INSTITUTO HOMEOPÁTICO JACQUELINE PEKER
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ACUPUNTURA
VETERINÁRIA
CHRISTIANO PAVAN MATEUS
IMPLANTES DE OURO NOS ACUPONTOS PARA O
RESTABELECIMENTO DO VIGOR HÍGIDO EM UM TAMANDUÁ
BANDEIRA.
Campinas
2011
CHRISTIANO PAVAN MATEUS
IMPLANTES DE OURO NOS ACUPONTOS PARA O
RESTABELECIMENTO DO VIGOR HÍGIDO EM UM TAMANDUÁ
BANDEIRA.
Monografia apresentada
ao
Instituto Homeopático
Jacqueline Pecker como parte integrante do Curso de
Especialização em Acupuntura Veterinária para a
obtenção do título de Especialista.
Orientador: Dr. Sebastião Galiaço Prata
Campinas
2011
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a todos que possam aplicá-lo nos “amigos” enfermos, onde o
caminhar e o usufruir de Sua companhia nos façam revigorar.
AGRADECIMENTOS
Agradeço neste espaço ao Médico Veterinário Dr. Sebastião Galiaço Prata pela
oportunidade de apresentar este trabalho.
“Ao nosso Pai, por demonstrar que a busca por uma melhora, com os conhecimentos
que adquirimos, nos faz cada vez mais sequiosos na busca do entendimento”.
EPÍGRAFE
“Tudo o que somos, é o resultado do que pensamos”
Buda (563 a.C.- 483 a.C)
RESUMO
MATEUS, C. P. Implantes de ouro nos acupontos para o restabelecimento do vigor hígido
em um Tamanduá Bandeira. 2011. 26f. Trabalho de conclusão do Curso de Especialização
em Acupuntura Veterinária - Instituto Homeopático Jacqueline Pecker, Campinas – SP, 2011.
A acupuntura é utilizada como uma técnica para a harmonização vital, dando ascensão
ao fluxo e refluxo da energia no organismo mediante o conhecimento dos canais, os
meridianos. No conhecimento dos trajetos dos meridianos e onde a sua energia esteja
estagnada, os acupontos proporcionam o seu equilíbrio com o uso das agulhas, moxas,
ventosas e com o estímulo elétrico. Em organismos com regiões onde sejam necessitados
estímulos mais vigorosos e permanentes o método no uso de implantes de ouro corrobora
como um meio de tratamento tônico na qualidade de vida. O método empregado faz-se por
uma única aplicação evitando e auxiliando o manuseio subseqüente do organismo. O objetivo
deste trabalho foi estudar e avaliar a viabilidade do efeito dos implantes de ouro como uma
ferramenta crescente em proporcionar uma melhora na qualidade de vida de um Tamanduábandeira. O animal apresentava prostração e um quadro evidente de depressão pela paresia e
deambulação do membro. Foi instaurada antibioticoterapia e fármacos imunossupressivos
sem êxito. Com o diagnóstico de tumoração do calcâneo direito por exame radiológico e
biópsia, foi sugerido o método pelo uso dos implantes de ouro nos acupontos. Após 12 dias do
tratamento, o animal estabilizou seu quadro clínico e retornou a sua rotina diária,
alimentando-se e andando sem restrições.
Palavras-chave: Implantes de fios de ouro. Tamanduá-bandeira. Acupuntura
ABSTRACT
MATEUS, C.P. Gold Implants in the acupoints for restoring healthy vigor to a Giant
Anteater. 2011. 26f. Monograph of the Specialization Course of the Veterinary Acupuncture Institute of Homeopathic Jacqueline Pecker, Campinas – SP, 2011.
Acupuncture is used as a technique vital to harmonize, giving rise to the ebb and flow of
energy in the body of knowledge through the channels, meridians. In the knowledge of the
pathways of the meridians and where your energy is stagnant acupoints provide the balance
through the use of needles, moxa, windy and with electrical stimulation. In organism with
regions where stimuli are needed, the more vigorous and permanent method is the use of gold
wire implants as a means of confirming tonic treatment on quality of life.The method used is
by avoiding a single application and helping the body's subsequent handling. The aim of this
study was to evaluate the feasibility and effect of gold wire implants as a tool to provide an
increasing improvement in quality of life of a Giant Anteater. The animal showed prostration
and a clear picture of depression by walking and limb paresis. It was established
immunosuppressive drugs and antibiotics without success. With the diagnosis of tumor of the
right calcaneus by radiological examination and biopsy, it was suggested the method by use
of gold wire implants in the acupoints. After 12 days of treatment, the animal clinical state
was stabilized and returned to his daily routine, feeding and walking without restrictions.
