CARACTERIZAÇÃO DE Hoplias aff. malabaricus DA PLANÍCIE DE
INUNDAÇÃO DO ALTO RIO PARANÁ, COM SEQUÊNCIAS
NUCLEOTÍDICAS DO GENE DA ATPase 6.
Thatiane Rodrigues Mota (PIBIC/CNPq-UEM), Vivian Nunes Gomes, Thaís
Souto Bignotto, Laudenir Maria Prioli, Horácio Ferreira Júlio Júnior, Alberto
José Prioli, Sônia Maria Alves Pinto Prioli (Orientadora), e-mail:
[email protected].
Universidade Estadual de Maringá – Departamento de Biologia Celular e
Genética/Nupélia
Área e sub-área do conhecimento conforme tabela do CNPQ:
2.00.00.00-6 Ciências Biológicas − 2.02.04.00-0 Genética Animal
Palavras-chave: Traíra, DNA mitocondrial, morfótipos.
Resumo
Hoplias aff. malabaricus, conhecida como traíra ou lobó, é encontrada
na maioria das bacias hidrográficas da América do Sul. A diversidade
cariotípica de H. aff. malabaricus condorda com a diversidade nucleotídica.
Os altos níveis de diferenciação entre os grupos sugerem que H. aff.
malabaricus constitui um complexo de espécies. Dos sete citótipos
conhecidos, A, C e D são encontrados na planície de inundação do alto rio
Paraná e foram associados à haplogrupos D-loop. Os citótipos A, C e D
também foram associados a três morfótipos relativos ao formato da cabeça.
O objetivo deste trabalho foi associar haplogrupos do gene mitocondrial da
ATPase 6 a dois morfótipos encontrados na bacia do alto rio Paraná. Foram
analisados três indivíduos do morfótipo “cabeça longa” e dois indivíduos do
morfótipo “cabeça intermediária”. Os resultados demonstraram que cada
morfótipo está associado a uma sequência específica. Portanto, pode-se
concluir que a sequência do gene da ATPase 6 é eficiente para a
discriminação de grupos dentro do complexo H. aff. malabaricus e poderá
ser utilizada como critério para identificação.
Introdução
Em todas as grandes bacias e na maioria das bacias hidrográficas menores
da América do Sul são encontrados os peixes da ordem Characiformes
Hoplias aff. malabaricus, conhecidos em todo o Brasil como traíra ou lobó.
Taxonomistas e geneticistas concordam que H. aff. malabaricus é um grupo
controverso e que deve ser tratado como um complexo de espécies.
Inicialmente, os estudos citogenéticos demonstraram alta diversidade
cariotípica, colocando em evidência sete citótipos, variando de 39 a 42
cromossomos. Investigações conduzidas por Pazza e Júlio Jr (2003)
Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.
demonstraram que, na planície de inundação do alto do rio Paraná, os
citótipos A, C e D representam H. aff. malabaricus. Na planície de inundação
ocorriam em simpatria os citótipos A e D, nativos da região. O citótipo C
provavelmente não ocorria acima dos saltos de Sete Quedas. Assim como
aconteceu com várias outras espécies, é possível que o citótipo C, tenha
sido introduzido no alto do rio Paraná com a submersão de Sete Quedas
com a formação do Reservatório de Itaipu, em 1982 (Agostinho et al., 1994).
A diversidade nucleotídica da extremidade hipervariável da região controle
mitocondrial, ou D-loop, define três haplogrupos, que estão associados aos
citótipos A, C e D (Perioto, 2004). Conforme Graça e Pavanelli (2007), na
planície de inundação são encontradas três espécies que são identificadas
como H. aff. malabaricus. Na Figura 1 estão ilustrados os morfótipos com
base na variação da forma da cabeça e pigmentação da mandíbula.
Figura 1 – Morfótipos de H. aff. malabaricus . Morfótipo A: [a] manchas na mandíbula
formando faixas pouco definidas e [b] “Cabeça Intermediária”; Morfótipo C: [c] manchas na
mandíbula formando faixas bem definidas e [d] “Cabeça Longa”; Morfótipo D: [e] manchas
difusas na mandíbula e [f] “Cabeça Redonda”.
Mota et al. (2009) relacionaram haplogrupos da região controle, ou Dloop, aos três morfótipos da planície de inundação. Santos et al. (2009)
estudaram os citótipos A e F e os relacionaram com haplogrupos de
sequência parcial do gene da ATPase 6. Neste trabalho, o objetivo foi
associar os morfótipos “cabeça intermediária” e “cabeça longa” a sequências
específicas do gene ATPase 6.
