INSTITUTO HOMEOPÁTICO JACQUELINE PEKER CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ACUPUNTURA VETERINÁRIA CHRISTIANO PAVAN MATEUS IMPLANTES DE OURO NOS ACUPONTOS PARA O RESTABELECIMENTO DO VIGOR HÍGIDO EM UM TAMANDUÁ BANDEIRA. Campinas 2011 CHRISTIANO PAVAN MATEUS IMPLANTES DE OURO NOS ACUPONTOS PARA O RESTABELECIMENTO DO VIGOR HÍGIDO EM UM TAMANDUÁ BANDEIRA. Monografia apresentada ao Instituto Homeopático Jacqueline Pecker como parte integrante do Curso de Especialização em Acupuntura Veterinária para a obtenção do título de Especialista. Orientador: Dr. Sebastião Galiaço Prata Campinas 2011 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a todos que possam aplicá-lo nos “amigos” enfermos, onde o caminhar e o usufruir de Sua companhia nos façam revigorar. AGRADECIMENTOS Agradeço neste espaço ao Médico Veterinário Dr. Sebastião Galiaço Prata pela oportunidade de apresentar este trabalho. “Ao nosso Pai, por demonstrar que a busca por uma melhora, com os conhecimentos que adquirimos, nos faz cada vez mais sequiosos na busca do entendimento”. EPÍGRAFE “Tudo o que somos, é o resultado do que pensamos” Buda (563 a.C.- 483 a.C) RESUMO MATEUS, C. P. Implantes de ouro nos acupontos para o restabelecimento do vigor hígido em um Tamanduá Bandeira. 2011. 26f. Trabalho de conclusão do Curso de Especialização em Acupuntura Veterinária - Instituto Homeopático Jacqueline Pecker, Campinas – SP, 2011. A acupuntura é utilizada como uma técnica para a harmonização vital, dando ascensão ao fluxo e refluxo da energia no organismo mediante o conhecimento dos canais, os meridianos. No conhecimento dos trajetos dos meridianos e onde a sua energia esteja estagnada, os acupontos proporcionam o seu equilíbrio com o uso das agulhas, moxas, ventosas e com o estímulo elétrico. Em organismos com regiões onde sejam necessitados estímulos mais vigorosos e permanentes o método no uso de implantes de ouro corrobora como um meio de tratamento tônico na qualidade de vida. O método empregado faz-se por uma única aplicação evitando e auxiliando o manuseio subseqüente do organismo. O objetivo deste trabalho foi estudar e avaliar a viabilidade do efeito dos implantes de ouro como uma ferramenta crescente em proporcionar uma melhora na qualidade de vida de um Tamanduábandeira. O animal apresentava prostração e um quadro evidente de depressão pela paresia e deambulação do membro. Foi instaurada antibioticoterapia e fármacos imunossupressivos sem êxito. Com o diagnóstico de tumoração do calcâneo direito por exame radiológico e biópsia, foi sugerido o método pelo uso dos implantes de ouro nos acupontos. Após 12 dias do tratamento, o animal estabilizou seu quadro clínico e retornou a sua rotina diária, alimentando-se e andando sem restrições. Palavras-chave: Implantes de fios de ouro. Tamanduá-bandeira. Acupuntura ABSTRACT MATEUS, C.P. Gold Implants in the acupoints for restoring healthy vigor to a Giant Anteater. 2011. 26f. Monograph of the Specialization Course of the Veterinary Acupuncture Institute of Homeopathic Jacqueline Pecker, Campinas – SP, 2011. Acupuncture is used as a technique vital to harmonize, giving rise to the ebb and flow of energy in the body of knowledge through the channels, meridians. In the knowledge of the pathways of the meridians and where your energy is stagnant acupoints provide the balance through the use of needles, moxa, windy and with electrical stimulation. In organism with regions where stimuli are needed, the more vigorous and permanent method is the use of gold wire implants as a means of confirming tonic treatment on quality of life.The method used is by avoiding a single application and helping the body's subsequent handling. The aim of this study was to evaluate the feasibility and effect of gold wire implants as a tool to provide an increasing improvement in quality of life of a Giant Anteater. The animal showed prostration and a clear picture of depression by walking and limb paresis. It was established immunosuppressive drugs and antibiotics without success. With the diagnosis of tumor of the right calcaneus by radiological examination and biopsy, it was suggested