Keywords: Gold wire implants. Giant Anteater. Acupuncture
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................................9
2. REVISÃO DE LITERATURA.............................................................................................15
3. MATERIAL E MÉTODOS..................................................................................................18
4. RESULTADOS....................................................................................................................20
5. DISCUSSÃO........................................................................................................................20
6. CONCLUSÕES....................................................................................................................24
REFERÊNCIAS.......................................................................................................................25
1. INTRODUÇÃO
A Acupuntura se baseia nos estudos das origens, nos processos de
desenvolvimento e padrões da MTC (Medicina Tradicional Chinesa). Tenta-se com
estes estudos elucidar o desenvolvimento experimental e o desenvolvimento das
teorias que se seguiram com o conhecimento prático.
No período de 400 a 200 A.C., o livro “O Tratado de Medicina Interna do
Imperador Amarelo” atribui mais detalhes sobre a Medicina Tradicional Chinesa
incluindo a acupuntura e as diversas técnicas da acupuntura. Atualmente, muitos
destes conceitos continuam sendo usados, como exemplo: a inserção de agulhas nos
acupontos dolorosos.
Estudando-se a ação da acupuntura, evidenciou-se de que o sistema nervoso
atua no seu mecanismo de funcionamento.
A referência dolorosa é modulada por dois mecanismos: 1°. Neurônios
transmissores na substância cinzenta do corno posterior da medula espinhal, e, 2°. Os
sistemas supressores de dor no tálamo e no tronco encefálico.
A estimulação nos acupontos pela introdução das agulhas desencadeia o
processo de analgesia, fazendo com que a glândula hipófise libere endorfinas. Além
dos efeitos locais, a acupuntura estimula o sistema neuroendócrino e a modulação na
energia
eletromagnética
do
corpo
(MEDEIROS;
VILARIÇA,
2004
apud
RODRIGUES; MATOS; TELLES, 2008).
E também de acordo com os achados de Altman (1992) apud ScognamilloSzabó e Bechara (2001), os acupontos possuem propriedades elétricas diversas das
áreas adjacentes: condutância elevada, menor resistência, padrões de campo
organizados e diferenças de potencial elétrico. Por isso, são denominados pontos de
baixa resistência elétrica da pele (PBRP) e podem ser localizados na superfície da pele
através de um localizador de pontos.
Os pontos cutâneos de acupuntura, os acupontos apresentam altas
concentrações de terminações nervosas sensitivas que têm relação com plexos
nervosos, vasos sanguíneos e linfáticos, tendões, feixes musculares, periósteo e
cápsulas articulares (SCOGNAMILLO-SZABÓ; BECHARA, 2001).
Após a interrupção dos estímulos, persiste o efeito da acupuntura, significando
que a acupuntura tem ação prolongada.
O mecanismo de ação da acupuntura baseia-se na circulação de energia pelo
corpo, em trajetos bem definidos, os meridianos. Os pontos de acupuntura, acupontos,
localizam-se nos meridianos e comunicam-se com órgãos específicos.
“A concepção dos canais de energia, dos pontos de acupuntura, o diagnóstico e
o tratamento baseiam-se nos preceitos do Yang e do Yin, dos cinco elementos, da
energia (Qi) e do sangue (Xue)”. Visa restabelecer a circulação da energia ao nível dos
canais de energia, dos órgãos e das vísceras, levando o corpo a uma perfeita harmonia
de energia e de matéria (YAMAMURA, 2001).
Identificar a causa da desarmonia do paciente é uma das partes mais
importantes da prática médica chinesa. É importante não considerar o desequilíbrio em
questão como uma causa da patologia; pois a causa da desarmonia em si pode ser
localizada nos hábitos alimentares, estilo de vida e na prática de exercícios.
O equilíbrio é uma questão chave da saúde na medicina chinesa, pois, qualquer
desarmonia contínua pode se tornar uma causa patológica; sendo necessário identificar
a causa da desarmonia. Há um ditado na medicina chinesa: “Examinar o padrão para
buscar a causa” Maciocia (1996).
