Nova Era Maçônica novembro/dezembro 2006 1 Ano 4 número 35 – novembro/dezembro de 2006 Leia a versão eletrônica deste jornal, assim como todos os números anteriores: www.gosp.org.br Frontispício da edição comemorativa do primeiro centenário da Maçonaria no Brasil. Vide pág. 3 “O homem tem virtudes porque é feito à imagem de Deus... e tem defeitos porque é apenas a imagem de Deus.” 2 novembro/dezembro 2006 Nova Era Maçônica Palavra do Grão-Mestre Estadual Conforme o disposto na Lei nº 083 de 17-09-2005 E∴V∴ e por determinação do Egrégio Tribunal de Justiça Eleitoral, no dia 10 de março de 2007 da E∴V∴ (sábado) será realizada a eleição para preencher os cargos de Grão-Mestre e Grão-Mestre Adjunto do Grande Oriente de São Paulo. Parece-nos sábia e justa a escolha de tal data, porque aos sábados a grande maioria das Lojas não está em atividade e a grande maioria dos Irmãos está livre de seus afazeres profissionais; é, portanto, um dia em que todos, ou quase todos, podem comparecer sem prejuízo de suas atividades profanas e/ou maçônicas. Como cidadãos, no mundo profano, recentemente dedicamos dois domingos para o sagrado exercício do voto livre e democrático. Como maçons, certamente também saberemos dedicar o dia 10 de março próximo para escolher nossos futuros dirigentes estaduais. Conclamamos todos a se organizarem e prepararem suas Lojas para que o evento possa contar com a participação do maior número possível de eleitores, o que garantirá aos eleitos uma maior representatividade e legitimidade, essenciais para que um governo possa ser democrático e justo. As Lojas que ocupam um mesmo templo devem contactar-se, por meio de seus VeneráveisMestres, para estabelecerem os diferentes horários em que atuarão suas oficinas eleitorais. Não permitam, Ve n e r á v e i s Mestres, que pequenos entraves burocráticos e administrativos ofusquem o brilho da grande festa democrática de nossa Sublime Instituição. Aproveito também este ensejo, para externar os meus votos de boas festas aos nossos Irmãos, Cunhadas, Sobrinhos e Sobrinhas. Que o Grande Arquiteto do Universo possa proporcionar a todos um 2007 pleno de realizações. Cláudio Roque Buono Ferreira Grão-Mestre do Grande Oriente de São Paulo Expediente Grande Secretário de Cultura e Educação Maçônicas: Wagner Veneziani Costa Presidente do Departamento Editorial: Carlos Brasílio Conte Diretor de Arte: Celso Ferrarini Junior Jornalista Responsável: Alessandro Sani - MTB: 37401 Assistente Editorial: Rogério Quintino Corrêa Colaboradores: Alan C. de Carvalho e Osmar de Carvalho Revisão: Arlete Genari e Daniela Piantola Toda e qualquer matéria publicada no jornal é de responsabilidade total do autor, assim como figuras e fotos. Jornal produzido com recursos próprios. Os Irmãos que quiserem colaborar com matérias para o jornal devem entrar em contato com o Resp... Ir... Carlos Brasílio Conte, pelo e-mail: [email protected] Capa: Fac-símile do frontispício da obra A Maçonaria no Estado de São Paulo, editada em 1922 Apoio Cultural e patrocínio – Madras Editora Impresso na Folhagráfica – Tiragem: 5 mil exemplares Distribuição Gratuita Editorial Este é o primeiro número impresso do jornal Nova Era Maçônica e surge graças ao empenho e à dedicação do Poderoso Irmão Wagner Veneziani Costa, Grande Secretário de Cultura e Educação Maçônicas que, generosamente, providenciou, sem custo algum para o Grande Oriente de São Paulo, a diagramação, editoração, impressão e distribuição deste veículo informativo e cultural. Conforme foi anunciado no editorial do mês anterior, a partir desta edição o jornal Nova Era Maçônica chegará até seus leitores em duas versões: a primeira, tradicional, on-line, que manteremos no site www.gosp.org.br, onde também estarão disponíveis todos os números anteriores; a segunda, impressa, que será oferecida graciosamente aos maçons e às Lojas. É a Grande Secretaria de Cultura e Educação Maçônicas trabalhando em prol de uma Maçonaria cada vez maior e melhor. Carlos Brasílio Conte Editor Fórum Livre Quem Instrui Quem? Nas longas e agradáveis conversas que, invariavelmente, acontecem após as sessões maçônicas, no copo d`água, um tema parece prevalecer sobre os demais: quem deve instruir os Irmãos Aprendizes e Companheiros? A resposta óbvia, que todos sabemos e com a qual concordamos, é que a instrução está a cargo dos Irmãos Vigilantes; nisso concordam também as citações do Regulamento Geral da Federação nas páginas 10 e 39, edição de 2002. A grande dúvida, porém, é a respeito de QUAL deles instruirá os Irmãos Aprendizes e QUAL instruirá os Irmãos Companheiros, tendo em vista que o R.G.F. afirma genericamente: "Os Aprendizes e Companheiros serão instruídos pelos Vigilantes de suas colunas". O que permanece confuso é: qual é a coluna de cada um deles? Os Rituais poderiam nos fornecer algumas indicações? Sim, mas infelizmente elas são contraditórias. Querem exemplos? No Ritual do Primeiro Grau, página 7, edição de 2001, afirma-se que o Irmão Primeiro Vigilante instrui os Companheiros; no Ritual do Segundo Grau, página 57, edição 2001, afirma-se que o Irmão Primeiro Vigilante instrui os Aprendizes. No Ritual de Instalação do V∴M∴, página 4, edição de 1999, é o Irmão Segundo Vigilante quem convida os Irmãos Aprendizes a cobrirem o Templo e é o Irmão Primeiro Vigilante quem convida os Irmãos Companheiros a cobrirem o Templo, embora isto não prove que tenham também o encargo de instruí-los nessa mesma ordem. Alguns estudiosos afirmam que se deve obedecer à ordem hierárquica e, assim, o Primeiro Vigilante instruiria os Companheiros e o Segundo Vigilante instruiria os Aprendizes; outros estudiosos afirmam o contrário, alegando que mais importante do que a ordem hierárquica é a posição geográfica: o Irmão Primeiro Vigilante, que tem assento na Coluna do Norte, instrui os Aprendizes, que também lá têm assento, e o Irmão Segundo Vigilante, que tem assento na Coluna do Sul, instrui os Companheiros, que lá têm assento. Acrescente-se a esse "imbroglio" que muitos Irmãos evocam, nesses assuntos, a Tradição e os Usos e Costumes, dificultando ainda mais a questão. Tudo isso no R∴E∴A∴A∴, ao qual eu pertenço; se formos analisar todos os Ritos, a confusão ficará ainda maior. É uma discussão antiga, complexa, polêmica, que envolve saber jurídico, ilações e interpretações, bom senso e preferências pessoais, além de uma forte dose de ACHISMOS. A solução, tal qual as equações de segundo grau, envolve sempre duas respostas diferentes, dependendo da fonte consultada. E ambas as respostas estão corretas. Pessoalmente, simpatizo mais com a "tese hierárquica", segundo a qual o Irmão Primeiro Vigilante instruirá os Companheiros e o Irmão Segundo Vigilante instruirá os Aprendizes, mas meu conselho é que cada Loja adote o seu sistema, após uma votação democrática e salutar. Carlos Brasílio Conte Autor do livro A Doutrina Maçônica, Madras Editora. Nova Era Maçônica A Tradição Está Viva Antonio Giusti, fundador e diretor da revista A Maçonaria no Estado de São Paulo, que, em 1922, publicou uma edição comemorativa do primeiro centenário da Maçonaria no Brasil, cuja capa ilustra a primeira página deste jornal. Da obra original, rara e valiosa, reproduziremos uma das primeiras páginas em fac-símile narrando a história dos primórdios de nossa Ordem no Brasil, com grafia de época, resgatando, assim, valores que não devem ser esquecidos jamais. À dir. Antonio Giusti 33∴ Gr∴Insp∴Ger∴ da Ord∴ e Memb∴ Hon∴ do Sup∴ Cons∴ Fundador e diretor da revista “A Maçonaria no Estado de São Paulo” Matéria de Capa novembro/dezembro 2006 3 4 novembro/dezembro 2006 SUPONHAMOS QUE A VERDADE SEJA O MORANGO Algumas pessoas encontraram um livro sobre morangos e, com o que conseguiram de informação, criaram algumas religiões defendendo o que leram dizendo: “Nós lemos no livro do morango que os verdadeiros morangos são frutas que crescem no campo, no inverno...” Outras pessoas que conseguiram algumas fotografias dos morangos criaram outras religiões, cada uma delas dizendo: “Nós temos as fotografias dos morangos e podemos provar que eles são vermelhos, com folhas verdes, tamanhos variados...” Outras viram um campo de morangos de longe e com o que puderam observar criaram outras religiões dizendo: “Nós vimos os campos de cultivo dos morangos e pudemos constatar que eles são plantados do jeito tal, colhidos de tal jeito...” Ainda outras pessoas que puderam pegar nas mãos alguns morangos, criaram outras religiões dizendo: “Nós pudemos tocar os morangos e podemos afirmar que eles têm tamanhos variados, formatos parecidos...” Poucas pessoas, no entanto, que conseguiram verdadeiramente comer morangos, não criaram religião alguma. Simplesmente saborearam as frutas, mas não explicaram o que haviam sentido. Eu posso experimentar um morango e descrevê-lo como sendo doce, mas outra pessoa pode provar do mesmo morango e achar que ele é azedo. O importante é que nós tenhamos o direito de ver, cheirar, tocar e degustar como quisermos ou pudermos, mas nunca acreditar que a nossa maneira é a única que existe. Que a "verdade" seja sempre maior do que a certeza e que o amor seja sempre maior do que a tolerância. Ir ∴ Alan Christian de Carvalho O PODER DO PENSAMENTO Garret Porte, um menino de 9 anos, estava com câncer. Não se esperava que sobrevivesse quando começou a ser tratado por uma terapeuta treinada em aplicar a imaginação à cura. Ela o incentivou a fazer desenhos que mostrassem as células cancerosas sendo atacadas e destruídas por células saudáveis. Ele praticou isso com afinco durante alguns meses. O tumor começou a diminuir e, finalmente, desapareceu. Outros tratamentos por si só não tiveram êxito, mas combinados com o poder do pensamento o curaram. Ele então começou a ensinar outras crianças com câncer a usar a visualização para curar-se. Criou um serviço telefônico para atender crianças doentes e contou sua história no livro I Choose Life (Escolho a Vida), que escreveu com sua terapeuta Patricia Norris. Esse é apenas um exemplo, entre a massa crescente de provas, de que o pensamento é algo real e pode gerar efeitos físicos. Longe de ser apenas um acontecimento interior, nossos pensamentos e emoções podem afetar nossos corpos, nossa saúde, nosso humor e também outras pessoas. Efeitos do Pensamento sobre a Saúde É um fato estabelecido que o estresse tem uma forte relação com muitas doenças, como a pressão sanguínea, ataques do coração e distúrbios digestivos. Estudos mostram que a taxa de mortalidade de viúvas e viúvos é cerca de 40% mais elevada que a média estatística. Acontecimen- Artigos tos como a morte da esposa e estados emocionais como a depressão podem afetar o sistema imunológico. Atitudes, pensamentos e emoções não saudáveis podem fazer-nos adoecer. Por outro lado, a visualização, a afirmação e uma atitude positiva aliviam as enfermidades. Visualização A visualização também pode melhorar nosso desempenho. Atletas são treinados para repetir mentalmente os feitos realizados. Está demonstrado que o desempenho de uma tarefa é melhorado se, antes de praticá-la, a repetimos mentalmente. Como ensinam muitos grupos de "pensamento positivo", é possível até mesmo manifestar algo que queremos, como um trabalho, uma casa, um carro, um relacionamento. Contudo, o ponto de vista teosófico enfatiza que muitas vezes conseqüências indesejáveis resultam do uso egoísta e pessoal do poder do pensamento e sugere que o pensamento pode ser melhor usado quando dirigido para a totalidade interior, a cura, a paz, o amor e a unidade. A telepatia ou transferência de pensamentos de uma pessoa para outra tem sido estudada há décadas e há provas experimentais convincentes de que é genuína. Em várias experiências, indivíduos conseguiram desenhar símbolos emitidos telepaticamente ou escolher um desenho entre vários que achavam ser o que estava sendo transmitido. E há muitos casos de telepatia espontânea na qual alguém pensa em uma pessoa e aquela pessoa aparece ou telefona ou alguém fica sabendo mediante um sonho ou intuição que uma pessoa amada está em perigo, doente ou morreu. Os exemplos do poder do pensamento são muito numerosos para descrever. Campos Invisíveis ao Redor de Nós A filosofia esotérica oferece uma explicação para o poder do pensamento. Essa visão, que sempre esteve disponível através da história, de uma forma ou de outra, para aqueles que buscam, retrata o mundo físico como o resultado de níveis energéticos superfísicos do ser. O mundo consiste de campos interpenetrantes, cada qual mais sutil e mais rarefeito do que o anterior. Um dos campos é o mundo das emoções, no qual nossos pensamentos surgem como energias poderosas. Outro campo sutil é o mundo do pensamento, no qual o pensamento exerce uma força real. Há outros campos ainda mais rarefeitos ligados às energias intuicionais e espirituais. Nova Era Maçônica Todos os seres vivos possuem um campo localizado (às vezes chamado de aura) dentro desses campos universais, assim como um diminuto magneto possui um campo magnético localizado dentro do campo magnético universal. Associada a cada campo universal e local há uma espécie de matéria superfísica apropriada ao mesmo. Os clarividentes, que podem perceber esses níveis de existência, descrevem o campo emocional (muitas vezes referido como plano astral) como contendo um tipo de matéria luminosa e fluídica em constante movimento, com cores vibrantes que se alteram com a mudança dos sentimentos e das emoções. Eles descrevem o campo (ou plano) mental como caracterizado por um tipo de matéria mais rarefeita que reage aos pensamentos. Todos os níveis se interpenetram e interagem continuamente. Nossas Energias Mentais e Emocionais Estamos sempre sentindo algum grau de emoção e isso gera uma vibração ou ritmo em nossa aura ou campo característico daquela emoção. Por exemplo, o ritmo violento da cólera tem um efeito muito diferente do ritmo agradável do amor ou da alegria. Esses ritmos ou vibrações na aura nos afetam fisicamente, especialmente por meio das glândulas e hormônios. Padrões de emoções repetidas podem influenciar profundamente nossa saúde. Ansiedade e medo, cólera e ressentimento, e até mesmo uma excitação muito grande habitual podem sobrecarregar as glândulas, como as suprarenais, e gerar enfermidades, enquanto que o relaxamento, a felicidade, o entusiasmo e a afeição podem ter um efeito harmonizante, produtor da cura. As vibrações associadas com as diferentes emoções são transmitidas ao campo circundante e impingidas sobre as auras ou campos dos que estão próximos. Se uma rajada de emoções como a cólera ou o amor é direcionada a um indivíduo, ela tende a despertar o mesmo sentimento naquela pessoa, mesmo se ele ou ela não estiverem fisicamente presentes. Assim, nossos pensamentos e sentimentos não são meramente interiores e privados, eles afetam os demais e afetam nossos campos e corpos. Os clarividentes concordam que as emoções afetam o campo e os pensamentos fortes criam "formas de pensamento" na matéria do campo mental. Essas formas de pensamento podem ter vida curta ou podem persistir longos períodos, particularmente se o pensamento é repetido com freqüência. Se direcionadas a alguém, tais formas de pensamento podem descarregar sua energia na aura da pessoa e influenciá-la. Assim, os pensamentos não apenas afetam as pessoas a nossa volta; podem alcançar pessoas a distância. Somos influenciados mais do que imaginamos pelos pensamentos e sentimentos dos outros, assim como por aqueles acumulados nos campos em torno de nós. É fácil perceber o intenso campo emocional em um concerto de rock ou em uma igreja antiga onde a devoção foi nutrida por anos. Mas podemos não perceber os efeitos em nós dos campos emocionais e mentais nos quais vivemos todos os dias. Ao praticarmos diariamente o envio de pensamentos e sentimentos positivos, talvez como parte da meditação, estaremos erigindo energias positivas em nós mesmos. Isso ajuda a proteger-nos de influências negativas ou nocivas impingidas em nós por outros ou absorvidas do campo circundante. Estaremos também aprendendo a tomar conta de nossos pensamentos e emoções em vez de ficarmos a sua mercê. E estaremos vertendo influências elevadoras, úteis, nos campos ao redor de nós, que podem servir de auxílio em vez de obstáculo a outros. Uso Construtivo de Nossas Energias Usamos nossas energias emocionais e mentais todo o tempo, geralmente de forma espontânea, sem deliberação, e muitas vezes somos inconscientes de estarmos fazendo isso. Ainda assim, essas energias influenciam a nós e aos demais, mesmo que estivermos desatentos a elas. Podemos aprender a usar esses poderes de forma construtiva em vez de deixá-las surgir à vontade. Um uso do poder do pensamento é visualizar a nós mesmos ou outros bem e saudáveis ou imaginar fluxos de energia da cura alcançando um amigo doente. Podemos treinar conscientemente para enviar paz, amor, afeição ou força para