HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO CENTRO CIRÚRGICO: O QUE PENSAM OS TÉCNICOS DE ENFERMAGEM Analu de Oliveira1 Nelsi Salete Tonini2 Vanessa Aparecida Henrique Arruda3 Alysson Emanuel de Barros4 RESUMO: Tratou-se de um estudo qualitativo, desenvolvido no Centro Cirúrgico (CC) de uma instituição privada, especializado em oncologia, localizada no município de Cascavel (PR), sendo referência nesta especialidade, com objetivo de analisar o processo de humanização da assistência de enfermagem em um Centro Cirúrgico, a partir da percepção dos técnicos de enfermagem. Os sujeitos que fizeram parte da pesquisa foram 22 técnicos de enfermagem, divididos nos turnos manhã, tarde e noite. O instrumento para a coleta de dados foi uma entrevista. Como resultado, em relação ao gênero 100% da amostra foram do gênero feminino. Quanto à faixa etária das participantes, 25% estavam entre a faixa etária de 20 a 30 anos e 75 % entre 31 a 40 anos. Quanto ao tempo de trabalho no CC 33,33% estão a menos de 12 meses; 41% até cinco anos; 16,66% de 5 a 11 anos e uma participantes há 25 anos atuando no Centro Cirúrgico. Ao abordarmos “você identifica no cotidiano de seu trabalho no CC a preocupação com o cuidado humanizado”, foram encontrados 8,33% das participantes não tiveram a preocupação com a humanização no seu cotidiano de trabalho e 91,66% demonstram esta questão em sua rotina de trabalho. PALAVRAS-CHAVE: Humanização; Centro Cirúrgico; Enfermagem. INTRODUÇÃO: O processo cirúrgico, que envolve as etapas pré, trans. e pósoperatório, traz inúmeros sentimentos, como medo do desconhecido, da morte, comprometimento da relação do paciente com seus familiares, preocupação com o retorno ao trabalho, entre outros. Sendo que ao prestar um cuidado humano onde o individuo passará por uma experiência cirúrgica, requer atenção especial, carinhosa, e, sobretudo o interesse e desejo do indivíduo submetido a qualquer procedimento cirúrgico, sendo que promover a ausência da dor o bem estar emocional, confiança, comunicação e demonstrações de carinho 1 2 3 4 Enfermeira. Egressa do Curso de Enfermagem da Universidade Paranaense – UNIPAR, Unidade Universitária de Cascavel, PR. Enfermeira. Doutora em Enfermagem psiquiátrica pela Universidade de São Paulo – USP – Ribeirão Preto. Docente do Curso de Enfermagem da Universidade Paranaense – UNIPAR, Unidade Universitária de Cascavel. Acadêmica da 4ª série do curso de enfermagem da Universidade Paranaense – UNIPAR, Unidade de Cascavel, PR. E.-mail: [email protected] Acadêmico da 4ª série do curso de enfermagem da Universidade Paranaense – UNIPAR, Unidade de Cascavel, PR. 1 são necessários neste cenário (WALDOW, 2001). O cuidado humano é um tema ainda pouco explorado, convém ressaltar, que o cuidado não é prescritivo, sem regras preestabelecidas, ou manuais de cuidar ou ensinar esta função. Ao ser integrado ao nosso cotidiano este precisa ser sentido, fazendo parte de nós mesmos, aonde saberemos demonstrar, incentivar e cultivar este cuidado, tanto no ensino quanto na prática. O termo humanizar significa colocar o sentimento com a técnica, a ciência com o contato, o ser humano, que sente, se emociona, tem valores e em situação de estresse e do desconhecido deve ser visto e tratado de uma forma mais dinâmica, respeito e consideração, cheio de qualidades e defeitos, capazes de sentir, de amar e de sofrer. Alinhados à dinâmica do dia-a-dia propiciam situações e momentos de estresse, tanto para o paciente quanto à equipe multidisciplinar (MALAGUTTI; BONFIN, 2008).Para a equipe de enfermagem as ações dos cuidados incluindo as orientações ao cliente no préoperatório, irão refletir com uma cooperação no transoperatório, havendo uma melhora e colaboração no pós-operatório até