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Materiais e métodos
As coletas de H. aff. malabaricus foram realizadas na planície de inundação
do alto do rio Paraná (Figura 2). Os exemplares foram identificados,
classificados quanto ao morfótipo. O DNA total foi extraído com a técnica
fenol/clorofórmio e quantificado em gel de agarose. Parte da sequência do
gene da ATPase 6 foi amplificada e sequenciada em plataforma MegaBace.
Figura 02. Planície de inundação do alto rio Paraná.
Resultados e Discussão
Foram obtidas sequências de 534 pb de cinco indivíduos. Os haplogrupos, o
polimorfismo nucleotídico e a morfologia da cabeça estão mostrados na
Tabela 1. A Figura 3 ilustra e resume a diversidade encontrada.
Tabela 1 – Polimorfismo nucleotídico de sequência parcial, de 534 pb, do
gene mitocondrial da ATPase 6, associado a morfótipos de Hoplias aff.
malabaricus da planície de inundação do alto rio Paraná.
Haplog
r
Haplótipo
u
p
o
Hapl-Hml-I
C
111112222233333444
Espécime 9156890148815699078
Morfótipo
6405657795821036540 (Forma da Cabeça)
Hpl-LG106 AATATAACTCCCATGACGA
Hpl-LG114 ...................
Longa
Longa
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A
Hapl-Hml- II
Hpl-LG118 ...................
Longa
Hpl-LG138 GGCGCGGTCTTTGCAGTAG
Hpl-LG143 GGCGCGGTCTTTGCAGTAG
Intermediária
Intermediária
Foram identificados três indivíduos do halogrupo associado ao citótipo
C, com o morfótipo “Cabeça Longa”. Quatro do halogrupo A, apresentando o
morfótipo “cabeça intermediária”. Os haplogupos A e C não foram
polimórficos e diferem entre si por 18 substituições na primeira base e uma
substituição na terceira base, que não resultaram e mudança aminoacídica.
Os resultados das análises moleculares demonstraram a existência de
associação entre os haplogrupos A e C com os morfótipos “Cabeça
Intermediária” e “Cabeça Longa”.
Conclusões
Os resultados mostram que a sequência do gene da ATPase 6 é eficiente
para diagnóstico de grupos dentro do complexo H. aff. malabaricus .
Agradecimentos
Os autores agradecem ao Departamento de Biologia Celular e Genética,
pela oportunidade de realização do trabalho, ao Nuplélia pelo apoio logístico,
à UEM/CNPq pela Bolsa PIBIC e ao CNPq-PELD pelo apoio financeiro.
Referências
Agostinho, A A.; Júlio Jr, H.F.; Petrere, M. Itaipu Reservoir (Brazil): Impacts
of the impoundment on the fish fauna and fisheries. In Rehabilitation of
Freshwater Fisheries. Cowx, I.G. (Org.) Oxford: Blackwell Scientific
Publications, 1994, 171-184.
Graça, W.J.; Pavanelli, C.S. Peixes da planície de inundação do alto rio
Paraná e áreas adjacentes. Maringá: EDUEM, 2007. 241 p.
Mota, T.R.; Gomes, V.N.; Bignotto, T.S.; Prioli, L.M.; Júlio Júnior, H.F.; Prioli,
A.J.; Prioli Caracterização de morfótipos de Hoplias aff. malabaricus da
planície de inundação do alto rio paraná, com sequências nucleotídicas
mitocondriais. In Anais do XVIII EAIC, Londrina, 2009.
Pazza, R.; Júlio Jr., H.F. Occurrence of Three Sympatric Cytotypes of
Hoplias malabaricus (Pisces, Erythrinidae) in the Upper Parana River
Foodplain (Brazil). Cytologia 2003, 68, 159.
Perioto, P.S. Variabilidade Genética do Complexo Hoplias aff. malabaricus
Acessada com Marcadores Moleculares Nucleares e Mitocondriais.
Dissertação de Mestrado. Genética e Melhoramento. Universidade Estadual
de Maringá, 2004.
Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.
Santos, U.; Völcker, C. M.; Belei, F. A.; Cioffi, M. B.; Bertollo, L. A. C.; Paiva,
S. R.; Dergam, J.A. Molecular and karyotypic phylogeography in the
Neotropical Hoplias malabaricus (Erythrinidae) fish in eastern Brazil. Journal
of Fish Biology 2009, 75, 2326.
Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.
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