aqueles que sabemos estar necessitados de tal auxílio ou enviar paz ao mundo. Ou podemos projetar uma forma-pensamento de proteção e segurança em alguém que sabemos estar em perigo. Podemos visualizar a nós mesmos desempenhando bem uma tarefa ou ver a nós mesmos ou a outros confiantes e felizes. Essas são apenas algumas formas construtivas com que podemos começar a usar nossos poderes do pensamento e da emoção. Artigos Patrik Millikin http://oboi-design.com Nova Era Maçônica O Dever A personalidade só é coerente e definida em quem consegue formular para si deveres inflexíveis, que impliquem um pacto retilíneo com os preceitos da dignidade. Sem ser lei escrita, o sentimento do dever é superior aos mandamentos revelados e aos códigos legais: impõe o bem e execra o mal, ordena e proíbe. Reflete na consciência moral do indivíduo a consciência moral da sociedade; julga em seu nome as ações, cominando-as ou vetando-as. O dever não é vã premissa dogmática de velhas morais teológicas ou racionais. Mais e melhor do que isso, é toda a moral efetiva, toda a moralidade prática: um compromisso entre o indivíduo e a sociedade. Nasce e varia em função da experiência social; com ela se exalta ou se abisma. À medida que a justiça vai consagrando os direitos humanos, surgem os deveres que são o seu complemento natural, os quais lhe correspondem como a sombra ao corpo. Visto que os homens não vivem isolados, é dever de cada um concorrer com o melhor do seu esforço para o aperfeiçoamento de seu povo, desempenhando com eficácia as funções apropriadas às suas aptidões. O homem que se es- quiva aos deveres sociais é nocivo à sua gente, à sua raça, à humanidade. Nos jovens que não desonram a sua mocidade, os deveres são o reflexo dos ideais sobre a conduta; quanto mais intensa for a fé num ideal, mais imprescindível será o sentimento que compele a servi-lo. Se a moral é social, os deveres são sociais. É quimérica toda noção de um dever que não se refira ao homem e à sua conduta efetiva; o dever transcendental, divino ou categórico, foi uma hipótese ilegítima das antigas morais especulativas. Em todas as raças e em todos os tempos existiu o sentimento do dever, porém concretamente manifestado em deveres variáveis com a experiência social, distintos em cada época e em cada sociedade, perfectíveis como a própria moralidade. Aumentaram simultaneamente os direitos reconhecidos pela jutitiça e os deveres impostos pela solidariedade. Reduzir o dever a um mandamento sobrenatural ou a um conceito da razão implica subtraí-lo à sanção real da sociedade e relegá-lo a sanções hipotéticas e indeterminadas. Ignorando a origem social do dever, os estóicos não o puderam definir, embora concebendo magnificamente a perfeição humana; por desconhecer essa origem, decidiram os dialéticos construir, com um gênio admirável, absurdas doutrinas do dever absoluto. Absurdas como tudo o que contradiz a natureza. Se a justiça fosse perfeita na sociedade, poderia ser concebido o dever absoluto; mas essa hipótese não foi efetivamente realizada em nenhuma sociedade, nem é mesmo possível coisa alguma invariável numa realidade que eternamente varia. A injustiça existiu e existe, criando o privilégio, que é a violação do direito. Disso não se conclui que não tenha existido o dever, nem tampouco que deva existir, respeitando a injustiça. O sentimento do dever, quando absoluto na consciência do indivíduo, é relativo à justiça da sociedade. Onde o direito é violado, torna-se menos imperativo; quando todos os direitos são respeitados, cada homem tende a cumprir os seus deveres. Nenhuma força coercitiva pode impor normas de conduta contrárias à própria consciência moral. A obrigação do dever só reconhece a sanção da justiça. O homem que dobra a sua consciência sob a pressão de vontades alheias ignora o maior de todos os prazeres, que é proceder de acordo com as suas tendências; priva-se da satisfação do dever cumprido pelo simples prazer de o cumprir. A obediência passiva é domesticidade sem crítica e sem fiscalização, indício de submissão ou de aviltamento; o cumprimento do dever implica inteireza e vigor, melhor cumprindo-o quem se sente capaz de impor os seus direitos. Afirmar que o dever é social não significa que o Estado ou novembro/dezembro 2006 a Autoridade possam impor a sua tirania ao indivíduo. O sentimento do dever é sempre individual, e nele se reflete a consciência moral da sociedade; mas, quando o Estado ou a Autoridade não representam a lídima expressão da consciência social, pode consistir o dever na obediência, embora custe a própria vida. Assim nos ensinaram com elevado exemplo os mártires da independência, da liberdade, da justiça. Quando a consciência moral considera que a autoridade é ilegítima, obedecer é covardia, e aquele que obedece atraiçoa os seus sentimentos de dever. Talvez seja essa a única falta de Sócrates no cárcere, desde que acreditemos na letra do seu platônico diálogo com Criton, no qual o respeito à lei impõe obediência à injustiça. 5 A sociedade e o indivíduo são reciprocamente dependentes: pelo respeito à justiça, avaliamos a civilização da primeira; pela austeridade no dever, aquilatamos a moralidade do segundo. A fórmula da justiça social é garantir ao homem todos os seus direitos; a fórmula da dignidade individual é cumprir todos os deveres correspondentes. Os países novos devem seguir esse equilíbrio ideal. Aquele que sempre fala dos nossos direitos sem nos recordar os nossos deveres atraiçoa a justiça; mancha, porém, a nossa dignidade que predica deveres que não representem a conseqüência natural dos direitos efetivamente exercitados. J. Ingenieros, filósofo e pensador argentino Serviço 6 novembro/dezembro 2006 História Nova Era Maçônica A República e o Papel dos Maçons Paulistas menagem à lei Visconde do Rio Branco, ou "do Ventre Livre" – no Rito Escocês e na jurisdição do Grande Oriente Unido; foi incorporada ao Grande Oriente do Brasil, em 1883, e viria a abater colunas cerca de dez anos depois. Loja "VIRTUDE E CARIDADE", de Santa Bárbara do Oeste, fundada a 16 de dezembro de 1881, no Rito Escocês e na jurisdição do Grande Oriente Unido; incorporada ao Grande Oriente do Brasil, em 1883, abateria colunas cerca de cinco anos depois. Em 1882, chegava ao fim a cisão na Maçonaria brasileira, com a fusão das duas Obediências. Saldanha, já doente e cansado, sem poder comandar, convenientemente, o http://daniellathompson.com Com a morte do visconde do Rio Branco, foram realizadas novas eleições para a administração do Grande Oriente do Brasil, a 27 de junho e a 4 de julho de 1881, sendo eleitos o conselheiro João Alfredo Corrêa de Oliveira, como Grão-Mestre e o almirante Artur Silveira da Mota (futuro barão de Jaceguai), paulista, como Grão-Mestre Adjunto, ficando Francisco Cardoso Júnior como GrãoMestre Honorário. João Alfredo, devido às suas viagens, não assumiu, todavia, o cargo, sendo, a 29 de setembro, empossado apenas o almirante Artur Silveira da Mota, como Adjunto e que acabaria dirigindo o Grande Oriente, como Grão-Mestre São Paulo – Fim do século XIX em exercício (ou interino), até seu Grande Oriente "Unido", 5 de maio de 1882, quando pedira demissão de seu cargo, João Alfredo declarou não po- a 30 de março de 1882, incender aceitar o cargo; nessa oca- tivando, inclusive, a fusão, sião, o almirante, declarando cujas negociações foram mais a sua impossibilidade para incrementadas a partir do mocontinuar preenchendo o mento em que o Supremo cargo, renunciou a ele, o Conselho dos Estados Unidos, que fez com que a assem- jurisdição Norte, reconhecia o bléia geral, a 24 de maio, Grande Oriente do Brasil, em declarasse a vacância dos junho do mesmo ano, ocasião cargos de Grão-Mestre e em que foram expedidas as paGrão-Mestre Adjunto e entre- tentes de reconhecimento múgasse o cargo de Grão-Mestre, tuo. Assim, a 18 de dezembro novamente, a Cardoso Júnior, de 1882, era considerado exo qual, embora interino, aca- tinto o Grande Oriente Unibou assumindo todas as rédeas, do, antigo dos Beneditinos, com poderes totais, diante da oficializando-se a união trinta situação anômala, até 1885. dias depois, a 18 de janeiro de Em 1881, mais duas Lojas se- 1883, permanecendo uma riam fundadas na Província de Obediência única, sob o título S. Paulo: Loja "VINTE E original: GRANDE ORIENOITO DE SETEMBRO", de TE DO BRASIL. São José dos Campos, funda- Durante o ano de 1882, que da a 15 de fevereiro de 1881 – marcaria a extinção do Grancom título distintivo em ho- de Oriente Unido, a Maçonaria paulista passava por um período de dinamismo, com a fundação de mais cinco Lojas: Loja "UNIÃO E LIBERDADE", de Faxinal (depois, Itapeva), fundada a 13 de julho de 1882, no Rito Escocês e na jurisdição do Grande Oriente Unido; anexada ao G.O. do Brasil com a incorporação do G.O. Unido a este, a 18/01/1883, abateria colunas cerca de doze anos depois. Loja "TRABALHO E HONRA", de Casa Branca, fundada a 31 de julho de 1882, no Rito Escocês e na jurisdição do Grande Oriente Unido; incorporada ao Grande Oriente do Brasil em 1883, foi declarada extinta em 1904, quando fez fusão com a Loja "UNIÃO E CARIDADE II". Loja "SÃO JOÃO", de Guaratinguetá, fundada a 1o de agosto de 1882, no Rito Escocês e na jurisdição do Grande Oriente do Brasil; acabou sendo dissolvida pelo Grande Oriente, menos de um ano depois (a 19 de julho de 1883), pelas graves irregularidades que apresentava. Loja "SEGREDO 28", de Limeira, fundada a 20 de dezembro de 1882, no Rito Escocês e no Grande Oriente Unido – apesar deste ter sido declarado extinto dois dias antes – tendo sido incorporada ao Grande Oriente do Brasil a 18/01/1883, abatendo colunas cerca de três anos depois. Loja "ESTRELA DO ORIENTE", de São Carlos, fundada a 20 de dezembro de 1882, no Rito Escocês e no Grande Oriente Unido (apesar da extinção deste a 18/12); seria incorporada ao Grande Oriente do Brasil cerca de um ano depois da incorporação do Grande Oriente Unido, vindo a abater colunas cerca de dez anos depois. A 20 de janeiro de 1885, era sancionada nova Constituição do Grande Oriente do Brasil e, no mesmo ano, era eleita a nova administração, com Luiz Antonio Vieira da Silva (depois visconde Vieira da Silva), como Grão-Mestre, e João Baptista Gonçalves de Campos, visconde de Jary, como Adjunto. No plano político-social, prosseguia a luta abolicionista e recrudescia a campanha republicana, com participação ativa de muitas Lojas. A campanha republicana, por seu lado, era incrementada pela Questão Militar, que, na verdade, consistiu numa série de atritos, acontecidos entre 1883 e 1889, entre os políticos e os militares, causados pelo brio dos militares e pela inabilidade de políticos e ministros. Esses atritos iriam criar uma atmosfera propícia para o levante militar final, em 1889, o qual resultaria na implantação do regime republicano, sob a liderança de maçons como Benjamin Constant Botelho de Magalhães e Manoel Deodoro da Fonseca. A Questão Militar, na realidade, não se limitou aos quartéis, mas teve, também, escora política no Parlamento. Os partidos políticos, diante de suas rivalidades, procuravam apoio e proteção nas forças armadas, entregando-se ao amparo dos grandes chefes militares. Isso já havia acontecido, com os liberais fazendo do general Osório, maçom dos mais destacados, o seu conselheiro militar, enquanto que Caxias se tornava, pelas circunstâncias, o líder militar dos conservadores. Com a morte de ambos, em 1879 (Osório) e 1880 (Caxias), os partidos saíram atrás de substitutos, sendo que os liberais o encontraram na pessoa do general Correia da Câmara, visconde de Pelotas e senador pela província do Rio Grande do Sul, enquanto os conservadores faziam o mesmo com Deodoro. Sendo, todavia, Pelotas e Deodoro, totalmente dedicados ao Exército, acima de qualquer rivalidade partidária, toda a participação do segundo nas questões militares com o império seria apoiada, decididamente, pelo primeiro, no Senado, pois, mais do que as questiúnculas partidárias, interessava manter a coesão do Exército, que havia sustentado a independência e combatido para assegurar a unidade nacional. As questões principais foram as punições, em 1885, do tenente-coronel Cunha Matos e do major Sena Madureira pelo ministro da Guerra (civil), por críticas a este. As punições foram consideradas uma injúria, pois Cunha Matos, em um jornal diário, respondendo a um deputado que o havia ofendido, externara o conceito de que a causa de toda a discussão fora um erro do ministro. Em 1886, Deodoro – que fora iniciado na Loja "ROCHA NEGRA", de S. Gabriel (RS), a 20/9/1873 – então no comando da guarnição do Rio Grande do Sul e já com um largo prestígio no Exército, apoiou o seu subordinado, Sena Madureira, sustentando a legitimidade de sua posição. Ao mesmo tempo, por inspiração de Benjamin Constant, reuniam-se no Rio de Janeiro, a 10 de outubro de 1886, os oficiais do Exército e da Armada, presididos por ele e pelo almirante Artur Silveira da Mota (que tinha exercido o Grão-Mestrado do Grande Oriente do Brasil), para hipotecar solidariedade aos seus camaradas Sena Madureira e Cunha Matos. Demitido de seu comando, por essa atitude, Deodoro recolheu-se à capital do império, onde o movimento aumentou, em 1877, sempre dirigido por ele e por Benjamin e com o apoio de Pelotas, no Senado. Com esse crescimento, Deodoro assina, juntamente com Pelotas, o manifesto "Ao Parlamento e à Nação", redigido por Rui Barbosa, em que eram definidos os pontos de vista da classe militar; em junho de 1887, em conseqüência, era instituído o Clube Militar, com Deodoro na presidência. E, nesse mesmo ano, quando os fazendeiros procuravam obter do governo a colaboração militar na caça aos escravos fugidos, a princesa regente, D. Isabel, recebia, por meio do Clube, uma altiva mensagem, onde se solicitava que o Exército fosse dispensado de tal missão vergonhosa de capitão-do-mato. Apesar da intensa movimentação, os velhos militares, com patente de major para cima, tinham grande respeito pelo imperador, que, durante a guerra do Paraguai, tinha se mantido firme ao lado dos alvos nacionais da campanha sustentada pelas forças armadas. Os postos inferiores, entretanto, estavam preenchidos por jovens alunos das escolas militares, Marechal Deodoro da Fonseca respostas das Lojas "ACÁCIA RIOGRANDENSE", do Rio Grande do Sul e "CARIDADE E SEGREDO", da Bahia, as quais não foram muito animadoras, mostrando que a opinião maçônica, dentro do espírito democrático que deve reger a instituição, refletia a própria heterogeneidade da sociedade brasileira. A partir de 1887, quando o imperador, minado pela doença (era diabético), ficara privado de sua antiga energia, fazendo prever um fim próximo, com a conseqüente ascensão da princesa Isabel e de seu marido, conde D' Eu, ao trono, estabeleceu-se uma rede secreta de intrigas, persistente e sutil, mostrando uma figura distorcida da princesa e do conde francês: dizia-se que Isabel era um mero instrumento da vontade do clero e que seu marido era um avarento aproveitador, afastado dos interesses brasileiros, o que estava longe da realidade, pois ele era um soldado leal, altruísta e capaz, mas que, devido a uma surdez e ao forte sotaque, era mantido isolado, nunca admitido na sociedade brasileira, para a qual foi, até ao fim, "o francês". Intrigas de bastidores! Coisas de uma política muitas vezes desleal! Mas que ajudariam a apressar o fim do Império e o advento da República, desejada por segmentos importantes da vida social brasileira. Preparado em segredo, nos meios militares e nas rodas republicanas, onde era expressivo o número de maçons, o levante deveria ocorrer no dia 20 de novembro de 1889. Nos dias 13 e 14, todavia, temendo-se hesitações e dificuldades de última hora e com a circulação do boato, entre os muitos da época, de que o governo mandara prender Deodoro, resolveu-se antecipar o golpe, começando a movimentação das tropas na madrugada do dia 15. Já no dia 10, havia sido decidida a queda do Império, numa reunião na casa de Benjamin Constant, à qual estiveram presentes os maçons paulistas Francisco Glicério e Campos Salles. O obstáculo, naquele momento, era a afeição de Deodoro ao imperador; para transpô-lo, foi necessário todo o poder de persuasão de Benjamin e de outros companhei- 7 http://www.igrejapositivistabrasil.org.br de Campos, Pedro de Toledo, Américo Brasiliense, Ubaldino do Amaral, Aristides Lobo, Bernardino de Campos e outros. Além disso, várias Lojas e obreiros aprovaram propostas contrárias ao advento de um terceiro reinado e pela implantação da república, enviando seu parecer a todas as demais Lojas, embora não tenha a receptividade de algumas sido boa. Da província de S. Paulo, partiria uma das primeiras iniciativas maçônicas nesse sentido, pelas Lojas "INDEPENDÊNCIA" e "REGENERAÇÃO III", da cidade de Campinas, as quais, a 20/6/1888, enviavam prancha às demais Lojas, solicitando