Maciocia (1996) retrata a identificação dos padrões de acordo com os
meridianos permitindo com isso distinguir os sintomas e sinais de acordo com o
meridiano envolvido; dizendo respeito às mudanças patológicas que ocorrem no
meridiano em vez do sistema.
De acordo com Maciocia (1996) os sistemas e seus meridianos formam uma
unidade indivisível, sendo que as alterações dos Sistemas Internos podem afetar os
meridianos, e o contrário, alterações que se iniciam como distúrbios no meridiano
podem penetrar no interior e serem transmitidos para os sistemas.
É importante salientar tanto a unidade como a separação entre o sistema e o
meridiano. Eles formam uma unidade, mas também são energeticamente separados.
Os meridianos pertencem ao que se denomina Exterior, ou seja, as camadas
energéticas superficiais do organismo, incluindo pele e músculos; e os sistemas
pertencem ao Interior, ou seja, a camada energética profunda incluindo os órgãos e
ossos.
Na patologia, podem ocorrer alterações dos meridianos que não afetem os
sistemas e vice-versa.
Como descrito por Maciocia (1996), as alterações dos meridianos,
inicialmente, podem ser originados por uma invasão de fatores patogênicos exteriores
(vento, calor, frio ou umidade); invadindo primeiramente os meridianos superficiais e,
a seguir, os meridianos principais, estabelecendo-se nas articulações e causando a
Síndrome da Obstrução Dolorosa. Em humanos, é uma causa extremamente freqüente
de alterações do meridiano.
A patologia dos meridianos está relacionada com a patologia da articulação. Na
medicina chinesa, as articulações são mais do que uma entidade anatômica,
apresentam uma função importante em relação à circulação do Qi e do Sangue (Xue),
com muitas implicações patológicas.
As articulações são locais onde o Qi e o Sangue (Xue) se concentram, sendo
também o local onde o Qi percorre do Interior para o Exterior, e vice-versa.
Muitos dos principais Pontos de Transporte dos membros abaixo dos cotovelos
e joelhos estão situados nas articulações. Como uma conseqüência dessa concentração
de Qi, as articulações são locais onde o fator patogênico se estabelece facilmente.
Quando um fator patogênico invade uma articulação, altera o equilíbrio do YinYang, afetando a circulação do Qi no meridiano e provocando a estagnação do Qi e do
sangue (Xue), causando dor e provocando a Síndrome da Obstrução Dolorosa
(MACIOCIA, 1996).
Com os conhecimentos da anatomia e da neurofisiologia, a medicina ocidental
evidenciou uma estreita relação entre os efeitos da acupuntura e o sistema nervoso
central e periférico, e com o mecanismo humoral. A combinação das características
descritas torna o acuponto extremamente reativo ao pequeno estímulo causado pela
inserção da agulha (KENDAL, 1989 apud SCOGNAMILLO-SZABÓ, 2001;
BECHARA, 2001).
Segundo Gunn et al. (1976) apud Scognamillo-Szabó e Bechara (2001), os
acupontos podem ser divididos em tipo I ou pontos motores, tipo II, localizados nas
linhas medianas posterior e anterior (ou dorsal e ventral) do organismo e tipo III, que
apresentam leitura difusa com neurômetro. Quanto à sua localização, os acupontos dos
membros estão sobre linhas que seguem o trajeto dos principais nervos e vasos
sanguíneos, os do tronco, ao nível da inervação segmentar, local onde nervos e vasos
sanguíneos penetram a fascia muscular e os da cabeça e face, próximos aos nervos
cranianos e cervicais superiores (KENDAL, 1989 apud SCOGNAMILLO-SZABÓ,
2001; BECHARA, 2001).
Acupontos no cão nos meridianos da Bexiga, Vesícula Biliar, Estômago e Rim
(Figura 1):
Figura 1- Fonte: Atlas Prático de Acupuntura do cão (1997).
Quanto à avaliação neurológica do paciente frente à dor, deve-se ter
como
primazia,
a
obtenção
detalhada
do
seu
histórico
clínico
(NASCIMENTO, 2007, p. 32), onde possa fornecer informações sobre os
possíveis mecanismos fisiopatológicos da dor (BARROS, 2007, p. 29).