the method by use of gold wire implants in the acupoints. After 12 days of treatment, the animal clinical state was stabilized and returned to his daily routine, feeding and walking without restrictions. Keywords: Gold wire implants. Giant Anteater. Acupuncture SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................................9 2. REVISÃO DE LITERATURA.............................................................................................15 3. MATERIAL E MÉTODOS..................................................................................................18 4. RESULTADOS....................................................................................................................20 5. DISCUSSÃO........................................................................................................................20 6. CONCLUSÕES....................................................................................................................24 REFERÊNCIAS.......................................................................................................................25 1. INTRODUÇÃO A Acupuntura se baseia nos estudos das origens, nos processos de desenvolvimento e padrões da MTC (Medicina Tradicional Chinesa). Tenta-se com estes estudos elucidar o desenvolvimento experimental e o desenvolvimento das teorias que se seguiram com o conhecimento prático. No período de 400 a 200 A.C., o livro “O Tratado de Medicina Interna do Imperador Amarelo” atribui mais detalhes sobre a Medicina Tradicional Chinesa incluindo a acupuntura e as diversas técnicas da acupuntura. Atualmente, muitos destes conceitos continuam sendo usados, como exemplo: a inserção de agulhas nos acupontos dolorosos. Estudando-se a ação da acupuntura, evidenciou-se de que o sistema nervoso atua no seu mecanismo de funcionamento. A referência dolorosa é modulada por dois mecanismos: 1°. Neurônios transmissores na substância cinzenta do corno posterior da medula espinhal, e, 2°. Os sistemas supressores de dor no tálamo e no tronco encefálico. A estimulação nos acupontos pela introdução das agulhas desencadeia o processo de analgesia, fazendo com que a glândula hipófise libere endorfinas. Além dos efeitos locais, a acupuntura estimula o sistema neuroendócrino e a modulação na energia eletromagnética do corpo (MEDEIROS; VILARIÇA, 2004 apud RODRIGUES; MATOS; TELLES, 2008). E também de acordo com os achados de Altman (1992) apud ScognamilloSzabó e Bechara (2001), os acupontos possuem propriedades elétricas diversas das áreas adjacentes: condutância elevada, menor resistência, padrões de campo organizados e diferenças de potencial elétrico. Por isso, são denominados pontos de baixa resistência elétrica da pele (PBRP) e podem ser localizados na superfície da pele através de um localizador de pontos. Os pontos cutâneos de acupuntura, os acupontos apresentam altas concentrações de terminações nervosas sensitivas que têm relação com plexos nervosos, vasos sanguíneos e linfáticos, tendões, feixes musculares, periósteo e cápsulas articulares (SCOGNAMILLO-SZABÓ; BECHARA, 2001). Após a interrupção dos estímulos, persiste o efeito da acupuntura, significando que a acupuntura tem ação prolongada. O mecanismo de ação da acupuntura baseia-se na circulação de energia pelo corpo, em trajetos bem definidos, os meridianos. Os pontos de acupuntura, acupontos, localizam-se nos meridianos e comunicam-se com órgãos específicos. “A concepção dos canais de energia, dos pontos de acupuntura, o diagnóstico e o tratamento baseiam-se nos preceitos do Yang e do Yin, dos cinco elementos, da energia (Qi) e do sangue (Xue)”. Visa restabelecer a circulação da energia ao nível dos canais de energia, dos órgãos e das vísceras, levando o corpo a uma perfeita harmonia de energia e de matéria (YAMAMURA, 2001). Identificar a causa da desarmonia do paciente é uma das partes mais importantes da prática médica chinesa. É importante não considerar o desequilíbrio em questão como uma causa da patologia; pois a causa da desarmonia em si pode ser localizada nos hábitos alimentares, estilo de vida e na prática de exercícios. O