apoio para uma conspiração que impedisse o advento do terceiro reinado. O descaso com os documentos maçônicos – semelhante ao descaso geral com os documentos históricos da nação – impediu que respostas de muitas Lojas se é que houve resposta da maioria – fossem preservadas. Algumas, porém, chegaram até nós: é o caso das http://www.agbcuritiba.hpg.ig.com.br os quais, além de não experimentarem sentimentos semelhantes aos dos oficiais mais antigos, estavam altamente doutrinados pelo professor de maior prestígio da Escola Militar, aquele que viria, por sua atuação, a ser cognominado "o pai da República": o maçom e positivista tenente-coronel Benjamin Constant, que fazia aberta apologia do movimento republicano e era um dos mais categorizados críticos do governo imperial. A par das atividades militares, com a atuação de muitos maçons, era grande a efervescência nas Lojas e nos clubes republicanos de inspiração maçônica, destacandose, nesse período, muitos maçons civis, que seriam chamados de "republicanos históricos": Quintino Bocayuva (fundador do jornal "A República" e futuro Grão-Mestre do GOB), Campos Salles (futuro presidente da República), Prudente de Moraes (primeiro presidente civil da República), Silva Jardim, Rangel Pestana. Francisco Glicério, Américo novembro/dezembro 2006 História Nova Era Maçônica Benjamin ros de farda, pois, pelo seu prestígio no Exército, teria que caber, a Deodoro, o papel decisivo, no comando da tropa. Convencido, por fim, de que isso teria que ser feito, ele assumiu o comando do movimento. Deposto todo o Conselho de Ministros, presidido pelo visconde de Ouro Preto, Deodoro, todavia, num rasgo de sua antiga fidelidade a D. Pedro II, não se dispunha a tomar providências para implantar a república, tendo declarado, a Ouro Preto, que iria mandar procurar o imperador, em Petrópolis, para propor-lhe um novo gabinete. Foi aí que, mais uma vez, entrou em cena Benjamin Constant, que fez ver, a Deodoro, o perigo que eles correriam, daí em diante, por sua rebeldia, com a sobrevivência do governo imperial. E, assim, se fez a república no Brasil. Chegada a notícia da Proclamação da República à Província de S. Paulo, um dos primeiros atos concretos foi a reunião dos propagandistas, no Clube Republicano, às 10 horas da noite, quando Constant Américo de Campos deu, aos demais, ciência do que se passava, propondo a aclamação de um governo provisório em São Paulo. No dia seguinte, o secretário interino da Comissão Permanente do Partido Republicano, Campos Salles, endereçava oficio à Câmara Municipal, comunicando terem sido aclamados, como membros do Governo Provisório da província, os cidadãos tenentecoronel Joaquim de Souza Mursa, Prudente de Moraes Barros e Francisco Rangel Pestana, tendo Bernardino de Campos como chefe de polícia e o jornalista Júlio Mesquita como secretário do governo. Três dias depois, a 19/11, Martinho Prado Júnior, conhecido como Martinico Prado (1842-1906), maçom, como Prudente, Campos Salles, Rangel Pestana, Américo de Campos, Bernardino de Campos e Júlio Mesquita, apresentava à Câmara Municipal de S. Paulo, em nome do povo, proposta de mudança de denominação de diversas ruas: rua do Imperador, para rua Marechal Deodoro; rua da 8 novembro/dezembro 2006 Imperatriz, para rua 15 de Novembro; rua da Princesa, para rua Benjamin Constant; rua Conde D' Eu, para rua Glicério; rua do Príncipe, para rua Quintino Bocaiuva; rua de S. José, para rua Libero Badaró; e rua Comércio da Luz, para avenida Tiradentes. A essa proposta, o vereador João Augusto Garcia apresentou um adendo, propondo que a praça Sete de Abril passasse a ser praça 15 de Novembro; a essa emenda, Domingos de Moraes ofereceu outra: que essa praça Sete de Abril passasse a ser praça da República. Nessa época, São Paulo ainda era uma cidade acanhada, com 7.000 casas e uma população de cerca de 40.000 habitantes, com sua atividade maior numa pequena área central, delimitada pelos riachos e córregos Tamanduateí, Anhangabaú e Bexiga. Tinha, todavia, ligação ferroviária por meio das linhas das Companhias Inglesa, Paulista, Sorocabana, Mogiana, Ituana, Rio Claro e Bragantina – com várias localidades, além de ligação com a capital federal, pela Estrada de Ferro do Norte e da navegação entre os portos de Santos e do Rio de Janeiro, o que lhe prodigalizava intenso intercâmbio social, cultural e político. Além disso, tinha a sua Faculdade de Direito – uma das duas primeiras do Brasil, desde 1827 – o que a transformava num importante centro cultural, antes de se transformar, já no final do século XIX, no principal pólo econômico e político do país, graças à primazia de Santos, como porto exportador. No Grande Oriente, o GrãoMestre Luis Antonio Vieira da Silva, que, como Ministro da Marinha do império, por ocasião da assinatura da Lei Áurea, recebera, em janeiro de 1889, o título de visconde Vieira da Silva, viria a falecer a 3 de novembro daquele ano, tendo pouco antes, no começo de outubro, autorizado a instalação de uma Grande Loja Provisória em S.Paulo. Com a morte de Vieira da Silva, assumiria o cargo, interinamente, o Adjunto, visconde de Jary. A este caberia, em nome do Grande Oriente do Brasil, se manifestar, aderindo à mudança de governo, numa atitude coerente, além de lógica. Implantada a República, Deodoro assumiria o poder, como chefe do Governo Provisório, com um ministério totalmente constituído por maçons: Quintino Bocayuva, na pasta dos Transportes; Aristides Lobo, na do Interior; Benjamin Constant, na da Guerra; Rui Barbosa, na da Curiosidades Na sessão de inauguração do Edifíco do GOSP, estiveram presentes, além das Altas Dignidades dos três Poderes da Ordem, representações da Grande Loja Distrital inglesa, do Grande Oriente Estadual Tiradentes, de Minas Gerais, do Grande Oriente Estadual de Santa Catarina, da Grande Loja do Estado de São Paulo e de 67 Lojas, não só do Estado de São Paulo, mas, também, de Minas Gerais, da Bahia, de Pernambuco e até dos Estados Unidos (a Loja Harmony, de Nova York). História Fazenda; Campos Salles, na da Justiça; Eduardo Wandenkolk, na da Marinha; e Demétrio Ribeiro, na da Agricultura. Esses homens foram escolhidos pelo fato de representarem – com exceção de Rui, que era chamado de "republicano do dia 16" – a nata dos "republicanos históricos", que, por feliz coincidência, pertencia ao Grande Oriente do Brasil, numa época em que a Maçonaria abrigava os melhores homens do país e a elite intelectual da nação. A 19 de dezembro do mesmo ano de 1889, pouco mais de um mês após a implantação da república, Deodoro, sendo chefe do Governo Provisório, era eleito Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil, tendo, como Adjunto, Josino Nascimento da Silva. Ele só iria tomar posse do cargo, todavia, a 24 de março de 1890, enquanto o Adjunto só assumiria a 18 de agosto do mesmo ano. Deodoro, na realidade, pouco podia se dedicar ao Grão-Mestrado, pois o novo regime necessitava de consolidação e não contava com o consenso de seus artífices, já que, nos primeiros momentos, havia duas correntes republicanas com idéias totalmente antagônicas: uma, queria uma república democrática representativa, enquanto que a outra desejava uma ditadura sociocrática de tipo comtista, ou seja, de acordo com a doutrina de Comte, o Positivismo (e não se pode esquecer que grandes expoentes do movimento, como Benjamin, Júlio de Castilhos e Lauro Sodré, eram positivistas). Acabaria vencendo a corrente democrática, sustentada por Rui Barbosa, seu maior expoente e a cuja diligência deve-se a elaboração do projeto de Constituição Provisória, em decorrência do qual se instalou, a 15 de novembro de 1890, o Congresso Constituinte. Antes disso, todavia, o Governo Provisório já executara a reforma Nova Era Maçônica institucional, inclusive com a lei de 7 de janeiro de 1890, que separava a Igreja do Estado e com a qual se tornava impossível uma nova questão como a de 1872. No ano de 1890, na alvorada da República brasileira, São Paulo iria ver a fundação de mais duas Lojas: Loja "ORDEM E PROGRESSO", da Capital, fundada a 24 de fevereiro de 1890, no Rito Moderno, ou Francês, e na jurisdição do Grande Oriente do Brasil, onde recebeu o número 428, no Registro Geral das Lojas. Loja "HARMONIA E CARIDADE", da Capital, fundada a 12 de setembro de 1890, no Rito Adoniramita e na jurisdição do G∴O∴ do Brasil, onde recebeu o número 430, no Registro Geral. Em novembro de 1890, em San- tos, ocorreria um fato curioso e que mostra certa prevenção da população contra os maçons: o Venerável da Loja "FRATERNIDADE", Francisco Alves da Silva, fora nomeado Inspetor da Alfândega; em manifestação de regozijo, a Loja fez uma sessão extraordinária e os obreiros foram, incorporados e todos para-mentados – e com o estandarte da Loja – em cortejo a pé até à casa dele. Só o Porta-Espada não foi com a espada, por recomendação da Loja, "para não causar espécie aos profanos", segundo a ata. Extraído do livro História do GOSP, José Castellani, publicação do Grande Oriente de São Paulo. Meio Ambiente A Importância do Rio Tietê Um resumo da importância de nossa rede hídrica e particularmente desse rio, tão famoso por fazer parte de nossa história, é uma forma de o homenagearmos, buscando incentivar todos os que buscam preservar os recursos hídricos e o meio ambiente. No Brasil, a rede de rios perenes é uma das mais extensas do mundo, devido ao clima e aos aspectos geológicos que propiciam tais aspectos. Concentra-se em 80% a produção hídrica do país distribuída em três unidades hidrográficas: Paraná, Amazonas e São Francisco, as quais abrangem 72% de nosso território. Só a Bacia Amazônica abrange 57% da superfície brasileira. A hidrografia brasileira é rica em rios, porém há poucos lagos. A alimentação dos mesmos é obtida por meio das chuvas, ao contrário dos rios europeus, em que as. cheias e vazantes variam de acordo com o derretimento de neve ou gelo. O rio Amazonas, porém, obedece a um regime misto, pois seu nível de água também é influenciado pelo derretimento de neve na Cordilheira dos Andes. Mesmo com a profusão de recursos hídricos, sua distribuição irregular e a qualidade nem sempre confiável das águas são fatores limitantes ao direito básico do ser humano relacionado ao consumo de água, tanto para a manutenção da vida quanto para necessidades individuais. A água, tão essencial quanto o ar, é a base de nossas vidas, e a manutenção dos recursos hídricos é obrigação de qualquer governo. Em virtude da importância da preservação dos recursos hídricos surgiu a necessidade de programas de Pensamento “Existe somente uma idade para a gente ser feliz... fase dourada em que a gente pode criar e recriar a vida... tempo de entusiasmo e coragem... Essa idade tão fugaz na vida da gente chama-se presente e tem a duração do instante que passa...” – Mário Quintana conservação e recuperação ambi-entais, nascendo na década de 70 o conceito de bacia hidro-gráfica como unidade de planejamento. As bacias hidrográficas são áreas ocupadas por um rio principal e todos os seus tributários (afluentes). A Bacia do Rio Tietê é unidade hidrográfica da Bacia do Rio Paraná, que se compõe por seis sub-bacias, sendo que a região metropolitana de São Paulo está inserida na do Alto Tietê. Tal bacia corresponde à área drenada pelo rio Tietê, desde sua nascente em Salesópolis até a Barragem de Rasgão. Sua área é de 5.985 km2, composta por 35 municípios. A gestão ambiental da bacia que comporta o rio Tietê torna-se complexa por diversos fatores, tais como: a interferência de obras hidráulicas; ocupação desordenada proveniente de um modelo urbanístico que não previu as conseqüências que hoje se manifestam nos rios da bacia em questão; a poluição; o adensamento da região metropolitana de São Paulo, uma das maiores no mundo, ocasionando problemas quanto à disponibilidade hídrica; a invasão em áreas de mananciais. "Um córrego, um riacho, um rio, constantemente foram fontes de vida para as pessoas, não só a vida material, mas também inspiraram a literatura Meio Ambiente mundial, em que poesias e lendas povoavam a imaginação da humanidade com personagens que viviam em suas águas, representando, muitas vezes, as aspirações do ser humano. Nosso rio Tietê sempre foi fonte de referência para os mais diversos segmentos desde geógrafos e técnicos até historiadores, não fugindo da memória dos que viveram na época a lembrança das águas limpas nas quais se podia nadar, hoje em trechos poluídos que estão em áreas urbanas. O rio Tietê serviu como fator que permitiu a interiorização de São Paulo e do Brasil, quando das Bandeiras, trazendo a expansão das cidades. É tal a importância desse rio, que ninguém mais se conforma com sua poluição, ninguém mais quer que ele morra e a consciência ambiental, que atualmente vem crescendo, encontra ecos na população que está aprendendo a ver, não só o rio Tietê, mas todos os outros rios, como parte de um todo do qual fazemos parte e que deve ser preservado e mantido em constante harmonia." Maria Cristina Greco Informações relacionadas ao meio ambiente (11) 6283-4489 ou [email protected] fonte de pesquisa: www.cetesb.sp.gov.br novembro/dezembro 2006 9 http://www.rededasaguas.org.br Nova Era Maçônica Clube Tietê – São Paulo em 1902 Curiosidades Sabe-se que 3/4 da superfície do nosso planeta é coberta por água, sendo 97% salgada e apenas 3% doce. Contudo, do percentual total da água doce existente, a maior parte se encontra sob a forma de gelo nas calotas polares e geleiras, parte é gasosa e parte é líquida – representada pelas fontes subterrâneas e superficiais. Já os rios e lagos, que são nossas principais formas de abastecimento, correspondem a apenas 0,01% desse percentual, aproximadamente. Mensagem Construtores de Templos Vós sois os construtores de templos do futuro. Com vossas mãos, devem ser erguidos os domos e pináculos de uma civilização futura. Sobre a fundação que ditarem, o amanhã construirá um edifício muito mais nobre. Construtores dos templos do caráter, enquanto isso, deveriam habitar um espírito iluminado; garantes da rocha do relacionamento; moldadores daqueles vasos criados para conter o óleo da vida: para cima e para a tarefa indicada! Nunca antes na história os homens tiveram a oportunidade que se vos oferece. O mundo espera-espera-espera pelos iluminados que virão dentre as colunas do pórtico. Humildade, lograda e atada, procura entrar para o templo da sabedoria. Abram o portão e permitam que os merecedores adentrem. Abram o portão e deixem a luz que é a vida dos homens brilhar. Apressem-se para acabar a habitação do Senhor, que o Espírito de Deus possa vir e habitar entre Seu povo, santificado e submisso à Sua lei. Manly P. Hall Irmãos Visitem o site do GOSP www.gosp.org.br E aproveitem para se cadastrar 10 novembro/dezembro 2006 Arte Real Nova Era Maçônica William Logsdail (1859-1944) Piazza de San Marco - Veneza 1883 O Século XVIII e a Maçonaria na Itália Mesmo não carecendo de figuras de destaque, com o passar do cientificismo e do ceticismo iluministas, os estudos esotéricos sofreram, no século XVIII, uma abrupta voz de prisão. Personagens de relevo, como o conde de Cagliostro que, sob o título iniciático de Grande Cofto, introduziu na Europa amostras de Esoterismo egípcio, morreu presumivelmente aprisionado em São Léo, por Ordem da Igreja Católica; como o fantasmagórico conde de Saint-Germain, iniciado onipresente nas cortes européias que, segundo uma carta de Horace Walpole, de 1745, teria mais de uma vez nascido em Asti e que, segundo outros, teria alcançado a imortalidade ou, ao contrário, talvez tivesse sido o lendário Hebreu Errante, condenado a vagar até o final dos tempos por haver zombado de Cristo durante o caminho para o Calvário; como o grande alquimista napolitano, príncipe de São Severo, ou como o próprio Giacomo Casanova, aventureiro e amante, mas também grande bibliotecário. Foi apenas nos últimos anos do século, quando a expedição de Napoleão ao Egito revelou à Europa os mistérios dessa antiga civilização e, com eles, além das contribuições de um Champollion e de um Rosellini, a imagem esotérica do Oriente refletida no apoio de Bonaparte às concessões maçônicas, foi que o interesse pelo lado "oculto" da vida voltou a despertar, ressurgindo definitivamente nas primeiras décadas do século XX, graças sobretudo ao trabalho de Alphonse Louis Constant, conhecido sob o pseudônimo de Eliphas Levi. O século XVIII não foi, todavia, isento de movimentos ou doutrinas que proponham princípios esotéricos no contexto de seus próprios rituais ou de sua simbologia. Foi exatamente nas primeiras décadas desse século que se tornou sua coadjuvante oficial uma instituição da qual se falou muito nos séculos seguintes: a Maçonaria. Desde sua criação oficial, a Franco-Maço- naria, ou Livre Muradoria, nasceu como uma entidade extremamente complexa e dificilmente enquadrável em uma única