Para um entendimento da neurofisiologia da dor (NASCIMENTO,
2007, p. 32), atribuem-se alguns conceitos:
 Nocicepção: propriedade que os nociceptores têm de perceber
um estímulo potencialmente lesivo aos tecidos; e
 Nociceptores:
são
receptores
sensíveis
a
estímulos
nociceptivos; e
 Estímulos Nociceptivos: são estímulos nocivos que podem
lesar os tecidos e causar dor; podendo ser térmicos,
mecânicos e químicos; e
 Impulsos Nociceptivos: são potenciais elétricos de ação que
são conduzidos da periferia para o sistema nervoso central
(S.N.C.); e
 Aferente Primário Nociceptivo: é o neurônio periférico da
cadeia de neurônios que conduz os impulsos nociceptivos da
periferia para o S.N.C.; e
 Fibra Nervosa: axônios dos neurônios. As fibras nervosas
envolvidas na condução dos impulsos nociceptivos são
classificadas em fibras grossas mielinizadas A-delta e fibras
finas não-mielinizadas C.
De acordo com Nascimento (2007, p. 32) os principais mecanismos
envolvidos na dor, e os recursos do arsenal terapêutico para o tratamento da
dor atuam diretamente sobre esses mecanismos:
 Sensibilização: mecanismos pelos quais os estímulos nociceptivos sensibilizam os
nociceptores (sensibilização periférica) e os impulsos nociceptivos sensibilizam as
sinapses (sensibilização central);
 Transdução: propriedade que os nociceptores possuem de transformar os estímulos
nociceptivos em impulsos nociceptivos (potenciais elétricos de ação). A transdução é
necessária e indispensável, porque o neurônio só conhece a linguagem elétrica.
Segundo Basbaum et al.(2005) apud Nascimento (2007, p. 32), o neurônio não
conhece nem conduz a dor, e só transporta potenciais elétricos de ação, isto é,
impulsos nociceptivos;
 Condução: propagação dos impulsos nociceptivos da periferia para o sistema nervoso
central, que se faz através das vias nociceptivas;
 Modulação: conjunto de mecanismos que modificam ou alteram os impulsos
nociceptivos;
 Percepção: conjunto de mecanismos centrais que discriminam, interpretam e
decodificam o fenômeno doloroso;
 Reação: conjunto de respostas finais à dor. Podem ser somáticas (voluntárias),
reflexas (involuntárias) e psicológicas (sofrimento).
De acordo com as conclusões finais de Nascimento (2007, p. 32), a condução dos
impulsos nociceptivos é bloqueada por meio dos bloqueios nervosos terapêuticos; atuando na
modulação com acupuntura, Estimulação Nervosa Elétrica Transcutânea (TENS) e opióides.
De acordo com Fröner (2007), a aceitação do efeito da acupuntura no alívio da dor foi
facilitada pela descoberta dos opióides endógenos, essa descoberta trouxe uma explicação
lógica em termos ocidentais para o efeito sobre a sensibilidade à dor.
Demonstrado com estudos em animais e humanos, no qual o estímulo por acupuntura
pode ativar o hipotálamo e a glândula pituitária, resultando num amplo espectro de efeitos
sistêmicos, aumento na taxa de secreção de neurotransmissores e neurohormônios, melhora
do fluxo sanguíneo e estímulo à função imunológica.
Os acupontos foram empiricamente determinados no transcorrer de milhares de anos
de prática médica (RISTOL, 1997 apud FRÖNER, 2007). Anatomicamente são áreas com alta
concentração de mastócitos, vasos linfáticos, capilares, vênulas, arteríolas e terminações
nervosas (LUNA, 2002 apud FRÖNER, 2007). Sua estimulação possibilita acesso direto ao
sistema nervoso central (FARBER; TIMO-IARIA, 1994 apud FRÖNER, 2007).
Esses pontos quando estimulados (via agulha ou não) proporcionam o retorno à
normalidade, que pode ser temporário ou permanente (SILVA, 2007 apud FRÖNER, 2007).
O mecanismo de ação proposto pela implantação dos fios de ouro é que o ouro emiti
uma carga elétrica positiva, a qual neutraliza a carga elétrica negativa (em processo
inflamatório) existente principalmente em patologias com acometimento crônico (DURKES,
1992 apud FRÖNER, 2007).
Contudo, a explicação do mecanismo de ação com base científica é que os íons de
ouro são liberados e difundidos, circundando o tecido local.
A implantação dos fios de ouro proporciona a estimulação permanente dos pontos,
com resultados de longa duração
O presente estudo tem como objetivo, proporcionar um melhor entendimento da
eficácia na implantação de fios de ouro para o alívio da dor em um animal exótico, espécie
Myrmecophaga tridactyla, acometido por um tumor maligno na região tíbio-társica.
