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O ENSINO A DISTÂNCIA E A TECNOLOGIA: DEMOCRATIZANDO A
EDUCAÇÃO
Aparecida Farias dos Santos Dus – aluna do Curso de Pós-graduação em Educação a
Distância - Polo Tucuruvi - São Paulo
Soraia Dumbra - mestre em Administração - Universite de Poitiers (2004) e especialista em
Educação a Distância - UniSEB Interativo (2013). Docente do Centro Universitário Estácio
Uniseb.
Resumo
A finalidade deste artigo é fazer uma análise com relação à Educação a Distância, sendo essa
uma forma de atuação no ensino que promete proporcionar a formação de cidadãos mais
interessados em seu desenvolvimento cultural, pessoal e social no mundo globalizado.
Investigar, também, dentro dessa modalidade, o acesso e a democratização do ensino no Brasil,
e as formas de como combater a exclusão social. E ainda, analisar e compreender o uso e a
importância da modalidade de Ensino a Distância no processo de ensino-aprendizagem
utilizando as tecnologias de informação e comunicação, assim como a sua contribuição no
desenvolvimento educacional para as pessoas que não têm acesso ao ensino presencial. Além
disso, pesquisar a história da Educação a Distância no Brasil, as perspectivas, os conceitos e as
concepções que abordam essa metodologia, as bases de regulamentação, leis, decretos e
portarias. A investigação foi realizada com base em pesquisas bibliográficas, artigos e Internet.
Palavras-chave: Ensino; Aprendizagem; Educação a Distância; Internet.
1. Introdução
A Educação a Distância (EAD) não é uma modalidade de ensino muito nova. O seu
início foi por meio de correspondência, depois por rádio e TV. Conforme Alves e Nova (apud
DIAS; LEITE, 2010, p.9):
A EAD, também denominada ensino a distância, não se trata de algo novo, inovador
ou diferente. O que diferencia a EAD praticada hoje daquela praticada tempos atrás
são os meios disponíveis e adequados em cada época.
No Brasil, a EAD começou com o curso de datilografia, realizado por carta e,
posteriormente, as aulas ministradas pelo rádio. A EAD teve um crescimento importante com
a evolução das tecnologias e o surgimento da Internet. Esses recursos tecnológicos permitem
que as aulas sejam disponibilizadas por Ambiente Virtual de Aprendizado (AVA), semelhante
a uma sala de aula, porém com o diferencial de os alunos terem acesso ao material didático
sempre que necessário.
A EAD, com os avanços tecnológicos, está conquistando o seu espaço e tornando
relevante a importância dessa modalidade para a sociedade, principalmente para aqueles que
não têm a oportunidade ou a disponibilidade de frequentar o ensino presencial. Além disso, a
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EAD possibilita que, mesmo geograficamente dispersas, um número maior de pessoas possa
participar do mesmo curso, pois professor e aluno não estão presentes no mesmo espaço físico
ao mesmo tempo, porém, o AVA torna-se a "ponte" entre eles, com o uso de chats, fóruns e
materiais didáticos que poderão ser consultados a qualquer momento pelo aluno. Harasim et
al. (2005, p. 19) afirmam que:
(...) Todos aprendem juntos, não em um local no sentido comum da palavra, mas num
espaço compartilhado, um "ciberespaço", por meio de sistemas que conectam em uma
rede as pessoas ao redor do globo. Na aprendizagem em rede, a sala de aula fica em
qualquer lugar onde haja um computador, um modem e uma linha de telefone, um
satélite ou um link de rádio. Quando um aluno se conecta à rede, a tela do computador
se transforma numa janela para o mundo do saber.
Por ser uma alternativa educacional é possível dizer que tem como objetivo de
democratizar o acesso à educação. A educação transforma o homem dentro da sociedade,
fazendo com que ele conquiste o seu espaço, tome conhecimento dos seus direitos e deveres,
busque respostas e desenvolvimento para a construção de um mundo melhor. A democratização
visa justamente isso, a igualdade, levando para a população, independente de condições
financeiras, a possibilidade de desenvolvimento humano, cultural e social.
Almeida (2009, p. 63) nos diz que "o processo educativo, no interior do qual se deve
pensar o computador, é aquele que prevê uma educação para todos, em todos os níveis: da
educação básica às várias formas de educação (...)". A EAD leva o ensino a todos, sem
distinção, em qualquer tempo ou espaço. É possível também enxergar a EAD como uma
ferramenta para reduzir a evasão escolar, justamente por ser uma modalidade aberta de ensinoaprendizagem, permitindo ao aluno fazer o seu horário de estudo, dentro da sua realidade de
vida.
