COMPARAÇÃO DE DOSES NA ENTRADA DA PELE ENTRE EXAMES 1 DE MAMOGRAFIA DIGITAL E CONVENCIONAL Marcel Zago Botelho2, Caroline Gurski Torunsky2, Raquel Braz 2 Brasil , Lídia 2 Tamiozzo , Aline Alves de 2 Moraes e Rochelle 3 Lykawka Resumo A mamografia é um exame que utiliza raios-x de baixa energia na detecção precoce do câncer de mama, objetivando produzir imagens de alta resolução e contraste utilizando a menor dose de radiação possível. Este método diagnóstico foi o último a ser digitalizado, devido à complexidade do sistema receptor de imagem necessário para o detalhamento de tecidos com densidades muito similares. Observa-se que com o advento da mamografia digital há uma redução dos parâmetros técnicos (kVp e mAs) envolvidos na realização do exame quando comparado ao sistema tela-filme convencional. Esta redução dos parâmetros ocasionaria teoricamente uma redução da dose na entrada da pele do paciente. Logo, objetivou-se esta comparação de dose na entrada da pele entre mamografia digital e convencional. Para a realização deste projeto foram comparadas as doses de dois equipamentos de mamografia, sendo um digital do fabricante GE, modelo Senographe 2000D e o outro convencional do fabricante GE, modelo Senographe 700 (ambos de propriedade da clínica SIDI Medicina por Imagem). As medidas de doses foram obtidas com auxílio de uma câmara de ionização do fabricante Radcal Corporation, modelo 9015 e da probe do mesmo fabricante, modelo 10X5 - 6M. Para a simulação da mama foram confeccionadas quatro placas de PMMA (polimetil-meta-acrilato), duas com espessura de 20mm, uma de 10mm e outra de 20mm, porém com possibilidade de inserção da probe em sua área central, sendo todas as placas 130X180 mm de área. Em consenso com a redução dos parâmetros técnicos, para a amostra em estudo e utilizando-se o sistema automático de exposição dos mamógrafos, a dose na entrada da pele em mamografia convencional é maior que a digital, sendo mais evidenciada para espessuras maiores de mama. Imagem ilustrativa no Mamógrafo Digital com simulador, probe e eletrômetro posicionados para a realização das medidas de dose na entrada da pele. Imagem da probe produzida no Mamógrafo Digital METODOLOGIA Para a realização deste projeto foram comparadas as doses de dois equipamentos de mamografia, sendo um digital do fabricante GE, modelo Senographe 2000D e o outro convencional do fabricante GE, modelo Senographe 700 . As tabelas abaixo apresentam os parâmetros técnicos e os resultados para dose na entrada da pele obtidos para o Mamógrafo Convencional e Digital. Tabela 1: Parâmetros técnicos obtidos através do controle automático de exposição do mamógrafo digital para diferentes espessuras. AEC Espessura (mm) Senographe 700 Senographe 2000 Digital As medidas de doses foram obtidas com auxílio de uma câmara de ionização do fabricante Radcal Corporation, modelo 9015 e da probe do mesmo fabricante, modelo 10X5 - 6M. Para a simulação da mama foi confeccionado quatro placas de PMMA (polimetil-meta-acrilato), duas com espessura de 20mm, uma de 10mm e outra de 20mm, porém com possibilidade de inserção da probe em sua área central, sendo todas as placas 130X180 mm de área. Simulador de Mama com a Probe no Mamógrafo Digital Simulador de PMMA para Mama Simulador com a Probe no Mamógrafo Convencional Com a finalidade de determinar os parâmetros técnicos (tensão de pico, carga transportável, foco, combinação pista-filtro) para posterior exposição da probe para as medidas das doses foi irradiado o simulador para diferentes espessuras utilizando o controle automático de exposição (AEC) específico de cada equipamento. Desta forma obtêm-se a aproximação da medida real da doses dos pacientes em exames mamográficos de rotina. Câmara de Ionização Radcal 9015 Comando do Mamógrafo Convencional