2. REVISÃO DE LITERATURA
Até o presente momento, não se encontra metodologia empregando a técnica da
implantação de fios de ouro em animais exóticos.
A revisão de literatura fazer-se-á em estudos com animais de companhia.
A utilização da técnica da implantação com fios de ouro segundo Kapatkin (2002)
apud Souza (2010) tem sido utilizada em cães com displasia coxo-femoral como um
tratamento para a melhoria da dor, proporcionado uma ambulação mais “solta” dos
membros posteriores.
Segundo Durkes (2001) apud Souza (2010), o mecanismo de ação que envolve a
implantação dos fios de ouro é baseado em uma carga elétrica positiva que neutraliza a
carga elétrica negativa presente no acuponto, produzindo analgesia e prevenindo futuras
alterações artríticas nas articulações.
Com os estudos de Durkes (1992) apud Souza (2010), relacionando a técnica da
implantação dos fios de ouro com a faixa etária dos cães que apresentavam displasia coxofemoral, obtiveram um sucesso de 99% em cães com idade até 7 anos, 80% em cães de 7 a
12 anos e 50% em cães com idade acima de 12 anos.
A técnica da implantação de fios de ouro no patamar da redução do limiar de dor em
cães com o estudo de Jaeger et al. (2006) apud Souza (2010), obtiveram uma redução da
dor em 65,4 % nos cães implantados e 35,9 % nos cães controle. O estudo referente à
displasia coxo-femoral, os cães implantados e não implantados apresentaram uma melhora
de 64,6% e 39,3%.
Referenciando a permanência do efeito analgésico com o estudo de Jaeger et al. (2006)
apud Souza (2010) na displasia coxo-femoral, demonstraram que após 18 meses da
implantação dos fios de ouro, os cães sentiam-se aliviados da dor.
Segundo o estudo de Hielm-Bjorkman et al. (2001) tiveram o critério de selecionar
cães que possuíam o diagnóstico radiográfico de displasia coxo-femoral uni e bilateral,
apresentando dificuldades em pular, caminhar, descer escadas, e com sinais de dor.
Utilizaram da técnica da implantação de fios de ouro em 38 cães, sendo divididos por
igual em grupos displasicos e controle, na tentativa de amenizar o quadro de osteoartrite.
Os pontos selecionados para a implantação dos fios de ouro apresentaram uma alta
condutividade local, os quais permitiram pelo seu fluxo, uma indução de corrente elétrica.
A maioria dos cães teve três pontos reativos em cada coxal, aproximadamente com as
mesmas localizações, sendo que esses pontos coincidiram com os três pontos da
acupuntura: GB 29, GB 30 e BL 54. Também selecionaram três pontos extras que tinham
uma alta condutividade no intuito de otimizar os resultados dos mesmos.
Em cada ponto encontrado pelo localizador de pontos foi implantado uma peça de fio
de ouro (24 K) de 1 mm de diâmetro por 2 mm de comprimento.
No grupo controle foram feitos três pequenos “buracos de agulha” através da pele com
a agulha do mesmo tamanho e em locais que não foram os pontos de acupuntura, evitando
não provocar um efeito normal da acupuntura para o alívio da dor.
Após o tratamento os cães foram enviados aos seus lares com orientações para
repouso, exercícios e que usassem o medicamento meloxicam quando percebessem que os
animais mostrassem sinais de dor; e que no período de seis meses não usassem outro tipo
de analgésico e registrassem a quantidade de meloxicam utilizada. Os veterinários
avaliaram a locomoção e a função do coxal por meio de vídeos antes do tratamento e após
4, 12 e 24 semanas. Para os avaliadores, os vídeos não mostraram uma seqüência lógica.
O grau de locomoção foi avaliado pelas observações da caminhada, trote e galope, usando
um escore de 1 a 5.
A função do coxal foi graduada pelas observações no grau de dor e na taxa de
movimentação quando os membros posteriores eram verticalmente levados para trás: 0º a
45º foi considerado como flexibilidade diminuída e 45º a 90º como normal. Contudo, os
veterinários avaliadores consideraram muito difícil avaliar por vídeo estas variáveis.
Usaram as radiografias para demonstrarem as mudanças osteoartríticas.