Ela pode ser considerada como o ensino do futuro, a qual tem como centro o aluno,
deixando o professor de ser aquele que detém o conhecimento e passando a ser aquele que irá
orientar e conduzir, para que cada um construa o seu próprio aprendizado. Não é, portanto, um
estudo isolado, no qual o aluno encontra-se sozinho, pois ele poderá contar com o apoio
pedagógico, por meio dos recursos tecnológicos, e também ter contato com os seus colegas de
turma, possibilitando, assim, compartilhar conhecimentos. Harasim at al. (2005, p. 31) apontam
que:
Com as redes de aprendizagem, o horário, o local e o ritmo do ensino são expandidos
e se tornam mais individualizados, ao mesmo tempo que a interação e a colaboração
entre os pares são enfatizadas. Alunos e professores com acesso a computador,
modem, linha telefônica e serviço de rede podem recorrer a conhecimento
especializado e a colegas, sempre que precisarem ou desejarem.
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Existe também, o pensamento de que seja mais fácil realizar um curso a distância do
que um curso presencial. Porém, em qualquer um dos tipos, o interesse e desempenho do aluno
é o fator primordial no processo de aprendizagem e, dessa forma, é importante que o aprendiz
se esforce mais, dedicando-se às atividades, exercícios aplicados e leituras indicadas para
complemento do conteúdo, disponíveis no Ambiente Virtual de Aprendizagem, ou Sala de Aula
Virtual. Seguindo em Harasim at al. (2005, p. 123), "os objetivos da Sala de Aula Virtual são
facilitar o acesso à educação e melhorar a qualidade do processo educacional". Esse diferencial,
aliado à flexibilidade de horários e conteúdos aplicados faz da EAD uma alternativa adequada
para as exigências do mundo inserido nas tecnologias da informação e comunicação,
considerando-se, também, o baixo custo, fator importante que ajuda na democratização do
ensino.
Há uma nova visão para a modalidade de ensino a distância. Hoje ela é melhor aceita
e entendida por uma camada maior da sociedade. Klein (2013, p. 28), em seu artigo para a
Revista Gestão & Negócios, diz "se levarmos em consideração há uns 15 ou 20 anos atrás, o
ensino a distância e/ou pela Internet era visto com preconceito pelo mercado. Agora, o cenário
já se mostra outro".
A finalidade deste trabalho é fazer uma reflexão com relação à Educação a Distância,
sendo essa uma forma de atuação no ensino que promete proporcionar a formação de cidadãos
mais interessados em seu desenvolvimento cultural, pessoal e social dentro do mundo
globalizado; apresentar os resultados de uma investigação bibliográfica, com o objetivo de
analisar como a mediação e os recursos tecnológicos podem auxiliar na educação, dando a
oportunidade de uma nova forma de ensino e como os alunos lidam com essa modalidade. A
EAD é uma oportunidade de expansão para o ensino superior. Isso faz com que a
democratização do ensino seja realmente algo possível.
2. A História Da Educação A Distância No Brasil
No Brasil a EAD começou no fim do século XIX, com o curso de datilografia,
disponibilizado por carta. Depois surgiram as aulas ministradas pelo rádio. Em 1939 foi
fundado o Instituto Rádio Monitor e, em 1941, o Instituto Universal Brasileiro. Mas é possível
afirmar que a EAD teve um crescimento importante com a evolução das tecnologias e
surgimento da Internet. Esses recursos tecnológicos permitem que as aulas sejam
disponibilizadas por Ambiente Virtual de Aprendizado (AVA), semelhante a uma sala de aula,
com o diferencial de os alunos terem acessos ao material didático sempre que necessário. Porém
a EAD no Brasil, apesar de todos os avanços que ocorreram, ainda é uma área em contínuo
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crescimento e passiva de questionamentos e preconceitos. De acordo com Oliveira (2012, p.
11):
A educação a distância (EAD) no Brasil é, atualmente, um campo em visível
crescimento, mas repleto de polêmicas e desafios. Num passado bem recente, a EAD
era considerada uma modalidade educacional de segunda categoria, desprestigiada,
encarada com desconfiança, especialmente no ensino superior. Hoje, o
desenvolvimento das tecnologias avançadas de informação e de comunicação
impulsiona o crescimento da EAD, reduzindo os preconceitos em relação a ela.
Alguns fatos estão registrados na história da EAD no Brasil, porém Alves (2011, p.
87) nos diz que "provavelmente, as primeiras experiências em Educação a Distância no Brasil
tenham ficado sem registro, visto que os primeiros dados conhecidos são do século XX".