a alta hospitalar (SANTOS; HENCKEMEIER; BENEDET, 2011).Para Malagutti e Bonfim (2008) um dos fatores que mais aterrorizam os pacientes devido ao medo do desconhecido está relacionado com o ato anestésico em não acordar mais, dor, à preocupação com a integridade física e o medo da morte, por sua alta complexidade. Manter um contato prévio, com o indivíduo que será submetido a um procedimento, se torna muito importante, deve-se explicar sobre a cirurgia que será realizada e esclarecer as principais dúvidas. A presença de profissionais qualificados, com frequentes aperfeiçoamentos, é necessária para que se possa aprimorar a execução do trabalho, contribuir no controle de infecção hospitalar e, sobretudo assegurar um atendimento humanizado. O treinamento e desenvolvimento são as mais poderosas ferramentas de transformação no mundo organizacional. O treinamento é a educação que visa ampliar e aperfeiçoar o homem para seu crescimento em sua evolução profissional em atendimento ao paciente (POSSARI, 2009). Deve-se observar a reação dos indivíduos frente ao seu modo de reagir à doença, seus enfrentamentos, sendo que, na maioria das vezes, o individuo não está preparado pra receber a notícia sobre o seu procedimento incluindo uma complicação ou não, sendo esta informação assustadora e frustrante, surgindo assim à necessidade de um apoio e suprimento de suas dúvidas e receios relacionados aos procedimentos realizados, sendo, este momento importante que a atuação da enfermagem deve estar pautada nos princípios da humanização 2 (CHISTÓFORO; CARVALHO, 2008). A tecnologia desenvolvida deve estar a serviço do homem e, especialmente presente no contexto hospitalar, sendo imprescindível o atendimento à tecnologia quanto no atendimento humanizado, para garantir a qualidade e segurança do cliente cirúrgico (MALAGUTTI; BONFIM, 2008). OBJETIVOS: Analisar o processo de humanização da assistência de enfermagem em um Centro Cirúrgico, a partir da percepção dos técnicos de enfermagem; Caracterizar os fatores emocionais que interferem negativamente no pós-operatório; Observar o nível de ansiedade; Verificar e orientar sobre o esclarecimento do procedimento cirúrgico; Subsidiar a coordenação da enfermagem para o planejamento de capacitações; Melhorar a assistência de enfermagem prestada ao cliente, considerando a humanização da assistência e Contribuir com atitude de responsabilização e cuidado ao paciente. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS: Tratou-se de um estudo qualitativo, descritivo, exploratório, desenvolvido no Centro Cirúrgico (CC) de uma instituição privada, conveniada pelo SUS, especializada em oncologia, localizada no município de Cascavel (PR), região sul dos pais, sendo referência nesta especialidade, presta atendimento de oncologia nas diferentes clínicas. São realizadas cirurgias de pequeno, médio e grande porte e diagnósticos laboratoriais. O CC em estudo possui um quadro funcional de 22 técnicos de enfermagem, divididos nos turnos manhã, tarde e noite. O instrumento para a coleta de dados foi uma entrevista, a qual foi realiza durante o mês de Julho de 2013, após concordância formal por parte dos participantes da pesquisa com assinatura do Termo de Consentimento, obedecendo aos princípios éticos dispostos na Resolução Nº 196/96, do Conselho Nacional de Saúde, sendo aprovada sob protocolo nº 341.835 de 25/07/2013. Para análise das respostas fornecidas pelos técnicos, foi utilizada a Técnica de Análise de Conteúdo tipo temática proposta por Minayo (2010), onde as respostas serão descritas, mediante as fases de pré-análise, exploração do material e tratamento e interpretação dos resultados, correlacionando-os com a produção científica sobre humanização, os participantes da pesquisa estão identificados como S1, S2, S3 e assim sucessivamente com intuito de preservar a identidade dos mesmos. 