. “Estou habituado”, disse o nosso convidado. E foi tão simpático, que também disse que entendia estas acções como forma de retribuir o carinho com que as pessoas generosamente o presenteavam. Disse que tinha feito anos no sábado. Nós sabíamos. E até tínhamos visto fotografias suas numa revista a assinalar o seu aniversário, junto de pessoas bonitas e muito bem vestidas. O auditório estava cheio. A nossa escola correspondeu e foi ver-nos e apoiar-nos. Para que tudo corresse bem. E nós achamos humildemente que sim. Que correu tudo bem. Perguntas. Respostas. Pausas para pensar. Uma leve comoção quando a professora Marisa leu a nota biográfica. Um sorriso generoso a abrir os presentes. Mais fotografias. Mais sorrisos. Muito calor. Mais olhares curiosos. Meninas à espera, à saída do auditório, para cumprimentar o nosso convidado alto. E o sol, cá fora. Que brilhou tanto no dia DN! Ficámos com o seu lema de vida: “Pelo sonho é que vamos!”. A partir daqui, cada um prosseguirá com as suas vidas. As nossas são simples. Mas estivemos inteiros. A nossa professora repetiu isto muitas vezes. Ricardo Reis. “Para ser grande, sê inteiro”. Isso já é nosso. É o que de maior retiramos desta experiência, que começou com um cartaz do Diário de Notícias. A nossa inteireza começou aí. E está aqui. Nas nossas palavras. No património de memórias em nós incorporadas.