Com a devida vénia transcrevemos artigo publicado na edição do Jornal de Negócios BPI livra-se da ajuda do Estado este ano e poupa 180 milhões Maria João Gago | [email protected] O Banco BPI vai reembolsar a totalidade da ajuda que recebeu do Estado até ao final deste ano, dois anos e meio antes do prazo limite inicialmente previsto (final de Junho de 2017) e um ano antes do calendário mais optimista acordado com Bruxelas, que apontava para que a devolução do apoio público ficasse concluída até ao final de 2015. A antecipação para o final deste ano do reembolso da ajuda estatal foi assumida publicamente pelo banco de Fernando Ulrich no dia em que anunciou ter pago mais 500 milhões de euros ao Tesouro. Com esta amortização, o apoio público ao BPI, que começou nos 1.500 milhões e foi concretizada através da subscrição de instrumentos de capital contingente ("CoCos"), ficou reduzido a 420 milhões. "É intenção do Banco BPI concretizar o reembolso dos 420 milhões de euros de 'CoCos' remanescentes até ao final do ano de 2014", sublinha o comunicado divulgado pela instituição esta quarta-feira. Desde que recebeu o apoio público que o reembolso destes fundos se transformou numa "obsessão" para a equipa de Fernando Ulrich. "Devolver o apoio do Estado é uma prioridade altíssima da gestão do banco e uma obsessão pessoal minha", afirmou o banqueiro em Outubro do ano passado, quando anunciou a intenção de liquidar mais uma tranche da ajuda estatal, o que acabou por acontecer agora. Na altura, Ulrich esperava poder devolver um total de 588 milhões, mas o Banco de Portugal entendeu que a instituição deveria manter uma maior folga de solidez, pelo que autorizou apenas o reembolso de 500 milhões. Estado "perde" 180 milhões com reembolso antecipado A redução para metade do prazo inicialmente previsto para a duração da ajuda estatal ao BPI (cinco anos) permite ao banco de Fernando Ulrich poupar cerca de 180 milhões no custo do apoio público, montante que o Tesouro deixa de arrecadar. Quando apresentou o plano de capital que abriu caminho à ajuda do Estado, a instituição previa gastar cerca de 360 milhões com a remuneração deste "empréstimo". No entanto, pelas contas do Negócios, o apoio estatal acabará por custar um total de 189 milhões ao BPI. Entre o final de Junho de 2012, data em que o Estado subscreveu os "CoCos" do banco, e o final de Fevereiro, o Tesouro arrecadou 154 milhões com os juros pagos pelo BPI. Tendo em conta o reembolso de 500 milhões concretizado esta quarta-feira, e partindo do princípio que os 420 milhões remanescentes serão pagos no último dia deste ano, Ulrich ainda pode despender mais 35 milhões com os juros a pagar pelos "CoCos" entre o início de Março e 31 de Dezembro. 20-Mar-14