equilíbrio é uma questão chave da saúde na medicina chinesa, pois, qualquer desarmonia contínua pode se tornar uma causa patológica; sendo necessário identificar a causa da desarmonia. Há um ditado na medicina chinesa: “Examinar o padrão para buscar a causa” Maciocia (1996). Maciocia (1996) retrata a identificação dos padrões de acordo com os meridianos permitindo com isso distinguir os sintomas e sinais de acordo com o meridiano envolvido; dizendo respeito às mudanças patológicas que ocorrem no meridiano em vez do sistema. De acordo com Maciocia (1996) os sistemas e seus meridianos formam uma unidade indivisível, sendo que as alterações dos Sistemas Internos podem afetar os meridianos, e o contrário, alterações que se iniciam como distúrbios no meridiano podem penetrar no interior e serem transmitidos para os sistemas. É importante salientar tanto a unidade como a separação entre o sistema e o meridiano. Eles formam uma unidade, mas também são energeticamente separados. Os meridianos pertencem ao que se denomina Exterior, ou seja, as camadas energéticas superficiais do organismo, incluindo pele e músculos; e os sistemas pertencem ao Interior, ou seja, a camada energética profunda incluindo os órgãos e ossos. Na patologia, podem ocorrer alterações dos meridianos que não afetem os sistemas e vice-versa. Como descrito por Maciocia (1996), as alterações dos meridianos, inicialmente, podem ser originados por uma invasão de fatores patogênicos exteriores (vento, calor, frio ou umidade); invadindo primeiramente os meridianos superficiais e, a seguir, os meridianos principais, estabelecendo-se nas articulações e causando a Síndrome da Obstrução Dolorosa. Em humanos, é uma causa extremamente freqüente de alterações do meridiano. A patologia dos meridianos está relacionada com a patologia da articulação. Na medicina chinesa, as articulações são mais do que uma entidade anatômica, apresentam uma função importante em relação à circulação do Qi e do Sangue (Xue), com muitas implicações patológicas. As articulações são locais onde o Qi e o Sangue (Xue) se concentram, sendo também o local onde o Qi percorre do Interior para o Exterior, e vice-versa. Muitos dos principais Pontos de Transporte dos membros abaixo dos cotovelos e joelhos estão situados nas articulações. Como uma conseqüência dessa concentração de Qi, as articulações são locais onde o fator patogênico se estabelece facilmente. Quando um fator patogênico invade uma articulação, altera o equilíbrio do YinYang, afetando a circulação do Qi no meridiano e provocando a estagnação do Qi e do sangue (Xue), causando dor e provocando a Síndrome da Obstrução Dolorosa (MACIOCIA, 1996). Com os conhecimentos da anatomia e da neurofisiologia, a medicina ocidental evidenciou uma estreita relação entre os efeitos da acupuntura e o sistema nervoso central e periférico, e com o mecanismo humoral. A combinação das características descritas torna o acuponto extremamente reativo ao pequeno estímulo causado pela inserção da agulha (KENDAL, 1989 apud SCOGNAMILLO-SZABÓ, 2001; BECHARA, 2001). Segundo Gunn et al. (1976) apud Scognamillo-Szabó e Bechara (2001), os acupontos podem ser divididos em tipo I ou pontos motores, tipo II, localizados nas linhas medianas posterior e anterior (ou dorsal e ventral) do organismo e tipo III, que apresentam leitura difusa com neurômetro. Quanto à sua localização, os acupontos dos membros estão sobre linhas que seguem o trajeto dos principais nervos e vasos sanguíneos, os do tronco, ao nível da inervação segmentar, local onde nervos e vasos sanguíneos penetram a fascia muscular e os da cabeça e face, próximos aos nervos cranianos e cervicais superiores (KENDAL, 1989 apud SCOGNAMILLO-SZABÓ, 2001; BECHARA, 2001). Acupontos no cão nos meridianos da Bexiga, Vesícula Biliar, Estômago e Rim (Figura 1): Figura 1- Fonte: Atlas Prático de Acupuntura do cão (1997). Quanto à avaliação neurológica do paciente frente à dor, deve-se ter como primazia, a obtenção detalhada do seu histórico clínico (NASCIMENTO, 2007, p. 32), onde possa fornecer informações sobre os possíveis mecanismos fisiopatológicos da dor (BARROS, 2007, p. 29). Para