Homilia - Abertura da Porta Santa Ano Santo da Misericórdia 13 de dezembro de 2015 “Batei e abrir-se-vos-á”! “Buscai e encontrareis”! “Entrai pela porta estreita!” “Eu sou a porta!” São palavras e ensinamentos de Jesus aos seus discípulos, pronunciadas nas diversas circunstâncias de sua peregrinação em direção a Jerusalém ou na revelação de sua pessoa. A porta é um símbolo muito significativo. Ao falar da porta estreita Jesus expressava um fato costumeiro de todos aqueles que, ao chegar à cidade, estando fechada a grande porta procuravam a porta secundária, menor, mais estreita para entrar em Jerusalém. E com esta imagem de porta estreita Jesus ensinava, figurativamente, a necessidade de maior esforço e espírito de sacrifício para entrar na “cidade de Deus.” Ao falar, através de imagens e sinais, conforme a linguagem Joanina, Jesus se declara como Porta mística da “Cidade de Deus”! Contemplando Jesus como “Porta da Cidade de Deus” poderemos entender e acolher sua Palavra e sua atitude: “batei e abrir-se-vos-á”! Somos convidados a bater porque é certo que esta “Porta” será aberta! Ao entendermos o convite de Jesus podemos dispor-nos a entrar, a passar por esta “Porta”, através de nossos passos, nos passos de Jesus Cristo, com nossas buscas e abertura de coração. “Buscai e encontrareis”! Isto é, buscai e conseguireis entrar na “Cidade de Deus”! Nós cremos firmemente que Jesus é o Salvador, é a Salvação! Nós cremos firmemente que Jesus é a “Porta” que nos introduz na Vida Plena! Basta ouvir e aceitar o seu convite amoroso: “batei e abrir-se-vos-á. Buscai e encontrareis! “Vinde a mim vós todos que estais cansados sob o peso do vosso fardo e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vossas almas, pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”(Mt. 11,28- 38). O Santo Padre o Papa Francisco abriu, em Roma, no dia oito de dezembro de 2015, a porta da Basílica de São Pedro, como gesto sagrado e simbólico da abertura do Ano Santo da Misericórdia, e, como convite a todos os povos para que abram os corações para Cristo, abram o coração para Cristo Redentor e tenham todos a alegria do convívio na “Cidade de Deus!” O Papa Francisco ao proclamar o Ano da Misericórdia disse: “Desejo que o Jubileu seja uma experiência viva da proximidade do Pai, como se quisessemos sentir pessoalmente a sua ternura, para que a fé de cada crente se revigore e, assim, o testemunho se torne cada vez mais eficaz”. Todos os povos, sem exceção, estão convidados a beber da Misericórdia que jorra do Coração misericordioso de Jesus. “Se alguém tem sede venha a mim e beba. Quem crê em mim, do seu interior correrão rios de água viva!” (Jo 7, 38). Hoje, 13 de Dezembro de 2015, abrimos a Porta da Catedral de Nossa Senhora Vitória do Espírito Santo, Porta da Misericórdia! Esta casa é a casa da Mãe da Misericórdia e, por isso, também nós a aclamamos como Nossa Senhora da Vitória! Vitória sobre o pecado, Vitória do Amor de Deus que se revelou no Coração Misericordioso de Jesus! A Mãe de Jesus e, nossa querida Mãe, quer ver em nossos corações, no coração de nossa família, a vitória da Graça, a vitória da Paz, a vitória da alegria! Pelo mesmo motivo, também, a aclamamos como Nossa Senhora das Alegrias. Ao abrirmos a Porta da Misericórdia da catedral e, seguidamente, ainda neste mês, as portas das igrejas provisionadas para este gesto simbólico, queremos viver, em toda a Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo, sob o império da Misericórdia, o império do Coração Misericordioso de Jesus. E qual é o Caminho para viver a Misericórdia? Entrar e passar pela Porta da Misericórdia que é Jesus! Neste Ano Santo da misericórdia somos convidados a fazer a experiência da Misericórdia e tornarmo-nos, cada um de nós, misericordiosos. Porém, como é que iremos saber que nos tornamos misericordiosos depois de passarmos pela Porta que é Jesus? Se fizermos a experiência do encontro com Jesus Misericordioso iremos expressar ou manifestar a nossa conversão através das Obras de Misericórdia. Quem faz a experiência do