Alguns momentos históricos da EAD no Brasil estão a seguir.
Em 1904 a seção de classificados do Jornal do Brasil publicou o primeiro anúncio de
curso profissionalizante por correspondência para datilógrafo. O Instituto Rádio Monitor, é
fundado em São Paulo no ano de 1939. O Instituto Universal Brasileiro foi criado em 1941, por
ex-sócio do Instituto Monitor. O instituto ainda atua na área da educação a distância e possui,
hoje, a média de 200 mil alunos. O Projeto Minerva, em 1970, que é mantido até o início de
1980. Em 1976 surge o Sistema Nacional de Teleducação. Foi criado, em 1995 o Centro
Nacional de Educação a Distância e o Programa TV Escola da Secretaria de Educação a
Distância do MEC.
Um momento importante da história da EAD no Brasil está entre as décadas de 1970
e 1980, quando os cursos supletivos a distância foram iniciados. Posterior a esse fato iniciouse a EAD para o ensino superior. A pesquisa de Alves (2011, p. 90), nos diz que:
Torna-se importante citar que entre as décadas de 1970 e 1980, fundações privadas e
organizações não governamentais iniciaram a oferta de cursos supletivos a distância,
no modelo de teleducação, com aulas via satélite, complementadas por kits de
materiais impressos, demarcando a chegada da segunda geração de Educação a
Distância no país. Somente na década de 1990, é que a maior parte das Instituições de
Ensino Superior brasileiras mobilizou-se para a Educação a Distância com o uso de
novas tecnologias de informação e comunicação. Um estudo realizado por Schmitt et
al., 2008, mostrou que no cenário brasileiro, quanto mais transparentes forem as
informações sobre a organização e o funcionamento de cursos e programas a distância,
e quanto mais conscientes estiveram os estudantes de seus direitos, deveres e atitudes
de estudo, maior a credibilidade das instituições e mais bem-sucedidas serão as
experiências na modalidade a distância.
O Ministério da Educação criou em 1996 a Secretaria de Educação a Distância (SEED)
e nessa mesma época a EAD é oficialmente reconhecida no Brasil, sendo estabelecidas as leis
e diretrizes para o seu funcionamento legal. No ano de 2000 os cursos de graduação, pósgraduação e extensão universitária são oferecidos na modalidade a distância, contando com o
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apoio da UniRede - Rede de Educação Superior a Distância. Em 2005 o MEC, em parceria com
os estados e municípios, cria a Universidade Aberta do Brasil.
Cada momento da história tem um marco especial na evolução da sociedade e,
principalmente, na educação, que usou experiências vividas para criar novos recursos, como
afirmam Dias e Leite (2010, p. 11) "na história da EAD cada nova tecnologia não descarta as
anteriores, ao contrário: os diversos recursos se complementam".
2.1 Regulamentação Da Educação A Distância No Brasil
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) estabeleceu as bases legais
para a modalidade de Educação a Distância no Brasil, Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
É regulamenta, oficialmente, pelo disposto no Decreto nº 5.622 de 19 de dezembro de 2005. Os
decretos e portarias que autorizam essa modalidade de ensino estão disponíveis para consulta
no site do MEC. São eles:
 Decreto no 5.622, de 19 de dezembro de 2005.
 Decreto no 5.773, de 09 de maio de 2006.
 Decreto no 6.303, de 12 de dezembro de 2007.
 Portaria no 1, de 10 de janeiro de 2007.
 Portaria no 2 (revogada), de 10 de janeiro de 2007.
 Portaria no 40, de 13 de dezembro de 2007.
 Portaria no 10, de 02 julho de 2009.
A regulamentação da EAD faz a sua importância ser reconhecida, pois essa
modalidade é capaz de trazer oportunidades para pessoas que, antes disso, não tinham
perspectivas de estudar, em razão das dificuldades que o modelo presencial poderia trazer.
O reconhecimento e a credibilidade são atribuídos, também, pelo grande número de
instituições de ensino superior que aderiram a esse novo modo de aprender. Essa realidade é
crucial para a mudança dos paradigmas que, atualmente, estão acontecendo na educação.