um entendimento da neurofisiologia da dor (NASCIMENTO, 2007, p. 32), atribuem-se alguns conceitos: Nocicepção: propriedade que os nociceptores têm de perceber um estímulo potencialmente lesivo aos tecidos; e Nociceptores: são receptores sensíveis a estímulos nociceptivos; e Estímulos Nociceptivos: são estímulos nocivos que podem lesar os tecidos e causar dor; podendo ser térmicos, mecânicos e químicos; e Impulsos Nociceptivos: são potenciais elétricos de ação que são conduzidos da periferia para o sistema nervoso central (S.N.C.); e Aferente Primário Nociceptivo: é o neurônio periférico da cadeia de neurônios que conduz os impulsos nociceptivos da periferia para o S.N.C.; e Fibra Nervosa: axônios dos neurônios. As fibras nervosas envolvidas na condução dos impulsos nociceptivos são classificadas em fibras grossas mielinizadas A-delta e fibras finas não-mielinizadas C. De acordo com Nascimento (2007, p. 32) os principais mecanismos envolvidos na dor, e os recursos do arsenal terapêutico para o tratamento da dor atuam diretamente sobre esses mecanismos: Sensibilização: mecanismos pelos quais os estímulos nociceptivos sensibilizam os nociceptores (sensibilização periférica) e os impulsos nociceptivos sensibilizam as sinapses (sensibilização central); Transdução: propriedade que os nociceptores possuem de transformar os estímulos nociceptivos em impulsos nociceptivos (potenciais elétricos de ação). A transdução é necessária e indispensável, porque o neurônio só conhece a linguagem elétrica. Segundo Basbaum et al.(2005) apud Nascimento (2007, p. 32), o neurônio não conhece nem conduz a dor, e só transporta potenciais elétricos de ação, isto é, impulsos nociceptivos; Condução: propagação dos impulsos nociceptivos da periferia para o sistema nervoso central, que se faz através das vias nociceptivas; Modulação: conjunto de mecanismos que modificam ou alteram os impulsos nociceptivos; Percepção: conjunto de mecanismos centrais que discriminam, interpretam e decodificam o fenômeno doloroso; Reação: conjunto de respostas finais à dor. Podem ser somáticas (voluntárias), reflexas (involuntárias) e psicológicas (sofrimento). De acordo com as conclusões finais de Nascimento (2007, p. 32), a condução dos impulsos nociceptivos é bloqueada por meio dos bloqueios nervosos terapêuticos; atuando na modulação com acupuntura, Estimulação Nervosa Elétrica Transcutânea (TENS) e opióides. De acordo com Fröner (2007), a aceitação do efeito da acupuntura no alívio da dor foi facilitada pela descoberta dos opióides endógenos, essa descoberta trouxe uma explicação lógica em termos ocidentais para o efeito sobre a sensibilidade à dor. Demonstrado com estudos em animais e humanos, no qual o estímulo por acupuntura pode ativar o hipotálamo e a glândula pituitária, resultando num amplo espectro de efeitos sistêmicos, aumento na taxa de secreção de neurotransmissores e neurohormônios, melhora do fluxo sanguíneo e estímulo à função imunológica. Os acupontos foram empiricamente determinados no transcorrer de milhares de anos de prática médica (RISTOL, 1997 apud FRÖNER, 2007). Anatomicamente são áreas com alta concentração de mastócitos, vasos linfáticos, capilares, vênulas, arteríolas e terminações nervosas (LUNA, 2002 apud FRÖNER, 2007). Sua estimulação possibilita acesso direto ao sistema nervoso central (FARBER; TIMO-IARIA, 1994 apud FRÖNER, 2007). Esses pontos quando estimulados (via agulha ou não) proporcionam o retorno à normalidade, que pode ser temporário ou permanente (SILVA, 2007 apud FRÖNER, 2007). O mecanismo de ação proposto pela implantação dos fios de ouro é que o ouro emiti uma carga elétrica positiva, a qual neutraliza a carga elétrica negativa (em processo inflamatório) existente principalmente em patologias com acometimento crônico (DURKES, 1992 apud FRÖNER, 2007). Contudo, a explicação do mecanismo de ação com base científica é que os íons de ouro são liberados e difundidos, circundando o tecido local. A implantação dos fios de ouro proporciona a estimulação permanente dos pontos, com resultados de longa duração O presente estudo tem como objetivo, proporcionar um melhor entendimento da eficácia na implantação de fios de ouro para o alívio da dor em um animal exótico, espécie Myrmecophaga tridactyla, acometido por um tumor maligno na região tíbio-társica. 