OS VISITANTES DA NOITE DE NATAL O tio Maximino está em sobressalto. Na noite passada, em sonho, Jesus dissera-lhe que viria visitá-lo esta noite. Ora, esta é a noite de Natal! Maximino passou o dia a preparar a casa. Aspirou-a, decorou a sala, pôs a mesa e preparou peru com castanhas. E ajusta o nó à gravata quando ouve tocar a campainha. — Já? — exclama ele. — Está adiantado! Maximino corre a abrir. Que decepção! Não é Jesus que está à porta, mas a menina Miquelina, a sua vizinha. — Desculpe vir incomodá-lo, senhor Maximino. Preciso de um ovo para fazer uma omeleta. Podia emprestar-me um? — Sim, sim — responde Maximino num tom apressado. O velho senhor corre para a cozinha e volta com um ovo na mão. — É muito triste passar o Natal sozinha, não acha? — continua a vizinha que gostaria de conversar por uns momentos. — É verdade, é verdade — murmura Maximino. — Boa noite, Menina Miquelina — acrescenta ele, enquanto a empurra suavemente para a porta. — E feliz Natal! Maximino regressa para acender as velas da mesa, quando batem à porta. — Já vou! — diz ele com uma voz feliz. Nova decepção! Desta vez é um mendigo que vem pedir-lhe uma moeda para o Natal. — Cheira bem o peru com castanhas… — constata o pobre homem, de olhos a brilhar de desejo. — Há tanto tempo que não provo disso… — Vá, vá! Tome lá! — responde Maximino, ao estender-lhe uma nota. — E feliz Natal! — acrescenta ele a empurrá-lo gentilmente para a saída. Maximino fecha a porta e olha para o relógio: 20h30. Jesus não deve tardar, pensa ele. E, de facto, uma suave pancadinha na porta fá-lo sobressaltar. Mas ainda não é Jesus! É Paulo, o pequenito do andar de cima. — Que queres? — pergunta-lhe Maximino com um pouco de severidade. — A minha mãe está de serviço esta noite. Deixou-me sozinho porque ninguém podia tomar conta de mim nesta noite de Natal. E tenho medo! — Anda lá, anda lá, sê corajoso! — diz-lhe Maximino. O rapazinho olha com desejo o apartamento iluminado. Gostava de ficar ali a dormir. — Pega, é para ti! — diz Maximino, entregando-lhe umas guloseimas. — Vai para casa e deita-te — acrescenta enquanto o acompanha até às escadas. E depois o tio Maximino espera, espera, espera… Por fim, o peru já está frio, as velas estão gastas e Maximino adormece. Durante o sono aparece-lhe de novo Jesus: — Senhor, afinal, não vieste! — diz Maximino em tom de crítica. — Pelo contrário! — responde Jesus. — Vim três vezes, mas tu nunca me disseste para ficar! Bruscamente, Maximino acorda. Olha para o relógio. Não é muito tarde, ainda estou a tempo! A correr, vai buscar a menina Miquelina, o mendigo e o pequeno Paulo. E convida-os, desta vez, a passarem juntos a mais bela consoada de Natal! Christine Pedotti 24 histories de Noël pour attendre Jésus Paris, Mame, 2007 (Tradução e adaptação)