Os proprietários avaliaram o desempenho de seus cães antes e após o tratamento por
um questionário com 26 questões (numa escala de 1 a 5) enviado por e-mail, e que
dissessem se os cães tinham melhorado, piorado ou não tinham apresentado mudanças.
Para o método estatístico foi usado o teste q-quadrado para as diferenças de
locomoção, função do quadril e sinais de dor entre os grupos formados de acordo com o
tratamento, idade, sexo, duração dos sinais de dor no começo do estudo, mudanças
radiográficas ou quantidade de analgésico usado.
Os resultados mostraram que não houve diferenças significativas entre os dois grupos
estudados. Em se tratando de doenças articulares degenerativas é difícil de mensurar
objetivamente uma resposta clínica neste estudo. Como um critério subjetivo usado neste
estudo, pode mascarar muitos erros, pois os cães podem não ter apresentado o mesmo
comportamento em todos os períodos.
O estudo proposto por Goiz-Marquez et al. (2009) avaliaram clinicamente e por
eletroencefalografia (ECG) o efeito da implantação de fios de ouro nos acupontos em 15
cães com crises epilépticas não controladas. Utilizaram de um primeiro registro de ECG
realizado em todos os cães sob anestesia antes do início do tratamento, e um segundo
registro as 15 semanas posteriores; comparando o número e severidade das convulsões,
aplicando o teste de Wilcoxon. O teste não mostrou diferenças significativas, contudo,
houve uma diferença média significativa na freqüência e severidade das convulsões entre
o grupo tratado e controle. Após o tratamento, 9 dos 15 cães (60%) tiveram uma redução
de 50% na freqüência das convulsões nas 15 semanas estabelecidas como protocolo de
tratamento.
3. MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi desenvolvido no Zoológico de Ilha Solteira – SP, no período de dezembro de
2003 com um Tamanduá-bandeira da espécie Myrmecophaga tridactyla (Figura 2).
Figura 2 - Tamanduá-bandeira da espécie Myrmecophaga tridactyla
O Tamanduá-bandeira apresentava-se com diarréia e perda de apetite. O médico
veterinário do zoológico utilizou-se da terapia ocidental, e instaurou antibioticoterapia com
Pentabióticoa na dose de 40.000 UI.Kg-1 por via intramuscular durante 3 dias e
imunossupressivo com o agente princípio ativo dexametasonab na dose de 1 mg.kg-1 por 07
dias. O animal manteve-se com o comportamento não responsivo ao tratamento, apresentando
dor, prostração e paresia dos membros posteriores, e, notando-se edemaciação do membro
posterior direito na região da articulação tíbio-társica.
Com a apresentação desse quadro clínico, solicitou-se um exame complementar com uma
radiografia simples da região do membro acometido.
O Tamanduá-bandeira foi levado sedado à Clínica Veterinária Quatro Patas (Ilha SolteiraSP) para radiografias do membro posterior.
Pelo resultado do exame radiográfico, foi
revelada uma proliferação óssea na região do calcâneo.
A interpretação do grau de comprometimento ósseo e da força muscular do membro dá-se
por outro exame complementar: o de biópsia.
O animal foi encaminhado à Faculdade de Medicina Veterinária de Araçatuba - UNESP
para biopsiar a área comprometida.
A biópsia constatou o diagnóstico pelo exame radiográfico: um osteossarcoma.
Depois de diagnosticado e identificado o padrão, determinou-se o princípio do tratamento
a ser adotado.
O uso da escolha para o tratamento da enfermidade foi atribuído a colocação de pequenos
fios de ouro de 24 quilates (24K) nos acupontos (Figura 3).
Figura 3 - Materiais usados na implantação dos fios de ouro
Para proceder à técnica de implantação dos fios de ouro, optou-se pela tranqüilizarão com
o agente anestésico Xilazina ® c na dose de 5 mg.kg-1 por proporcionar adequado relaxamento
muscular e conferindo segurança no procedimento.
No procedimento, o animal foi posicionado em decúbito lateral esquerdo numa mesa
cirúrgica e as áreas a serem implantadas foram tricotomizadas (Figura 4).
Figura 4 - Área preparada para a implantação dos fios de ouro (tricotomizada)
A espécie Myrmecophaga tridactyla recebeu 3 fios de ouro de 3 mm de comprimento e
0,9 mm de diâmetro em cada acuponto.