corrente ideológica ou política, menos ainda passível de ser limitada apenas ao âmbito iniciático, esotérico e espiritual. Existiu, em suma, com a finalidade de servir à interpretação histórica, como duas Maçonarias, a primeira "explo-rável e analisável mediante instrumentos bem testados de pesquisa científica"; a segunda, impenetrável a esses instrumentos e exigindo "o uso de outros e mais aptos meios de pesquisa". Assim afirma Natale Mario di Luca em seu A Maçonaria - História, Mitos e Ritos, e prossegue: "O próprio Esoterismo é para todos os efeitos o universo submerso e pouco visível da Maçonaria, seu coração e sua medula, verdadeiro e único fio condutor de onde provém". Em 24 de junho de 1717, dia de São João Batista, quatro Lojas de Londres reuniram-se à meia-noite, próximo à Catedral de São Paulo, em uma taverna chamada O Ganso Grelhado, fundando e oficializando a primeira Grande Loja da História, com o específico intento de unificar as diversas filiações e os diversos regulamentos da Maçonaria. A tradição defende que tal Loja seria derivada diretamente das antigas guildas de construtores medievais, ou seja, de corporações de mestres conhecidas desde a mais remota Antiguidade. Dos primeiros colégios sacerdotais (assim eram chamadas, antigamente, as guildas de construtores) chegamos às corporações medievais, verdadeiros e autênticos cenáculos nos quais eram conservados, além de aplicados, os conhecimentos secretos sobre a arte da construção. A Idade Média é talvez um dos períodos de maior flores-cimento de tais corporações, se observarmos que os construtores das catedrais se beneficiaram, da parte das autoridades eclesiásticas, de particulares privilégios constituídos por franquias, tribunais especiais e isenções de vários tipos, das quais deriva o termo in- dependentes ou franco-pedreiro. Na Idade Média a arte da construção recebia diferentes denominações, mas, acima de qualquer outra denominação, existia aquela da Arte Real, na qual os segredos de engenharia eram transmitidos apenas àqueles que se mostravam dignos. Tais modelos contribuíram para a criação do ideal de construção da Obra Suprema, da realização do que seria uma Igreja Ideal, de um Templo Perfeito que fosse imagem e manifestação do divino. A arte de erguer edifícios constituiu assim uma ciência, uma filosofia, ou seja, uma verdadeira e genuína doutrina transmitida no mais absoluto segredo. A passagem da Maçonaria Obrante para a Especulativa moderna ocorreu inteiramente na Inglaterra, presumivelmente graças à presença de um número cada vez mais considerável de maçons aceitos, ou seja, de indivíduos que, mesmo pertencendo a outros ofícios ou corporações, eram acolhidos no contexto dessa corporação. Os antigos documentos maçônicos parecem, porém, insistir em colocar as origens de tal Ordem em um passado ainda mais remoto, possivelmente no antigo Egito. Em 1783, o GrãoMestre do condado de Kent, George Smith, sustentou, em diversas publicações, que a Maçonaria teria dado origem provavelmente a muitos dos próprios mistérios da antiga terra dos faraós. Ignazio von Born, conselheiro do rei austríaco Giuseppe II, era da mesma opinião, tendo publicado, por sua vez, um artigo que recebeu os aplausos de seu confrade Wolfgang Amadeus Mozart. A lenda conta que em razão de tal fascínio, Mozart começou a compor sua Flauta Mágica, narrativa de uma antiga lenda egípcia. Os próprios rituais http://www.ifao.egnet.net egípcios, aqueles que permaneceram até nossos dias, evidenciam bem que poderia existir um paralelismo entre os antigos rituais religiosos ou corporativos e os modernos rituais maçônicos. Mas podemos supor que se trate de meras especulações, carentes de embasamento em provas histórico-arqueológicas, ou seja, privados da necessária base de cientificidade e rigor. Existem, contudo, duas teorias bem distintas, propostas nas últimas décadas, que poderiam lançar mais luz sobre as míticas origens da Maçonaria. Indubitavelmente, a cada boa história, antes de identificar nexos causais diretos e conexões irrefutáveis entre os antigos grupos egípcios e a moderna Franco-Maçonaria, devemos ser muito atentos e escrupulosos. Os dados que apresentaremos nesse contexto são de algum modo indicativos de uma forma de pensar e de uma "formação prática" e religiosa que se perpetuou no tempo, chegando talvez a inspirar ou permear os primórdios da própria Maçonaria. Bernard Bruyére Entre 1920 e 1952, o egiptólogo francês Bernard Bruyère realizou no Egito fantásticas descobertas arqueológicas que poderiam responder a algumas de nossas indagações. Bruyère encontrou, em Deir el-Medineh, ao sul da necrópole de Tebas, um complexo de sepulcros e estruturas pertencentes a uma fraternidade de arquitetos-pedreiros dos fins da XVII dinastia, ou seja, ao redor de 1315 a.C. Os membros dessa fraternidade eram habituados a se vestir com aventais cerimoniais que lhes permitiam distinguir-se dos profanos, mas que incorporavam também um significado mais espiritual, representando as vestes divinas que o construtor jamais deveria macular com comportamentos ou atitudes morais incorretas. A subdivisão hierárquica era, por sua vez, totalmente semelhante a dos modernos primeiros três graus maçônicos: aprendiz, discípulo e mestre pedreiro. As atividades dessa frater-nidade de construtores desenvolveram-se em dois níveis; o primeiro, obrante, que exigia o máximo cuidado e conhecimentos durante a construção; e o segundo, especulativo, no qual se procurava conduzir o arquiteto a uma mais elevada compreensão da obra cons-truída, ou seja, a um crescimento espiritual. A prova de uma possível ligação com a atual Maçonaria foi encontrada em Deir el-Medineh, uma apaixonante história referente ao assassinato de um mestre pedreiro, chamado Neferhotep, pelas mãos de um operário que pretendia roubar seus segredos. Essa história recorda muito a figura maçônica do mestre Hiram, morto por três subordinados, novamente com o intuito de arrancar-lhe os segredos da arte de construir. Ao mesmo Bernard Bruyère impôs-se, durante a investigação, à freqüente constatação de que a fraternidade de Deir elMedineh antecipava em tudo e por tudo as características da moderna Maçonaria. Uma segunda e extremamente controversa hipótese sobre as possíveis origens egípcias da Maçonaria foi proposta em 1996 por dois estudiosos ingleses, Knight e Lomas, que Arte Real se debateram em um enigma histórico sem precedentes e de forte apelo para a tradição maçônica: identificaram em uma múmia descoberta em 1881 pelo egiptólogo Brugsch o possível corpo do arquiteto Hiram. O cadáver pertencia ao faraó Seqnenrie Te'o, um dos faraós que haviam sido confinados a Tebas, praticamente ao lado de Deir el-Medineh, durante a dominação dos hicsos. Seu corpo apresenta numerosas fraturas expostas em nível craniano, indício de uma morte provocada por meio de um instrumento semelhante a um malhete ou uma colher de pedreiro. O faraó no Egito representava tanto a figura política quanto religiosa mais importante, considerado a encarnação terrena do deus Hórus. Nas mãos do faraó eram também mantidas as mais importantes funções necessárias para se governar o reino, entre as quais mesmo a direção da Arte Real, ou seja, da construção da qual muito provavelmente o faraó em pessoa constituía o vértice, ocupando o papel de Grão-Mestre. Por meio de minuciosa comparação com a lenda maçônica e dos poucos documentos que permaneceram até hoje sobre o faraó, os dois autores concluíram que existem fortes possibilidades de que realmente Seqnenrie seja o lendário arquiteto Hiram da Maçonaria. A partir de tais hipóteses surgiram muitas polêmicas, como também profundas discussões que não parecem ainda ter se apaziguado, mas, seja a hipótese formulada pelos ingleses verdadeira ou falsa, essa como que permitiu que legiões de estudiosos convergissem seus esforços para uma nova visão do antigo passado da Maçonaria. A tradição maçônica também liga-se à construção do Templo de Salomão, em Jerusalém, e tem na figura de seu construtor, Hiram, o símbolo novembro/dezembro 2006 máximo do grau de Mestre Maçom. No século XVIII, a instituição transformou-se oficialmente de corporação de profissionais para um grupo estritamente especulativo, conservando porém os símbolos, os rituais, a linguagem e os usos e assumindo a missão de cultivar o "amor fraterno" e a "pedra mestra". A ritualidade iniciática continuou a constituir uma base imprescindível para o desenvolvimento do trabalho maçônico e a esse respeito observamos que alguns desses ritos teriam provavelmente derivado das antigas iniciações obreiras e de confraria, de alguns cultos místicos da Antiguidade, de rituais gnósticos, herméticos, alquímicos e mitraicos. Essa instituição adotou as expressões máximas dessas correntes culturais, introduzindolhes no âmbito de sua própria ritualidade. A iniciação, conforme vimos, desempenhou um papel fundamental para o nascimento no indivíduo de um novo espírito, de um novo hábito mental, que permitia a passagem de uma condição inferior a uma superior, da pedra bruta à pedra lapidada. O leigo é normalmente subordinado a uma série de atos e provas simbólicas e alegóricas, os rituais, que o conduzem a uma morte alegórica, para depois renascer nas vestes de um novo homem. Cada grau preserva conhecimentos específicos e é identificado por símbolos e rituais particulares. O iniciado Aprendiz deve respeitar, além disso, o mais absoluto segredo sobre tudo o que é realizado no interior da Loja, que é reservado unicamente aos iniciados, indispensável para que se possa elevar acima do mundo material externo, ou seja, atingir o aprimoramento interior por meio do auxílio de seus Irmãos. A regra do silêncio manifesta as 11 próprias origens do Pitagorismo, uma corrente esotérica que influenciou em todas as épocas cultos místicos e seitas esotéricas. A Maçonaria manteve os três graus iniciáticos, como ainda outros elementos próprios desse culto. Centro nevrálgico da nova Maçonaria do século XVIII foi a Loja, o Templo, que sofreu futuras variações com base nos ritos e nos graus praticados. A Loja constitui a imagem e o símbolo do Cosmos, local de união e crescimento dos iniciados, ou seja, uma porta para uma nova compreensão da Criação e do ser humano. Do mesmo modo, o símbolo adquire uma nova força, assumindo o valor de meio evocativo, ou seja, de investigação da verdade. A principal função do Simbolismo é despertar no iniciado a intuição, meio pelo qual o Esoterismo pode atingir a essência da realidade e dos fenômenos. Ex t r e m a m e n t e emblemática é ainda a confluência para a Maçonaria de numerosos adeptos da corrente esotérica Rosa-Cruz. Trata-se dos primórdios dessa http://www.comune.san-leo.ps.it Nova Era Maçônica Cagliostro instituição e, a tal respeito, não existem fontes documentais claras no que tange às motivações desse notável afluxo, ainda que numerosos estudiosos concordem com a afirmação de que provavelmente foram a base da criação dos altos graus dessa instituição. A fundação londrina de 1717 suscita também numerosas 12 novembro/dezembro 2006 Giuseppe Garibaldi bros da casa real. A Maçonaria francesa ficou conhecida desde então como extremamente rica de ritos e de figuras prestigiadas. O termo Loja foi rapidamente substituído por "Capítulo", enquanto novas formas de Esoterismo pareceram estruturar-se ou insinuar-se nos diversos ritos. O mais importante Capítulo de que se tem notícia foi o de Clermont, do qual saiu o Barão von Hundt, que foi o criador da Maçonaria tedesca. Também nessa grande ebulição francesa foram criados os Cavaleiros do Oriente (1763), como também os Eleitos de Cohen, pelas mãos de Martinez de Pasqually, e a Ordem Marti-nista, que se ligava à figura de Claude de Saint Martin. Em quase um século, a Maçonaria difundiu-se consideravelmente, ampliando sua atuação e espalhando seus princípios de igualdade, fraternidade e liberdade. Na Itália, em 1805, sob a égide do regime napoleônico, foi fundado o Grande Oriente da Itália, instituído por um conselho do Rito Escocês Antigo e Aceito, e preparado para difundir novos ideais no país. É provável que a primeira Loja italiana remonte, entretanto, à Florença de 1731, quando sabemos que a colônia inglesa toscana, por intermédio de Lord Holland Henry Fox, importou a recém-nascida cultura maçônica para o território italiano. Sobre essa primeira Loja recaiu a dura perseguição imposta pela bula pontif í c i a I n E m i n e n t i , inaugurando uma longa série de excomunhões e condenações que a Igreja Católica faria imediatamente contra essa Ordem. Toscana, Lazio, Piemonte, Reino Lombardo, Veneto e Nápoles, no espaço das poucas décadas da segunda metade do século XVIII, começaram a se transformar em genuínas forjas do pensamento maçônico, espalhando e Nova Era Maçônica http://cronologia.leonardo.it desmantelada, é identificada ainda na Escócia do rei Robert Bruce, que havia sido há pouco tempo excomungado pela Igreja Católica. Atualmente, a ligação ou a possível continuação da Ordem no seio da Maçonaria é, no mínimo, uma teoria fascinante, carente, porém, de confirmações ou de indícios documentários ou historiográficos inexpugnáveis. Talvez fosse mais simples supor que os Templários tivessem exercido uma certa influência sobre antigas corporações escocesas, de modo que fosse transmitida a uma Maçonaria in fieri. O século XVIIII assinalou na Inglaterra e na França um momento fundamental para a difusão do pensamento maçônico. Se por um lado a Inglaterra podia ser considerada de pleno direito o nascedouro dessa nova instituição, a França havia constituído um sítio alternativo, gerado pelo exílio da família real dos Stuart e em seguida de nobres e militares, em grande parte maçons, irlandeses e escoceses que haviam acompanhado os mem- http://www.nndb.com indagações de solução nada fácil. É certa e documentada a presença, já no século XVII, de Lojas espalhadas por toda a Inglaterra, embora sensivelmente mais numerosas na Escócia, que se movimentavam e trabalhavam quase unanimemente em pleno acordo com os modernos ditames morais da Ordem. As afirmações de alguns autores, que vêem na Maçonaria uma filiação direta dos Templários, são porém de se considerar com muito cuidado. A Ordem do Templo constituiu, seguramente, um elemento importante na difusão de novos ideais, e talvez mesmo de novas doutrinas, por todo o mundo medieval. Estruturou-se e funcionou por meio de leis e códigos morais identificáveis também no âmbito do ideal maçônico moderno e tornou-se muito provavelmente depositária de uma antiga cultura descoberta sob a esplanada do Templo de Jerusalém. Uma presença templária depois de 1314, data em que a Ordem foi definitivamente Arte Real Giuseppe ampliando cada vez mais os ideais desta antiga instituição. Em 1814, a Maçonaria italiana sofreu, porém, um duro bloqueio, causado por um edito do rei Vittorio Emanuele I, que renovava a "proibição das assembléias e reuniões secretas, qualquer que seja sua denominação, principalmente aquelas dos denominados Livres Pedreiros, já proibidas pelo Edito Régio de 20 de maio de 1794". Entre 1821 e 1854 ocorreram bem poucas iniciações sobre o território italiano; a maior parte verificou-se no exterior, como no caso de Giuseppe Garibaldi, embora secretamente continuassem a existir numerosas Lojas e diversos ritos. Nesse período se assiste, ainda, à fundação de diversos Grandes Orientes, como o de Turim (1859), da Sicília (1860), de Nápoles (1861), de diversas assembléias constituintes e à transferência da sede de Florença para Roma. Amadureciam, entretanto, as condições necessárias para que pudesse ocorrer uma unificação com a vertente de Palermo, enquanto em 1887 se verificaram aquelas necessárias à reunificação com os Supremos Conselhos de Turim e Roma. Mazzini A contraposição entre Igreja Católica e Maçonaria tensionava-se cada vez mais, chegando ao seu auge em 1884, quando o papa Leão XIII publicou a encíclica Humanum Genus, que marcou o momento mais duro do conflito entre as duas instituições. Em 1908 assistiu-se aos desdobramentos de problemas causados pela unificação dos rituais, fatos que conduzirão, em 21 de março de 1910, à criação da Grande Loja. A evolução italiana da Franco-Maçonaria foi contínua e prolongou-se no tempo, abraçando as mais apaixonadas e importantes mentes da cultura e favorecendo na Itália o surgimento de novos ideais e de uma nova moral. Seus membros foram nomes da política e da cultura, de Gioacchino Murat a Giuseppe Garibaldi, de Alfredo Baccarini a Giuseppe Mazzini, de Giosue Carducci a Gabriele D'Annunzio, e tantos outros personagens que demoraríamos a citá-los todos. Extraído do livro Itália Esotérica, de Enrico Baccarini e Roberto Pinotti, Madras Editora. Nova Era Maçônica Filosofia Esotérica novembro/dezembro 2006 13 te. Eventualmente algumas pessoas podem vê-lo ao redor de um cadáver, pois ele permanece ativo, por um certo período de tempo, após a morte física; os fantasmas que rondam os cemitérios são apenas esses corpos ainda não desintegrados. Em algumas seitas primitivas, mas ainda com seguidores, fazem-se rituais de evocação desses "fantasmas" e eles então podem chegar a manifestar-se, embora sem nada a oferecer senão a sua visão assustadora. O único objetivo dessas cerimônias é a vaidade e a ostentação de "poder" daqueles que os evocam. O duplo-etérico desempenha múltiplas funções, sendo as mais importantes as seguintes: 1. Conter os Chakras, que nada mais são que vórtices de captação de energias diversas (prana, kundalini, fohat e outras). 