Tema: Saúde e Ambiente: representações sociais de crianças em uma escola pública pantaneira A presente pesquisa tem como objetivo analisar as representações sociais de saúde e ambiente, relacionadas às práticas cotidianas, de crianças em uma escola pública de uma comunidade tradicional do Pantanal Matogrossense, levando em conta os seus pontos de vista, conhecimentos, significados e concepções desta relação. Entende-se que a saúde ambiental para efeito deste estudo, é um campo complexo, conforme cita MINAYO (2006), ocupando-se das discussões tanto do ponto de vista ambiental como do ponto de vista da saúde. Assim, apresenta-se para a justificativa do objeto de pesquisa, parte das construções concernentes a esta vasta temática, a partir da contribuição do Campo da Saúde, seus estudos, discussões, relatórios e compromissos firmados por meio das cartas de declaração da I, II, III, IV e V Conferência Internacional de Promoção a Saúde, que entre outras, representaram avanços na sedimentação e disseminação de novas propostas dentro da preocupação com saúde humana no envolvimento com o ambiente. Além das cartas de declaração, o relatório de Atenção Primária Ambiental (APA) desenvolvido pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) é apresentado como uma destas discussões, já que orienta a conceituação, promoção e implementação de estratégias de atenção primária ambiental na Região das Américas. Estes consensos contribuem para os diálogos recentes, onde a preocupação mundial de saúde pública traz a baila discussões diversas e disseminam informações que envolvem a relação dos problemas ambientais e a saúde ambiental infantil, necessidades evidentes do Brasil e do mundo (ambientes saudáveis para crianças). A escola apresenta-se como lócus privilegiado de investigação, pois traz para sua organização e funcionamento, um projeto político-pedagógico, que na realidade brasileira, e no caso deste estudo, a matogrossense, encontra eco dentro da proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais. Estes Parâmetros Curriculares trazem os inúmeros diálogos e discussões que têm impacto na sociedade, mediante os temas transversais (a exemplo do volume 9, meio ambiente e saúde), que propiciam ao sistema de ensino, particularmente aos professores, subsídios à elaboração e/ou reelaboração do currículo. A escola também se configura por ser este um espaço social frequentado diariamente pelas crianças, possibilitando grande parte do seu aprendizado, ambiente de vivências e experiências. Atribui-se como contribuinte no desenvolvimento biopsicossocial e no trabalho por meio da conscientização, quanto à necessidade de preservação e recuperação do meio ambiente para garantia de níveis de saúde. A construção do referencial teórico será pautada no arcabouço dos diálogos e concepções de saúde, de ambiente e representações sociais, que consubstanciam o presente objeto de pesquisa. Para tanto, a fim de apreender as diversas abordagens ocorridas nos períodos históricos, sua expressão textual não se direcionará ao esgotamento dessas abordagens, mas sim a titulo de compreendê-las no momento em que estas circundam o aparato dessas representações, delimitando, ao término de cada construção, a opção dos conceitos norteadores deste trabalho. Posteriormente, será apresentado o percurso metodológico a guisa de propiciar a compreensão do caminhar que constitui este estudo. Apreender as representações sociais de saúde e ambiente de crianças em uma comunidade tradicional sugere análises aprofundadas, distinções e delineamentos que só podem ser realizadas dentro de uma abordagem de pesquisa qualitativa. Opta-se neste estudo, pela estruturação por vias exploratórias e incursão em campo, de um trabalho etnográfico que se constitui a prática de investigação por excelência, pois possibilitará a penetração na realidade estudada para compreensão de aspectos, socioculturais constitutivos destes sujeitos, o universo dinâmico dos fenômenos sociais observados, e a consideração dos fatos sociais e sua essência cultural que lhe são singulares e peculiares. O exercício de interpretação da realidade social, sobre os dados dessa pesquisa sugestiona-se e fortalece-se pela prática da etnografia, como na citação de OLIVEIRA (1998), que chama a atenção sobre ”três maneiras” de apreensão dos fenômenos socioculturais, que merecem em absoluto uma reflexão para o exercício da pesquisa e produção de conhecimento: o olhar, o ouvir e o escrever. O estudo contribuirá ao refletir as políticas de saúde, que de maneira geral, não abordam a heterogeneidades, a realidade dos grupos sociais suas particularidades e seus diferentes modos de lidar com as condições de vida e a natureza, e pensar propostas de ações de serviços de saúde no que se refere a promoção de ambientes saudáveis para saúde da criança nesse contexto. Nessa perspectiva, o presente estudo constitui-se numa tentativa de produzir um conhecimento a respeito da saúde ambiental dessas crianças, analisar a suas próprias concepções de saúde e ambiente, considerando as experiências concretamente vividas, e saberes cotidianos. Ainda, compreender essa realidade possibilitara a proposição de novos caminhos para proposta de formulação de programas que ampliem o nível e a cobertura de conhecimentos na área da saúde ambiental infantil, e que englobam as necessidades demandadas por essas crianças no universo pantaneiro. Referências Bibliográficas Bourdieu P. A Crítica Social do Julgamento. Tradução: Kerm D; Teixeira GJF. São Paulo: ZOUK, 2008. Minayo MCS. Saúde e Ambiente: uma relação necessária. In: Campos GWS (org.). Tratado de Saúde Coletiva. São Paulo: Hucitec; 2006. p. 93-121. Rocha EAC. Por que ouvir as crianças? Algumas questões para um debate científico multidisciplinar. In: Cruz SHV. (org.). A criança fala: a escuta de crianças em pesquisas. São Paulo: Cortez, 2008. World Health Organization. Third International Conference on Children’s Health and the Environment: From Knowledge and Research to Policy and Action. Busan, Coréia do Sul, 2009 Oliveira RC. O trabalho do Antropólogo: Olhar, Ouvir, Escrever. In: O trabalho do Antropólogo. Brasília: Paralelo 15; São Paulo: Editora UNESP, 2005