3 RESULTADOS: Os resultados em relação à visão dos técnicos de enfermagem que atuam na unidade do Centro Cirúrgico sobre a humanização da assistência de enfermagem, serão apresentados em dois momentos. No primeiro momento apresentamos os dados demográficos dos doze participantes da pesquisa, e o segundo momento far-se-á a apresentação e discussão das questões abertas, para atender aos objetivos propostos para esta pesquisa. Quanto à faixa etária das participantes da pesquisa, 25% estavam entre a faixa etária de 20 a 30 anos e 75% entre a faixa etária de 31 a 40 anos. Em estudos retrospectivos de Balsanelli; Cunha; Whitaker (2009), a média de idade da amostra explorada foi de 25 anos, e 92,8% são de população mais jovens, dados que diferem desta pesquisa uma vez que detectamos que 75% das participantes estavam na faixa etária acima dos 30 anos. Em relação ao gênero constatamos que 100% da amostra foram do gênero feminino. Gonçalves; Sena (2001) dizem que a presença feminina no cotidiano social é vista como fenômeno universal que assume o cuidado, afeto e, sobretudo o espaço do lar, menciona que a prática de cuidado não institucionalizado é assumida por mulheres milenarmente, e quanto ao cuidado do doente essa tarefa é atribuída às mulheres, sendo ela a protagonista deste cenário. Spíndola (2003) cita que após a Revolução Industrial a mulher substituiu o espaço privado pelo espaço público, assumindo então uma profissão, dentre as profissões a enfermagem se faz presente neste cenário, sendo que a enfermagem tem sido mencionada por diversos autores como sinônimo de amor ao próximo. O autor faz uma observação em que a mulher vem ampliando sua área de atuação, e além de cuidar demonstra competências em crescente estágio. A mulher é destacada como características de carreira pertinentes à enfermagem, pois o gênero feminino profissionaliza a enfermagem em papeis domésticos, dentro dessa perspectiva os autores ressaltam que as mulheres assumem o papel de enfermeiras com habilidade e aptidões intrínsecas. Quanto ato tempo de trabalho no Centro Cirúrgico (CC), constatamos que 33,33% estão a menos de 12 meses; 41,66 % até cinco anos; 16,66% de 5 a 11 anos e uma participante há 25 anos atuando no Centro Cirúrgico. Na pesquisa de Balsanelli; Cunha; Whitaker (2009), a média de permanência nas atividades de trabalho em centro cirúrgico se deu por dois anos e quatro meses, sendo que normalmente os técnicos de enfermagem trabalham mais tempo no centro cirúrgico comparado com os enfermeiros. Já os resultados em relação a possuir outro vínculo empregatício, destaca-se que 41,66% participantes possuem outro vínculo e 58.33% não tem outro vínculo trabalhista. De 4 acordo com Rosa; Carlotto (2005), a busca de melhores condições profissionais e financeiras, aliada a pouca experiência profissional, são fatores determinantes para jovens que querem apresentar todo seu potencial com a intenção de serem aceitos na instituição, no entanto os autores ressaltam que essa realidade provoca distanciamento da clientela bem como sobrecarga, seja emocional ou laboral. Para Gonçalvez (2011), a sobrecarga de trabalho é um dos principais fatores que contribuem para os erros operacionais, este fato se da por meio de profissionais terem que muitas vezes cumprir dois vínculos empregatícios. Sendo que, para garantir a segurança do paciente, é necessário também que os profissionais estejam preparados cientificamente e tecnicamente, seguros e aptos para a prestação da assistência de enfermagem com qualidade. Na mesma perspectiva sita que a sobrecarga operacional, péssima formação, profissionais que não utilizam protocolos