encontro com Jesus Misericordioso aprende a “estar de saída” em vista do próximo, “Igreja em saída” como diz o Papa Francisco. Lembro- me, neste momento, a atitude de Maria depois do encontro com o anjo Gabriel, quando o Espírito de Deus a cobriu com a sua sombra. Maria saiu em direção de sua prima para as regiões montanhosas onde Isabel residia. O Encontro com Deus coloca-nos em atitude de saída em direção ao irmão, à irmã, ao nosso próximo. E quais são as Obras de Misericórdia? Acredito que seja oportuno citálas agora neste contexto tão significativo que estamos vivendo: As Obras de misericórdias corporais: 01 Dar de comer a quem tem fome 02 Dar de beber a quem tem sede 03 Vestir os nus 04 Dar pousada aos peregrinos 05 Assistir aos enfermos 06 Visitar os presos 07 Enterrar os defuntos As Obras de Misericórdias espirituais: 01 Dar bom Conselho 02 Ensinar os ignorantes 03 Corrigir os que erram 04 Consolar os aflitos 05 Perdoar as injúrias 06 Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo 07 Rogar a Deus por vivos e defuntos Eis, irmãos, uma relação de atos que expressam um coração misericordioso, um coração convertido a partir da experiência pessoal do encontro com a Misericórdia Divina. Sejamos, pois, misericordiosos como o Pai do céu é misericordioso. Diz o Papa Francisco: “A experiência da misericórdia torna-se visível no testemunho de sinais concretos como o próprio Jesus nos ensinou. Todas as vezes que um fiel viver uma ou mais destas obras pessoalmente obterá sem dúvida a indulgência jubilar. Daqui o compromisso a viver de misericórdia para alcançar a graça do perdão completo e exaustivo pela força do amor do Pai que não exclui ninguém. Portanto, tratar-se-à de uma indulgência jubilar plena, fruto do próprio evento que é celebrado e vivido com fé, esperança e caridade” (Papa Francisco). Este Ano Santo seja uma oportunidade para que cada fiel cristão medite e aprofunde-se no sentido do Batismo que recebeu, sendo introduzido na Família Misericordiosa que é a Igreja de Cristo. Seja uma oportunidade para viver intensamente uma atitude penitencial, confessando-se regularmente, fazendo penitências em sinal de amor e reparação a tanta ingratidão de tanta gente, ingratidão de irmãos e irmãs que ainda não levam a sério a fé que receberam no Batismo. Seja este Ano Santo uma oportunidade para nossa conversão Eclesial. O nosso testemunho cristão tenha maior alcance entre os que ainda não crêem, talvez, porque o nosso testemunho tem sido fraco. Seja este Ano Santo para agradecermos a Deus por nos escolher desde toda a eternidade, amando-nos com enorme paciência. Seja, enfim, este Ano Santo o início ou a continuidade de fazermos a experiência de bater à Porta do Salvador, passar pela “Porta” e permanecermos na cidade de Deus. Sejamos todos nós comunicadores e anunciadores aos que buscam a Deus de coração sincero testemunhando-lhes que Deus é Pai Misericordioso, apaixonado por todos os seres humanos. Seja a Igreja, a Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo Sinal e Instrumento da Misericórdia Divina! Ainda hoje cai bem no meu coração e, eu espero, também nos corações de todos que me acompanham neste momento, as palavras ou expressões marcantes e proféticas de São João Paulo II quando publicou a Bula do Jubileu em 1983: “Abri as portas ao Redentor”! E, na homilia quando iniciava o seu pontificado em 1978 quando escreveu: “Irmãos e irmãs, não tenhais medo de acolher Cristo! Antes, procurai abrir, melhor, escancarar as portas a Cristo”! Nada mais apropriado para a nossa motivação de abertura do Ano Santo na abertura da Porta da Misericórdia! Cristo é a Porta! Batei e abrirse-vos-á! Façamos todos a experiência da misericórdia e sejamos misericordiosos como o Pai é misericordioso para conosco! Pai Misericordioso convertei-nos em pessoas misericordiosas, convertei nossas famílias em focos da Misericórdia! Nossa Senhora da Vitória e Senhora das Alegrias, Virgem da Penha, Mãe da Misericórdia rogai por nós, Amém! Dom Luiz Mancilha Vilela, ss.cc Arcebispo Metropolitano de Vitória