2. REVISÃO DE LITERATURA Até o presente momento, não se encontra metodologia empregando a técnica da implantação de fios de ouro em animais exóticos. A revisão de literatura fazer-se-á em estudos com animais de companhia. A utilização da técnica da implantação com fios de ouro segundo Kapatkin (2002) apud Souza (2010) tem sido utilizada em cães com displasia coxo-femoral como um tratamento para a melhoria da dor, proporcionado uma ambulação mais “solta” dos membros posteriores. Segundo Durkes (2001) apud Souza (2010), o mecanismo de ação que envolve a implantação dos fios de ouro é baseado em uma carga elétrica positiva que neutraliza a carga elétrica negativa presente no acuponto, produzindo analgesia e prevenindo futuras alterações artríticas nas articulações. Com os estudos de Durkes (1992) apud Souza (2010), relacionando a técnica da implantação dos fios de ouro com a faixa etária dos cães que apresentavam displasia coxofemoral, obtiveram um sucesso de 99% em cães com idade até 7 anos, 80% em cães de 7 a 12 anos e 50% em cães com idade acima de 12 anos. A técnica da implantação de fios de ouro no patamar da redução do limiar de dor em cães com o estudo de Jaeger et al. (2006) apud Souza (2010), obtiveram uma redução da dor em 65,4 % nos cães implantados e 35,9 % nos cães controle. O estudo referente à displasia coxo-femoral, os cães implantados e não implantados apresentaram uma melhora de 64,6% e 39,3%. Referenciando a permanência do efeito analgésico com o estudo de Jaeger et al. (2006) apud Souza (2010) na displasia coxo-femoral, demonstraram que após 18 meses da implantação dos fios de ouro, os cães sentiam-se aliviados da dor. Segundo o estudo de Hielm-Bjorkman et al. (2001) tiveram o critério de selecionar cães que possuíam o diagnóstico radiográfico de displasia coxo-femoral uni e bilateral, apresentando dificuldades em pular, caminhar, descer escadas, e com sinais de dor. Utilizaram da técnica da implantação de fios de ouro em 38 cães, sendo divididos por igual em grupos displasicos e controle, na tentativa de amenizar o quadro de osteoartrite. Os pontos selecionados para a implantação dos fios de ouro apresentaram uma alta condutividade local, os quais permitiram pelo seu fluxo, uma indução de corrente elétrica. A maioria dos cães teve três pontos reativos em cada coxal, aproximadamente com as mesmas localizações, sendo que esses pontos coincidiram com os três pontos da acupuntura: GB 29, GB 30 e BL 54. Também selecionaram três pontos extras que tinham uma alta condutividade no intuito de otimizar os resultados dos mesmos. Em cada ponto encontrado pelo localizador de pontos foi implantado uma peça de fio de ouro (24 K) de 1 mm de diâmetro por 2 mm de comprimento. No grupo controle foram feitos três pequenos “buracos de agulha” através da pele com a agulha do mesmo tamanho e em locais que não foram os pontos de acupuntura, evitando não provocar um efeito normal da acupuntura para o alívio da dor. Após o tratamento os cães foram enviados aos seus lares com orientações para repouso, exercícios e que usassem o medicamento meloxicam quando percebessem que os animais mostrassem sinais de dor; e que no período de seis meses não usassem outro tipo de analgésico e registrassem a quantidade de meloxicam utilizada. Os veterinários avaliaram a locomoção e a função do coxal por meio de vídeos antes do tratamento e após 4, 12 e 24 semanas. Para os avaliadores, os vídeos não mostraram uma seqüência lógica. O grau de locomoção foi avaliado pelas observações da caminhada, trote e galope, usando um escore de 1 a 5. A função do coxal foi graduada pelas observações no grau de dor e na taxa de movimentação quando os membros posteriores eram verticalmente levados para trás: 0º a 45º foi considerado como flexibilidade diminuída e 45º a 90º como normal. Contudo, os veterinários avaliadores consideraram muito difícil avaliar por vídeo estas variáveis. Usaram as radiografias para demonstrarem as mudanças osteoartríticas. Os