universais, más condições de trabalho, são fatores para os erros assistenciais. De acordo com Montonholi; Tavares; Oliveira (2006), o estresse é resultante da percepção entre a discordância das exigências de determinada tarefa e os recursos pessoais para cumpri-la. Outros fatores de estresse são próprios da tarefa de enfermagem, exigência em excesso e diferentes opiniões entre colegas de trabalho. Bianchi (2000) menciona que há concordância entre autores onde ressaltam que os enfermeiros pertencem a uma profissão estressante. Para Silva et al (2012) o estresse é considerado um fator que leva o profissional a desmotivação, já que o trabalho dos enfermeiros no ambiente hospitalar é desenvolvido em circunstâncias desgastantes, podendo levar a insatisfação profissional com tendência a abandonar a profissão. Passaremos a apresentar os resultados do segundo momento da pesquisa, onde perguntamos aos participantes o que você entende por processo de humanização no Centro Cirúrgico. Nesta questão encontramos sinônimos como: atender bem, ouvir o paciente, se colocar no lugar do outro, respeito com paciente, ter ética, segue algumas falas: S10 “Saber ouvir suas queixas, observar suas condições físicas e mentais, deixar se sentir acolhido por estar numa situação que traz insegurança.”; S09 “Prestar assistência no todo não avaliar só pela doença...”.S12 “Acho que são medidas de conforto, acalmar e conversar.”.S7 “respeito ao paciente em primeiro lugar...”. Para o Ministério da Saúde a humanização é um conceito amplo, que caracteriza a valorização de todos os indivíduos participantes no processo de saúde. Trás como princípios norteadores a autonomia, o protagonismo dos sujeitos, a corresponsabilidade 5 entre eles, o estabelecimento de vínculos e a participação coletiva no processo de gestão (BRASIL, 2006). Para Souza; Mendes (2009) a humanização está baseada na qualificação e ampliação do acolhimento, da resolutividade e da disponibilidade dos serviços, sendo necessário, para os trabalhadores melhores condições de trabalho e de formação, para poder lidar com o impacto que o enfrentamento cotidiano da doença e do sofrimento impõe. A humanização faz parte do processo de trabalho da equipe de enfermagem e baseia-se na compreensão do paciente ao todo como ser humano. Segundo Ferreira; Ferrereze; Carvalho (2006) significa dar condição humana, civilizar e tornar-se humano. Somos seres humanos, mas nem sempre tratamos o próximo como este deveria ser tratado, sendo este o ponto de falha do profissional de enfermagem. Durante sua permanência no centro cirúrgico, a responsabilidade recai sobre a equipe cirúrgica e mais diretamente no enfermeiro, passando a responder por tudo o que está ou possa acontecer com o mesmo, por isso, segundo Santos; Henckmeier; Benedet (2011, p.26) o técnico de enfermagem de centro cirúrgico deve: “livrarse de seu papel puramente técnico e integrar-se no cuidado total daquele cliente que está a sua frente, isso favorecerá a humanização. Em tão poucas ocasiões o indivíduo está tão dependente de outra pessoa com relação a sua segurança e bem estar quanto no período pré, trans. e pós-operatório ocasião em que precisa integrar-se ao desconhecido”. A segunda questão abordou se o sujeito identifica no cotidiano de seu trabalho no CC a preocupação com o cuidado humanizado, como resultado, encontramos que apenas 8,33% das participantes não tem a preocupação com a humanização do cuidado no seu cotidiano de trabalho e 91,66% responderam que sim, demonstram preocupação com a questão da humanização em seu cotidiano de trabalho.Oliveira-Junior; Moraes; Marques (2012), mencionam que ao se preocupar com a implementação da humanização deve-se considerar a ética profissional e o cuidado