2. Captar e fazer circular em nosso corpo físico denso essas energias espirituais. O Prana e os Chakras serão estudados nos próximos capítulos. Alma A Alma humana, ao contrário do que muitos supõem, não é imortal. Imortal é o Espírito, como adiante veremos. A Alma é constituída de duas partes distintas e independentes: a parte emocional (também chamada Corpo Astral ou Emocional) e a parte mental (chamada Corpo Mental Concreto). O Corpo Astral é aquele que contém os nossos sentimentos, emoções e desejos tais como: amor, ódio, tristeza, alegria, medo, etc. É a parte irracional do Homem e também existe nos animais. O Corpo Mental concreto é aquele que nos diferencia dos animais e nos dá a racionalidade: a inteligência e o raciocínio. Obs.: Há, nos seres humanos, um outro Corpo Mental chamado Mental Abstrato que, em nosso atual estágio evolutivo, não está completamente formado mas em vias de formação, relacionado à atividade espiritual e que será estudado mais adiante. Por ora, fiquemos com o seguinte esquema: Esses quatro Corpos ou Veículos Humanos (Quaternário Inferior) representam a parte mortal de cada um de nós; são, portanto, diferentes em cada uma de nossas encarnações, constituindo a nossa "personalidade transitória". Espírito É o nosso "Eu" verdadeiro, a nossa parte imortal, aquela que permanece através de todas as nossas encarnações; é aquela "Centelha Divina" que existe em cada um de nós. O Espírito também se apresenta com um tríplice aspecto, ou com três corpos: • Corpo Mental Abstrato Responsável pelo nosso intelecto quando focado em temas, questões e problemas relacionados à Espiritualidade. Em nosso atual estágio de evolução, ainda não temos este corpo totalmente desenvolvido, estando ele em formação; somente quando alcançarmos um grau maior em nossa linha evolutiva esse corpo se manifestará plenamente e, por meio dele, poderemos então entender certos conceitos que ainda não conseguimos resolver como o Infinito, a Eternidade, o Bem e o Mal e o próprio conceito de Divindade. Obs.: Em nossa condição atual diferenciamos o bom do mau, que são conceitos relativos e Capa do livro Anatomia Esotérica - Madras Editora Os Sete Corpos do Homem A maior parte das religiões ocidentais reconhece e admite que o Homem é formado de duas partes distintas: corpo e alma. Esse conceito, embora correto, não é completo; e além de tudo é confuso, pois ouvimos falar de Alma e de Espírito sem que se estabeleça a devida diferenciação. Alma e Espírito são coisas completamente diferentes, como será visto adiante. As religiões orientais (Induísmo, Budismo, Teosofia, Yoga de Patânjali, etc.) que são mais antigas e esotéricas sabem que, na realidade, o Homem possui Corpo, Alma e Espírito; e sabem mais: o Corpo divide-se em Corpo Físico e Duplo-Etérico, a Alma divide-se em Corpo Astral e Mental Concreto, e finalmente o Espírito é constituído por uma tríade: Mental Abstrato, Corpo Búdico e Atmã, conforme será descrito a seguir. Corpo Físico O corpo físico é, na verdade, a ferramenta com que trabalha o nosso "Eu" Espiritual; por isso é também chamado de "veículo físico". Apesar de ser a parte mais grosseira, a única visível e palpável, o corpo físico ainda assim apresenta duas divisões: corpo físico propriamente dito e corpo energético (também chamado Duplo-Etérico). O corpo físico propriamente dito é objeto de estudo da Biologia, da Antropologia, da Medicina e de outras ciências experimentais e sobre ele nada há a acrescentar do ponto de vista da Espiritualidade e da Magia. O Duplo-Etérico ou Corpo Bioenergético é um pouco menos denso e só é visível através das fotos Kirlian ou dos sentidos de um clarividen- bem diferentes, portanto, dos conceitos de Bem e Mal, que são absolutos; e isso não é apenas um jogo de palavras, mas uma profunda realidade esotérica. • Corpo Búdico Relacionado com a Intuição, a Premonição e outros Dons do Espírito, assim como o conhecimento acumulado em todas as nossas vidas anteriores. Obs.: O nome búdico significa iluminado e nada tem a ver com a Religião Budista. • Corpo Átmico ou Atmã Também chamado de Corpo Crístico, é verdadeiramente a Divindade que habita em nós. Esses três Corpos (Tríade Superior), que são a nossa verdadeira essência e parte espiritual, formam, esotericamente, um triângulo, assim representado no Ocultismo: Algum dia, em um futuro ainda remoto, nas asas da evolução, e, através de muitas reencarnações, teremos acesso a tudo isso (premonição, intuição verdadeira, compreensão do que é a Divindade, consciência plena do que é o Bem e o Mal, etc.) Resumo: A Tríade Superior e o Quaternário Inferior são, no seu conjunto, aquilo que os Ocultistas denominam de O Setenário, A Composição Setenária do Homem Os Sete Corpos Humanos Os Sete Veículos do Homem e que são representados tanto no Ocultismo como, simbolicamente, no Avental do AprendizMaçom, da seguinte forma: Obs.: O fio de Sutratma, também conhecido pelo nome de Ponte de Anthakarana, é o elo que une o Espírito à Matéria ou, usando outras palavras, une a Tríade Superior ao Quaternário Inferior. Por esse fio é que nossas vivências e experiências nos planos inferiores fluem para a Tríade Superior e lá são "arquivadas", permanecendo no esquecimento até o momento em que estivermos evolutivamente preparados para resgatá-las. Extraído do livro Magia Cerimonial, de Carlos Brasílio Conte, Madras Editora. 14 novembro/dezembro 2006 Página Literária Nova Era Maçônica Maçonaria – Escola de Mistérios – Wagner Veneziani Costa É comum ouvirmos que a Maçonaria seja uma instituição que congrega homens de bons costumes, solidários e transformadores da sociedade. Há quem diga que sua origem, apesar de não conseguirmos precisar com exatidão, remonte das primeiras civilizações do mundo (egípcios, persas, gregos...), e esteja acumulando conhecimentos diversos desde então. Sobre esses alicerces, a Ordem se desenvolveu e somou, à sua antiga sabedoria, novas formas de pensamento e simbolismos. Muito provável que não tenha existido sob esse nome até o séc IX, quando artesãos associaramse em guildas, criando a Maçonaria Operativa, mais conhecida como “Pedreiros Livres”. Porém, não podemos precisar se isso é verdade ou ficção. O que podemos afirmar, é que a Maçonaria, sem sombra de dúvida, sempre foi uma Escola Iniciática de Mistérios, alicerçada nos símbolos e na tradição. Ninguém ensina Maçonaria para ninguém, precisamos vivenciá-la, coisa comum em qualquer escola iniciática. Cabe ao recipiendário praticar e absorver cada palavra, cada símbolo e absorvê-los na sua existência. A Ordem não oferece uma mudança imediata de sua personalidade. O que ela proporciona é um caminho árduo e de autopercepção, que permite que o recipiendário encontre uma verdade e a sua liberdade, de acordo com a evolução de cada um. Os Antigos Mistérios não deixaram de existir quando o Cristianismo se tornou a religião mais poderosa no mundo, e a Maçonaria é a prova da sua sobrevivência. Os Mistérios pré-cristãos assumiram, simplesmente, o simbolismo da nova fé, perpetuando por meio dos seus símbolos e alegorias as mesmas verdades possuídas pelos sábios desde o princípio do mundo. A estrutura simbólica da Maçonaria é muito rica e complexa, o que é uma característica própria da Ordem. O candidato maçom é apresentado a essa estrutura simbólica participando de episódios ritualísticos, chamados ‘Graus’, por meio dos quais a Instituição comunica seus ensinamentos de moralidade velados por alegorias e ilustrados por símbolos, que têm origem, em parte, das práticas das guildas dos pedreiros medievais. A interpretação dessa simbologia é responsabilidade individual do maçom; e é no processo dessa interpretação pessoal que se pode entender a sobrevivência da Ordem Maçônica como um ‘Mistério’. Em Maçonaria – Escola de Mistérios – A Antiga Tradição e Seus Símbolos, Wagner Veneziani Costa apresenta esse universo de Mistérios, pela compilação de textos de autores consagrados, como J. D. Buck e Oswald Wirth, além de fontes como Albert Pike, Saint-Ives d’Alveydre, Eliphas Levi, Fabre d’Olivet, Helena Blavatsky, A. Leterre, C.W. Leadbeater, entre outros. A descrição dos Mistérios correlatos à Maçonaria, os Mistérios da Índia, os Mistérios Egípcios, os Mistérios de Elêusis, os Mistérios Gregos, os Mistérios do Cristianismo, os Mistérios dos Judeus e dos Essênios, os Mistérios Egípcios, os Mistérios Cabírios, os Mistérios Sagrados de Zoroastro e de Mitra são temas que valem ser conferidos neste compêndio maçônico. 672 páginas. Ortodoxia Maçônica – J.M. Ragon Durante sua trajetória maçônica, que durou mais de 50 anos, J. M. Ragon percorreu diversas cidades e pôde verificar que a erudição profana dos Irmãos era superior ao preparo maçônico; não havia sequer unicidade de pensamento sobre a origem da Ordem. Diante disso, o autor dedicouse a um intenso trabalho de estudos e pesquisas que pudesse oferecer um material consistente aos maçons de sua época. O resultado desse empreendimento se encontra nas páginas desta obra, cujos ensinamentos não envelheceram com o tempo e são de grande utilidade aos maçons da atualidade. Os documentos aqui apresentados sobre Maçonaria jesuítica, escocismo, estrita observância, diretórios escoceses, cavaleiros beneficentes da cidade santa e, sobretudo, a respeito dos fundadores dos diversos sistemas na Alemanha e na Suécia iniciam completamente o leitor que, se desconhece essas informações, pouco conhece a respeito da Maçonaria. Ortodoxia Maçônica compreende uma espécie de biblioteca que contém um repositório de documentos, códigos de instruções práticas e de qualidade intelec- tual, na qual estão agrupados todos os fatos e tentativas do passado que poderiam orientar os maçons no futuro, a fim de oferecer à nobre Instituição a perfeição de atitudes que ela espera de seus membros. J. M. Ragon foi iniciado ainda jovem em Bruges, em 1804. Foi recebido na Logia y Capitulo de los Verdaderos Amigos. É considerado um dos mais ilustres maçons e um dos mais notáveis escritores da Ordem, pois suas obras, mais de dez, exerceram grande influência entre os Irmãos de sua época. O autor foi membro do Grande Oriente do Rito de Misraim e da Ordem do Templo de Fabre Palleprat. Fundou e presidiu a célebre Sociedade dos Trinósofos, promovendo a união do Capítulo e do Areópago. Além disso, foi um dos integrantes do Supremo Conselho – Summum Supremum Sanctuarium – do Sagrado Círculo de Thelema (SCT). Ragon realizou algumas representações ritualísticas maçônicas em público, em 1817, cujos resultados influenciaram consideravelmente sua trajetória iniciática. Depois desse episódio, o Grande Oriente proibiu que Ragon praticasse o Rito de Misraim. Ele atendeu à ordem e, dias depois, passou a trabalhar publicamente com o Capítulo dos Trinósofos. Alguns diziam que Ragon possuía diversos documentos com os quais o famoso conde de Saint Germain lhe presenteara, e que, com ele, adquiriu notáveis conhecimentos a respeito da Maçonaria antiga. Helena Petrovna Blavatski considerava-o um dos maiores conhecedores do Ocultismo, ainda que não tivesse sido iniciado nessa escola. De suas diversas publicações, poucas podem ser encontradas, isso porque se supõe que algumas pessoas misteriosas tenham adquirido a edição completa de seus livros depois de sua morte. Portanto, suas obras são, hoje em dia, raridades. 480 páginas. novembro/dezembro 2006 Sociedade Nova Era Maçônica 15 Fraternidade Feminina Cruzeiro do Sul Orientações e Sugestões Para Formação Da Fraternidade Em Sua Loja • Eleito o Venerável, automaticamente, sua esposa torna-se Presidente da Fraternidade e, na sua impossibilidade, a substituta deverá ser indicada pelo mesmo. • A Presidente deverá, então, formar a sua Diretoria, dando preferência às esposas dos maçons que fazem parte da Diretoria eleita da Loja Maçônica, ou, em caso de alguma impossibilidade, substituí-la por outra integrante. • Feito isso, a Presidente convocará uma reunião com sua Diretoria para oficializar a sua composição, com Livro de Presença e lavrando Ata pela secretária, com a relação das componentes, com seus respectivos cargos. • Fazer Ata em toda reunião de Diretoria com o respectivo Livro de Presença. As reuniões são informais e podem ser feitas em uma sala da Loja Maçônica, na casa deu ma das integrantes da Diretoria ou em algum lugar que for conveniente para todas. Nessa primeira reunião, aprovar o Estatuto da Fraternidade (modelo em página da Internet). Fica a critério da Fraternidade optar em não registrar em Cartório, havendo essa necessidade se a Fraternidade for movimentar conta bancária ou ter empregados contratados. Mediante oficio, comunicar ao Venerável a formação de sua Diretoria. Então, caberá à secretária da Fraternidade tirar cópia do Estatuto assinado, preencher as fichas de Cadastro da Fraternidade e de Cadastro das Associadas (modelo em página da Internet), Carta de Apresentação do Venerável Mestre e encaminhar para o Grande Oriente do Brasil no endereço SGAS Quadra 913 - Conjunto "H" - Brasília/DF - CEP: 70390-130, aos cuidados de Fraternidade Feminina Cruzeiro do Sul, ou pelo e-mail [email protected] • Essa correspondência chegando à Secretaria do GOB, será expedido o Certificado de Registro, emitidas as carteirinhas, que juntamente com os bótons deverão ser remetidos para a Fraternidade. Quando houver alteração de Diretoria ou mudança no quadro das associadas (inclusão ou exclusão) deverá ser notificado o Grande Oriente do Brasil. • Caberá à Diretoria realizar reuniões mensais, bimestrais ou trimestrais, conforme achar necessário, para tratar de assuntos pertinentes à sua administração, sempre com a lavratura de respectivas Atas e Livro de Presença. • Quando houver iniciação, a Presidente se encarregará de formar uma Comissão de duas integrantes para se di- Programa Anual da Grande Secretaria de Cultura e Educação Maçônicas do GOSP M ÊS EVEN TO COM EN TÁR IOS LOCAL N o v e mb r o 11 / 11 / 0 6 R it ua is Ca ba lís t ic o s (aberto ao p ú b lic o e m g e r a l) E le a z e r H e p n e r Te m p l o 7 d e S e t e mb r o D a s 9 :0 0 à s 1 2 :0 0 N o v e mb r o 2 5 / 11 / 0 6 E nc o nt ro da A mi za d e P r o c u r a r fa ze r u m e nc o nt r o c o m L o j a s d o in t e r io r P r o c u r a r r e u n ir o ma io r n ú me r o d e ma ç o n s p a r a u m e n c o n t r o d e a miz a d e . E. C . Ba ne s p a e m Vin h e d o , à s 9 h , C o n d o mín io M a r a mb a ia F e v e r e ir o 24/02/07 Q u a lid a d e d e Vid a e M a ç o n a r ia e m A lt o M a r E mb a r q u e 2 4 d e fe v e r e ir o , a p a r t ir d a s 1 2 h, no P o r t o d e S a nt o s . D e s e mb a r q u e e m 2 7 d e fe v e r e ir o , à s 8 h , n o P o r t o d e S a nt o s N a v io : M S C A r mo n ia D e s t in o : R io d e J a n e ir o rigir à residência do iniciante e acompanhar sua esposa até as dependências da Loja para participar da confraternização (se houver). • Convidar a esposa ou esposas dos iniciados para participarem de uma ou mais reuniões da Diretoria para que haja um entrosamento maior com as cunhadas, nascendo daí uma familiaridade tão necessária a esse relacionamento. • Motivar as viúvas dos maçons a participarem de reuniões da Fraternidade bem como de festividades da Loja, oferecendo condução, se for necessário. Procurar ser um grupo de apoio às promoções da Loja e se houver disponibilidade, participar de alguma obra social. No início pode-se por exemplo, pedir 1 kg de alimento, ou leite, etc. e com essa arrecadação ajudar alguma instituição da cidade. Nos finais de ano, fazer campanhas como: cestas básicas, cestas de natal, presentes para algum orfanato, etc. • Promover pelo menos duas reuniões festivas para comemoração de aniversário das integrantes ou datas comemorativas (ex.: Dias das Mães, Dias dos Pais, Sete de Setembro, Páscoa, Natal, etc.) • Na última reunião do ano, apresentar relatório de prestação de contas (se tiver) e de informação sobre os serviços prestados ou outras atividades para todas as integrantes da Fraternidade, bem como lavrar Ata e assinar o Livro de Presença. Correspondência Sr. Carlos Brasílio Conte Tomei conhecimento de vosso endereço digital através do jornal Nova Era Maçônica e resolvi lhe escrever. Meu nome é Jeferson Rodrigues e o que me motiva a escrever esse e-mail é a grande