Os acupontos usados foram: ID3, ID4, B23, B57, B59, B60, B62, VB 30, VB40, TA4, E 36, E41,
IG4, VG4, R3
Após o procedimento, o Tamanduá-bandeira foi recolocado e monitorado em seu
ambiente.
4. RESULTADOS
Nos três primeiros dias, o animal se comportava como antes, evitando demasiado
deslocamento e a vasilha de alimento era colocada próxima. A evolução do quadro clínico era
monitorada diariamente e apresentava uma resposta terapêutica gradativa.
No oitavo dia, a evolução do quadro clínico pelo resultado da implantação dos fios de
ouro deu-se por completa. O animal andava pelo recinto sem maiores desgastes físico, tendo
uma ambulação “solta” e retornando a sua alimentação preferida, um suculento cupinzeiro.
5. DISCUSSÃO
De acordo com Maciocia (1996), a escolha dos pontos distais e locais foi empregada
com a finalidade de se equilibrarem as alterações dos meridianos.
Quando um ponto distal é selecionado, tem-se como critério estabelecido que os
pontos distais dos membros inferiores posteriores são mais poderosos do que os dos membros
inferiores anteriores.
Como o caso clínico tratava-se de uma condição crônica, foi essencial utilizar pontos
locais em combinação com pontos distais.
Maciocia (1996) relata que a terapêutica usada no equilíbrio dos pontos sobre o lado
esquerdo e direito do corpo é adotada para a obtenção de um melhor efeito.
Tratando-se no presente estudo de um paciente que pela primeira vez recebia uma
técnica de punção e apresentava uma deficiência severa do Qi e do sangue (Xue), pôde-se com
isso escolher pontos que pudessem receber os implantes de fios de ouro unilateralmente, e
promovendo o equilíbrio dos lados esquerdo e direito.
Para a implantação unilateral dos fios de ouro, utilizou-se dos pontos de abertura e
acoplados dos vasos extraordinários, promovendo um equilíbrio dos lados esquerdo e direito.
Com isto, foi reduzido ao mínimo o número de fios de ouro implantados, sem o
comprometimento do efeito terapêutico desejado, fazendo-se no presente estudo a utilização
da implantação unilateral com os fios de ouro.
O tratamento terapêutico empregado neste estudo de caso clínico, foi uma tentativa
para um modelo de alívio da dor e desobstrução da Síndrome Dolorosa com a implantação
dos fios de ouro.
Como já comentado anteriormente, o ouro emite cargas elétricas positivas para
neutralizar as cargas negativas. Nas condições crônicas, em que há um excesso de carga
negativa, ocorre uma acidose localizada. A dor aumenta à medida que a carga negativa vai
aumentando, ao menos que o próprio organismo seja capaz de neutralizar essa carga. O corpo
do animal é capaz de corrigir esse desequilíbrio devido aos íons Na+, Ca++ e H+. O íon Ca++
parece ter um papel predominante nesse ajuste, já que a articulação está sempre envolvida.
Osteófitos aparecem ao redor da articulação nos exames radiográficos. Nem todos os animais
são capazes de mobilizar o íon Ca++ para corrigir essa acidose (DURKES, 1992 apud
VILELA, 2008).
A fisiopatologia da dor do câncer de osso envolve sensibilização central e ramificada,
sensibilizando o neurônio aferente primário, que incluem as prostaglandinas, fator de necrose
tumoral alfa, interleucinas, endotelinas, fator transformador de crescimento beta, fator de
crescimento derivado de plaquetas e de crescimento epidérmico como fatores sensibilizantes.
As células tumorais e macrófagos associados expressam altos níveis de ciclo-oxigenase-2,
enzima que sintetiza as prostaglandinas, além disso, o estroma, as áreas isquêmicas
circundante ao tecido necrosado e tecidos afetados por células inflamatórias, se tornam
relativamente com acidose, o que sensibiliza os íons sensores de nociceptores. (ROBINSON,
2009).
Finalmente, os tumores crescem, ferem e destroem as fibras sensitivas da medula
óssea e o próprio osso, invocando a dor neuropática.
A acupuntura pode ajudar, por vezes, a dor neuropática, definida como a dor
decorrente do ferimento do nervo e comprometimento circulatório.