individualizado, sendo que estes representam um conjunto de iniciativas que visa à produção de cuidados de saúde capazes de conciliar a melhor tecnologia disponível com a promoção de acolhimento e o respeito ao ser humano, lembra a importância da valorização do desempenho técnico e o profissional de saúde, o qual é apontado como responsável por conduzir o cuidado ao paciente. Ressalta que é necessário incluir os familiares no processo de decisão sobre o seu cuidado, valorizando o diálogo, dando importância às necessidades dos mesmos, respeitar as crenças e valores. Dessa forma, viabilizará a relação confiável e aberta 6 para proteger os valores culturais, psicossociais e espirituais de cada paciente. Segundo Smeltzer; Bare (2000, p.313), o histórico do paciente cirúrgico envolve a avaliação de uma extensa variedade de fatores físicos e psicológicos. Muitos parâmetros são considerados na totalidade do histórico do paciente, e uma variedade de problemas do paciente ou diagnóstico de enfermagem pode ser antecipada com base nos dados colhidos. Após levantar o diagnostico do paciente como: ansiedade alterada à experiência cirúrgica e ao resultado da cirurgia e o déficit do conhecimento relacionado aos procedimentos e protocolos préoperatórios e às expectativas pós-operatórias. Tem como meta: incluir a redução da ansiedade pré-operatórias e sobre as expectativas pós-operatórias. Os resultados esperados são alcançados devido à ansiedade aliviada devido às orientações prestadas. Uma das principais ferramentas que o enfermeiro possui para o combate à dor é a orientação pré-operatória. Quando perguntado, quais medidas adotadas no CC podem ser citadas como humanizadas, as temáticas identificadas foram: Bom humor; Comunicação; Educação continuada; Relações interpessoais saudáveis. Em estudo retrospectivo feito por Junior; Scholze; Silva (2012), o ato de humanizar direciona a equipe de enfermagem a entender a necessidade de diálogo entre profissional e paciente, seja durante procedimentos ou não, deve-se evitar a postura de ser um simples técnico durante a assistência, e, sobretudo se apresentar como um processo vivencial, com o objetivo de humanizar o tratamento. Assim, é necessário que o enfermeiro esteja atento a todas as reações apresentadas pelo paciente nestes períodos, sendo imprescindível, pois segundo Jouclas; Tencatti; Oliveira (1998, p.48), “a utilização de um processo de interação interpessoal que ultrapasse o fazer mecânico, promovendo o espírito de humanização dos cuidados”. Neste sentido, é inevitável motivar e conscientizar os profissionais para as mudanças indispensáveis na obtenção de um ambiente mais humanizado no centro cirúrgico. Rodrigues (2000, p.20) lembra que, “humanizar o atendimento de enfermagem em CC tem sido um desafio constante, pois encontramos resistência de alguns funcionários e de vários profissionais de outras áreas, porém, acreditamos que o cuidado humanizado é essencial para a prática da enfermagem”. Ao abordamos quais as dificuldades que você encontra para implementar o processo de humanização do Centro Cirúrgico, destaca-se como temáticas relevantes nesta questão: Alta Demanda; Falta de Tempo e Falta de contribuição. Nestes quesitos a presente pesquisa corrobora com a de Oliveira-Junior; Moraes; Marques (2012), 7 que destacam em seus estudos que os profissionais de saúde atribuem a dificuldade de implementar a humanização no centro cirúrgico pelo tempo gasto no excesso de burocracias das rotinas de trabalho, a falta de tempo, ao ambiente estressante e tenso, as resistências de mudanças dos próprios profissionais, bem como a falta de preparo a respeito do assunto. Relatam ainda, que o processo de humanização envolve mudanças de comportamento e estas mudanças normalmente