3. A Globalização, As Concepções Tecnológicas E A Mudança De Paradigmas Na
Educação A Distância
A mudança de paradigma na sociedade atual é consequência da globalização e do
avanço das tecnologias da informação. De acordo com Behar (2009, p. 20) "o termo 'mudança
paradigmática' vem sendo relacionado, nos últimos tempos, às TICs e, principalmente, à EAD
por ser um dos grandes dinamizadores dessas rupturas na área educacional". Esses avanços
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impactam diretamente nos moldes educacionais existentes. Porém pode ser ilusório afirmar que
quanto melhores os recursos tecnológicos na educação, melhor será o aprendizado. Segundo
Belloni (2009, p. 92) "a simples introdução de um suporte tecnológico não significa inovação
educacional", ou seja, de nada adianta o investimento em tecnologias se não houver mudanças
nas metodologias e objetivos voltados para a educação. Para Behar (2009, p. 20), "quando se
fala em mudança de paradigma, está se direcionando para uma nova forma de ver, sentir, viver
dentro de um novo referencial".
É importante que o corpo docente esteja devidamente preparado para a utilização das
novas concepções tecnológicas, entendendo a nova postura da educação, na qual o professor
não é mais o detentor do saber, mas aquele que auxilia e conduz a construção do conhecimento
dos seus alunos. Infelizmente alguns docentes ainda não estão preparados para esse novo
paradigma, segundo Litto e Formiga (2009, p. 43) "os professores, sobretudo os tradicionais,
sentem-se atordoados nesse cenário de permanente incerteza e mudanças continuadas",
portanto, é necessário que esses educadores tenham a oportunidade de se atualizarem e, assim,
fazerem parte do novo contexto da educação.
Nesse novo contexto o aprendiz deixa de ser o receptor e passa a ser o responsável
pelo seu aprendizado. Dessa forma, deparamos com a transição da reprodução para a produção
de saberes. Conforme Moraes (1997 apud OLIVEIRA, 2012, p.30):
(...) um novo modelo educacional, capaz de gerar novos ambientes de aprendizagem,
que [deixe] de ver o conhecimento de uma perspectiva fragmentada, estática, e o
[reconheça] como um processo em construção a ser desenvolvido num contexto
dinâmico do vir-a-ser. Ambientes capazes não apenas de acompanhar e incorporar a
evolução que ocorre no mundo da ciência, da técnica e da tecnologia, mas também de
colaborar para restabelecer o equilíbrio necessário entre formação tecnológica do
indivíduo - para que ele possa sobreviver num mundo cada vez mais tecnológico e
digital -, a sua formação humana e sua dimensão espiritual.
A globalização, na verdade, é um processo econômico, cultural, social e político que
surgiu da necessidade do capitalismo de conquistar novos mercados, estabelecendo uma
integração entre os países e as pessoas num âmbito mundial, tornando possível a troca de ideias
e informações entre os governos e as empresas, viabilizando as transações financeiras e
comerciais, espalhando cultura, informações e conhecimento pelos quatro cantos do planeta.
Segundo Oliveira (2012, p. 21):
A globalização não é um movimento novo de congraçamento, no qual as diferenças
produtivas poderiam somar-se e potencializar-se para proveito de todos, eliminando e
arrefecendo significativamente as dependências e as marginalizações históricas. (...)
E estamos vivendo, agindo e produzindo numa sociedade em que a planetarização das
informações e as tensões entre o global e o local, entre o tradicional e o emergente,
entre a economia globalizada e a microeconomia, entre a ciência e a cultura popular,
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entre o nacional e o multinacional, entre o coletivo e o individual constituem uma
realidade e merecem reflexão.
A tecnologia tornou-se parte integrante na vida da sociedade, pois permite o acesso e
consumo de produtos mais baratos e eficientes, garante a troca de informações, experiência e
cultura. Viabiliza o processo ensino-aprendizagem na modalidade EAD e também presencial.
Oliveira (2012, p. 108) acredita que:
Cada vez mais o mundo social e o do trabalho necessitam de sujeitos que saibam
conviver e produzir coletivamente. As tecnologias avançadas da comunicação digital
que se assentam na interatividade têm a potencialidade de buscar, no outro e com o
outro, novas experiências e saberes, reduzindo a ênfase frequentemente posta em
atividades individuais e puramente livrescas, inerentes ao paradigma educacional
conservador.
Considerando a velocidade com a qual o mundo caminha, é possível afirmar que as
tecnologias atuam de forma a interagir positivamente na concepção de novas propostas
pedagógicas, a qual objetiva a construção do conhecimento aliada à interatividade, ou seja, o
aprendiz atua e auxilia na formação da comunicação horizontal, aquela em que não há diferença
entre educador e educando, pois ambos trabalham compartilhando informações, desafiando os
limites do tempo e espaço.
Para Dias e Leite (2010, p. 83) "o sucesso de um curso depende também do tipo de
mídia e tecnologia utilizadas e de como elas são utilizadas". Esse desafio é o ponto crucial da
EAD, pois são os recursos tecnológicos que a viabilizam - Internet, material digitalizado, CDROM etc. - e torna capaz a autonomia do aluno que fará o seu estudo com flexibilidade e
independência. O professor, por sua vez, será o seu orientador, estimulando o aprendizado,
promovendo debates, troca de experiência e a participação de todos os participantes.