Isto vem a confirmar pela Medicina Tradicional Chinesa, que a dor do câncer pode ser
classificada em: Dor Obstrutiva – dor devida a um ou alguns males que ataca um órgão ou
meridiano levando a um fluxo lento de Qi (energia vital) ou de sangue (Xue). A dor
geralmente é aguda, relativamente localizada e com característica certa. A terapia tem o
objetivo de remover a estagnação a fim de que retorne facilmente a circulação. E a
Deficiência de Dor – devido a uma exaustão progressiva dos tecidos cancerosos, os outros
tecidos saudáveis do corpo geralmente não têm suprimento de nutrientes para o
funcionamento normal. Isto sempre causa dor surda, que ocorre de forma gradual, mas
persistente e relativamente menos localizada. A terapia tem o objetivo de nutrir os órgãos e
meridianos, bem como a reposição de sangue (Xue) e Qi. (ROBINSON, 2009).
A identificação do Padrão do meridiano é importante para poder identificar o meridiano
afetado por meio dos sintomas e sinais; sendo que as manifestações clínicas relacionadas ao
próprio meridiano são mais importantes.
O critério de seleção dos pontos foi atribuído aos Métodos de Combinação dos pontos.
Sendo os métodos utilizados: 1. Pontos próximos à área da doença; onde se atribui pontos
locais: aplicados diretamente nos pontos localizados na área acometida, além dos pontos mais
próximos da área lesionada. E sendo este método descrito e utilizado por Wen (1985) para o
tratamento de lesões do aparelho locomotor; e, 2. Pontos reflexos distantes, onde todos os
órgãos ou regiões possuem pontos que lhe são extremamente sensíveis como mostrado na
Tabela 1.
Tabela 1- Os pontos selecionados pela área da doença
Área da doença
Coxal
Calcâneo
Pontos
locais
VB30 e pontos dos
lados de L4/L5
Pontos distais
Membro Anterior
Membro
Posterior
VB34
E41 R3 VB40
E o tratamento também foi atribuído a escolha dos pontos através dos meridianos de
acordo com a Teoria dos Meridianos, tratando-se o meridiano principal no quadro da doença.
Sendo usado o princípio da Aplicação dos pontos máximos e distais do foco patológico no
mesmo meridiano.
Os pontos próximos ao foco patológico são mais usados para os problemas locomotores,
superficiais ou agudos. Os acupontos usados foram VB39, VB
40
e R3. E os distais são mais
usados para doenças dos órgãos, profundas ou crônicas. Também, pode-se fazer um
tratamento combinado onde são utilizados todos os pontos específicos, próximos ou distais.
Os acupontos usados no meridiano conexo foram B60/ID3, quando combinados para tratar
tensão muscular acompanhada de dor na região dorsal do corpo e membros posteriores; e, B62
B57, B59, B60/ ID4, acupontos escolhidos para aliviar a dor no maléolo direito, como mostrado
por Wen (1985) na Tabela 2.
Tabela 2 - Pontos específicos do meridiano conexo de certas doenças
Doença
Meridiano a que
pertence
Meridiano Conexo
Ponto específico
Lombalgia
Bexiga
Intestino Delgado
ID3
Dor no calcâneo
Bexiga
Intestino Delgado
ID4
Dor metatársica
Rins
Pericárdio
PC7
Foram usados os acupontos B23, VB 30, VG4, TA4, E 36, E41 e IG4 para completar o
equilíbrio energético do quadro clínico.
6. CONCLUSÃO
A Acupuntura é uma somatória de conhecimentos, que nos permite visualizar e
elaborar um tratamento mais eficaz para cada moléstia.
Os princípios, fundamentados na filosofia da Medicina Tradicional Chinesa, nos quais
a acupuntura se baseia, ainda hoje são utilizados. Entretanto, uma revisão contínua destes
mesmos princípios, associando-os ao conhecimento neurofisiológico permite uma
compreensão dentro dos padrões científicos modernos.
O resultado desse estudo com a terapêutica usada na espécie Myrmecophaga tridactyla
mostra que há uma diferença ponderal com a utilização da implantação dos fios de ouro na
revitalização orgânica desta espécie. Contudo, há a necessidade de mais estudos relacionados
a esta terapêutica em outras espécies que possam esclarecer e comprovar o seu uso.
FONTES DE AQUISIÇÃO
a. Pentabiótico Pequeno Forte 1.200.000 UI – FORT DODGE do Brasil.
b. Azium N.C. - PFIZER DO BRASIL.
c. Cloridrato de xilazina - Virbaxyl – VIRBAC do Brasil.
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