despertam insegurança, dessa forma a humanização é ampla e demorada, no entanto atividades educativas são indispensáveis para o desenvolvimento dos profissionais na ótica de atender bem a demanda, pois humanizar também é cuidar com competência. Observa-se que os dados acima descritos pela amostra da pesquisa vão de encontro com as observações mencionadas pelo os autores supracitados. Segundo Souza et al (2013), num setor fechado e de emergência, a equipe multidisciplinar se depara com uma situação de estresse, pela alta demanda, pelo número reduzido de funcionários qualificados, devendo serem ágeis, na medida que o setor necessita. Ao se falar do técnico de enfermagem, relata que, este profissional precisa se empenhar para lidar com a cobrança de outros integrantes da equipe, com a falta de tempo, e a deficiência de infraestrutura, se torna um agravante no atendimento ao paciente com seu devido apresso. Na quinta questão quando se pergunta da importância da implementação do processo humanizado, importante destacar o olhar que os participantes têm em relação ao processo de humanizar quando falam de: Recuperação do paciente; Bom trabalho da equipe; Segurança do paciente e Acolhimento. Camponogara; Santos; Alves (2011), consideram que a importância da implementação da humanização nos remete as ações de enfermagem frente ao cliente pré-operatório, sendo necessário preservar a privacidade e, sobretudo respeitar o cliente assistido. Para que esse processo aconteça de fato é necessário que ações não estejam somente voltadas ao paciente e seus familiares, mas também a própria equipe de saúde, no sentido de valorizá-la e empodera-la para o desenvolvimento do cuidado humano. Para Costa; Figueiredo; Schaurich, (2009), ao implantar e desenvolver um consenso de se tornar mais humano no cenário hospitalar é necessário um aperfeiçoamento de uma equipe multidisciplinar aliadas a novas tecnologias, mas não esquecendo o contato humano, o dialogo, a empatia ao cuidar do individuo em que se encontra hospitalizado e fragilizado. E de grande valia a importância da conscientização de cada profissional ao prestar este atendimento levando em conta todo este 8 processo. E para finalizar solicitamos quais seriam as sugestões possíveis para uma melhor assistência humanizada no CC, destaca-se para: Treinamento e aumento de pessoal no setor. Treinamento foi respondido em 80% dos funcionários ressaltando a falta de preparo e qualificação como educação continuada, para um melhor atendimento e mais humanizada para o individuo que necessita de um procedimento cirúrgico no qual gera cuidados assistenciais da equipe multidisciplinar de enfermagem. Segundo Malagutti; Bonfim (2008), tendo profissionais com um treinamento adequado, no que se refere ao atendimento ao paciente e o avanço tecnológico em questão da humanização, pode-se sim adquirir um bom desempenho. Ao prestar um serviço em se tratando de um contexto hospitalar, é indispensável domínio pela equipe e pelo equipamento utilizado, prevalecendo o atendimento humanitário. Na enfermagem, para Possari (2009), verifica-se a necessidade de profissionais qualificados e a presença da educação continuada, resultando em um acréscimo tanto no atendimento mais humanizado ao cliente, tanto no controle da infecção hospitalar. Ao treinar o funcionário em seu ambiente de trabalho têm-se verificado rendimento socioeconômico, diminuição de gastos, e os avanços tecnológicos direcionam este trabalhador a atualizar o seu conhecimento. Quanto às finalidades este mesmo autor descreve que o treinamento e o desenvolvimento são fatores de extremo valor para o sucesso deste cenário, aumentando a produtividade, ampliando conhecimentos, diminuindo a necessidade de supervisão, entre outros. Sendo