proprietários avaliaram o desempenho de seus cães antes e após o tratamento por um questionário com 26 questões (numa escala de 1 a 5) enviado por e-mail, e que dissessem se os cães tinham melhorado, piorado ou não tinham apresentado mudanças. Para o método estatístico foi usado o teste q-quadrado para as diferenças de locomoção, função do quadril e sinais de dor entre os grupos formados de acordo com o tratamento, idade, sexo, duração dos sinais de dor no começo do estudo, mudanças radiográficas ou quantidade de analgésico usado. Os resultados mostraram que não houve diferenças significativas entre os dois grupos estudados. Em se tratando de doenças articulares degenerativas é difícil de mensurar objetivamente uma resposta clínica neste estudo. Como um critério subjetivo usado neste estudo, pode mascarar muitos erros, pois os cães podem não ter apresentado o mesmo comportamento em todos os períodos. O estudo proposto por Goiz-Marquez et al. (2009) avaliaram clinicamente e por eletroencefalografia (ECG) o efeito da implantação de fios de ouro nos acupontos em 15 cães com crises epilépticas não controladas. Utilizaram de um primeiro registro de ECG realizado em todos os cães sob anestesia antes do início do tratamento, e um segundo registro as 15 semanas posteriores; comparando o número e severidade das convulsões, aplicando o teste de Wilcoxon. O teste não mostrou diferenças significativas, contudo, houve uma diferença média significativa na freqüência e severidade das convulsões entre o grupo tratado e controle. Após o tratamento, 9 dos 15 cães (60%) tiveram uma redução de 50% na freqüência das convulsões nas 15 semanas estabelecidas como protocolo de tratamento. 3. MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi desenvolvido no Zoológico de Ilha Solteira – SP, no período de dezembro de 2003 com um Tamanduá-bandeira da espécie Myrmecophaga tridactyla (Figura 2). Figura 2 - Tamanduá-bandeira da espécie Myrmecophaga tridactyla O Tamanduá-bandeira apresentava-se com diarréia e perda de apetite. O médico veterinário do zoológico utilizou-se da terapia ocidental, e instaurou antibioticoterapia com Pentabióticoa na dose de 40.000 UI.Kg-1 por via intramuscular durante 3 dias e imunossupressivo com o agente princípio ativo dexametasonab na dose de 1 mg.kg-1 por 07 dias. O animal manteve-se com o comportamento não responsivo ao tratamento, apresentando dor, prostração e paresia dos membros posteriores, e, notando-se edemaciação do membro posterior direito na região da articulação tíbio-társica. Com a apresentação desse quadro clínico, solicitou-se um exame complementar com uma radiografia simples da região do membro acometido. O Tamanduá-bandeira foi levado sedado à Clínica Veterinária Quatro Patas (Ilha SolteiraSP) para radiografias do membro posterior. Pelo resultado do exame radiográfico, foi revelada uma proliferação óssea na região do calcâneo. A interpretação do grau de comprometimento ósseo e da força muscular do membro dá-se por outro exame complementar: o de biópsia. O animal foi encaminhado à Faculdade de Medicina Veterinária de Araçatuba - UNESP para biopsiar a área comprometida. A biópsia constatou o diagnóstico pelo exame radiográfico: um osteossarcoma. Depois de diagnosticado e identificado o padrão, determinou-se o princípio do tratamento a ser adotado. O uso da escolha para o tratamento da enfermidade foi atribuído a colocação de pequenos fios de ouro de 24 quilates (24K) nos acupontos (Figura 3). Figura 3 - Materiais usados na implantação dos fios de ouro Para proceder à técnica de implantação dos fios de ouro, optou-se pela tranqüilizarão com o agente anestésico Xilazina ® c na dose de 5 mg.kg-1 por proporcionar adequado relaxamento muscular e conferindo segurança no procedimento. No procedimento, o animal foi posicionado em decúbito lateral esquerdo numa mesa cirúrgica e as áreas a serem implantadas foram tricotomizadas (Figura 4). Figura 4 - Área preparada para a implantação dos fios de ouro (tricotomizada) A espécie Myrmecophaga tridactyla recebeu 3 fios de ouro de 3 mm de comprimento e 0,9 mm de diâmetro em cada acuponto. Os acupontos usados foram: ID3, ID4, B23, B57, B59, B60, B62, VB 30, VB40, TA4, E 36, E41, IG4, VG4, R3 Após o procedimento, o Tamanduá-bandeira foi recolocado e monitorado em seu ambiente. 