Senographe 700 Tensão de pico (kVp) Carga Transportável (mAs) Foco Combinação pista/filtro 20 25 28 grosso Mo/Mo 30 25 61 grosso Mo/Mo 40 26 106 grosso Mo/Mo 50 29 62 grosso Rh/Rh 60 31 72 grosso Rh/Rh 70 32 100 grosso Rh/Rh Tabela 2: Parâmetros técnicos obtidos através do controle automático de exposição do mamógrafo convencional para diferentes espessuras. AEC Espessura (mm) Carga Tensão de pico Transportável (kVp) (mAs) 20 25 32 30 25 80 40 25 193 50 28 188 60 30 230 70 32 305 Tabela 3: Parâmetros técnicos utilizados no modo manual e pele para diferentes espessuras do mamógrafo digital. grosso Mo/Mo grosso Mo/Mo grosso Mo/Mo grosso Mo/Mo grosso Mo/Mo grosso Mo/Mo medidas de dose na entrada da Modo Manual - Digital Doses (mGy) Média Tensão Carga Combinaç Medida Medida Medida das de pico Transportá Foco ão 1 2 3 Medida (kVp) vel (mAs) pista/filtro s 20 25 28 grosso Mo/Mo 1.602 1.600 1.599 1.600 30 25 63 grosso Mo/Mo 3.757 3.764 3.765 3.762 40 26 110 grosso Mo/Mo 7.864 7.878 7.875 7.872 50 29 63 grosso Rh/Rh 5.267 5.278 5.282 5.275 60 31 71 grosso Rh/Rh 7.550 7.564 7.561 7.563 70 32 100 grosso Rh/Rh 12.160 12.170 12.180 12.170 Tabela 4: Parâmetros técnicos utilizados no modo manual e medidas de dose na entrada da pele para diferentes espessuras do mamógrafo analógico. Espessu ra (mm) Modo Manual - Analógico Imagem ilustrativa no Mamógrafo Convencional com simulador de Mama, probe e eletrômetro posicionados para a realização das medidas de dose de entrada na pele no sistema tela-filme. A determinação dos parâmetros técnicos foi utilizada na seleção do modo manual para a exposição do simulador com a inserção da câmara de ionização, variando sua espessura, de 20 mm a 70 mm. Esses procedimentos foram repetidos para a obtenção das medidas no mamógrafo digital e convencional, possibilitando a construção de um quadro comparativo. 1 Projeto de Extensão - Serviço de Investigação Diagnóstica SIDI S.A. ou SIDI Medicina por Imagem; 2 Aluno do Curso de Física Médica – UNIFRA; 3 Professora Orientadora do Curso de Física Médica – UNIFRA; Combinação pista/filtro Foco Espessu ra (mm) Tensão de pico (kVp) Carga Transportá vel (mAs) Foco 20 30 40 50 60 70 25 25 25 28 30 32 32 80 200 180 225 305 grosso grosso grosso grosso grosso grosso Doses (mGy) Combinaç Medida ão 1 pista/filtro Mo/Mo Mo/Mo Mo/Mo Mo/Mo Mo/Mo Mo/Mo CONCLUSÃO 1.623 4.245 11.030 15.220 24.680 44.290 Medida 2 1.637 4.245 11.030 15.240 24.690 44.340 Média Medida das 3 Medida s 1.635 1.632 4.257 4.249 11.020 11.027 15.220 15.227 24.680 24.683 44.380 44.337 Observa-se com este estudo que a dose na mamografia digital diminui significativamente com relação à mamografia convencional conforme aumenta-se a espessura da mama. A medida da dose na entrada da pele em mamografia convencional para espessura de 70 milímetros é 72,55% maior que em mamografia digital. Mesmo para as espessuras menores existe uma diferença entre as doses para cada método, chegando até 28,61% maior a dose na entrada da pele para mamografia convencional em relação à digital em espessuras de 40 milímetros, com combinação pista-filtro igual entre os dois métodos (Mo/Mo). A grande diferença existente é devida à concepção de cada equipamento. A mamografia digital disponibiliza, em seu controle automático de exposição, a combinação pista-filtro Rh/Rh para espessuras acima de 50 milímetros, enquanto o equipamento convencional possui a combinação pista-filtro Mo/Mo para todas as espessuras. O uso de Mo/Mo para grandes espessuras resulta em um aumento do tempo de exposição necessário para a obtenção de uma mesma qualidade de imagem. Para pequenas espessuras a diferença entre as doses é dada pela diferença de parâmetros aplicado no controle automático de exposição, onde a mamografia digital utiliza menor carga transportável que a convencional.