que ao contrario, a falta deste pode-se resultar em numerosas dificuldades, assim como: baixa condição das atividades, descontentamento pessoal, alta rotatividade ocasionando representação negativa da instituição. CONCLUSÃO: Revelou-se no decorrer do artigo, que os técnicos de enfermagem têm muito a desenvolver a respeito da humanização, esse universo de cuidados tem muito a se aprender, e ainda haver uma maior presença de uma orientação ao profissional que presta o cuidado e ao paciente. Nesta referida pesquisa constatou-se que apenas 54% dos profissionais responderam ao questionário, mostrando a baixa adesão à pesquisa. Sendo assim a pratica de humanização deve ser incentivada pelo profissional enfermeiro, que deve estar presente auxiliando o técnico na prestação de cuidados e incentivando o dialogo entre profissional e paciente. Quando aos objetivos citados foram alcançado o esperado, pois ao, responderem ao 9 questionário o profissional pode relembrar em alguma ocasião toda a sua capacitação em seu curso ou graduação, no qual ele se submeteu para desempenhar tal função. A questão da educação continuada torna-se uma ferramenta importante, onde pode-se haver a troca de informações e de vivencias, contribuindo para um melhor desempenho profissional, foi adquirida através do próprio colaborador, tendo finalidade de preparar os profissionais para um melhor atendimento e desempenho junto ao paciente, pratica essa desempenhada junto a gerência de enfermagem. Vale ressaltar que a implantação da sistematização da enfermagem amparada pela resolução 358/ 2009 COFEN, ajuda a estabelecer um vinculo entre paciente e profissional, além de planejar cuidados para o paciente no pós cirúrgico, onde há uma interação entre ambas as partes. Em estudos anteriores, Silva et al (2012) cita que no centro cirúrgico cabe a equipe multiprofissional um atendimento ágil e eficaz, mas justamente a falta de recursos, a alta demanda e infraestrutura precária e inadequada, torna a situação e o ambiente a um atendimento mecanizado tornando-se mecanicista, deixando de lado o sentimento humanizado se aflorar. Nas ações de humanização procuramos resgatar o respeito à vida humana envolvendo um vinculo entre quem cuida e quem é cuidado, o ato de cuidar é perceber o todo é enxergar de uma forma global, criativa e criadora, introduzindo cada vez mais o ato de viver no ato de cuidar. REFERÊNCIAS BALSANELLI, A.P.; CUNHA, O.K.C.I.; WITAKER, Y.I. Estilos de liderança de enfermeiros em unidade de terapia intensiva: associação com perfil pessoal, profissional e carga de trabalho. Rev. Latino-am Enfermagem, 2009. Vol 11 n.1. BIANCHI E.R.F. Comparação do nível de estresse do enfermeiro de centro cirúrgico e de outras unidades fechadas. Rev. SOBECC. São Paulo, 2000. Ed.5, n.4. BRASIL. Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos. Resolução 196/96. Disponível em < http://www.ufrgs.br/bioetica/res19696.htm>. Acesso em 20 de set. de 2013. ______. Ministério da Saúde. Carta dos direitos dos usuários da saúde: ilustrada. 2°ed. Brasília; 2006. Disponível em: http://www.saude.mt.gov.br/adminpublicacao/arquivo/carta_direitos_usuarios_saude_ilustrada.pdf 10 ______. Ministério da Saúde. Política Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH): humaniza SUS. Brasília; 2006 (citado 2007, jul 28). Disponível em : http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/doc_base.pdf CAMPONOGARA. S.; SANTOS.T.M.; ALVES. R.C.N. O cuidado humanizado em unidade de terapia intensiva: uma revisão bibliográfica. Rev. Enferm. UFSM. 2011. Vol.1, n.1. Disponível em: http://cascavel.cpd.ufsm.br/revistas/ojs-2.2.2/index.php/reufsm/article/view/2237/1520. COSTA, S.C.; FIGUEIREDO, M.R.B.; SCHAURICH, D. Humanization within adult intensive