4. RESULTADOS Nos três primeiros dias, o animal se comportava como antes, evitando demasiado deslocamento e a vasilha de alimento era colocada próxima. A evolução do quadro clínico era monitorada diariamente e apresentava uma resposta terapêutica gradativa. No oitavo dia, a evolução do quadro clínico pelo resultado da implantação dos fios de ouro deu-se por completa. O animal andava pelo recinto sem maiores desgastes físico, tendo uma ambulação “solta” e retornando a sua alimentação preferida, um suculento cupinzeiro. 5. DISCUSSÃO De acordo com Maciocia (1996), a escolha dos pontos distais e locais foi empregada com a finalidade de se equilibrarem as alterações dos meridianos. Quando um ponto distal é selecionado, tem-se como critério estabelecido que os pontos distais dos membros inferiores posteriores são mais poderosos do que os dos membros inferiores anteriores. Como o caso clínico tratava-se de uma condição crônica, foi essencial utilizar pontos locais em combinação com pontos distais. Maciocia (1996) relata que a terapêutica usada no equilíbrio dos pontos sobre o lado esquerdo e direito do corpo é adotada para a obtenção de um melhor efeito. Tratando-se no presente estudo de um paciente que pela primeira vez recebia uma técnica de punção e apresentava uma deficiência severa do Qi e do sangue (Xue), pôde-se com isso escolher pontos que pudessem receber os implantes de fios de ouro unilateralmente, e promovendo o equilíbrio dos lados esquerdo e direito. Para a implantação unilateral dos fios de ouro, utilizou-se dos pontos de abertura e acoplados dos vasos extraordinários, promovendo um equilíbrio dos lados esquerdo e direito. Com isto, foi reduzido ao mínimo o número de fios de ouro implantados, sem o comprometimento do efeito terapêutico desejado, fazendo-se no presente estudo a utilização da implantação unilateral com os fios de ouro. O tratamento terapêutico empregado neste estudo de caso clínico, foi uma tentativa para um modelo de alívio da dor e desobstrução da Síndrome Dolorosa com a implantação dos fios de ouro. Como já comentado anteriormente, o ouro emite cargas elétricas positivas para neutralizar as cargas negativas. Nas condições crônicas, em que há um excesso de carga negativa, ocorre uma acidose localizada. A dor aumenta à medida que a carga negativa vai aumentando, ao menos que o próprio organismo seja capaz de neutralizar essa carga. O corpo do animal é capaz de corrigir esse desequilíbrio devido aos íons Na+, Ca++ e H+. O íon Ca++ parece ter um papel predominante nesse ajuste, já que a articulação está sempre envolvida. Osteófitos aparecem ao redor da articulação nos exames radiográficos. Nem todos os animais são capazes de mobilizar o íon Ca++ para corrigir essa acidose (DURKES, 1992 apud VILELA, 2008). A fisiopatologia da dor do câncer de osso envolve sensibilização central e ramificada, sensibilizando o neurônio aferente primário, que incluem as prostaglandinas, fator de necrose tumoral alfa, interleucinas, endotelinas, fator transformador de crescimento beta, fator de crescimento derivado de plaquetas e de crescimento epidérmico como fatores sensibilizantes. As células tumorais e macrófagos associados expressam altos níveis de ciclo-oxigenase-2, enzima que sintetiza as prostaglandinas, além disso, o estroma, as áreas isquêmicas circundante ao tecido necrosado e tecidos afetados por células inflamatórias, se tornam relativamente com acidose, o que sensibiliza os íons sensores de nociceptores. (ROBINSON, 2009). Finalmente, os tumores crescem, ferem e destroem as fibras sensitivas da medula óssea e o próprio osso, invocando a dor neuropática. A acupuntura pode ajudar, por vezes, a dor neuropática, definida como a dor decorrente do ferimento do nervo e comprometimento circulatório. Isto vem a confirmar pela Medicina Tradicional Chinesa, que a dor do câncer pode ser classificada em: Dor Obstrutiva – dor devida a um ou alguns males que ataca um órgão ou meridiano levando a um fluxo lento de Qi (energia vital) ou de sangue (Xue). A dor geralmente é aguda, relativamente localizada e com característica certa. A terapia tem o objetivo de remover a estagnação a fim de que retorne facilmente a circulação. E a Deficiência de Dor – devido a uma exaustão progressiva dos tecidos cancerosos, os outros tecidos saudáveis do corpo geralmente não têm suprimento de nutrientes para o funcionamento normal. Isto sempre causa dor surda, que ocorre de forma gradual, mas persistente e relativamente menos localizada. A terapia tem o objetivo de nutrir os órgãos e meridianos, bem como a reposição de sangue (Xue) e Qi. (ROBINSON, 2009). A identificação do Padrão do meridiano é importante para poder identificar o meridiano afetado por meio dos sintomas e sinais; sendo que as manifestações clínicas relacionadas ao próprio meridiano são mais importantes. O critério de seleção dos pontos foi atribuído aos Métodos de Combinação dos pontos. Sendo os métodos utilizados: 1. Pontos próximos à área da doença; onde se atribui pontos locais: aplicados diretamente nos pontos localizados na área acometida, além dos pontos mais próximos da área lesionada. E sendo este método descrito e utilizado por Wen (1985) para o tratamento de lesões do aparelho locomotor; e, 2. Pontos reflexos distantes, onde todos os órgãos ou regiões possuem pontos que lhe são extremamente sensíveis como mostrado na Tabela 1. Tabela 1- Os pontos selecionados pela área da doença Área da doença Coxal Calcâneo Pontos locais VB30 e pontos dos lados de L4/L5 Pontos distais Membro Anterior Membro Posterior VB34 E41 R3 VB40 E o tratamento também foi atribuído a escolha dos pontos através dos meridianos de acordo com a Teoria dos Meridianos, tratando-se o meridiano principal no quadro da doença. Sendo usado o princípio da Aplicação dos pontos máximos e distais do foco patológico no mesmo meridiano. Os pontos próximos ao foco patológico são mais usados para os problemas locomotores, superficiais ou agudos. Os acupontos usados foram VB39, VB 40 e R3. E os distais são mais usados para doenças dos órgãos, profundas ou crônicas. Também, pode-se fazer um tratamento combinado onde são utilizados todos os pontos específicos, próximos ou distais. Os acupontos usados no meridiano conexo foram B60/ID3, quando combinados para tratar tensão muscular acompanhada de dor na região dorsal do corpo e membros posteriores; e, B62 B57, B59, B60/ ID4, acupontos escolhidos para aliviar a dor no maléolo direito, como mostrado por Wen (1985) na Tabela 2. Tabela 2 - Pontos específicos do meridiano conexo de certas doenças Doença Meridiano a que pertence Meridiano Conexo Ponto específico Lombalgia Bexiga Intestino Delgado ID3 Dor no calcâneo Bexiga Intestino Delgado ID4 Dor metatársica Rins Pericárdio PC7 Foram usados os acupontos B23, VB 30, VG4, TA4, E 36, E41 e IG4 para completar o equilíbrio energético do quadro clínico. 6. CONCLUSÃO A Acupuntura é uma somatória de conhecimentos, que nos permite visualizar e elaborar um tratamento mais eficaz para cada moléstia. Os princípios, fundamentados na filosofia da Medicina Tradicional Chinesa, nos quais a acupuntura se baseia, ainda hoje são utilizados. Entretanto, uma revisão contínua destes mesmos princípios, associando-os ao conhecimento neurofisiológico permite uma compreensão dentro dos padrões científicos modernos. O resultado desse estudo com a terapêutica usada na espécie Myrmecophaga tridactyla mostra que há uma diferença ponderal com a utilização da implantação dos fios de ouro na revitalização orgânica desta espécie. Contudo, há a necessidade de mais estudos relacionados a esta terapêutica em outras espécies que possam esclarecer e comprovar o seu uso. FONTES DE AQUISIÇÃO a. Pentabiótico Pequeno Forte 1.200.000 UI – FORT DODGE do Brasil. b. Azium N.C. - PFIZER DO BRASIL. c. Cloridrato de xilazina - Virbaxyl – VIRBAC do Brasil. REFERÊNCIAS BARROS, N. Avaliação clínica do doente com dor. In: SIMBIDOR – SIMPÓSIO BRASILEIRO E ENCONTRO INTERNACIONAL SOBRE DOR, 8., 2007, São Paulo. Arquivos... São Paulo: Office, 2007. p. 29. FRÖNER, T. M. Laserpuntura. 2007. 45 f. 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