admiração que tenho pelo senhor. Há algum tempo venho acompanhando vosso trabalho, em revistas e outros periódicos que me podem chegar às mãos sendo eu um profano. Foi com muito entusiasmo que acompanhei suas palestras através da TV Espiritualista, textos no Nova Era Maçônica entre outros. Sou estudante Rosacruz AMORC e estou em processo de admissão na Maçonaria, faltando bem pouco (caso não haja impedimentos) para minha iniciação. E será com orgulho redobrado que além de fazer parte desta Augusta instituição poderei chamar pessoas como o senhor, que enaltecem a Arte Real, de Irmão. Um grande abraço e, Pax Profundis! Jeferson Rodrigues-Ibitinga/SP 16 novembro/dezembro 2006 Nova Era Maçônica Mitologia Hades – O Deus do Mundo Subterrâneo por Wagner Veneziani Costa O verbo grego correspondente a "mito" significa calar. O silêncio sempre foi a marca da Iniciação. O iniciado não desvela o sigilo que lhe foi transferido a não ser por meio de parábolas ou alegorias (alegoria significa, literalmente, falar de outro modo). Em uma definição bem simples, mito é uma história de ficção ou parcialmente verdadeira. É obvio que um mito é muito mais que isso... Um mito é uma história religiosa. Uma força ou entidade superior sempre está envolvida na trama. Os deuses e deusas ou outros seres sobrenaturais são sempre reverenciados pela humanidade. Considerando como verdade, o mito é tido como sagrado para aqueles que fazem parte de sua cultura. Ele oferece uma explicação sobre algo desconhecido, como a criação do Universo e da Terra. Também tenta responder àquelas questões amplas e fundamentais que fazemos, como o significado e o objetivo da nossa existência. Um mito é parte de uma mitologia maior, que incorpora muitos mitos. Todos eles interligados por uma semelhança ou um tema comum. Ao se constituir desse modo, a Mitologia torna-se uma verdade socialmente aceita. Os mitos freqüentemente enfocam histórias sobre a interação direta entre os homens, os deuses e as deusas. Muitas vezes esses deuses e deusas são guiados pela emoção e não pela razão. Em virtude disso, a interação entre o Jan Peter van Baurscheit, o velho (1669-1728) - Terracota No princípio tudo era o Caos. Tudo existia, porém não havia ordem. A fonte de todas as coisas pairava latente em sua natureza. Em um determinado instante, uma ordem se manifestou e surgiu então a primeira divindade concreta: Gaia, a Terra, a Grande Mãe. O Rapto de Perséfone por Hades homem e a divindade nem sempre é harmoniosa, e sim quase sempre dramática. Uma das principais funções do mito é explicar o desconhecido. Os mitos sempre contêm símbolos que coordenam os anseios e temores humanos com os grandes fenômenos naturais. Mitologia Grega A Mitologia Grega é uma das mais geniais concepções que a humanidade produziu. Os gregos, com sua fantasia, povoaram o céu e a terra, os mares e o mundo subterrâneo de Divindades Principais e Secundárias. Amantes da ordem, eles instauraram uma precisa categoria intermediária para os semideuses e heróis. A Mitologia Grega apresenta-se como uma transposição da vida em zonas ideais. Superando o tempo, ela ainda se conserva com toda a sua sere- nidade, equilíbrio e alegria. O início da filosofia grega, no século VI a.C., trouxe uma reflexão sobre as crenças e mitos do povo grego. Alguns pensadores, como Heráclito, os Sofistas e Aristófanes, encontraram na Mitologia motivo de ironia e zombaria. Outros, como Platão e Aristóteles, prescindiram dos deuses do Olimpo para desenvolver uma idéia filosoficamente depurada sobre a divindade. Enquanto isso, o culto público, a religião oficial, alcançava seu momento mais glorioso, em que teve como símbolo o Partenon ateniense, mandado construir por Péricles. A religiosidade popular evidenciava-se nos festejos tradicionais, em geral de origem camponesa, ainda que remoçada com novos nomes. Os camponeses cultuavam Pã, deus dos rebanhos, cuja flauta mágica os pastores tentavam imitar; as ninfas, que protegiam suas casas; e as nereidas, divindades marinhas. As conquistas de Alexandre, o Grande, facilitaram o intercâmbio entre as respectivas mitologias, de vencedores e vencidos, ainda que fossem influências de caráter mais cultural do que autenticamente religioso. Assim é que foram incorporados à religião helênica a deusa frígia, Cibele, e os deuses egípcios Osíris, Ísis e Serápis. Pode-se dizer que o sincretismo, ou fusão pacífica das diversas religiões, foi a característica dominante do período Helenístico. De acordo com os gregos, os deuses habitavam o topo do monte Olimpo, principal montanha da Grécia Antiga, morada dos deuses e deusas, centro de poder, por assim dizer. Desse local, comandavam o trabalho e as relações sociais e políticas dos seres humanos. Os deuses gregos eram imortais, porém possuíam sentimentos de seres humanos. Ciúme, inveja, traição e violência também eram características encontradas no Olimpo. Muitas vezes, apaixonavam-se por mortais e acabavam tendo filhos com estes. Dessa união entre deuses e mortais surgiam os heróis. Zeus, deus de todos os deuses, senhor do Céu; Afrodite, deusa do amor e da beleza, talvez você a conheça como Vênus que é o nome romano dessa deusa; Poseidon, irmão de Zeus, deus dos mares, dos lagos e das nascentes; Hades, deus dos mortos, dos cemitérios e do subterrâneo; Hera, deusa dos casamentos e da maternidade; Apolo, irmão gêmeo de Ártemis, deus da arquearia, da música, da poesia, das artes em geral; Ártemis, deusa da caça e protetora das crianças; Ares, deus da guerra, tinha prazer na destruição; Atena, deusa da sabedoria, da serenidade, da guerra, das artes e da técnica; Hermes, deus do comércio, da luta e da sorte, informalmente era mais conhecido como o mensageiro dos deuses; Hefestos, divindade do fogo e do trabalho. Os gregos enxergavam vida em quase tudo que os cercava, e buscavam explicações para tudo. A imaginação criativa e fértil desse povo criou diversos personagens e figuras mitológicas: os Heróis (seres mortais, filhos de deuses com seres humanos, como por exemplo: Heracles ou Hércules e Aquiles); as Ninfas (seres femininos que habitavam os campos, levando alegria e felicidade); os Sátiros (figura com corpo de homem, chifres e patas de bode); os Centauros (corpo formado por uma metade de homem e outra de cavalo); as Encantadoras Sereias Nova Era Maçônica Voltando a Hades... Hades ganhou o reino dos mortos quando os irmãos divinos dividiram os domínios entre si. Você pode pensar que Hades ficou com a parte pior, mas esse reino combinava perfeitamente com ele. Hades era um deus solitário, sombrio e sinistro, que adorava ficar sozinho. Embora fosse sempre descrito pelos antigos como sendo frio, ele nunca foi associado ao demônio. Era simplesmente o Senhor da Morte. Desempenhava suas atividades com um inegável senso de responsabilidade e as completava com eficácia. Por isso, não dava espaço para pena ou qualquer outro sentimento que novembro/dezembro 2006 pudesse atrapalhar seu trabalho. Hades era um dos seis olímpicos originais. Como ele não fazia nenhuma questão de estar entre os outros, e por isso muito raramente visitava o Monte Olimpo, ficou praticamente banido da companhia de seus irmãos. E isso combinava perfeitamente com Hades, pois não tinha a menor vontade de fazer parte do que se deparou com a beleza de Perséfone, filha de Deméter e Zeus. Como diz a lenda, Perséfone estava colhendo flores em uma planície na Sicília, acompanhada pelas ninfas, quando Hades se deu conta dela, ficou imediatamente impressionado com sua beleza e sequer perdeu tempo em cortejá-la. Em vez disso, simplesmente a solo. Assim, acabava permanecendo apenas o necessário no Monte Olimpo. Mas isso não significa que Deméter não se fazia notar entre os deuses. Ao contrário de Hades, ela era completamente envolvida com os acontecimentos na morada dos deuses olímpicos e sempre participava de conselhos ou tribunais. Mas sua presença era mais bem sentida na terra. Era conselho divino. Mas nem por isso os seus poderes eram menores, porque nenhum outro deus se intrometia no Mundo Subterrâneo. Ele tinha o controle absoluto de seu reino, e mesmo Zeus evitava interferir no seu comando. Embora Hades fosse um deus completamente solitário e que raramente deixava seu reino para visitar a terra dos vivos, dizem que ele visitou a terra dos vivos pelo menos uma vez. Foi durante essa visita raptou e a levou para o Mundo Subterrâneo. Lá, Perséfone ficou prisioneira. Como você pode imaginar, sua mãe ficou completamente deprimida com o desaparecimento repentino da filha e correu o mundo em busca de Perséfone. É importante, nesse ponto, falarmos sobre a deusa da fertilidade, da colheita e dos cereais, Deméter. Deusa da terra, ela preferia passar a maior parte de seu tempo bem próxima ao por isso que ela, mais do que qualquer outro deus, podia reivindicar para si o controle da terra. Com seu domínio, a terra era seu lar. Deméter era uma deusa muito popular por toda a Grécia antiga. Alguns mitos atribuem essa popularidade ao fato de ela sempre estar entre os homens, viajando de um campo a outro. Outros dizem que sua popularidade advém da necessidade de sua bênção. Como era a deusa da colheita e dos Bartholomaeus Spranger (1546-1611) - Atena e Hermes, Fresco - 1585 (mulheres com metade do corpo de peixe que atraíam os marinheiros com seus cantos atraentes e os hipnotizavam com sua beleza); as Górgonas (mulheres, espécies de monstros, com cabelos de serpentes, exemplo: Medusa); as Quimeras, (uma mistura de leão e cabra que soltavam fogo pelas ventas). Todos esses seres habitavam o mundo material, tendo uma enorme influência em suas vidas. Bastava ler os sinais da natureza, para conseguir atingir seus objetivos. A Pitonisa era uma espécie de sacerdotisa, importante personagem nesse contexto. Os gregos consultavam-na em seus oráculos para saber sobre as coisas que estavam acontecendo e também sobre o futuro. Quase sempre, a Pitonisa buscava explicações mitológicas para tais acontecimentos. Agradar uma divindade era condição fundamental para atingir bons resultados na vida material. Um trabalhador do comércio, por exemplo, deveria deixar o deus Hermes sempre satisfeito, para conseguir bons resultados em seu trabalho. Opa, eu fui convidado para escrever sobre Hades, o que estou fazendo? Mitologia 17 cereais, os antigos dependiam dela para conseguir a comida necessária para sobreviver. Era, portanto, natural que ela gozasse de imenso prestígio entre eles. Por outro lado, sua popularidade pode ser creditada ao simples fato de ela ser uma deusa boa e generosa (representa o signo de Virgem – uma virgem regando a terra com ramos de trigo em sua mão). Ao contrário de Poseidon, que era mais temido do que amado, Deméter era mais amada e respeitada do que temida. Mas, de qualquer modo, ela continuava sendo uma deusa e por isso precisava ser reverenciada, pois detinha tanto o poder da destruição quanto o da criação. Apesar de Deméter ser uma deusa bondosa, não podemos esquecer de que as divindades sentiam as mesmas emoções que os humanos. Em um instante, sua generosidade poderia transformar-se em crueldade, o que poderia deixá-la simplesmente assustadora. Quando Deméter perdeu sua filha, deixou que a emoção tomasse controle, o que resultou em tempos terríveis para a humanidade. Um outro exemplo da crueldade nada habitual de Deméter foi vivenciada por um ímpio jovem, Erísicton. Erísicton era filho do rei de Dotion. Ele teve a idéia de construir um grande salão para banquetes, mas precisava de madeira para conseguir erguêlo. Como não tinha respeito pelos deuses, entrou em um bosque de carvalho sagrado, que pertencia a Deméter, e foi cortando as árvores de que precisava para construir seu salão. Quando começou a cortá-las, as árvores começaram a verter sangue dos ferimentos. Um homem que por ali passava chegou a alertá-lo para não cometer tal sacrilégio, mas Erísicton desafiou e degolou Nova Era Maçônica Mitologia William Bouguereau - Dante e Virgílio no Inferno 1850 18 novembro/dezembro 2006 o pobre homem. E não parou, continuou sua tarefa; três espíritos gritaram em desespero e chamaram por Deméter. Ela se aproximou de Erísicton disfarçada de sacerdotisa. Em um primeiro momento, implorou para que ele parasse de cortar as árvores, mas quando ele se negou a fazê-lo, ela ordenou que ele saísse do bosque. Rindo da audácia da sacerdotisa, Erísicton ameaçou-a com um machado. Deméter recuou e disse a ele para continuar porque ele iria mesmo precisar de uma sala de jantar. Ela estava estarrecida com esse ultrajante ato de sacrilégio. Era algo que ela não po- deria deixar por isso mesmo. Então, chamou Peina (a Fome) para atormentar Erísicton pelo resto de sua vida. Peina ficou grata por ajudar Deméter e imediatamente saiu em busca do garoto inescrupuloso. E foi feito, fazendo-o ter um incontrolável desejo de comer e nunca se sentir saciado. Ele comia tudo o que via, mas sem conseguir alívio. Em poucos dias, ele gastou toda a sua fortuna em comida, embora ainda não se sentisse saciado. Finalmente, tornou-se um pedinte, sem ter nada mais que uma filha. Sua filha vendeu-se como escrava para ajudá-lo a conseguir alimento. Como não dispunha de mais nada, Erísicton começou a comer as próprias pernas. Mas isso não deu nenhum resultado e ele continuou faminto. Erísicton enlouqueceu, devorou o resto de sua própria carne e, assim, morreu. Dá para perceber que Deméter era uma deusa que não devia ser contrariada. Doce como uma flor, na maior parte do tempo, ela tinha um lado cruel que brilhava de tempos em tempos, quando a situação pedia por isso. Mas o mito mais popular estrelado por Deméter é aquele em que divide o papel princi- pal com sua filha Perséfone. Lembra-se que Perséfone havia sido raptada por Hades e do desespero de Deméter quando soube disso? Deméter não queria saber de mais nada, e sim procurar a sua filha. Todas as suas tarefas e responsabilidades como deusa da colheita e da fertilidade foram postas de lado por causa da tragédia. Em sua busca frenética, Deméter chegou a percorrer o mundo, vagou por toda a Terra, por nove dias e nove noites, com uma grande tocha na mão. Durante esse tempo ela não comeu, não dormiu, nem bebeu. No décimo dia, encontrou Hécate, uma divindade menor, que sabia do rapto, mas não sabia informar quem o tinha o praticado. Contudo, Hécate levou Deméter até Hélio, o deus Sol, que, em virtude de sua visão onisciente do mundo, tinha testemunhado o rapto. Hélio contou a história que havia presenciado para Deméter e tentou convencerlhe de que sua filha estava bem com Hades. Deméter ficou tomada pela fúria, pela dor e pela tristeza. Abandonou o Monte Olimpo e todas as suas responsabilidades como deusa. Sua saída deixou o mundo em um verdadeiro caos, completamente castigado pela seca e pela fome. A terra agora era estéril, e tanto a vegetação nativa quanto as plantações morreram, enquanto as novas se recusavam a crescer. Nas viagens narradas por Homero, Deméter estava determinada a se esconder na Terra até que sua filha retornasse e, por isso, começou a vagar pelos campos. Algumas vezes ela era recebida com acolhimento, outras vezes era ridicularizada. Quando foi recebida na casa de Misme, ofereceram-lhe umas bebidas, como um ato de bem receber. Mas como ela sorveu o líquido muito rapidamente, porque obviamente estava morrendo de sede, o filho de Misme zombou dela. Furiosa com o desrespeito às regras de hospitalidade, Deméter atirou sua bebida no garoto, transformando-o num lagarto. Cheia de dor, transformou-se em uma velha senhora enquanto estava em Elêusis. Lá, parou ao lado de um poço para descansar. A filha do rei Céleo aproximou-se da velha senhora e a convidou para se refrescar em sua casa. Deméter, tocada com o gesto de bondade da moça, concordou, e foi com a garota até o palácio. Lá, foi tratada com imensa cordialidade não só pela filha do rei como também pela rainha. Deméter ficou impressionada com aquela casa e com uma mulher em particular, Iambe, que era a filha de Pan e uma criada na casa de Céleo. Iambe era jovem e era a única pessoa que fazia com que Deméter sorrisse. Deméter tornou-se criada da casa dos Céleo, juntamente com Iambe. Como logo ganhou a confiança da rainha, tornou-se a babá do príncipe Demofonte, em quem encontrou o consolo que só uma criança poderia lhe oferecer. Ela decidiu conceder a imortalidade ao menino. Para fazer isso, Deméter alimentouo com ambrosia e o colocou na lareira para que o fogo queimasse a sua mortalidade. Mas ela foi descoberta pela rainha, que interrompeu a ação com um berro. Deméter, furiosa com a interrupção, deixou a criança cair. De volta à sua forma natural, Deméter ordenou que a casa real construísse um templo para ela. Ensinou-os também a praticar de modo adequado os ritos religiosos em sua homenagem. Essa prática mais tarde se tornou conhecida como os Mistérios de Elêusis. Esses Mistérios eram os ritos religiosos