care units (ICUs): comprehension among the nursing team. Interface, Comunic., Saúde, Educ, v.13, supl.1, p.571-80, 2009. CRISTOFORO, B. E. B.; CARVALHO, D. S. Cuidados de enfermagem realizados ao paciente cirurgico no periodo pré-operatório. Revista da escola de enfermagem da USP, São Paulo, v.43, n.1, p.14-22, 2008. FERREIRA, V.; FERRAREZE, M.V.G.; CARVALHO, A.M.P. Percepção do estresse entre enfermeiros que atuam em terapia intensiva. Acta Paulista de enfermagem, v.19, n.3. ano 2006. GONÇALVES, C. Por trás dos erros da enfermagem. Revista hospitais: Brasil. Ano 2011 n.47, p 1012. Disponível em: www.revistahospitaisbrasil.com.br > Acesso em 10/11/2013. GONÇALVES, A.M; SENA, R.R. A Reforma Psiquiátrica no Brasil: Contextualização e reflexos sobre o cuidado com o doente mental na família. Revista Latino-Americana de Enfermagem. Ano 2001.vol.9 n°.2. Acesso em: 17 de outubro de 2013. Disponível em: www.scielo.com.br. JOUCLAS. V.M.G.; TENCATTI. G.T.; OLIVEIRA.V.M. Qualidade do cuidado de enfermagem transoperatório e de recuperação anestésica de acordo com a satisfação do cliente. Cogitare Enferm. 1998. Vol.3, n.1. JUNIOR. C.F.D.; SCHOLZE. A.S; SILVA. Y.F. Trabalho em saúde e a implantação do acolhimento na atenção primaria à saúde: afeto, empatia ou alteridade?. Interface-Comunic., Saude, Educ., 2012. Vol.13, n.31. MALAGUTTI, W.; BONFIM, I. Enfermagem em Centro Cirúrgico: atualidades e perpectivas no ambiente cirúrgico. 1º ed. Editora Martinari;2008. São Paulo MINAYO, M.C.S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 12ª ed. São Paulo: Hucitec; 2010. MONTANHOLI, L.L.; TAVARES, D. M.S.; OLIVEIRA, G.R. Estresse: fatores de risco no trabalho do enfermeiro hospitalar. Revista brasileira de enfermagem. Vol.59, n.5, 2006. OLIVEIRA JUNIOR, N.J.; MORAES, C.S.; MARQUES, S.N. Humanização no centro cirurgico: a percepção do tecnico de enfermagem. Rev. Sobbec. São Paulo, 2012. Vol 17, n.3. POLIT, D. F., BECK C. T; HUNGLER, B. P. Fundamentos de pesquisa em enfermagem: métodos, avaliação e utilização. Artmed, 2004. 11 POSSARI, J. F. Centro cirúrgico: Planejamento, Organização e Gestão. 4º ed. São Paulo, 2009. RODRIGUES, A. L. Sensibilizando a humanizando o cuidado. Monografia de especialização apresentada a UFP-PR. Curitiba, p. 22. 2000. ROSA, C.; CARLOTTO, M.S. Síndrome de Burnout e satisfação do trabalho em profissionais de uma instituição hospitalar. Revista da SBPH. São Paulo, vol.8, n.2, 2005. SANTOS, J.; HENCKMEIER L.; BENEDET, S. A.. Revista oficial do conselho federal de enfermagem- enfermagem em foco. Volume 2, n.3, Agosto de 2011. SILVA, A.A.; OLIVEIRA, E.C.; OLIVEIRA, S.H.A.; SOUZA, N.R. A humanização do atendimento e a percepção entre profissionais de enfermagem nos serviços de urgência e emergência dos prontos socorros: revisão de literatura. Ciência et. Práxis. Vol.5, n.9, ano 2012. SMELTZER, C.S.; BARE, G. B.. Brunner & Suddarth. Tratado de enfermagem Médico-Cirúrgica. Oitava edição. Editora Guanabara Koogan, 2000. SOUZA, L.A.P.; MENDES, F.V.L.. O conceito de humanização na politica Nacional de Humanização. Vol 13, n.1, 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/icse/v13s1/a18v13s1.pdf> Acesso em 25/10/2013. SOUZA.I.S.V.; SILVA. F.J.; GOMES. R.L.V.; FRAZÃO. I.S. Situações estressantes de trabalho dos enfermeiros de um hospital escola. Rev. Enferm. UFSM 2013. Vol. 3, n.2. SPINDOLA, T.S.R.S. Mulher e trabalho – a historia de mães trabalhadoras de enfermagem. Rev. Latino-am. Enfermagem. 2003. Vol11 (5). WALDOW, V.R. Cuidado humano: o resgate necessário. 3ª ed. Porto Alegre: Sagra Luzzatto; 2001. ZOBOLI, E.L. C. P; SCHVEITZER, M.C. Valores da enfermagem como prática social: uma metassíntese qualitativa. Rev. Latino Am. Enfermagem 2013; 21 (3). Acesso em: 31 out 2013. 12