(GXFDomR&LrQFLDH7HFQRORJLD&RPSOH[LGDGHHFRPSOLFDomR &DUORV0HVTXLWD0RUDLV Um dos assuntos que ultimamente tem preocupado grande número de docentes prende-se com os resultados da seriação dos candidatos ao concurso “para selecção e recrutamento do pessoal docente da educação pré-escolar e dos ensinos básico secundário” para o próximo ano lectivo 2004/2005, uma vez que são reconhecidos alguns erros que têm posto em causa as expectativas e a tranquilidade dos docentes envolvidos. Não querendo de modo algum insinuar que tivesse havido por parte das pessoas envolvidas no processo intenções menos claras, questiono-me se os erros verificados se devem ao facto do processo de seriação dos docentes ser complicado ou complexo. Independentemente do desfecho que o processo venha a ter, penso que a resolução dos erros verificados passa pela anulação dos concursos. Outra solução que não seja essa, está impregnada de contradição interna, pois a posição relativa dos candidatos nas listas não se pode manter, e assim, enquanto que aqueles que vêem a sua posição melhorada podem considerar que foi reposta a verdade, aqueles que, pelo contrário, descem muitos lugares nas listas, podem sempre questionar se a segunda seriação é mais válida e fiável do que a primeira, uma vez que foi obtida a partir dos mesmos pressupostos e com os mesmos dados. Se o processo de seriação é complicado, acabe-se com ele ou corrija-se, uma vez que processos complicados só podem trazer resultados aleatórios e pouco credíveis. Se pelo contrário, o processo é complexo, então estude-se melhor, compreenda-se a complexidade que conduziu ao erro, dê-se mais formação às pessoas envolvidas no processo de seriação, verifiquem-se eventuais erros de recolha de dados ou de validação dos resultados e comece-se de novo. Assim, enquanto que a complexidade se combate com empenho, com conhecimento, com competência, com dedicação e com muito trabalho, a complicação combate-se com o abandono e com o esquecimento. Quanto mais se trabalha o complicado mais complicado fica e piores resultados se obtêm. O que entendemos por complexo? O que entendemos por complicado? Dizemos que um conceito ou um sistema é complexo quando envolve diversas variáveis e se reconhece que é, ou tem condições para ser, bem estruturado, no qual as suas partes se relacionam de forma coerente e consistente com o todo, a partir de regras ou ligações bem definidas. Como exemplos de conceitos complexos salientamos: o corpo humano, o crescimento de uma planta, o funcionamento de um motor, o funcionamento de um computador, a criação da universidade em Bragança. Consideramos que a criação da universidade em Bragança é um assunto complexo, porque o elevado número de variáveis que envolve estão identificadas e consistentemente estruturadas, pois, criaram-se, entre outras condições, uma estrutura física condigna, estabeleceram-se e concretizaram-se planos de elevada formação científica e pedagógica dos docentes, sonhou-se com o desenvolvimento sustentado de uma região onde se vai inserir, e verifica-se muito empenho, dedicação e trabalho das pessoas que hoje integram o Instituto Politécnico de Bragança. Após a percepção de tal complexidade e a apropriação consistente de lidar com ela, só espero que se faça justiça e se crie a Universidade de Bragança. Um conceito ou sistema é complicado quando não é possível identificar a sua estrutura ou as leis que o regem, nem relacionar de forma coerente as partes com o todo, verificando-se que entre os seus elementos não existe uma relação de conjunto. Como exemplos de conceitos complicados referimos: um monte de pedras, um incêndio numa floresta, o trânsito rodoviário sem regras, as justificações acerca da não criação da universidade em Bragança. Morais, C. (2004). Educação, ciência e tecnologia: Complexidade e comunicação. 0HQVDJHLUR GH %UDJDQoD, de 28 de Maio de 2004, pp.6, 7. 1 A não criação da universidade em Bragança é complicado porque evidencia muitas fragilidades que não são próprias, ou não devem ser, de organizações políticas que se afirmam credíveis e desejam que se lhes seja reconhecida alguma credibilidade. Neste sentido, podemos questionar: que relação existe entre a parte do poder político que garante a criação da universidade e a parte que garante a impossibilidade de tal facto? Que relação existe entre estas duas partes e o todo de cada organização política envolvida, que teve ou tem a possibilidade e a responsabilidade de acabar com tal imbróglio? Qual vai ser a próxima justificação, dos partidos do poder ou dos que lhe venham a suceder, para o não cumprimento dessa promessa? Consideramos que trabalhar os assuntos numa perspectiva de os considerar complicados conduz à ausência da sua compreensão, à contradição, a um esforço sem retorno, ao descrédito e a resultados pouco abonatórios para quem se envolve em tais assuntos. Se pelo contrário abordarmos os assuntos numa perspectiva complexa, acreditamos que existe uma estrutura forte, coerente e consistente entre as partes e entre estas e o todo, temos a garantia que quanto mais esse assunto for trabalhado mais familiarizados ficamos com ele e mais sucesso podemos ter com o trabalho e o esforço desenvolvido. Morais, C. (2004). Educação, ciência e tecnologia: Complexidade e comunicação. 0HQVDJHLUR GH %UDJDQoD, de 28 de Maio de 2004, pp.6, 7. 2