4. O Acesso Às Novas Tecnologias Da Educação
O desenvolvimento de uso e, consequentemente, o acesso aos recursos tecnológicos
poderá ser afetado pelo que conhecemos como exclusão digital, um dos maiores desafios
enfrentados na sociedade atual. A desigualdade social inclui, também, a Era Digital, uma
realidade que caminha com a mesma rapidez do avanço tecnológico. Apesar da tecnologia ser
utilizada mundialmente ainda há um número considerável de pessoas que não possuem esse
acesso, por questões sociais, políticas e financeiras, ou mesmo, por morarem em lugares onde
os recursos dos avanços da globalização ainda não estão disponíveis. As questões burocráticas
também dificultam o acesso à EAD. De acordo com Litto (2010, p. 69):
Como em tantas outras áreas de desenvolvimento social, faltam recursos financeiros
adequados para muitas implantações e boa parte da população ainda não tem acesso
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às facilidades do computador e das telecomunicações. (...). Talvez o maior obstáculo
seja a legislação brasileira, que separa as questões relacionadas à educação a distância
das demais questões educacionais, em vez de mantê-las unidas. Por exemplo, se uma
universidade já estiver credenciada para oferecer, presencialmente, um determinado
curso de graduação (Biologia, Química, ou História, por exemplo), e quiser iniciá-lo
através de EAD, é obrigada a solicitar novo credenciamento do Ministério da
Educação.
Pensando em democratizar a educação por meio da EAD é importante considerar,
também, que a tecnologia poderá trazer qualidade de vida para a população, com acesso rápido
à informação, ao conhecimento, à construção do pensamento crítico e ao aprendizado contínuo.
A luta contra a exclusão digital é um desafio para os governantes, pois isso não inclui somente
o acesso a uma rede de informações (Internet), mas, principalmente, ao investimento financeiro
necessário para cada região, ao equilíbrio e às oportunidades de acesso ao crescimento
educacional e social. Conforme Almeida (apud PELLANDA, SCHLÜNZEN e SCHLÜNZEN
JUNIOR, 2005, p. 348):
A exclusão social tem a ver ainda com o afastamento do indivíduo da rede de relações
sociais a que estão sujeitos alguns grupos, como os grupos de imigrantes e outras
minorias étnicas, jovens e adultos com problemas de adaptação social, deficientes
físicos, idosos, dependentes químicos e alcoólatras.
Resolver o problema da exclusão social e digital não é tão simples. É preciso uma
estrutura organizacional por parte do governo, traçando estratégias de ações que possam atender
às necessidades da população. Na verdade, a questão não está apenas nos acessos aos recursos
tecnológicos, envolvem questões sociais e políticas e, dessa forma, a segregação das TICs pode
ser considerada um dos itens da exclusão social.
Para Pellanda, Schlünzen e Schlünzen Junior (2005, p. 43):
... milhões de pessoas no mundo ainda estão excluídas dessas possibilidades, o que
aprofunda o fosso social entre incluídos e excluídos. É preciso pensar em estratégias
de inclusão digital não estreitamente ligadas a adestramentos e acesso a serviços, mas
estratégias ampliadas de inclusão social mediante uma cultura digital com todo o
potencial que esse espaço tem para expandir o humano, expandindo o conhecimento
e a consciência.
5. Conclusão
Com base neste estudo é possível concluir que a EAD é uma modalidade de ensino
que auxilia na democratização da educação e que os avanços tecnológicos são os responsáveis
pelas barreiras vencidas, trazendo conhecimentos diversos e possibilitando a interação de
pessoas que estão fisicamente distantes. É capaz de facilitar a vida de todos, no sentido de que
cada um poderá criar sua rotina, organizando seus horários de acordo com a realidade de vida.
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A EAD promove a educação de forma que cada pessoa possa se desenvolver, de forma
autônoma, construindo o conhecimento, criando competências e a capacidade de tomar
decisões. Porém, apesar de todas as facilidades e vantagens encontradas nessa modalidade de
ensino, porém, por questões sociais, algumas pessoas ainda não possuem o acesso aos recursos
tecnológicos existentes. A luta contra a exclusão digital é um desafio para os governantes, pois
isso não inclui somente o acesso a uma rede de informações (Internet), mas, principalmente, a
um investimento financeiro e, de acordo com a região, ao equilíbrio e às oportunidades de
acesso ao crescimento educacional e social.
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