PARÁBOLAS DE JESUS Considerações finais Os paradoxos do reino de Deus podem ser resumidos na expressão atribuída a T.S. Eliot: “Não é tolo aquele que abre mão do que não pode reter, para ganhar o que não pode perder”. AS PARÁBOLAS DO TESOURO E DA PÉROLA Mateus 13.44-46 Introdução Para discussão em grupo 1 - Compartilhe com seu grupo uma experiência de “desfrutar sem possuir”. 2 - Faça uma lista de pelo menos cinco coisas que você jamais gostaria de perder. Você já transferiu estes tesouros para o céu? Como acha que pode fazer isso: “guardar tesouro no céu”? 3 - Como podemos compatibilizar essas promessas e verdades do Evangelho com o fato de tantos irmãos desempregados e necessitados de recursos materiais para uma vida digna? 4 - Quais são os tesouros que rivalizam com o reino de Deus no coração humano? Quais são algumas coisas das quais as pessoas não querem abrir mão e por esta razão deixam de participar do reino de Deus? 5 - Comente a frase de T.S. Eliot citada nas considerações finais. Na época em que Jesus proferiu esta parábola não havia rede bancária. Era comum que as pessoas, guardassem seus tesouros em uma caixa e enterrassem em suas propriedades. Era grande a probabilidade de uma pessoa morrer sem que ninguém mais soubesse do tesouro enterrado. Uma pérola, por exemplo, era um objeto de muito valor que poderia estar enterrado. Jesus utiliza este fato corriqueiro da época para ensinar verdades a respeito do reino de Deus. Na verdade, estas parábolas encerram dois paradoxos a respeito do reino de Deus. Paradoxo é uma figura de linguagem que apresenta uma aparente contradição, como, por exemplo, a famosa expressão “é dando que se recebe” ou a advertência de Jesus afirmando que “ganha a vida quem a perde por amor a ele”. Os paradoxos do reino de Deus são que quando passamos a viver para Deus, abrimos mão de tudo quanto temos e somos, e, em vez de ficarmos com nada, ficamos com tudo, pois quem está sob o cuidado de Deus, de nada tem falta, de modo que temos tudo. Mas por outro lado, embora tenhamos tudo, vivemos como se nada tivéssemos, pois quem vive para Deus não está apegado a nada, senão ao próprio Deus. © 2007 Ed René Kivitz 4 1 1 - Quem, pelo Reino de Deus, abre mão de tudo, de nada tem falta. 2 - Quem, pelo Reino de Deus, tem tudo, nada possui. Parece mesmo um raciocínio contraditório. Se eu abrir mão, logo falta tudo. Mas, pelo Reino de Deus a resposta é oposta: nada falta. O discipulado de Jesus Cristo implica ter tudo em Deus, mas viver como se nada tivesse, desapegado de tudo, olhando para tudo que é seu como se seu não fosse, colocando tudo o que tem a serviço dos interesses de Deus, para que em todas as coisas a vontade de Deus prevaleça e o mundo se encaixe nos propósitos de Deus. Assim viviam os cristãos do primeiro século: “da multidão dos que creram, uma era a mente e um o coração. Ninguém considerava unicamente sua coisa alguma que possuísse, mas compartilhavam tudo o que tinham”; “os que criam mantinham-se unidos e tinham tudo em comum... vendendo suas propriedades e bens, distribuíam a cada um conforme a sua necessidade” (Atos 2.44,45; 4.32-35); “quem tinha recolhido muito não teve demais, e não faltou a quem tinha recolhido pouco” (2Coríntios 8.15). O discipulado de Jesus Cristo implica nada ter, mas viver como se tudo tivesse, andando em segurança, pois aquele que tem a Deus, de que mais necessita? Assim ensinam as Sagradas Escrituras: “O Senhor é o meu pastor; de nada terei falta” (Salmo 23.1); “Deleite-se no Senhor, e ele atenderá aos desejos do seu coração. Entregue o seu caminho ao Senhor; confie nele, e ele agirá: ele deixará claro como a alvorada que você é justo, e como o sol do meio-dia que você é inocente. Descanse no Senhor e aguarde por ele com paciência; não se aborreça com o sucesso dos outros” (Salmo 37.4-7); “Desde os tempos antigos ninguém ouviu, nenhum ouvido percebeu, e olho nenhum viu outro Deus, além de ti, que trabalha para aqueles que nele esperam” (Isaías 64.4); “Não se preocupem com sua própria vida, quanto ao que comer ou beber; nem com seu próprio corpo, quanto ao que vestir. Observem as aves do céu, o Pai celestial as alimenta. Não têm vocês muito mais valor do que elas?” (Mateus 6.19-33); “... Deus suprirá todas as necessidades de vocês, de acordo com as suas gloriosas riquezas em Cristo Jesus” (Filipenses 4.19). Quando abrimos mão de tudo pelo reino de Deus, além de nada nos faltar, temos acesso a muito mais do que tínhamos antes de abrirmos mão de nossos tesouros. O segredo desta matemática do reino de Deus é que todo tesouro que está em nossas mãos é recurso limitado, e todo tesouro que está nas mãos de Deus é recurso ilimitado. Aquele que, pelo reino de Deus, abre mão de tudo quanto tem, troca a posse dos seus recursos limitados pela dependência dos recursos ilimitados de Deus. Há um ditado chinês que diz que “quando você não pode abrir mão de alguma coisa que você tem, não é você que tem a coisa é a coisa que tem você”. Quando você diz que não pode viver sem alguma coisa, essa alguma coisa nunca será suficiente para que você experimente o “não ter falta de nada”. Na matemática do reino de Deus as coisas que realmente possuímos são aquelas guardadas no céu, “onde a traça e a ferrugem não consomem, nem os ladrões roubam” (Mateus 6.19,20). Quem insiste em reter consigo o que possui se torna escravo de suas posses, pois onde está o nosso tesouro, está também nosso coração” (Mateus 6.20). Por esta razão, aqueles que têm tudo em Deus vivem como se nada tivessem. E experimentam o paradoxo de afirmar “nada me falta”. Temos que escolher entre desfrutar e possuir. Se você quer possuir, terá apenas os recursos limitados de suas posses. Se você quer desfrutar, doe, abra a mão, entregue para Deus. Troque o tudo que você tem em suas mãos (e que um dia acabará) pelo tudo quanto Deus tem nas mãos dele. 2 3