praticados em homenagem a Deméter e Perséfone, Nova Era Maçônica novembro/dezembro 2006 Zeus não podia negar essa Lei. Contudo, como Deméter estava tão desolada e como Hades, em um certo sentido, havia desobedecido Zeus, este chegou a um meio termo. Perséfone viveria com Hades no Mundo Subterrâneo durante três meses do ano e moraria com sua mãe na terra nos outros oito meses. Perséfone tornou-se, assim, a mulher de Hades e, depois, rainha do Mundo Subterrâneo. Ela desempenhou muito bem suas tarefas como mulher (esposa) e rainha. Dizem que ela correspondeu normalmente heróis, e um terceiro bloco, para os muito maus, aqueles que precisavam de punição. Mas é óbvio que existia muito mais do que "esses blocos de celas". Dizem que quando uma pessoa morre, Hermes vem apanhar sua alma para guiá-la até o Mundo Subterrâneo. Deve também atravessar pelo menos um rio, pois são muitos os rios que cercam a Terra dos Mortos: Aqueronte, o Rio da Dor; Cocito, o Rio da Lamentação; Lete, o Rio do Esquecimento; Pyriphlegethon, o Rio do Fogo; e Styx, Depois de sofrer a recepção de Caronte, o morto tinha que passar por Cérbero, o cão de Hades (cão com três cabeças e três gargantas, que guardava as portas dos Infernos e do palácio de Plutão, (o deus romano do Inferno ou do Submundo). Cérbero nasceu do gigante Tífon e de Equidna. Ele agradava as almas infelizes que desciam aos infernos e devorava as que dali queriam sair. Quando Orfeu foi buscar Eurídice, ele fez Cérbero adormecer ao som de sua lira; Héracles (Hércules) teve que descer ao reino dos mortos ao amor de Hades. O Mundo Subterrâneo, a Terra dos Mortos, Região de Baixo, a Morada de Hades, Inferno, esses eram alguns dos nomes que as pessoas usavam para se referir ao Mundo Subterrâneo, que também tinha suas leis e possuía várias divisões. Imaginem uma prisão com diferentes blocos com celas. Um bloco de celas era para as pessoas comuns, outro para os realmente excepcionais, o Rio do Ódio. Para fazer essa travessia, era preciso utilizar os serviços de Caronte (filho de Erebo e da Noite), o barqueiro dos mortos. Ele exigia uma moeda como pagamento. Contudo, apenas conduzia o barco, e era a alma que teria todo o trabalho de remar. Se, por acaso, a alma não tivesse dinheiro para pagar os serviços, era obrigada a vagar depois da linha do oceano por cem anos, para depois ganhar direito de embarcar novamente. como um dos 12 trabalhos exigidos por Euristeu; Enéias foi visitado pelo fantasma de seu pai na terra dos vivos e foi visitá-lo na terra dos mortos, antes de entrar pelos Portões do Mundo Subterrâneo. Cérbero adorava comer carne fresca e certamente não era o melhor amigo dos homens. Mas parecia se dar bem com as almas que ali entravam. Ele só atacava as que tentassem fugir. Viajando pela rua Divisória, Paul Cézanne (1839-1906) - Pirâmide de Crânios os mais importantes em toda a Grécia antiga. Lembre-se que foi na cidade de Elêusis que Deméter permaneceu a maior parte do tempo de luto por sua filha. Ali, o templo foi construído em sua honra e era onde os Mistérios de Elêusis eram praticados. Dizem que foi a própria Deméter quem instituiu o culto e ensinou o povo como lhe prestar homenagens corretamente. Como era um culto secreto, era considerado uma religião de mistério. Apenas aqueles formalmente iniciados podiam participar, e nenhuma palavra sobre o que acontecia durante os rituais podia ser dita. Quem quisesse ser iniciado deveria antes preencher alguns requisitos. Por exemplo, um devoto não poderia ter derramado sangue em nenhum momento de sua vida. As mulheres e os escravos eram proibidos de participar. Os mistérios religiosos incluíam os cultos Dionísicos, Órficos e Cabiri, e, naturalmente, os Mistérios de Elêusis. Vamos conhecer o cativeiro de Perséfone, o Mundo Subterrâneo. Zeus envia Hermes para conversar com Hades para convencê-lo a libertar Perséfone. Hades não poderia admitir desistir de Perséfone, mas a mensagem enviada por Hermes era para ser interpretada como uma ordem direta de Zeus. Hades não tinha outra escolha a não ser deixar a menina partir. Contudo, ele utilizou um truque. Via de regra, todo mundo que comesse algum alimento nas dependências do Mundo Subterrâneo não poderia retornar à terra dos vivos. Enquanto fingia acatar as ordens de Zeus e libertar Perséfone, Hades também enganou a menina, dando-lhe algumas sementes de romã. Perséfone comeu-as enquanto ainda estava no Mundo Subterrâneo, portanto, ela passara a pertencer àquele Mundo. Mitologia 19 a alma encontrava uma bifurcação, onde era recebida pelos Juízes. Estes decidiam para que parte do Mundo Subterrâneo a alma seria levada para morar para sempre. Tornou-se um hábito entre os antigos colocar uma moeda embaixo da língua dos entes queridos que morriam. Isso permitia que eles pudessem pagar os serviços de Caronte e cruzar o reino dos mortos. Aqueles que não eram enterrados adequadamente, ou sequer fossem enterrados, não conseguiam obter permissão para entrar no Mundo Subterrâneo e ficavam vagando por cem anos. Mas vamos saber mais a respeito daqueles "blocos de cela". Elíseos, algumas vezes conhecido como Campos Elíseos, era uma ilha para os abençoados. Era para onde os muito bons, geralmente heróis, eram enviados depois da morte. Elíseos era um paraíso em todos os sentidos, onde homens e mulheres curtiam a vida na morte. Jogava-se, tocava-se música e todo mundo se divertia. Os campos eram sempre verdes e o sol sempre brilhava. Alguns mitos, porém, não fazem distinção entre o esplendor de Elíseos e os Campos de Asfodel. Aqueles que eram mandados para os Elíseos não podiam saber a diferença. Como todas as almas eram meramente almas, nenhuma delas poderia adivinhar o que estava acontecendo ao seu redor, e determinar o lugar onde estavam. Mesmo assim, esse é considerado o melhor "bloco" dos três. Os Campos Asfodel era um lugar de limbo. Não era nem bom nem ruim; era um local para o descanso final dos seres mais comuns. Esse lugar era o que abrigava mais almas do que os Elíseos e o Tártaro juntos. As almas, geralmente nos Campos de Asfodel, desempenhavam as mesmas atividades realizadas em vida. A memória 20 novembro/dezembro 2006 não era cultivada. Por isso, uma alma existia e agia, na maior parte do tempo, como uma máquina, sem nenhuma individualidade. Um lugar neutro, sem nenhuma qualidade positiva nem negativa. Um lugar monótono, sem novidades. O Tártaro, ficava abaixo do Mundo Subterrâneo. Acreditava-se que a distância entre o Mundo Subterrâneo e Tártaro era a mesma entre a Terra e o céu. Um lugar escuro e triste e era onde os maus eram mandados para punição eterna. Como o leitor percebeu, a menos que você fosse protegido pelos deuses e fosse enviado aos Elíseos, a vida depois da morte não prometia muita coisa. Os simples mortais, realmente, não tinham o que esperar da morte. Por causa desse desalento é que muitos ritos e cultos religiosos surgiram, como, por exemplo, muitas das crenças novas centradas em uma divindade individual (como Deméter e Dionísio). Supostamente, essas divindades ofereciam àqueles que tivessem fé os segredos do Mundo Subterrâneo, incluindo o mapa do lugar, com todos os seus rios e nascentes, para se evitar beber delas e, portanto, assegurar a morada nos Elíseos. Começa uma nova esperança de uma pós-morte mais digna, muitos se tornaram bastantes crentes e devotos à sua religião e divindade. Depois que a Grécia foi anexada ao Império Romano, a Mitologia Grega passou a fazer parte de Roma, e os deuses e deusas apenas mudam de nome. (Vide tabela ao lado) Baseando-se no panteão das divindades gregas, uma nova psicologia foi apresentada por Jean Shinoda Bolen (psiquiatra e analista junguiana) em seu livro Os Deuses e o Homem, que usou os conceitos de Carl Jung para estudar os oitos deuses gregos que correspondem a oito tipos de perso- nalidade masculina. Nas próximas linhas, transcreveremos apenas os arquétipos de Hades: "Todo aquele que gosta de ficar sozinho, curte a privacidade e não se importa muito com o que se passa no mundo, leva a existência de Hades. O Hades 'puro' é solitário e vive em seu reino interior. O homem-Hades é introvertido e geralmente alheio às regras de etiqueta e frivolidades. Não está 'nem aí' com o que as outras pessoas pensam dele. No trabalho se afina com tarefas repetitivas que lhe permitam certa exclusão. No amor, quando se apaixona, vive experiências profundas com sua parceira e é somente ela que consegue arrancá-lo da toca.Todo homem-Hades tem predisposição para ser solitário e sentir-se inadequado em um mundo muito competitivo, ele se recolherá para dentro de sua concha interior e para uma vida de esterilidade emocional. No mundo de Zeus, ele enfrenta muitas dificuldades, pois se sente inferior, um estranho no ninho. Fora de seu reino, verifica que só é recompensado todo aquele que atinge o topo, que adquire status, que se expõe e que corre riscos. Essa cultura extrovertida dominante é estranha ao homem de Hades, porque lhe faltam a ambição e a comunicação. A menos que desenvolva outros arquétipos, ficará à margem da estrada e só se encaixará em trabalhos que não ofereçam desafios, pois sua vida real é 'interior'. Um Hades comete todas as 'gafes' possíveis em reuniões sociais e diante de uma mulher. É natural, portanto, que muitas vezes seja rejeitado. A única experiência sexual do deus Hades foi com Perséfone que a raptou e a estuprou. A vida pode seguir o mito, mas o homem-Hades que se cuide, porque diferentemente de Zeus e Poseidon, ele tem menos credibilidade e poder e Nova Era Maçônica Mitologia N o me G re g o N o me R o ma n o A t ri but o s Ze us J ú p it e r R e i d o O limp o e d o s d e us e s P o s e id o n N e t uno D e u s d o s ma r e s e d a na ve ga ç ã o Had es P lu t ã o D e us d o s in fe r n o s (tártaro) Ares Marte D e us d a gue r r a A fr o d it e V ê nus D e u s a d a b e le z a C r o no s S a t ur no D e u s d o t e mp o H e r me s M e r c ú r io D e us d o c o mé r c io e d o r o ub o O ur a no s U r a no D e us d o U n iv e r s o Hera J uno D e u s a - r a in h a d o O limp o A t e na M in e r v a D e us a d o s a b e r H é s t ia Ve s t a D e u s a d o fo g o e d o la r D io n is o Ba c o D e u s d a lu x ú r ia e d o v in h o Ero s C u p id o D e u s d o a mo r P e r s é fo n e P r o s é r p in a D e u s a - r a in h a d o Had es (tártaro o u in fe r n o ) A p o lo A p o lo D e u s d a lu z e do Sol Á r t e mis D ia n a D e us a d a c a ç a D e mé t e r C eres D e us a d a a g r ic u lt u r a Í r is Í r is D e us a d o a r c o ír is Heb e Heb e D e us a d a j uve nt ud e H e fa ís t o s Vu lc a n o F e r r e ir o d o s D e us e s R é ia C íb e le D e u s a d a Te r r a , esposa de S a t ur no pode vir a ser denunciado e rotulado. O casamento para este homem é crucial, pois sem ele será solitário e excluído. É por meio da esposa e dos filhos que irá relacionar-se com a sociedade. Como pai é sombrio, mal-humorado, sem emoção e só espera de seus filhos organização e dever cumprido. Entretanto, pode compartilhar com as crianças o tesouro de sua vida interior. O maior problema que um homem-Hades cria para os outros sendo como ele é, é que vive em um mundo 'a parte', sem se dar chance de envolver-se emocionalmente com outras pessoas. O que se espera é que ele se comunique e nos conte o que acontece lá embaixo. Amar alguém como Hades é bem difícil, pois a qualquer momento pode tornar-se invisível e inabordável. O melhor modo de um Hades crescer é combiná-lo com um Hermes, pois era por intermédio deste último deus que as imagens e as sombras do mundo inferior eram entendidas e comunicadas aos outros." O assunto é vasto e fascinante, mergulhe nesse mundo fantástico que é a Mitologia e veja o quanto ainda temos para aprender. Não tema, conheça mais a respeito do mundo de Hades, em suas leituras. Na próxima edição, pretendo discorrer a respeito de outro deus bastante interessante: Pan. Bibliografia: BOLEN, Jean Shinoda. Os Deuses e o Homem. São Paulo: Paulus, 2002. BOLTON, Lesley. O Livro Completo da Mitologia Clássica – Deuses, Deusas, Heróis e Monstros Gregos e Romanos – de Ares a Zeus. São Paulo: Madras Editora, 2004; COSTA, Wagner Veneziani et al. O Livro Completo dos Heróis, Mitos e Lendas. São Paulo: Madras Editora 2004. Nova Era Maçônica GSCEM novembro/dezembro 2006 21 Wagner Veneziani Costa – Grande Secretário de Cultura e Educação Maçônicas do GOSP Relatório de Atividades 2003-2006 Educação e Cultura são aspectos fundamentais na vida de qualquer pessoa, pois é um dos parâmetros de avaliação de um indivíduo perante a sociedade. Um povo sem cultura e educação é facilmente dominado por seus algozes modernos. Um país que não valoriza a sua cultura e não se preocupa em educar os seus filhos tende a ser subjugado pelas nações poderosas. Diante disso, passamos a refletir no papel da nossa Sublime Ordem, cuja história tem comprovado que há muito tempo a Maçonaria faz parte dos destinos cívicos e patrióticos dos brasileiros. Ao mesmo tempo, observamos que é preciso que os nossos Obreiros também recebam os ensinamentos da Cultura e da Educação Maçônicas, para que possam crescer na sua senda. E para isso, é necessário que tenham acesso aos meios para esse desenvolvimento. Quando iniciamos nossa tarefa como Grande Secretário da Grande Secretaria de Cultura e Educação Maçônicas do GOSP, em 2003, pensamos, então, o que poderíamos promover na Maçonaria paulista que comungasse com esse ideal maçônico e patriótico. Foi assim que encontramos no nosso Regimento Interno (Decreto 026) as nossas atribuições gerais: -Promover a Educação maçônica em geral. -Promover a harmonia social entre maçons. -Zelar pela tradição maçônica Estadual. -Desenvolver pesquisas e atividades culturais. - Promover e manter o acervo Histórico e Cultural. - Apoiar e incentivar os encontros entre maçons. Após a leitura do Regimento, era preciso partir para ação e criar eventos pelos quais pudéssemos, na prática, conquistar os nossos ideais de crescimento, não individual, mas coletivo. Imbuídos da vontade de colaborar para o progresso de nossa Ordem e do nosso País, reunimo-nos logo no início de nosso mandato com o os presidentes dos departamentos, para planejar nossas ações e traçar nossas metas. Idéias foram surgindo e logo partimos para a prática. Desde então, a cada dois ou três meses, promovemos reuniões para fortalecer os nossos elos, viabilizar os projetos e dar suporte aos mesmos, não permitindo que morra a chama do nosso ideal maçônico. Tenho a grata satisfação de apresentar um resumo do resultado obtido durante nossa gestão, no período de 2003 a 2006, com a ajuda de vários Irmãos conscientes de suas responsabilidades. Trabalhos Desenvolvidos Foram criados os seguintes Departamentos: 1) Conselho Consultivo – Que é presidido pelo Grade Secretário de Cultura e Educação Maçônicas do GOSP, o Poderoso Irmão Wagner Veneziani Costa. Sua finalidade é dar sustentação e viabilização aos novos projetos e conselhos, pois acreditamos que toda ação pode ter um resultado muito mais favorável quando é motivada ou mesmo orientada por suas lideranças. Os Irmãos conselheiros, com sua experiência, estão habilitados a avaliar os meios mais práticos e viáveis para desenvolvimento das idéias que surgem nas reuniões e que contribuem para resultados satisfatórios dos projetos. 2) Departamento Cultural – Presidido pelo Irmão Humberto Álvares Junqueira. Apóia, incentiva e dá sustentação aos cursos promovidos pela GSCEM. É também o responsável pela apresentação do Coral Maçônico. Por meio desse departamento, está sendo possível desenvolvermos várias ações em nossa Secretaria, oferecendo diversos cursos gratuitos para os Irmãos, de modo que possam enriquecer seus conhecimentos, aperfeiçoarem-se nas suas tarefas em Loja, ou mesmo tomar contato com algum tema de interesse geral. Pensamos também nas Cunhadas, Sobrinhos e no público em geral, e decidimos oferecer-lhes atividades culturais nas nossas instalações, de modo que pudéssemos interagir ainda mais. Contatamos alguns Irmãos especialistas em áreas diversas, como saúde, arte, advocacia, e os convidamos para proferir palestras em nossos Templos. Pudemos, assim, atender a esses anseios, e tudo graciosamente, de nossos familiares e amigos. No dia 2 de agosto de 2006, realizamos uma reunião na qual foram feitas avaliações e análises críticas dos cursos que promovemos até o momento, para que possamos melhorar os vindouros, bem como fomentar o envolvimento de todos os Irmãos nessas atividades. Santos e Ribeirão Preto são as próximas cidades onde nossos instrutores estarão para ministrar cursos às Dignidades maçônicas dessas localidades. Foi anunciado na ocasião, um curso para Multiplicadores Culturais, com disponibilidade de 50 vagas. Também foi proposta a formação de uma segunda equipe de Instrutores dos Departamentos de Cultura e Educação para o curso de Oficiais, tendo em vista a possibilidade de estarmos presentes em diversas regiões ao mesmo tempo, ou mesmo não sobrecarregando os mesmos Irmãos freqüentemente. Já demos início à elaboração do Calendário 2007 de Cursos, Palestras e outros eventos culturais e educacionais, para o qual estamos aceitando sugestões. 3) Departamento de Acervo Histórico e Cultural – presidido pelo Ir. Henrique Rajnowicz. Sua missão é preservar, catalogar e organizar a BIBLIOTECA (livros), a HEMEROTECA (jornais e revistas), a PINACOTECA (coleção de quadros), a NUMISMÁTICA (moedas, cédulas e medalhas) – uma grande coleção de cédulas brasileiras será doada pelo Poderoso Irmão Wagner Veneziani Costa, a FILATELIA (coleção de selos) e a GLIPTOTECA (coleção das esculturas). No momento, as instalações estão em reforma, para que possamos ampliar o espaço, tendo em vista o grande crescimento de nossos acervos. A Biblioteca foi totalmente reformada, com a alteração de todo o layout da planta anterior, tendo em vista que seu acervo foi ampliado para mais de 5 mil obras. Foi feita a catalogação de todas essas obras, que estão disponíveis aos Irmãos para estudos e pesquisas. Com tudo isso, acreditamos que poderemos preservar a nossa História, não permitindo que jóias preciosas se percam no tempo, e que os nossos descendentes, que serão os Aprendizes, Companheiros e Mestres do futuro, possam ter conhecimento do passado da Ordem e construírem uma nova História para a nossa sublime Instituição, sem se esquecerem ou terem conhecimento da essência de sua ancestralidade e dos fatos e acontecimentos que estarão registrados nesses acervos culturais e educacionais. Conseguimos disponibilizar diversas obras para download no site do GOSP www.gsp.org.br, totalmente gratuito. Inserimos há pouco uma obra muito interessante sobre a Administração de Loja Maçônica, Manual de Hiram – Um Guia para o Venerável Mestre, de autoria de um ex-Grão-Mestre, o Irmão Wayne T. Adams, que gentilmente nos deu permissão para viabilizar o seu trabalho na nossa Home Page. O tradutor da obra é o Irmão Alberto Conehero, que também nos cedeu os direitos de sua tradução. Existem mais dois títulos de conteúdo histórico à disposição no site do GOSP: A Iniciação de Jesus, do Dr. R. Swinburne Cllymer e Secrets et Mystéres de la Maçonnerie, de Devolier. 4) Departamento de Incentivo e Apoio aos ERACOM’S à Educação e Cultura na Maçonaria – presidido pelo Irmão Paulo Gonçalves Peres. Incentiva, facilita e apóia os 22 novembro/dezembro 2006 estudos e pesquisas, assim como a realização em todas as regiões e Lojas Jurisdicionadas ao GOSP. ODepartamento disponibilizará os melhores trabalhos apresentados pelos Irmãos, no site do GOSP. Por conta disso, já está com um plano piloto no ar. 5) Departamento de Instrutores Culturais e Educacionais – presidido pelo Irmão Wagner Veneziani Costa. Ministra palestras e cursos, sem custos para os Irmãos, nas mais diversas áreas do conhecimento humano. É o responsável pela formação de Multiplicadores Culturais nas regiões do interior do Estado. Vamos trabalhar para aumentar o número de Irmãos aptos a ministrar esses cursos e palestras, de modo que possamos atender aos vários pedidos das Lojas para que essas atividades sejam desenvolvidas em suas localidades. 6) Departamento de Pesquisas Históricas e Filosóficas para todos os Ritos – presidido pelo Irmão Valter Sérgio de Abreu. Incentiva a pesquisa histórica e filosófica dos Ritos regulares do GOSP. Em breve, colocará à disposição dos Irmãos os melhores trabalhos, divididos por Grau, no site do GOSP, www.gosp.org.br Criará junto aos Grandes Secretários Adjuntos da Grande Secretaria Ritualística, uma programação de cunho elucidativo, educativo, histórico e filosófico de cada um dos Ritos Regulares no Brasil. Com debates entre dignidades e os irmãos participantes. 7) Departamento Editorial – presidido pelo Irmão Carlos Brasílio Conte. Produz o jornal eletrônico Nova Era Maçônica, disponível no site do GOSP, que é elogiado em diversos Orientes, no Brasil e no exterior, fato este comprovado pela grande quantidade de cartas que recebemos freqüentemente. A publicação já está em sua 33ª edição. Aumentamos consideravelmente a paginação inicial, pois passamos a receber vários textos relevantes, a título de colaboração, de autoria de diversos Irmãos, que enriquecem a cada mês o nosso jornal. Agora, também apresentamos a edição impressa deste jornal. Conseguimos desenvolver esse trabalho sem custo para o GOSP, pois contamos com a colaboração dos jornalistas e da editoração e da revisão, por meio da Madras Editora. Por ser também uma publicação virtual, as notícias podem ser acessadas no mundo todo. Todas as edições estão disponíveis para acesso. 8) Departamento Educacional – presidido pelo Irmão Armando Ettore do Vallle. Elabora e ministra os cursos de Dignidades e Oficiais, Motivacionais e de Administração em Loja. Atua sempre em conjunto com o Departamento Cultural. Esses cursos são oferecidos com o intuito de que nossas Lideranças estejam mais bem preparadas para as suas atribuições, dentro dos princípios maçônicos. Todas as Palestras e os Cursos são inteiramente gratuitos, com apostilas que permitem consultas posteriores, no dia-a-dia, de modo a sanar todas as dúvidas ou mesmo para orientação dos demais Irmãos em suas Lojas. Ao final do curso, são entregues os certificados de participação, enriquecendo os currículos de cada um. Os cursos são ministrados sem ônus para o participante. Cabe à GSCEM bancar os gastos gerais. Já foram entregues mais de 5.250 certificados para diferentes pessoas. Durante os eventos, são sorteadas algumas obras literárias entre a platéia, com o intuito de difundir a leitura e enriquecer os conhecimentos. GSCEM Cursos ministrados para maçons: 1) Cursos de Administração em Loja; 2) Cursos de Qualidade e Liderança em Loja Maçônica; 3) Cursos para Dignidades Maçônicas; 4) Cursos para Formação de Líderes; 5) Cursos para Mestre-de-Cerimônias; 6) Cursos para Oficiais; 7) Cursos para Orador; 8) Cursos para Veneráveis Mestres. Cursos ministrados para a Família Maçônica: 1) Cursos de Cabala; 2) Cursos de Motivação Pessoal; 3) Jornada Cabalista. 4) Cursos de Hermetismo; 5) Cursos de Redação e língua portuguesa; 6) Qualidade de Vida. Palestras realizadas: 1) A Divina Proporção; 2) A Obra de Leonardo Da Vinci; 3) Avataras; 4) Igreja e a Maçonaria; 5) Influência de Pitágoras na Maçonaria; 6) Legado de Pitágoras; 7) Padrão Setenário; 8) Departamento Esportivo e Recreativo – presidido pelo Irmão Milton Nobre Branco. Por considerar que esporte e lazer são atividades vitais para uma vida saudável, criamos este Departamento. Seu objetivo é promover confraternizações de futebol, vôlei, basquete, tênis, natação e outras modalidades esportivas entre as Lojas, podendo participar Cunhadas, Sobrinhos e Dependentes, com a finalidade de arrecadações de alimentos não-perecíveis, roupas e calçados para doações. Fazer convênios com academias e quadras poliesportivas para a Família Maçônica. Trabalhar em conjunto com a Prefeitura e Governo do Estado em projetos para tirar Nova Era Maçônica crianças das ruas (promovendo campeonatos entre escolas). Criar um banco de alimentos não-perecíveis, roupas e calçados para doação aos mais carentes. O intuito dessas ações é trazer nossos familiares para as nossas atividades beneficentes, com descontração e diversão, conseguindo unir ainda mais os IIr. e seus familiares, despertando a chama da Solidariedade e da Fraternidade em seus corações. 10) Departamento de Administração Interna (DAI) – presidido pelo Irmão César Luis Bueno. Coordena, planeja e administra os Coordenadores. Organiza e secretaria as reuniões entre os Departamentos da GSCEM. É responsável pela comunicação interna dos Irmãos dos Departamentos e conta com três Divisões: Divisão de Pessoal, Divisão de Logística e Apoio (viabiliza a estrutura de todos os cursos e eventos) e Divisão de Imprensa e Divulgação (Divulga todas as ações, cursos e palestras, de modo que todos os Irmãos possam tomar conhecimento das atividades desenvolvidas e delas participar. Uma das ferramentas que passamos a utilizar para difundir nossas atividades foi a Internet. Procuramos cadastrar os endereços eletrônicos todos os Irmãos do Estado de São Paulo, para que recebessem as novidades da nossa Secretaria, bem como de todo o GOSP, o mais rápido possível). Publicações de obras literárias Publicamos o livro Manual Completo para Lojas Maçônicas, de autoria dos Irmãos Amado Espósito dos Santos, Carlos Brasílio Conte, Cláudio Roque Buono Ferreira e Wagner Veneziani Costa. A primeira tiragem da obra (3 mil exemplares) foi distribuí- da, gratuitamente, com um exemplar para cada Loja e para algumas Dignidades do GOB e do GOSP e a todos os Grão-Mestres e seus Adjuntos em todo o País. Recebemos farta correspondência dos Irmãos de todo o Brasil, discorrendo acerca da importância dessa publicação para seus trabalhos em Loja, pois o livro é um guia para todas as atividades maçônicas na Loja. Estamos preparando um livro sobre o Rito Escocês Antigo e Aceito. Viagens Em janeiro de 2006, realizamos um cruzeiro marítimo, denominado “Qualidade de vida em alto mar”, no navio Island Scape, quando tivemos oportunidade de confraternizar com diversos Irmãos e seus familiares. Foram vendidas 120 cabines para os maçons. No próximo ano, faremos outra viagem semelhante, para a qual já estamos com a turma fechada. No último mês de julho, promovemos outro tour com a Família Maçônica, o qual chamamos de “Qualidade de vida em terra.” O local escolhido foi um aconchegante hotel na cidade de Itatiaia. Desse modo, incentivamos a união entre os Irmãos. Estamos planejando uma viagem no início do ano de 2007 a bordo do navio MSC Armonia com destino ao Rio de Janeiro. Apresentação Apresentação de Coral Maçônico no Dia das Mães. Na oportunidade, fizemos uma homenagem a todas as nossas Cunhadas, mães de nossos filhos, netos e sobrinhos, o sustentáculo de nossos lares. No Dia dos Pais, promovemos um concerto musical: “A Flauta Mágica”, de Mozart, no Templo Pirati-ninga, para homenagear todos os pais. Desse modo, foi possível proporcionar cultura, lazer e bem-estar entre as famílias. Nova Era Maçônica Atualização de Cadastro do GOSP - Virtual Começaremos a enviar por email informações úteis sobre as determinações do nosso Grão-Mestre, assim como acerca das atividades as educativas e culturais (cursos; palestras; eventos em geral). Para isso, estamos fazendo a atualização dos dados cadastrais de todos os Irmãos, de modo virtual, pois isso agiliza todo o nosso processo de comunicação. Atividades a serem desenvolvidas em 2007 -Promoveremos, apoiados pela Secretaria de Ritualística e seus Secretários Adjuntos, Dinâmicas Ritualísticas – Vivências em todos os ritos regulares (com liberdade de interação); - Palestras sobre os Ritos: Escocês, Brasileiro, York, Adoniramita, Schoreder e Moderno; -Promover encontro para debates e estudos maçônicos; -Promover dois concursos para a Família Maçônica: Concurso de Artes (pintura, escultura e artesanato) e Concurso Literário (contos, prosas e poesias). -Colocar mais alguns títulos à disposição dos Irmãos no site do GOSP, para download. O Irmão José Castelani nos cedeu a obra A História do Grande Oriente de São Paulo, e o Eminente Cláudio Roque Buono Ferreira nos cedeu a obra Os Templários. -Temos em nosso Acervo mais ou menos 15 obras a serem digitalizadas e colocadas à disposição dos Irmãos no site do GOSP. Reiteramos que tudo isso será gratuitamente. Considerações finais Lembramos que o nosso trabalho na GSCEM só termina em 10 de junho de 2007. Até lá, queremos fazer muito mais atividades. Promoveremos todos GSCEM os cursos e palestras novamente, inclusive estamos com um projeto para fazer isso eletronicamente, a exemplo de filmagem dos cursos para as Dignidades Maçônicas, pois temos recebido pedidos de todo o Brasil para realizarmos nossos cursos em diversas localidades. Desse modo, poderemos disponibilizar gratuitamente esses cursos pela Internet. Fica aberto também o convite aos Irmãos palestrantes para integrarem nossos quadros de colaboradores. Mandem seus currículos para avaliação (meu endereço eletrônico é: [email protected]). Nesses três anos, respondemos a aproximadamente 3 mil e-mails, sanando, ou pelo menos tentando, às dúvidas de Irmãos a respeito da Ordem Maçônica e de nossos trabalhos. Neste momento, sentimos que cumprimos o nosso propósito, mas ainda estamos longe da Perfeição, o que poderá novembro/dezembro 2006 ser conquistado quando os aproximadamente 19 mil Obreiros somarem fileiras nesse trabalho, interagindo e contribuindo para o progresso de nossa sublime Instituição. Assim, então, sentiremo-nos plenamente realizados. Jamais diria que na Grande Secretaria de Cultura e Educação Maçônicas há um Grande Secretário. Sinto não orgulho, mas satisfação por todos prestarem seus apoios incondicionais à GSCEM. Tudo o que foi realizado foi um trabalho de equipe, com espírito de União, porque acredito piamente que ninguém faz nada sozinho. Meu muito obrigado a todos os Irmãos que vestiram e suaram suas camisas nessa jornada que, 23 repito, ainda não se findou. Sabemos que a Educação é tão importante, que Aristóteles chegou a dizer que “a sorte de um país está na Educação de sua mocidade”. Por isso, acredito que não acumulamos mais uma função na Maçonaria, mas que passamos a desempenhá-la, com toda a nossa vontade de formar uma base consistente para a família maçônica e para a família brasileira, com mais Cultura e mais Educação! Que o Grande Arquiteto do Universo ilumine a todos com sua Verdadeira Luz! Eu Sou, Wagner Veneziani Costa Grande Secretário de Cultura e Educação Maçônicas do GOSP-GOB AMI – Ação Maçônica Internacional Apoio: GOSP – Grande Oriente de São Paulo GSCEM – Grande Secretaria de Cultura e Educação Maçônicas 24 novembro/dezembro 2006 Madras Editora Apóia Nova Era Maçônica Tradição e Modernidade TRADIÇÃO E MODERNIDADE MENSAGEM DOS CANDIDATOS • Sensíveis aos estímulos e apoios recebidos de lideranças e Lojas Maçônicas de todo o Estado de São Paulo, decidimos concorrer às eleições ao GrãoMestrado do GOSP em março de 2007, priorizando a aplicação dos ensinamentos iniciáticos com ação e modernidade, a fim de obter resultados práticos e duradouros no globalizado mundo eletrônico em que vivemos. • Queremos promover a reinserção política e social da Maçonaria; valorizar o rico potencial humano existente nas fileiras do GOSP; respeitar as mais diversas vocações regionais por meio da necessária descentralização administrativa do GOSP, promovendo um proselitismo responsável e pró-ativo na ocupação de espaços na Sociedade. CONTEÚDO DO PROGRAMA 1. Incentivar o conhecimento iniciático difundindo a cultura por meio de agentes capacitados e fomentando a realização de encontros regionais culturais. 2. Estimular a criação de projetos sociais pelas Lojas, caracterizando a Maçonaria como uma instituição de Vanguarda na Evolução Social, amparando os projetos em uma Fundação/Instituto do GOSP com o objetivo de conseguir verbas para o desenvolvimento das tecnologias sociais. 3. Reinserção Política e Social da Maçonaria no cenário político e social do Estado, solicitando a participação de todos, mobilizando os excelentes quadros de Construtores Sociais da Maçonaria Paulista. 4. Formatar a regionalização Administrativa do GOSP – Macro Regiões Maçônicas. 5. Implantação de um Plano Diretor para o GOSP, com diretrizes para execução de projetos e ações administrativas a longo prazo. 6. Direcionar a realização de convênios, preferencialmente aqueles destinados à Saúde, Educação e à formação universitária, objetivando a minimização de custos para a família maçônica. 7. Priorizar o crescimento qualitativo de Lojas onde não temos a representação do GOB incentivando a formação de Triângulos. 8. Nova formatação do Boletim Oficial – inclusão dos destaques regionais. 9. Encontro Anual do Colégio Estadual de Veneráveis Mestres, para debater e propor ações conjuntas das Lojas do GOSP, na efetivação dos objetivos maçônicos. 10. Geminação Internacional – Tratados de Aliança – estimular a realização de tratados internacionais com as Lojas do GOSP objetivando intercâmbio cultural, estudos, turismo e negócios em nome da Aliança Maçônica Universal. 11. Fomentar a efetiva parceria do GOSP nas atividades paramaçônicas (Fraternidades Femininas, De Molay, Lowtons, Filhas de Jó, Garotas do Arco-Íris, Escoteiros, Bandeirantes) junto às Lojas da Jurisdição. Maçonaria e Qualidade de Vida em Alto Mar Após o grande sucesso do verão passado, o luxuoso navio italiano MSC Armonia retorna para uma nova viagem, passando por Ilha Bela e pelo Rio de Janeiro, com partida no dia 24/02/07 e retorno em 27/02/07 no porto de Santos. Reserve logo sua cabine e não perca essa grande confraternização. As vagas são limitadas. Fone: (11) 3021-5008 – email: [email protected]